ruÍdo no ambiente de trabalho e a eficÁcia da … · advocacia civil e é mestranda do programa...
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RUÍDO NO AMBIENTE DE TRABALHO E A EFICÁCIA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA PARA COIBIR AS PATOLOGIAS
DECORRENTES, SOBRETUDO NO ÂMBITO DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E DA UTILIZAÇÃO DO EPI
Sandra Mara Franco Sette1 Ângela Alves de Sousa2 Luiz Eduardo Gunther3
RESUMO: A saúde do trabalhador é considerada direito fundamental e tem proteção jurídica a nível nacional e internacional, mesmo assim o Brasil é um dos campeões mundiais em acidentes de trabalho, fazendo crer que há um paradoxo no assunto. No Brasil há um arcabouço de normas protetivas da saúde do trabalhador a partir das Convenções Internacionais com status Constitucional, a própria Constituição Federal, a Consolidação das Normas Trabalhistas, as Normas Regulamentadoras, assim como as inúmeras normas previdenciárias. O Direito do Trabalho e o Previdenciário possuem naturezas distintas, porém, em comum, a finalidade de promover ações que visem resguardar o trabalhador enquanto e após perdure sua capacidade laboral, protegendo-o da exploração e das vicissitudes do dia-a-dia. O presente trabalho visa averiguar em que medida a legislação brasileira, seja na esfera Trabalhista ou Previdenciária, é eficaz no tocante a proteção da saúde do trabalhador, especificamente em relação ao fator risco “ruído”, sobretudo ante os institutos do adicional de insalubridade e do EPI. O trabalho de pesquisa encontra apoio em consulta bibliográfica que destaca algumas obras jurídicas, textos legais e outras que interessam ao fenômeno tratado, no sentido demonstrar a necessidade de se aprofundar o estudo do tema dada a sua importância, quer no campo jurídico ou no social. Palavras-chave: Ruído no ambiente laboral; Direito humano fundamental à saúde; Adicional insalubridade; Eficácia do EPI.
1 Graduada em Direito e Mestranda em Direito Empresarial e Cidadania, junto ao Programa de Mestrado do Centro Universitário Curitiba – UNICURITIBA. Advogada na área de Direito Previdenciário, junto ao escritório Gomes, Sette & Advogados Associados. 2 Bacharel em Direito pela Universidade de Rondonópolis – Mato Grosso, inscrita na OAB, exerce a advocacia civil e é mestranda do Programa de Mestrado em Direito Empresarial e Cidadania do UNICURITIBA, tendo publicado artigos em congressos. 3 Doutor em Direito pela Universidade Federal do Paraná (2003) e Mestre em Direito também pela Universidade Federal do Paraná (2000). Atualmente é professor titular do Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA. Especialista nas áreas de Direito Internacional do Trabalho, Direito Sindical e Coletivo do Trabalho, Tutela dos Direitos de Personalidade na Atividade Empresarial e Crise da Jurisdição: Efetividade e Plenitude Institucional.
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1 INTRODUÇÃO
O trabalho é tão antigo quanto o homem e teve origem como humilhação, desonra
e degradação da espécie humana e na evolução da humanidade é exaltado ou desprezado,
conforme as diferentes épocas e classes sociais. O homem passou a trabalhar apenas para
satisfazer suas necessidades biológicas de sobrevivência, as quais, quando supridas,
ampliaram-se dando origem a outras relações.
As relações de trabalho se deram ao longo do tempo de várias formas, a exemplo
da escravidão e servidão. Na modernidade, nos países capitalistas, a relação se dá na forma
remunerada (empregado x empregador) e, quanto maior a oferta de mão de obra, menor a
remuneração.
A presença de inúmeros agentes nocivos no ambiente laboral é de conhecimento
notório, como os químicos, físicos, biológicos, ergonômicos, estes são causadores de
inúmeros riscos de acidente de trabalho, os quais são capazes de causar danos à saúde e a
integridade física do trabalhador, todos em razão de sua natureza, concentração,
intensidade, suscetibilidade e tempo de exposição. E não estamos a falar no agente
psicológico, sem qualquer previsão em nenhuma Norma Regulamentadora, pois a
depressão e o estresse tem sido considerados a doença do século, ocasionados pela pressão
que os trabalhadores sofrem para cumprir metas as vezes inatingíveis, assim como o
assédio moral e sexual.
No Brasil há um arcabouço de normas protetivas da saúde do trabalhador e, todas
tem em comum, como finalidade última, a proteção da saúde do trabalhador, este
considerado um direito fundamental garantido pela Constituição Federal. No entanto, na
prática, a pergunta que se faz é se elas atingem a sua finalidade. Estão conseguindo
proteger a saúde do trabalhador? O ruído está sendo banido do ambiente laboral? O
Adicional de insalubridade remunera suficientemente pelo dano sofrido em razão da
sujeição ao ruído? O EPI é eficaz no caso do ruído?
O ruído é um dos agentes nocivos presentes na maior parte dos ambientes laborais.
Isso se dá em razão do processo de industrialização utilizar inúmeros maquinários, estes
necessários ao processo produtivo. Sua presença no ambiente laboral, principalmente em
níveis acima dos limites de tolerância, causam várias doenças, as quais extrapolam os
danos ao sistema auditivo, a exemplo da insônia, transtornos de humor, desequilíbrio na
marcha, entre outros.
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A título de políticas públicas foram instituídas normas e portarias que
regulamentam os métodos de proteção do trabalhador, cuja atuação atualmente é
promovida pelas NORMAS REGULAMENTADORAS emitidas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego e também pela FUNDACENTRO que estabelece normas de higiene
ocupacional.
A NR-15 dispõe sobre as atividades insalubres e, em seus anexos 1 e 2 trata
especificamente do ruído, estabelecendo que sua nocividade se dá acima de 85 decibéis.
Desta forma o empregador deve implementar medidas protetivas que garanta a
saúde e a integridade física do trabalhador e do meio ambiente laboral, a partir das regras
instituídas pelas NRs, sendo uma delas o EPI (Equipamento de Proteção Individual). No
entanto, não basta apenas o fornecimento, há que se proceder a troca periódica, o
treinamento e a fiscalização quanto ao uso adequado, nos termos da NR-6.
A atividade insalubre é aquela considerada prejudicial à saúde, que pode vir a
causar alguma doença. Desta forma, o trabalhador que presta serviços em condições
insalubres, ou seja, com exposição acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição, tem direito a receber uma
remuneração maior. O exercício de trabalho em condições insalubres assegura a percepção
de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%
(dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus máximo,
médio e mínimo. Este adicional tem natureza salarial e não indenizatória, cujo objetivo é
compensar o trabalho em condições gravosas à saúde do empregado.
Deste contexto pode ser observado que mesmo em grau máximo de sujeição
(40%) o valor adicional não representa um montante suficiente a remunerar a perda na
qualidade de vida do trabalhador, que tem sua saúde prejudicada por míseros R$ 374,80
(trezentos e setenta e quatro reais e oitenta centavos) mensais. Isso, quando faz jus a
percebê-lo, já que o uso do EPI, reduzindo a intensidade a níveis considerados toleráveis,
isenta a empresa de seu pagamento. Mas, e os efeitos ocasionados pela vibração? Há um
EPI para este agente? Se há, ele é eficaz?
Um EPI somente é considerado eficaz se neutralizar ou eliminar por completo os
efeitos nocivos à saúde ou à integridade física do trabalhador. No aspecto Previdenciário, o
STF no julgamento do Tema 555 decidiu que o EPI eficaz, que neutralize a nocividade dos
agentes, retira o direito a contagem de tempo reduzida e, por conseguinte, a aposentadoria
especial, exceto no que tange ao ruído que esteja acima dos limites legais de
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tolerância, tendo em vista que o EPI embora reduza o ruído a níveis toleráveis, ainda
assim, não é capaz de elidir os demais efeitos e danos causados no organismo do ser
humano, como por exemplo, aqueles advindos da vibração.
No âmbito do Direito Previdenciário há inúmeras normas protetivas que tratam
dos agentes nocivos. Um dos exemplos foi a Lei 3.807/60 (LOPS), que veio a unificar um
emaranhado de normas esparsas que tratavam do tema previdenciário, instituindo em seu
artigo 31 a Aposentadoria Especial, com a finalidade de retirar do mercado de trabalho
aqueles trabalhadores sujeitos a agentes nocivos de forma antecipada, ou seja, antes que
sua saúde viesse a sofrer danos.
Ao longo dos anos várias Leis, Decretos e Portarias foram sendo editadas e, no
caso do ruído, nos chama a atenção as alterações trazidas no que diz respeito às
intensidades consideradas nocivas para a legislação previdenciária.
Especificamente quanto ao agente nocivo ruído, o Quadro Anexo do Decreto nº
53.831, de 25-03-1964, o Quadro I do Decreto nº 72.771, de 06-09-1973, o Anexo I do
Decreto nº 83.080, de 24-01-1979, o Anexo IV do Decreto nº 2.172, de 05-03-1997, o
Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 06-05-1999, alterado pelo Decreto nº 4.882, de 18-11-
2003, consideram insalubres as atividades que expõem o segurado a níveis de pressão
sonora superiores a 80, 90 e 85 decibéis.
Como pode ser observado, na esfera previdenciária houve um acréscimo e, após
decorridos cerca de 06 anos, um decréscimo na intensidade considerada nociva, não
acompanhando o que ocorrido na esfera trabalhista. As Normas Regulamentadoras
estabeleceram desde sua instituição que a nocividade se dá acima de 85 decibéis. Portanto,
pergunta-se, qual norma pode ser considerada mais apta a proteger a saúde do trabalhador
independentemente da sua esfera de atuação? Como elas devem ser interpretadas pelos
Tribunais quando se trata de proteção à saúde do trabalhador? Qual melhor contempla o
aspecto técnico protetivo?
A saúde do trabalhador é considerada direito humano fundamental e tem proteção
jurídica a nível nacional e internacional, mesmo assim o Brasil é um dos campeões
mundiais em acidentes de trabalho, fazendo crer que há um paradoxo no assunto. Esta
tutela ocorre no âmbito do Direito do Trabalho e do Direito Previdenciário, cada uma em
sua esfera de atuação, porém a experiência nos mostra que não estão em consonância,
ocasionando uma dicotomia, não atingindo a finalidade a que se destinam.
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2 DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS – BREVES
CONSIDERAÇÕES
Não há como falar em Direitos Humanos e Direitos Fundamentais sem fazer uma
retrospectiva histórica, a qual nos demonstra de forma clara as inúmeras transformações
sofridas pela civilização e como elas ocorreram até os dias atuais e, sem relação com a
história, seria impossível compreender os direitos humanos e os direitos fundamentais, haja
vista que foram construídos no transcurso dos anos.
A partir da análise de textos legais mais antigos, no decorrer dos séculos, desde o
Código de Hamurabi até a Lei das XII Tábuas, os seres humanos só possuíam obrigações,
não direitos, sendo punidos severamente, de acordo com a Lei de Talião - “Olho por olho,
dente por dente” -, nos casos de descumprimento da norma jurídica instituída. Os direitos
fundamentais são “caracterizados por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos
poderes, nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por todas.”
(BOBBIO, 1992, p. 5)
A Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) e a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (1789) são documentos considerados como marcos
históricos dos direitos dos indivíduos. Estas declarações, em seus textos, trouxeram ideais
da Ilustração, tendo incorporado ideias iluministas, a exemplo dos filósofos como John
Locke, Voltaire, Diderot, Montesquieu, Rousseau e Benjamim Franklin. (VIEIRA JR,
2015)
Ambas as Declarações tiveram um papel significativo e “representaram a
emancipação histórica do indivíduo perante os grupos sociais aos quais ele sempre se
submeteu: a família, o clã, o estamento, as organizações religiosas.” (COMPARATO,
2010, p. 65)
Doutrinadores, como Ingo Wolfgang Sarlet (2005) relatam que outras declarações
de direitos foram reconhecidas, a exemplo da Magna Carta, de 1215, da Petition of Rights,
de 1628, o Habeas Corpus Act, de 1679 e o Bill of Rights de 1689.
Por consequência, é possível concluir que os direitos humanos são inerentes à
condição humana, cuja proteção é o resultado de um processo de luta histórica contra os
abusos praticados por aqueles que detinham o poder. Os direitos fundamentais, como
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materialização dos direitos humanos, surgem como meio de proteção do indivíduo contra
os abusos de poder, através da positivação do direito.
As expressões direitos fundamentais e direitos humanos são utilizadas como
sinônimos, podendo, este último ser entendido como válidos a todos os povos e em todos
os tempos. Já os direitos fundamentais “são os direitos do homem, juridico-
institucionalmente garantidos e limitados espacio-temporalmente. ” (CANOTILHO, 1998,
p. 259)
Gisela Maria Bester (2005, p. 558), ao comentar o autor espanhol Antonio-
Enrique Pérez Luño, esclarece que embora esses direitos pareçam sinônimos, não o são. Há
entre eles uma diferença, onde “os direitos fundamentais aparecem como a fase mais
avançada do processo de positivação dos direitos naturais nos textos constitucionais do
Estado de Direito, processo que tem os direitos humanos como ponto intermediário”.
Perez Luño (1999, p. 48) pontifica que:
Los derechos humanos aparecen como un conjunto de facultades e instituciones que, en cada momento histórico, concretan las exigencias de la dignidad, la libertad y la igualdad humana, las cuales deben ser reconocidas positivamente por los ordenamientos jurídicos a nivel nacional e internacional.
Nesse sentido será importante distingui-los, pois, a maioria dos autores no Brasil
“funde os qualificativos “humanos” e “fundamentais”. (...) exemplo, José Afonso da Silva,
Alexandre de Morais, Manoel Gonçalves Ferreira. (BESTER, 2005, p. 560)
Não é possível falar em direitos fundamentais sem mencionar a Declaração
Universal dos Direitos do Homem, proclamada pela ONU em 1948, que trata de direitos
humanos em nível internacional e com caráter universalizante.
Por óbvio, o destinatário, o titular dos direitos fundamentais é o ser humano e, à
luz do texto constitucional brasileiro de 1988 são destinatários todos os brasileiros, aí
incluídos os natos e os naturalizados e estão contidos no Título II da Constituição Federal
de 1988, subdividindo-se em cinco capítulos: direitos individuais e coletivos; direitos
sociais; nacionalidade; direitos políticos e partidos políticos.
Os direitos fundamentais, modernamente, são classificados pela doutrina em
direitos de primeira, segunda e terceira gerações de acordo com o momento histórico em
que passaram a ser reconhecidos e positivados.
A primeira geração de direitos fundamentais teve seu fundamento nas
Declarações, sendo a primeira a do Estado da Virginia datada de 1776, porém, o que o
influenciou foi a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão editada pela Revolução
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Francesa de 1789, fundada na valorização da liberdade do indivíduo (de consciência, de
culto e de reunião, inviolabilidade do domicílio) sendo exigida uma prestação negativa por
parte do Estado.
Os direitos fundamentais de segunda geração têm como fundamento o princípio
da igualdade, obrigando o Estado a prestações positivas em busca da realização da justiça
social, visando assegurar os direitos sociais, econômicos e culturais. Nos direitos de
segunda geração estão englobadas algumas liberdades sociais, como a de sindicalização, de
greve, assim como os direitos fundamentais dos trabalhadores, como salário mínimo,
repouso semanal remunerado, etc. (SARLET, 2005). Estes “são os direitos sociais,
culturais e econômicos bem como os direitos coletivos ou de coletividades, introduzidos no
constitucionalismo das distintas formas de Estado Social, depois que germinaram por obra
da ideologia e da reflexão antiliberal do século XX.” (BONAVIDES, 2009, p. 562)
Já os direitos fundamentais de terceira geração surgem no fim do século XX,
“fundamentados no princípio da solidariedade ou fraternidade e que se caracterizam pela
titularidade difusa ou coletiva, ou seja, o titular desses direitos não é o homem
isoladamente, mas a coletividade, os grupos sociais. ” (MARCHINSHAKI, 2012). A mais
importante fase dos direitos fundamentais, pois, os direitos do homem devem ser
efetivamente protegidos, e não apenas proclamados e idealizados, cuja proteção, inclusive,
deve ocorrer em face do próprio “Estado que os tenha violado”. (BOBBIO, 1992)
Importante salientar que as três gerações de direitos fundamentais não se excluem,
mas se complementam, sendo as primeiras garantidoras do direito à liberdade, a segunda,
dos direitos de igualdade e a terceira está relacionada com a fraternidade (direitos de
solidariedade), que foram os lemas da Revolução Francesa de 1789.
Não se pode deixar de mencionar os direitos denominados de quarta geração (de
solidariedade), compreendendo os direitos do homem no âmbito internacional (ao
desenvolvimento, ao meio ambiente sadio e à paz), se constituindo direitos “sobre o
Estado” e não “contra o Estado” (BEDIN, 1997, p. 77).
Os direitos de quarta geração visam a proteção da humanidade no âmbito
Internacional através de Pactos, Declarações e Cartas Internacionais, “sendo a Declaração
Universal dos Direitos do Homem o mais importante documento dentro desta categoria de
direitos.” São novíssimos direitos, seriam os mais recentes que possuímos “ou que ainda
estão em fase de reivindicações”, a exemplo dos “relativos à inteligência artificial e à
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informática; à bioética [...]; ao consumo de bens privados [...]; à sexualidade” (BESTER,
2005, p. 594-600).
Os direitos fundamentais possuem algumas características que auxiliam na sua
interpretação, conforme elaboração doutrinária de José Afonso da Silva (1997, p. 179-
180), como a historicidade (históricos como qualquer direito: nascem, modificam-se e
desaparecem); inalienabilidade (intransferíveis e inegociáveis); irrenunciabilidade e
imprescritibilidade.
A importância dos direitos fundamentais como exercício das garantias individuais
e coletivas do cidadão são inegáveis, os quais foram construídos ao longo dos séculos
numa trajetória de lutas e conflitos históricos.
2.1 DIREITO FUNDAMENTAL À SAÚDE DO TRABALHADOR
Não há dúvidas sobre o fato da saúde do trabalhador ser considerada um direito
fundamental, o que se dá pela observação de que a maioria dos países vem demonstrando,
ao longo dos tempos, sua preocupação com esta proteção através de suas Constituições,
tutelando atividades profissionais, afim de proporcionar a saúde e a segurança do meio
ambiente laboral, instituindo meios de responsabilização dos envolvidos na relação, porém
sem excluir o Estado.
No Brasil a Imperial de 1824 e a Republicana de 1891, foram Constituições que
não se preocuparam com a proteção do trabalhador, considerado mero objeto,
desconsiderado em sua dignidade e respeito à pessoa humana, pois nesta época ao Estado
era defeso intervir nas relações de domínio privado.
Após a Primeira Guerra Mundial a Constituição de 1891 não mais se ajustava às
perspectivas nacionais, resultando na reforma de 19264, fazendo surgir “duas noções
básicas do ponto de vista do direito social: a de trabalho e a de bem público. ” (MORAES,
2002, p. 46)
Na Constituição de 1937 o trabalhador, assim como o cidadão, teve assegurados
na própria Carta Magna os princípios e direitos assegurados pela Constituição de 1934,
4 A reforma iniciada em 1926 somente se consolidou em 1930 e por esta razão o Direito Social teve origem e reconhecimento no Brasil a partir da Revolução de 1930.
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trazendo em seu bojo outros de natureza social, concretizando-se o direito material e
processual do trabalho.
A Constituição de 1946 foi de todas as Cartas mencionadas, a que mais trouxe
benefícios ao trabalhador, caracterizada a hierarquia da proteção à saúde do trabalhador,
através dos direitos à higiene e segurança no meio ambiente do trabalho, direitos também
observados na Carta de 1967 e 1969.
E assim chegamos, finalmente, à Constituição de 1988, consagração máxima dos
direitos sociais, através da garantia da dignidade da pessoa humana e da proteção da saúde
e segurança no meio ambiente do trabalho, que em seus artigos 6º e 7º, inciso XXII,
consideram a saúde e a redução dos riscos inerentes ao trabalho como direito fundamental.
A Constituição Federal de 1988 inovou ao se preocupar com o tema, ao ponto de
dedicar um capítulo exclusivo, dentro do Título VIII – Da Ordem Social. O Capítulo VI –
Do Meio Ambiente, expressando no caput do art. 225 que todos têm direito ao meio
Ambiente ecologicamente equilibrado, já que este é um bem de uso comum do povo e
essencial à qualidade de vida.
É indiscutível que o meio ambiente tem uma definição muito ampla e, neste
sentido, engloba o meio ambiente do trabalho que está nele inserido, haja vista que o ser
humano vive neste a maior parte de sua vida, não podendo ter uma existência digna se o
ambiente laboral não for saudável e equilibrado.
Quando se fala em direito fundamental à saúde está a falar no bem jurídico que é a
saúde e a segurança do trabalhador, ou seja, sua vida, titular do direito ao meio ambiente e
a sadia qualidade de vida. (FIORILLO, 1997, p. 66)
Conceitualmente o meio ambiente era limitado às relações do homem com as
condições naturais, situação que foi modificada após a Conferência sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (ECO-92), realizado no Rio de Janeiro em 1992, em cujo evento houve a
introdução do tema ‘o meio ambiente do trabalho’ no Capítulo 29 da Agenda 21. O
princípio I da ECO 92 assim dispõe: “Os seres humanos constituem o centro das
preocupações relacionadas com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida
saudável e produtiva em harmonia com a natureza”.
Desta forma o direito à saúde e segurança do trabalhador passa a ser realidade e o
direito de ver tutelada através de normas técnicas que promovam o bem-estar físico e
mental. A redução dos riscos inerentes ao trabalho é direito de todo e qualquer trabalhador,
podendo este, quando se sentir ameaçado ou agredido no ambiente laboral, se valer de
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todos os instrumentos jurídicos. Na mesma esteira, é dever do empregador “observar as
normas de proteção, promovendo os meios necessários para a prevenção das agressões à
saúde no ambiente do trabalho”, respeitando as normas de segurança e medicina do
trabalho.
2.2 RUÍDO NO AMBIENTE DO TRABALHO COMO FATOR PREJUDICIAL AO
DIREITO À SAÚDE DO TRABALHDOR
Como acima apontado, o meio ambiente saudável é direito fundamental do
trabalhador, direito à sadia qualidade de vida e, portanto, direito à redução dos riscos
inerentes ao desempenho de sua atividade laboral.
Há muitas discussões no que diz respeito ao agente nocivo ruído, haja vista que
para este existem as vibrações e os efeitos extra auditivos. É propagado pela superposição
de várias vibrações de frequências diferentes e se constitui em um dos mais graves riscos
ambientais (WISNIK, 1989, p. 76), que causa, além da perda auditiva, também sintomas
digestivos, cardiocirculatórios, endocrinológicos, neurológicos e psicológicos (distúrbios
de comunicação e sono). As alterações ocorridas em cada sujeito decorrem de vários
fatores, tais como: intensidade, frequência, tempo de exposição e a distribuição ao longo da
jornada, a suscetibilidade individual, etc. (EXAME, 2010)
O som é transmitido de uma fonte sonora, por vibrações, até ao ouvido humano.
Este é atenuado através do uso de Equipamento de Proteção Individual disponíveis no
mercado, contrariamente ao que ocorre com as vibrações.
No entanto é de suma importância determinar o que vem a ser ruído, este
entendido como um agente contaminante de tipo físico; é um som indesejável e, desta
forma, incômodo. É definido como o som ou grupo de sons de tal amplitude que pode
ocasionar adoecimentos ou interferência no processo de comunicação. Quanto à diferença
entre som e ruído, sabe-se que o primeiro pode ser quantificado, enquanto que o segundo é
considerado um fenômeno subjetivo. (PARRAGA VELASQUEZ; ZAPATA, 2005)
A partir do conceito apresentado é possível concluir a nocividade do agente
quando este estiver presente acima dos limites de tolerância. Mas, como entender o que
quer dizer o termo tolerância? O ser humano é diferente, biologicamente falando e,
portanto, os graus de tolerância para qualquer agente também o é. Para igualar a todos,
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estudos foram elaborados pela FUNDACENTRO (NHO 01 – Norma de Higiene
Ocupacional) e determinado que o ruído é nocivo quando sua intensidade for superior a 85
decibéis para uma exposição de 8 horas diárias, com limite máximo em 115 decibéis para
um tempo de apenas 25 segundos de sujeição.
A partir desta determinação pensemos: qual ambiente fabril terá um equipamento
para uso por apenas 25 segundos? Há no mercado um equipamento que produza este nível
de ruído? A resposta é positiva. O equipamento denominado martelete pneumático é muito
utilizado para diversos tipos de corte ou demolição em obras de construção ou manutenção
de qualquer porte e estão disponíveis em modelos, pesos e velocidades distintas.
Não é difícil constatar a nocividade deste agente, presente na maioria dos
ambientes laborais, em especial aqueles de natureza industrial, pela presença maçante e
imprescindível de maquinários. Portanto, o ruído no ambiente laboral é extremamente
nocivo à saúde do trabalhador e ao direito, porque de difícil redução e impossível
eliminação, sendo causador de inúmeras patologias e acidentes de trabalho.
3 O PAPEL DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA TUTELA DA SAUDE DO
TRABALHADOR ANTE O FATOR ‘RUÍDO’
No Brasil existe um arcabouço de normas protetivas da saúde e da integridade
física do trabalhador, entretanto, no que diz respeito ao ruído, há divergências entre as
normas de ordem trabalhista e previdenciária no tocante a intensidade considerada nociva
ao organismo humano num determinado lapso temporal.
O Direito do Trabalho visa salvaguardar o trabalhador no que diz respeito à sua
relação com o empregador, seja de que natureza for. Já o Direito Previdenciário visa sua
proteção e de sua família das vicissitudes da vida laboral, tais como o acesso ao Auxílio-
doença (Previdenciário e Acidentário), o Auxílio-acidente, Aposentadoria por Invalidez,
Pensão por Morte e Aposentadoria por Tempo e Idade.
Ambas possuem em comum o objetivo de proteger a saúde do trabalhador
enquanto e após perdure sua capacidade laboral, em cumprimento aos objetivos traçados
pela Carta Maior.
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3.1 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
Entre fins de 1800 e 1936 surgiram inúmeras leis ordinárias e leis esparsas, as quais
dispunham sobre Direito do Trabalho. A sistematização destas leis esparsas, em 1943, foi
denominada de Consolidação das Leis do Trabalho – CLT que trouxe novos institutos
criados pelos juristas que a elaboraram. Todavia, a CLT não é um código vez que se trata
da reunião das leis existentes e não de nova legislação. (NASCIMENTO, 2007)
Por certo, ao longo do tempo a CLT tem sido objeto de alterações e
aperfeiçoamento, quando novos direitos são alcançados na medida das exigências, das
necessidades e peculiaridades de cada época.
Em 1977, através da Lei n. 6.514, o Congresso Nacional aprovou a alteração de
“todo o Capítulo V, do Título II da CLT, que trata da Segurança, Higiene e Medicina do
Trabalho.” Importante modificação “foi a introdução na CLT da exigência de adoção de
limites de tolerância para os agentes ambientais.” O Ministro do Trabalho à época
encarregou a FUNDACENTRO de elaborar um projeto de Portaria com a finalidade de
regulamentar a Lei, buscando um novo instrumento legal na área. O Superintendente da
FUNDACENTRO, “propôs a criação de um arcabouço jurídico na área de segurança,
higiene e medicina do trabalho, composto de normas regulamentadoras, cada uma delas
regulando uma Seção do Capítulo V, do Título II, da CLT, que trata dessa matéria. Assim
surgiu a Portaria n. 3.214, publicada em 08 de junho de 1978 (...). ” (SOTO, 2010, p. 6)
Cumpre registrar que, antes da edição desta Portaria, o Ministério do Trabalho
editava normas através de atos administrativos, distribuídas em diversos instrumentos
legais, portanto normas esparsas, desprovidas de unidade técnica e jurídica, o que
dificultava sua aplicação e fiscalização.
Segundo José Manuel O. Gana Soto [et al] (2010, p. 6-7), é certo que as
dificuldades enfrentadas para a elaboração das normas regulamentadoras foram muitas,
haja vista que à época eram em número de apenas 19 técnicos. No entanto, os poucos
técnicos da FUNDACENTRO conseguiram, “em apenas dois meses de trabalho intenso,
redigir toda a base da legislação que perdura até hoje.” E assim surgiram as Normas
Regulamentadoras (NRs). “Cada Norma Regulamentadora faz o detalhamento de um tema
previsto no Capítulo V, do Título II da CLT.”
Por intermédio dessa Portaria, o Ministério do Trabalho, em 1978, publicou a
consolidação das normas de segurança e medicina do trabalho, cujo propósito era
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“aprofundar as medidas preventivas para retirar o Brasil da incômoda posição de campeão
mundial em acidentes do trabalho. ” (OLIVEIRA, 2007, p. 109)
Cuida o arcabouço técnico jurídico disposto nas Normas Regulamentadoras (NRs),
sobretudo, de estabelecer critérios para as atividades exercidas pelos trabalhadores no
sentido de garantir sua segurança, preservando sua integridade física, desenvolver suas
atividades num ambiente saudável, com a finalidade de preservar sua saúde física e
psicológica. A higiene visa o controle dos agentes do ambiente de trabalho para
manutenção da saúde no seu amplo sentido.
No entanto, no que diz respeito especificamente ao agente nocivo ruído temos
como a mais importante a Norma Regulamentadora nº 15, que trata das atividades e
operações insalubres e no anexo I dispõe sobre os limites de tolerância, sendo considerado
nocivo a sujeição com intensidade superior a 85 decibéis e dose superior a 100%.
O fornecimento, uso adequado, treinamento e substituição de Equipamento de
Proteção Individual que reduza o agente a níveis considerados não prejudiciais isenta o
empregador do pagamento do adicional de insalubridade.
Neste sentido, tem sido o entendimento mais recente do Tribunal Regional do
Trabalho da 9ª Região (Paraná):
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI). AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO NÚMERO DO CERTIFICADO DE APROVAÇÃO (CA). O EPI fornecido ao trabalhador, sem identificação do respectivo certificado de aprovação, como determina a Norma Regulamentadora (NR) nº. 06, item 6.2, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), exigido tanto para comercialização quanto para utilização, não pode ser reconhecido como eficaz para proteção contra o agente insalubre existente (ruído), porque a eliminação deste está diretamente vinculada à demonstração da sua eficácia; isto é, à aprovação do MTE que, no caso, não foi demonstrada. Neste sentido, aliás, é o teor da Súmula nº 80 do colendo Tribunal Superior do Trabalho (TST): "A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo adicional." Recurso ordinário da reclamada de que se conhece e a que se nega provimento.
(TRT-PR-00179-2015-322-09-00-2-ACO-17006-2017 - 7A. TURMA. Relator: ALTINO PEDROZO DOS SANTOS. Publicado no DEJT em 26-05-2017)
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INSALUBRIDADE. MOTORISTA DE CAMINHÃO. AGENTE INSALUBRE VIBRAÇÃO. LIMITES DE TOLERÂNCIA ULTRAPASSADOS. INEFICÁCIA DOS EPIS. ADICIONAL DEVIDO. Constatou-se, por meio do adequado laudo pericial, que o autor, na função de motorista de caminhão, estava sujeito à vibração acima dos limites de tolerância previstos nas normas regulamentadoras, situação que caracteriza insalubridade em grau médio. Ainda que comprovada a entrega - e utilização - de EPIs, constituídos unicamente de protetores auriculares e sapatos de segurança, não são aptos a neutralizar o agente insalubre vibração, conforme expressamente esclarecido pelo perito, não existindo EPIs anti-vibração capazes de proteger adequadamente os trabalhadores, de forma a reduzir a exposição a nível abaixo dos limites de tolerância, como ocorre, por exemplo, com os protetores auriculares em relação ao ruído. Adicional de insalubridade devido. Sentença mantida.
(TRT-PR-01300-2015-562-09-00-9-ACO-02862-2017 - 6A. TURMA. Relator: SUELI GIL EL RAFIHI. Publicado no DEJT em 31-01-2017)
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. USO DE E.P.I. HÁBIL A NEUTRALIZAR O AGENTE INSALUBRE MESMO COM LABOR EM SOBREJORNADA. ADICIONAL INDEVIDO. O art. 191, II, da CLT estabelece que a eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância e o art. 192 assegura o pagamento do adicional de insalubridade aos trabalhadores que desempenhem seu trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho. Assim, se ao utilizar os equipamentos de proteção individual os níveis de ruído baixaram a patamares inferiores ao limite de tolerância, a autora não faz jus ao adicional de insalubridade, pois, de acordo com a perícia, mesmo trabalhando em excesso de jornada, os protetores auriculares foram eficazes em neutralizar o ruído e reduzi-lo em nível bem abaixo do limite de tolerância. Recurso da autora a que se nega provimento.
(TRT-PR-01986-2014-242-09-00-8-ACO-27049-2016 - 3A. TURMA. Relator: THEREZA CRISTINA GOSDAL. Publicado no DEJT em 05-08-2016)
O que se pode concluir do que contido na legislação e na interpretação promovida
pela Justiça do Trabalho é no sentido de que o fornecimento de EPIs certificados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego capazes de reduzir o ruído a níveis considerados
toleráveis isenta o empregador do pagamento do respectivo adicional. Isso quer dizer que
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a responsabilidade do empregador quanto a saúde e integridade física do trabalhador, ou
seja, em utilizar de todos os meios para a redução e eliminação dos agentes nocivos do
ambiente laboral se restringe ao simples cumprimento da NR-6 no que diz respeito aos
EPIs. Sabidamente o custo para implementar medidas para a redução dos riscos são
sempre aqueles que mais pesam nas decisões, haja vista que, quanto menor custo, maior
lucro.
3.2 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
A Carta de 1988 é conhecida como a Constituição Cidadã e foi a primeira a
carregar um capítulo específico sobre a Seguridade Social, determinando que a mesma
seria um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social,
conforme dispõe em seu art. 194.
Pode-se dizer que a partir de então o Direito Previdenciário torna-se um ramo
autônomo da Ciência Jurídica, com princípios e normas próprios atinentes ao estudo da
Seguridade Social. Desta forma, a saúde passa a ser um componente fundamental deste
sistema, sendo um direito de todos e dever do Estado, devendo ser garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
Nos termos do que dispõe o artigo 201 da CF, a Previdência Social é fruto de
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, financiada por toda a Nação e
isso se dá em virtude da função que ela exerce em prol da coletividade. Visa garantir o
amparo ao trabalhador e aos seus dependentes, como um seguro social, quando
eventualmente, venha a ocorrer à perda, permanente ou temporária, em decorrência dos
riscos que àquele se obriga a sofrer.
Em síntese, tem por objetivo principal resguardar o trabalhador das
consequências dos eventos que possam atingir a sua atividade laboral. Assim, será objeto
de proteção previdenciária, o trabalhador que venha a sofrer qualquer evento que cause
prejuízo em sua vida laboral e, por consequência na de seus dependentes.
O benefício da aposentadoria especial, instituída pela Lei nº 3.807/60, no artigo
31, é uma das modalidades por tempo de contribuição, com redução do tempo,
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cuja finalidade é garantir ao beneficiário do Regime Geral da Previdência Social uma
compensação pelo desgaste resultante do tempo de serviço prestado em condições
prejudiciais à sua saúde ou integridade.
Como requisitos era exigido que o segurado que tivesse cinquenta anos ou mais
de idade e quinze anos de contribuição, além de ter trabalhado durante quinze, vinte ou 25
anos, pelo menos, conforme a atividade profissional, em serviços que fossem considerados
penosos, insalubres ou perigosos.
Atualmente esta modalidade é disciplina pela Lei 8.213/91, no artigo 57, exigindo
apenas que o segurado tenha trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos.
O Decreto nº 53.831, de 25 de março de 1964, que regulamentou a Lei nº
3.807/60, criou Quadro Anexo em que estabelecia relação entre os serviços e as atividades
profissionais classificadas como insalubres, perigosos ou penosos, em razão da exposição
do segurado a agentes químicos, físicos ou biológicos, com o tempo de trabalho mínimo
exigido, nos termos do art. 31 da citada Lei.
O agente nocivo físico ruído, considerado insalubre, está contido no anexo III do
quadro a que se refere o artigo 2º do Decreto 53.831/64, código 1.1.6, onde foi
considerada a especialidade do labor quando o trabalhador se encontrasse sujeito a
intensidade de ruído acima de 80 decibéis (Decreto 1.232/62, Portaria Ministerial 262/62 e
Art. 187 CLT).
A mesma intensidade foi mantida com a edição do Decreto 83.080/79, cujo rol
dos agentes nocivos fez parte integrante do Anexo I, constando o ruído no código 1.1.5.
Com a entrada em vigor do Decreto 2.172 de 05.03.1997 o limite de tolerância
considerado nocivo para o ruído passou de 80 para 90 decibéis, perdurando até 18.11.2003
com a edição do Decreto 4.882, que o reduziu para 85 decibéis, igualando-o com o Direito
do Trabalho.
Com o aumento e, depois de decorridos cerca de 6 anos, a diminuição do limite
de tolerância do agente ruído, os Tribunais vinham considerando a aplicação da lei mais
benéfica, fazendo-a retroagir no tempo para atingir situações ocorridas entre 06/06/1997 a
18/11/2003 aplicando-se a nocividade com a sujeição quando a intensidade fosse superior
a 85 decibéis.
Entretanto, em matéria repetitiva o Superior Tribunal de Justiça (REsp nº
1398260/PR) e em se de Repercussão Geral – Tema 555 (Agravo 664.335/SC) do
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Supremo Tribunal Federal, restou pacificado o entendimento determinando que a lei que
rege o tempo de serviço é aquela vigente no momento da prestação do labor. No entanto
restou consignado que o uso de EPI não afasta a especialidade do labor, mesmo que
comprovado sua eficácia, haja vista que para as vibrações não há no mercado nenhum
equipamento que seja comprovadamente eficaz.
A partir destas as decisões dos tribunais ficaram vinculadas ao que decidido
pelos tribunais superiores, afastando a especialidade do labor para efeitos previdenciários
no período compreendido entre 06/03/1997 a 18/11/2003 quando o trabalhador estivesse
sujeito a ruído com intensidade igual ou inferior a 90 decibéis, independentemente do
fornecimento e uso de EPI considerado eficaz.
Este posicionamento deixou de levar em consideração a NR-15, haja vista que o
trabalhador sujeito a ruído com intensidade superior a 85 decibéis sofre dano em sua
saúde, tendo em vista que a sujeição a 90 decibéis somente é permitida durante 04 horas
diárias. Isso quer dizer que se um trabalhador estiver submetido durante 08 horas diárias a
ruído com intensidade de 90 decibéis, ele esteve sujeito a uma dose de 2,0, ou seja, 100%
superior ao limite legal trabalhista, causando prejuízo à sua saúde. No entanto, não será
protegido pela norma previdenciária, cuja finalidade seria afastar este trabalhador do
mercado de trabalho antes que sua saúde e integridade física sofram danos.
4 EFICÁCIA DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA DIANTE DO RUIDO NO
AMBIENTE DO TRABALHO?
Eficácia pode ser entendida como sendo “a qualidade daquilo que cumpre com as
metas planejadas”, ou seja, para que uma determinada norma seja considerada eficaz é
preciso que ela atinja a finalidade a que se destina. Mas podemos falar ainda na eficácia da
lei no tempo e no espaço; na irretroatividade, na imediatividade.
Considerações feitas sabe-se que a legislação trabalhista, em especial aquelas
decorrentes das normas de Medicina e Segurança do Trabalho, visam resguardar a saúde
do trabalhador. Toda ela foi edificada a partir de estudos e pesquisas técnicas e, no caso do
agente nocivo ruído não foi diferente. Mas elas atingem sua finalidade e são, por essência,
eficazes?
Um destes exemplos seria o adicional de insalubridade, previsto nos artigos 189 a
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197 da Consolidação das Leis Trabalhistas e que é um instrumento de compensação do
trabalhador por estar exposto a agentes nocivos com potencial de prejudicar de alguma
forma a sua saúde.
No tocante ao ruído contínuo o ambiente somente será considerado insalubre
após a realização de estudos que levem em consideração o nível de ruído e o tempo de
exposição (dose superior a 100%). Já quanto ao ruído de impacto, que são aqueles sons
com batidas ou estampidos, apresentando picos com 1 segundo ou mesmo de duração,
basta que o trabalhador esteja exposto para fazer jus a perceber o respectivo adicional.
O adicional pode variar de acordo com o grau de insalubridade, prevendo o
pagamento de 10% para sujeição mínima, 20% para médio e 40% para máximo, sendo
calculado sobre o salário-minimo da região. Portanto, possui natureza salarial, cujo
objetivo é compensar o trabalho em condições gravosas à saúde do trabalhador.
Não há como negar que toda a construção legislativa tem como finalidade última
a proteção da saúde do trabalhador, entretanto, se faz necessário que haja uma ação de
fiscalização conjunta das esferas trabalhistas e previdenciárias no sentido de averiguar se
efetivamente todas as medidas estão sendo adotadas no sentido de reduzir os riscos
inerentes ao trabalho.
Mais importante que todo o arcabouço jurídico, que no que diz respeito ao ruído,
se faz necessário que os Tribunais trabalhistas passem a entender que o simples
fornecimento do EPI não afasta a obrigatoriedade de pagamento do respectivo adicional,
haja vista a nocividade proveniente das vibrações, provocadas por equipamentos que além
do ruído também vibram atingindo todo o organismo do trabalhador, para as quais não há
no mercado nenhum equipamento disponível capaz de eliminá-las.
Que passem os referidos Tribunais Trabalhistas a aplicar o fundamento
consagrado na norma constitucional de efetivamente observar e respeitar o direito
fundamental inscrito na Carta da República no sentido de proteger a saúde e a integridade
física do obreiro considerando o ambiente laboral, direito inerente ao ser humano.
4.1 PARADOXO DA LEGISLAÇÃO
Notadamente as normas Trabalhistas e a Previdenciária são aplicadas, cada uma,
em suas áreas de atuação, mas ambas possuem em comum a finalidade de proteger e
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resguardar a saúde e a integridade física do trabalhador.
No entanto, o que se observa no presente estudo é que no que diz respeito ao
agente nocivo ruído elas não encontram consonância, causando um verdadeiro paradoxo,
que culmina em abarrotar nossos Tribunais com ações das mais diversas naturezas. Na
esfera Trabalhista o uso de EPIs que reduzam o agente a níveis considerados toleráveis
isentam o empregador do pagamento do respectivo adicional, deixando de levar em
consideração ser este um causador de extensos danos a saúde do trabalhador,
principalmente pelo efeito das vibrações, para as quais não há equipamento disponível no
mercado.
Já na esfera Previdenciária, durante o lapso temporal de 06/03/1997 a 18/11/2003
vigorou norma (Decreto 2.172/97 e 3.048/99) estabelecendo que a nocividade se daria
quando a sujeição fosse com intensidade superior a 90 decibéis, em oposição ao Anexo 1
da NR-15, que estabelece 85 decibéis como limite máximo para a jornada de 08 horas
diárias.
NÍVEL DE RUÍDO DB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos
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Destaca-se, ainda que a American Conference of Governamental Industrial
Hygienist (ACGIH, 1996), adota critério similar (...), conforme se pode observar pela
tabela abaixo:
Limites de tolerância ao ruído definidos pela ACGIH (1996)5
Nível de exposição – dB(A) Horas permitidas de exposição 85 8 88 4 91 2 94 1 97 1/2 100 1/4
Durante um período de mais de 06 anos o trabalhador que esteve exposto a ruído
com intensidade entre 85,1 e 90 decibéis teve sua saúde prejudicada duplamente. Uma
pelo efeito proveniente das vibrações que, como mencionado, não há EPI disponível no
mercado capaz de elidir sua nocividade, e duas, pelo fato de ter que permanecer laborando
por mais este período antes da jubilação. Neste caso específico significa dizer que o
trabalhador para poder se aposentador na modalidade especial teria que laborar nestas
condições por 31 anos e não por 25 como determina norma previdenciária.
Portanto, é preciso promover uma interpretação que vá ao encontro dos princípios
insculpidos na Constituição Federal, principalmente daqueles que protegem a saúde e a
integridade física do trabalhador, de forma a atribuir sentidos, os quais devem preservar os
limites semânticos do texto legal. Em síntese, a norma deve cumprir a finalidade a que se
destina.
4.2 INEFICÁCIA DA TUTELA DA SAÚDE ANTE O FATOR RISCO ‘RUÍDO’
A realização do Direito, o desempenho concreto de sua função social é o
significado de eficácia social, que “representa a materialização, no mundo dos fatos, dos
preceitos legais e simboliza a aproximação, tão intima quanto possível, entre o dever-ser
normativo e o ser da realidade social.” (BARROSO, 2009, p. 82-83)
A eficácia das normas, seja no âmbito trabalhista quanto no previdenciário, no 5 O critério de risco da ACGIH originariamente coincidia com as determinações estabelecidas pela OSHA, mas em 1975, ocorreu uma alteração que fixou o limite de 85 dB(A) para 08 horas diárias.
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que diz respeito ao agente nocivo ruído é questionável. Isso se deve ao fato de na esfera
trabalhista o pagamento do adicional de insalubridade ser dispensado caso o empregador
forneça EPI considerado eficaz pelo Ministério do Trabalho e Emprego, deixando de
considerar os efeitos nocivos extra auditivos provocados pelas vibrações.
No âmbito previdenciário estabeleceu-se válida a legislação em vigor na data da
prestação do labor, deixando de observar que a norma em questão (Decreto 2.172/97) não
se encontrava amparada em estudos técnicos e contrariava Norma Regulamentadora nº 15.
A retroação de norma mais benéfica era a interpretação mais lógica, pois amparada em
princípios constitucionais da prevenção e da preservação da vida e da saúde, direito
fundamental que prevalece sobre qualquer outra norma infraconstitucional.
A tutela da saúde do trabalhador ante o fator de risco ruído resta comprometida.
Este agente, presente na maior parte dos ambientes laborais, é altamente nocivo, em razão
de seus efeitos extra auditivos, que ocasionam de forma lenta e gradativa diversas
patologias.
Não somente as normas, mas todo um sistema interpretativo se faz imperioso
com a finalidade de proteger efetivamente a saúde do trabalhador, não bastando a edição
de mais e mais normas, é preciso que a intenção do legislador se faça cumprir, em especial
aquela inscrita na Carta Maior, obedecendo todos os seus princípios basilares, os quais
edificam uma Nação e fortalecem seu povo. Esse é um verdadeiro desafio a ser enfrentado
de forma a dar efetividade e orientar na aplicação das normas que tratam da saúde do
trabalhador e do meio ambiente do trabalho.
Assim é possível dizer que a desarmonia constatada gera a ineficácia da tutela da
saúde do trabalhador no que diz respeito ao fator de risco ruído.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo chamar a atenção para a problemática
instituída no âmbito do direito previdenciário e trabalhista no que diz respeito à sujeição do
trabalhador ao agente nocivo ruído acima dos limites de tolerância, em relação ao adicional
de insalubridade e uso do EPI.
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Para isso, averiguou-se o contexto histórico do direito fundamental à saúde do
individuo, este considerado um Direito Humano, com a finalidade de observar a construção
e evolução das normas protetivas longo do tempo.
Abordou-se o entendimento predominante dos Tribunais Trabalhistas quanto ao fato
do fornecimento e uso de EPI, reduzindo o ruído a níveis considerados toleráveis,
afastando, desta forma, a obrigatoriedade do empregador do pagamento do respectivo
adicional, sem considerar todos os efeitos provenientes da vibração, para as quais não há
equipamento capaz de elidir sua nocividade.
Abordou-se ainda, a questão do entendimento dos Tribunais quanto à norma
Previdenciária que estabeleceu que se aplica norma vigente na data da prestação do labor
(tempus regit actum), desta forma vigorou o Decreto 2.172/97 e 3.048/99 que estabeleceu
como nocivo o ruído somente quando superior a 90 decibéis, contrariando estudos e normas
de ordem nacional e internacional.
Conforme apontado, de um lado a legislação trabalhista, embora tenha a finalidade
de proteger a saúde do trabalhador nos termos expostos, de outro o entendimento adotado
pelos Tribunais Superiores se direcionam em sentido contrario conforme preconiza a
Súmula nº 80 do colendo Tribunal Superior do Trabalho (A eliminação da insalubridade
mediante fornecimento de aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder
Executivo exclui a percepção do respectivo adicional) sem considerar outras consequências
que o ruído provoca além dos males auditivos.
A legislação previdenciária tenta, com a mesma finalidade, proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador embora considere todos os efeitos maléficos seja auditivo
seja extra auditivo não respeita ou não observa as regras trabalhistas quando estas
estabelecem um parâmetro diferente para a intensidade do ruído cujas regras foram
formuladas com base em estudos e pesquisas no âmbito internacional.
Por todo do que ora se apresenta, constata-se a dissonância das normas bem como a
interpretação dada às mesmas pelos tribunais superiores (TST, STJ e STF) no sentido de
não se efetivar direito humano fundamental à saúde e integridade física do trabalhador
quando sujeito ao agente nocivo ruído, colocando-o na posição de desfavorecido ou
prejudicado frente ao contexto normativo.
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6 REFERÊNCIAS
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