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SISTEMA-MUNDO Teoria das Relações Internacionais Faculdades Unicuritiba Bruno Hendler [email protected]

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SISTEMA-MUNDOTeoria das Relações InternacionaisFaculdades UnicuritibaBruno [email protected]

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•Quando surgem as Relações Internacionais?

•Qual é o principal agente das Relações Internacionais?

• Teoria do Sistema-Mundo percebe a formação das R.I. de forma diferente.

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Teorias clássicas de R.I.

•Idealismo

•Realismo

•Apesar das inúmeras diferenças, ambas têm o mesmo objeto central de estudo: O Estado.

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Sistema-Mundo: inovações• O Sistema Mundial Moderno não pode ser entendido

apenas a partir das relações entre Estados. Existem outros agentes e um outro elemento que está presente desde os primórdios da modernidade: o processo de acumulação de riqueza, ou seja, o Capitalismo!

• Portanto, é necessário um objeto de estudo que extrapole as fronteiras nacionais e dê conta de analisar os processos econômicos, políticos e culturais entre as sociedades como fenômenos de um mesmo sistema.

• Obs: o Estado faz parte destes processos, mas não pode ser considerado o único elemento.

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Sistema-Mundo: inovações

•Este objeto é o Sistema-Mundo:

•Uma unidade espaço-temporal definida por uma divisão do trabalho, que é estabelecida por redes de produção, comércio (e finanças).

•Ou seja, são as relações econômicas entre sociedades que delimitam um sistema-mundo.

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Tipos de Sistema-Mundo

• Império-Mundo: centralização política sobre os territórios economicamente integrados.

Unificação política e econômica

•Economia-mundo: região economicamente integrada, mas composta por diferentes unidades políticas.

Integração econômica e fragmentação política

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Tipos de Sistemas-Mundo• Império-Mundo: Império Romano, Pérsia,

China imperial, Império Mongol

•Economia-Mundo: Hansa germânica, Europa Ocidental Medieval, Mediterrâneo (Séculos XIII a XV), economia-mundo capitalista

•Tendência histórica: economias-mundo tendiam a ser dominadas por uma única unidade política e a ser incorporadas em impérios-mundo.

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•“(...)desde a Antiguidade existiram economias-mundo. A Fenícia Antiga, o Império Romano e a China, por exemplo, configuraram espaços econômicos integrados pelo comércio e pela divisão do trabalho. Mas todas as economias-mundo que se desenvolveram antes do mundo mediterrânico do século XVI acabaram, cedo ou tarde, presas numa única estrutura geopolítica (Magnoli, 2004, p. 51).”

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Sistema-Mundo moderno: origens...

•Algo diferente aconteceu em fins da Idade Média na Europa Ocidental: O “Milagre europeu”.

•Surgem os dois pilares do S.I. moderno, que evitam a unificação da economia-mundo européia (séculos XIII e XIV):

- Sistema interestatal baseado no equilíbrio de poder

- Capitalismo

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• “ (...) a Europa de fins da Idade-Média já constituía uma verdadeira economia-mundo, tendo em vista a expansão comercial do fim do século XIII e começo do século XIV, e a fragmentação entre as inúmeras unidades políticas. É sabido que a região que mais prosperou com este crescimento foi o norte italiano, graças à localização geográfica, ao equilíbrio de poder (...) e à nova lógica de governo capitalista. (Wallerstein in Arienti, 2007, p. 120)”.

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Estruturas de longa duração do S.I. Moderno

• Sistema interestatal: Cidades-Estado italianas entram em guerra entre si e percebem que correm o risco de serem aniquiladas por forças maiores (impérios-mundo) e por si mesmas. Criam um sistema diplomático de equilíbrio de poder entre unidades políticas soberanas, que evita a dominação do norte da Itália por apenas uma Cidade-Estado e por potências estrangeiras.

• Capitalismo: grupos capitalistas passam a patrocinar as ações do Estado. A guerra só será valida se for “rentável”, ou seja, se for possível expandir a riqueza da nação através do acesso privilegiado a novas rotas e entrepostos comerciais.

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O Sistema-Mundo Moderno• Surge um ciclo virtuoso de auxílio mútuo entre os detentores do

poder político (soberanos) e os grupos operadores da economia (“comerciantes-banqueiros”) – por diversas monarquias européias.

• Soberanos – objetivo: acúmulo de poder através das guerras de conquista. Precisam de financiamento para promovê-las, pois “não há lugar para os apáticos” (Maquiavel) e “quem não sobe, cai” (Norbert Elias).

• Comerciantes-banqueiros – objetivo: obtenção de lucros com o financiamento de governos. Também lucravam com o câmbio das moedas “perdedoras” e com acesso privilegiado às mercadorias das regiões conquistadas.

• “A guerra gera lucros, e os lucros garantem o sucesso nas guerras”

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Veneza e Gênova-Espanha

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Sistema-Mundo Moderno em 1500 (Braudel)

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Sistema-Mundo Moderno em 1775 (Braudel)

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Hegemonias mundiais• Portanto, a aliança ESTADO x EMPRESA

surge em fins da Idade Média.

• Ao longo dos séculos, sucedem-se “complexos de ponta” que trazem alianças inovadoras entre ESTADO e EMPRESA.

• Eles lideram o sistema-mundo na construção de um ambiente estável, com convenções internacionais que garantam a supremacia política do Estado e o desenvolvimento econômico das empresas.

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As três Hegemonias do S.M.Moderno

ESTADO (poder) EMPRESA (riqueza)

•*Príncipes (séc XIII a XVI) Comerciantes-banqueiros

•Holanda (séc XVII) Companhias de Comércio

•Grã-Bretanha (séc XIX) Indústrias familiares

•Estados Unidos (séc XX) Multinacionais

*Não é uma hegemonia.

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Ciclos Sistêmicos de Acumulação

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Ciclos Sistêmicos de Acumulação

• Fórmula da reprodução do capital de Marx: (D-M-D`)(Dinheiro – Mercadoria – Mais Dinheiro)

• Expansão material (D-M): O capital monetário é convertido em mercadorias – a produção e o

comércio são as atividades mais lucrativas. É o momento de pujança econômica, em que acontece o desenvolvimento do Sistema-mundo.

ProduçãoComércioForça de trabalhoTaxa de lucro na economia real

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Expansão financeira (D-D`):

A acumulação de capital é tanta, que é impossível reinvesti-lo em sua totalidade na economia real. Investir na “economia virtual”, no mercado financeiro, se torna mais lucrativo.

EspeculaçãoTaxa de lucro no mercado financeiroComércio de moedasServiços bancários (empréstimos, financiamentos)

• O capital financeiro começa a se concentrar na hegemonia em declínio

• O capital produtivo começa a migrar para novos centros de acumulação, que formam novas alianças ESTADO x EMPRESA e acabam por superar a hegemonia em declínio.

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3 Fases de um “Longo Século” hegemônico•1 – Ascensão•2 – Plena expansão•3 – Declínio

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Autores e bibliografia• Immanuel Wallerstein• Giovanni Arrighi• José Luis Fiori• Fernand Braudel

• Arrighi, Giovanni. O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. Rio de Janeiro: Contraponto; São Paulo: Editora Unesp, 1996.

• Arrighi, Giovanni e Silver, Beverly J. Caos e governabilidade no moderno sistema mundial. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora UFRJ, 2001.

• Fiori, José L. O poder global e a nova geopolítica das nações. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

• Wallerstein , Immanuel. Unthinking social science• Braudel, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo. :

Séculos XV –XVIII: O tempo do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.