setembro 2008

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1 CIDADE, Setembro de 2008

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios,

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Setembro, 2008 Número 29

www.revistacidade.com.br

Capa: Barcos na Copa Pe de Vento de Vela (Praia das Palmeiras/Cabo Frio)Foto de Ricardo Valle

CAPA

A ERA PAULO

Hotéis de Macaé lotam de segunda a sexta e fi cam vazios nos sábados e domingos. Mas

empresários agora querem incentivar também o turismo de lazer

Empresário contesta denúncia do Inepac sobre irregularidades

no ato de desmembramento da Ponta do Forno em Búzios.

Prepare as botas, o cantil e a câmera fotográfi ca, porque o passeio vai começar!

Clemente Contesta Inepac

Dia de muito, véspera de nada

Aventura

As transformações de São Pedro da Aldeia depois de oito anos de administração Paulo Lobo

43 10

2236

Ação entre amigos? ............15

NutriçãoO segredo para emagrecer .......... 17

Fora do ArA Marinha deve começar ainda este ano o processo para a modernização de 12 aviões de caça que fazem parte do Esquadrão VF-1, sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. ....................................18

“Os Intrusos” dominam Festival de Esquetes ......... 20

Ângela Barroso .................... 21

Prolagos promete maior controle na abertura de comportas ............................. 24

GENTE ...................................... 25

Disputa na Lagoa Pescadores de São Pedro da Aldeia querem que a Salina Mossoró, da família Yamagata rompa os marnéis de sal da Lagoa de Araruama ......34

Indústria com cara de VarejoA indústria da moda praia da Região dos Lagos já vive toda a intensidade do verão de 2009 .........................40

Livros ........................................47

Cabo Frio tem ventos constantes, sol, mar azul e lindas paisagens. A combinação perfeita para quem gosta de velejar.

38

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ENTREVISTA J o s é A i r t o n d e L a c e r d a M a r t i n s

Gustavo Araújo

5CIDADE, Setembro de 2008

Os Municípios da região têm sido citados em revistas que indicam as melhores cidades para se trabalhar ou viver

ários desafi os enfrentados durante 28 anos de trabalho na Petrobras credenciaram o engenheiro José Airton de Lacerda Martins a assu-mir, no mês de junho, a gerência geral da Unidade de Negócios

Bacia de Campos (UN-BC), maior pro-víncia petrolífera do Brasil. Suas metas: dar seqüência ao trabalho desenvolvido por seu antecessor, Carlos Eugenio Mel-ro Silva da Resurreição, atingindo uma produção diária de 1 milhão de barris de petróleo, e investir em ações de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). Nascido em João Pessoa (PB), mas morando em Macaé há 11 anos, o novo gerente geral da UN-BC acena com a possibilidade de novas parcerias com as prefeituras. “Um dos com-promissos da Petrobras é atuar em prol do desen-volvimento da região onde atua”, observa o engenheiro, que aponta os prós e os contras de viver em Macaé e acha que a cidade melhorou desde a descoberta do ouro negro na Bacia de Campos.

JOSÉ AIRTON DE LACERDA MARTINSGerente Geral da Unidade de Negócios Bacia de Campos (UN-BC)

V

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J o s é A i r t o n d e L a c e r d a M a r t i n sENTREVISTA

6 CIDADE, Setembro de 2008

Estamos conseguindo despertar a atenção das empresas nesta área de Responsabilidade Social, conquistando inclusive parcerias em alguns projetos. Este é um valor muito importante para a Petrobras

Uma de suas metas à frente da UN-BC é estabilizar a produção e atingir 1 milhão de barris por dia em 2012. Qual a estratégia da empresa para atingir este índice?

Nós identifi camos e cadastramos uma série de projetos de curto, médio e longo prazo para dar visibilidade às oportuni-dades de aumento de produção em longo prazo. Isso nos permite planejar e antecipar a contratação de recursos críticos, como sondas e navios. Outra estratégia é o inves-timento em tecnologia. Temos a Sísmica 4D (espécie de ultra-sonografi a no subsolo marinho), por exemplo, que hoje nos ofere-ce grande precisão, aumentando as chances de acerto em novos reservatórios e eleva o fator de recuperação (percentual do óleo extraído) dos campos e, conseqüentemente, o volume de reservas (óleo que pode ser retirado). Além disso, contamos com os campos de petróleo novos que entrarão em produção, como Papa Terra, Maromba, Carapicu e Xerelete, nos quais teremos desafi os para produzir óleo extra pesado, ou seja, de maior densidade que aquele que já produzimos na Bacia.

Quais são os próximos desafi os na revitalização de campos maduros?

É nos campos maduros que estão nossas plataformas mais antigas. Por isso, além de buscar novas tecnologias e contratar recursos críticos com antece-dência, temos que ter nossas plataformas antigas em boas condições para continuar operando com eficiência nos campos maduros, que serão revitalizados. Para isso, prevemos substituições, manutenção preventiva e remoção de equipamentos antigos, ou seja, a atualização tecnológica dessas plataformas.

A redução na emissão de dióxido de carbono, como forma de atingir as metas estipuladas pelo Protocolo de Quioto, tem merecido atenção da Petrobras nos últimos anos. Quais as estratégias de negócio que serão adotadas na Bacia de Campos?

Aqui na Bacia de Campos, como na Petrobras inteira, a estratégia é otimizar o aproveitamento do gás produzido nas plataformas. Isso nos permite oferecer ao mercado brasileiro mais gás, que é um combustível cuja queima lança menos dióxido de carbono no ar.

De que forma a Petrobras pode melhorar sua atuação em SMS na região de abrangência da Bacia de Campos, que o

senhor também aponta como uma de suas metas à frente da UN-BC?

Uma das metas já estabelecidas é pro-duzir 1 milhão de barris por dia, buscando a taxa de acidente zero em 2012. Além da meta local, a Petrobras, sendo considerada uma das maiores empresas do mundo, tem seus programas corporativos de melhorias na área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde. Um deles determina 15 diretrizes corporativas, desdobradas regionalmente. Uma das ações derivadas desta política é a aproximação entre as lideranças e a força de trabalho semanalmente, através de videoconferências, para analisar riscos e trabalhar a prevenção dos acidentes, além de investir na melhoria das instalações, buscando o aperfeiçoamento tecnológico

das plataformas. Extrernamente, temos algumas ações como o Programa Petrobras Mosaico Mar, que trabalha a segurança da navegação junto aos pescadores, através de cursos de segurança ao mar e uma base de rádio para facilitar a comunicação com embarcações em alto-mar. Destaco ainda o projeto de duplicação da Rodovia Amaral Peixoto, no trecho entre Rio das Ostras e Macaé, previsto nos convênios do Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região (Prodesmar), assinados entre a Petrobras e poder público, que irá contribuir para a qualidade de vida da população da região. E ainda outras melhorias como a opção por não mais transportar óleo diesel por ferrovias e sim por via marítima, através de navios que

levam o combustível diretamente para as plataformas, sem passar pelas cidades, minimizando os impactos.

Levando-se em conta o grande número de empresas parceiras na Bacia de Campos, que geram milhares de empregos na cadeia produtora de petróleo, de que forma a Petrobras pretende envolvê-las neste processo de melhoria em SMS?

Primeiro, a Petrobras tem um cadastro com critérios claros de participação, do qual só participam empresas com valores e práticas alinhados a nossa política de SMS. Depois, os contratos que a Petrobras cele-bra possuem uma série de cláusulas com exigências legais e contratuais na área de Segurança, Meio Ambiente e Saúde, como plano de saúde, seguro, qualifi cação profi s-sional e treinamentos adequados à função, as quais as empresas se comprometem a adotar. Além disso, durante o contrato, rea lizamos reuniões e auditorias periódicas para avaliar os resultados de segurança das empresas, e fi nalizamos com um prêmio de reconhecimento para aquelas que se destacam nas práticas de SMS. Ainda há o Prominp, programa de qualifi cação pro-fi ssional no qual a Petrobras é a principal patrocinadora, incentivando a formação de mão-de-obra para a indústria do petróleo.

Qual a expectativa para o Prêmio Petrobras de SMS deste ano? E qual avaliação o senhor faz da participação das empresas na edição anterior do prêmio, em 2007?

Em 2007, tivemos 43 inscrições e, para este ano, esperamos chegar a 100 participantes. A cada ano percebemos um aumento do número de empresas interes-sadas em participar, o que mostra que elas estão se preparando melhor. Eu vejo o prêmio como uma espécie de termômetro, que mostra que cada vez mais as empresas estão engajadas. Além disso, o Prêmio agrega valor de mercado às empresas par-ticipantes. Tudo isso nos faz considerar que esta estratégia usada para alavancar este processo de melhoria na gestão de SMS vem obtendo sucesso.

O senhor acha que as empresas em geral estão despertando para o seu papel como agentes da cidadania? É possível avançar ainda mais?

Assim como estamos alavancando a área de SMS, estamos conseguindo des-pertar a atenção das empresas nesta área de Responsabilidade Social, conquistando

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J o s é A i r t o n d e L a c e r d a M a r t i n sENTREVISTA

8 CIDADE, Setembro de 2008

Uma das metas já estabelecidas é produzir 1 milhão de barris por dia, buscando a taxa de acidente zero em 2012

inclusive parcerias em alguns projetos. Este é um valor muito importante para a Petrobras. As empresas estão despertando, e acredito que vamos avançar ainda mais neste sentido.

Já tivemos, este ano, a Protection Offshore e a Feira de Responsabilidade Social Empresarial da Bacia de Campos. Como o senhor avalia a participação da Petrobras nestes eventos?

Sendo uma das principais empresas de petróleo do mundo, nada mais natural do que ter presença marcante nos eventos do setor. As feiras, como a Protection Offshore e outras de que participamos, são uma excelente oportunidade de nos aproxi-marmos da sociedade e das empresas, além de podermos contribuir com a exposição de trabalhos, trocando informações com os técnicos e com os diversos públicos envolvidos na atividade.

Como será a atuação da UN-BC na área de Responsabilidade Social daqui pra frente? O senhor pensa em ampliar programas já existentes, ou desenvolver outros programas?

A Petrobras desenvolve uma série de programas de Responsabilidade Social na região, que serão continuados na minha gestão. Posso citar o Petrobras Programa de Leitura, que funciona desde 1994 e atende 300 mil alunos, 9 mil professores e 310 escolas, com acervo de 100 mil livros e 5 bibliotecas-volantes. Temos também o Programa de Criança, que, até 2007, atendia 400 crianças em Macaé e Campos. Nossa previsão é ampliá-lo para mais de 4 mil crianças nos municípios de Macaé, Campos, Casimiro, Carapebus e Quissamã, através de convênios assinados com as prefeituras de cada município. O Programa Petrobras Mosaico Mar, que visa ao relacionamento com os pescado-res artesanais que compartilham o mar com a Petrobras, também será expandido, ainda este ano, para os 13 municípios da área de abrangência da Bacia de Campos. Além disso, temos uma série de ações de patrocínio, convênios e apoios regionais que visam ao fomento da cultura regional e desenvolvimento de projetos sociais. Os investimentos da Petrobras da área de Responsabilidade Social têm crescido so-bremaneira. Para se ter uma idéia, em 2005, nosso investimento na área foi de R$ 3,5 milhões, e para 2008 estamos trabalhando com R$ 16,8 milhões. Isso demonstra

o compromisso real da Petrobras com a região.

Há outras parcerias neste sentido sendo planejadas pela companhia?

Um dos compromissos da Petrobras é atuar em prol do desenvolvimento da região onde atua. Como as comunidades são dinâmicas, é um processo natural a Petrobras buscar sempre se adaptar a essas mudanças. Um exemplo são os convênios fi rmados em julho passado no Programa de Desenvolvimento Social de Macaé e Região – o Prodesmar. Faz parte do processo natural estar sempre avaliando e melhorando estas parcerias.

O senhor não acha que os royalties recolhidos mensalmente sobre a atividade da Petrobras na Bacia de Campos já não são o sufi ciente para que as prefeituras invistam nessas melhorias? Em sua opinião, o dinheiro dos royalties tem sido corretamente aplicado na região?

A Petrobras faz o papel dela de produ-zir e recolher rigorosamente seus impostos, não só royalties, como todos os tributos, e o Brasil tem uma série de instituições que zelam pelo uso deste recurso, inclusive os oriundos da Petrobras.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem defendido que os royalties pagos sobre o petróleo extraído da camada pré-sal sejam usados em educação, e não distribuídos aos governos da forma como é feita atualmente. O senhor concorda?

Este é um assunto de governo que realmente mobiliza o Brasil. Acho que, assim como aconteceu com a campanha “O petróleo é nosso”, este tema também será discutido pela sociedade para ver

como esta riqueza pode ser aproveitada da melhor forma.

Morando em Macaé há 11 anos, o senhor já é um profundo conhecedor da realidade da cidade e da região. Em sua opinião, o impacto da Petrobras sobre a Costa do Sol foi mais positivo ou negativo?

Sem dúvida, foi mais positivo. Quando eu cheguei há 11 anos, Macaé e Rio das Ostras tinham uma infra-estrutura, assim como opções de lazer e ensino, muito mais limitadas. Hoje, os fi lhos dos macaenses daquela época não precisam mais sair da cidade para fazer um curso universitário, por exemplo. E a cada ano chegam novos cursos. Pensando na hotelaria e no mercado de trabalho, também vemos melhorias níti-das. Municípios da região têm sido citados em revistas que indicam as melhores cida-des para se trabalhar ou viver. Já os pontos negativos, como o trânsito e a violência, não os assimilo à presença da Petrobras especifi camente, mas a um processo que acontece na maioria das cidades e países onde ocorre o desenvolvimento econômico acelerado.

Nascido na Paraíba, cuja realidade é bem diferente da nossa, o senhor conseguiu se adaptar bem na região?

As realidades não são tão diferentes. Nasci na capital da Paraíba, João Pessoa, que tem muitas similaridades com a região daqui, como as praias. Eu me adaptei bem porque a Petrobras mantém uma linha que nos motiva a trabalhar bem em qualquer lugar do país. Além disso, as pessoas na-tivas são muito hospitaleiras, assim como os nordestinos, o que me facilitou a aproxi-mação. Muitos de nossos colegas da época não eram macaenses, mas se casaram com mulheres da região e tiveram fi lhos na ci-dade. E o fato de ser uma cidade menor faz com que a vida social seja intensa. Eu me sinto plenamente adaptado e feliz aqui.

O que o senhor acha que Macaé tem de melhor? E de pior?

Eu aprecio as belezas naturais da cidade, a serra, as praias, o arquipélago de Sant’Ana, e estamos perto da Costa do Sol, podendo chegar rápido em cidades como Cabo Frio, Arraial do Cabo e Búzios, entre outras. Percebo também a melhorias nas opções de lazer e turismo. A cidade vem evoluindo cada vez mais, e vivo bem mais tranqüilo aqui do que numa cidade grande.

Eu me sinto plenamente adaptado e feliz aqui

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Os Correios comemoraram os dez anos de atividade de sua loja virtual - Correios Online

No dia 21 de agosto último, com evento no auditório do edifício-sede da ECT no Rio de Janeiro. Estiveram presentes o Superintendente Executivo da Diretoria Comercial da ECT, Roberto Motta de Sant’Anna e o Diretor Regio-nal do Rio de Janeiro, Celso Silva de Carvalho.

A data coincide com a criação do comércio eletrônico no Brasil, o merca-do que mais cresce em todo o mundo. Somente nos primeiros sete meses do ano, foram registrados 1.493.622 acessos. Nesse período, foram envia-dos, por meio da Web, 104.451 cartas e telegramas. O volume de vendas por meio da loja virtual dos Correios, em 2008, já apresenta um crescimento de 65,26% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A Correios Online disponibiliza via Internet mais de 300 produtos, incluindo, Aerogramas, Cartões-postais, embala-gens para encomendas e o CD-ROM - Guia Postal Brasileiro Eletrônico.

A loja oferece também serviços, como a Carta e o Telegrama Via Internet, que podem ser destinados tanto a ende-reços brasileiros quanto a estrangeiros. Nesses serviços, o cliente digita o texto e os Correios imprimem, envelopam e en-tregam com segurança e garantia de pri-vacidade do conteúdo, sem que o cliente precise sair de casa. Todos os produtos e serviços podem ser pagos com cartão de crédito e estão disponíveis no site www.correios.com.br/correiosonline.

De 21 de agosto a 21 de setembro, os clientes que fi zerem compras na Correios Online irão receber uma peça fi latélica com o selo personalizado carimbado.

Correios Online comemora dez anos

Sambaqui da Tarioba inspira pesquisa na área de Odontologia

O povo sambaquiano, que habitou Rio das Ostras há mais de 3 mil anos, foi objeto de estudo de uma pesquisa na área de Odontologia. Reunidas no Museu do Sítio Arqueológico Samba-qui da Tarioba, localizado no centro da cidade, ossadas de 20 indivíduos tive-ram as suas dentições analisadas pelo riostrense Daniel Camacho, 22 anos, que cursa o 8º período de Odontologia na Universidade Federal Fluminense, pólo Nova Friburgo. Selecionado pela comissão organizadora do Programa do Pesquisador Iniciante em Odontologia (PIO), o trabalho será apresentado na 25ª reunião anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica, que acontece em Águas de Lindóia, no Estado de São Paulo.

O material pesquisado deu susten-tação ao trabalho com o título “Caracte-rísticas da dentição e as relações com os hábitos alimentares e sociais dos sam-baquianos”. Segundo Daniel, é possível compreender a evolução da mastigação no homem moderno através da anatomia

de dentes dos integrantes das sociedades sambaquianas.

“Outro aspecto que vale ressaltar é a importância do estudo da paleontologia odontológica, que é pouco explorado, porém muito rico e de grande valia para o entendimento da evolução dos hábitos alimentares. Com o acervo existente, a divulgação da pesquisa pode atrair ainda mais cientistas para o município”, acres-centou Daniel.

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C O M É R C I O A R Q U E O L O G I A

M E I O A M B I E N T E T U R I S M O

Estado defi ne projetos para pólos Litoral e Serra

A Secretária de Turismo, Esporte e Lazer, Márcia Lins e o Vice-Go-vernador e Secretário de Obras, Luiz Fernando Pezão, abriram, no dia 25 de agosto, na Fundação Getúlio Vargas, a primeira etapa da rodada de planeja-mento destinada à elaboração e conso-lidação do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável – PDITS, no âmbito do Prodetur Na-cional-RJ. Nas duas primeiras etapas, a rodada defi nirá os projetos de turis-mo para os pólos Litoral e Serra. Ao fi nal, os resultados serão consolidados durante seminário que acontecerá no dia 28 de outubro, também na Funda-ção Getúlio Vargas.

São Pedro vai conceder licenças ambientais

São Pedro da Aldeia está apto a con-ceder licenças ambientais a atividades empresariais de pequeno porte, que dis-pensam elaboração de estudo e relatório de impacto ambiental. O convênio foi celebrado entre a prefeitura, o governo do Estado e a Fundação Estadual de Engenha-ria do Meio Ambiente (Feema) no dia 15 de agosto último.

A lista das atividades que podem ser li-cenciadas pelo município tem mais de 100 itens, entre eles condomínios e loteamentos de até 50 hectares, empresas prestadoras de serviço de coleta de lixo, extração de sal e mineral artesanal, postos de gasolina, supermercados, pousadas, Indústria de pe-queno porte e baixo potencial poluidor.

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10 CIDADE, Setembro de 2008

PAULO LOBO O problema é que a nossa cultura ainda é a de que a prefeitura tem de fazer tudo

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S ã o P e d r o d a A l d e i a

A ERA PAULO Quem chega a São Pedro da Aldeia em 2008, e tentar fazer um fl ash back mental do que era aquele município há oito anos atrás, vai levar um susto. Embora a cidade continue sofrendo com diversos problemas de infra-estrutura e total ausência de opções de lazer, o quadro geral de mudanças foi bastante signifi cativo e todas elas levam uma assinatura: a do prefeito Paulo Lobo, que reeleito em 2004, não pode concorrer à próxima eleição e decidiu fi car de fora do processo eleitoral, não apoiando nenhum dos três candidatos (Carlindo Filho (PMDB), Cláudio Chumbinho (PT) e Iédio Rosa (PDT).

mbora essa postura conte com se-veros críticos nos meios políticos da cidade, quem conhece o prefeito mais de perto não se surpreende

com ela. A maior crítica sofrida por Paulo no começo de seu governo era exatamen-te a pouca habilidade para as atividades políticas e fi car de fora desta eleição está inteiramente dentro de seu perfi l.

O maior mérito do prefeito aldeense é, sem dúvidas, seu tato para a administração da coisa pública. Enquanto São Pedro da Aldeia passou, por exemplo, mais de 12 anos sem nenhuma nova sala de aula construída, ele reformou todas as escolas, ampliou parte delas e construiu 10 novíssi-mas, com alto padrão de qualidade.

Para o prefeito, isso não signifi ca nada mais do que utilizar o dinheiro disponível (em São Pedro, pequeno e escasso) da maneira correta, gastando as verbas dos repasses federal e estadual exatamente dentro das normas vigentes.

“Fizemos escolas porque recebemos verbas para isso e agora vamos fazer um Teatro Municipal porque está na hora de lançarmos um olhar para a cultura, que faz parte da Secretaria de Educação e é tão importante quanto”, vaticinou.

Mas não foi apenas na Educação que o estilo Paulo Lobo de governar marcou a cidade. Na área da Saúde, ampliou o número de postos existentes e o serviço Programa Saúde da Família, que funcio-nava em apenas dois bairros, para quase

todo o município, além de colocar para funcionar o novo Pronto Socorro Munici-pal e a Policlínica.

“Assumi em 2001 com a rede cheia de problemas, e fui cuidando dela da melhor maneira possível. Tenho certeza que não

PRAIA DO CENTROAlgas, mau cheiro e falta de estrutura eram a primeira imagem que se tinha da cidade

Renato Silveira Fotos Tatiana Grynberg

E

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12 CIDADE, Setembro de 2008

PRAIA DO CENTROLimpa e urbanizada oferece outra visão ao visitante

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13CIDADE, Setembro de 2008

resolvi todos os casos desta área, que é complicada em todo o Brasil, mas meu sucessor com certeza irá encontrar um quadro bem melhor do que encontrei”, garantiu.

Formado politicamente numa Secre-taria de Turismo, quando ocupou o cargo de secretário entre 1989 e 1992, durante o governo do hoje candidato Iédio Rosa, foi justamente nessa área que o prefeito mais teve problemas, principalmente devido à poluição da Lagoa de Araruama, hoje a caminho da recuperação.

“Não podia fazer muita coisa. Com a lagoa suja, as pousadas começaram a falir, os veranistas passaram a vender suas casas e o quadro era o pior possível. Mas arregacei as mangas, fomos para o Con-sórcio Ambiental Lagos São João, assumi a presidência e iniciamos uma série de ações que já começam a surtir efeito. Quem passa na beira da lagoa em nossa área, vai ver que ela está transparente novamente”, festejou.

A cidade ganhou uma nova estética. O antigo valão, localizado na entrada da cidade, foi fechado e em seu lugar construída uma avenida com calçadão

Mas mesmo sem lagoa, o prefeito tentou pôr uma ordem no município, priorizando a limpeza e a estética do hoje descaracterizado centro da cidade. Fa-chadas foram pintadas, a praça da Matriz reformada, e o point da juventude, co-nhecido como Rua da Parra, inteiramente modifi cado. Hoje, o cenário já não é mais o mesmo, mas o prefeito insiste em sua manutenção.

“No começo do governo, através de uma parceria, pintei todas as fachadas dos prédios históricos do centro. Já está na hora de fazer isso novamente, por isso tenho conversado com proprietários e empresários para que eles mesmos tomem essa providência. O problema é que a nossa cultura ainda é a de que a prefeitura tem de fazer tudo”, lamentou.

Outro problema enfrentado por Paulo é o crescimento populacional assustador, bem acima da média nacional, principal-mente nos bairros fronteiriços com Cabo Frio, como São João, Baixo Grande, Ponta

do Ambrósio, Alecrim e outros. Segundo ele, essas pessoas, oriundas de diversas partes do país, mas principalmente do lado pobre do Norte Fluminense, tentam vir para o município vizinho, não conseguem e acabam se estabelecendo em São Pedro.

“Tem gente ali que nem vem ao centro de São Pedro. Pegam os ônibus para seus empregos em Cabo Frio e só voltam para dormir. Mas seus fi lhos estudam nas nos-sas escolas, fazem o tratamento de saúde em nossos postos, trazendo para a cidade apenas o ônus. Os bônus fi cam com Cabo Frio”, queixou-se.

Para tentar acabar com o estigma de cidade dormitório, Paulo apostou num projeto chamado Pólo de Empresas de Distribuição, hoje já completamente ocu-pado por empresas como Coca Cola, Minas Rio, Emapel e outras, gerando empregos para os habitantes da cidade, mantendo-os perto de casa.

“É lógico que não há como empregar toda a população ali, mas nos próximos

S ã o P e d r o d a A l d e i a

ANTES SITUAÇÃO ATUAL

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14 CIDADE, Setembro de 2008

Apesar dos avanços, a cidade enfrenta problemas com relação ao uso do solo. A legislação municipal permitiu a construção de um condomínio de alto impacto quase dentro da lagoa, no bairro do Baixo Grande

anos, com a recuperação da lagoa, o tu-rismo vai ser novamente nossa principal atividade e a cidade vai gerar os empregos necessários para seus moradores. Além disso, várias empresas, como Itapuã, DGM e outras, se instalaram por aqui, mostrando que temos potencial econômico”, aposta.

Embora afi rme que não vai concorrer novamente à prefeitura na eleição de 2012, Paulo não pretende abandonar a atividade política e anuncia a pretensão de se can-didatar às próximas eleições para a Asso-ciação Comercial, Industrial e Turística de São Pedro da Aldeia (Aciaspa).

“A associação anda meio parada nestes últimos anos e quero dar uma reativada nela, trabalhar em parceria com o prefeito eleito e dar um gás na cidade. Sabemos que a população anda carente de coisas como lazer, bons restaurantes e coisas semelhan-tes, mas isso quem manda é o mercado. Vou voltar de onde vim, e lutar para reativar esses setores”, concluiu.

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Depois de 12 anos, escolas foram construídas e recuperadas apenas com a aplicação dos repasses federais e estaduais

Muitas escolas do município não ofereciam condições de uso e foram recuperadas

Escola construída

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15CIDADE, Setembro de 2008

acaé - Faltando poucos dias para as eleições, o candidato a ree-leição na Prefeitura de Macaé, Riverton Mussi (PMDB), viu

seu nome relacionado em um escândalo envolvendo R$ 71 milhões dos cofres municipais. A denúncia que aliados po-líticos de Riverton Mussi teriam lucrado com desapropriações em Macaé foi protocolada na 3ª Vara Civil da Justiça do município.

As acusações contra o prefeito co-meçaram em 27 de junho desse ano e desde então estão sendo investigadas. No dia 12 de agosto chegou ao Ministério Público Estadual. Com exclusividade, CIDADE teve acesso ao processo nº 2008.028.006276-4. A ação é embasada na justificativa de que “o município de Macaé, através de atos de seu atual prefeito, nos anos de 2005, 2006 e 2007, desapropriou inúmeros imóveis situados na área urbana e rural, sob o funda-mento de que tais bens estariam sendo expropriados, na maioria dos casos, com a fi nalidade de se construir prédios públicos ou de assistência pública”. O documento aponta ainda para a rapidez com que os decretos de desapropriação foram editados.

De acordo com o processo, 10 de sa propriações feitas pelo prefeito

Decreto Municipal n° 141/2005Benefi ciado: Nélio Nochi Emeick – Secretário Geral da Câmara Municipal de MacaéDecreto Municipal n° 221/2005Benefi ciado: Família de Francisco Mancebo Agostinho – Presidente da Associação Comercial e Industrial de MacaéDecreto Municipal n° 018/2006Benefi ciado: Francisco Alves Machado Neto (Chico Machado) – Vereador pelo PPSDecreto Municipal n° 062/2005Benefi ciado: Família de Paulo Fernando Martins Antunes (Paulo Antunes) – Vereador pelo PMDB Decreto Municipal n° 097/2006Benefi ciado: Luiz Fernando Barbosa Pessanha – Vereador pelo PMDB

Decreto Municipal n° 022/2007Benefi ciado: Família de Luiz Fernando Barbosa Pessanha – Vereador pelo PMDBDecreto Municipal n° 033/2007Benefi ciado: Família de Marilena Garcia – Vereadora pelo PT Decreto Municipal n° 063/2007Benefi ciado: Jorge Tavares Siqueira (Jorjão) – Secretário Especial de Desenvolvimento Social e HumanoDecreto Municipal n° 091/2007Benefi ciado: Francisco Mancebo Agostinho – Presidente da Associação Comercial e Industrial de MacaéDecreto Municipal n° 146/2007Benefi ciado: João Sérgio de Lima – Vereador pelo PMDB

benefi ciaram vereadores da base aliada, secretários, presidentes de associações ligadas ao governo e seus familiares. A Prefeitura de Macaé se defende afi rman-do que optou pela compra dos imóveis com o intuito de reduzir o custo arcado com os aluguéis.

O processo lista como réus, Riverton Mussi Ramos, Nelio Nochi Emerick, Francisco Mancebo Agostinho, Fran-cisco Alves Machado, Paulo Antunes Fernando Martins, Luiz Fernando Borba Pessanha, Marilena Garcia, Jorge Tava-res Siqueira e João Sérgio Lima.

“É muita coincidência que estes imóveis pertençam a vereadores e seus familiares ou a secretários e presidentes de associações que são ligados à Pre-feitura. O Legislativo não fi scaliza e o Executivo faz o que quer, por isso a esperança foi recorrer ao Judiciário para que intervenha nesta imoralidade”, diz Rafael Ramos, o autor da denúncia.

A resposta da Prefeitura de Macaé veio através de uma Nota Ofi cial assina-da pela Procuradoria Geral do Município e publicada no jornal da cidade. No texto, a Procuradoria confi rma o ajuizamento da ação e diz que “o município está pre-parando a sua defesa visando demonstrar claramente que não há qualquer ilegali-dade nestas desapropriações, que foram feitas para atender a população local em serviços públicos essenciais”.

Ação entre amigos?

Lista dos benefi ciados com as desapropriações

Juliana Vieira

M

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C a r t a s

www.revistacidade.com.brSetembro, 2008

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensGustavo AraújoJuliana LatozinskiLeo GomesLoisa MavignierPedro Duarte BarrosRenato SilveiraRosa ShoolTomás Baggio

Fotografi asCesar ValenteCezar FernandesFlávio PettinichiMariana RicciPapiPressPedro CamposTatiana Grynberg

ColunistasÂngela BarrosoDanuza LimaOctávio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

A “REVISTA DA CIDADE” É DIGNA DE elogios pela sua linha editorial e diagramação de alto nível. Com tais atributos, contribui para divulgar, entre outros assuntos, as belezas e as histórias do interior do Estado do Rio. Parabenizo, portanto, toda a equipe envolvida na sua edição, desejando à publi-cação muito sucesso.Celso Poppe (Assessor de ComunicaçãoCORREIOS - RJ )

APROVEITO A GRANDE AUDIÊNCIA da revista Cidade para deixar meu protesto em relação aos carros de som usados pelos candidatos a prefeito de Cabo Frio.Sou moradora da cidade e como tal sou eleito-ra e, para mim uma coisa que já estava certa, desde que as propagandas foram liberadas me deparo com a dúvida de quem terá meu voto nessas eleições.Não consigo entender como muitas mani-festações políticas são proibidas e outras não. Hoje, não sei mais em que vou votar, mas sei que meu voto será do candidato que respeitar meu direito básico de silêncio, de paz, de livre arbítrio. Moro em uma casa com mais 4 pessoas, todas eleitores, e que como eu se sentem revoltadas com essa tortura im-posta pelos principais candidatos que querem governar Cabo Frio. Não existe uma palavra melhor para expressar isso que eles fazem a gente. É tortura!!!!!Wanda Maristela Buarque (Palmeiras - Cabo Frio - RJ)

UMA ESCADA, QUE POR VÁRIAS TEN-tativas foi teimada em ser entregue para seu suposto proprietário, que me fez acreditar que minhas palavras por mais humildes que fossem fariam diferença para a urgência de um projeto imediato e necessário para os Cabo-frienses.Aqui vai meu grito de socorro por seres que não podem se expressar e que vieram ao mundo somente para servir as pessoas que são providas de ganância, poder e falta de vontade política, seres que por ironia do seu destino tentam fazer da vida deles mais bela e produtiva.Minha lagoa está morrendo, digo minha por me sentir sozinha e sem ajuda para falar de algo tão sério e absurdo, mas que vejo todos os dias a degradação e sinto o cheiro da hipocrisia que exala por toda orla e quando assisto o pôr-do-sol me pergunto, o que faz o poder político não tomar nenhuma iniciativa para resolver o problema e me vem em mente um único pensamento: peixes, camarões, os ecossistemas de Cabo Frio não dão votos e não fazem os irresponsáveis ganharem eleições.Retiro-me da lagoa culpada em deixar para trás algo tão lindo que em pouco tempo irá virar depósito do mais puro esgoto e me de-sespero e me questiono: a quem procurar?Sinceramente acho que é você, que está lendo o meu desabafo e que talvez entenda que o problema é seu também, não podemos e não devemos ser permissivos.Não abandone o barco, temos que nos en-volver e doar um pouco do nosso precioso tempo e mostrar para nossos fi lhos que per-demos uma batalha mais poderemos ganhar a guerra, é certo que peixes e camarões não dão votos, mas nós sim e muitos, e além do mais gostamos de apreciar um bom prato de frutos do mar.

Portanto, vamos todos procurar fazer acontecer e cobrar uma defi nitiva solução. Veja que parte você pode fazer, mas não deixe para amanhã, faça agora.Ah! Quanto à escada que foi emprestada ao condomínio onde moro, descobri o seu ver-dadeiro proprietário, devolvi a danada que teimava comigo seu verdadeiro paradeiro. Ela coitada voltou a sua casa e seu dono me fez acreditar que também poderia garantir meus direitos de cidadã e tocar no coração de cada morador e despertar o que cada um tem de bom, Ah!! Bendita escada! Ainda bem!Um forte abraço ao dono da escada Sr. Ernesto Lindgren, sociólogo que tem uma coluna nesta revista, que fez com que eu pudesse expressar minha indignação, e acreditar que eu e talvez, quem sabe você, mude a situação. Até!Shan Ana Guerra S.Louzada ( Estudante e mo-radora do bairro Palmeiras-Cabo Frio/RJ)

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N U T R I Ç Ã O

DANUZA LIMA é [email protected]

uem nunca ouviu ou disse a frase: “Quer emagrecer? Pare de comer”. Pois antes de pensar nisso lembre-

se que nosso organismo é inteligentíssi-mo. Numa primeira etapa de uma dieta radical, o corpo passa a perder líquido, o que dá uma falsa sensação de emagreci-mento, levando a uma desidratação que gera um desequilíbrio de minerais. Após essa etapa ele começa a consumir as proteínas dos músculos, tão essenciais para o corpo, na intenção de conseguir energia, e, por último, começa a queimar gordura. Esse processo equivocado fun-ciona como um mecanismo de defesa, uma vez que a fonte principal de energia é a gordura e se ela não estiver presente, a solução é consumir proteínas.

Isso tudo gera um desequilíbrio, le-vando a privações de muitos nutrientes essenciais. O metabolismo fi ca mais len-to prejudicando as funções do intestino. Pode causar ainda perda de memória, queda da pressão, anemia, falta de con-centração, sonolência, dores de cabeça, tremores, formigamento, irritabilidade, desmaios entre outros sintomas.

Ao voltar a comer após um período longo de jejum, o organismo, que é mui-to esperto, armazenará o alimento, se protegendo desta falta de combustível. Uma das maneiras do corpo armazenar este combustível é produzindo gordura, gerando assim o efeito contrário ao que se quer, ou seja, o ganho de peso.

Para que ocorra a perda de peso é fundamental comer de forma fraciona-da, na quantidade certa e com qualidade. O corpo precisa de três nutrientes princi-pais para manter todas as suas funções: carboidratos, proteínas e lipídeos além de vitaminas e minerais.

Sem exageros, deve-se ingerir de tudo um pouco, e beber líquido durante o dia. Prefi ra sempre alimentos cozidos, assados ou grelhados. Para não errar lembre-se que um prato colorido é sempre mais saudável, por isso coma sempre saladas e frutas.

Quer emagrecer? Coma bem! Este é o segredo.

O segredo para emagrecer

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contrato assinado com a Embraer destinará 100 milhões de dólares para a tarefa. Com a vantagem de operar no mar, esses aviões têm função estratégica e devem

ganhar novos radares, equipamentos de navegação e melhorias no sistema de co-municação. Nos últimos meses os aviões têm apresentado problemas e a difi culdade na manutenção tem obrigado o esquadrão a manter um número menor de aviões voando. No ano passado as aeronaves chegaram a fi car paradas por seis meses, mas aos poucos voltam aos céus da Região dos Lagos.

Ao completar 10 anos o 1º Esquadrão

de Aviões de Interceptação e Ataque VF-1 passou por difi culdades na manutenção dos motores. Grande parte dos consertos é feita fora do Brasil o que difi culta ainda mais esses serviços. A empresa estrangeira escolhida por licitação e contratada para fazer a manutenção dos motores não estava prestando serviço de qualidade e foi subs-tituída por outra sediada em Israel que já está fazendo os reparos. Já neste segundo semestre do ano, os aviões devem começar a voar com mais freqüência.

“Uma empresa brasileira deve passar a fazer alguns destes serviços e estamos trocando a empresa que faz a maior parte da manutenção”, explicou o Comandante do Esquadrão Capitão-de-Fragata Denilson Medeiros Nôga.

O esquadrão VF-1Criado para operar junto a porta-aviões,

o esquadrão VF-1 tem como fi nalidade a defesa da força naval, de porto e de área marítima, além de proteger as plataformas de petróleo. O Brasil é o único país da América do Sul a operar com porta-aviões e está entre os oito do mundo a ter esta vantagem. “Podemos basear um caça em mar. É como ter um aeroporto móvel”, salientou o comandante. O que os militares chamam de aviação embarcada, capaci-dade de empregar os aviões a centenas de milhas da costa, pode ser decisiva para o sucesso de uma missão. Atualmente com a descoberta de poços de petróleo a mais de 100 milhas da costa, a necessidade destes aviões pode se tornar ainda mais evidente já que a principal responsável pela proteção desta área é a Marinha.

Completando 10 anos no dia 2 de outubro, o VF-1 nunca registrou nenhum acidente com as aeronaves que já soma-ram cerca de quatro mil horas de vôo. De acordo com o Capitão-de-Fragata Nôga, uma aeronave do Esquadrão já registrou sozinha 800 horas de vôo desde que per-tence a Marinha.

A Marinha deve começar ainda este ano o processo para a modernização de 12 aviões de caça que fazem parte do Esquadrão VF-1, sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia.

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Os aviõesEstes aviões, A-4 Skyhawk, foram

projetados pela Douglas Aircraft Company para a Marinha Americana, participaram da Guerra do Golfo e foram comprados do Kwait em 1998 por US$70.000.000. Elas estão equipadas com lança bombas, míssil, metralhadoras e podem ser abastecidas de combustível em pleno ar. Uma hora de vôo do Skyhawk consome dois mil litros de querosene de aviação; o que representa um custo, incluindo gasto com manuten-ção, de cerca de US$ 4800. Apesar de não ser considerado supersônico, o Skyhawk chega à velocidade de 1040 km/h. Na Marinha estes aviões foram rebatizados pelo nome de AF-1(de apenas um lugar) e AF-1A (de dois lugares) e receberam o apelido de Falcões.

Homens de US$ 1 milhãoOs pousos e decolagens no mar são

considerados os momentos mais arriscados na rotina dos pilotos do VF-1. Por pilotar numa velocidade tão alta, os militares treinados para pilotar estes caças preci-sam de uma preparação especial. Mesmo com todos os cuidados alguns tiveram

que se afastar dos vôos por problemas de saúde.

Atualmente o Esquadrão conta com 14 pilotos e para alcançar um posto neste gru-po o piloto deve enfrentar cerca de quatro anos de treinamento. O custo na formação de cada piloto do VF-1 ultrapassa um milhão de dólares. Por ano são formados de um a dois novos pilotos dependendo da necessidade da Marinha. A primeira etapa da formação é teórica e feita no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia. Depois de seis meses no CIAAN, os militares vão para a Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), onde eles tem que voar 50 horas no turbohélice T25. A maioria dos pilotos do grupo volta para São Pedro da Aldeia onde cursam seis meses no Esquadrão de Instru-ção HI-1 onde completam 80 horas de vôo até se formarem pilotos de helicóptero. Poucos escolhidos continuam na AFA por mais um ano e devem completar 110 horas de vôo no avião T27, o Tucano. Deste grupo apenas um ou dois vão se tornar

pilotos de caça. Os escolhidos para esta missão vão para os Estados Unidos por 18 meses. Depois de embarcar em porta-aviões americanos e se qualifi car piloto de caça, voltam para o Esquadrão de aviões da Marinha do Brasil. “Somente esta qua-lifi cação nos Estados Unidos custa U$S 1 milhão. É a parte mais cara”, salientou o comandante Nôga.

Apesar de todos os cuidados e treina-mento, cinco militares tiveram que parar de voar nos caças por problemas de coluna. A força da gravidade, por conta da alta velocidade e das manobras, é tão forte que o piloto pode sofrer também uma espécie de desmaio durante o vôo. Para evitar que o sangue irrigue demais a cabeça do piloto, eles usam uma roupa especial que infl a conforme a força da gravidade pressionan-do a corrente sanguínea.

“Esta roupa, chamada anti G, é aco-plada a aeronave e infl a quando aumenta a aceleração e nas curvas acentuadas”, explicou o comandante.

O FALCÃOPeso básico – 5 toneladas e meia (5.500 quilos) Peso máximo na decolagem – 11 toneladas (11 mil quilos)Tamanho – 13 metros 29 cmEnvergadura (da ponta de uma asa a outra) – 8m38cmConsumo – 2 mil litros/horaVelocidade – 1040 km/hAltitude máxima – 15 mil metrosVelocidade de subida – 3.500 metros/min

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unca antes na história do Festival de Esquetes de Cabo Frio houve um grupo que obtivesse tanto sucesso como “Os Intrusos”, que pôs para

rir e chorar boa parte da platéia em suas duas apresentações de “Meu tom solitário”, escrito, dirigido e encenado por Carol Barros, que teve como parceiro de palco o ator Diogo Cavalcanti. A dupla recebeu oito indicações e faturou nada menos do que cinco prêmios e saiu aclamada por público e jurados.

“Meu tom solitário”, além de ter sido um dos esquetes vencedores (não há as fi guras dos primeiro, segundo e terceiro colocado), juntamente com “A roxa”, do Grupo Maldito de Teatro, do Rio de Janeiro e “É só uma formalidade”, do grupo Quatroloscinco, de Belo Horizonte, abocanhou os prêmios de melhor ator , para Diogo Cavalcanti, atriz, para Carol

“Os Intrusos” dominam Festival de Esquetes

Barros, concepção cenográfi ca (idealizada por Carol) e júri popular.

Além da grande vencedora da noite, foram premiados Mateus Lima (que vem a ser irmão de Diogo e fi lho de Silvana Lima, do badalado Creche na Coxia) como melhor direção; o grupo Questão, do Rio de Janeiro, como melhor fi gurino no esquete “Fim de Jogo” e novamente o “Quatrolos-cinco” como melhor texto original por “É só uma formalidade”. A menção honrosa fi cou com “Pizza Família”, do grupo In-sano Cia de Teatro, do Rio de Janeiro e o prêmio especial do júri pelo trabalho em conjunto das atrizes, “A roxa”, do Grupo Maldito do Teatro.

Mas quem merecia uma premiação especial era a drag queen Monayra Ma-non, que como apresentadora do festival levou a platéia diversas vezes ao delírio, com suas tiradas espirituosas e um hilário horário eleitoral gratuito, onde encarnou candidatas como a evangélica Maria do Céu, a aloprada Maria Ruana e a socialite Ellen Bittencourt. Um arraso!

Renato SilveiraFoto Mariana Ricci

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ESQUETE Meu Tom Solitário

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NGELABarrosoA

[email protected]

A festa da AHB reuniu gente impor-tante e muitos amigos que há tempo não se viam. Gabriel Gialluisi, Lilian Fernandes, Renata Dechamps e Mario Paz aproveitaram para colocar a con-versa em dia.

O casal Beatriz e Octávio Martins marcando presença na festa de aniversá-rio da Associação dos Hotéis de Búzios. O Porto da Barra fi cou pequeno para os convidados que foram comemorar os 20 aninhos da AHB.

A brasileira Suely Mastrangelo, dona de importante agência de viagens e radicada em Miami recebendo ami-gos em sua belíssima casa na Ferradu-ra. Na foto o espanhol-buziano Ramon Hernando e o decorador e paisagista Miguel Fernandes.

Sonia Persiani, Jony Boyd, Iñky Pastora e Hector Sirera na correta festa da Suely. Do coquetel fartíssimo às músicas do DJ Julian, que fez a turma não sair da pista.

O casal de franceses Nicole e Ca-mille Lopez donos de famoso restau-rante na França e com mansão na Rasa, a-do-ra-ram a festa. De quem? Claro, da Suely Mastrangelo na Ferradura

O empresário Péricles Mendes fez bonito! Ao lado da amada Shirley Portes, convidou moradores do Le Corsair, na Ma-rina, para a inauguração do novo bosque do Condominio.

Dr. Silvio Botelho foi o homenage-ado da noite, na inauguração do bos-que. Motivo: foi sua a brilhante idéia de fazer da área de lazer um espaço de in-tegração total entre os moradores. Na foto, Dr. Silvio (ao centro), Dr. Alberto Lopes Barbosa, Péricles Mendes, Gilson Moura e Carlos Renato Carvalho.

Leila Young, mãe da inteligentérrima escritora e jornalista Fernanda Yang que tem programa solo na TV, e a carioca-bu-ziana, Letícia Bedran Lamah, deram nota dez para a festa no Le Corsair.

Richard Mckenna e Susan Marchal fazendo um agrado ao super DJ Julian Archibald que fez bombar a festa da Suely Mastrangelo na Ferradura.

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m fenômeno curioso acontece no se-tor de turismo de Macaé. De segunda a sexta-feira, a taxa de ocupação na rede hoteleira atinge invejáveis 82%

dos cerca de 3 mil leitos disponíveis. Nos fi ns-de-semana, contudo, que é quando a maioria das cidades recebe um número maior de hóspedes, a taxa de ocupação des-penca para 25%. Mesmo que o tempo esteja favorável, o atendimento seja de primeira classe e sobrem opções gastronômicas nos restaurantes, os saguões dos hotéis e pou-sadas fi cam praticamente às moscas nos sábados e domingos. Como conseqüência natural, o valor das diárias, nesses dias, chega a ser 50% menor, dependendo do estabelecimento. Não fogem à regra redes internacionais consagradas, como Íbis, She-raton e Othon, que recentemente instalaram unidades de alto luxo na cidade.

Este quadro é refl exo direto da indústria de petróleo e gás, que atrai para Macaé executivos de todo o Brasil e de várias partes do mundo. É o chamado turismo de negócios. Eles chegam na segunda-feira para inúmeros compromissos e fi cam na cidade até sexta-feira, quando costumam embarcar de volta para seus lugares de origem. Os que precisam passar o fi nal de semana na região acabam, em sua maioria, migrando para Rio das Ostras, Cabo Frio ou Búzios. Voltam na segunda-feira, de terno e gravata, engrossando o coro dos que acham que Macaé é boa para trabalhar, mas ruim para se divertir.

Hotéis de Macaé lotam de segunda a sexta e fi camvazios nos sábados e domingos. Mas empresáriosagora querem incentivar também o turismo de lazer

DIA DE

Gustavo AraújoFotos de Cezar Fernandes

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UGrandes nomes da hotelaria já estão em Macaé

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MUITOProprietário de uma pousada em frente

à Praia de Cavaleiros, o principal cartão postal da cidade, Nivaldo Martinez acha que falta uma melhor divulgação da cida-de. “No mundo do petróleo, todo mundo sabe onde fi ca Macaé. No mundo do lazer, Macaé não existe. Gostaria que o próximo prefeito viajasse para fazer a propaganda da cidade, que hoje só vira notícia quando cai helicóptero”.

O empresário Marco Maia concorda com Nivaldo. Dono de um dos mais luxu-osos hotéis da cidade, em outubro de 2007 ele assumiu o cargo de secretário executivo de Turismo de Macaé. Segundo o empre-sário, a prefeitura vai sifi car a divulgação de Macaé em vários pontos do Brasil e do exterior, tendo como um de seus focos a atração de grandes eventos. As estatísticas provam que, na realização de um congresso médico, por exemplo, os participantes aca-bam pernoitando na cidade pelo menos por mais dois dias. “Temos que vender Macaé para São Paulo, Minas Gerais e países do Cone Sul”, defende o secretário.

Marco Maia reza numa cartilha dife-rente de seus antecessores na função. Ele acha que os municípios do Costa do Sol não precisam disputar os turistas. Pelo contrário, devem se unir e criar roteiros que prestigiem vários lugares. Seguindo esta linha de raciocínio, o turista poderia se hospedar em Macaé — onde estão instala-dos nada menos que 22 hotéis de categoria superior — e, durante o dia, aproveitar o que as redondezas têm de melhor. Por que não curtir o sol da manhã nas praias de Cabo Frio, almoçar na charmosa Rua das Pedras, em Búzios, bater perna na feira de artesanato de Rio das Ostras à tarde e pernoitar em Macaé, degustando uma co-mida japonesa ou mexicana de frente para o mar? E no dia seguinte, que tal conhecer a Lagoa de Carapebus, o mais belo retrato do Parque Nacional da Restinga de Juruba-tiba, e passar uma tarde em Quissamã, com seu rico patrimônio histórico e cultural? É garantia de diversão em alto nível — e de bons lucros para os comerciantes locais.

MARCO NAVEGA O Convention de Macaé já nasce com tudo pronto, sendo essa uma oportunidade para se criar um padrão para divulgar Macaé

NIVALDO MARTINEZ No mundo do petróleo, todo mundo sabe onde fi ca Macaé. No mundo do lazer, Macaé não existe

Destino também para o lazerOs hoteleiros macaenses parecem dis-

postos a levar esta proposta adiante. No começo de julho, eles deram o pontapé inicial na Associação Empresarial e Tu-rística de Macaé — o Macaé Convention & Visitors Bureau, uma entidade sem fi ns lucrativos que congrega empresas, entidades e pessoas ligadas aos setores de turismo, transporte, comércio e serviços na cidade e região. A fi nalidade é promover o turismo e incentivar eventos que tornem o destino Macaé e região uma preferência no estado, Brasil e exterior, divulgando ainda mais a cultura, os costumes locais, as belezas naturais e o turismo empresarial, gerando assim um fl uxo cada vez maior de visitantes.

“A finalidade é inserir Macaé no cenário turístico, captando eventos para a região. Onde os Conventions foram fundados, não existia infra-estrutura O Convention de Macaé já nasce com tudo pronto, sendo essa uma oportunidade para se criar um padrão para divulgar Macaé”, explica Marco Navega, um dos sete membros fundadores da entidade, cuja manutenção será feita através de um con-tribuição simbólica e espontânea solicitada aos hóspedes dos hotéis associados e pelas mensalidades pagas pelos mantenedores, além de recursos advindos de convênios com órgãos públicos, privados e de parce-rias público/privadas. Navega cita como uma das metas prioritárias a atração de pelo menos dez eventos entre as duas edições da Brasil Offshore, a terceira maior feira de petróleo e gás do mundo, que a cada dois anos movimenta o Macaé Centro, terceiro maior centro de convenções do estado do Rio de Janeiro.

Olhar na serra e nas ilhasAs atenções do empresariado local tam-

bém se voltam às belezas das montanhas.

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Prolagos anunciou a implantação de um sistema automatizado de abertura de comportas das elevató-

rias da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em tempo seco para permitir maior controle no despejo de esgoto diluído em água de chuva na Lagoa de Araruama. A automatização entrou em operação em agosto e foi apresentada pelo diretor executivo da Prolagos, Feli-pe Ferraz, ao Comitê de Bacia Lagos São João, durante reunião em Bacaxá.

Com isso, a Prolagos quer gerar mais segurança ao sistema e fazer com que menos esgoto seja despejado na la-goa. O sistema de captação e tratamento de esgoto em tempo seco, em operação desde 2004, prevê que as comportas das elevatórias sejam abertas em dias de chuva, e o excedente de esgoto diluído em água extravase para a lagoa.

Até julho, a abertura das comportas era de forma mecânica, assim como o controle do nível da galeria de água plu-vial. As medidas manuais, em algumas ocasiões, geraram nível excessivo de liberação de esgoto na lagoa, em perío-dos de chuvas. A empresa anunciou que o sistema automatizado funcionará com um transmissor ultra-sônico que mede o nível de água na saída da galeria de águas pluviais. Até o nível de 90 cm, a comporta permanece fechada.

Com a automatização o Centro de Controle Operacional da Prolagos passa a monitorar, os níveis de água em tempo real, por sinais de transmissão (controla-dor lógico digital e modem sinalizador). A partir de 1,15m de nível, o aparelho emite o sinal de alerta e a comporta vai sendo aberta de acordo com o volume de água excedente. Só a partir de 1,5m o nível entra em estado crítico em função de chuvas mais intensas e as comportas são totalmente abertas.

Prolagos promete maior controle na abertura de comportas

Algas na enseada das Palmeiras/Cabo Frio: produto do esgoto

Loisa Mavignier

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Com cachoeiras de tirar o fôlego, rios excelentes à prática de esportes radicais e pousadas de bom nível, a região serrana de Macaé tem um vasto potencial, ainda pouco explorado. Pouca gente sabe, mas diversas empresas especializadas ofere-cem pacotes completos, pegando o turista na porta do hotel e disponibilizando atividades como o arvorismo, o rapel, a trilha, a boiagem e o acqua ride (descida de corredeira num bote de borracha); tudo isso com o uso de equipamento de segu-rança completo e a companhia permanente de guias especializados. Pura adrenalina, distante apenas alguns quilômetros das plataformas da Bacia de Campos. Com o objetivo de divulgar melhor as maravi-lhas da parte alta de Macaé, a Secretaria Executiva de Turismo lançou há cerca de um mês o Destino Macaé, um ônibus te-mático que percorre os hotéis convidando os hóspedes para conhecer as belezas de localidades como Sana, Glicério, Frade, Trapiche e Córrego do Ouro. Nesta pri-meira fase do projeto, a viagem está sendo gratuita. De acordo com Marco Maia, à medida em que a procura aumentar, posteriormente será cobrada uma taxa e serão defi nidos horários fi xos de saída e chegada.

Outra jóia macaense deve começar a ser explorada turisticamente em breve. Trata-se do Arquipélago de Sant’Anna, um conjunto de três ilhas envoltas por águas cristalinas, perfeitas para o mergulho. Protegido por uma lei municipal, que o transformou em área de proteção ambien-tal, em breve o arquipélago será aberto a visitas controladas. Um convênio neste

sentido já foi assinado entre a Prefeitura de Macaé o Ministério da Marinha, que possui uma base na maior das ilhas. Os turistas que desejarem poderão pegar um barco próximo ao Mercado de Peixes e passar o dia a cinco quilômetros da costa, assumindo o compromisso de não agredir a natureza, não retirar peixes ou plantas e levar de volta ao continente todo o lixo que produzirem. Quem conhece o arqui-pélago garante que, em matéria de belezas naturais, não fi ca devendo a paraísos como as praias buzianas de João Fernandes e Ferradura.

Se todos estes projetos derem bons resultados, os donos de hotéis, pousadas e restaurantes viverão, teoricamente, no melhor dos mundos. Caberá, então, ao poder público fazer a sua parte, dotando a cidade de melhor infra-estrutura. Ni-valdo Martinez — o dono da pousada em frente à Praia de Cavaleiros — acha que a Prefeitura de Macaé precisa dar melhor atenção a questões importantes, como o saneamento básico. “A cidade quase não tem rede de esgoto. Mesmo aqui, na orla, parte do esgoto é despejado diretamente na praia”, afi rma o empresário, cujo estabe-lecimento dispõe de uma fossa, construída sob a calçada da frente, de onde se vê o mar azul. Nivaldo também cita o acanhado aeroporto da cidade, que mais parece uma lata de sardinha, tamanha a carência de espaço para comportar tantos passageiros. “Cabo Frio, que recebe menos royalties que Macaé, está muito na frente. Lá, já tem até aeroporto internacional”. Do turismo de negócios ao turismo de lazer, a caminhada ainda deve ser longa.

ARQUIPÉLAGO DE SANT’ANASantuário natural de beleza inigualável

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O júriEles foram convocados para a árdua tarefa de escolher os premiados do 6º Festival de Esquetes de Cabo Frio e, pela reação popular, foram bem sucedidos. Para o diretor e produtor Vivaldo Fran-co, do grupo “Porcus in cena”, do Rio de Janeiro, nenhuma novidade, já que fez parte do corpo de jurados da quinta edição do evento. Já Symão Francisco, da Fundação Cultural da Companhia Siderúrgica Nacional de Volta Redonda, participou pela primeira vez (no ano pas-sado, sua cia mandou outro representan-te). Por sua vez, a atriz Viviane Palandi, de Santo André (SP), em 2007 estava do outro lado do balcão, tendo participado do festival e vencido como melhor atriz. Todos saíram com a sensação do dever cumprido, pois não houveram grandes polêmicas desta vez.

A guerreira Elza Santa Rosa, ou melhor, Elzinha, como é chamada por todos, há muito contribuiu para o crescimento cultural da cidade de Cabo Frio, através da sua escola, o prestigiado Instituto Santa Rosa. Em 1982, Elzinha sonhou mais alto: lançou o primeiro teatro da Região dos Lagos, o teatro Cacilda Santa Rosa, uma homenagem à matriarca da família. O grande evento mobilizou, na época, toda a sociedade cabo-friense, políticos e artistas. Era a realização de um sonho dessa educadora com alma de artista. Nos seus 26 anos de existência o teatro foi palco para grandes nomes, como Dercy Gonçalves, Herson Capri, e para muitas companhias de teatro do Rio de Janeiro, além das locais Creche na Coxia e o coral Rainha Assunta, entre tantas outras manifes-tações culturais. Reinaugurado no fi nal de agosto, após reformas, o Cacilda Santa Rosa renasce para continuar exercendo seu papel de santuário da livre expressão artística. “O Teatro Cacilda Santa Rosa se orgulha de ter sido a vanguarda da arte e da cultura da cidade de Cabo Frio” -afi rma Elzinha.

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Com excelentes raias para a prática da vela e ventos constantes que fazem a combinação perfeita para os amantes do esporte, a Região dos Lagos deveria ser o paraíso dos velejadores e celeiro para produção de futuros campeões nacionais e olímpicos. Condições naturais não faltam. Apoio ofi cial e incentivo, no entanto, é coisa rara de se ver.

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22° Campeonato Leste Brasileiro da classe Snipe(Cabo Frio/RJ)

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VENTOS

LUIS JERONYMO, presidente da AVEC Temos que nos unir para buscar melhorar a estrutura

aias e bons ventos é o que não falta para quem gosta de velejar. As condições para a prática da vela são sempre bastante elogiadas pelos velejadores que participam

de campeonatos com etapas realizadas nas cidades da região. Não foi diferente durante o 22° Campeonato Leste Brasileiro de Vela da Classe Snipe, realizado nos dias 4 a 6 de julho deste ano, na sub-sede Cabo Frio do Iate Clube do Rio de Janeiro.

Vários campeões estaduais, nacionais, sul-americanos, pan-americanos e até mun-diais, estiveram presentes na competição, que já é tradicional na cidade, e que teve como vencedor Torben Grael, em 1986.

Bruno Marques, juiz internacional de vela, irá participar nos próximos meses de campeonatos mundiais na Dinamarca, Polônia, Croácia e Grécia. Para ele, um dos eventos mais esperados durante o ano, é a etapa em Cabo Frio.

“Os ventos aqui são muitos bons, bas-tante regulares. Esta raia é excelente, é uma das melhores do mundo. Aqui é tudo muito lindo, posso dizer que é perfeito, tanto esportivamente quanto no quesito beleza. Se Cabo Frio se estruturar e virar um pólo de Vela, será magistral”, sonha Bruno, que tem 40 anos na prática do esporte.

Bruno Bethlem, o grande vencedor da competição, confi rmou o favoritismo e agora é hexa campeão do torneio, junto com seu proeiro, Dante Bianchi. “Conse-guimos velejar muito bem neste fi nal de semana, e conquistamos a primeira colo-cação. Além disso, competir nesta cidade linda, com um visual maravilhoso, foi bastante gratifi cante”, contou Bethlem.

As campeãs sul-americanas, Juliana

Poncioni e Viviane Beghin que chegaram na frente na categoria júnior, também elogiaram a raia. “Tivemos um bom fi nal de semana. O vento e a raia aqui são exce-lentes, deu para competir e treinar bem”, analisou a velejadora que se prepara para o mundial da categoria.

CalmariaSem nenhuma estrutura ou incentivo,

pode-se dizer que o esporte da vela apenas sobrevive em Cabo Frio. Realidade que um grupo de velejadores locais resolveu tentar mudar. A primeira iniciativa foi a criação da Associação de Vela e Remo da Costa do Sol (AVEC), com a pretensão de tentar estruturar a prática do esporte. “Nosso objetivo é incentivar a prática da modalidade, e também organizá-la na nos-sa região. Temos que nos unir para buscar melhorar a estrutura que temos atualmente na nossa cidade, que ainda é pouca. Além disso, temos projetos ambientais, pois as algas que se acumulam estão nos prejudi-cando de velejar na Lagoa das Palmeiras, e se isso não for corrigido, daqui a pouco será impossível velejarmos lá”, conta o velejador Luis Jeronymo, eleito presidente da nova associação.

A principal queixa dos velejadores é a falta de estrutura até para guardar os barcos. A cidade não dispõe de uma Ma-rina Pública ou, até mesmo, de simples guarderias de barcos nos pontos de maior concentração deles, como é o caso da en-seada das Palmeiras, o que difi culta muito o desenvolvimento do esporte.

Para Luis Jeronymo a necessidade de uma estrutura mínima vem em primeiro lugar. “Não adianta nada termos escolinhas aqui, sem que os velejadores não tenham onde guardar seus barcos. É de suma im-portância à construção de uma guardaria, ou uma marina pública nas Palmeiras, por exemplo, onde há a tradição da prática do esporte”, acredita.

Apoio ofi cial“Escolinhas de vela com o apoio do

governo são muito importantes. Eu mes-mo me tornei uma atleta, porque entrei na escolinha da prefeitura do Rio, na Lagoa. Aprendi a velejar e vários amigos também aprenderam oficina náutica. Talvez se não fosse esta escolinha, não estaria aqui competindo”, disse Juliana Poncioni, de 20 anos, campeã brasileira e sul-americana da classe Snipe.

Para Bruno Bethlem, medalha de ouro no Pan-americano de Santo Domingo, em

2003, a participação do governo é essencial para o crescimento do esporte. Ele acredita que somente com a ajuda pública a região poderá reverter o quadro atual. Ele ainda cita o exemplo de cidades em que contam com o apoio público.

“A Prefeitura tem que ajudar, divulgar mais o esporte, inclusive nas escolas. Em Niterói, o projeto Grael é bastante con-corrido, todo mundo quer participar, e às vezes não há mais vagas. Ela tem que dar um suporte para que os velejadores consi-gam praticar o esporte, sem ter que pagar, por exemplo, uma mensalidade alta em um clube náutico para deixar seu barco”, frisou o atleta.

Na região, a primeira notícia de cons-trução de uma escola de vela pública vem de São Pedro da Aldeia. A cidade tem raias de lagoa privilegiadas, que estão entre as melhores do mundo e se prepara para utilizar melhor esse potencial. O terreno já foi escolhido e as obras foram anunciadas pela prefeitura, com a promessa de fi nali-zação até dezembro. A novidade agradou os velejadores.

“É muito bom para nossa região que esta escolinha saia do papel, já que in-centivaria outras prefeituras fazerem o mesmo. Agora, como dissemos, tem que haver também uma estrutura, senão, os alunos de hoje, não praticarão amanhã”, disse Luis.

Os altos preços dos clubes náuticos, a difi culdade de locomoção dos barcos e a

Copa Pé de Ventode VelaPraia das Palmeiras

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Texto Niete MartinezReportagens Leo Borges

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para todos os campeões

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falta de rampas são incentivos para não se praticar o esporte, o que fez diminuir muito o número de seus praticantes na região. Apesar disso, a recém nascida AVEC já conta com 50 associados. Luis Jeronymo explica que a cidade tem muitos velejado-res, “mas que não praticam mais o esporte pela falta de estrutura”.

“As marinas públicas na Europa são tra-dição. Lá eles quebraram este conceito que o esporte é só de elite. Com estas marinas, indiretamente se incentivou a prática do esporte. Aqui seria importantíssimo, pois a cidade tem um potencial turístico enorme, e, além disso, tem uma raia maravilhosa, uma das melhores do mundo, com ventos excelentes para a vela. Cabo Frio pode, e tem tudo para ser um dos pólos nacionais de vela”, disse o velejador Alexandre Ti-noco, o amiguinho, que mora na República Checa, e também participou do 22° Leste Brasileiro de Snipe, em Cabo Frio.

Novidade nos mares de Cabo Frio, as elegantes canoas havaianas chegaram para fi car. Tanto, que a cidade este ano sediou a 4ª etapa do campeonato brasi-leiro da modalidade.

Feitas especialmente para navegar em mar aberto, as canoas enfeitaram a lagoa na última etapa da Copa Pé de Ven-to de Vela, que aconteceu no dia 17 de agosto. Um grupo de alunos da escola do professor Alexandre Apolinário Batista, realizou uma prova recreativa apenas entre os alunos da escolinha, que conta com 80 praticantes.

O esporte foi trazido para o Brasil no ano de 1999, mas a primeira canoa só chegou em Cabo Frio em 2005, trazida por Alexan-dre. No início o professor fundou uma Associação com o intuito de promo-ver a prática do esporte, mas confessa que essa idéia anda meio esquecida. “Agora tenho me dedicado mais à escola”, declara.

Alexandre também faz coro com o pessoal da vela sobre a falta de estrutura da cidade para os esportes

náuticos. “O turismo náutico não tem o apoio que merece. Principalmente se comparado a países como o Havaí, Nova Zelândia, onde a canoa havaiana é praticada e que existe uma estrutura de Turismo. Chega a ser ridículo se comparado. No Havaí o turismo é uma das principais fontes de renda e é super bem organizado. A discrepância é muito grande”.

Alexandre alerta também para a falta de conscientização da população com relação ao meio ambiente. “Não dá para fazer um Turismo de qualidade sem consciência ecológica na popula-ção”, alerta.

Canoas havaianas na lagoa

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FÁBIO COLICHIO, vice-presidente da AVEC Queremos resgatar a cultura da vela na Região

Prova recreativa na Praia das Palmeiras

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32 CIDADE, Setembro de 2008

CAPA

romover eventos náuticos é uma tradição na Marinha do Brasil e na Região dos Lagos a situação não é

diferente. Localizada bem em frente à Lagoa de Araruama, a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia organiza pelo menos duas regatas por ano nas águas desta lagoa, considerada por muitos ve-lejadores como uma das melhores raias do mundo para o esporte.

Marinha faz a diferençaE quem gosta de velejar não deixa de

prestigiar os eventos. Prova disso é que a Regata em comemoração ao aniversário da Aviação Naval, que acontece todo ano em agosto, reuniu este ano 70 barcos, apesar do tempo frio e chuvoso.

O evento, que está na 13ª edição, atraiu esportistas de vários municípios da Região dos Lagos e norte do Estado do Rio de Janeiro. Muitos deles já esperam ansiosos pela maior e mais antiga regata organizada pela Base Aérea Naval de São Pedro da

Aldeia. Ela acontece em dezembro em comemoração ao Dia do Marinheiro. A 23ª Regata do Dia do Marinheiro reuniu no ano passado mais de 100 barcos.

Além dos dois eventos, a Base também patrocina e participa da Regata Trans Ara-ruama que acontece há 28 anos com dois pontos de largada: um em Cabo Frio e outro em São Pedro da Aldeia.

A organização das regatas promovidas pela Base é feita pelo departamento de vela do Clube Casa da Praia, localizado na vila dos ofi ciais. De acordo com o comandante da Base, Capitão-de-Mar-e-Guerra Carlos Alberto Matias, não é difícil conseguir pa-trocínios para as regatas junto à iniciativa privada já que os gastos “não são altos e se resumem a compra de medalhas e camisetas”.

“No Brasil temos um litoral imenso, cerca de oito mil quilômetros, que poderia ser mais utilizado. Na Região dos Lagos, temos grandes possibilidades de desenvol-vimento dos esportes náuticos, muito vento e ótimas condições. A região é privilegiada,

70 barcos, apesar do tempo frio e chuvoso

Rosa

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ampo

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A LAGOA EM SÃO PEDROCenário perfeito para a vela

Fábio Coletti Si-mões, 11anos, fi lho do velejador Victor (Tuco) Simões, co-meçou a velejar em 2006, ano em que ganhou o primeiro lugar na categoria Optimist na Copa Pé de Vento. “Meu pai força um pouquinho, mas é bom também. Quando eu s into vontade, eu velejo melhor”, confessa.

Filhos de Peixe

Bahamas é aqui!BAMBINO E SIMONE

om tanto vento e tanto mar as velas não poderiam ficar inertes. Apesar da inexistência de apoio, o velejador

Victor Simoes, o Tuco, primeiro colocado na categoria Laser na Copa Pé de Vento de Vela, diz que agora o esporte está se desenvolvendo mais. “As regatas organiza-das por particulares como o Peter Dam, e a Copa Pé de Vento têm ajudado a aumentar o interesse”, explica.

Tuco não concorda quando se diz que o esporte é de elite. “ Os barcos que vele-jam aqui são antigos, têm média 15 anos e custam em torno de R$ 2.000 completo. Você fi ca o dia inteiro na água, não gasta gasolina e se diverte”, diz.

O velejador também chama a atenção para a política de ocupação do entorno da Lagoa de Araruama

“Por que não fazem condomínios com canais nas áreas onde antes existiam sali-nas, ao invés de aterrar tudo, o que é um crime? Seria um outro nível de ocupação. As casas teriem caseiros, marinheiros. Haveriam os mesmos lucros imobiliários só que com geração de emprego e incen-tivo ao Turismo de melhor qualidade”, acredita Tuco.

Pane providencialO gaúcho Erineu Vagner de Albu-

querque, conhecido como Bambino e sua mulher Simone Abreu Lopes, resolveram abandonar a vidinha convencional “con-fi nado em um escritório, para viver ao ar livre”, e assim transformar o que era lazer em modo de vida. “Comecei a trabalhar com translado de barcos, e cheguei na região por acaso. Ao fazer o transporte de um barco para as Bahamas, a embarcação sofreu uma pane na altura de Arraial do Cabo. Entramos para fazer um reparo e eu acabei fi cando no barco aguardando uma solução do proprietário durante um ano e meio, até a venda da embracação”.

Depois da venda, o casal adquiriu o seu próprio barco e passaram a viver nele com a fi lha Mellyna na Praia das Palmeiras, em Cabo Frio. Hoje, vivendo unicamente da prestação de serviços naúticos, o casal prosperou. Ainda moram nas Palmeiras, num apartamento, e velejam na lagoa com a fi lha, por esporte.

Bambino diz que o mercado náutico da região é pequeno e pobre. “se comprado com Angra e Ubatuba. Os proprietários locais têm poucos recursos fi nanceiros. Mas o interesse pela vela tem melhorado. O que falta é fomentar mais o esporte. Cabo Frio tem ótimos estádios de futebol, mas não tem uma guarderia”, conclui.

Fotos PapiPress

PapiPress

Rosa School

A Prata da Casa

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mas muito pouco utilizada”, afi rmou o comandante.

Além do incentivo às competições, a Base também se preocupa em despertar nas crianças o interesse pelo esporte. Por conta disso, o clube oferece um curso de iniciação à vela aos fi lhos dos ofi ciais. São crianças de 8 a 11 anos que aprendem desde cedo a importância do esporte, além de valorizar as excelentes condições que a região oferece. Uma lição que poderia servir de exemplo para outras instituições e clubes da Região dos Lagos. Vale ressaltar que a Marinha também incentiva os alunos dos cursos de formação de ofi ciais e praças a pra-ticarem a vela. Tanto o Colégio Naval, em Angra dos Reis, como a Escola Naval, no Rio de Janeiro e as Escolas de Aprendizes Marinheiros, em Santa Catarina, Espírito Santo, Pernambuco e Ceará, oferecem aulas de vela para os alunos. Algumas destas escolas têm equipes de velejadores e participam de campeonatos.

Mellyna Albu-que rque , 12 anos, filha dos velejadores Ban-bino e Simone, tem o mar nas veias. Iniciou seu contato com as velas aos dois anos, quando foi morar num bar-co com os pais. Hoje, veterana, já é uma campeã. É seu o primeiro lugar na catego-ria Optimist, na Copa Pé de Vento de Vela.

Marco Antônio de Moura Pinhei-ro, 12 anos. Pre-coce, ascendeu à categoria Laser e passou a competir com os adultos.

VICTOR (TUCO) SIMÕES Por que não fazem condomínios com canais onde antes eram salinas?

PapiPress

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34 CIDADE, Setembro de 2008

área de mais de um milhão de metros quadrados de espelho d’água é utilizada pela indústria salineira desde a década de 50 e passou pelos altos e baixos da

produção de sal na Região dos Lagos. A salina, afi rmam os pescadores, teria fi cado desativada por muitos anos. Em 2002, en-tretanto, foi arrendada para a Sal Cisne que produz salmoura na salineira centenária. Os pescadores alegam ter prioridade para a pesca na lagoa e a indústria quer conti-nuar produzindo sal. O impasse chegou ao Comitê de Bacia Lagos São João, em reunião extraordinária em agosto (08/08), no Hotel Serra da Castelhana, em Bacaxá. A questão será avaliada por um grupo de conciliação de interesses e só então entrará em votação no Comitê.

Nessa disputa, de um lado está a Co-lônia de Pescadores Z-6, de São Pedro da Aldeia, liderada por Haroldo da Rosa Pinheiro Sobrinho, somado a outros pro-

fi ssionais de pesca; do outro, Sérgio Kunio Yamagata, proprietário da Salina Mossoró e também vice-presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico no Estado do Rio de Ja-neiro, respaldado pela Refi naria Nacional do Sal, leia-se Sal Cisne.

Numa discussão acirrada, que exigiu pulso fi rme do presidente do Comitê de Bacia, Waldemir Demaria e do secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (COLSJ), Mário Flávio Moreira, com intervenção do represen-tante do Governo do Estado no Comitê e presidente da Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Luis Firmino Pereira, os dois grupos apresen-taram seus argumentos para utilização da lagoa naquela área.

“Nosso avô já comprou a área de outros salineiros. A salina existe há mais de 100 anos. Na década de 50 tivemos autorização para a construção dos marnéis, que originalmente tinham três divisões, e, hoje, tem apenas uma. Nossa salina entrou em decadência, sim. Mas nunca paramos a atividade. Se tivéssemos uma ilegalidade teríamos que devolver, mas estamos com a salina ativada”, argumenta Sérgio Yamagata, referindo-se aos bons tempos da indústria salineira na Região dos Lagos. Época em que mais de 120 salinas dominavam o cenário na laguna. Hoje, somente cerca de 15 salineiras ainda estão

ativas, entre as quais a Salina Mossoró, da família Yamagata.

Os pescadores admitem que arromba-ram os marnéis e estão pescando na área. Numa avaliação leiga, afi rmam que o grau de salinidade no marnel não seria superior ao da lagoa, e, por isso o uso da grande área pela salineira não se justifi ca, enfatiza o presidente da Colônia Z-6 Haroldo Sobri-nho. “Estamos pedindo que nos devolvam o que é nosso. Estamos lutando para retirar os marnéis há muito tempo. Não só dali como os de outras empresas, a Perynas e a Sal Cisne, esta última tem até uma pista de pouso dentro da lagoa”, reclama. De acordo com ele, três partes nos marnéis da Salina Mossoró já foram arrombadas e os pesca-dores estão lá dentro com ganchos, pesca de arrasto e de malha para peixe. O que demonstra que a Lagoa de Araruama, em fase de franca recuperação, está prá peixe.

Criadouro“A pesca está crescendo. Ali é um

criadouro. Onde antes não se produzia pescado hoje se produz. O marnel está com três partes quebradas, o pescador está lá dentro e ninguém se importou com isso porque não tinha utilidade para eles. Como o Sal Cisne arrendou a salina agora querem fechar tudo. Uma prova que a atividade é secundária para a família Yamagata”, dispara Haroldo Sobrinho. Outros pesca-dores – Israel da Silva, Gilberto Trindade

A salina Mossoró está arrendada pela Sal Cisne desde 2002

DISPUTA NA LAGOA Pescadores de São Pedro da Aldeia querem que a Salina Mossoró, da família Yamagata rompa os marnéis de sal da Lagoa de Araruama, devolva o espelho d’água e libere a área para a pesca profi ssional

Texto e fotos Loisa Mavignier

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e Valdeci Oliveira - engrossaram o coro da Colônia Z-6 pela “liberdade” da lagoa durante a reunião. Eles querem que a Salina Mossoró fi que apenas com uma pequena parte e devolva o espelho d’água da lagoa na maior parte da área.

O coordenador de Salinas da Sal Cisne, Demerson Silas Rijo Ferraz, explica que mesmo identifi cando o arrombamento pro-vocado nos marnéis, o reparo não foi feito para evitar atritos maiores com os pesca-dores. Garante que apesar do rompimento em alguns trechos, o marnel Yamagata apresenta salinidade superior ao da lagoa em 1,0 a 1,5. O que, segundo ele, equivale de 10% a 20% a mais de salinidade no marnel em relação à laguna.

Rompimento de contratoEm 2007 no processo de evaporação

de sal, que é a primeira etapa da extração do sal marinho, a Sal Cisne produziu na Salina Mossoró sete mil toneladas de sal. Pelo tamanho da salina, no entanto, teria potencial para produzir de 15 a 20 mil to-neladas/ano. Demerson Ferraz reconhece que o marnel está operando de forma de-fi ciente. Mas alega que “mesmo assim se produz mais ali do que em outras salinas”. Esclarece que a meta de produtividade ainda não foi atingida pela Sal Cisne em função das intempéries, como o excesso de chuvas e também pelos arrombados no marnel. Ele foi incisivo ao dizer que a

Refi naria Nacional do Sal não hesitará em romper o contrato com a Salina Mossoró se o marnel for retirado.

“A quebra do marnel é acabar com a salina. A Refi naria Nacional tem o pla-nejamento de médio e longo prazo para atingir as metas necessárias ao equilíbrio econômico/fi nanceiro de suas atividades. A retirada deste marnel implica em quebra de contrato, por inviabilizar o seu projeto e objetivo, e quem perde é a cidade, já que os impostos são revertidos para o município”, enfatiza Demerson Ferraz.

Sérgio Yamagata destaca que o marnel está fora da área 2 da lagoa demarcada para a pesca pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). Diz que a permanên-cia do marnel é vital, estratégico e neces-sário para o aumento da produção de sal. Ressalta ainda, que na área da Salina Mos-soró, está o Instituto Tecnológico Marinho – IMAR, com produção de artêmia (comida de camarão em cativeiro) e o projeto da Escola de Maricultura, que visa dar sus-tentabilidade para as atividades pesqueiras em benefício da comunidade. A presidente do IMAR, Margarida Bartolomeu defende a permanência do marnel como preserva-ção da área, do potencial da maricultura na região e da qualidade dos parâmetros físicos-químicos da água na lagoa.

Já a ONG Viva Lagoa se alia à Colônia de Pesca e também quer a devolução do espelho d’água na maior parte do marnel.

O vice-presidente do Comitê de Bacia e presidente da ONG, Armaldo Villa Nova, considera que no passado houve um exa-gero na construção de marnéis na lagoa. Para ele, os imensos marnéis ocupam um espaço que impede a circulação da água e a reprodução dos peixes. Ele propõe que a Sal Cisne continue sua produção na área próxima à Escola de Maricultura, onde, na avaliação dele, existem um dique e tanque com capacidade para estocar água salina para a produção de sal. Para alimentar os tanques de cristalização, explica, a Salina Mossoró teria que construir um duto de cerca de 300 metros. “Entendo que a indús-tria do sal é boa, mas tem que ter marnel adequado. Nem mais nem menos. Quero a lagoa livre leve e solta”. Ele sugere que seja feito um estudo técnico acompanhado por agentes do governo estadual para ve-rifi car os graus de salinidade dentro e fora do marnel Yamagata.

Para Sérgio Yamagata é preciso chegar a um consenso. “Estamos tentando evitar um conflito de interesses e queremos achar uma solução que contemple as três atividades (salineira, pesca e Escola de Maricultura)”, pondera ele. Se haverá consenso, ninguém pode prever, mas o impasse será discutido agora num grupo menor envolvendo os três segmentos. Em novembro a questão será levada a julga-mento pelos 54 integrantes do Comitê de Bacia Lagos São João.

O marnel Yamagata

Na década de 50 tivemos autorização para a construção dos marnéis SÉRGIO YAMAGATA, na foto com Demerson Rijo Ferraz, da Sal Cisne.

Estamos pedindo que nos devolvam o que é nosso AROLDO SOBRINHO, presidente da Colônia Z-6

Pescadores querem a retirada do marnel Yamagata

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CLEMENTEContesta Inepac

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Empresário Clemente Silveira Magalhões apresenta-se como um dos proprietários da Ponta do Forno, em Buzios, e contesta denúncia do Inepac sobre irregularidades no ato de desmembramento.

CLEMENTE SILVEIRA Tudo que é colocado sobre isto parte sempre de uma premissa errada: de que lá não tinha rua

otivo de disputa entre ambienta-listas que querem manter o lugar intocado, e a construção civil, que vislumbra lucros galopantes com a

venda de mansões para uma meia dúzia de privilegiados dispostos a desembolsar for-tunas para ter a exclusividade da paisagem, a valorizadíssima Ponta do Forno é um dos últimos pedaços intocados da península de Búzios.

Localizada dentro de uma das áreas tombadas pelo Estado do Rio de janeiro no ano de 2003, que está sob a responsabili-dade do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), sofreu processo de desmembramento em 2007, levantando suspeita de irregularidades no ato.

As denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual, dando origem a uma Ação Civil Pública que, por sua vez, culminou em decisão liminar que paralisou todos os atos relativos ao processo, até que se julgue a Ação.

“Premissa errada”O empresário Clemente Silveira Ma-

galhães, sócio da Costa Azul Empreendi-mentos Ltda, procurou a Revista CIDADE para confi rmar ser proprietário de “parte da área” e apresentar fotos e documentos que comprovariam a regularidade do des-membramento.

“Tudo que é colocado sobre isto parte sempre de uma premissa errada: de que lá não tinha rua. A Lei do Tombamento não me proíbe de desmembrar. Ela proíbe de lotear e fazer condomínio. A questão

Niete Martinez

A r m a ç ã o d o s B ú z i o s

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37CIDADE, Setembro de 2008

Foto apresentada pelo empresário tem carimbo de 1966 no verso

Escritura de promessa de compra de uma das áreas dá como limite a estrada e apresenta as condições do negócio: R$ 200.000,00 para pagar em 180 meses

é que eles falaram que não tinha rua. Se você for lá, na divisa desses terrenos, tem marcos da Petrobras de trinta anos. Em certos lugares tem cortes no morro de até dois metros, por causa da estrada feita em 65, 67, afi rma.

Segundo o empresário a prefeitura faz, inclusive, a cobrança do IPTU. “A Petrobrás, de quem comprei uma área, pagava IPTU desde 1970. O argumento não procede”, garante Clemente.

O empresário afirma que nenhuma das partes foi ainda citada no processo e aguarda essa ocasião para apresentar a do-cumentação que comprovaria a existência da rua . “A hora em que forem citadas todas as partes vamos apresentar ao juiz todos os documentos, e ele vai julgar. A rua já tem até nome”, diz.

DenúnciasO diretor geral do Inepac, Marcus

Monteiro, informou que o Instituto passou a receber denúncias sobre parcelamento do solo na Praia do Forno, dentro da área tombada, a partir de julho de 2006.

“Pelas denúncias, o parcelamento, sob a forma de desmembramento, fora aprova-do pela prefeitura de Armação dos Búzios, por meio do processo n.º 0013567/2005, em nome de Zulmira W. Belleza Pires”, explica o diretor.

O Instituto alega também ter se pronun-ciado sobre a questão em diversas ocasiões junto ao Serviço Notarial e Registral, à prefeitura e ao Ministério Público Estadual, Núcleo de Cabo Frio.

“Foi informado à prefeitura que, por se tratar de área tombada, não poderia ser emitida licença municipal para implan-tar tal parcelamento, ou qualquer outro projeto, inclusive arruamentos e edifi ca-ções, sem autorização prévia do Inepac, conforme rege a legislação estadual de tombamento”, diz.

Marcus explicou que também notifi -cou o Serviço Notarial e Registral de que não havendo autorização do Inepac, o parcelamento não poderia ser registrado e, caso fosse efetuado, pedia o imediato cancelamento do mesmo.

Para o diretor, “quaisquer alterações no uso do solo nas áreas tombadas pelo Estado do Rio de Janeiro, em Armação dos Búzios, mormente no que se refere a parcelamentos, ou mesmo arruamentos ou condomínios, bem como edifi cações, não poderão ser registrados sem que conste das plantas ou memorial a necessária aprova-ção prévia do Inepac”, afi rma.

Sobre a polêmica da existência ou não de uma rua, o que dá legitimidade ao des-membramento, o Inepac informa ter dado conhecimento ao Ministério Público, de todas as providências tomadas

“A hipótese da aprovação de abertura de ruas na área parcelada foi aventada, já que desmembramentos, de acordo com a

Lei Federal n.º 6766/ 1979, pressupõe a existência de arruamento. Porém, consta-tou-se que o parcelamento não se deu sob a forma de desmembramento, com base nessa lei, como se pensou, mas por meio da extinção de condomínio, mediante a divisão da gleba em 07 lotes, entre seus proprietários”, fi naliza.

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38 CIDADE, Setembro de 2008

Papi

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PONTA DO FORNOPatrimônio natural em disputa

O desmembramentoOriginalmente, a Ponta do Forno estava

dividida em duas áreas. Uma de 27.867m², que pertenceu à Petrobras Distribuidora até o ano de 2.000, e que foi vendida à Costa Azul Empreendimentos Ltda pelo preço de R$ 200.000,00, divididos em 180 parcelas.

E outra, de 91.078 m², pertencente a vários proprietários e, segundo documenta-ção usada para justifi car o desmembramen-to, reunidos em um condomínio voluntário de sete áreas. Condomínio esse, que foi desfeito em 16 de dezembro de 2005, seis meses depois da assinatura da escritura de promessa de venda dos lotes para as empresas Zeir Anpin Investimentos Imo-biliários Compartilhados Ltda e Kobyoto Participações Ltda, ocorrido em 16 de junho daquele ano.

Esse fato fez toda a diferença. Coinci-dentemente, atendeu ao artigo 19 da Lei Municipal 492 de 11 de agosto de 2005, que criou uma brecha para a realização de desmembramentos, o que estava proibido por moratória municipal, estabelecida na Lei n° 477, de 15 de fevereiro de 2005, criando exceção, justamente, para os casos de dissolução de condomínios.

O Ministério Público Estadual, na

ação civil pública instaurada em 23 de julho de 2007, argumentou, na denúncia apresentada, em seu requerimento “que os interessados agiram de forma deliberada e intencional no sentido de burlar o art. 1º da Lei Municipal nº 477/05, buscando assim se enquadrar na hipótese de exceção estabelecida no §1º do art. 19 da Lei Muni-cipal nº 492/05”, e pediu a “suspensão dos efeitos da certidão de desmembramento nº 004/2006, ...; e também a suspensão dos processos administrativos de nos 6302/06, 4450/06, 4453/06, 4452/06, e/ou processos outros que tenham por objeto a aprovação de obras e construções nos lotes designados como Áreas 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07”.

Destino seladoConsiderada como emblemática, a Pon-

ta do Forno, se confi rmada a autenticidade da documentação apresentada pelo empre-sário Clemente Silveira, se resolvidas as interpretações jurídicas sobre o verdadeiro imbróglio de leis municipais, estaduais e federais, e se os projetos de construção forem devidamente aprovados pelo Inepac e demais órgãos ambientais competentes, deverá mesmo ser ocupada.

“O Inepac quer preservar e diz que

eu posso fazer 4%. Ora, eu quero fazer, em 10 mil metros, 4%. Ou então, ele me desapropria e faz um parque. Quando se fala em restringir abaixo de 4%, é desa-propriação. Pega os royalties do petróleo e compra. Não tem problema”, enfatiza Clemente.

O empresário garante que o novo pro-jeto de ocupação contemplará apenas uma unidade unifamiliar por lote (que, dentro do novo desmembramento, tem em média 10 mil metros quadrados) e que a rota de pesca será preservada.

“Não haverá fechamento da rua. Mas, vou fazer um bom sistema de segurança, por causa do tamanho dos lotes. E, como vou fazer um loteamento de alto valor, quem compra quer segurança”, afi rma.

Apesar da pressão dos ambientalistas, Clemente acredita que é possível ocupar a área sem causar impacto ambiental.

“Ocupar com racionalidade, não ocupar costão, ter baixa ocupação, colocar a casa apenas onde o terreno aceita, para evitar movimento de terra. Quando você limita a ocupação em apenas 4% numa área de 10 mil metros, vai trazer um morador de alto poder aquisitivo que vai empregar pessoas. Eu pretendo morar lá. Tem boas pessoas querendo morar lá”, fi naliza.

A r m a ç ã o d o s B ú z i o s

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39CIDADE, Setembro de 2008

O disposto no Caput do art 1º da Lei nº 477, de 15/2/2005, não se aplica a desmembra-mento resultante de extinção de condomínios ou a remem-bramento ou desmembra-mento de terras determinado por sentença judicial transita-da em julgado, desde que o des membramento ou remem-bramento atenda à legislação do Município, especialmente à Lei Complementar nº 2, de 24/2/2000.

Lei Municipal nº 492 de 11 de agosto de 2005

SITUAÇÃO ORIGINAL

ÁREA DESMENBRADA

O ARTIGO 19

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40 CIDADE, Setembro de 2008

om o olhar voltado para a alta tem-porada, máquinas retas, colaretis, galoneiras e travetis, comandadas por habilidosas mãos, trabalham em ritmo acelerado preparando as

peças da nova coleção que vai “desfi lar” pelas praias e piscinas do Brasil durante a estação mais quente do ano.

Sinônimo de lucro e muito trabalho nas confecções de moda praia, o verão é aguar-dado com ansiedade pelos empresários do setor, especialmente os que concentram seus negócios na Rua dos Biquínis, um shopping a céu aberto, localizado no bairro da Gamboa, em Cabo Frio. Considerada uma atração turística da cidade, lá chega a ser escoada 90% de toda a produção do segmento na região, segundo dados da Associação Comercial e Industrial da Rua dos Biquínis (Acirb).

Isso porque, apesar de ser identifi cada como “indústria”, é no cliente varejista, que lota a região na alta temporada, que a moda praia garante o retorno fi nanceiro do alto investimento empregado nas linhas de produção de biquínis, maiôs, sungas e afi ns.

Só para se ter uma idéia, durante o ve rão, as lojas chegam a vender num só dia, cerca 300 peças. Esse pico de vendas é atingido no chamado “Dia D”, como é denominado pelos empresários. Segundo Ielra Hellen, proprietária da grife Ensea-da da Praia, a incrível marca representa o movimento do mês inteiro de maio, por exemplo. No ano passado, o Dia D

INDÚSTRIACom cara de Varejo

A indústria da moda praia da Região dos Lagos já vive toda a intensidade do verão de 2009

Juliana LatozinskiFotos Tatiana Grynberg

C

E c o n o m i a

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41CIDADE, Setembro de 2008

aconteceu no dia 30 de dezembro, em função do Réveillon e dos turistas que desembarcaram de um transatlântico. Já nos dias “normais” da alta temporada, as vendas somam uma média de 150 a 200 peças ao dia.

A experiência dos lojistas, que já sabiam na prática que o varejo é o “carro-chefe” do faturamento da moda praia, foi comprovada por meio de uma pesquisa que traçou o perfi l do consumidor que fre-qüenta a Rua dos Biquínis, realizada pela RF-Pesquisa em conjunto com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

De acordo com o levantamento, realiza-do em alguns dias dos meses de dezembro de 2007 e janeiro de 2008, “a presença de atacadistas respondentes foi nula durante o período da pesquisa”.

“O fato é que a indústria da moda praia de Cabo Frio ainda pensa como varejo e não está errada. Em termos reais, é na venda diária de balcão, principalmente no verão, que o empresário consegue garantir o retorno de seu investimento, equilibrar as difi culdades fi nanceiras dos meses da baixa temporada e por fi m, lucrar”, comenta Mar-celo Chuairi, presidente da Acirb.

A partir de 2004, o SEBRAE junta-mente com instituições de fomento ao desenvolvimento econômico, uniu-se aos empresários do setor da moda praia de Cabo Frio e região para atuarem como Arranjos Produtivos Locais (APL’s). Em síntese, a idéia era criar soluções para driblar as difi culdades enfrentadas pelo setor, em função da sazonalidade e o “encurtamento” do período do verão, mo-vimentando os negócios do pólo durante o ano inteiro. Desde então, diversas ações começaram a ser realizadas para aumentar o volume de vendas e elevar o número de peças exportadas e empresas exportadoras. Além da participação em feiras nacionais e internacionais, as empresas do pólo tam-bém participaram de capacitações nas áreas de gestão, vendas, formação de preços, e consultorias técnicas.

Segundo informações do SEBRAE, o Pólo de Moda Praia de Cabo Frio e região agrega, também, empresas dos municípios de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo e São Pedro da Aldeia. É composto por cerca de 200 confecções de moda praia – entre empresas formais e informais e produz dois milhões de peças por ano que geram um faturamento de R$ 60 milhões. O setor é responsável por cinco mil postos

de trabalho diretos e indiretos, números que triplicam para atender a demanda da alta temporada.

À frente da ACIRB há pelo menos três anos, Chuairi comentou os projetos desenvolvidos pelo SEBRAE e criticou o atraso com o qual a pesquisa sobre o perfi l do consumidor foi realizada. Ele afi rma que as ações de incremento do setor, desenvol-vidas pela instituição, teriam sido mais bem sucedidas se o levantamento tivesse sido feito anteriormente.

“A princípio, a proposta do SEBRAE em se tornar parceiro dos empresários, formando o pólo de moda praia foi muito interessante. Mas a instituição pecou num quesito primordial, trouxe um plano de trabalho pronto, que até pôde ter sido bem sucedido em outros lugares, mas não levou em consideração as características locais, de como o setor de moda praia de Cabo Frio realmente funciona”, opina o presidente.

Entre as ações estratégicas realizadas pelo SEBRAE em parceria com a Asso-ciação da Rua dos Biquínis, está a Fashion Beach Cabo Frio, que depois de ser reali-zada por três anos consecutivos, corre o risco de não acontecer em 2008.

Uma reestruturação geral, tanto no for-mato da feira, como na própria gestão do

projeto, bem como na gerência regional do SEBRAE na Baixada Litorânea, que desde março passou das mãos de Sérgio Tostes para Ana Cláudia Melo Vieira, foram as razões alegadas pela instituição para a não realização da feira na data prevista, entre os meses de setembro e outubro.

“Todo o projeto está passando por uma reestruturação. Portanto, não temos como precisar nada, não tem como garantir se a feira vai acontecer este ano”, afi rma a nova gerente regional do SEBRAE, Ana Cláudia Melo Vieira.

Segundo Marcelo Chuairi, o formato com o qual a feira vinha sendo realizada não estava atendendo as expectativas dos empresários.

“Não há como negar que, em termos de divulgação, para o fortalecimento da imagem do pólo de moda praia e do nosso produto, a realização da feira foi maravi-lhosa. Porém, não tivemos o mesmo retor-no em relação ao mercado externo e o setor atacadista do país”, declarou ele.

Até 2007, a feira era o único evento ex-clusivo de moda praia do País. Realizada com a proposta de promover as confecções locais e incrementar as vendas para ataca-distas e grandes redes varejistas e distribui-doras do Brasil e exterior, a Fashion Beach também pretendia incentivar parcerias

ANA CLÁUDIA MELO VIEIRA, gerência regional do SEBRAE na Baixada Litorânea Todo o projeto está passando por uma reestruturação

MARCELO CHUAIRI, presidente da Acirb O fato é que a indústria da moda praia de Cabo Frio ainda pensa como varejo

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estratégicas entre empresas com interes-ses no setor, desde fornecedores de fi os e tecidos até exportadores e compradores internacionais.

“É preciso que se entenda que a moda praia produzida em Cabo Frio não é mas-sifi cada e não pode ser comercializada a custos muito baixos, como é o costume de grandes redes de atacado. Produzi-mos peças com um diferencial marcante, que despendem alto investimento nas con fecções. Para o empresário, se torna quase impossível fornecer mercadoria para grandes magazines, por exemplo, que pro-põem pagar centavos pelo nosso produto – ressaltou Chuairi, completando que não medirá esforços para que a feira aconteça este ano. “Vamos nos mobilizar, mesmo que seja um evento diferente, como uma semana de moda, organizado somente pela Rua dos Biquínis, mas não podemos deixar essa lacuna”, afi rmou ele.

Para a empresária Ielra Hellen, a não realização da feira é uma perda para o setor. “Sabemos que os resultados de um trabalho como esse vêm em longo prazo. Muitas empresas tiveram as expectativas frustradas porque não obtiveram o retorno em termos de exportação alcançado. Mas penso que, ainda que em outro formato, a feira deveria acontecer este ano”, afi rma ela.

Há 13 anos no mercado, Ielra aponta o câmbio desfavorável como um dos fatores principais para a perda no volume das exportações das empresas do Pólo. Apesar disso, ela afi rma que 10% do faturamento da sua grife, este ano, foram provenientes de vendas ao mercado externo.

“Exportamos para o Japão, Estados Unidos e Espanha. Cerca de 70% dessas peças chegaram ao mercado internacional com a modelagem brasileira, isso é um sinal que cada vez mais, a nossa moda praia está se consolidando e se tornando uma referência em nível mundial”, destaca a empresária.

Para se manter no mercado, a empresá-ria conta que “faz o dever de casa”. Com apoio do SEBRAE, desde que aderiu ao Pólo de Moda Praia de Cabo Frio, par-ticipou de todas as edições do Fashion Rio/Fashion Business, o principal evento de moda do Rio de Janeiro. Além disso, independente das ações estratégicas reali-zadas pela instituição, costuma promover desfi les em pontos turísticos da cidade e outras iniciativas para divulgar a marca Enseada da Praia. A empresa também atua

na área social, utiliza mão-de-obra e mo-delos locais em seus desfi les, formou uma rede de 20 bordadeiras, que trabalham em suas próprias casas e também é parceira do Projeto Girassol (Progissol), que atende 130 crianças em regime de creche.

“No projeto, as mães das crianças assis-tidas pela instituição confeccionam brindes a partir dos retalhos de malhas utilizadas na fabricação dos biquínis e maiôs, que são distribuídos e também vendidos em nossa loja”, informou ela.

Outra grife que também vem tentando colher os frutos de um trabalho de divul-gação e capacitação é a Pitanga, que possui duas lojas na Rua dos Biquínis. Na última participação em feira internacional, fechou um negócio com empresários espanhóis e alemães para exportar uma média de 300 peças.

“Reconheço que poderia ter um retorno maior se realizássemos um trabalho pós-feira melhor. Ainda estamos “engatinhan-do” nas exportações, acredito que devemos nos fi rmar no mercado internacional daqui a algum tempo. Por enquanto nosso foco continua sendo direcionado ao mercado

interno, especialmente nas vendas realiza-das na Rua dos Biquínis”, destaca Cláudia Guimarães Rosa, proprietária da grife.

Para driblar as difi culdades da baixa temporada e conseguir equilibrar as fi -nanças até a chegada do verão, este ano a confecção fechou um contrato com uma conhecida marca de roupas para o forne-cimento de peças.

“Não teremos mais feriados nacionais até o Natal, então temos que criar alterna-tivas para manter as fi nanças até lá e com isso, garantir o emprego dos funcionários”, ressaltou Cláudia.

A empresária também investe em propaganda e costuma patrocinar atletas e eventos esportivos. Pelo segundo ano consecutivo a grife Pitanga apóia a equipe feminina e masculina cabo-friense no cam-peonato de “Canoas Havaianas”, realizado entre os dias 25 e 27 de julho.

“Acredito no poder do esporte como um grande divulgador. Sempre gostei de patrocinar eventos e equipes esportivas e chego até a fi car chateada quando não sou convidada a participar”, confessa Cláudia.

IELRA HELLEN Exportamos para o Japão, Estados Unidos e Espanha

CLÁUDIA GUIMARÃES ROSA Ainda estamos ‘engatinhando’ nas exportações

E c o n o m i a

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ecomendada para pessoas de todas as idades, a prática do “trakking” (caminhada em trilha) é a garantia de momentos de paz, tranqüilidade,

lazer e diversão, podendo ser feita em rotas e destinos que vão de acordo com as motivações e limitações de cada um.

No Estado do Rio, a união entre a ri-quíssima costa fl uminense com a pouco explorada Serra do Mar permite a con-templação de uma enorme variedade de ecossistemas diferentes. Cada um dos mu-nicípios possui suas belezas e seria impos-

TEMPOde aventura

No Brasil, a estação do frio, por ser mais seca e amena que as demais, é a melhor época para curtir a emoção das caminhadas ecológicas e, principalmente, do montanhismo. Pensando nisso, CIDADE preparou um roteiro com diferentes atrações do gênero existentes no Estado do Rio. Prepare as botas, o cantil e a câmera fotográfi ca, porque o passeio vai começar!

Ped

ro C

ampo

lina

PEITO DO POMBO( Sana - Macaé)

sível listar todos os lugares interessantes a serem descobertos.

As melhores e mais conhecidas trilhas estão traçadas em Áreas de Preservação Ambiental (APA) ou em Áreas de Preser-vação Permanente (APP). Isso acontece porque estes locais são protegidos por leis, que restringem a ocupação, defi nem políti-cas de preservação e aplicam severas mul-tas naqueles que poluírem o meio ambiente delimitado. Nestes casos, existe uma série de regras de visitação que o aventureiro deve seguir, caso contrário, será advertido, multado ou até detido.

Dependendo do rumo escolhido, há de se ter cuidados que vão desde os detalhes

na preparação da mochila, de acordo com a duração e intensidade do caminho a ser percorrido, até a preocupação em contratar um guia, ou, no caso de pequenas distân-cias, adquirir informações básicas para não acabar se perdendo. Outras questões que não devem ser ignoradas são a análise da previsão do tempo: uma chuva forte dei-xaria tudo úmido e escorregadio.

Em certas ocasiões, é necessário o pagamento pela visitação. Recomenda-se que se contate, por telefone ou via Internet, a entidade ou pessoa responsável pelo ter-ritório, verifi cando como andam as cotas (algumas vezes limitadas) de visitação e o respectivo valor das entradas, se houver.

Pedro Duarte Barros

AVENTURA

R

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AVENTURA

Ícones nacionais do verdeDois exemplos de lugar que unem

cuidado com a natureza e estrutura bem organizada são o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), situado na divisa dos municípios de Petrópolis, Teresópolis e Guapimirim, e o Parque Nacional do Itatiaia (PARNA Itatiaia), mais antigo do país (71 anos), na fronteira sul, entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Ambos são administrados pelo Governo Federal, através do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis), órgão que é administrado pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA).

No PARNASO, existe desde íngremes paredes de escalada, como é o caso do pico “Dedo de Deus” - símbolo do alpinismo brasileiro, tombado pelo IPHAN como patrimônio natural do Brasil - a incríveis formações rochosas e deslumbrantes cas-catas. Sua caminhada clássica é a travessia de Petrópolis à Teresópolis, cujo percurso soma 30km e leva três dias, passando pelos principais pontos de visitação do Parque - entre eles a Pedra do Açú e o Morro do Sino, com 2158m e 2263m respec-tivamente.

Já em Itatiaia, o principal desa-fi o é a subida, a pé, ao Pico das Agu-lhas negras, cume do Estado com 2.791m, e quinta formação mais alta do Brasil. Com temperaturas que chegam a -10º C, na temporada de inverno, no topo há incidência de geada e já foi registrada, na década de 80, a terceira maior precipitação de neve do país. O acesso é feito pela estrada federal brasileira mais alta, a BR-354 (1670m). “Rapel” (descida em parede, com cordas) e técnicas verticais (escalada e “es-calaminhada”) são outras opções de entretenimento e adrenalina para aqueles que não têm medo de altura.

Ao norte, as serras de Macaé e Friburgo escondem seus encantos

Em Nova Friburgo, o lugar mais visitado é a “Pedra do Cão Sentado” - um dos cartões postais da Cidade - no Parque de Furnas do Catete. A rocha, em forma de animal, fi ca localizada a 1.111m de altitude, após mais de 20 lances em escada de madeira. A reserva fl orestal já foi estatal, mas hoje é de empresário que

conseguiu a concessão e decidiu investir no turismo ecológico.

Em Macaé, a quase intocada mata de SANA e Lumiar, com belos córregos e rios, já é o principal destino dos moradores da Região dos Lagos, que descobriram o, não tão distante, paraíso natural. A trilha ao Peito do Pombo (1120m), em SANA, leva cerca de quatro horas e passa por lindas quedas d’água e cachoeiras.

Os locais de visitação são propriedades particulares, mas seus respectivos donos permitem a entrada de turistas com um controle fl exível e sem cobrar nada. Na mesma Região, é preciso dar destaque ao “Rafting”, que consiste em descer o rio a bordo de bote infl ável; munido de remos, colete salva-vidas e capacete, a atividade é realizada por empresas situadas próximo ao leito do Rio SANA.

Costa Sul: diversidade e hospitalidade

A Ilha Grande, em Angra dos Reis, é perfeita para aqueles que desejam con-templar uma paisagem rara, mistura de mar e água doce. O único meio de acesso

é através de embarcações, que saem do Porto e da Marina da Cidade.

As trilhas, em meio à fl oresta tropical, ligam as praias à vila de Abraão – ponto de chegada e lar de muitos pescadores, com pequeno comércio – e os imponentes mor-ros, entre eles o pico do Papagaio (990m) – símbolo da comunidade local. Existem caminhos e riachos que cortam toda a ilha, podendo-se ir a pé para todas as praias. As áreas de camping são pré-estabelecidas.

A Região dos Lagos e suas belíssimas paisagens

Vegetação diversifi cada, clima agra-dável e grande número de espécies únicas de plantas e animais, em terra e mar, logo chamam a atenção dos aventureiros e am-bientalistas, que conhecem a Costa do Sol e Região dos Lagos. No entanto, a maioria das trilhas conhecidas é utilizada para o acesso às praias mais distantes dos centros urbanos, ou a lugares que são protegidos (APA ou APP).

Em Búzios, a conexão entre a Serra das Emerências, em Tucuns, a Praia de José Gonçalves e a APA do Pau Brasil, na

Pedr

o Ba

rros

RIO SANA (MACAÉ)Ideal para a prática de rafting

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Praia das Caravelas - onde há um trecho de mata atlântica, forma um ecossistema riquís-simo, perfeito para quem de-seja experimentar o “trakking” pela primeira vez. Em um dos morros, há uma pista de vôo livre, pela qual, eventualmen-te, saltam pilotos de asa-delta e paraglider.

Outras locações interes-santes do balneário estão no Canto direito da Praia de Manguinhos, em trecho de 20 minutos, que consiste em caminhada leve em estradinha que leva à Praia da Tartaruga; e a trilha que vai para a pequena Praia Olho de Boi, onde é per-mitida e incentivada a prática de nudismo.

Quanto a Cabo Frio, a rota mais freqüentada é a que vai para a Praia Brava. Após meia hora de caminhada, a partir da Ilha do Japonês, o visitante chega a uma pequena enseada selvagem, cercada por escarpas de mais de 20m. O surfe é a principal atração.

Já Arraial do Cabo, possui o Morro do Pontal do Atalaia, com 180m de altura, que é acessado através de di-versas trilhas, caminhos que terminam nas praias de águas cristalinas, mais

abaixo, no Pontal. Chegando ao topo, o viajante poderá contemplar uma vista exuberante e desbravar as ruínas de um antigo farol desativado, hoje encoberto pela vegetação.

Pedro Barros

A península de Búzios vista do alto da Serra das Emerências

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E r n e s t o G a l i o t t oO P I N I Ã O

Ernesto Galiotto é empresário

Pobre Geribá

alteração da lei para uso do solo de Búzios que

a conteceu esta semana, foi matéria do Jornal O Globo, página 16, do dia 07 de agosto de 2008. O ocorrido espantou todo o mundo, princi-palmente aqueles que conhecem Geribá, assim como eu, que conheço muito bem até de cima. Quem conheceu Geribá há trinta anos atrás não poderia imaginar que um dia ela fosse ter uma total ocupação e em tão curto prazo, principalmente sem nenhuma infra-estrutura e lazer menos ainda. Olhando de cima dá uma ligeira impressão de aglomerado do BNH. A lagoa foi sufocada e toda tomada, conforme a imagem acima, que não esconde a agressão ambiental.

O saneamento básico praticamente não existe. O lençol freático é ao nível do mar. A Câmara de vereadores de Bú-zios aprovaram uma lei de aumento de gabarito, e é claro, cometeram um erro gravíssimo. Agora eu pergunto: Com a parte horizontal totalmente ocupada e Geribá crescendo pra cima, pra onde vai o esgoto? Considero esse tipo de crescimento, um risco muito grande para o futuro de Geribá, pois ela vem se transformando em uma favela ame-ricana, só que lá fora, tem a vantagem de que eles cuidam do seu esgoto.

Na matéria do Jornal o Globo, o promotor Dr. Murilo Bustamante, se manifesta ao contrário da lei aprova-da e certamente vai tomar medidas drástica para que o Executivo anule essa aprovação. Será um escândalo vergonhoso se essa lei permanecer aprovada. O duro para os eleitores de uma sociedade, quando elegem os seus candidatos, é que eles não podem imaginar que depois tem que tomar conta das besteiras que eles cometem. Esperamos que, o bom senso e a natu-reza se façam presente para que esse

Erne

sto

Gal

iotto

ato possa ser apenas uma brincadeira de mau gosto.

Para falar de boas intenções, no dia 03 de agosto de 2008 (domingo), foi publicada no Jornal o Globo, a possibilidade do estado transformar as áreas verdes da Costa do Sol em Par-ques. A princípio é uma ótima notícia, desde que ela seja real e tenha futuro, porque isso difi cultaria os agressores de destruírem o que resta da nossa mata Atlântica. Foi dito ainda que, para a criação dos parques, poderia ser aplicado um recurso vindo dos royalties da Petrobras.

Nós acreditamos que isso será be-néfi co e muito mais interessante, pois sabemos que, às vezes, esse dinheiro é muito mal aplicado e que alguma parte dele vai para determinadas farras. A prevenção continua sendo o melhor para o futuro pois evitaria mais valas negras e um grande prejuízo até para a saúde pública. Hoje, vemos locais onde eram salinas e áreas verdes, dando lugar à ocupação desordenada, se transfor-mando em valas negras e jogando todo o esgoto para dentro de nossa lagoa.

E não precisamos ir muito longe, de acordo com as imagens vistas pelo ar, podemos perceber a agressão em torno da lagoa de Araruama e Canal do Itajuru.

A

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47CIDADE, Setembro de 2008

Livros

47CIDADE, Setembro de 2008

Octávio Perelló

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A viagem de TatiEste título poderia ser de um romance biográfi co, caso alguém se debruçasse sobre a personagem-escritora, mas é apenas de uma nota incerta, ao contrário do título defi nitivo do próximo livro de Tati Bueno, com lançamento anunciado para setembro na Livraria Travessa de Ipanema, no Rio de Janeiro, pela Editora Íbris Libris. Viagem entre a paz e a paixão, segundo a autora é “meio memorialista”, e “diário de bordo”, o que, ainda nas suas palavras, se refere a vivências pessoais de uma jornalista em crise existencial a bordo de um navio em cruzeiro pela Europa, em companhia de seus dois fi lhos adolescentes, após vender um Portinari, dois apartamentos, dois automóveis e várias jóias. Com viagem mar-cada para Lisboa, onde também pretende lançar o livro, Tati programa ainda rever as cidades da Itália, Espanha e França que marcaram sua, digamos, quase memória, pegando o gancho de seu livro anterior que era quase poesia. Porém, o quase em Tati é apenas um modo de dizer, pois ela vem realizando seu projeto editorial, o que prova o exercício da escrita seja em que gênero, número ou grau for.

PÉROLAS DAS ESTANTES

As fábulas de EsopoProvavelmente por sistematizar conceitos universais em histórias nas quais os personagens eram animais e o desfecho sempre de fundo moral, a escrita de Esopo atravessa o tempo. Fábu-las (LP&M Pocket, 2008, 176 páginas), com tradução de Antônio Carlos Viana é um exemplo de vigor literário de mais de dois mil anos. Escritas no século VI a.C., inspiraram La Fontaine e permeiam a história nas citações de Heródoto, Aristófanes, Platão, entre outros fi lósofos e autores gregos. Sabe-se que Esopo foi um escravo libertado por seu último senhor, Xanto, e que tinha o dom da palavra e a habilidade de contar histórias. Consta também que tenha sido corcunda, o que lhe imputa ainda mais a aura de personagem quase mítico. “Deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte que os que usam regras e defi nições” [La Fontaine]. Entre as centenas de fábulas produzidas por Esopo, eis um exemplar raro muito citado através dos séculos.

A raposa e as uvasUma raposa estava com muita fome e viu um cacho de uvas numa latada. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao se afastar, disse para si mesma: – Estão verdes.O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.

Que o homem é um animal político em um grau muito mais elevado que as abelhas e os outros animais que vivem reunidos é evidente. A natureza, conforme frequentemente dizemos, não faz nada em vão; ela deu somente ao ho-mem o dom do discurso (lógos).

(Aristóteles em Política, Martin Claret, 2007, 289 páginas).

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48 CIDADE, Setembro de 2008

P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

Lançamento do bom-senso

Ernesto Lindgren

notícia mobilizou os escritórios de projetos de prédios magní-fi cos, daqueles que aparecem no

programa do Discovery Channel, “Desastres da Engenharia’: foi anunciada a construção de um Centro de Convenções em Cabo Frio com auditório com capacidade para três mil pessoas, salas de conferências e áreas para eventos e feiras. O município receberia 13 milhões de reais numa parceria com o governo do estado e o Ministério do Turismo.

Vieram as reações. Alguém gritou “Nããããããoooo!” Foi amarrado numa camisa de força. Ouviu-se a exclamação “Eu não acredito!”, repetindo Ayrton Senna ao vencer o GP Brasil de F1 em 1993. E vieram os comentários obje-tivos: “Grande demais”, “Benefi cia a cidade”. No quintal da casa de Wolney Teixeira de Sousa duas pessoas interes-sadas em transformá-la em Museu da Imagem trocaram idéias: “Quem sabe? Talvez a gente consiga umas sobras de material de construção, umas telhas para remendar o telhado”.

Num exercício diletante considere-se o Radio City Music Hall em Nova Iorque. O complexo tem 50 mil metros quadrados, acomoda 5.933 espectadores e nele John Rockfeller gastou 40 mi-lhões de dólares entre 1930 e 1931. Isso equivale a 480 milhões de dólares, hoje. Digamos que o centro em Cabo Frio seja metade de tudo: três mil espectadores, 25 mil metros quadrados, custo de 240 milhões de dólares ou 390 milhões de reais. Considerando que o custo da construção em Nova Iorque é dez vezes mais do que em Cabo Frio, o custo real seria de R$39 milhões. A empreitada sairá por um terço ou alguém terá que entrar com R$26 milhões. Mas quem? Quemquemquem? “O povo!”, gritou o amarrado na camisa de força. Levou um cascudo e foi amordaçado.

Serão manti-das as condições verificadas na pes-quisa do PNAD/IBGE em 2008 para Cabo Frio: 65 a 70% de atividade infor-mal na estrutura empresarial, 80% das famílias com renda mensal abaixo de 700 reais, 20% dos 160 mil habitantes reten-do 70% da riqueza. O setor da construção civil continuará a importar mão-de-obra porque a local não está qualifi cada, sendo falsa a afi rmação de que projetos em andamento ou anunciados criaram ou criarão empregos Os que oferecem são temporários. Há mais de 30 anos não se identifi ca atividade produtiva de impacto signifi cativo e a parte da mão-de-obra importada que permanecer se assentará em favelas. Está mais fácil prever isso do que o prognóstico de 1975 sobre o Rio, alertando a turma do PUB-Rio (1977): vai dar bode.

Fazendo jus à grandiosidade da proposta sugerem-se modelitos, um representando a voracidade do poder público aumentando a carga tributária e outro a imagem que os governantes têm do povo. É preciso ser criativo pra fazer bobagem.

A Região dos Lagos, parafraseando Paulo Prado em “Retrato do Brasil”, é uma terra radiosa onde vive um povo triste, onde os governantes lançaram o bom-senso pro espaço.

A

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49CIDADE, Setembro de 2008

Festa Portuguesa será em novembroA quarta edição da Festa Portuguesa, prevista para acontecer entre os dias 19 e 28 de setembro, em Cabo Frio, foi transferida para o mês de novembro, entre os dias 8 e 16, em função da eleição municipal.

Mais conforto no SalinasO restaurante Salinas Grill, em Cabo Frio é o que se pode chamar de sucesso consolidado. Mas, nada é por acaso. Maurício e Suely suam a camisa para servir o melhor bufet self service da cidade e investem pesado continuamente para oferecer uma excelente estrutura para o atendimento de seus clientes, que incluiu um amplo estacionamento, vaga, rampas e banheiros equipados para atender a portadores de necessidades especiais. A última novidade foi a substituição das cortinas, que deu aos salões uma atmosfera suave e acolhedora.

Posto Nacional recebe Caravana Siga BemNo dia 8 de agosto o Posto Nacional recebeu a Caravana Siga Bem Caminhoneiro, promovida pela Petrobras Distribuidora e Iveco Caminhões. Considerado o maior evento rodoviário do Brasil, a Caravana que atravessa 13 estados, percorre mais de 25 mil quilômetros pelas estradas brasileiras tem como principal objetivo a prestação de serviços e de responsabilidade social. No Posto Nacional os caminhoneiroas puderam receber serviços de apoio à profi ssão num dia inteiro de atividades que culminou com apresentação de shows musicais.

Sem asasNuma ação relâmpago e com explicações desen-contradas, a prefeitura de Búzios derrubou as asas do pórtico de entrada da cidade, mutilando a obra criada pelo arquiteto Hélio Pellegrino no governo Mirinho Braga.

Reserva PeróAnunciado para a primeira quinzena de setembro o inicio das obras do Club Med, em Cabo Frio. As licenças ambientais necessárias já estão emitidas, segundo informou o secretário de governo da cidade, Carlos Victor Mendes. O hotel é o primeiro dos empreendimentos a ser licenciado dentro do Projeto Reserva Peró.

ASAERLA tem nova diretoriaA Associação dos Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla) elegeu nova diretoria para o biênio 2008/2010. Assume a presidência José Artur de Almeida Lima, tendo como vice, Humberto Sanchez Quintanilha. Também foram eleitos: Raimundo Luiz Neves Nogueira (Adminsitrativo), José Deguchi Júnior (Atividades Técnicas e Culturais), Anísio M. de Rezende (Atividades Sociais e Relações Públicas), Juarez Marques Lopes (Meio Ambiente), Ricardo Valentin de Azevedo (Relações Institucionais) e Fernando Luiz de Figueiredo Cardoso (Publicações).

Prolagos apresenta novo presidente em café com imprensaO presidente da concessionária, Mário Rocha, que assumiu o cargo há três meses, e o diretor executivo, Felipe Ferraz, reuniram-se com jornalistas num café da manhã na terça-feira (26.08), em Cabo Frio, e deram uma visão global de todas as ações da concessionária, obras realizadas, metas antecipadas e as melhorias alcançadas em função do novo plano de gestão. Eles reafi rmaram as metas para os próximos anos e o compromisso socio ambiental da empresa com a Região dos Lagos.

UFF Rio das Ostras ampliadaO projeto de ampliação do pólo da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Rio das Ostras já está aprovado e vai possibilitar a criação de novas 2,5 mil vagas nos seis cursos oferecidos. A Prefeitura anunciou que o processo de litação para as obras será aberto ainda este mês.Com 10,6 mil metros quadrados, o projeto conta com uma biblioteca, teatro, 19 salas de aula, cinco laboratórios de Física, oito laboratórios de Informática e dois laboratórios de Produção Cultural.

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Galeria

“Brincando de Cadeirinha” - Acrílico sobre tela - 50cm x 60cm (2002)

TIITACelita de Azevedo Machado nasceu em Cabo Frio no ano de 1929. O interesse pela pintura só acon-teceu quando os fi lhos adolescentes precisaram da sua ajuda nos trabalhos escolares. Autodidata, adota o estilo Naif, abordando temas que remetem às recordações da infância, ao povo simples de sua cidade natal e à religiosidade.

Fotos de Flávio Pettinichi

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