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,~ SO&l'e COmpOl'tA men to e Coqni,çÃo GRn.ica, peSrU1sa e apf/cação Or!lanizack por 2!{aria Z1fd da 01iúa !7Jrandão YálÚna GnsHna de 00uza Gonle Yernanda 01iúa !7Jrandão , Yara Xuperslein gn!lbennan Gynlhia !7Jor!les de 'JlCoura Vera 2!{enezes da 0iiúa 0imone 2!{arHn Oliane Adilson dos Anjos· Amanda Amarantes • Ana Dalva Andrade • Andrea Nogueira de CamposAguirre • Angélica Capela ri • Antonio Bento Alves de Moraes· Armando R. das Neves Neto' Bernard Rangé' Carlos Américo Alves Pereira' Carmem Beatriz Neufeld' Célia Vaisbich Inácio' Cilene Rejane Ramos Alves •.Claudia Barbosa· Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Di Benedetto • Cynthia Borges de Moura • Danielle Monegalha Rodrlgues' Denise Cerqueira Leite Heller' Edwiges F de Mattos Silvares' EleniceA de Moraes Ferrari' Fátima de Souza Conte • Gabriel Tarragô Santos' Gerson Yukio Tomanari • Gina Nolêto Bueno • Gustavo SaUolo Rolim • Heber O. Vargas • Helena Bazanellí Prebianchi • Helene Shinohara' Henrique Stum' lima A Goulart de Souza BriUo 'Isabela D. Soares' Isabella Santos 'Ivan Carlos Pavão' João Vinlcius Salgado' Jody Schafer • Juliane Lima' Juliane Gequelin • Leda Mara R. S. de Ferrante • Leonardo F Fontenelle • Letícia Assumpção • Liana Lins Meio' Lilian Milnitsky Stein' Luc Vandenberghe' Maira Cantarelli Baptistussi • Makilim Nunes Baptlsta' Marcos de Toledo Benassi • Maria Amélia Penido· Maria Elisa de Siqueira Monteiro • Maria Rita Zoéga Soares. Maria Stella Coutinho de A Gil • Maria TeresaAraujo Silva· Mariane Louise Bonato' Marilza Mestre· Marta Vieira Vilela' Mauro V. Mendiowicz, Mônica de Caldas Rosa dos Anjos • Mônica Duchesne' Myrna Chagas Coelho· Nancy Julieta Inocente' Nione Torres' Noel J. Dias da Costa' Patrícia Guillon Ribeiro' Paulo Rogério Morais· R. Mosena' Ralph Stralz' Renato M. Caminha· Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rosângela T. CristaniArruda' Rosemar A Prota da Silva' Rubens Reimão • Saint-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • Sandra Obredecht Vargas Nunes Sérgio Luis Blay • Sonia Beatriz Meyer • Thais Porlan de Oliveira' Thalita Freire-Maia • Tiemi Matsuo • Vanessa Di Rienzo • Vanessa Galarraga' Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana' Vera Regina Lignelli Otero' Vara Kuperstein Ingberman . ESETec Editores Associados

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SO&l'e COmpOl'tA men toe Coqni,çÃoGRn.ica, peSrU1sa e apf/cação

Or!lanizack por 2!{aria Z1fd da 01iúa !7JrandãoYálÚna GnsHna de 00uza Gonle

Yernanda 01iúa !7Jrandão,

Yara Xuperslein gn!lbennan

Gynlhia !7Jor!les de 'JlCouraVera 2!{enezes da 0iiúa

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Adilson dos Anjos· Amanda Amarantes •Ana Dalva Andrade •Andrea Nogueira de CamposAguirre •Angélica Capela ri •Antonio Bento Alvesde Moraes· Armando R. das Neves Neto' Bernard Rangé' Carlos Américo Alves Pereira' Carmem Beatriz Neufeld' Célia Vaisbich Inácio'Cilene Rejane Ramos Alves •.Claudia Barbosa· Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Di Benedetto • Cynthia Borges de Moura • DanielleMonegalha Rodrlgues' Denise Cerqueira Leite Heller' Edwiges F de Mattos Silvares' EleniceA de Moraes Ferrari' Fátima de Souza Conte• Gabriel Tarragô Santos' Gerson Yukio Tomanari • Gina Nolêto Bueno • Gustavo SaUolo Rolim • Heber O. Vargas • Helena BazanellíPrebianchi • Helene Shinohara' Henrique Stum' lima A Goulart de Souza BriUo 'Isabela D. Soares' Isabella Santos 'Ivan Carlos Pavão'João Vinlcius Salgado' Jody Schafer • Juliane Lima' Juliane Gequelin • Leda Mara R. S. de Ferrante • Leonardo F Fontenelle • LetíciaAssumpção • Liana Lins Meio' Lilian Milnitsky Stein' Luc Vandenberghe' Maira Cantarelli Baptistussi • Makilim Nunes Baptlsta' Marcos deToledo Benassi • Maria Amélia Penido· Maria Elisa de Siqueira Monteiro • Maria Rita Zoéga Soares. Maria Stella Coutinho de A Gil • MariaTeresaAraujo Silva· Mariane Louise Bonato' Marilza Mestre· Marta Vieira Vilela' Mauro V. Mendiowicz, Mônica de Caldas Rosa dos Anjos• Mônica Duchesne' Myrna Chagas Coelho· Nancy Julieta Inocente' Nione Torres' Noel J. Dias da Costa' Patrícia Guillon Ribeiro' PauloRogério Morais· R. Mosena' Ralph Stralz' Renato M. Caminha· Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rosângela T. CristaniArruda'Rosemar A Prota da Silva' Rubens Reimão • Saint-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • Sandra Obredecht Vargas Nunes •Sérgio Luis Blay • Sonia Beatriz Meyer • Thais Porlan de Oliveira' Thalita Freire-Maia • Tiemi Matsuo • Vanessa Di Rienzo • VanessaGalarraga' Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana' Vera Regina Lignelli Otero' Vara Kuperstein Ingberman .

ESETecEditores Associados

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Sobre

Comportamentoe Cognição

Clínica, pesquisa e aplicação

Volume 12Organizado por Maria Zílah da Silva Brandão

Fátima Cristina de Souza ConteFemanda Silva Brandão

Yara Kuperstein IngbermanCynthia Borges de Moura~ra Menezes da SilvaSimone Martin Oliane

Adilson dos Anjos • Amanda Amarantes • Ana Dalva Andrade • Andréa Nogueira de Campos Aguirre •Angélica Capelari • Antonio Bento Alves de Moraes • Armando R. das Neves Neto· Bernard Rangé • CarlosAmérico Alves Pereira • Carmem Beatriz Neufeld • Célia Vaisbich Inácio • Cilene Rejane Ramos Alves •Claudia Barbosa • Claudia Lúcia Menegatti • Cristina Di Benedetto • Cynthia Borges de Moura • DanielleMonegalha Rodrigues • Denise Cerqueira Leite Heller • Edwiges F. de Maltos Silvares • Elenice A. de MoraesFerrari • Fátima de Souza Conte' Gabriel Tarragô Santos' Gerson Yukio Tomanari • Gina Nolêto Bueno •Gustavo Sattolo Rolim • Heber O. Vargas • Helena Bazanelli Prebianchi • Helene Shinohara • HenriqueStum • lima A. Goulart de Souza Britto • Isabela D. Soares· Isabella Santos· Ivan Carlos Pavão· João

Vinícius Salgado' Jody Schafer • Juliane Lima' Juliane Gequelin • Leda Mara R. S. de Ferrante • LeonardoF. Fontenelle • Letícia Assumpção • Liana Uns Meio • Lilian Milnitsky Stein • Luc Vandenberghe • MairaCantarelli Baptistussi • Makilim Nunes Baptista • Marcos de Toledo Benassi • Maria Amélia Penido • MariaElisa de Siqueira Monteiro • Maria Rita Zoéga Soares' Maria Stella Coutinho de A. Gil· Maria TeresaAraujo Silva • Mariane Louise Bonato • Marilza Mestre • Marta Vieira Vilela • Mauro V. Mendiowicz • Mônicade Caldas Rosa dos Anjos • Mônica Duchesne • Myrna Chagas Coelho' Nancy Julieta Inocente' NioneTorres· Noel J. Dias da Costa • Patricia Guillon Ribeiro' Paulo Rogério Morais· R. Mosena • Ralph Strãtz• Renato M. Caminha' Rita de Fátima Carvalho Barbosa de Souza' Rosângela T. Cristani Arruda • RosemarA. Prota da Silva' Rubens Reimão • Saint-Clair Bahls • Sandra Leal Calais • Sandra Lopes • SandraObredecht Vargas Nunes • Sérgio Luis Blay • Sonia Beatriz Meyer • Thais Porlan de Oliveira· Thalita Freire­Maia • Tiemi Matsuo • Vanessa Di Rienzo • Vanessa Galarraga • Vânia Lúcia Pestana Sant'Ana • VeraRegina Lignelli atero • Vara Kuperstein Ingberman

ESETecEditores Associados

2003

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Copyright desta edição:ESETec Editores Associados, Santo André, 2003.

Todos os direitos reservados

Brandão. Maria Zilah, et aI.

Sobre Comportamento e Cognição: Clínica. Pesquisa e Aplicação. - Org.Maria Zilah da SilvaBrandão. Fátima Cristina de Souza Conte, Fernanda Silva Brandão, Yara Kuperstein Ingberman,Cynthia Borges de Moura, Vera Menezes da Silva, Simone Martin Oliane 1/1ed. Santo André, SP:

ESETec Editores Associados, 2003. v.12

495 p. 17 x 24cm

1. Psicologia do Comportamento e Cognição2. Behaviorismo

3. Análise do Comportamento

CDD 155.2CDU 159.9.019.4

ESETec Editores Associados

Coordenação editorial: Teresa Cristína Cume Grassi-LeonardiAssistente editoriai: Jussara Vince Gomes

Revisão de diagramação: Erika Horigoshi

Solicitação de exemplares: [email protected] Santo Hilário, 36 - Vila Bastos - Santo André - SP

CEP 09040-400

Te!. (11)4990-5683Tellfax: (11)44386866www.esetec.com.br

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-apitulo 18Cjraus de ansiedade no exercício do pensa~

sentir e agir em contextos terapêuticos

(jina Nolêto Buendlima A. C;oulilrt de Souza Britt02

Os diários de registros - criados e desenvolvidos segundo a necessidade de cadacliente - têm o objetivo de ensinar a pessoa a registrar diversas situações e suas conse­qüências para, num primeiro momento, favorecer ao psicoterapeuta o acompanhamentodos comportamentos desse indivíduo, além do processo psicoterapêutico: Num segundomomento, não menos importante que o primeiro, ensinar ao cliente automonitorar seurepertório comportamental. O diário de registro é quase, invariavelmente, usado tanto nafase inicial da avaliação quanto na monitoração das mudanças subseqüentes.

O psicoterapeuta necessita utilizar-se da criatividade e da avaliação para definirdiários de registros apropriados para cada situação que se deseja a automonitoração,tanto em sua freqüência, quanto duração, assim como as circunstâncias em que as con­tingências ocorreram.

Os diários de registros se flexibilizam a monitorar uma grande variedade de com­portamentos públicos ou encobertos, gerando informações mais precisas sobre muItos

.aspectos dos repertórios. Barlow, Hayes e Nelson (1984), destacaram dois estágios naautomonitoração. No primeiro estágio o indivíduo terá de notar a ocorrência de seus com­portamentos, suas emoções ou do próprio fato. Já no segundo estágio, o cliente terá deregistrá-Ios. Esse procedimento é ensinado à pessoa no momento do planejamento doprograma psicoterapêutico. Uma vez ensinado, ele se transforma em aprendizagem. As­sim, é importante destacar que a aprendizagem se dá na repetição. Portanto, a orientaçãode tal procedimento deverá ser repetida quantas vezes forem necessárias até que o clien­te tenha total compreensão de sua execução. A clareza das regras destas técnicas éimportante para que a pessoa possa empenhar-se na obtenção de uma medição exata.Ao cliente deve ficar claro que as sessões subseqüentes se desenvolverão focadas noconteúdo apresentado pelos diários de registro. Desta forma, a pessoa discriminará a

"Universidade Católica de Goiás- UCG.

Sobre Comportamento e Cognição 169

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importância destas tarefas de casa, podendo apresentar maior adesão ao programapsicoterapêutico, ainda que nos primeiros registros apresentem dificuldades - considera­das normais, por já serem esperadas, vez que são um novo padrão de comportamento,implicando, portanto, em mudanças em sua discriminação e em sua percepção.

A estrutura de cada diário de registro, a ser repassado ao cliente, deve ser feitapelo psicoterapeuta, para se ter uma maior abrangência daqueles comportamentos públi­cos ou privados que se deseja monitorados.

O nível de ansiedade também pode ser avaliado, dando ao cliente registros comescalas arbitrárias. Através das escalas a pessoa poderá avaliar qual foi a ansiedadeexperimentada durante a ocorrência da situação problema. Por exemplo:

1 = pouca; 2 = moderada; 3 = muita; 4 = extrema.

O momento ideal de se fazer a monitoração ou a automonitoração do evento oueventos desejados é imediatamente após a sua apresentação, ou seja, tão logo o comporta­mento em questão, o pensamento ou o sentimento tenha ocorrido. Assim, a pessoa devecarregar consigo as folhas de registro, de forma avulsa ou em cadernos. Desta forma se evitaráum registro geral ao final do dia, quando a pessoa poderá se esquecer de algum eventoimportante ou ainda, poderá perder a fidelidade da emoção quando de sua ocorrência.

Como já mencionado, anteriormente, os diários de registro têm a flexibilizaçãotanto aos problemas explícitos quanto aos encobertos. Pesquisas demonstram que elestanto podem ser utilizados para monitorar ou automonitorar a pressão arterial, comporta­mentos repetitivos, pensamentos, sentimentos, quanto parà registrar respostas ansiogênicas,tempo gasto com determinado comportamento problema etc.

O que vai definir a necessidade da construção ào diário de registro é o próprioaspecto relevante e significativo do problema que possa ser mensurado.

A exatidão da automonitoria, ou mesmo da monitoria, pode ter o seu alcance facilita­do quando se obtém o apoio de uma pessoa próxima do cliente no suporte desta tarefa, isto é,monitorando comportamentos dessa pessoa, sejam eles privados - pensamentos obsessivos- sejam eles públicos - comportamentos compulsivos, como o de lavar as mãos.

A exatidão dos registros de diários pode ser melhorada se se pedir ao cliente paraescolher o pior sentimento verificado durante o dia, diferenciando-o daqueles queexperienciou durante todo o dia.

Outra importante reação, provocada tão somente pelo registro do comportamentoproblema desejado, é a mudança de sua freqüência. De acordo com Barlow, Hayes eNelson (1984), esse fenômeno é chamado de reatividade à automonitoração. Isto porque aautomonitoração poderá levar a interrupção de uma cadeia de comportamentos automáti­cos, permitindo à pessoa a decisão de continuar com a freqüência ou não da respostamonitorada. Isto quer dizer que o registro, por si só, tem a capacidade de desenvolver napessoa a discriminação, a percepção de seus atos e, conseqüentemente, a definição deum novo repertório comportamental.

A automonitoração desempenha papel fundamental na avaliação e tratamentocomportamental e cognitivo. Desta forma, quando um cliente não realiza a automonitoração,apesar de todos os cuidados despendidos, implica na não adesão ao programa de trata-

170 (jina Nolêto Bueno e lima A. (jou!art de Souza Brilto

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mento. Faz-se necessário voltar a lembrar aqui que a terapia comportamental e cognitiva,baseando-se no método experimental, que se aporta com um papel educativo geral, levan­do o cliente a enforcar variáveis privadas e públicas, alcança a eficácia graças à suaestruturação norteada pelas técnicas e, de forma muito especial, pela parceria que deveser firmada entre cliente e psicoterapeuta.

O caso clínico, a seguir, procura demonstrar a eficácia e eficiência do exercício dopensar, sentir e agir em contextos terapêuticos voltados para a funcionalização da depres­são e suicídio em potencial.

Caso Clínico Estevão - Da depressão ao suicídio - a funcionalização pelo exercí­cio do pensar, sentir e agir

História de Vida - Estevão, 42 anos, sexo masculino, filósofo; religioso, sendo o segun­do de uma prole de cinco filhos de uma família do meio rural. É poeta. Traz como queixasua crise existencial com o estilo de vida religiosa, sua necessidade de ter uma compa­nheira, uma intensa solidão, a necessidade de um trabalho para a reconstrução pessoal,estresse, depressão, ideações suicidas, já com algumas tentativas. Todo esse processotendo se agravado a partir de 1992. Traz consigo, também, o diagnóstico psiquiátrico dedepressão profunda, estresse crônico, com alto risco para o suicídio. Submetendo-se, hádois anos e meio, à seguinte farmacoterapia: prozac 20mg, dormonid 15mg, diazepan10mg, rivotril2mg e efexor 75mg. Seu quadro clínico psiquiátrico considerado gravíssimo,

com resultados negativos, até então, e três tentativas d~ suicídio.

Relata seu pai como agressivo, rústico e violento. Sua mãe, pessoa submissa emuito religiosa. Irmãos tímidos e temerosos. Desde muito cedo, Estevão aprendeu a de­fender a mãe e os irmãos das agressões do pai. Já no final da primeira infância, decidiu-sepela vida religiosa, com um objetivo: resolver os problemas de desigualdade social dahumanidade. Sempre manteve-se ativo politicamente, ainda que sem exercer mandato.Iniciou-se no trabalho formal ainda na adolescência. Atuação religiosa: pastorais sacra­mental, da juventude e mulher marginalizada. Um dos maiores problemas em sua vida:não adequação à vida religiosa; impedido de atuar na pastoral das mulheres prostituídas,de meninos de rua e do movimento dos sem terras. Sempre manifestou desejo de atuar napastoral do mundo dos excluídos. Paradoxalmente, ainda que religioso, Estevão mantinhasua opção por vida livre: fazia uso de bebidas alcoólicas, sexo, estilo hippie, era agressivo,intransigente, radical e ativo com a linguagem da rua e não à linguagem religiosa. Com orecente falecimento de sua mãe, afasta-se, pela terceira vez, da instituição religiosa.Apresentava repertório verbal emocional negativista e sensações de inadequação ante ascontingências ambientais coercitivas.

Conseqüências em seus repertórios comportamentais - estresse crônico, provocadopor mais de 20 horas/dia de trabalho; ideações suicidas contínuas; sensações dedesrealização; déficits de atenção, concentração e memória; prejuízos sensório-motores;alteração tireoidiana; reações simpáticas contínuas; estado emocional-motivaCionalnegativista; autoverbalização negativa; alternância entre sono intenso e insônia; perda deenergia, vontade, prazer, fazer e do apetite; choro contínuo; isolamento; desesperança;autocupabilidade; sentimento de vergonha; revolta, verbalizaçães agressivas e pornográfi­cas; comportamentos de fuga/esquiva generalizados; imobilismo.

Sobre Comportamento e Cognição 171

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Procedimento - Todo o procedimento de intervenção comportamental e cognitivo foi desen­volvido durante três meses, com duas sessões semanais, de 50 minutos, em quatro fases:

1 - primeira fase: observação e entrevistas com o participante, seus familiares e repre­sentantes de sua instituição religiosa;

2 - segunda fase: observação direta dos comportamentos do participante ante aos rela­tos verbais de sua história de vida;

3 - terceira fase: levantamento de hipóteses e definição da estratégia terapêutica;

4 - quarta fase: aplicação das técnicas da TCC:

• levantamento dos antecedentes e conseqüentes dos comportamentos disfuncionais;

• controle respiratório;

• reestruturação cognitiva;

• confrontação e enfrentamento;

• controle da: respiração; alimentação; sono; autocuidado;

• cartas não-enviadas

Para uma melhor intervenção nas ideações e tentativas suicidas, através dosexercícios do pensar, sentir e agir, foi possível um amplo levantamento dos eventos ante­cedentes, do sentir e idear ações suicidas de Estevão, como demonstra a tabela I.

Tabela I. Ideaçóes e Tentativas de Suicídio.

ia Tentativa 2a Tentativa3a Tentativa4a Tentativa

Idade: 15/16 anos

Idade: 39/40 anosIdade: 40/41 anosIdade: 41/42 anos

Evento: desentendimento

Evento: fragilizado pelaEvento; a desesperan-Evento: falecimento da

com o pai, com agressão fi-perda da convivênciaça com todas as perdas,mãe; rompimento da comu-

sica. O pai ameaçou dar-lhecom uma amiga íntima ediscriminação do rebai-nicação com a instituição;

um tiro, com arma em pu-pela dúvida em continu-xamento de seu rendi-insatisfação generalizada.

nho.ar ou não religioso, re-mento, solidão.

su!tando em desentendi- mentos com seus supe-riores e conseqüentespunições por sua insti-tuição.

Fato desen-

cadeador da depressão.Exercício do sentir: de

Exercício do sentir:Exercício do sentir:Exerclcio do sentir: re·vergonha e revolta.

revolta com as normasmedo, insegurança, mui-volta. Não tenho mais for-

religiosas.ta ansiedade.ça para viver. Fui traído até

por meus superiores.Ação Suicida: tentou dar

Ação Suicida: armaAção Suicida: tentou seAção Suicida: arma deum tiro em sua boca. Arma

branca; tentou entrar najogar na frente de um ve-fogo, que não funcionou;estava descarregada.

frente de um veículo emículo, fazendo a traves-ingestão de duas mil mili-Depois preparou veneno

movimento.sia de uma avenida degramas de medicação con-em um copo. Mas a lem-

tráfego intenso, de for-troJada, com bebida aJcoó-brança de uma amiga que

ma alheia ao meio ambi-lica; após tentou cortar ossuicidara o impediu de

ente.pulsos, perdendo os senti-prosseguir.

dos antes disso.

Três dias em coma

172 qina Nolêto Bueno e Ilma A. qoulart de Souza Brilto

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Da depressão ao suicídio, a funcionalização pela TCC

Primeira Fase

a) Observação: Estevão não fixa os olhos na psicoterapeuta; fala de forma agressiva eimpaciente; barbudo, cabelos em desalinho; verbaliza toda a sua revolta para com suainstituição religiosa e as instituições político-sociais do país; tem o corpo contraído e verbaliza:

E - Depois de trabalhar tanto, sinto-me muito cansado, sem ânimo, descrente.Não tenho mais vontade de viver.

b) Estabelecimento do contrato psicoterapêutico.

c) Aplicação do questionário de história vital (Lazarus, 1980).

d) Entrevista com seus familiares e representantes de sua instituição religiosa.

Segunda Fase

Quarta Tentativa de Suicídio - Entre a primeira e segunda sessão psicoterapêutica,Estevão ingere 2 mil miligramas de medicação controlada, com álcool, tenta cortar ospulsos. Faz coma por três dias.

Resultado da Observação Direta - Estevão tem comportamentos entorpecidos, seusreflexos sensório-motores são apresentados de forma lenta e pesada; relata sentimentosde vergonha, culpa e revolta, reafirmando sua crença de que a psicoterapia comportamentale cognitiva possa ajudá-Io. Verbaliza, continuamente, gírias pornográficas. Chora durantetoda sessão. Relata seus principais medos:

Grau de Ansiedade dos Medos1 2 3 4 5

~ Perder Saúde

r.a Suicidar-se /2O Solidão 3

EJPerder Amiga 4

GlAgredir Amigos 5

Fig. 1. Avaliação da Ansiedade evocada pelos principais medos de Estevão.

Fragmentos de Sessão

T = O que você, Estevão, chama de sensação suicida?

E = É um vazio por dentro, uma vontade de morrer. É uma pressão torácica. Sintocomo se estivesse flutuando ... Choro muito! Não acredito mais em nada.

T = Por que, então, está aqui, Estevão?

E = Preciso de sua ajuda para aprender a controlar o meu sectarismo.

Terceira Fase

Hipóteses:

Sobre Comportamento c Cognição 173

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i - Imobilismo: a elaboração de estratégias para criação de projetos, com respectivaexecução e acompanhamento pelo diário de registro, possibilitará o retorno à vida ativa;

2 - Verbalizações Agressivas: exposição e registro no diário de todos os .palavrões' ditos,em suas respectivas situações, diminuirão a ocorrência dos mesmos.

3 - Autoritarismo: a prática de normas e convenções com diplomacia, pode levar a ummelhor resultado, que o comportamento rebelde, e menor desgaste físico.

4 - Aplicação das técnicas da terapia comportamental e cognitiva: possibilitará areeducação de sua vida e a aquisição de um novo repertório comportamental, sem a neces­sidade da manutenção da medicação psiquiátrica para a funcionalização da depressão edas ideações suicidas (Beck, 1997; Young, Beck e Weinberger, 1999; Greenberger, 1998).

Estratégias: dessensibilização (Wolpe, 1976) dos medos, estresse, irritação eimobilismo, com enfrentamento de sua história de vida e as conseqüências desta.

Quarta Fase - Três meses de duração

• Controle Respiratório (Barlow, 1999), uso contínuo, com 15 sessões diárias, no 1°mês; 10 no 2° mês; a partir de então, sempre que necessário. Com uso, concomitante,da técnica Acalme-se (Rangé, 1998), para o controle da ansiedade.

• Reestruturação Cognitiva - que tipos de erros estou cometendo - (Mahoney, 1998),uso diário.

• Confrontação e Enfrentamento ou Ensaio Comportamental (Caballo, 1996), realiza­dos com situações de fuga/esquiva, especialmente desencadeadas pela instituição re­ligiosa e família nuclear.

• Controle de: alimentação, sono e do autocuidado, realizado até a aquisição do repertó­rio adequado.

• Cartas Não-enviadas (Kopp, 1972, apudMahoney, 1998), uso intensivo nas sessões,especialmente aos eventos mais aversivos .

. A funcionalização, a que se propõe o processo de intervenção da rcc depende,precIsamente, da adesão do cliente ao programa de tratamento. Estevão apresentou umacrescente evolução quanto à utilização das técnicas como tarefas de casa. Esta adesãopode ser visualizada na figura 2.

Adesão às Técnicas X Tarefas de Casa

4

100%

80%

60%

40%

20%

0%

1° Mês 2° Mês 3° Mês

E!Contr. Resp.

EB!Reestr. COgn'I/2O Confr. e Enfr. 313 Cartas

Fig. 2. Percentual de adesão, mensal, às técnicas da rcc.

174 qina Nolêto Bueno e UmaA. qoulart de Souza Britto

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Fragmentos de Sessão

T = Quando você diz que a sua instituição foi infiel com você, está dizendo que foiisso que acarretou todo esse conflito existencial em que se encontra? Se assim, comojustifica essa infidelidade?

E = Antes de me ordenar, defini com meus superiores que minha vocação era,preferencialmente, a Pastoral dos Excluídos. Tudo ficou certo para isso. Mas, depois deordenado fui impedido de nela trabalhar.

T = Se você sente tanta necessidade de constituir uma família ou ter uma compa­

nheira, o que o levou a ser religioso?

E = O desejo de atuar, radicalmente, num projeto de transformação em favor dospobres e explorados. Não consegui nem uma coisa nem outra.

O autoconhecimento, como afirma Skinner (1985, p. 31), é de origem sociaL "Sóquando o mundo privado de uma pessoa se torna importante para as demais é que setorna importante para ela própria". Assim, é possível afirmar que o autoconhecimento temfunção comportamental, pois, o próprio Skinner (1985) afirma que, a pessoa que se tornaconsciente por meio das perguntas que lhe foram feitas [pelo seu terapeuta) está emmelhor posição de prever e controlar seu próprio comportamento. Buscando afuncionalização deste repertório emocional motivacional negativista em relação as suaspróprias contingências, foi proposto, como tarefa de casa, que Estevão descrevesse posi­tivo ou negativo o mundo público ou privado onde vive:

Tabela 11. Autoconhecimento.

Positivo Negativo

1. Responsabilidade/Pontualidade

1. Auto-suficiência ideológica/sectário2. Sinceridade

2. Alta emotividade

3. Fraqueza

3. Apaixona-se facilmente

4. Abertura para o diálogo

4. Ultrapassa os limites com frequência

5. Sensível, solidário. afetuoso

5. Reacionismo exacerbado

6. Facilidade para fazer amizade

6. Apego às pessoas que lhe são caras

7. Facilidade para confiar e ser confiado

7. Sentimento de culpa quando fere as pesso-as que lhe são caras

8. Despojado de materialidade

8. Pavor à autoridade (autoritarismo)9. Não-consumista

9. Pavor para administrar dinheiro

10. Preocupado com injustiças sociais

10. Tímido

11. Otimista/esperançoso 12. Lutar pelo que acredito/persistente13. Facilidade de auto-recuperação14. Desportista15. Servidor16. Buscador da coerência

Sobre Comportamento e Cognição 175

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Avaliação/Intervenção

Com estes pontos foi possível trabalhar a questão do poder. Estevão percebeu oquanto era poderoso. Discriminou que a sua rebeldia com a instituição religiosa era porestar, sem perceber, querendo ser mais poderoso que a própria instituição, que os líderesclassistas, que os poderes executivo e legislativo. Quando, durante muitos anos, pensouserem todos esses setores os detentores do poder. Foi quando verbalizou:

E = Socorro! Me ajude a me encontrar!

Buscando o autocontrole dos comportamentos extremistas de Estevão, o exercí­cio do pensar, sentir e agir, além das técnicas de controle da ansiedade, reestruturaçãocognitiva e ensaio comporta mental foi definitivo para o alcance de sua funcionalização.

Tabela 111.Diário de registro - O emocionar e comportar-se extremista.

Eventos Exercício doExercício doExercício doResultado

pensar

sentiragir

Reuniões em

Devo falar ouDúvida eRespiro atéPronuncio as pala-

que deveria

não falar? Semedo. Minhaachar por ondevras de forma rápi-

posicionar -se

falar, falar orespiração al-começar a falada e detalhista.

quê e como?

tera. Vem ae o que falar.Geralmente com

Que reações

ansiedade das muita

emocionais, nointerpretações agressividade.

outro, minhado grupo sobre,

fala provocará?o conteúdo de

minha fala.

Intervenção: a ação busca a assertividade, mas o resultado é inadequado, como osentimento. As dúvidas provocam-lhe estados emocionais negativistas, manifestadosatravés das sensações corporais intensas. A conseqüência é um agir agressivo, queconseqüência o não alcance de seu objetivo. É preciso melhor elaborar a ação, comestratégias assertivas de controle da ansiedade e do agir funcional.

Há muito a utilização da escrita terapêutica, como instrumento da psicoterapia edo desenvolvimento pessoal, tem sido reconhecida. Sua função é a de encorajar clientesa experienciarem e a expressarem eventos encobertos, ocorridos na infância ou durantequalquer estágio de seus processos de relacionamentos humanos (Mahoney, 1998).

Estevão, desde o princípio, apresentou boa adesão a esta técnica. Ele que evi­denciava dificuldade de demonstrar emoção, ao estar sendo preparado para receber altade seu processo, traz uma carta não-enviada, com um desenho que, metaforicamente.retrata a concepção, em sua vida do afeto.

Fragmentos de carta não-enviada

" Obrigado!"

Um termo útero-coronário que sódedico-atribuo a quem megosta ou restitui a vida eo sentido de viver. Isto tu, minha terapeuta, fizeste. Então, porque não te ser grato e sincero!?!

176 qina Nolêto Bueno e lima A. qoulart de Souza Britto

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Hoje, desde o início de nossa psicoterapia, eu já me sentia em perfeita harmoniae integrado com a totalidade cósmica. Mas quando tu me disseste, no início do relaxa­mento, "agora vamos entrar em nosso corpo", entrei logo em êxtase. Essa coisa de ex­pressar o pronome 'nosso', demonstra um gesto muito humanitário e promotor da alegriade viver intensamente o novo, a coletividade, sem esquecer a individualidade. (...)

(...) Acredito que os meus motivos terapêuticas, pelo menos os fundamentais, jáestão saciados.

Autor: Estevão

Fragmentos de sessão

T = Porque você tentou suicidar-se? Já que não morreu, valeu a experiência?

E = O homem caminha para a liberdade. Não tenho vontade de fazer outra expe-riência dessa não. Eu estava morto e revivi.

T = Como é a vida agora?

E = Mais livre, conscientemente, com mais leveza.

T = Ir-se do processo psicoterapêutico significa o quê?

E = Aqui foi uma ressurreição, realmente. Me abriu caminhos e perspectivas. Mefez ver um lado da vida que não tinha sentido.

T = Como ir?

E = Embora você nunca tenha me dado a receita, é buscar a maturidade dessa

experiência. É um ir de vitória. Deixo para traz as coisas negativas e levo um pedaço devocê que me completou. Certa vez você disse que, de certa forma, a gente constrói ascoisas. Eu não sou mais o mesmo. Estou mais tranqüilo. Consigo trabalhar melhor mi-

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nhas emoções. Meu sectarismo está mais equilibrado. Não renuncio mais a mim mesmo,em função de nada que eu faça

T = Quem é o novo Estevão?

E = Ele tem olhos para uma vida mais interessante do que antes.

T = O que é o afeto?

E = É a inter-relação. Sem precisar de formalizá-Ia. É impossível não amar aspessoas. Mas, uma coisa eu tenho certeza: amar a mim também.

T = Quem você aprendeu a amar?

E == Aquelas pessoas que eu havia deixado de amar, pelos tropeços da história:meu pai, eu mesmo, que já não sou mais máquina, e as coisas que faço.

T = Como fazer tudo isso caber dentro de você?

E = O homem é maior que sua estatura. Minha maior aprendizagem aqui é gostarde mim mesmo!

Conclusão

O imobilismo de Estevão foi funcionalizado com a prática de estratégias de todas

as suas ações, ordenando o seu repertório comportafllental, antes mesmo que este pu­desse ser executado. Os diários de registros foram importantes para a evidência desseresultado e o conseqüente reforço da aprendizagem.

As verbalizações agressivas - "palavrões ou repertório verbal emocional agressi­vo" - passaram a ter o autocontrole quando Estevão passou a usar do prompt - a mão daterapeuta em seu ombro, tão logo acontecesse a emissão de tal verbalização. O diário deregistro desse comportamento, com suas respectivas conseqüências, viabilizou a defini­ção de um novo repertório verbal.

Quanto ao autoritarismo, Estevão passou a utilizar-se da assertividade na práticade convenções. Passou a negociar aquelas normas ou convenções muito rígidas, sem ouso da agressividade. E o resultado alcançado reforçou nele a capacidade de enfrentamento.

A aplicação das técnicas da terapia comportamental e cognitiva foi imprescindívelpara o seu processo de aprendizagem e aquisição de um novo repertório comportamental.Estevão, através das técnicas, aprendeu a respirar, a pensar assertivo, a agir, a sentir e acriar, conseqüentemente, estratégias mais adaptativas para sua vida. A escrita terapêuti­ca mostrou-se como um instrumento de muita eficácia para o alcance de eventos enco­bertos, especialmente cartas não-enviadas.

Ao término de três meses, Estevão estava livre da depressão, das ideações suici­das e com controle do estresse. Sabendo fazer a correlação entre o pensar, sentir e agir,que lhe foi possibilitada pela prática do exercício do pensar, sentir e agir, de onde, segun­do Estevão, foi favorecida a aquisição de sua assertividade.

178 qina No!êto Bueno e lIma A. Cjou!art de Souza Britto

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