saúde - 8 de março de 2015

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Sa úde Caderno F MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017 e bem- estar Cuidados com o coração Páginas 4 e 5 DIVULGAÇÃO Reposição hormonal promove qualidade de vida A reposição hormonal tem gerado polêmicas e levantado inúmeras dúvidas na cabeça das mulheres porque, como em quase todos os casos de saúde, exis- tem os defensores e aqueles que apontam o dedo acusando o tratamento de ser uma das causas do câncer de mama e outros malefícios. Para desfazer estas e outras dúvidas frequen- tes, o Saúde e bem-estar foi conversar com o ginecologista e mastologista Gerson Mourão, especialista no assunto. Confira a entrevista: Saúde e bem-estar: Re- posição hormonal, por que fazer? Gerson Mourão: Após a me- nopausa ocorre uma queda brus- ca daquele hormônio que faz com que a mulher, a partir da primeira menstruação deixe de ter a aparência física idêntica à do homem e comece uma verdadeira metamorfose. Esse hormônio se chama estrogênio. Serve também para evitar a os- teoporose, o ressecamento da pele, da vagina e dos cabelos e é essencial à saúde da mulher. Saúde: Tem que fazer? GM: Em tese, todas as mulhe- res deveriam fazer. A mulher, em nossos dias, graças aos avanços em saúde pública, está vivendo um terço de sua vida na pós- menopausa e, portanto, na mais profunda carência hormonal, o que inevitavelmente altera a sua qualidade de vida. Nós médicos queremos que as mulheres vivam mais e sem as mazelas inevitá- veis da velhice. Saúde: Qual o momento certo para fazer reposição hormonal? GM: Imediatamente após a pa- rada da menstruação para conti- nuar tendo níveis satisfatórios de hormônios, fator essencial à sua qualidade de vida. Se retardar o início da reposição, a mulher perderá parte desses efeitos. Saúde: Qualquer mulher pode fazer a reposição hor- monal? GM: Nem todas. Existem al- gumas contra-indicações abso- lutas, por exemplo, quem já teve câncer de mama e endométrio ou trombose não deve fazer uso da reposição. Em outros casos as contra-indicações são relativas. Saúde: Na balan- ça dos benefícios e desvantagens, vale a pena fa- zer a terapia? GM: Sem dúvida que vale, mas é de fundamental importância individualizar a terapia e en- tender que a privação hormonal poderá alterar a qualidade de vida dessa mulher, desde o seu sono até sua vida sexual. Saúde: A reposição hormo- nal tem defensores e detra- tores, por que essa divisão de opiniões dentro da área médica? GM: É pelo fato do câncer de mama ter tido um leve aumento após 5 anos de uso da reposição hormonal, o que o torna um di- visor de águas, mas a maioria, onde me incluo, pensa numa visão mais holística, ou seja, a mulher não é só um par de mamas e se ela tiver que viver um terço de sua vida n a pós-menopausa, que viva bem e com tudo o que a medicina pode lhe oferecer. Saúde: Uma vez iniciado o tratamento, ele é para o resto da vida? GM: Sem dúvida, porque no momento em que suspender o tratamento, lentamente vai per- dendo os efeitos benéficos. Saúde: E se interromper o tratamento por alguma razão, haverá consequências? GM: Se for por um curto perí- odo de tempo, por exemplo, dois meses, não haverá problemas. Na dúvida entre fazer ou não fazer? Fomos perguntar a quem entende VERA LIMA Equipe EM TEMPO

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Saúde - Caderno de saúde e bem-estar do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Saúde - 8 de março de 2015

SaúdeCa

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o F

MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 [email protected] (92) 3090-1017

e bem-estar Cuidados com ocoração

Páginas 4 e 5

DIVULGAÇ

ÃO

Reposição hormonal promove qualidade de vida

A reposição hormonal tem gerado polêmicas e levantado inúmeras dúvidas na cabeça das

mulheres porque, como em quase todos os casos de saúde, exis-tem os defensores e aqueles que apontam o dedo acusando o tratamento de ser uma das causas do câncer de mama e outros malefícios. Para desfazer estas e outras dúvidas frequen-tes, o Saúde e bem-estar foi conversar com o ginecologista e mastologista Gerson Mourão, especialista no assunto.

Confi ra a entrevista:

Saúde e bem-estar: Re-posição hormonal, por que fazer?

Gerson Mourão: Após a me-nopausa ocorre uma queda brus-ca daquele hormônio que faz com que a mulher, a partir da primeira menstruação deixe de ter a aparência física idêntica à do homem e comece uma verdadeira metamorfose. Esse hormônio se chama estrogênio. Serve também para evitar a os-teoporose, o ressecamento da pele, da vagina e dos cabelos e é

essencial à saúde da mulher.

Saúde: Tem que fazer?GM: Em tese, todas as mulhe-

res deveriam fazer. A mulher, em nossos dias, graças aos avanços em saúde pública, está vivendo um terço de sua vida na pós-menopausa e, portanto, na mais profunda carência hormonal, o que inevitavelmente altera a sua qualidade de vida. Nós médicos queremos que as mulheres vivam mais e sem as mazelas inevitá-veis da velhice.

Saúde: Qual o momento certo para fazer reposição hormonal?

GM: Imediatamente após a pa-rada da menstruação para conti-nuar tendo níveis satisfatórios de hormônios, fator essencial à sua qualidade de vida. Se retardar o início da reposição, a mulher perderá parte desses efeitos.

Saúde: Qualquer mulher pode fazer a reposição hor-monal?

GM: Nem todas. Existem al-gumas contra-indicações abso-lutas, por exemplo, quem já teve câncer de mama e endométrio ou trombose não deve fazer uso da reposição. Em outros casos as contra-indicações são relativas.

Saúde: Na balan-ça dos benefícios e desvantagens, vale a pena fa-

zer a terapia?GM: Sem dúvida que vale, mas

é de fundamental importância individualizar a terapia e en-tender que a privação hormonal poderá alterar a qualidade de vida dessa mulher, desde o seu sono até sua vida sexual.

Saúde: A reposição hormo-nal tem defensores e detra-tores, por que essa divisão de opiniões dentro da área médica?

GM: É pelo fato do câncer de mama ter tido um leve aumento após 5 anos de uso da reposição hormonal, o que o torna um di-visor de águas, mas a maioria, onde me incluo, pensa numa visão mais holística, ou seja, a mulher não é só um par de mamas e se ela tiver que viver um terço de sua v i d a n a

pós-menopausa, que viva bem e com tudo o que a medicina pode lhe oferecer.

Saúde: Uma vez iniciado o tratamento, ele é para o resto da vida?

GM: Sem dúvida, porque no momento em que suspender o tratamento, lentamente vai per-dendo os efeitos benéfi cos.

Saúde: E se interromper o tratamento por alguma razão, haverá consequências?

GM: Se for por um curto perí-odo de tempo, por exemplo, dois meses, não haverá problemas.

Na dúvida entre fazer ou não fazer? Fomos perguntar a quem entende

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015F2 Saúde e bem-estar

EditoraVera [email protected]

RepórterMellanie Hasimoto

Expediente

www.emtempo.com.br

DICAS DE SAÚDE

A cebola é um dos temperos mais apreciados pelos bra-sileiros. Além de muitos apreciarem seu sabor, vale lembrar que a cebola tem ótimos benefícios para nossa saúde. Ela é uma excelente aliada para ajudar no bom funcionamento do intestino, fígado, pâncreas e vesícula. Também colabora para afi nar o sangue, diminuir o colesterol, aumentar o HDL (colesterol bom), combater a asma, bronquite crônica, diabetes e infecções. Entre seus nutrientes, temos a quer-cetina — um potente antioxidante — e outros agentes anticancerígenos. Outro componente encontrado na cebola é a olerícola. Ela é uma substância que impede a formação de plaquetas no sangue e entupimento das artérias.

Cebola é um remédio contra entupimento das artérias

O vinagre de maçã é um agente clareador natural da pele. Para ter esse efeito coloque o vinagre em uma xíca-ra, junte meia cebola e deixe de molho por dez minutos. Após esse tempo, pegue a parte da cebola e esfregue na pele, no local das manchas, deixe agir por dez minutos e enxague. Faça isso diariamente e os resultados apa-recerão em duas semanas. Ele também tonifi ca a pele e reduz a aparência de linhas fi nas e rugas. A medida é simples, faça uns 50 ml de chá verde e acrescente uma colher de sopa de vinagre de maçã, passe a mistura com um algodão na pele.

Vinagre de maçã é ótimo contra manchas e rugas

RevisãoDernando Monteiro

DiagramaçãoAdyel Vieira

Doença invisível aos olhos desarmados

João Bosco [email protected] / www.historiadamedicina.med.br

João Bosco Botelho

Humberto Figliuolohfi [email protected]

Humberto Figliuolo

A genialida-de de Platão sustentou a materialida-de do espa-ço profano, onde iriam florir os saberes para desvendar a origem do homem e das coisas”.

João Bosco Botelho

Membro Emérito do Colégio Brasileiro

de Cirurgiões

Para acabar com a Aids no Brasil

Humberto Figliuolo

farmacêutico

Tudo pode piorar com a insistência do Ministério da Saúde em deslocar o tratamento da Aids para as unidades básicas de saúde”.

Na “Folha de S. Paulo”, Mário Scheff er e Caio Rosenthal, publi-caram um artigo “Para acabar com a Aids no Brasil”. Pela importância cientifi ca e o alerta do crescimento num período de nove anos, houve o crescimento da Aids de 32% entre jovens. Leiam, na integra o artigo para melhor informação e conhecimento dessa epidemia que devora a humanidade.

“Até o fi m desta segunda-feira, 100 brasileiros serão infectados pelo vírus HIV e mais 30 pessoas irão morrer de Aids. Com os recursos hoje disponíveis, não faz sentido tanto sofrimento e morte causados por uma epidemia controlável.

Progressos científi cos, como o uso de medicamentos na preven-ção à doença, permitem romper essa trajetória, desde que estejam apoiados na liderança com capaci-dade de dialogo, na retaguarda do sistema de saúde e na promoção dos direitos humanos daqueles gru-pos mais afetados pelo HIV.

O SUS (Sistema Único de Saú-de) já preconiza o tratamento logo que o teste dá positivo, o que garante vida normal às pes-soas com HIV e funciona como um freio da epidemia, pois quem usa corretamente os remédios não passa o vírus adiante.

Mas boa parte das pessoas in-fectadas, não sabe que tem HIV.

Dos que sabem, muitos não iniciam ou não recebem tratamentos ade-quado. A qualidade dos serviços de atendimento à Aids deteriorou-se: meses separam o resultado positivo da primeira consulta e há pacientes sem atenção médica.

Tudo pode piorar com a insistên-cia do Ministério da Saúde em des-locar o tratamento da Aids para as unidades básicas de saúde, no lugar de resgatar e ampliar os serviços de referência e especializados.

Campanhas de incentivo ao tes-te falam à população em geral e resultam em poucos diagnósticos, pois não chegam onde a Aids está concentrada. Em outro improviso, em vez de profi ssionais do SUS se-rem escalados para levar o teste em horários e locais alternativos, nas comunidades vulneráveis, decidiu-se terceirizar para ONGs em trans-formar em “bico” o diagnostico do HIV fora dos serviços de saúde.

A ampliação de uso de antirre-trovirais tem custo alto. Se falta dinheiro ao SUS, o governo federal precisa dizer por que aceita pagar, tanto nos genéricos nacionais como nos importados patenteados, muito mais que outros países.

O Ministério da Saúde abandonou campanhas de alcance nacional que promovam ambientes sem discri-minação. No Brasil é altíssima a prevalência de HIV entre grupos

cujas praticas e identidades são estigmatizadas, entre eles gays e profi ssionais do sexo. A cada hora no país um homossexual é atacado por intolerância. É problema de saúde pública, pois o preconceito também afasta dos serviços de saúde e da prevenção justamente aqueles mais atingidos pela Aids.

Para que alguém possa se prote-ger do HIV, não basta assegurar seus direitos, assim como são insufi cien-tes a determinação de praxe – “use camisinha” – ou mesmo palavras de ordens surgidas recentemente – “faça o teste”, “inicie o tratamen-to” ou “tome comprimidos antes ou depois do sexo sem proteção”.

Desde que assegurados o acesso e a autonomia de escolha, é a oferta combinada de meios disponíveis – promoção de direitos, informação, preservativos, teste, tratamento, profi laxia pré e pós-exposição que fará com que as pessoas se tornem senhoras de sua própria saúde, as-sumindo atitudes protetoras para si e solidárias com os demais.

Os ventos sopram contra a Aids, mas o governo federal precisa sa-ber ouvir. Médicos, profi ssionais, gestores, ativistas, pessoas que vivem com HIV e pesquisadores estão a postos, unidos no corajoso compromisso coletivo de acabar com a epidemia”.

FSP - 2 de dezembro de 2014.

PERSONAL FITNESS

Os registram apontam para a Grécia como o local onde alguns fi lósofos distinguiram a opinião do conhecimento. Não bastava mais “achar”, tornou-se importante acrescentar argumentos da idéia condutora do evento (República 509-d, 518-b, 532-b e 534-a). Na-quela ocasião, a genialidade de Platão sustentou a materialidade do espaço profano, onde iriam fl orir os saberes para desvendar a origem do homem e das coisas.

Nessa conjunção, Políbio, genro e discípulo de Hipócrates, descreveu a teoria dos Quatro Humores, a primeira explicação das doenças fora das idéias religiosas.

O próximo avanço ocorreu no século 17, quando se iniciou o pensamento micrológico: o mundo nas dimensões invisíveis aos olhos desarmados, descrito por Marcelo Malpighi (1628-1694), ao usar as lentes de aumento. Dessa forma, a nova compreensão da doença tor-nou-se dependente do microscópio. A microscopia dominou os meios acadêmicos. Hoje, é o sustentácu-lo do ensino médico. Mesmo nos hospitais mais bem equipados, os tratamentos dependem do diag-nóstico microscópico: infecções e tumores. Isto signifi ca que a estru-tura teórica dos saberes médicos, em pleno século 21, está inserida

nos princípios teóricos fundados no século 17. Ao mesmo tempo, a micrologia impôs a tecnologia hos-pitalar: os aparelhos desvendam o que o médico não pode ver. O passo seguinte ocorreu com os estudos do frade agostiniano Gregor Mendel (1822-1844), abrindo as portas da Medicina à dimensão molecular. Essa nova perspectiva no desvendar da doença dirigiu-se às estruturas ainda menores do que a célula � a molécula. Os hospitais dos países desenvolvidos já utilizam, na rotina cotidiana, o diagnóstico molecular na prática médica. Com o propósito de diagnosticar ou tratar as doen-ças, são analisadas as quantidades e as qualidades de uma ou mais moléculas, especialmente, as do genoma. Infelizmente, o alto cus-to e as difi culdades da tecnologia hospitalar de sair da célula para a molécula restringem esse avanço às ricas instituições de poucos pa-íses. Como uma das conseqüências do diagnóstico molecular, a clona-gem estreitou, geneticamente, a multiplicidade das formas e das funções, criando em laboratório dos seres idênticos, a partir de células retiradas de um indivíduo adulto.

Mesmo sendo tecnicamente pos-sível, a clonagem de seres humanos é inconcebível. Não existem ins-trumentos nas linguagens orais e

escritas para preencher a repulsa contra o alucinado ensaio de eli-minar a principal característica do planeta: a multiplicidade.

Nos próximos séculos, as buscas para compreender as doenças es-tarão ligadas às dimensões ainda menores, ao maior domínio do bi-nômio massa-energia que envolve os elétrons, os prótons, os nêutrons e as partículas subatômicas, em última análise, sustentadores das formas e funções dos seres vivos.

A Medicina na dimensão atô-mica deslocará e substituirá os conceitos das dimensões celulares e moleculares e, talvez, desven-dará o paradoxo fundamental da prática médica: em qual dimensão da matéria o normal se transforma em doença. Todos almejam com-preender as incontáveis questões angustiantes que continuam sem resposta tanto no diagnóstico quanto no tratamento:

- Como e porque aparece a pri-meira célula cancerosa;

- Causas de certas doenças psi-quiátricas;

- Explicação das doenças com ligação à defesa imunológica: ar-trites reumatóides, ptiríases;

- Porque pessoas convivendo com um tuberculoso somente algumas, e sempre de modos diferentes, ma-nifestam a doença?

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MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F3Saúde e bem-estar

Você sabe o que é uma gravidez molar? ConfiraA gestante pode suspeitar que a sua gravidez é molar por causa dos sintomas que variam da pressão alta às náuseas

Uma complicação que pode surgir na hora da concepção pode comprometer o fu-

turo de uma gestação. A gra-videz molar é uma síndrome rara, mas pode ocorrer du-rante a fertilização de óvulo acarretando anormalidades na placenta levando a inter-rupção da gestação.

A gravidez molar também é conhecida como mola hidatifor-me. “Para ocorrer à gestação, o óvulo fertilizado deve conter 23 cromossomos do pai e 23 da mãe. No caso de gestação molar, o óvulo não possui cro-mossomos da mãe e os do pai são duplicados”, explica a gine-cologista e obstetra doutora Erica Mantelli, pós–graduada em sexologia pela Universidade de São Paulo (USP).

No processo da gestação molar, geralmente não existe um embrião, membrana am-niótica ou placenta. “Nesse caso, há uma formação císti-ca dentro do útero que pode ser notada quando a mulher se consultar com o médico e fizer a ultrassonografia”, afirma a ginecologista.

Será que eu tenho uma gra-videz molar?

A gestante pode suspeitar

que a sua gravidez é molar por causa dos sintomas. “A mulher pode apresentar pressão alta, perda de peso, intolerância ao calor, náuseas, vômitos, alte-ração de tamanho do útero e os hormônio da gravidez (HCG) ficam muito mais elevado”, diz a doutora Erica.

Além disso, no começo da gestação , a mulher pode apresentar um sangramento contínuo que pode estender até 16 semanas. “Ela pode se queixar a partir da sexta sema-na de vômitos, fortes náuseas e inchaço abdominal”, ressalta a ginecologista.

Em alguns casos a mulher apresenta um abortamento es-pontâneo e só depois descobre que era gestação molar. “Às vezes a gestante não tem co-nhecimento da gravidez molar e só descobre que tinha a com-plicação após a curetagem, pois o material é analisado”, informa a médica.

Normalmente, a gravidez molar dura no máximo até oito semanas e depois sangra-mento e interrupção da gesta-ção. “Geralmente é necessário realizar curetagem ou aspira-ção intrauterina para remover restos de células”, esclarece a especialista.

Nos casos mais graves, a mulher pode sofrer uma gravidez molar invasiva, onde os tecidos anormais podem ir em direção a corrente sanguínea preju-dicando os rins, pulmões e fígado. “Por isso, é impor-

tante consultar o ginecolo-gista e fazer um pré-natal para que o médico possa identificar qualquer alte-ração”, alerta a médica.

É possível engravidar no-vamente?

Após a gravidez molar, é

importante ter um acompa-nhamento médico para con-trolar os níveis de HCG para não comprometer a próxima gestação. “Seis meses após a curetagem, a mulher pode tentar uma nova gravidez”, finaliza a doutora Erica.

Cuidados para outra gestação

A gravidez molar pode durar até a oitava semana, mas dificilmente passa desse período quando ocorre o sangramento

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Para que outra gravidez ocorra dentro da normalidade é preciso fazer tratamento certo

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F5F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F5

O órgão mais citado em poesias e romances tem seu ponto vulnerável quando os cuidados necessários são negligenciados

Coração de mulher carece de cuidados

Dizer que coração de mulher é mais sen-sível poderia até pa-recer frase de poeta,

mas se considerarmos a opi-nião de um cardiologista, po-demos tomar a afi rmação ao pé da letra, principalmente se essa mulher já tiver iniciado a fase da menopausa. Seguindo os critérios de especialistas, é a partir desse momento que os riscos aumentam e a mulher tem que redobrar os cuidados com esse órgão tão solicitado no sexo feminino.

O dr. Nilton Carlos Spinola Machado, cardiologista, do Hecardi - Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, de São José do Rio Preto-SP explica as diferenças nos cui-dados básicos entre o coração de homem e de mulher. “Tanto para o homem como para a mulher, os cuidados com o coração devem incluir: ativida-de física regular, alimentação com carnes magras, legumes e vegetais, evitar frituras, con-trolar o colesterol, a pressão arterial e os níveis glicêmicos (níveis de açúcar no sangue), não fumar, evitar bebidas al-coólicas, controlar o peso e o estresse, além de realizar consultas periódicas com o cardiologista”.

Segundo ele, a mulher, em particular, deve dar uma aten-ção especial após o início da menopausa, que é quando os riscos cardiovasculares au-mentam. “Muitas mulheres nem imaginam, mas as do-enças cardiovasculares são a principal causa de morte feminina após os 50 anos de idade, superando qualquer

tipo de câncer”.Se elas devem se cuidar mais

após os 50, quando se trata dos homens essa medida deve ser o inverso. “Antes dos 50 anos, o risco de problemas car-diovasculares é maior entre os homens, já que os hormônios sexuais femininos, sobretudo

o estrogênio, parecem prote-ger o coração e as artérias. Mas essa proteção natural tem seus limites, diminuindo gradativamente após o início da menopausa, devido à dimi-nuição dos níveis hormonais”, explica o doutor Spinola.

Esses cuidados podem até

parecer excessivos, mas se considerarmos a vida atribu-lada das mulheres nos últimos 50 anos, com dupla jornada de trabalho existe embasamen-to na prevenção, conforme explica o cardiologista. “Nas últimas décadas, o papel da mulher na sociedade mudou

muito. Sem abandonar suas responsabilidades de mãe e dona de casa, elas tiveram que mergulhar no competiti-vo mercado de trabalho”. Ele ressalta que junto a essa so-brecarga de estresse, veio o estilo de vida pouco ou nada saudável, que inclui tabagis-

mo, dieta desequilibrada e se-dentarismo. “A vantagem hor-monal nem sempre consegue compensar os maus hábitos, e é por isso que o número de mulheres vítimas de infarto tem aumentado. Os cuidados devem ser redobrados para elas”, adverte.

Fatores prejudiciaisSegundo o cardiologista, a

mulher tem que adotar hábi-tos saudáveis para preservar a saúde do coração. ”O fumo aliado à utilização da pílula anticoncepcional prejudica o coração e todas as artérias do corpo feminino. Alguns anti-infl amatórios e medicações para parar de fumar tam-bém podem ser prejudiciais. Porém, o mais importante, é não tomar medicação sem orientação médica”, adverte.

Os fatores externos, no en-tanto são apenas a ponta do iceberg na corrida contra o infarto. Para quem já entrou ou está entrando na menopausa a advertência soa como um sinal de alerta mais alto. “A baixa hormonal que ocorre na menopausa, por si só, eleva o risco de doenças cardio-vasculares como o infarto e, com o avançar da idade, o risco vai aumentando e vai se igualando entre os sexos. Não bastasse isso, estudos tem revelado que, depois dos 50 anos, essas enfermidades tendem a ser mais fatais nas mulheres do que nos homens”, diz Spinola. Ele acrescenta que uma possível razão para essa inversão é que as mulheres têm artérias mais fi nas, o que difi culta o tratamento. “Outra explicação estaria relaciona-da a aspectos culturais, pois

a crença de que as mulheres estão a salvo de doenças co-ronárias persiste e quando sentem dores no peito, de-moram a procurar assistência e até os médicos custam a suspeitar de que se trata de um infarto”.

Nisso tudo como é que fi ca o tratamento de reposição hor-monal? E quem optou por não fazer? Na avaliação do car-diologista, o papel da terapia de reposição hormonal (TRH) ainda é uma questão não muito bem defi nida. “Sabe-se que a utilização de TRH não está recomendada com a fi nalidade exclusiva de reduzir o risco de do-ença cardiovascular em mulheres no período de transição menopáusi-ca ou de pós-meno-pausa. Entretanto, existem evidên-cias de benefícios cardiovasculares quando a TRH é iniciada na tran-sição menopáusica ou nos primeiros anos de pós-meno-pausa. Dessa forma, a TRH deve ser indicada de forma individualiza-da, após uma avaliação multidisciplinar, levando em consideração os sin-tomas e fatores de risco de cada paciente”, diz.

Algumas medidas essenciais podem evitar um infarto

A mulher hoje está tão vulnerável quanto os homens

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

1. Faça, pelo menos uma vez por ano, um check-up.2. Não fume e nem use dro-gas;3. Se tiver antecedentes familiares para doenças crônicas, como, por exem-plo, diabetes, hiperten-são, e problemas cardía-cos, fi que mais atento;4. Tenha uma alimentação mais saudável;5. Beba mais água;6. Pratique atividade física;7. Não deixem de ir ao ginecologista;8. Caso tenha dor no peito ou no tórax acima do umbigo vá rapidamente ao hospital mais próximo;9. A maioria dos casos de entupimentos das ar-térias coronárias, que le-vam ao risco maior de causar infarto, pode ser

tratada com angioplas-tias e Stent, quando necessário;10. O trata-

mento mais efetivo para o infarto é o

desentupimen-to da arté-

ria coro-nária.

10

prev

ençã

o

dicas de

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F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F5F4 Saúde e bem-estarMANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F5

O órgão mais citado em poesias e romances tem seu ponto vulnerável quando os cuidados necessários são negligenciados

Coração de mulher carece de cuidados

Dizer que coração de mulher é mais sen-sível poderia até pa-recer frase de poeta,

mas se considerarmos a opi-nião de um cardiologista, po-demos tomar a afi rmação ao pé da letra, principalmente se essa mulher já tiver iniciado a fase da menopausa. Seguindo os critérios de especialistas, é a partir desse momento que os riscos aumentam e a mulher tem que redobrar os cuidados com esse órgão tão solicitado no sexo feminino.

O dr. Nilton Carlos Spinola Machado, cardiologista, do Hecardi - Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, de São José do Rio Preto-SP explica as diferenças nos cui-dados básicos entre o coração de homem e de mulher. “Tanto para o homem como para a mulher, os cuidados com o coração devem incluir: ativida-de física regular, alimentação com carnes magras, legumes e vegetais, evitar frituras, con-trolar o colesterol, a pressão arterial e os níveis glicêmicos (níveis de açúcar no sangue), não fumar, evitar bebidas al-coólicas, controlar o peso e o estresse, além de realizar consultas periódicas com o cardiologista”.

Segundo ele, a mulher, em particular, deve dar uma aten-ção especial após o início da menopausa, que é quando os riscos cardiovasculares au-mentam. “Muitas mulheres nem imaginam, mas as do-enças cardiovasculares são a principal causa de morte feminina após os 50 anos de idade, superando qualquer

tipo de câncer”.Se elas devem se cuidar mais

após os 50, quando se trata dos homens essa medida deve ser o inverso. “Antes dos 50 anos, o risco de problemas car-diovasculares é maior entre os homens, já que os hormônios sexuais femininos, sobretudo

o estrogênio, parecem prote-ger o coração e as artérias. Mas essa proteção natural tem seus limites, diminuindo gradativamente após o início da menopausa, devido à dimi-nuição dos níveis hormonais”, explica o doutor Spinola.

Esses cuidados podem até

parecer excessivos, mas se considerarmos a vida atribu-lada das mulheres nos últimos 50 anos, com dupla jornada de trabalho existe embasamen-to na prevenção, conforme explica o cardiologista. “Nas últimas décadas, o papel da mulher na sociedade mudou

muito. Sem abandonar suas responsabilidades de mãe e dona de casa, elas tiveram que mergulhar no competiti-vo mercado de trabalho”. Ele ressalta que junto a essa so-brecarga de estresse, veio o estilo de vida pouco ou nada saudável, que inclui tabagis-

mo, dieta desequilibrada e se-dentarismo. “A vantagem hor-monal nem sempre consegue compensar os maus hábitos, e é por isso que o número de mulheres vítimas de infarto tem aumentado. Os cuidados devem ser redobrados para elas”, adverte.

Fatores prejudiciaisSegundo o cardiologista, a

mulher tem que adotar hábi-tos saudáveis para preservar a saúde do coração. ”O fumo aliado à utilização da pílula anticoncepcional prejudica o coração e todas as artérias do corpo feminino. Alguns anti-infl amatórios e medicações para parar de fumar tam-bém podem ser prejudiciais. Porém, o mais importante, é não tomar medicação sem orientação médica”, adverte.

Os fatores externos, no en-tanto são apenas a ponta do iceberg na corrida contra o infarto. Para quem já entrou ou está entrando na menopausa a advertência soa como um sinal de alerta mais alto. “A baixa hormonal que ocorre na menopausa, por si só, eleva o risco de doenças cardio-vasculares como o infarto e, com o avançar da idade, o risco vai aumentando e vai se igualando entre os sexos. Não bastasse isso, estudos tem revelado que, depois dos 50 anos, essas enfermidades tendem a ser mais fatais nas mulheres do que nos homens”, diz Spinola. Ele acrescenta que uma possível razão para essa inversão é que as mulheres têm artérias mais fi nas, o que difi culta o tratamento. “Outra explicação estaria relaciona-da a aspectos culturais, pois

a crença de que as mulheres estão a salvo de doenças co-ronárias persiste e quando sentem dores no peito, de-moram a procurar assistência e até os médicos custam a suspeitar de que se trata de um infarto”.

Nisso tudo como é que fi ca o tratamento de reposição hor-monal? E quem optou por não fazer? Na avaliação do car-diologista, o papel da terapia de reposição hormonal (TRH) ainda é uma questão não muito bem defi nida. “Sabe-se que a utilização de TRH não está recomendada com a fi nalidade exclusiva de reduzir o risco de do-ença cardiovascular em mulheres no período de transição menopáusi-ca ou de pós-meno-pausa. Entretanto, existem evidên-cias de benefícios cardiovasculares quando a TRH é iniciada na tran-sição menopáusica ou nos primeiros anos de pós-meno-pausa. Dessa forma, a TRH deve ser indicada de forma individualiza-da, após uma avaliação multidisciplinar, levando em consideração os sin-tomas e fatores de risco de cada paciente”, diz.

Algumas medidas essenciais podem evitar um infarto

A mulher hoje está tão vulnerável quanto os homens

VERA LIMAEquipe EM TEMPO

1. Faça, pelo menos uma vez por ano, um check-up.2. Não fume e nem use dro-gas;3. Se tiver antecedentes familiares para doenças crônicas, como, por exem-plo, diabetes, hiperten-são, e problemas cardía-cos, fi que mais atento;4. Tenha uma alimentação mais saudável;5. Beba mais água;6. Pratique atividade física;7. Não deixem de ir ao ginecologista;8. Caso tenha dor no peito ou no tórax acima do umbigo vá rapidamente ao hospital mais próximo;9. A maioria dos casos de entupimentos das ar-térias coronárias, que le-vam ao risco maior de causar infarto, pode ser

tratada com angioplas-tias e Stent, quando necessário;10. O trata-

mento mais efetivo para o infarto é o

desentupimen-to da arté-

ria coro-nária.

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dicas de

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MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015F6 Saúde e bem-estar

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Dicas para ganhar massa magraQuem malha está buscando

resultados, pode ser definição do corpo, mais músculos, perder aquela barriguinha ou entrar em forma de maneira geral. Para agilizar os resultados selecio-namos algumas dicas especial-mente para você.

Músculo flexível- Se você tiver menos de 40

anos, no alongamento man-tenha a posição final por 30 segundos. Se tiver mais idade, permaneça nela por 60 segun-dos. Ao atingir a faixa dos 40, os músculos se tornam menos flexíveis e por isso devem ser alongados por mais tempo.

Mais músculos, menos tempo

- Não puxe ferro por mais de uma hora. Após 60 minutos o corpo começa a produzir o hormônio cortisol, que pode ter o efeito de bloquear a testos-terona e assim desgastar os músculos.

Exercite-se em sequência- Use halteres, barras com

pesos e aparelhos, nessa ordem. Os músculos menores que você trabalha ao se exercitar com halteres entram em fadiga an-tes dos maiores. Conforme for se cansando, passe para os aparelhos que exijam menos dos músculos menores.

Fim das desculpas- Se você acha que não tem

tempo para malhar, escolha um horário para treinar por um dia.

E fique firme nele mesmo que seja só por dez minutos.

Barriga para dentro- Trabalhe os músculos ab-

dominais ocultos. O transverso abdominal fica logo abaixo do reto abdominal – o da barriga tanquinho - e achata a cintura quando você encolhe a barriga. Traga o umbigo “para dentro”, em direção à coluna, e mante-nha-se assim por dez segundos respirando normalmente. Repi-ta cinco vezes.

Contagem regressiva- Conte as repetições de trás

para frente. Durante a execu-ção você pensará em quantas faltam, e não em quantas já fez. Isso faz toda a diferença.

Chame a atenção com suas pernas

- Faça elevações da pantur-rilha em pé e sentado. Ela é composta de dois músculos. Para treiná-los melhor é neces-sário praticar as duas versões do exercício: com as pernas esticadas e dobradas.

Derrote seu ponto fraco- Se não gosta de um exer-

cício, comece a fazê-lo. Você provavelmente o evita porque é fraco nele.

Beba e deixe o músculo rasgado- Se você for principiante,

treine até o ponto em que não conseguir fazer mais nenhuma repetição e man-

de líquido para dentro. Um estudo recente mostrou que os iniciantes que fizeram três séries de seis exercícios por dia e tomaram suplemento em seguida ganharam mais de 2 quilos de musculatura em oito semanas. 500 mililitros de lei-te achocolatado fornecem os nutrientes necessários para o bom resultado.

Surpreenda-se com suas medidas- Meça-se sempre. A cada

quatro semanas escolha uma variável – cintura, gordura cor-poral, supino – para compará-la com o objetivo escolhido.

Esqueça os remédios- Não tome analgésicos de-

pois de malhar. Pesquisadores da Universidade de Ciências Médicas de Arkansas (EUA) descobriram que o ibuprofeno (Advil) e o paracetamol (Tyle-nol) não foram mais eficazes do que um placebo no alívio de dores musculares causadas pelo treino. E, o mais impor-tante, eles afirmam que os remédios podem prejudicar o crescimento do músculo se ingeridos logo após a ma-lhação.

Saúde recuperada- A menos que os sintomas

sejam sentidos apenas acima do pescoço, não vá malhar se estiver doente. O melhor é tirar um dia de folga.

SERVIÇOSUA MELHORACADEMIA

Local:

Informações:

Rua Acre, 66, Nossa Senhora das Graças

3584-0317 e3584-2115

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AÇÃO

Algumas medidas podem fazer a diferença para quem quer obter resultados mais rápidos

Endometriose pode afetar até o intestino femininoSintomas gastrointestinais, como constipação, cólica aguda e diarreia podem ser sinais de uma endometriose intestinal

A endometriose, doen-ça que ocorre apenas nas mulheres, é uma inflamação provoca-

da pelo acúmulo indevido de células do endométrio (tecido que reveste a parte interna do útero) fora da cavidade uterina. “Quando a mulher menstrua parte das células do endométrio são eliminadas

na menstruação. No entanto, em alguns casos, essas células migram para outras partes do corpo formando nódulos, resultando na endometriose”, diz o ginecologista e obstetra Rubens Gonçalves Filho.

De acordo o especialista, em geral a endometriose acome-te 10% a 15% das mulheres em idade fértil, sendo mais

frequente na faixa-etária dos 30 aos 40 anos. O peritô-nio, membrana que envolve a face interna do abdômen, é a região mais afetada pela doença, seguido pelo ovário, bexiga e intestino.

Ao atingir o intestino, a do-ença também pode provocar dores e distensões abdomi-nais relacionadas ao período

menstrual e, em casos mais graves, sangramentos retais e obstruções intestinais. “A endometriose intestinal pode ser tratada com medicamen-tos ou cirurgia. Dependendo da gravidade é necessário cauterizar o local afetado do intestino ou até remover a parte do órgão doente”, ex-plica o especialista.

Gravidez dificultadaOutro prejuízo ocasionado

pela doença, independente do local da inflamação, é a infertilidade. De acordo com o ginecologista, metade das mulheres diagnosticadas com endometriose apresen-tam problemas para engravi-dar devido a falhas na ovula-ção, obstrução das trompas

e entre outros fatores. “O diagnóstico precoce da en-dometriose é fundamental para reverter o quadro. Mu-lheres com dores pélvicas e abdominais frequentes ou com piora ao longo do tem-po, relacionadas ou não ao período fértil, devem ficar atentas e procurar ajuda mé-dica”, explica.

Cólicas intensas e frequentes são um sintoma da doença

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MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015 F7Saúde e bem-estar

É Alzheimer, e agora?O mal de Alzheimer é tema de filme e traz à tona uma reflexão sobre a doença neurodegenerativa que compromete as funções cognitivas como memória e atenção e deixa o paciente em situação de dependência física e psicológica total

O filme “Para sempre Alice” (Still Alice), lançado em 2014, trata de um proble-

ma que acomete milhões de pessoas ao redor do mundo: a doença de Alzheimer. A pro-tagonista do longa, Alice Ho-wland, interpretada por Julian-ne Moore, vencedora do Oscar de “melhor atriz” pelo papel, descobre, aos 50 anos, ser portadora da doença e vê sua vida mudar radicalmente.

O filme traz à pauta uma doença muitas vezes negli-genciada, principalmente por ser associada aos mais velhos. Muitas pessoas consideram os sintomas da doença como simples consequência da ida-de avançada dos pacientes. Mas não é bem assim. Fa-lar sobre o Alzheimer e le-var informação às pessoas é fundamental para que seus sintomas sejam identifica-dos e o diagnóstico possa se dar precocemente.

O que é?Alzheimer é uma doença

neurodegenerativa progres-siva que compromete funções cognitivas como memória, linguagem, atenção e racio-cínio lógico. É causada pela morte de células cerebrais, e seu desenvolvimento é lento e progressivo. Apesar de não possuir cura, quando sua des-coberta é feita nos estágios iniciais é possível realizar um tratamento para retardar seu desenvolvimento e garantir uma melhor qualidade de vida do portador. Aparece com mais frequência a partir dos 80 anos, mas existem pesso-as que desenvolvem a doença

a partir dos 30.No Brasil, estima-se que

1,2 milhão de pessoas sejam vítimas do Alzheimer. Esses números, no entanto, podem ser muito maiores, já que não existe um estudo pre-ciso de quantos portadores existem no país.

Desenvolvimento da doençaO desenvolvimento do Al-

zheimer varia e envolve di-versos fatores, como aponta Eliane Novaes Procópio de Araújo, psicóloga, mestre em

gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Coordena-dora do Curso de aprimora-mento em Gerontologia Social do Instituto Sedes Sapientae. “O percurso da doença va-ria de pessoa para pessoa, mas é de aproximadamente oito anos”, diz Eliane. “Os es-tágios da doença são: leve, moderado e grave”.

No estágio leve, ocorre a perda de memória recente e dificuldade de aprendizado de novas informações. Também são alteradas as noções de tempo e espaço. Descobrin-

do-se a doença ainda nessa etapa, é possível realizar um tratamento, como ensina a psicóloga: “No estágio leve é importante realizar uma psi-coterapia voltada a dar um apoio emocional e também a estimular os recursos cogni-tivos existentes”.

A psicóloga conta um pouco da sua experiência de 16 anos trabalhando numa instituição para idosos e como ajuda os pacientes em seu consul-tório. “Utilizo estímulos para fortalecer os conteúdos remi-niscentes e assim melhorar a autoestima e confiança da pessoa com demência conjun-tamente com uma orientação aos familiares”, explica.

Família pode ajudar?O papel da família no

tratamento é fundamental, principalmente nos estágios iniciais da doença. “Nos es-tágios da doença em nível leve e moderado é possível mantê-la em casa com ajuda de cuidadores formais e o cuidador familiar principal su-pervisionando”, explica Eliane. Quando a doença já está no estágio grave, é recomendada a internação do paciente. Por isso, é muito importante que familiares estejam atentos aos sintomas iniciais.

“A família é responsável pelo atendimento de seu fa-miliar com Alzheimer. O que deve-se evitar é o estresse do cuidador familiar principal, que é geralmente o cônju-ge ou a filha mulher, pois a convivência com um ente querido com Alzheimer é mui-to difícil, cansativa e triste”, afirma a psicóloga.

ESTÍMULOSAlgumas providências como exercícios físi-cos e mentais, rotina social saudável com bons amigos e uma alimentação equili-brada podem ajudar a reduzir a ocorrência da doença

Justamente por se tratar de uma rotina cansativa, a psicóloga sugere que haja uma alternância entre os familiares na hora de cuidar do portador da doença. Esse suporte é muito importante, principalmente para evitar um quadro de depressão. “Encontra-se prevalência de sintomas depressivos em pacientes portadores de demência do tipo Alzheimer

variando de 10% a 86% dos casos de populações estu-dadas”, alerta.

Causas e prevençãoAlém de poder gerar de-

pressão, algumas vezes o processo pode ser inver-so: a depressão pode le-var ao desenvolvimento da doença. “Existem estudos que relatam que casos de depressão severa podem desenvolver quadros de de-

mência geralmente advin-dos de desapontamentos e problemas mal elaborados no decorrer da vida”, afirma a psicóloga.

Ainda não se sabe como prevenir o Alzheimer, mas estudos apontam que pro-mover a estimulação cog-nitiva, exercícios físicos e integração social podem ser o caminho para manter-se longe da doença.

Algumas medidas podem ajudar

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F8 MANAUS, DOMINGO, 8 DE MARÇO DE 2015Saúde e bem-estar

O ponto pálido no universo

Psicologia no divã[email protected]

Psicologia no divã Rockson Pessoa

Em um de seus textos mais brilhantes, o cientista Carl Sa-gan relata sobre uma imagem do planeta terra capturada pela sonda espacial Voyager, logo após sua passagem pelo plane-ta saturno. A fotografi a retrata nosso planeta como um páli-do ponto azul no universo. Um borrão no espaço que suscita alguns cogitações, porém mais que discutir sobre nossa relevân-cia perante o cosmos gosto de pensar a respeito das relações que estabelecemos com o outro. Mundos que se encontram e por vezes chocam-se.

O que é relacionamento in-terpessoal? Mais que um termo rijo para falar de pessoas e atrofi á-las pela análise infl exí-vel de suas interações sociais costumeiras. Relacionamento interpessoal é o encontro de mundos! Simples e objetivo. Mundos de formas variadas e singulares em essência. Alguns com estrutura mais densa e outros mais frágeis. Mundos que transitam e orbitam.

Esses mundos tão distin-tos deveriam existir de modo pacífi co, porém gigantes que navegam convizinhos vez ou outra hão de chocar-se... Por isso existem confl itos e sempre existirão! Por mais que a lógica do bom relacionamento pessoal busque evitar confl itos. Temos a assertividade como uma das ferramentas mais efi cazes para minimizar riscos de impactos,

mas que será inefi caz se tais astros não possuírem uma cons-ciência autocrítica adequada.

Infelizmente mundos dis-tintos assentem buchichos naturais... Planetas errantes assumem constantemente rotas de colisão que habitu-almente são inevitáveis. Mas antes de nos consternarmos é válido resgatar a palidez do pixel azul capturado pelas lentes da Voyager, porque ele nos ensina muito. Se é fato que somos dessemelhantes dos demais mundos e que uma for-ma gravitacional nos tende ao choque, a mesma essência nos permite evitar infortúnios.

Somos seres singulares. Pos-suidores de googols no que im-porta discutir sobre cada um de nossos valores e crenças. Mas seres também alinham-se – eles orbitam! São tragados para existir com o outro e pela relação justa poderão coexis-tir tranquilamente. Qual nosso tamanho diante do universo e diante dos outros? A Voya-ger nos respondeu há mais de duas décadas. Nosso tamanho é ínfi mo! Independente de que você seja um altivo e soberbo mundo ou um anêmico satélite tudo que somos é a prófuga lembrança que existimos em um pixel azul que parece fl utuar em uma mancha de luz.

Mundos continuarão a chocar outros mundos! A fragilizar outros astros e a

Se bons ou perversos – belos ou horríveis; nada será maior que a perfei-ção de viver pacifi camente, pois essa é a beleza dos mundos”.

Psicólogo commestrado em

psicologia - Universidade

Federal do Amazonas

Representante Estadual da

Sociedade Brasileira de

Neuropsicologia - SBNp

impactar rotas e mais rotas. Talvez porque muitos são planetas tiranos ou porque certos mundos aprenderam que a colisão é um modo de existir tão somente. [...] Talvez, não haja melhor de-monstração das tolices e vaidades humanas que essa imagem distante do nosso

pequeno mundo. Ela enfatiza nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns aos outros, e de preservar e es-timar o único lar que nós conhecemos... o pálido ponto azul (Carl Sagan, The pale blue dot, 1994).

Nada somos! Breves e apoucados tudo que temos

é a possibilidade de existir entre os demais! Se bons ou perversos – belos ou horrí-veis; nada será maior que a perfeição de viver pacifica-mente, pois essa é a beleza dos mundos e é isso que nos torna grandes em meio ao universo em que existimos tão brevemente.

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AÇÃO

Esses mundos tão distintos deveriam existir de modo pacífi co, porém hão de chocar-se...

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