dispersao e harmonia vocalica em dialetos do portugues do brasil- ok

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    DISPERSO E HARMONIA VOCLICA EMDIALETOS DO PORTUGUS DO BRASILDISPERSION AND VOWEL HARMONY IN BRAZILIAN

    PORTUGUESE DIALECTS

    Filomena Sandalo1

    Maria Bernadete M. Abaurre2

    Magnun Rochel Madruga3

    Resumo:Neste artigo, buscamos evidncia acstica para a harmonia voc-lica com base na existncia de correlao entre os valores de F1 das vogais

    pretnicas e tnicas. Abaurre & Sandalo (2009) mostram que um /a/ tni-

    co no desencadeia harmonia voclica em dados de Minas Gerais, EspritoSanto e Gois. Dados de Kentowicz & Sandalo (2011), no entanto, sugerem

    que /a/ desencadeia harmonia em dados de Pernambuco. Neste trabalho,

    apresentamos uma hiptese preliminar, baseada na disperso voclica, acer-

    ca do comportamento de vogais tnicas baixas como gatilhos de harmoniapretnica. Nossa anlise baseia-se na comparao feita entre dados de Salva-

    dor e Porto Alegre e os dados de So Paulo, Minas Gerais e Pernambuco de

    Kenstowicz & Sandalo.Palavras-chave: harmonia de pretnicas, vogais baixas, anlise acstica,

    disperso voclica

    Abstract: In this paper, we look for acoustic evidence for vowel harmonybased on the existence of a correlation between F1 values of pretonic and

    tonic vowels. Abaurre & Sandalo (2009) show that a tonic /a/ does not trig-

    ger vowel harmony in data from Minas Gerais, Esprito Santo, and Gois.

    Te data in Kenstowicz & Sandalo (2011), however, suggest that /a/ triggersharmony in Pernambuco. In this paper, we present a preliminary hypothesis,

    based on vocalic dispersion, about the behavior of tonic low vowels as triggers

    of pretonic harmony. Our analysis is based on data from Salvador and PortoAlegre in comparison with Kenstowicz & Sandalos data from So Paulo,

    Minas Gerais, and Pernambuco.Keywords:pretonic harmony, low vowels, acoustic analysis, vocalic dispersion

    1 Professora do IEL/UNICAMP, pesquisadora do CNPq.2 Professora do IEL/UNICAMP, pesquisadora do CNPq.3 Doutorando do IEL/UNICAMP.

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    de Porto Alegre e de Salvador, utilizando o mesmo corpus e experimentousados por Kenstowicz & Sndalo (2011), detalhados na seo 2 abaixo.

    Restries sobre quais vogais participam do processo de harmonia foramobservadas por Abaurre & Sandalo (2009) com relao vogal /a/ na tnicaem dialetos de Minas Gerais, Esprito Santo e Gois. Bisol notou restriescom relao vogal /u/ na tnica. As restries observadas no so geraisno portugus do Brasil. Os dados de Kenstowicz & Sandalo '),'3-( - #$'1?*9)3'- ,# @-&(+)'- 3+( A-A #( B#&)-(5/3+> C1*#1 ,-,+1 ,#(+)1*&-( ./#

    - nosso objetivo tambm, neste trabalho, testar uma hiptese pre-ditiva sobre quais vogais participam da harmonia.L-(+1 )+1 *&')='& -#)*#),#& + 3+(%+&*-(#)*+ ,- C( U#3'8#7 + A-A -%-# (-'1 %&N$'(+ ,- =';+ -3O1*'3- ,-1

    +/*&-1 S5-/& # J-),-0+ VWXEEY )+*-( ./# #1*#1 8-*+1 %+?

    ,#( 1#& -3'+)-,+1 -+1 8-*+1 ,# @-&(+)'- B-&- *+,+1

    +1 +/*&+1 8-0-)*#17#1*- #> + A-A 1#

    #)3+)*&- 5-1*-)*# (-'1 5-'$+7 )- %+)*- ,+ *&'T)=/0+ -3O1*'3+ #(

    -:;+ K1 +/*&-1

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    #)3+)*&- (-'1 -=0/*')-,+ K1 -0*/&-1 ,-1 +/*&-1

    C1*# *&-5-0@+7 -11'(7 *#1*- - @'%N*#1# ,# ./# - 8-0*- ,# @-&(+)'- 3+(

    A-A #( -0=/)1 ,'-0#*+1 ,+ %+&*/=/91 );+ 1# -3'+)- 3+( 1/5#1%#3'!3-:;+

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    V@'%N*#1# #$%0+&-,- 3+( 5-1# #( /(- -)P0'1# 8+)+0N='3- (-'1 -51*&-*- #(

    S5-/& # J-),-0+ WXX]Y7 (-1 1'( 3+( - ,'1%#&1;+ ,+ 1'1*#(- C( 1'1*#(-1 (-'1 -=0/*')-,+17 #( ./# #0# 1# #)3+)*&-

    ,#)*&+ ,# /(- 8-'$- -3O1*'3- ,# @-&(+)'-7 -

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    de quatro falantes (BP1, BP2, BP3 e BP4)5de regies distintas do Brasil:Recife (1 informante do sexo masculino), Belo Horizonte (2 informan-tes, um do sexo masculino e um falante do sexo feminino) e Campinas(1 falante do sexo feminino). Neste artigo, trabalhamos com dados de umfalante de Porto Alegre e um de Salvador, ambos universitrios, do sexo

    masculino, com idades entre 25 e 35 anos.No estudo de Kenstowicz & Sandalo, mediram-se os valores de F1 para as

    vogais tnicas e pretnicas para cada informante, buscando-se vericar a cor-relao entre os valores da tnica e da pretnica por meio de teste de regressoestatstica. Os dados sugerem que a distribuio das pretnicas mdias /e/ e /o/ parcialmente previsvel. A Figura 1 abaixo apresenta os resultados do teste esta-tstico utilizado por Kenstowicz e Sandalo (2011) para vericar a relao entre F1da pretnica e a tnica seguinte para cada um dos falantes:

    Figura 1: Relao entre F1 da pretnica e tnica para cada falante

    5 Esses informantes tm nvel universitrio e esto na faixa etria entre 25 e 45 anos.

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    Para exemplicar a ocorrncia de um dado de harmonia, observe a re-lao entre as pretnicas e tnicas a partir dos valores mdios de F1 das

    vogais pretnicas dos sujeitos de Kenstowicz & Sandalo (2011):

    Tabela 1: Valores mdios de F1 das vogais pretnicas dos sujeitos de K&S (2011)

    Como exemplo, observe a sequncia de vogais [o-O] na palavramotoca, retirada dos dados de BP4, abaixo. O valor mdio de F1 para uma

    vogal pretnica mdia posterior para este sujeito de 450Hz. No entanto,nesta palavra, que tem uma vogal baixa na tnica, o valor de F1 desta vogal de 567Hz (isto , de uma vogal posterior baixa), aproximando-se ao valorde 553Hz da tnica.

    Tabela 2: Palavras com possibilidade de ocorrncia de harmonia, dados de K&S(2011)

    F. Sandalo, M. B. M. Aburre e M. R. Madruga

    Organon, Porto Alegre, v. 28, n. 54, p. 13-30, jan./jun. 2013.

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    Abaixo apresentamos os valores da pretnicas:

    i e a o u

    POA 387 436 627 463 400

    SALVADOR 289 427 626 428 325Tabela 4: Valores Mdios de F1 das Vogais Pretnicas para os dois dialetos

    Em relao s vogais pretnicas, a maior diferena observada est nasvogais altas [i] e [u], que, em Porto Alegre, apresentam F1 mais alto, estan-do portanto mais baixas, prximas s mdias altas [e] e [o].

    Com o objetivo de vericar se a altura da tnica estaria relacionadaao comportamento da pretnica, ou seja, a m de testar se h harmonia

    voclica nas duas variedades, medimos os valores de F1 de todas as vogaistnicas e pretnicas nos corpora de cada dialeto e observamos a signicn-cia da correlao entre as vogais na pretnica e a vogal da tnica. A tabelaa seguir sumariza os resultados dos testes estatsticos:

    r tr

    p Signicncia

    POA 0,22 3,00 p

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    Salvador, temos casos de desarmonia voclica, como acontece em r[E]gulae m[O]dula em nosso corpus, fatos que no nos permitem armar ser esteum dialeto harmonizante.

    Dado que a harmonia de pretnicas com vogais altas na tnica j foiapontada por Silva (1989) e Bisol (1989 e 2011) para os dialetos de Salva-

    dor e Porto Alegre, respectivamente, vamos buscar observar neste trabalhose h bases acsticas para atestar (ou no) harmonia com vogais baixas natnica nos dados estudados.

    Ao observarmos dados relativos apenas s vogais baixas na tnica e m-dias na pretnica, somos levados a concluir, na comparao com dados dePorto Alegre, que Salvador no harmoniza com baixas; j em Porto Alegre,esse fato acontece, segundo indica o teste estatstico:

    r tr

    p Signicncia

    POA 0,38 2,19 p0,05 NoTabela 6: Resultados dos testes estatsticos para a correlao de F1 das vogais mdias pretnicas e

    F1 das vogais mdias baixas e da baixa da slaba tnica

    Os dados so surpreendentes, j que este o primeiro trabalho queaponta para harmonia com baixas em Porto Alegre. Note ainda que aharmonia foi atestada acusticamente segundo a metodologia baseada nabusca de correlao signicativa entre valores de F1 para pretnica e t-nica, no dependendo de julgamentos de oitiva. Salvador apresenta muitaocorrncia de baixas nas pretnicas, no entanto estas ocorrncias no sopor harmonia, conforme nossa metodologia e o resultado de nosso testeestatstico. importante ressaltar que a ocorrncia de vogais baixas naspretnicas que no so resultado de harmonia no Nordeste foi tambmapontada em Bisol (2011) e Nevins (2012).

    Na tabela 6, que apresenta os resultados dos testes estatsticos para osdois dialetos, podemos ver que a relao entre as vogais pretnicas mdiasaltas com as tnicas mdias baixas e a baixa /a/ tem uma correlao signi-cativa moderada (r = 0,38, p

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    /a/. Os valores de F1 para os trs item 516Hz, 521Hz e 585Hz respectiva-

    mente. Vale ressaltar que o valor mdio de [E] 518Hz e de [O] 570Hzpara o falante de Porto Alegre. Os valores de [O] de rodela e motoca,

    portanto, aproximam-se muito mais de [O] que de [o], cujo valor mdio

    de F1 420Hz. A diferena prxima a 100Hz para os dois itens. Em me-lado, tambm pode-se armar que houve harmonia, pois o valor de F1 davogal pretnica de 585Hz, superando o valor mdio de um [e] pretnico

    em 188Hz. Logo, os dados no deixam dvidas de que h harmonia, nosdados analisados de Porto Alegre, com as trs vogais baixas, embora seja

    um fenmeno varivel.

    Palavra F1- Pretnica F1 - Tnica Palavra F1- Pretnica F1 - Tnica

    sossega 284 512 deboche 466 453fofoca 497 483 teteca 332 483moada 362 656 melado 585 691lorota 474 480 pelote 531 465motoca 521 458 leleca 512 493folhada 409 669 pedao 519 675rodela 516 424 meleca 470 561topete 503 479 metade 500 674

    coleta 530 482 peteca 478 479boboca 487 471 rebote 502 477mococa 509 474 selada 517 703lotada 502 678 venero 374 454colado 524 675 decote 482 482

    retoque 487 472Tabela 7: Palavras com possibilidade de ocorrncia de harmonia Falante de Porto Alegre

    A ocorrncia de harmonia pode ser vericada ainda atravs da Figura2, em que apresentamos o diagrama de disperso das variveis. Podemosconstatar, atravs da interpretao da gura, que quanto maior o valor deF1 da vogal tnica (quanto mais baixa ela for), maior tambm o valorde F1 da pretnica. Ou seja, a relao diretamente proporcional: quantomais baixa for a vogal da tnica, tanto mais baixa ser a vogal pretnica. Alinha reta, no grco, evidencia essa tendncia.

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    Figura 2: Diagrama de Disperso das variveis F1 da Pretnica versus F1 da Tnica para PortoAlegre

    Contrariando a tendncia apresentada por Porto Alegre, os dados deSalvador no exibem uma correlao signicativa entre as duas variveis.Isso signica que no possvel armar que a harmonia voclica seja umfato lingustico preponderante nesse dialeto, embora possa ocorrer comalguns pares de vogais, em alguns itens lexicais. Na Tabela 8, abaixo, apre-sentamos um conjunto de dados que permitem observar a relao entre os

    valores de F1 da tnica e pretnica em nossos dados.

    Palavra F1- Pretnica F1 - Tnica Palavra F1- Pretnica F1 - Tnicadeboche 455 558 sossega 363 404teteca 399 533 fofoca 495 545melado 526 640 moada 557 637pelote 496 605 moleque 575 521leleca 505 520 lorota 476 559pedao 476 676 motoca 549 567meleca

    507 502topete

    462 502metade 527 693 coleta 511 538peteca 427 537 boboca 423 575rebote 454 549 cocada 466 748selada 517 651 mococa 392 559venero 459 586 lotada 484 687

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    decote 452 562 colado 517 668retoque 440 588 folhada 530 688

    rodela 502 529Tabela 8: Palavras com possibilidade de ocorrncia de harmonia Falante de Salvador

    interessante observar que a tendncia clara observada na Figura 2,correspondente a Porto Alegre, no se conrma em Salvador. A relaoentre as variveis no dialeto de Salvador dispersa no grco e a tendnciade relao entre elas, alm de fraca (r=0,08), no signicativa.

    Figura 3: Diagrama de Disperso das variveis F1 da Pretnica versus F1 da Tnica para Salvador

    Isso signica que apenas o abaixamento da vogal tnica no sucientepara que a vogal da pretnica siga a vogal seguinte do mesmo modo. Comoj observamos em nossos dados, h casos que contrariam a tendncia deharmonia nesse dialeto, como em regula e modula, produzidas como r[E]gula e m[O]dula. Essa desarmonia parece ocorrer quando a tnica uma

    vogal alta posterior e pode ocorrer tambm em itens com vogais baixas,como em mococa, cujo F1 da pretnica 392Hz, indicando a realizaode uma vogal que se aproxima de uma vogal alta na pretnica (cf. Tabela 4para valores mdios de F1). Embora esse seja um valor ainda prximo deum [o] pretnico com 428Hz de mdia, tal produo prxima de [u] que,nessa posio acentual, tem 325Hz de mdia para F1, indicando portantotendncia a alamento e contrariando a harmonia voclica esperada.

    A ausncia de correlao signicativa entre valores de F1 na pretnicae tnica nos leva a armar que harmonia com baixas no ocorre em Sal-

    vador. Os fatos acsticos, analisados estatisticamente, indicam, por outrolado, que h harmonia com baixas em Porto Alegre.

    F. Sandalo, M. B. M. Aburre e M. R. Madruga

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    4. Disperso das vogais para os dialetos

    _+)8+&(# -!&(-(+1 )+ ')a3'+ ,#1*# *&-5-0@+7 %&+3/&-(+1 *#1*-& - @'?

    %N*#1# ,# ./# - -/19)3'- ,# @-&(+)'- 3+( A-A #( -0=/)1 ,'-0#*+1 #1*P

    -3'+)-,- K ,'1%#&1;+ ,+ 1'1*#(-

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    _+(+

    !51#& S (-'+& ,'8#):- #1*-

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    Figura 6: Espao acstico das vogais do falante de Recife segundo K&S (2011)

    _+(+ (#)3'+)-,+ -)*#&'+&(#)*#7 U#3'8# 4 /( ,'-0#*+ @-&(+)'H-)*#

    V38> F#)1*+G'3H I J-),-0+ WXEEY # - C( ,'-0#*+1 @-&(+)'H-)*#17 3-1+

    -

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    Figura 7: Espao acstico das vogais dos falantes de So Paulo e Minas Gerais segundo K&S(2011)

    5. Consideraesnais

    Em Abaurre & Sandalo (2009), observamos, em alguns dialetos, que asvogais /e/ e /o/, quando pretnicas, podem sofrer abaixamento por har-monia diante de uma vogal baixa na slaba tnica, exceto diante de /a/,que no desencadeia o processo. Com base nos fatos observados atravs deexperimentos com logatomas, abordamos a harmonia de vogais baixas em

    vogais pretnicas a partir de diferentes modelos de geometria de traos.Um primeiro problema dessas anlises ignorar o fato de que as pretnicas

    F. Sandalo, M. B. M. Aburre e M. R. Madruga

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    /e/ e /o/ podem tambm sofrer harmonia condicionada por vogais tnicasaltas. Um segundo problema diz respeito ao alto grau de abstrao assu-mido nas anlises propostas nas geometrias de traos. Em Kenstowicz &Sandalo (2011), a harmonia voclica no portugus brasileiro foi abordadaa partir de um estudo experimental, e o fenmeno de harmonia desen-

    cadeada por vogais baixas e altas foi considerado em um corpus de 170palavras paroxtonas trissilbicas contendo todas as combinaes de vogaisdo portugus em slabas pretnicas e tnicas. Os dados foram analisadosacusticamente e os resultados foram interpretados atravs da Teoria daDisperso (Flemming 2004) que, aplicada a inventrios de vogais, propeque a neutralizao de oposies resulta da interao de restries de es-foro articulatrio e distncia fontica entre espaos de contrastes.

    Na Teoria da Disperso, padres envolvendo facilidade de articulao epercepo so expressos linguisticamente atravs de restries gramaticais

    e o valor de marcao de um som no dado individualmente, mas de-pende dos sons com os quais esse som contrasta. Assim, as restries quefavorecem contrastes perceptualmente distintos so restries sobre as di-ferenas entre segmentos e classes em contraste no interior de um sistema,e no restries denidas a partir de formas isoladas.

    Neste trabalho, observamos que tais consideraes sobre disperso per-mitem fazer previses sobre o comportamento de vogais que so gatilhosde harmonia e vogais que sero inertes harmonia em diferentes sistemas.

    BIBLIOGRAFIA

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