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1 GUILHERME CAMPELO FORTUNATO TORRES DIMENSIONAMENTO DE PMO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA USIMINAS S.A. Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerência de Projetos, Pós-Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerência de Projetos. ORIENTADOR: Prof. André Bittencourt do Valle Belo Horizonte Agosto/2010

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Page 1: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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GUILHERME CAMPELO FORTUNATO TORRES

DIMENSIONAMENTO DE PMO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA USIMINAS S.A.

Trabalho apresentado ao curso MBA em Gerência de Projetos, Pós-Graduação lato sensu, da Fundação Getulio Vargas como requisito parcial para a obtenção do Grau de Especialista em Gerência de Projetos.

ORIENTADOR: Prof. André Bittencourt do Valle

Belo Horizonte

Agosto/2010

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

PROGRAMA FGV MANAGEMENT

MBA EM GERÊNCIA DE PROJETOS

O Trabalho de Conclusão de Curso

DIMENSIONAMENTO DE PMO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA USIMINAS S.A.

elaborado por Guilherme Campelo Fortunato Torres e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerência de Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management.

Belo Horizonte, 10 de agosto de 2010

André Bittencourt do Valle

Coordenador Acadêmico Executivo

André Bittencourt do Valle

Professor Orientador

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DECLARAÇÃO

A empresa Usiminas S. A., representada neste documento pelo Sr.(a) Érica Campelo Fortunato Torres, Analista de Comunicação, autoriza a divulgação das informações e dados coletados em sua organização, na elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado DIMENSIONAMENTO DE PMO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA USIMINAS S.A., realizados pelo(s) aluno(s) Guilherme Campelo Fortunato Torres, do curso de MBA em Gerência de Projetos, do Programa FGV Management, com o objetivo de publicação e/ ou divulgação em veículos acadêmicos.

Belo Horizonte, 10 de agosto de 2010

Érica Campelo Fortunato Torres

Analista de Comunicação

Usiminas S.A.

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TERMO DE COMPROMISSO

O(s) aluno(s) Guilherme Campelo Fortunato Torres, abaixo assinado(s), do curso de MBA em Gerência de Projetos, Turma 19 do Programa FGV Management, realizado nas dependências da IBS – Business School, no período de 30/08/08 a 10/08/10, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado DIMENSIONAMENTO DE PMO PARA A SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA USIMINAS S.A., é autêntico, original e de sua autoria exclusiva.

Belo Horizonte, 10 de agosto de 2010

Guilherme Campelo Fortunato Torres

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EPÍGRAFE

“Since organizations are up to their earlobes in projects, the way these multiple endeavors are managed determines whether companies prosper or founder. If the projects – both

strategic and specific – are well managed, then the company tends to meet its goals. If these projects are poorly conducted, the winds of fate will blow harshly on the organization. So

there is a strong justification for beefing up the organization’s ability to manage projects.” (DINSMORE,1999,p.6)

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RESUMO

Por meio dos projetos as organizações se aproximam ou se distanciam de seus objetivos. E a fim de aumentar o índice de sucesso de seus projetos, as organizações no mundo todo passam a adotar as boas práticas para gerenciamento de projetos. Objetivando o aumento do comprometimento organizacional com o gerenciamento de projetos, as organizações têm como alternativa o estabelecimento de uma estrutura funcional exclusiva para o gerenciamento de projetos, os escritórios de projetos (Project Management Office – PMO). Existem muitos tipos de escritórios de projetos, assim como seus respectivos papeis, funções e responsabilidades e podem variar desde uma estrutura que se limita à um departamento ou divisão, até uma estrutura que atue em nível corporativo. As organizações brasileiras têm demonstrado um crescimento no engajamento no que se refere à importância do gerenciamento de projetos para o atendimento dos objetivos organizacionais, mas ainda há muito espaço/oportunidade de crescimento. O presente trabalho apresenta o dimensionamento de uma estrutura funcional do tipo PMO para o gerenciamento de projetos, com base em um estudo de caso. Particularmente, para a superintendência de comunicação da Usiminas S.A.; haja vista os benefícios proporcionados para organizações/departamentos que têm como principais atividades a condução e execução de projetos. Este trabalho tem como base metodológica a mistura de métodos quantitativos e qualitativos. Ferramentas como pesquisas de campo, entrevistas face-to-face e acesso a documentos públicos puderam proporcionar um retrato adequado da importância estratégica da unidade de análise, assim como a estratégia de manufatura e a visão do gerenciamento de projetos segundo a própria unidade de análise.

PALAVRAS-CHAVE PMO, GERENCIAMENTO DE PROJETOS, DIMENSIONAMENTO, ESTRATÉGIA

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ABSTRACT

Through projects, organizations are closer or more distant from their goals. And in order to increase the success rate of their projects, organizations worldwide are adopting the best practices for project management. In order to increase organizational commitment related to project management, organizations have as alternative the establishment of a unique functional structure for managing projects; the project management offices (Project Management Office - PMO). There are many types of project offices as well as their respective roles, functions and responsibilities and, as so, may vary from one structure which is confined to one department or division, until a structure that operates at the corporate level. Brazilian organizations have shown an increase in engagement regarding to the importance of project management as a tool to meet organizational objectives, but there are still plenty of room /opportunity for growth. This paper presents the design of a functional structure of the PMO type to project management based on a case study. Particularly for the Superintendência de Comunicação from Usiminas SA; considering its benefits to organizations / departments that have as main activities the conduct and execution of projects. This work stands on the methodological mix of quantitative and qualitative methods. Tools such as field surveys, face-to-face interviews and access to public documents could provide an adequate picture of the strategically importance of the unit of analysis, as well as the manufacturing strategy and vision of project management according to itself.

KEYWORDS PMO, PROJECT MANAGEMENT, SCALING, STRATEGY

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................1 1.1 A Luta pela Sobrevivência Organizacional ................................................................1 1.2 Projeto de Sucesso......................................................................................................2 1.3 O descompasso entre a teoria e a realidade ................................................................3 1.4 Gerenciamento de Projetos.........................................................................................4 1.5 A realidade brasileira no Gerenciamento de Projetos ................................................6 1.6 Referências Internacionais em PMO........................................................................10 1.7 Motivação .................................................................................................................12 1.8 Objetivos...................................................................................................................13 1.9 Delimitação do Estudo .............................................................................................13

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................15 2.1 Estruturas Organizacionais para o Gerenciamento de Projetos................................15

2.1.1 Estrutura Funcional: .........................................................................................15 2.1.2 Estrutura Projetizada.........................................................................................16 2.1.3 Estrutura Matricial:...........................................................................................17 2.1.4 O Escritório de Gerenciamento de projetos (PMO) .........................................19

2.1.4.1 O papel e as funções de um PMO ................................................................20 2.1.4.2 Os custos de implantação de um PMO.........................................................26 2.1.4.3 O processo de implantação de um PMO ......................................................27

2.1.4.3.1 A decisão de implantar um PMO ...........................................................27 2.1.4.3.2 As fases de implantação .........................................................................28 2.1.4.3.3 Os fatores críticos para uma implementação bem sucedida...................29

2.2 Modelos de maturidade em gerenciamento de projetos ...........................................31 2.2.1 O modelo de maturidade de Kerzner................................................................31

2.3 O Enfoque estratégico dos Projetos..........................................................................36 2.3.1 Matriz de Seleção Estratégica dos Projetos......................................................36

2.4 Classificação dos Projetos Segundo a Matriz Volume-Variedade ...........................39 2.5 Classificação dos Projetos Segundo a Matriz Complexidade-Incerteza ..................43

3 METODOLOGIA.............................................................................................................45 3.1 Tipos de pesquisas....................................................................................................45

3.1.1 Estudo de Caso .................................................................................................46 3.2 Operacionalização de Conceitos...............................................................................48 3.3 Coleta dos Dados......................................................................................................49

3.3.1 Pesquisa de Campo...........................................................................................49 4 ANÁLISE DE RESULTADOS........................................................................................50

4.1 Estudo de Caso .........................................................................................................50 4.1.1 Unidade de Análise...........................................................................................50 4.1.2 Contextualização ..............................................................................................50 4.1.3 A Estrutura Organizacional ..............................................................................51 4.1.4 O Papel Estratégico ..........................................................................................52 4.1.5 Gerenciamento de Projetos...............................................................................52 4.1.6 Estratégia de Manufatura..................................................................................54

4.2 Diagnóstico Obtido...................................................................................................54 5 CONCLUSÃO..................................................................................................................57 6 REFERÊNCIAS ...............................................................................................................58 7 ANEXOS..........................................................................................................................61

7.1 Anexo I – Instrumento de Pesquisa Completo .........................................................61

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7.1.1 Parte I – O Papel Estratégico da Unidade de Análise.......................................61 7.1.2 Parte II – Gerenciamento de Projetos...............................................................62 7.1.3 Parte III – A Estratégia de Manufatura.............................................................65

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1 INTRODUÇÃO

1.1 A Luta pela Sobrevivência Organizacional Segundo Porter (1979) em seu artigo How competitive forces shape strategy, “A essência da

formulação de uma estratégia é lidar com a competição”. Competição que segundo este autor,

é promovida por cinco forças:

• Clientes

• Fornecedores

• Potenciais Entrantes

• Produtos Substitutos

• Concorrentes

Porter (1979) também afirma que a força coletiva destas forças competitivas determina o

potencial de lucro final de uma indústria. E, como conseqüência, a fim de posicionar a

organização, a implementação de uma estratégia pode ser vista como a criação de defesas

contra estas mesmas forças competitivas ou a definição de posições na indústria onde estas

sejam as mais fracas.

No entanto, o contexto em que as organizações estão inseridas é o de mutações rápidas.

Mudanças que ocorrem em todas as cinco forças competitivas e que estão ainda mais

enfatizadas graças ao processo de globalização e advento de novas tecnologias.

Assim, remetendo ao princípio da evolução de Charles Darwin onde as espécies mais bem

adaptadas sobrevivem, as organizações atuais, para sobreviverem, são obrigadas a estarem

sempre alinhadas com o seu contexto externo; são obrigadas a traçar estratégias que sejam, ao

mesmo tempo, uma solução de manutenção de suas posições atuais, como de aumento de

robustez futura em relação às mudanças.

Esse movimento de alinhamento organizacional ao ambiente externo passa obrigatoriamente

pela execução de projetos. Porque é por meio da implementação do portfólio de projetos que

se busca a geração dos resultados. E, a partir da percepção do importante papel desempenhado

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pelos projetos na sobrevivência das organizações, não se pode esperar nada menos do que o

total sucesso dos projetos!

Uma análise superficial do cenário exposto poderia levar a uma conclusão que subestimaria a

complexidade do mesmo, como: “Então basta ter sucesso em todos os projetos que uma

organização conseguirá galgar o posto que quiser!”. É óbvio que este cenário não ostenta tal

simplicidade.

1.2 Projeto de Sucesso

A resposta para os problemas das empresas é ter sucesso nos projetos que ela empreende. Mas

o que seria um projeto bem sucedido ou de sucesso?

Valle ET All (2008) define um projeto de sucesso como aquele que:

• Produz todas as entregas planejadas;

• Foi completado dentro do cronograma aprovado;

• Foi executado dentro do orçamento aprovado;

• Foi entregue de acordo com todas as especificações funcionais, de desempenho e de

qualidade;

• Alcançou todas as suas metas, objetivos e propósitos;

• Atingiu todas as expectativas das partes interessadas.

Além dessa definição, existem muitas outras que também são corretas, mas, de maneira geral,

atendem aos seguintes itens:

• Conclui todo o trabalho dentro da restrição de tempo

• Conclui todo o trabalho dentro da restrição de custo

• Conclui todo o trabalho dentro da restrição de qualidade

• Atinge todas as expectativas das partes interessadas

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O THE STANDISH GROUP (1999) propõe uma receita para o sucesso e o chama de “Os Dez

Critérios de Sucesso”. Esta receita menciona que os três maiores contribuintes para o sucesso

de um projeto são o envolvimento do usurário, apoio executivo e uma declaração clara dos

objetivos do negócio. Estes três itens totalizam 50% das chances de sucesso de um projeto.

Se, porém, um gerente de projeto experiente for adicionado a esta fórmula, as chances de

sucesso subiriam para 65%.

1.3 O descompasso entre a teoria e a realidade

Obter sucesso em um projeto não é uma tarefa fácil, como mostram os números. Pesquisa

realizada pelo THE STANDISH GROUP (1999) informava que mais que US$275 bilhões

eram gastos todos os anos, nos EUA, em aproximadamente 200.000 projetos de

desenvolvimento de aplicativos de software e que apenas 26% destes projetos obtiveram

sucesso, no ano anterior à publicação. E o percentual de sucesso diminui ainda mais à medida

que a complexidade dos projetos aumenta; isto é:

• O tamanho do projeto importa. Projetos pequenos têm maior probabilidade de sucesso

em comparação a projetos grandes;

• À medida que o custo do projeto cresce, seja por adição de funcionalidades ou por

adição de características, a chance de sucesso diminui;

• Projetos menores tendem a ser mais gerenciáveis e são normalmente mais fáceis de

atingir os critérios de sucesso;

• Quanto menor a equipe e mais curta a duração do projeto, maior será a probabilidade

de sucesso.

Outra pesquisa, esta mais recente, realizada pelo mesmo THE STANDISH GROUP (2009)

informa que 32% dos projetos realizados na indústria de TI obtiveram sucesso no ano de

2009. A tabela 1 informa os índices coletados pela pesquisa onde:

• Bem Sucedido: projeto concluído dentro do prazo e orçamento planejados, com todos

os recursos e resultados originalmente especificados;

• Deficitário: projeto é concluído e operacionalizado, mas com atraso, acima do custo

estimado ou com menos recursos e resultados que o especificado;

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• Falho: O projeto é cancelado antes de ser concluído ou nunca é implementado.

Tabela 1 – Dados da Pesquisa THE STANDISH GROUP (2009) 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2009

Bem Sucedido 16% 27% 26% 28% 34% 29% 35% 32% Deficitário 53% 33% 46% 49% 51% 53% 46% 44%

Falho 31% 40% 28% 23% 15% 18% 19% 24%

Como pode ser visto pela tabela 1, há uma tendência crescente na melhora do índice de

sucesso em projetos ao longo dos anos. Mesmo assim, os índices estão muito aquém do

desejado (100%), conforme comentado anteriormente no item 1.1.

Kerzner (2001) considera os projetos uma questão crítica para o sucesso das organizações. E,

segundo o mesmo, conforme as organizações reconhecem o quão crítico os projetos são para

o sucesso das mesmas, o gerenciamento de projetos se torna o ponto focal dos esforços de

melhoria.

Além do índice de insucesso, existe um segundo descompasso entre estratégia organizacional

e projetos, como observa Kerzner (2001): “As condições econômicas podem ser favoráveis ou

desfavoráveis. Porém, em ambos os casos, uma organização astuta consegue converter o

infortúnio de outrem, em sua própria oportunidade. Em todo lugar que olhamos vemos janelas

de oportunidades. Mas para tomar total e pronta vantagem destas janelas de oportunidade,

para ser verdadeiramente sucedido, a gestão deve ser composta por um processo repetitivo

baseada na velocidade e qualidade de execução. O problema com a maioria das organizações

é que o estabelecimento de metas estratégicas ocorrem rapidamente, mas o desenvolvimento

dos planos para implementação e execução das metas são processos muito mais lentos".

1.4 Gerenciamento de Projetos

O gerenciamento de projetos foi por muito tempo colocado de lado na realidade das

organizações. As empresas não aceitavam o gerenciamento de projetos como uma

competência que deveria fazer parte das organizações (Kerzner, 2001). Conceitos como que

“Gerenciamento de Projetos não passava de uma ferramenta de cronograma” ou que o

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“Gerenciamento de Projetos deveria reduzir o poder e a autoridade dos executivos”

contribuíram para justificar tal postura.

Segundo PMI (2008) “o gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento,

habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus

requisitos.”

Fundado em 1969, O Project Management Institut (PMI) é uma associação não

governamental, sem fins lucrativos, que lidera o desenvolvimento da disciplina

“Gerenciamento de Projetos” no mundo. Atualmente o PMI conta com mais de 500.000

membros e detentores de certificados. O PMI está presente no Brasil por meio das 13 seções

regionais que também são conhecidos como chapters.

O PMI é o responsável pela publicação do PMBoK (Project Management Body of

Knowledge) – Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – que atualmente

encontra-se em sua quarta edição. Esta publicação contempla o subconjunto do conjunto de

conhecimentos em gerenciamento de projetos amplamente conhecidos como boas práticas.

Boa prática, segundo o próprio PMBoK, significa que existe um consenso geral de que a

aplicação correta dessas habilidades, ferramentas e técnicas pode aumentar as chances de

sucesso em uma ampla gama de projetos. Ao mesmo tempo, o guia oferece e promove um

vocabulário comum dentro da profissão de gerenciamento de projetos para se discutir,

escrever e aplicar conceitos de gerenciamento de projetos.

O guia estrutura o gerenciamento de projetos por meio da aplicação e integração de 42

processos que são agrupados em 5 grupos:

• Iniciação – são os processos realizados para definir um novo projeto ou uma nova fase

de um projeto existente através da obtenção de autorização para iniciar o projeto ou

fase;

• Planejamento – os processos realizados para definir o escopo do projeto, refinar os

objetivos e desenvolver o curso de ação necessário para alcançar os objetivos para os

quais o projeto foi criado;

• Execução – os processos para executar o trabalho definido no plano de gerenciamento

do projeto para satisfazer as especificações do mesmo;

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• Monitoramento e Controle – os processos necessários para acompanhar, revisar e

regular o progresso e o desempenho do projeto, identificar todas as áreas nas quais

serão necessárias mudanças no plano e iniciar as mudanças correspondentes;

• Encerramento – os processos executados para finalizar todas as atividades de todos os

grupos de processos, visando encerrar formalmente o projeto ou fase.

O Guia também agrupa os 42 processos em 9 áreas do conhecimento:

• Escopo;

• Qualidade;

• Tempo;

• Custo;

• Comunicações;

• Recursos Humanos;

• Riscos;

• Aquisições;

• Integração;

1.5 A realidade brasileira no Gerenciamento de Projetos

Os capítulos brasileiros do PMI anualmente elaboram o “Estudo de Benchmarking em

Gerenciamento de projetos – Brasil – Relatório Principal – Perspectiva Geral” (PMI, 2010) a

partir do trabalho de profissionais voluntários de todo o país que compõem os capítulos

regionais. Esta edição do estudo, realizada a partir da análise de 300 empresas, conta com a

participação de todos os capítulos brasileiros.

Neste estudo, as empresas participantes têm a oportunidade de compartilhar informações e

experiências que as ajudarão a melhorar seus desempenhos, uma vez que podem realizar

comparações em relação às práticas adotadas no mercado e as práticas adotadas nas próprias

organizações.

Os aspectos abordados neste estudo são os seguintes:

Page 16: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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• Desempenho e resultados – Esta seção examina o desempenho e os resultados

auferidos pelas organizações no que tange ao Gerenciamento de Projetos,

identificando os principais problemas, necessidades e fatores críticos de sucesso.

• Cultura Organizacional – Esta seção examina o quanto a cultura das organizações está

adaptada ao ambiente de projetos e quais as tendências observadas em cada setor.

• Estrutura Organizacional – Esta seção examina como as estruturas organizacionais

estão suportando o desenvolvimento do Gerenciamento de Projetos nas organizações e

quais as tendências observadas em cada setor.

• Gestão de Portfólio de Projetos – Esta seção examina como as organizações estão

tratando o seu portfólio de projetos, o grau de adequação às melhores práticas e as

tendências observadas.

• Project Management Office – Esta seção examina como as organizações estão

estruturando os seus Escritórios de Projetos (PMOs) e quais as tendências observadas.

• Processos e Metodologias – Esta seção examina o grau de adequação das organizações

às mais importantes práticas de desenvolvimento profissional e as tendências

observadas.

• Desenvolvimento Profissional – Esta seção examina o grau de adequação das

organizações às mais importantes práticas de desenvolvimento profissional e as

tendências observadas.

• Tecnologia de Suporte – Esta seção examina quais as tecnologias de suporte estão

sendo utilizadas pelos profissionais em Gerenciamento de Projetos e organizações e

em que extensão estas podem colaborar para os resultados.

As empresas participantes estão assim distribuídas por setor:

• 21% - Tecnologia da Informação;

• 13% - Consultoria;

• 10% - Serviços;

• 9% - Indústria;

• 7% - Engenharia e EPC;

• 5% - Governo – Administração Indireta;

• 4% - Petróleo, Petroquímica e Gás;

• 4% - Governo – Administração Direta;

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• 3% - Serviços Financeiros;

• 3% - Telecomunicações;

• 3% - Automobilística;

• 18% - outros.

Quanto ao número de funcionários, as empresas estão assim distribuídas:

• 15% - acima de 5.000 funcionários;

• 23% - entre 1.000 e 5.000 funcionários;

• 10% - entre 500 e 1.000 funcionários;

• 20% - entre 100 e 500 funcionários;

• 32% - abaixo de 100 funcionários.

Quanto ao orçamento médio dos projetos, as empresas estão assim distribuídas:

• 20% - acima de R$10 milhões;

• 23% - entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões;

• 39% - entre R$100 mil e R$ 1 milhão;

• 18% - abaixo de R$100 mil.

Dados do estudo (PMI, 2009):

• 10% das organizações participantes não possuem metodologia formal. O

gerenciamento de projetos é feito informalmente;

• 37% possuem metodologias, desenvolvidas em algumas áreas específicas. Nem todas

as áreas utilizam a mesma metodologia;

• 53% possuem uma metodologia única para o gerenciamento de seus projetos, a qual

pode ser adaptada em função das características do projeto;

• 6% das organizações que possuem metodologia de gerenciamento de projetos não

utilizam a metodologia de fato;

• 19% utilizam a metodologia apenas em alguns poucos casos;

• 45% utilizam a metodologia a maioria das vezes;

• 30% utilizam a metodologia de fato;

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• 20% são muito resistentes em relação ao gerenciamento de projetos, possuindo a

maioria das áreas ou algumas áreas importantes da organização resistentes;

• 80% são pouco resistentes ao gerenciamento de projetos, possuindo apenas

resistências pontuais ou nenhuma;

• 9% possuem alta resistência por parte da alta administração;

• 91% apresentam baixo nível de resistência por parte da alta administração;

• 58% dos projetos das organizações nem sempre se encontram alinhados ao

planejamento estratégico;

• 42% dos projetos das organizações sempre se encontram alinhados ao planejamento

estratégico;

• 36% têm a diretoria como área responsável pela gestão do portfólio;

• 26% têm o Escritório de Projetos (PMO) como área responsável pela gestão do

portfólio;

• 15% têm outros como área responsável pela gestão do portfólio;

• 12% não têm nenhuma área responsável;

• 10% a área de planejamento estratégico como área responsável;

• 1% a área financeira como área responsável.

Conforme pode se interpretar dos dados, o gerenciamento de projetos é uma forma de trabalho

que está significativamente difundida entre as empresas brasileiras e há pouca resistência em

relação às práticas. No entanto, não é a grande maioria que utiliza, de fato, a metodologia

organizacional para o gerenciamento de projetos.

O que chama a atenção, porém, é o índice de 58% de projetos que nem sempre estão

alinhados ao planejamento estratégico. Como visto no item 1.1, em teoria, não deveria haver

projetos senão aqueles cujo propósito é desempenhar alguma função estratégica.

Em suma, os dados demonstram uma difusão das práticas em gerenciamento de projetos pelas

empresas, haja vista a importância desta para as mesmas. No entanto, as organizações

brasileiras ainda têm muito que amadurecer em gerenciamento de projetos.

Uma maneira de proporcionar o amadurecimento das organizações em gerenciamento de

projetos está na implantação de uma estrutura organizacional chamada de Project

Page 19: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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Management Office (PMO) (BARCAUI, QUELHAS, 2004). Isto porque em organizações em

que não exista uma metodologia formal para o gerenciamento de projetos, a estruturação de

uma metodologia formal para o gerenciamento de projetos deve ser acompanhada/controlada

por uma estrutura formal que garanta a utilização da metodologia; do contrário, essa

organização acabaria se enquadrando dentro dos 45% que utilizam a metodologia a maioria

das vezes ou dentro dos 19% que utilizam a metodologia em apenas alguns poucos casos.

Outra justificativa que corrobora para o aumento da maturidade em gerenciamento de

projetos, a partir da implantação de um PMO, está no fato que a estruturação de uma

metodologia passa obrigatoriamente por um processo de mudança cultural da organização

(LESSA, 2010). Dessa forma, o PMO, também assume essa função de promover a gestão da

mudança na organização; o que o qualifica ainda mais como solução para o kick-off inicial na

busca do amadurecimento organizacional em gerenciamento de projetos.

Ainda em relação ao tema da gestão da mudança da cultura organizacional, PMI (2010)

informa razões que levaram a iniciativa de implementação de PMO ao fracasso. A pesquisa

aponta com 62% a resistência e questões culturais por não terem sido tratadas adequadamente,

como fatores do insucesso.

1.6 Referências Internacionais em PMO

O PMO está se tornando uma estrutura organizacional central para a padronização das

práticas organizacionais para a entrega de seus projetos.

Segundo estudo de CBP (2008) no estudo intitulado “Value of Project Management”

realizado no ano de 2000, apenas 47% dos respondentes tinham um PMO implementado; no

entanto, em outro estudo intitulado “Project Management: The State of the Industry” lançado

em 2006, 77% dos respondentes tinham a estrutura de PMO implementada em suas

organizações, dos quais, 35% eram PMOs corporativos. E no ano do estudo, 2008, 54% dos

participantes informaram possuir PMO de nível corporativo.

Como resultado, o estudo sugere que a mera implementação de PMOs não seja a solução de

todos os problemas, mas que o nível de maturidade dos PMOs proporcione o verdadeiro

Page 20: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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diferencial para as organizações. O estudo salienta que o amadurecimento do PMO sugere

uma melhoria nas métricas de sucesso da organização.

Em uma escala de cinco níveis de maturidade do PMO, onde o quinto nível é o nível mais

maduro, organizações cujo nível de maturidade do PMO passou de 1 para 2, obtiveram 6,2%

de melhoria no desempenho global; organizações cujo nível de maturidade passou de 2 para 3,

obtiveram 14,6% de melhoria no desempenho global; e organizações cujo nível de maturidade

passou de 3 para 4, obtiveram 10,5% de melhoria no desempenho global.

Conforme PMI (2010) a realidade brasileira não está muito diferente. Das empresas que

participaram do benchmarking, 62% possuíam no mínimo um PMO implementado na

organização; dos quais, 42% são PMO corporativos.

Esta mesma pesquisa, classifica os PMO’s implementados em quatro níveis de maturidade:

• Nível 1 – Existe um PMO informal que consiste em um ou poucos profissionais que

têm interesse em desenvolver as práticas de Gerenciamento de Projetos na empresa.

Eventualmente presta apoio no planejamento.

• Nível 2 – Um PMO básico está estabelecido e é reconhecido pela Alta Administração

como o responsável por processo e padrões de Gerenciamento de Projetos da

empresa. O PMO apóia o desenvolvimento dos projetos quando solicitado.

• Nível 3 – O PMO é considerado pelos gerentes de projetos com uma referência em

metodologia e apoio aos projetos. A Alta Administração considera o PMO como o

ponto focal de informação sobre os projetos. Uma metodologia de GP existe e é

utilizada.

• Nível 4 – Melhores práticas são coletadas, mantidas e implantadas pelo PMO. A

gestão do portfólio de projetos é realizada pelo PMO por meio de processos

formalmente estruturados. O PMO é referência para a Alta Administração na tomada

de decisão.

Considerando esta classificação, a pesquisa PMI (2010) aponta que 11% são Nível 1,

36% são Nível 2, 40% são Nível 3; e 13% são Nível 4.

Page 21: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

12

1.7 Motivação A motivação para este trabalho está no fato de que um grande número de organizações

brasileiras ainda necessitarem de amadurecimento no que tange o Gerenciamento de Projetos.

Isto é, 11% das empresas que participaram do estudo PMI (2010) que responderam possuir

PMO possuem esta estrutura de forma informal (Nível 1 de maturidade); 20% das empresas

ainda são muito resistentes ao Gerenciamento de Projetos; 65% da Alta Administração tem

conhecimento médio ou baixo em relação ao Gerenciamento de Projetos; 18%, percentual

altíssimo, raramente planejam.

Ao mesmo tempo, a motivação também se baseia no fato de que o estabelecimento de um

PMO é uma ótima iniciativa para amadurecer as organizações em relação ao Gerenciamento

de Projetos. As grandes referências no gerenciamento de projetos (Kerzner, Dinsmore,

Verzuh) propõem vários modelos de estruturas organizacionais – Project Management Office

(PMO) – com o propósito de aumentar o percentual de sucesso dos projetos. Obviamente, a

estrutura a ser implementada também leva em consideração qual é o papel esperado para esta

estrutura – desde uma função unicamente operacional, até uma atuação também estratégica.

No entanto, há uma forte ênfase na análise dessas estruturas para organizações cuja atividade

principal seja a implementação de projetos; seja na prestação de serviços, seja na venda de

produtos “personalizados”. Como exemplos respectivos, podem-se citar a indústria da

construção civil e a indústrias de softwares.

Um grande número de organizações merece a mesma atenção quanto a esta análise. Aquelas

onde a execução de projetos não é a atividade principal, mas é a atividade principal de uma

gerência, de um departamento ou mesmo de uma divisão. São inúmeros os exemplos de

empresas onde projetos não são as atividades principais, mas são executados por apenas uma

parte da organização e, mesmo assim, assumem estrategicamente grande importância – seja

por ser o meio de promover mudanças internas (melhorias, expansões etc.) ou externas

(campanhas de marketing, lançamento de novos produtos etc.).

Este trabalho terá como meta olhar para as divisões internas das organizações que são

orientadas por projetos, como se fossem organizações orientadas por projetos. E assim, propor

uma alternativa de PMO que agregue valor à organização como um todo, como citado em 1.5;

Page 22: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

13

mesmo porque não é necessariamente um PMO corporativo a melhor solução para todas as

organizações.

Dessa forma, focando nas organizações onde a execução de projetos não é a atividade

principal, uma questão central surge:

• Qual deve ser o tipo de PMO que deve ser implementado na divisão organizacional?

Prontamente, questões secundárias são encontradas:

• Por que estruturar um PMO nesta divisão/setor/departamento?

• Quais os ganhos com a implantação de um PMO para a

divisão/setor/departamento/organização?

• Como escolher o modelo de PMO a ser estruturado para a

divisão/setor/departamento/organização?

• Qual o nível que o PMO deve ser implantado?

1.8 Objetivos

Este estudo tem como objetivo final:

• Definir um modelo de PMO para a unidade de análise que consiga agregar valor ao

gerenciamento dos projetos e, conseqüentemente, propicie melhores resultados para a

organização.

Possui também, como objetivos secundários:

• Definir os ganhos atrelados à implementação de um PMO na unidade de análise;

• Esboçar um método de análise para o dimensionamento de PMO para divisões

organizacionais.

1.9 Delimitação do Estudo Este estudo tem como escopo o dimensionamento de uma estrutura de PMO para a unidade de

análise baseado em métricas e processos, assim como, a caracterização da divisão

organizacional em questão; isto é, a definição adequada, segundo a sua importância

Page 23: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

14

estratégica, nível de maturidade em gerenciamento de projetos, estrutura física (número de

colaboradores envolvidos nos projetos, estrutura organizacional, percentual das atividades

relacionadas a projetos etc) e a caracterização do contexto em que esta unidade de análise se

insere.

Não cabendo a este trabalho a estruturação de uma metodologia para o

dimensionamento/especificação de PMO(s) para divisões organizacionais ou a elaboração de

um plano para a implantação do PMO sugerido, ou mesmo, a formulação de uma metodologia

para o gerenciamento dos projetos da unidade de análise.

As entregas esperadas para este estudo são as respostas às perguntas contidas no item 1.8 do

mesmo.

Page 24: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Estruturas Organizacionais para o Gerenciamento de Projetos

Para o efetivo gerenciamento de um projeto, a equipe que irá executá-lo necessita estar

organizada segundo uma estrutura. É esta estrutura que irá definir a sistemática de trabalho do

grupo com o objetivo de entregar os resultados do projeto ao cliente no prazo previsto, dentro

do custo programado e segundo as características técnicas definidas inicialmente (Patah,

2004).

Segundo o PMBOK, a estrutura organizacional é um fator ambiental da empresa que pode

afetar a disponibilidade dos recursos e influenciar a maneira como os projetos são conduzidos.

Segudno Kerzner (2001), durante os últimos trinta anos uma revolução vem ocorrendo na

introdução e desenvolvimento de novas estruturas organizacionais. Os executivos perceberam

que as organizações devem ser mais dinâmicas, ou seja, elas devem ser capazes de se

reestruturar rapidamente conforme as necessidades do mercado.

Estas mesmas estruturas têm em extremos opostos a estrutura Funcional e a estrutura

Projetizada; mas variam ao longo dos extremos por meio de estruturas Matriciais – que

podem ser Fraca, Balanceada e Forte.

Adicionalmente, entre as diferentes estruturas de gerenciamento de projetos que são utilizadas

para gerenciar projetos nos dias de hoje, provavelmente a de maior sucesso é o PMO ( Project

Management Office). O conceito do PMO apareceu no final da década de 50 e começo da

década de 60 (Kerzner, 2002).

2.1.1 Estrutura Funcional:

Na estrutura funcional, ocorre um agrupamento dos funcionários em especialidades

(departamentos) como engenharia, comunicação, contabilidade etc; estas especialidade podem

ainda ser subdivididas como comunicação interna e comunicação externa. No entanto, o que

Page 25: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

16

chama mais atenção é o fato de que cada departamento de uma organização funcional

executará o seu trabalho de maneira independente dos outros departamentos da organização.

A figura 1 exemplifica uma estrutura funcional.

Figura 1 – Estrutura Funcional

2.1.2 Estrutura Projetizada

Na estrutura Projetizada, o ponto focal é o projeto ou projetos. Portanto, os membros das

equipes são alocadas juntos segundo o projeto em que atuam. Como um dos grandes

diferenciais desta estrutura, tem-se a existência da função “Gerente de Projeto”; isto é, é parte

fundamental desta estrutura um (e apenas um) profissional que possui grande independência e

autoridade, no que concerne a questões do projeto. Os membros da equipe de projeto se

reportam aos Gerentes de Projeto, e não aos chefes dos departamentos funcionais – como

ocorre em uma estrutura Funcional.

Page 26: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

17

Figura 2 - Estrutura Projetizada

2.1.3 Estrutura Matricial:

As estruturas Matriciais são uma combinação das características das estruturas

organizacionais funcionais e projetizadas, onde a estrutura conhecida como Matriz Fraca,

figura 3, mantêm muitas das características das organizações funcionais e o papel do Gerente

de Projetos é mais parecido com a de um coordenador ou facilitador do que com o de um

gerente de projetos propriamente dito. Em contrapartida, a estrutura conhecida como Matriz

Forte possuem muitas das característica da estrutura Projetizada e podem ter gerentes de

projetos em tempo integral com autoridade considerável e pessoal administrativo trabalhando

para o projeto em tempo integral.

Page 27: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

18

Figura 3 - Estrutura Matricial Fraca

Adicionalmente, a estrutura organizacional conhecida como Matriz Balanceada reconhece a

necessidade de um gerente de projetos, ela não fornece a ele autoridade total sobre o projeto e

sobre seu financiamento.

A figura 4 sumariza as características das quatro estruturas organizacionais básicas segundo

cinco itens:

• Autoridade do Gerente de Projetos

• Disponibilidade dos recursos (humanos e materiais)

• Responsabilidade do controle do orçamento

• Papel do Gerente de Projetos

• Equipe administrativa para o gerenciamento de projetos

Page 28: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

19

Figura 4 – Sumário das Características

2.1.4 O Escritório de Gerenciamento de projetos (PM O)

Na medida em que as organizações compreendem a importância do papel do gerenciamento

de projetos no atendimento das metas almejadas em suas estratégias corporativas, aumenta em

igual proporção a necessidade de um método sistemático para a implementação/execução dos

projetos.

Treinamento para técnicos operacionais, líderes de equipes; aquisição de softwares para apoio

ao gerenciamento de projetos e softwares de gerenciamento de projetos de nível empresarial,

assim como a certificação de profissionais, são planos de ação que estão sendo amplamente

executados nas organizações a fim de aumentar o sucesso dos projetos. Patah (2004) coloca

que as empresas têm como ser mais assertivas no intuito de aumentar a maturidade

organizacional em gerenciamento de projetos a partir da implementação de Escritórios de

Projetos (PMO).

O PMO pode ser definido como uma entidade organizacional estabelecida para auxiliar os

gerentes de projeto e os times da organização na implementação dos princípios, práticas,

metodologias, ferramentas e técnicas do gerenciamento de projetos (Patah, 2004). Ele se

apresenta como a estrutura mais robusta para a condução das atividades de um projeto (Patah,

2004).

Page 29: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

20

Um escritório de projetos não é uma estrutura única e com funcionalidades rigidamente pré-

definidas. Pelo contrário, a eficiência desta estrutura está intrinsecamente atrelada ao correto

dimensionamento do PMO; seja pela definição do grau de autoridade e função estratégica na

organização (onde estará sendo implantado na estrutura organizacional), seja pela definição

das funções estabelecidas (desenvolvimento, suporte ou controle).

Quanto às funções de um PMO citadas, as funções de desenvolvimento estão relacionadas ao

recrutamento de profissionais para composição de times de projetos, treinamento de pessoal

interno para aplicação em projetos ou para ganhos em práticas de gerenciamento de projetos

ou para apenas aumentar a quantidade de “fiéis” da filosofia de gerenciamento de projetos.

Quanto às funções de suporte, o PMO pode conter funções de apoio aos gerentes de projetos

de inúmeras maneiras. Desde a assistência e esclarecimentos que permitam aos gerentes de

projetos realizarem melhor suas funções, como fornecimento de sugestões em relações a

questões críticas e problemas nos projetos, até o apoio ao gerente de projetos com pessoal

qualificado. Já em relação às funções de controle, o PMO pode conter diversas funções cujos

objetivos sejam a gerência funcional do gerenciamento de projetos. Como exemplo destas

funções, tem-se: análise e fornecimento de indicadores de desempenho para os gerentes de

projeto, análise e fornecimento de indicadores para o desempenho dos projetos, conferência

das entregas conforme critérios de aceite, alocação de gerentes de projetos etc.

Crawford (2002) sugere que a existência de uma estrutura de PMO como uma característica

da organização moderna será uma das mais excitantes tendências em desenvolvimento

organizacional nesta década. A implementação de um PMO pode ser desafiadora, mas ela não

é um novo território (Patah; Carvalho, 2003).

2.1.4.1 O papel e as funções de um PMO Uma estrutura como o PMO, em uma organização, é tão importante para esta, quanto a

quantidade de projetos que são executados. Se a organização conduz projetos

esporadicamente, i.e. – a execução de projetos não é uma atividade que compõe um

percentual significativo do faturamento – mesmo se o índice de insucesso dos projetos for

alto, a empresa, em tese, não perderia muito. E nestes casos particulares, não há motivos que

justificariam esforços para o desenvolvimento de uma sistematização na execução de projetos.

Page 30: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

21

Em contrapartida, se a organização tem a execução de projetos como um elemento relevante e

constante nas atividades da organização, o insucesso nos projetos é, certamente, um ponto

fraco que será muito bem visto pelos concorrentes. Resumidamente, neste caso, a

sobrevivência da organização estará sendo colocada em risco.

Para estas organizações onde projetos fazem parte do core business, há muito que se ganhar a

partir da implementação de um PMO.

Block; Frame (1998) cita algumas das funções que podem ser exercidas por um PMO:

• Fornecimento de suporte em gerenciamento de projetos para o time de projetos;

• Prover a organização com consultoria e mentoring em gerenciamento de projetos;

• Desenvolvimento e manutenção de metodologias e padrões em gerenciamento de

projetos para a organização;

• Fornecimento de treinamento em gerenciamento de projetos à organização;

• Disponibilização de gerentes de projetos que possam conduzir projetos à organização.

Os dois principais fatores que devem nortear o papel de um escritório de projetos são

responsabilidade e autoridade, conforme argumenta Verzuh (1999). Este mesmo autor

também propõe as seguintes responsabilidades para um PMO:

• Manutenção de padrões;

• Organização de treinamentos;

• Mentoring e suporte;

• Análises de cronograma e orçamentos;

• Preparação de informações de projetos;

• Tomada de decisões em gerenciamento de projetos;

• Supervisão de gerentes de projetos;

• Cumprimento de objetivos de projetos;

• Possibilidade de crescimento na carreira para os gerentes de projetos;

• Fornecimento de gerentes de projetos para a organização;

• Participação no gerenciamento do portfólio de projetos.

Page 31: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

22

Existem muitos modelos para PMO onde as responsabilidades, autoridades e função

estratégica são diferentes. Dinsmore (1998) propõe cinco modelo para PMO:

• Equipe Autônoma de Projeto (Authonomous Project Team, APT)

• Escritório de Apoio de Projetos (Project Support Office, PSO)

• Centro de excelência em Gerenciamento de Projetos (Project Management Center of

Excellence, PMCOE)

• Escritório de Gerenciamento de Programas (Program Management Office, PrgMO)

• Chief Project Office, CPO

Quando uma organização realiza alguns projetos autônomos, a função de gerenciamento de

projetos permanece dentro do próprio projeto. A fonte de informação sobre práticas de

gerenciamento de projetos, neste caso, vem da experiência anterior e da prática dos líderes de

projeto. Todos os custos da equipe do projeto são alocados no mesmo. A organização não

fornece apoio e todas as funções de gerenciamento de projetos são realizadas pela própria

equipe do projeto. A função deste tipo de EGP é gerenciar o projeto em toda a sua

integridade. Com isso, a responsabilidade total pelo sucesso do projeto reside no próprio

gerente do mesmo.

O PSO fornece apoio técnico e administrativo, ferramentas e serviços aos vários gerentes de

projeto simultaneamente, auxiliando no planejamento, na programação e na condução das

mudanças de escopo e no gerenciamento de custos dos projetos. Os recursos envolvidos tanto

internos quanto externos são alocados nos projetos dependendo da natureza e da estrutura

contratual dos mesmos. Algumas vezes pessoas do PSO são emprestadas durante a fase inicial

ou mesmo ao longo de um projeto. A responsabilidade pelo sucesso do projeto não reside no

PSO, mas nos gerentes de projetos que utilizam seus serviços.

O PMCOE é o ponto focal da experiência em projetos, mas não assume a responsabilidade

pelos resultados dos mesmos. Ele aparece como uma despesa geral de overhead, não sendo

alocada diretamente nos projetos. A tarefa do PMCOE é, em grande parte, de natureza

missionária: disseminar a idéia, converter os incrédulos e transformar os adeptos em

profissionais, sendo encarregado pelas metodologias. Ele mantém abertos os canais de

informação entre os projetos e a comunidade externa ao gerenciamento de projetos.

Page 32: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

23

O PrgMO gerencia os gerentes de projetos e é, em última instância, o responsável pelos

resultados dos projetos. Em grandes corporações, o PrgMO concentra seus esforços nos

projetos prioritários. Os outros projetos são gerenciados por departamentos ou unidades, e

recebem o apoio do PrgMO conforme necessário. O PrgMO, por natureza, compreende as

funções do PMCOE e, em alguns casos, as do PSO. Para que um PrgMO funcione

adequadamente são necessários: poder, prioridade corporativa e controle em âmbito

empresarial.

A responsabilidade do CPO consiste em cuidar e alimentar o portfólio de projetos da

organização, desde o estágio de decisão de negócios à implementação final. Entre as

atividades do CPO podem ser citadas as seguintes: envolvimento nas decisões de negócio que

resultem em novos projetos, planejamento estratégico de negócios, estabelecimento de

prioridades e negociação de recursos para projetos, supervisão da implementação de projetos

estratégicos, responsabilidade pelo sistema de gerenciamento de projetos em nível

empresarial, desenvolvimento da conscientização e da capacidade em gerenciamento de

projetos através da organização, avaliação periódica de projetos, incluindo a decisão de

descontinuá-los, o gerenciamento de stakeholders de alto nível, facilitação e mentoring.

Bigelow (2003) afirma que o CPO amplia a visão dos projetos a todas as áreas de uma

organização tornando-os conectados à estratégia da empresa. Ela também apresenta as

responsabilidades críticas de um CPO:

• Direção estratégica;

• Gerenciamento do portfólio de projetos;

• Priorização de recursos;

• Interface junto aos negócios;

• Desenvolvimento de padrões, políticas e procedimentos de gerenciamento de projetos;

• Revisão e análise de projetos;

• Elaboração de orçamento para a área de gerenciamento de projetos;

• Desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos.

Verzuh (1999) também apresenta uma classificação de 5 diferentes tipos de EGP:

Page 33: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

24

• Centro de Excelência;

• Project Support Office;

• Project Management Office;

• Program Management Office;

• Accountable Project Office.

O principal propósito de um centro de excelência é manter os padrões de gerenciamento de

projetos e promover o seu uso na organização. Apesar da equipe com freqüência ser chamada

para prestar consultoria, ela não possui um papel direto na tomada de decisões do projeto. Ao

invés disto, sua autoridade na organização deriva quase que exclusivamente do seu

conhecimento das habilidades de gerenciamento de projetos; isto significa que, além de seu

conhecimento, eles também devem ser hábeis agentes de mudança, oferecendo

persuasivamente conselhos para os membros da organização em todos os níveis da mesma.

Além de manter e promover os padrões e práticas de gerenciamento de projetos, o Project

support Office (PSO) suporta ativamente uma variedade de projetos através de, por exemplo,

montar e atualizar o plano do projeto e o orçamento do mesmo. Constituído de analistas de

planejamento, o PSO é responsável por manter um controle acurado enquanto tendo a

responsabilidade de decisões de lucros ou perdas. Estes analistas de planejamento com

freqüência tornam-se gerentes de projetos. Isto significa que adicionar mais gerentes de

projetos para o pool de talentos da organização é outra contribuição do PSO.

Um Project management Office (PMO) pode oferecer suporte na confecção de cronogramas e

orçamentos da mesma maneira que o PSO. A principal diferença é que o PMO irá fornecer

gerentes de projetos para todos os projetos da organização. Com isso o PMO torna-se uma

base de longo tempo para aquelas pessoas que querem fazer carreira em gerenciamento de

projetos. E, devido ao fato de ser constituído de muitos gerentes de projetos da organização, o

PMO tem a capacidade de reforçar os padrões de gerenciamento de projetos. Apesar dos

PMOs serem responsáveis pelo gerenciamento dos salários e do crescimento profissional dos

seus gerentes de projetos, eles não são responsáveis pelo sucesso ou falha dos projetos. Esta

responsabilidade fica com a organização na qual o gerente de projetos está alocado. Por outro

lado, se uma empresa desenvolve uma série de projetos falhos, o PMO também será

Page 34: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

25

responsabilizado, uma vez ele é a fonte de conhecimentos da empresa em gerenciamento de

projetos.

Programas são uma série de projetos relacionados. A principal diferença é que programas são

tão longos que eles desenvolvem algumas operações rotineiras dentro deles. O papel do

Program Management Office (PrgMO) é fornecer o conhecimento de gerenciamento de

projetos para todo o programa, isto através da união de todos os projetos conjuntamente. De

maneira diferente de outra forma de Project Office, o Program Management Office possui

uma vida útil, isto é, ele será desmontado após o termino do projeto.

Um grande Project management Office irá possuir times que executam várias funções de

gerenciamento de projetos, tais como, cronograma, orçamento e gerenciamento de riscos.

Como o PSO, o Program Management Office não é o responsável direto pelo cumprimento de

cronogramas e orçamentos; seu papel é principalmente colocar em uso boas práticas de

gerenciamento e projetos e apoiá-las. Diferentemente do PSO, Program Management Office

participa da tomada de decisões do projeto.

O Accountable Project Office é o mais antigo mas, em alguns casos, o mais radical modelo de

Project Office. Apesar de ele ser comumente referenciado simplesmente como Project Office,

ele é chamado como Accountable Project Office para diferenciar das outras formas

apresentadas. Ele é chamado assim, pois possui responsabilidade total por objetivos de

qualidade, custo e cronograma sobre os projetos a ele designados. Como o Project

Management Office, ele é um setor de longo tempo para os gerentes de projetos, fornecendo a

eles um modelo de carreira e gerenciamento administrativo. É constituído de gerentes de

projetos e pessoal de suporte aos projetos.

Porter et al. (1999) argumentam que as estratégias de manufatura podem ser vistas como uma

série contínua. Porém, cabe ressaltar que, embora os modelos de PMO pareçam evolutivos,

estes podem ter maior aderência a um específico tipo de organização face ao papel do

gerenciamento de projeto no tipo de estratégia corporativa.

Seria um erro considerar as várias formas de Project Offices como uma progressão que todas

as empresas deveriam seguir. Isto sugeriria que um centro de excelência é somente o começo

e que a evolução natural e correta seria sempre em direção ao Accountable Project Office com

Page 35: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

26

responsabilidades para gerenciar todos os projetos. Este é um erro de qualquer disciplina em

grande projeção, que diz que se alguma coisa é boa, mais, é necessariamente melhor. Ao invés

disso, o Project Office deve refletir a estrutura organizacional e a alocação de projetos dentro

da organização. A mera presença de um Project Office, não importando o tipo que este seja,

representa um comprometimento da organização para a melhoria do gerenciamento de

projetos. Os Project Offices de maior sucesso são ambos especializados em gerenciamento de

projetos e evangelizadores, isto é, eles lutam por seus valores (Verzuh, 1999).

2.1.4.2 Os custos de implantação de um PMO

Criar uma estrutura da envergadura de um PMO não é uma atividade simples e nem de baixo

custo. À época do planejamento do projeto de implantação de um PMO devem ser levantados

todos os custos que um projetos deste tipo pode apresentar. Entre eles, podem ser citados os

seguintes:

• Contratação de recursos humanos para o PMO

• Locação de espaço físico para o escritório do PMO

• Compra ou locação de mobiliário para escritório;

• Recursos de informática, tais como: hardware e software, além de treinamento

específico;

• Montagem de uma biblioteca especializada em gerenciamento de projetos;

• Gastos com treinamentos especializados para os membros do PMO;

• Gastos de divulgação do PMO (apresentações, workshops, procedimentos, intranet e

outros)

• Gastos de viagem dos membros do PMO para acompanhamento de projetos.

Devido ao fato dos vários departamentos da organização serem beneficiados pelo PMO, é

natural que os custos da implantação do mesmo sejam rateados entre os departamentos. Esta é

a maneira mais comum de financiamento dos custos da implantação de um PMO. Uma outra

maneira é o rateio dos custos entre os projetos que se utilizam do PMO. Uma terceira

possibilidade ocorre quando o PMO é criado para o suporte a um projeto específico. Neste

caso todos o custos gerados pelo PMO são alocados diretamente neste projeto.

Page 36: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

27

A autorização para o início da geração dos gastos pelo PMO ocorre simultaneamente com a

autorização para início da implantação da estrutura. Estas autorizações são representadas pelo

Project Charter assinado pelo sponsor do projeto. Segundo Crawford (2002), o Project

Charter autoriza o diretor do PMO a gastar recursos da empresa no planejamento do projeto.

Com este documento aprovado, o projeto de implantação do PMO é inserido no orçamento da

organização.

A implantação de um PMO oferece valor tanto para os membros da equipe como para o

cliente. Os membros da equipe obterão grande apoio em gerenciamento de projetos com

consultorias e treinamentos especializados que irão melhorar sua performance. A experiência

mostra que os clientes são entusiastas do conceito do PMO. Eles vêem o estabelecimento de

uma estrutura deste tipo como um sinal visível do compromisso de uma organização

fornecedora com a aplicação do gerenciamento de projetos na melhor maneira possível. A

existência de um PMO aumenta a confiança do cliente de que o time do projeto com o qual

ele está trabalhando tem o suporte necessário para trabalhar da maneira mais competente

possível (Block, Frame, 1998).

2.1.4.3 O processo de implantação de um PMO

2.1.4.3.1 A decisão de implantar um PMO

Na maioria dos segmentos de negócios, empresas têm enfrentado constantes atrasos e estouros

de orçamentos dos seus projetos (Patah; Carvalho, 2003). Com isso, a decisão de se implantar

um PMO vem ao encontro com uma busca de soluções para os problemas enfrentados pelas

empresas em seus projetos deficitários. Além disso, a implantação de um PMO também

possui outros objetivos. Litke (1995) apresenta as seguintes motivações para a implantação de

um PMO:

• Grande número de atividades burocráticas realizadas pelos membros de grupos de

projeto e conseqüente disponibilidade de pouco tempo dos mesmos para se dedicarem

aos seus projetos;

• Processos de gerenciamento de projetos de uma empresa não padronizados;

• Baixa produtividade dos projetos da empresa;

• Documentação dos projetos de uma empresa espalhados por toda a organização.

Page 37: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

28

Muitas empresas também decidem implantar um PMO pelas vantagens que este proporciona

às organizações. As vantagens da implantação de um PMO foram apresentadas

anterirormetne.

2.1.4.3.2 As fases de implantação

A implantação de um PMO também pode ser vista como um projeto. E como tal, ela é

composta por fases que devem ser realizadas em seqüência com o intuito de atingir um

resultado de alta qualidade, no tempo previsto e dentro do orçamento aprovado (Patah;

Carvalho, 2003).

Crawford (2002) divide o processo de implementação de um PMO em quatro fases:

• Estabelecimento de fundamentos;

• Start-up com iniciativas de curto prazo;

• Roll-out com soluções de longo prazo;

• Suporte e melhoria.

A fase de estabelecimento dos fundamentos do PMO, como fase inicial consiste no próprio

estabelecimento do PMO. Além disso nesta fase os projetos devem ser identificados e

priorizados, os métodos de gerenciamento de projetos devem ser desenvolvidos e os

principais times de projetos devem ser treinados. Para início dos trabalhos do PMO, um ou

mais projetos pilotos devem ser escolhidos para a aplicação dos primeiros métodos

desenvolvidos pelo PMO.

Na fase de start-up os demais times de projetos devem ser treinados pelo PMO, os métodos

de gerenciamento de projetos devem ser estendidos para os demais projetos da organização,

assim como devem ser aplicados controles de custos, procedimentos de integração, revisão de

fases e auditorias para todos os projetos da organização. Também nesta fase o PMO deve

começar a controlar os recursos da organização disponíveis para os projetos. Ele deve

procurar levantar as informações, planejar e gerenciar estes recursos.

Page 38: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

29

A fase de roll-out é caracterizada pela ampliação da atuação do PMO para as demais áreas da

organização. Nesta fase o conceito e as metodologias de gerenciamento de projetos devem ser

disseminados por toda a organização através do treinamento dos times de negócios.

Além disso, o PMO deve procurar integrar os gerenciamentos de custos e recursos em toda a

organização. Um completo envolvimento das demais gerencias da organização pode ser

obtido com a divulgação de relatórios informando o andamento da implantação e os

resultados obtidos.

• A última etapa da implantação, a fase de suporte e melhoria, consiste na

implementação de um programa contínuo de melhoria nos projetos da organização.

Verzuh (1999) também divide o processo de implementação de um PMO em quatro passos:

• O primeiro passo é definir as fronteiras da organização para os processos de

gerenciamento de projetos, reconhecendo que diferentes partes de uma empresa com

freqüência possuem diferentes desafios em gerenciamento de projetos e podem se

beneficiar de diferentes estruturas organizacionais;

• Dentro das fronteiras definidas na primeira fase, é necessário identificar os vários tipos

de projetos e ser capaz de definir diferentes padrões e práticas para refletir suas

diferentes complexidades;

• Deliverables, tais como declaração de escopo e plano de gerenciamento de riscos,

devem ser desenvolvidos baseando-se no sucesso passado e nos fatores de falha em

projetos;

• O modelo para um Project Office é determinado pelos projetos que o mesmo irá

atender e ao grau no qual a estrutura organizacional favorece os projetos.

2.1.4.3.3 Os fatores críticos para uma implementação bem sucedida A implantação bem sucedida de um PMO por uma empresa possui diversos fatores críticos,

uma vez que é necessária uma mudança cultural muito grande na maneira como os projetos

são gerenciados dentro da organização. O primeiro fator crítico é o patrocínio e apoio da alta

direção da empresa, sem ele a iniciativa de se implantar um PMO pode terminar antes mesmo

de ter começado. Um segundo fator crítico é a realização de uma avaliação do tipo da

Page 39: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

30

organização e dos tipos de projetos que esta organização executa. Isto se faz necessário para a

escolha do tipo de PMO mais adequado à mesma, sua missão, seus objetivos e os benefícios

esperados. Outro fator crítico é o alinhamento do PMO com a estratégia da organização, com

o objetivo de empreender somente as mudanças realmente necessárias à organização. Por fim,

a integração da implantação do PMO com os sistemas de informação existentes na empresa e

com seus processos também deve ser considerada um fator crítico de sucesso (Patah,

Carvalho, 2003).

Conforme as empresas se organizam para o gerenciamento de projetos, alguns fatores chave

estão emergindo. Verzuh (1999) apresenta os seguintes:

• Definição das fronteiras da organização para a mudança: o gerenciamento de projetos

tem mostrado a sua efetividade, mas ele não é a resposta para todos os problemas;

• Aplicação de técnicas para melhoria de processos usando o ciclo de vida do projeto

como um processo;

• Criação de um Project Office que será responsável pela transição e suporte do novo

processo: os objetivos do Project Office irão determinar sua autoridade e

responsabilidade;

• Reconhecimento de que se organizar para o gerenciamento de projetos é muito mais

do que desenvolver padrões e implementar ferramentas de software. Ao invés disso, é

uma mudança cultural que requer mudanças nos valores das organizações e no nível

pessoal.

Crawford (2002) apresenta dez pontos-chave para o sucesso do desenvolvimento de uma

cultura de gerenciamento de projetos em uma organização através da implantação de um

PMO:

• Manter a implantação o mais simples possível;

• Comunicar os objetivos e sucessos atingido pelo PMO;

• Não se esquecer de compartilhar as expectativas e objetivos do processo;

• Focar os principais problemas da organização;

• Proporcionar auxílio aos gerentes de projeto da organização;

• Procurar entender os problemas da organização de vários pontos de vista diferentes;

• Realizar testes-piloto das metodologias desenvolvidas;

Page 40: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

31

• Estabelecer objetivos incrementais;

• Envolver as pessoas corretas na alta administração;

• Fazer um planejamento detalhado do processo de implementação do PMO.

O mesmo autor também apresenta cinco maneiras de falhar neste processo:

• Esquecer os stakeholder chave do processo de implantação;

• Solicitar informações da organização, especialmente dos gerentes de projetos e

gerentes de linha, antes de fornecer outras;

• Tentar mudar as pessoas, os processos e as ferramentas da organização de uma única

vez;

• Adiar a implementação do PMO depois que a decisão foi tomada;

• Re-inventar a roda, ignorando as idéias, o conhecimento e as experiências das demais

pessoas da organização.

Faz-se importante salientar que o modelo de PMO adotado por uma organização deve estar

adequado ao nível de maturidade em gerenciamento de projetos desta.

Em organizações ainda imaturas em gerenciamento de projetos, a adoção e implantação de

um determinado modelo de PMO podem tornar-se um processo doloroso e, ao final, não

alcançar o objetivo proposto e os resultados esperados.

Os tipos de PMO são soluções elegantes para o gerenciamento de projetos de uma

organização, mas não são soluções customizadas; questões de cultura organizacional, de

maturidade do gerenciamento de projetos e do mix de projetos precisam ser levadas em

consideração antes que um projeto final possa ser aprovado. Espera-se que, uma vez projetada

e construída, a residência do gerenciamento de projetos selecionada mostre-se um lar sólido,

produtivo e harmonioso (Dinsmore, 1998).

2.2 Modelos de maturidade em gerenciamento de projetos

2.2.1 O modelo de maturidade de Kerzner

Page 41: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

32

Segundo Kerzner (2001b) as fundações para atingir excelência em gerenciamento de projetos

podem ser melhor descritas através de um modelo de maturidade em gerenciamento de

projetos denominado Project Management Maturity Model (PMMM).

O modelo de maturidade proposto por Kerzner (2001b) é composto por cinco níveis:

• Nível 1: Linguagem comum;

• Nível 2: Processos Comuns;

• Nível 3: Metodologia Singular:

• Nível 4: Benchmarking;

• Nível 5: Melhoramento continuo.

Nível 1 – Linguagem comum

Neste nível, a organização reconhece a importância do gerenciamento de projetos e a

necessidade de um bom entendimento do conhecimento básico em gerenciamento de projetos

e da linguagem e da metodologia que o acompanham. São características deste nível:

• Uso esporádico da metodologia de gerenciamento de projetos;

• Virtualmente nenhum suporte do nível executivo da organização;

• Pequenos pacotes de interesse;

• Nenhuma ação no sentido de reconhecer os benefícios do gerenciamento de projetos;

• Nenhum investimento em treinamento e educação em gerenciamento de projetos.

Para passar do nível de linguagem comum para nível de processos comuns, uma organização

precisa executar as seguintes ações:

• Preparativos para treinamentos iniciais em gerenciamento de projetos;

• Encorajamento para treinamento (ou contratação) de gerentes de projetos profissionais

(Project Management Professional, PMPs);

• Encorajamento de funcionários para começarem a se comunicar na linguagem comum

de gerenciamento de projetos;

• Reconhecimento das ferramentas disponíveis de gerenciamento de projetos;

Page 42: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

33

• Desenvolvimento de um entendimento dos princípios de gerenciamento de projetos de

uma norma padronizada como, por exemplo, o Project Management Body of

Knowledge (PMBOK), editado pelo Project Management Institut (PMI).

Nível 2 – Processos Comuns

Neste nível, a organização reconhece quais processos comuns necessitam ser definidos e

desenvolvidos de modo que o sucesso de um projeto possa ser repetido nos demais. O

reconhecimento da aplicação e do suporte dos princípios para outras metodologias

empregadas pela empresa, também está incluído neste nível, cujas características são:

• Reconhecimento dos benefícios do gerenciamento de projetos;

• Suporte organizacional para todos os níveis;

• Reconhecimento da necessidade de processos e metodologias;

• Reconhecimento da necessidade de um controle de custos;

• Desenvolvimento de um currículo de treinamento em gerenciamento de projetos.

Para passar do nível de processos comuns para o nível de metodologia singular, uma

organização precisa executar as seguintes ações:

• Desenvolvimento de uma cultura que suporte ambos os lados comportamentais e

quantitativos do gerenciamento de projetos;

• Reconhecimento de ambas as forças e necessidades que direcionam o gerenciamento

de projetos e os benefícios que podem ser atingido em ambos o curto e longo prazos;

• Desenvolvimento de um processo e metodologia que podem fazer com que os

benefícios desejados possam ser atingidos em uma base repetitiva;

• Desenvolvimento de um currículo contínuo e abrangente a todos os funcionários, de

modo que os benefícios do gerenciamento de projetos possam ser sustentados e

melhorados ao longo do tempo.

Nível 3 – Metodologia Singular

Page 43: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

34

Neste nível, a organização reconhece o efeito da sinergia da combinação de todas as

metodologias da corporação em uma metodologia singular, cujo centro é o gerenciamento de

projetos. Os efeitos desta sinergia também tornam o controle do processo mais fácil contando

com uma única metodologia ao invés de múltiplas metodologias. São características deste

nível:

• Processos integrados;

• Suporte cultural;

• Suporte de gerenciamento em todos os níveis;

• Gerenciamento de projetos informal;

• Obtenção de retorno do investimento dos custos dos treinamentos em gerenciamento

de projetos;

• Excelência comportamental.

Para passar do nível de metodologia singular para o nível de benchmarking, uma organização

precisa executar as seguintes ações:

• Integrar todos os processos relacionados em uma metodologia singular de execução

com sucesso demonstrado;

• Encorajamento da aceitação por toda a companhia de uma cultura que suporte o

gerenciamento de projetos informal e relatórios a múltiplos-chefes;

• Desenvolvimento de suporte para controle compartilhado.

Nível 4 – Benchmarking

Este nível engloba o reconhecimento de que melhoramentos no processo são necessários para

manter as vantagens competitivas. Benchmarking deve ser realizado em uma base contínua. A

empresa deve decidir de quem fazer o benchmarking e o que procurar neste processo. As

características deste nível são as seguintes:

• Estabelecimento de um escritório de gerenciamento de projetos (PMO) ou de um

centro de excelência;

• Dedicação ao processo de benchmarking;

Page 44: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

35

• Análise da indústria similar e de outras indústrias;

• Benchmarking quantitativo (processos e metodologias);

• Benchmarking qualitativo (culturas).

Para passar do nível de benchmarking para o nível de melhoramento contínuo, uma

organização precisa executar as seguintes ações:

• Criar uma organização dedicada ao benchmarking;

• Desenvolvimento de um processo de gerenciamento de benchmarking;

• Decisão do que fazer benchmarking e de quem fazê-lo;

• Reconhecimento dos benefícios do benchmarking.

Nível 5 – Melhoramento contínuo

Neste nível, a organização avalia a informação obtida através do benchmarking e deve então

decidir se esta informação irá ou não melhorar sua metodologia singular. As características

deste nível são apresentadas abaixo:

• Presença de arquivos de lições aprendidas;

• Transferência de conhecimento;

• Programa de mentoring por parte do PMO;

• Realização de planejamento estratégico para gerenciamento de projetos.

Após chegar ao nível de melhoramento contínuo no processo de maturidade de Kerzner, uma

organização deve procurar voltar aos níveis de metodologia singular e de benchmarking com

o objetivo de procurar por novas melhorias no seu processo de gerenciamento de projetos.

Kerzner (2001b) diz que o nível 3 de seu modelo, Metodologia Singular, possui o mais alto

risco e o maior grau de dificuldade para a organização. Isto porque é neste nível que a

organização reconhece que as alterações resultantes da implementação do gerenciamento de

projetos irão causar mudanças na cultura da empresa. Exemplos disto são: a criação de

metodologias de gerenciamento de projetos, de políticas e procedimentos, assim como a

descentralização da autoridade e do processo decisório.

Page 45: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

36

Agora uma vez que a organização atingiu o nível 3, o tempo e esforço necessários para atingir

níveis mais altos da maturidade têm um grau de dificuldade mais baixo. Contudo, atingir o

nível 3, requer uma grande mudança na cultura da empresa.

Não obstante, a fase de maturidade não significa a excelência em gerenciamento de projetos.

Kerzner (2000) advoga que para atingir o patamar de excelência em gerenciamento de

projetos as organizações precisam criar um ambiente em que os projetos alcancem sucesso

continuamente, estabelecendo processos integrados, suporte gerencial adequado, excelência

comportamental, informalidade, postura de treinamento e educação e, finalmente, criando

uma cultura em gerenciamento de projetos.

2.3 O Enfoque estratégico dos Projetos

2.3.1 Matriz de Seleção Estratégica dos Projetos Patah (2004), em seu estudo, faz referência à matriz de seleção estratégica de projetos

proposta por Kerzner em “Gestão de Projetos: As Melhores Práticas, 2002”. Esta matriz

modela a classificação de projetos quanto suas importâncias estratégicas; e o faz com base nos

benefícios e nas prioridades dos mesmos e na qualidade necessária em matéria de recursos.

Adicionalmente, Kerzner (2002), neste mesmo trabalho, propõe, para cada uma das áreas

apresentadas na figura 5, um guia estratégico para o tratamento dos projetos de uma

organização. Este guia é mostrado na figura 6.

Page 46: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

37

Figura 5 – Matriz de Seleção Estratégica

Esta ferramenta é de fundamental importância para este trabalho uma vez que, na descrição

das células da figura 6 por Kerzner, são sugeridas estruturas de trabalho e, também, como

deve ser o gerenciamento de projetos para cada uma das células.

As células são assim descritas em Patah (2004):

• “Proteger a posição (benefícios altos e qualidade alta dos recursos): são projetos

considerados essenciais para a sobrevivência da empresa. Eles exigem uma gestão de

projetos profissional, possivelmente com gerentes de projetos certificados, e a

organização considera a gestão de projetos uma carreira em sua estrutura. Melhorias

contínuas em gestão de projetos são essenciais para que se tenha a certeza de que a

metodologia utilizada é a melhor possível;

Page 47: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

38

• Proteger a posição (benefícios altos e qualidade média dos recursos: este caso requer

um gerente de projetos com tempo integral, porém não necessariamente certificado. È

necessária uma metodologia de gestão de projetos intensificada com ênfase no

reforço das áreas vulneráveis nesta matéria;

• Proteger a posição (benefícios médios e alta qualidade dos recursos): o objetivo

maior é treinar os gerentes de projetos com destaque para os atributos de liderança.

Os projetos deste tipo destacam normalmente mais os programas voltados para a

qualidade dos clientes do que o desenvolvimento de novos produtos;

• Gestão de projetos com gerenciamento de área (benefícios altos e baixa qualidade

dos recursos): são normalmente processos de melhoria par apoiar a produção

repetitiva. É necessária uma integração mínima das áreas funcionais, o que permite

aos gerentes de área se comportarem como gerentes de projetos. Tais projetos são

caracterizados por situações de curto prazo;

• Construir seletividade (benefícios médios e qualidade média dos recursos): são

projetos especializados, talvez repetitivos, e com foco em áreas específicas do

negócio. Precisa-se de limitados poderes em gestão de projetos. O gerenciamento do

risco pode se tornar necessário, especialmente o dos riscos técnicos;

• Líderes de equipes (benefícios baixos, mas alta qualidade dos recursos): normalmente

são projetos pequenos e de curto prazo em P&D que exigem alta capacitação técnica.

Como requer um mínimo de integração, os cientistas e especialistas técnicos

funcionarão como líderes de equipes. É necessário um conhecimento mínimo de

gestão de projetos;

• Gestão de projetos de tempo parcial (benefícios médios e baixa qualidade dos

recursos): são projetos pequenos, mas importantes que exigem somente um

Page 48: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

39

conhecimento elementar em gestão de projetos. Basta um gerente para administrar

vários destes projetos;

• Gestão de projetos em tempo parcial (benefícios baixos e média qualidade dos

recursos): são projetos internos ou projetos estratégicos que envolvem poucos

recursos. Têm orçamentos modestos e índice de risco de baixo a moderado;

• Gestão de projetos em tempo parcial (benefícios baixos e baixa qualidade dos

recursos): normalmente, estes projetos são planejados pelos gerentes das áreas, mas

executados pelos coordenadores ou expedidores do projeto.”

Figura 6 – Guia Estratégico para o gerenciamento de projetos

2.4 Classificação dos Projetos Segundo a Matriz Volume-Variedade A Matriz Volume-Variedade traz uma categorização das várias estratégias de manufatura em

um único gráfico onde as variáveis “volume e variedade” compõem os eixos da ordenadas e

abscissas respectivamente. Conforme pode-se ver na figura 7.

Page 49: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

40

Figura 7 – Matriz Volume Variedade

Patah (2004) realiza em seu trabalho uma análise entre a Matriz Volume-Variedade e as

estruturas organizacionais tradicionais para gerenciamento de projetos (funcional, matricial e

projetizada). Em sua análise, Patah (2004), relaciona as estruturas organizacionais com as

estratégias de manufatura. O que pode ser visto na figura 8.

Page 50: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

41

Figura 8 – Proposta de Matriz Volume Variedade e Estrutura Organizacional

Ressalta-se que estas estruturas se mostram pertinentes em organizações que não vêm

necessidade de estruturar uma estrutura formal para o gerenciamento de projetos (PMO).

Patah (2004) também analisa de maneira análoga a estratégias de manufatura das

organizações com os modelos de PMO definidos por Dinsmore (1998). Em sua análise, Patah

(2004) coloca que: a equipe autônoma de projeto trabalha bem quando o projeto não tem

necessidade de manter uma grande interface com o restante da organização e a empresa tem

pouca experiência em projetos e que nesse caso este tipo de estrutura seria mais bem aplicada

a uma empresa com processo de produção contínuo que, eventualmente, irá implantar um

projeto.

Quanto aos modelos PSO(s) o autor comenta a utilização destes em cenários de projetos

liderados por gerentes de projetos fortes, cuja organização possua conscientização para o

gerenciamento de projetos e que a necessidade de documentação de apoio e rastreamento

formalizado exista e que aconteçam muitos projetos concomitantes. Estes seriam mais

adequados para organizações cuja estratégia de manufatura se localizasse entre a produção em

massa e a produção por lotes.

Page 51: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

42

Em relação aos modelos PMCOE(s), o autor coloca que estes seriam adequados para

corporações com responsabilidades globais, cujos projetos fossem de diferentes naturezas e

cujas organizações prefiram abordagens mais comedidas no sentido de influenciar a cultura

interna. Esta estrutura seria mais adequada para organizações cuja estratégia de manufatura se

localizasse entre a produção por lotes e a produção por jobbing.

Já a estrutura PrgMO(s) seriam aplicáveis quando a administração corporativa tivesse se

comprometido a gerenciar empreendimentos prioritários por projetos, quando houvesse

maturidade organizacional adequada para que uma superintendência de projeto funcionasse de

maneira eficaz e, por fim, quando não gerenciar por projetos gerassem fortes conseqüências

negativas. Este formato de PMO deveria ser aplicado somente em empresas cuja estratégia de

manufatura fosse exclusivamente para projetos, ou entre jobbing e projetos.

Por fim, o autor coloca a utilização de estruturas do tipo CPO(s) para organizações globais,

que fossem orientadas para empreendimentos multidisciplinares e que exijam os resultados de

projetos múltiplos e complexos atendendo a tríplice restrição. Esta estrutura deveria ser

aplicada às organizações cuja estratégia de manufatura fosse exclusivamente para projetos.

Pode-se ver de maneira resumida a proposta de Patah (2004) na figura 9.

Page 52: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

43

Figura 9 – Matriz Volume Variedade x PMOs

2.5 Classificação dos Projetos Segundo a Matriz Complexidade-Incerteza Patah (2004) traz também em seu trabalho outro conceito pertinente em relação às

características de projetos que são fundamentais na determinação da estrutura a ser

implantada para o gerenciamento de projetos em qualquer organização. Este outro conceito a

ser considerado é o conceito da Matriz Complexidade-Incerteza. Este conceito foi definido

inicialmente por Maximiano (2002).

Maximiano (2002) define a complexidade de um problema ou situação como uma medida do

número de variáveis envolvidas. Portanto, um projeto complexo estaria obrigatoriamente

definido como um projeto que possua um grande número de variáveis.

Em relação à incerteza, o mesmo autor define como uma escala e que significa

desconhecimento do resultado ou mesmo do caminho para se chegar ao resultado.

Conseqüentemente, quanto maior o desconhecimento, maior também será a incerteza e o risco

relacionado ao projeto.

Page 53: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

44

Maximiano (2002), portanto, utilizando-se destes dois conceitos para estabelecer a Matriz de

Complexidade-Incerteza; onde classifica os projetos em quatro categorias.

• Pequeno número de variáveis e elevada incerteza quanto ao resultado final: Por

exemplo: projetos mono-disciplinares de pesquisa.

• Pequeno número de variáveis e pouca incerteza quanto ao resultado final: Por

exemplo: pequenos projetos de engenharia, organização de um congresso;

• Grande número de variáveis e elevada incerteza quanto ao resultado final: Por

exemplo: grandes projetos multidisciplinares de P&D;

• Grande número de varáveis e pouca incerteza quanto ao resultado final: Por exemplo:

visita do papa e jogos olímpicos.

É fácil concluir que para projetos, seja de alta complexidade, seja de alta incerteza, a

utilização do subconjunto das boas práticas de gerenciamento de projetos se mostra como uma

ferramenta altamente relevante para o sucesso.

Page 54: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

45

3 METODOLOGIA

3.1 Tipos de pesquisas

A partir de uma dada teoria, Bryman (1995) define a pesquisa quantitativa a partir da

formulação de hipóteses com variáveis que possibilitam medir a hipótese. Segundo este

mesmo autor, a pesquisa qualitativa também permite chegar ao conhecimento científico,

porém, chama a atenção para as seguintes características desta: o pesquisador tem

proximidade ao fenômeno de estudo; utiliza-se de múltiplas fontes de dados; o pesquisador é

o instrumento fundamental e o ambiente a fonte de informações.

Conforme ressalta Yin (1994) existem muitas maneiras de fazer pesquisa – estudo de caso,

experimentos, análise de informações de arquivos, levantamento e história - e o que determina

a opção por um método ou outro são:

• O tipo de problema;

• Controle do pesquisador sobre o comportamento dos eventos;

• Enfoque no contemporâneo versus fenômeno histórico.

A tabela 2 resume as características dos métodos de pesquisa segundo Yin (1994).

Tabela 2 - Resumo de características

Page 55: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

46

Para o presente estudo, optou-se pelo método de estudo de caso que, como se pode ver, tem o

foco em eventos contemporâneos.

O desenvolvimento deste estudo segue estrutura de uma pesquisa aplicada com a utilização de

abordagens, tanto qualitativas, quanto quantitativas. Este trabalho terá como base a análise de

dados colhidos a partir de questionários semi-estruturados e a partir de entrevistas semi-

estruturadas.

3.1.1 Estudo de Caso Segundo Yin (1994), “o estudo de caso é uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno

contemporâneo dentro do seu contexto na vida real, especificamente quando os limites entre

o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”.

No caso deste trabalho, como fenômeno contemporâneo entende-se a implantação de

estruturas organizacionais para o gerenciamento de projetos e, como ambiente, entende-se a

empresa analisada.

Yin (1994) também considera pelo menos quatro tipos de aplicações possíveis para o estudo

de caso. O primeiro tipo se refere às ligações causais das intervenções na vida real. O segundo

tipo se refere à descrição do contexto da vida real na qual uma intervenção tenha ocorrido. O

terceiro tipo se refere à descrição a partir de um caso ilustrativo. E, por fim, o quarto tipo se

refere à estratégia do uso do caso para explorar situações que não têm um conjunto de

resultados claros.

Adicionalmente, este mesmo autor classifica os estudos de caso em quatro tipos segundo a

natureza do projeto. Yin (1994) propõe a representação destes quatro casos em uma estrutura

matricial onde as linhas são divididas em duas abordagens possíveis: Holística e Específica; e

as colunas são divididas em dois tipos de casos: Simples e Múltiplos. A Tabela 3 apresenta os

tipos de estudo de casos propostos por Yin (1994).

Page 56: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

47

Tabela 3 - Tipos de Estudos

O que Yin (1994) classifica como holístico é um projeto de âmbito mais geral, enquanto como

específico ou embutido, um projeto de âmbito específico. Este estudo, uma vez que sua

unidade de análise é uma divisão de um conglomerado de organizações, poderia ser

classificado como de âmbito específico; no entanto, uma vez que aspectos relacionados ao

conglomerado deverão ser levados em consideração, deve-se caracterizar este estudo de caso

como de âmbito holístico.

Yin (1994) também apresenta três razões para se escolher um estudo de caso simples; onde a

primeira razão seria o caso crítico que serve para testar uma teoria formulada; a segunda razão

seria o caso único que serve para estudar uma determinada situação rara que, através do caso

possa ser documentado e analisado o problema; a terceira razão seria a relacionada com o

caso revelador que acontece quando um pesquisador observa e analisa um fenômeno

previamente inacessível pela investigação científica. Um caso simples também pode ser de

âmbito geral ou específico.

Quando um mesmo estudo contém mais de um caso simples, este se constituirá em um caso

múltiplo. Yin (1994) considera os casos múltiplos passíveis de replicação como se fossem

múltiplos experimentos.

Para este trabalho optou-se pela análise de um único caso que conforme Yin (1994) servirá

para estudar determinada situação rara que, através do caso possa ser documentado e

analisado; i.e., analisar qual a estrutura de PMO deve ser estruturada a fim de melhorar os

resultados da divisão e, conseqüentemente, da organização.

Page 57: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

48

Resumidamente, este trabalho será um estudo de caso simples e de âmbito holístico.

3.2 Operacionalização de Conceitos Conforme exposto em 1.8, o objetivo central deste estudo é:

• Definir um modelo de PMO para a unidade de análise que consiga agregar valor ao

gerenciamento dos projetos e que, conseqüentemente, propicie melhores resultados

para a organização.

Patah (2004), em seu trabalho visou comprovar as seguintes proposições:

• “A escolha da estrutura do gerenciamento de projetos, suas características e seus

processos de implantação dependem do tipo de organização e do papel da atividade

de projetos enquanto fonte de vantagem competitiva;”

• “As organizações buscam o alinhamento do tipo adequado de estrutura de

gerenciamento de projetos a sua estratégia de manufatura, com o objetivo de

maximizar os benefícios proporcionados pelo mesmo.”

Estas proposições se mostraram verdadeiras em todos os três casos analisados no estudo

realizado por Patah (2004). Como conseqüência, o presente trabalho se utilizará destas

proposições como referência para o dimensionamento da estrutura de PMO para a específica

unidade de análise deste estudo. Isto é: O papel da atividade de projetos enquanto fonte de

vantagem competitiva e o tipo de organização na unidade de análise, assim com a estratégia

de manufatura serão variáveis básicas para o dimensionamento da estrutura de PMO.

As seguintes variáveis serão estudadas:

• O papel estratégico da unidade de análise;

• O gerenciamento de projetos

o A estrutura organizacional implantada na unidade de análise;

o Quantidade de Recursos Disponíveis;

• A estratégia de manufatura da unidade de análise

o Volume médio de Projetos

o Quantidade média de pessoas por projetos

Page 58: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

49

o Variedade dos Projetos

Posteriormente, uma vez quantificadas e qualificadas estas variáveis, as ferramentas de Matriz

Volume-Variedade adaptada por Patah (2002) (figura 9), a Matriz de Complexidade-Incerteza

e a Matriz de Prioridade de Projetos de Kezner (2002) serão utilizadas no suporte ao

dimensionamento do modelo de PMO para a unidade de análise.

3.3 Coleta dos Dados Conforme citado anteriormente, este trabalho tem a pesquisa de campo como instrumento

fundamental para a realização do mesmo. No entanto, não se limita à pesquisa, mas também

faz uso de pesquisas bibliográficas e documental.

3.3.1 Pesquisa de Campo Este trabalho teve como um dos instrumentos fundamentais a pesquisa de campo de caráter qualitativo e quantitativo.

Page 59: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

50

4 ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1 Estudo de Caso

4.1.1 Unidade de Análise A unidade de análise deste estudo é a Superintendência de Comunicação (SC) de um

renomado e importante conglomerado que se destaca como um dos principais players em

todos os segmentos do aço que atua. A SC se localiza fisicamente na sede, na cidade de Belo

Horizonte, em Minas Gerais.

A empresa foi criada 54 anos atrás e está presente em quatro eixos de negócios: Mineração e

Logística; Siderurgia; Transformação do Aço e Bens de Capital. Além disso, a empresa

possui capacidade nominal para produzir 9,5 milhões de toneladas de aço bruto por ano e

responde por 25% da produção brasileira de aço.

O conglomerado é composto por doze empresas, ou unidades estratégicas, que estão

fortemente relacionadas com os vários segmentos da cadeia do aço. Isto é, as doze empresas

procuram compor uma estrutura que, ao mesmo tempo em que atua nos vários segmentos dos

derivados do aço, verticaliza o beneficiamento do mesmo. As empresas se encontram

distribuídas entre as regiões sul, sudeste e nordeste brasileiro e totalizam mais de 29.000

colaboradores próprios.

O relatório anual de 2009 informa que a empresa teve uma receita líquida de R$10,9 bilhões,

lucro líquido de R$1,3 bilhão e geração de caixa medida de EBITDA de R$1,5 bilhão. O

informe de resultados do segundo semestre de 2010 anuncia o lucro líquido de R$347 milhões

e EBITDA de R$872 milhões. O acumulado no semestre de 2010 foi, para o lucro líquido é

de R$676 milhões e EBITDA de R$ 1,6 bilhão.

4.1.2 Contextualização

Também segundo informações contidas no relatório anual do exercício de 2009, a empresa

vem implementando uma série de ações a fim de estabelecer um novo posicionamento tanto

Page 60: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

51

no mercado interno, como no mercado externo. Estas ações passam diretamente pelas

mudanças de postura externa e, principalmente, postura interna da empresa.

Como pontos fortes que comprovam mudanças na postura externa, citam-se as redefinições de

diretrizes estabelecidas em seu Mapa Estratégico, o desenvolvimento de novos produtos e

serviços e a diversificação da cadeia de negócios. De maneira análoga, como exemplos

fundamentais que definem uma mudança de postura interna, citam-se o aprimoramento de

sistemas de gestão e a consolidação de nova cultura organizacional.

4.1.3 A Estrutura Organizacional A SC é subdividida em duas coordenadorias; a Coordenadoria de Comunicação Interna (CCI)

e a Coordenadoria de Comunicação Externa (CCE), conforme pode ser visto no organograma

da SC mostrado na figura 10.

Figura 10 - Organograma da Unidade de Análise

A estrutura organizacional implantada na SC é matricial fraca. Descendo, no organograma,

encontram-se as especialidades dentro de cada uma das coordenadorias – que na figura são

chamadas de divisões. Em cada uma destas divisões têm-se os profissionais especialistas que

realizam as atividades do dia a dia da SC.

Page 61: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

52

Além dos especialistas das divisões localizados na sede, existem profissionais também da SC

nas unidades estratégicas que compõem a empresa.

A SC, portanto, se assemelha a uma unidade de serviços compartilhados, uma vez que recebe

demandas de todas as unidades estratégicas que compõem o conglomerado. Prontamente,

pode-se fazer uma analogia da SC a uma empresa prestadora de serviços que se localiza

dentro da empresa cliente. Este trabalho procurou seguir esta perspectiva para demonstrar e

propor a melhor estrutura de PMO.

A estrutura da SC é composta por 12 profissionais que se encontram distribuídos entre a sede

e as unidades estratégicas.

4.1.4 O Papel Estratégico O relatório anual de 2009 coloca da seguinte forma o papel estratégico da CCI: “a

comunicação interna é uma atividade estratégica que contribui para a criação de uma visão

coletiva e compartilhada sobre o negócio e os rumos da Empresa. É por meio dela que os

colaboradores têm acesso às informações que impactam o dia a dia de trabalho – com

abertura e transparência – ampliando o entendimento sobre valores, estratégia, cultura e o

novo jeito de ser.”

Dessa forma, pode-se ver a importância estratégica do CCI como fonte de realização e

consolidação dos objetivos internos traçados pela empresa citados no item 4.1.2 deste

trabalho.

A pesquisa de campo também mostrou uma importância de média à alta para os projetos

conduzidos pela SC para a manutenção e/ou crescimento da vantagem competitiva da

organização. Considerando a matriz estratégica proposta por Kerzner (2002) e apresentada no

item 2.3.1 deste trabalho, os projetos desenvolvidos se enquadram basicamente em três tipos:

Qualidade Alta – Benefícios Altos, Qualidade Média – Benefícios Altos e Qualidade Alta –

Benefícios Médios.

4.1.5 Gerenciamento de Projetos

Page 62: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

53

No que tange ao gerenciamento de projetos na SC, a quantidade de projetos desenvolvidos é

de aproximadamente sessenta projetos por ano. Os quais possuem prazo médio de dois meses

e chegam a custar mais de R$1,5 milhão. O número médio de profissionais envolvidos nos

projetos, incluindo os líderes de projetos, é de aproximadamente três.

As equipes de projetos podem ser compostas por profissionais da SC e por profissionais de

outras superintendências; o que determina um caráter de multidisciplinaridade na condução de

projetos. Conforme citado no item 4.1.3, a estrutura organizacional existente é matricial. Mais

especificamente matricial fraca; onde os líderes funcionais possuem mais poderes do que os

líderes de projetos. Cabe ainda ressaltar que existem projetos que são auto-contidos à SC, mas

que necessitam da interação entre as coordenadorias, entre as divisões e, até mesmo, entre as

UE e a sede.

Das atividades desenvolvidas na SC, aproximadamente 50% estão vinculadas aos projetos;

isto é; 50% do tempo dos profissionais são consumidos por atividades que compõem a

iniciação ou planejamento ou execução ou controle e monitoramento ou encerramento. Os

outros 50% do tempo dos profissionais são consumidos por atividades que compõem suas

atribuições diárias (processos), sem relação com os projetos.

Um percentual relativamente médio de projetos, 20%, possuem alto grau de complexidade e

um percentual alto dos projetos, 70%, apresentam alto grau de incertezas.

A pesquisa mostra que existe o estabelecimento de métricas de desempenho para os projetos a

fim de medir o sucesso dos projetos. Porém, estas métricas são estabelecidas para a maioria

dos projetos, não se aplicando a todos os projetos desenvolvidos na SC.

A grande maioria dos projetos, 85%, pode ser classificada como projetos com sucesso.

Apenas 15% dos projetos, que têm métricas estabelecidas, apresentam desvios de custo ou

qualidade ou prazo ou escopo.

Apesar do alto índice de sucesso de projetos, a SC não possui metodologia formal para o

gerenciamento de projetos; nem mesmo profissionais que compõem a estrutura que possuam

algum tipo de certificação em gerenciamento de projetos. Adicionalmente, a função de

gerente de projetos não compõe a estrutura.

Page 63: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

54

4.1.6 Estratégia de Manufatura A pesquisa mostrou que, dentre os produtos e/ou serviços produzidos pela SC, há uma alta

variedade de produtos; aproximadamente três mil produtos por ano. O que leva a

aproximadamente 300 produtos diferentes por mês.

Em relação ao volume de produtos e/ou serviços produzidos pela SC, a pesquisa mostrou que

o volume de também é alto; aproximadamente cinco mil produtos por ano. Aproximadamente,

500 produtos por mês.

A figura 11 mostra a matriz volume-variedade enquadrando a estratégia de manufatura da

unidade de análise e as estratégias de manufatura distribuídas.

Figura 11 - Enquadramento da unidade de análise na matriz

4.2 Diagnóstico Obtido Conforme as informações apresentadas no item 4.1 deste estudo, a SC é uma unidade de

serviços compartilhados que recebe demandas de toda a organização. Considerando o

Page 64: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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contexto atual, possui papel estratégico no mínimo fundamental para o atendimento dos

objetivos organizacionais de manutenção/crescimento do diferencial competitivo.

Os resultados mostrados referentes ao índice de sucesso dos projetos desenvolvidos e,

principalmente, considerando a equipe enxuta de profissionais na estrutura dada a quantidade

e variedade dos projetos, é resultado de uma equipe muito qualificada.

A matriz volume-variedade para a SC define uma estratégia de manufatura que se encontra

entre jobbing e projeto determinando um caráter muito forte superintendência com a execução

de projetos. Adicionalmente, os projetos desenvolvidos na SC podem possuir orçamentos

elevados, como citado no item 4.1.5, e foram classificados como de alto grau de incerteza

para 70% dos projetos e de alta complexidade para 20% dos projetos. Assim, a inexistência de

formalização para metodologia de gerenciamento de projetos, assim como a inexistência de

posições explicitas de gerente de projetos são fatores divergentes na estrutura e merecem ser

endereçados.

Este estudo, como mencionado anteriormente, tece os olhares para a superintendência de

comunicação como uma organização independente e prestadora de serviços para a

organização maior. Portanto, segundo Patah (2004), para uma empresa que se enquadra em

uma estratégia de manufatura como é o caso da SC, a estrutura de PMO indicada é de um

PrgMO ou CPO.

Complementarmente, a análise do enquadramento dos projetos na matriz de seleção

estratégica de projetos proposta por Kerzner (2002), apresentada no item 2.3.1, suporta a

necessidade de um gerenciamento de projetos formalizado, com a existência de

profissional(is) integralmente envolvido no gerenciamento de projetos (gerentes de projetos),

possivelmente certificados e que exista suporte a melhoria contínua na metodologia de

gerenciamento de projetos.

As duas visões, tanto a gerada pela Matriz de Volume-Variedade, assim como a Matriz de

Seleção Estratégica de Projetos são coerentes ao informar a necessidade de aumento no

profissionalismo relativo ao gerenciamento de projetos. Este elemento é ainda mais ressaltado

ao lembrarmos o alto grau de incerteza presente em 70% dos projetos desenvolvidos na SC.

Page 65: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

56

De maneira conclusiva, pode-se dizer que uma estrutura que possibilite o amadurecimento em

gerenciamento de projetos que dê suporte aos líderes de projetos (gerentes de projetos) no

planejamento e condução, ao mesmo tempo, em que difunda a filosofia de gerenciamento de

projetos na SC poderá maximizar a utilização dos recursos empregados em projetos.

Conseqüentemente, aumentando o já grande índice de sucesso dos projetos.

O PrgMO é um PMO que assume essas responsabilidades e ao mesmo tempo se localiza

hierarquicamente em um ponto que se mostra extremamente coerente com as expectativas

estratégicas organizacionais para a SC. Haja vista a importância da SC na concretização dos

objetivos organizacionais, nada mais pertinente do que estruturar um PMO no nível da

superintendência para maximizar o atendimento destes mesmos objetivos.

Page 66: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

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5 CONCLUSÃO O presente estudo pode mostrar a importância da Superintendência de Comunicação no

atendimento dos objetivos organizacionais e os ótimos resultados já proporcionados pela

presente estrutura.

Pôde mostrar também que os resultados podem ser impulsionados a partir do aumento na

formalização do gerenciamento de projetos desempenhado na superintendência a partir da

implantação de uma estrutura de PMO que possua funcionalidades de um PrgMO e que se

encontre localizado na estrutura em nível da superintendência.

Esta estrutura proporcionará ganhos tangíveis – uma vez que maximizará a utilização dos

recursos nos projetos e aumentando o percentual de projetos de sucesso – assim como ganhos

intangíveis – uma vez que claramente proporcionará um melhor alinhamento dos projetos

executados com os propósitos estratégicos organizacionais.

Page 67: TCC - MBA Gerenciamento de Projetos - Guilherme Fortunato

58

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PMI, PROJECT MANAGEMENT INSTITUT A Guide to the Project Management Body

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Gerenciamento de Projetos Brasil 2009 – Relatório Principal – Perspectiva Geral –

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USIMINAS. Relatório de Resultados – Segundo Trimestre de 2010. Disponível em

http://ript.usiminas.com/irj/go/km/docs/prtl_doc/corporativo/Resultados/resultados.pdf .

Acesso em: 06 de Ago. 2010.

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61

7 ANEXOS

7.1 Anexo I – Instrumento de Pesquisa Completo

O instrumento de pesquisa proposto é composto por trinta e uma perguntas e dividido em três

partes onde se abordam o papel estratégico da unidade de análise, o gerenciamento de projetos

existente na unidade de análise e a estratégia de manufatura da mesma.

7.1.1 Parte I – O Papel Estratégico da Unidade de A nálise A seguinte parte tem como objetivo levantar o papel estratégico da unidade de análise a fim

de determinar a importância das atividades executadas.

1. O papel estratégico dos projetos desenvolvidos são importantes para a manutenção

e/ou crescimento da vantagem competitiva da organização?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei

2. Se importantes, qual a nota para a importância da maioria dos projetos desenvolvidos

na unidade de análise? Considere, quanto maior a nota, maior a importância.

( )10-8 ( )7-5 ( )4-2 ( )1

3. Discorra sobre a importância estratégica dos projetos desenvolvidos pela unidade de

análise.

4. Discorra sobre o papel estratégico da unidade de análise.

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5. Considerando todos os projetos que envolvam a unidade de análise, preencha as

lacunas da figura a seguir com o percentual dos projetos conforme se enquadrem.

7.1.2 Parte II – Gerenciamento de Projetos Esta parte da pesquisa tem como objetivo levantar indicadores quantitativos e qualitativos que

demonstrem o nível de maturidade em gerenciamento de projetos existente na unidade de

análise, assim como os gaps de melhoria a serem atacados.

6. Qual é a quantidade média anual de projetos desenvolvidos na unidade de análise? _________ Projetos/Ano ( )Não Sei 7. Qual é o percentual de atividades desenvolvidas na unidade de análise que são

relacionadas a projetos?

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_______% ( )Não Sei 8. São definidas métricas de sucesso para os projetos desenvolvidos na unidade de

análise?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei 9. Qual o percentual de sucesso dos projetos desenvolvidos na unidade de análise? _________% ( )Não Sei 10. Existe a posição explícita de gerente de projetos na unidade de análise? ( )Sim ( )Não ( )Não Sei 11. A unidade de análise possui metodologia para o gerenciamento de projetos? ( )Sim ( )Não ( )Não Sei 12. Se houver metodologia, qual é o percentual de aplicação da metodologia nos projetos

desenvolvidos na unidade de análise?

________% ( ) Não Sei 13. Existem profissionais certificados em gerenciamento de projetos na estrutura da

unidade de análise?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei 14. Se existirem profissionais certificados, qual é o percentual da estrutura que é certificado? ___________% ( ) Não Sei 15. Existem desvios de prazo ou custo ou escopo ou qualidade nos projetos desenvolvidos na unidade de análise? ( )Sim ( )Não ( )Não Sei 16. Se existirem desvios, qual é o percentual de projetos que sofrem desvios? ___________% ( )Não Sei 17. Qual é o orçamento médio dos projetos desenvolvidos na unidade de análise?

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R$__________ ( )Não Sei 18. Qual é o prazo médio dos projetos? _________Meses ( )Não Sei 19. Qual é a estrutura organizacional atual na unidade de análise? ____________ ( )Não Sei 20. Qual é a quantidade de profissionais vinculados às atividades de projetos na unidade

de análise?

_________ Profissionais ( )Não Sei 21. Qual é o número médio de profissionais envolvidos em cada projeto? __________Profissionais ( )Não Sei 22. Existem projetos que são desenvolvidos na unidade de análise que necessitam de interação entre as coordenadorias? ( )Sim ( )Não ( ) Não Sei 23. Os projetos desenvolvidos na unidade de análise são multidisciplinares (necessitam da

atuação de especialistas de outros departamentos?

( )Sim ( )Não ( ) Não Sei 24. Existem projetos que são desenvolvidos na unidade de análise que necessite a

interação de divisões internas?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei

25. Os projetos são de alta complexidade?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei

26. Se forem de alta complexidade, qual é o percentual dos projetos?

________% ( )Não Sei

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27. Os projetos possuem alto grau de incerteza?

( )Sim ( )Não ( )Não Sei

28. Se forem de alto grau de incerteza, qual é o percentual dos projetos?

________% ( )Não Sei

7.1.3 Parte III – A Estratégia de Manufatura Esta última parte do instrumento de pesquisa visa definir a estratégia de manufatura da

unidade de análise em relação aos produtos e serviços entregues.

29. Discorra sobre os produtos e serviços entregues pela unidade de análise. 30. Qual é o volume de produtos e serviços entregues por ano? _____________ produtos/serviços ( )Não Sei 31. Qual é a variedade de produtos produzidos anualmente? _____________produtos diferentes ( )Não Sei