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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

CAMPUS DE CAMPO MOURÃO

PDE PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Avaliação da Aprendizagem de Surdos do Ensino Fundamental- Anos Finais, na

disciplina de Matemática

Professora PDE: DEVANIR MACHADO BORGES

Orientadora: Profª. Ms. EVALDINA

CAMPO MOURÃO

2010/2011

1

SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.................................................................... 02

2 APRESENTAÇÃO......................................................................................... 03

3 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 04

UNIDADE I.......................................................................................................... 06

CONCEITO DE SURDEZ NO DECRETO NO DECRETO Nº5626............ 06

UNIDADE II........................................................................................................ 10

AVALIAÇÃO, UM OLHAR SOB A LEGISLAÇÃO...................................... 10

UNIDADE III............................................................................................................24

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DE VYGOSTKY.................24

UNIDADE IV........................................................................................................ 26

DIFICULDADES EM MATEMÁTICA............................................................ 26

UNIDADE V........................................................................................................... 35

A CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM EM

VIGOTSKI E A AVALIAÇÃO............................................................................ 35

UNIDADE VI.......................................................................................................... 53

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PDE NA ESCOLA.... 53

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 66

2

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Autora: Professora Devanir Machado Borges.

Escola: Colégio Estadual Marechal Rondon – Ensino Fundamental, Médio e

Profissionalizante.

Município: Campo Mourão

NRE: Campo Mourão – PR.

Professora Orientadora da IES: Professora: Evaldina Rodrigues

IES Vinculada: UEPR – Campus de Campo Mourão

Área do PDE: Pedagogia

Formato da Produção: Caderno Pedagógico.

Público Objeto da Intervenção: Professores e pedagogos da rede.

Título: Avaliação da Aprendizagem de Surdos do Ensino Fundamental- anos finais,

na disciplina de matemática.

3

2 APRESENTAÇÃO

O trabalho consiste na elaboração de um Caderno Pedagógico como tipo de

Produção Didático-Pedagógica que será utilizado no Colégio Marechal Rondon – Ensino

Fundamental, Médio e Profissionalizante, situado no centro de Campo Mourão-Pr, na Rua

Brasil, 1848. As atividades serão realizadas com professores e pedagogos , buscando

alternativas para avaliar, melhorar a qualidade de ensino, levando o educando a

desenvolver sua linguagem, descobrir sentidos, entendendo a Matemática, disciplina em

que se verificam as maiores dificuldades, para o aluno inserido na escola de ensino regular

tenha sucesso e participe da vida em sociedade. Quer-se promover a educação inclusiva,

participativa, ausente de valores preconceituosos, para que os sujeitos tenham garantido

seus direitos, em condições de igualdade na escola.

A produção contém textos de fundamentação teórica sobre a Avaliação da

Aprendizagem de Surdos do Ensino Fundamental, na disciplina de Matemática,

apresentando uma educação qualitativa para esses alunos e reflexões sobre a prática

pedagógica contribuindo para minimizar as dificuldades que eles encontram ao aprender,

pois é responsabilidade ética de todos os envolvidos na comunidade escolar, trabalharem

no sentido de ajudar o educando a dirigir sua vida e agir de modo reflexivo de forma a

transformar a realidade do mundo que o rodeia.

A pretensão é propiciar aos professores uma metodologia que os auxilie no

processo ensino aprendizagem dos alunos surdos e ainda repensar o processo de avaliação

dos mesmos.

Palavras-chave: Surdez. Avaliação da aprendizagem na disciplina de Matemática.

Professora PDE: Devanir Machado Borges

Área PDE: Pedagogia

Turma: 2010/2011.

4

3 INTRODUÇÃO

As mudanças apresentadas no sistema de ensino brasileiro, por meio da proposta

inclusiva, merecem ser discutidas no ambiente educacional. As Diretrizes da Política

Nacional de Educação Especial destaca que a educação inclusiva constitui uma proposta

educacional que reconhece o direito de todos os alunos de compartilhar um mesmo espaço

escolar, sem nenhuma discriminação de qualquer natureza, promove a igualdade e valoriza

as diferenças.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a Avaliação da Aprendizagem,

de alunos surdos no Ensino Fundamental, com ênfase na disciplina de matemática.

Trata-se de um Caderno Pedagógico, onde serão feitas algumas abordagens

pertinentes ao aluno surdo com base na legislação vigente, decretos e autores conceituados,

sob o enfoque da Teoria Histórico-Cultural.

Essas abordagens servirão de suporte para o trabalho a ser desenvolvido com alunos

surdos, através de grupos de estudos, com professores e pedagogos do Colégio Estadual

Marechal Rondon. Nos grupos de estudos serão realizadas reflexões com temas relacionados

à avaliação com o intuito de proporcionar um suporte teórico significativo a fim de

realizarem um atendimento de qualidade aos alunos com necessidades educacionais

especiais.

Em minha experiência como Pedagoga Educadora, tenho percebido a inquietude dos

docentes, frente a situações de inclusão, já que os mesmos tem recebido vários alunos com

necessidades educacionais especiais.Muitas vezes os professores solicitam da equipe

pedagógica, orientações quanto a metodologia a ser trabalhada,ficam preocupados com os

alunos que realmente possuem muita dificuldade para aprender, e quando se trata de

avaliação,a preocupação ainda é muito maior.

Para tanto, considera-se uma necessidade, refletir coletivamente a prática

pedagógica, e em especial, a avaliação da aprendizagem para alunos surdos, uma vez que

este é o foco do presente trabalho. Na medida em que o professor assume responsabilidade

na condução do processo educativo, exerce sua função como profissional, torna-se um

agente transformador de idéias, inovador de práticas e pesquisador da realidade que o cerca,

com uma missão única, a aprendizagem de seus alunos.

O novo olhar deve inspirar a educação na e para a diversidade, em que currículos que

marginalizam as diferenças, dêem espaço à construção de práticas curriculares calcadas no

compromisso com a pluralidade das manifestações humanas presentes nas relações

5

cotidianas da escola, pensando no que esta pode fazer para dar respostas às suas

necessidades, de um modo geral, bem como, aos que apresentam necessidades específicas

diferentes dos demais, como o aluno surdo.

Em vista desta preocupação, pretende-se buscar alternativas para melhorar a

qualidade de ensino da escola regular para que o aluno incluído possa ter sucesso e

participar da vida em sociedade.

6

UNIDADE 1

CONCEITO DE SURDEZ NO DECRETO Nº5626

Qual é o conceito específico de surdez nos documentos oficiais?

Qual é o conceito de Educação Bilíngüe?

Como justificar a necessidade de intérprete?

Fazendo os primeiros comentários:

Para começar a responder estas questões, penso que a inclusão, ou não, do aluno

surdo, no Ensino Regular, precisa ser histórica e legalmente justificada.

O decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamentou a Lei nº 10.436, de 4

de abril de 2002 que dispôs sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras), e o art.18 da Lei nº

10.098 de 19 de dezembro de 2000.

No capítulo I, nas disposições preliminares define que pessoa surda é a que por perda

auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, usando

principalmente a Libras e deficiente auditivo, quem teve perda bilateral, parcial ou total, de

quarenta e um decibéis (dB) ou mais.

O capítulo II trata a respeito da inclusão da Libras como disciplina curricular

obrigatória nos cursos de formação dos docentes e como disciplina curricular optativa nos

demais cursos..

Sobre a formação do professor e instrutor de Libras, é tratado no capítulo III, sendo

que o curso de Pedagogia prepara para o ensino na educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental.

A formação do instrutor de Libras realiza-se nos cursos de educação profissional,

cursos de formação continuada, ou por organizações da sociedade civil representativa da

comunidade surda.

Não havendo docente com título de pós-graduação ou graduação em LIBRAS para o

ensino da disciplina em cursos superiores, ela poderá ser ministrada por profissionais que

seja: professor de Libras, usuário dessa língua com certificado de proficiência, obtido por

meio de exame promovido pelo Ministério de Educação; professor ouvinte bilíngüe, com

pós-graduação ou formação superior. Pessoas surdas têm prioridade para ministrar a

disciplina de Libras.

7

O exame de proficiência deve avaliar a fluência no uso, o conhecimento e a

competência para o ensino.

Lembra que a partir da publicação do decreto em questão, as instituições de ensino

médio (modalidade normal) e ensino superior devem incluir Libras como disciplina

curricular dando prazos e percentuais mínimos (até 3 anos, em 20% dos cursos; até 5 anos,

em 60%; até 7 anos, em 80% e 10 anos, em 100%).

A inclusão do processo da Libras como disciplina inicia-se nos cursos de Educação

Especial, Fonoaudiologia, Pedagogia e Letras, ampliando-se para as demais licenciaturas,

iniciando-se a partir de um ano da publicação do Decreto.

O capítulo IV trata do uso e da difusão da Libras e da Língua Portuguesa para o

acesso das pessoas surdas à educação. As instituições federais devem garantir seu acesso à

comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos

conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação

desde a educação infantil até à superior, promovendo os cursos de formação de professores

para ensinar, traduzir e interpretar Libras-Língua Portuguesa e ensino de Língua Portuguesa

como segunda língua para pessoas surdas; ofertar o ensino da Libras e da Língua Portuguesa

como segunda língua; prover as escolas com professor ou instrutor, tradutor e intérprete de

LIbras-Língua Portuguesa, professor para ensinar a Língua Portuguesa como segunda

língua, professor regente com conhecimento da singularidade lingüística manifestada pelos

alunos surdos.

Ainda deve haver garantia de atendimento às necessidades educacionais especiais

desses alunos surdos, nas salas de aula e nas salas de recursos em turnos contrários ao da

escolarização; deve apoiar o uso e a difusão de Libras entre os professores, alunos,

funcionários, direção de escola e familiares com oferta de cursos; adotar mecanismos de

avaliação conforme o aprendizado de segunda língua e também mecanismos alternativos;

disponibilizar equipamentos, acesso às novas tecnologias de informação e comunicação,

entre outras instruções para se ter êxito no trabalho ou atendimento ao surdo, com relação ao

ensino.

Sobre a formação do tradutor e intérprete de Libras-Língua Portuguesa é tratada no

capítulo V. Tal formação efetiva-se por meio de curso superior de tradução e interpretação,

com habilitação em Libras-Língua Portuguesa. Essa formação também pode se dar por meio

de organizações da sociedade civil representativas da comunidade surda.

Nos próximos dez anos após a publicação do decreto caso não tenha pessoas com a

formação exigida, as instituições federais de ensino devem incluir em seus quadros

8

profissional ouvinte de nível superior, de nível médio, profissional surdo para ajudar a

desempenhar com sucesso a educação do surdo.

Neste capítulo ainda dá outras instruções a respeito da formação dos profissionais da

educação para atuar com alunos surdos.

O capítulo VI refere-se à garantia do direito à educação das pessoas surdas ou com

deficiência auditiva, estabelecendo que as instituições federais de ensino devem garantir a

inclusão desses alunos em escolas e classes de educação bilíngüe ou escolas comuns da rede

regular de ensino, na educação infantil, anos iniciais, anos finais do ensino fundamental,

ensino médio ou educação profissional com docentes de diferentes áreas do conhecimento

com presença de tutores e intérpretes de Libras-Língua Portuguesa,

Neste capítulo se é dada toda a orientação para o procedimento que assegurará aos

alunos surdos ou com deficiência auditiva, o acesso à comunicação, à informação e à

educação.

No capítulo VII trata da garantia do direito à saúde das pessoas surdas ou com

deficiência auditiva, estabelecendo que o Sistema Único de Saúde - SUS, bem como as

empresas que detém permissão de serviços públicos de assistência à saúde, nesta perspectiva

garantam a esses alunos a atenção integral à sua saúde nos diversos níveis de complexidade

e especialidades médicas, efetivando ações de prevenção e desenvolvimento de programa de

saúde auditiva; tratamento clínico e atendimento especializado; realização de diagnóstico,

atendimento precoce e encaminhamento para a área de educação; acompanhamento médico

e fonoaudiológico; orientações às famílias sobre as implicações da surdez, entre outras

providências.

O capítulo VIII mostra o papel do poder público e das empresas que detém

concessão de serviços públicos, no apoio ao uso e difusão da Libras.

Apela ao poder público e às empresas que garantam tratamento diferenciado com o

uso e difusão de Libras e da tradução e interpretação, realizados por servidores capacitados

para essa função, bem como o acesso às tecnologias de informação.

Deve ter pelo menos 5% de profissionais capacitados para o uso e interpretação de

Libras. À administração pública em âmbito estadual, municipal e do Distrito Federal cabe

verificar os padrões de controle do atendimento e avaliação da satisfação do usuário dos

serviços públicos.

Das disposições finais são tratadas no capítulo IX pedindo aos órgãos da

administração pública federal, direta e indireta a incluir em seus orçamentos dotações

destinadas a viabilizar ações previstas, para formação, capacitação e qualificação de

9

professores, servidores e empregados para o uso e difusão da Libras, a partir de um ano da

publicação deste Decreto.

O Distrito Federal, Estadual e Municípios no âmbito de suas competências, definem

os instrumentos para a implantação e o controle do uso e difusão de Libras, de sua tradução

e interpretação. Os órgãos da administração pública viabilizam as ações previstas no Decreto

que entrou em vigor na data da sua publicação.

Refletindo sobre o tema:

- O que os professores do Ensino Regular precisam saber sobre a surdez e sobre a

Língua dos surdos?

- O que é educação bilíngüe para surdos?

- É possível proporcionar a educação bilíngüe para surdos no Ensino Regular?

Até que ponto as duas propostas são coerentes entre si, ou em que ponto elas se

encontram?

10

UNIDADE II

AVALIAÇÃO, UM OLHAR SOB A LEGISLAÇÃO

“A aprendizagem escolar nunca parte do

ponto zero.

Lev Semenovich Vygostsky

Iniciando nosso diálogo:

Ao falarmos de Avaliação, inevitavelmente somos levados a principiar pela

Legislação, cujo papel é fornecer dados e informações para a construção de um sistema

educacional que atenda a todos.

A lei assegura ao educando condições mínimas para ter um processo de avaliação

digno, sem caráter punitivo, e sim almejando o crescimento do mesmo.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96) destaca alguns

aspectos que vem ao encontro da construção de uma avaliação comprometida com a

qualidade. No Art.12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as

do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: elaborar e executar sua proposta

pedagógica; velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; promover meios

para a recuperação dos alunos de menor rendimento.

O Art.13. Os docentes incumbir-se-ão: elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo

a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; zelar pela aprendizagem dos alunos;

estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.

Da avaliação, no artigo 24: A verificação do rendimento escolar observará os

seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com

prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do

período sobre os de eventuais provas finais;

Nas Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica (2007), a avaliação da

aprendizagem está articulada com a concepção metodológica dialética do processo educativo

e apontam para um conhecimento mais apurado da metodologia dialética do conhecimento,

11

como também, um pensar e efetivar a avaliação da aprendizagem de forma democrática e

emancipadora.

Mesmo apresentando uma abordagem específica para cada disciplina do

conhecimento, traz recomendações aos professores quanto ao encaminhamento para que

todos os alunos aprendam e participem mais das aulas, traz ainda critérios e instrumentos

variados, selecionados de acordo com cada conteúdo e objetivo.

As Diretrizes Curriculares Estaduais (2007) objetivam favorecer que os professores

busquem a coerência entre a concepção pedagógica defendida e as práticas avaliativas que

integram o processo de ensino e aprendizagem.

Evidentemente as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Básica, estão de

acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Educação

(LDB), nº 9.394/96, traz a avaliação como: “contínua e cumulativa do desempenho do

aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao

longo do período sobre os de eventuais provas finais” (LDBEN, 1996, art. 24, inciso V).

As Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná

(2008) aponta que uma das funções que avaliação exerce é a de “proporcionar aos alunos

novas oportunidades para aprender, melhorar e refletir sobre o seu próprio trabalho, bem

como fornecer dados sobre as dificuldades de cada aluno” (ABRANTES, apud PARANÁ,

2008, p. 44).

No que se refere a avaliação sugere aos professores:

[...] uma postura que considere os caminhos percorridos pelo aluno, as suas

tentativas de solucionar os problemas que lhe são propostos e, a partir do

diagnóstico de suas deficiências, procurar ampliar sua visão, o seu saber

sobre o conteúdo em estudo (PARANÁ, 1990, p.77).

Segundo Luckesi, (2005) a função diagnóstica da avaliação constitui-se num

momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, devendo acontecer

de modo a conduzir professor e aluno ao entendimento dos mínimos necessários, não dos

mínimos possíveis, para que possam participar da vida social, o que significa a detenção das

informações e a capacidade de estudar, pensar, refletir e dirigir as ações com adequação e

saber.

A Deliberação 007/99 do Conselho Estadual de Educação do Estado do Paraná em

seu capítulo I contempla: Da avaliação do Aproveitamento:

Art. 1º A avaliação deve ser entendida como um dos aspectos do ensino pelo qual o

professor estuda e interpreta os dados da aprendizagem e de seu próprio trabalho, com as

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finalidades de acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como

diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor.

§ 1º - A avaliação deve dar condições para que seja possível ao professor tomar

decisões quanto ao aperfeiçoamento das situações de aprendizagem.

§ 2º - A avaliação deve proporcionar dados que permitam ao estabelecimento de

ensino promover a reformulação do currículo com adequação dos conteúdos e métodos de

ensino.

§ 3º - A avaliação ceve possibilitar novas alternativas para o planejamento do

estabelecimento de ensino e do sistema como um todo.

Art. 2º- Os critérios de avaliação, de responsabilidade dos estabelecimentos de

ensino, devem constar do Regimento Escolar, obedecida a legislação vigente. A avaliação

nessa deliberação se constitui num aspecto do ensino, instrumento para que o professor

estude os dados da aprendizagem e do seu próprio trabalho, visando a tomada de decisões

sobre o aperfeiçoamento da aprendizagem, além de fornecer elementos para que o

estabelecimento de ensino reformule o currículo e repense a metodologia. A mesma

Deliberação, no Art. 5, prevê que na avaliação do aproveitamento escolar “[...] deverão

preponderar os aspectos qualitativos da aprendizagem considerados a interdisciplinaridade e

a multidisciplinaridade dos conteúdos” (PARANÁ, 1999, p.2).

Numa clara oposição à tendência tradicional o parágrafo único da Deliberação

esclarece que se deve dar “[...] relevância à atividade crítica, à capacidade de síntese e à

elaboração pessoal, sobre a memorização.” E, ainda, no Art. 6.°, 10 que a avaliação para

cumprir sua finalidade educativa, “deverá ser contínua, permanente e cumulativa.” (grifo

nosso) (PARANÁ, 1992, p.2) .

Luckesi (2005) enfatiza a importância dos critérios, pois a avaliação não poderá ser

praticada sob dados inventados, apesar da definição desses critérios não serem fixos e

imutáveis, modificando-se de acordo com a necessidade de alunos e professores.

Deve-se levar em conta o saber que o aluno traz consigo, para conhecê-lo melhor. É

a avaliação inicial ou diagnóstica, que promove um acompanhamento contínuo da

aprendizagem, onde se pode perceber o desenvolvimento do aluno, suas conquistas e

dificuldades, sendo de caráter processual. A partir das constatações, deve-se redimensionar o

plano de trabalho docente, com o objetivo de proporcionar ao aluno que o conhecimento

torne-se parte de suas aquisições.

Para Luckesi (2005, p. 150) avaliação é um instrumento que auxilia o professor

verificar os resultados que estão sendo obtidos, assim como fundamentar as decisões que

devem ser tomadas para que os resultados sejam construídos. Quando isso não acontece, ou

13

seja, quando a avaliação é executada fora do processo de ensino e com objetivo

exclusivamente de atribuição de notas e conceitos, pode-se dizer que os alunos inseridos

neste contexto muito provavelmente podem acabar fracassados no âmbito escolar. Se a

avaliação não for diagnóstica ela não terá como objetivo a aprendizagem e o

desenvolvimento do aluno e nem auxiliando-o em seu crescimento.

Tendo como parâmetro que os sujeitos são diferentes, portanto, aprendem de

maneiras e em tempos diferentes, a avaliação precisa ser revista em muitos sentidos,

buscando contemplar o educando em sua formação integral, envolvendo aspectos cognitivos,

emocionais, sociais, estimulando a atitude investigativa e de pesquisa. Se for esta a

perspectiva de trabalho nas escolas, é com o mesmo objetivo que a avaliação deverá ser

praticada .

Segundo a Resolução nº 2 de 11 de setembro de 2001, que institui as Diretrizes

Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Brasil, 2001):

Art. 6º- Para a identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos e a

tomada de decisões quanto ao atendimento necessário, à escola deve realizar, com

assessoramento técnico, avaliação do aluno no processo de ensino e aprendizagem,

contando, para tal, com: a experiência de seu corpo docente, seus diretores, coordenadores,

orientadores e supervisores educacionais; o setor responsável pela educação especial do

respectivo sistema; a colaboração da família e a cooperação dos serviços de Saúde,

Assistência Social, Trabalho, Justiça e Esporte, bem como do Ministério Público, quando

necessário. (p.70)

Conforme estipulam essas diretrizes, avaliar a aprendizagem de alunos com

necessidades educacionais especiais constitui uma ação abrangente, com a extensão dessa

responsabilidade a todos os atores da prática pedagógica. São necessárias, ainda,

modificações no sentido de tornar essa avaliação promotora da aprendizagem e inclusiva,

em vez de ameaçadora e excludente.

Reflexão:

- Quais as concepções que norteiam as práticas avaliativas de alunos com

necessidades educacionais especiais incluídos no contexto de uma escola, na classe comum?

- Nos momentos de avaliação, como os professores identificam as necessidades e

possibilidades de aprendizagem de seus alunos?

Dicas de estudo:

14

Quer saber mais? Então não deixe de ler:

MEC – Brasil, Secretaria de Educação Básica – Universidade Federal do Paraná.

Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante. Centro Interdisciplinar de Formação

Continuada de Professores. Coleção Avaliação da Aprendizagem, 2005. Caderno 2.

Gostou e quer aprofundar seus conhecimentos?

NADAL, Beatriz Gomes; RIBAS, Mariná Holzmann. A dinâmica do ensino e

aprendizagem na sala de aula. Ponta Grossa: UEPG/ CEFORTEC, v.2, 2005.

Trata-se de uma produção elaborada pelo Centro de Formação Continuada e

Desenvolvimento de Tecnologia para as Redes Públicas de Ensino/ CEFORTEC, que em

seu volume 2 aborda a dinâmica que ocorre durante o processo de ensino e aprendizagem, a

influência das relações pedagógicas na construção da aprendizagem, a importância da

seleção de situações didáticas e o papel da avaliação no processo educativo.

A partir de agora vamos realizar uma reflexão sobre o sentido da avaliação na

escola. Antes, porém, pense a respeito e registre abaixo o significado da avaliação em seu

trabalho pedagógico.

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__________________________________________________________________________

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Agora que você retomou essa temática, leia o texto a seguir, que foi escrito por Celso

Antunes:

O Luizinho da segunda fila

Marcelo é um excelente professor de geografia. Na aula sobre o Pantanal até

excedeu-se. Falou com entusiasmo, descreveu com precisão. Preencheu a lousa com critério,

soube fazer com que os alunos descobrissem na interpretação do texto do livro a magia

dessa região quase selvagem. Exibiu um vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com

detalhes, com fatos experimentados, acontecimentos do dia-a-dia de cada um.

Em sua prova, é evidente, não deu outra: uma redação sobre o tema e questões

operatórias que envolviam o Pantanal. Seus rios, suas aves, sua vegetação... a planície

imensa. Os alunos acharam fácil. Apanharam suas folhas e começaram a trazer, palavra por

15

palavra, suas imagens para o papel. As canetas corriam soltas e as linhas transformavam-se

em parágrafos. Marcelo sabia o quanto teria que corrigir, mas vibrava... Sentia que os alunos

aprendiam. Descobria o interesse que sua ciência despertava. Não pôde conter uma emoção

diferente quando Heleninha, sua aluna predileta, foi até sua mesa e arfante solicitou:

- Posso pegar mais uma folha em branco?

O único ponto de discórdia, o único sentimento opaco que aborrecia Marcelo, era o

Luizinho, aquele da segunda fila.

- Puxa vida! - pensava – Luizinho assistira às suas aulas, arregalara os olhos com

explicações e agora, na prova, silêncio absoluto, imobilidade total... nem sequer uma linha.

Sentiu ímpetos de esganar Luizinho. Mas, tudo bem, não queria se irritar.

Luizinho pagaria seu preço, iria certamente para recuperação. Se duvidassem

poderia, até mesmo, levá-lo à retenção. Seria até possível arrancar um ano inteirinho de sua

vida...

Minutos depois, avisou que o tempo estava terminando. Que entregassem sua folha.

Viu então que, rapidamente Luizinho desenhou, na primeira página das folhas da prova. O

Pantanal. Rico, minucioso, preciso. Marcelo emocionou-se, ao ver aquele quadro, de

irretocável perfeição, nas mãos de Luizinho. Entusiasmado indagou:

- E aí Luís? Você já esteve no Pantanal?

Não. Luizinho jamais saíra de sua cidade. Construiu sua imagem a partir das aulas

ouvidas. Marcelo sentiu-se um gigante e, de repente, descobriu-se o próprio Piaget. Havia

com suas palavras construídas uma imagem completa, correta e absoluta na mente de seu

aluno.

Mas, deu zero pela redação. É claro. Naquela escola não era permitido que se

rabiscassem as folhas de prova.

E aí, professor (a)? Qual o seu entendimento a respeito da atitude do professor

Marcelo?

Quais representações podem ser feitas a partir de sua ação?

Podemos ter a compreensão de como ele percebe a avaliação em seu trabalho

pedagógico?

Registre suas impressões:

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

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Avaliar é indispensável no dia-a-dia do ser humano.

Avaliamos o automóvel que adquirimos a roupa de uma vitrine, o produto que está

posto na prateleira do supermercado, o atendimento recebido em uma fila de banco. O

conceito de avaliar em nossa vida serve para fazer tentativas e selecionar o que, de fato, nos

auxilia a progredir em todos os setores humanos.

Muitas vezes erramos em nossas escolhas, mas chances nos são dadas com

freqüência e temos oportunidade de recomeçar.

E a escola? Sempre oferece oportunidades para que os alunos se apropriem dos

conhecimentos?

De início, é importante conhecer as diferentes representações de avaliação, a fim de

investigar os motivos que levaram as práticas avaliativas realizadas nas escolas, a serem tão

questionadas e debatidas dentro e fora do ambiente escolar. Etimologicamente, o dicionário

apresenta vários sentidos para a palavra avaliar, como: “determinar o valor, o preço de;

apreciar o mérito de; reconhecer a força, a grandeza de; fazer idéia de; estimar, aferir;

reputar-se, ter em conta”. (Minidicionário Escolar da Língua Portuguesa, 1999, p. 117).

A idéia central expressa nesses conceitos implica em juízo de valor a algo ou alguém,

apreciação ou uma espécie de medição.

Ao analisar a historicidade da avaliação na educação brasileira percebemos um

quadro de seleção, exclusão e classificação. Esse referencial avaliativo tem origem nas

concepções dos jesuítas nos séculos XVI e XVII e encontram repercussão ainda hoje no

sistema educacional brasileiro, através de práticas docentes que pouco avaliam a

aprendizagem, mas apenas testam, medem e classificam.

E você, professor (a)? No seu entendimento, existem diferenças entre testar, medir e

avaliar?

Repensando a prática:

A partir dos apontamentos feitos, é possível, você professor (a), refletir sobre as

questões abaixo:

Considerando sua experiência profissional e os momentos oportunizados para a

formação e aperfeiçoamento docente, entendidos como grupo de estudo, reuniões de

planejamento na escola, entre outros, qual é a leitura que você faz sobre o valor e o sentido

da nota no processo avaliativo? É possível transformar a nota em um mecanismo que lhe

auxilie a diagnosticar e corrigir os rumos do processo ensino aprendizagem?

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Registre suas impressões:

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Professor (a), tendo como referência as definições de avaliação apresentadas e algumas

características que devem estar presentes nessa abordagem, elabore com suas palavras, um

conceito de avaliação que se aproxime de sua visão de educação:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Agora, verifique se o seu conceito se aproxima das definições de avaliação apresentadas pela

equipe diretivo-pedagógica do Colégio Estadual Marechal Rondon.

Qual a finalidade da avaliação no processo ensino-aprendizagem?

Leitura complementar:

Avaliação da aprendizagem - O ato de avaliar e o cotidiano dos indivíduos

O ato de avaliar está presente em todos os momentos da vida humana. A todo o

momento as pessoas são obrigadas a tomar decisões que, na maioria das vezes, são definidas

a partir de julgamentos provisórios.

Avaliar na vida cotidiana se dá, permanentemente, pela unidade imediata de

pensamento e ação. Nesta unidade a pessoa precisa estar sempre pronta para identificar o

que é para si o “verdadeiro”, o “correto”, opções que vão lhe indicar o melhor caminho a

seguir, o que fazer. Muitas vezes essa escolha não corresponde a um conhecimento

aprofundado, real, daquilo a que se refere a opção. (...).

Esse ato de avaliar, portanto, exercido em todos os momentos da vida diária dos

indivíduos é feito a partir de juízos provisórios, opiniões assumidas como corretas e que

ajudam nas tomadas de decisões. Esses posicionamentos são definidos pelas pessoas com

todos os aspectos de sua individualidade, de sua personalidade.

Ao fazer um juízo visando a uma tomada de decisão, o homem coloca em

funcionamento seus sentidos, sua capacidade intelectual, suas habilidades, seus sentimentos,

paixões, idéias e ideologias. Nessas relações estão implícitos não só os aspectos pessoais dos

indivíduos, mas também aqueles adquiridos em suas relações sociais.

18

A opção de uma pessoa entre ficar em casa lendo ou participar de uma atividade

esportiva ou de um comício, por exemplo, vai ser orientada pelos juízos que esta pessoa

tiver feito quanto a essas opções. Par tomar a decisão, a pessoa em questão, às vezes em

breves lapsos de tempo, utiliza a maioria dos elementos acima relacionados.

O ato de avaliar no cotidiano da sala de aula

Ao assumirmos que o ato de avaliar se faz presente em todos os momentos da vida

humana, estamos admitindo que ele também esteja presente em todos os momentos vividos

em sala de aula. O dia-a-dia da sala de aula não se separa da cotidianidade de cada um dos

indivíduos que aí se relacionam. O ato de avaliar está sempre presente, portanto, nos

momentos desfrutados pela classe.

Alunos e professores estão permanentemente avaliando a tudo e a todos. São

formulados juízos em diferentes sentidos. Esses juízos vão orientar a tomada de decisões e o

estabelecimento de relações que podem ser as do grupo como um todo, incluindo o

professor. Em seu sentido mais amplo existem, nas relações de sala de aula, dois

posicionamentos básicos nem sempre convergentes: o do professor e o do aluno. O professor

emite juízos, quase sempre provisórios, que vão de opiniões elásticas sobre a turma (boa,

fraca, desordeira) até aos julgamentos sobre cada um dos alunos em particular.

Os alunos também avaliam seus colegas e principalmente o professor. O professor é

avaliado sob diferentes critérios, que vão desde a aparência pessoal até as atitudes diante da

turma ou sua relação, em termos de conhecimento, com a matéria que ensina.

Os juízos, positivos ou negativos, podem recair em atitudes diferenciadas, que se

limitam, em termos extremos, a uma atitude de atenção permanentemente às mudanças

ocorridas no comportamento da pessoa que está sendo avaliada, ou se cristalizam em

posições estereotipadas, gerando preconceitos.

Um professor que, por exemplo, rotula uma determinada turma de “incapaz” ou de

“bagunceira” e, mesmo em situações que demonstrem uma evidente mudança no

comportamento dos alunos, não consegue ultrapassar esse juízo inicial, apresenta uma

atitude cristalizada, preconceituosa diante da turma.

Esses juízos são também responsáveis pelas tomadas de posição de ambas as partes -

professores e alunos - e que vão desde a colaboração e participação positiva até todos os atos

de resistência e oposição. (...) É nesse espaço dinâmico, onde diferentes juízos são

formulados por diferentes pessoas em interação permanente, que não cabe mais privilegiar

apenas um elemento do grupo em suas opiniões. (...)

19

A avaliação da aprendizagem em um projeto educativo

As tarefas relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem não são estanques,

isoladas. Elas efetivamente fazem parte do cotidiano dos indivíduos na escola e não devem

ser avaliadas apenas em momentos isolados, muitas vezes totalmente desvinculados da

realidade diária de sala de aula, nos quais os alunos precisam responder questões sobre um

saber cristalizado.

A avaliação efetiva vai se dar durante o processo, nas relações dinâmicas de sala de

aula, que orientam as tomadas de decisões freqüentes, relacionadas ao tratamento do

conteúdo e à melhor forma de compreensão e produção do conhecimento pelo aluno.

Para que isso ocorra, faz-se necessário que o professor esteja permanentemente

atento às alterações de comportamento dos alunos; que haja um clima favorável à

participação de todos em sala de aula; que os alunos não se sintam reprimidos e possam

manifestar suas dúvidas, inquietações e incompreensões quanto ao que está sendo aprendido.

É nas relações cotidianas entre professor e aluno que vai se dar a aprendizagem.

Dessa interação vão surgir condições mais efetivas para que ambos possam ser capazes de se

avaliar, de avaliarem o conteúdo em questão e de tomarem decisões quanto ao

prosseguimento do processo ensino-aprendizagem. Essa relação dinâmica de aquisição,

reelaboração e produção de conhecimento, em que os alunos participam decisivamente do

processo, faz com que não tenha sentido um processo de avaliação cuja competência caiba

exclusivamente à opinião do professor quanto ao desempenho dos alunos. Parceiros na

dinâmica da sala de aula, professor e aluno devem participar de todo o processo de

avaliação.

Nesse processo não devem estar em julgamento apenas o grau de aprendizagem

alcançado pelo aluno, mas também muitos outros questionamentos. Precisa ocorrer durante

o processo a auto-avaliação, de cada uma das partes, a avaliação da forma como o

conhecimento vem sendo ensinado aprendido, dos recursos que estão sendo utilizados e dos

objetivos que estão orientando a aprendizagem e que é possível alterar de acordo com as

novas necessidades sentidas pelo grupo.

A auto-avaliação nesse contexto passa a ter uma grande importância. A opção por

um ensino transformador leva a que o aluno precise ter oportunidades de desenvolvimento

de sua capacidade crítica e, para isso, é importante que ele tenha condições não só de criticar

o que lhe é externo. Que essa capacidade se volte para dentro de si mesmo nas suas relações

com o conhecimento e com os outros, através da autocrítica, na auto-avaliação.

20

Da mesma forma, a auto-avaliação efetuada pelo professor é o seu momento de

reflexão mais intensa, de encontro com as suas verdades, o seu conhecimento e a realidade,

caracterizada então pela sua prática com um determinado grupo de alunos. É o seu momento

de questionamento, de desorganização e reorganização.

Não há necessidade de se instituir momentos formais para a realização de tais

atividades. Elas devem se dar em meio às práticas do cotidiano de sala de aula, em

momentos que a especificidade da matéria, do grupo de alunos e do professor é

que pode determinar. Importante é que os resultados dessas auto-avaliações se tornem

conscientes, que possam ser utilizados de alguma forma para reorientar ou não a rota, o

caminho do processo de ensino-aprendizagem. (...).

KENSKI, Vani Moreira. Avaliação da aprendizagem. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro

(Coord.). Repensando a didática. Campinas: Papirus, 1998.

Ampliando conhecimentos:

Como sugestão, assista:

Filme: “Escritores da Liberdade”

Direção: Richard La Gravenese

País: EUA,/ Alemanha

Gênero: Drama

Duração: 123 min.

Ano: 2007

Disponível em:

http://br.cinema.yahoo.com/dvd/filme/14178/escritoresdaliberdade

Sinopse: Baseado em uma história real, retrata a história de Erin, uma jovem que

decide abandonar seu trabalho em uma empresa e dedicar-se à educação. Ela assume uma

turma de alunos indisciplinados, de diferentes etnias, que resistem ao seu trabalho por

entender, que sendo ela uma pessoa branca, representa e perpetua o domínio dessa raça na

escola. As tentativas de aproximação da professora com os alunos são frustradas, e seu

trabalho não recebe o apoio de professores e da direção do colégio. Isso começa a mudar

quando a professora cria um projeto de leitura, que inicia com o livro “O Diário de Anne

Frank”.

21

Dicas de estudo:

Que representações temos da surdez, língua, linguagem?

a) Comecemos esta unidade com alguns questionamentos:

- Como você compreende a situação da surdez quanto à comunicação e interação no

ambiente social?

- Descreva em poucas palavras como você “vê”, a questão do processo ensino-

aprendizagem do surdo?

- Como se dá o desenvolvimento da linguagem na criança surda?

Envolvem inúmeros fatores, tais como a convivência ou não com a pessoa surda, a

informação que temos a respeito, os conceitos e preconceitos vinculados a este grupo de

pessoas.

Existem ainda outros elementos presentes na situação de interação, entre ouvinte e

surdo, que requerem ser pensadas.

b) Assista, a seguir, ao filme onde são dadas algumas notícias, o Telelibras.

“O Telelibras é o primeiro telejornal inclusivo da Internet brasileira. Os repórteres

são pessoas com deficiência, que toda semana dão dicas de Cultura, Educação e Cidadania.”

No filme são transmitidas notícias sobre inclusão, em língua de sinais e fala. É

importante que você retire o som. Acesse o endereço abaixo:

Filme Tele Libras (escolha 2 dos programas e assista) –

http://www.vezdavoz.com.br/videos/, duração 3 minutos aproximadamente.

Após assistir os filmes, escreva o que entendeu das notícias que assistiu:

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Depois da escrita, passe novamente o filme, agora com som.

c) Responda:

- Você conseguiu identificar o tema das notícias? Cite as notícias que conseguiu.

- Mencione quais foram as maiores dificuldades encontradas quanto a tradução da

Libras (Língua Brasileira de Sinais):

- Você fez tentativa de ler os lábios? Se sim, quanto lhe ajudou?

- Indique algumas diferenças entre a comunicação feita pelo colega, da notícia

sorteada e a que você viu no vídeo.

22

- Que detalhes mais chamou sua atenção ao observar as notícias em Libras? Por quê?

Para saber mais sobre a história do surdo e da língua de sinais, leia:

SACKS, O. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos.Tradução: Alfredo

B. P. de Lemos. Rio de Janeiro: Imago, 1990.

Para conhecer mais sobre aquisição de linguagem pelo surdo acesse:

http://www.virtual.udesc.br/Midiateca/Publicacoes_Educacao_de_Surdos/artig o08.htm

Texto: O Contexto Escolar do Aluno Surdo e o Papel das Línguas de Ronice Müller

de Quadros.

Com este fim vamos acessar o artigo “Educação e surdez: o papel do ensino na

visão de professores” de Ana Dorziat, o qual é um recorte de sua tese de doutorado:

Leia o texto a seguir:

Dorziat (2008) constata as imensas dificuldades que as escolas que atendem alunos

surdos encontram para tornar-se espaço no qual se priorize o ensino e a aprendizagem. Tal

fato decorre de uma visão “clínico-reabilitadora”, na qual se considera o surdo como

portador de uma patologia, o qual para ter alguma possibilidade de participação na

sociedade deveria desenvolver a oralidade. Diante de tal fato, não eram consideradas

discussões que focassem aspectos pedagógicos relacionados às questões “para quem ensinar;

onde ensinar; o que ensinar; como ensinar; quando ensinar; para que ensinar”.

A autora refere-se ainda, a sua experiência profissional com alunos surdos, centrada

nesta concepção, a qual é conhecida hoje, como oralista, que durante muito tempo ao

trabalhar com crianças surdas e ao ministrar aulas nos cursos de formação de professores de

surdos tinha como referencia esta concepção. Embora considerasse a proposta mais

adequada para o surdo, ao deparar-se com a prática “experimentava um constante

sentimento de insatisfação”, em decorrência do baixo desempenho acadêmico dos alunos

“em noções básicas como ler, escrever e contar, sem falar no desenvolvimento da habilidade

mais exigida: falar oralmente”.

Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index. php/educar/article/viewFile/2154/1806.

Dorziat (2008) observa que com a chegada da Comunicação Total, abrem-se novas

possibilidades de avanços na escolaridade dos surdos. Embora constatasse evolução

23

satisfatória na comunicação, como outros pesquisadores, observava poucos avanços quanto

à aquisição da leitura e da escrita, constatava-se cada vez mais que a prática baseada nesta

concepção não passava de “uma forma travestida de Oralismo”. Diante das críticas a

Comunicação Total, surge a concepção bilíngüe que sugeria, na essência, “o uso da língua

de sinais na sua forma genuína, como primeira língua, e a aprendizagem da língua

majoritária ou oficial (no caso do Brasil, a língua portuguesa), como segunda língua”.

Inicialmente priorizou-se o aspecto lingüístico ao se explicar sobre a importância do

Bilingüismo. Com o passar do tempo constatou-se que mudar de uma “metodologia/filosofia

oralista para uma visão bilíngüe não constitui tarefa simples. Subjacente ao uso da língua de

sinais, há um novo modo de conceber a surdez e suas implicações sociais”.

Na concepção Bilíngüe, deixa de ser dada ênfase à necessidade de “urgência em

prover o surdo da expressão oral e/ou gestos artificiais (Português Sinalizado), como critério

básico para seu desenvolvimento cognitivo”. O que não indicava diminuição da importância

da linguagem. Ao contrário, ela deixa de ser vista somente como articulação oral e/ou

gestual mecânica, “para ser considerada meio de apreensão e expressão, por meio do qual as

pessoas apropriam-se do mundo tal qual ele se lhes apresenta” (DORZIAT, 2008).

A autora conclui ser necessário considerar as implicações educacionais da surdez,

“superando o momento atual, em que a atenção de muitos profissionais envolvidos no

ensino de surdos, numa perspectiva bilíngüe, tem ficado restrita aos componentes

lingüísticos de forma isolada”. Não considerando a totalidade do fenômeno, o que tem

determinado o uso de posturas pedagógicas diversas que acabam ocorrendo no processo

pedagógico, de forma não crítica, “reproduzindo no cotidiano de sala de aula estratégias

consideradas eficazes no ensino de pessoas ouvintes ou mesmo práticas adaptadas aos

surdos, sem uma base epistemológica que dê sentido às ações” (DORZIAT, 2008).

Agora responda:

- Quais abordagens educacionais a autora vivenciou? Justifique.

- Que aspectos devem mudar para que o processo educacional atenda as expectativas

da autora.

Sugestão de leitura:

VASCONCELLOS, Celso. Avaliação: concepção dialética libertadora do processo de

avaliação escolar. 17ªed. São Paulo: Libertad, 2005.

24

UNIDADE III

A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DE VYGOSTKY

Vygotsky (1987) na sua teoria histórico-cultural fornece subsídios para uma postura

pedagógica que discuta a segregação como uma via para a consolidação da deficiência, uma

vez que o mundo estreito e fechado, criado na escola especial, não promove as interações

necessárias à apropriação de conhecimentos.

Dessa forma, fica evidente que os alunos que apresentam deficiências, quando

inclusos no processo de escolarização no ensino regular, têm mais oportunidade de

desenvolvimento, por causa da ampliação de oportunidades de socialização e interação.

Quanto à questão da avaliação, ele lança um olhar crítico, opinando sobre como

deveria ser elaborada, destacando:

O deficiente se desenvolve de uma maneira própria e o importante é

que se desenvolva;

Concentra-se nas habilidades que as crianças têm e não em suas

carências;

O desenvolvimento encontra vias de realização nas relações sociais

(p.144).

Vygotsky (1987, p.145) entende que a avaliação da aprendizagem “deverá ser

assumida como instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem em que esteja o

aluno, tendo em vista tomar decisões satisfatórias para conseguir avançar no processo de

aprendizagem”.

As formulações de Vygotsky (1987) podem contribuir para o desenvolvimento de

práticas de avaliação mais construtivas, úteis e abrangentes que levem em conta, não

somente os aspectos qualitativos dos processos de aprendizagem, como também, fatores que

podem afetar diretamente a aprendizagem e desenvolvimento desse aluno.

Para este autor, a tarefa de avaliação está em explorar os processos de aprendizagem.

Assim sendo, a avaliação deve considerar tanto os fatores sociais e contextuais que cercam a

aprendizagem do sujeito, quanto às interações envolvidas nesse processo, a fim de fornecer

as informações para os professores compreenderem melhor cada um de seus alunos e

conseqüentemente, pensarem nas intervenções que se fizerem necessárias.

A inclusão de pessoas com surdez na escola comum requer que se busquem meios

para beneficiar sua participação e aprendizagem tanto na sala de aula como no Atendimento

25

Educacional Especializado. A educação de crianças deficientes é um desses

questionamentos e que encontra em Vygotsky um suporte para a mudança; mudança de

questões que foram levantas há um século atrás por ele. Vygotsky(1991, p. 131) lança um

olhar crítico sobre essas questões e aborda a forma como essa educação deveria ser

elaborada destacando:

O deficiente se desenvolve de uma maneira própria, mas isso não deve ser

desmerecedor, pois o importante é que ela se desenvolva. Concentra-se

nas habilidades que essas crianças possuem e não em suas carências.

“Através da inserção na cultura e da participação no processo de

construção histórica, a criança portadora de deficiência assimila as formas

sociais de atuação, as internaliza e interage como sujeito histórico”. Não

podemos nos focalizar nos aspectos negativos da doença e de uma forma

generalizar sobre ela. Devemos falar sobre “as características positivas que

as constituem como pessoa”. A deficiência tem dupla influência no

desenvolvimento. Ao procurar meios de se adaptar, ela estimula o

indivíduo ao invés de limitá-lo.

Podemos perceber que Vygotsky (1991) não apóia uma educação de segregação,

onde os diferentes devam ficar isolados, pois, em uma visão mais geral, a tendência é

acreditar que eles teriam as mesmas dificuldades e por isso se adaptariam mais facilmente a

um ambiente de iguais. Ele prega o contrário. As crianças devem se interagir com crianças

“normais”; a sociabilidade é uma forma de não se adaptar à deficiência e de desenvolver

habilidades diferentes. A escola deve prezar a inserção social e continuar buscando formas

de não alienar o doente mental.

Para Vygotsky (1991, p. 131): “A compreensão da linguagem escrita é efetuada,

primeiramente, através da linguagem falada; no entanto, gradualmente essa via é reduzida,

abreviada, e a linguagem falada desaparece como elo intermediário”.

Essa afirmação é claramente observável nos leitores surdos, principalmente, naqueles

que têm na experiência visual a principal via de informação. É possível observar que os

leitores surdos no início do processo movimentam as mãos enquanto lêem. Assim como os

leitores ouvintes movimentam os lábios, quando não estão completamente seguros do que

lêem. Compreender o mundo do conhecimento e do texto escrito para surdos não depende só

do conhecimento da palavra.

Vygotsky (1991, p. 208) afirma: “Para compreender a fala de outrem não basta

entender as suas palavras – temos de compreender o seu pensamento. Mas nem mesmo isso

é suficiente – temos que compreender a sua motivação”. O professor de alunos surdos

enfrenta constantemente esse desafio do conhecimento que está além das palavras.

26

UNIDADE IV

DIFICULDADES EM MATEMÁTICA

Na proposta do Currículo Básico compreende-se que:

[...] interpretar, criar significados construir seus próprios instrumentos

para resolver problemas, estar preparado para perceber estes mesmos

problemas, desenvolver o raciocínio lógico, a capacidade de conceber,

projetar e transcender o imediatamente sensível [...] (PARANÁ, 1990,

p.66).

A Matemática é a ciência base de diversas áreas do conhecimento, sendo

fundamental seu domínio por parte dos alunos. Por isso é preciso buscar novas formas

(métodos) para ensiná­la, procurando maior eficiência no processo de ensino e

aprendizagem no âmbito escolar.

As Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná sugerem que o ensino da disciplina

seja fundamentado em tendências metodológicas.

Estudar matemática é resolver problemas e a incumbência do professor é ensinar a ar

te de resolver problemas.

Para Polya (1978, p. 2) há dois objetivos que o professor pode ter em vista ao dirigir

a seus alunos: uma indagação ou uma sugestão. Primeiro deve auxiliá­lo a resolver o

problema que lhe é apresentado. Segundo, desenvolver no estudante a

capacidade de resolver futuros problemas por si próprio.

O professor dessa maneira deverá ser um facilitador na tarefa de resolver problemas,

procurando todo custo levar seu aluno a pensar, a raciocinar, relacionar, procurar

compreender o processo e solucioná-lo.

Para Polya (1978), ao resolver um problema devem ser consideradas quatro fases,

sendo a primeira compreender o problema, a segunda estabelecer um plano de resolução, a

terceira é a execução do plano e a quarta e última fase, é o retrospecto que o estudo do

caminho levou à solução.

A comunicação relaciona-se com a organização de pensamentos, enquanto a

compreensão e o entendimento estão relacionados com a apropriação das informações e

estas, por sua vez, com um processo de leitura.

Estando impregnada de matemática, integra o processo de ensino e aprendizagem,

merecendo, por isso, atenção especial no que diz respeito às necessidades que demanda para

ser compreendida e cabe ao professor (re)construir os conceitos que se mostrarem

27

necessários para que os mesmos possam se integrar aos demais e, participarem ativamente

na construção dos seus próprios conhecimentos, pela mediação da linguagem do professor.

O conhecimento matemático e sua terminologia específica, quando desenvolvidos de

maneira tradicional, podem representar práticas educativas que acrescentam dificuldades ao

processo de aprendizado de alunos surdos. Machado (1997) considera que, para as crianças

surdas, a Matemática é um sistema de representação assim como a língua materna, cujo

significado se constrói nas ações e nas relações com o outro.

Uma prática educativa pautada na comunicação e na interação entre professor e

alunos, com a intenção de possibilitar uma efetiva significação do conhecimento

matemático, pode acrescentar novas possibilidades em um contexto educativo marcado pela

escassez de oportunidades comunicativas.

Conforme Dorziat (2007), o aperfeiçoamento da escola comum em favor de todos os

alunos é primordial. Esta autora observa que os professores precisam conhecer e usar a

Língua de Sinais, entretanto, deve-se considerar que a simples adoção dessa língua não é

suficiente para escolarizar o aluno com surdez. Assim, a escola comum deve programar

ações que tenham sentido para os alunos em geral e que seja compartilhado com os surdos.

Estes últimos precisam de ambientes educacionais estimuladores, que desafiem o

pensamento, explorem suas capacidades, em todos os sentidos. Se só com o uso de uma

língua bastasse para aprender, os ouvintes não teriam problemas de aproveitamento escolar,

já que entram na escola com uma língua oral desenvolvida. A aquisição da Língua de Sinais,

de fato, não é garantia de uma aprendizagem significativa.

Segundo esta autora, o ambiente em que a pessoa com surdez está inserida, na

medida em que não lhe oferece condições para que se estabeleçam trocas simbólicas com o

meio físico e social, não exercita ou provoca a capacidade representativa dessas pessoas,

conseqüentemente, compromete o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio. A

pesquisadora constatou que nesse caso, a natureza do problema cognitivo da pessoa com

surdez está relacionada à:

[...] deficiência da trocas simbólicas, ou seja, o meio escolar não expõe

esses alunos a solicitações capazes de exigir deles coordenações mentais

cada vez mais elaboradas, que favorecerão o mecanismo da

abstração reflexionante e conseqüentemente, os avanços cognitivos

(POKER, 2001: 300).

Considerando a necessidade de desenvolver a capacidade representativa e lingüística

dos alunos com DA, a escola comum deve viabilizar a escolarização em um turno e o

28

Atendimento Educacional Especializado em outro, contemplando o ensino de Libras e o da

Língua Portuguesa para facilitar o entendimento de outras disciplinas, em especial, a

Matemática.

Ao decidir oferecer uma educação bilíngüe, a escola está assumindo uma política

lingüística em que duas línguas passarão a co-existir nesse espaço. Além disso, será definido

qual será a primeira língua e qual a segunda, bem como as funções em que cada língua irá

representar no ambiente escolar.

Pedagogicamente, a escola vai pensar em como estas línguas estarão acessíveis às

crianças, além de desenvolver as demais atividades escolares. As línguas podem estar

permeando as atividades escolares ou serem objetos de estudo em horários específicos

dependendo da proposta da escola. Isso vai depender de como, onde e de que forma as

crianças utilizam as línguas na escola (MEC/SEESP, 2006).

As línguas de sinais são percebidas e emitidas diferentemente das línguas orais, que

são de modalidade oral auditiva, portanto percebidas auditivamente e construídas e emitidas

oralmente, enquanto as línguas de sinais são da modalidade gestual-visual, articulam-se

espacialmente e são percebidas de forma visual. De acordo com os lingüistas Ferreira Brito

(1995), Karnopp e Quadros (2004), as línguas de sinais apresentam regras gramaticais que

as tornam línguas verdadeiras e possíveis de serem estudadas.

Inúmeras polêmicas se formaram em torno da educação escolar para pessoas com

surdez. A proposta de educação escolar inclusiva é um desafio, que para ser efetivada é

necessário considerar que esses alunos têm direito de acesso ao conhecimento, bem como ao

Atendimento Educacional Especializado. Conforme Bueno (2007, p. 41) é preciso

ultrapassar a visão que reduz os problemas de escolarização das pessoas com surdez ao uso

desta ou daquela língua, e sim, ampliá-la para os campos sócio políticos.

Segundo Fernandes (2005) a deficiência auditiva pode impedir a perfeita percepção

dos fonemas das palavras, causando problemas na compreensão do que é dito, dificultando o

entendimento de tudo que se é ensinado. As causas mais freqüentes de surdez se relacionam

às viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante, ingestão de

medicamentos ototóxicos durante a gestação.

A História da educação dos surdos mostra que sempre houve uma grande

preocupação com as questões lingüísticas desses alunos, especificamente com a aquisição da

fala. Durante cerca de dez décadas acreditou-se que a oralização era o único caminho para

recuperar o desenvolvimento pleno da linguagem do aluno surdo.

Na atualidade, o método oral é denunciado por muitos professores por não ter

conseguido reabilitar os alunos surdos. Podem-se constatar essa afirmação em depoimentos

29

de professores que trabalharam com tais alunos ou tiveram contato com surdos adultos, nos

quais eles denunciam não só o fracasso do oralismo no ensino da língua portuguesa escrita,

mas principalmente, a sua ineficácia para alavancar o desenvolvimento da linguagem dos

alunos surdos.

Para Lacerda (1998), as práticas pedagógicas utilizadas com os alunos surdos

apresentam muitas limitações. A maioria deles chega ao final da escolarização básica sem

ter-se apropriado da leitura e da escrita com competência, e em muitos casos, sem ter sequer

alcançado o domínio mínimo dos conteúdos acadêmicos propostos para esse nível de ensino.

A língua de sinais garante o acesso aos conteúdos permitindo que o aluno receba as

informações veiculadas em sala de aula. Quando o aluno surdo está inserido no ensino

regular com ouvintes, a acessibilidade acontece por meio da atuação do intérprete de língua

de sinais, ou seja, de um profissional com competência lingüística em Libras e língua

portuguesa que atua na sala de aula. Quando o aluno surdo está matriculado em uma escola

bilíngüe, o professor precisa dominar a língua de sinais e explicar os conteúdos por meio da

Libras.

É importante pensarmos a educação das crianças surdas sob a perspectiva da

educação, e não só da lingüística. No Estado do Paraná, durante um longo período (1880 até

aproximadamente 1990), seguindo uma tendência nacional, as ações voltadas à aquisição da

língua oral constituíam-se no grande objetivo dos currículos das escolas de surdos, ficando

em segundo plano os conteúdos acadêmicos.

A despeito de todas as vantagens intelectuais que a Libras proporcionou ao surdo

brasileiro, não se pode tomar a língua de sinais como redentora de todos os problemas de

ensino e aprendizagem dos alunos surdos. Seria um reducionismo do ensino, atrelá-lo a

simples questões lingüísticas. A idéia de que a superação das barreiras lingüísticas seja a

solução para os problemas de ensino-aprendizado levaria a inferir que a criança ouvinte que

tem a língua portuguesa oral adquirida não apresentaria, por exemplo, problemas de

aprendizagem da escrita, ou seja, que o domínio da língua oral asseguraria o domínio pleno

da leitura e escrita e dos outros conteúdos componentes do currículo – relação que, como

sabemos não se confirma na prática.

Nesse sentido, discutiremos a importância da Libras para a elaboração conceitual

dos alunos e a necessidade da língua de sinais em sala de aula onde haja alunos surdos

inclusos, bem como o papel da escola e do professor de ensinar os conteúdos científicos a

esses alunos.

A Libras só foi aprovada recentemente, e muitas ações estão sendo pensadas nas

escolas especiais para surdos e nas escolas regulares que têm alunos surdos matriculados,

30

com o objetivo de difundir a Libras e capacitar os professores, os profissionais que têm

contato com os alunos surdos, os familiares e a sociedade em geral para o uso da língua de

sinais como uma língua estrangeira.

Importância da libras para o aluno com surdez

No processo educacional, o que caracteriza a singularidade dos alunos surdos é o uso

da língua de sinais e, conseqüentemente, a adoção de estratégias de ensino que privilegiem o

canal visual. Nesse sentido a formação de conceitos e generalizações nas crianças surdas

desenvolve-se nas interações mediadas pela Libras, língua que permite a comunicação com

os alunos surdos e o seu desenvolvimento em linguagem e raciocínio lógico.

De acordo com Goldfeld (1997, p.108-109), “as línguas de sinais pode ser

considerada a grande saída para evitar os atrasos de linguagem, cognitivo e escolar das

crianças surdas”.

A linguagem é o sistema simbólico mais elaborado, e por meio dela a criança tem

acesso a todos os conhecimentos socialmente acumulados. As crianças surdas devem ser

expostas o mais cedo possível ao aprendizado da língua de sinais, pois quando adquire uma

língua, a criança pode trocar idéias, entender as coisas que se passam em seu entorno e

entender a linguagem e pós conceitos matemáticos.

Em curto prazo, há algumas alternativas metodológicas e de organização do

ambiente da sala de aula, indicadas para facilitar a interação/comunicação, quais sejam:

facilitar a visualização da sala toda pelo aluno surdo e sua interação com os colegas,

trabalhando em círculo, duplas, grupos: usar alfabeto manual, gestos naturais, dramatização,

mímica, ilustrações, vídeo / TV, DVD, retroprojetor, para desenvolver as atividades,

facilitando a comunicação e a aprendizagem dos alunos surdos; planejar atividades com

diferentes graus de dificuldade, com diversas possibilidades de execução e expressão, como

o uso da escrita, desenho, dramatização, maquetes e trabalhar um mesmo conteúdo com

várias atividades (FERNANDES, 2005).

Para o professor sozinho, é difícil assimilar esse conjunto de novas informações a

respeito da escolarização dos alunos surdos, das melhores estratégias metodológicas, não

ignorando suas necessidades diferenciadas, sem marginalizar suas produções no contexto

escolar e por isso seria interessante fazer reflexões conjuntas entre professores, equipe

técnica, pedagógica e professores especializados na área da surdez para juntos trocar

informações, tirar dúvidas e tomar decisões.

31

Há uma riqueza de elementos na Libras, baseados na cultura visual dos surdos, que

oferecem um amplo universo de possibilidades de representar o mundo, encadeando as

palavras não de forma linear e seqüencial como se está acostumados na comunicação oral e

também escrita, mas de modo simultâneo e multidimensional.

Toda essa riqueza cultural que infelizmente, ainda, é desconhecida pela grande

maioria das pessoas, contribui para a compreensão da visão das pessoas surdas, como

integrantes de uma minoria lingüística, tal como ocorre com comunidades indígenas e de

imigrantes.

Existem inúmeras formas de se ter acesso à Língua de Sinais e colocar os filhos em

contato com surdos adultos para facilitar essa aprendizagem. Também conta-se com muitos

materiais didáticos produzidos atualmente, que podem auxiliar nesse processo.

Conforme Fernandes (2005) é indiscutível o valor da língua de sinais para surdos e

sua incorporação nas agendas das políticas públicas, assegurando que, na prática, a

cidadania bilíngüe dos surdos seja plenamente realizada, expandindo suas possibilidades

pessoais e profissionais. Os educadores devem procurar transformar estratégias de

submissão e domesticação em práticas de respeito à diferença e à libertação, no cotidiano

escolar.

Em cada país há a sua própria língua de sinais refletindo a cultura e tradições daquele

povo. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a língua usada pelas comunidades surdas

brasileiras dos centros urbanos.

Para trabalhar com o aluno com surdez não há regra pronta ou receita que garanta

bons resultados em nenhuma disciplina. Cada criança tem sua história e sem dúvida, o

professor e a escola tem papel decisivo em seu desempenho.

Quando o desenvolvimento não é satisfatório, o motivo real e principal será a falta de

uma política educacional democrática efetiva que extrapole os muros escolares permeando a

construção dos futuros cidadãos, sem os preconceitos até agora arraigados. Pode também ser

porque o sistema educacional não ofereça atendimento adequado, não tendo recursos

disponíveis.

Segundo Gonzáles e Dias (2007, p. 131) a educação das crianças surdas é

extremamente complexa, difícil e os professores dessa área precisam de um amplo nível de

competências, necessitando de treinamento e especialização em áreas como o

desenvolvimento da linguagem, em termos lingüísticos e audiológicos.

Pode-se trabalhar de muitas maneiras, desde que o professor parta do que é comum,

desenvolvendo a competência visual-espacial, sabendo que a competência lógico-

matemática não se origina na esfera áudio-oral (GARDNER, 1994, p.100).

32

Refletindo:

- Você conhece a Língua de Sinais?

- Já viu surdos se comunicando por meio dela?

Sugestão de leitura:

FERNANDES, Sueli. Educação Bilingue para surdos: Trilhando caminhos para a

prática pedagógica. Curitiba: SEED/SUED/ DEE/ag. 2004.

Adequações necessárias para atender alunos com deficiência auditiva

- Posicionar o aluno na sala de aula de forma que possa ver os movimentos do rosto

(orofaciais) do professor e de seus colegas;

- Utilizar a escrita e outros materiais visuais para favorecer a apreensão das

informações abordadas verbalmente;

- Utilizar os recursos e materiais adaptados disponíveis: treinador de fala, tablado,

softwares educativos, solicitar que o aluno use a prótese auditiva, etc.;

- Utilizar textos escritos complementados com elementos que favoreçam sua

compreensão: linguagem gestual, língua de sinais;

- Apresentar referências importantes e relevantes sobre um texto (o contexto

histórico, o enredo, os personagens, a localização geográfica, a biografia do autor, etc.) em

língua de sinais, oralmente, ou utilizando outros recursos, antes de sua leitura;

- Promover a interpretação de textos por meio de material plástico (desenho, pintura,

murais, etc.) ou de material cênico (dramatização e mímica);

- Utilizar um sistema alternativo de comunicação adaptado às possibilidades e

necessidades do aluno: língua de sinais, leitura orofacial, linguagem gestual, etc.

- Há alunos que conseguem ler os movimentos dos lábios. Assim, o professor e os

colegas devem falar o mais claramente possível, evitando voltar-se de costas enquanto fala.

É extremamente difícil para estes alunos anotarem nas aulas, durante a exposição oral da

matéria, principalmente aqueles que fazem leitura labial enquanto o professor fala;

- É sempre útil fornecer uma cópia dos textos com antecedência, assim como uma

lista da terminologia técnica utilizada na disciplina, para o aluno tomar conhecimento das

palavras e do conteúdo da aula a ser lecionada;

33

- Este estudante pode necessitar de tempo extra para responder aos testes;

- Fale com naturalidade e clareza, não exagerando no tom de voz;

- Evite estar em frente à janela ou outras fontes de luz, pois o reflexo pode obstruir a

visão;

- Quando falar, não ponha a mão na frente da boca;

- Quando utilizar o quadro ou outros materiais de apoio audiovisual, primeiro

exponha os materiais e só depois explique ou vice-versa (ex.: escreva o exercício no quadro

ou no caderno e explique depois e não simultaneamente);

- Repita as questões ou comentários durante as discussões ou conversas e indique

(por gestos) quem está falando para uma melhor compreensão por parte do aluno;

-Escreva no quadro ou no caderno do aluno datas e informações importantes, para

assegurar que foram entendidas;

- Durante as avaliações, o aluno deverá ocupar um lugar na fila da frente. Um

pequeno toque no ombro dele poderá ser um bom sistema para chamar-lhe a atenção, antes

de fazer um esclarecimento.

Dicas básicas para a convivência com pessoas surdas ou com deficiência auditiva no

dia a dia

- Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção em

você, acene para ela ou toque levemente em seu braço;

- Se ela fizer leitura labial, fale de frente para ela e não cubra sua boca com gestos e

objetos. Usar bigode também atrapalha;

- Quando estiver conversando com uma pessoa surda, pronuncie bem as palavras,

mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais

devagar;

- Não adianta gritar;

- Se souber algumas palavras na língua brasileira de sinais, tente usá-las. De modo

geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas;

- Seja expressivo. As expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão

boas indicações do que você quer dizer, em substituição ao tom de voz;

- Mantenha sempre contato visual; se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar

que a conversa terminou;

34

- A pessoa surda que é oralizada (ou seja, que aprendeu a falar) pode não ter um

vocabulário extenso. Fale normalmente e, se perceber que ela não entendeu, use um

sinônimo (carro em vez de automóvel, por exemplo);

- Nem sempre a pessoa surda que fala tem boa dicção. Se não compreender o que ela

está dizendo, peça que repita. Isso demonstra que você realmente está interessado e, por isso,

as pessoas surdas não se incomodam de repetir quantas vezes for necessário para que sejam

entendidas;

- Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O importante é se comunicar

seja qual for o método. <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1462

6.pdf?PHPSESSID=2010012008183564 acessado em 11-07-2011

35

UNIDADE V

A CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM EM VIGOTSKI

E A AVALIAÇÃO

Para Moraes (2008) numa concepção de desenvolvimento e aprendizagem proposta

por Vigotski (1991) ele apresenta elementos importantes para explicar a avaliação da

aprendizagem como processo contínuo e realizado sistematicamente durante a execução das

atividades escolares, na interação professor-conhecimento-criança.

Como defende o autor, isto significa que com o auxilio deste método podemos medir

não só o processo de desenvolvimento até o momento presente e os processos de maturação

que já produziram, mas também os processos que estão ocorrendo ainda, que só agora estão

amadurecendo e desenvolvendo-se (VIGOTSKI 1991, p.44).

A avaliação escolar desse modo torna-se uma ação essencial para o acompanhamento

do desenvolvimento do aluno possibilitando analisar uma relação qualitativa entre a

atividade de ensino elaborada pelo professor e a de aprendizagem realizada pelos alunos.

Essa perspectiva também encontra sustentação no processo vigotskiano de que a mediação

do professor ou do outro mais experiente, ao atuarem na zona de desenvolvimento proximal

do aluno, poderá promover o seu desenvolvimento.

Dessa maneira, o professor precisa ser um observador perspicaz das ações de

aprendizagem da criança. Vigotski (2000) comenta em seus estudos sobre a importância do

brincar, do jogar na educação infantil, relata que estas atividades se constituem como

principal fonte para a criança desenvolver-se e revelar seu desenvolvimento.

O professor, como um observador perspicaz, analisa tal processo para intervir.

Porém, infelizmente, o que percebemos nas práticas escolares da educação infantil é que

pouco se observam as crianças brincando e seus processos de aprendizagem. Os exercícios

repetitivos, nas folhas de papel, direcionados às crianças tomam o maior espaço no trabalho

pedagógico. Nesse período de escolarização, os jogos e as brincadeiras podem ser tomados

como núcleo do trabalho com a criança, no entanto não se explora a relação entre brincar,

aprender e desenvolver-se.

As práticas avaliativas culturalmente têm reforçado por meio da aplicação de provas

e testes, o que a criança já sabe, classificando-a, com o objetivo de aprovar e reprovar, isto é,

dar o veredicto final. O processo de ensino e aprendizagem é analisado pelo seu produto,

não pelo seu processo.

36

Nessa prática avaliativa o pior é que os resultados não são tomados para refletir sobre

seu trabalho pedagógico. Seus objetivos são muito mais burocráticos e imediatos, com isso

não influenciam nem o ensino e muito menos a aprendizagem, revelando uma dissociação

entre esses dois elementos cruciais das práticas escolares. Em poucas palavras, esse modo de

avaliar constitui-se em uma pseudo-avaliação ou uma avaliação estática. Segundo Lunt

(1994, p.228, grifos da autora):

As técnicas de avaliação estática concentram-se no que a criança já sabe e,

portanto, no produto da aprendizagem, e no que ela sabe fazer por si

mesma. A intenção desses procedimentos é estabelecer níveis de

competência, que freqüentemente são confundidos e usados como medidas

de potencial.

Pode-se inferir que a prática avaliativa estática foi influenciada pela perspectiva

psicológica psicrométrica, em que baterias de testes eram realizadas com a finalidade de

identificar o nível de desenvolvimento do sujeito.

Conforme essa ótica avalia-se o desenvolvimento já completado e o ensino deverá

direcionar suas práticas tendo como referência esses dados. A lógica dessa prática avaliativa

é a da resposta certa, porque, para a sociedade, era o que importava.

A proposta vigotskiana reverte tal concepção mostrando a importância capital de

analisar o que a criança é capaz de realizar com a ajuda do outro, do mediador,

possibilitando uma avaliação prospectiva, mediante uma relação dinâmica entre retrospecção

e prospecção.

O desafio consiste em acompanhar o processo de apropriação do conhecimento,

focando na interação com o outro e verificando se o ensino incide na zona de

desenvolvimento proximal.

Lunt (1994) desenvolveu um estudo sobre a avaliação na perspectiva vigotskiana,

estabelecendo distinções entre avaliação estática e dinâmica.

No quadro a seguir são apresentadas as principais características destes dois tipos de

avaliação.

37

AVALIAÇÃO ESTÁTICA AVALIAÇÃO DINÃMICA

Pressupõe a existência no indivíduo de

características fixas e mensuráveis.

O progresso é controlável;

A aprendizagem e o desenvolvimento

estão em movimento;

O potencial da criança será revelado por

meio das interações que estabelece;

A avaliação é realizada por nível de

competência, freqüentemente confundida e

usada como o potencial da criança

(aproveitamento como sinônimo de

potencial);

A avaliação é individual;

A avaliação é realizada tanto coletiva

como individualmente;

Há interação dinâmica entre o aluno e o

professor;

Concentra-se no que a criança já sabe

(produto da aprendizagem), destacando os

resultados;

A ênfase recaí em como a criança

aprende. O foco está no processo de

aprendizagem, analisando o que a criança

pode fazer com a ajuda do

outro(mediador);

A avaliação é retrospectiva, descritiva e

prognóstica;

Evidencia os dados quantitativos, não

permitindo uma exploração mais ampla das

funções psicológicas;

A avaliação é prospectiva;

Evidencia os dados qualitativos,

objetivando compreender a relação entre

a aprendizagem e o desenvolvimento das

funções psicológicas superiores;

As informações colhidas nas avaliações não

subsidiam o ensino;

A avaliação tem o potencial para revelar

informações importantes sobre as

estratégias e processos de aprendizagem,

oferecendo sugestões úteis sobre o

ensino;

Valoriza os testes de QI;

A criança é isolada do seu contexto.

Valoriza a análise da atividade me sala de

aula.

Quadro I- Característica da avaliação estática e dinâmica

No entender de Lunt (1994), a prática avaliativa que segue os pressupostos de

Vigotski enquadra-se na perspectiva de avaliação dinâmica, como demonstramos no quadro

acima e seu foco está na compreensão da qualidade de aprendizagem. O objetivo é revelar as

mudanças psicológicas do aluno ao longo do processo educacional. Segundo Martins

(2005,p.73)

38

Tal avaliação também deve contemplar o desenvolvimento das funções

psicológicas que estão implicadas nas atividades propostas pelo

professor: será através dessas atividades que a criança desenvolverá o seu

pensamento, a linguagem, a atenção voluntária, a memória, estabelecerá

relações e correlações, etc.

Vigotski por meio de seus estudos fornece elementos que possibilitam a organização

de métodos de análise sobre os processos de aprendizagem, o potencial de aprendizagem e o

desenvolvimento dos indivíduos (diagnóstico e prognóstico), oferecendo informações para a

reestruturação do ensino voltado à promoção humana.

As práticas avaliativas baseadas nesta perspectiva privilegiam formas mais

interativas e qualitativas de aprendizagem, analisando o que a criança não sabe fazer

sozinha, isto é, explorando a natureza do potencial de aprendizagem na zona de

desenvolvimento proximal, por isso constitui-se em uma avaliação prospectiva. Lunt (1994,

p.234) afirma que:

[...] qualquer avaliação que não explore a zona de desenvolvimento

proximal é apenas parcial, já que só leva em conta as funções já

desenvolvidas e não aqueles que estão em processo de desenvolvimento

e que, por definição, desenvolvem-se por meio da atividade

colaborativa.

O valor da interação nesta concepção de avaliação está imbricado,

fundamentalmente, com a forma como a criança se apropria dos conhecimentos:

primeiramente, nas relações com os outros – interpsicológicos, para, depois, incidir no plano

individual (intrapsicológica), ou seja, na dinâmica dialética entre o social e o individual,

entre o externo e o interno. Deste modo, conforme Martins (2005, p.56),

[...] é o exercício social do conhecimento que permitirá aos alunos dar

sentido próprio para o conhecimento oferecido na escola. Essa

concepção revela que o movimento na avaliação, buscando dar conta da

complexidade do ensinar e aprender, como elementos essenciais à

promoção humana.

Sintetizando, a forma pela qual realizamos a aprendizagem e desenvolvimento

humano fornece subsídios para a compreensão sobre a relação entre a matemática e a

formação do pensamento, que será tratada a partir de duas distintas concepções sobre o

ensino da matemática, por nós denominadas de: matemática empírica e matemática teórica.

A primeira refere-se à organização do ensino que privilegia os aspectos sensoriais e

39

observáveis desta área de conhecimento e a segunda consiste no trabalho com a unidade

fundamental dos conhecimentos matemáticos, considerados imprescindíveis para o

desenvolvimento do pensamento teórico.

Matemática empírica e a formação do pensamento empírico

Segundo Moraes (2008) a matemática que ora denominamos de empírica está

fundamentada pelos pressupostos da lógica formal do pensamento, em que os conceitos

matemáticos são ensinados de acordo com o formalismo e rigor das estruturas matemáticas,

uma vez que o conhecimento é visto como algo pronto e acabado, desconsiderando seus

aspectos sócio-históricos. Assim, o ensino é reduzido à transmissão de conhecimentos sem

significação social para os alunos. Estes conhecimentos os escolares aprendem porque

fazem parte da ciência, porém descaracterizando seu processo dinâmico de produção da

humanidade.

A seqüência dos programas docentes constitui-se análoga ao processo histórico de

constituição da matemática. Segundo Davydov (1982 p.40-41, tradução nossa):

[...] no ensino das matemáticas, as regularidades da generalização e da

abstração têm se reflexo na ordem habitual que segue o estudo da

aritmética e da álgebra. A primeira se concentra nos cursos primários; a

segunda vem a ser ensinada somente com base na aritmética e depois

dela.

[...] Sob a ótica psicológica, a diferença entre a aritmética e a álgebra se

pode ver em que, ao operar com cifras ou algarismos – caso da

aritmética-, concebemos números empíricos particulares, ainda que

operando com letras- caso da álgebra – entendemos que subjazem todos

os números do gênero dado.

Com isso, o trabalho do professor, que também aprendeu matemática nesta

perspectiva, isto é nos padrões da lógica formal e do pensamento empírico, prioriza os

aspectos externos do objeto. O conhecimento é apropriado quando segue o esquema

percepção-representação-conceito. Assim, parte-se de observações diretas, sensoriais, dos

objetos singulares (percepção), seguida de representação, utilizando-se de gráficos ou

desenhos, para, finalmente, chegar ao conceito no seu aspecto discursivo.

Davydov (1982, p.22, tradução nossa) descreve esse processo da seguinte forma:

40

Como ponto de partida para todos os níveis de generalização servem os

objetos e fenômenos singulares, sensorialmente perceptíveis, do mundo

que nos rodeia. No processo docente, se ensina às crianças a maneira de

observar conseqüentemente essa diversidade sensorial concreta de

objetos e fenômenos, assim como explicar em forma oral os resultados

das observações. De modo gradual, as crianças adquirem a faculdade,

por um lado, de efetuar a descrição oral dos objetos sobre a base de

impressões anteriores, apoiando-se nas representações visuais, auditivas

e táteis-motoras, e por outro lado, seguindo a narração verbal e as

indicações do mestre, desenhar as adequadas representações ilustrativas

de objetos com os quais não têm uma relação direta.

Segundo Davydov (1982), o esquema percepção – representação – conceito constitui

um processo de abstração e generalização empírica do conceito, visto que prioriza os

seguintes aspectos:

- A comparação e o cotejamento dos objetos análogos são a via principal da

formação do conceito;

- A abstração ocorre por meio da separação mental dos atributos comuns dos objetos,

considerando suas propriedades extrínsecas;

- O esquema de abstração e generalização empírica se realiza da parte para o todo,

diante da comparação de um grande número de objetos. “Sobre a base de um grande número

de fatos adequadamente selecionados, nasce a idéia abstrata, generalizadora, de um dos

atributos que os associam”. (DAVYDOV, 1982, p.15) .

- A palavra é um substituto dos conceitos;

- O processo generalizador consiste em entender o que é comum nos objetos e formar

sua classe.

No ensino de matemática, esta forma de abstração e generalização do conceito pode

ser observada no exemplo citado por Davídov (1999, p.134) sobre o ensino do número.

Um exemplo de tal desenho curricular na matemática está relacionado

com o modo de apropriação da noção de número pelas crianças. Como é

bem conhecido, para fazer as crianças se familiarizarem com esta

noção, são mostrados a elas conjuntos de objetos (tais como conjuntos

de palitos, bolas e carros de brinquedos, etc.). As crianças observam

esses conjuntos, extraem as características numéricas idênticas ou

comuns, e os nomeiam com os signos numéricos/palavras numerais.

Como resultado, um conjunto pode ser como o signo numérico/palavra

numérica dois, outro conjunto três, e daí por diante (tradução CEDRO;

SERRÃO).

41

Esta situação é muito comum no ensino de matemática, em que aos escolares é

proporcionado o trabalho com as particularidades do conteúdo de número, por meio de atos

comparativos e repetitivos em que “[...] os „números‟ são tomados como dado e “fatos”, que

tem sua representação nas “figuras numéricas” (DAVÝDOV, 1982, p.197).

O aprendizado deste conhecimento proporciona um tipo de pensamento- empírico-

que serve para interagir na realidade social, porém é limitado para a complexidade social em

que vivemos. Os conhecimentos empíricos não dão conta de compreender a realidade em

sua essencialidade e muito menos possibilitam uma atuação crítica e transformadora dos

sujeitos. Davydov (1982, p. 92) também apresenta os limites desse tipo de abstração e

generalização:

[...] o esquema empírico de generalização e abstração perde seu

autêntico valor cognoscitivo e se converte em método de separação e

diferenciação dos objetos segundo umas ou outras propriedades

extrínsecas, um meio para criar novos termos, denominações e sinais

(grifos do autor, tradução nossa).

Ao enfatizar os aspectos de diferenciação, classificação e denominação e utilizar-se

de novos termos, o ensino, não contribui para a criação de novos conhecimentos; ao

contrário, priva os escolares de chegarem à essência dos conhecimentos, limitando as

condições de formação do pensamento teórico.

Davídov (1999, p.135, tradução SERRÃO; CEDRO) reforça que “[...] o pensamento

empírico é desenvolvido nos humanos sem qualquer escolarização; a escolarização somente

oferece suporte para a utilização adicional e o cultivo desta forma de pensamento”.

No ensino fundamental o trabalho com os números, é muito mais procedimental do

que um trabalho que possibilite a formação do pensamento numérico. A preocupação é que

os escolares apropriem-se dos procedimentos, isto é, o trabalho com o número é

sistematizado de forma que os alunos possam realizar as quatro operações, mas então,

desconhecem as propriedades internas destes conceitos e suas interconexões. O número é

apenas mostrado e não reproduzido pela criança. O ensino deste conteúdo não parte de uma

problematização. O conceito de número é trabalhado com as crianças como algo pré-

fabricado sem revelar seu conteúdo objetivo. Nesse sentido, Lanner de Moura (2007, p.72)

afirma que:

O ensino de matemática traduz os conceitos de que trata a linguagem da

lógica formal, que é a linguagem que preferencialmente dá

42

funcionamento às máquinas. Por esse faccto, foi o ensino que mais se

adaptou a uma forma mecânica de ensinar os conceitos. Destituídos de

ações pedagógicas de enfoque na dimensão criativa do conceito, este

ensino deixou de obrigar a integração do aluno no movimento do

conceito, como atividade que solicita a participação de todas as formas

de pensamento.

Nessa forma algo que é imprescindível para o desenvolvimento humano, como é o

pensamento numérico, acaba sendo reduzido a exercícios estéreis e repetitivos. Esse modo

de ensinar revela o desenvolvimento da matemática empírica, em que os conceitos não são

trabalhados de forma relacional, não se estabelecem os nexos conceituais e se desconhece a

procedência do conceito. O ensino organizado e executado que tem como referência o

conhecimento empírico faz com que os alunos se apropriem muito mais de noções

matemáticas do que de conceitos genuinamente matemáticos.

Considerando a prática pedagógica do ensino matemático sustentado pela lógica

formal e pelo conhecimento empírico, verificamos a seguinte situação: depois de o professor

trabalhar com uma variedade de problemas, que nada mais são que exercícios aritméticos

repetitivos, ao propor outra situação semelhante, os alunos mesmo antes de lerem os

enunciado, questionam: - Vai ser de mais ou de menos?

Os professores consideram esse questionamento como inquietante, porque após tanto

trabalho com os alunos, eles não conseguem empregar a operação adequada para a resolução

do problema. A justificativa apresentada pelos docentes é de que o aluno tem dificuldades de

decodificação e compreensão da língua escrita. Vejamos a resposta dada por uma das

professoras participantes da Oficina Pedagógica de Matemática quando questionado sobre

como procederia na elaboração do plano de ensino:

Uma avaliação diagnóstica dos alunos é importante. Verificar se

cada um é competente para resolver as quatro operações

fundamentais da aritmética/matemática. Descobrir a capacidade

de compreender um texto na nossa língua. Um problema de

matemática nada mais é que a compreensão e interpretação do

enunciado e a solução depende do aluno saber os cálculos

necessários.

Plano: 1) Fazer o aluno ser competente nas quatro operações com

trabalho individual; 2) Estimular o aluno a gostar de resolver “

continhas”; 3) Mostrar ao aluno que ele sabe, o que para muitos é

complicado, dominar a língua é muito mais fácil; 4) Desenvolver

a habilidade em resolver problemas apresentando as ações mais

usadas nos livros de matemática(ganhar, perder, distribuir,

dobrar,...); 5) Refazer o caminho perdido nas séries anteriores

(RP-Ju – com RP identificamos relato de professores com a sílaba

das iniciais de seu nome)

43

A resposta confirma a importância de compreender o significado de uma situação-

problema e o conteúdo do ensino de matemática. Para essa professora o aluno não consegue

resolver o problema porque não compreende o texto, então, a dificuldade não reside na

dimensão do ensino de Matemática, mas na de Língua portuguesa. Essa constitui uma

avaliação simplificada e equivocada sobre o domínio dos conteúdos matemáticos. Os

professores esquecem que o ato de compreender o problema constitui uma das etapas do

conhecimento matemático.

Podemos dizer que se trata da etapa mais importante, visto que é a partir daí que a

criança escolherá os instrumentos que utilizará na resolução do problema. Isto significa que

precisamos lançar esforços no ensino de matemática para que os alunos possam desenvolver

a capacidade de análise dos problemas, pensar sobre os dados e não simplesmente acertar na

resolução dos cálculos, conforme entendem Davydov (1982) e Kalmykova (1991).

Outro exemplo que reforça esta situação foi relatado por uma pessoa durante os

encontros realizados na Oficina pedagógica de Matemática.Segundo seu depoimento, após

passar na lousa o seguinte exercício: Substitua o ∆ pelo numeral ordinal

correspondente:Minha mãe faz 40 anos neste ano. No ano que vem será seu ∆ aniversário.

Um de seus alunos questionou-a sobre o que tinha que fazer para encontrar a solução do

exercício. Assim, para tornar o enunciado mais claro, a professora questionou os alunos

sobre o conteúdo do exercício:

Ju – O que significa ordinal?

Aluno – É bandido.

Esta professora relatou, indignamente, que os alunos chegam até a 4ª série e não têm

vocabulário e muito menos compreensão do que está escrito para resolver os problemas

propostos. Conforme seu depoimento:

Ju – Não é que eles não sabem matemática é que não sabem interpretar o problema,

assim não conseguem nem aplicar os cálculos para resolver.

Este exemplo reforça a concepção equivocada dos professores, em que as

dificuldades encontradas pelos alunos na sua aprendizagem pelos conhecimentos

matemáticos estão fora do campo da própria matemática, o que dificulta buscar alternativas

para saná-las.

É preciso então destacar que a leitura de um texto envolve dois níveis de

compreensão: decodificação, o sujeito precisa ter domínio dos conceitos e estabelecer

relações e conexões no texto. Tais níveis de compreensão não estão alocados em uma área

do saber, perpassam por todas as áreas.

44

Com o depoimento da professora, percebemos que, ao não trabalhar o conceito de

ordinal, nem mesmo a relação entre cardinalidade e ordinalidade - conceitos imprescindíveis

para a compreensão do conceito de número - não se pode esperar que os alunos se apropriem

destes conceitos.

No exemplo citado, a criança, por não saber o significado da palavra, fez ligação com

uma parecida que é utilizada na sua experiência de vida. É necessário compreender que o

processo de apropriação dos conhecimentos matemáticos também é responsável pelo

aumento do vocabulário e, mais ainda, à medida que se apropriam dos conceitos, os

escolares poderão utilizá-los como ferramenta psicológica para a compreensão da realidade.

A utilização da palavra deve ser no sentido atribuído por Vigotski (2000), não só

como unidade de pensamento e do discurso, mas como unidade de generalização e de

comunicação do pensamento. A forma de conceber, organizar e executar o ensino de

matemática no exemplo citado tem como referência o desenvolvimento do conhecimento

empírico e a formação do pensamento também empírico em que “fala discursiva dos

aprendizes desempenha um papel fundamental na apropriação de tal conhecimento”

(DAVYDOV, 1999, p. 134, tradução SERRÃO; CEDRO).

Apresenta Davydov (1982) algumas considerações importantes sobre as dificuldades

do ensino de matemática na época de seu estudo, por volta da década de 1970 na URSS, que

retomaremos tendo em vista a atualidade da suas investigações para a reflexão sobre o

ensino de matemática. Naquela época, destaca o autor, ensinar o conceito de número

reduzia-se a tipos de problemas. Para resolver os problemas propostos, os alunos utilizavam

metade do tempo destinado aos estudos. Elas tinham que identificar o tipo de problema e

aplicar o método resolutivo anteriormente assimilado para chegar ao resultado, ou seja,

ensinava-se a classificar o problema, ao invés de resolvê-lo. Vários problemas eram

propostos para que os alunos, por meio da repetição, chegassem à resolução.

Nesta ótica, aprender significava repetir, memorizar, tendo em vista que a solução do

problema dependia apenas de recordar e reproduzir o método resolutivo já conhecido. Neste

modelo, os alunos resolvem os problemas recordando a solução e não pensando-a, não se

desenvolve a faculdade de análise. Nas palavras de Davvdov (1982, p.155):

Assim, pois, os escolares – especialmente os primários – resolvem com

inteiro acerto, no fundamental somente problema do tipo que eles

conhecem e cuja identificação prévia é a premissa fundamental para

reproduzir o método resolutivo concreto que antes assimilarem. Com

toda a complexidade desde labor já que por si só, ele não passa dos

marcos do pensamento classificante e empírico (grifo do autor, tradução

nossa).

45

O exemplo apresentado revela que o trabalho com o número e as operações hoje

desenvolvidos em muitas escolas, assemelha-se ao que Davydov observou no ensino de

matemática de seu país. Faz parte de um ensino que desconsideram as faculdades de análise

e síntese no processo de ensino e aprendizagem, imprescindíveis para a apropriação dos

conhecimentos científicos de matemática e para a formação do pensamento teórico.

Mais um ponto que Davydov (1982, p. 156) nos apresenta para repensar o ensino de

matemática, diz respeito aos aspectos metodológicos fundamentados no concreto (palpável,

manipulável), centrando a atenção das crianças nas particularidades do objeto.

O trânsito correto e oportuno das crianças desde o apoio na evidência

natural até a faculdade de orientar-se nas reações das próprias grandezas

e números (“relações abstratas”) é uma condição importante para

iniciar-se no domínio das matemáticas.Sem dúvida, na prática, durante

excessivo tempo se mantém as crianças no nível das representações

sobre os objetos reais circundantes e seus conjuntos, o que entorpece a

formação dos conceitos genuinamente matemáticos (grifos do autor,

tradução nossa).

Afirma Davydov (1982) que o método de ensino baseado na concretização para

descobrir os nexos e a relação entre as grandezas orienta a atenção das crianças nas

peculiaridades concretas, inerentes às condições do problema, isto é, nas propriedades

extrínsecas dos objetos. As representações das crianças, mesmo abstraindo as propriedades

dos objetos, constituem-se na imagem do objeto no pensamento. Assim “[...] a representação

se conserva ainda a forma sensorialmente percebida da imagem dos objetos; mas por outro,

já tem sido eliminados dela certos traços secundários, deixando somente os mais

importantes” (DAVYDOV, 1982, p.23, tradução nossa).

No ensino ancorado em aspectos procedimentais, por exemplo, verificamos o ensino

de números e das operações fundamentais, revelando a situação apontada por Davídov.

Muitas vezes, ao questionarmos jovens que estudam no ensino médio sobre uma operação

simples de adição, ao invés de resolvê-las com base no movimento das quantidades

numéricas, resolvem imaginando o algoritmo no pensamento.

Assim, quando se solicita para responder o resultado de 34+48, fazem-no utilizando

mentalmente o procedimento do algoritmo escrito da adição, ou seja, 4+8=12 ficam dois na

unidade e acrescenta uma dezena, depois somam 1+3+4=8, totalizando 82. Como durante o

processo de escolarização foi reforçado, continuamente, o emprego do algoritmo na maioria

das situações, não oportunizando trabalhar com o sistema decimal em movimento, os

46

escolares acabam absolutizando a utilização desse procedimento, ao invés de pensar

numericamente.

Por exemplo, poderiam ter resolvido, com exatidão e rapidez, da seguinte forma:

retirar duas unidades do numeral 34 e acrescentar ao 48, simplificando a operação:

50+32=82. Ao absolutizar os passos do algoritmo como único modo de solução, eles não se

despregam do procedimento; sua representação é a imagem do observável diretamente (no

caso, os passos do algoritmo). Desse modo, a abstração sempre está relacionada com o tipo

de objeto.

Também revela este exemplo, que o conteúdo de matemática não é considerado

como um conhecimento relacional, ficando seu ensino restrito aos aspectos parciais do

conhecimento. No caso exposto, o trabalho com as operações aritméticas, cujo foco está nos

procedimentos, não possibilita que os alunos compreendam o conceito de cada operação

fundamental, reduzindo-se a um conhecimento empírico, porque não revela a essência do

conceito.

Trata-se de um ensino de que os alunos compreendam o conceito de cada operação

fundamental, reduzindo-se a um conhecimento empírico, porque não revela a essência do

conceito. É um ensino de matemática ancorado nos pressupostos da lógica formal do

conhecimento, cujo objetivo, segundo Davydov (1982, p.100, tradução nossa), fica restrito à

assimilação de “[...} determinados conhecimentos sobre o mundo natural e social

circundantes, e logo- com a ajuda dos mesmos – resolvem determinado círculo de exercícios

práticos”.

Esta é forma de ensino com metodologia expositiva, por partir das definições dos

conceitos assimilados de forma verbal, fazendo com que os escolares descrevam os aspectos

distintos sobre as coisas e fenômenos diretamente perceptíveis e observáveis.Então, a tarefa

docente restringe-se à orientação das observações dos alunos para que identifiquem os traços

comuns dos objetos ou grupos que devem ser generalizados e abstraídos.

Este modelo de ensino prioriza o empirismo, o pragmatismo e o utilitarismo dos

conteúdos. A prática escolar fica reduzida à vida cotidiana, ao princípio da evidência, não

marcando uma diferença entre os conhecimentos apropriados na vida cotidiana e os

escolares.

O ensino no esquema de abstração e generalização empírica limita-se a sistematizar e

classificar os objetos em determinadas categorias, partindo do singular para o geral. Tal

esquema não garante o movimento contrário. O conceito constitui-se no conjunto dos tacos

comuns pela percepção e descritos verbalmente, desarticulado das formas de atividade

mental, considerando os atributos externos como autônomos e independentes entre si.

47

Nessa forma de ensino, ”[...] as disciplinas constituem uma das fontes de rigoroso

caráter descritivo da matéria, e o trabalho mental em torno da mesma com freqüência se

reduz a que as crianças assimilem as classificações dos fenômenos e os acontecimentos, a

reter suas descrições verbais características” (DAVYDOV, 1982, p.195-196, tradução

nossa).

O pensamento formado então se reduz ao pensamento imediato e ao empírico

limitando-se à descrição do real e não marcando significativamente, o desenvolvimento

psíquico dos escolares. A avaliação do processo de ensino e aprendizagem nesta concepção,

também será comparativa, restrita ao observável diretamente, uma mera verificação do que o

aluno sabe por meio das suas manifestações discursivas ou representativas, sem analisar as

ações que levaram os sujeitos a essas manifestações. Consiste no exame só sobre aquilo que

o professor ensinou e a criança conseguiu repetir.

Dessa maneira a avaliação tem como função atestar, classificar o que foi ensinado,

por meio de instrumentos que serão aplicados ao final de cada unidade, para examinar as

aprendizagens adquiridas. A análise sobre o que o aluno aprendeu recai sobre o observável,

o visível, sobre o que foi objetivado, não tendo a preocupação em analisar o

desenvolvimento cognitivo do aluno, o não aparente. A importância do aprender ou o que foi

memorizado tem durabilidade até a avaliação, depois cai no esquecimento, por não ter

significado para o sujeito.

Nesta maneira de avaliar deduz-se que o indivíduo tenha características fixas e

mensuráveis, que são desenvolvidas em várias idades e estágios; dá-se importância para a

avaliação do nível, do estágio em que a criança se encontra (LUNT, 1994).

Esse não é o modo mais humano de ensinar, aprender e avaliar os conhecimentos

matemáticos, tendo em vista os limites objetivos que se coloca para o desenvolvimento do

pensamento teórico dos sujeitos. Para formar o pensamento teórico na criança, faz-se

necessário modificar o tipo de princípios didáticos que regem o ensino.

No caso específico do ensino de matemática, significa substituir o ensino

memorístico, mecânico, reprodutivo e superficial por um ensino matemático que se

fundamenta nos conhecimentos científicos desta área do saber e que coloca o aluno como

sujeito de seu conhecimento. Deste modo, tanto o conteúdo como os procedimentos

metodológicos precisam estar articulados para que os alunos se apropriem teoricamente dos

conhecimentos matemáticos.

Pensando na sua escola:

48

- Quais ações estão sendo desenvolvidas ou que possam ser praticadas como

atividades significativas, primando pela qualidade do processo ensino aprendizagem e

avaliação?

Sugestões de filmes educativos sobre surdos:

Amny.

O milagre de Anne Sullivan.

Filhos do silêncio.

Querido Frankie.

Sangue negro.

Sugestões de livros:

Vendo vozes (Oliver Sackes).

O vôo da gaivota (Emanuelle Laborit).

Estudos Surdos (Ronice Muller).

O que é ser surdo? (Vera Stardnará).

A avaliação da aprendizagem, de alunos surdos, na disciplina de Matemática

Os conhecimentos expressos nos conceitos escolares das diferentes disciplinas foram

produzidos pelos homens para que pudessem compreender a natureza e as suas próprias

relações humanas, com vistas a atender certas necessidades. São, portanto, instrumentos

simbólicos ou mediadores culturais. À medida que concebemos os conceitos escolares como

instrumentos, reconhecemos que eles não têm uma finalidade em si, mas foram construídos

em uma atividade prática histórico-social.

Podemos então inferir que a apropriação desses conceitos implica não somente na

sua descrição, mas sim fazer uso deles, tanto na resolução de problemas, como também, na

explicação dos fenômenos presentes no mundo objetivo.

As palavras de Leontiev possibilitam pensar em como verificar se o aluno assimilou

ou não os conceitos:

Quando dizemos, por exemplo, que a criança “assimila” instrumentos, isto

significa que começa usá-los com precisão, que forma as correspondentes

ações e operações motoras e mentais (LEONTIEV, 2003, p.66).

49

Ao apropriar-se de um conceito, os sujeitos podem utilizar esse conhecimento como

instrumento do seu pensamento, ele toma o conhecimento para si, apropria-se desse

significado, usa esses conhecimentos adequadamente, e esses conhecimentos passam a

orientar automaticamente a sua ação.

Leontiev ilustra esse processo com o exemplo da assimilação do cálculo da adição:

Com efeito, a criança aprende primeiro a adição como uma acção determinada, em que o

meio, isto é, a operação é adjunção unidade por unidade. Depois tem de resolver problemas

cujas condições exigem que se efectue a adição de grandezas (“para saber tal coisa, deve-se

adicionar tais grandezas”). Neste caso, a acção mental da criança já não é mais a adição, mas

a resolução do problema; a adição torna-se então uma operação e deve, portanto, tomar a

forma de uma prática suficientemente elaborada e automatizada (LEONTIEV, 1978, p.306).

Os conceitos aprendidos, assimilados pelos alunos, assumem um caráter

diferenciado, tornando possível usá-los em situações diversas, realizar novas tarefas e

enfrentar novos desafios. O que se espera é que o aluno use os conceitos aprendidos

orientando automaticamente suas ações físicas e mentais. Por exemplo, ao apropriar-se do

conteúdo de multiplicação nas aulas de Matemática, use adequadamente ao resolver os

cálculos matemáticos; ao estudar hidrografia nas aulas de Geografia, consiga elaborar

mentalmente um roteiro de viagem com base nas características hidrográficas de

determinada região; ao ter o conceito de cadeia alimentar, nas aulas de Ciências, possa

compreender e analisar uma reportagem de jornal que alerta sobre a superpopulação de certo

animal em determinado espaço.

Temos certeza que esses exemplos não servem como modelos ideais de avaliação,

mas permite um novo olhar para a realização da prática avaliativa, pois à medida que o

professor compreende que a designação verbal, a descrição de fatos não implica

necessariamente em apropriação de conhecimentos e que o aluno pode expressar que

aprendeu um conceito quando utiliza como instrumento do pensamento, ele pode pensar em

quais formas possibilitam de fato ao aluno exteriorizar o conceito aprendido.

Desse modo, no âmbito educacional escolar, a avaliação deve ter sempre a

característica de processo, de um caminho e não de um lugar, porque implica numa

seqüência contínua e permanente de apreciações e de análises qualitativas, com enfoque

compreensivo.

As práticas avaliativas, com alunos surdos, na disciplina de matemática podem tanto

estimular, promover, gerar crescimentos e avanços, levando o aluno ao sucesso, como

também podem desestimular, frustrar, impedir o progresso, conduzindo-o ao fracasso. Ou

50

seja, a avaliação poderá melhorar a aprendizagem ou simplesmente produzir resultados ou

respostas sem sentido.

Avaliar é preciso, mas com outro enfoque, que não seja o de aferição, seleção, etc.,

que só fazem limitar ainda mais as possibilidades transformadoras da educação, além isso,

os educadores precisam estar conscientes de que a avaliação faz parte do processo ensino e

aprendizagem de forma contínua e de que, com ela, procura-se conhecer não apenas os

progressos, mas também as estratégias de trabalho utilizadas pelos professores.

Registro de avaliação exige exercícios do professor; exercícios de prestar atenção nas

manifestações dos alunos, tanto escritas quanto orais; exercícios de descrever e refletir

teoricamente a respeito de tais manifestações, e de partir para encaminhamentos ao invés de

permanecer nas constatações. Assim, acompanhar de forma avaliativa não significa apenas

observar todas as ações ou tarefas do aluno para simplesmente dizer ou constatar se está apto

ou não num determinado saber, mas significa sim, responsabilizar-se pelo aprimoramento

desse fazer, pelo seu ir além.

O Decreto5626 de 22/12/2005, capítulo IV, artigo 14 instituiu o processo avaliativo

da criança surda em ensino regular, garantindo uma avaliação coerente e concisa; no

capítulo VI- adotar mecanismos de avaliação coerente com o aprendizado de segunda

língua, na correção de provas escritas, valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a

singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa.

Dessa maneira não há como pensar em uma avaliação classificatória, generalizada,

que abrange todos os alunos ouvintes ou surdos, não levando em consideração as

diversidades lingüísticas existentes em sala de aula. Cabe ao professor elaborar estratégias

avaliativas de forma que o aluno surdo não seja inferiorizado nem tão pouco desprezado ou

tido como incapaz.Modificar as práticas avaliativas é um verdadeiro desafio, que implica em

inovações na forma de o professor e o aluno avaliarem o ensino e a aprendizagem, uma vez

que avaliar significa refletir continuamente sobre o que se faz, onde se faz e porque se faz o

que é feito. Avaliar exige negar o caráter padronizador da aprendizagem e eliminar todas as

características excludentes das escolas, que adotam propostas conservadoras.

A prática escolar de avaliação inclusiva provoca necessariamente a cooperação entre

todos os alunos e o reconhecimento de que ensinar uma turma é, na verdade, trabalhar com

um grande grupo com diferentes e diversas possibilidades.. Nessa direção, Mantoan (2006,

p.45) afirma que:

[...] as escolas de qualidade são espaços educativos de construção de

personalidades humanas autônomas, críticas, onde crianças e jovens

51

aprendem a ser pessoas. Nesses ambientes educativos, os alunos são

orientados a valorizar a diferença pela convivência com seus pares, pelo

exemplo dos professores, pelo ensino ministrado nas salas de aula, pelo

clima sócio-afetivo das relações estabelecidas em toda a comunidade

escolar – sem tensões competitivas, mas com espírito solidário,

participativo. Escolas assim concebidas não excluem nenhum aluno de suas

classes, de seus programas, de suas aulas, das atividades e do convívio

escolar mais amplo. São contextos educacionais em que todos os alunos

têm possibilidade de aprender, freqüentando uma mesma e única turma.

O processo avaliativo para alunos surdos deve-se levar em conta a diversidade

cognitiva, e o mais importante ainda, que os alunos consigam aplicar os conhecimentos

adquiridos em seu dia a dia, de forma que esses conhecimentos possibilitem uma existência

de qualidade e a plena convivência em sociedade. Fernandes (2006), considera um aspecto

relevante quanto às avaliações para os alunos surdos, que seja utilizado as situações sociais,

que por fazer parte do cotidiano do aluno, se torna mais prático e fácil o desenvolvimento do

raciocínio lógico em situações matemáticas.

Em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, deve-se ter inúmeros cuidados

em sua elaboração e aplicação. Todo o conteúdo da prova deve estar adequado com o que

foi trabalhado, durante as aulas de Matemática, não dando origem a dúvidas.

No momento de atribuir conceitos ou estabelecer certo valor para as resoluções

matemáticas, desenvolvidas pelo aluno surdo, o professor deverá estar preparado para

entender que a dificuldade em raciocínio lógico pode estar relacionada com a dificuldade de

compreensão dos enunciados lidos e que essa dificuldade impede a organização, do nível

conceitual. Muitas vezes, só compreende, o significado das palavras de uso contínuo, o que

interfere no resultado final de qualquer trabalho, mesmo o mais simples.

Mediante a avaliação realizada para alunos surdos, na disciplina de matemática

afirmamos a concepção de que analisamos não somente a aprendizagem, mas também a

nossa prática e desta forma, podemos pensar em novos caminhos, novos encaminhamentos

para que a aprendizagem ocorra, utilizando critérios compatíveis com as características

inerentes de cada educando.

Assim sendo, para avaliar o aluno surdo, o professor deve contar com o apoio da

interprete que o acompanha em sala de aula, acompanhamento este garantido por lei. Deve-

se acompanhar o processo ensino e aprendizagem levando em conta que, a língua materna

do aluno em específico é a Libras, diferentemente dos demais alunos envolvidos, que têm a

língua portuguesa como a língua natural. Além disso, o professor deve contar com o apoio

52

do interprete na correção das provas, uma vez que esse profissional é habilitado na

proficiência em Libras, servindo de apoio pós avaliação.

A avaliação da aprendizagem para o aluno surdo requer grande capacidade de

observação dos profissionais envolvidos, assim o professor não deve supervalorizar os erros

em detrimento do conteúdo e sim anotar os erros para que sejam objetos de análise junto ao

educando afim de que possa superá-los. Além disso, seria injusto duvidar que a

aprendizagem efetivamente ocorreu, tendo-se por base unicamente o desempenho lingüístico

do aluno surdo, ponto em que se situam suas principais necessidades especiais.

Por fim percebemos que muitos educadores ainda não se sentem engajados em

construir uma escola inclusiva. Muitas dúvidas que os tornam menos engajados poderiam

ser sanadas ao acessarem suma simples página de documentos ou artigos que apontem

caminhos e ou práticas que viabilizem a inclusão de alunos com necessidades educacionais

especiais. Aqui nos colocamos claramente contra essas atitudes de comodidade que ainda

fazem parte de nossa realidade.

Entretanto, também não afirmamos que as mudanças buscadas são trajetos claros e

sem conflitos, até porque não existe boa educação sem uma dose de igual tensão. Caminhos

com incertezas todos enfrentarão, mas é preciso acreditar que é possível a construção de

uma sociedade inclusiva e a existência de escolas que acolham realmente o mundo de todos

dentro do seu mundo. Sabemos que para o desenvolvimento de uma proposta de educação

inclusiva adequada, necessita-se de profissionais com formação específica para as atividades

docentes, mas, além disso, é necessário um profissional com envolvimento, competência e

conhecimento.

53

UNIDADE VI

PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO PDE

OBJETIVOS

-Contribuir para a formação continuada dos docentes.

-Articular o saber e o saber fazer.

-Analisar a relação conteúdo, método e avaliação da aprendizagem de matemática

RESUMO DA PROPOSTA

A avaliação é parte integrante do processo ensino aprendizagem, requer preparo

técnico e grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos. Tem ma função

fundamental na formação de conceitos por alunos como sujeitos reconstrutores de sua

própria história. Atualmente, no processo ensino aprendizagem a prática de avaliação é

definida pela concepção de mundo dos profissionais, os instrumentos avaliativos estão

ligados a idéias e modelos de realidade que os profissionais apresentam em relação a escola,

ao ensino, a função do professor e a função do aluno. Diante disso, consideramos

importante refletir sobre a prática avaliativa e redimensionar o rumo a uma perspectiva

criativa e crítica de avaliação. A avaliação da aprendizagem, do aluno surdo, na disciplina de

matemática é ponto merecedor de profunda reflexão na proposta em evidência, visto que,

todos os profissionais envolvidos nesse processo deverão estar conscientes de que o mais

importante é que os alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos, de forma,que

esses conhecimentos possibilitem a superação dos desafios enfatizando as capacidades e

potencialidades do educando.

Palavra chave: Avaliação da Aprendizagem- Aluno Surdo- Disciplina de Matemática.

AÇÕES PREVISTAS

- CONVITE

54

Tenho a satisfação de convidar V. S.ª para participar da implementação do Projeto de

Desenvolvimento Educacional que traz como tema: “Avaliação da Aprendizagem de

Surdos do Ensino Fundamental - Anos Finais na disciplina de Matemática”

Esta ação didática pedagógica se dará através do Curso de extensão:

Dia: 15/08/2011

Pauta: Apresentação, informações e início

Hora: 18 horas

Local: Colégio Marechal Rondon

Confirme sua inscrição

Atenciosamente

_____________________

Devanir Machado Borges

Professora PDE – 2011

- FICHA DE INSCRIÇÃO

Curso de extensão

Título do Projeto: “: “Avaliação da Aprendizagem de Surdos do Ensino Fundamental -

Anos Finais na disciplina de Matemática”

Instituições de vínculo: FECILCAM

Escola de origem: Colégio Est. Marechal Rondon Ensino Fund. Médio e Profissional.

Município: Campo Mourão

Telefone: (44) 3523 15 95

Professora Pedagoga – PDE Devanir Machado Borges

Orientadora: Evaldina Rodrigues

Identificação dos Professores Cursistas:

1-Nome:...............................................................................................................................

Cargo:...............................Disciplina:..................................................................................

Curso:..................................................................................................................................

Nascimento...../...../.....RG..............................................CPF.............................................

Endereço:Rua ...................................... Número.......... Complemento..............................

55

Bairro:...............................Cidade:.....................................CEP:........................................

Tel. Residencial: ( ) ................ Cel. ( ).............. Tel. Contato: ( )...........................

E-mail:.................................................................................................................................

- CRONOGRAMA PARA O GRUPO DE ESTUDOS

Número

de

Encontro

Conteúdos Dia Horário Loc

al

Docente(s) Carga

Horária

01- Formação de

Conceito

matemático em

aluno surdo

15-

08-

11

18:00 às

22:00 h.

Colégio

Marechal

Rondon

Prof.Evaldi

na

e Devanir

4 horas

02- Formação de

Conceito

matemático em

aluno surdo

22-

08-

11

18h00min

às

22h00min

h.

Colégio

Marechal

Professora

Evaldina

4 horas

03- Temática 01 - A

criança surda e

a aprendizagem

da escrita

29-

08-

11

18h00min

às

22h00min

h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

04- Temática 02

Linguagem e

Pensamento

05-

09-

11

18h00min

às

22h00min

h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

2 horas

05- Temática 03-

Avaliação

educacional

escolar: para

além do

autoritarismo

12-

09-

11

18:00 às

22.00h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

06- Temática 04

Por uma prática

docente crítica e

construtiva

19-

09-

11

18:00 às

22:00 h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

07- Temática 05 –

Aprendizagem e

Desenvolviment

o Intelectual na

26-

09-

11

18:00 às

22:00 h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

56

Idade Escolar.

08- Temática 07

Educação

Bilíngüe para

surdos:Desafios

à inclusão

Temática 08-

Avaliação da

Aprendizagem

para alunos

surdos na

disciplina de

matemática

3-10-

11

18:00 às

22:00 h

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

9- Temática 10-

Atendimento

escolar de

alunos com

necessidades

educacionais

especiais: Um

olhar sobre as

políticas

públicas de

educação no

Brasil

17-

10-

11

18h00 às

22h00min

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

4 horas

10- Temática 11

Avaliação

Educacional:

Caminhando na

contramão

24-

10-

11

Trabalho à

Distância

Professora

Devanir

4 horas

11- Temática 12

Avaliação Geral

dos Trabalhos

31-

10-

11

18h00 às

20:00min .

Colégio

Marechal

Rondon

Professora

Devanir

2 horas

57 - PLANO DE AÇÃO

Encontros Professora Conteúdo Objetivo Metodologia Avaliação

Primeiro e

segundo

encontros

Evaldina

Evaldina

Formação de

conceito

matemático em

aluno surdo

Compreender

como é que o

aluno aprende

Desenvolvimento

de atividade

matemática de

modo coletivo e

intrapsiquico

Descrição da

respostas dadas

pelos

participantes no

decorrer da aula

Terceiro

Encontro

Devanir A criança surda

e a

aprendizagem

da escrita

Conhecer o

percurso da

aquisição da língua

e as interseções

indispensáveis

para o

desenvolvimento

do indivíduo.

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens

relevantes.

Plenária e

produção

escrita a ser

entregue para a

professora

Quarto

Encontro

Devanir Linguagem e

Pensamento

Diferenciar

linguagem e

pensamento no

aspecto lingüístico.

Leitura do texto:

Individual e em

Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens

relevantes.

Plenária e

produção

escrita a ser

entregue para a

professora

Quinto

Encontro

Devanir Avaliação

Educacional

Escolar: para

além do

autoritarismo

Delinear a questão

do autoritarismo

na prática de

avaliação e sua

possível superação

por vias intra-

escolares.

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens

relevantes.

Plenária e

produção

escrita a ser

entregue para a

professora

Sexto

Encontro

Devanir

Por uma prática

docente crítica e

construtiva

Refletir a avaliação

articulada com o

processo de ensino

numa perspectiva

construtiva

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens relevantes

Plenária e

produção

escrita a ser

entregue para a

professora

Sétimo

Encontro

Devanir Aprendizagem e

Desenvolviment

o na Idade

Escolar

Analisar o

questionamento de

Vigotski referente

ao desenvolvimento

da criança a

respeito das três

correntes teóricas

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens relevantes

Plenária e

produção escrita

a ser entregue

para a professora

Oitavo

encontro

Devanir Educação

Bilíngüe para

surdos

Oportunizar a

reflexão do

professor sobre a

prática pedagógica,

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

Plenária e

produção escrita

a ser entregue

58

quando nela estiver

envolvido, o aluno

surdo, desafiando-o

a buscar as práticas

mais adequadas em

cada caso

dos itens relevantes

para a professora

Nono

Encontro

Nono

Encontro

Devanir

Devanir

Atendimento

escolar de alunos

com

necessidades

educacionais

especiais:um

olhar sobre as

políticas públicas

de educação no

Brasil

Temática 08-

Avaliação da

Aprendizagem

para alunos

surdos na

disciplina de

matemática

Ampliar

conhecimentos

sobre as políticas

públicas no Brasil

sob o enfoque do

atendimento aos

alunos com

necessidades

educacionais

especiais

Analisar a relação

conteúdo, método e

avaliação da

aprendizagem de

matemática.

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens relevantes

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens relevantes

Plenária e

produção escrita

a ser entregue

para a professora

Plenária e

produção escrita

a ser entregue

para a professora

Décimo

Encontro

Devanir Avaliação

Educacional:

Caminhando na

contramão

Refletir sobre a

avaliação da

aprendizagem sob

três aspectos.

Leitura do

texto:Individual e

em Duplas.Registro

com apontamentos

dos itens relevantes

Plenária e

produção escrita

a ser entregue

para a professora

Décimo

Primeiro

Encontro

Devanir Avaliação Geral

dos Trabalhos

Coletar novos

dados para a

produção científica

Folhas

sistematizadas sobre

avaliação para o

preenchimento

Plenária coletiva

Relatório

individual de

cada professor a

ser entregue para

a professora.

- QUESTÕES REFERENTES AO GRUPO DE ESTUDO

Roteiro do texto 03

Temática – A criança surda e a aprendizagem da escrita. Livro: Linguagem e Surdez-

Eulália Fernandes p. 45- 51.

59

Conforme a leitura do texto reflita sobre as seguintes questões:

1- Lennenberg afirma que a aquisição da linguagem não depende, no homem, do

processamento de estruturas acústicas. Você concorda com essa expressão? Justifique sua

resposta.

2- Segundo o texto, como ocorre a escrita?

3- A ausência do requisito “som” para o letramento das crianças surdas traz um série de

vantagens no aprendizado. Como justificar essa afirmativa?

4- Como Sacks ressalta as formas de memória para surdos?

5- Como se desenvolve a prática pedagógica segundo o texto?

6- Lane faz algumas considerações para que ocorram mudanças no ensino de melhor

qualidade, quais são?

Roteiro do Texto 04

Temática – Linguagem e Pensamento Livro: Linguagem e surdez – Eulália Fernandes.

p.15 -26.

Conforme a leitura do texto reflita sobre as seguintes questões:

1- Diferencie linguagem de língua.

2- O conceito de signo tomou várias conceituações no final do século XIX e XX. Identifique

no texto, como Vygotsky analisa a função social do signo.

3- Pensamento verbal e não verbal possuem características diferenciadas, quais são elas?

Roteiro do Texto 05

Temática: Avaliação Educacional escolar: para além do autoritarismo. Livro::Avaliação

da Aprendizagem escolar. Cipriano C. Luckesi. p.27-47.

1- Segundo Luckesi, a avaliação da aprendizagem é um meio e não um fim em si mesma.

Como ele explica a afirmativa da frase?

2- “A pratica escolar predominante hoje se realiza dentro de um modelo teórico de

compreensão que pressupõe a educação como um mecanismo de conservação e reprodução

da sociedade” (Althusser, Bordieu e Passeron, 1975.) Você concorda com os autores?

Justifique.

3- Elabore uma síntese sobre os Contextos pedagógicos para a prá tica da avaliação

educacional.

60

4- ”Uso autoritário da avaliação escolar e a sua transformação em mecanismo disciplinador

de condutas sociais..”. Na prática, a avaliação ocorre como afirma o autor? Argumente.

5- Como fazer para que avaliação educacional assuma uma mediação dialética?

6- O educador que estiver pronto a dar um novo encaminhamento para a prática de

avaliação, deve proceder de que forma?

Roteiro do texto 06

Temática: Por uma prática docente crítica e construtiva. Livro – Avaliação da

Aprendizagem Escolar. Cipriano C. Luckesi p. 120

Conforme leitura do texto, reflita sobre as seguintes questões.

1- Estar interessado em que os educando aprendam e se desenvolvam individual e

coletivamente é um principio anunciado por uma prática crítica e construtiva. No entanto, a

sociedade na qual vivemos não possui esse interesse, e os educadores, muitas vezes,

conscientes disso ou não, assumem posturas e realizam procedimentos que corroboram essa

perspectiva política. Como elucidar com exemplos práticos, tal afirmativa?

2- O texto, descreve como ocorre o desenvolvimento do educando, sintetize-o.

3- A cultura é uma construção que a humanidade vem elaborando ao longo do tempo. Como

se desenvolvem os conteúdos culturais no desenvolvimento do educando?

4- Diferencie aprendizagem espontânea de aprendizagem intencional?

5- A aprendizagem intencional deve ser ativa e inteligível. Como deve ser construída?

6- Pontue os quatro elementos fundamentais que podem ser considerados no processo ensino

e aprendizagem?

7- Para exercitar uma prática docente crítica, é necessário ter alguns princípios básicos.

Comente-os.

Roteiro do texto 07

Temática – Aprendizagem e Desenvolvimento Intelectual na Idade Escolar.

Livro – Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. p. 103- 117.

Conforme a leitura do texto, reflita sobre as seguintes questões:

Segundo Piaget aprendizagem e desenvolvimento implicam uma completa independência.

Como conceituar essa teoria? A teoria da aprendizagem afirma que:”aprendizagem é

desenvolvimento.” Como você analisa esta afirmativa ao reler o texto?

61

A aprendizagem da criança começa muito antas da aprendizagem escolar. Como inserir esta

frase no cotidiano de nossas práticas pedagógicas?

O texto cita dois níveis de desenvolvimento de uma criança. Como identificá-lo?

1- Limitar todo o ensino aos meios visuais, para crianças com necessidades educacionais

especiais ( NEE) é um experiência que foi satisfatória segundo o texto? Copie frases com

comprovem sua resposta.

2. Explique, segundo o texto como ocorre o desenvolvimento da linguagem?

Roteiro do texto 08

Temática - Educação Bilíngüe para surdos: Desafios á Inclusão. SEED- Departamento de

Educação Especial- Surdez. Ano 2006.

Conforme leitura do texto reflita as seguintes questões:

A implementação de uma proposta de educação bilíngüe para surdos requer algumas

mudanças no Projeto Político Pedagógico da escola, diante desse desafio, debata sobre

propostas que possam ser viabilizadas, em sua escola, em relação aos itens que seguem, a

fim de que a diferença lingüística dos surdos seja respeitada e reconhecida nas práticas

pedagógicas:

a) conhecimento sobre a surdez e suas implicações para a aprendizagem

b) aprendizado da Libras pelos surdos e demais membros da comunidade escolar;

c) estratégias metodológicas visuais que poderiam ser utilizadas nas aulas;

d) mudanças na avaliação para surdos: organização das provas, critérios diferenciados, entre

outros.

Registre as idéias do grupo, sintetizando as contribuições, por tópicos.

A síntese dessa discussão, também, poderá ser integrada ao Projeto político Pedagógico de

sua escola.

Roteiro do texto 09

Temática - Avaliação da Aprendizagem para alunos surdos na disciplina de

matemática.

Este texto foi produzido pela Professora Devanir Machado Borges, logo as questões para

reflexões ainda não foram produzidas.

Roteiro do texto 10

62

Temática - Atendimento escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: Um

olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. Livro – Inclusão Escolar. Maria

Teresa E. Mantoan e Rosangela Prieto.

A partir da leitura do texto reflita.

1- As instituições escolares, ao reproduzirem constantemente o modelo tradicional, não têm

demonstrado condições de responder aos desafios da inclusão social e do acolhimento as

diferenças [...] Você concorda com a afirmação da autora? Justifique sua resposta

2- Para que a inclusão ocorra de fato, o que é necessário acontecer na escola?

3- Os termos: inclusão e integração escolar correlacionados? Justifique Em sua escola,

acontece a inclusão ou a integração? Como ocorre?

4- Estabeleça uma comparação entre o que diz a lei sobre inclusão e o que realmente

acontece no cotidiano de sua escola.

Roteiro do texto 11

Temática - Avaliação Educacional: Caminhando na contramão. Luiz Carlos Freitas,

Maria Regina Lemes de Sordi, Maria Marcia S. Malavaski e Helena Costa Lopes de

Freitas.p. 7-82.

Trabalho à Distância

Orientações do Trabalho à distância:

- Fica a critério de cada participante do Grupo, escolher a opção de como fazer o trabalho à

distância: individual ou duplas.

O trabalho à distância, nesta etapa, terá 08horas de carga horária.

A não entrega do trabalho acarretará na perda do certificado.

O prazo máximo para a entrega dos trabalhos será dia 30-11-2011, para a Professora PDE-

Colégio Estadual Marechal Rondon.

Os trabalhos deverão seguir orientações abaixo:

1-Leitura e análise crítica do texto: Educar é humanizar. Carlos Rodrigues Brandão. Texto

disponível site: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde. texto.

1.1-Fazer um relatório sucinto da leitura do texto.

2-Leitura/estudo do texto: Avaliação Educacional: Caminhando na contramão

2.1-Fazer um relatório (em uma lauda) explicando os conceitos;

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2.2- Listar as principais contribuições que a leitura lhe proporcionou, indicando também que

mudanças promoveriam na sua prática, a partir desta leitura.

3- Encaminhar o trabalho dentro do prazo previsto, observando todos os itens acima, e não

esquecer de colocar na capa do trabalho se foi construído individual ou em duplas, o nome

dos(s) participantes com a assinatura.

4- As cópias dos textos acima serão disponibilizadas via email para cada participante no

decorrer dos encontros.

Atividades Extras: Sugestões de Leituras e Reflexões:

Roteiro do texto 01

Temática - Currículo e Avaliação. MEC. Secretaria da Educação Básica- Claudia de

Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas pagina 17-43

Conforme a leitura do texto, reflita sobre as seguintes questões:

1-Em que esferas da educação ocorre a avaliação?

2-O texto elenca que o compromisso do professor é avaliar para ir além do senso comum.

Como se explica o sentido da frase?

3-Explique como deve ser uma avaliação dentro do processo pedagógico?

4-Caracterize avaliação somativa.

5-Como ocorre a avaliação formativa

6-Comente a frase: “A escola, não e o local onde se aprende um determinado conteúdo

escolar, mas um espaço onde se aprende a construir relações”.

7-Em sua opinião, como devem ser construídos os instrumentos de avaliação?

8-O texto trabalha na perspectiva de uma avaliação que implica em chegar a uma conclusão.

Que conclusão seria?

9-A auto avaliação ainda não se tornou um hábito em nossas salas de aulas. Se é papel da

escola formar sujeitos autônomos, críticos por que ainda não incorporamos tal prática?

Continue a releitura do texto e responda a pergunta acima.

10-Você considera o Conselho de Classe como relacionado a Avaliação ? Justifique sua

resposta?

11-Como transformar o Conselho de Classe um momento de integração e discussão do

processo pedagógico?

Roteiro do texto 02

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Temática - A lógica do absurdo.

Livro: Concepção dialética Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. Celso

Vasconcellos pagina 17-21

Leia o texto, reflita e expresse com suas palavras:

1-Tem lógica as afirmações anteriores?

2- O sistema de avaliação, realmente chegou a esse grau de perversão? E possível reverter

essa situação? O que se pode fazer?

3- Das afirmações descritas, qual esta mais presente no cotidiano de sua prática?

Exemplifique?

4- Avaliação para que? E por quê?

5- Para complementar seus estudos leia o texto: Questão Mitológica p. 23 a 27 seqüência

deste livro. Unidade II.Pense nos conteúdos trabalhados no cotidiano, na avaliação enquanto

processo, e redija um texto de no mínimo uma lauda respondendo as questões acima.

Roteiro do texto 03

Temática - Necessidades Educacionais Especiais. Parâmetros Curriculares Nacionais–

Adaptações Curriculares p. 23-34.

1- Conforme leitura do texto: ”As necessidades educacionais especiais podem ser

identificadas em diversas situações de aprendizagem”. Elenque-as.

2- As necessidades educacionais nas escolas são amplas e diversidades. A política Nacional

de Educação Especial aponta algumas prioridades, quais são elas?

3- Que características apresentam os alunos com superdotação ou altas habilidades?

Analisando estas características você se recorda de algum aluno? Continue a observá-lo e se

necessário, repasse para os conhecimentos da equipe pedagógica.

4- Alunos com condutas típicas apresentam um comportamento diferenciado. Como é

manifestado esse comportamento?

5- Pensando sobre as deficiências elencadas quais você considera mais difíceis de se

trabalhar? Justifique.

6- O Projeto Político Pedagógico de sua escola é um ponto de referência como

operacionalização de um currículo para atender os alunos com NEE? Caso a resposta seja

negativa. Escreva como deveria ser essa proposta.

7- O que entende por adaptações curriculares? Ocorrem realmente na prática?

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Auto Avaliação:

1- Assiduidade

2- Pontualidade

3- O que você pensa sobre avaliação? Como você a vê? Como você avalia a sua prática

educacional?

4- O processo:

Realização das atividades propostas

Empenho na elaboração e apresentação dos trabalhos.

Contribuição nos debates; questionando, concordando, divergindo ou acrescentando.

Leitura dos textos apresentados.

Leituras complementares por iniciativa própria.

Relato de experiências pessoais relacionadas ao conteúdo.

5- Final dos Estudos:

Apropriação dos conteúdos.

Modificação de atitudes.

Visão crítica mais aguçada, quanto a realidade da inclusão

6- Observações e sugestões:

66

REFERÊNCIAS

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