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LITERATURA INFANTIL: OUTRA FORMA DE EDUCAR 1 Adriana Braz Soares de Souza 2 Resumo: Este artigo referente à Literatura Infantil: outra forma de educar busca refazer em um breve levantamento histórico acerca das mudanças da concepção sobre a infância. Pretende-se também conceituar o que é literatura infantil sob esta perspectiva, analisando as situações circunstanciais em que se dá este olhar mais apurado para a literatura voltada para este público alvo. Objetiva-se, então, expor algumas de suas contribuições para a formação da criança nos âmbitos que abrangem a efetividade, o pensamento crítico, a livre expressão de sensações e sentimentos, o olhar sensível às mudanças sociais, e também seus estímulos para que a aquisição da leitura e escrita seja um processo prazeroso e significativo. A metodologia consta da análise bibliográfica por meio da seleção e combinação de pensamentos de autores como Zilberman, R. (2003); Abramovich, F. (2001); Bettelheim, B. (2008); Ferreiro, E. (2001); Teberosky, A. (2008) e outros. Os resultados da pesquisa mostram que a literatura infantil como aliada neste processo formador da criança auxilia no que se refere a constituição da pluralidade na leitura não só do processo alfabetizador, mas também no que diz respeito à leitura de mundo. Palavras-chave: Literatura Infantil. Aprendizagem. Sensibilidade. Infância. INTRODUÇÃO Pensar nas crianças e na sua relação com os livros de literatura infantil é pensar no futuro e ter em mente a possibilidade de construir um mundo com mais espaço para a livre expressão do imaginário, dos ideais e dos sentimentos. Com este pensamento, propõe-se apresentar nesse artigo algumas das inúmeras contribuições que a literatura, sendo já objetivada ao público infantil, traz para a formação do pensamento e visão crítica desse público alvo, considerando o fato de que o mundo vive em constantes transformações, e que se deve estar preparado para enfrentá-las, e a si mesmo. Se há de convir, que a literatura 1 Artigo elaborado para fins da conclusão de curso de pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser sob orientação da professora Dra. Michele Giacomet. 2 Graduanda do 8º período do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser.

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Page 1: TCC Pedagogia Adriana Braz 2011 1

LITERATURA INFANTIL: OUTRA FORMA DE EDUCAR1

Adriana Braz Soares de Souza2

Resumo: Este artigo referente à Literatura Infantil: outra forma de educar busca refazer em

um breve levantamento histórico acerca das mudanças da concepção sobre a infância.

Pretende-se também conceituar o que é literatura infantil sob esta perspectiva, analisando as

situações circunstanciais em que se dá este olhar mais apurado para a literatura voltada para

este público alvo. Objetiva-se, então, expor algumas de suas contribuições para a formação da

criança nos âmbitos que abrangem a efetividade, o pensamento crítico, a livre expressão de

sensações e sentimentos, o olhar sensível às mudanças sociais, e também seus estímulos para

que a aquisição da leitura e escrita seja um processo prazeroso e significativo. A metodologia

consta da análise bibliográfica por meio da seleção e combinação de pensamentos de autores

como Zilberman, R. (2003); Abramovich, F. (2001); Bettelheim, B. (2008); Ferreiro, E.

(2001); Teberosky, A. (2008) e outros. Os resultados da pesquisa mostram que a literatura

infantil como aliada neste processo formador da criança auxilia no que se refere a constituição

da pluralidade na leitura não só do processo alfabetizador, mas também no que diz respeito à

leitura de mundo.

Palavras-chave: Literatura Infantil. Aprendizagem. Sensibilidade. Infância.

INTRODUÇÃO

Pensar nas crianças e na sua relação com os livros de literatura infantil é pensar no

futuro e ter em mente a possibilidade de construir um mundo com mais espaço para a livre

expressão do imaginário, dos ideais e dos sentimentos. Com este pensamento, propõe-se

apresentar nesse artigo algumas das inúmeras contribuições que a literatura, sendo já

objetivada ao público infantil, traz para a formação do pensamento e visão crítica desse

público alvo, considerando o fato de que o mundo vive em constantes transformações, e que

se deve estar preparado para enfrentá-las, e a si mesmo. Se há de convir, que a literatura

1 Artigo elaborado para fins da conclusão de curso de pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser sob

orientação da professora Dra. Michele Giacomet.

2 Graduanda do 8º período do curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser.

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infantil neste contexto trata essas mudanças de forma mais sensível, prazerosa e apropriada às

crianças, tornando este enfrentamento um “conto de fadas”.

Para cumprir tal objetivo, se faz necessário, em uma rápida abordagem, recuperar o

surgimento da Literatura Infantil, e o contexto social que se dá este importante fato entre os

séculos XVII e XVIII.

Em busca de um conceito para esta literatura formadora e transformadora, embasamos

a pesquisa em importantes autores como Regina Zilberman, Fanny Abramovich, Nelly

Novaes Coelho, Maria Antonieta Antunes Cunha, Bruno Bettelheim entre outros não menos

importantes.

Pretende-se discutir também as contribuições que a literatura infantil traz para a

formação de leitores, e suas implicações no processo de alfabetização tendo como horizonte

teórico autoras como, por exemplo, a Doutora em psicologia, pesquisadora e professora titular

do Centro de Investigação e Estudos Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade

do México, Emilia Beatriz María Ferreiro Schavi, a Doutora em psicologia e docente do

Departamento de Psicologia Evolutiva e da Educação da Universidade de Barcelona Ana

Teberosky e a Doutora em Ciências da Educação e professora de Didática da Língua e da

Literatura na Universidade Autônoma de Barcelona, Teresa Colomer. Estas e outros autores

que contribuiram para o âmbito da alfabetização, e que trouxeram um novo tipo de pesquisa

em pedagogia, deslocando a investigação do “como se ensina” para o “como se aprende”

através da psicogênese da língua escrita são contribuintes para as pesquisas deste artigo.

É importante ressaltar que fica evidente nas pesquisas realizadas, a necessidade de

repensar sempre a prática escolar considerando as necessidades dessa “nova criança” leitora

de mundo, cuja concepção surge através das mudanças tecnológicas, podendo ser considerada

até mais competente nessas novas tecnologias do que nós mesmos, professores.

Assim, busca-se acreditar que se pode realmente levar muitas crianças a ampliar e

educar seus olhares através da arte literária, transformando-as em leitores plurais, ou seja, que

tenham visão crítica e interpretativa sobre o texto, e consequentemente, em cidadãos mais

críticos, capazes de opinar reflexivamente e preparados para a vida em sociedade.

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CONTEXTUALIZANDO A LITERATURA INFANTIL

Como escrever literatura infantil, sem antes conceber o significado, o sentido da

“infância”? Os primeiros livros direcionados especificamente para as crianças, de acordo com

alguns teóricos voltados para esta pesquisa, como por exemplo, Maria Antonieta Antunes

Cunha, Regina Zilberman, Nelly Novaes Coelho, e outros, só passaram a existir entre o final

do século XVII e no decorrer do século XVIII.

De acordo com os relatos de Cunha (2004), a história da literatura infantil se resume

em poucos capítulos, e começa a tomar “forma” realmente a partir do século XVIII, quando

começa a ser considerada a existência da concepção de infância. Antes, porém deste

reconhecimento, as crianças compartilhavam das leituras próprias para os adultos, assim como

também obrigações que eram delegadas a elas, pois devemos atentar para o fato de que as

crianças eram consideradas “adultos em miniatura”.

Zilberman (2003), compartilha em sua obra desse mesmo fato histórico, e relata que:

Antes da constituição desse modelo familiar burguês, inexistia uma consideração

especial para com a infância. Essa faixa etária não era percebida como um tempo

diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes

compartilhavam dos mesmos eventos, porém nenhum laço amoroso especial os

aproximava. A nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas

igualmente os meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e

manipulação de suas emoções. Literatura infantil e escola, inventada a primeira e

reformada a segunda, são convocadas para cumprir esta missão. (2003, p.15)

Segundo Zilberman (2003), somente a partir do século XVIII as famílias passam a

dedicar-se especialmente às crianças, e a valorização da infância passa a dar suporte para o

novo modelo familiar que se forma. O objetivo proposto neste novo modelo familiar era

permitir que os filhos atingissem a idade adulta com a garantia de se cumprir todos os seus

direitos, sejam eles de caráter físico, seja psicológico ou cognitivo.

É, portanto neste contexto de mudanças ideológicas e sociais, que se apresenta uma

nova concepção de criança, quando ela passa a ser considerada diferente do adulto, sendo

respeitada sua fragilidade e formação biológica, que surge a literatura infantil apresentando

intenções fundamentalmente formativas e informativas, assim como afirma Coelho:

Na verdade, desde as origens, a literatura aparece ligada a essa função essencial:

atuar sobre as mentes, nas quais se decidem as vontades ou as ações; e sobre os

espíritos, nos quais se decidem as emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda

ordem... No encontro com a literatura, os homens têm a oportunidade de ampliar,

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transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida, em um grau de

intensidade não igualada por nenhuma outra atividade. (2000, p. 29)

Com o intuito de precisar o significado do que é literatura infantil, Coelho (2000)

busca traduzir primeiro o sentido do termo Literatura. A autora diz que não existe um

conceito exato para a literatura, porém chega à conclusão e define tal, como uma linguagem

específica que expressa sentimentos, anseios e vontades. Portanto, podemos dizer que

literatura é uma forma humana de expressar suas experiências e visão de mundo.

Sendo assim, o contexto social e cultural de cada época é responsável pelas mudanças

da literatura, e a literatura infantil possui a mesma essência, pois não deixa de ser uma

expressão de sonhos ou vivências.

A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de

criatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os

sonhos e a vida prática, o imaginário e o real, os ideais e sua possível/impossível

realização... (COELHO, 2000, p. 27).

Na visão de Coelho (2000), durante muito tempo, e não muito distante aos dias atuais,

a literatura infantil foi considerada como um brinquedo, um meio de entretenimento para as

crianças, porém no século XX, há uma redescoberta desta literatura. Tal redescoberta é

evidenciada por meio da psicologia experimental, que revela a inteligência como um elemento

estruturador da individualidade, sendo esta individualidade desenvolvida em diferentes

estágios correspondentes a certa fase de idade, tendo como fator determinante nesta relação o

meio em que a criança vive. “A partir desse conhecimento do ser humano, a noção de

“criança” muda e nesse sentido torna-se decisivo para a literatura infantil adequar-se ou

conseguir falar, com autenticidade, aos seus possíveis destinatários.” (COELHO, 2000, p.30).

Desde que se começou a direcionar a literatura para o público infantil, surgiu uma

forte ligação com os fatores de diversão e aprendizado das crianças, e com esse objetivo os

primeiros textos infantis eram adaptações da linguagem dos textos destinados aos adultos, já

que no início da concepção de literatura para o público infantil, ainda permeava a idéia de se

considerar a criança como um “adulto em miniatura”. Segundo Coelho:

Expurgadas as dificuldades de linguagem, as digressões ou reflexões que estariam

acima da compreensão infantil; retiradas as situações ou os conflitos não-exemplares

e realçando principalmente as ações ou peripécias de caráter aventuresco ou

exemplar... as obras literárias eram reduzidas em seu valor intrínseco, mas atingiam

o novo objetivo: atrair o pequeno leitor/ouvinte e levá-lo a participar das diferentes

experiências que a vida pode proporcionar, no campo do real ou do maravilhoso.

(2000, p.30)

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Não se pode comparar a estrutura mental das crianças com a estrutura mental dos

adultos que se desenvolveu a partir de suas relações. Elas apresentam limitações de acordo

com suas experiências concretas, partindo destas experiências, se inicia um trilhar de novos

caminhos, diferentes dos já trilhados pelos adultos, apresentando assim uma nova realidade,

um novo olhar para o mundo que se descobre.

Quando falamos em literatura infantil, a idéia que primeiro nos vem à mente são livros

contendo muitas gravuras, diversas cores, e vários elementos que promovem através do

manuseio dos mesmos, o prazer, a distração e momentos de pura viagem imaginária. A

literatura infantil brasileira vem no decorrer de sua história se mostrando coerente na

qualidade deste aspecto estético, graças ao número significativo de autores experientes, com

reconhecimento de público e de crítica, como Monterio Lobato, que segundo Cunha (2004), é

este autor que inicia a verdadeira literatura infantil brasileira, com sua obra diversificada.

De acordo com a autora Marie-Louise Von Franz a fase literária no Brasil anterior a

Lobato, foi marcada pela visão burguesa de raízes européias rurais. Porém Monteiro Lobato

introduz o folclore brasileiro em suas obras, criando então a literatura infantil brasileira com

cenário e temas nacionais. Visto como um país novo e de origens coloniais, ou seja, um país

impregnado de culturas estrangeiras, o Brasil se mostra diferente no progresso da literatura

infantil, pois busca sua formação na própria nacionalidade.

Após o surgimento da “literatura infantil lobatiana” no século XX, termo assim usado

por Franz (1990), com pelo menos dois anos de atraso referente à literatura infantil européia,

os escritores começam a superar o conservadorismo burguês, abrindo espaço à crítica, a

reflexão e a emancipação, já que os governantes anteriores a esta época, proibiam o acesso

aos livros com ideias de liberdade, pois, tinha plena consciência da função libertadora

exercida pelo conhecimento.

Em sua obra Franz nos faz compreender que um pouco de fantasia não faz mal a

ninguém, pelo contrário, a autora se respalda em Bruno Bettelheim e diz:

A fantasia, além de denunciar simbolicamente questões sociais e existenciais –

através do universo deformado do sonho -, possui ainda funções terapêuticas,

segundo atesta o psicanalista B. Bettelheim. O leitor, ao identificar-se com os

problemas do herói, tende a emancipar-se de seus próprios conflitos interiores,

principalmente quando é encorajado pelo final feliz. (FRANZ, 1990, p. 99)

Desta forma, pode-se considerar que o mundo imaginário dos contos de fadas trazidos

pela literatura infantil, exterioriza a realidade dos sentimentos adquiridos por experiências

dolorosas ou gratificantes, que não são visíveis e nem perceptíveis.

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A partir do século XX as histórias infantis seguem novos caminhos, quando muda a

concepção de que o livro é apenas uma mensagem a ser transmitida de um emissor (escritor-

adulto), para um receptor (destinatário-criança), e passa a dar voz à criança, essa nova

proposta é iniciada por Lobato, que usa, entre outros artifícios, uma boneca de pano, a famosa

Emília, dando voz ao público infantil. De fato Monteiro Lobato pode ser considerado o

precursor de uma nova literatura destinada às crianças no Brasil, pois ele apresenta

características que não haviam sido exploradas anteriormente neste universo literário,

colocando nas páginas dos livros os contextos sociais e culturais presentes na formação do

povo brasileiro e sobretudo, do universo infantil. Nesta perspectiva, o receptor do texto é

antes de tudo um leitor, independente de sua idade ele possui habilidades de interpretação

segundo sua vivência.

Em análise sobre os recursos estéticos utilizados nessa modalidade textual, Maria

Zaira Turchi (2006, p. 26) reafirma: “A literatura infantil brasileira tem alcançado um padrão

estético no diálogo criativo entre texto, ilustração e projeto gráfico, uma interação entre

linguagem literária e outras linguagens.” É, portanto neste aspecto, que a literatura infantil se

difere muito da do adulto.

Encontramos também na obra de Cunha, alguns aspectos que devem ser levados em

consideração no livro que se destina às crianças pequenas, em quem queremos desenvolver o

interesse por histórias. São eles:

Para essa fase, os livros costumam ser maiores que o normal, e muitos ganham o

formato da personagem principal: um animalzinho ou uma criança, recortados. Os

livros tornam-se até um apelo ao tato e são bastante motivadores. Para os alunos que

começam a ler, ainda deve predominar a ilustração, e o texto, também pequeno, deve

apresentar-se em letras grandes e redondas. (CUNHA, 2004, p.74)

Quando a autora acima citada explora o aspecto ilustração, fica claro em sua obra que

assim como o texto artístico permite muitas leituras, o mínimo que a ilustração tem de fazer é

ser ela também cheia de sugestões, que não impeça outras leituras do texto, mas sim dê às

crianças a oportunidade de imaginar, recriar, ir além do próprio desenho.

Entre estes aspectos que foram apresentados, a literatura infantil deve acrescentar

ainda a responsabilidade de formar leitores críticos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais

reafirmam esta importância, pois, devem-se formar alunos que saibam posicionar-se de

maneira crítica, e acrescentam que além de críticos devem manter-se de forma responsável e

construtiva perante os impasses sociais, sabendo então sobressair-se aos conflitos através do

diálogo, expondo e compreendendo opiniões a fim de se chegar a decisões coletivas. OS

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PCN‟s de artes da Secretaria de educação fundamental apontam alguns objetivos que devem

estar em evidência nessa fase de formação, um deles é:

Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em

suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e

de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no

exercício da cidadania. (1997, p. 08)

Outro principal ponto apresentado pelos PCN‟s fala sobre a importância da arte na

formação da consciência cidadã, e suas influências no exercício dos direitos e deveres:

Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício

de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de

solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo

para si o mesmo respeito. (1997, p. 07)

A arte desenvolve a sensibilidade, a percepção e a imaginação da criança, além de que

um aluno que exercita continuamente sua imaginação estará mais habilitado a construir um

texto, a desenvolver estratégias pessoais para resolver um problema, e neste foco artístico, a

literatura infantil a convida à mergulhar neste mundo enigmático, tornando-a sensível na

busca da decifração dos sentidos, dos enigmas que a obra propõe ao invés de apresentar uma

visão pronta de mundo, fazendo valer o conceito trazido por Coelho (2000), onde define que a

literatura infantil é uma arte.

A LITERATURA INFANTIL ABRE CAMINHOS PARA A FORMAÇÃO DA

CRIANÇA POR MEIO DOS CONTOS DE FADAS

Em meio a um contexto sócio-cultural repleto de grandes avanços, em que a era da

informática toma conta das relações através dos vários meios de comunicação, a ausência de

valores e de sentido para a vida é nítida. Se o mundo mudou e se hoje convivemos com novas

tecnologias e uma infinidade de imagens que dialogam conosco na vida diária, é muito natural

que a postura das crianças perante esta realidade que as rodeia seja também outra. Com as

constantes transformações do mundo, fica inevitável que nós, dentro dele, conseqüentemente

vivamos também as nossas. Contudo, ao nos confrontarmos com este fato, devemos ter claro

que a verdadeira evolução se faz ao nível da mente, e segundo Coelho (2000), ao nível da

consciência de mundo que cada um vai assimilando desde a infância. A literatura, desse

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modo, assume um importante legado, e a esse respeito, Nelly Novaes Coelho tece o seguinte

comentário:

A literatura, e em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta

sociedade em transformação: a de servir como agente de formação [...] É ao livro, à

palavra escrita, que atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência

de mundo das crianças e dos jovens. [...] E parece já fora de qualquer dúvida que

nenhuma outra forma de ler o mundo dos homens é tão eficaz e rica quanto a que a

literatura permite. (COELHO, 2000, p. 15)

Neste contexto de transformações essenciais, encontramos na literatura infantil o

agente ideal para a formação da nova mentalidade que se faz necessária. Ela é capaz de

alcançar e provocar mudanças na essência do ser de forma sensível e prazerosa, sendo capaz

de deixar marcas por tempos, assim como Abramovich discorre acerca da sua experiência

particular:

E essa volúpia de ler, essa sensação única e totalizante que só a literatura provoca

(em mim, pelo menos...), esse ir mexendo em tudo e formando meus critérios, meus

gostos, meus autores de cabeceira, relendo os que me marcaram ou mexeram

comigo dum jeito ou de outro [...] de encantamento e de necessidade vital, é algo

que trago comigo desde muito, muito pequenina... (2001, p. 13,14)

Para tanto, é de fundamental importância abrir caminhos para que esta arte chegue até

as crianças o quanto antes, respeitando o seu nível de desenvolvimento, porém promovendo

oportunidades de entender e dar significado ao mundo que as cercam. Ainda falando de sua

experiência, Abramovich relata:

Ler, para mim, sempre significou abrir todas as comportas para entender o mundo

através dos olhos dos autores e da vivência das personagens... Ler foi sempre

maravilha, gostosura, necessidade primeira e básica, prazer insubstituível... (2001,

p.14)

Com todo esse encantamento e volúpia, o ato de ler ou de ouvir os textos literários

atinge uma das peculiaridades da literatura infantil que é o ato da aprendizagem. Esta

peculiaridade fica clara na obra de Coelho quando ela descreve sobre vocação pedagógica da

literatura, colocando em evidencia a fala de Marc Soriano, como se vê a seguir:

Ela pode não querer ensinar, mas se dirige, apesar de tudo, a uma idade que é a da

aprendizagem e mais especialmente da aprendizagem lingüística. O livro em

questão, por mais simplificado e gratuito que seja, aparece sempre ao jovem leitor

como uma mensagem codificada que ele deve decodificar se quiser atingir o prazer

(afetivo, estético ou outro) que se deixa entrever e assimilar ao mesmo tempo as

informações concernentes ao real que estão contidas na obra. [...] Se a infância é um

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período de aprendizagem, [...] toda aprendizagem que se destina a ela, ao longo

desse período, tem necessariamente uma vocação pedagógica. (SORIANO, 1975

apud COELHO, 2000, p. 31)

Sobre este caráter pedagógico da literatura infantil, há quem apresente críticas, pois o

intuito pedagógico pode limitar a ação da arte que é ampla e abrangente em seus diversos

aspectos. De acordo com a afirmação de Cunha (2004, p. 27), “Essa obra, marcada pela

conotação e pela plurissignificação, não poderá ser pedagógica, no sentido de encaminhar o

leitor para um único ponto, uma única interpretação.” Quando se apresenta a literatura infantil

como um ato de aprendizagem, deve-se considerar o fator de que uma obra de arte não tem

limites, ela se caracteriza pela amplitude, pelo fato de sempre propor momentos de reflexão,

recriação, possibilitando então o desenvolvimento das estruturas mentais por meio de

experiências que tornam possíveis a verdadeira aprendizagem.

Sua atuação dá-se dentro de uma faixa de conhecimento, não porque transmite

informações e ensinamentos morais, mas porque pode outorgar ao leitor a

possibilidade de desdobramento de suas capacidades intelectuais. O saber adquirido

dá-se, assim, pelo domínio da realidade empírica. (ZILBERMAN, 2003, p. 46)

O desenvolvimento pleno da criança está ligado diretamente ao aprendizado que ela

adquire em seu contato com as diversas situações proporcionadas em diferentes contextos

sociais, portanto a aprendizagem será o processo através do qual a criança se apropria

ativamente do conteúdo da experiência humana. Diante deste fato, fica explícito que os

processos de desenvolvimento são interrompidos à medida que não se tem situações

favoráveis ao aprendizado, pois o indivíduo retrata o ambiente social do qual faz parte.

E para compreender melhor como o indivíduo retrata este ambiente social é de grande

importância a remissão à Vygotsky, para entender que o homem se transforma de biológico

em sócio-histórico, num processo cultural da natureza humana. Esse processo segundo

Oliveira, não é abstrato e nem universal, mas está baseado nos modos culturalmente

construídos.

Para que haja uma melhor compreensão desse fundamento sócio-histórico, se faz

necessário compreender de que forma se dá esta relação do indivíduo com o mundo. Nesta

proposta, Oliveira fala com propriedade da ação mediadora.

Um conceito central para compreender o fundamento sócio-histórico do

funcionamento psicológico é o conceito de mediação, que nos remete ao terceiro

pressuposto vygotskiano: a relação do homem com o mundo não é uma relação

direta, mas uma relação mediada, sendo os sistemas simbólicos os elementos

intermediários entre o sujeito e o mundo. (OLIVEIRA, 1997, p. 24)

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Conforme a autora, a presença de elementos mediadores introduz um elo a mais nas

relações organismo/meio. Ao mediar o contato da criança com a literatura infantil permite-se

o confronto do princípio do prazer e o princípio da realidade. Os contos de fadas trazem estes

princípios de forma tão sutil capaz de ir ao encontro até das crianças mais pequeninas que

entram em contato com tal arte.

A principal dedicação de Vygotsky segundo Oliveira (1997) foi o estudo das funções

psicológicas, ou seja, pensar em objetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos, planejar

ações a serem realizadas em momentos posteriores, dentre outros que usam figuras ou formas

para relacionar a realidade que não pode ser vista, porém pode ser imaginada, haja vista que

esse comportamento tem caráter voluntário e intencional. É, portanto neste raciocínio que

Vygotsky assume o posicionamento segundo o qual a relação do homem com o mundo é uma

relação fundamentalmente mediada.

Esta mediação de acordo com os estudos de Oliveira (1997) sobre os pensamentos de

Vygostsky diferencia-se em dois tipos, são eles: instrumentos (no plano externo ao homem) e

os signos (no plano interno ao homem). A este respeito, a autora destaca:

O signo age como um instrumento da atividade psicológica de maneira analógica ao

papel de um instrumento no trabalho. Os instrumentos, porém, são elementos

externos ao indivíduo, voltados para fora dele; sua função é provocar mudanças nos

objetos, controlar processos da natureza. Os signos, por sua vez, também chamados

por Vygotsky de “instrumentos psicológicos”, são orientados para o próprio sujeito,

para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do

próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São ferramentas que auxiliam nos

processos psicológicos e não nas ações concretas, como os instrumentos.

(OLIVEIRA, 1997, p. 30)

Foram desenvolvidos de acordo com as proposições de Vygotsky e de seus

colaboradores vários experimentos que estudavam a importância dos signos na atividade

psicológica. Um dos experimentos foi realizado com crianças de quatro e cinco anos, com o

intuito de observar a relação entre a percepção e a ação motora. No início, elas tinham

dificuldades de decidir com rapidez a tecla que deveriam apertar, haja vista que neste primeiro

momento não houve a intervenção de signos mediadores.

No segundo momento, as crianças tinham à disposição signos relacionados com as

figuras, que mediavam a ação, fazendo com que elas focalizassem sua atenção para um

exercício menos impulsivo e mais intencional.

Sendo assim, pode-se analisar que uma das grandes diferenças dos signos segundo

Oliveira (1997), decorre do fato de que neste processo de aprendizagem a mediação é

indispensável para que as atividades psicológicas sejam voluntárias e controladas pelo próprio

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indivíduo, porém esse processo sofre alterações de acordo com o desenvolvimento de cada

um, e no caso de crianças pequenas alguns experimentos podem ser inviáveis nos processos

que serão trabalhados. Nota-se a evidência dessa análise muito claramente na fala de Oliveira:

É interessante observar que os processos de mediação também sofrem

transformações ao longo do desenvolvimento do indivíduo. Justamente por

constituírem funções psicológicas mais sofisticadas, os processos mediados vão ser

construídos ao longo do desenvolvimento, não estando ainda presentes nas crianças

pequenas. (1997, p. 33)

O processo de desenvolvimento do ser humano, ainda segundo Oliveira (1997), é

intrapsicológico, ou seja, de fora para dentro, e é a partir das suas interpretações externas que

se dá a atribuição de significados.

É necessário que haja uma reflexão sobre as relações sociais existentes entre os

indivíduos e entre eles e o ambiente social, considerando que estas relações se fundamentam

no funcionamento psicológico tipicamente social e histórico.

Desta forma, percebe-se como os signos estão presentes em nosso cotidiano e como

eles são importantes na formação, na aprendizagem, pois, aprender diz respeito

essencialmente aos signos, já que tudo que nos ensina algo, consequentemente nos transmite

algum signo. Daí, compreendemos a importância do papel da literatura infantil nesta

aquisição do saber, sendo ela uma das formas mais eficazes de se trabalhar a sensibilidade que

se faz necessária para a percepção dos signos que são emitidos a fim de serem interpretados.

Na obra de Gilles Deleuze, encontra-se a essência da relação entre sensibilidade, signo

e arte quando ele diz que:

É no tempo absoluto da obra de arte que todas as outras dimensões se unem e

encontram a verdade que lhes corresponde. [...] Ser sensível aos signos, considerar o

mundo como coisa a ser decifrada é, sem dúvida, um dom. Mas esse dom correria o

risco de permanecer oculto em nós mesmos se não tivéssemos os encontros

necessários [...] (DELEUZE 2003, p.23, 25)

De forma sutil e prazerosa, a literatura infantil transmite signos que de forma mediada

abrem caminhos para a formação da criança. Um exemplo dessa mediação que a literatura

proporciona, são os contos infantis, que Bettelheim trata com propriedade dos ensinamentos

apresentados nas entrelinhas dos mesmos. Segundo ele, na história Os Três Porquinhos, por

exemplo, as crianças podem aprender de forma mais “saborosa e dramática”, que não se deve

ser preguiçosa e levar as coisas sempre na brincadeira, apresenta ainda as vantagens do

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amadurecimento e aponta elementos que fazem dos mais frágeis vencedores diante dos mais

fortes.

O autor afirma que o lobo selvagem e destrutivo representa todos os poderes anti-

sociais, inconscientes e devoradores contra os quais devemos aprender a nos proteger, e que

podemos derrotá-los com a força do nosso próprio ego. Ele ainda segue esclarecendo que esta

história leva a criança a refletir sobre seu desenvolvimento sem parecer um ato ditatório pelos

adultos, permitindo assim o verdadeiro amadurecimento.

“Os Três Porquinhos” orientam a reflexão da criança sobre o seu próprio

desenvolvimento sem nunca dizer como este deveria se dar, permitindo-lhe extrair

suas próprias conclusões. Somente esse processo provê um verdadeiro

amadurecimento, enquanto que o dizer para a criança o que deve fazer apenas

substitui o cativeiro de sua própria imaturidade pelo cativeiro da obediência aos

ditames dos adultos. (BETTELHEIM 2008 p. 65)

De acordo com Bettelheim (2008), a criança necessita da magia para enfrentar a

realidade e entender o mundo que a cerca, ela pode encontrar um conforto muito maior em um

conto de fada do que em um diálogo baseado em raciocínios e pontos de vista de adultos, pois

os contos de fadas apresentam uma visão de mundo mais próxima à visão das crianças.

Desta forma, por mais que os contos de fadas possam parecer sem sentido, fantásticos,

assustadores e totalmente inacreditáveis, para a criança eles revelam verdades a respeito da

humanidade e de si própria. Pode-se considerar então que este mundo imaginário exterioriza,

através de símbolos, uma realidade que não é visível, a realidade psíquica.

Em “Chapeuzinho Vermelho” segundo Bettelheim (2008), o fato que se dá quando a

bondosa vovozinha é substituída pelo personagem do feroz lobo que tenta de todas as formas

destruir a pequena e indefesa criança, para o adulto pode parecer desnecessariamente

assustador, mas para a criança tem grande significado, pois, pode associar ao fato de quando

em situações constrangedoras como quando acidentalmente ela molha as calças e é

ridicularizada por sua amada e bondosa vovozinha, exemplo este citado pelo autor em sua

obra. Como lidar com o fato de alguém que era tão gentil, de uma hora para outra se tornar tão

maldosa quanto o lobo voraz? Em análise a esta questão contraditória, Bettelheim explica:

Incapaz de ver qualquer coerência entre as diferentes manifestações, a criança na

verdade percebe a vovó como duas entidades separadas – a que ama e a que ameaça.

Ela de fato é a vovó e o lobo. Dividindo-a, por assim dizer, a criança pode preservar

sua imagem da avó boa. Se ela se transforma num lobo, isso decerto é assustador,

mas a criança não precisa comprometer sua visão da benevolência da vovó. E, em

todo caso, como lhe narra à história, o lobo é uma manifestação passageira – a vovó

retornará triunfante. (2008, p.98)

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A criança em várias situações pode usar este mecanismo de dividir uma pessoa em

duas, com intuito de solucionar e entender uma relação que por vezes apresenta momentos de

contradições.

Estas histórias infantis, sempre trazem a luta do bem contra o mal. Se há bruxas, lobos,

madrastas, existem também o lado do bem, que se trata de personagens muito mais poderosos

e que sempre terminam vitoriosos, como as fadas e os caçadores.

É importante salientar que os contos de fada, trabalham os sentimentos bons da criança

eliminando os desejos vingativos. Para reafirmar isto, se faz necessário explicitar algumas

falas de Bruno Bettelheim em sua obra A Psicanálise dos Contos de Fadas: “Branca de Neve

não nutre desejos coléricos a rainha malvada.” (p. 104) e “Cinderela, que tem bons motivos

para desejar que suas meias-irmãs sejam punidas por suas más ações, deseja, ao contrário, que

elas compareçam ao grande baile”. (p. 104)

No que diz respeito às contribuições da literatura infantil para o estimulo e a exaltação

das qualidades das crianças por menores que elas sejam, o autor relata que “a criança que se

sente condenada a ser um “patinho feio” não deve se desesperar; crescerá para se tornar um

lindo cisne”. (BETTELHEIM 2008, p. 105)

Outra aprendizagem que as crianças poderão construir através dos contos de fada, é a

respeito das consequências que surgem das pequenas aquisições, por exemplo:

Encontrar um jarro ou garrafa (como na história “O Gênio da Garrafa”, dos Irmãos

Grimm), ajudar um animal ou receber sua ajuda (“O Gato de Botas”), compartilhar

um pedaço de pão com um estranho (“O Ganso de Ouro” outra das histórias dos

Irmãos Grimm) – esses pequenos acontecimentos cotidianos levam a grandes coisas.

(BETTELHEIM, 2008, p. 105)

Dessa forma, o conto de fadas, através da literatura infantil, cumpre uma tarefa

importante na formação da criança, encorajando-a a acreditar nas pequenas, e que por vezes

se passam por insignificantes, aquisições e ações do cotidiano. A literatura infantil contribuirá

também para que a criança valorize suas experiências, tendo consciência de que embora não

perceba no momento, mas que em um futuro próximo talvez, seja importante.

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LITERATURA: UMA ARTE QUE ALFABETIZA

Entre a razão e a imaginação, a arte e a ciência tomam caminhos diferentes, mas que

por vezes se completam, pois, “[...] sempre existe algo de “artístico” na ciência, assim como

algo de “científico” na arte”. (SEGATTO; BALDAN, 1999, p. 09).

Ora, a literatura como uma arte, é importante ferramenta que nos faz pensar; assim ela

se transforma também, em uma potência alfabetizadora, pois é ela que fomenta o pensar e

estimula o imaginário infantil. A criança desde o inicio do processo de alfabetização deve ser

motivada a esse caminho literário, pois como afirma Maria Zaira Turchi e Vera Maria

Tietzmann Silva, esta arte se torna cada vez mais instigante e acolhedora a cada novo

capítulo. Acerca deste fato as autoras afirmam:

As obras de arte deixam de ser um objeto longínquo de difícil e enfadonho acesso,

tornando-se um instrumento útil para o conhecimento [...] A cada página, sentimos

que a arte vai se tornando pequena e acolhedora, à medida que adentra o universo

encantado do leitor mirim. (TURCHI; SILVA, 2006, p. 190)

Falar com propriedade da arte de alfabetizar sem abordar pelo menos alguns aspectos

da obra de Emilia Ferreiro, é praticamente impossível, pois ela sendo uma pesquisadora

dedicada, como se autodenomina, busca compreender minuciosamente o desenvolvimento

deste processo, que pode se tornar uma experiência colorida e mágica para uma criança ao

folhear as páginas de um livro literário.

O termo alfabetização é usado de um modo geral como ato de ler e escrever, porém

quando este é realizado em parceria com as artes literárias, sua função vai muito além do que

o simples ato de decodificar, o leitor no momento do seu exercício de entender e interpretar os

textos, ativa a sua memória, relaciona fatos e experiências, entra em contato com valores, e

sensações diversas, assim como analisa as autoras Turchi e Silva em “Leitor formador, leitor

em formação”:

A leitura de um livro de arte, sem dúvida, pode tornar a criança mais criativa, ou

talvez fazê-la perceber o seu contexto físico ou social mais objetivamente, ou, ainda,

resolver suas inadequações emocionais. [...] Só assim, a criança saberá fazer a sua

leitura do mundo. (2006, p. 200)

Remetemos-nos então, à Emilia Ferreiro (2001), para quem o processo alfabetizador

se dá partindo da relação de três fatores importantes, a metodologia utilizada, ou seja, quais

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artifícios serão necessários para atingir os objetivos propostos; a maturidade da criança, pois é

imprescindível que o aluno esteja preparado para receber tais informações. Quanto ao fator

maturidade, Gregorin Filho salienta que:

É importante, portanto, que o livro a ser oferecido à criança seja adequado à sua

maturidade como leitor, pois um livro com letras miúdas ou com uma extensão

maior do que a sua competência de leitor pode entender, constitui fator do

afastamento da atividade de leitura ou da sua rejeição a essa atividade. (2009, p. 50)

A natureza do objeto de conhecimento que envolve esta aprendizagem, também é um

fator de muita importância, neste ponto deve-se analisar se o objeto possui algum sentido para

a criança. É necessário que esta criança, a qual se pretende alfabetizar, tenha em suas

experiências um conhecimento prévio sobre o objeto, para que esta aprendizagem tenha

sentido, pois certamente esta se dá partindo do nosso contexto pessoal, como afirma Freire

(2001 p. 28): “O comando da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e de temas

significativos à experiência comum dos alfabetizandos e não de palavras e de temas apenas

ligados às experiências do educador.”

Utilizar a literatura infantil como veículo de aprendizagem da leitura e da escrita,

sendo esta o objeto de conhecimento, promove a formação não só de um indivíduo capaz de

ler e escrever fluentemente, mas o torna capaz de argumentar, de interagir com o mundo. Este

indivíduo poderá se tornar um agente de transformação na sociedade, em que está inserido.

As autoras Ana Teberosky e Teresa Colomer (2003) são grandes aliadas na busca de

desvendar este processo de aquisição da leitura e escrita. Elas discutem sobre as perspectivas

desta aprendizagem e fazem um paralelo entre as teorias condutista e construtivista.

Conforme a teoria condutista, a idade dos seis anos é a mais apropriada para se iniciar

o processo de ensino-aprendizagem, pois se espera que a criança tenha alcançado o nível de

desenvolvimento necessário para que comece a ser instruída à leitura e a escrita. Nesta teoria

a aprendizagem é dividida entre pré-requisitos para a aprendizagem, ou seja, um processo de

instrução, de exercício de habilidades de aprendizagem, sendo este visto como o resultado do

método de instrução que ainda não pode ser considerado como a aprendizagem propriamente

dita; e o processo de aprendizagem, sendo este visto como o resultado do método anterior, que

leva a criança a uma aprendizagem posterior.

Na perspectiva construtivista segundo as autoras, a aprendizagem é um processo

contínuo, em que a criança se desenvolve por meio de experiências adquiridas. Elas ainda

ressaltam dois pontos importantes sobre as primeiras experiências com a alfabetização. O

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primeiro nos fala que a escrita, a leitura e a linguagem oral, estão interligadas em seu

desenvolvimento, ou seja, elas são indissociáveis. O segundo trata a alfabetização inicial

como um processo histórico, que se desenvolve de acordo com o meio social que o indivíduo

está inserido, conforme visto anteriormente com Vygotsky.

Nesta linha, a perspectiva construtivista se assemelha aos fundamentos desta nova

concepção de literatura infantil, onde a convivência social e as formas de expressão históricas

da sociedade contextualizam e direcionam sua existência.

Entende-se então que o meio de convivência social da criança determinará o acesso

que ela terá às práticas de leitura e escrita. Partindo desta construção sócio-histórica-cultural,

pode-se afirmar que, o conhecimento da criança na perspectiva construtivista é elaborado a

partir da convivência com leitores, do acesso a materiais escritos, e da assimilação do

conhecimento socialmente transmitido através da interação com o adulto. “Os três elementos

do diálogo educativo, as crianças, os adultos e os materiais, constituem um triângulo no qual

cada parte contribui para construir a trama desta história.” (TEBEROSKY, 2008, p. 06).

O ato de ler um texto significa entender o processo simbólico inserido nele, entrar no

mundo do autor e estar sensível às suas sensações, ser capaz de perceber o seu olhar sobre o

mundo e transportar este momento para sua realidade, estimulando o imaginário. Portanto, se

a leitura recorre às capacidades de reflexão do leitor, ela também vai influenciar nas suas

emoções. Desse modo, a literatura infantil pode ser vista como um importante veículo que

trabalha de forma peculiar tal função, já que segundo Gregorin Filho, “[...] a literatura é a

expressão máxima da arte e da alma de um povo”. (2009, p.75)

Nesta perspectiva, o olhar de Ferreiro sobre a alfabetização também excede o simples

ato de decodificação. Segundo ela, é necessário compreender as funções da língua na

sociedade, para apropriar-se desta aprendizagem. Esta compreensão é resultado do meio de

convivência da criança, ou seja, se o seu ambiente familiar é um espaço alfabetizador onde

estará em contato constante com leitores e escritores, com certeza esta criança estará

consciente das práticas precisas das funções linguísticas de acordo com suas experiências. Se

a família não tiver condições de proporcionar o acesso a estas informações por falta de

conhecimento, compete às instituições educacionais desempenhar este papel, porque é quase

que impossível adquirir estes saberes fora dos atos sociais.

Seguindo este pensamento, a autora fala da forma que a escola se coloca diante desta

situação, pois em sua maioria tais instituições, na visão de Ferreiro, utilizam deste processo

alfabetizador para promover, deixando de lado o verdadeiro foco que é formar leitores

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críticos, que tenham capacidade de compreender, de interpretar, de recriar e principalmente de

argumentar.

Sobre essa relação da criança com a escola, há discussões a respeito do momento em

que se deve iniciar o ensino da leitura e da escrita. Em suas reflexões sobre a alfabetização,

Ferreiro (2001) analisa a questão: „„deve-se ou não ensinar a ler e a escrever na pré-escola?”

Este questionamento nos leva a um entendimento contraditório dos estudos realizados,

porque nos remete ao pensamento de que é função do adulto determinar o tempo preciso que

se iniciará a aprendizagem da leitura e da escrita, enquanto que, já sabemos que este processo

se dá por meio de interações sociais e cotidianas, mesmo antes da criança se inserir em uma

instituição educativa, ou seja, a partir do seu meio social a criança entra em contato com

informações diversas de escrita em seus múltiplos meios de comunicação. Como ressalta

Ferreiro (2001, p.98): “Da mesma forma, iniciam o seu aprendizado do sistema de escrita nos

mais variados contextos, porque a escrita faz parte da paisagem urbana, e a vida urbana requer

continuamente o uso da leitura.”

Analisando o cotidiano do adulto, em suas leituras de jornais ou revistas, consultas a

agendas telefônicas, bilhetes escritos, cartazes de anúncios, rótulos de alimentos, dentre outros

mais, veremos que mesmo inconscientemente estamos envolvendo as crianças no ato de ler e

escrever. Dessa forma ela passa a se interar neste processo alfabetizador involuntariamente,

sem a imposição do adulto. No entanto, não se pode negar que apesar do aprendizado da

criança se iniciar muito antes dela frequentar a escola, este ambiente escolar é capaz de

introduzir elementos novos ao seu desenvolvimento.

Neste processo a pré-escola tem a função primordial de suprir as necessidades da

criança no aprendizado respeitando seus limites, e permitir que uma criança que não convive

com adultos alfabetizados, tenha acesso as informações básicas descobrindo não somente o

sentido escolar da alfabetização, mas principalmente o sentido social desta aprendizagem.

Entender o espaço escolar como possível responsável pelas primeiras lutas e

conquistas da criança é de fundamental importância para que o processo de ensino-

aprendizagem ocorra de forma qualitativa e satisfatória, sendo assim, a pré-escola deve

oferecer um ambiente rico de informações, desafiador, receptivo, onde a criança será livre

para realizar experiências, e brincar com a linguagem reconhecendo semelhanças e diferenças

escritas e sonoras. Para Ferreiro:

Numa sala de pré-escola deve haver coisas para ler. Um ato de leitura é um ato

mágico. Alguém pode rir ou chorar enquanto lê em silêncio, e não está louco.

“Alguém vê formas esquisitas na página, e de sua boca „„sai linguagem”: uma

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linguagem que não é a de todos os dias, uma linguagem que tem outras palavras e

que se organiza de uma outra forma. Em vez de nos perguntarmos se „„devemos

ensinar” temos de nos preocupar em DAR ÀS CRIANÇAS OCASIÕES DE

APRENDER. A língua escrita é muito mais que um conjunto de formas gráficas. É

um modo de a língua existir, é um objeto social, é parte de nosso patrimônio

cultural. (2001, p.103)

Sendo assim, segundo Ferreiro, a pré-escola tem como função preparar o caminho para

que a alfabetização não seja um processo doloroso e sem sentido para a criança, mas que ela

descubra o prazer da leitura e da escrita como um ato social e cultural. E neste caso, a

literatura infantil terá grandes contribuições nesta função da escola.

Quando se tem os livros de literatura infantil como aliados no desenvolvimento do

processo alfabetizador, é importante refletir que o papel do educador é fomentar todas as

possibilidades de visão de arte e de mundo, é propiciar relações entre o texto literário e o

contexto social no qual a criança está inserida.

Com o intuito de ampliar a prática pedagógica, fazendo uso dos textos literários, serão

sugeridas algumas atividades que irão auxiliar o professor na função de proporcionar

oportunidades de desenvolvimento pleno do seu aluno. Cientes que vários outros autores

propõem diversos caminhos para se trabalhar a literatura infantil na sala de aula,

exemplificaremos as propostas de Gregorin Filho (2009).

Estas podem ser adaptadas às necessidades que surgirem de acordo com a realidade de

cada grupo.

Quebra-Cabeça

Utilizando pequenos textos literários digitados, sendo os mais indicados para esta

atividade os contos, as lendas e as fábulas, o professor recorta as partes da estrutura textual,

como algumas do início, outras do desenvolvimento da narrativa e o seu final, para que as

crianças montem o texto. Para as crianças menores, pode-se utilizar imagens da história para

que montem a sequência dos fatos.

Esta atividade é muito útil para que o aluno aprenda as estruturas textuais encontradas

em diferentes tipos de narrativas de modo lúdico.

Oficina de Dramatização

Por meio de um trabalho multidisciplinar, com professores de educação física, história,

geografia e artes, por exemplo, são escolhidos textos literários para serem adaptados e,

posteriormente, apresentados em festividades da escola.

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Esta atividade tem como objetivo o estudo e a escrita de diferentes tipos de textos,

reconhecendo suas especificidades, além de proporcionar aos alunos um contato mais

profundo com as etapas da criação artística, já que o teatro envolve aspectos como cenário,

preparação de ator, direção e iluminação, entre outros. Sendo possível propor a representação

junto às crianças menores, uma vez que depois de conhecer a história a criança consegue

deslumbrá-la em sua imaginação trazendo ótimas contribuições fantasiosas para a

representação.

Recontando a História do Patinho Feio

Os alunos contam a história novamente, porém com o patinho feio sendo aceito desde

o início pela família de patos, com exemplos das conseqüências dessa atitude.

Esta atividade tem como objetivo fazer com que as crianças interpretem a história “O

Patinho Feio”, analisando seus aspectos positivos e negativos. Trabalha elementos

importantes como: atenção, sílabas, vocabulário, expressão oral, interpretação de texto,

sequência lógica, entre outros.

O professor participa direta e indiretamente de todas as atividades, sem interferir na

criatividade dos alunos.

A Hora da Novela

Que tal o professor criar um tempinho durante a semana para ler um livro em

pequenos capítulos?

Esta atividade pode despertar a curiosidade nas crianças de procurar o livro, de tentar

descobrir o que acontece depois, além de o professor trazer para o aluno um gênero literário

bastante antigo: a novela.

Para esta atividade, são sugeridos livros de aventura e mistério, pois esses são

ingredientes poderosos para despertar a curiosidade nos “próximos capítulos”, além de

promover conversas sobre as personagens e o desenrolar da trama.

Um bom espaço para isso? O último momento de aula da semana ou um aquecimento

para atividades de produção textual. É de suma importância que o professor tenha

conhecimento total da história e que planeje as partes que irá interromper para criar

expectativas no imaginário das crianças.

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Propaganda de Livro

Quem nunca sentiu vontade de falar sobre um livro de que gostou muito e incentivar

um amigo a ler?

Esse é o objetivo desta atividade bastante gostosa para estimular o hábito de leitura e a

inclusão da literatura na conversa das crianças. Proporcionando esse hábito, talvez os futuros

adultos não fiquem tão acanhados quando sentirem vontade de falar sobre um livro.

O importante nesta atividade é deixar a criança livre para expressar as suas opiniões

sobre a obra que escolheu. Ela poderá dizer por que gostou e atribuir juízos de valor bastante

livres sobre a obra, falar do impacto das personagens na obra, os afetos despertados e assim

por diante.

Esta atividade talvez fosse criticada pela escola tradicionalista do passado, que, como

vimos, tinha o objetivo de imitar valores e promovia atividades para memorização de

conteúdos. Os professores devem se lembrar que a postura crítica também se constrói pelo

aprendizado.

É importante que se tenha em mente que a formação de leitores se dá por meio de

atividades de leitura, e estas devem ser compatíveis com a competência de leitura da criança,

mas devem oferecer meios e estímulos para que o leitor vença outras etapas, consiga decifrar

novos códigos e se torne cada vez mais capacitado a fazer leituras com um olhar crítico e

“plural”, termo citado por José Nicolau Gregorin Filho (2009).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos estudos realizados pode-se concluir que só foi possível entender o sentido

da literatura infantil quando se passou a considerar a fase da infância, proporcionando assim

um novo olhar para as necessidades cognitivas e afetivas das crianças. Assim, a literatura

infantil é considerada como a arte que expressa as sensações, expressões e sentimentos, é um

meio de se adentrar no universo do imaginário infantil, e trabalhar por meio da fantasia

questões sociais e existenciais que contribuem para a formação integral da criança. Dessa

forma, proporcionar o contato da criança com os livros literários é prepará-las para que

estejam mais sensíveis às mudanças irremediáveis da sociedade.

Entre outras aprendizagens proporcionadas pelos caminhos literários, a alfabetização é

uma das aquisições que este contato com a literatura infantil permite. Quando este processo se

dá em parceria com a literatura infantil, a aprendizagem se torna mais prazerosa e

significativa à criança, pois, a linguagem utilizada nos livros se assemelha à das crianças,

promovendo além da formação, um meio de informação.

Portanto, através das pesquisas realizadas evidencia-se que, por meio da literatura

infantil, a criança consegue obter um olhar mais crítico, interpretativo e reflexivo, sendo

assim capaz de exercer sua função cidadã com mais aptidão.

INFANT LITERATURE: OTHER WAY TO EDUCATE

Adriana Braz Soares de Souza

Abstract: This article is about the “Infant Literature: other way to educate”, and it tries to

remake a short historical survey about the changes of the conception about the childhood. It

intends to give the concept of what is the infant literature above this perspective, giving the

analysis of the circumstantial situations where‟s this deep look is given to literature turned to

the target public. The main goal is, so , to show some of it contributions to he child‟s

formation in the ambits of the affection, the critical thought , the free expression of sensations

and feelings , the sensitive look to he social changes and also the motivation to the

acquisition of reading and writing in a pleasant and significant way. The methodology is

presented by the bibliographic analysis through the selection and combination of thoughts of

the authors like Zilbermam,R.(2003); Abramovich,F.(2001); Bettelheim,B.(2008); Ferreiro,E.

(2001);Teberosky,A.(2008) and others. The results of the research show that infant literature

as ally in the child‟s former process helps in what it refers the constitution of plurality in

reading not only in the literacy process, but also about the world‟s reading.

Key words: Infant Literature. Learning. Sensibility. Childhood.

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