tcc: a eeob e o projeto reinventando o ensino mÉdio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS FABIANO JUNIOR DOMINGOS A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO Ouro Preto 2014

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O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a educação e como, a mesma, vem mudando ao longo do tempo. Muitas dessas mudanças foram ocasionados pela evolução tecnológica, propiciada, pelo ser humano. Os resultados, de tais mudanças, são palpáveis, sobretudo, no campo educacional. Apresenta, subsequentemente, a proposta do Projeto Reinventando o Ensino Médio (da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais) e a oferta de áreas de empregabilidades. Tal projeto apresenta diversas características, dentre elas, a oportunidade de reformular o ensino médio, ao oferecer uma nova forma de ensino e de aprendizagem. Adiante, o respectivo trabalho, apresenta uma análise da implantação do projeto na Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG, no ano de 2013. Ainda irá verificar quais as mudanças ocorridas no ambiente escolar, a níveis de estrutura e organização. Verificando qual o impacto da implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de empregabilidade.

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Page 1: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

FABIANO JUNIOR DOMINGOS

A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO

REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

Ouro Preto

2014

Page 2: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA E A DISTÂNCIA - CEAD

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

FABIANO JUNIOR DOMINGOS

A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO

REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada ao Curso de

Especialização em Práticas Pedagógicas

do Centro de Educação Aberta e a

Distância da Universidade Federal de

Ouro Preto – UFOP, como requisito

parcial para obtenção do título de

Especialista em Práticas Pedagógicas.

Orientadora: Profª Dr. Mônica Versiani

Machado

Ouro Preto

2014

Page 3: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

FABIANO JUNIOR DOMINGOS

A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada por FABIANO JUNIOR DOMINGOS, em ___ de _________ de 2014, ao Curso de Especialização em Práticas Pedagógicas d o Centro de Educação Aberta e a Distância da Universidade de Ouro Preto – UFOP, e aprovada pela banca examinadora constituída dos professores:

Aprovada em: ___ de _______ de 2014.

Prof.ª MONICA VERSIANI MACHADO – Orientadora Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

_______________________________________________________________

Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP

Page 4: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

DEDICATÓRIA Aos meus alunos, colegas e amigos da E. E. Odilon Behrens que se fazem presentes em vários aspectos do meu dia a dia.

Page 5: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus; pois quando fraquejei, Nele

busquei forças.

À minha família que sempre me apoiou, em especial minha mãe que

sempre compreendeu a importância do ato da busca do conhecimento e ao

meu pai que me ensina até hoje a importância do esforço.

À Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e sua equipe docente

que oportunizou esta graduação e os meios para a sua realização através do

Polo de Apoio Presencial Prof. José Coelho Perpétuo em Divinolândia de

Minas.

À minha orientadora Monica Versiani Machado, professora e orientadora

do TCC, pela competência notória, sempre solícita, oferecendo-me grande

suporte durante a confecção deste trabalho, conduzindo-me de maneira eficaz

e incentivadora na elaboração e apresentação deste trabalho.

E finalmente à Escola Estadual Odilon Behrens, onde dei os primeiros passos,

ainda que vacilantes, no campo da docência.

A todos a minha profunda gratidão.

Page 6: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

Eu estava com a cabeça quente. Queria descansar, parar de pensar. Para parar de pensar nada melhor que trabalhar com as mãos. Peguei minha caixa de ferramentas, a serra circular e a furadeira e fui para o terceiro andar, onde guardo os meus livros. Iria fazer umas estantes. As tábuas já estavam lá. Nem bem comecei a trabalhar de carpinteiro e fui interrompido com a chegada da faxineira. Com ela, sua filhinha de 7 anos, Dinéia. Carinha redonda, sorriso mostrando os dentes brancos, trancinhas estilo afro. O que era de se esperar numa menina da idade dela era que ficasse com a mãe. Não ficou. Preferiu ficar comigo, vendo o que eu fazia. Por que ela fez isso? Curiosidade. Curiosidade é uma coceira que dá nas ideias... Aquelas ferramentas e o que eu estava fazendo a fascinavam. Ela queria aprender. “O que é isso que você tem na mão?”, ela perguntou. “É uma trena”, respondi. “Para que serve a trena?”, ela continuou. “A trena serve para medir. Preciso de uma tábua de um metro e vinte. Assim, vou medir um metro e vinte. Veja!” respondi. Puxei a lâmina da trena e lhe mostrei os números. Ela olhou atentamente. “Você já sabe os números?”, perguntei. “Sei”, ela respondeu. Continuei: “Veja esses números sobre os risquinhos. O espaço entre esses risquinhos mais compridos é um centímetro. Um metro tem cem centímetros, cem desses pedacinhos. Note que de dez em dez centímetros o número aparece escrito em vermelho. É que, para facilitar, os centímetros são amarrados em pacotinhos de dez. Um metro é feito com dez pacotinhos de dez centímetros. Um metro e vinte são dez desses pacotinhos, para fazer um metro, mais dois, para completar os vinte centímetros que faltam”. Marquei um metro e vinte na tábua com um lápis e me preparei para riscar a tábua. Assim se iniciou uma das mais alegres experiências de ensino e aprendizagem que tive na minha vida. A Dinéia queria saber de tudo. Não precisei fazer uso de nenhum artifício de “motivação” para que ela estivesse motivada. O que a motivava era o fascínio daquilo que eu estava fazendo e das ferramentas que eu estava usando. Seus olhos e pensamentos estavam coçando de curiosidade. Ela queria aprender para se curar da coceira... Os gregos diziam que a cabeça começa a pensar quando os olhos ficam estupidificados diante de um objeto. Pensamos para decifrar o enigma da visão. Pensamos para compreender o que vemos. (Alves, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender/Rubem Alves. - Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004.)

Page 7: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a educação e como, a mesma, vem mudando ao longo do tempo. Muitas dessas mudanças foram ocasionados pela evolução tecnológica, propiciada, pelo ser humano. Os resultados, de tais mudanças, são palpáveis, sobretudo, no campo educacional. Apresenta, subsequentemente, a proposta do Projeto Reinventando o Ensino Médio (da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais) e a oferta de áreas de empregabilidades. Tal projeto apresenta diversas características, dentre elas, a oportunidade de reformular o ensino médio, ao oferecer uma nova forma de ensino e de aprendizagem. Adiante, o respectivo trabalho, apresenta uma análise da implantação do projeto na Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG, no ano de 2013. Ainda irá verificar quais as mudanças ocorridas no ambiente escolar, a níveis de estrutura e organização. Verificando qual o impacto da implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de empregabilidade no ambiente escolar, e se sua implementação atendeu os pressupostos estabelecidos originalmente.

Palavras-chave: Escola. Reinventando o Ensino Médio. Áreas de empregabilidade. Educação.

ABSTRACT

This paper presents a reflection on education and how the same has been changing over time. Many of these changes were brought about by technological change, brought about by humans. The results of such changes are palpable, especially in the educational field. Subsequently presents the proposed Project Reinventing High School (State Department of Education of Minas Gerais) and the provision of areas empregabilidades. This project has several characteristics, among them, the opportunity to redesign the high school to offer a new way of teaching and learning. Further, their work presents an analysis of the implementation of the project in the State School Odilon Behrens, Guanhães - MG, in 2013. Still will check what the changes in the school environment, the level of structure and organization. Noting the impact of the implementation of the Project Reinventing High School and their respective areas of employment in the school environment, and its implementation met the assumptions originally established. Keywords: School. Reinventing High School. Areas of employability. Education.

Page 8: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. P. 09

2. DESENVOLVIMENTO ..................................................................................... P. 12

2.1 IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA ..................................................................... P. 14

3. REINVENTANDO O ENSINO .......................................................................... P. 16

3.1 A ESCOLA ESTADUAL ODILON BEHRENS E O REINVENTANDO O

ENSINO MÉDIO ................................................................................................... P. 17

3.2 O PROGRAMA REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO AO LONGO DO

ANO ESCOLAR DE 2013 .................................................................................... P. 19

3.3 ANALISANDO O REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO NA ESCOLA

ESTADUAL ODILON BEHRENS ........................................................................ P. 20

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. P. 23

4.1 CONCLUSÕES .............................................................................................. P. 24

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................ P. 26

Page 9: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

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1 – INTRODUÇÃO

Desde o início dos tempos o ser humano aprendeu que para sobreviver

e evoluir ele tinha que viver em sociedade; como resultado, surgiram as

primeiras formas de agrupamentos humanos. Como parte de um processo,

percebeu-se a necessidade de “educar” os mais jovens, o que mais tarde

resultou no surgimento das primeiras escolas.

É na escola que o jovem é estimulado a evoluir de forma intelectual e,

também, em nível social. O educando socializa-se com indivíduos de sua faixa

etária e recebe as diversas formas de conhecimento.

Daí se infere imediatamente que a cultura, quer enquanto processo, quer enquanto produto, tem uma exigência de continuidade. De um lado, a continuidade do processo está ligada à própria sobrevivência de sua condição humana. De outro, os bens culturais conquistados exigem, sob pena de se perderem, que sejam preservados. A continuidade do processo e a preservação dos bens estão interligados e fornecem a motivação básica para a comunicação interpessoal, seja no sentido horizontal relativo aos membros de uma mesma geração, seja no sentido vertical, referente à transmissão das conquistas de uma geração para a outra. É por isso que a cultura não sobrevive a não ser no meio social. E o instrumento de que ela se utiliza para sobreviver será inevitavelmente aquele que definirá o processo educativo. (ROMANELLI, 1986, p. 20.)

E é graças a esse processo evolutivo que, mais tarde, surgiram as

instituições de ensino, responsáveis pelo processo socioeducativo. E, no

ambiente escolar, o educando depara-se com um ambiente diferente de tudo

até então. Ele recebe o conhecimento e socializa com outros de sua classe

e/ou faixa etária. ROMANELLI, ainda afirma que:

A educação para o desenvolvimento numa realidade complexa, como é a brasileira, teoricamente não é um conceito fácil de se construir, já que se trata de pensar a educação num contexto profundamente marcado por desníveis. E pensar a educação num contexto é pensar esse contexto mesmo: a ação educativa processa-se de acordo com a compreensão que se tem da realidade social em que se está imerso. (ROMANELLI, 1986, p. 23.)

O nosso país é claramente marcado pelos ‘desníveis’ que ROMANELLI

cita.

Page 10: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

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As salas de aula, atualmente, são compostas por alunos das mais

variadas origens, desde alunos com uma condição social elevada, aos que a

família depende de ajuda financeira do governo. Lembrando que, o nível

cultural e de desenvolvimento humano, dessas pessoas são variados.

Talvez, tais ‘desníveis’, fizeram com que o governo tomasse medidas

para valorizar cada vez mais a educação; assim como já acontece em outros

países. Um exemplo de tal fato é o que é descrito por Castro (1998, p. 14):

Nos últimos 30 anos, conforme já foi mencionado, o sistema educacional brasileiro sofreu uma acelerada expansão, registrando-se neste período um vigoroso crescimento das matrículas em todos os níveis de ensino. Dentre os fatores que contribuíram para impulsionar este processo, além da natural pressão demográfica, cabe destacar a forte demanda por serviços educacionais criada em decorrência da rápida urbanização do País e o correspondente esforço realizado pelo Poder Público para expandir o acesso à escolaridade obrigatória.

A sociedade mudou, e com ela as políticas educacionais. E tal fato é

retratado na Lei de Diretrizes e Bases (LDB):

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996)

Há muito que o dever da escola deixou de ser apenas o de ensinar a ler

e a escrever. Atualmente a função da escola é fornecer as ferramentas

necessárias para que nossos jovens adquiram habilidades no intuito de

ingressar, mais tarde, no mundo do trabalho. Mas para que essa premissa, a

priori, seja real é imperativo que sejam ofertadas as ferramentas ideais aos

nossos jovens. E, de uma forma ou de outra, isso já vem ocorrendo, em todo o

país, através das mais diversificadas políticas públicas de âmbito educacional.

E tais políticas voltadas para o campo da educação e do ensino vêm em uma

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hora em que as escolas necessitam de modificações para incluírem-se no novo

século.

O Estado de Minas Gerais, através da Secretaria Estadual de Educação

(SEE MG), implementou o Projeto Reinventando o Ensino Médio, no ano de

2012. Tal projeto foi implantado em caráter probatório em onze escolas de

ensino médio da região metropolitana de Belo Horizonte - MG, no ano seguinte,

foi ofertado para algumas escolas do Estado de Minas Gerais; e no ano de

2014 o projeto foi implementado em toda rede escolar mineira.

A implementação de um projeto de grande magnitude como esse não é

fácil. Pensando assim, pretende-se, através deste, estudar o caso da

implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio, na Escola Estadual

Odilon Behrens, in loco, (Guanhães – MG).

Este estudo busca saber:

Que mudanças foram necessárias para que o projeto funcionasse;

Se a implantação do projeto está alcançando as premissas em

que se baseia.

Responder a tais questões é algo pertinente ao momento; afinal de

contas estudar projetos, como o Reinventando o Ensino Médio, poderá ser

benéfico para referências futuras. Em muitos casos, aceita-se um projeto, em

nível municipal, regional ou estadual; sem antes saber se, o mesmo, será

pertinente ao desenvolvimento do educando. A exemplo de outros cursos que

foram implantados, mas, logo, foram suspensos. Os motivos são variados:

mudanças de gestão governamental, falta de apoio político, não cumprimento

de metas pré-estabelecidas, dentre outros.

Page 12: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

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2 – DESENVOLVIMENTO

O Ensino Médio, a partir dos anos de 1990, passou por uma expansão;

como afirma Castro (1998, p. 30):

O principal fenômeno educacional observado no Brasil na década de 90 tem sido a velocidade com que vem se dando à expansão do ensino médio, que repete com maior intensidade o movimento verificado nas décadas de 70 e 80 em relação ao ensino fundamental. Por isso, pode-se afirmar, sem nenhum exagero, que os anos 90 se caracterizaram como a década da democratização do acesso ao ensino médio. De fato, no período de 1990 a 1998, a matrícula neste nível de ensino praticamente dobrou, saltando de 3,5 milhões de alunos para aproximadamente 6,9 milhões, segundo aponta o resultado preliminar do Censo Escolar deste ano. O número de concluintes também duplicou, passando de 658 mil em 1990 para 1,3 milhão, em 1997. A estimativa para 1998 é de 1,5 milhão de concluintes. Este aumento pressiona fortemente a demanda por vagas no ensino superior e, também, em cursos profissionalizantes pós-médio.

A partir da afirmação acima, pode-se perceber que a sociedade

brasileira passou a oferecer melhores condições de acesso a educação,

direcionada aos jovens. De certa forma, aqueles que antes não tinham a

oportunidade de frequentar o Ensino Médio e, possivelmente, o Ensino

Superior, agora poderiam. Mais tarde, outras políticas que garantissem esse

acesso surgiriam, como descrito abaixo:

Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, a obrigatoriedade do ensino dos 04 aos 17 anos deverá estar garantida até 2016, o que vai ao encontro da Meta 3 do novo Plano Nacional da Educação (em tramitação), que propõe a universalização do Ensino Médio até 2020 (15 a 17 anos), com taxa líquida de 85% de atendimento para essa faixa etária. Assim, para que este atendimento seja efetivo, é ímpar garantir o acesso à educação de qualidade e atender as necessidades e expectativas dos jovens brasileiros. (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa Ensino Médio Inovador: Documento Orientador. 2013. p. 03.)

Outro fator interessante que vem à baila é a questão de que a sociedade

vem experimentando uma verdadeira revolução tecnológica. De acordo com

Castells (2005):

A primeira Revolução em Tecnologia da Informação concentrou-se nos Estados Unidos e, até certo ponto, na Califórnia nos anos 70,

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baseando-se nos progressos alcançados nas décadas anteriores e sob a influência de vários fatores institucionais, econômicos e culturais. Mas não se originou de qualquer necessidade preestabelecida. Foi mais o resultado de indução tecnológica do que uma determinação social (CASTELLS, 2005, p. 69).

Nesse sentido, afirma o autor:

[...] é claro que a tecnologia não determina a sociedade. Nem a sociedade escreve o curso da transformação tecnológica, uma vez que muitos fatores, inclusive criatividade e iniciativa empreendedora, intervêm no processo de descoberta científica, inovação tecnológica e aplicações sociais, de forma que o resultado final depende de um complexo padrão interativo. Na verdade, o dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas (CASTELLS, 2001. p. 43).

A sociedade mudou e com ela seus antigos paradigmas. No que diz

respeito à educação, há um interesse cada vez maior em preparar o educando

para que ele, o educando, seja protagonista no cenário educacional.

Não é novidade que as escolas buscam cada vez mais integrar-se ao

novo século. Seja através de novas metodologias ou tecnologias. O governo,

nas diferentes esferas, também apercebe-se de tal singularidade. E, como

reação, têm-se a implementação de novos projetos que visam à melhoria do

ensino, mais verbas para o seu financiamento e novas políticas de ensino.

No Estado de Minas Gerais, em 2011, surgiu a ideia do Projeto

Reinventando o Ensino Médio, com uma proposta de inserção de áreas de

empregabilidade no currículo escolar do ensino médio:

Os percursos curriculares propostos adicionam os conteúdos das áreas de empregabilidade ao atendimento do que é estabelecido pelo Currículo Básico Comum (CBC) e estão consubstanciados na Resolução 2.030 da SEE/MG. Dessa forma, o estudante percorre, simultaneamente, dois eixos formativos inter-relacionados com identidade clara, de modo que, ao concluir o Ensino Médio como uma etapa significativa da vida escolar, além da formação que lhe permite o prosseguimento dos estudos, conte, também, com os instrumentos proporcionados pela área de empregabilidade cursada. Considerando o percurso curricular, o estudante contará, a todo o tempo, com um instrumento de tutoria na escola, que lhe permitirá, não apenas o acesso progressivo ao conhecimento das possibilidades profissionais inerentes às áreas de empregabilidade, como também contar com informações suficientes para a escolha adequada, a cada matrícula, entre as disciplinas disponibilizadas. Uma tal orientação é necessária, seja para a matrícula em disciplinas pertencentes ou não à área de empregabilidade de opção, seja para a matrícula em atividades não disciplinares. (MINAS GERAIS, 2013. p. 08)

Page 14: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

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Com a implantação do referido projeto, o estudante poderá optar por

uma área de empregabilidade que esteja disponível na instituição de ensino

estadual, ao ingressar no 1º ano do ensino médio.

A Escola Estadual Odilon Behrens (Guanhães-MG), atualmente, oferece

três áreas de empregabilidade: Meio Ambiente e Recursos Naturais,

Comunicação Aplicada e Tecnologia da Informação.

Embora o Estado de Minas Gerais tenha implantado, em caráter

obrigatório, o Projeto Reinventando o Ensino Médio em 2014, a Escola

Estadual Odilon Behrens (Guanhães-MG) foi selecionada em 2013 para ofertar

áreas de empregabilidade.

2.1 - Identificação da Escola

A Escola Estadual Odilon Behrens, situada na Praça Benedito Pereira,

263, Guanhães, Minas Gerais, é reconhecida pela portaria nº 062966-

08/11/1946.

A estrutura física deste estabelecimento é de excelente qualidade, e

conta com manutenção assídua da direção e muito zelo por todos.

A escola contém 22 salas de aula, 02 laboratórios de informática, 01

laboratório de Química/Física/Biologia, biblioteca ampla, refeitório, quadra

poliesportiva coberta, sala para os professores, a direção e vice direção, as

especialistas, a secretaria e 12 banheiros em perfeito estado de conservação e

funcionamento. Pátios amplos, dois tablados, além de jardins e mesas de jogos

de tabuleiro (uma iniciativa positiva para horários vagos e recreios).

Possui vários recursos tecnológicos possíveis para desenvolver projetos

usando mídias; laboratórios de informática com computadores interligados à

internet, diversos aparelhos de TV e DVD, 1 câmera digital, 3 Microsystems, 2

aparelhos de Datashow, lousa digital e um sistema de sonorização moderno

distribuído por toda a escola.

A escola conta, no corrente ano de 2014, com 1844 alunos regularmente

matriculados nos três turnos, assim distribuídos: período da manhã 705 alunos;

Page 15: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

15

período da tarde, 719 alunos e noite, com 420, com ensino regular, EJA e

PRONATEC (120 destes).

O corpo docente apresenta faixa etária entre 21 a 52 anos, com

formação superior completa, sendo que alguns cursam ou concluíram

Mestrado. Muitos possuem jornada dupla ou tripla de trabalho (atuando na rede

pública, privada e federal). O quadro de professores efetivos alcança o número

41, sendo, nesta escola, 47 docentes designados atuando nas várias áreas

disciplinares. Esta escola é referência e pertence à 14ª SRE de Guanhães.

Conta, na atualidade, com grande predominância de alunos da zona

rural. Os alunos que compõem esta escola apresentam entre 11 a 68 anos. O

perfil cultural é diversificado, haja vista heterogeneidade da clientela. A escola

recebe alunos da classe média alta e também discente que necessitam de

ajuda econômica para sobreviver. Sendo assim, os alunos da zona rural se

desnudam do acesso à internet, tendo contato com esta mídia apenas na

escola.

Portanto a escola atende alunos de variadas condições sociais e com

uma carga cultural e social variadas.

Entre tantas diversidades delineadas nesta escola, edifica-se aqui, a

construção do saber e do conhecimento, com o intuito de formar cidadãos

conscientes da sua participação na sociedade. Uma escola pioneira na

formação da tradição guanhanense, palco de muitos eventos e encontros,

reconhecida entre as três maiores do estado de Minas Gerais, uma vez que

não segue a arquitetura padrão das escolas públicas do Estado.

Page 16: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

16

3 – REINVENTANDO O ENSINO

O projeto Reinventando o Ensino Médio é uma iniciativa do Governo de

Minas Gerais que tem diversos objetivos, dentre eles um ensino que forneça ao

aluno uma educação técnica, tornar a escola mais atrativa ao educando e o

oferecimento de áreas de empregabilidade:

O projeto Reinventando o Ensino Médio, através da reformulação curricular da rede pública de Ensino Médio em Minas Gerais, tem como objetivo a criação de um ciclo de estudos com identidade própria, que propicie, simultaneamente, melhores condições para o prosseguimento dos estudos e mais instrumentos favorecedores da empregabilidade dos estudantes ao final de sua formação nesta etapa de ensino. Ao se associar a políticas que contribuem para a ressignificação da escola pública em Minas Gerais, o projeto assinala a importância do acesso ao conhecimento como condição para o exercício da plena cidadania na sociedade contemporânea. (MINAS GERAIS, Reinventando o Ensino Médio. 2013. p. 11)

A sua implementação aconteceu por etapas, inicialmente em onze

escolas na área metropolitana de Belo Horizonte (MG) e, já no ano seguinte,

em diversas escolas estaduais de Minas Gerais (dentre elas a Escola Estadual

Odilon Behrens, em 2013) e no ano de 2014, foi implantada oficialmente em

toda a rede mineira de educação.

Mas para que fosse possível a implantação do Reinventando o Ensino

Médio, o currículo escolar do ensino médio necessitou passar por alterações,

principalmente no que diz respeito à carga horária do aluno.

Até o ano de 2013, a carga horária anual do aluno, do ensino médio

diurno, era composta de um currículo de vinte e cinco aulas semanais –

totalizando 883:20 horas aulas. Com o reinventando esse mesmo currículo é

acrescido de 166:40 horas aulas; totalizando 1.000 horas aulas (em cada

série). E os módulos semanais de aulas, que até 2013 eram de vinte e cinco

aulas na semana, passam agora para trinta aulas semanais. No que diz

respeito ao ensino médio noturno:

Extensivo a todo o Ensino Médio mineiro, o projeto amplia a carga horária da formação, seja a diurna, seja a noturna, para 3.000 horas. No turno diurno, o instrumento do 6º horário permite o cumprimento do total de horas nos 200 dias letivos. No turno noturno, a

Page 17: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

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integralização do percentual de crescimento de 2.500 para 3.000 horas será viabilizada através de atividades extra classe, em parte decorrentes da área de empregabilidade e em parte decorrentes dos Conteúdos Interdisciplinares Aplicados.(MINAS GERAIS, 2013. p. 18)

Para o aluno, um dos pontos mais impactantes foi a modificação de tais

horários. Para cumprir as 1.000 horas aulas anuais previstas no currículo, foi

implantado o sexto horário. Inicialmente, no ano de 2013, o sexto horário era

específico para as aulas do Reinventando. Já no ano de 2014, o sexto horário

não é reservado mais para as aulas do Reinventando, sendo colocadas aulas

de outras disciplinas.

3.1 - A Escola Estadual Odilon Behrens e o Reinventando o Ensino Médio

Para a segunda fase do projeto piloto do Reinventado o Ensino Médio,

as escolas, para serem selecionadas, deveriam possuir certas características:

Como critério inicial para a expansão em 2013, entendemos que o projeto, até este momento circunscrito à Superintendência Regional C, deverá estar presente na totalidade das Superintendências Regionais, incluídas as outras duas Superintendências Metropolitanas (Superintendências A e B). Em cada uma das demais 46 Superintendências, foram escolhidas, de início, duas escolas. Foi selecionada em 1º lugar, em cada SRE, no município sede, a escola que apresentou o maior número de alunos matriculados no 1º ano do Ensino Médio em 2011, conforme Censo Escolar 2011, obedecidos um mínimo de 3 e um máximo de 12 turmas. Foi selecionada em 2º lugar, em cada SRE, no município mais populoso da área coberta pela Superintendência, à exceção do município sede, a escola que apresentou o maior número de alunos matriculados no 1º ano do Ensino Médio em 2011, obedecidos um mínimo de 3 e um máximo de 12 turmas. (MINAS GERAIS, 2013. p. 21)

A Escola Estadual Odilon Behrens situada na cidade de Guanhães

(MG), pertencente à Superintendência Regional de Ensino de Guanhães (MG),

foi seleciona para fazer parte da segunda fase do projeto piloto.

A partir daí a escola passou por modificações para atender ao projeto. A

carga horária do aluno do primeiro ano do ensino médio foi reformulada para

atender a carga horária de 1.000 horas aulas, foi implantado o sexto horário, o

laboratório de informática foi modificado para atender às áreas de

empregabilidade, foram feitas reuniões com a comunidade escolar (alunos,

Page 18: TCC: A EEOB E O PROJETO REINVENTANDO O ENSINO MÉDIO

18

pais e professores) para explicar o que era o Reinventando o Ensino Médio e

foram realizadas palestras explicativas a respeito de cada área de

empregabilidade (para que o aluno tivesse a opção de escolher por uma

matéria específica).

A Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais disponibilizou para

respectiva escolha dezesseis áreas de empregabilidade:

1) Recreação Cultural

2) Produção Cultural

3) Reciclagem

4) Turismo

5) Comunicação aplicada

6) Meio Ambiente e Recursos Naturais

7) Tecnologia da Informação

8) Gestão Pública

9) Estudos avançados: Linguagens

10) Estudos avançados: Ciências

11) Estudos avançados: Humanidades e Artes

12) Lazer

13) Empreendedorismo e Gestão

14) Desenvolvimento de Habilidades Cognitivas

15) Vida e Bem estar

16) Webdesign

Através de consenso optou-se por três áreas específicas de

empregabilidade: Tecnologia da Informação, Comunicação Aplicada e Meio

Ambiente e Recursos Naturais. Lembrando que a escolha das referidas áreas

de empregabilidades aconteceu somente após as orientações fornecidas em

reunião com a comunidade escolar. Posteriormente, os alunos receberam um

formulário de inscrição para ser preenchido com a família. Nesta ficha o aluno

iria escolher a área de empregabilidade que gostaria de cursar e os motivos de

sua escolha.

Através da implementação do Reinventando o Ensino Médio o aluno da

Escola Estadual Odilon Behrens, passou a ter a oportunidade de estudar uma

área de empregabilidade (que ele e sua família escolheram) que lhe oportuniza

uma chance a mais de conhecimento.

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3.2 - O Programa Reinventando o Ensino Médio ao longo do ano escolar

de 2013

Após a escolha das áreas de empregabilidade, a escola teve como

passo seguinte a escolha dos professores para ministrar as aulas e agiu de

acordo com a CIRCULAR DGDC/SRH nº 03/2013 (Belo Horizonte, 31-01-

2013):

Tendo em vista a implantação do Projeto Reinventando o Ensino Médio em turmas de ensino médio de escolas estaduais dessa circunscrição, encaminhamos a V. S.ª orientações para a composição do corpo docente que irá lecionar as disciplinas específicas das áreas de empregabilidade, que integram o citado Projeto. As disciplinas serão ministradas por servidores da escola, efetivos ou efetivados, detentores de curso de licenciatura plena ou de Pedagogia, que participaram do curso de capacitação oferecido no centro de Formação e Experimentação Digital – Plug Minas. (...) Não havendo na escola servidores em número suficiente para assumirem as aulas, a escola disponibilizará a vaga para outros servidores lotados em escolas do município, habilitados, que atendam ao perfil desejado e que tenham interesse em trabalhar em prol do desenvolvimento do Projeto.

A procura por profissionais, habilitados, para trabalhar com o projeto foi

um desafio, visto que, inicialmente, eram poucas as orientações de

funcionamento do projeto e nenhum material específico para as aulas iniciais.

O nome “Reinventando o Ensino Médio” foi justificável. O professor que

ministrasse as aulas de empregabilidade deveria ter que, literalmente, se

reinventar.

Diferentemente das disciplinas já consolidadas que contam com um

CBC (Currículo Básico Comum) específico com orientações ou eixos temáticos

da disciplina, as áreas de empregabilidade, até então, não contavam com este

recurso; afinal de contas; seria da experiência das futuras aulas que surgiria,

posteriormente, algum material orientador.

Após as reuniões com a comunidade escolar, com o objetivo de

apresentar o Projeto Reinventando o Ensino Médio; o período de escolha das

áreas de empregabilidades e a contratação dos profissionais que iriam

ministrar as aulas foi oficializado o início das mesmas.

Ao longo do ano, cada professor da área de empregabilidade trabalhou

dentro de uma proposta didática pré-estabelecida pela Secretaria de Educação

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de Minas Gerais (após o início das aulas). O professor, se assim desejasse,

poderia modificar e complementar essa proposta didática.

Foi graças a essa oportunidade que, mais tarde, surgiu para cada área

de empregabilidade um currículo que previa a matéria que deveria ser vista

pelo aluno, a exemplo do CBC de disciplinas já consolidadas.

Outra fonte de ajuda que surgiu mais tarde foi a criação de um ambiente

virtual de aprendizagem, de responsabilidade da Magistra-MG. Nesse ambiente

de aprendizagem virtual havia a proposta de troca de conteúdo entre os

professores das áreas de empregabilidade das escolas piloto, da rede estadual

de educação mineira. Além disso, cada área de empregabilidade, da Escola

estadual Odilon Behrens, foi responsável pela criação de projetos

interdisciplinares e visitas técnicas com seus alunos.

No decorrer dos bimestres, nas reuniões de conselho de classe ou

reuniões com as áreas de empregabilidade, foram feitos balanços e

investigações sobre o projeto. Tais reuniões se mostravam positivas em

quesitos como a satisfação do aluno e seu aprendizado. A troca de

experiências oportunizadas pelo projeto foi benéfica. A queixa maior dos

discentes era com relação a implantação do sexto horário.

No turno da manhã, os alunos demoram a se habituar com um horário a

mais, diariamente. Após a reformulação da logística da escola, para evitar as

fugas e conversas com os alunos eles se habituaram ao contexto.

Com relação ao turno da tarde havia um agravante a mais: a questão do

transporte dos alunos, visto que a maior parte da clientela deste horário é

composta por alunos provenientes de localidades rurais ou áreas distantes da

escola. Ao fim, as orientações posteriores estabeleciam que o aluno

pertencente a zona rural estaria dispensado do sexto horário escolar, e que

levaria atividades escolares complementares para cumprir com planejamentos

didáticos e carga horária estabelecidos.

3.3 - Analisando o Reinventando o Ensino Médio na Escola Estadual

Odilon Behrens

Sabe-se que o Projeto Reinventando o Ensino Médio, em Minas Gerais,

é um projeto inovador que surge em um momento oportuno. Momento este

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caracterizado por mudanças tecnológicas em nossa sociedade, o amplo

acesso às tecnologias e a necessidade de fornecer aos jovens conhecimentos

que oportunizem a permanência do aluno na escola e a continuidade de seus

estudos.

O aumento crescente da demanda por mais escolaridade, a busca urgente por novas formações, a necessidade de estruturas e percursos curriculares dotados de flexibilidade, os novos papéis exigidos do professor, a chegada de mercado e recursos pedagógicos tecnologicamente avançados, a evidente limitação das metodologias mais ortodoxas, somados a tantos outros fatores, constituem um desafio para quaisquer sociedades, particularmente para as instituições que nelas estão mais estritamente associadas à educação. Em especial, as instâncias públicas, em vista das funções constitucionais que lhes concernem e dada a extensão do atendimento de que estão encarregadas, acham-se diante de uma tarefa de grandes proporções, seja no sentido de possibilitar uma formação pertinente aos novos tempos, seja no sentido de aumentar as taxas de desempenho escolar, seja no sentido de difundir de forma significativa a chamada propensão para aprender. É bem provável que estejamos diante, no que se refere à instituição escolar, não apenas de uma mutação de grau, mas de uma modificação mais aprofundada, cujas consequências apenas começam a ser entrevistas. (MINAS GERAIS, 2013. p. 05)

Nesse sentido, a Escola Estadual Odilon Behrens, Guanhães – MG,

aceitou no ano de 2013, em caráter experimental, o projeto. E, como discutido

anteriormente, foi necessária uma grande mudança em vários aspectos como:

a reestruturação da grade curricular do aluno do 1º ano do ensino médio, a

adoção de um sexto horário, a procura de profissionais adequados para

ministrar as novas aulas e o esforço dos distintos discentes na busca de

materiais que contemplassem suas respectivas matérias.

O jovem é curioso por natureza, como escreve Rubem Alves (2004. p.

10):

Lembrei-me da afirmação com que Aristóteles inicia a sua Metafísica: “Todos os homens têm, por natureza, um desejo de conhecer: uma prova disso é o prazer das sensações, pois, fora até de sua utilidade, elas nos agradam por si mesmas e, mais que todas as outras, as visuais...”. Acho que Aristóteles errou. Isso não é a verdade dos adultos. Os adultos já foram deformados. Acho que ele estaria mais próximo da verdade se tivesse dito: “Todos os homens, enquanto crianças, têm, por natureza, desejo de conhecer...”.

Nesse sentido o aluno, quando se depara com algo novo ou mesmo

diferente, ele pode aprender de forma mais entusiasta pelo fato de que, o que

lhe é apresentado, lhe despertou o interesse; aguçou-lhe a curiosidade.

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E assim foi com a novidade do Reinventando o Ensino Médio e suas

respectivas áreas de empregabilidade. Os alunos, em sua maioria, após o

estranhamento inicial, se colocaram em uma nova jornada de conhecimento,

que associada com as matérias do currículo comum de ensino, proporcionou

uma visível melhora no ambiente escolar da Escola Estadual Odilon Behrens.

Tal fato, auxiliado, por projetos interdisciplinares, tendo o aluno como

protagonista, que, em alguns casos, até modificaram o espaço escolar; e que

ainda foi contemplado e enriquecido com viagens técnicas que alargaram as

oportunidades de aprendizagem dos mesmos.

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4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

No que diz respeito à educação não existe uma “receita pronta e

acabada”. Ela sempre passa por mudanças que visam um aprendizado de mais

qualidade para o educando. Que o forme, ou que o habilite a ser um cidadão.

Assim, podemos dizer que o Reinventando o Ensino Médio resulta de múltiplos fatores e permite ampliar um repertório de informações e desenvolvimento de habilidades compostas por uma pluralidade de conhecimentos teórico-práticos, capazes de consolidar a formação de jovens, ressignificando-lhes a aprendizagem, preparando-os para o mundo do trabalho, pautando-se para tal em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, transdisciplinaridade, democratização, privilegiando a pertinência e a relevância social, ética, estética tornando esse jovem partícipe de sua história, capaz de alterar e intervir positivamente na sociedade e, principalmente, na comunidade em que estiver inserido. (MINAS GERAIS, 2013. p. 22)

Um projeto educacional, assim como o Reinventando o Ensino Médio,

visa à cidadania do aluno. Uma formação que lhe forneça as habilidades

necessárias para a atual sociedade. É uma oportunidade que o aluno encontra

para conhecer um pouco mais sobre uma área de empregabilidade, e um

possível impulso para que o mesmo não pare quando concluir o segundo grau.

De certa forma é uma busca por uma educação mais qualitativa, onde o

aluno é o protagonista da construção do conhecimento. O Projeto

Reinventando o Ensino Médio se destaca neste ponto. Afinal de contas ele não

chega com um modelo padronizado e/ou definitivo. Ele está sendo construído

através do dia a dia nas escolas em que está presente. E o aluno é “sujeito de

sua própria educação” (FREIRE, 1979, p.14), uma ação iniciada em sala de

aula, mas que ultrapassa os limites da sala de aula; assim como escreve

FREIRE (1979. p. 14):

A educação é uma resposta da finitude da infinitude. A educação é possível para o homem, porque este é inacabado e sabe-se inacabado. Isto leva-o à sua perfeição. A educação, portanto, implica uma busca realizada por um sujeito que é o homem. O homem deve ser o sujeito de sua própria educação. Não pode ser o objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém. Por outro lado, a busca deve ser algo e deve traduzir-se em ser mais: é uma busca permanente de “si mesmo” (eu não posso pretender que meu filho seja mais era minha busca e não na dele).

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Sem dúvida, ninguém pode buscar na exclusividade, individualmente. Esta busca solitária poderia traduzir-se em um ter mais, que é uma forma de ser menos. Esta busca deve ser feita com outros seres que também procuram ser mais e em comunhão com outras “consciências”, caso contrário se faria de umas consciências, objetos de outras. Seria “coisificar” as consciências.

Assim foi, ao longo do ano de 2013, a construção de saberes dentro do

Projeto Reinventando o Ensino Médio, na Escola Estadual Odilon Behrens:

Partiu-se do zero com a oportunidade de reinventar o ensino na escola e, a

partir disso, servir de referência para as outras instituições da região, que no

ano de 2014 teriam a oportunidade de trabalhar com o referido projeto em suas

instituições.

4.1 - Conclusões

Ao longo deste trabalho, pode-se perceber as mudanças oportunizadas

pelo Projeto Reinventando o Ensino Médio e suas respectivas áreas de

empregabilidade. Pode-se considerar que um projeto deste cunho apresente

um forte impacto no ambiente em que se faz presente. Assim foi na Escola

Estadual Odilon Behrens que no ano de 2013 passou a oferecer em seu

currículo escolar três áreas específicas de empregabilidade que foram

escolhidas pela comunidade escolar (pais e alunos).

Ademais, a logística da referida instituição de ensino foi,

consequentemente, alterada para atender às especificações do projeto. Foram

alterados: a carga horária do educando, os horários dos módulos semanais de

aula, o currículo escolar e a inclusão de profissionais para as áreas de

empregabilidade.

Ao aluno oportunizou-se uma nova forma de ensino e aprendizagem que

dialoga com as demais disciplinas escolares e uma construção mais interativa

do conhecimento. Ainda, ao alunado pertencente às áreas de empregabilidade,

foram propiciadas viagens e/ou visitas técnicas, relacionadas ao objeto de

estudos. Lembrando que ao longo do ano de 2013, na escola, aconteceram

projetos que foram responsáveis pela alteração do meio ambiente escolar.

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Observa-se, também, que através de reuniões e conselhos de classe,

promovidos pela escola ao longo do ano de 2013, entre os professores, notou-

se uma significativa melhora do ensino e da aprendizagem. Os alunos

mostraram-se mais interessados e dispostos a aprender.

Vale ainda ressaltar que, o presente trabalho é uma amostragem que

aborda apenas o 1º ano do ensino médio de 2013, enquanto que o Projeto

Reinventando o Ensino Médio era, ainda, de caráter experimental e que a sua

implantação definitiva em toda a rede educacional pública mineira, só ocorreria

em 2014. Ressalta-se ainda que, para um estudo definitivo seria necessário o

estudo dos anos escolares do projeto em 2014 e 2015.

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5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Rubem. O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender/Rubem Alves. Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004. Brasil. [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]. – 8. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2013. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução de Klauss Brandini Gerhrdt. 5. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2005. CASTRO, Maria Helena Guimarães de. Avaliação do Sistema Educacional Brasileiro Tendências e Perspectivas. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1998. FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ª Edição. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1979. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO; Secretaria de Educação Básica; Diretoria de Currículos e Educação Integral; Coordenação Geral do Ensino Médio: Programa Ensino Médio Inovador: Documento Orientador. 2013 ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil (1930-1973).8ª ed. Petrópolis. Vozes, 1986. MINAS GERAIS. Educação. Reinventando o Ensino Médio. Disponível em: < http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/Reinventando%20o%20Ensino%20Medio.pdf> Acessado em 24 de agosto de 2014. MINAS GERAIS. Educação. Reinventando o Ensino Médio. Disponível em: <https://docs.google.com/file/d/0B0KdYWQ4CVAcekVlSkIzSm1jNXM/edit?usp=sharing>. Acessado em 13 de setembro de 2014.