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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Campus Universitário de Rondonópolis-MT Instituto de Ciências Humanas e Sociais Curso de Pedagogia MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA SOUZA ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL RONDONÓPOLIS MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Campus Universitário de Rondonópolis-MT

Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Curso de Pedagogia

MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA SOUZA

ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL

RONDONÓPOLIS – MT

2018

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MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA SOUZA

ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL

Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) apresentado

ao Departamento de Educação do Instituto de

Ciências Humanas e Sociais – Campus Universitário

de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de

Mato Grosso, como requisito parcial para obtenção

do título de Licenciatura em Pedagogia.

Orientador: Dr. Elni Elisa Willms

RONDONÓPOLIS – MT

2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

S729a SOUZA, MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA.

Alguns fundamentos teóricos para a educação infantil / MARIA

DAS GRAÇAS DA SILVA SOUZA. -- 2018.

41p. 30cm

Orientadora: Elni Elisa Willms.

TCC (graduação em Pedagogia) – Universidade Federal de

Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais,

Rondonópolis-MT, 2018.

Inclui bibliografia.

1. Alguns Fundamentos Teóricos. 2. Educação Infantil. 3.

Título. I. Título.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Título: Alguns Fundamentos Teóricos para a Educação Infantil

Maria das Graças Da Silva Souza

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MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA SOUZA

ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) apresentado

ao Departamento de Educação do Instituto de

Ciências Humanas e Sociais – Campus Universitário

de Rondonópolis – MT da Universidade Federal de

Rondonópolis, como requisito parcial para obtenção

do título de Licenciatura em Pedagogia.

Professor(a) Dr.(a) ‘

Instituição: UFMT/CUR Assinatura: ____________________________

Professor(a)Dr.(a)__________________________________________________

Instituição:__________________Assinatura: ____________________________

Professor(a)Dr.(a)_________________________________________________

Instituição:__________________Assinatura: ____________________________

Rondonópolis -MT _____/_____/____

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde e perseverança durante esse percurso.

Agradeço imensamente a todos os professores que colaboraram na conquista da minha primeira

graduação, em especial a minha orientadora Prof. Drª Elni Elisa Willms, pelo incentivo, dedicação e

paciência. Aos meus filhos Willon e Thalison, grandes incentivadores das decisões por mim tomadas,

que compreenderam e acompanharam de perto a elaboração desse trabalho, mesmo abrindo mão de

minha presença em alguns momentos.

À memória de meu pai, Sebastião Martins de Sousa. A minha mãe Divina, sempre disposta em

me ajudar no que está ao seu alcança, ao Aparecido meu companheiro de longa jornada, a minha avó

Almira, pessoas inesquecíveis.

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Para o desenvolvimento da independência e da autonomia da criança,

é necessário – além da relação de segurança – que ela tenha a

experiência de competência pelos seus atos independentes.

Judit Falk

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso, de cunho bibliográfico, teve por objetivo geral

compreender alguns fundamentos teóricos sobre a educação infantil à luz de alguns autores

como Froebel, Montessori e Freinet. Teve por objetivos específicos pesquisar sobre a

contribuição teórica desses autores que fundamentam a Educação infantil; compreender de

que forma o desenvolvimento infantil acontece, segundo os autores acima; compreender que

os estudos teóricos sobre a Educação Infantil subsidiam o trabalho do professor (a) no espaço

onde elas estão inseridas. Com Froebel, apresento sua concepção de desenvolvimento infantil,

o que é autoatividade, sua concepção de educação, a necessidade do cuidado da criança

pequena na relação com o adulto, o brincar, o papel das cantigas. Maria Montessori: suas lutas

como mulher numa época em que não era comum que elas estudassem e trabalhassem, sua

perspectiva educacional voltada à valorização do espaço e mobiliário adequado às crianças, os

princípios da pedagogia montessoriana como liberdade, atividade e livre escolha. As

contribuições de Freinet para a Educação Infantil atestam a importância do meio escolar e

social para educar a criança por meio da experiência, a percepção do espaço e do tempo, a

construção da cidadania por meio do “faça comigo vivencial”, o papel da cooperação na

aprendizagem. Nas considerações finais procuro fazer as relações desses fundamentos para a

compreensão do papel dos fundamentos teóricos na Educação infantil na formação do

pedagogo.

Palavras-Chave: Fundamentos da Educação Infantil – Froebel – Freinet – Montessori

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9

2. A CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA DE FROEBEL ...................................................................................11

2.1 CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL ......................... 11

2.2 Autoatividade ............................................................................................ 15

2.3 Concepções de educação .......................................................................... 16

2.4 A necessidade do cuidado da criança pequena por intermédio da relação com o

adulto 18

2.5 O brincar e o papel das cantigas ............................................................... 19

3. MARIA MONTESSORI: A MULHER E A EDUCADORA..................................................................22

3.1 Suas lutas como mulher numa época em que não era comum que as mulheres

trabalhassem nem estudassem ................................................................................... 22

3.2 A perspectiva educacional de Montessori voltada à valorização do espaço e

mobiliário adequado às crianças ................................................................................ 24

3.3 Os princípios da pedagogia montessoriana, como liberdade, atividade, e livre

escolha 28

4. A CONTRIBUIÇÃO DE CELESTIN FREINET: A IMPORTÂNCIA DO MEIO ESCOLAR E SOCIAL PARA

EDUCAR A CRIANÇA POR MEIO DA EXPERIÊNCIA, E A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO ................31

4.1 A construção da cidadania por meio do “faça comigo vivencial”, o papel do

trabalho e da cooperação na aprendizagem ............................................................... 33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................36

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................39

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1. INTRODUÇÃO

Qual é a relevância dos fundamentos teóricos da Educação Infantil? De que forma a

compreensão desses fundamentos auxilia no trabalho do pedagogo? De que forma o professor

poderá fazer mediações no processo desses fundamentos? Esses questionamentos, tomados

como problema de pesquisa nos levam a refletir se a Educação Infantil tem sido valorizada

como a etapa mais importante na vida das crianças. Vimos por meio das observações e

regência durante o estágio supervisionado II do curso de Pedagogia da UFMT/CUR, que esse

conceito não tem recebido a devida importância que merece: as atividades didatizadas estão

tomando lugar das brincadeiras livres, meio pelo qual as crianças adquirem liberdade e

autonomia. Sendo assim, reforçar a prática do brincar livre, é de suma importância para que as

crianças por meio dessa atividade aprendam de forma plena, tranquila e prazerosa.

Este trabalho de conclusão de curso teve por objetivo geral compreender alguns

fundamentos teóricos sobre a educação infantil à luz de alguns autores como Froebel,

Montessori e Freinet. Tem por objetivos específicos: a) Pesquisar sobre a contribuição teórica

desses autores que fundamentam a Educação infantil; b) Compreender de que forma o

desenvolvimento infantil acontece, segundo os autores acima; c) Compreender que os estudos

teóricos sobre a Educação Infantil subsidiam o trabalho do professor no espaço onde elas

estão inseridas.

É preciso esclarecer que existem outros autores que fundamentam os estudos sobre a

Educação Infantil, no entanto, para este trabalho escolhi apenas os autores acima. Todos

atestam que a autonomia contribui para o desenvolvimento da criança na educação infantil,

seja na área afetiva, social e cultural, e também auxilia em todo o processo necessário para a

sua formação. É parte integrante na vida das crianças. Não devemos olhar as crianças como

sendo seres incapazes, mas sim como indivíduos dotados de saberes que os impulsionam a um

processo que favorece no seu desenvolvimento, pois as crianças expressam seus sentimentos,

desejos e compreensão de mundo.

Esta pesquisa de cunho bibliográfico será feita por meio de estudos em livros, textos e

artigos. Segundo (SEVERINO, 2016, p. 131) “a pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza

a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos,

como livros, artigos, teses etc.” Assim o estudo dos dados sobre os fundamentos teóricos para

a Educação Infantil irá se construindo à medida que se faz a leitura dos materiais disponíveis.

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Lembrando que os estudos teóricos mostram que autores como Froebel, Freinet e Montessori

mudaram completamente o conceito do ensino tradicional, e contribuíram no processo do

movimento chamado escolanovismo, pois acreditavam que a educação é o principal elemento

que constrói uma sociedade justa e democrática, se houver o respeito às diversidades e

individualidades de cada indivíduo, a pesquisa traz a oportunidade de aprofundar os

conhecimentos teóricos que as bibliografias nos oportunizam.

No primeiro capítulo trato das contribuições de Froebel, sua concepção de

desenvolvimento infantil, o que é auto atividade, sua concepção de educação, a necessidade

do cuidado da criança pequena por meio da relação com o adulto, o brincar, o papel das

cantigas. No segundo capítulo, busco os estudos sobre Maria Montessori: suas lutas como

mulher numa época em que não era comum que elas estudassem e trabalhassem, sua

perspectiva educacional voltada à valorização do espaço e mobiliário adequado às crianças, os

princípios da pedagogia montessoriana como liberdade, atividade e livre escolha. No terceiro

capítulo, dedico-me a compreender a teoria de Freinet para a Educação Infantil: a importância

do meio escolar e social para educar a criança por meio da experiência, a percepção do espaço

e do tempo, a construção da cidadania por meio do “faça comigo vivencial”, o papel da

cooperação na aprendizagem. Nas considerações finais, procuro estabelecer relações entre os

autores para a compreensão do papel dos fundamentos teóricos na Educação infantil.

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2. A CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA DE FROEBEL

Friedrich Froebel nasceu em Oberwissbach, no sudeste da Alemanha, em 1782,

Segundo os estudos de Kishimoto e Pinazza (2007), seu pai era um pastor protestante. Froebel

perdeu sua mãe aos nove meses de idade. Foi adotado por um tio e viveu uma infância

solitária, despertou-se o interesse em aprender matemática e linguagem e a explorar as

florestas perto de onde morava Heinrich Pestalozzi (17446-1827), em Yverdon, na Suíça. Em

1811, foi convocado a lutar nas guerras napoleônicas. Em 1817, em Keilhau, Froebel funda a

primeira instituição educativa, o Instituto Alemão de Educação Universal, onde até 1831,

divulgou suas principais ideias sobre a educação, apresentadas no livro “A educação do

homem”, de 1826. A partir daí surge o interesse em usar meios mais naturais para educar

crianças de três a sete anos. Seu projeto finalmente é colocado em prática em 1839, em

Blankenburg, quando inaugurou um instituto educativo chamado de instituto de Jogos e

Ocupações, destinado a crianças e jovens. Em 1840, passou a ser conhecido, como Jardim da

Infância (Kindergarten). Froebel preocupado com a formação das mulheres que cuidava das

crianças pequenas, então fundou em Keilhau em 1847 a Escola de Treinamento para

Cuidadoras e Educadoras de Crianças, a qual tinha por objetivo colocar em prática uma

educação inovadora em que o desenvolvimento fosse por meio da criatividade, compreensão,

e que a formação da sua personalidade ocorresse no individual e no coletivo. Por esses dados

históricos podemos afirmar que Froebel, em meados do século XIX, se preocupava com a

formação dos educadores para trabalhar com a criança pequena.

A seguir vamos explorar alguns elementos da teoria froebeliana.

2.1 CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Na concepção de Froebel, sobre o desenvolvimento infantil, o indivíduo tem

naturalmente uma força interna que o impulsiona no processo do seu desenvolvimento, a

partir daí essa evolução vai acontecendo de forma gradual e contínua, ligando os diferentes

períodos da vida no qual o individuo desenvolve sua condição humana. Nesse sentido, “A

trajetória do desenvolvimento revela a história do desenvolvimento da raça e recapitula a

história da criação e do desenvolvimento de todas as coisas” (KISHIMOTO, 2007, p. 42).

O autor compara o desenvolvimento infantil com uma sementinha a ser cultivada,

sendo necessário que haja plena harmonia com a natureza, ressaltando que “cada etapa servirá

de base às seguintes, para dar-lhes o que elas pedem até chegar à plenitude: só um

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desenvolvimento suficiente em cada idade assegura o desenvolvimento pleno na idade

seguinte” (FROEBEL, 2010, p. 68). Todavia a evolução da criança está estritamente ligada

com a interação social no mundo em que vive, “inúmeros estudos mostram que a socialização

é tão necessária no desenvolvimento infantil quanto a nutrição, cuidados e outros fatores que

satisfazem as necessidades vitais” (FRIEDMANN, p. 25-26).

A pedagogia froebeliana consiste na lei fundamental do desenvolvimento humano, na

lei das conexões internas, e representa a unidade entre o homem a natureza e Deus, e faz uma

ligação entre todas as etapas da vida, desde o seu nascimento por meio da lei das conexões

internas. Portanto todas as suas atividades externas são consequências das suas atividades

internas.

Esse processo também inclui a lei da conexão dos contrastes, que se caracteriza

através da relação de unidade entre os opostos da vida, e representa a forma como a criança

aprende, construindo analogias, ou seja, observando as diferenças e internalizando tudo que

percebe ao seu redor. Nesse sentido (OSTETTO, 2012, p. 192), afirma que “É urgente ouvir

suas perguntas: no choro, no balbucio, no gesto, na palavra, na ação. A escuta é

disponibilidade ao outro e a tudo que ele tem a dizer”.

A criança começa a internalizar os conhecimentos a partir do momento em que ela

consegue distinguir fenômenos opostos como: amor-ódio, quente- frio, tristeza-alegria, fome-

saciedade, etc. conforme Froebel segundo Kishimoto (2007), desse modo já se percebe a

importância que esse autor dava às experiências que a criança deveria ter para construir sua

aprendizagem num ambiente desafiador, em que pudesse experimentar essas conexões. É

importante lembrar que, “a criança que consegue algo com a sua própria iniciativa e por seus

próprios meios adquire uma classe de conhecimentos superior àquela que recebe a solução

pronta” (FALK, 2011, p. 27).

Na concepção de Froebel (2010), o desenvolvimento infantil se baseia em três fases: a

“primeira infância”, o “menino”, e o “garoto”. O período da primeira infância é associado aos

cuidados intensos que o bebê merece, é nesse momento que as crianças veem o mundo e as

coisas como se estivessem surgindo do nada, não conseguem fazer uma distinção precisa,

então sua visão fica nebulosa. “Essa separação só começa a manifestar-se quando os objetos

se destacam por meio da palavra, que vem – sobretudo dos lábios da mãe e do pai [...]

mostrando-lhe a pluralidade de suas manifestações” (FROEBEL, 2010, p. 72). Através dessas

interações a criança vai tomando consciência das coisas em seu entorno. O primeiro sentido a

ser desenvolvido na criança, por meio do conhecimento dos opostos, é o sentido da audição, e

por meio desse segue o da visão, posteriormente é preciso que haja a intervenção dos pais e

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educadores, para que ajudem a criança no desenvolvimento desses sentidos, e na relação dos

objetos com seus opostos. Seguindo essa ideia, (PIORSKI, 2006, p.28) diz que “aos poucos,

ocorre um despertar. A imaginação deixará de ser predominante por volta do final do sétimo

ano de vida, dependendo da criança e da sua infância”. Froebel afirma que quando os objetos

estão imóvel num determinado lugar, não há interesse em ir buscá-los, somente quando os

mesmos estão em movimento, e com o impulso de alcançá-los os seus membros vão aos

poucos sendo desenvolvidos. É por essa razão que até hoje, nesse primeiro momento da vida

da criança nós damos a ela brinquedos que têm rodas, que se movimentam (chocalhos,

brinquedos de empurrar, de encaixar) que, por sua vez, precisam ser leves, pequenos e

apropriados ao tamanho da criança.

A segunda fase do desenvolvimento representa “o menino”, nessa fase o menino tem

seus membros desenvolvidos e começa expor seus saberes interiores, entrando na segunda

fase do seu desenvolvimento. Por meio da exploração da linguagem, ele exterioriza o seu

sentimento de forma definitiva, nesse momento os cuidados devem ser imprescindíveis, tanto

moralmente como também fisicamente. “Nesse período, a educação do homem corresponde

inteiramente a mãe, ao pai à família, e o homem depende dessa família, e com ela, por

natureza, forma um todo inseparável e indivisível, a linguagem, a fala, representa-se como

algo inseparável do homem [...]” (FROEBEL, 2010, p. 74).

Para que a criança tenha uma vida ativa, e assim facilite os cuidados que a elas são oferecidos,

conforme (FALK, 2011, p.44), é preciso que “haja dois fatores fundamentais: que a criança

tenha liberdade de movimentos e que tenha alguma coisa com que ocupar-se, relacionada com

o seu desenvolvimento”. Froebel (2010) afirma que nessa fase o menino tem que ser atento a

todas as coisas, pois é observando que ele irá conseguir designar e nomear os objetos, usando

as palavras corretas, e que para a criança aprender a andar não são necessários grandes

esforços, mas sim uma pequena ajuda da mãe, pois basta que ela estenda os braços e peça que

a criança venha em sua direção, então ela logo perceberá o beneficio do seu esforço.

Conforme a criança vai crescendo, é preciso que o seu espaço também seja ampliado

“e com isso amplia também o seu conhecimento ao se sentir estimulada a procurar novos

desafios como subir degraus, pular de um lugar mais alto, virar cambalhotas” (ROCHA, 2008,

p.81). A partir dai as coisas que vê ao seu entorno, são estímulos para o desenvolvimento cada

vez maior dos seus movimentos corporais: “[...] então se move atraída pelas coisas exteriores;

busca uma pedra lisa e brilhante, o papel colorido que se move, o pedaço de madeira

retangular ou quadrado, ou ramos flexíveis que podem entrelaçar-se, sobrepor-se e combinar-

se [...]” (FROEBEL, 2010, p. 75).

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No período de transição entre a criança e o adolescente é de suma importância, pois

nessa fase os laços familiares continuam muito intensos, é quando o menino só acompanha a

mãe, o pai e os irmãos, atentando para as atividades domésticas e profissionais. A terceira

fase do desenvolvimento infantil intitula-se “o garoto”, nesse período Froebel (2010)

esclarece que a linguagem, e as coisas adquirem para o garoto sua verdadeira importância. Ele

distingue no cotidiano as palavras e as coisas reais, é nessa fase da vida que surge também

uma verdadeira ênfase e euforia pela aprendizagem, o período do garoto vai além da vontade

de viver, mas também de exteriorizar os seus conhecimentos, pois recebe do mundo que a

rodeia, uma vasta transmissão de informações e essa influencia no seu comportamento,

“Resumindo, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo

que chamamos de endoculturação” (LARAIA, 2008, p. 19-20) ou socialização que, nessa

perspectiva é sempre ativa, propositiva e, portanto, dinâmica. A criança recebe e modifica a

cultura.

Froebel (2010) ressalta ainda que a cultura vivenciada influencia no seu ensino,

interferindo na essência do seu caráter e é preciso que haja conhecimento, para que ele

desenvolva reflexões cuidadosas. O autor acredita que esse é um papel que a escola também

poderá desempenhar no sentido de auxiliar o garoto na formação do seu caráter ao tornar-se

aluno: “É, pois, a escola, o lugar onde o homem adquire o conhecimento essencial dos objetos

exteriores segundo as leis particulares de cada um deles e as leis gerais do mundo”

(FROEBEL, 2010, p. 80). Essa escola a que o autor se refere não se direciona apenas as

instituições normais que levam esse nome, mas sim todos os meios de transmissão de

conhecimentos que auxiliam na sua formação como, por exemplo, a família, a igreja, o clube,

a comunidade, pois o garoto vê seu o pai como sendo seu mestre.

Portanto o RCNEI1 (BRASIL, 2011, p. 21) afirma que “A criança tem na família,

biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações

sociais que estabelece com outras instituições sociais”. Assim o elo afetivo que liga a criança

ao adulto que lhe oferece cuidados básicos, é a prova de que a criança é dotada de sentimentos

sublimes, por longos anos essa atitude é bastante visível nas crianças. Ainda segundo Froebel

(2010), é preciso lembrar que o homem para cumprir o seu destino, precisa passar por vários

estágios de conhecimento. O sentimento que o garoto tinha na infância servirá de impulso

para adentrar na cultura afetiva e moral, que mais tarde o despertará para o desenvolvimento

da sua vontade e do espírito. E assim “Sobre essa atividade voluntária, formar-se-á,

1 Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

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finalmente, o caráter, educando-se, a uma vontade superior, pura, firme, constante, na qual e

pela qual se manifesta toda a dignidade do ser humano” (FROEBEL, 2010, p. 81).

O autor esclarece que por meio do incentivo da escola, a educação do garoto adquire

resultados essenciais referente a sua aprendizagem, e para que o homem seja determinado em

ir em busca dos seus objetivos é necessário que ele tenha vontade, essa é uma atividade

essencial na vida de todos. Com certeza as crianças são naturalmente determinadas, pois

assim esclarece (PIORSKI, p. 26), ”A imaginação, na criança, é como a semente, que, em

contato com a água, sai de sua latência, inibe os hormônios anticrescimento e inicia um

poderoso processo elétrico”. Por isso jamais notamos um estado de desânimo, e inércia numa

criança saudável. Froebel entende que essa é uma atitude que pais, educadores, e escola

devem proporcionar ao aluno nessa fase do desenvolvimento, e assim será o princípio da

resolução das atividades do seu espírito, mostrando-lhe uma direção clara na qual não haja

dúvidas, e assim o ponto final da sua caminhada será pautada de segurança.

O trabalho do menino pequeno é resultado das suas ações espontâneas, enquanto que o

garoto trabalha por interesse, e na vantagem que o mesmo irá lhe proporcionar afirma Froebel

(2010). Nesse sentido: “O sentimento da própria força exige de imediato um espaço próprio e

exclusivo domínio de uma matéria também própria” (FROEBEL, 2010, p. 82). Nessa idade a

pessoa é visto como um futuro indivíduo, ele começa almejar um espaço exclusivamente seu,

independente do lugar que seja. Portanto nessa fase da vida devemos respeitar a privacidade

do indivíduo.

2.2 AUTOATIVIDADE

A autoatividade está internalizada na criança e constam em suas ações e intenções,

quando elas interagem com o meio externo, conforme Kisihimoto (2007), na concepção de

Froebel. Os movimentos e exercícios das crianças são as primeiras proezas a estimular o seu

viver, esses movimentos e exercícios são a essência do seu interno, que surge em consonância

com as emoções e compreensões, mostrando a percepção de si, como crescimento da

experiência. Nesse sentido, o RCNEI (BRASIL, 1998, p.15) aponta que “ao brincar, jogar,

imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se aproximam do repertório da cultura

corporal na qual estão inseridos”. Portanto, por meio dessas expressões e atividades

recreativas, as crianças reconhecem sua identidade pessoal, e aponta que qualquer exercício

coopera para o desenvolvimento social, intelectual e moral das crianças. A pedagogia de

Froebel afirma que a criança é naturalmente criativa, e sua educação é fundamentada na

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autoatividade e jogos, buscando o conhecimento de si de forma livre e autoativa,

considerando a importância da educação da criança e a formação do professor.

A autoatividade é um movimento que traz benefícios para a criança, conforme aquilo

que ela faz. Essas atividades podem fazer parte do seu interior em todos os momentos,

portanto a auto atividade engloba todas as instâncias da vida do ser humano. Assim é

importante que se ofereça à criança a oportunidade de exercer “a atividade criativa que

estimula produções com blocos, especialmente novos formatos com o mesmo material,

insistindo na reflexividade, na paciência e no respeito pelas coisas existentes” (KISHIMOTO,

2007, p. 45). A curiosidade natural da criança a faz despertar diante das diversas situações,

pois são excelentes observadoras, todavia “A criança pode deter-se ao seu gosto em um objeto

ou em um fato. Está atenta aos seus gestos, às suas mãos, aos seus pés, olha a natureza e os

objetos; observa as folhas” [...]. (SZANTO-FEDER E TARDOS, p. 46). Froebel tinha um

excelente entendimento sobre a personalidade infantil, portanto sua pedagogia baseava-se

também nas observações que fazia das crianças, então ele concluiu que se observarmos

atentamente as crianças, elas com certeza nos ensinarão o que fazer. Froebel aconselha que se

tivermos uma atenção voltada para a primeira etapa da vida da criança, notaremos o precioso

impulso das suas atividades.

2.3 CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO

Froebel foi o primeiro a escrever sobre a prática educacional com as crianças, a

importância de seus movimentos, solicitar suas colaborações e ajuda intencional, são

consideradas as fontes primárias das suas ações na educação e a apreciação dos movimentos

naturais, jogos, representações, sinais, gestos e atividades livres, são os princípios do

movimento educativo. Essas atividades aproximam as crianças do contexto social em que

vivem, do qual cooperam com a sua capacidade de criação. Como podemos explorar esses

conceitos froebelianos, ainda hoje, no dia a dia com as crianças? Solicitando suas

colaborações ao realizar tarefas como recolher objetos usados, dispor os pertences em seus

lugares (mochila, lápis de cor, tinta, tênis, roupa etc), ajudando a arrumar o ambiente escolar

ou familiar, enfim, todos esses movimentos são educativos e devem ser promovidos perante a

ação do adulto com a criança.

O autor foi o primeiro pedagogo a fabricar jogos e materiais educativos, especialmente

direcionados ao jardim da infância, através da ideia de aulas práticas em meio à natureza.

Nesse sentido aponta o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 191) que “A compreensão que há uma

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relação entre os fenômenos naturais e a vida humana é um importante aprendizado para as

crianças”. Por isso quando chegam à fase da curiosidade, e querem sanar todas as suas

dúvidas, fazendo-nos perguntas diversas, as respostas que damos as crianças são realmente

um excelente aprendizado. Na pedagogia froebeliana, “a educação infantil não visa à

aquisição de conhecimento, mas sim à promoção do desenvolvimento. A educação é vista

como parte do processo geral de evolução pela qual todos os indivíduos estão unidos à

natureza e fazem parte do mesmo processo” (KISHIMOTO, 2007, p. 46).

Kishimoto (2007) esclarece que para Froebel a educação é a promoção do

procedimento progressivo no seu maior estágio. Nessa visão o componente que faz toda

diferença na educação deve ser a naturalidade. O autor contesta a educação voltada em

preparar a criança para inseri-la na vida adulta, ressaltando que ela tem que ser inserida no

contexto que a rodeia no presente momento, portanto a educação vai acontecendo como um

procedimento, que corresponde não ao passado ou ao futuro, mas sim o presente momento. O

autor acredita que todo ser humano possui internamente uma força natural que proporciona o

seu desenvolvimento, por isso a educação deve acontecer baseada no respeito e na liberdade,

pois cada indivíduo possui suas próprias capacidades e devido as suas ações espontâneas há

promoção do autoconhecimento e autocontrole. O objetivo da educação de Froebel é que

tanto o adulto como a criança seja beneficiado. Nesse mesmo raciocínio Moyles (2007)

complementa dizendo que “As crianças também precisam de oportunidades abundantes de

conversar com adultos e outras crianças sobre toda série de questões pessoais e ambientais,

assim como precisam dos requerimentos linguísticos da aprendizagem formal e escolar” (p.

45). É notório que crianças que participam livremente de diálogos entre adultos e amigos

sobre diversos assuntos adquirem conhecimentos e ampliam o seu vocabulário com maior

facilidade, por isso não devemos privá-las de expressar seus sentimentos, na interação com as

brincadeiras, diálogos ou expressão corporal.

A educação do homem é um meio de ligação do mesmo com a sociedade, e sua

formação lhe prepara para ser um participante da vida política, econômica e social, segundo

Kishimoto (2007). Froebel ressalta que a criança deve estar sempre em contato com a

natureza e com os jogos ao ar livre. Uma das contribuições mais importantes desse autor para

a moderna teoria educacional é que a criança possui aptidões inatas, ele acredita que a

evolução humana ocorre de forma gradual e contínua e que interliga a diferentes etapas da

vida, Essa ideia esta em consonância com o RCNEI (BRASIL, p. 16), nos lembrando de que

“ao nascer o bebê encontra-se em um estado que pode ser denominado como fusão com a

mãe, não diferenciando o seu próprio corpo e os limites de seus próprios desejos” portanto,

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faz-se todo sentido quando Froebel diz que as brincadeiras infantis proporcionam a mais alta

fase para o desenvolvimento da criança.

Para Froebel as primeiras falas do bebê são impulsionadas pelos gestos que observa

de sua mãe, e depois o brincar auxilia no desenvolvimento dessa fala. Esse mesmo autor já

reconhecia a importância do ambiente familiar na constituição das relações educativas

infantis: “Sem dúvida o quadro afetivo familiar encoraja a criança viver a realidade e a

descobrir suas estruturas, mas somente de forma indireta e em um contexto mais específico”

(FROEBEL, 2010, p. 24). Portanto com a oportunidade de ir conquistando sua autonomia e

liberdade, as crianças vão adquirindo gradativamente mais confiança, e assim sua

personalidade vai ganhando cada vez mais uma estrutura consistente. As participações das

crianças na sociedade e suas produções em conjunto são tão importantes quanto as suas

socializações com os adultos.

2.4 A NECESSIDADE DO CUIDADO DA CRIANÇA PEQUENA POR

INTERMÉDIO DA RELAÇÃO COM O ADULTO

Conforme vimos, o criador do jardim da infância sustenta que o ensino deve ser sem

compromisso, pois cada indivíduo tem seu tempo de aprendizagem, a qual advém da sua

prática. O autor reconhece que a relação entre a criança e a família, em especial a mãe é

indissociável e trazem benefícios aos pequenos, pois a partir do cuidado que a mãe dispõe à

criança, ela auxilia na conquista da fala, por exemplo, quando a mãe diz: “Dê-me seu braço!

Onde está sua mão?” ela está prestando atenção à criança e ao mesmo tempo está estimulando

sua atenção e linguagem. Não menos importante é a maneira de levar a criança a conhecer os

membros que ela não pode ver, como o nariz, os ouvidos, a língua e os dentes.

(KISHIMOTO, 2007) ressalta que após a mãe ensinar e perguntar para a criança onde está

cada parte do seu corpo, rapidamente a criança colocará a mão na parte correspondente. Essa

situação exemplifica a importância da interação familiar, por meio da qual a criança amplia a

sua linguagem, e conhece o seu corpo. Nesse sentido (VINCZE, 2011, p. 83) conclui que “No

plano das atividades coletivas, podemos considerar que o nível de comunicação verbal no

qual as crianças começam a interpelar-se, para que participem da brincadeira é um ponto de

referência”. Nesse processo relevante a criança conhece a si mesma e também as suas próprias

ações advindas do contato e interação com o outro, assim “A mãe natural faz tudo isso

instintivamente, sem instrução e direção; mas isso não é suficiente; é preciso que ela faça isso

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conscientemente, como um ser humano agindo sobre outro que está crescendo em

consciência” (KISHIMOTO, 2007, p. 50).

O autor esclarece que nessa fase do desenvolvimento da fala, é preciso que o adulto

tenha o cuidado de nominar toda atividade e movimento da criança, para que a palavra tenha

realmente sentido na relação com os objetos e coisas. Para Froebel o sentimento que liga as

crianças com comunidade está relacionado às leis das conexões internas e externas, esse

envolvimento faz a ligação da criança com o pai, a mãe, os irmãos e as irmãs em um só

espírito, afirmando a unidade com a humanidade e com Deus. O afeto de comunidade é o

princípio de toda veracidade espiritual, religiosa e união com Deus. Froebel preocupava-se

com a capacitação de educadores para as crianças pequenas, então regularizou um curso

destinado a capacitar mães, pais, educadores e a comunidade, portanto esse curso era

direcionado as mulheres, pois eram elas que mais tinham contato com as crianças nesse

estágio da vida, pois segundo o autor a mulher tem naturalmente o dom de cuidar e nesse

sentido “O importante é exercitar o olhar atento, o escutar comprometido dos desejos e

necessidades do grupo revelado em seus gestos, falas, expressões, em suas linguagens [...]”

(OSTETTO, 2012, p. 199).

Froebel fundamentou sua pedagogia pela prática e pela indagação, aprofundou seus

estudos sobre as crianças nos braços da mãe, em vários contextos, o que levou a acreditar na

força natural da criança, que auxilia na sua progressão e autoatividade germinativa, que

coopera para a construção do caráter humano: “por isso, acreditou na possibilidade de realizar

a educação infantil centrada na autoexpressão, tendo muita clareza sobre a função simbólica

do pensamento infantil” (KISHIMOTO, 2007, p. 58). Portanto acreditou que seria possível

uma educação centrada na espontaneidade e criatividade das crianças.

2.5 O BRINCAR E O PAPEL DAS CANTIGAS

Ao brincar, as crianças adquirem benefícios importantes para o seu desenvolvimento,

e um deles é a linguagem. O primeiro gesto da criança é na verdade a representação da sua

fala, os gestos que movimentam a sua face e seu corpo, é o reflexo do seu interno no externo,

ou seja, é a criança querendo expor seus desejos subjetivos, esses gestos representam suas

primeiras brincadeiras. Froebel com conceito do brincar formulou a trilogia: criar, sentir e

pensar, afirmando que a criança demostra muita criatividade em suas ações, que seus

sentimentos são puros, e que pensam sobre as suas ações. Moyles adverte que “Por meio do

brincar livre, exploratório, as crianças aprendem alguma coisa sobre situações, pessoas,

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atitudes e respostas, materiais, propriedades, texturas, estruturas, atributos visuais [...]” (2002,

p. 33). Portanto se percebe que essa é uma das principais situações que, favorecem de forma

completa o desenvolvimento da criança.

As brincadeiras são na verdade algo lúdico, para que seja prazeroso, e não devem ser

uma obrigação. Ainda segundo o Froebel, “Uma criança que brinca por toda parte, com

determinação autoativa, perseverando até esquecer a fadiga física, poderá seguramente ser um

homem determinado, capaz de autosacrifício para a promoção deste bem estar de si e de

outros”, (KISHIMOTO, 2007, p. 49). Portanto o autor considera o brincar a atividade mais

importante, a qual traz grandes contribuições para o desenvolvimento das crianças, é a mais

sincera expressão de pureza espiritual, é sem dúvida um ato que faz parte da vida humana,

desde a mais tenra criança ao adulto e completa todo seu desenvolvimento interno, atribuindo-

lhe liberdade e paz externa.

Observa-se que o brincar, para Froebel, significa para as crianças o mais verdadeiro e

importante conceito de vida, portanto o sentimento que elas exprimem pelas brincadeiras é de

fato a expressão das suas emoções mais íntimas. Para o autor “O brincar, o jogo – o mais puro

e espiritual produto dessa fase de crescimento humano – constitui o mais alto grau de

desenvolvimento do menino durante esse período” (2010, p. 62). E depois se espalha para

outros ambientes a medida que as crianças ampliam suas relações sociais.

Podemos compreender que para Froebel, através das contribuições de Kishimoto, o

“Brincar é [...] a representação auto ativa do interno – representação do interno da interna

necessidade e impulso” (2007, p. 48), ou seja é a exibição das suas reais necessidades e

impulsos do seu interno. O jogo com a bola é explorado de forma muito interessante por

Froebel:

A bola é o exemplo da representação da unidade divina e da natureza porque

contém em si conteúdo, massa, matéria, espaço, forma, cor, som, tamanho e

figura, possibilitando a explosão de tais características pela criança quando em conexão com os pais. “assim, a bola, é um veículo de conexão entre a

mãe e a criança, entre pais e criança – é a conexão entre a criança e seu

ambiente próximo – em geral um veiculo de conexão entre a criança e a

natureza; assim como o universo conecta o homem com Deus” (Apud Froebel, 1912, p. 54 In: KISHIMOTO, 2007, p. 52).

A interação é um importante meio para promover a aprendizagem da criança, assim o

professor deve propiciar no ambiente um clima onde haja situações de conversas e

brincadeiras que proporcionem interações entre elas, pois se constata que o desenvolvimento

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da criança acontece através do contato com outras pessoas, e também com o meio em que

vivem. Nesse sentido as instituições de educação infantil são um espaço ideal para que essas

interações sociais aconteçam. O bem estar é uma das características que se relacionam com as

brincadeiras executadas pelas crianças, o simples ato de valorizar a liberdade da criança,

significa para ela exercer a mais pura atividade, que é o brincar livre, e assim tornam-se

integrantes ativos dentro da sua cultura, no processo das brincadeiras infantis.

Ainda segundo os estudos de Kishimoto sobre Froebel, “Relaxamento, alegria e sorriso

indicam nos sentimentos da criança que está adaptada ao puro, não perturbado

desenvolvimento de sua natureza, de sua natureza humana, da vida da criança, a vida humana

na criança” (2007, p. 49). Portanto o bem estar que a criança sente ao brincar é visível,

percebe-se claramente o alívio no estresse, além disso, as brincadeiras são um estimulante

para sua criatividade, e também um estímulo para sua imaginação e criação.

Conforme o RCNEI, “As canções de ninar tradicionais, os brinquedos cantados e

rítmicos, as rodas e cirandas, os jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos

sonoros corporais... podem favorecer a interação e resposta dos bebês [...]”. (BRASIL, 1998,

p. 58). Através das cantigas, também podemos observar uma situação interativa, que além de

proporcionar alegria e bem estar, também auxilia no desenvolvimento da linguagem,

coordenação motora e outros, pois as palavras e os gestos usados nas cantigas, são expressos

com mais naturalidade, portanto “a música traz uma alegoria da integração entre a educação e

o cuidado da criança pequena no ato de trocar fraldas” (KISHIMOTO, 2007, p. 47). Quando a

mãe está interagindo com o bebê por intermédio dos cuidados, e cantando ao mesmo tempo,

ela está de certa forma incentivando a criança a desenvolver a linguagem verbal, motora e até

mesmo matemática.

A cantiga também trabalha a subjetividade, sensibilidade e o caráter da criança por

meio da forma prazerosa em que ouvem as cantigas. Ainda segundo o RCNEI “A música está

presente em diversas situações da vida humana, existe música para adormecer para chorar,

para dançar, para conclamar o povo para lutar [...]” (BRASIL, 1998, p. 47). Por meio destas

também são trabalhados conceitos de autoestima, desenvolvendo o sentimento de aceitação de

suas limitações, ao ouvir uma cantiga as crianças internalizam sentimentos de valores

culturais e conceitos de diversidade, pode se dizer que a cantiga é um excelente meio de

interação com as diversidades e com o outro. Trabalha vários conceitos como lateralidade

direita e esquerda, dentro e fora, entra e sai centro e periferia, esperar a vez, atenção,

concentração, memória e uma série de outras aprendizagens que, de forma integrada a outras

atividades contribui para o desenvolvimento da criança.

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3. MARIA MONTESSORI: A MULHER E A EDUCADORA

Maria Montessori (1870-1952), nascida na Itália, por meio de caminhos tortuosos

chegou à pedagogia. Foi à primeira mulher na Itália a se formar e doutorar-se em medicina,

seus diversos interesses conduziram-na a vários estudos. Primeiramente, ela se dedicou a

crianças “normais”, embora tenha pensado seus princípios educativos também para crianças

especiais, tidas na época como “idiotas”. Em 1909, ela divulgou os princípios básicos do seu

método. Em resumo ela sugeria estimular a atividade infantil por meio dos sentidos e

promover a autoeducação, colocando situações propícias ao seu alcance. O educador teria que

manter certa distância da criança, deixando-a descobrir sentidos para a sua autoformação. Na

concepção de Maria Montessori, somente a criança é formadora da sua própria personalidade.

Sua didática motivou o ensino pré-escolar em vários países do mundo, como Itália,

Espanha, Índia, Holanda, entre outros. O conceito pedagógico montessoriano é publicado pela

Associattian Montessori Internationale, sediada em Amsterdam, na Holanda, que realiza

anualmente congressos internacionais e organiza centros de treinamento Montessori em

diversos países para formação de professores especializados no método da pedagogia Italiana.

Suas principais obras são: Pedagogia científica, A criança e etapas da educação.

3.1 SUAS LUTAS COMO MULHER NUMA ÉPOCA EM QUE NÃO ERA

COMUM QUE AS MULHERES TRABALHASSEM NEM ESTUDASSEM

Maria Montessori nasceu no ano em que os estados Italianos se uniram para formar

uma nação (1870), momento em que a Itália se esforçava em conviver com os contrastes da

unificação do país: Segundo Angotti (2007), ao lado norte havia o sistema capitalista, onde o

desenvolvimento era nítido e ao lado Sul ainda havia o sistema semifeudal, onde imperava a

miséria e a criminalidade. Esses conflitos acabaram influenciando e trazendo sérias

consequências, para a vida e costumes dessa população onde nasceu Maria Montessori,

portanto esse foi um período em que aconteceram grandes transformações sociais, políticas e

educacionais.

Montessori foi agraciada ao nascer em um berço cuja família era bem estruturada,

tanto culturalmente como financeiramente de acordo com Angotti (2007), e foi nela que

encontrou apoio em concretizar seus objetivos: formar-se e defender seus princípios de

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mulher. Por ser uma jovem determinada a ir à busca do que almejava, obteve grandes

conquistas, mas sempre com muito sofrimento, pois transgredia o seu tempo sociocultural,

político e financeiro. Na adolescência, decidiu que seria engenheira, então foi para a Escola

Técnica Michelangelo Buovarroti, onde acontece uma das suas primeiras decepções,

percebeu-se então que estava numa situação de desvantagem, pois nas atividades de formação

do curso, não podia compartilhar as mesmas situações de igualdade com o gênero masculino.

Daí desinteressou-se pela engenharia e descobriu sua verdadeira vocação profissional, decidiu

que iria trabalhar com as pessoas.

E contrariando a sociedade da sua época, num tempo em que as mulheres não podiam

sequer ter dinheiro guardado, pois não podiam ter a posse do mesmo, além disso, a mulher

não podia depor diante da justiça, sem que o marido estivesse presente, a participação na

politica também não lhes era permitida, portanto, a mulher era educada somente para cuidar

da casa e dos filhos, enfim eram muitas as proibições impostas à mulher nesse período

histórico. Porém contrariando a sociedade e a cultura da sua época, a jovem resolve invadir o

espaço que era limitado somente ao gênero masculino, [...] obstinada, inscreveu-se no curso

de Medicina e Cirurgia da Universidade de Roma, onde se diplomou em 29 de julho de 1896,

tornando-se a primeira mulher Italiana a obter o título de médica” (ANGOTTI, 2007, p. 98).

A ousadia de Montessori rendeu-lhe grandes conquistas. Com apenas um mês de

formada, ela recebeu convite para ser representante do seu país, no Congresso Internacional

dos Direitos da Mulher em Berlim, onde defendeu sua concepção de igualdade, em termos de

formação, atuação e renumeração entre o homem e a mulher. No mesmo ano em 1896, foi

trabalhar com crianças anormais (atualmente consideradas crianças com necessidades

educacionais especiais), na Clínica Psiquiátrica Da Universidade de Roma. Sua formação em

consonância com os estudos do médico Jean-Marie Gaspard Ytard, otólogo francês, e

Édouard Séguin deu-lhe sustentação para estruturar os serviços na clínica psiquiátrica. O

intenso contato com crianças com necessidades educacionais especiais, serviu de base para

sua proposta pedagógica.

Na visão da autora, tanto as crianças com necessidades educacionais especiais, como

as que não têm algum tipo de necessidade, tem a mesma capacidade de aprender, a diferença

esta apenas no tempo que levam para apropriar-se da aprendizagem, mas todas são passiveis

de aprender. Devida seu expressivo interesse por áreas da antropologia, educação e

psicologia, recebeu o título de doutora em Ciências Médicas, pela real Universidade de Roma.

Em seguida, com a elaboração da pedagogia científica (mais tarde o Método Montessori),

surgiu a oportunidade de trabalhar com crianças de um bairro pobre de San Lourenzo, na

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cidade de Roma. A intensão inicial do projeto seria oferecer cuidados aos “filhos pequenos de

operários que residiam em um conjunto de habitações populares, afim de que não ficassem

abandonadas pelas escadas, não sujassem as paredes, e não criassem desordem”. (ANGOTTI,

2007, p. 102). E assim no prédio onde foi inaugurada a primeira escola para crianças sem

deficiência de 3 a 6 anos, foi reservada uma sala para que servisse de creche.

Em consequência do êxito alcançado e vivido por Montessori por meio do projeto, em

1907 através do instituto Romano de Beni Stabili, conforme Angotti (2007), foi criada a

primeira Casa dei Bambini. Essas experiências trouxeram o surgimento de uma pedagogia

baseada no método experimental, a qual surgiu por meio das observações das crianças com

deficiência, a proposta do método seria que além do diagnóstico, essa nova escola se

preocupasse com o desenvolvimento livre das crianças por meio das atividades.

No ano de 1898, Montessori viveu uma das maiores emoções de sua vida, nesse ano

nasce seu filho Mário Montessano, fruto do seu relacionamento com o médico Montessano, a

jovem o conheceu na Escola Normal Ortofrênica, onde os dois trabalhavam. A sociedade

daquela época era muito rígida, e não aceitavam certas condutas humanas, por serem pais

solteiros e não querer se casar, então decidiram em comum acordo, manter sigilo sobre a

existência do filho, e também acordaram em manterem-se solteiros, mas Montessano

descumpriu com o tal acordo e casou-se com outra mulher. Montessori, desmotivada com a

situação abandonou a direção da escola, e resolveu manter o filho no anonimato enviando-o

para uma fazenda, onde ia visitá-lo como se fosse sua tia, e aos quinze anos Maria revela ser

sua mãe, enfrentando então o preconceito e o julgamento da sociedade atual, a família passa a

ser constituída apenas por mãe e filho.

Montessori foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1948 e 1949. Maria Montessori

morreu na Holanda na cidade de Noordwyk, em 6 de maio de 1952 aos 82 anos. Seus ideais e

propostas pedagógicas hoje estão difundidas por todo mundo, portanto Montessori foi

considerada uma mulher guerreira, que lutou pela educação das crianças com garra e

conseguiu vencer as barreiras impostas pelo sistema político da época.

3.2 A PERSPECTIVA EDUCACIONAL DE MONTESSORI VOLTADA À

VALORIZAÇÃO DO ESPAÇO E MOBILIÁRIO ADEQUADO ÀS CRIANÇAS

Montessori defende uma pedagogia educacional voltada para: promoção do

desenvolvimento humano, autodisciplina, liberdade, autonomia, incentivo às capacidades

sensoriais da criança e preparar ambientes que sejam acessíveis e adequados, essas são

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algumas características do método montessoriano, de acordo com Araújo e Araújo (2007).

Para a autora, a educação dos indivíduos não é proveniente das palavras que ouvem, mas sim

das relações e experiências vividas no próprio ambiente, por isso é importante que os adultos

ensinem as crianças desde cedo a cooperar com os afazeres domésticos, assim elas

compreendem seu papel e a importância que tem na família, enquanto que no espaço

educativo cabe ao educador, promover um ambiente com atividades diversificadas.

Gadotti (2008) esclarece que, de acordo com o método Montessori

é preciso que nos convençamos que quanto mais o ambiente corresponde à

necessidade da criança, tanto mais poderá ser limitada a atividade do professor. Contudo não podemos esquecer de um princípio importante. Dar

liberdade à criança não quer dizer que se deva abandoná-la à própria sorte e,

muito menos negligenciá-la. A ajuda que damos a alma infantil não deve ser

a indiferença passiva diante de todas as dificuldades de seu desenvolvimento; muito pelo contrário, devemos assistir esse

desenvolvimento com prudência e com cuidado repleto de afeto (...)

(GADOTTI, 2008, p. 152).

Como certeza em muitos momentos sempre caberá a intervenção do educador, pois às

vezes os pequenos irão precisar de conselhos, de correções, ou de ajuda, para que percebam

que são dotados de capacidades e experiências, que provêm da sua própria cultura. O segredo

da pedagogia é saber identificar os momentos mais preciosos da educação infantil, para assim

utilizá-los na aprendizagem do seu desenvolvimento.

É importante que o educador saiba aproveitar a força interior da criança, no sentido de

estimular a sua educação, uma das maneiras eficazes de aflorar esses estímulos nas crianças é

ofertar a elas materiais que lhes interessem como cilindros de vários tamanhos, com variadas

colorações, sons diversificados para distinguirem, superfícies em que poderão explorar o

sentido do tato. Conforme Araújo e Araújo (2007), Montessori afirma que a idade mais

propícia para que a criança aprenda a escrever é entre os 3 anos e 6 meses e os 4 anos e 6

meses, e que no final desse período ela fica desinteressada, e volta a aprender em torno de 6 a

7 anos, e dos 7 aos 9 anos é um período em que ela fascina-se pela linguagem, despertando

também o interesse pela gramática, Nesse sentido Laraia compreende que “através da

comunicação oral a criança vai recebendo informações sobre todo o conhecimento acumulado

pela cultura em que vive”. (2008, p. 51). Por isso deve-se levar em consideração a prática

constante da comunicação, entre a família e a criança, desde a tenra idade.

Para Montessori são três fatores essenciais que favorecem à educação da criança:

“ambiente adequado”, “mestre humilde”, e “material científico”. O primeiro fator refere-se a

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um ambiente agradável e sossegado, pois ele facilita e proporciona um desenvolvimento mais

tranquilo para a criança, um bom exemplo seria uma área de cultivo ao ar livre, de preferência

que fizesse parte da escola onde a criança estivesse inserida, para poder entrar e sair

livremente.

Montessori orienta que o mobiliário escolar seja:

[...] uma configuração de lar doméstico, de “casa” à medida da criança: pequenas cadeiras, pequenas mesas (umas quadradas e individuais e outras

de formas e dimensões diferentes, com toalha, jarra de flores e arranjo

floral), algumas pequenas poltronas, um lavabo muito baixo (com as prateleiras laterais, brancas e laváveis, para colocar o sabão e com as

pequenas escovas e as toalhas), armários baixos e compridos com várias

portas (de fechaduras e chave acessível para abrir, fechar e colocar objetos) e cobertos com toalhas, pequena bacia com peixes vivos, pequenas lousas nas

paredes em volta e embaixo (entre elas caixas com giz e apagadores) sobre

as quais são alinhados quadros (de crianças, cenas familiares e campestres,

animais domésticos) [...] (ARAÚJO; ARAÚJO, 2007, p. 122).

Vemos que esse é um ambiente considerado adequado, acessível e estimulante, para

que a potencialidade da criança flua de uma forma natural. Uma criança que vive em um

ambiente preparado e com espaço suficiente que lhe permita ter a liberdade de escolher os

movimentos e posições que mais lhe agrada, com certeza conquistou parte dos direitos que

todas deveriam conquistar, no entanto são poucas que tem a oportunidade de experimentar

situações assim, condizentes e propícias para o seu desenvolvimento. Embora a criança pareça

frágil e insegura, pesquisas revelam que elas são criativas e arrojadas, elas demostram o seu

anseio em ser independente, por meio da curiosidade em: explorar, confrontar, analisar etc.

Montessori defende uma classe em que a idade das crianças seja variada, para que os alunos

mais experientes ajudem os outros, essa ajuda pode vir por meio de gestos simples, como diz

Falk “Às vezes, a atividade em conjunto baseia-se na imitação de um breve e simples

movimento: agarrarem-se as grades e jogar a cabeça para trás; sentados um de frente para o

outro [...]” (2011, p. 78). Porém a forma como o ambiente está organizado é um estímulo para

a evolução moral e social, favorecendo a compreensão dos problemas familiares ou de si

próprio.

O segundo fator que favorece a educação da criança é o “mestre humilde”, que de

acordo com as ideias de Montessori citadas por Araújo e Araújo (2007), diz respeito ao

professor humilde. É de grande relevância que o educador tenha humildade para reconhecer

quais as necessidades da criança, e em quais situações ela precisa de ajuda, pois o professor

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deve estar preparado para acompanhar o desenvolvimento e a evolução da criança,

oferecendo-lhe materiais adequados. O “mestre humilde” é aquele que se alegra com o

desenvolvimento da criança, sem enaltecer-se a si próprio, mas se mostra sinceramente

agradecido com a progressão da criança, aquele que precisa acreditar na força compreensiva

da criança, para que a sua progressão aconteça naturalmente. “Enfim, educação que tem por

objetivo imediato o desenvolvimento da capacidade de pensar e não apenas ministrar

conhecimentos” (FRANCO, 2012, p. 46).

Apreender os conhecimentos sem a necessidade de punições, nem grandes esforços,

essa é a contribuição que o educador deve oferecer a criança. Assim “O primeiro papel do

educador é, portanto, ‘estimular a vida, deixando-a totalmente livre de se desenvolver’, é

‘ajudar a alma que nasce para a vida e que viverá das suas próprias forças” (ARAÚJO;

ARAÚJO, 2007, p. 124). Nesse sentido, o educador não é visto como o centro, do processo de

ensino aprendizagem, mas sim um acompanhante e auxiliar que ajudará a criança na

construção do seu conhecimento, é importante a conscientização de que “Para

compreendermos a importância do ensino na formação humana, é preciso considerá-lo no

conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em sociedade” (LIBÂNEO 2013, p.13).

Pois todo ser humano depende da educação, seja ela formal ou não formal e independe da

idade ou do lugar onde esteja.

O terceiro fator que contribui na educação da criança Conforme Montessori, na visão

de Araújo e Araújo (2007). é o “material científico”, pois esses materiais sendo adequados e

atraentes favorecem os movimentos e a maturação do seu intelecto. Partindo do pressuposto

de que o conhecimento dos objetos começa por meio das mãos, é relevante que “A classe

deve ter sempre objetos, brinquedos e livros estimulantes para que capacitem no interior da

criança impulsos irresistíveis de ser ativa, de aprender e de se familiarizar com o mundo do

adulto” (ARAÚJO, ARAÚJO, 2007, 125). Dessa forma, os materiais proporcionam

experiências concretas, seguidas de estímulos sensoriais que favorecem a atenção e

autoeducação que é o resultado da preparação adequada dos objetos. O método montessoriano

pressupõe que a finalidade principal desses objetos, não seja apenas a distração, mas sim um

suporte para ajudar a criança a desenvolver o seu potencial nos estudos.

O desenvolvimento da criança na área fisiológica e psíquica acontece em três partes

conforme os princípios educativos de Montessori: o desenvolvimento da função motora; a

educação sensorial e o desenvolvimento da linguagem. Em cada uma dessas fases a autora

recomenda a oferta de diferentes tipos de materiais, exceto na fase em que ocorre o

desenvolver da função motora, que por meio de atitudes cotidianas como: andar, correr, pular,

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brincar, subir e descer de árvores, pegar objetos, enfim, essas práticas auxiliam naturalmente a

função motora da criança. Na educação sensorial, e desenvolvimento da linguagem, exigem-

se materiais específicos que auxiliam no desenvolvimento da percepção, tais como:

[...] (cilindros para encaixar, cubos prismas, tabuletas), o sentido térmico é o

sentido táctil (pranchas com superfícies rugosas e lisas, telas de diferentes

composições), o sentido bárico (pranchas de diferentes classes de madeira), a percepção diferencial das cores (tabulinha de cores diferentes), a percepção

das formas (várias figuras geométricas: círculos, retângulos, triângulos,

polígonos regulares), [...]. (ARAÚJO, ARAÚJO, 2007, p. 125).

Assim o cuidado na oferta desses materiais é muito relevante, pois a aquisição da

linguagem e de um vocabulário diversificado provém da escolha dos mesmos. E assim a

aprendizagem acontece de forma natural, por meio do contato com materiais adequados e a

presença do professor como observador e humilde mestre.

3.3 OS PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA MONTESSORIANA, COMO LIBERDADE,

ATIVIDADE, E LIVRE ESCOLHA

Um dos princípios fundamentais é a liberdade, pois ela está estritamente ligada à

autoeducação da criança, conforme Araújo e Araújo (2007), na visão de Montessori O ensino

tradicional foi marcado por uma educação autoritária, em que o professor era considerado o

centro, e também o portador do conhecimento, portanto Montessori reformulou essa

educação, ao reconhecer o potencial criativo que existe na criança, ela desenvolveu

aprendizagens harmonizando a liberdade, atividade e livre escolha. A autora acredita que toda

criança tem uma capacidade espontânea em aprender, a partir das experiências vividas no

ambiente, (CRAEMER, 2015, p. 49), informa que “O adulto tem apenas a tarefa de organizar

o espaço criativo para que a fantasia da criança possa ser nutrida”. Por isso é preciso que a

criança tenha um ambiente saudável aonde ela possa vivenciar sua liberdade, e ao mesmo

tempo aprender de forma prazerosa. “Assim a liberdade dos alunos deve ser o pivô

fundamental da pedagogia científica e permitir o desenvolvimento das manifestações

espontâneas individuais da criança [...]” (ARAÚJO E ARAÚJO, 2007, p. 127).

A pedagogia científica mencionada acima é o que chamamos hoje de método

Montessori, esse método visa o desenvolvimento total da criança, da sua liberdade e

independência. Ao proporcionar liberdade estimula-se na criança o impulso para a atividade,

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portanto um é consequência do outro, observa-se essa situação em sala de aula, é o caso em

que o aluno tem a liberdade de escolher o material e carregá-lo de um canto para o outro, e em

seguida executam as atividades se preciso for, depois é necessário que esse material seja

guardado no seu devido lugar. Portanto esse aluno está incluído no método montessoriano, ele

trabalha horas seguidas sem perceber a exaustão, cabendo ao professor somente acompanhar o

aluno. Todavia

É a liberdade que está na base da atividade: ‘O método pedagógico da observação tem por base a liberdade da criança; ora liberdade é atividade’

[...] o seu labor é feito de atividade, ela cresce com exercício e movimento:

‘A criança exercita-se e move-se fazendo experiências e, assim como

coordena os seus movimentos e vai registrando, vindas do mundo exterior as emoções que plasmam a sua inteligência, vai conquistando a linguagem com

fadiga, com milagres de atenção e esforços iniciais, que só lhe são possíveis

a ela, e com irresistíveis tentativas se vai apoiando sobre os pés, correndo e procurando’ [...] (ARAÚJO E ARAÚJO, 2007, p. 127).

Montessori parte do princípio de que a criança é autora do seu próprio aprendizado, é

ele quem deve ter a livre escolha em decidir de que forma irá se mover e a posição que irá

trabalhar, mas a vontade em fazer as atividades é o caminho, para que ele desenvolva o seu

potencial e alcance uma aprendizagem adequada, Nesse sentido (PIORSKI, 1966, p. 101),

esclarece que “Na criança, a imaginação da vontade, ou do trabalho, não se rende tão

facilmente aos limites estabelecidos”. Elas são incansáveis em suas atividades, deixando

transparecer a força que as envolvem por intermédio das suas atitudes. Montessori afirma que

a atividade da criança, não exige apenas o seu esforço físico, mas também o seu esforço

mental, e que a atividade quando em junção com a liberdade, desperta naturalmente na

criança a sensação prazerosa de livre escolha dos materiais, já que são seres dotados de

capacidades em distinguir e abstrair, diferenças e semelhanças da realidade em que são

inseridos.

O educador pode analisar o grau de desenvolvimento da criança, e avaliar sua

capacidade com o uso da linguagem na socialização, no emocional e afetivo. Araújo e Araújo

(2007, p. 128), a partir das contribuições de Montessori apresentam algumas considerações

centrais da autora ao revelar que “[...] a criança mostra e escolhe as suas ocupações, o

material deve ficar ao alcance para ela o escolher ao seu gosto. [...] no ambiente infantil, tudo

tem que ser limitado, além de ser ordenado, nascendo o interesse e a concentração [...]”.

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É relevante afirmar que a criança quando está envolvida com o trabalho, sua

empolgação contagia também as outras que estão ao seu redor, e assim o seu interesse passa a

ser o interesse de todas. A autora acredita que a criança “tem grandes capacidades, uma viva

sensibilidade interior; ela esta muito predisposta quer a observar quer a ser ativa”; ela “é um

ser animado de paixões intensas” e “tem uma grande paixão para aprender” (Montessori, apud

ARAÚJO E ARAÚJO, 2007, p. 127).

A criança é essencialmente natural, e com certeza esse prodígio é considerado seu

pulso vital e faz parte dos movimentos essenciais para que ela sobreviva de forma saudável e

segura diante as situações encontradas no seu caminho. O privilégio de poder observar e

escolher o que deseja é o que faz florescer a paixão por determinadas coisas. Assim, liberdade

atividade e livre escolha é o suporte para o desenvolvimento integral da criança.

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4. A CONTRIBUIÇÃO DE CELESTIN FREINET: A IMPORTÂNCIA DO MEIO

ESCOLAR E SOCIAL PARA EDUCAR A CRIANÇA POR MEIO DA

EXPERIÊNCIA, E A PERCEPÇÃO DO ESPAÇO E TEMPO

Célestin Freinet (1896-1966) nasceu na França, considerado um dos educadores que

mais se destacou na escola fundamental do seu país no século XX. Suas ideias são divulgadas

em várias partes do mundo, da pré-escola à universidade. Freinet foi ferido na altura do

pulmão, ao lutar na primeira guerra mundial, teve vários problemas de saúde, tinha que falar

baixo, cansava-se facilmente. Por causa dessas consequências, ele teve que encontrar novos

meios de interação com os alunos, e também nova formas de conduzir o trabalho na escola.

Ele afirmava que a escola depende do meio social, e que não existe uma educação ideal, a não

ser que seja uma educação mais compromissada, daí a escolha da classe trabalhadora. Em seu

livro Educação pelo trabalho, que foi sua principal obra, Freinet demostrou um embate entre

a escola tradicional e a escola proposta por ele, onde o trabalho ocupava uma posição central

como metodologia.

Vimos que hoje desfrutamos de um novo modelo de organização e gestão nas escolas,

Conforme Elias e Sanches (2007), graças às contribuições de Freinet, que percebeu a

necessidade de lutar para que surgisse uma escola que atendesse os anseios da classe

trabalhadora que crescia a cada dia, e que a mesma pudesse contribuir para que esses

indivíduos tomassem consciência do seu papel histórico e humano na sociedade, como

cidadãos críticos que intervêm na realidade, nesse sentido temos o aporte de Friedmann

(1992, p. 25), afirmando que “Esse processo visava formar o “novo homem”; assim, era

necessário investir na modelagem das características mais racionais e produtivas do

individuo”. Freinet propunha uma escola em que o aluno ocupasse uma posição central no

processo do desenvolvimento e nas ocupações escolares, defendia que a criança deve ser livre

para escolher os grupos com quem irá se comunicar, assim aprendem e ensinam, numa

dinâmica que auxilia no conhecimento e autonomia, e para completar esse processo de

aprendizagem o autor defendia a ideia de haver um intercâmbio entre as crianças, não só na

mesma escola, mas também entre escolas diferentes.

Freinet era adepto do conceito que hoje podemos identificar como construtivista

alegava que o professor deve assumir o papel de facilitador e mediador na aprendizagem do

aluno, levando em consideração as especificidades de cada um, para que ele próprio seja o

incentivador na aquisição do seu conhecimento. Nesse sentido a criança segundo Montessori,

“é o ser que reserva em si mesmo as melhores possibilidades, as quais precisam ser

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despertadas para melhor desenvolvimento da pessoa” (ANGOTTI, 2007, p. 106). Freinet

enfatiza que o interesse da criança é um impulso para sua aprendizagem, um exemplo disso é

quando ela observa o adulto a falar ou a escrever, logo ela irá adquirir o conhecimento por

meio da observação, é o que o autor intitulou de “método natural de aprendizagem”. Freinet

acredita que a expressão pelo interesse é de suma importância para a criança, pois “quando

interessada, ela identifica-se com o que está fazendo e consequentemente aprende” (ELIAS,

SANCHES, 2007, p. 159).

O autor defende o método natural e experimental, alegando que eles complementam as

necessidades básicas da criança, pois é na tentativa do experimento e da observação de tudo

que há ao seu entorno, que a criança aprende naturalmente sem grandes esforços. Freinet

ressalta a importância da escola no campo rodeada por paisagens naturais como plantas,

animais, água etc. O autor propõe que o professor ofereça conteúdos que interessem as

crianças, pois assim facilita no seu desenvolvimento, aconselha que a sala deva ser organizada

de forma que haja nos cantos, espaços para oficina de leitura, música, comunicação artística

etc. e que o centro da sala seja livre para que o professor e as crianças transitem à vontade.

A escola proposta por Freinet defendia o trabalho desenvolvido em equipe, numa

condição de igualdade, considerando a criança como o centro do processo educativo,

discordava das normas rígidas impostas pelas escolas, onde a criança era submetida a ficar em

filas e a cumprir horários e programas. Constata-se que:

Sua concepção de educação é a do exercício da cidadania, ou seja, criar condições

de liberdade de oportunidade para enfrentar a rude concepção imposta pelo

capitalismo. Com essa premissa, só podia prevalecer um conceito utilitário de

educação, uma educação do trabalho e de construção da cidadania. É uma ideia que

visa a felicidade, ao bem estar individual e social dos quais dependem as relações

sociais. (ELIAS, SANCHES, 2007, p. 162).

A liberdade para Freinet só pode ser assumida individualmente, apenas depois que as

decisões forem tomadas no coletivo, portanto sua pedagogia se baseia em quatro eixos

fundamentais: a cooperação, a qual auxilia na construção humana e amplia seu

conhecimento; a documentação, que é importante para registrar a história do dia a dia; a

comunicação, pois é um meio de aquisição do saber; a afetividade é uma ponte que liga o ser

humano ao conhecimento. Nessa mesma linha de pensamento podemos ver a convergência

com o pensamento de outro autor estudado anteriormente: “Froebel menciona a reflexão sobre

as próprias ações [...] conhecer-se a si e suas ações. Nesse processo interativo, a

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autoconsciência não se faz sozinha, mas em contato com o outro” (KISHIMOTO, 2007, p.

48).

Tanto quanto Freinet, Froebel esclarece que a criança é um ser transformador, afetivo,

sábio, e também cria cultura, e sua natureza é igual a do adulto, ele compara a criança como

uma árvore em crescimento, que de forma autônoma encontra seu meio de sobrevivência,

porque facilmente interagem em meio à cultura em que vivem.

4.1 A CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA POR MEIO DO “FAÇA COMIGO

VIVENCIAL”, O PAPEL DO TRABALHO E DA COOPERAÇÃO NA

APRENDIZAGEM

Freinet defendia uma educação voltada para a formação social, ética e a moral do

indivíduo, e que por meio dela ele pudesse defender com autonomia seus direitos e deveres,

assumindo a posição de cidadãos críticos e dotados de capacidades para mudar o meio no qual

estavam inseridos, conforme Elias e Sanches (2007). O autor acreditava veemente que a

educação é o principal meio a ser usado na transformação de instituições sociais, portanto

almejava transformar o processo educacional e “possibilitar a todas as crianças [...] o acesso a

uma educação que lhes promovesse o desenvolvimento e a cidadania. Que todas elas, [...]

tivessem atividades não só escolares, mas também sociais e humanas” (ELIAS E SANCHES,

2007, p. 165).

O educador francês desenvolveu técnicas simples, mas que fizeram muita diferença na

vida dos seus alunos. Podemos citar: o texto impresso: Freinet propunha que houvesse uma

tipografia na escola e que os alunos pudessem imprimir seus textos, e enviar a seus familiares

ou a outras escolas, valorizando assim seus registros; a correspondência escolar: por meio

dessa a criança adquire comportamento de cooperação, confiança, organização etc.; o texto

livre: por meio desse a criança é motivada a deixar transparecer sua imaginação mais

profunda; a livre expressão: facilita para criança um maior desenvolvimento afetivo, na

música, no desenho, no teatro etc. e a aula passeio: assim como Froebel, que também

considerava de grande valor, “[...] os passeios realizados por Pestalozzi, que colocavam as

crianças em contato com a natureza e possibilitavam lições práticas, e os jogos ao ar livre”

(KISHIMOTO, 2007, p. 40), Freinet organizava passeios com seus alunos em meio aos

bosques, usavam os movimentos da natureza, como o ponto de partida para um aprendizado

que fazia realmente sentido para a criança. “Isso o leva a procurar material adequado para

reproduzir mediante a escrita e o texto livre a expressão do passeio das vivências cotidianas

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da criança e despertar-lhe, assim o interesse pela leitura e pela escrita” (ARAÚJO E ARAÚJO,

2007, p. 176). Pois ao ver um pássaro voando, ou uma abelha zumbindo, sentiam-se logo

motivados a escrever textos que narravam fatos reais, ou seja, o livro da vida: nele as crianças

registravam por meio de diferentes formas, as ocorrências que faziam significado na sua vida,

assim tinham um registro de tudo que viviam.

Os cantinhos temáticos, também são situações propícias de aprendizagens para as

crianças, pois é uma forma lúdica de ampliar o processo pedagógico, é onde a criança explora,

vive e interpreta situações diversificadas, e se sentem como parte de um ambiente realmente

significativo para sua vida. Os meios e técnicas que Freinet propunha, contrapõe-se ao

conceito da pedagogia tradicional, em que o conhecimento não era relacionado com a

realidade social. “A pedagogia de Freinet caracteriza-se por uma dimensão social, que

defende uma escola centrada na criança, vista não como indivíduo isolado, e sim como parte

de uma comunidade “a que ela serve e que a serve”, que têm diretos e deveres [...]” (ELIAS E

SANCHES, 2007, p. 167).

Nota-se que a pedagogia de Freinet é humanista e liberal, ele propõe que a educação

da criança, seja com o propósito principal de torna-la livre. Freinet em seu livro “pedagogia

do bom senso” faz uma emocionante analogia a respeito da liberdade da criança dizendo, “O

cavalo não está com sede: então troque a água do tanque!” (2004, p. 17), portanto é preciso

que as crianças tenham liberdade em para demostrar seu interesse, pois cada qual tem seu

momento certo de aprender, pesquisas mostram que as crianças têm formas diferenciadas de

apropriar-se dos conhecimentos, percebe-se que esses princípios ainda nos dias de hoje são

valorizados na Educação Infantil, onde os educadores propiciam atividades e brincadeiras

livres, proporcionando a criança sensações múltiplas como a de liberdade.

Os princípios da pedagogia diferenciada de Freinet se resumem em: “participação,

individualização, criatividade, crítica, autonomia, unidade, cooperação socialização,

atividade, valorização, responsabilidade, integração e interdisciplinaridade” (ELIAS E

SANCHES, 2007, p. 167). Na visão do autor, entender como as crianças usam suas diferentes

linguagens parar olhar e ver o mundo, é também cooperar na construção do seu próprio

conhecimento.

Célestin Freinet priorizou uma educação vinculada com o aspecto social, ele foi um

educador revolucionário, “Partia do princípio de que as atividades naturais das crianças

desenvolviam-se em grupo, cooperativamente, o que lhes permitia atribuir significados

diversos as experiências vividas, [...]” (ELIAS E SANCHES, 2007, p. 168). As experiências

concretas e a aprendizagem que as crianças adquiriam por meio dela, é um ato em que Freinet

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denomina de tateamento experimental, o qual valorizava o conhecimento por meio das

situações vividas no dia a dia da criança. Nesse sentido podemos lembrar-nos das

contribuições de Judit Falk (2011, p. 35) ao defender que “A atividade de movimento e de

jogos livres – livres sem a participação iniciadora ou modificadora do adulto – reforça as

possibilidades especiais de aprendizagem”. É no fazer e no viver a prática que as crianças

descobrem o prazer da descoberta, esse conceito contrapunha as escolas tradicionais pois não

tinham o compromisso de vincular o conhecimento com a realidade social do aluno, não

priorizando sua subjetividade e capacidade.

O educador francês foi o idealizador da escola popular, democrática e moderna, sua

teoria primava o trabalho na escola, pois acreditava que esse seria um meio produtivo eficaz,

que iria auxiliar a criança na construção da sua aprendizagem. Conforme Araújo e Araújo

(2007). O autor propunha que o professor utilizasse instrumentos e técnicas apropriadas, para

que o indivíduo por meio da escola do povo fosse preparado para a vida. Nesse sentido

Gadotti afirma que:

A valorização do trabalho manual entrou definitivamente na prática e na teoria da

educação com o professor francês Célestin Freinet (1896-1966). Ele centrava a

educação no trabalho, na expressão livre, a imprensa na escola, a correspondência

interescolar, o fichário escolar cooperativo e a biblioteca de trabalho são algumas das

técnicas que empregava (2008, p. 171).

Na sua concepção as relações do homem com o trabalho, (atividade coletiva), são

consolidadas por meio de suas interações com o mundo social e físico. O trabalho a que ele se

refere, não se limita apenas em práticas manuais, mas sim a necessidade natural de tudo que

precisa para sua subsistência, o trabalho é visto como um todo indissociável, assim também é

o homem. “A necessidade do trabalho seria necessidade orgânica de utilizar o potencial de

vida numa atividade ao mesmo tempo individual e social” (GADOTTI, 2008, p. 177). Freinet

afirmava que o trabalho desenvolvido pelo professor por intermédio de práticas com regras

rígidas, como por exemplo, as longas explicações e exercícios que os levavam a exaustão, não

acrescentavam benefícios na sua aprendizagem. Então é preciso ter o cuidado em despertar na

criança o interesse pelas atividades, sem que seja preciso força-las a fazer alguma coisa.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Eu constantemente me questionava se seria mesmo necessário estudar intensamente

durante quatro anos, apenas para trabalhar com crianças. Hoje tenho a plena convicção de que

esses quatro anos ainda não me foram suficientes para adquirir uma formação que me

proporcionasse confiança e tranquilidade para assumir a profissão docente, mas como o

conhecimento é um processo contínuo e inacabado, sei que não devo perder a esperança em

buscar sempre novos conhecimentos. Pois sou a prova viva de que em qualquer fase da vida, é

possível sempre aprender algo novo, algo que nos façam orgulhar de nós mesmos. Eu quando

cheguei à universidade, me senti como perdida em meio a um mundo desconhecido, não sei se

foi pelo fato de não ter cursado o ensino médio regular, e sempre ter estudado em escola

pública, mas graças a Deus e aos doutores professores universitários que são todos muito bem

preparados profissionalmente, e estiveram sempre dispostos a criar possibilidades no sentido

de favorecer a minha construção como ser humano pertencente a uma sociedade que está cada

vez mais exigente, que exclui os menos preparados, enfim, nesse longo percurso hoje quase

concluindo a minha primeira graduação, reconheço que adquiri conhecimentos relevantes e

muito significativos na minha vida pessoal e profissional.

As vivências do estágio me trouxeram situações propícias para refletir sobre a

importância dos fundamentos teóricos na Educação Infantil. O dia a dia do estágio me

proporcionou a oportunidade de viver na prática alguns conceitos que visam ser relevantes na

vivência das crianças, tive o prazer de vivenciar diferentes realidades no cotidiano da

Educação Infantil, e assim refletir sobre sua complexidade, certifiquei-me de que as práticas

pedagógicas envolvem a subjetividade, na hora da troca, do banho, do alimentar etc. Ou seja.

enquanto cuidamos, educamos.

Notei o quanto é importante parar e observar o que as crianças querem expressar por

meio do seu choro, balbucio, gestos e ações. Os conhecimentos que adquiri em sala por meio

de vídeos, textos, e rodas de conversas, foram subsídios essenciais que me deram o aporte

teórico para exercer a prática docente com compromisso e responsabilidade, no entanto ainda

me pego refletindo sobre “como” e “onde” devo melhorar, mas estou ciente de que essa

conduta é reflexo da certeza de que a busca por novas aprendizagens tem que fazer parte de

um processo contínuo de aperfeiçoamento, aquilo a que se chama de formação continuada.

Hoje compreendo que toda criança, desde sempre, é dotada de dialogicidade, ideias e

capacidades de pensamentos, portanto exige professores que tenham saberes inovadores, e

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que sejam realmente compromissados com a educação infantil, para atender aos anseios dessa

nova geração.

O que eu aprendi lendo sobre Froebel, Montessori e Freinet?

Com Froebel, aprendi que as crianças aprendem com as experiências fora da sala de

aula, um exemplo são os passeios feitos ao ar livre, em bosques, rios, lagos e vivenciando a

observação espontânea acontece a promoção do autoconhecimento e do autocontrole. Uma

das primeiras aprendizagens acontece junto à família, é quando a criança começa a distinguir

fenômenos opostos como: amor-ódio, quente-frio, tristeza-alegria etc. Com Froebel aprendi

que a criança aprende naturalmente, com simples atividades cotidianas como jogos, mímicas,

movimentos livres entre outros, e no simples ato de cooperar nos afazeres domésticos a

criança também aprende.

Com Froebel também aprendi que as brincadeiras e as cantigas são muito importantes

para as crianças, pois o brincar faz com que elas criem, sentem, pensam e desenvolvam a

linguagem, a coordenação motora e a parte cognitiva. Assim como as cantigas que também

trazem benefícios, além de interação, alegria e bem-estar, as canções de ninar, as palmas, as

cantigas de rodas, os sons corporais, interferem nas expressões dos bebês. As cantigas

também trabalham a subjetividade e o caráter da criança, é na interação com a música que a

criança internaliza sentimentos de valores culturais, e conceitos de diversidade, a música

também é propicia para trabalhar com a lateralidade da criança. Enfim aprendi com Froebel

que o educador tem que estar preparado para trabalhar com as crianças, afinal ele foi o

primeiro estudioso da Educação Infantil que percebeu a importância da formação adequada

para quem cuida de crianças.

Com Montessori aprendi que quando almejamos alguma coisa, não devemos medir

esforços para ir à busca dos nossos objetivos, pois ninguém é tão incapaz ao ponto de ter

razões para desistir dos seus sonhos, pois ela foi para nós um exemplo de mulher forte e

guerreira, enfrentou o preconceito de uma sociedade que não aceitava que a mulher

trabalhasse e nem estudasse. Com Montessori aprendi que não devemos menosprezar a

capacidade das crianças, pois todas elas são capazes de aprender sejam alas especiais ou não,

o que diferencia é o tempo que levam para internalizar os conhecimentos.

Montessori nos orienta que devemos tratar as crianças com conceito de igualdade.

Com Montessori também aprendi que o melhor lugar para a criança aprender e se auto-

educar, é num ambiente onde os móveis são adequados à sua altura, e orienta que as

atividades sejam diversificadas com materiais de diversos tamanhos e formas, e que estejam

todos disponíveis para que a criança escolha com o que quer trabalhar e assim aprender.

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Nesse ponto ela trabalha a autonomia, não que a criança fique livre para fazer o que quiser,

mas uma autonomia pensada pelo adulto na hora em que dispõem e organiza os materiais.

Com Freinet aprendi que a educação deve ser centrada na formação social, ética e

moral dos indivíduos, para que sejam capazes de defender seus direitos e assumir seus deveres

na sociedade. Aprendi que todos nós devemos ter criticidade e procurar mudar o meio em que

estamos inseridos. Aprendi com Freinet que existem muitas técnicas simples, que fazem toda

diferença na aprendizagem da criança, basta descobri-las. Freinet nos ensina que a natureza é

um dos melhores ambientes para ensinar as crianças, é onde as lições poderão ser práticas,

pois tudo que há nela seja uma folha, uma casca de pau, uma flor, ou um inseto, são objetos

de curiosidade que instiga a criança a produzir textos escrevendo sobre tudo que viu.

Portanto com Freinet aprendi sobre a relevância de uma pedagogia de caráter social,

em que o foco é uma criança livre como sendo parte integrante da comunidade em que ela

está inserida. Portanto sua pedagogia é humanista e liberal. Com Freinet também aprendi que

na escola devemos oferecer trabalho para as crianças, pois ele é um excelente meio no qual

coopera para a aprendizagem delas. Ressalto que Freinet foi um dos grandes incentivadores

do escolanovismo ou escola nova, um movimento que acredita na educação como sendo o

elemento principal para construir uma sociedade justa e democrática.

Enfim, com este TCC eu aprendi a ler, estudar, resumir, encontrar as ideias principais

de cada autor aqui apresentado, atividades que eu já fazia no curso, mas que agora pude fazer

uma espécie de síntese que é apenas um pouco do muito que aprendi. E com essa prática eu

sei que preciso continuar a estudar sempre, para ser cada vez uma professora ou educadora

melhor.

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6. REFERÊNCIAS

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ARAÚJO, Joaquim Machado de; ARAÚJO, Alberto F. Célestin Freinet: trabalho, cooperação e

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CRAEMER, Ute. O brincar na comunidade: uma comunidade se transforma com arte lúdica In:

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