revista abipem – agosto/setembro-2008

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ANO 1 - Nº 3 MODELO APROVADO Congressos do Regime Próprio consagram método de construção de uma cultura previdenciária Investimentos O desafio de buscar mais rentabilidade Entrevista Ex-ministro Ornélas critica descontinuidade Gestão Tecnologia ainda é cara, mas preço cai ANO 1 - Nº 3

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Revista ABIPEM – Agosto/Setembro-2008

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Page 1: Revista ABIPEM – Agosto/Setembro-2008

ANO 1 - Nº 3

MODELO APROVADOCongressos do Regime Próprio consagram método

de construção de uma cultura previdenciária

InvestimentosO desafi o de buscarmais rentabilidade

EntrevistaEx-ministro Ornélascritica descontinuidade

GestãoTecnologia ainda écara, mas preço cai

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A Abipem agradece a todos participantes e colaboradores, por

valorizarem a cultura previdenciária.

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ANO 1 - Nº 3

MODELO APROVADOCongressos do Regime Próprio consagram método

de construção de uma cultura previdenciária

InvestimentosO desafi o de buscarmais rentabilidade

EntrevistaEx-ministro Ornélascritica descontinuidade

GestãoTecnologia ainda écara, mas preço cai

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Tel. 11 5505.6065

A não está mais sozinha.

Após muitas conquistas e novas parcerias, agora

dividirá sua experiência de sucesso com a Pátria

Editora. Juntas têm o objetivo de se tornar a maior

editora de revistas customizadas do Brasil. Criando

compromisso de comunicar com responsabilidade,

de maneira que agregue a qualidade de

informação ao cotidiano dos leitores.

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Sumário

Carta ao leitor

Expediente

Compensação previdenciária promove equilíbrio entre regimes,

mas obtê-la exige afi nco

Advogado diz que Ministério pode dar sugestões, mas não deveria regulamentar regimes próprios

Falência do Banco Santos afetou 113 institutos do RPPS. Até agora, 19% das

aplicações foram recuperadas

Bancos estimulam cartão de crédito consignado em folha

Na França, nem a lenta reforma da previdência proposta pelo governo

é aceita pelos trabalhadores

Tecnologia de informação pode ser cara para cidades menores, mas preços estão em queda

Maioria dos municípios ainda não tem acesso a internet em banda larga

Eleições sempre promovem mudanças de gestores nos municípios.

Como não perder o fi o da meada?

Entrevista: Baldur Schubert fala sobre a entrada da Abipem na Organização Ibero-

Americana de Seguridade Social

Entrevista: Ex-ministro da Previdência Waldeck Ornélas critica alta

rotatividade na Pasta

Aposentados precoces continuam a trabalhar e acréscimo de renda aumenta o bem-estar

Índice de pessoas entrevistadas

Agendas da Abipem e da Apeprem

Capa 10 e 16Congresso da Abipem consagra forma de

disseminar cultura previdenciária adotada por associações do RPPS. Participantes opinam

Investimentos 26Juros reais vão cair, a longo prazo.

Gestores deverão arriscar mais em fundos,sem jamais perder a cautela

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Sumário Edição 3

6 Agosto/setembro 2008

Ilustração de Capa: Nakata

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O 42º Congresso nacional da Abipem e o 4º Congresso da Apeprem, realizados conjuntamente em São Paulo, foram um evento vivido com alegria e grande proveito por todos os participantes. A montagem dos Congressos foi feita inteiramente por integrantes das diretorias dessas entidades. A todos eles, aos patrocinadores e aos prestadores de serviços que lá atuaram, nossos agradecimentos.A terceira edição de Previdência Nacional, que destaca a importância e o êxito dos Congressos, procura antecipar uma discussão que se tornará inevitável em futuro não muito distante: como obter a necessária rentabilidade das aplicações quando o juro básico da economia intensifi car sua trajetória de queda, no momento interrom-pida para evitar a ressurgência da infl ação. O caso do Banco Santos, que deixou feridas em 113 institutos do RPPS, é relembra-do como um alerta. Gestores de recursos previdenciários devem conferir duas, três, dez, quantas vezes forem necessárias o estado de “saúde” dos fundos e bancos em que investem um dinheiro que não pode faltar quando as gerações atuais chegarem à aposentadoria. Isso dito, não se pode perder de vista que o Banco Central sabia dos problemas do banco bem antes de decretar intervenção nele. Como se sabe, policiar mercados fi nanceiros não é nada fácil.Nesta edição, abrimos o capítulo da tecnologia nos municípios e nos institutos de previdência. Os gestores precisam conhecer esse terreno não só para evitar opções equivocadas, mas principalmente para tirar todo o proveito possível da racionaliza-ção dos métodos de trabalho.Publicamos ainda um primeiro dossiê sobre eleições municipais, que provocam sem-pre uma revoada de gestores de RPPS mas poderiam ser usadas para uma discussão ampla da questão previdenciária.Previdência Nacional mostra também como pessoas que se aposentam cedo podem garantir um padrão de vida confortável, desde que tenham condições de rejeitar o fardo da inatividade.

Boa leitura.

Cordialmente,

João Carlos FigueiredoPresidente da Abipem e da Apeprem

PN

Carta ao leitor

Previdência Nacional 7

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Editora

DB2 Editora Ltda.

Abipem (www.abipem.org.br)

DIRETORIAPresidente: João Carlos Figueiredo Vice-Presidente: Wellington Costa Freitas Secretário-Geral: Valnei Rodrigues

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO André Luiz Goulart Demétrius Ubiratan Hintz José Maria de Paula CorreiaLuiz Guilherme Machado de Carvalho

CONSELHO FISCAL Roberta Cabral MedeirosJosé de Anchieta BatistaWilson Risolia Rodrigues

Apeprem (www.apeprem.com.br)

DIRETORIAPresidente: João Carlos Figueiredo Vice-presidente: Jonas Baldissera1ª Secretária: Lucia Helena Vieira 2ª Secretária: Solange Maria Maximiano de Pádua1º Tesoureiro: Antonio Corrêa2º Tesoureiro: Antonio Scamatti

CONSELHO ADMINISTRATIVO TitularesAndré Luiz da Silva Mendes, Alberto Marques Passos, Christian Petterson Antunes Lemos, Eliane Valim dos Reis, Fernando Rodrigues da Silva, Glória Satoko Kono, Kleber Vicente Cavalcante, Marcia Regina Moralez, Marcus Vinicius Esteves Nunes, Moacir Benedito Pereira, Paulo César Pinto de Oliveira, Paulo Henrique Pastori, Roberto da Silva Oliveira, Sebastião Benedito Gonçalves, Sirleide da Silva.

CONSELHO ADMINISTRATIVO SuplentesAntonio Carlos Molina, Elisa Maria Rocha, Guiomar de Souza Pazian, Francisco Carlos Conceição, Maria Aparecida Della Villa, Onésimo Canos Silva Júnior, Paulo Vicentino, Vandré Lencioni de Camargo.

CONSELHO FISCAL TitularesEdmilso Martins, José Tomaz, Nelson Rodrigues de Mello.CONSELHO FISCAL SuplentesLuiz Roberto Lopes de Souza, Varlino Mariano de Souza.

Expediente

8 Agosto/setembro 2008

Editora

JB Pátria Editora Ltda.

em parceria com

Presidente: Jaime BenutteDiretores: Daniel Bacardi e Iberê BenutteAdministrativo: Fátima ConceiçãoEstagiários: Marina Beltrame e Luiz Aymar

Previdência Nacional

Publisher: Jaime BenutteConselho Editorial: André Luiz Goulart, Demétrius Ubiratan Hintz, Wellington Costa Freitas (Abipem); João Carlos Figueiredo, Lúcia Helena Viera, Magadar Rosália Costa Briguet (Apeprem); Paulo Henrique Pastori (Regime Geral); Jarbas Antonio de Biagi (Previdência complementar)

Editor: Trilogia Comunicação e Arte Ltda. - Mauro Malin, MTB 14887-67

Direção de arte: Belatrix Ltda. Marcelo Paton - Diretor de ArteGabriel de Moraes Luiz, Evandro Oliveira dos Anjos eAndrea Vierira de Souza - Assistentes de Arte

Colaboradores: Adriana Aguilar, Antonio Cruz/ABr, Antônio Graça, Carlos Vasconcellos, Emídio Montenegro, Germano Bisson, Jorge Félix, José Américo Gobbo, Leonardo Fuhrmann, Leonir Angelo Lunardi, Marcello Casal Jr./ABr, Mauro Nakata, Paulo Fávero, Percy Constanti, Raul Jr., Ribamar Rego/Pro Empresa, Secom PMG, Sérgio Damasceno, Victor Soares, Virginia Finzetto.

Impressão: IBEP - Tiragem: 50.000 exemplares

A revista PREVIDÊNCIA NACIONAL é uma publicação bimestral da DB2 Editora, localizada na Rua Flórida, 1.703, 11º andar, Brooklin, CEP 04565-001, São Paulo – SP. Tel.: 11 5505-6065. www.pontocinco.com.brDúvidas ou sugestões: [email protected] textos assinados são da responsabilidade de seus autores. Não estão autorizados a falar pela revista, bem como retirar produções, pessoas que não constem desde expediente e não possuam uma carta de referência.

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Capa

Modelo de trabalho adotado por associações de institutos de previdência do regime próprio fi rma-se

como método para disseminar conhecimento

A consolidação

10 Agosto/setembro 2008

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Participaram da cobertura Antônio Graça, Luiz Aymar, Marina Beltrame e Mauro Malin

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Previdência Nacional 11

– É um serviço que a Abi-pem presta, por intermé-dio da TV Abipem, para a criação de uma cultura previdenciária. Inimagi-nável também, há dois anos, que num Congres-so se pudesse ao mesmo tempo lançar um livro e o segundo número de uma revista específi ca para re-gimes próprios, a Previdência Nacional. Esta diretoria conseguiu fazer isso. Temos assim uma memória escri-ta de matérias sobre previdência. O segundo livro [Re-gimes Próprios: aspectos relevantes, vol. 2, iniciativa da Abipem e da Apeprem], prefaciado pelo secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, nosso amigo Carlos Gabas, é um complemento do primeiro, lançado dois anos atrás somente pela Apeprem [os dois livros foram produzidos pela editora da revista Previdência Nacional, a Ponto Cinco].Figueiredo informou que em dois anos o número de acessos mensais contados no site da Abipem passou de 8 mil para 30 mil. Mencionou ainda, como um dos êxitos da diretoria que ora encerra seu mandato, a criação de um curso para qualifi cação de gestor de ativos, que, por exigência do Ministério da Previdên-cia, daqui em diante deverão ser certifi cados.– A Abipem teve a ousadia de criar uma qualifi cação mais abrangente do que as que havia no mercado – celebrou. – Vamos trabalhar também com a parte fi -nanceira, por acharmos que é imprescindível o gestor dominar matéria relacionada à política de investimen-tos. É preciso primeiro saber qual é a política de inves-timentos para depois aplicar os recursos.O dirigente informou que a metodologia do curso foi desenvolvida pela Fundação Getúlio Vargas e que uma parceria com a Apimec (Associação dos Analistas e Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capitais) permitiu criar uma certifi cação especial, com a colabo-

A consolidação entre gestores de institutos de previdência estaduais e municipais de um modelo de trabalho vol-tado para a disseminção do conhecimento foi a grande

conquista do 42º Congersso Nacional da Associação Brasileira de Instituições de Previdência Estaduais e Municipais, Abipem, e do 4º Congresso da Associação Paulista de Entidades de Pre-vidência Municipal, Apeprem, realizados simultaneamente em São Paulo entre os dias 30 de junho e 2 de julho.O conteúdo pôde ser acompanhado pela internet, por inter-médio da TV Abipem, que transmitiu em tempo real 28 pales-tras freqüentadas, em grupos, pelos 708 servidores públicos inscritos por institutos estaduais e municipais de previdência e por três Tribunais de Contas estaduais – com os 139 parti-cipantes de bancos, consultorias e outros prestadores de ser-viços, o total de participantes chegou a 847 pessoas (ver Os números dos Congressos). A Abipem e a Apeprem reuniram 36 especialistas para abordar uma extensa lista de assuntos.Na abertura do encontro, o presidente das duas entidades, João Carlos Figueiredo, fez um balanço dos dois anos de gestão da atual diretoria da Abipem, que em agosto passa o bastão à diretoria eleita em maio passado.– Era inimaginável, talvez, dois anos atrás, que hoje nós pu-déssemos estar aqui numa cerimônia transmitida ao vivo pela internet – disse Figueiredo, que é também presidente do Ins-tituto de Previdência do Município de Jundiaí, Iprejun. – A Abipem lançou mão desta tecnologia neste ano, transmitindo todos os seus eventos e eventos de associações co-irmãs, além de palestras e entrevistas. O presidente da Abipem insistiu na importância das criação de canais de conhecimento e refl exão:

Em sua fala na abertura do 42º Congresso da Abipem e do 4º Congresso da Apeprem, o secretário-executivo do Ministé-rio da Previdência, Carlos Gabas, destacou o avanço – apoia-do pelo governo Lula – dos institutos regidos pelo RPPS e das associações que os representam. Gabas chamou a atenção para o impacto que as eleições costumam ter na composição das equipes que administram a Previdência, defendeu maior estabilidade e políticas que atravessem diferentes mandatos. Comentou a possibilidade de que as empresas sejam desoneradas, com a queda de sua contribuição previdenciária de 20% para 14%, mas defendeu a opinião de que a diferença terá de ser coberta pelo Tesouro Nacional.

TV via site na internet, livros e edições de revista ajudam a transmitir e sistematizar

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Gabas: desoneração de empresas deverá

ser coberta pelo Tesouro Nacional

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12 Agosto/setembro 2008

ração de gestores previdenciários. “Teremos um curso para gestores previdenciários feito por gestores previ-denciários”, anunciou.Figueiredo fez um agradecimento especial ao secretá-rio-executivo Carlos Gabas, “pessoa muito importante na história recente do Ministério da Previdência Social, de quem a Abipem tem recebido apoio e com quem a entidade tem conversado sobre as necessidades que os regimes próprios têm”.Em seguida, falou Gabas, como “companheiro de caminhada e militante da causa previdenciária” (ver Gabas: desoneração de empresas deverá ser coberta pelo Tesouro Nacional).Uma das pessoas envolvidas na montagem do evento foi a 1ª secretária da Apeprem, Lucia Helena Vieira, procuradora do Instituto de Previdência Municipal do Servidor de Diadema, São Paulo. Ela constata: “Todos os retornos que recebemos sobre o desenrolar dos tra-balhos foram de elogios”. A procuradora destaca o em-

penho dos organizadores – todos integrantes das duas entidades, que trabalharam voluntariamente – para que o evento funcionasse a con-tento. O presidente eleito da Abi-pem, Demétrius Hintz, pre-sidente do Instituto de Pre-vidência de Santa Catarina, Ipesc, avalia que o evento

conseguiu superar as expectativas, com alto nível de aquisição de conhecimento, pelos participantes, sobre matérias relevan-tes para uma gestão séria da previdência.– O interesse e o aproveitamento foram notáveis – diz Hintz. – Percebe-se que os institutos estão procurando a profi ssio-nalização. As salas tiveram afl uxo de público acima da média. Os participantes sentiram-se confortáveis e conversaram com os palestrantes, em alto nível. As perguntas foram muito além das questões básicas.Hintz diz que a diretoria eleita vai procurar dar atenção a no-vos temas, sempre atenta às mudanças em curso ou anuncia-das. Citou, por exemplo, os trabalhos da Comissão de Segu-ridade da Câmara dos Deputados, que são acompanhados permanentemente para verifi car se está em debate algo que diga respeito aos regimes próprios de previdência.O presidente eleito da Abipem também falou da satisfação dos patrocinadores com o volume de negócios realizados durante o evento. “Eles ado-raram o Congresso e reafi rma-ram a possibilidade de estar presentes em eventos vin-douros. Nota-se também que existe empenho em oferecer produtos melhores para um mercado em ascensão”.Hintz falou dos eventos do se-gundo semestre: no seminário do Norte, que será realizado em Manaus entre 13 e 15 de agosto, o tema das elei-

Eis as partes principais da fala:

Eleições e gestãoÉ notório que de alguns anos para cá os regimes pró-prios dos estados e municípios se fortaleceram, tiveram um avanço muito grande e muito rápido, assim como as associações que os representam. Houve um apoio muito forte do governo. A descontinuidade administrativa traz instabilidade para o sistema, e este ano é típico. Temos eleições municipais. O que vai ser dos regimes próprios dos municípios? (Ver Dança de Cadeiras, página 60.)

No regime geral, temos trabalhado para construir regras e mecanis-mos que sobrevivam ao governo que ganha a eleição. Do contrário, teremos uma instabilidade tão grande que as pessoas não saberão se devem se fi liar ao regime. E todos aqui sabem que nós, gestores dos diferentes regimes, vivemos hoje – mas no passado vivemos muito mais –, desculpem a expressão, uma verdadeira “lambança” em alguns fundos de previdência. Às vezes o gestor, até por desco-nhecimento, lança mão, para investimento, de recursos que não são do município, são recursos dos trabalhadores.

Défi cit de fora para dentro Até 2005 se ouvia falar muito que a previdência social tem um “dé-

Presidente eleito para o biênio 2008-2010 diz

que diretoria dará atenção a temas novos

Curso elaborado por gestores para gestores de regime próprio de

previdência

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Previdência Nacional 13

ções municipais já estará presente, e no seminário do Centro-Oeste, em novembro, em Goiânia, serão conhecidos todos os resultados e poderá ser feito um balanço sobre quem fi ca à frente das instituições municipais de previdência e quem sai. “Vamos fazer uma pesquisa para ter o perfi l dos novos gesto-res”, anunciou. “Isso vai determinar o conteúdo dos eventos de 2009. De todo modo, sabemos que será necessário dar conta de todas as mudanças de normas e de condições de mercado havidas no período entre Congressos e pensar na capacitação dos novos gestores, que tomarão posse em janeiro”.O dirigente destacou que a cada Congresso a entidade pro-cura apresentar uma novidade aos participantes. “Em 2007, tivemos um debate mediado pelo jornalista Alexandre Gar-cia; neste ano, uma palestra motivacional feita pelo esportista

Lars Grael. Mas sobretudo queremos garantir a dis-seminação do conhecimento. Que cada congresso se transforme em escola de aprendizagem. Com isso poderemos evitar situações difíceis que decorreram de falhas dos gestores e dos atores políticos”.Hintz refere-se aos problemas dos institutos que en-contram difi culdades para honrar seus compromis-sos, mencionadas na palestra feita durante a abertu-ra do Congresso pelo secretário-executivo Gabas.Também foi convidado a falar, na cerimônia de aber-tura, o representante regional da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social, Baldur Schubert, que anunciou a entrada da Abipem na entidade (ver Abipem na OISS, página 62).

fi cit”, entre aspas. Qual é a origem desse défi cit? Em 2004 falta-ram R$ 37 bilhões. Em 2005, R$ 42 bilhões. Por quê? Vimos que, primeiro, isso era fruto de uma economia em recessão, no passado, que começou a crescer de verdade em 2005. Previdência é, na prá-tica, essencialmente folha de salários. Daí a idéia de que a Previdên-cia tinha um défi cit de R$ 42 bilhões em 2005. Os ruralistas conseguiram isenção para empresas que exportam. Essas empresas não empregam, esses empregados não se aposen-tam? O mesmo em relação a entidades fi lantrópicas da saúde, fa-culdades, asilos, creches. Se fossem somadas todas as rubricas que deveriam ir para a Previdência – Cofi ns, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, concursos de prognósticos, até bens de trafi cantes

vendidos em leilões –, e as renúncias fi scais, a conta seria outra (ver Previdência Nacional número 2, junho/julho de 2008, “A cada um o seu”). Encaminhamos ao Congresso um projeto de lei segundo o qual cada um administra sua política, concede a isenção e a coloca em seu orçamento. E a Previdência recebe esse recurso.É a chamada nova contabilidade. Neste ano já há mais de R$ 4 bilhões de superávit. Nossa ambição é que até 2010 operemos no azul. Não há milagre. É dar a César o que é de César. E mais o crescimento, a formalização. Em 2033, tínhamos cerca de 27 milhões de trabalhadores contribuintes. Hoje, temos 37 milhões.

Patrocinadores saíram satisfeitos e se empenham em oferecer produtos melhores para mercado em ascensão

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14 Agosto/setembro 2008

A Abipem presenteou as dez associações estaduais com as suas ban-deiras (foto). Segundo seu presidente, João Figueiredo, as associações são tratadas como co-irmãs da Abipem e seus fi liados têm, em qualquer evento, o mesmo desconto dado aos associados da Abipem.

Eis alguns dos principais números dos Congressos, compilados pela 1ª secretária da Apeprem, Lucia Vieira.

Número de municípios participantes:

UF Qtd

SP 61

RJ 18

RS 16

PR 12

MG 10

ES 9

PE 7

SC 6

PA 5

CE, MT 4 cada

MS, PB, SE, TO 3 cada

AL, BA, GO, RO 2 cada

AC, AM, AP, DF, MA, PI, RN, RR 1 cada

Total 180

Participação por Região:

Região Qtd %

Centro Oeste 85 10,04%

Nordeste 80 9,45%

Norte 29 3,42%

Sudeste 527 62,22%

Sul 126 14,88%

Total 847 100%

Participação por Estado:

UF Qtd %

SP 408 48,17%

DF 59 6,97%

RJ 59 6,97%

SC 44 5,19%

RS 42 4,96%

PR 40 4,72%

MG 32 3,78%

ES 28 3,31%

PE 27 3,19%

PA 15 1,77%

PB 15 1,77%

MT 13 1,53%

RN 10 1,18%

CE 8 0,94%

MS 7 0,83%

AL 6 0,71%

TO 6 0,71%

AP 4 0,47%

GO 4 0,47%

RO 4 0,47%

SE 4 0,47%

AM 3 0,35%

BA 3 0,35%

AC 2 0,24%

PI 2 0,24%

MA 1 0,12%

RR 1 0,12%

Total 847 100%

Por Cargos:

Cargo Qtd %

Servidor Público 158 18,65%

Outros 139 16,41%

Gerente 76 8,97%

Assessor 61 7,20%

Gerente De Investimentos 60 7,08%

Presidente 58 6,85%

Diretor Presidente 39 4,60%

Diretor De Investimentos 33 3,90%

Diretor De Seguridade 31 3,66%

Superintendente 31 3,66%

Diretor De Administração 29 3,42%

Agente Administrativo 28 3,31%

Advogado 23 2,72%

Gerente De Benefícios 16 1,89%

Procurador 13 1,53%

Secretária 12 1,42%

Diretor Jurídico 10 1,18%

Gerente De Administrativo 8 0,94%

Médico 6 0,71%

AtuáRio 5 0,59%

Chefe De Gabinete 5 0,59%

Serviços 4 0,47%

Gerente De Informática 1 0,12%

Informática 1 0,12%

Totais 847 100,00%

Cargos De Decisão

Presidentes E Diretores 275 32,5%

Entidades co-irmãs

Os números dos Congressos

Desonerar empresasAgora existe um projeto de lei de reforma tributária di-zendo que, se a Previdência está melhor, as empresas devem ser desoneradas. Ótimo. Já se fala em seis pon-tos percentuais. A contribuição da empresa cai de 20% para 14%. Nós propomos que a cada ponto percentual de desoneração das empresas da Previdência, o Tesouro repasse [o valor correspondente] para a Previdência, se-não vai-se criar défi cit de novo.Já provamos que, hoje, a previdência urbana está equi-librada. Mas não podemos fechar os olhos e nos negar a fazer uma discussão sobre que modelo de previdência queremos para as futuras gerações. No início do século XX, a expectativa de vida do brasileiro era de 36 anos.

É uma média, certo. Havia muita mortalidade infantil e doen-ças como tuberculose matavam. Mas a expectativa de sobrevi-da também aumentou, a ciência deu um salto evolutivo muito grande, graças a Deus.Os jovens que estão entrando no ensino secundário ou na uni-versidade vão viver certamente 110, 120 anos, com toda a me-dicina que existe hoje. Vão se aposentar aos 50, 55 anos? Não existe modelo que resista ao contribuinte se aposentando com 55 anos e vivendo até os 100, 110.Nosso papel no Ministério tem sido o de parceria com a Ape-prem, a Abipem, a Aneprem [Associação Nacional de Entidades de Previdência Municipal], todas as entidades que são represen-tativas dos órgãos gestores, para discutir com tranqüilidade o modelo que queremos e como vamos construir esse modelo.

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Capa Opinião dos Participantes

Participantes fazem balanço positivo dos Congressos. Alguns sugerem modifi cações na maneira de organizar os trabalhos

Sintonia fi na

16 Agosto/setembro 2008

Integrantes de institutos grandes e pequenos, antigos ou novos, foram ouvidos pela revista Pre-

vidência Nacional durante a reali-zação dos Congressos da Abipem e da Apeprem sobre a organização do evento e a qualidade das 28 pa-lestras a cargo de 36 especialistas. As entidades estudam um sistema de recolhimento de opiniões que lhes permita formatar cada vez melhor suas atividades. A seguir, as opiniões.

“O grande chamariz do evento, sem dúvida, é a organização e a brevidade das palestras. Elas são sintéticas, atualizadas e com excelente conteúdo, não são maçantes. As palestras de que mais gostei

foram a do Dr. André Oliveira, sobre Regras de Concessão de Benefícios, e a da Dra. Magadar Briguet, sobre Cálculo de Proventos e Pensões. Vale ressaltar que as palestras muito técnicas – não

foi o caso destas – têm aplicabilidade restrita”.

José Carlos Garcia – diretor de Seguridade do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais (Ipremi) de Igrejinha, Rio Grande do Sul, 31 mil habitantes.

“Apesar da timidez pessoal, não apenas da falta de experiência, tenho conversado com alguns colegas para trocar informações. Por sorte a diversidade de palestras é grande. A constituição de um regime próprio de previdência, há dois anos, representa um grande desafi o para a Prefeitura do Recife. Para garantir os benefícios de previdência para os servidores municipais, na atual gestão do instituto municipal foi criado um grupo de trabalho com representação do município e servidores, elaborando projetos de lei que serão submetidos ao Legislativo pelo Executivo”.

Anna Paula Almeida – diretora de Seguridade da Autarquia Municipal de Recife, Pernambuco, 1,5 milhão de habitantes.

“Já fui a diversos outros congressos da Abipem. Este abordou uma grande variedade de assuntos, o que foi muito gratifi cante. Viemos saber o que há de novo em matéria de projetos e idéias dos institutos das outras cidades. Tenho a esperança de que os institutos trabalhem com um padrão tão elevado quanto o nosso, de Porto União. Vimos que existem muitos institutos sem nenhum tipo de assessoramento técnico, o que difi culta o trabalho e uma boa gestão”.

Adélia de Oliveira – Presidente do Instituto Municipal de Previdência e Assistência Social dos Servidores Públicos, Impress, de Porto União, Santa Catarina, 32 mil habitantes.

A atenção se volta para exibição de dados

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Previdência Nacional 17

“A inclusão da questão social no ciclo de palestras foi um marco. Eu gostei muito do tema da Pós-Aposentadoria, dá para aplicar no nosso Instituto, que ainda não tem esse setor. Depois dessa instrução, pretendemos criar programas de auxílio ao servidor aposentado”.

Sibeli Abreu – superintendente do Instituto de Previdência Social de Porto Feliz, São Paulo, 46 mil habitantes.

“O evento está muito bem organizado, os temas são bons e suprem a carência da gente. Tem alguns que são

mais relevantes e deveriam ter mais destaque. Nesse sentido, é preciso uma maior percepção da demanda e interesses, para que não fi quem grandes salões vazios.

De qualquer maneira, participar de eventos como este é primordial para darmos rumo certo aos institutos”.

Helena Duarte – chefe do Departamento de Gestão e Benefícios da Secretaria Municipal de Administração, Recursos Humanos e Previdência

de Natal, Rio Grande do Norte, 775 mil habitantes.

“Apesar de ser o meu quinto evento da Abipem, estou gostando deste em especial. As palestras são de alto nível, os assuntos atuais e imprescindíveis para nós, gestores. Esta é uma oportunidade para trocarmos informações e conhecermos pessoas que compartilham das mesmas difi culdades. Os eventos da Abipem são sempre muito bons. A gente sai daqui desesperada, pensando: ‘Meu Deus, quanta coisa eu tenho para fazer’. A Abipem está mais uma vez de parabéns!”.

Rosilane Brum – presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Silva Jardim, Rio de Janeiro, 21 mil habitantes.

“É válido o Congresso para nos manter a par das novas regras, leis e técnicas. Atualizados, podemos praticá-las em cada estado da maneira mais apropriada e adaptá-las de acordo com as necessidades de cada Instituto”.

Eliane Ferraz – vice-presidente do Conselho do Instituto Pinhais Previdência, de São José dos Pinhais, Paraná, 264 mil habitantes.

“Nosso Instituto é novo, tem dez anos, e esse é o meu primeiro evento da Abipem. É uma ótima oportunidade para adquirir experiência e estabelecer contato, para futuramente desenvolvermos programas de sucesso como os apresentados no Congresso”. Rosângela Lírio – presidente executiva do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Municipais de Cachoeiro de Itapemirim (Ipaci), Espírito Santo, 195 mil habitantes.

“Já participei outras vezes de eventos realizados pela Abipem e sempre tenho uma grande satisfação em fazer parte dessa

troca de experiências tão rica. Há grande aplicabilidade de tudo aquilo que vemos nesses três dias de encontro,

sempre levando em consideração que cada cidade é uma realidade. Pretendo continuar participando desses eventos

tão essenciais na vida dos Institutos”.

Gleicir Mendes Carvalho – diretora de Benefícios do Instituto de Previdência Social dos Servidores Municipais de Dourados (Previd), Dourados, Mato Grosso

do Sul, 182 mil habitantes.

Sala cheia atesta interesse

Lars Grael (centro) fez palestra motivacional

João Figueiredo (esq.) com delegação de Taboão da Serra

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Passos fi rmesUm grupo de dança cigana da terceira idade se apre-sentou durante intervalos entre as palestras do even-to. O grupo faz parte do Iprem Melhor Idade, projeto do Instituto de Previdência Municipal de São Paulo. Apresentaram-se também um coral, um conjunto de violonistas e um grupo de teatro. O Iprem Melhor Ida-de conta com 36 ofi cinas em 62 horários diferentes, das 8h às 17h, todos os dias úteis, ministradas por 49 professores voluntários.

Segundo a assessora da superintendência do Iprem Roseli Aparecida Ferreira (foto), coordenadora do projeto, o objetivo das atividades é afi rmar os direitos sociais dos idosos, criando condições para que promovam sua autonomia e integração comunitária. “A melhor idade é a sua idade e faça dela a melhor”, disse Roseli, orgulhosa com a exibição do grupo.

“As palestras acrescentaram muito para gestores de fundos. Também foi importante ouvir sobre regras de aposentadoria e cálculo atuarial. Eu e a presidente do Fundo, Iara Tróz Guglielmi, fomos

às mesmas palestras e pudemos tirar dúvidas. Gostei muito da palestra do Dr. Antônio Fernando Malheiro, do TCE do Acre. Deu-nos uma nova imagem do TCE, que existe para fi scalizar, mas também

para orientar”.

Rosa Silveira – diretora de Investimentos do Fundo de Pensão Alegrete-Prev, Alegrete, Rio Grande do Sul, 78 mil habitantes.

“Foi o melhor dos três de que participei. Gostei da abordagem da Pós-Aposentadoria. Houve cinco palestras voltadas para a questão social, o que foi o ponto mais positivo. O Ministério da Previdência Social criou restrições, exigência de mais idade e mais tempo de serviços, mas não ofereceu informação sufi ciente para explicar tanta mudança. O servidor precisa de explicações para escolher uma das ‘n’ hipóteses que tem diante de si. Um ponto negativo foi a ausência de informação sobre pontos práticos como o funcionamento do Siprev (Sistema Integrado de Informações Previdenciárias). Eu não consigo acessar o sistema e não encontrei ninguém que me desse explicações sobre o assunto”.

Vera Lúcia dos Santos Nascimento – diretora de Administração do Instituto de Previdência Social dos Servidores de Cajamar (IPSSC), Cajamar, São Paulo, 59 mil habitantes.

“A linguagem deveria ser menos técnica. Eu trabalho há vinte anos em departamento de pessoal, mas uma pessoa

com menos conhecimento do assunto precisa de uma linguagem mais acessível”.

Pedro Rafael de Oliveira – conselheiro do Instituto de Previdência do Município de Jundiaí (Iprejun), Jundiaí, São Paulo, 342 mil habitantes.

“O Congresso foi ótimo. Mas as palestras e os debates teriam de ser mais longos, de forma a esclarecer muitas dúvidas em relação à nossa atividade. O Congresso podia ter mais dias. Dois dias é muito pouco”

Elaine Maria Silva – chefe da Seção de Perícia Médica do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Uberaba (Ipserv), Uberaba, Minas Gerais, 288 mil habitantes.

“Vim ao Congresso buscar conhecimento. Trabalho num instituto

pequeno e temos difi culdades, sobretudo em relação aos

investimentos. Não temos noção nenhuma sobre o que fazer. As

palestras foram boas. Uns falaram coisas que a gente não sabia,

outros coisas que a gente já sabe. O Congresso foi médio. Mas é preciso

aprofundar as questões e aumentar o tempo das palestras”.

Ronie Júnior Nochelli, responsável pelo controle interno do Instituto de Previdência Municipal de

Ribeirão dos Índios, São Paulo, 2.200 habitantes.

(Cobertura de Antônio Graça, Luiz Aymar, Marina Beltrame e Mauro Malin.)

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Passo a Passo

Previdência Nacional 19

Compensação previdenciária distribui entre regimes diferentes responsabilidade de pagar benefícios quando segurado se

transfere de um para outro

Dividir os ônus

Instituída em 1988, com a nova Constituição, mas regulamentada por Lei Federal apenas em 1999, a Compensação Previdenciária ou Financeira (Com-

prev) teve seu prazo fi nal fi xado para 6 de novembro de 2000. Mas sua conclusão foi adiada para 31 de maio de 2010. Até lá, os administradores dos institutos de previdência e demais funcionários vão ter muito traba-

lho pela frente, porque realizar a compensação é tarefa complexa, com muitos meandros bu-rocráticos e muitos cálculos por fazer. Estão envolvidos nesse processo de compensação fi -nanceira o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), representado pelo INSS, e o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), represen-

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Texto: Antônio Graça

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tado pela Unidade Gestora do Ente Federativo (União, Estados, Distrito Federal e Municípios).Mas o que é a Comprev? Segundo Euclides Augusto de Queiroz Esteves, assessor técnico da direção do Instituto de Previdência dos Fun-cionários Públicos de Guarulhos (Ipref), ela re-presenta atualmente um dos grandes desafi os da Previdência. É resultado da previsão cons-titucional da contagem recíproca de tempo de contribuição e tem a fi nalidade de evitar que os regimes concedentes sejam prejudicados fi nan-ceiramente, por serem obrigados a aceitar para efeito de concessão de aposentadorias e pen-sões o tempo de fi liação a outro regime sem terem recebido as respectivas contribuições.Por exemplo: um funcionário que trabalhou na iniciativa privada por dez anos e contribuiu para o INSS por este período, depois transferiu-se para o serviço público municipal e nele se aposentou. O instituto (RPPS), que paga a aposentadoria, tem o direito de ser compensado fi nanceiramen-te pelo INSS, que por dez anos recebeu a contri-buição. O princípio vale também para situação inversa, ou seja, se o funcionário contribuiu dez anos para um RPPS e se aposentou pelo INSS. Este tem direito a compensação fi nanceira.Na síntese de Esteves, a compensação previ-denciária é um sistema que divide o ônus de pagamento do benefício previdenciário, entre cada um dos regimes, conforme o tempo de fi liação, na regra da contagem recíproca, consi-derado na concessão.Esteves explica que, para efeitos da compensa-ção previdenciária, os regimes são defi nidos de duas formas: instituidor – aquele responsável pela concessão e pagamento do benefício de aposentadoria, ou pensão dela decorrente, a se-

gurado ou servidor público ou ainda a seus dependentes, com cômputo de tempo de contribuição no âmbito do regime de origem; de origem – aquele ao qual o segu-rado ou servidor público esteve vinculado sem que dele receba aposentadoria ou tenha gerado pensão para seus dependentes.O sistema Comprev utiliza-se da internet/intranet como meio prático de acesso a todos os seus usuários, facili-tando principalmente a formalização dos requerimentos de compensação previdenciária entre os regimes. Existem exigências de hardware e software determinadas no convênio, mas que também estão disponíveis no site da Previdência Social (http://www.mps.gov.br/, clicar no serviço público / compensação previdenciária) . Segundo Esteves, a celebração do convênio da Comprev torna disponível o Sistema de Controle de Óbitos (Siso-bi), que oferece relatórios mensais dos dados relativos aos óbitos enviados pelos cartórios de todo o território nacional. Somente os municípios com CRP (Certifi cado de Regularidade Previdenciária) regularizado podem re-ceber compensações. Todos os valores afetam direta-mente a Avaliação do Cálculo Atuarial no que se refere às quantias recebidas e pagas.E, por último, o Siprev (Sistema Integrado de Informa-ções Previdenciárias), que também é gratuito, oferecido pelo Ministério da Previdência, constitui uma ferramenta de cadastro previdenciário e unifi ca os dados de servido-res ativos, inativos, pensionistas e respectivos dependen-tes, de todos os segmentos governamentais. O programa permite o gerenciamento de todas as informações traba-lhistas dos funcionários, realiza cálculo de aposentado-ria, de alíquota de contribuição previdenciária, e fornece acesso rápido aos dados cadastrais e às atualizações ne-cessárias da base de informações de todos servidores. Esteves acrescenta que o conjunto dessas ações ameniza as difi culdades de implementação e operacionalização do sistema, evitando assim despesas adicionais.

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Identifi car, preencher e enviar os formulários exigi-1. dos pelo Ministério da Previdência para celebração do convênio, conforme informações da página do Ministério na internet.Encaminhar toda a legislação municipal referente 2. à concessão e ao pagamento dos benefícios pre-videnciários.Acompanhar as publicações do Ministério no que 3. se refere à Comprev, assim como à emissão do CRP.Providenciar os equipamentos de Tecnologia da 4. Informação (TI) necessários para a instalação e uti-lização do sistema.Realizar a triagem dos processos de aposentadoria, 5. para identifi cação do período de concessão, e que estavam em manutenção (sendo pagos), conforme as datas do período de estoque (5/10/88 a 5/5/99)

e fl uxo (6/9/99, sem limite de data para o envio).Buscar as informações cadastrais para o preenchi-6. mento do requerimento digital.Revisar o tempo laboral considerado para a con-7. cessão do benefício e identifi car a parte do tem-po do regime de origem para a compensação.Realizar a identifi cação dos documentos obrigató-8. rios para a digitalização.Efetuar o acompanhamento mensal dos relatórios 9. de pagamento, indeferimento e análise dos reque-rimentos enviados. Destaca-se que o recurso, com-pensado em conta bancária específi ca, só poderá ser aplicado para o pagamento de benefício previ-denciário. Estabelecer bom relacionamento com a Gerência 10. Regional do INSS, que realizará a aprovação ou o indeferimento dos requerimentos enviados.

Uma plataforma de TI, que não precisa ser cara nem sofi sticada, é essencial para realizar o trabalho da Com-prev. A Dataprev – Empresa de tecnologia e Informa-ções da Previdência Social – dá algumas dicas.Confi guração mínima para utilização da Comprev

Equipamento que suporte o sistema operacional • Windows98/2000. A confi guração mínima deverá ser 32MB de memória RAM, espaço em disco dis-ponível de 50MB para cada ponto de utilização da Comprev e resolução de vídeo que suporte 800 X 600.

Protocolo de comunicação TCP/IP para comunica-• ção via Intranet/Internet.Impressora jato de tinta• Scanner• com driver TWAIN, qualidade mínima e captura de imagem de 300 dpi, momocromático, suportando até 256 tons de cinza, que permita a digitalização de documentos no padrão TIFF4 (CCITT Group 4). Poderá ser utilizado também um driver para formato ISIS. No entanto, fi cará condi-cionado à aquisição da respectiva licença de uso Pixtools.

Dez dicas para facilitar o trabalho

O básico em informática

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Molde jurídicoAdvogado diz que Ministério da Previdência pode dar

sugestões, mas rompe pacto federativo ao regulamentar atuação dos regimes próprios

Leonardo FuhrmannLeonardo Fuhrmann

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Previdência Nacional 23

Legislação

Cada ente federativo tem a liberdade de criar seu Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) conforme legislação pró-

pria, desde que sua forma de atuar não contra-rie as leis federais. Pode parecer simples, mas existem cerca de 1.900 cidades e 26 estados com seus respectivos RPPS. Cada um segue as suas próprias leis e todos estão sujeitos à fi sca-lização do Ministério da Previdência, que aplica os mesmos métodos para avaliar a situação de cada um desses regimes.A lei federal que rege os regimes próprios é a 9.717, de novembro de 1998. É essa lei, inclu-sive, que dá ao Ministério da Previdência a fun-ção de fi scalizar os fundos previdenciários. O ministério passou a estabelecer os parâmetros e diretrizes e também a supervisionar os admi-nistradores de RPPS. Por isso mesmo, a Previ-dência Social sugere um modelo de Projeto de Lei para a criação de RPPS ou para adaptar os já existentes às leis e regulamentações da últi-ma década.

Pacto federativo

Para o advogado Marcelo Barroso, especialista em RPPS e integrante do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), está aí uma das grandes polêmicas na relação entre os regimes próprios e a União. “O Ministério da Previdên-cia dá uma mera sugestão, mas não tem poder para regulamentar a atuação. Tirar a autonomia de cada um deles signifi caria romper o pacto federativo”, opina.Segundo Barroso, em alguns casos há excessos do Ministério da Previdência em seu trabalho de controle e na tentativa de padronização da regulamentação dos regimes próprios. Ele cita como exemplo a exigência de certifi cado de regularidade previdenciária. “Baseada em um decreto, a União barra os repasses de verbas

federais aos regimes que não recebem o cer-tifi cado. Muitas vezes, a falta do certifi cado se deve a alguma peculiaridade”, afi rma.

Direitos adquiriros

Uma expressiva parte dos problemas envolve direitos adquiridos por pessoas que aderiram ao RPPS antes de 1988, quando foi promulga-da a lei.Um exemplo é o de funcionários que não se en-caixam no padrão previsto na lei federal, que impõe que a cobertura do RPPS deve incluir apenas servidores públicos titulares de cargos efetivos e militares. “Existem situações funcio-nais anteriores que não podem ser ignoradas. Do jeito que está, a Previdência só reconhece os cargos. É preciso levar em conta o cargo, o emprego e a função. É a função que dá vida ao cargo. Funções permanentes devem ser equi-paradas aos cargos efetivos”, opina Barroso.No modelo atual, o Ministério da Previdência recebe os demonstrativos e acompanha a situ-ação fi nanceira e previdenciária, e a avaliação atuarial de todos os regimes próprios. Acom-panha ainda acordos de parcelamento e con-fi ssões de débitos previdenciários de estados e municípios com os RPPS. Uma das vantagens é facilitar a migração de trabalhadores de siste-mas diferentes.A sugestão de projeto de lei para criar ou adap-tar o regime próprio está publicada no site da Previdência. A proposta estabelece que devem ser incluídos os servidores dos três poderes, inclusive de fundações e autarquias liga-das ao Poder Público. A ex-clusão só deve ocorrer nos casos de demissão ou exo-neração.

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Os funcionários cedidos a outros entes federati-vos devem ser mantidos no regime próprio ori-ginal. Para ter direito à contagem deste período no cálculo da aposentadoria, precisam manter a contribuição na previdência do órgão de sua ori-gem, que também deve manter o pagamento de sua parte em dia. O princípio vale também para licenciados com remuneração e para os traba-lhadores que ocuparem cargos eletivos. Pareceres da Advocacia Geral da União (AGU) e da Assessoria Jurídica do Ministério da Previ-dência reiteram que comissionados e temporá-rios (inclusive por mandato) não têm direito ao RPPS e que o servidor só deixa de fazer parte do Regime Geral de Previdência Social no momen-to em que é incorporado ao regime próprio.

Buscar transparência

Com o regime próprio já criado, o segurado é incluído tão logo toma posse no cargo. Ele é o responsável pela inclusão de dependentes, que podem ser cônjuges (inclusive por união civil), fi -lhos ou irmãos não-emancipados ou inválidos e enteados na mesma situação. Os benefícios de-vem incluir salário-família, pensão por morte ou invalidez e auxílios gestante, doença e reclusão, mas não deve ser pago pela previdência nenhum valor relativo ao local de trabalho, diárias, horá-rio de turno ou periculosidade da atividade.As principais preocupações do governo federal com os RPPS são as garantias de transparência e de equilíbrio fi nanceiro de cada previdência. Na proposta federal, existe a sugestão de for-mação de um conselho municipal de previdên-cia, composto por representantes do Executivo, do Legislativo, dos segurados que estão na ati-va e de aposentados e pensionistas.A proposta de projeto também fi xa o piso de aposentadorias no salário-mínimo e cria um teto para as aposentadorias conforme a faixa de contribuição dos servidores, além da propor-cionalidade entre o que o segurado arrecadou e o que vai receber depois. A legislação federal obriga os regimes próprios a terem informações

individualizadas sobre a contribuição de cada servidor.A manutenção do RPPS é feita pelo Fundo de Previ-dência Social, que tem as contribuições, as compensa-ções fi nanceiras e as aplicações como meios de manter seu equilíbrio fi nanceiro. Assim como no regime geral, a situação fi cou mais fácil quando o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional a cobrança de contribuição previdenciária sobre pensões e aposenta-dorias. Ainda assim, a legislação federal deixa claro que é de responsabilidade de ente federativo cobrir eventu-ais défi cits em seu regime previdenciário.

São Paulo, estado e capital

No estado de São Paulo, a legislação estadual foi adap-tada à chamada Reforma da Previdência (Emenda Cons-titucional número 20, de 15 de dezembro de 1998) e à lei 9.717 em 1999, por uma lei complementar. Antes disso, a previdência paulista não era contributiva, ou seja, o pagamento de pensões e aposentadorias não vinha diretamente da arrecadação anterior de valores proporcionais de empregado e empregador. O então governador Mário Covas (PSDB) enviou um pro-jeto que divide o regime estadual no Regime Básico de Previdência, contributivo e obrigatório para todo servi-dor, e o Regime Complementar, contributivo e opcional. A fi m de adaptar a realidade paulista à lei federal, o Executivo do estado incluiu os extranumerários e servi-dores temporários contratados com base em uma lei de 1974 (lei 500, de 13 de novembro daquele ano), duas categorias que não existem mais.Na época, o governo destacava ainda a importância da adaptação também para manter o equilíbrio da folha de pagamento do governo de São Paulo. A despesa com aposentados e pensionistas correspondia então a 35% dos gastos com folha de pagamento de pessoal. Sem a mudança, o percentual subiria para 50% em 2005 e alcançaria 66% em 2016. A gestão da previdência pública paulista está a cargo do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo (Ipesp) desde 1958.Na cidade de São Paulo, a lei que adapta a previdência própria à Reforma da Previdência é a 13.973, de 2005, proposta pelo então prefeito José Serra (PSDB) e aprovada com emendas pela Câmara Municipal. A gestão é feita pelo Iprem (Instituto de Previdência Municipal de São Paulo). PN

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Investimentos Fundos

Queda do juro real coloca diante dos gestores de fundos desafi o de, sem abandonar a prudência, diversifi car

aplicações para cumprir metas atuariais

Risco calculado

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Ilustração: Nakata

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Previdência Nacional 27

A política de juro alto do Brasil acostumou mal o investidor. Com rentabilidade atraente, garantia e liquidez, os títulos públicos serviram de por-

to seguro desde o fi m da hiperinfl ação. Em 2005, dez anos depois de domada a infl ação, quando o Banco Central adotou a política de redução gradual das taxas, economistas começaram a alertar para a necessidade de diversifi car as aplicações a fi m de remunerar melhor o dinheiro.Em setembro daquele ano, a taxa básica de juro da eco-nomia brasileira, a Selic, era de 19,75% ao ano. O Co-mitê de Política Monetária (Copom) foi tão a conta-gotas na redução que ainda hoje, com uma taxa de 13% ao ano, o Brasil se mantém no topo do ranking dos maio-res juros reais do mundo. Mas, mesmo em ritmo lento e com alguns percalços, a economia brasileira está cada vez mais perto de baixar o juro real (taxa Selic menos infl ação) para 6% ao ano. O mercado prevê que a marca seja alcançada em 2010.No caso dos institutos de previdência de estados e muni-cípios – cujas metas atuariais exigem que seus recursos sejam remunerados no mínimo pela variação do INPC + 6% ao ano –, a má notícia é que está mais próxima a hora de diversifi car os investimentos e reduzir o peso dos títulos públicos em seu portfólio de investimentos – recursos totais estimados em R$ 35 bilhões –, sem-pre dentro dos limites fi xados pelo Conselho Monetário Nacional (em torno de 70% das aplicações em renda fi xa e até 30% em renda variável; imóveis, em pequena proporção, podem fazer parte dos investimentos). A “boa” notícia, se assim se pode dizer, é que o repique da infl ação dos últimos meses brecou a queda do juro e deu um fôlego extra para reposicionar suas carteiras com vistas ao futuro.

No mercado brasileiro, os fundos de renda fi xa, direta-mente atrelados ao desempenho dos títulos públicos, abocanham 55% do total aplicado em fundos. Outros 26% dos recursos se aninham em fundos multimerca-dos – que misturam títulos de renda fi xa a papéis de renda variável. Nos fundos de renda variável estão ape-nas 13% do total de recursos aplicados em fundos.A divisão do dinheiro na indústria brasileira de fundos difere da divisão em outras regiões do mundo (ver grá-fi co na página 33), mas a confi ança nos papéis emiti-

dos pela iniciativa privada tem dado mostras de que o Brasil pode chegar mais perto da média mundial. Marcos Vilanova, superintendente de investi-mentos do Bradesco, usa o próprio banco como exemplo da mudança. Há quatro anos, o valor de mercado do Bradesco estava em torno de R$ 25 bilhões. Graças ao crescimento do mer-cado de ações, hoje alcança R$ 95 bilhões.

– O mercado avançou muito nesse período. Mas é preciso evoluir mais e buscar mais renta-bilidade. Nos Estados Unidos, o fundo dos fun-cionários da Ford investe 90% de seus recursos no mercado de ações – afi rma Vilanova.Os fundos de renda variável estão por trás do sucesso das aberturas de capital na Bovespa. De 2001 para cá, o volume negociado na bolsa paulista aumentou 300%, embora os rendimen-tos de algumas ações, e mesmo de alguns seg-mentos empresariais, tenham decepcionado. A cada IPO na bolsa, 65% dos compradores são estrangeiros e a maioria esmagadora dos 35% restantes são os fundos de ações. Quem olha apenas no curto prazo não conse-gue avaliar o potencial de ganho. Para ter uma idéia, basta observar o Ibovespa, índice que re-úne as ações mais negociadas. De janeiro até o dia 8 de julho passado, o índice registrava uma queda de 6,8%. Num prazo um pouco mais lon-go, porém, o sinal se inverte: de junho de 2007 até 30 de junho de 2008 a valorização acumu-lada foi de 19,5%.– A cabeça do investidor mudou e ele sabe que o retorno de ações acontece no médio e no lon-go prazo. Antes, quando a bolsa caía, o aplica-dor entrava em pânico. Hoje, vê a queda como oportunidade de comprar papéis mais baratos – diz Aldo José da Silva, gerente de investimen-tos do Bradesco.A remuneração dos fundos de renda variável supera de longe os conservadores fundos DI ou Renda Fixa tradicionais. No Paraná Banco Asset,

No Brasil, renda fi xa, diretamente atrelada a títulos

públicos, absorve 55% das aplicações

Mercado avançou nos últimos anos, mas é preciso buscar mais rentabilidade, diz

Vilanova, do Bradesco

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154,47% até 30 de junho, acima da variação do Iboves-pa no período, de 125,38%. Sevalli criou no fi m de junho um fundo de investimentos semelhante, tornando a aplicação atraente para os ins-titutos de previdência de regime próprio, já que terão em carteira papéis com garantia de pagamento anual de dividendos e PLR. Gabriela Hannun, gerente comercial do Banco Fator, que atua há seis anos no mercado de institutos, cita o Max Corporativo, aberto em 27 de janeiro de 1997.

Até 30 de junho passado, as cotas do fundo alcançaram uma valorização de 1.465,7%, o dobro da performance do Ibovespa no período, que foi de 734%.– Os institutos de previdência de regime próprio sem-pre tenderam à renda fi xa, mais do que a lei obriga, por causa do baixo risco. Muitos dirigentes têm receio de assumir riscos por causa da volatilidade do mercado e da difi culdade para explicar essas oscilações ao conse-lho gestor. A tendência, porém, é que se tornem mais arrojados – prevê Gabriela.

A oscilação da bolsa de valores é percebida com tan-ta intensidade por causa da divulgação instantânea das cotações. Sevalli, do Paraná Banco Asset, afi rma que as pessoas não percebem as bruscas oscilações no mercado de imóveis – considerado o mais conservador dos inves-

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o Fundo JMalucelli Ações FIA, aberto em dezem-bro de 2001, acumulou até 30 de junho uma rentabilidade de 377,13%. O Paraná FI Renda Fixa Executivo, criado 23 meses antes, rendeu 272,94%.

– Quem faz investimento não pode pensar no curto prazo, principalmente se cuida dos recur-sos de fundos de previdência. Há necessidade de aplicar parte do dinheiro em investimentos mais agressivos. Afi nal, daqui a algum tempo o juro estará abaixo de dois dígitos e difi cilmente as metas atuariais poderão ser cumpridas – diz Roberto Sevalli, responsável pelo setor de ges-tão de recursos do Paraná Banco Asset, que ad-ministra cerca de R$ 420 milhões em fundos.Para Sevalli, que atua há mais de 30 anos no mercado fi nanceiro, os institutos terão de as-sumir mais riscos mensuráveis. Ele afi rma que o mercado de fundos de ações oferece possibili-dades ainda pouco exploradas.

No clube de investimentos Marlim entraram apenas papéis de empresas que pagam sistema-ticamente dividendos e participação nos lucros ou resultados (PLR) a seus acionistas. Criado em março de 2005, ele acumula rentabilidade de

Sevalli, do Paraná Banco Asset, criou fundo

específi co para regime próprio com garantia anual de dividendos

Gabriela Hannun, do Fator, prevê maior arrojo por parte

dos responsáveis pelos investimentos dos RPPS

Evolução da Indústriade Fundos no Mundo

US$ Trilhões

Fonte: ICI – Investment Company Institute - Fourth Quarter - 07Gráfi cos e tabelas cedidos pelo Bradesco

PL - Fundos de InvestimentoO ano da consolidação

O Brasil está entre os 15 maiores do mundo - US$ Bilhões

Fonte: ICI – Investment Company Institute - Fourth Quarter - 07Gráfi cos e tabelas cedidos pelo Bradesco

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timentos – porque não há divulgação diária dos preços.– Os imóveis não têm liquidez. Portanto, não há neces-sidade de divulgação diária de preços. Se as variações fossem divulgadas, todos perceberiam que elas são muito maiores. É como se o valor das ações fosse divul-gado apenas a cada três meses – compara.

Há no mercado fi nanceiro uma expectativa promissora com a profi ssionalização da gestão dos institutos de pre-vidência de estados e municípios. Para os profi ssionais da área, a capacitação exigida pela Portaria 155 do Mi-nistério da Previdência (ver reportagem sobre exigência de certifi cação de gestores, “De igual para igual”, no nú-mero 2 de Previdência Nacional) vai ampliar o diálogo.– A situação é positiva porque os institutos vão se qua-lifi car para discutir no mercado. Eles vão entender mais, vão poder analisar e debater. O diálogo será facilitado – diz Aldo Silva, do Bradesco.Marcos Moraes, superintendente de Distribuição Insti-tucional e Corporate do Unibanco, afi rma que a oferta de fundos destinados aos institutos é grande e que o ideal é mesclar aplicações em fundos diferentes para garantir rentabilidade compatível com a meta atuarial.

Moraes cita, por exemplo, o Unibanco Índice de Preços, um fundo que inclui títulos públicos federais indexados ao IPCA, mais conservador, e o Equity Hedge, um fundo “mais apimentado” que só este ano já rendeu 271,5%

do CDI, o título básico do mercado.O executivo afi rma que, seguindo as regras da Resolução 3.506, do Banco Central, os institu-tos podem compor uma carteira equilibrada, que contemple desde os fundos mais conser-vadores e próximos à meta atuarial até fundos como o Equity, que pode ter até 30% de seu valor em posições compradas ou vendidas na Bolsa de Valores.

– Ao operar com ações, os fundos não se limi-tam a mantê-las na carteira. São estratégias de arbitragem de ações que permitem aproveitar as oscilações momentâneas para atuar no mer-cado e aumentar a rentabilidade – explica. A arbitragem consiste em saber comprar e ven-der as ações na hora certa.Ainda hoje, porém, 80% dos institutos clientes do Unibanco aplicam 60% em fundos DI, 20% em fundos com papéis atrelados a índices de preços e 20% em renda variável ou multimercado. No total, a carteira soma cerca de R$ 250 milhões.

– Os institutos vão atuar de forma comedida, mas a tendência, assim como a dos investido-res em geral, é buscar ativos de maior risco e mais rentáveis – afi rma Moraes. Segundo ele, os institutos superavitários têm mais liberdade

Perfi l da Indústriade Fundos Mútuos

Brasil se distingue fortemente do perfi l - US$ Milhões

Fonte: ICI – Investment Company Institute - Fourth Quarter - 07Gráfi cos e tabelas cedidos pelo Bradesco

Profi ssionalização vai permitir mais análise e mais

debate sobre opções, diz Aldo Silva, do Bradesco

Para Moraes, do Unibanco, mesmo instituto superavitário deve buscar mais rentabilidade sem

exagerar riscos

Previdência Nacional 29

Fundos de InvestimentoO Brasil lidera a indústria de Fundos na América Latina

Fonte: ICI – Investment Company Institute - Fourth Quarter - 07Gráfi cos e tabelas cedidos pelo Bradesco

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para buscar ativos mais arrojados, mas cada um deve ser analisado individualmente, res-peitando a situação de equilíbrio atuarial e até mesmo o perfi l dos servidores que representa. Sérgio Henrique Bini, gerente de Relaciona-mento Institucional da Caixa Econômica Fede-ral, também assinala que boa parcela dos ins-titutos tem atuação conservadora, mas adianta que a maioria deles precisará, inevitavelmente, investir em fundos mais arrojados para garantir rentabilidade próxima à meta atuarial.

– A queda dos juros fez cair a rentabilidade das aplicações. Ao mesmo tempo, a alta da infl ação torna a meta ainda mais elevada – diz.Consultor da Portfólio Performance, André Aloi afi rma que o grande avanço neste mercado vai ocorrer nos fundos de renda variável e que a

bolsa de valores brasileira tem ainda grande potencial de valorização pela frente.O ganho, segundo ele, estará na capacidade dos ins-titutos de escolher os fundos com melhor gestão. Aloi lembra que, pela nova lei, os institutos deverão explici-tar na política de investimentos as razões que levaram a escolher o fundo A ou o B. – Todos os gestores podem passar por um mau momen-to, mas a seleção é feita pelo histórico de atuação, com análises qualitativas e quantitativas da gestão e do de-sempenho dos fundos – diz ele.Na avaliação de Aloi, além de cumprir a meta atuarial e fazer o casamento das aplicações com o fl uxo de caixa, os dirigentes dos institutos devem buscar alocar os recur-sos de forma a maximizar o retorno e minimizar o risco.Segurança, daqui para frente, será encontrar o equilí-brio entre rentabilidade e risco.

Aloi, da Portfólio Performance:bolsa de valores brasileira tem

potencial de valorização

Bini, da CEF, prevêque atuação conservadora não impedirá arrojo maior

O conteúdo dá aos participantes visão ampla da atuação das autoridades monetárias e das políticas monetária, fi scal e cambial do país e dos órgãos reguladores.No âmbito das bolsas de valores e de mercadorias, são aborda-dos, por exemplo, conceitos de volatilidade e os diversos níveis de governança corporativa das empresas de capital aberto.

Regras de aplicação nos fundos de investimento, títulos pú-blicos e privados, renda fi xa, marcação a mercado, liquida-ção e custódia dos papéis também estão incluídas. A especialização é necessária para que os gestores possam traçar uma política de investimento de longo prazo, que cumpra as exigências das metas atuariais.

Até 31 de dezembro deste ano, os responsáveis pela ges-tão fi nanceira dos institutos de previdência dos servidores públicos de 22 estados brasileiros deverão fazer o exame de certifi cação para atuação no mercado fi nanceiro e de capitais. Institutos de outros 270 municípios, com movi-mentação acima de R$ 10 milhões, terão prazo até 30 de junho de 2009 para cumprir a exigência. Para os 1.270 institutos de municípios com recursos inferiores a R$ 10 milhões, o prazo vai até 31 de dezembro de 2009.

A necessidade de certifi cação, estabelecida pela Resolu-ção 3.506, de outubro de 2007, deve contribuir para a profi ssionalização do mercado de institutos de previdência de regime próprio. Geralmente indicados pelo governador ou pelo prefeito, os gestores deverão ampliar seus conhe-cimentos e, com isso, a segurança dos investimentos. A portaria número 155 do Ministério da Previdência Social, que regulamenta o setor, estabelece que os profi ssionais desta área devem ter uma certifi cação.

A Abipem, em parceria com a Associação dos Profi ssionais de Investimento do Mercado de Capital (Apimec), oferece-rá cursos de certifi cação a partir de setembro. As aulas serão presenciais, com 120 horas de duração, ou on-line

no site da Fundação Getúlio Vargas, com 90 horas. O conteúdo exigido pela portaria equivale também à CPA-10 da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (An-bid). Os exames ocorrem em várias datas ao longo do ano.

Mais perto da profi ssionalização

Abipem faz parceria com Apimec

Conteúdo dá visão mais aprofundada do mercado

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Falência do Banco Santos afetou aplicações de 113 institutos do RPPS. Até agora foram recuperados 19% dos investimentos

Perdas e danos

Investimentos Fundos

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Adriana Aguilar

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Na home page do site www.bancosantos.com.br há um sóbrio logotipo: “Banco Santos – Massa Falida”. Em tempos idos, essa página abrigava celebrações

de ratings encorajadores atribuídos por agências classifi ca-doras de risco, convites para investir no agronegócios, pro-paganda de cartão de crédito e tudo que um banco apregoa para atrair investidores – entre eles, fundos de previdência. Em maio de 2005, a catástrofe. O Banco Central decretou a falência do Banco Santos. Entre milhares de prejudicados, 113 institutos municipais do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), que tinham parte do patrimônio aplicada em fundos do Banco Santos, principalmente os fundos Santos Credit Master, Santos Credit Yield e Santos Credit Plus. Já foram recuperados cerca de 25% do patrimônio nominal total dos três fundos, que era de R$ 743.709.083,31 – com ativos precifi cados na data da intervenção no Banco Santos, em 11 de novembro de 2004 (ver tabela 1). Esse percentual cai para 19% quando a quantia já recebida dos devedores (somada aos R$ 65,6 milhões a receber) é comparada com o patrimônio total dos três fundos atualizado pelo CDI até julho, de R$ 1.228.797.943,90.

O total recuperado (25% dos R$ 743.709.083,31) in-clui a quantia de R$ 172.577.558,03, já distribuída propor-cionalmente a cada cotista, mais o valor de 65.656.583,07, a ser recebido em parcelas, por meio dos acordos feitos com os devedores (ver tabela 2).Nos fundos, além das CCBs (alvo das discussões judiciais),

havia títulos públicos e debêntures com liquidez, mais o caixa disponível – tudo já distribuído aos cotistas do fundo. Por isso, a conta fi nal registra cerca de R$ 186 milhões já entregues aos investi-dores dos três fundos, sem considerar os R$ 65,6 milhões que ainda serão recebidos. – Alguns institutos investiam no fundo Santos Vir-tual, composto por cotas do Santos Credit Yield, do Santos Credit Master e do Santos Credit Plus – ex-plica Ronaldo Borges da Fonseca, responsável pelo atendimento aos cotistas e pelo acompanhamento do dinheiro recuperado, e representante dos fun-dos em assembléias e audiências de conciliação junto aos devedores.

O Yield apresentava ao todo 756 cotistas em novembro de 2004, entre institutos de previ-dência municipais, fundos de pensão, empresas e pessoas físicas. O patrimônio líquido (PL) do Yield correspondia a R$ 582.798.738,48 milhões, va-lor calculado pelo próprio Banco Santos em 11 de novembro de 2004. Na prática, se os títulos fos-sem cotados pelo mercado naquela época, talvez não alcançassem tanto. Corrigida pelo CDI até 4 de julho deste ano, a quantia corresponde a R$ 962.932.829,00 (ver tabela 1).

Quase 80% da carteira dos fundos preferidos pelos

RPPS continham Cédulas de Crédito Bancário

“Muralha” que deveria separar administração de recursos do banco e recursos de terceiros não funcionou

Ronaldo Borges da Fonseca Foto

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O Banco Santos ainda dobrava o valor a ser empres-tado desde que a empresa assumisse a compra de títulos privados de companhias desconhecidas: “Sanvest” e “San-tosPar”, que não existiam fi sicamente. Segundo Fonseca, os investidores que aplicaram dinheiro nestas debêntures apresentaram apenas uma nota de negociação, ou seja, um documento da compra feita internamente no Banco Santos. No encerramento do contrato da CCB, o banco prometia devolver o dinheiro aplicado na debênture.A legislação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não permite que fundos de investimentos sejam administrados por instituições falidas. Com a falência (ver Medidas para evitar a repetição dos abalos), em 9 de maio de 2005 a BES Ativos Financeiros (Besaf) foi nomeada gestora de recursos dos fundos do Banco Santos, enquanto a BNY Mellon Serviços Financeiros passou a ser a administradora. Recentemente, com a saída da Besaf, a BNY Mellon Ser-viços Financeiros foi nomeada gestora de todos os fundos.Defi nido o gestor dos fundos, a preocupação passou a ser o prazo de contrato das CCBs dos fundos, principalmente do Yield e do Master. A maior parte das 70 empresas que emiti-ram os papéis não quis resgatar o título no vencimento dele. Com a decretação da falência, as debêntures existentes na tesouraria do banco viraram pó. Em relação às CCBs que estavam na carteira dos fundos, as empresas passaram a receber uma carta administrativa de cobrança do atual ad-ministrador do fundo sobre o vencimento dos títulos. Até hoje, muitas empresas não concordam com o resgate das CCBs, pois afi rmam que foram obrigadas a adquirir as de-bêntures evaporadas. Também alegam que as negociações foram feitas com o Banco Santos e não com a Asset Mana-gement do banco. Sem solução, o caso foi parar na Justiça.

O Master apresentava 160 cotistas em novembro de 2004 e patrimônio líquido de R$ 115.160.690,18 milhões, segundo critérios do Banco Santos. Atuali-zando pelo CDI até 4 de julho, o montante chega a R$ 190.274.964,35 (ver tabela 1).O menor fundo, o Santos Credit Plus, somava o PL de R$ 45.749.654,65 em 11 de novembro de 2004. Quando corrigido pelo CDI até 4 de ju-lho passado, o valor atualizado corresponde a R$ 75.590.150,55 (ver tabela 1).

Quase 80% da carteira de cada fundo conti-nham Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) emitidas por empresas de diferentes setores e tamanhos. As condições dos títulos (juro e prazo) variavam confor-me o fl uxo de caixa de cada empresa. O Conselho Monetário Nacional (CMN) e a regu-lamentação do BC impõem a segregação entre a administração de recursos de terceiros (carteiras, clubes e fundos de investimentos) e a administra-ção própria do banco (de tesouraria ou do ativo). Esta separação é conhecida no mercado fi nanceiro como “Chinese wall” (muralha da China). As empresas emitiram as CCBs ao Banco Santos, que, por sua vez, vendia os papéis para as carteiras dos fundos. O grande problema é que, na negocia-ção, o Banco Santos atrelava a emissão das CCBs aos empréstimos, com taxas reduzidas em relação às outras instituições do mercado, além do prazo atra-ente. Tudo conforme a necessidade da empresa.

Decretada a falência, debêntures viraram pó na

tesouraria do banco

Decisões da Justiça favoráveis aos fundos aumentam interesse de empresas em fazer acordos

Gustavo Villela

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O advogado dos fundos, Gustavo Villela, diz que foram impetrados 73 processos de execução contra as empresas devedoras do fundo a partir do segundo semestre de 2005, quando a maior parte das operações já estava vencida. Até julho do corrente ano havia 67 processos de execução em andamento, tendo sido realizados 21 acordos. Do total dessas execuções, existem 15 recursos de apelação pen-dentes de julgamento no Tribunal de Justiça de São Paulo.O montante envolvendo títulos de crédito emitidos pe-las empresas presente nos três fundos do Banco San-tos que ainda dependem de decisões judiciais soma R$ 377.450.530,97 (ver tabela 3). Também há os ativos de responsabilidade do Banco San-tos, habilitado em massa falida, que dependem de deci-são judicial e envolvem R$ 123.785.297,11 (ver tabela 3). Considerando os ativos envolvidos nas discussões judiciais e na massa falida, mais o valor recuperado dos devedores do fundo e a quantia que está sendo paga em parcelas, chega-se ao montante de cerca de R$ 739 milhões. Se tudo der certo, a recuperação poderá chegar a 60% do patrimônio total de R$ 1.228.797.943,90 – valor atuali-zado pelo CDI até 4 de julho.As decisões da Justiça favoráveis aos fundos têm aumen-tado o interesse pelos acordos. Até o fi nal do primeiro semestre de 2008 foram fechados 17 acordos entre fundos e empresas. Des-tes, 11 foram pagos à vista. Em seis op-tou-se por parcelas mensais. Por isso, do total de cerca de R$ 186 milhões, ainda há R$ 65.656.583,07 milhões a serem recebidos. Por enquanto, não há registro de inadimplência.As empresas que aceitam o acordo para o resgate da CCB têm descontos no paga-mento da dívida. O desconto foi acertado pelos participantes dos fundos em Assem-bléia Geral de Cotistas dos Fundos.Na assembléia, a maioria votou pela atu-alização da operação original, prevista no contrato até o vencimento dele. Ou seja, se o documento estabelecia que a CCB paga-ria CDI mais 1% ao mês para uma aplica-ção de R$ 1 milhão no fundo, por exemplo, com início em junho de 2004 e término em setembro de 2006, os cálculos seguirão as regras pré-determinadas para aquela épo-

ca. Vencido o contrato, de outubro de 2006 até hoje o montante passa a ser corrigido pelo CDI.Devido aos acordos fechados com as empresas, os cotistas do Yield já receberam R$ 132.378.369,39 em nove parcelas. No Master, foram distribuídos R$ 26.911.091,92, em sete parcelas, desde 2005. Em relação ao Plus, foram entregue aos cotistas R$ R$ 13.288.096,19. O montante total já dis-tribuído equivale a R$ 172.577.557,50, mais R$ 65.656.583,07 a receber (tabela 2).

Neste ano, houve um pagamento em janei-ro. O segundo ocorreu em 16 de junho passado. Segundo Fonseca, representante dos cotistas, até o fi nal do ano está previsto o pagamento de mais uma parcela.Toda vez que o volume recuperado chega a R$ 8 milhões, é distribuído aos 756 cotistas na propor-ção do que cada um deles tinha no fundo.– Embora não possa defi nir o percentual que ain-da será recuperado ao fi nal do processo, estou otimista com as recuperações futuras devido ao entendimento favorável aos cotistas adotado pe-los juízes – afi rma Fonseca.

Fundo é ao mesmo tempo credor e devedor

No dia 8 de julho último ocorreu a sexta Assembléia Geral de Cotistas dos Fundos, em São Paulo. Um dos assuntos discutidos na assembléia foi a compen-sação de valores dos fundos com a massa falida do Banco Santos, relata Ronaldo Borges da Fonseca, representante dos fundos.Apesar do patrimônio da Asset fi car separado da tesou-raria do Banco Santos, os fundos, como o Santos Credit Yield, realizaram operações cuja contraparte era o próprio Banco Santos. Por este motivo, o fundo é credor de R$ 115 milhões e devedor de R$ 5 milhões. Na assembléia, os cotistas rejeitaram a compensação mas aprovaram novos parametros de negociação com os deve-dores de CCBs existentes na carteira dos fundos.

Cotistas receberam até agora R$ 172.577.588,03 de três fundos

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São José dos Campos melhora controles internos

Jacareí agora acompanha fl uxo de caixa diariamente

O IPSMSJC, com cerca de R$ 900 milhões de patrimô-nio, custeará a aposentadoria de 8 mil servidores da Prefeitura de São José dos Campos. Por enquanto, há 2.330 inativos e pensionistas. A população do município está na casa dos 594 mil habitantes.

Para diminuir riscos, Comitê de AplicaçãoO episódio incentivou a tomada de medidas como, por exemplo, ter um profi ssional exclusivo para a controla-doria interna. Também houve a contratação de uma em-presa para orientação de investimento e assessoria para analisar as estratégias. – É uma maneira do instituto se manter alinhado com os produtos ofertados no mercado, considerando nosso perfi l de investimento – diz Santos Filho.Hoje, 80% do patrimônio do fundo estão aplicados em títulos públicos. O restante se divide entre fundo multi-mercado, renda variável e outras opções.No início de 2007, foi criado o Comitê de Aplicação. Outras idéias estão em avaliação. “O ideal seria ter um economista no quadro de 17 servidores que trabalham no instituto. Assim, o profi ssional poderia observar dia-riamente a composição das carteiras dos fundos e a ren-tabilidade delas”, propõe Santos Filho.

Com a decretação de falência do Banco Santos, o Insti-tuto de Previdência do Servidor Municipal de São José dos Campos (IPSMSJC), São Paulo, deixou de ter acesso aos R$ 37 milhões que estavam aplicados nos fundos Santos Credit Yield e Santos Credit Master. Até o mo-mento, houve a recuperação de R$ 8 milhões.– Os relatórios da gestão anterior mostram que os dois fundos do Banco Santos ofereciam atrativa rentabilida-de, com menor taxa de administração – conta o supe-rintendente do IPSMSJC, Oilze dos Santos Filho, que assumiu o cargo após a decretação da falência. Em função dos retornos obtidos com os processos de execução em andamento na Justiça, o pedido de audi-toria interna da prefeitura de São José dos Campos no instituto ainda não pôde ser concluído. – Até hoje os integrantes do Conselho de Administra-ção e do Conselho Fiscal, constituídos no ano 2000, cobram retorno do dinheiro aplicado no Banco Santos – afi rma Santos Filho.

Para que o problema ocorrido com o Banco Santos não se repita, desde maio de 2005 controles internos tam-bém foram adotados pelo Instituto de Previdência do

Município de Jacareí (IPMJ), São Paulo. O Departamento Financeiro passou a acompanhar o fl uxo de caixa, para tomar o pulso da real situação fi nanceira do instituto, com receitas e despesas sendo lançadas e controladas diariamente. “Conseguimos otimizar os investimentos e obtivemos um melhor acompanhamento das aplicações – histórico de rentabilidade, patrimônio do fundo, valor da cota, quan-

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fi scal nas reuniões mensais. Criado em 1993, o IPMJ atende 4.944 servidores, dos quais 3.997 ativos, 778 aposentados e 169 pensionistas. Ja-careí tem cerca de 207 mil habitantes.

Previdência Nacional 37

tidade de cotistas”, esclarece a diretoria do IPMJ por meio da assessoria de imprensa da Prefeitura da cidade.O IPMJ ainda tem investido na qualifi cação e atualização da sua equipe e conta atualmente com profi ssionais certifi cados pela Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid).

Retenção de dinheiro reduz leque de opçõesEm torno de 11% do ativo fi nanceiro do IPMJ estava aplicado no fundo Santos Credit Yield. Em abril passado, o ativo real total líquido do instituto correspondia a cerca de R$ 182 milhões.“Se tivéssemos todo o valor disponível, poderíamos investir em uma modalidade de maior rentabilidade, possibilitando retorno maior para o IPMJ, e isso nos ajudaria também a atingir com maior facilidade a meta atuarial. Todo dinheiro faz falta, mas o instituto faz o possível para que isso não prejudique os traba-lhos”, afi rma a diretoria do IPMJ. A meta atuarial atingida em 2007 foi de 11,46%. Quando há aportes de valores recuperados, os servidores do instituto são avisados por meio do balancete mensal, fi xado no quadro de avisos na recepção do IPMJ, aberto ao público. A in-formação também fi ca disponível no site do instituto. Há ainda o acompanhamento dos membros dos conselhos deliberativo e

Joinville diz que caso foi pedagógico para RPPS e para todo o mercado

co Central no Banco Santos e também as agendadas pelo novo gestor dos fundos do Banco Santos.Os cotistas são infor-mados sobre os valo-res recuperados por meio de informativo próprio, da página do Ipreville na internet e da publicação das atas de reuniões do Conselho Fiscal e do Conselho Administrativo.Quando optou por aplicar recursos no fundo Santos Credit Yield, do Banco Santos, o Ipreville tinha como objetivo a diversifi cação e o alcance de melhor rentabilidade.

Ratings e dados do BCnão evitaram o desastre– A escolha considerou diversos aspectos, como: notas de classifi cação de rating do Banco San-tos, levantamento dos dados sobre o banco jun-

Na avaliação do diretor fi nanceiro do Instituto de Previdência Social dos Servidores Públicos de Joinville (Ipreville), Santa Ca-tarina, Eliezer da Silva, o caso do Banco Santos não só acabou sendo ilustrativo e pedagógico para os RPPS, mas também me-lhorou a qualidade dos produtos fi nanceiros, das instituições fi nanceiras e até da fi scalização dos órgãos do mercado.– Se os recursos retidos no fundo do extinto banco estivessem disponíveis, o Ipreville teria mais rentabilidade e liquidez. Mas os recursos “presos” não comprometem a saúde fi nanceira do instituto – afi rma Silva.Quando foi decretada a falência do Banco Santos, o Ipreville tinha 4,86% do total de recursos fi nanceiros aplicados no fundo de investimento do banco. – Embora os valores estivessem contabilmente provisionados como perda, conforme orientação da CVM, o instituto tem recu-perado parte dos recursos aplicados, portanto não houve ainda perda propriamente dita – explica Silva, que acompanha todas as reuniões e assembléias convocadas pelo interventor do Ban-

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Medidas para evitar a repetição de abalos

que alterou a disciplina dos fundos de investimento regulados pela Instrução 409, de 18 de agosto de 2004.Entre outras mudanças, importantes medidas relacionadas aos ativos que compõem a carteira dos fundos estão descritas na instrução 450. Os títulos emitidos por bancos (CDBs) estão limitados a 20% por emissor. Títulos de empresas abertas (de-bêntures) apresentam o limite de 10%. A instrução 450 também determinou o limite de 5% por emis-sor para papéis de pessoas físicas, como as Cédulas do Produ-to Rural (CPRs) e jurídicas não-fi nanceiras que não sejam com-panhias abertas, como as Cédulas de Crédito Bancário (CCBs). Antes, somente eram aceitos papéis de empresas de capital aberto ou garantidas por bancos.Quanto ao gestor do fundo, a categoria renda fi xa e multimer-cado poderá aplicar até 20% da carteira em outros ativos: fun-dos imobiliários, fundos de recebíveis (FIDCs), certifi cados de recebíveis imobiliários (CRIs), entre outras carteiras.Para aumentar ainda mais a transparência dos fundos de previdência dentro do RPPS, o Conselho Monetário Nacional (CMN) publicou em novembro de 2007 a Resolução 3.506, determinando limites para aplicação dos fundos de investi-mentos previdenciários.

Em 12 de novembro de 2004, quando o mercado fi -nanceiro encerrava as atividades, houve a intervenção extra-judicial (que independe de autorização da Justi-ça) feita pelo Banco Central no Banco Santos. Análises foram feitas nos documentos e máquinas do Banco Santos mantidos sob posse do BC, com o objeti-vo de quantifi car o passivo. Depois de quase seis meses, em maio de 2005, foi decretada a falência do banco. Houve abalo na carreira dos profi ssionais que atuavam no banco, na vida pessoal daqueles que perderam dé-cadas de poupança e em todo o mercado. Com o objetivo de impedir a repetição de casos como o do Banco Santos, cujos fundos tinham a maior parte dos recursos aplicados em Cédulas de Crédito Bancá-rio (CCBs) e Cédulas do Produto Rural (CPRs) com bai-xa qualidade de crédito e reduzida liquidez, a CVM pu-blicou em 30 de março de 2007 a Instrução nº 450, PN

os investidores precisam ter a sensação de segurança. Isso decorre da atuação do Bacen, da CVM, dos gestores de re-cursos dos fundos do mercado, das entidades auto-regulató-rias, do Ministério da Previdência Social, do Judiciário e da maior qualifi cação dos gestores dos RPPS – diz. Criado em março de 1996, o Ipreville tem R$ 412,6 milhões de patrimônio líquido (dados de maio). No fi nal de julho, ti-nha 8.461 contribuintes e pagava 1.363 benefícios. Joinvil-le tem aproximadamente 487 mil habitantes. Em 2007, o fundo do instituto ultrapassou sua meta atuarial, obtendo 11,91% contra a necessidade de 11,48%.

to ao Banco Central, acompanhamento da situação do fundo junto à CVM, histórico de notícias sobre o banco, como aprovação de aumento de capital do banco e da nova diretoria executiva, e segurança ins-titucional do país – relata Eliezer da Silva. Depois do fato consumado, o diretor fi nanceiro do Ipreville avalia que somente implantação de novos controles nos institutos não basta para que nunca mais ocorram “problemas” deste tipo. – Precisa haver efi ciência, efi cácia, fi scalização atu-ante e dinâmica dos órgãos de fi scalização, ou seja,

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Tabela 2Valores recuperados por meio de acordos com os devedores

Fundos Quantia já distribuída aos cotistas (em R$)

A ser distribuído nos próximos meses(em R$)

Santos Credit Yield 132.378.369,92 54.036.524,87

Santos Credit Master 26.911.091,92 9.790.325,68

Santos Credit Plus 13.288.096,19 1.829.732,52

Total 172.577.558,03 65.656.583,07

Tabela 3Dependem de decisões judiciais

Fundos Títulos emitidos por empresas(em R$)

Ativos de responsabilidade do Banco Santos, habilitado em massa falida(em R$)

Santos Credit Yield 251.879.721,40 119.945.793,68

Santos Credit Master 95.443.551,75 729.572,97

Santos Credit Plus 30.127.257,82 3.109.930,46

Total 377.450.530,97 123.785.297,11

Situação dos Fundos

Fonte: Ronaldo Fonseca

Fonte: Ronaldo Fonseca

Fonte: Ronaldo Fonseca

*corrigido pelo CDI.

Tabela 1Valores depositados em três fundos do Banco Santos

Fundos Patrimônio líquido (11/11/2004 – em R$)

Patrimônio líquido (04/07/2008 – em R$)*

Santos Credit Yield 582.798.738,48 962.932.829,00

Santos Credit Master 115.160.690,18 190.274.964,35

Santos Credit Plus 45.749.654,65 75.590.150,55

Total 743.709.083,31 1.228.797.943,90

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mo. Para o trabalhador, a vantagem são os juros um pouco mais camaradas que os cobrados pelo cheque especial, cartão de crédito ou mesmo nos empréstimos pessoais. Além, claro, de escapar de toda a burocracia que é pedir dinheiro emprestado no Brasil.A novidade agora é que os bancos estão oferecendo tam-bém o cartão de crédito consignado. Os juros cobrados são um pouco mais altos que no empréstimo com des-conto em folha de pagamento, mas fi cam bem abaixo do que se cobra no mercado dos cartões de crédito comuns. No cartão consignado, os juros são de 3,5% ao mês, o equivalente a 51,11% ao ano. No cartão comum, a taxa média, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Anefac, está em 10,37%, o que resulta em juros anualizados de 226,75%.– O cartão de crédito consignado vai crescer numa veloci-

Num país como o Brasil, onde o crédito é caro e escasso, o empréstimo consignado surgiu como uma espécie de oásis no de-

serto. Desde a sua criação, em 2004, essa moda-lidade já movimentou quase R$ 70 bilhões. Hoje representa quase 60% de todos os recursos que são destinados ao crédito pessoal. Funciona da seguinte forma: aposentados, pensionistas, fun-cionários públicos e trabalhadores da iniciativa privada tomam empréstimos em bancos conve-niados e as parcelas são descontadas diretamen-te da folha de pagamento. Para os bancos, o risco de calote é praticamente zero, já que as presta-ções saem direto do holerite todos os meses – em caso de demissão, até 30% das verbas rescisórias poderão ser retidas para pagamento do emprésti-

Bancos Crédito pessoal

Cartão com desconto em folha passa a interessar aos bancos e volume de empréstimos pode atingir o mesmo ritmo de

crescimento do empréstimo consignado

Plástico virtuoso

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dade de 60% ao ano, a mesma que o crédito consignado alcançou quando foi lançado – afi rma o consultor Miguel Ribeiro de Oliveira, da Anefac.O cartão de crédito consignado já existia desde a criação do empréstimo do mesmo tipo. Mas os grandes bancos não tinham interesse em turbinar esse tipo de crédito por-que, na prática, eles perderiam dinheiro. Por que oferecer um cartão de crédito com juros de 2,6% se o cartão de crédito comum cobra 10,37% ao mês? No início do ano, o governo tomou uma medida que mu-dou um pouco esse panorama: determinou que, em lugar de 30% da renda, os trabalhadores só poderiam compro-meter 20% com o empréstimo consignado. Os 10% res-tantes seriam compensados no cartão de crédito consig-nado, com um juro um pouco maior. Em vez de 2,6% ao mês do crédito consignado, o cartão cobra 3,5%. O prazo máximo para empréstimo, que era de 36 meses, passou a ser de 60 meses, e no cartão consignado é de 24 meses.Os bancos estão impedidos de cobrar anuidade, mas po-dem cobrar taxa única de até R$ 15 pelo custo de emissão do cartão. Não existem outros custos de administração. Mesmo aqueles que tenham qualquer tipo de restrição cadastral no Serasa ou no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) podem ter o cartão de crédito consignado. Como o desconto das parcelas também é feito no holerite, os ban-cos não se preocupam com essa restrição. Quando as taxas do cartão eram idênticas às do consig-nado, limitadas a 2,64%, apenas o BMG e o Banco Cru-zeiro do Sul chegaram a emitir o plástico. Na avaliação do Banco Cruzeiro do Sul, mesmo tendo crescido a taxas de 30% nos últimos anos, a modalidade ainda tem potencial para se expandir, especialmente no caso do funcionalismo público. O banco trabalha com aproximadamente 2,3 mil órgãos públicos federais, estaduais e municipais.Agora, grandes bancos como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Santander, Caixa Econômica Federal e Unibanco começam a se movimentar nesse segmento. Um dos alvos é o funcionalismo público federal, estadual e municipal. Prefeituras já começam a fazer convênios com os bancos para oferecer o cartão de crédito a seus servidores.Em Guarulhos, na Grande São Paulo, o Banco Cruzeiro do Sul passou a oferecer o cartão ao funcionalismo público municipal. De acordo com a Prefeitura, ainda não é pos-sível saber quantos servidores aderiram, porque a oferta deste tipo de crédito é uma novidade e começou no mês

de maio. Prefeituras como a de Santana de Par-naíba e a de Conchal, em São Paulo, e da cidade de Paulista, em Pernambuco, também já come-çam a oferecer esse benefício a seus funcionários.

Outras, como Barueri, Jaú, Araras, em São Paulo; Itajaí, em Santa Catarina; e Teresópolis e Tanguá, no Rio de Janeiro, também já estão em negocia-ção com os bancos para oferecer o plástico con-signado.Uma pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) entre pessoas que foram procurar o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) para limpar o nome mostrou que mais de 50% usaram o empréstimo consignado para cobrir dívidas com cartão de crédito ou cheque especial. Como os juros são mais bai-xos, elas trocaram uma dívida

Fatia de até 10% do empréstimo consignado de cada trabalhador e juro maior despertaram

interesse de instituições fi nanceiras

Prefeituras começam a fazer convênios com bancos para oferecer o cartão de crédito a seus

servidores

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mais cara por uma mais barata. Com o cartão de crédito consignado, o objetivo deve ser outro: a compra de bens e não sair do vermelho.– Trocar uma dívida com cartão de crédito comum ou cheque especial por uma com empréstimo con-signado é vantajoso, já que a taxa de juros é mais baixa e a pessoa sai da bola de neve – diz o eco-nomista Emílio Alfi eri, da Associação Comercial.Para quem não tem dinheiro para comprar um bem à vista, o recomendável é recorrer ao con-signado – empréstimo ou cartão – em lugar de usar o cheque especial ou o rotativo do cartão. Na ponta de lápis, a vantagem é muito grande, segundo Oliveira, da Anefac. Quem compra uma geladeira de R$ 850, por exemplo, vai pagar pelo bem R$ 1.183,44 se parcelar em 12 meses com o cartão de crédito comum. As parcelas são de R$ 98,62. Com o cartão de crédito consignado, a mesma geladeira sairá por R$ 1.055,52, em prestações de R$ 87,96, nos mesmos 12 meses. Em 24 meses, a geladeira sai por 1.551,12 no cartão de crédito comum e R$ 1.270,32 no car-tão consignado, com prestações de R$ 64,63 e R$ 52,93, respectivamente.– Mas sempre é preciso lembrar que as parcelas do consignado são abatidas do salário, o que repre-senta uma receita a menos – diz Miguel Oliveira.Especialistas em fi nanças recomendam cautela na hora de se endividar. O ideal é não comprometer mais de 30% do salário com prestações. Pesqui-sar as tarifas oferecidas pelos bancos, mesmo no crédito consignado, pode resultar em vantagens: como há competição entre as instituições, alguns bancos oferecem taxas mais atrativas.– O Banco Central sinaliza uma subida na taxa bá-

sica de juros entre 2% e 4% até o fi nal do ano, o que deve se refl etir no juro ao consumidor – adverte Alfi eri, da Asso-ciação Comercial de São Paulo.Mesmo com a explosão do crédito consignado, o Brasil ainda é um país com baixo volume de dinheiro para em-prestar. O Banco Central apurou em maio que os recursos destinados a empréstimos chegam a 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Em nações como EUA, Japão e Ingla-terra o volume de empréstimos supera os 100% do PIB. O crédito é um dos instrumentos para que a economia cres-ça. Com dinheiro no bolso, o consumidor antecipa suas compras, seja da roupa, do carro ou da casa própria. As empresas investem para aumentar sua produção e aten-der esse consumidor e isso gira a roda da economia. No Brasil, nos últimos anos, o aumento desses recursos para o crédito teve refl exos diretos no crescimento econômico. Portanto, qualquer modalidade de empréstimo que surja, desde que usada com parcimônia, é bem-vinda num país que ainda precisa aumentar seu ritmo de crescimento.

Consignado é mais vantajoso do que cheque especial ou rotativo do cartão de crédito, mas reduz o salário líquido

As vantagens do cartão de crédito consignado• Taxas de juros mensais de 3,5% contra 10,37% do car-

tão de crédito comum.• Prestações fi xas.• Desconto na folha de pagamento.• Sem avalista.• Sem análise de restrições de crédito.• Sem taxa de anuidade.• É uma opção mais vantajosa para sair da dívida do che-

que especial ou do cartão de crédito comum.

Dicas para não fi car no vermelho• Não comprometa mais de 30% do salário com dívi-

das.• Não se deixe seduzir pelos apelos de “crédito rápido e

fácil”.• Pesquise taxas de juros.• Quando estiver pensando em entrar numa dívida, pen-

se também em como sairá dela.• Analise o orçamento familiar e tenha certeza de que a

dívida cabe nele.• Não considere limite do cheque especial ou do cartão

de crédito como renda.• Se estiver devendo no cheque especial ou cartão, é

mais vantajoso pedir empréstimo consignado e quitar o débito. É o que os especialistas chamam de trocar dívida cara por outra mais em conta. PN

Emilio Alfi eri

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Modelos de Gestão

Para reduzir défi cit público, governo francês quer prolongar lentamente período de contribuição, mas enfrenta

mobilização crescente de trabalhadores

Tempo de discórdia

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Jorge Félix

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Previdência Nacional 47

Mais de sessenta anos após a criação de seu sistema de seguridade social, exemplo para toda a Europa e boa parte do mundo, e quin-

ze anos depois de assinar o Tratado de Maastricht, que acrescentou à integração econômica a integração po-lítica da União Européia, a França inicia um processo inédito de mudança de suas leis de proteção social. Apesar de o governo Nicolas Sarkozy enfrentar, desde o início do ano, protestos nas ruas promovidos pelas cinco centrais sindicais do país, analistas acreditam que o presidente conseguirá promover alterações signifi ca-tivas na legislação, sobretudo o prolongamento do tem-po de contribuição para a aposentadoria de 40 para 41 anos, progressivamente, até 2012, como condição prévia à obtenção, pelo trabalhador, da aposentadoria integral (teto).

O principal objetivo do governo é reduzir o défi cit pú-blico, que alcançou 3% do Produto Interno Bruto (PIB) e coloca o país sob críticas da Comunidade Econômi-ca Européia. Esse percentual mantém a França como a pior performance fi scal da zona do euro. Computa-das as aposentadorias futuras, o país amarga uma dí-vida de 2 trilhões de euros. Dentro da visão da capital européia, Bruxelas, a França deve reduzir seus gastos com os 13,5 milhões de aposentados do país. “Pouco a pouco o modelo social francês está sendo reformado para se adaptar a uma economia liberal”, analisa Bruno Palier, doutor em ciências políticas do Institut d´Études Politique de Paris (Instituto de Estudos Políticos de Pa-ris), especialista em sistemas sociais europeus.– Esta reforma não permitirá garantir os direitos sociais dos cidadãos franceses, nem mesmo lhes dar a seguran-ça necessária para fazer face às mutações econômicas – critica Palier, autor de La réforme des retraites – tra-vailler plus? (a reforma das aposentadorias – trabalhar mais?), entre outros livros sobre o tema. Diante do aumento da expectativa de vida e do envelhe-cimento populacional, a nova reforma tem como objeti-vo obrigar os franceses a adiar a aposentadoria e con-tribuir por mais tempo para o sistema em troca de uma suposta elevação dos benefícios. No entanto, apesar de até mesmo uma das centrais sindicais, a Confédération

Française Démocratique du Travail (CFDT), ter inicialmente aceitado essa avaliação, logo todo o movimento sindical fez os cálculos e consta-tou as perdas para os futuros aposentados.Palier concorda com a visão das centrais sin-dicais de que a prorrogação do tempo de con-tribuição atingirá apenas um terço dos traba-lhadores em idade de obter a aposentadoria, devido ao desemprego dos seniors. A França tem uma das taxas mais baixas de empregabili-dade da Europa entre os trabalhadores com 55 anos a 64 anos, 38,1%, mesmo tendo melho-rado 6,5 pontos percentuais de 2000 a 2005. Segundo o Eurostat, o banco de dados da União Européia, a média da zona do euro é de 43,5% e a meta é chegar a 50% em 2010. Pela classifi -cação da ONU, nos países desenvolvidos é con-siderado idoso somente quem tem acima de 65 anos. Logo, está-se falando de pré-idosos, que deveriam manter-se na população ativa, segun-do os critérios adotados pelos que defendem o saneamento dos sistemas previdenciários.– O governo deseja, diante da expectativa de vida e do envelhecimento da população e di-fi culdades fi nanceiras do sistema de pensões, obrigar as pessoas que trabalham a contribuir

mais. O problema é que hoje é difícil manter-se empregado aos 58 anos e, portanto, será di-fícil para as pessoas que começaram a traba-lhar mais tarde contribuir os 41 anos – prevê Palier. Segundo o pesquisa-dor, o aumento do tempo de contribuição signifi cará, inevitavelmente, uma redu-ção do valor dos benefícios no futuro. Na década de 1990, a Fran-ça passou por três reformas do sistema de previdência,

Pesquisador diz que adiar a aposentadoria dos franceses afetará garantia

dos direitos sociais

Contribuir por mais tempo é difícil: nãosão muitos os que

conseguem continuar ativos após os 58 anos

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euros por ano para a previdência – ou seja, metade do défi cit anual do sistema de seguridade.

Desemprego nas duas pontas

O quadro piora quando o Insee (o IBGE francês) in-forma que a maioria dos desempregados têm menos de 25 anos. Esta situação de desemprego nas duas pontas da pirâmide, garante o COR, terá como conse-qüência uma relação de 121 contribuintes para cada 100 aposentados em 2050. A ampliação do tempo de contribuição seria colocada em vigência aos poucos, de 2009 a 2012, seguindo o mesmo critério da reforma de 1995 – um trimestre a mais a cada ano. A proposta, porém, desperta revolta na população porque é mais um passo para empurrar os trabalhadores para siste-mas de aposentadoria privados e uma nova ameaça ao modelo europeu.– As medidas de redução futura das aposentadorias são impostas pelas escolhas econômicas de consenso na Europa e não pela dinâmica demográfi ca – afi rma Palier, que acredita nas chances de o governo alcançar o seu objetivo. – As manifestações já foram maiores e mais fortes. A nova reforma afastaria ainda mais o sistema francês do objetivo principal de sua criação em 1945, seguindo o modelo adotado na Alemanha do fi nal do século XIX pelo primeiro-ministro Otto von Bismarck: garantir ao aposentado uma renda a mais próxima possível da ren-da do trabalhador ativo.

48 Agosto/setembro 2008

sempre sob pressão das regras de Maastricht. A primeira foi a reforma Balladur, em 1993, abrangendo mais o setor privado, e a segunda foi o Plano Juppé, em 1995. Essa trouxe uma modifi cação fundamental: os reajustes dos be-nefícios deixaram de ser indexados ao salário bruto do trabalhador ativo e passaram a ter como referência o salário líquido. “O modelo hiperliberal não é nossa referência”, garantiu o ministro do Trabalho, Xavier Bertrand, em recen-te debate com o presidente da CFDT, François Chérèque, publicado pela revista Le Nouvel Ob-servateur. “Nada tem sido feito para melhorar o emprego dos seniors, logo o prolongamento do tempo de contribuição, que seria iniciado em 2009, deve ser retardado”, afi rma Chérèque. O ministro culpa a economia mundial e a di-nâmica populacional pela insustentabilidade do sistema francês. “O pomo da discórdia seria co-locar em questão o sistema de repartição. Não é este o caso”, defende-se Bertrand.

Isenções fi scais

O governo lançou uma política, considerada pelo ministro “ambiciosa”, para ampliar a em-pregabilidade depois dos 55 anos, embora en-frente resistência dos empresários. As empresas receberão isenções fi scais para empregar esses trabalhadores. São 800 mil seniors desem-pregados no país. Aos 57,5 anos, estão dispensados de procurar trabalho e podem receber o seguro-desempre-go sem limite de tempo – se têm 40 anos de contribuição aos 55 anos de idade já ga-rantem este benefi cio conce-dido pela Caisse Nationale d´Assurance Vieillesse (CNAV, Caixa Nacional de Seguro para a Velhice). Segundo o Conseil d´Orientation des Retraites (COR, Conselho de Orientação das Aposen-tadorias), 400 mil franceses estão nesta situação e fi cam fora das estatísticas de de-semprego. Isso signifi ca um orçamento de 4,5 bilhões de

OS SENIORS NA EUROPA

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Gestão Tecnologia

Para muitas cidades, tecnologia da informação pode ser cara demais. Mas preços em queda tendem a tornar mais

fácil a modernização da gestão

Enigma digital

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Carlos Vasconcellos

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Decifra-me ou te devoro. A tecnologia da informa-ção é como a lendária esfi nge, para os municípios brasileiros. Se bem aplicada, pode trazer grandes

benefícios para a gestão. E a queda contínua do preço dos computadores cria novas oportunidades. Mas se o enigma digital não for bem decifrado, o resultado pode ser desperdício de recursos, normalmente escassos. O desafi o diz respeito também aos Regimes Próprios de Previdência municipais. Afi nal, não há regime municipal, por mais bem administrado, que resista à má gestão do próprio município. A saúde fi nanceira da Previdência Mu-nicipal depende indiretamente do controle de gastos, da transparência, da responsabilidade fi scal da prefeitura.Algumas cidades, como Gravataí, no interior do Rio Grande do Sul, levam a sério o desafi o de transportar a gestão do município da era analógica para a era digital. Trata-se de algo mais complicado do que simplesmente comprar algumas centenas de computadores e conectá-los à internet. Segundo Joaquim Cavalheiro, assessor de gabinete da Vice-Prefeitura e ex-secretário municipal de Administração, apesar dos grandes avanços dos últimos oito anos, ainda há muito que fazer. “Como o município é relativamente grande e tem pontos distantes, ainda te-mos alguns locais sem rede”, afi rma.

A gaúcha Gravataí já avançou na

arrecadação de impostos e o ponto é controlado por leitura

biométrica

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As áreas mais informatizadas são a arrecadação de impostos e o departamento de recursos hu-manos do município. O controle de ponto é feito por leitura biométrica, eliminando a necessida-de do crachá. Por outro lado, a administração da cidade gaúcha não possui um software de ges-tão integrado para toda a prefeitura. Alguns pro-gramas são próprios, outros são utilizados por meio de licenças alugadas. “Para ter esse softwa-re único, o investimento é enorme, incluindo aí os custos de treinamento e implantação”, expli-ca Cavalheiro. Fora as inevitáveis adaptações do programa, já que, em geral, esses softwares são plataformas que sofrem modifi cações de acordo com as necessidades de cada cliente.E aí pode estar uma armadilha para quem tem recursos escassos e uma responsabilidade enor-me nas costas. “Tenho experiência na iniciativa privada”, diz Cavalheiro. “Muitas vezes, na hora da venda a oferta é maravilhosa, mas depois é um pesadelo, com centenas de horas de treina-mento, problemas de funcionamento, etc.”A informatização, portanto, deve ser conduzida com o máximo de cautela. O desperdício de re-cursos pode estar em toda parte. Até mesmo em coisas aparentemente prosaicas, como impres-

soras, por exemplo. Para se ter uma idéia, há oito anos, quando foi constituído o Comitê de Informatização da prefeitura, coordenado pelo Centro de Processamento de Dados da prefeitura, os órgãos municipais de Gravataí consumiam cerca de 500 tipos de cartuchos de impres-são diferentes. Recentemente, a cidade passou a contar com a ajuda da Universidade Luterana do Brasil, Ulbra, contratada para organizar essa colcha de retalhos. Ape-sar de tudo, Cavalheiro espera que um dia Gravataí tenha uma gestão 100% informatizada, em uma mesma plata-forma integrada de tecnologia. “Isso seria um sonho. A tecnologia melhora os processos de tomada de decisões, aumenta a rapidez no atendimento, reduz custos no lon-go prazo”, enumera.Essa busca por efi ciência faz com que mesmo prefeituras de pequeno porte tentem investir no setor. É o caso de Picuí, no interior da Paraíba. “Quando assumi a prefeitura, em 2005, a prefeitura tinha três computadores”, conta o prefeito Rubens Germano. “Hoje, temos 60 e estamos fazendo licitação para comprar mais 20 máquinas”, diz. “É impraticável ter uma boa gestão sem os recursos da infor-mática. Como organizar a cobrança de IPTU sem um mapa eletrônico?”, argumenta, e especifi ca: tais mapas podem facilitar o monitoramento do espaço urbano, ajudando a coibir invasões e obras irregulares, entre outras funções. Apesar de todas as vantagens, Germano conta que é pre-

Picuí, Paraíba, passou de três para 60 computadores e vai comprar mais 20, tudo com recursos próprios

Inaciolândia

Picuí

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Inaciolândia, Goiás, usa bancos. Barra do Piraí, RJ, é pequena demais para

informatizar previdência

Francisco Castilho Barra do Piraí

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ciso educar os funcionários do município para o uso da informática. O que vai além do simples treinamento. “Tivemos de bloquear sites como o Orkut e programas como o MSN”, revela. O prefeito de Picuí acredita que o barateamento dos computadores no mercado brasileiro pode facilitar o investimento das prefeituras. Linhas de fi nanciamento da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil também podem ser úteis. “É claro que para municípios que vivem de repas-se de verbas é mais difícil”, admite. No caso de Picuí, no entanto, foram investidos R$ 150 mil em recursos próprios para a informatização e, segundo o prefeito, a cidade já teve o retorno. “Não tenho dúvidas de que o investimento já se pagou”, diz. Com a informatização, foi possível realizar, entre outras coisas, um censo munici-pal e um plano diretor, e criar um sistema de orçamento participativo.Germano acrescenta também que a informati-zação teve um efeito positivo para a adminis-

tração do fundo previdenciário municipal. “Colocamos tudo on-line, fi ca mais transparente”, diz ele, ressal-tando que a previdência dos servidores de Picuí está regularizada e com os pagamentos em dia. “Temos uma dívida de R$ 1,5 milhão com o INSS já negocia-da e conseguimos o CRP (Certifi cado de Regularidade Previdenciária) provisório.”Para municípios de pequeno porte, a tecnologia da informação ainda é pouco usada. Ou faltam recursos, ou o investimento ainda não compensa. Em Inaciolân-dia, cidade com pouco mais de cinco mil habitantes no interior de Goiás, os serviços de arrecadação estão todos com os bancos e o site da cidade dá apenas in-formações básicas. “Ainda não há necessidade de ex-pandir essa área”, diz Francisco Castilho, secretário de Administração e Finanças da prefeitura. O instituto de previdência municipal conta com apenas dois funcio-nários e apoio terceirizado para os setores jurídico e administrativo. “Mas estamos cotando empresas para fazer uma página do instituto, para dar mais transpa-rência”, anuncia Castilho.

Campos dos Goytacazes, RJ, tem recursos e fez avanços tecnológicos, mas sofre com política tumultuada

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Em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, o fundo de previdência dos servidores administra ma-nualmente a concessão de 220 pensões e apo-sentadorias por mês. Os quatro computadores da instituição servem apenas para tarefas bá-sicas e para o cálculo e transmissão de infor-mações para recebimento do Conprev, o fundo de compensação do Ministério da Previdência. “O custo da informatização é muito alto para o tamanho do nosso fundo”, justifi ca Roberto Bi-chara de Melo, diretor do Fundo de Previdência Municipal de Barra do Piraí.Os obstáculos à revolução tecnológica, no en-tanto, nem sempre são questão de falta de di-nheiro. Os meandros da política – e da polícia – também podem ser fatais. O município de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, por exemplo, é o maior produtor de petróleo do Brasil. Os royalties fazem da cidade uma das campeãs de arrecadação no país. Dinheiro, por-tanto, não é problema. O orçamento do Centro de Informática e Dados de Campos, Cidac, é de R$ 1,1 milhão anuais. Criado em 2004, o cen-tro reduziu a burocracia, aumentou os controles

e a efi ciência da administração municipal.“Temos de ampliar cada vez mais o governo eletrônico. Queremos que todo e qualquer do-cumento possa ser emitido pela internet. Hoje, ainda não imprimimos certidões”, explica Ro-berto Barbosa, gerente do Cidac. Esse trabalho permanente, no entanto, foi prejudicado pelo ambiente político da cidade, que teve o pre-feito afastado do cargo por suspeita de fraude, substituído pelo vice e reconduzido recente-mente ao cargo pela Justiça, por falta de pro-vas. “O trabalho sofreu interrupções”, lamenta Barbosa. “Se tudo tivesse transcorrido normal-mente, a maior parte já teria sido concluída”.Em ano de eleições municipais, Barbosa espe-ra que o próximo prefeito de Campos, quem quer que seja, continue com a modernização da máquina administrativa. “Quem não en-carar esse desafi o será cobrado no futuro”, prevê. Cavalheiro, de Gravataí, diz: “A conti-nuidade dos projetos vai depender de quem assumir a prefeitura. Mas nessa área não vejo opção. É fazer ou fazer.” Para não ser devorado pela esfi nge digital. PN

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Gestão Tecnologia

Programas buscam ampliar infra-estrutura de tecnologia para municípios brasileiros, hoje excluídos, em maioria,

do acesso à internet de alta velocidade

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País a conectar

Sérgio Damasceno

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de educação, saúde, segurança e administração. No entanto, o projeto ainda não está em vigor.A iniciativa de inclusão digital do governo pau-lista é o Programa Acessa São Paulo. Foi implan-tado há cinco anos e oferece acesso livre e gra-tuito à internet. Os postos de atendimento são chamados de Infocentros e, segundo balanço do programa, foram feitos no período 16,5 milhões de atendimentos, com 800 mil usuários cadas-trados, 3 mil computadores instalados e 402 postos abertos. A meta é chegar a 353 municí-pios paulistas (até o momento, atinge 297).

Segundo Fausto, além da falta de recursos mu-nicipais, as prefeituras não têm estrutura para informatizar sua gestão. “Antes de tudo, é ne-cessário prover o link para a localidade. Depois, são necessários programas de treinamento para as pessoas que vão operar a rede”. Esses links, quando instalados, podem conectar as prefeitu-ras do estado à rede de computadores Intragov, que interliga os vários órgãos do governo de São Paulo. A rede atende os poderes Executivo, Le-gislativo e Judiciário do estado e também as pre-feituras e órgãos do governo federal.Mas a adesão à Intragov depende, novamente, de recursos próprios das prefeituras, que devem contratar o acesso (ou link) – no máximo, um acesso, com capacidade que varia de 64 Kbps (banda estreita ou acesso discado) até 8 Mbps (banda larga), a ser pago mensalmente. Se as prefeituras dis-põem de recursos e conseguem viabilizar os links, conseguem tam-bém fazer a gestão pú-blica de forma efi ciente. A partir da rede instala-

Prefeitura tem que pagar pelo link, mas isso

lhe permite aumentar a efi ciência da gestão

pública

O maior programa de inclusão digital em anda-mento no Brasil é o Gesac (Governo Eletrôni-co Serviço de Atendimento ao Cidadão), do

governo federal, que tem 3,5 mil pontos em 2,2 mil municípios do país. No fi nal do ano passado, o go-verno lançou edital para ampliar o programa para 20 mil pontos em todo o País e chegar a 5.564 cidades, ou seja, a totalidade dos municípios brasileiros.O objetivo do Gesac é levar internet gratuita e de alta velocidade (banda larga) a todos as localida-des brasileiras. Até o momento, porém, o programa pretende se expandir para até 12 mil pontos de co-nexão. As velocidades de acesso variam entre 256 Kbps (kilobits por segundo) e 8 Mbps (megabits por segundo) e as tecnologias podem ser via satélite, ADSL (telefonia fi xa, por fi o de cobre), pelos padrões WiMAX, Wi-Fi, Mesh e 3G (rede móvel) e até mesmo por PLC (via rede de energia elétrica). Os programas governamentais atuais – federal, es-taduais e municipais –, no entanto, não garantem a infra-estrutura necessária para a informatização das prefeituras brasileiras e, conseqüentemente, a efi ci-ência da gestão pública, inclusive dos institutos de previdência pública. “Faltam recursos e até mesmo informações sobre como obter esses recursos”, afi r-ma o superintendente de tribunais e prefeituras da Prodesp, Maurício Gallo Fausto. A Prodesp, socieda-de de economia mista, é a empresa de tecnologia da informação do estado de São Paulo.

Dos 645 municípios paulistas, apenas 220 (34%) têm algum tipo de programa, conduzido localmente ou com o apoio de programas do governo, que faci-lita o acesso dos cidadãos aos serviços públicos via internet. Assim, quase 70% das localidades do esta-do de São Paulo não têm nenhuma infra-estrutura de acesso público à internet de alta velocidade.A Secretaria de Gestão Pública do estado tem um projeto para levar 2 mil links (ou conexões) de inter-net para os municípios paulistas e atender as áreas

Dos 645 municípios paulistas, 425 não têm

infra-estrutura de acesso público à internet de alta

velocidade

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da e conectada, os sistemas proprietários (como folha de pagamento, previdência pública, orça-mento) podem ser adicionados às redes locais e geridos conforme as necessidades e disponibili-dades de cada prefeitura.

Gestão previdenciária

A Associação Paulista de Municípios (APM) re-presenta os 645 municípios paulistas. A enti-dade criou o Programa de Gestão Plena Previ-denciária (GPP), que tem por objetivo orientar a administração pública municipal quanto aos procedimentos a serem adotados na criação ou reestruturação do Regime Próprio de Previdên-cia Social. O GPP é uma ferramenta da associa-ção para diagnosticar a situação previdenciária

Prefeituras pioneiras

A meta do programa Telecentros, da cidade de São Paulo, é dar acesso à informática e à internet a áre-as carentes do município. A expectativa é instalar 300 Telecentros na cidade. O programa existe desde 2005 e até agora já colocou em funcionamento 239 postos. Conforme o balanço do programa, 1,5 milhão de pessoas foram cadastradas nas unidades existen-tes. Ao todo, a rede municipal tem mais de 3 mil com-putadores e oferece 7,6 milhões de horas anuais de utilização individual dos cidadãos.Aparecida, no Vale do Paraíba, instalou uma rede Wi-Fi que cobre todo o centro histórico do município. Na primeira fase, a rede suporta a conexão de até 400 usuários simultaneamente. O objetivo é levá-la ao município todo, inclusive áreas rurais.Outro município paulista já até entrou na lista de ca-ses de informatização. É Sud Mennucci, primeiro do País a oferecer conexão à internet sem-fi o, por Wi-Fi, na cidade inteira. Também a prefeitura de São Sebastião, no litoral paulis-ta, estreou uma rede Wi-Fi grátis em toda a extensão da Rua da Praia, a principal da cidade. Segundo a prefeitu-ra, o projeto é uma iniciativa que visa associar a cidade a investimentos em tecnologia e atrair empreendimen-tos para a região. Nos próximos meses devem ser ins-taladas novas antenas e, gradualmente, a cobertura da rede sem fi o será ampliada para todo o município.

do município. Objetiva também sensibilizar o Poder Legislativo quanto à necessidade de implantação ou reestruturação do RPPS no município, e demonstrar as vantagens que o regime próprio oferece aos ser-vidores públicos. Serve ainda para buscar junto ao INSS os recursos fi nanceiros devidos ao município em razão da compensação previdenciária.Mas esse programa, por exemplo, teria grande im-pulso se estivesse aliado à informatização da gestão pública das prefeituras. “Não temos sistemas de ges-tão integrada municipal das áreas administrativas, fi nanceira e contábil, por exemplo”, diz Fausto, da Prodesp. Em geral, todas as iniciativas de inclusão digital contemplam, prioritariamente, as áreas de educação, saúde e segurança. A gestão municipal e os RPPS não são considerados prioritários pelos pro-gramas de inclusão digital.

Telecentro da cidade de São Paulo

Rua da Praia, centro de São SebastiãoPN

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Gestão Eleições Municipais

Chegada de nova administração provoca muitas vezes mudança de gestores, mas pode dar mais visibilidade aos RPPS

Dançade cadeiras

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Numa cultura política como a brasileira, em que os novos ocupantes do Execu-tivo têm mandato para mudar toda a

cúpula da administração, um processo como o das eleições municipais deste ano promete promover uma rearrumação geral das institui-ções de previdência dos municípios. Após as eleições de 2004, 60% dos gestores foram tro-cados, calcula o presidente da Associação Bra-sileira da Instituições de Previdência Estaduais e Municipais, Abipem, João Carlos Figueiredo.Segundo a Confederação Nacional de Muni-cípios (CNM), pelo menos 3.361 (76,9%) dos 4.368 prefeitos que estão em primeiro manda-to tentarão se manter no cargo. Esses prefeitos em primeiro mandato representam 78,5% dos 5.564 prefeitos do país.O secretário-executivo do Ministério da Pre-vidência Social, Carlos Gabas, lamenta que o processo eleitoral promova tão acentuadas mu-danças nos quadros gestores dos institutos de previdência. O mesmo sentimento tem Edevaldo Fernandes, consultor da empresa GlobalPrev e ex-superintendente do Instituto de Previdência Municipal de São Paulo, Iprem. Fernandes pro-põe que os atuais gestores tentem colocar em discussão, na campanha eleitoral, as questões previdenciárias de seus municípios e ajudem a preparar processos de transição organizados.Previdência Nacional montou três tabelas para acompanhar, por amostragem, o processo elei-toral nos municípios. A primeira apresenta, en-tre os municípios mais bem colocados no Índice de Responsabilidade Fiscal e Social da CNM –

um ranking que acompanha o desempenho das cidades nas áreas fi scal, social e de gestão –, 30 que têm RPPS. A segunda traz as cidades com 700 mil habitantes ou mais. A terceira, as capitais estaduais com população menor do que 700 mil habitantes. Na edição número 5, a ser lançada em dezembro, após as eleições, pro-curaremos mostrar os resultados nessas cidades e suas repercussões prováveis na gestão previdenciária local.

João Carlos Figueiredo, da Abipem, destaca que a maioria das entidades municipais de previdência tem um quadro estável de funcionários, mas que o novo ges-tor, nomeado pelo prefeito eleito, tem grau máximo de atribuições, “para bem ou para mal”. Figueiredo é pre-sidente da Apeprem e do Instituto de Previdência do Município de Jundiaí, São Paulo, Iprejun.Ele foi nomeado em 2003 para a presidência do Iprejun pelo prefeito Miguel Haddad, do PSDB, então em se-gundo mandato. Quando o atual prefeito, Ary Fossen, também do PSDB, assumiu, Figueiredo foi mantido no cargo. Haddad é candidato a voltar ao cargo.

Em 2004, 60% substituídosO presidente da Abipem diz que nem sempre a reelei-ção do prefeito, ou a eleição de um sucessor apoiado por ele, signifi ca manutenção do gestor da previdência.

Figueiredo, da Abipem, aponta poder de mudança, “para bem ou para mal”,

detido por novos gestores

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– Ao mesmo tempo, os concorrentes às prefei-turas só pensam na prefeitura “para fora”, ou seja, tendo em vista a população da cidade, e não para dentro, no que diz respeito à estrutu-ra de pessoal da municipalidade. E o gestor de previdência esquece que ele próprio deve ter um papel ativo nesse processo. Poderia estimu-lar a discussão, levar às partes o conhecimento necessário – propõe o economista.Fernandes comenta que, infelizmente, são pou-cos os dirigentes de RPPS que conseguem pro-jetar seu papel específi co no quadro geral da administração do município ou do estado. Faz uma comparação:– Todas as secretarias têm meios de comunica-ção que obrigam candidatos a tomar posição. Sobretudo quando envolvem diretamente o pú-blico, como saúde e educação. A comunicação falha faz com que o município não tome conhe-cimento do RPPS. Assim, na campanha eleitoral os servidores pú-blicos costumam ser objeto apenas de gentis palavras de reconhecimento ou promessas de melhoria da remuneração.

Para tanto concorre, segundo Fernandes, uma visão estereotipada do papel do gestor previ-denciário. Como, na prática, enfrentar essa si-tuação? Ele propõe um enfoque algo “utópico”, ou “teórico”, a partir do qual o gestor previden-ciário se situa como a autoridade que, no plano municipal, pensa, planeja e executa as ações em previdência. Um embaraço inicial com que se defronta essa visão decorre da maneira como é designado o gestor, por decisão exclusiva do prefeito ou do governador. “O prefeito tem autonomia para de-signar todos os cargos de direção do Executivo. Diferente do que acontece, por exemplo, com uma Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sa-nitária), onde se resguarda a natureza técnica do cargo, no caso da previdência a indicação é puramente política”, constata Fernandes.Essa indicação é feita a partir do grupo polí-tico do prefeito, ou, quando a correlação de forças nas eleições obrigou o candidato a fazer alianças, ele permite aos grupos políticos que o

– Não é raro que haja mudanças. Muitas vezes, o grupo político que ajudou a eleger o prefeito não é o mesmo que o ajuda a se reeleger – explica. – Em 2004, mais ou menos 60% dos gestores dos municípios brasileiros foram substituídos. A difi culdade maior ocorre quando quem entra vai começar de zero Difi culdade num pri-meiro momento. Num segundo momento, essa pessoa pode até se revelar melhor do que o antecessor.É por isso que a Abipem aumenta nos dois primeiros anos após as eleições municipais o número de eventos destinados a uma formação geral dos novos gestores, e nos dois anos seguintes passa a montar eventos mais es-pecializados. Daí também ser essencial para a associa-ção acompanhar de perto os resultados das eleições.Carlos Gabas dedicou parte de sua fala na abertura do

42º Congresso da Abipem e do 4º Congresso da Ape-prem (ver A consolidação, página 10) à repercussão das eleições municipais:“Sabemos que onde o prefeito não se reelege, ou não consegue fazer o sucessor, há troca do gestor da previ-dência. E sentimos muito quando isso acontece. O mu-nicípio investe, forma as pessoas. Queremos promover cada vez mais a profi ssionalização desse segmento, de forma que a nova administração en-tre e tenha mais receio de trocar os gestores e colocar uma pessoa porque ajudou na campanha. Não estou diminuindo o valor da eleição, que é importante. Os po-líticos são importantes para o nosso país, mas deve-se misturar o mínimo possível gestão de sistemas de previ-dência social com política partidária ou eleitoral”.

Fernandes, ex-superintendente do Iprem, faz um cha-mamento aos atuais gestores de instituições municipais de previdência para que assumam “uma responsabilida-de que é deles”. Ele sugere que os institutos aproveitem o processo para mostrar a importância da questão pre-videnciária na gestão pública. – Durante o processo eleitoral, gestores costumam di-zer que “o problema é do governo”, ou reclamar que “o prefeito não discute” com eles as questões previden-ciárias, a não ser no que diz respeito ao impacto nas contas do município – afi rma.

Previdência Nacional 61

Gabas: gestão profi ssional

Fernandes propõe que gestor use eleição para ser ouvido

Eleitos têm poder desmesurado no Brasil

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ria trabalhar com bons cadastros, e sempre ouvindo a previdência municipal. Como isso não ocorre, acabam sendo feitos concursos públicos sem levar em conta, por exemplo, quantas pessoas da área concernida vão se aposentar. – Também deveria haver maior rigor na pré-admissão – propõe o consultor. – No Brasil, estão entrando no

serviço público pessoas com ida-de média bem elevada, 37 a 38 anos. Isso traz a exigência de um pré-admissional muito bom, para evitar a contratação de pessoas com doenças crônicas ou que vão ter uma vida funcional ativa pre-cária. Nisso, conviria fazer como o Exército: exames de saúde e psi-cotécnico. E não só. Um cadastro qualifi cado do servidor que vai in-gressar na prefeitura precisa con-ter informações sobre seu núcleo familiar e sua passagem por outras atividades profi ssionais.Ele volta à falha de comunicação:– A área de previdência deveria mostrar ao Executivo os impactos fi nanceiros e humanos de determi-nadas opções que podem ter reper-cussões a curto e longo prazo, vinte, trinta, cinqüenta, oitenta anos. Mas ela não consegue se fazer visível. O gestor fi ca, muitas vezes, em papel de subserviência ou de pouca re-levância. E é incrível como o RPPS não fala com os servidores. Nos municípios pequenos, ressalva, a comunicação é mais fácil. Mas, de um modo geral, o país se rege por uma lógica “alarmante”: 38% dos municípios têm regime próprio.

Boa parte, afi rma Fernandes, “teve sua criação baseada na vontade do governante de arbitrar o valor da contri-buição”, que, como se sabe, pode ser bem menor – até o mínimo de 2% – do que os 20% do Regime Geral. O consultor diz que, em face desse comportamento, a legislação endureceu. “E o resultado é que, no país como um todo, 55% dos regimes próprios estão irregu-lares. No estado de São Paulo, são 38% a 40%”.Mas esse estado de coisas não é forçosamente negati-vo, porque “a adesão ao RPPS não só abre, para os que não a têm, a possibilidade de arbitrar sua contribuição patronal, mas também, para todos, a oportunidade de adotar políticas mais avançadas”. – As associações tiveram e têm um papel fundamental

62 Agosto/setembro 2008

apoiaram participar da gestão. Em linguagem menos diplomática, loteia cargos.Algumas vezes, paradoxalmente, a previdência escapa disso por ser percebida como irrelevante, diz o consultor: – Alguns nomeiam corpos técnicos para áreas técnicas porque acham que elas não têm infl u-ência política. Daí, procuram quem seja profi ssionalmente qualifi cado ou tenha experi-ência prévia na área.Nos dois primeiros casos, de indicação por afi nidade ou barganha, os escolhidos cos-tumam ser quadros políticos, geralmente ex-vereadores, “pessoas importantes na polí-tica e na economia mas sem conhecimento ou atuação em previdência”, lamenta Fer-nandes. “E no Brasil não há formação específi ca na área, seja em cursos, grades curri-culares ou ementas. É preciso considerar formados os que já tiveram atuação na área”.

Sem comunicação– Quando a nomeação é re-gida por critérios político-par-tidários, há pessoas ótimas e pessoas com visão puramente política, que exercem os car-gos com o objetivo de se can-didatar em eleições vindouras ou de favorecer seu próprio grupo. Depende-se da sorte para encontrar os efetivamen-te empenhados em enfrentar as questões previdenciárias – diz.O segundo grande embaraço é um problema de comunicação:– A maioria dos gestores não consegue casar um canal que tenha contato direto com o pre-feito e com as demais áreas. No Brasil, a Se-cretaria de Finanças, ou o Tesouro, ou a área de Administração, que pilota a máquina, não ouvem a área de previdência. Essas áreas deve-riam ser muito próximas, devido às externalida-des que uma causa à outra.

Bons cadastrosFernandes afi rma que a Administração deve-

Edevaldo Fernandes é economista, só-

cio-consultor da empresa GlobalPrev e

professor na Universidade São Francis-

co. Foi secretário de Estudos Socioeco-

nômicos do Sindicato dos Bancários de

São Paulo. Exerceu o cargo de superin-

tendente do Iprem entre 2003 e 2005.

É fundador da Escola de Formação Pre-

videnciária. No 42º Congresso da Abi-

pem, deu palestra sobre Tecnologia da

Informação.

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Previdência Nacional 63

Cidades com boa colocação no IRFS/CNM-2006Municipio IRFS

2006Habitantes IBGE 2007

Prefeito Partido Candidato à reeleição

Orindiúva/SP 0,664 4.916 Darlei Queiroz de Oliveira PMDB Sim

Tupandi/RS 0,648 3.604 José Hilario Junges PTB Não

Valentim Gentil/SP 0,648 9.408 Liberato Caldeira PP Não

Boa Vista do Sul/RS 0,637 2.663 Paulo Bagatini PT Não

Anitápolis/SC 0,634 3.175 Saulo Weiss PMDB Sim

Itajobi/SP 0,628 14.182 Cátia Borsio PP Sim

Bady Bassitt/SP 0,626 13.039 Airton Rego PSDB Não

Coimbra/MG 0,626 6.886 Osvaldir Martins PDT Não

Olímpio Noronha/MG 0,625 2.505 Paulo Sergio Barleta PT Sim

Pareci Novo/RS 0,623 3.151 Oregino Francisco PDT Sim

Garça/SP 0,623 42.218 José Alcides Faneco PSDB Não

São Sebastião do Oeste/MG 0,620 5.336 Dorival Faria Barros PMDB Não

Nova Prata/RS 0,619 22.257 Vitor Pletsch PSB Sim

São José do Inhacorá/RS 0,619 2.132 Abílio Graef PMDB Não

São Bento do Sul/SC 0,619 72.548 Fernando Mallon PMDB Sim

Cerquilho/SP 0,619 34.769 Aldomir Sanson PTB Não

Coronel Barros/RS 0,618 2.441 Sênio Kirst PMDB Não

Novo Horizonte/SC 0,617 2.902 Eli Mariott PT Não

Salto Veloso/SC 0,613 4.172 Claudemir Cesca DEM Não

Rancho Queimado/SC 0,612 2.772 Valcir Hugen PMDB Não

Santa Albertina/SP 0,612 5.042 Antonio Pavarini de Matos PMDB Sim

Erebango/RS 0,612 2.881 Valmor Tomelero PMDB Sim

São José do Hortêncio/RS 0,611 3.883 Anibaldo Petry PMDB Não

Garibaldi/RS 0,610 28.791 Antônio Cettolin PMDB Não

Dois Irmãos/RS 0,610 24.815 Renato Dexheimer PMDB Não

São José dos Campos/SP 0,610 594.948 Eduardo Curry PSDB Sim

Sales/SP 0,608 5.025 Genivado de Brito PFL Sim

Dourado/SP 0,607 8.751 Edmur Pereira Buzzá PT Sim

Paty do Alferes/RJ 0,607 25.132 Lúcia Fonseca Batata PMDB Não

Dirce Reis/SP 0,605 1.582 Aleixo Gilberto da Silva PR Sim

TOTAL 955.926

Na tabela estão 30 municípios entre os que ocupam as primeiras posições do Índice de Responsabilidade Fiscal e Social divulgado em julho pela Confederação Nacional de Municípios (dados referentes a 2006). Nesta lista, todos têm RPPS. O IRFS, que vai de zero a 1, é calculado a partir dos índices fi scal – endividamento, sufi ciência de caixa, gasto com pessoal/LRF, superávit primário –, de gestão – custeio da máquina, gasto com legislativo, grau de investimento –, e social – resultados em educação e saúde. Uma visão completa encontra-se em www.cnm.org.br.

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na conquista dessas melhorias, mais ainda há muito a trabalhar – diz Fernandes. – Especifi ca-mente no processo eleitoral, é função altamente relevante dos gestores da previdência criar um processo de transição, desde o momento atual,

Capitais com menos de 700 mil hab.Municipio Habitantes

IBGE 2007RPPS Prefeito Partido Candidato à

reeleição

João Pessoa/PB 674.762 Sim Ricardo Coutinho PSB Sim

Cuiabá/MT 526.830 Sim Wilson Santos PSDB Sim

Aracaju/SE 520.303 Sim Edvaldo Nogueira PC do B Sim

Florianópolis/SC 396.723 Sim Dário Berger PMDB Sim

Porto Velho/RO 369.345 Sim Roberto Sobrinho PT Sim

Macapá/AP 344.153 Sim João Pimentel PR Não

Vitória/ES 314.042 Sim João Coser PT Sim

Rio Branco/AC 290.639 Não Angelim PT Sim

Boa Vista/RR 249.853 Sim Iradilson Sampaio PPS Sim

Palmas/TO 178.386 Sim Raul Filho PT Sim

TOTAL 9.202.200

Cidades com 700 mil hab. ou maisMunicípio Habitantes

IBGE 2007RPPS Prefeito Partido Candidato à

reeleição

São Paulo/SP 10.886.518 Sim Gilberto Kassab DEM Sim

Rio de Janeiro/RJ 6.093.472 Sim César Maia DEM Não

Salvador/BA 2.892.625 Sim João Henrique PMDB Sim

Fortaleza/CE 2.431.415 Sim Luzianne Lins PT Sim

Belo Horizonte/MG 2.412.937 Sim Fernando Pimentel PT Não

Curitiba/PR 1.797.408 Sim Beto Richa PSDB Sim

Manaus/AM 1.646.602 Sim Serafi m Côrrea PSB Sim

Recife/PE 1.533.580 Sim João Paulo PT Não

Porto Alegre/RS 1.420.667 Sim José Fogaça PMDB Sim

Belém/PA 1.408.847 Sim Duciomar Costa PTB Sim

Goiânia/GO 1.244.645 Sim Iris Resende PMDB Sim

Guarulhos/SP 1.236.192 Sim Elói Pietá PT Não

Campinas/SP 1.039.297 Sim Hélio de Oliveira Santos PDT Sim

São Gonçalo/RJ 960.631 Sim M. Aparecida Panisset PDT Sim

São Luís/MA 957.515 Sim Tadeu Palácio PDT Não

Maceió/AL 896.965 Sim Cícero Almeida PP Sim

Duque de Caxias/RJ 842.686 Sim Washington Reis PMDB Sim

Nova Iguaçu/RJ 830.672 Sim Lindberg Farias PT Sim

São Bernardo do Campo/SP 781.390 Sim William Dib PSB Não

Teresina/PI 779.939 Sim Silvio Mendes PSDB Sim

Natal/RN 774.230 Sim Carlos Eduardo PSB Não

Campo Grande/MS 724.524 Sim Nelsinho Trad PMDB Sim

Osasco/SP 701.012 Sim Emidio de Sousa PT Sim

TOTAL 44.293.769

em que começa a campanha, até a posse do novo gover-nante (ver Roteiro para uma transição organizada). Ide-al seria que o gestor da previdência permanecesse pelo menos até o primeiro dia do novo governo, ou pudesse estabelecer uma linha de comunicação para ajustes.

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Edevaldo Fernandes relata que a transição do governo de Marta Suplicy – quando era o superintendente do Iprem – para o de José Serra enfrentou alguns desafi os, “porque o governo Serra teve difi culdade para nomear as pessoas que fariam a transição”.Ele conta que, após as eleições, procurou a campanha de Serra. Foi recebido por Aloysio Nunes Ferreira – depois secretário do governo municipal, hoje chefe da Casa Civil estadual –, que lhe pediu para fi car no cargo e manter-se em contato, enquanto a nova equipe era escolhida. – A inspiração para essa transição foi a boa transição feita em 2002 entre o governo de Fernando Henrique e o de Lula – diz Fernandes. – Só em janeiro de 2005 o governo Serra fez uma escolha. Enquanto isso, montei ao lado da sala da Superintendência uma sala de situa-ção com todos os dados disponíveis. O consultor diz que a troca de informações foi útil:

– O governo Serra tinha determinado que, de imediato, se realizasse um recadastramento. Parecia ótimo, mas mostrei que seria inócuo. Evitou-se assim um gasto desnecessário. Ao mesmo tempo, discuti e negociei com o secretário de Finanças o pagamento de repasses, de modo a poder garantir a manutenção do CRP (Cer-tifi cado de Regularidade Previdenciária). Isso tornou possível um início de nova gestão com maior qualida-de. Ainda fi quei à frente do Iprem durante algum tempo, em 2005, e continuo como consultor.

Roteiro para transição organizada

De Marta para Serra

Edevaldo Fernandes sugere passos para uma boa transição.Criar um instrumento gerencial que mostre os gran-1. des números da previdência do município. Isso permitirá aos candidatos ter uma visão geral da situação da instituição: número de aposentados e pensionistas, distribuição por sexo, renda e tempo de aposentadoria; quantos passaram à inatividade no último ano e nos últimos três anos. Indicar o cus-to desses benefícios. Apresentar os valores envolvi-dos na gestão da instituição, se há défi cit ou supe-rávit, de acordo com a avaliação mais recente. Descrever a situação atual da entidade em face 2. de suas obrigações: demonstrativos ou relató-rios mais recentes, informações contidas no site do Ministério da Previdência ou no site do Tribu-nal de Contas do estado. Fornecer dados relativos à legislação previdenciária em vigor no município.Trata-se de montar uma pasta acessível a qual-quer pessoa, de qualquer partido, interessada no assunto. Possibilita, no mínimo, ter uma visão das situações vividas, e abre a perspectiva de formular políticas.Após as eleições, levar esses dados ao partido ven-3. cedor, para iniciar a transição. Se se tratar do parti-do hoje ocupante do poder, realiza-se uma discus-são interna, é mais fácil. Se se tratar de outro grupo,

com pessoas que não são conhecidas ou com as quais não se tem interlocução política e adminis-trativa, é mais difícil dialogar, mas talvez ainda mais necessário, tendo em vista o interesse da entidade.Criar uma sala de situação onde o prefeito eleito 4. e o escolhido por ele para assumir a previdência municipal possam tomar conhecimento não só dos grandes números, mas de detalhes específi cos, disponham de um estudo atuarial demonstrativo da evolução histórica e da evolução da folha, mês a mês, nos últimos quatro anos. Estimular que os futuros administradores entrem em contato com to-das as áreas do instituto.

Se, na ausência de diálogo e dados transparentes, a nova administração costuma levar seis meses para tomar pé na situação, Fernandes estima que, com uma transição organizada, esse prazo pode cair para um mês, evitando descontinuidades.O consultor recomenda também que cada gestor cuide de preservar a história e a cultura da instituição, assim como a memória do que foi feito. “Cópias ou arrazoados para que os gestores vindouros possam acompanhar os principais contratos, a história dos dispêndios, as taxas de administração pagas. Uma visão completa dos atos que realizou ao longo de seu período, até para deixar claro o que foi ou não de sua responsabilidade”, sugere.

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Entrevista Baldur Schubert

Representante da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social diz por que entrada da Abipem

na entidade é importante e avalia proteção ao trabalhador no Brasil

Abipem na OISS

Na abertura do 42º Congresso da As-sociação Brasileira de Instituições de Previdência Estaduais e Municipais,

Abipem (ver ...., página 10), o representante no Brasil da Organização Ibero-Americana de Seguridade Social, Baldur Schubert, anunciou a entrada da entidade na OISS. Nesta entrevis-ta, dada pouco depois, ele fala das ações da OISS – organização que reúne instituições da Europa, das Américas e da África que usam os idiomas espanhol e português – para facilitar o intercâmbio de benefícios de trabalhadores que se deslocam entre países do Mercosul, de tal modo que cada país pague o benefício rela-tivo ao tempo trabalhado nele. Schubert é gaúcho de Estância Velha, médico, veterano do serviço público brasileiro. Presidiu o então INPS por quatro anos, no início da dé-cada de 80, e desempenhou outras funções re-

levantes. Ele faz um balanço dos avanços e difi culdades do Brasil no campo da proteção do trabalhador.Previdência Nacional – Por que é importante a Abi-pem integrar a OISS?Baldur Schubert – A organização é uma entidade in-ternacional, sediada em Madri. Ela tem como fi nalidade apoiar 180 instituições de 22 países no campo da seguri-dade social, que abrange previdência, saúde e assistência social. A organização, através de seu quadro técnico, apóia os países e instituições em termos de assessoria e consul-toria. Além disso, tem um programa muito interessante de capacitação para dirigentes, tanto na área de seguridade social como nas de riscos no trabalho, gestão de saúde, gestão de serviços sociais e planos de fundos de pensão.Essa capacitação se dá à distância, durante cinco me-ses, sendo o sexto mês presencial. E dá direito a um mestrado executivo bastante disputado. Também te-mos cursos feitos totalmente à distancia, diferentes do mestrado.

Baldur Schubert (esquerda), João Carlos Figueiredo e Carlos Gabas

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Previdência Nacional – Que atividade a OISS desen-volve em relação ao Brasil?Baldur Schubert – A instituição ultimamente tem dado uma atenção especial ao Mercosul. Estou vindo de uma reunião em Buenos Aires cujo tema foi o trabalhador imi-grante. No início dos anos 90, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai estimularam uma ação no sentido de possi-bilitar ao trabalhador imigrante somar na sua aposen-tadoria o tempo de serviço em seu país de origem. Em 1997 deu-se origem ao Convênio de Seguridade Social do Mercosul, que terminou de ser ratifi cado em 2005. A OISS resolveu fazer com que essa possibilidade ofe-recida ao trabalhador pudesse ser alcançada não da forma tradicional – com o encaminhamento de corres-pondências para validar o período trabalhado no outro país, coisa que a gente sabe que leva anos –, mas me-diante um sistema informatizado que desenvolvemos com os quatro países.Com isso, o trabalhador brasileiro que aqui trabalhou durante dez anos, mais dez anos na Argentina, mais dez anos no Paraguai e cinco no Uruguai, por hipótese, soma 35 anos e esse período é concedido de acordo com a legislação de cada país. O valor a ser pago é re-partido e proporcional ao tempo de trabalho em cada país. Ele recebe o benefi cio proporcional a dez trinta e cinco avos no Brasil, outro tanto no Uruguai e na Argen-tina e cinco trinta e cinco avos no Uruguai. Esse é um sistema muito interessante.

Previdência Nacional – Os fl uxos internacionais no Mercosul são importantes?Baldur Schubert – São muito importantes, dada a glo-balização. A internacionalização da economia fez com que os países passassem a não só exportar e importar mão-de-obra, mas possibilitou às empresas encaminharem seus trabalhadores a outros países. Além da necessidade do próprio trabalhador de buscar novos horizontes.

Previdência Nacional – O senhor tem dados a respeito?Baldur Schubert – Não. O Ministério da Previdência Social tem dados sobre os brasileiros que trabalham fora e sobre estrangeiros que trabalham aqui vindos de países com os quais o Brasil tem acordo bilateral, como

Espanha, países do Cone Sul – os quatro que integram o Mercosul e o Chile –, México, Por-tugal e Grécia.

Previdência Nacional – Tendo em vista sua am-pla e longa experiência (ver “A primeira vacina-ção contra a poliomielite”), qual é seu balanço sobre a situação do trabalhador brasileiro? Baldur Schubert – Nesses últimos 40 anos é óbvio que há uma evolução positiva. Mas no caso dos acidentes de trabalho, para dar um exemplo, ainda convivemos com cerca de 2 mil óbitos devidos a causas que poderiam ser re-duzidas. Isso signifi ca que precisamos fazer um esforço grande para a promoção de condições saudáveis de trabalho, e também um esforço de prevenção.Nesses 40 anos, em função do esforço da so-ciedade como um todo – entenda-se governo, instituições, empresas, sindicatos, e não seria possível dizer quanto cada setor contribuiu –, os resultados são melhores do que no passa-do. Hoje há um nível melhor de informação, de conscientização.

Previdência Nacional – Não adiantaria, por exemplo, colocar em ação um batalhão de fi s-cais...Baldur Schubert – Em primeiro lugar, porque o número de empresas brasileiras está na or-dem dos 10 milhões, incluídas as nano, micro e pequenas empresas. Meta-de dos trabalhadores – es-tou falando só dos formali-zados – fazem parte de 30 mil ou 40 mil grandes em-presas, que correspondem a bem menos de 1% do número total de empresas. Por mais que houvesse fi s-cais, isso não resolveria.

Sistema informatizado permite contagem imediata do tempo de trabalho do trabalhador imigrante do

Mercosul

Em 40 anos, Brasil teve evolução positiva, mas ainda convive com 2

mil mortes por ano em acidentes de trabalho

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Previdência Nacional – Como agir, diante desse quadro?Baldur Schubert – O que é necessário é muito mais uma ação de conscientização nos locais de trabalho.Quando se chega a uma pequena empresa, onde ocorre o maior número de acidentes, cons-tata-se que aí há mais difi culdades. São cinco, oito trabalhadores, e não se consegue distinguir

à primeira vista quem é o patrão e quem são os empregados. Todos são iguais. E na conver-sa com o traba-lhador-patrão, quando se inda-ga sobre aciden-tes de trabalho, ele dirá: Sim, tivemos três aci-dentes no ano passado. Onde? Ele responderá: Naquela máqui-na. E o que foi feito? Nada. Há uma repetição.Esse microem-presário é um indivíduo que sabe fazer algu-ma coisa muito bem, mas não tem noção dos problemas relativos à saúde e à segurança do seu trabalhador e dele próprio. É importante que ele seja orientado, apoiado. O grande pa-pel que podemos ter é trabalhar para mudar esse comportamento.

Previdência Nacional – Quantos acidentes de trabalho são registrados no Brasil?Baldur Schubert – No caso dos trabalhadores formais, são mais de 500 mil por ano. Quer di-zer, os que são informados. Grande parte dos que provocam paralisação do trabalhador por

menos de 15 dias não são informados. São informados os que geram como conseqüência um período de afas-tamento de mais de 15 dias: o empregado é levado ao INSS para que possa receber o benefício. Felizmente, grande parte dos acidentes têm uma repercussão abai-xo de 15 dias.

Previdência Nacional – Como avaliar os acidentes segundo sua gravidade?Baldur Schubert – Sempre falando dos empregados formais, grande parte dos acidentes são de pequena monta, podem ser prevenidos por medidas extrema-mente simples, sem grande custo. Basicamente, cons-cientizar. Muitas vezes, no ambiente de trabalho, o as-pecto limpeza favorece muito e evita talvez os acidentes de pequena monta. A experiência mundial mostra que muitos acidentes são antecedidos por incidentes. A re-petição dos incidentes leva aos acidentes.

Previdência Nacional – Na comparação com outros países, como está o Brasil?Baldur Schubert – Nosso número absoluto de óbitos

ainda é elevado. Se fi zer-mos um coefi ciente em função do número de trabalhadores, ele tem diminuído ao longo das últimas quatro décadas. Mas ainda estamos mui-to distantes da Alema-nha, da Inglaterra, dos Estados Unidos, da Aus-trália.

Previdência Nacional – O país evoluiu rapida-mente ou partiu de um ponto muito atrasado?Baldur Schubert – Co-meçamos de um ponto

mais atrasado. Mas nossa evolução, em alguns aspec-tos, chama a atenção pela velocidade. A mortalidade in-fantil caiu, a expectativa de vida aumentou, em termos médios. Em alguns estados, como o Rio Grande do Sul, por exemplo, temos mortalidade infantil muito baixa, mas em outros ela está muito acima da média nacio-nal. Quando se trabalha com médias, o Brasil melhorou, mas ainda temos muitas disparidades regionais. Não só nesses indicadores. Outros indicadores sociais – renda, educação – mostram isso.

Previdência Nacional – E se cruzamos mortalidade infantil com classe de renda e nível educacional?

Índices de saúde refl etem desigualdade

regional e social que é a marca do país desde os

primórdios

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funcional permanente, preenchido preferencial-mente por concurso, e onde ao longo do tempo se investe em capacitação, respondem melhor às demandas e necessidades da sociedade. Temos que ter cuidado com comparações – Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso –, mas na administração da França o que muda, após as eleições, são os cargos muito elevados, ministros de Estado, vice-ministros, secretários nacionais. Os demais são profi ssionais que têm uma formação específi ca na Escola Nacional de Administração. O que muda é o lençol. O col-chão se mantém.As políticas públicas são determinadas pelo poder eleito pela população. Cabe a ele defi -nir, em nome da população, as grandes diretri-zes. Mas a implementação dessas ações para atender as necessidades básicas é desenvolvi-da por profi ssionais comprometidos. É muito importante garantir a estabilidade do servi-ço público. Signifi ca a melhora da atenção à população, que é quem paga e é merecedora desse serviço.

Baldur Schubert – Numa cidade como São Paulo, por exemplo, há diferenças muito grandes por região, por classe de renda. São características que mostram os as-pectos de desigualdade de uma sociedade que, desde os primórdios, se caracterizou pela desigualdade. É pre-ciso um esforço para dar melhores condições a todos.

Previdência Nacional – O senhor diria que existem segmentos de qualidade no serviço público brasilei-ro, menos sujeitos a convicções políticas, interesses partidários ou mesmo pessoais?Baldur Schubert – As instituições que têm um quadro

A primeira vacinaçãocontra a poliomielite

Baldur Schubert é médico especializado em Saúde Pública. Come-çou trabalhando como médico comunitário na cidade de Estância Velha, Rio Grande do Sul, onde desenvolveu, na década de 70, um programa de vacinação infantil contra a poliomielite que foi o pri-meiro do país. Integrou depois a Secretaria de Saúde de seu estado, na área de Planejamento.Em 1979, assumiu a função de secretário de Planejamento do en-tão INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) e, no mesmo ano, tornou-se presidente do Instituto, cargo em que permaneceu durante quatro anos. Retornou ao Rio Grande do Sul como superintendente do Inamps, sucessor do INPS e antecessor do INSS, e passou mais tarde a tra-balhar na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, onde intro-duziu programas de qualidade.Em 1990, assumiu no Ministério da Saúde a Secretaria de Vigilân-cia Sanitária e foi presidente da Comissão Nacional de Prevenção do Cólera. Foi em seguida presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Em 1994, gerenciou no Ministério da Educação o Programa de Educação Preventiva Integral para Crianças e Adolescentes. Voltou ao INSS em 1996, como coordenador de Serviços Previdenciários. Desde 2002, representa a OISS no Brasil. Nesse período, foi contra-tado também por organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) para desenvolver programas de previdên-cia e saúde em seis países.

Instituições brasileiras na OISS

Membros de Pleno DireitoAssociação Brasileira de Instituições • de Previdência e Assistência Estadu-ais e Municipais – Abipem.Associação Gaúcha de Instituições • de Previdência Pública – Agip.Caixa de Assistência dos Advogados • do Estado de Santa Catarina .Empresa de Tecnologia e Informa-• ções da Previdência Social – Data-prev.Instituto Nacional do Seguro Social • – INSS.Ministério da Previdência Social. • Serviço Social da Indústria – Sesi.•

Membros associadosCentro Interdisciplinar de Assistên-• cia e Pesquisa em Envelhecimento – Ciape. Fundação de Assistência e Previdên-• cia Social do BNDES – Fapes.Fundação dos Economiários Fede-• rais – Funcef.Fundação Petrobras de Seguridade • Social – Petros.

Melhores áreas do serviço público têm quadro funcional

permanente, preenchido por concurso e alvo de

capacitação

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Ex-ministro da Previdência Waldeck Ornélas diz quemelhoria do atendimento dado aos segurados nas

agências do INSS foi interrompida

Sem continuidade

O ex-ministro da Previdência Social Waldeck Ornélas (go-verno FHC, 1998-2001) afi rma que em sua gestão foi iniciado um processo de modernização da previdência

brasileira, coincidente com o início de uma reforma previdenciá-ria ainda incompleta, e que a melhoria do atendimento nas agên-cias é um processo interrompido. – A reforma começou com a Emenda Constitucional número 20, de 1998, e continuou com a EC 41, de 2003, mas essa última pre-via uma regulamentação do Fundo Complementar dos Servidores Públicos que ainda não foi aprovada. Para haver um processo de modernização, é necessária uma política constante, impossível com a alta rotatividade dos ministros (nove desde 2001). Eu não imagina um retrocesso tão grande. Caminhávamos para o fi m das fi las, e hoje elas foram transferidas para o telefone. Hoje se põem

portas rotatórias e seguranças nas portas das agências: uma maneira de encobrir a inefi ciência é combater a reação

dos segurados – critica ele, que faz questão de elogiar o atual ocupante da pasta, José Pimentel:– Entendo que o novo ministro conhece o setor, é estudioso, tem experiência e capacidade para fazer uma boa gestão.Ornélas foi duas vezes secretário de Planejamento, Ciência e Tecnologia da Bahia, duas vezes deputa-do federal e senador pelo antigo PFL. Encerrou seu mandato em 2003 e se afastou da política. Hoje, é diretor geral do Instituto de Educação e Tecnolo-gias, Inet, instituição de ensino superior localizada em Salvador que, faz questão de esclarecer, “não é fi lantrópica”.

Entrevista Waldeck Ornélas

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Previdência Nacional 71

Ele se detém na narrativa do processo de modernização que iniciou dez anos atrás.– A Previdência é o órgão público de maior capilaridade, com maior presença física nos municípios, e precisa ter uma rede compatível com essa característica. Em abril de 1998, defl agrei um processo de modernização afi nado com a mudança de conceito da Previdência – conta –, cuja vinculação histórica com a saúde havia sido superada. É preciso lembrar que na época ainda se falava em “pos-tos” do INSS. Mas previdência é seguro e o bentchmark, a referência, tem que ser o sistema fi nanceiro. Daí termos passado para a denominação de “agências”.Saíram do âmbito do INSS as atribuições de procuradoria e fi scalização. A instituição passou a ser, segundo Ornélas, uma “casa de reconhecimento de direitos”. Não fi scaliza, nem age judicialmente. Opera por meio de unidades de prestação de serviços.– Em três anos no Ministério, modernizamos um terço da

rede – orgulha-se. Promovemos avanços em infor-matização. Como só havia agências em cerca de mil municípios, num universo de mais de 5.500, cria-mos o PrevMóvel, para chegar, com veículos ou bar-cos, no caso da Amazônia, a cidades sem agências. Atendiam moradores de áreas rurais, distantes das localidades onde havia agências.Hoje, segundo Ornélas, a tecnologia agora ofere-ce soluções mais modernas (ainda assim, o INSS mantém os serviços do PrevMóvel e do PrevBarco). Ele menciona também a criação do PrevFone (hoje substituído pelo número 135, usado para agenda-mento de consultas nas agências). “No limite, nossa ambição era atender por telefone e pela internet, mas boa parte da população não tinha acesso a es-ses meios de comunicação”, lamenta.Outra vertente das preocupações de Ornélas foi o combate à histórica burocratização da previdência. “Tratamos de informatizar, para reduzir a inoperân-cia e a burocracia, que é irmã da corrupção”.Mas, diz o ex-ministro, “uma transformação des-se porte só se faz com um projeto de longo prazo. Deixamos pronto, em fevereiro de 2001, um Plano Diretor. Mas, com uma média de um ministro por ano, não há programa de modernização que resista. É preciso buscar uma permanência mais longa dos titulares e criar mecanismos que assegurem a conti-

Desde 2001...

Previdência é o órgão público de maior

capilaridade no país e precisa ter rede compatível

com essa característica

É preciso buscar permanência mais

longa de ministros e mecanismos que

assegurem continuidade do serviço público

Agência tranqüila em Brasília

Segurada reclama do atendimento

Waldeck Ornélas Roberto Brant José Cechin

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– Há um dispositivo constitucional em que esse pessoal se apóia – explica. – Mas isso precisa acabar no país. Quando ministro, lutei muito, consegui cancelar vários casos escabro-sos. Mas como o certifi cado vale por três anos, os benefi ciá-rios conseguem liminares contra o cancelamento e continu-am sem recolher à Previdência. Felizmente, hoje, mudanças na área de educação fi zeram empresários ver que não é bom negócio para eles. Não faz sentido que grandes universida-des, assim como grandes hospitais, usem esses dispositivos. Aqui no Inet não usamos.Segundo o ex-ministro, os defensores da isenção para en-tidades fi lantrópicas “usavam abrigos de idosos e creches em pequenas cidades como biombos, mas o fato é que poucas dezenas de grandes instituições são responsáveis por 70% do subsídio. É uma extravagância feita à conta da previdência social”.

Fundo do Regime Geraldeveria ser autônomo

Ele concorda com a idéia, apresentada pelo secretário-exe-cutivo do Ministério, Carlos Gabas (ver “A cada um o seu”, Previdência Nacional número 2), de que os ministérios das áreas às quais são concedidas isenções, como Educação, Saúde e Desenvolvimento Social, fi quem responsáveis pela reposição das renúncias, “se o Tesouro Nacional aceitar...”Para Ornélas, o Fundo do Regime Geral, instituído pela Lei de Responsabilidade Fiscal, “deveria ser transformado em ente autônomo, descentralizado, com controle social absoluto”.– A fórmula que defendi na época foi a da constituição de um Conselho quadripartite, com representantes do governo, de empregadores, de empregados e de aposentados, com total transparência, enquanto a política previdenciária conti-nuaria a ser tocada por uma secretaria do Ministério.

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... mais de um ministro por ano

Protesto contra a reforma, em 2007

nuidade do serviço público. Sem isso, a casa vai per-dendo as diretrizes, o rumo, e cresce a inefi ciência”.Daí, aponta, o recuo de uma política que deveria ser de portas abertas para as portas fechadas e guar-dadas por seguranças. “Essa política restritiva ao acesso do segurado tem um custo em investimento e operacional que não se justifi ca”, aponta.O ex-ministro afi rma que contar com o crescimento e o conseqüente aumento de receita da Previdên-cia para enfrentar o défi cit é “conta de padaria”. – O défi cit tem que ser encarado numa perspectiva de longo prazo, intergeracional, em moldes atuariais. Qualquer coisa fora disso é ilusionismo – sentencia.Ornélas diz que foi o ministro que mais lutou con-tra a “pilantropia”, a concessão de subsídios em nome da fi lantropia.

Défi cit tem que ser visto no longo prazo. Contar com

crescimento da economia é fazer conta de padaria

“Pilantropia” usa abrigos de idosos e creches em pequenas

cidades como biombo para privilégios inaceitáveis

Ricardo Berzoini Amir Lando Romero Jucá Nelson Machado Luiz Marinho José Pimentel

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Edson JacintoDiretor Geral Agenda Acessoria

Publieditorial

Parceria de sucessoAtuando ao lado dos RPPS, a Agenda Assessoriadesempenha papel fundamental de auxílio

A organização de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) nas esferas de governo estadual e municipal, consubstanciada não só em normas legais e técnicas, como também no equilíbrio atuarial e fi nanceiro, tem sido o grande desafi o proposto aos gestores públicos brasileiros no curto, médio e longo prazo.A Agenda Assessoria sente-se realizada em contribuir com os gestores públicos de RPPS, constituindo-se na empresa de maior experiência e atendimento ao segmento de Regimes Próprios através de seus produtos e serviços, que hoje atingem mais de 150 entes federativos em todas as regiões do País, estando entre seus clientes os Estados: do Amapá, do Amazonas, de Mato Grosso, de Minas Gerais, do Rio Grande do Norte, de Roraima, e do Sergipe; assim como as capitais: Belém, Cuiabá, Manaus, Macapá e São Luiz.Hoje, a Agenda Assessoria, em consórcio com a Ábaco Tecnologia de Informação Ltda., tem mais de 25 contratos de solução tecnológica previdenciária, assinados em parceria com a Abipem – Associação Brasileira de Instituições de Previdência Estaduais e Municipais (incluindo 6 estados e algumas capitais), através do processo de doação de licença de uso permanente do software de gestão previdenciária.Com recursos tecnológicos (SISPREV 7, SISPREV WEB, SISPREV CORPORATE E SISPREV ON DEMAND) e serviços de assessoria: PREVIDENCIÁRIA, JURÍDICA, ECONÔMICA e ATUARIAL, que seguem as normas e diretrizes do Ministério da Previdência Social, seguimos oferecendo suporte aos gestores com ferramentas modernas e adequadas; e temos a honra de sermos pioneiros na disponibilização de solução tecnológica para a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição do regime próprio, cujos procedimentos foram recentemente disciplinados pelo Ministério (PORTARIA 154/2008), no intuito de uniformizar as certidões.QUALIDADE é a palavra de ordem na elaboração dos serviços e produtos fornecidos pela Agenda Assessoria, à disposição dos gestores públicos, como ferramenta auxiliar à boa gestão dos RPPS’s.

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O funcionário público em condições normais que deseja usufruir da

aposentadoria antes dos 50 anos de idade precisa cumprir alguns requisitos básicos: ou pertencer a uma categoria de

regime especial, ou recolher para a Previdência muito cedo e ininterruptamente, ou, ainda, optar por ganhar menos requerendo a proporcional. Quatro aposentados relatam como fi caram suas vidas após terem deixado a ativa precocemente.O advogado Altevir Cunha é um exemplo pouco comum de profi ssional do sexo masculino que conseguiu se apo-

Gente Aposentados precoces

Quando o fi m da carreira no serviço público é início de outras atividades e permite vida tranqüila por muitos anos

Sem susto

Virginia Finzetto

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Previdência Nacional 75

Formado em direito, Altevir continuou no cartório de

registro civil onde começou aos 12 anos de idade

sentar antes do 50 anos, após completar o tempo inte-gral necessário de contribuição previdenciária. Nascido em Atibaia, cidade do interior paulista onde sempre morou, Altevir vem de uma família humilde e co-meçou a trabalhar desde muito cedo. Aos 10 anos de idade já era ajudante em uma tinturaria perto de sua casa e, depois, offi ce-boy em um escritório de despa-chante. Em 1961, com apenas 12 anos, iniciou o que viria a ser sua carreira por vocação: foi trabalhar no Car-tório de Registro Civil.Primeiramente, exerceu a função de auxiliar de cartório. Com 13 anos, aprovado no teste de datilografi a, conseguiu a vaga no 1º Tabelionato de Atibaia. Quando completou 18 anos, foi nomeado escrevente habilitado e, seis meses depois, escrevente autorizado, cargo no qual permaneceu até se aposentar, após 35 anos de carreira trabalhando sempre no mesmo lugar. Durante esse tempo, sua rotina era lavrar escrituras e atender ao público em geral, “mas um trabalho que nunca foi monótono”, diz ele. Mesmo depois que se formou em direito pela Universida-de São Francisco, em Bragança Paulista, no ano de 1977, Altevir não quis deixar o emprego no Tabelionato.– Era minha segurança fi nanceira e o sustento da mi-nha família. Eu nunca fi quei rico, mas ganhava mais do que um gerente de banco. Casei-me muito jovem e com 23 anos já tinha meus dois fi lhos: Alexandre Rodrigues Cunha, hoje com 38 anos, que também é formado em Direito e herdou a minha cadeira no Tabelionato, no mes-

mo cargo que eu ocupei até me aposentar, e Eduar-do Rodrigues Cunha, 36, que é piloto de avião

e mora no exterior – relata o advogado.

Fotos: Reprodução

No Tabelionato, todos os escreventes eram co-missionados e ganhavam por produção, o que correspondia a 40% do líquido do ato pra-ticado na lavratura de escrituras. “De 1963 a 1995, essa foi minha atividade, sem interrup-ção. Como não tirei todas as licenças prêmio às quais eu teria direito, esse tempo reverteu nos três anos que foram somados para cálculo do tempo de contribuição para a aposentadoria”, explica Altevir. No total foram 35 anos de contribuição previ-denciária. Com 46 anos, ele já estava aposen-tado pelo Ipesp – Instituto de Previdência do Estado de São Paulo –, recebendo o valor de 10 salários mínimos. Além da aposentadoria, que vem sendo reajustada regularmente de acordo com a lei, Altevir tem direito ao Hospital do Ser-vidor Público, de São Paulo. Como advogado, paga o convênio médico da OAB e ainda um convênio particular que dá direito ao Hospital Novo Atibaia, na cidade onde vive.A aposentadoria precoce foi apenas conseqü-ência natural de quem começou a trabalhar excepcionalmente cedo, mas Altevir reconhece que isso lhe trouxe a chance de investir em ou-tra carreira. Há 13 anos trabalha como advo-gado associado da Contesini, Ottoni e Advoga-dos Associados, que reúne vários profi ssionais especializados por área. Altevir assessora em questões imobiliárias. Segundo ele, o que ganha nessa profi ssão, mais o valor da aposentadoria,

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ela optou por continuar trabalhando e se aperfeiçoando pessoal e profi ssionalmente. Formada pelo Colégio Piracicabano, da cidade de Pira-cicaba, no interior paulista, Hebe logo ingressou na car-reira pública, a convite da Prefeitura de São Paulo, como professora fundadora do ensino municipal, em 1956. – Cada candidato deveria arregimentar 40 alunos e con-seguir um lugar para ensinar – conta. – Eu fi quei com a 6ª escola, que era apenas uma classe, dando aula em um espaço cedido pela Igreja Metodista, no bairro do Brás. Um ano e meio depois, fomos agrupados no bairro do Canindé, na Escola Municipal Infante Dom Henrique, que existe até hoje, na qual fi z toda a minha carreira como professora.Na opinião de Hebe, a educação municipal, desde sua implantação e ao longo de 30 anos, ofereceu oportu-nidades de desenvolvimento pessoal e profi ssional sem precedentes na história do ensino, para quem, a exem-plo dela, quis abraçar a carreira de professor. “A Prefei-tura oferecia cursos de aperfeiçoamento que hoje não são encontrados nem em faculdades de Educação”, diz a consultora. De alfabetizadora, ela foi crescendo como educadora à medida que o ensino foi se estruturando na

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garantem uma vida honrada à família, aos fi lhos e à sua segunda esposa, Evelyn Laís Marino, 59, com quem mora há 20 anos. Há 48 anos trabalhando sem parar “por opção”, o advogado afi rma que nunca tirou férias de 30 dias seguidos. “É como um passarinho criado em cativeiro, eu não sei fi car sem trabalhar”. Ao longo da carreira, conseguiu investir em alguns

imóveis que completam seus rendimentos. Mas mesmo assim prefere não parar, pois acredita que “cabeça vazia é ofi cina do diabo”.Para Hebe Costa Genik, 72 anos, hoje consul-tora de projetos educacionais, a aposentadoria aos 48, pela Secretaria Municipal de Ensino de São Paulo, deu início ao período mais produti-vo e feliz de sua vida. Com recursos fi nanceiros sufi cientes oriundos do mesmo salário da ativa,

Como “passarinho criado em cativeiro”, não fi ca mais sem trabalhar.Quer ter a cabeça sempre ocupada

Hebe foi convidada em 1956 a ser professora fundadora do ensino municipal de São Paulo

Hebe hoje

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cidade de São Paulo, obtendo todas as habilitações ne-cessárias para exercer a função escolar: administração, licenciatura, supervisão e inspeção.Em 1973, após se formar em Pedagogia pela Faculdade Oswaldo Cruz, de São Paulo, Hebe foi aprovada em concurso público oferecido pela Prefeitura e assumiu como efetiva o cargo de diretora de escola que já ocupava por nomeação.Seu currículo mostra uma vasta experiência em várias áreas e funções que ocupou ao longo de sua carrei-ra. Convidada pela Prefeitura da capital, em 1970, foi responsável pela formação do primeiro grupo de assis-tentes pedagógicos e, posteriormente, ingressando na Superintendência Municipal de Educação, fez parte do grupo de implantação e supervisão do Planedi, Plano de Educação Infantil da PMSP, de ensino pré-primário, im-plantado em 1975.

Em 1982, idealizou e coordenou o convênio entre a Se-cretaria Municipal e as entidades de direito privado Sesi e Senac, para cursos profi ssionalizantes. – Foi uma verdadeira bênção. O Sesi e o Senac ofere-ciam professores e treinadores aos pais de alunos das escolas municipais interessados em se formar como pa-deiro, costureira, eletricista e outros cursos, e nós fazía-mos a supervisão – explica Hebe.Durante 10 anos, ela trabalhou dando aula em escolas municipais e, depois, foi alocada no Gabinete da Supe-rintendência, ocupando cargos de assistente pedagógi-ca e de diretora de escola, com o qual se aposentou em 1983, perfazendo um total de 28 anos de contri-buição previdenciária. Poderia ter se aposentado antes, mas preferiu tirar os três anos de licença, aos quais teve direito, para criar cada um de seus três fi lhos com tran-qüilidade. “Eu adorava minha carreira, mas também era esposa e mãe. Consegui fazer tudo sempre colocando minha alma e com muita dedicação”. Após a aposentadoria, recebendo o mesmo salário da ativa e com seus fi lhos já adultos e criados, ela passou a ter uma vida mais independente e totalmente dedicada aos estudos e à carreira de educadora, que nunca quis abandonar.Em 1983, foi convidada para assumir a diretoria da área de Humanas da Faculdade Metodista de Ensino Supe-rior, em Rudge Ramos, São Paulo, como coordenadora

Sesc e Senai ofereciam, em parceria com o governo

paulistano,cursos profi ssionais para pais de alunos

Terceira geraçãode uma família

de pastores metodistas vinda de Portugal

pedagógica. “Sou da terceira geração de uma família de pastores metodistas, vinda de Por-tugal. Meu avô foi o primeiro teólogo do Brasil formado em Teologia e meu pai seguiu também seus passos, como pastor.” Durante esse perí-odo Hebe teve a oportunidade de fazer vários cursos livres oferecidos pela própria faculdade e se aperfeiçoou no curso de pós-graduação em Ciência da Religião. Pela World Council of Churches – WCC –, da Suíça, Hebe obteve uma bolsa de estudos para fazer seu mestrado em Educação na St. Fran-cis Xavier University, em Halifax, no Canadá, em 1989, onde morou por um ano. De volta ao Bra-sil, foi professora do curso de pós-graduação em Recursos Humanos até 1990 na Universidade

Mackenzie, em São Paulo. Essa foi sua última experiência como professora. A partir de então, preferiu seguir trabalhando como consultora de projetos educacionais, a convite de institui-ções e grupos de educação de várias cidades de São Paulo. Somando o que recebe por essa atividade autônoma à aposentadoria, Hebe afi r-ma que, apesar de continuar contribuindo com

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a previdência social do Instituto de Previdência Municipal de São Paulo, Iprem, está satisfeita com a estabilidade alcançada em sua vida.Cecília Moura Lima, 69 anos, natural de Moco-ca, interior de São Paulo, é outro exemplo de aposentadoria precoce graças ao regime espe-cial ainda vigente para professores e diretores de escolas funcionários públicos – cargos que exigem apenas 25 anos de contribuição previ-denciária para a requisição da aposentadoria.Cecília formou-se em Pedagogia pela Universida-de Estadual Paulista, Unesp, de São José do Rio Preto, em 1962, e logo foi efetivada por concur-so público, iniciando a carreira como professora da escola normal na cidade de Catanduva, na mesma região noroeste do estado, onde lecio-nou durante três anos.

Na primeira oportunidade, ela prestou concurso e obteve o cargo de diretora de escola. – Para fi car perto de minha família, fui prestan-do os concursos de remoção para administrar e implantar, como diretora, as escolas de cida-des como Arthur Nogueira, Paulínia, Sousas, até chegar em Campinas, onde moro desde 1967 – explica Cecília. Depois de exercer o cargo como professora por cinco anos e como diretora de escola por 20 anos, Cecília foi aposentada pelo Instituto de Previdência do Estado de São Paulo – Ipesp, em 1987. Desde então, ela nunca voltou a exercer outra função remunerada, pois justifi ca que os recursos obtidas com a aposentadoria integral mais a pensão que passou a receber após a morte de sua mãe, que também foi professora primária, à qual tem direito por nunca ter se ca-sado, são sufi cientes para a sua sobrevivência. – Como sou sozinha, posso manter minha casa com o que ganho. Não dá para gastos extras, como fi car viajando a toda hora, por exemplo. Mas por enquanto consigo sobreviver – diz Cecília. Ela vem aproveitando os benefícios do tempo livre para se dedicar à pintura em cerâmica, jardina-gem e culinária macrobiótica, sempre buscando

atividades que lhe proporcionem mais qualidade de vida.O caso da escritora Nilze Costa e Silva, 58 anos, é um exemplo do que acontece também com aposentados precoces na área do governo federal. Ela nasceu em Na-tal, mas seu pai, Adauto Freire Costa, já falecido, era mi-litar, e a família se transferiu para Fortaleza, cidade onde mora há 57 anos e na qual fez toda a carreira como funcionária pública. Aposentada há 14 anos, Nilze fez sua primeira tenta-tiva de ingresso no serviço publico em 1968, quando tinha 18 anos, prestando concurso para o INPS. Todo concurso público, na época, era promovido pelo Depar-tamento Administrativo do Serviço Público – Dasp. “Foi uma loucura estudar, pois meu pai não queria fi lha dele trabalhando. Mas teimei e fi z escondido. Eu cursava o primeiro ano do científi co e resolvi dar o meu grito de liberdade”, diz Nilze, “sem saber que um dia eu iria me tornar feminista de carteirinha e escritora.” − Passei no concurso, mas nem me lembro qual foi a minha colocação. Acontece que os anos passavam e eu não era chamada. Demorou tanto que até deu tempo de eu me casar, entrar na Faculdade de Administração e fazer outro concurso.Nilze diz que nem precisava do emprego, apenas queria ser independente, e dessa vez foi classifi cada para ocu-par o cargo de telefonista na Base Aérea de Fortaleza, em 1971. “Durante três anos, lá ia eu, vestindo aquela fardinha da Aeronáutica, saia de tergal pregueada azul e blusa um pouco mais clara, de mescla, para operar o

Cecília começou a carreira em escola

pública de Catanduva,no interior paulista

O pai, militar, não queria fi lha trabalhando,

mas Nilze fez concursopara o INPS escondida

Nilze

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to à Violência de Crianças e Adolescentes. Pelo menos posso dizer que não ganho dinheiro do governo à toa. Trabalho todos os dias, incansa-velmente. Participo também, no cargo de vice-presidente, da Associação de Aposentados da Previdência e Saúde, na qual promovemos ativi-dades para a melhoria da qualidade de vida do aposentado.Na ativa, Nilze permaneceu apenas 23 anos, mas como não tirou as licenças prêmio conseguiu os 25 necessários para se aposentar, em 1994, com salário proporcional. “Talvez, se eu tivesse que me sustentar sozinha, esse valor não teria dado para sobreviver.” Mas como seu marido, Manoel César Ferreira e Silva, 60, é procurador do INSS, eles conseguem manter dignamente o orçamento da casa. Casados há 36 anos, o casal teve dois fi lhos, hoje adultos e independentes: Alexandre, 35, psicólogo e Aline, 30, estudante de jornalismo.− Acho que aposentado não pode parar. Fui a favor da reforma da previdência. Acho um ab-surdo uma pessoa aposentar-se aos 44 anos e fi car ganhando do governo enquanto milhares estão desempregados. Faço parte da diretoria do meu sindicato, Sinprece (Sindicato dos Tra-balhadores Federais em Saúde e Previdência Social no Estado do Ceará), como diretora de Formação Sindical. Já me candidatei ao cargo de vereadora de Fortaleza, pelo PT, mas não ganhei. Viajo muito, danço, canto e faço ginástica. Sou escrito-ra, com vários livros publi-cados, e quero salientar que as minhas maiores realiza-ções aconteceram depois da aposentadoria − diz Nilze.

Previdência Nacional 79

PABX, coisa rara em Fortaleza”, ela se lembra. Finalmente, o INPS a chamou para ocupar a vaga que havia pleiteado em concurso: “Eu só sai da Base porque o salário que iria ganhar era maior.” E foi admitida, em 1974, como auxiliar de serviços médicos nas enferma-rias do Hospital Geral de Fortaleza. − Na opinião de minha mãe, Irene Barros, que hoje tem 87 anos, lá eu aprendi a ser mais solidária com o sofri-mento das pessoas. Aprendi também que os pacientes nos são tão gratos quando os tratamos bem – o que é nossa obrigação – que fazem questão de dar presentes. Ficava morrendo de vergonha e pensava: se eu aceitar, estarei incorrendo em um grave erro ético. Se não acei-tar, pode parecer uma desfeita. Sabe por quê? Porque eram trabalhos artesanais, uma toalhinha bordada, um queijinho, um docinho feito por elas e eu fi cava sem jei-to de recusar. Ainda bem que naquele tempo não tinha tanta corrupção e ninguém jamais me ofereceu dinheiro, pois meu pai sempre foi muito rígido com a nossa edu-cação – recorda Nilze, que lá mesmo foi chamada para ser instrumentadora de cirurgias oculares ambulatoriais, graças ao reconhecimento de sua dedicação e agilidade.Em 1975, surgiu um novo concurso pelo Dasp, para o cargo de agente administrativo. – Meu marido se inscreveu, pois era professor e ganhava pouco. Resolvi me inscrever também, mais para estimu-lá-lo a estudar. Não deu outra, nós dois passamos no concurso. Em 1979, fi z a ascensão funcional para o car-go de Técnico em Administração (nível superior), quando o INPS passou a ser chamado de Inamps – conta Nilze.Depois, se transformou em Administradora, cargo com o qual ela se aposentou e é discriminado em seu contra-cheque, hoje emitido pelo Ministério da Saúde.

− Pedi a aposentadoria tão cedo, em primeiro lugar, porque as novas leis da previdência social adotadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso ameaça-vam nossos direitos adquiridos. Em segundo lugar, por uma questão de ética: meu último trabalho foi no setor de pessoal da Superintendência do Inamps, onde eu fa-zia “simplesmente nada”. Acreditei que eu seria mais útil à sociedade fora do serviço público. E isso realmente se mostrou verdadeiro, pois desde então participo ati-vamente do Movimento de Mulheres de Enfrentamen-

Medo das novas regras para aposentadoria e ócio na

repartição precipitaram a decisão de sair da ativa

Nilze e Manoel

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Serviço Lista de entrevistados

Aldo José da Silva(“Risco calculado”, página 26) BradescoTelefone: 0800 704 1616

André Aloi(“Risco calculado”, página 26)Portifólio Performance Telefone: (11) 3168-9139E-mail: [email protected]

Baldur Schubert (“Abipem na OISS”, página 66)OissTelefone: (61) 3313-4376E-mail:[email protected]

Emílio Alfi eri (“Plástico virtuoso”, página 42)Associação ComercialTelefone: (11) 3244-3299

Euclides Augusto de Queiroz Esteves(“Dividir os ônus”, página 18)IprefTelefone: (11) 6461-0014E-mail: [email protected]

Francisco Castilho (“Enigma digital”, página 50)Prefeitura de Inaciolândia Telefone: (64) 3435-8018

Gabriela Hannun (“Risco calculado”, página 26)Banco FatorTelefone: (11) 3049-9136E-mail: [email protected]

Demétrius Hintz (“Sintonia fi na”, página 10)IpescTelefone: (48) 3229-2689E-mail: [email protected]

Edevaldo Fernandes (“Dança de cadeiras”, página 60)GlobalPrev Conhecimento LtdaTelefone: (19) 3885-6069E-mail: [email protected]

Eliezer da Silva (“Perdas e danos”, página 32)IprevilleTelefone: (47) 3423-1900E-mail: [email protected]

Eis os dados para contato com as pessoas entrevistadas nas reportagens desta edição de Previdência Nacional.

Se encontrar alguma difi culdade, por favor entre em contato conosco:

55-11-5505-6065 [email protected]

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Page 81: Revista ABIPEM – Agosto/Setembro-2008

Gustavo Villela (“Perdas e danos”, página 32)E-mail: [email protected]

Joaquim Cavalheiro (“Enigma digital”, página 50)Prefeitura de GravataíTelefone: (11) 5505-6065E-mail: [email protected]

João Carlos Figueiredo (“Sintonia fi na”, página 10)Abipem e IprejunTelefone: (11) 9913-9645E-mail: joaofi [email protected]

Lucia Helena Vieira (“Sintonia fi na”, página 10)ApepremTelefone: (11) 4125-7614E-mail: [email protected]

Marcelo Barroso (“Molde jurídico”, página 22)IBDPE-mail: [email protected]

Marcos Moraes (“Risco calculado”, página 26)UnibancoTelefone: (11) 2124-5586E-mail: [email protected]

Marcos Vilanova (“Risco calculado”, página 26)BradescoTelefone: (11) 2178-5000

Mauricio Gallo Fausto (“País a conectar”, página 56) ProdespTelefone: (11) 3241-7810

Miguel Ribeiro Oliveira (“Plástico virtuoso”, página 42)AnefacTelefone: (11) 3257-5057E-mail: [email protected]

Oilze dos Santos Filho (“Perdas e danos”, página 32)IPSMSJC Telefone: (11) 5505-6065E-mail: [email protected]

Roberto Barbosa (“Enigma digital”, página 50)Centro de Informática de Campos dos GoytacazesTelefone: (22) 2733-2176E-mail: [email protected]

Roberto Bichara de Melo (“Enigma digital”, página 50)FPMPTelefone: (24) 2443-0099

Roberto Sevalli (“Risco calculado”, página 26)Banco do ParanáE-mail: [email protected]

Ronaldo Borges da Fonseca(“Perdas e danos”, página 32)Telefone: (11) 8781-0907 E-mail: [email protected]

Rubens Germano (“Enigma digital”, página 50)Prefeitura de Picuí Telefone: (83) 3371-2380E-mail: [email protected]

Sérgio Henrique Oliveira Bini (“Risco calculado”, página 26)Caixa Econômica FederalTelefone: (11) 3555-6424

Waldeck Ornélas (“Sem continuidade”, página 70)E-mail: [email protected]

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Novembro(data a defi nir)2º Seminário Centro-Oeste da AbipemGoiânia, GO

Dezembro(primeira quinzena)19º Encontro Regional da Apeprem,Litoral Sullocal a defi nir

Agenda

82 Agosto/setembro 2008

Agenda de eventosda Abipem e da Apeprem

PN

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