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S3C4T3 Fl. 7 1 6 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11516.004069/200701 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403002.413 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 20 de agosto de 2013 Matéria Ressarcimento de PIS nãocumulativo Recorrente AGROAVÍCOLA VÊNETO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. INSUMOS. PARCERIA RURAL PECUÁRIA. A pessoa jurídica que se dedica à produção de carne frango por meio do sistema de integração, tem direito ao crédito presumido do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 sobre os frutos da parceria rural (frangos vivos) que forem adquiridos dos produtores rurais pessoas físicas, sendo vedado, em relação a essas aquisições, o aproveitamento do crédito com base no art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2002. CRÉDITO PRESUMIDO.AGROINDÚSTRIA. LEI Nº 10.925/04. O crédito presumido de que trata o artigo 8º, da Lei nº 10.925/2004 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, RESSARCIMENTO E COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao contribuinte o ônus da prova dos fatos jurígenos do direito oposto à administração tributária. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reformar o acórdão de primeira instância quanto ao critério ACÓRDÃO GERADO NO PGD-CARF PROCESSO 11516.004069/2007-01 Fl. 363 DF CARF MF Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓPIA Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/08/201 3 por ANTONIO CARLOS ATULIM

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    S3C4T3 MINISTRIODAFAZENDACONSELHOADMINISTRATIVODERECURSOSFISCAISTERCEIRASEODEJULGAMENTO

    Processon 11516.004069/200701

    Recurson Voluntrio

    Acrdon 3403002.4134Cmara/3TurmaOrdinriaSessode 20deagostode2013

    Matria RessarcimentodePISnocumulativo

    Recorrente AGROAVCOLAVNETOLTDA

    Recorrida FAZENDANACIONAL

    ASSUNTO: CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADESOCIALCOFINSPerododeapurao:01/04/2006a30/06/2006

    CONTRIBUIES NOCUMULATIVAS. INSUMOS. PARCERIARURALPECURIA.

    A pessoa jurdica que se dedica produo de carne frango por meio dosistemade integrao, temdireitoaocrditopresumidodoart.8daLein10.925/2004 sobre os frutos da parceria rural (frangos vivos) que foremadquiridosdosprodutoresruraispessoasfsicas,sendovedado,emrelaoaessasaquisies,oaproveitamentodocrditocombasenoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2002.

    CRDITOPRESUMIDO.AGROINDSTRIA.LEIN10.925/04.

    O crdito presumido de que trata o artigo 8, da Lei n 10.925/2004correspondera60%oua35%daqueleaqueserefereoart.3,dasLeisn10.637/2002 e 10.833/03 em funo da natureza do produto a que aagroindstriadsadaenodaorigemdoinsumoqueaplicaparaobtlo.

    PEDIDOSDERESTITUIO, RESSARCIMENTOE COMPENSAO.NUSDAPROVA.

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    Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

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    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM

    11516.004069/2007-01 3403-002.413 TERCEIRA SEO DE JULGAMENTO Voluntrio Acrdo 4 Cmara / 3 Turma Ordinria 20/08/2013 Ressarcimento de PIS no-cumulativo AGROAVCOLA VNETO LTDA FAZENDA NACIONAL Recurso Voluntrio Provido em Parte Direito Creditrio Reconhecido em Parte CARF Relator 2.0.4 34030024132013CARF3403ACC Assunto: Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Perodo de apurao: 01/04/2006 a 30/06/2006 CONTRIBUIES NO-CUMULATIVAS. INSUMOS. PARCERIA RURAL PECURIA. A pessoa jurdica que se dedica produo de carne frango por meio do sistema de integrao, tem direito ao crdito presumido do art. 8 da Lei n 10.925/2004 sobre os frutos da parceria rural (frangos vivos) que forem adquiridos dos produtores rurais pessoas fsicas, sendo vedado, em relao a essas aquisies, o aproveitamento do crdito com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2002. CRDITO PRESUMIDO.AGROINDSTRIA. LEI N 10.925/04. O crdito presumido de que trata o artigo 8, da Lei n 10.925/2004 corresponder a 60% ou a 35% daquele a que se refere o art. 3, das Leis n 10.637/2002 e 10.833/03 em funo da natureza do produto a que a agroindstria d sada e no da origem do insumo que aplica para obt-lo. PEDIDOS DE RESTITUIO, RESSARCIMENTO E COMPENSAO. NUS DA PROVA. Cabe ao contribuinte o nus da prova dos fatos jurgenos do direito oposto administrao tributria. Recurso voluntrio provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reformar o acrdo de primeira instncia quanto ao critrio utilizado para a determinao do percentual do crdito presumido e reconhecer recorrente o direito de apur-lo na forma do art. 8, 3, inciso I, das Leis n 10.925/2002 e 10.833/2003. Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram da sesso de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre kern, Domingos de S Filho, Mnica Monteiro Garcia de los Rios, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Trata-se de pedido de ressarcimento da Cofins no-cumulativa transmitida em 08/08/2006, relativo ao 2 Trimestre de 2006, cumulado com declaraes de compensao.O objeto social da empresa a produo de carne de frango e seus midos utilizando o sistema de integrao, segundo o qual os pintos de um dia so entregues a terceiros para serem criados. Aps um perodo que varia entre 35 e 55 dias, a aves atingem o peso ideal para abate. Nesse momento ocorre a diviso dos frutos da parceria rural e a parte das aves que cabe recorrente lhe devolvida pelos parceiros rurais e a parte das aves (frutos) que cabe a esses produtores adquirida pela recorrente para serem processadas. Os frutos da parceria so estabelecidos em percentual de quilos de frango vivo, que traduzido em unidades monetrias, conforme o grau de eficincia do produtor rural estabelecido em uma tabela anexa aos contratos de parceria.Por meio da informao fiscal e despacho decisrio notificado ao contribuinte em 15/01/2009, foram efetuados ajustes no valor do ressarcimento e parcialmente homologadas as compensaes declaradas. Foram efetuados os seguintes ajustes:Foi glosada a parcela da rao e dos demais insumos aplicados na criao de aves em relao quantidade de aves que cabe ao produtor integrado a ttulo de remunerao por seu servio, sob a justificativa de que essa parcela no constitui produo da pessoa jurdica e nem por ela destinada venda (sendo irrelevante a eventual prtica de a processadora dos frangos adquirir essa parcela do produtor rural);Foi glosada parcela do crdito presumido da agroindstria sobre as aquisies de farelo de soja, milho em gros, frangos vivos para abate e pintos de um dia, pois o contribuinte adotou o percentual de 4,56%, sendo o valor correto 2,66%, uma vez que se tratam de insumos de origem vegetal;Foram excludos da base de clculo do crdito presumido da agroindstria os valores referentes s aquisies de agulha dupla de 4 mm, produtos alimentcios, rotor para injetora e item genrico, sob a justificativa de que no se tratam de aquisies de produtos agropecurios e tambm a aquisio de matrizes, pois estas fazem parte do ativo imobilizado. As matrizes destinadas ao abate foram admitidas.Em sede de manifestao de inconformidade, o contribuinte alegou, em sntese, o seguinte: Em relao glosa dos crditos decorrentes da aquisio de farelo de soja, entende o contribuinte que tem direito ao aproveitamento integral dos crditos referentes s aquisies desse insumo e no apenas do crdito presumido. O farelo de soja em questo um produto industrializado por cooperativas pessoas jurdicas e por estas submetido tributao do PIS e da COFINS, portanto, o crdito pela aquisio deste produto encontra amparo nos arts. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003;Quanto alquota do crdito presumido aplicada sobre as aquisies de farelo de soja, milho em gros, frangos vivos para abate e pintos de um dia, alegou que o fisco aplicou o percentual de 35% sobre as alquotas de 1,65% (PIS) e 7,60 (Cofins), quando deveria ter utilizado o percentual de 60%. Sustentou que o art. 8 da Lei n 10.925/2004 define que a alquota aplicvel determinada em funo do produto comercializado pelo detentor do direito creditrio e no pelo insumo por este adquirido ou pelos produtos meio necessrios obteno do produto final;No que concerne aos insumos glosados em relao parcela das aves que cabe aos produtores integrados, alegou ser proprietria das aves e que, pelos contratos de integrao e de parceria celebrados, cabe parceira-proprietria: a) entregar os pintos de um dia para que sejam recriados e engordados pelos parceiros criadores (produtores rurais pessoas fsicas); b) fornecer a rao, medicamentos e outros insumos que forem necessrios; c) prestar servios de orientao e assistncia tcnica. Por outro lado, os aludidos contratos obrigam os parceiros-criadores a: a) fornecer a mo-de-obra e ceder para a parceria a posse conjunta das instalaes criatrias; e b) entregar os frangos para abate com 35 a 55 dias de idade. Assim, o valor dos insumos aplicados na criao dos frangos so suportados exclusivamente pela recorrente;No que tange s glosas referentes s aquisies de matrizes, alegou que as matrizes so utilizadas por um curto espao de tempo (menos do que um ano), aps essa utilizao so remetidas para abate e comercializadas. Segundo o perguntas e respostas disponibilizado pela Receita Federal, a receita de venda de matrizes classificada como receita operacional da atividade rural, muito embora tenha integrado o ativo imobilizado para fins contbeis. Desse modo, para fins fiscais as matrizes constantes do imobilizado so insumos da atividade rural e geram direito ao crdito de PIS e Cofins;Relativamente glosa do valor das peas de reposio, alegou que a agulha dupla de 4 mm utilizada em mquinas injetoras de tempero, tendo como principal funo injetar sal dentro da carne, temperando-a uniformemente. Assim, os valores de suas aquisies deveriam ser considerados integralmente para a apurao do crdito, pois as agulhas se desgastam em virtude de ao direta exercida sobre os frangos. Quanto glosa denominada item genrico, alegou que se tratam de ovos frteis, pintos de um dia, entre outros. Anexa planilha com a discriminao das notas fiscais, bem como notas fiscais juntadas por amostragem para comprovar os crditos. Alegou que o fisco no motivou a glosa, o que caracteriza cerceamento de defesa;Alegou que cometeu equvocos no preenchimento dos DACON do ano de 2006, o que acarretou divergncias dos saldos de crditos remanescentes passveis de compensao. A fiscalizao, ao ajustar os DACON, teria preenchido de acordo com as orientaes da Fazenda, no entanto levou em conta o saldo da declarao do contribuinte. Com isso a fiscalizao glosou um valor maior do que o identificado no despacho decisrio, o que no pode ser admitido. Objetivando corrigir o equvoco, a defesa apresentou no prazo da manifestao de inconformidade o DACON retificador.Por meio do Acrdo 20.799, de 20 de agosto de 2010, a 4 Turma da DRJ Florianpolis julgou a manifestao de inconformidade procedente em parte. Ficou decidido o seguinte:Em processos de pedido de restituio e ressarcimento o nus da prova do direito ao crdito daquele que alega o crdito, no caso, o contribuinte. Foi fixado que o conceito de insumo a ser observado na deciso aquele estabelecido nas Instrues Normativas n 247/2002 e 404/2004;Em relao aos insumos utilizados na parceria rural avcola, ao contrrio do que entendeu a fiscalizao, as clusulas 4, 5 e 9 dos contratos de parceria firmados com os produtores integrados, deixam bem claro que a recorrente a proprietria dos frangos; que a quantidade de quilos de frango que cabe ao produtor integrado convertida em valores monetrios segundo uma tabela que integra o contrato; e que a parcela de frangos que cabe ao produtor reverte em favor da processadora dos frangos, sendo vedada a negociao da produo com qualquer outra empresa. Consequentemente, a glosa efetuada pela fiscalizao em relao aos insumos aplicados no processo de criao dos frangos de corte improcedente. Entretanto, ficou decidido que o valor pago pela recorrente aos produtores integrados pela parcela dos frangos vivos que lhes cabe, caracteriza pagamento efetuado a pessoa fsica, o que impede a tomada de crdito com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003 sobre esses valores;Relativamente ao crdito presumido estabelecido no art. 8 da Lei n 10.925/2004, ficou decidido que o critrio a ser observado o da natureza do insumo adquirido e no o da natureza do produto vendido pelo contribuinte. Quanto ao farelo de soja adquirido de cooperativas de produo pessoas jurdicas, foi decidido que, ao contrrio da pretenso do contribuinte, no existe direito ao crdito pela aquisio (como insumo, nos termos do art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2002), pois as vendas efetuadas por essas cooperativas esto abrigadas pela suspenso estabelecida no art. 9 da Lei n 10.925/2004, aplicando-se a essas aquisies a vedao contida nos arts. 3, 2 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003. Em relao ao farelo de soja (NCM 1201.00), milho em gros (NCM 1005.90.10), pintos de um dia (NCM 0105) e frango vivo para abate (NCM 0105.99.00), o que existe o direito ao crdito presumido do art. 8 da Lei n 10.925/2004. Considerando-se a natureza dos insumos adquiridos, entendeu-se que esses insumos no se enquadram no art. 8, 3, I da Lei n 10.925/2004 (percentual de 60%), mas sim no percentual de 35% estabelecido no inciso II do mesmo dispositivo legal, sendo mantida a glosa da fiscalizao. Quanto ao crdito presumido em relao s aquisies de agulha dupla de 4 mm, foi decidido que somente rendem ensejo ao crdito presumido os produtos decorrentes da atividade agrcola ou pecuria utilizados como insumos no processo produtivo, o que no o caso das aludidas agulhas;No que tange glosa de matrizes, foi decidido que no h direito ao crdito como insumo, uma vez que foram classificadas pelo prprio contribuinte como bens do ativo imobilizado. O contribuinte no comprovou a alegao de que as matrizes so utilizadas para reproduo por perodo inferior a um ano;No tocante glosa do item genrico, foi decidido que o nus da prova do direito ao crdito cabe ao contribuinte. Embora tivesse sido intimado pela fiscalizao, o contribuinte apresentou uma planilha visando demonstrar os crditos requeridos referentes ao crdito presumido da agroindstria, tendo descrito crditos como farelo de soja, frango vivo para abate, item genrico, lenha de eucalipto, matrizes para abate, milho em gros e pintos de um dia. Diante da total incompreenso do que seria item genrico, a fiscalizao glosou tais crditos. A planilha anexada com a manifestao de inconformidade visando comprovao dos crditos do item genrico, tambm nada comprova;Quanto ao equvoco no preenchimento do DACON, foi decidido que o eventual erro do contribuinte e o ajuste efetuado pela fiscalizao, em nada alteram o crdito solicitado neste pedido de ressarcimento, pois os valores gerados em trimestres anteriores foram objeto de pedidos de ressarcimento pelo contribuinte e, desta forma, devem ser analisados em cada um destes processos.Regularmente notificado do acrdo de primeira instncia em 30/09/2010 (fl. 336), o contribuinte apresentou recurso voluntrio em 27/10/2010 (fl. 337), alegando, em sntese, o seguinte:Contestou o conceito de insumo adotado pela deciso recorrida. Disse que no pleiteia que todo e qualquer custo ou despesa seja considerado insumo, mas sim que tal conceito deve alcanar tudo aquilo que sendo excludo do processo produtivo, no permita obter o produto final. Quanto ao nus da prova, alegou que ele no impede a autoridade fiscal de requerer diligncia ou outras provas para fins de verificao do crdito;Discorreu sobre a sistemtica de apurao no-cumulativa das contribuies e concluiu que tem direito aos crditos decorrentes da no-cumulatividade e ao crdito presumido da agroindstria;No que tange ao farelo de soja, alegou que faz jus ao crdito integral como insumo e no apenas ao crdito presumido da agroindstria; Em relao ao frango vivo, ao milho e aos pintos de um dia, alegou que faz jus ao crdito presumido calculado com o percentual de 60%, que tambm deve ser aplicado ao farelo de soja, se prevalecer o entendimento do fisco de que integra o crdito presumido. O art. 8 da Lei n 10.925/2004 define que a alquota aplicvel determinada em funo do produto comercializado e no pelo insumo. Insurgiu-se contra o entendimento do acrdo recorrido na parte em que decidiu que a parcela dos frangos que cabem aos produtores rurais constitui remunerao a pessoa fsica. Disse que no contrato de parceria no h remunerao, mas sim diviso de frutos. Sendo assim, a aquisio pela recorrente da parte da diviso de frutos do parceiro rural pessoa fsica no remunerao, mas sim aquisio de insumo, sujeitando-se ao crdito de PIS e Cofins;Quanto aquisio de matrizes, alegou que alm das matrizes serem utilizadas nesta funo por perodo inferior a um ano, a prpria Receita Federal orienta em sua pgina eletrnica no sentido de classificar os animais reprodutores como receita operacional por ocasio de sua venda. Logo, esses animais devem ser considerados como insumos da atividade desenvolvida pelo contribuinte para fins de fruio dos crditos de PIS e Cofins, sob pena de ofensa no-cumulatividade; No que tange agulha dupla de 4 mm, alegou que tem direito ao crdito integral, pois destinam-se reposio de outras agulhas que foram desgastadas em razo de ao direta sobre o produto em fabricao;Relativamente ao item genrico o fisco glosou sem nenhuma justificativa os crditos aproveitados pela recorrente, cujas notas fiscais correspondentes comprovam se tratar de aquisies de produtos agropecurios idnticos aos reconhecidos pelo prprio fisco como insumos suscetveis ao aproveitamento de crditos de PIS e Cofins (ovos frteis, pintos de um dia, entre outros);Quanto aos erros de preenchimento do DACON em 2006, reiterou as alegaes de impugnao. o relatrio. Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator.O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, merece ser conhecido por este colegiado.Embora o acrdo de primeira instncia tenha delimitado o conceito de insumo e adotado aquele estabelecido pelas Instrues Normativas n 247/2002 e 404/2004, no houve glosa de nenhum insumo, sob a justificativa de que o bem no atendia ao disposto naqueles atos normativos.As glosas tiveram fundamentos outros que no passam pela definio do que deva ser considerado insumo para fins de gerao do crdito das contribuies no regime no-cumulativo.Sendo assim, irrelevante para o deslinde das questes postas no recurso a discusso terica sobre o conceito de insumo que deve prevalecer no mbito das contribuies no regime no-cumulativo.A primeira questo a ser enfrentada a que diz respeito natureza da parcela da produo que toca ao parceiro rural incumbido da criao dos frangos e que depois adquirida pela ora recorrente. A existncia dos contratos de parceria rural na modalidade pecuria incontroversa nos autos e os contratos foram comprovados por amostragem por meio do doc. 05 trazido com a impugnao.Nas clusulas quarta e quinta do contrato se pode verificar que na parceria foi estabelecido que cabe ao Produtor I (o proprietrio rural) um percentual que varia entre 5% e 10% do peso total do lote de frangos, conforme seu desempenho e de acordo com uma Tabela de Performance e Avaliao do lote de frango anexa a cada contrato.Essas disposies contratuais esto de acordo com o estabelecido no art. 96, da Lei n 4.504/64 (Estatuto da Terra), na parte em que dispe sobre a diviso de frutos da parceria. Em momento algum a lei que regula o contrato de parceria se refere a remunerao.Portanto, na parceria rural o que se tem a diviso de frutos, que no caso da criao dos frangos so representados pelo ganho de peso das aves.Entretanto, a quantidade de aves que toca ao Produtor I (fruto) adquirida pela recorrente, que remunera o produtor rural pessoa fsica mediante a converso do peso dessas aves em unidades monetrias, conforme tabelas anexas aos contratos.Ora, a aquisio dos frutos da parceria que pertencem ao produtor rural por parte da recorrente, configura a aquisio de matria-prima (frango vivo) de pessoa fsica, que no gera o crdito previsto no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2004, por se tratar de aquisio de pessoa fsica, mas gera o crdito presumido do art. 8 da Lei n 10.925/2004.Portanto, nesta parte, no merece nenhum reparo a deciso recorrida, pois a DRJ, mesmo entendendo que se tratou de remunerao paga a pessoa fsica, reverteu a glosa efetuada pela fiscalizao quanto aos insumos aplicados na parceria agropecuria e reconheceu o direito ao crdito presumido do art. 8 da Lei n 10.925/2004 em relao ao frango vivo. A questo do percentual a ser aplicado na apurao do crdito presumido ser tratada mais adiante.O contribuinte alegou que tem direito tomada do crdito em relao s aquisies de farelo de soja com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003 e no apenas ao crdito presumido.A DRJ decidiu que o contribuinte s tem direito ao crdito presumido sobre essas aquisies porque elas ocorreram de cooperativas agrcolas pessoas jurdicas ao abrigo de suspenso.As notas fiscais juntadas com a impugnao (doc. 04) comprovam que tais aquisies foram efetuadas de cooperativas agrcolas pessoas jurdicas e que no sofreram incidncia do PIS e da Cofins, em razo da suspenso determinada pelo art. 9 , III, da Lei n 10.925/2004. Se sobre essas aquisies no houve pagamento do PIS e da Cofins, no h direito tomada do crdito com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003, por fora da vedao expressa que consta no art. 3, 2, II, das referidas leis.Portanto, o acrdo de primeira instncia deve ser mantido por seus prprios fundamentos nesta parte, uma vez que em relao a essas aquisies o contribuinte s tem direito ao crdito presumido do art. 8 da Lei n 10.925/2004.Relativamente aos insumos farelo de soja, milho em gro, frango vivo e pintos de um dia, foi reconhecido pela autoridade administrativa e pela deciso recorrida o direito ao crdito presumido, entretanto, a recorrente se insurgiu contra o critrio adotado pela fiscalizao e pela DRJ Florianpolis para eleger o percentual de apurao do crdito presumido. Entende a defesa que o art. 8 da Lei n 10.925/2004 elegeu o produto fabricado pelo detentor do crdito como critrio para definir o percentual de 60% ou 35% e no a natureza do insumo, como entendeu a deciso recorrida.Essa questo j foi enfrentada e decidida por unanimidade de votos por este colegiado ao proferir o Acrdo 3403-002.139, relatado pelo Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, a quem peo licena para adotar os seus argumentos como fundamento deste voto, in verbis:(...) O ltimo tema a requerer enfrentamento diz com o crdito presumido outorgado pelo artigo 8 da Lei no. 10.925/04 s empresas do segmento em que atua a ora recorrente, a agroindstria. Eis o dispositivo, tal como vigente poca dos fatos:Art. 8. As pessoas jurdicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos captulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse captulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos cdigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05,0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os cdigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 21.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas alimentao humana ou animal, podero deduzir da Contribuio para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada perodo de apurao, crdito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3 das Leis nos. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa fsica ou recebidos de cooperado pessoa fsica.(...)2 O direito ao crdito presumido de que tratam o caput e o 1 deste artigo s se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo perodo de apurao, de pessoa fsica ou jurdica residente ou domiciliada no Pas, observado o disposto no 4 do art. 3 das Leis nos. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003.3 O montante do crdito a que se referem o caput e o 1 deste artigo ser determinado mediante aplicao, sobre o valor das mencionadas aquisies, de alquota correspondente a:I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2 das Leis nos. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Captulos 2 a 4, 16 e nos cdigos 15.01 a 15.06, 15.16.10, e as misturas ou preparaes de gorduras ou de leos animais dos cdigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2 das Leis no. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.A controvrsia posta nos autos exclusivamente de direito e reside toda ela na compreenso do 3 acima transcrito. Calculado sobre o valor dos insumos adquiridos pela agroindstria, o crdito presumido corresponder, de acordo com o preceito, a 60% ou a 35% daquele concedido pelo artigo 3 das Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03, a depender do produto.Enquanto os produtos de origem animal listados no inciso I rendem agroindstria crdito presumido de 0,99% e 4.56%, respectivamente para PIS e para COFINS, os demais, inclusive os de origem vegetal, proporcionam crditos menores, cujas alquotas equivalem a 0,5775% e 2,66%.Fiando-se na literalidade do texto, a recorrente interpreta a meno ao produto como uma referncia mercadoria a que o agroindustrial d sada. Sob sua perspectiva, independentemente da natureza do insumo adquirido, se a agroindstria promove a venda de produtos de origem animal, seu crdito presumido determinado pelas alquotas de 0,99% e 4,56%. Como a recorrente produz carnes avcolas e sunas, seu procedimento consistiu em apurar o crdito presumido segundo estes percentuais.J a DRF encarregada da auditoria atribui outro sentido ao dispositivo. De acordo com a sua leitura, o valor do crdito presumido varia no em funo do bem produzido pela agroindstria, mas em razo da natureza do insumo adquirido. Insumos de origem animal pouco importa a espcie de produto em que empregados forneceriam o crdito presumido do inciso I, ao passo que insumos vegetais garantiriam o crdito presumido de menor valor, previsto no inciso II. Como a maior parte dos insumos que a recorrente emprega de origem vegetal (raes), a glosa consistiu na reduo do valor do crdito ao menor percentual previsto pelo art. 3.Para subsidiar suas concluses, a fiscalizao invocou o artigo 8, da IN SRF no. 660/06, cujo texto claramente diferencia o montante do crdito presumido em funo da natureza do insumo adquirido e no do produto que com ele se obtm. Veja-se:Art. 8. At que sejam fixados os valores dos insumos de que trata o art. 7o, o crdito presumido da Contribuio para o PIS/PASEP e da COFINS ser apurado com base no seu custo de aquisio.1 O crdito de que trata o caput ser calculado mediante a aplicao, sobre o valor de aquisio dos insumos, dos percentuais de:I 0,99% (noventa e nove centsimos por cento) e 4,56% (quatro inteiros e cinqenta e seis centsimos por cento), respectivamente, no caso:dos insumos de origem animal classificados nos captulos 2 a 4 e 16 e nos cdigos 15.01 a 15.06 e 15.16.10 da NCM;das misturas ou preparaes de gorduras ou de leos animais dos cdigos 15.17 e 15.18 da NCM; II 0,5775% (cinco mil setecentos e setenta e cinco dcimos de milsimos por cento) e 2,66% (dois inteiros e sessenta e seis centsimos por cento), respectivamente no caso dos demais insumos.Originalmente, o crdito presumido da agroindstria no regime no cumulativo de apurao do PIS e da COFINS foi previsto nas prprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos 10 e 5 de seus respectivos artigos 3s. Como se trata de um segmento cujos insumos provm em larga escala de fornecedores pessoas fsicas que, por no serem contribuintes das exaes, no proporcionariam crdito agroindstria adquirente a soluo encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crdito presumido. Pretendia-se, na ocasio, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produo agrcola fertilizantes, defensivos, sementes etc. e acumulados no preo dos produtos agrcolas e pecurios.Como esse foi o propsito por trs da instituio do crdito presumido neutralizar a incidncia do PIS e da COFINS acumulada no preo dos gneros agrcolas no faria sentido que o valor do benefcio variasse em funo do produto em cuja fabricao a indstria o empregasse. Alis, seria at anti-isonmico se fosse assim. Da porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alquota nica. Se os adquirisse de pessoas fsicas, a agroindstria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espcie de produto em que fossem aplicados.A estipulao de mais de um percentual para apurao do crdito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, tambm reduziu a zero a alquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrcola.Entraram na lista de produtos favorecidos com esta ltima medida adubos e fertilizantes, defensivos agropecurios, sementes e mudas destinadas ao plantio, corretivo de solo de origem mineral, inoculantes agrcolas etc. (artigo 1).Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuria j no so gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preo praticado pelo produtor rural pessoa fsica j no contm o encargo tributrio, qual a justificativa para a manuteno do crdito presumido agroindstria? Se o benefcio perseguia compensar o setor pelo acmulo de PIS e de COFINS no preo dos gneros agrcolas, como explic-lo depois de reduzida a zero a alquota dos insumos aplicados produo?A verdade que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crdito presumido da agroindstria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituio. Como j no era preciso compensar incidncias em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal atravs do crdito presumido. Nesse sentido, veja-se trecho da Exposio de Motivos da MP no. 183, cuja converso originou a Lei no. 10.925/04:4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introduo dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos:a) reduo a zero das alquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecurios, suas matrias-primas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extino do crdito presumido, atribudo agroindstria e aos cerealistas, relativamente s aquisies feitas de pessoas fsicas.5. Cumpre esclarecer que o mencionado crdito presumido foi institudo com a nica finalidade de anular a acumulao do PIS e da COFINS nos preos dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas fsicas, dado que estes no so contribuintes dessas contribuies, evitandose, assim, que dita acumulao repercutisse nas fases subseqentes da cadeia de produo e comercializao de alimentos.6. Com a reduo a zero dos mencionados insumos, por decorrncia lgica, haveria de se extinguir o crdito presumido, por afastada sua fundamentao econmica, pois, do contrrio, estar-se-ia perante um benefcio fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.Como se v, o crdito presumido em anlise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de poltica extrafiscal, passou a no haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindstria com benefcios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crdito presumido variasse no mais em funo do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em funo do produto (origem vegetal ou animal).Enquanto o crdito presumido servia ao propsito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrcola, a lei de regncia o concedia em percentual nico, no importando em qual gnero alimentcio o insumo fosse empregado.Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu carter de incentivo, a lei passou a outorg-lo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o produto tenha esta ou aquela natureza.Parece-me, pois, fundado o argumento de que a IN SRF no. 660/06 modifica, de fato, os critrios com base nos quais o artigo 8, da Lei no. 10.925/04 define o montante do crdito presumido. Da porque, dou provimento ao recurso voluntrio nesta parte, a fim de reconhecer recorrente o direito de apropri-lo nos valores em que originalmente o fez. (...)Tendo em vista que o caso concreto em tudo se assemelha situao ftica sopesada por este colegiado por ocasio da prolao do Acrdo 3403-002.139, adoto os fundamentos acima para reformar o acrdo de primeira instncia, nesta parte, revertendo a glosa efetuada pela fiscalizao, uma vez que o crdito presumido ao qual faz jus a recorrente deve ser calculado na forma do art. 8, 3, inciso I da Lei n 10.925/2004, ou seja, com o percentual de 60% a ser aplicado sobre o valor do crdito apurado com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003. Insurgiu-se a recorrente contra o acrdo de primeira instncia na parte em que manteve a glosa dos valores relativos s aquisies de matrizes ainda no destinadas ao abate. Ressalvou-se que a glosa se referiu apenas s matrizes ainda no destinadas ao abate porque a fiscalizao consignou no termo fiscal que admitiu o crdito em relao s matrizes que foram abatidas e quanto a isso no houve impugnao por parte da recorrente.No h reparo algum a fazer na deciso recorrida nesta parte, pois incontroverso nos autos que as matrizes foram contabilizadas pela prpria empresa no ativo imobilizado.Alm de a recorrente no ter trazido prova alguma de que as matrizes so utilizadas nesta funo por prazo inferior a um ano, do fato de a receita decorrente da venda de matrizes ser classificada como receita operacional no decorre logicamente a concluso de que na aquisio, para fins de apurao do crdito, essas aves devam ser consideradas insumos, em face da previso contida no art. 3, 1, III, das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003 (direito ao crdito sobre a despesa de depreciao).Tendo em vista que a prpria recorrente coloca em dvida a classificao contbil que adotou para as matrizes, sem nada provar, no h como este colegiado fixar o dispositivo legal que d suporte ao crdito.Relativamente agulha dupla de 4 mm, verifica-se que a fiscalizao glosou o valor do crdito presumido tomado com base nas aquisies desse produto, sob a justificativa de que no se trata de produto de origem agropecuria.A recorrente alega que embora no se trate produto agropecurio, tem direito ao crdito previsto no art. 3 das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, pois se trata de um item que sofre desgaste em contato direto com o produto em fabricao.O requisito de sofrer desgaste em decorrncia de contato direto com o produto em fabricao tem sido relevado por este colegiado, entretanto, para gerar o crdito na aquisio o bem deve ser aplicado no processo produtivo e no pode ser classificado no ativo imobilizado.A recorrente no comprovou o tempo de vida til das agulhas ou o intervalo de tempo com que so substitudas, nem a quantidade de agulhas que so utilizadas ao mesmo tempo e nem o valor unitrio desses bens. No possvel saber se as agulhas so itens de ativao obrigatria (art. 301 do RIR/99), que neste caso dariam direito ao crdito apenas sobre a cota mensal de depreciao.Portanto, h que se manter a deciso recorrida nesta parte, pois cabe ao contribuinte o nus da prova dos fatos constitutivos de seu direito. No tendo feito prova de que as agulhas no se classificam no imobilizado, este colegiado no tem parmetros suficientes para decidir se o crdito deve ser tomado com base no custo de aquisio ou sobre a despesa de depreciao.No que tange ao item genrico, alegou a recorrente cerceamento de defesa, pois a fiscalizao no teria fundamentado a glosa. Entretanto, a leitura do termo fiscal revela que a glosa foi motivada no fato de que no se tratam de aquisies de produtos agropecurios, o que afasta a alegao de cerceamento de defesa por falta de motivao.Tanto a defesa no foi cerceada, que o contribuinte apresentou planilha anexada com a impugnao (doc. 07) para comprovar que se tratavam de produtos de origem agropecuria adquiridos de pessoas fsicas.A planilha anexada no comprova a legitimidade do crdito alegado nem quanto a sua origem e nem quanto ao valor, pois veio desacompanhada no s das notas fiscais que deram lastro aos dados informados, mas tambm dos livros em que estariam escrituradas essas supostas notas fiscais.A defesa anexou uma nica nota fiscal que daria lastro planilha (doc. 08), mas essa nota insuficiente para comprovar a magnitude do crdito alegado.O contribuinte mais uma vez no se desincumbiu do nus de provar os fatos jurgenos do crdito que alega possuir, devendo ser mantida a deciso de primeira instncia nesta parte.Melhor sorte no colhe o contribuinte em relao aos alegados erros de preenchimento do DACON. Isto porque suas alegaes vieram desacompanhadas de documentos hbeis demonstrao dos equvocos alegados.A apresentao do DACON retificador aps o procedimento fiscal tem o mesmo efeito gerado pela apresentao de alegaes desacompanhadas de documentos hbeis a sua comprovao, ou seja, nada provam.No tocante ao nus da prova, alegou o contribuinte que ele no impede a determinao de diligncia para verificao do crdito.No tem razo o contribuinte. As diligncias e as percias se prestam para esclarecer dvidas e obscuridades decorrentes da anlise dos elementos de prova juntados aos autos pelas partes aps terem se desincumbido do nus processual de provar os fatos jurgenos do direito que alegam. Diligncias e percias no se prestam para produzir as provas que deveriam ter sido trazidas aos autos pelas partes no momento processual oportuno.Com essas consideraes, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para reformar o acrdo de primeira instncia quanto ao critrio utilizado para a determinao do percentual do crdito presumido e reconhecer recorrente o direito de apur-lo na forma do art. 8, 3, inciso I da Lei n 10.925/2004, ou seja, no equivalente a 60% do valor dos crditos previstos no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2004.Antonio Carlos Atulim

  • 2

    utilizadoparaadeterminaodopercentualdocrditopresumidoereconhecerrecorrenteodireitodeapurlonaformadoart.8,3,incisoI,dasLeisn10.925/2002e10.833/2003.

    AntonioCarlosAtulimPresidenteeRelator.

    Participaram da sesso de julgamento os Conselheiros Antonio CarlosAtulim,Alexandre kern,Domingos deS Filho,MnicaMonteiroGarcia de losRios, IvanAllegrettieMarcosTranchesiOrtiz.

    Relatrio

    Tratase de pedido de ressarcimento da Cofins nocumulativa transmitidaem08/08/2006,relativoao2Trimestrede2006,cumuladocomdeclaraesdecompensao.

    Oobjeto socialdaempresaaproduodecarnedefrangoe seusmidosutilizandoosistemadeintegrao,segundooqualospintosdeumdiasoentreguesaterceirosparaseremcriados.Apsumperodoquevariaentre35e55dias,aavesatingemopesoidealparaabate.Nessemomentoocorreadivisodosfrutosdaparceriaruraleapartedasavesquecaberecorrentelhedevolvidapelosparceirosruraiseapartedasaves(frutos)quecabeaessesprodutoresadquiridapelarecorrenteparaseremprocessadas.Osfrutosdaparceriasoestabelecidosempercentualdequilosdefrangovivo,quetraduzidoemunidadesmonetrias,conforme o grau de eficincia do produtor rural estabelecido em uma tabela anexa aoscontratosdeparceria.

    Por meio da informao fiscal e despacho decisrio notificado aocontribuinteem15/01/2009,foramefetuadosajustesnovalordoressarcimentoeparcialmentehomologadasascompensaesdeclaradas.Foramefetuadososseguintesajustes:

    1) Foiglosadaaparceladaraoedosdemais insumosaplicadosnacriaodeavesemrelaoquantidadede avesquecabeaoprodutor integradoa ttulode remuneraoporseuservio,sobajustificativadequeessaparcelanoconstituiproduodapessoajurdica enem por ela destinada venda (sendo irrelevante a eventual prticade aprocessadoradosfrangosadquiriressaparceladoprodutorrural)

    2) Foiglosadaparceladocrditopresumidodaagroindstriasobreasaquisiesdefarelode soja, milho em gros, frangos vivos para abate e pintos de um dia, pois ocontribuinteadotouopercentualde4,56%,sendoovalorcorreto2,66%,umavezquesetratamdeinsumosdeorigemvegetal

    3) Foramexcludosdabasedeclculodocrditopresumidodaagroindstriaosvaloresreferentes s aquisies de agulha dupla de 4mm, produtos alimentcios, rotorparainjetoraeitemgenrico,sobajustificativadequenosetratamdeaquisiesdeprodutosagropecuriosetambmaaquisiodematrizes,poisestasfazempartedoativoimobilizado.Asmatrizesdestinadasaoabateforamadmitidas.

    Em sede de manifestao de inconformidade, o contribuinte alegou, emsntese,oseguinte:

    Fl. 364DF CARF MF

    Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM

  • Processon11516.004069/200701Acrdon.3403002.413

    S3C4T3Fl.8

    3

    1) Emrelaoglosadoscrditosdecorrentesdaaquisiodefarelodesoja,entendeocontribuinte que tem direito ao aproveitamento integral dos crditos referentes saquisies desse insumo e no apenas do crdito presumido. O farelo de soja emquesto um produto industrializado por cooperativas pessoas jurdicas e por estassubmetido tributaodoPISedaCOFINS,portanto,ocrditopela aquisiodesteprodutoencontraamparonosarts.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2003

    2) Quantoalquotadocrditopresumidoaplicadasobreasaquisiesdefarelodesoja,milhoemgros,frangosvivosparaabateepintosdeumdia,alegouqueofiscoaplicouopercentualde35%sobreasalquotasde1,65%(PIS)e7,60(Cofins),quandodeveriaterutilizadoopercentualde60%.Sustentouqueoart.8daLein10.925/2004defineque a alquota aplicvel determinada em funo do produto comercializado pelodetentordodireitocreditrioenopelo insumoporesteadquiridooupelosprodutosmeionecessriosobtenodoprodutofinal

    3) No que concerne aos insumos glosados em relao parcela das aves que cabe aosprodutores integrados, alegou ser proprietria das aves e que, pelos contratos deintegraoedeparceriacelebrados,cabeparceiraproprietria:a)entregarospintosdeumdiaparaquesejamrecriadoseengordadospelosparceiroscriadores(produtoresruraispessoasfsicas)b)fornecerarao,medicamentoseoutrosinsumosqueforemnecessrios c)prestar serviosdeorientaoe assistncia tcnica.Poroutro lado,osaludidoscontratosobrigamosparceiroscriadoresa:a)forneceramodeobraecederparaaparceriaaposseconjuntadasinstalaescriatriaseb)entregarosfrangosparaabatecom35a55diasdeidade.Assim,ovalordosinsumosaplicadosnacriaodosfrangossosuportadosexclusivamentepelarecorrente

    4) Noquetangesglosasreferentessaquisiesdematrizes,alegouqueasmatrizessoutilizadasporumcurtoespaodetempo(menosdoqueumano),apsessautilizaoso remetidas para abate e comercializadas. Segundo o perguntas e respostasdisponibilizadopelaReceitaFederal,areceitadevendadematrizesclassificadacomoreceita operacional da atividade rural, muito embora tenha integrado o ativoimobilizadoparafinscontbeis.Dessemodo,parafinsfiscaisasmatrizesconstantesdoimobilizadosoinsumosdaatividaderuralegeramdireitoaocrditodePISeCofins

    5) Relativamenteglosadovalordaspeasdereposio,alegouqueaagulhaduplade4mmutilizadaemmquinasinjetorasdetempero,tendocomoprincipalfunoinjetarsaldentrodacarne,temperandoauniformemente.Assim,osvaloresdesuasaquisiesdeveriamserconsideradosintegralmenteparaaapuraodocrdito,poisasagulhassedesgastam em virtude de ao direta exercida sobre os frangos. Quanto glosadenominadaitemgenrico, alegouque se tratamdeovos frteis, pintosdeumdia,entreoutros.Anexaplanilha com a discriminao das notas fiscais, bem comonotasfiscais juntadas por amostragempara comprovar os crditos.Alegouque o fisco nomotivouaglosa,oquecaracterizacerceamentodedefesa

    6) AlegouquecometeuequvocosnopreenchimentodosDACONdoanode2006,oqueacarretoudivergnciasdossaldosdecrditosremanescentespassveisdecompensao.Afiscalizao,aoajustarosDACON,teriapreenchidodeacordocomasorientaesdaFazenda,noentantolevouemcontaosaldodadeclaraodocontribuinte.Comissoafiscalizaoglosouumvalormaiordoqueoidentificadonodespachodecisrio,oque

    Fl. 365DF CARF MF

    Impresso em 10/09/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA

    CPI

    A

    Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2 de 24/08/2001Autenticado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 27/08/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM

  • 4

    nopodeseradmitido.Objetivandocorrigiroequvoco,adefesaapresentounoprazodamanifestaodeinconformidadeoDACONretificador.

    PormeiodoAcrdo20.799,de20deagostode2010,a4TurmadaDRJFlorianpolisjulgouamanifestaodeinconformidadeprocedenteemparte.Ficoudecididooseguinte:

    1) Emprocessosdepedidode restituio e ressarcimentoonusdaprovadodireitoaocrditodaquelequealegaocrdito,nocaso,ocontribuinte.FoifixadoqueoconceitodeinsumoaserobservadonadecisoaqueleestabelecidonasInstruesNormativasn247/2002e404/2004

    2) Em relao aos insumos utilizados na parceria rural avcola, ao contrrio do queentendeuafiscalizao,asclusulas4,5e9doscontratosdeparceriafirmadoscomos produtores integrados, deixam bem claro que a recorrente a proprietria dosfrangos que a quantidade de quilos de frango que cabe ao produtor integrado convertidaemvaloresmonetriossegundoumatabelaqueintegraocontratoequeaparceladefrangosquecabeaoprodutorreverteemfavordaprocessadoradosfrangos,sendo vedada a negociao da produo com qualquer outra empresa.Consequentemente,aglosaefetuadapelafiscalizaoemrelaoaosinsumosaplicadosnoprocessodecriaodosfrangosdecorteimprocedente.Entretanto,ficoudecididoque o valor pago pela recorrente aos produtores integrados pela parcela dos frangosvivos que lhes cabe, caracteriza pagamento efetuado a pessoa fsica, o que impede atomada de crdito com base no art. 3 das Leis n 10.637/2002 e 10.833/2003 sobreessesvalores

    3) Relativamenteaocrditopresumidoestabelecidonoart.8daLein10.925/2004,ficoudecididoqueocritrioaserobservadoodanaturezadoinsumoadquiridoenoodanaturezadoprodutovendidopelocontribuinte.Quantoaofarelodesojaadquiridodecooperativasdeproduopessoasjurdicas,foidecididoque,aocontrriodapretensodocontribuinte,noexistedireitoaocrditopelaaquisio(comoinsumo,nostermosdoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2002),poisasvendasefetuadasporessascooperativas esto abrigadas pela suspenso estabelecida no art. 9 da Lei n10.925/2004, aplicandose aessas aquisies a vedaocontidanos arts. 3, 2dasLeis n 10.637/2002 e 10.833/2003. Em relao ao farelo de soja (NCM 1201.00),milhoemgros(NCM1005.90.10),pintosdeumdia(NCM0105)efrangovivoparaabate(NCM0105.99.00),oqueexisteodireitoaocrditopresumidodoart.8daLein10.925/2004.Considerandose anaturezados insumosadquiridos,entendeusequeessesinsumosnoseenquadramnoart.8,3,IdaLein10.925/2004(percentualde60%),massimnopercentualde35%estabelecidono inciso IIdomesmodispositivolegal,sendomantidaaglosadafiscalizao.Quantoaocrditopresumidoemrelaosaquisiesdeagulhaduplade4mm,foidecididoquesomenterendemensejoaocrditopresumidoosprodutosdecorrentesdaatividadeagrcolaoupecuriautilizadoscomoinsumosnoprocessoprodutivo,oquenoocasodasaludidasagulhas

    4) No que tange glosa de matrizes, foi decidido que no h direito ao crdito comoinsumo,umavezqueforamclassificadaspeloprpriocontribuintecomobensdoativoimobilizado. O contribuinte no comprovou a alegao de que as matrizes soutilizadasparareproduoporperodoinferioraumano

    5) Notocanteglosadoitemgenrico,foidecididoqueonusdaprovadodireitoaocrdito cabe ao contribuinte. Embora tivesse sido intimado pela fiscalizao, ocontribuinte apresentou uma planilha visando demonstrar os crditos requeridos

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    referentesaocrditopresumidodaagroindstria, tendodescritocrditoscomofarelode soja, frango vivo para abate, item genrico, lenha de eucalipto, matrizesparaabate,milhoemgrosepintosdeumdia.Diantedatotalincompreensodoqueseriaitemgenrico,afiscalizaoglosoutaiscrditos.Aplanilhaanexadacomamanifestao de inconformidade visando comprovao dos crditos do itemgenrico,tambmnadacomprova

    6) QuantoaoequvoconopreenchimentodoDACON,foidecididoqueoeventualerrodocontribuinteeoajusteefetuadopelafiscalizao,emnadaalteramocrditosolicitadonestepedidoderessarcimento,poisosvaloresgeradosemtrimestresanterioresforamobjeto de pedidos de ressarcimento pelo contribuinte e, desta forma, devem seranalisadosemcadaumdestesprocessos.

    Regularmentenotificadodoacrdodeprimeirainstnciaem30/09/2010(fl.336), o contribuinte apresentou recurso voluntrio em 27/10/2010 (fl. 337), alegando, emsntese,oseguinte:

    1) Contestouoconceitodeinsumoadotadopeladecisorecorrida.Dissequenopleiteiaque todo e qualquer custo ou despesa seja considerado insumo, mas sim que talconceito deve alcanar tudo aquilo que sendo excludo do processo produtivo, nopermitaobteroprodutofinal.Quantoaonusdaprova,alegouqueelenoimpedeaautoridade fiscal de requerer diligncia ou outras provas para fins de verificao docrdito

    2) Discorreusobreasistemticadeapuraonocumulativadascontribuieseconcluiuquetemdireitoaoscrditosdecorrentesdanocumulatividadeeaocrditopresumidodaagroindstria

    3) Noquetangeaofarelodesoja,alegouquefazjusaocrditointegralcomoinsumoenoapenasaocrditopresumidodaagroindstria

    4) Em relao ao frango vivo, aomilho e aos pintos de um dia, alegou que faz jus aocrditopresumidocalculadocomopercentualde60%,quetambmdeveseraplicadoao farelo de soja, se prevalecer o entendimento do fisco de que integra o crditopresumido. O art. 8 da Lei n 10.925/2004 define que a alquota aplicvel determinada em funo do produto comercializado e no pelo insumo. Insurgiusecontraoentendimentodoacrdorecorridonaparteemquedecidiuqueaparceladosfrangosquecabemaosprodutores ruraisconstitui remuneraoapessoa fsica.Disseque no contrato de parceria no h remunerao, mas sim diviso de frutos. Sendoassim,aaquisiopelarecorrentedapartedadivisodefrutosdoparceiroruralpessoafsicanoremunerao,massimaquisiodeinsumo,sujeitandoseaocrditodePISeCofins

    5) Quanto aquisiodematrizes, alegouque almdasmatrizes seremutilizadasnestafunoporperodoinferioraumano,aprpriaReceitaFederalorientaemsuapginaeletrnica no sentido de classificar os animais reprodutores como receita operacionalporocasiodesuavenda.Logo,essesanimaisdevemserconsideradoscomoinsumosdaatividadedesenvolvidapelocontribuintepara finsdefruiodoscrditosdePISeCofins,sobpenadeofensanocumulatividade

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    6) Noquetangeagulhaduplade4mm,alegouquetemdireitoaocrditointegral,poisdestinamse reposio de outras agulhas que foram desgastadas em razo de aodiretasobreoprodutoemfabricao

    7) Relativamenteaoitemgenricoofiscoglosousemnenhumajustificativaoscrditosaproveitadospela recorrente, cujasnotas fiscais correspondentescomprovamse tratardeaquisiesdeprodutosagropecuriosidnticosaosreconhecidospeloprpriofiscocomoinsumossuscetveisaoaproveitamentodecrditosdePISeCofins(ovosfrteis,pintosdeumdia,entreoutros)

    8) Quanto aos erros de preenchimento do DACON em 2006, reiterou as alegaes deimpugnao.

    orelatrio.

    Voto

    ConselheiroAntonioCarlosAtulim,relator.

    O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto,mereceserconhecidoporestecolegiado.

    Embora o acrdo de primeira instncia tenha delimitado o conceito deinsumo e adotado aquele estabelecido pelas InstruesNormativas n 247/2002 e 404/2004,nohouveglosadenenhuminsumo,sobajustificativadequeobemnoatendiaaodispostonaquelesatosnormativos.

    Asglosastiveramfundamentosoutrosquenopassampeladefiniodoquedevaserconsideradoinsumoparafinsdegeraodocrditodascontribuiesnoregimenocumulativo.

    Sendoassim, irrelevanteparaodeslindedasquestespostasnorecursoadiscussotericasobreoconceitodeinsumoquedeveprevalecernombitodascontribuiesnoregimenocumulativo.

    Aprimeiraquestoaserenfrentadaaquedizrespeitonaturezadaparcelada produo que toca ao parceiro rural incumbido da criao dos frangos e que depois adquiridapelaorarecorrente.

    A existncia dos contratos de parceria rural na modalidade pecuria incontroversanosautoseoscontratosforamcomprovadosporamostragempormeiododoc.05trazidocomaimpugnao.

    NasclusulasquartaequintadocontratosepodeverificarquenaparceriafoiestabelecidoquecabeaoProdutorI(oproprietriorural)umpercentualquevariaentre5%e10%dopesototaldolotedefrangos,conformeseudesempenhoedeacordocomumaTabeladePerformanceeAvaliaodolotedefrangoanexaacadacontrato.

    Essasdisposiescontratuaisestodeacordocomoestabelecidonoart.96,daLei n 4.504/64 (Estatuto daTerra), naparte emque dispe sobre a diviso de frutos daparceria.Emmomentoalgumaleiqueregulaocontratodeparceriasereferearemunerao.

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    Portanto,naparceriaruraloquesetemadivisodefrutos,quenocasodacriaodosfrangossorepresentadospeloganhodepesodasaves.

    Entretanto, a quantidade de aves que toca aoProdutor I (fruto) adquiridapela recorrente, que remunera o produtor rural pessoa fsicamediante a converso do pesodessasavesemunidadesmonetrias,conformetabelasanexasaoscontratos.

    Ora,aaquisiodosfrutosdaparceriaquepertencemaoprodutor ruralporpartedarecorrente,configuraaaquisiodematriaprima(frangovivo)depessoafsica,quenogeraocrditoprevistonoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2004,porsetratardeaquisiodepessoafsica,masgeraocrditopresumidodoart.8daLein10.925/2004.

    Portanto,nestaparte,nomerecenenhumreparoadecisorecorrida,poisaDRJ,mesmoentendendoquesetratouderemuneraopagaapessoafsica,reverteuaglosaefetuadapelafiscalizaoquantoaosinsumosaplicadosnaparceriaagropecuriaereconheceuodireitoaocrditopresumidodoart.8daLein10.925/2004emrelaoaofrangovivo.Aquesto do percentual a ser aplicado na apurao do crdito presumido ser tratada maisadiante.

    O contribuinte alegou que tem direito tomada do crdito em relao saquisiesdefarelodesojacombasenoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2003enoapenasaocrditopresumido.

    ADRJdecidiuqueocontribuintestemdireitoaocrditopresumidosobreessasaquisiesporqueelasocorreramdecooperativasagrcolaspessoasjurdicasaoabrigodesuspenso.

    Asnotas fiscais juntadas coma impugnao (doc.04)comprovamque taisaquisies foram efetuadas de cooperativas agrcolas pessoas jurdicas e que no sofreramincidnciadoPISedaCofins,emrazodasuspensodeterminadapeloart.9,III,daLein10.925/2004.

    SesobreessasaquisiesnohouvepagamentodoPISedaCofins,nohdireito tomadado crdito combaseno art. 3 dasLeisn10.637/2002e10.833/2003,porforadavedaoexpressaqueconstanoart.3,2,II,dasreferidasleis.

    Portanto,oacrdodeprimeirainstnciadevesermantidoporseusprpriosfundamentos nesta parte, uma vez que em relao a essas aquisies o contribuinte s temdireitoaocrditopresumidodoart.8daLein10.925/2004.

    Relativamente aos insumos farelo de soja, milho em gro, frango vivo epintos de um dia, foi reconhecido pela autoridade administrativa e pela deciso recorrida odireitoaocrditopresumido,entretanto,arecorrenteseinsurgiucontraocritrioadotadopelafiscalizao e pela DRJ Florianpolis para eleger o percentual de apurao do crditopresumido.Entendeadefesaqueoart.8daLein10.925/2004elegeuoproduto fabricadopelo detentor do crdito como critrio para definir o percentual de 60% ou 35% e no anaturezadoinsumo,comoentendeuadecisorecorrida.

    Essaquestojfoienfrentadaedecididaporunanimidadedevotosporestecolegiado ao proferir oAcrdo 3403002.139, relatado peloConselheiroMarcosTranchesi

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    Ortiz, aquempeo licenapara adotaros seus argumentos como fundamentodestevoto, inverbis:

    (...)O ltimo tema a requerer enfrentamento diz com o crdito presumidooutorgadopeloartigo8daLeino.10.925/04sempresasdosegmentoemqueatuaa ora recorrente, a agroindstria. Eis o dispositivo, tal como vigente poca dosfatos:

    Art. 8. As pessoas jurdicas, inclusive cooperativas, que produzammercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos captulos 2, 3,excetoosprodutosvivosdessecaptulo,e4,8a12,15,16e23,enoscdigos03.02, 03.03, 03.04, 03.05,0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00,07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os cdigos 0713.33.19,0713.33.29e0713.33.99,1701.11.00,1701.99.00,1702.90.00,18.01,18.03,1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 21.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM,destinadas alimentao humana ou animal, podero deduzir daContribuioparaoPIS/PASEPedaCOFINS,devidasemcadaperododeapurao,crditopresumido,calculadosobreovalordosbensreferidosnoincisoIIdocaputdoart.3dasLeisnos.10.637,de30dedezembrode2002,e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa fsica ourecebidosdecooperadopessoafsica.

    (...)

    2Odireitoaocrditopresumidodequetratamocaputeo1desteartigos se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo perodo deapurao, de pessoa fsica ou jurdica residente ou domiciliada no Pas,observado o disposto no 4 do art. 3 das Leis nos. 10.637, de 30 dedezembrode2002,e10.833,de29dedezembrode2003.

    3Omontantedocrditoaquesereferemocaputeo1desteartigoserdeterminadomedianteaplicao,sobreovalordasmencionadasaquisies,dealquotacorrespondentea:

    I60%(sessentaporcento)daquelaprevistanoart.2dasLeisnos.10.637,de30dedezembrode2002,e10.833,de29dedezembrode2003,paraosprodutos de origem animal classificados nos Captulos 2 a 4, 16 e noscdigos15.01a15.06,15.16.10,easmisturasoupreparaesdegordurasoudeleosanimaisdoscdigos15.17e15.18eII35%(trintaecincoporcento)daquelaprevistanoart.2dasLeisno.10.637,de30dedezembrode2002,e10.833,de29dedezembrode2003,paraosdemaisprodutos.

    Acontrovrsiapostanosautosexclusivamentededireitoeresidetodaela na compreenso do 3 acima transcrito. Calculado sobre o valor dosinsumosadquiridospelaagroindstria,ocrditopresumidocorresponder,deacordocomopreceito,a60%oua35%daqueleconcedidopeloartigo3dasLeisnos.10.637/02e10.833/03,adependerdoproduto.

    Enquanto os produtos de origem animal listados no inciso I rendem agroindstriacrditopresumidode0,99%e4.56%,respectivamenteparaPISeparaCOFINS, os demais, inclusive os de origem vegetal, proporcionam crditosmenores,cujasalquotasequivalema0,5775%e2,66%.

    Fiandose na literalidade do texto, a recorrente interpreta a meno aoprodutocomouma referncia mercadoria aqueo agroindustrial d sada.Sobsua perspectiva, independentemente da natureza do insumo adquirido, se aagroindstriapromoveavendadeprodutosdeorigemanimal,seucrditopresumidodeterminadopelasalquotasde0,99%e4,56%.Comoarecorrenteproduzcarnes

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    avcolas e sunas, seu procedimento consistiu em apurar o crdito presumidosegundoestespercentuais.

    J a DRF encarregada da auditoria atribui outro sentido ao dispositivo. Deacordocomasualeitura,ovalordocrditopresumidovarianoemfunodobemproduzido pela agroindstria, mas em razo da natureza do insumo adquirido.Insumosdeorigemanimalpoucoimportaaespciedeprodutoemqueempregados forneceriam o crdito presumido do inciso I, ao passo que insumos vegetaisgarantiriamocrditopresumidodemenorvalor,previstonoincisoII.Comoamaiorpartedos insumosquea recorrenteempregadeorigemvegetal (raes), aglosaconsistiunareduodovalordocrditoaomenorpercentualprevistopeloart.3.

    Parasubsidiarsuasconcluses,afiscalizaoinvocouoartigo8,daINSRFno. 660/06, cujo texto claramente diferencia omontante do crdito presumidoemfuno da natureza do insumo adquirido e no do produto que comele se obtm.Vejase:

    Art.8.Atquesejamfixadososvaloresdosinsumosdequetrataoart.7o,ocrdito presumido da Contribuio para o PIS/PASEP e da COFINS serapuradocombasenoseucustodeaquisio.

    1Ocrditodequetrataocaputsercalculadomedianteaaplicao,sobreovalordeaquisiodosinsumos,dospercentuaisde:

    I0,99%(noventaenovecentsimosporcento)e4,56%(quatrointeirosecinqentaeseiscentsimosporcento),respectivamente,nocaso:

    a) dosinsumosdeorigemanimalclassificadosnoscaptulos2a4e16enoscdigos15.01a15.06e15.16.10daNCM

    b) das misturas ou preparaes de gorduras ou de leos animais doscdigos15.17e15.18daNCM

    II 0,5775% (cincomil setecentos e setenta e cincodcimosdemilsimospor cento) e 2,66% (dois inteiros e sessenta e seis centsimos por cento),respectivamentenocasodosdemaisinsumos.

    Originalmente, o crdito presumido da agroindstria no regime nocumulativo de apurao do PIS e da COFINS foi previsto nas prprias Leis no.10.637/02e10.833/03,nos10e5deseusrespectivosartigos3s.Comosetratade um segmento cujos insumos provm em larga escala de fornecedores pessoasfsicasque,pornoseremcontribuintesdasexaes,noproporcionariamcrditoagroindstriaadquirenteasoluoencontradapelolegisladorparaminimizaracumulatividade da cadeia foi a outorga do crdito presumido. Pretendiase, naocasio, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre osinsumos da produo agrcola fertilizantes, defensivos, sementes etc. eacumuladosnopreodosprodutosagrcolasepecurios.

    Como esse foi o propsito por trs da instituio do crdito presumido neutralizar a incidncia do PIS e da COFINS acumulada no preo dos gnerosagrcolasnofariasentidoqueovalordobenefciovariasseemfunodoprodutoemcujafabricaoaindstriaoempregasse.Alis,seriaatantiisonmicosefosseassim. Da porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alquotanica. Se os adquirisse de pessoas fsicas, a agroindstria apropriaria sempre omesmo percentual, independentemente da espcie de produto em que fossemaplicados.

    Fl. 371DF CARF MF

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    Aestipulaodemaisdeumpercentualparaapuraodocrditopresumidofoi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, tambm reduziu a zero aalquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principaisinsumosdaatividadeagrcola.

    Entraramna listadeprodutos favorecidoscomestaltimamedidaadubosefertilizantes, defensivos agropecurios, sementes e mudas destinadas ao plantio,corretivodesolodeorigemmineral,inoculantesagrcolasetc.(artigo1).

    Ora,seosinsumosaplicadosnaagriculturaenapecuriajnosogravadospeloPISepelaCOFINSe,portanto,seopreopraticadopeloprodutorruralpessoafsicajnocontmoencargotributrio,qualajustificativaparaamanutenodocrditopresumidoagroindstria?Seobenefcioperseguiacompensarosetorpeloacmulo de PIS e de COFINS no preo dos gneros agrcolas, como expliclodepoisdereduzidaazeroaalquotadosinsumosaplicadosproduo?

    Averdadeque,comoadventodaLeino.10.925/04,ocrditopresumidodaagroindstria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a suainstituio.Comojnoeraprecisocompensarincidnciasemetapasanterioresdacadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal atravs do crditopresumido.Nessesentido,vejasetrechodaExposiodeMotivosdaMPno.183,cujaconversooriginouaLeino.10.925/04:

    4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu aintroduodosdispositivosacimamencionados,que,seconvertidosemLei,teriamosseguintesefeitos:

    a) reduo a zero das alquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivosagropecurios,suasmatriasprimas,bemassimsementesparasemeadura

    b) em contrapartida, extino do crdito presumido, atribudo agroindstriaeaoscerealistas,relativamentesaquisiesfeitasdepessoasfsicas.

    5. Cumpre esclarecer que o mencionado crdito presumido foi institudocomanicafinalidadedeanularaacumulaodoPISedaCOFINSnospreosdosprodutosdosagricultoresepecuaristaspessoasfsicas,dadoqueestesnosocontribuintesdessascontribuies,evitandose,assim,queditaacumulao repercutisse nas fases subseqentes da cadeia de produo ecomercializaodealimentos.

    6.Comareduoazerodosmencionadosinsumos,pordecorrncialgica,haveria de se extinguir o crdito presumido, por afastada suafundamentao econmica, pois, do contrrio, estarseia perante umbenefciofiscal,oquecontrariaaLeideResponsabilidadeFiscal.

    Comosev,ocrditopresumidoemanliseassumiu,comoadventoda Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, comomedida depoltica extrafiscal, passou a no haver impedimento a que o legisladorfavorecesseosdiversossetoresdaagroindstriacombenefciosdemontantedistinto.Nadaimpedia,pois,queovalordocrditopresumidovariassenomaisemfunodoinsumo(origemvegetalouanimal)e,sim,emfunodoproduto(origemvegetalouanimal).

    Enquanto o crdito presumido servia ao propsito de eliminar acumulatividadedoPISedaCOFINSnacadeiaagrcola,a leideregnciaoconcediaempercentualnico,noimportandoemqualgneroalimentciooinsumofosseempregado.

    Fl. 372DF CARF MF

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    Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu carter deincentivo, a lei passou a outorglo em diferentes montantes, conforme, otextomesmodiz,oprodutotenhaestaouaquelanatureza.

    Pareceme, pois, fundado o argumento de que a IN SRF no. 660/06modifica, de fato, os critrios com base nos quais o artigo 8, da Lei no.10.925/04 define o montante do crdito presumido. Da porque, douprovimento ao recurso voluntrio nesta parte, a fim de reconhecer recorrenteo direito de aproprilo nos valores emque originalmenteo fez.(...)

    Tendoemvistaqueocasoconcretoemtudoseassemelhasituaofticasopesada por este colegiado por ocasio da prolao do Acrdo 3403002.139, adoto osfundamentos acima para reformar o acrdo de primeira instncia, nesta parte, revertendo aglosaefetuadapelafiscalizao,umavezqueocrditopresumidoaoqualfazjusarecorrentedeveser calculadona formadoart. 8, 3, inciso I daLein10.925/2004,ou seja, comopercentualde60%aseraplicadosobreovalordocrditoapuradocombasenoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2003.

    Insurgiusearecorrentecontraoacrdodeprimeirainstncianaparteemquemanteveaglosadosvaloresrelativossaquisiesdematrizesaindanodestinadasaoabate.

    Ressalvousequeaglosasereferiuapenassmatrizesaindanodestinadasaoabateporqueafiscalizaoconsignounotermofiscalqueadmitiuocrditoemrelaosmatrizesqueforamabatidasequantoaissonohouveimpugnaoporpartedarecorrente.

    No h reparo algum a fazer na deciso recorrida nesta parte, pois incontroverso nos autos que asmatrizes foram contabilizadas pela prpria empresa no ativoimobilizado.

    Alm de a recorrente no ter trazido prova alguma de que asmatrizes soutilizadasnestafunoporprazoinferioraumano,dofatodeareceitadecorrentedavendadematrizesserclassificadacomoreceitaoperacionalnodecorrelogicamenteaconclusodequenaaquisio,parafinsdeapuraodocrdito,essasavesdevamserconsideradasinsumos,emfacedaprevisocontidanoart.3,1,III,dasLeisn10.637/2002e10.833/2003(direitoaocrditosobreadespesadedepreciao).

    Tendo em vista que a prpria recorrente coloca em dvida a classificaocontbil que adotou para asmatrizes, sem nada provar, no h como este colegiado fixar odispositivolegalquedsuporteaocrdito.

    Relativamenteagulhaduplade4mm,verificasequeafiscalizaoglosouovalordocrditopresumidotomadocombasenasaquisiesdesseproduto,sobajustificativadequenosetratadeprodutodeorigemagropecuria.

    Arecorrentealegaqueemboranosetrateprodutoagropecurio,temdireitoaocrditoprevistonoart.3dasLeis10.637/2002e10.833/2003,poissetratadeumitemquesofredesgasteemcontatodiretocomoprodutoemfabricao.

    Fl. 373DF CARF MF

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    CPI

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  • 12

    O requisito de sofrer desgaste em decorrncia de contato direto com oprodutoemfabricaotemsidorelevadoporestecolegiado,entretanto,paragerarocrditonaaquisioobemdeveseraplicadonoprocessoprodutivoenopodeserclassificadonoativoimobilizado.

    Arecorrentenocomprovouotempodevidatildasagulhasouointervalodetempocomquesosubstitudas,nemaquantidadedeagulhasquesoutilizadasaomesmotempo e nem o valor unitrio desses bens. No possvel saber se as agulhas so itens deativaoobrigatria(art.301doRIR/99),quenestecasodariamdireitoaocrditoapenassobreacotamensaldedepreciao.

    Portanto, h que se manter a deciso recorrida nesta parte, pois cabe aocontribuinteonusdaprovados fatosconstitutivosdeseudireito.No tendofeitoprovadeque as agulhas no se classificam no imobilizado, este colegiado no tem parmetrossuficientesparadecidirseocrditodevesertomadocombasenocustodeaquisioousobreadespesadedepreciao.

    Noquetangeaoitemgenrico,alegouarecorrentecerceamentodedefesa,poisafiscalizaonoteriafundamentadoaglosa.Entretanto,aleituradotermofiscalrevelaqueaglosafoimotivadanofatodequenosetratamdeaquisiesdeprodutosagropecurios,oqueafastaaalegaodecerceamentodedefesaporfaltademotivao.

    Tanto a defesa no foi cerceada, que o contribuinte apresentou planilhaanexadacomaimpugnao(doc.07)paracomprovarquesetratavamdeprodutosdeorigemagropecuriaadquiridosdepessoasfsicas.

    A planilha anexada no comprova a legitimidade do crdito alegado nemquantoasuaorigemenemquantoaovalor,poisveiodesacompanhadanosdasnotasfiscaisquederamlastroaosdadosinformados,mastambmdoslivrosemqueestariamescrituradasessassupostasnotasfiscais.

    Adefesaanexouumanicanotafiscalquedaria lastroplanilha(doc.08),masessanotainsuficienteparacomprovaramagnitudedocrditoalegado.

    Ocontribuintemaisumaveznosedesincumbiudonusdeprovarosfatosjurgenos do crdito que alega possuir, devendo sermantida a deciso de primeira instncianestaparte.

    Melhor sorte no colhe o contribuinte em relao aos alegados erros depreenchimento do DACON. Isto porque suas alegaes vieram desacompanhadas dedocumentoshbeisdemonstraodosequvocosalegados.

    A apresentao do DACON retificador aps o procedimento fiscal tem omesmoefeitogeradopelaapresentaodealegaesdesacompanhadasdedocumentoshbeisasuacomprovao,ouseja,nadaprovam.

    No tocante ao nus da prova, alegou o contribuinte que ele no impede adeterminaodedilignciaparaverificaodocrdito.

    No tem razo o contribuinte.As diligncias e as percias se prestam paraesclarecerdvidaseobscuridadesdecorrentesdaanlisedoselementosdeprovajuntadosaosautospelaspartesapsteremsedesincumbidodonusprocessualdeprovarosfatosjurgenosdo direito que alegam. Diligncias e percias no se prestam para produzir as provas quedeveriamtersidotrazidasaosautospelaspartesnomomentoprocessualoportuno.

    Fl. 374DF CARF MF

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  • Processon11516.004069/200701Acrdon.3403002.413

    S3C4T3Fl.13

    13

    Com essas consideraes, voto no sentido de dar provimento parcial aorecurso para reformar o acrdo de primeira instncia quanto ao critrio utilizado para adeterminaodopercentualdocrditopresumidoereconhecerrecorrenteodireitodeapurlonaformadoart.8,3,incisoIdaLein10.925/2004,ouseja,noequivalentea60%dovalordoscrditosprevistosnoart.3dasLeisn10.637/2002e10.833/2004.

    AntonioCarlosAtulim

    Fl. 375DF CARF MF

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