sÍndrome de burnout nos docentes do curso de...
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SÍNDROME DE BURNOUT NOS DOCENTES DO
CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-
ÁRIDO
Rafael Bezerra Duarte (UFERSA )
Andre Duarte Lucena (UFERSA )
MIGUEL ELIAS DE OLIVEIRA NETO (UFERSA )
JESSICA DANIELLE DE CARVALHO NUNES (UFERSA )
Levando-se em conta que todos os profissionais são hoje suscetíveis a
desenvolver a síndrome de burnout, e que isso pode refletir não só no mau
desempenho da tarefa, mas no índice de absenteísmo e de rotatividade das
organizações em geral. Objetivando mensurar o grau de relação dos aspectos
pessoais, sociais, institucionais e funcionais e, emocionais com a prevalência
da síndrome de burnout nos docentes do curso de Engenharia de Produção
da UFERSA. Para a obtenção dos dados necessários foram utilizados dois
questionários. Recomenda-se que a instituição preste mais atenção a saúde
do seu colaborador mais importante, o professor, pois a universidade tem
como suas fundações os docentes, pois são eles que seguram e dão toda a
estrutura necessária para que exista uma qualidade de excelência. Por fim,
tem-se o desejo que a pesquisa realizada tenha serventia para os estudos
sobre a síndrome dentro das instituições de ensino superior, já que foi visto
que ela pode trazer danos ao docente e subsequentemente à própria
universidade. O problema não afeta apenas o professor, outros que são
prejudicados são os alunos, pois o docentes sofrendo deste mal irão ter um
baixo rendimento em sala de aula e assim o alunos receberam aulas de baixo
nível. O estudo constatou níveis variados para os fatores que estão ligados
diretamente com a síndrome.
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Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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Palavras-chaves: Sindrome de burnout, docentes, UFERSA
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1 Introdução
O trabalho é uma atividade humana, útil, sendo este o motivo pelo qual os homens se
dão na perspectiva de fazerem parte da sociedade. De acordo com a história, o trabalho é algo
intrínseco no homem, por ter certa importância econômica, social, cultural e simbólica. É com
o trabalho que o sujeito se realiza, dignifica, mantém, relaciona, garantindo sua subsistência e
sua posição social. (CARNEIRO, 2010)
De acordo com Borges e Tamayo (2001), o trabalho é rico no sentido individual e
social, isto é, o mesmo cria um sentido existencial, transforma e torna o ser mais
personalizado dando-lhe uma identidade.
Sarriera, Rocha e Pizzinato (2004) afirmam que o trabalho está passando por
metamorfoses. Algumas delas cobram atualização de conhecimentos, habilidades e estratégias
para ingressar ou se manter no mundo do trabalho. A tentativa de se inserir ao mundo do
trabalho vem acarretando novas tecnologias, dando força às atividades econômicas e uma
metamorfose nos métodos de trabalho. Entretanto, esse esforço para dar conta de várias
atividades diferentes trás consigo um aumento dos tipos de cargas relacionadas ao labor,
provocando doenças físicas, psíquicas e emocionais ao ser humano.
Trazendo para o âmbito acadêmico é importante salientar que os professores não estão
livres do mal que acomete alguns trabalhadores, que são as doenças psíquicas. É a partir daí
que vem a surgir à síndrome de burnou(SB). De acordo com Maslach, Schaufeli e Leiter(2001
apud Carlotto, 2010, p. 496) a síndrome de burnout é considerada um fenômeno psicossocial
que aparece como resposta crônica aos estressores interpessoais que ocorrem na situação do
trabalho. A SB tem maior incidência nos profissionais que têm relação estreita com outros
indivíduos, um exemplo destes são os docentes, que estão estreitamente ligados aos seu
alunos. Os professores de nível superior tendem a sofrer por tal mal, pois ministram suas aulas
e tem atividades extracurriculares como pesquisa e extensão, que são exigidos deles.
2 Referencial Teórico
O termo burnout tem sua tradução fiel como “queimar para fora”, já para o campo de
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estudo significa “estar esgotado”. Bevenides-Pereira e Gonçalves (2009) diz que a síndrome
tem basicamente três dimensões: exaustão, ou esgotamento, emocional (E.E.),
despersonalização (D.P.) e baixa realização profissional (B.R.P.).
Ao falar em esgotamento emocional Benevides-Pereira (2002) diz que nada mais é que
o ser se sentir enfadado tanto emocional quanto fisicamente, não tendo mais forças para
realização de nenhuma atividade. Para Tamayo (2002) a exaustão emocional tem
consequências que podem ser vistas nos níveis individual e organizacional. Ao tratar de nível
individual a E.E. afeta a saúde do trabalhador, acarretando distúrbios psicossomáticos e
depressão; as relações interpessoais, seja de forma social ou no âmbito familiar; e o
comportamento, causando o uso de bebidas alcoólicas e drogas, e tornando o ser mais
agressivo e com irritabilidade.
Para Benevides-Pereira (2002) que a despersonalização não significa que o indivíduo
ficou sem personalidade, mas que ele está modificando a sua com o tempo, que o desgaste
está fazendo com que exista uma variação no seu modo de tratar as pessoas, aquelas com
quem ele tem uma relação profissional.
Ao tratar da baixa realização profissional Maslach (2003) afirma que este aspecto é o
ponto onde o ser se sente inadequado, achando que suas habilidades estão fora do aceitável,
que ela não se encaixa, surgindo uma baixa autoestima.
Partindo do pressuposto de que a síndrome aflige aos profissionais que têm que criar
um vínculo com pessoas, sendo elas a quem o trabalho dos profissionais está completamente
destinada, por exemplo: Professores, médicos, psicólogos e entre outros que trabalhem
diretamente com pessoas. Benevides-Pereira (2002) afirma que estudos revelam que a
despersonalização e a exaustão emocional são mais elevadas nessas profissões.
Nas literaturas encontram-se sintomas associados à Burnout, entretanto podemos
separá-los em quatro categorias: Físicos, psíquicos, defensivos e comportamentais. Partindo
os sintomas físicos encontramos vários sintomas, tendo em comum o corpo do ser, são
sintomas como o cansaço constante, as dores de cabeça, a falta de sono, a falta do apetite
sexual, nas mulheres é a disfunção menstrual, problemas respiratórios, distúrbios
cardiovasculares entre vários outros sintomas. Os psíquicos são aqueles onde a mente estão
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envolvidas, todos os problemas envolvendo a mente, como a falta de memória, problemas
com concentração, impaciência, baixa auto-estima, dificuldade no processamento de
pensamentos e outros. Quando ao tratar dos defensivos encontramos o isolamento, perda de
interesse no trabalho ou no lazer, absenteísmo, ironia, cinismo entre outros sintomas. Já os
comportamentais são aqueles relacionados aos modos do sujeito, como irritabilidade,
incapacidade para relaxar, a não aceitação das mudanças e outros sintomas relacionados aos
comportamentos deles.
A docência de acordo com Rosales et al. (2005) é uma das profissões com maior
compromisso quando tratamos de auxiliar e apoiar as pessoas. A docência suporta pressões
constantes da sociedade para reparar problemas sociais, exemplos como as drogas, álcool,
abuso sexual e outros. Alguns docentes deixam suas profissões por esses motivos, largando já
com a síndrome de burnout por causa de suas cargas diárias.
De acordo com Carneiro (2010) o stress ocupacional é um fator chave para o
surgimento da síndrome. Para Silva (2010) o stress são as situações em que o profissional
percebe em seu ambiente de trabalho como ameaçador a suas necessidades de realização
pessoal e profissional, sua saúde mental e física, trazendo prejuízo ao seu relacionamento com
o trabalho e o seu ambiente e, quanto maior o crescimento da demanda, a pessoa não tem
condições de suportar o grande acúmulo de responsabilidade e não possui os recursos
necessários para enfrentá-los. Contudo, ele não é o único e essencial para o acarretamento da
doença, autores relatam a existência dos aspectos pessoais, organizacionais e os aspectos
sociais. Contudo a World Helth Organization (WHO) (1998) classifica os fatores de risco
como fatores organizacionais, o indivíduo, a sociedade e o trabalho.
Segundo Carneiro (2010) os fatores organizacionais são aqueles que remetem
organização como um todo, o seu regimento, as suas remunerações e todas as improbidades
existentes, tudo o que vier da organização. O autor afirma que os fatores individuais são
aquelas que estejam relacionadas a personalidade, ao ser do homem, suas características. O
social é a falta do suporte social, o não prestígio social, isto é, o fator remete a tudo o que vem
da sociedade, como ele se sente com relação a ela e o que ela pensa dele. Já os laborais são
aqueles que são acarretadas por causa do trabalho, isto é, o excesso dele, ou a impossibilidade
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de realizar como deseja, os horários são fatores a ser observadas, sem por de lado as
expectativas tanto com a profissão como consigo mesmo.
3 Metodologia
A pesquisa empregada é de cunho descritivo, pois delineia a síndrome de Burnout,
indo no sentido da definição de Menezes e Silva (2005) onde afirmam que ela tenta, como o
nome já diz, descrever características de uma determinada população ou fenômeno, ou a
determinação de relações.
3.1 Universo da pesquisa
A amostra foi composta por docentes universitários do quadro geral de docentes
efetivos do curso de engenharia de produção da UFERSA, docentes alocados ao
Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas que lecionam para o curso de
Engenharia de Produção.
Figura 1: Universo da Pesquisa
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2014.
Para que fosse realizada a pesquisa com o docente ele precisava ser professor efetivo
da UFERSA, alocado ao Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas e lecionasse
disciplinas no curso de Engenharia de Produção.
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Foram distribuídos 10 questionários entre os docentes que se encaixavam no quesitos
supracitados. Entretanto apenas 9 retornaram, pois um dos docentes se recusou em fazer parte
da pesquisa. O pesquisador pediu que respondessem os dois questionários, o Maslach
Burnout Inventory (MBI-ED) e o Questionário Sócio-Funcional (QSF), sendo entregues
simultaneamente.
3.2 Instrumentos
Para realizar a coleta de dados utilizados dois questionários como ferramentas de
captação. Um deles é o MBI – ED (Maslach Burnout Inventory “Educatores Survey – Es”), o
outro foi o Questionário Sócio-Funcional (QSF). O MBI é um dos instrumentos mais
utilizados quando uma pesquisa tem como foco os professores e a síndrome de burnout.
3.2.1 MBI - ED
As questões foram respondidas de acordo com uma escala Linkert, onde as respostas
vão de 0 a 6, sendo 0 significa nunca e 6 todo dia. Codo e Vasquez-Menezes (1999) realizam
uma distinção das questões encontradas no questionário da MBI-ED. Esse agrupamento é
apresentado abaixo:
Figura 2: Agrupamento dos itens avaliados no MBI-ED
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Fonte: Adaptado de Codo e Vasquez-Menezes (1999)
Para realizar a contabilidade dos dados foi utilizada a escala apresentada na figura 3,
onde ela estabelece a dimensão e a diferenciação das pontuações entre alto, moderado e baixo.
Figura 3: Dimensões e seus níveis
Fonte: Adaptado Carneiro(2010)
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3.2.2 Questionário sócio-funcional (QSF)
O Questionário Sócio-Funcional (QSF) elaborado por Sousa (2013) - tem por objetivo
identificar os aspectos pessoais, sociais, institucionais (funcionais) e emocionais dos
entrevistados. O mesmo é composto por quarenta e uma questões, variando entre objetivas e
subjetivas.
4 Resultados
A figura 4 tem como função principal dispor do perfil sócio funcional dos docentes
que participaram da pesquisa.
Figura 4: Perfil sócio-funcional dos docentes
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Fonte: Adaptado Carneiro (2010)
O quadro de profissionais estudados é dominado pelo gênero masculino, com 64,67%.
Com apenas 33,33% as mulheres se fazem visíveis no corpo docente do curso.
Um tabu que ainda está sendo quebrado nos dias de hoje é a inserção feminina no
mercado de trabalho, independente da função. As mulheres vencem poucas batalhas,
acrescentam poucas conquistas ao seu pódio, toda via são elas constantes. As mulheres podem
não ser a predominância no quadro de funcionários atrelados ao curso de engenharia de
produção da UFERSA, entretanto Carneiro (2010) afirma que na atualidade as mulheres estão
mais alicerçadas no mercado de trabalho, e o que está acontecendo é uma inversão de papel
com o homem.
Com 55,56% os profissionais com a faixa etária com limite máximo de 30 anos tem o
domínio do quadro geral dos profissionais efetivos. Aqueles que têm idades entre 31 anos e
50 compõem 44,44% dos trabalhadores docentes do corpo. Os com idade superior aos 50 anos
não são encontrados no grupo dos profissionais.
Entre as pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) encontra-se a pesquisa para quantificar os trabalhadores a partir dos 50 anos de idade,
tendo como amostragem seis regiões metropolitanas, sendo elas: Recife, Salvador, Belo
Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Na pesquisa demonstra que esse perfil
de profissional está crescente. Entre o maio de 2002 a maio de 2006 o número de profissionais
acima desta idade cresceu de 8154 mil para 10013 mil nas regiões estudadas.
Ao analisar os dados obtidos vemos que os casados são a maioria, com uma diferença
de 11,12% sobre os solteiros. Carneiro (2010) afirmou que o relacionamento conjugal está
atrelado à segurança, à saúde e à qualidade de vida. Para Norgren et al. (2004) a intimidade
dos relacionamentos é um dos aspectos centrais da vida adulta e a qualidade deles tem
influência direta na saúde mental, física e profissional do ser. Ainda em Norgren et al. (2004)
eles relatam sobre a subjetividade encontrada ao tratar da satisfação conjugal, implicando em
ter seus desejos e necessidades satisfeitos, como também dar um retorno às expectativas do
outro.
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Os docentes que não têm filhos contabilizam 66,67%, logo em seguida aqueles com
apenas um filho somam 22,22% e por fim 11,11% são aqueles que têm dois filhos. Informa
Carneiro (2010) que os avanços anticoncepcionais dão a opção das famílias de ter ou não
filhos, ou então ter em proporções menores se comparados ao passado.
4.1 Análise das dimensões da síndrome de burnout
4.1.1 Exaustão emocional (E.E.)
Figura 5: Gráfico com o nível de exaustão emocional dos docentes
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2014
De acordo com os dados encontrados no gráfico a exaustão emocional está baixa, com
11,11% de diferença para o alto índice de exaustão emocional. Moreno-Jimenez, et al. (2002)
afirma que os docentes após a sua interação com os discentes, apontam um enfraquecimento
de suas energias emocionais e informam que o trabalho não é realizado com a mesma
dedicação passada nos primórdios de suas carreiras. O professor sente incapaz de dar mais de
si mesmo quando o assunto chega ao emocional.
Aqueles que têm o nível de exaustão emocional alto somam exatos 33,33% do total,
sendo eles 100% formado pelos homens. 66,67% dos mesmos tiraram férias a
aproximadamente 3 meses atrás, enquanto que 33,33% tiraram férias fazem aproximadamente
13 meses, isto é, 1 ano e 1 mês. De acordo com as pesquisas, os dados apontam para as
informações que dentro dos 33,33% com E.E. 66,67% destinam aproximadamente 4 horas
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para qualquer coisa fora do seu local de trabalho enquanto que 33,33% informaram que não
destinam hora alguma para atividade extraclasse.
Figura 6: Exaustão emocional e as variáveis sócio-funcionais
Fonte: Adaptado Carneiro (2010)
Um fato a se observar é que todos levam trabalho para casa (100%) e como
consequência atrapalhando a sua vida pessoal, observa-se pelo dado apresentado. A figura 6
demonstra os motivos pelo qual aqueles docentes se encontram em estado de E.E.,
observando percebe-se que os mais afetados são aqueles com idade acima dos 40 anos, onde
eles têm tempo de trabalho avançado, estão a mais tempo trabalhando, seja nesta instituição,
ou não. Um fato importante a se observar é que estes mesmos professores (66,67%) lecionam
em outra instituição, acarretando um maior desgaste, tanto por sua idade, como por seu ritmo
de trabalho desgastante.
Ao levar trabalho para casa eles acabam por atrapalhar seu convívio familiar e, claro, o
seu tempo livre fora das tarefas acadêmicas, isto é, usando o tempo que deveria ser
direcionado ao descanso para trabalhar. Carneiro (2010) afirma que o trabalho em excesso
proporciona angústia e ansiedade, que podem causar danos psicossociais, sendo elas doenças
psicossomáticas, como hipertensão arterial sistêmica, gastrites, cefaleias, mialgias,
imunodeficiências, doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e outras, trazendo a
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necessidade de absenteísmo, descontentamento e desistência.
Com a coleta dos dados e a estratificação dos mesmos foi possível ver que os docentes
que se encontram com a exaustão emocional são todos (100%) casados, onde 66,67%
receberam o título de mestre, enquanto 33,33% encontram-se doutores.
Figura 7: Estado civil e titulação dos docentes entrevistados
Fonte: Adaptado Carneiro (2010)
Segundo Carneiro (2010) a exaustão física e emocional acarreta no professor conflitos
de identidade, deixando-o refletindo sobre o seu envolvimento pessoal e profissional,
fazendo-o com se distancie e tenha atitudes de frieza em suas relações, como forma de se
proteger.
4.1.2 Despersonalização(DP)
Figura 8: Gráfico do Nível de Despersonalização dos Docentes
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Fonte: Elaborado pelo Autor, 2014
Os dados coletados geraram o gráfico mostrado mais acima, onde 45% dos
profissionais efetivos do curso não estão sofrendo com a despersonalização, porém existe a
parcela de 22% que está sofrendo com o problema.
São encontrados os docentes com 22% de despersonalização, onde os docentes que
fazem parte deste quadro que sofre metade faz uso de medicamentos, enquanto a outra metade
não faz uso. 50% dos professores já se sentiram insatisfeito em sua profissão.
Sobre a despersonalização Carneiro (2010) afirma que ela faz com que o professor se
distancie como autoproteção do trabalho. Com isso ele se sente injustiçado, não se acha mais
capaz, chegando ao ponto de abrir mão de alguma coisa que no passado o dava prazer.
4.1.2 Baixa realização profissional(B.R.P.)
Figura 9: Gráfico do nível de baixa realização profissional dos docentes
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Fonte: Elaborado pelo Autor, 2014
O gráfico mostra a situação dos docentes com relação à baixa realização
profissional. Mostrando que eles se encontram com índices altos e moderados, nenhum dos
profissionais apresentou um quadro baixo com relação a B.R.P. Com 56% é apresentado que
os professores se encontram com um alto índice de B.R.P.
Para definir da melhor maneira possível, Carlotto, Mazon e Câmara (2008, p. 58)
descreve a Baixa Realização Profissional afirmando que ela “caracteriza-se por uma tendência
do trabalhador em se auto-avaliar de forma negativa, sentindo-se infeliz e insatisfeito com seu
desenvolvimento profissional”.
Figura 10: Fatores organizacionais
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Fonte: Adaptado Carneiro (2010)
Com a figura 10 se percebe alguns fatores importantes, como 80% dos docentes, que
estão com o índice elevado de baixa realização profissional, considera o acervo bibliográfico
da universidade insuficiente. A falta de material didático proporciona um desconforto e
dificulta o docente de atuar de um modo melhor, sobre a relação professor e material didático
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Fiscarelli (2007) fala que os materiais didáticos são considerados pelos docentes como
instrumentos à prática docente, vendo-o como material auxiliar da prática.
Outro ponto importante a ser observado é a insatisfação que permeia sobre a falta de
incentivo da universidade para com a atualização dos professores. Com 60% os professores
consideram que a universidade não investe na atualização daqueles que perpetuam o
conhecimento, isto é, os docentes. Sobre a atualização Silva (2011) afirma que a situação
atual da profissão docente requer mais que os conhecimentos científicos. Um professor é um
produtor e organizador do conhecimento dentro de um processo de aprendizado contínuo. A
formação contínua é um caminho onde os que sentem necessidade de crescimento profissional
percorrem. Contudo, para que seja mostrado um perfil de aprendizado efetivamente contínuo,
os docentes enfrentam dificuldades em virtude do tempo, falta de recursos financeiros e ações
de formação de qualidade que não se enquadram em meros receituários desconectados de suas
realidades, seus desejos e valores.
60% dos docentes sente eventualmente o reconhecimento da sua profissão. Os
sentimentos deles são revelam nos questionários com a possibilidade de responder por quem
eles são reconhecidos, quem os dá o mérito que vos é de direito.
É possível observar que os alunos são na grande maioria aqueles que mais reconhecem
o trabalho e esforço do profissional docente. A interação professor e aluno é de grande valia
para que a atividade seja realizada perfeitamente bem, pois os discentes são o público à quem
os docentes se direcionam. Segundo Santos (2001) apesar de do programa acadêmico, de
tempo, por normativas e pela infra-estrutura da instituição, é a interação professor e o aluno
que vai guiar o processo. A interação fica de conta por dirigir a aprendizagem do aluno, sendo
ela mais ou menos facilitada e orientada para alguma direção.
A maioria dos professores consideram as gestões, seja vinda da reitoria, da
coordenação do curso e do departamento a qual estão vinculados, que ela seja democrática, o
que de acordo com Carneiro (2010) alivia a situação e enriquece o ambiente de trabalho, já
que a participações da gestão, por ser democrática, torna menor o índice de conflitos, onde
eles podem ajudando amenizando as dores, até mesmo em compartilhar os seus próprios
problemas.
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5 Considerações Finais
Carneiro (2010) afirma que é impossível desvincular o trabalho dos fatores estressores
que são encontrados dentro do ambiente de trabalho, todavia existem formas de minimizá-los,
como dando uma maior valorização do serviço prestado por estes docentes, implantando
planos de cargos e salários, dando incentivos para que existam atualizações pedagógicas,
proporcionando ao professor, horas reais para pesquisa e extensão e incentivando a realização
de exercícios físicos regularmente, já que as atividades físicas melhoram as condições do
corpo e da mente do ser, sendo também propício para retirar a atenção do trabalho e
engrandecendo seus relacionamentos sociais.
Em suma é importante estabelecer cursos de formação continuada, melhoria de
recursos instrumentais e aumentar a competência psicossocial do profissional. É importante
manter as relações interpessoais, e a melhoria do suporte social, entre os colegas de trabalho,
sejam os superiores ou aqueles que com eles trabalham. É importante manter a motivação,
para evitar o choque e para que as expectativas sejam quebradas, assim evitando desilusão e
os sentimentos de solidão e frustração que acometem os profissionais dos dias atuais.
Recomenda-se que a instituição preste mais atenção à saúde do seu colaborador mais
importante, o professor, pois a universidade tem como suas fundações os docentes, pois são
eles que seguram e dão toda a estrutura necessária para que exista uma qualidade de
excelência.
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