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Sistema de Escrita da Língua Portuguesa Rosa Maria Manzoni Luciana Apolonio Rodrigues Carneiro

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Page 1: Sistema de Escrita da Língua Portuguesa - … · Para saber mais acesse . ... dialeto do aprendiz Caso ajustado à situação, pois os dialetos do português não são

Sistema de Escrita da Língua

Portuguesa

Rosa Maria Manzoni

Luciana Apolonio Rodrigues Carneiro

Page 2: Sistema de Escrita da Língua Portuguesa - … · Para saber mais acesse . ... dialeto do aprendiz Caso ajustado à situação, pois os dialetos do português não são

O sistema de escrita da língua portuguesa, como já vimos,

usa vários tipos de alfabeto; apesar disso não é

totalmente alfabético, usando além das letras, outros

caracteres de natureza ideográfica, como os sinais de

pontuação e os números. Em primeiro lugar, as letras tem

um uso alfabético, isto é, a uma letra corresponde um

segmento fonético. [...] As letras podem perder a relação

um a um entre um símbolo e som, deixando de ter um

uso propriamente alfabético, no sentido segmental, e

adquirindo às vezes um valor silábico. (CAGLIARI, 2009, p

101).

A A A A a A a

0 1 2 3 4

! ? ^ R$ %

Page 3: Sistema de Escrita da Língua Portuguesa - … · Para saber mais acesse . ... dialeto do aprendiz Caso ajustado à situação, pois os dialetos do português não são

a) As letras tem uso alfabético, isto é, uma letra

corresponde um segmento fonético;

pata /pata/ faca / faka/

b) As letras podem perder a relação um a um entre

símbolo e som.

Técnica / tƐkinika/

Sistema de Escrita da Língua Portuguesa

Sobre as letras

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c) Usamos letras que não tem som nenhum na fala,

mas que estão presentes na escrita;

H em hoje

Curiosidade

Para entender a origem do emprego do H - grafema

com valor zero - é preciso recuperar um pouco a

história da ortografia. No século XVI vários estudos

introduziram uma série de regras para que a pessoa ao

escrever fizesse usasse os mesmos grafemas

empregados nas palavras em sua língua de origem. Por

exemplo:

Farmácia, de origem grega, deveria ser grafada com PH

(do grego pharmacia)

Flor, de origem latina, era preciso empregar o F (do

latim flōs / flōris)

Em 1911 houve a reforma ortográfica que

simplificou.

NÓBREGA, 2013, p. 34-36.

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d) Um mesmo segmento fonético pode ser

representado por diferentes letras;

[k]casa - queijo

[s] cedo - sapo - passeio

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e) Princípio Acrofônico

NÓBREGA, 2013, p. 21.

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Vídeo: As letras falam

Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=pBsfpU9zWNI Acesso em 28 out 2016.

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Fonte: www.fonologia.org/quadro_fonetico.php

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Fonte: http://www.slideshare.net/crisceupinto/conscincia-fonolgica-57255701

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Fonte: http://www.slideshare.net/crisceupinto/conscincia-fonolgica-57255701

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Sílaba

Fonte adaptação de http://www.slideshare.net/crisceupinto/conscincia-fonolgica-57255701

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Fonte: adaptação de http://www.slideshare.net/crisceupinto/conscincia-fonolgica-57255701

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Padrões silábicos do português brasileiro

SOARES, 2016, p. 312.

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Para saber mais acesse www.fonologia.org/quadro_fonetico.php

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Sinais diacríticos

a) Acentos

b) Pontuação

Fonte: http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=379&evento=6#menu-galeria Acesso em 28 out. 2016.

Fonte: http://cresceraprenderesorrir.blogspot.com.br/2016/04/acentos.html Acesso em 28 out. 2016.

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c) Uso morfológico de letras (relação que se

estabelece entre letras e um grupo de letras);

CURIOSIDADE: Cinematógrafo = cinema

RG

CPF

SUS

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d) Símbolos ideográficos.

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CAGLIARI, 2009, p, 103

A escrita tem que criar, com palavras, o ambiente não linguístico que serve

de contexto para quem fala.

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Correspondências grafo-fonêmica

Grafemas

Correspondências regulares

Diretas/Biunívocas ContextuaisMorfológico-gramaticais

Correspondências irregulares

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As coisas que acontecem entre sons e letras são um pouco mais complicadas do que essa perfeição entre uma letra e um som. (LEMLE,

2001, p 16)

Correspondências regulares

Monogâmico Poligamia/PoliandriaRivalidade/Casos de

concorrência

Correspondências irregulares

Como essas três relações guardam entre si uma ordem lógica, que vai do

mais motivado foneticamente para o menos motivado foneticamente,

supusemos que o andamento lógico de compreensão do sistema pelo

alfabetizando segue os passos da lógica do sistema. (LEMLE, 2001, p. 29)

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Regulares Diretas ou Biunívocas

As regularidades diretas são evidenciadas quando só existe na língua um

grafema para notar determinado fonema (é o caso de P, B, T, D, F, V). Por

exemplo, o P representará sempre o fonema /p/ (pato, capa, chapéu, entre

outras), independente da posição em que apareça na palavra. A grafia

desses sons não impõe dificuldades às crianças que já começaram a

perceber essa relação já no momento da apropriação do SEA.

Caderno Pacto, Unidade 3, p. 20.

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Regulares Contextuais

As regularidades contextuais, por sua vez, ocorrem quando a relação letra-som

é determinada pela posição (contexto) em que a letra aparece dentro da

palavra. Por exemplo: o uso do C ou QU relaciona-se ao som /k/, mas depende

da vogal com que forme sílaba (casa, pequeno). Uma dificuldade para as crianças

está relacionada à escrita das vogais nasais e dos ditongos nasais, o que pode

ser explicado pela quantidade de possibilidades que existe na língua portuguesa

para marcar a nasalidade: M/N em posição final de sílaba (campo, canto), uso do

til (manhã), uso do dígrafo NH (linha), além dos casos de nasalização por

contiguidade, em que a nasalização ocorre porque a sílaba seguinte já começa

com uma consoante nasal – (amo).

Caderno Pacto, Unidade 3, p. 21.

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Regulares Morfológico-gramaticais

As correspondências regulares morfológico-gramaticais são compostas de

regras que envolvem morfemas tanto ligados à formação de palavras por

derivação lexical como por flexão (MORAES, 1998), ou seja, nesses casos, são

os aspectos gramaticais que determinam o grafema que será usado. [...]

sobretudo, em substantivos e adjetivos: sufixo [eza] pode ser escrito com S

ou Z, dependendo da classificação gramatical da palavra (portuguesa, pobreza)

[...] final de verbos regulares na terceira pessoa do passado perfeito do

indicativo ( cantou, bebeu, sorriu)

Caderno Pacto, Unidade 3, p. 21.

O uso dessas regularidades baseia-se em regras que, aos

poucos, as crianças assimilam a partir de um trabalho

sistemático, cujo princípio é a reflexão.

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Regulares Irregulares

As correspondências irregulares, por outro lado, não apresentam uma regra o

aprendiz a selecionar a letra ou o dígrafo que deverá ser usado. Apenas um

dicionário ou a memorização poderá ajudar nesses casos (MORAIS, 1998).

Caderno Pacto, Unidade 3, p. 20.

[...] notação dos fonemas /s/ (seguro, cidade, auxílio, cassino, piscina, cresça,

força, exceto,) /z/ (zebu, casa, exame)...

Caderno Pacto, Unidade 3, p. 21

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Fonte: https://books.google.com.br/books?id=XfLdAAAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-

BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false . Acesso em 28 out 2016.

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Ortografia

“[...] um recurso capaz de “cristalizar” na escrita as diferentes maneiras de

falar dos usuários de uma mesma língua” (MORAIS, 2000. p.19).

Representação de como a oralidade influência a apropriação da

escrita

Fonte: Oliveira (2005)

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GRUPO 1

Problemas que violam a própria natureza da escrita alfabética

Escrita pré-alfabética Aprendiz não se resolveu

entre a representação de

grupos de sons (escrita

silábica) ou a representação

de sons individuais (escrita

alfabética)

mviaemba (minha vizinha é

muito boa)

amnaeboa (a minha mãe é

boa)

Escrita alfabética com

correspondência trocada

por semelhança de

traçado

Semelhança entre traçado

de letras

m / n

p / q

b / d

Escrita alfabética com

correspondência trocada

pela mudança de sons

Aprendiz sussurra e os sons

ensurdecem e, como

consequência, vem a troca e

letras

cheiro por jeito

cato por gato

papa por baba

Desvios de escrita

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GRUPO 2

Problemas entre relações mínimas entre alguns sons e alguns grafemas

Violações das relações biunívocas

entre sons e os grafemas

Aprendiz não consegue

estabelecer as relações mínimas

entre alguns sons e alguns

grafemas

fava como mola

Violações das regras invariantes

que controlam a representação de

alguns sons

Aprendiz baseia os casos de

escrita na pauta sonora e que, ao

mesmo, tempo são regidos por

regras.

gera para guerra

Violações da relação entre sons e

os grafemas por interferência das

características estruturais do

dialeto do aprendiz

Caso ajustado à situação, pois os

dialetos do português não são

idênticos, portanto não são

idênticos os problemas.

Violação das formas

dicionarizadas

São grafias de natureza totalmente

arbitrárias, pois não podem ser

controladas nem pelo som que se

pronuncia, nem por uma regra.

Formas X e Y, mas com conceitos

diferentes: Cesta-feira (sexta-feira)

Cinto (sinto) muito

Foma X, embora a forma Y seja

tecnicamente possível: Jelo (gelo)

xoque (choque)

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GRUPO 3

Casos em que a ortografia exige o controle de fatores que ultrapassam a

relação entre sons e letra

Violação na escrita de

sequencia de palavras

Fala segmenta seus

componentes em torno das

unidades de acento,

enquanto a escrita segmenta

seus componentes em torno

de unidades de sentido.

opatu (o pato)

mileva (me leva)

javai (já vai)

Outros casos Casos de hipercorreção. pegol (pegou)

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E o marido falou:

- Espera. Eu irei buscar o meu irmão.

E lá foi ele buscar. O marido veio falando:

- Cadê/Conte a história.

E o irmão disse que queria ver a foto e depois ele disse que

isso não e(ra) uma foto e/sim espelho.

- Acho o que é um espelho. Ê vida!

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Fonte: Acervo pessoal

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Sugestão de atividade para superar desvios de escrita de

natureza alfabética

Fonte: Diversidade linguística na escola, p. 3

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Fonte: Diversidade linguística na escola, p. 15.

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Sugestão de atividade para pontuação

Fonte: Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo,/parte II/aluno, 2007, p. 25.

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Sugestão de atividade para uma ortografia reflexiva

Fonte: Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo, 2007, p. 30.

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Dimensões da escrita

Fonte: DOLZ, 2010, p. 20.

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Operações da produção textual

Fonte: DOLZ, 2010, p. 25.

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Coesão e Coerência

“Coesão textual diz respeito a todos os processos de sequenciação que

assegurem (ou tornam recuperáveis) uma ligação linguística significativa entre

elementos que ocorrem na superfície textual” . KOCH, 1989, p. 19)

O cão e a lebre

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa

perseguição, ele parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar ridicularizou-o

dizendo: “Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”.

O cão de caça respondeu: “Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo

apenas por um jantar, mas ela por sua vida”.

Moral: O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade

final.

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O cão e a lebre

Um cão de caça espantou uma lebre para fora de sua toca, mas depois de longa

perseguição, ele parou a caçada. Um pastor de cabras vendo-o parar ridicularizou-o

dizendo: “Aquele pequeno animal é melhor corredor que você”.

O cão de caça respondeu: “Você não vê a diferença entre nós: eu estava correndo

apenas por um jantar, mas ela por sua vida”.

Moral: O motivo pelo qual realizamos uma tarefa é que vai determinar sua qualidade

final.

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Coerência

“A coerência diz respeito ao modo como os elementos subjacentes à

superfície textual vêm a constituir, na mente dos interlocutores, uma

configuração veiculadora de sentidos.” (KOCH, 2003, p.52)

Fonte: http://pt.slideshare.net/CynthiaFunchal/elementos-de-coerncia Acesso em 28 out. 2016.

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A partir da função dos mecanismos coesivos na construção da textualidade, é possível

considerar a existência de duas grandes modalidades de coesão:

a) A COESÃO REFERENCIAL (referenciação, remissão)

Aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a outros(s) elementos)

do universo textual

forma referencial ou remissiva elemento de referência ou referente textual

b) A COESÃO SEQUENCIAL (Sequenciação, progressão)

Procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do textos

- enunciados

- partes de enunciados

- parágrafos

- sequências textuais

diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faça o texto

progredir.

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a) A COESÃO REFERENCIAL

É aquela em que um componente da superfície do texto faz

remissão a outro (s) elemento (s) do universo textual.

Ex.: A menina entrou. Ela trazia as flores.

a menina: referente textual

ela: forma remissiva ou referencial (anafórica)

Ex.: Ela trazia as flores, a pobre menina.

ela: forma remissiva ou referencial catafórico

a pobre menina: referente textual

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FORMAS REMISSIVAS

I. NÃO-REFERENCIAIS:

Fornecem instruções de conexão (p. e. Concordância em gênero

e número)

1.1 Artigos definidos e indefinidos

Obs.: o artigo indefinido geralmente funciona como catafórico, e

o artigo definido como anafórico.

1.2 Pronomes adjetivos

- demonstrativos: este, esse, aquele, tal

- possessivos: algum, todo, outro, vários, diversos

- interrogativos: que? Qual?

- relativo: cujo

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2.1 Pronomes pessoais de 3ª pessoa: (ele, ela, eles, elas)

- fornecem ao leitor/ouvinte instruções de conexão a

respeito do elemento de referência com o qual tal conexão

deve ser estabelecida.

2.2 Pronomes substantivos

- demonstrativos: - este, esse, aquele, tal, o mesmo

(concorda em gênero e número)

- isto, isso, aquilo, o

- possessivos: (o) meu, (o) teu, (o) seu ...

- indefinidos: tudo, todos, nenhum, vários, cada um, cada

qual etc.

- interrogativos: que? qual? quanto?

-relativos: que, o qual, quem

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Nominalizações

(deverbais) paralisar – paralisação

Expressões sinônimas ou quase sinônimas

Ex.: menino – garotinho

- nomes genéricos (coisa, pessoa, fato, fenômeno)

-hiperônimos (carro – veículo)

Forma referencial com lexema idêntico ao núcleo do SN

Ex.: Uma linda menina ...A menina ... Essa menina...

Formas referenciais que expressam categorização

Ex.: É provável que ... Essa hipótese ...

Elipse

A elipse possui, com frequência, valor referencial.

Ex.: As meninas saíram correndo. ɸ Precisavam fazer a lição.

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2.3 Numerais

-cardinais,ordinais, multiplicativos, fracionários

2.4 Advérbios pronominais

- lá, aí, ali, aqui, onde

OBS.: discussão a respeito do referente dessas formas nas páginas

2.5 Expressões adverbiais do tipo:

Acima, abaixo, assim, desse modo, a seguir etc

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B. A COESÃO SEQUENCIAL OU SEQUENCIAÇÃO

- procedimentos linguísticos que estabelecem relações

semânticas e/ou pragmáticas, entre segmentos do

texto, fazendo o texto progredir.

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ENCADEAMENTO: por justaposição e por conexão

a) Por Justaposição

- meta-nível ou nível dos enunciados metacomunicativos

(sinais demarcatórios ou sumarizadores)

Ex.: assim, por consequência, neste caso, dessa maneira,

dessa maneira...

- marcadores de situação no tempo e/ou espaço

Ex.: Alguns anos depois, primeiramente, a seguir, finalmente

etc.

- marcadores conversacionais (de introdução, mudanças,

quebra de tópico)

Ex.: Por falar nisso, voltando ao assunto, fazendo um

parênteses...

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b) Por Conexão

Relações lógico-semânticas (estabelecem relação de

implicação entre os enunciados)

- condicionalidade (se)

- causalidade (porque)

- mediação (meio-fim, x ... para)

- disjunção (ou ...ou)

- temporalidade (relacionamento temporal de vários tipos):

. simultâneo: assim que

. anterior/posterior: antes, depois

. contínuo ou progressivo: enquanto, à medida que

- conformidade: conforme, segundo

- modo: sem que saísse, consegui ...

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Relações discursivas ou argumentativas

(operadores argumentativos: não estabelecem relação de

implicação entre os enunciados; apenas

determinam a orientação

argumentativa)

- conjunção: e, também, não só ... mas também, além disso ...

- disjunção argumentativa: ou

-contrajunção: mas, porém, contudo, embora, ainda que, apesar

de

- explicação ou justificativa: porque, pois

- comprovação: tanto que

- conclusão: portanto, logo

- comparação: como, menos que...

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A pata nada no lago

A patinhas nada mina

O cachorrinhas chama lulu.

O cacho foi pego pela a

carrocinhas

A galinha botou os ovos.

O cachorrinhas está no lago iai o

loboma pegou.(MASSINI-CAGLIARI, p.58, 1997)

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Era uma vez uma bela ador mesida que

chamava Elizabete apareceu umbripi

abechou tivagaririnho e ossete anãodimirarão

é lalevãotou e falou quei é vose eu sou

o brisipi um brisipi o brisipi falou

euquérocaza comvose eu tabeiquéro cazar

comvose viverão fezes para sebre

nocasté lo cazarão parasebre(José Luiz)

MASSINI-CAGLIARI, p.59, 1997

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Era uma vez uma bela adormecida que chamava Elizabete.

Apareceu um príncipe, a beijou devagarinho e os sete

anões admiraram e ela levantou e falou:

- Quem é você?

- Eu sou o príncipe.

- Um príncipe!

- O príncipe falou:

- Eu quero casar com você

- Eu também quero casar com você

-Viveram felizes para sempre no castelo. Casaram para

sempre

MASSINI-CAGLIARI, p.60, 1997

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Referências

BRASIL. Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: O último ano do ciclo de

alfabetização: consolidando os conhecimentos: ano 03, unidade 3. Brasília: MEC, SEB, 2012

CAGLIARI, L, C. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 2009.

DOLZ, J. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem. Campinas, SP: Mercado

das Letras, 2010.

KOCH, I, G,V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KOCH, I, G,V. A coesão textual, Contexto, 1989.

LEMLE, M, Guia Teórico do professor alfabetizador. São Paulo: Ática, 2001.

MASSINI-CAGLIARI, G. O texto na alfabetização: coesão e coerência. Campinas, SP:

Edição da Autora, 1997.

MORAIS,A. G. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 2000.

NÓBREGA, M, J. Ortografia. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013.

OLIVEIRA, M, A. Conhecimento linguístico e apropriação do sistema de escrita:

caderno do formador. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005.

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PORTUGAL. Projecto Diversidade Linguística na Escola Portuguesa (ILTEC).

SÃO PAULO. Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo no

ciclo II / Unidade 1 Palavra Cantada. / Versão do estudante. 2007.

SÃO PAULO. Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo no

ciclo II / Unidade 1/ Palavra Cantada / Versão do professor. 2007.

SÃO PAULO. Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo no

ciclo II / Unidade II / Palavra Dialogada / Versão do estudante. 2007.

SÃO PAULO. Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo no

ciclo II / Unidade III/ Você sabia/ Versão do estudante. 2007.

SÃO PAULO. Aprender os padrões da linguagem escrita de modo reflexivo no

ciclo II / Unidade III/ Você sabia/ Versão do professor 2007.

SOARES, M. Alfabetização: a questão dos métodos. São Paulo: Contexto, 2016.

Vídeo As letras falam www.youtube.com/watch?v=pBsfpU9zWNI

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