roteiro historia do direito

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 1 Conceito de Direito  Em sentido comum:  “conjunto de normas para a aplicação da justiça e a minimização de conflitos de uma dada sociedade.”  É o Ser Humano quem faz o Direito e é para ele que o Direito é feito. HISTÓRIA DO DIREITO Ponto em comum entre o Direito e a História HISTÓRIA DO DIREITO Objetivos do Estudo da História do Direito  AS TAREFAS DA HISTÓRIA DO DIREITO Tarefas: Verificar a: AS TAREFAS DA HISTÓRIA DO DIREITO História da cultura AS TAREFAS DA HISTÓRIA DO DIREITO História das instituições:  SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE Etimologia Povos sem escrita ou ágrafos: (a = negação + grafos = escrita) SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE História Somente pode ser estudada a partir do advento da escrita, antes disso chamanos de Pré- história. Pré-história:  Há dificuldade, por falta da escrita, de se ter acesso a ela. SOCIEDADES “PRIMITIVAS” E DA ANTIGUIDADE 

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Conceito de Direito Em sentido comum: conjunto de normas para a aplicao da justia e a minimizao de conflitos de uma dada sociedade. o Ser Humano quem faz o Direito e para ele que o Direito feito.

HISTRIA DO DIREITO Ponto em comum entre o Direito e a Histria HISTRIA DO DIREITO Objetivos do Estudo da Histria do Direito AS TAREFAS DA HISTRIA DO DIREITO Tarefas: Verificar a: AS TAREFAS DA HISTRIA DO DIREITO Histria da cultura AS TAREFAS DA HISTRIA DO DIREITO Histria das instituies: SOCIEDADES PRIMITIVAS E DA ANTIGUIDADE SOCIEDADES PRIMITIVAS E DA ANTIGUIDADE Etimologia Povos sem escrita ou grafos: (a = negao + grafos = escrita) SOCIEDADES PRIMITIVAS E DA ANTIGUIDADE Histria Somente pode ser estudada a partir do advento da escrita, antes disso chamanos de Prhistria. Pr-histria: H dificuldade, por falta da escrita, de se ter acesso a ela. SOCIEDADES PRIMITIVAS E DA ANTIGUIDADE

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Comprovao da existncia do direito na Pr-histria: O direito j era utilizado nas instituies que dependem muito de conceitos jurdicos, como casamento, poder paternal ou maternal, propriedade, hierarquia no poder pblico, etc. SOCIEDADES PRIMITIVAS E DA ANTIGUIDADE Tempo de existncia dos povos grafos No h tempo determinado; Existem os homens da caverna de 3.000 a.C.; Os ndios brasileiros at a chegada de Cabral; As tribos da floresta Amaznia que ainda hoje no entraram em contato com o homem branco. Os povos agrafos que tm agricultura so sedentrios; Todos os povos agrafos, sem exceo, baseiam seu dia a dia em religiosidade profunda. Caractersticas gerais No tm grande desenvolvimento tecnolgico; So, em sua maior parte, caadores -coletores e como tais seminmades ou nmades; Caractersticas gerais do Direito dos povos agrafos Abstratos: As regras eram decoradas e passadas de pessoa para pessoa da forma mais clara possvel; Nmerosos: Cada comunidade tinha seu prprio costume e vivia isolada no espao e, muitas vezes, no tempo; Relativamente Diversificados: A distncia (no tempo e no espao) fazia com que cada comunidade produzisse mais dissemelhanas do que semelhanas em seus direitos; Impregnados de Religiosidade: Como a maior parte dos fenmenos so explicados, por estes povos, atravs da religio, a regra jurdica no foge a este contexto. Costumes: O que era tradicional no viver e conviver da comunidades torna-se regra a ser seguida;

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Precedente: As pessoas que julgam (chefes e ancies) tendem a, voluntria ou involuntariamente, aplicar solues j utilizadas anteriormente.

Transmisso das Regras Procedimento: Em intervalos regulares de tempo muitos grupos tm suas regras enunciadas a todos pelo chefe (ou chefes) ou ancies. Provrvios ou dagios: Desempenham papel decisivo na tarefa de fazer conhecer as normas da comunidade.

IDADE ANTIGA Convencionou-se chamar de Idade Antiga o perodo da Histria em que se desenvolveram as primeiras civilizaes, isto , a formao de uma cultura mais complexa, com componentes sociais, polticos e econmicos; na qual o trabalho comeou a ser organizado em beneficio da humanidade, implicando a construo de cidades e o entrelaamento de redes comerciais e intercmbios de vrias ordens entre os povos. Existem controvrsias para delimitar o inicio da Antiguidade e alguns tericos defendem o ano 3.500 a.C, quando surgiram as primeiras civilizaes ocidentais, sendo esta a data a data mais aceita. Porm, outros consideram o ano 6.000 a.C. como o inicio da Antiguidade, quando surgiram as primeiras civilizaes na Mesopotmia e a escrita cuneiforme. Mas quanto data que marca o final da Idade Antiga existe consenso sobre ser o ano 476, quando a cidade de Roma foi invadida pela primeira vez pelos chamados brbaros. Esta data importante e simboliza o fim do Imprio Romano, apesar de a influncia romana e vrios de seus domnios terem continuado existindo depois deste ano. Ainda assim, trata-se de uma data que tenta ajudar a delimitar o fim da Antiguidade, embora no deva ser entendida literalmente como o final do perodo romano, pois houve, como no caso de qualquer da passagem de uma era a outra, um longo perodo de transio.

IDADE ANTIGA Ademais, a Antiguidade cronologicamente dividida em trs perodos: - Antiguidade Oriental: at 400 anos a.C.; - Antiguidade Clssica: perodo do predomnio da cultura grega e parte da romana, com delimitao controversa, em geral fixada entre 400 anos a.C. at o ano 300 d.C.;

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- Antiguidade Tardia: perodo de transio que ultrapassa a Idade Antiga e entra na Medieval, vai do ano 300 at o incio do sculo VI (note-se que 476, final do sculo V, o marco do fim da Antiguidade).

Idade Mdia Teoricamente o incio da Idade Mdia delimitado pelo ano 476, a queda de Roma, indo at 1453, quando Caiu Constantinopla, ou seja, o fim do Imprio romano do Oriente, chamado de bizantino. Na ocasio, Constantinopla foi invadida pelos otomanos e permaneceu em poder deles at 1922, quando a cidade foi renomeada como Istambul e passou a pertencer Turquia. A Idade Mdia costuma ser dividida em dois perodos cronolgicos: - Alta Idade Mdia: perodo que vai de 476 at o ano 1.000, marcado pelo feudalismo em boa parte da Europa; - Baixa Idade Mdia: que marca o colapso do sistema feudal e a transio para a modernidade, incluindo o Renascimento. O Renascimento um termo que designa um perodo de retomada da Antiguidade a partir do sculo XIII, com diversos avanos artsticos e culturais, ultrapassando a Idade Mdia e indo at o sculo XVII.

Idade Moderna O incio desta era repleto de controvrsias quanto sua periodizao, vrios historiadores defendem marcos diferentes para o comeo e o fim do perodo. A corrente francesa, aquela que acabou cunhando a data tradicionalmente aceita para o inicio e final da Idade Moderna, defende 1453, a queda de Constantinopla. No entanto, datas mais significativas so defendidas como marco inicial por outras vertentes tericas. Entre elas 1415, a conquista de Ceuta pelos portugueses, uma cidade no norte da frica inserida no comrcio de especiarias intermediadas do Oriente para a Europa. Um marco que denota o comeo da expanso ultramarina e o incremento do sistema capitalista nascente, por intermdio do mercantilismo. Tambm inserido no contexto das especiarias o ano de 1497, data em que Vasco da Gama chegou ndia navegando pelo Atlntico, um feito que permitiu ampliar as fronteiras social, econmicas e culturais da Europa.

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Outra data 1492, com a descoberta da Amrica por Cristovo Colombo, algo que alterou profundamente o panorama do mundo conhecido. Pode-se notar que qualquer que seja o marco escolhido, a semelhana das outras periodizaes, a cronologia eurocentrista. A controvrsia tambm existe com relao datao do final da Idade Moderna. A corrente francesa delimita o fim da modernidade em 1789, ano da queda da Bastilha, priso poltica do poder absolutista, um tradicional marco tido como inicio da Revoluo Francesa. Porm, existem historiadores que defendem 1760 como uma data mais apropriada, pois o ano que tem comeo a Revoluo Industrial, alterando o ritmo da evoluo tecnolgica da humanidade. Existem aqueles que preferem ainda 1776, quando foi assinada a declarao da independncia dos Estados Unidos da Amrica, em quatro de julho na Virginia. Destarte, apenas uma minoria, em geral historiadores norte-americanos, considera a data significativa em termos globais. Uma viso eurocntrica tem como proposta 1814, data do Congresso de Viena, quando as fronteiras polticas da Europa foram redefinidas, o que, alongo prazo, conduziria a primeira e segunda guerra mundial. O ponto de discrdia, com relao Idade Moderna, no se limita a datao do inicio e final da modernidade. Existe uma corrente historiogrfica inglesa que prefere trabalhar com o conceito de Tempos Modernos ao invs de Idade Moderna, dividindo as sociedades em prindustriais e industriais. Simultaneamente, a historiografia marxista tende a estender o conceito de Idade Mdia at as revolues liberais que terminaram com o poder absolutista dos reis, considerando o mercantilismo e o comrcio de especiarias como parte das cruzadas. Os marxistas deslocam a Idade Moderna para o perodo chamado tradicionalmente de Contemporneo. Devido a esta confuso, justifica-se iniciar o estudo da histria moderna a partir da crise do sistema feudal, enfatizando a formao do sistema capitalista, encerrando com os processos de independncia das colnias americanas e o Congresso de Viena.

Idade Contempornea O perodo contemporneo denota aquele

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que vivemos hoje, da o termo, sendo caracterizado pelo capitalismo norteando as aes do Estado, com o liberalismo e o neoliberalismo em seu interior. Obviamente comea com o final da Idade Moderna e segue at nossos dias, no tem uma data que delimite seu fim, j que estamos ainda vivendo a contemporaneidade. No entanto, existe uma discusso em volta da demarcao de seu fim, implicando em rediscutir a tradicional cronologia que atualmente delimita os perodos histricos. A primeira vista pode parecer pouco relevante conhecer os marcos que delimitam as eras histricas e a discusso ao redor de datas alternativas. Porm, ao adentrar a rica aventura da humanidade desde seus primrdios at os dias atuais, interessante conhecer a cronologia para que possamos nos situar no tempo. Localizando as Idades da histria pode-se passear por ela mais facilmente, contextualizando tempo e espao. Elementos de transio na sociedade e no direito A transio das sociedades arcaicas para as primeiras civilizaes da Antiguidade podem ser ilustradas mediante trs fatores histricos: - o surgimento das cidades; a inveno e o domnio da escrita; e o advento do comrcio (e, em etapa posterior, da moeda metlica).

O SURGIMENTO DAS CIDADES A ideia de cidade compreendida como lugar cvico, de satisfao do homem no plano coletivo, desvinculada de aspectos como sobrevivncia, alimentao e proteo contra um ambiente hostil j aparece nos primeiros locais em que eram celebrados ritos, normalmente fnebres (ainda no perodo paleoltico). O SURGIMENTO DAS CIDADES Com a organizao do homem em aldeias, o territrio passa a ser cultivado fenmeno tpico da Era Neoltica a ideia moderna de cidade vai se tornando mais prxima. O passo seguinte a fundao das primeiras cidades. E isso ocorreu na Mesopotmia. A formao da cidade na Mesopotmia acabou com um processo lento de fim das tribos.

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O SURGIMENTO DAS CIDADES Na Baixa Mesopotmia conhecida como Sumria j existiam 5 cidades nos anos 3100 a.C. a 2900 a.C. A estrutura desses primeiros agrupamentos era: a cidade, propriamente dita, cercada por muralhas, em que ficavam os principais locais de culto e as clulas dos futuros palcios reais; uma espcie de subrbio, extramuros, onde se misturavam residncias e instalaes para plantio e criao de animais; o porto fluvial em que se praticava o comrcio e que era utilizado como local de instalao dos estrangeiros, que no eram permitidos dentro dos muros da cidade.

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A INVENO E O DOMNIO DA ESCRITA Se forem desconsideradas formas ainda pouco evoludas de inscrio, como as puras representaes pictogrficas ou fichas de argila somente com indicaes de quantidade tambm na Mesopotmia que se manifesta a primeira escrita mais complexa, com um maior nmero de sinais e com aspectos ideogrficos e fonticos: a escrita cuniforme assim chamada por ter forma de cunha. Esta escrita surge na regio da Baixa Mesopotmia por volta de 3100 a.C. A INVENO E O DOMNIO DA ESCRITA A simples transmisso oral da cultura comeou a se tornar insuficiente para a preservao da memria e identidade dos primeiros povos urbanos, que j possuem estrutura religiosa, poltica e econmica. Em algum momento do final do quarto milnio a.C., a complexidade do comrcio e da administrao nas primeiras cidades da Mesopotmia atingiu um ponto que acabou por superar o poder da memria da elite governante. O ADVENTO DO COMRCIO O incremento e a sistematizao da troca de mercadorias (por intermdio da venda em mercados ou de navegao) foi um aspecto importante na passagem das sociedades arcaicas para as primeiras civilizaes do mundo antigo. (...) O comrcio um elemento fundamental na consolidao das civilizaes da Mesopotmia e do Egito antigo.

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Cidades + Escrita + Comrcio = fim das sociedades fechadas, organizadas em tribos ou cls e fortemente influenciadas por aspectos mticos ou religiosos. Direito nas sociedades arcaicas = direito do costume e que se confundia com a prpria religio. Nova sociedade = aglomerado urbano, aberto a trocas materiais e intercmbio de experincias polticas, mais dinmica e complexa. Primeiras manifestaes desta nova sociedade: Mesopotmia e Egito. O DIREITO NO EGITO O princpio da justia divina No h nenhum texto legal do perodo do Egito antigo que tenha chegado ao conhecimento do homem moderno, mas h excertos de contratos, testamentos, decises judiciais e atos administrativos e, tambm, muitas referncias indiretas s normas jurdicas em textos sagrados e em narrativas literrias. Consagrao na aplicao do direito de um princpio de justia simbolizado pela deusa Maat (Maat): os egpcios acreditavam numa lei reguladora e organizadora dos sistemas de coisas, numa noo de eterna ordem das coisas e do universo, a maat, que gozou no Egito faranico de enorme popularidade e importncia na estruturao e funcionamento da prpria realeza. Podemos afirmar que o elemento basilar do Estado.

O PRINCPIO DA JUSTIA DIVINA Portanto, no Egito, a aplicao do direito estava subordinada incidncia de um critrio divino de justia: ao fara, que tinha atributos de divindade, incumbia velar pela vigncia do princpio da justia simbolizado pela deusa Maat (...) que conferia direta e expressamente ao fara a responsabilidade de estabelecer a Justia, a Paz, o Equilbrio e a Solidariedade social e csmica da sociedade terrena. A funo real devia estar conforme os desgnios de Maat. O princpio da justia divina Assim, a lei da terra era a palavra do fara, pronunciada por ele de acordo com o conceito de Maat. Como o prprio fara era um deus, ele era o intrprete terreno de Maat. Em conseqncia, tambm estava sujeito ao controle de Maat nos limites da sua conscincia. Se qualquer egpcio quisesse experimentar a felicidade eterna, esperavase que fosse moralmente correto. O carter pessoal era mais importante que a riqueza material .

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O princpio da justia divina Gilissen explica o princpio da Justia na aplicao do direito egpcio: Maat o objetivo a perseguir pelos reis, ao sabor das circunstncias. Tem por essncia ser o equilbrio; o ideal, a esse respeito, , por exemplo, fazer com que as duas partes saiam do tribunal satisfeitas. Como neste preceito que reside a verdadeira justia, Maat pode ser traduzido por Verdade e Ordem ou por Justia propriamente dita . JURISDIO A jurisdio era titularizada pelo fara que, a seu critrio, delegava a funcionrios especializados a tarefa de resolver questes concretas. Em regra, esse funcionrio era o vizir, que vinha logo abaixo do soberano na hierarquia poltica do Egito, que era o sacerdote na hierarquia poltica do Egito, e que era tambm o sacerdote da deusa Maat.

DIREITO NA MESOPOTMIA OS PRIMEIROS CDIGOS Quando se fala em Cdigos na Mesopotmia, no se deve compreend-los como se entende os Cdigos no sentido moderno (como documento sistematizado, dotado de princpios gerais, categorias, conceitos e institutos, pensado para vigorar como um conjunto de preceitos gerais e abstratos). A configurao do direito, no alvorecer da Antiguidade, reflete o estado de maturidade poltica e institucional da poca. O emprego da expresso cdigo para descrever as normas do direito produzido na Mesopotmia encontra fundamento to somente na tradio. DIREITO NA MESOPOTMIA O CDIGO DE UR-NAMMU O primeiro desses cdigos, surgiu na Mesopotmia, no perodo compreendido entre 2140 a.C. e 2004 a.C., na regio da Sumria, durante a III dinastia de Ur, no imprio fundado pelo Rei Ur-Nammu, que promulgou aquele que ficou conhecido como o Cdigo de Ur-Nammu, cuja estrutura geral era um meio termo entre o direito fortemente concreto das sociedades arcaicas (aplicado ao caso concreto) e as formas abstratas e gerais que caracterizam o direito moderno . Ur-Nammu o corpo de leis mais antigo que se conhece e chegaram Modernidade somente dois fragmentos de um tablete de argila, importante

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compilao de precedentes judicirios ou julgamentos tpicos. Costumes reduzidos apresentao escrita ou decises anteriormente proferidas em algum caso concreto. O CDIGO DE UR-NAMMU O Cdigo de Ur-Nammu traz um dado importante sobre a estrutura da sociedade: existiam duas grandes classes de pessoas: os homens livres e os escravos, bem como uma camada intermediria, de funcionrios que servem os palcios reais e os templos, e que possuem uma liberdade limitada. As normas que subsistiram ligam-se predominantemente ao direito penal, mas possvel perceber a importncia concedida pelas cidades da Mesopotmia s penas pecunirias, penas essas que continuaram a crescer. Direito na Mesopotmia Cdigos anteriores ao Cdigo de Hammurabi Cdigo de Esnunna e Cdigo de Lipit-Ishtar

DIREITO NA MESOPOTMIA Cdigos anteriores ao Cdigo de Hammurabi Antes do Cdigo de Hammurabi, surgiram outros dois Cdigos na Mesopotmia. Na cidade de Esnunna, na Acdia, foi descoberto um cdigo editado numa data prxima a 1930 a.C., com 60 artigos e na cidade de Isin, na Sumria, foi encontrado o Cdigo de Lipit-Ishtar, redigido possivelmente de 1934 a 1924 a.C. e que contm prlogo, eplogo e 43 captulos. O Cdigo de Esnunna j contemplava institutos conexos responsabilidade civil, ao direito da famlia e responsabilizao e donos de animais por leses corporais seguidas de morte. HISTRIA DO DIREITO Direito na Mesopotmia Cdigo de Hammurabi HISTRIA DO DIREITO Direito na Mesopotmia Cdigo de Hammurabi No sculo XX, em 1901, uma expedio arqueolgica francesa encontrou uma pedra de diorita negra de 2,25m de altura, contendo um conjunto de 282 artigos,

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organizada, conhecido como Cdigo de Hammurabi, por ter sido feita sob as ordens do Rei Hammurabi ,na Babilnia, entre 1792 e 1750 a.C. e promulgado, aproximadamente, em 1694 a.C. Atualmente, a pedra de diorita se encontra no Museu do Louvre. HISTRIA DO DIREITO Direito na Mesopotmia Cdigo de Hammurabi Este Cdigo composto por 282 artigos, dispostos em cerca de 3600 linhas de texto, que abrangem quase toda a dinmica da sociedade babilnica, desde penas definidas com preciso de detalhes at institutos de direito privado, passando por rigorosa regulamentao do domnio econmico. (WOLKMER, 2010, p.33) HISTRIA DO DIREITO Direito na Mesopotmia Cdigo de Hammurabi O Cdigo contempla: a organizao da sociedade (igual a j estabelecida no Cdigo de UrNammu homens livres / subalternos e escravos): cada segmento da sociedade recebe um tratamento diferenciado; o direito de famlia: elementos surpreendentemente modernos marcam a delimitao deste Direito, sendo que a mulher tinha grande autonomia: era dotada de personalidade jurdica e se mantinha proprietria do seu dote aps o casamento. Alm disso, tinha liberdade na gesto de seus bens. Tanto o homem podia repudiar a mulher, quanto esta podia repudi-lo, sendo que a estrutura do casamento monogmica, mas flexvel caso esteja em risco a linhagem familiar por a esposa no conceber filhos;

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Cdigo de Hammurabi instituto da adoo: previsto com mincias, com estipulao das consequncias jurdicas da ruptura do vnculo entre adotante e adotado; sucesso: com limitaes de dispor do patrimnio .

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Quanto ao domnio econmico, o Cdigo consagra um pouco de interveno na atividade privada, por meio da delimitao de salrios e preos. Quanto ao direito penal, h extrema centralizao do poder nas mos do soberano e na parte relativa aos delitos e s penas, consagra uma fuso de elementos

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sobrenaturais, princpios de autotutela e retaliao e penas ligadas mutilao e aos castigos fsicos. Quanto ao direito privado, um dos principais legados para o direito posterior, o cdigo dispes sobre vrias modalidades de contratos e negcios jurdicos: compra e venda (inclusive a crdito), arrendamento, e depsito. A responsabilidade civil era levada s ltimas consequncias. E apareciam tambm previses sobre emprstimos a juros, ttulos e crdito, operaes bancrias e de sociedades de comerciantes. (WOLKMER, 2010, p.35)

DIREITOS NA ANTIGIDADE Direitos Cuneiformes So aqueles ordenamentos da maior parte dos povos do Oriente, prximo da antigidade, cuja escrita, particularmente ideogrfica, era efetuada atravs de uma cunha ou prego, em tabletes de argila. Os primeiros vestgios de uma sociedade organizada encontram-se nas cidades-templos sumrias, que eram principados independentes em que o poder se concentrava nas assemblias de sacerdotes. O auge da evoluo jurdica desses ordenamentos se d na poca de Hammurabi, com a consolidao do poder da Babilnia. Dentre os primeiros esforos da humanidade em formular regras de Direitos, podemos destacar: as leis de Ur-Nammu (2111 a 2094 a.C.); as leis de Lipit-Istar (1934 a 1924 a.C.); as leis de Eshnunna (1825 a 1787 a.C.); o Cdigo de Hammurabi (1792 a 1750 a.C.). Hammurabi Foi um Rei da Babilnia que ascendeu no trono por volta de 1792 a.C., tendo morrido em 1750 a.C.

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Uma das suas principais realizaes foi a implementao de um direito que serviu como fundamento para a unidade do seu reinado. Mandou que se elaborasse um Cdigo compilando suas decises em uma linguagem impessoal com vistas influenciar os juizes, e tambm, com ntido carter de propaganda, enaltecendo sua sabedoria e seu poder. O cdigo de Hammurabi e os numerosos atos deste perodo do-nos a conhecer um sistema jurdico muito desenvolvido, sobretudo no domnio do Direito privado, principalmente nos contratos. Direito Hebreu Os hebreus eram povos nmades, derivados da raiz semtica, que viviam em tribos, originalmente habitando a Palestina. A caracterstica distintiva, em relao aos povos de sua poca, a crena em um Deus nico. Quando do retorno terra prometida, os judeus organizaram-se sob a tutela de um governante (rei). O reino de Israel encontra seu apogeu em Davi (1005-966 a.C.) e Salomo e seu filho (966-926 a.C.). Aps, acontece uma ciso, retornando anterior diviso em dois reinos: o reino de Israel e o reino de Jud. O primeiro caiu frente aos assrios em 721 a.C. O ltimo conseguiu resistir at 587 a.C., quando foi dominado, sucessivamente, por persas, macednios e, por ltimo, pelos romanos que promoveram sua dispora em 70 d.C. A sociedade composta por homens livres de igual nvel de direitos, organizados em tribos. As mulheres, a despeito de relativa inferioridade jurdica em relao aos homens, em especial no tocante aos aspectos de aquisio de propriedade e casamento, por fora da condio religiosa do Direito, conseguem exercer atividades influentes como de juzas ou profetisas, conforme nos refere o texto bblico. Os estrangeiros detm direitos em mesmo nvel que os nacionais, exceo das questes relativas religio, s quais no tinham acesso a no ser que se convertessem. No havia diferenciao de juzo ou de leis entre uns e outros. As penas, em geral, obedeciam Lei do Talio.

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ASPECTOS HISTRICO-JURDICOS SOBRE A INFNCIA BRASILEIRA O perodo colonial e imperial Portugal: Igreja e Estado A violncia do colonizador: Submisso, perda da identidade, perda de si. Jesutas: Condio para a humanizao das crianas amerndias = perda do convvio familiar. Resistncia = autorizao para o uso da fora, conforme lei portuguesa. Discriminatrios e preconceituosos: analfabetos x doutores. ndios x Africanos: Escravido = 1530 a 1888. A escravido Separaes familiares Baixa taxa de crescimento da populao negra Crianas negras = coisa (brinquedos e animais de estimao), propriedade individual do senhor seu dono, patrimnio e mo-de-obra. Famlia ampliada Criana lucro = privadas e excludas de qualquer proteo estatal ou social Crianas abandonadas Cmaras Municipais: Desde 1521. Compromisso de receber e cuidar das crianas rfs e abandonadas. Primeiramente, as Cmaras Municipais e Casas de Misericrdia remetiam as crianas para casas particulares (at 3 anos). Sculo XVII: Aumento do nmero de crianas abandonadas. Reivindicao social por medidas do Imprio. Esmola e recolhimento dos expostos em asilos. Sistema da Roda pela Santa Casa de Misericrdia: cilindro giratrio na parede. Casas de expostos Sculos XVIII e XIX: exerciam a assistncia infncia no Brasil. Finalidade: Validar e institucionalizar o enjeitamento da criana desvalorizada (negra, mestia, ilegtima); proteger a moral das famlias. ndice de mortalidade: 70% Manuteno: doaes particulares Limite: 7 anos de idade. Aps: Juiz as remetia para famlias (trabalho).

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Denncias: locais de depsito de crianas negras (economia) Abolio: Cdigo de Menores de 1927. Brasil colnia e Brasil imprio Leis: antes da independncia, provinham das Ordenaes do Reino de Portugal, as quais impunham medidas punitivas brbaras. Desde o direito romano, ser menor de idade significava atenuante para a aplicao da pena (infans = furiosus). No entanto, no Brasil anterior a 1830, as crianas e jovens eram punidos de forma igual aos adultos. Brasil colnia:crianas = mercadoria/mo-de-obra Brasil imprio: ampliao de instituies destinadas a atender crianas e adolescentes rfos, pobres e abandonados. O ordenamento jurdico passa a se ocupar mais dos menores. Cdigo Criminal de 1830: 1a. Preocupao legal com os menores. Art. 10: Tambm no se julgaro criminosos: 1o . Os menores de quatorze anos. Art. 13. Se se provar que os menores de quatorze anos, que tiverem cometido crimes obraram com discernimento, devero ser recolhidos s casas de correco, pelo tempo que ao juiz parecer, com tanto que o recolhimento no exceda a idade de dezesete annos. Casas de Correo: somente em 1850 houve diviso em alas separadas. Crianas = ala de cunho correcional, destinada a menores delinqentes, mendigos e vadios. Confinamento como forma de educao Religio + Estado: a legislao das primeiras dcadas do Brasil imprio preocupa-se com a criana rf e exposta. Fundamento = ideologia crist. Medidas de carter assistencial, lideradas pela iniciativa privada de cunho religioso e caritativo. Educao: preocupao a partir de 1828, voltada para o ensino religioso e para a salvaguarda dos costumes. Decreto n. 1331-A/1854: possibilidade de admitir alunos pobres em escolas particulares, mediante gratificao do Estado; assistncia educacional de meninos menores de 12 anos pobres e indigentes, para os quais se forneceria vesturio decente e simples, desde que a indigncia fosse previamente justificada perante o Inspetor Geral. Ainda, institua a obrigatoriedade de ensino para todos os meninos maiores de 7 anos, sem impedimento fsico ou moral.

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Decreto n. 1331-A/1854: Art. 69 - No sero admittidos a matrcula, nem podero freqentar as escolas: os meninos que padecerem molestias contagiosas; os que no tiverem sido vaccinados, e os escravos. A partir de 1850 incluso de escravos na legislao: Aviso n. 190, de 1852, declara que artigos do Cdigo Criminal tambm se aplicavam aos escravos menores. Escrava Ambrosina (mulher do capataz do seu senhor) Lei do Ventre livre (n. 2.040/1871): Art. 1o: Os filhos da mulher escrava que nascerem no Imprio desde a data desta lei, sero considerados de condio livre. 1o: Os ditos filhos menores ficaro em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mes, os quais tero obrigao de cri-los e trat-los at a idade de oito anos completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da me ter a opo, ou de receber do Estado a indenizao de 600$000, ou de utilizar-se dos servios do menor at a idade de 21 anos completos. No primeiro caso o governo receber o menor, e lhe dar destino, em conformidade da presente lei. A indenizao pecuniria acima fixada ser paga em ttulos de renda com o juro anual de 6%, os quais se consideraro extintos no fim de trinta anos. A declarao do senhor dever ser feita dentro de trinta dias, a contar daquele em que o menor chegar idade de oito anos e, se a no fizer ento, ficar entendido que opta pelo arbtrio de utilizar-se dos servios do mesmo menor. Lei do Ventre livre (n. 2.040/1871): O menor, ainda, poderia se remir do nus de servir, mediante prvia indenizao pecuniria, oferecida ao senhor de sua me. Efeitos: crianas tornaram-se objeto de responsabilidade e preocupao por parte do Governo e tinham respaldo na lei. O Brasil Repblica - 1889 Associao entre infncia carente e delinqncia: Crescimento das cidades; aumento de crianas sem acesso escola (mercado de trabalho exploratrio); contexto de excluso social que aproximou crianas e adolescentes da criminalidade juvenil. Questo da infncia sai paulatinamente da esfera religiosa para ingressar na seara jurdica: inicialmente, ainda havia o entendimento de assistncia pblica infncia como uma espcie de caridade oficial. Cdigo Penal de 1890: altera a idade de imputabilidade relativa de sete para nove anos.

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Novos olhares para a infncia: alm dos religiosos, juristas e mdicos passaram a se preocupar com a vida moral e familiar da criana. Criana = problema ; ameaa ordem pblica O problema da criana comea a adquirir uma dimenso poltica, consubstanciada no que muitos denominavam de ideal republicano na poca. No se tratava mais de ressaltar a importncia, mas sim a urgncia de se intervir, educando ou corrigindo os menores para que se transformassem em cidados teis e produtivos para o pas, assegurando a organizao moral da sociedade. (Irene Rizzini) Decreto n. 847, de 11/10/1890: dispunha sobre as crianas que perturbam a ordem, a tranqilidade e a segurana pblica. Represso = defesa da ordem Medicina higienista: preocupava-se com a higiene coletiva. Alvo: criana, porquanto os ndices de mortalidade infantil eram muitos altos. Garantir a sade tido como obrigao do Estado. Puericultura: cincia que trata da higiene fsica e social da criana. Mdicos higienistas: responsveis pela abolio da Casa dos Expostos (condies precrias). Este movimento contribuiu para que o Estado se sentisse pressionado a assumir responsabilidades no tocante infncia. Aqui, a criana surge como futuro da humanidade. Ateno para a instruo e educao das crianas: instituies de caridade = ensino centrado na profissionalizao bsica (ingresso apenas nas categorias mais baixas da hierarquia ocupacional). Caridade oficial = internatos, institutos, reformatrios, escolas correcionais. Diferenas entre as vlido/pobre invlido: crianas: branco/negro; legtimo/ilegtimo; pobre

- Asilo Agrcola Santa Isabel (1886), destinado a meninos vagabundos ou destitudos de amparo da famlia ... - Orfanato Santa Maria (1872), formao de empregadas domsticas e semelhantes para meninas de cor; - Recolhimento das rfs, recolher e educar rfs filhas de legtimo matrimnio [...] tambm criar para a sociedade mulheres estimveis por suas virtudes domsticas. Decreto n. 145/1893: objetivo = isolar os vadios, vagabundos e capoeiras; autorizava a criao de uma colnia correcional, para onde pessoas no sujeitas ao poder paterno ou sem meios de subsistncia seriam corrigidos pelo trabalho;

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Lei n. 947/1902: menores viciosos = menores acusados criminalmente e rfos abandonados encontrados em via pblica, se assim considerados por um juzo, deveriam ser internados nas colnias correcionais, permanecendo l at os 17 anos. Criana pobre e desvalida = adolescentes infratores. Legitimidade da violncia estatal. Os menores Sculo XX: humanizao da justia e do sistema penitencirio Salvar o menor: eis o lema que sucedeu a antiga preocupao de castig-lo. Decreto n. 17.943/1927: Cdigo dos Menores, ou Cdigo Mello Mattos. Desenvolvido pelo debate entre administrao, legislativo, judicirio e instituies assistenciais. nfase para a implantao dos Tribunais dos Menores. Atribuies do Juzo dos Menores: assistncia, proteo, defesa, processo e julgamento dos menores abandonados e delinqentes, com menos de 18 anos. Juzo dos Menores: rgo que centralizava o atendimento oficial ao menor, por meio da internao dos menores abandonados e delinqentes nas instituies oficiais da poca, que eram poucas e em ms condies. Houve, ento, uma campanha pela organizao da assistncia infantil. Cdigo Mello Matos de 1927: instituiu a vigilncia de autoridades pblicas que exercessem atividades com os menores. Envolveu aspectos psiquitricos nos processos judiciais, culminando em uma estratgia de psiquiatrizao e criminalizao da pobreza. Laboratrio de Biologia Infantil: exames fsicos, mentais e sociais para investigar as causas que levam a criana ao vcio e ao crime, apurando a influncia do meio e das taras hereditrias. Respaldo legal para investigao sobre os corpos dos menores e hbitos sociais das suas famlias.

CDIGO DE HAMURABINo se conhece a data exata do Cdigo de Hamurabi, sendo que alguns autores o situam no ano de 2.083 a. C., enquanto outros o colocam no ano de 1728/1686. O Cdigo de Hamurabi foi encontrado pelo Francs Jacques de Morgan que, chefiando uma expedio cientfica em 1901, o encontrou nas proximidades da cidade de Susa, na Prsia.

19 Este Cdigo se encontra hoje no Museu do Louve em Paris. O Cdigo de Hamurabi composto de 282 artigos e foi escrito em cuneiformes, lngua usada pelos assrios e babilnico. Hamurabi foi um rei de Babilnia que reinou por 43 anos. Hamurabi realizou muitas obras de grande importncia na Babilnia, edificando templos, abrindo canais e vrias outras obras de interesse da comunidades. Foi considerado um rei legislador. O Cdigo de Hamurabi foi um cdigo de grande valor. Este Cdigo trazia como conceito de justia: O Direito, como se sabe, sofre violaes segundo as pocas, os costumes, os lugares. Para a poca, Hamurabi estava certo de que dotava o seu Estado, a sua Cidade, do melhor instrumento de realizao da justia. E por isso, no prlogo desse Cdigo, dizia ter sido chamado pelos deuses, para implantar justia na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir a opresso do fraco pelo forte, para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo... Pelo Cdigo de Hamurabi havia uma DIVISO DE CLASSES, o homem livre e no gozo de seus direitos era chamado awilum, havendo dentro dessa classe as normais diferenas sociais, segundo a posio de cada um, o seu cargo, a sua profisso, a sua riqueza, etc... Depois vinham os musknums, que eram em geral pessoas pobres, tais como soldados, pastores, libertos, pequenos arrendatrios, etc... Depois desses existiam ainda os escravos. Estes eram constitudos pelas camadas mais nfimas da populao, especialmente de prisioneiros de guerra, trazidos para Babilnia, que sofriam muitas restries. No sistema familiar o regime adotado era o patriarcal. A autoridade do pai era extrema e tinha mesmo um carter quase sagrado. O respeito que o filho devia ter em relao ao pai era imenso. O art 195, dispe: Se o filho espanca seu pai, dever-lhe- decepar as mos. O casamento era, de certa forma, poligmico, pois era permitido ao homem ter mais de uma mulher, mas apenas aquela casada podia ter o status e os direitos plenos de esposa. Se o escravo tomasse como esposa uma mulher (filha) de um awilum e ela lhe gerasse filhos, estes eram livres. (art. 175) ESTUPRO: (art 130), o crime s se caracteriza se a mulher estuprada fosse virgem. Art 130: Se algum viola a mulher que ainda no conheceu homem e vive na casa paterna e tem contato com ela e surpreendido, este homem dever ser morto e a mulher ir livre.

20 COMUNHO DE BENS NO CASAMENTO: A respeito est no art. 152: Se depois que a mulher entra na casa do marido, ambos tm um dbito, devero ambos pagar ao credor. ADOO: Art. 185: se algum d seu nome a uma criana e a cria como filho, este adotado no poder mais ser reclamado. Poderia haver revogao da adoo se o adotado cometesse ingratido. SALRIO MNIMO: J era previsto no Cdigo de Hamurabi. Art 274: Se algum aluga um operrio, lhe dever dar cada dia:

-cinco se, pelo tijoleiro. -cinco se, pelo alfaiate. -cinco se, pelo canteiro. -quatro se, pelo carpinteiro. -quatro se, pelo pedreiro. Entres outras profisses.

Enfim, quanto s leis criminais, vigorava a "lex talionis": a pena de morte era largamente aplicada, seja na fogueira, na forca, seja por afogamento ou empalao. A mutilao era infligida de acordo com a natureza da ofensa. A noo de "uma vida por uma vida" atingia aos filhos dos causadores de danos aos filhos dos ofendidos. As penalidades infligidas sob o Cdigo de Hamurabi, ficavam entre os brutais excessos das punies corporais das leis mesopotmica Assrias e das mais suaves, dos hititas. A codificao propunha-se a implantao da justia na terra, a destruio do mal, a preveno da opresso do fraco pelo forte, a propiciar o bem estar do povo e iluminar o mundo.Desta forma, o Cdigo de Hamurabi era um conjunto de decises reais, casos freqentes complicados e embaraos entre os quais alguns so irreais e imaginrios. Tais decises so apresentadas para da por diante unificar as sentenas dos tribunais (jurisprudncia). O Direito consuetudinrio, aplicado no centro do imprio, foi escrito para ser estendido a todos os territrios dependentes.

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PRLOGO _ "Quando o alto Anu, Rei de Anunaki e Bel, Senhor da Terra dos Cus, determinador dos destinos do mundo, entregou o governo de toda humanidade a Marduk... quando foi pronunciado o alto nome da Babilnia; quando ele a fez famosa no mundo e nela estabeleceu um duradouro reino cujos alicerces tinham a firmeza do cu e da terra - por esse tempo de Anu e Bel me chamaram, a mim, Hamurabi, o excelso prncipe, o adorador dos deuses, para implantar a justia na terra, para destruir os maus e o mal, para prevenir a opresso do fraco pelo forte... para iluminar o mundo e propiciar o bem-estar do povo. Hamurabi, governador escolhido por Bel, sou eu, eu o que trouxe a abundncia terra; o que fez obra completa para Nippur e Durilu; o que deu vida cidade de Uruk; o que supriu gua com abundncia aos seus habitantes;... o que tornou bela a cidade de Borsippa;... o que enceleirou gros para a poderosa Urash;... o que ajudou o povo em tempo de necessidade; o que estabeleceu a segurana na Babilnia; o governador do povo, o servo cujos feitos so agradveis a Anunit". EPLOGO "As justas leis que Hamurabi, o sbio rei, estabeleceu e (com as quais) deu base estvel ao governo ... Eu sou o governador guardio ... Em meu seio trago o povo das terras de Sumer e Acad; ... em minha sabedoria eu os refreio, para que o forte no oprima o fraco e para que seja feita justia viva e ao rfo ... Que cada homem oprimido comparea diante de mim, como rei que sou da justia. Deixai-o ler a inscrio do meu monumento. Deixai-o atentar nas minhas ponderadas palavras. E possa o meu monumento ilumin-lo quanto causa que traz, e possa ele compreender o seu caso. Possa ele folgar o corao (exclamando) "Hamurabi na verdade como um pai para o seu povo; ... estabeleceu a prosperidade para sempre e deu um governo puro terra. Quando Anu e Enlil (os deuses de Uruk e Nippur) deram-me a governar as terras de Sumer e Acad, e confiaram a mim este cetro, eu abri o canal. Hammurabi-nukhush-nish (Hamurabi-a-abundncia-do-povo) que traz gua copiosa para as terras de Sumer e Acad. Suas margens de ambos os lados eu as transformei em campos de cultura; amontoei montes de gros, provi todas as terras de gua que no falha ... O povo disperso se reuniu; dei-lhe pastagens em abundncia e o estabeleci em pacficas moradias".

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GRCIA A Grcia clssica institucionalizao; conhece vrias formas de organizao e

No significa um nome de um pas ou de uma unidade poltica da Antiguidade; Por suas condies geogrficas e econmicas, na Antiguidade, significava uma regio; Trata-se de uma unidade cultural, com deuses, dialetos e alguns hbitos em comum; As cidades no tinham o significado que tem hoje; Era considerada como a associao religiosa e poltica das famlias e das tribos;

Era nas cidades que o corao e a vida se centravam e o territrio era somente um apndice; Nos sculos VIII e VII a C., as cidades gregas conheceram um desenvolvimento urbano; No se deu de forma igual, mas explicava-se pelo grande crescimento populacional do perodo, somado a uma retomada do progresso tecnolgico, artesanal, e comercial; Este progresso gerou a queda das monarquias e o incio de turbulncias sociais que acabaram por produzir legislaes a famosos legisladores; Entre eles: Licurgo de Esparta, Drcon e Slon de Atenas;

A economia dos gregos baseava-se no cultivo de oliveiras, trigo e vinhedos; O artesanato grego, com destaque para a cermica, tem grande a aceitao no Mar Mediterrneo; Cada cidade-estado tinha sua prpria forma poltico-administrativa, organizao social e deuses protetores; A polis grega (cidade-estado) era constituda de cidados livres, uma comunidade de metecos (estrangeiros) e os escravos, aos quais metecos e escravos -, no se reconhecia a condio de participante do poder poltico;

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Aristteles dizia que a sociedade constituda por diversos pequenos burgos forma uma cidade completa, com todos os meios de se abastecer por si, tendo atingido, por assim dizer, o fim a que se props; Essa noo de auto-suficincia teve muita importncia na preservao do carter da cidade-Estado, fazendo com que, mesmo quando esses Estados efetuavam conquistas e dominavam outros povos, eles no efetivavam a expanso territorial e no procuravam a integrao de vencedores e vencidos numa ordem comum; Cultura e Religio Foi na Grcia Antiga, na cidade de Olmpia, que surgiram os Jogos Olmpicos em homenagem aos deuses; Os gregos tambm desenvolvem uma rica mitologia. At os dias de hoje a mitologia grega referncia para estudos e livros; A filosofia, tambm atingiu um desenvolvimento surpreendente, principalmente em Atenas, no sculo V (Perodo Clssico da Grcia). Plato e Scrates so os filsofos mais conhecidos deste perodo; Quase todas as cidades gregas possuam anfiteatros, onde os atores apresentavam peas dramticas ou comdias, usando mscaras; Poesia, histria, artes plsticas e a arquitetura foram muito importantes na cultura grega; A religio politesta era marcada por uma forte marca humanista; Os deuses possuam caractersticas humanas e de deuses;

Os heris (semi-deuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo; No sculo IX a. C, o Estado grego era monrquico e tipicamente patriarcal. Cada cidade tinha o seu Rei e o seu Conselho de Ancies. Em casos de maior relevncia, havia, ainda, a convocao das Assemblias Gerais dos Cidados. Os dirigentes desses pequenos Estados Monrquicos apoiavam-se na classe aristocrtica (governos de poucos no interesse geral), a qual, manteve-se, tanto na monarquia, quanto na repblica, como classe dominante. O Estado grego antigo, geralmente apontado como fonte da democracia, nunca chegou a ser considerado um Estado Democrtico como conhecemos hoje. A democracia grega baseava-se na idia de liberdade, mas essa era considerada a prerrogativa da participao das decises polticas. No significava liberdadeautonomia, entendida como a independncia do indivduo em face do Estado. Relaes de famlia: conhecia-se o divrcio recproco, com iguais direitos para homens e mulheres;

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Era legal (no se sabe se costumeiro) abandonar crianas recm-nascidas; As roupas eram uniformes para homens livres e escravos, no se percebendo a diferena entre eles (era possvel, isto sim, saber a diferena entre ricos e pobres);

Diferente de Roma, na Grcia no h uma classe de juristas, nem um treinamento jurdico (escolas de juristas, ensino do direito como tcnica especial). H escolas de retrica, dialtica e filosofia (argumentao dialtica que vai ter uso forense ou semiforense). Tinham o costume de aprender de cor (recitando em forma de poemas) textos jurdicos, como os poemas de Homero. As leis de Slon eram ensinadas como poemas. A literatura jurdica era fonte de instruo e prazer. Presumia-se que o direito devia ser aprendido vivenciando-o. As leis, ento, deveriam fazer parte da educao do cidado. As discusses sobre justia versavam sobre a justia da cidade, entre cidados e iguais. As leis menores no importavam para a discusso pblica. Havia muitas diferenas de classes. De um lado, os latifundirios que formavam a oligarquia conservadora; de outro, os hoplitas, artesos, agricultores, homens livres, que favoreciam uma democracia moderada; e, ainda, os miserveis, abertos a uma democracia radical. As lutas sociais promoveram muitas reformas feitas ao longo da histria ateniense.

Sofistas = a partir deles que a filosofia vai refletir controladamente sobre a lei. Os gregos descartaram, de algum modo, a idia de que as leis so reveladas pelos deuses exclusivamente, ou so apenas as tradies herdadas. Com a positivao do direito os gregos fazem uma primeira reflexo clssica sobre a natureza da lei e da justia. A cidade no podia depender da justia do cadi, como nas aldeias. Assim, acima das solidariedades familiares construiu-se uma solidariedade cvica e, ainda mais universal, uma solidariedade cosmopolita. A cidade e a conscincia de que ela um artefato humano se sobrepem tradio e aos laos familiares (embora estes tambm fossem determinantes na sociedade grega). As formas de resoluo de controvrsias: Duas espcies de rgos de jurisdio em Atenas. Para os casos de crimes pblicos, o julgamento feito por grandes tribunais de dezenas ou centenas de membros. A Assemblia de todos os cidados, repartidos em distritos territoriais, elegia o grande conselho de superviso. Nos tribunais era preciso provar o direito (a lei, o costume) alm dos fatos.

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No havia a execuo judicial: o queixoso recebia o julgamento e se encarregava de execut-lo, ou passava a uma fase de ao penal. Discursos perante os tribunais: era moralmente indigno receber dinheiro para a defesa. Na teoria, qualquer cidado podia se apresentar perante os tribunais, juzes e rbitros para defender seus interesses. Na prtica, cresceu a atividade dos redatores de peas judiciais. O advogado, como conhecemos hoje, ainda no existia. A resposta nos tribunais era sempre sim ou no, culpado ou inocente. Nos tribunais populares, as provas poderiam ser feitas por escrito. Nos arbitrais, eram informais. Os juzes eram leigos e membros de uma assemblia podiam testemunhar sobre os fatos e julgar pelo que sabiam das coisas (no vinculavamse s provas). Os depoimentos de escravos deveriam ser precedidos de tortura (seno mentiriam).

O privado e o pblico eram distintos, bem como a associao voluntria (contratos grega a doutrina de que os contratos so consensuais) e a associao involuntria (delitos), sendo que ambas geravam responsabilidade. Aristteles: diferencia regras de justia corretiva (comutativa) e os deveres para com a polis e para com todos (justia distributiva). Inexistia rgo pblico de acusao: qualquer um poderia denunciar os crimes pblicos (denncia no era apenas a informao, mas uma petio: era o incio de um processo). Porm, se o denunciante no obtivesse ao menos 1/5 dos votos do tribunal, pagava multa e no podia abandonar a acusao no meio do processo. Os denunciantes tinham parte nas multas e penas aplicadas aos culpados. O processo tornou-se uma praga em Atenas, mas a liberdade de processar era inerente democracia. As penas eram em geral: castigos, multas, feridas, mutilaes, morte (cuja forma era de acordo com o delito cometido) e exlio. A lei positiva o centro do debate filosfico: a promulgao a lei e sua revogao nada tm de divino. Abre-se uma fenda entre o direito divino e o direito dos homens (Antgona, de Sfocles, demonstra este conflito). Lei e Constituies: de Drcon (621 a. C.) em Atenas = pem fim solidariedade familiar. Objetivo: abolir a justia familiar: a cidade tem a competncia de decidir e manter a paz.

Leis de Slon (594-3 a. C.): - seguem a grande revolta contra a concentrao de renda; - as reformas limitam o poder paterno (o filho maior se torna autnomo); - as mulheres continuam sob a tutela dos pais e maridos, mas tm uma grande liberdade de ir e vir (inclusive freqentam escolas); - os thetes (mais pobres dos homens livres) assumem assento e voz na assemblia legislativa; - cria o tribunal dos Heliastas e respectivos dicastrios, o Conselho dos 500.

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Os gregos promoveram o debate e a reflexo sobre o justo e sobre a justia, o que foi alm do debate sobre as normas. Situava-se na pennsula do Peloponeso, na plancie da Lacnia e expandiu-se conquistando a regio que a circundava. Foi fundada pelos drios, no sculo IX a. C e tornou-se notvel pelo esprito militarista que desenvolveu. Em funo disso, criaram um sistema especial de educao que visava a formao de grandes guerreiros; A disciplina era severa e valorizava o desenvolvimento fsico; As crianas defeituosas eram atiradas no abismo e os fortes e saudveis eram educados pelas mes at os sete anos, quando aprendiam a dizer e a valorizar a verdade, respeitar os mais velhos e no sentir medo;

O aprendizado militar, portanto, iniciava-se aos sete anos e era ministrado pelo Estado, prolongando-se at os dezoito anos, quando ingressavam no exrcito. Os jovens praticavam exerccios fsicos, eram punidos com castigos corporais e outras privaes; Aos 20 anos podiam se casar e aos 30 recebiam do Estado um lote de terra e alguns escravos. A mulher, ao revs, enquanto solteira, devia fazer exerccios fsicos para tornarse forte e saudvel, para depois de casar, dar ao Estado filhos fortes e, conseqentemente, bons soldados; A economia era baseada na agricultura A sociedade era dividida em: Cidados: descendentes dos drios, tinham privilgios polticos e ocupaes militares, viviam na cidade; Periecos: habitavam os arredores das cidades, eram livres e dedicavam-se ao comrcio e artesanato; Hilotas: eram servos pertencentes ao Estado, eram cedidos aos espartanos junto com a terra. Constituam a maioria da populao, no podiam ter armas, nem sair noite, nem cantar canes dos guerreiros;

ATENAS Estava situada na tica, uma pennsula rochosa a sudeste da Grcia, com relevo acidentado, com o subsolo rico e com muito mrmore. Sua populao surgiu da fuso de vrios povos onde predominavam os jnios. At o sculo VII, foi uma monarquia assistida pelo conselho formado pelos nobres.

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No sculo V a. C a democracia ateniense era exercida por uma minoria que eram os cidados, pois a escravido era considerada natural e necessria. Com o progresso no comrcio, a classe dos comerciantes e artesos prsperos passa a exigir uma participao no poder, que era exercida somente pela Aristocracia. Slon e Clstenes, reformaram as leis para permitir que outros participassem do poder Atenas: no havia carreira burocrtica e, no existindo juristas profissionais, a argumentao dita forense voltava-se para os leigos, como num tribunal de jri. A sociedade ateniense estava dividida em: Cidados: aristocratas, seus filhos e proprietrios de terras; Metecos: estrangeiros sem privilgios polticos, mas que podiam exercer qualquer atividade intelectual; Escravos: eram a maioria, bem tratados e, muitos, conseguiam a alforria. Diferena entre Atenas e Esparta: ambas compartilham um elemento fundamental de nossa tradio jurdica: a laicizao do direito e a idia de que as leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que as fizeram. Por fim, cabe fazer meno a educao que era bem diversa da do sistema de Esparta. Tinha como objetivo formar bons cidados. Os meninos freqentavam as escolas desde os 7 anos, aprendendo a ler e escrever.

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A Europa Medieval A Idade Mdia o perodo histrico da Europa que se estendeu do sculo V d. C. at o sculo XV, ou seja, da queda do Imprio Romano do Ocidente em 476 at a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Estes mil anos no foram uniformes, podemos vislumbrar pelo menos dois momentos especficos a ttulo de estudo: a Alta Idade Mdia (do sculo V ao sculo IX) e a Baixa Idade Mdia (do sculo IX ao XV) A Alta Idade Mdia um perodo de desconstruo e construo. Por isso mesmo ele cheio de vieses e detalhes. Neste tempo da histria europia os homens tiveram que conviver com o fim do mundo que conheciam, o mundo romano e, ao mesmo tempo, com a construo de um novo mundo, agora tendo como elementos as culturas germnicas e a Igreja (Catlica). Sistema Feudal Este sistema apia-se no Direito e dele no pode afastar-se, mas envolve o meio de vida, fora, f, interesses, terra, diviso social e tudo quanto o ser humano capaz de criar. Dentre todas estas questes que envolvem este termo uma palavra primordial para seu entendimento: sobrevivncia. Quase tudo no Sistema Feudal tem algo a ver com a questo da sobrevivncia. Seja a luta pela sobrevivncia usando armas, seja a sobrevivncia bsica da alimentao, a se encontra a semente do feudalismo. Destaca-se, no feudalismo, a questo da sobrevivncia, qualquer indivduo, por mais terras que tivesse, necessitava defend-las e, por conseguinte, a si mesmo e a sua famlia. A defesa somente poderia ocorrer atravs das armas, que era a linguagem do perodo. Como no se podia contratar capangas, pois no havia como pagar; a fim de sobreviver o indivduo deveria oferecer algo a quem pudesse ajud-lo a defender-se e a suas terras. Este algo era um meio de obteno de sobrevivncia bsica, alimento que somente poderia ocorrer atravs da posse de terras. Sobreviver no era somente defender-se, era tambm ter capacidade de atacar, conquistar mais terras para, num crculo viciosos, ter mais feudos a doar para vassalos e ter maior exrcito, para conquistar mais terras e assim por diante. Contrato Feudo-Vasslico O prprio feudalismo baseia-se em uma questo de direito, em um contrato, pois a concesso de um feudo era feita atravs de um pelo qual o senhor e o vassalo

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contraiam obrigaes recprocas. Para contratar eram necessrios alguns ritos e formalidades que deveriam ser cumpridos por ambos os lados. Este um contrato pessoal entre um homem que ser o vassalo e outro homem que ser o senhor, por isso atravs dos rituais, ambos, em pblico, fazem promessas recprocas dentro de um cerimonial. Estas cerimnias tinham o nome de Investidura, F e Homenagem. Os Efeitos do Contrato Feudo-Vasslico Primeiramente este contrato gerava o poder do senhor sobre o vassalo, bem como uma obrigao de fidelidade (entendida como o dever de nunca prejudicar o subordinado), obrigao de proteo e de sustento. Este sustento poderia ser feito diretamente, ou seja, o senhor poderia tomar o vassalo e sua famlia sob seu prprio teto ou poderia, como era mais comum, conceder ao vassalo um feudo. Inicialmente o contrato no poderia ser rompido pois com o envolvimento de uma viso religiosa profunda na Idade Mdia, os contratos, vistos como resultado de um juramento eram sagrados e, portanto, existiam at que a morte de um dos contratantes impossibilitasse o contrato. Entretanto, na prtica, nem sempre isto ocorria, muitas vezes o contrato era quebrado pela fora ou pelos interesses de uma das partes (com a retomada do feudo ou a posse definitiva do mesmo). Isto, entretanto, no era considerado legal (na acepo atual da palavra). Os Direitos de Uso e Propriedade no Contrato Feudo-Vasslico No caso medieval propriedade e posse se confundem e o poder sobre a terra restrito na prtica e em teoria. Gashoff afirma no poder ser discutvel o direito de propriedade do senhor sobre a terra que concede em benefcio, a menos que ele prprio a tenha em benefcio e, portanto, a tenha recebido das mos de outro senhor. Contudo, o direito de dispor da terra foi cada vez mais sendo restringido ao senhor em detrimento do vassalo. O feudo, embora propriedade do senhor e em usufruto do vassalo no era um bem alienvel, por nenhuma das partes, muito embora pudesse, em parte ou no todo, tornar-se um benefcio a ser dado a um homem livre que tornar-se-ia vassalo do vassalo do proprietrio. Do ponto de vista da hereditariedade era quase impossvel para um senhor mudar o status quo deixado por seu predecessor, os vassalos do predecessor eram herdados bem como as suas promessas. A rigor, o contrato feudo-vasslico exclua a hereditariedade do usufruto do benefcio, porm, na prtica, o filho do vassalo tornava-se herdeiro tambm de

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sua vassalagem (cumprindo-se os rituais e pagando uma taxa). Se o herdeiro fosse menor, o senhor cuidava de seus interesses at sua maioridade, ou seja, at este poder fazer seu juramento. Isso tambm ocorria para as filhas mulheres (se no houvesse meninos), porm como elas estavam completamente excludas da sucesso feudal, seus maridos poderiam tornar-se herdeiros do benefcio. Portanto, no raramente, os senhores procuravam interferir no casamento das filhas de seus vassalos para garantir alianas mais interessantes. OS DIREITOS DA IDADE MDIA

1. Direito Germnico Reino Vndalo Reino Ostrogodo Reino Visigodo Reino dos Burgndios Reino dos Francos

2. Direito Cannico 3. Direito Romano Direito Germnico Viviam de forma bastante simples, sem cidades ou aldeias. Extremamente ligados terra e este estilo de vida dava o tom de todas suasrealizaes. Eram povos que, em sua absoluta maioria no utilizavam a escrita e seu direito era, conseqentemente, oral e muito influenciado por esta oralidade. Na descrio de Pierre Rich: Para os Germanos no existem Estado nem cidades do tipo romano, mas comunidades: tribo, cl e famlia, que so as estruturas da sua vida poltica e social. A tribo, comunidade de famlia e da aldeia dirigida por uma aristocracia de nascimento ou de valor [na guerra], que possui a maior parte da terra (...) O direito dos povos germnicos era basicamente consuetudinrio (at por no serem escritos) e, como o termo germnico engloba uma srie de povos com costumes semelhantes, porm no iguais, foroso falar em direitos germnicos, pois cada tribo tinha sua prpria tradio. Em alguns casos eles eram minuciosos no que diz respeito s penas. A maior parte das tribos germnicas, mesmo escrevendo suas leis (aps a invaso do Imprio Romano), no vai procurar imp-las aos romanos, o burgndio ser julgado segundo a tradio burgndia, o visigodo segundo sua

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legislao, o romano pela Lex Romana e assim por diante. Isto chamado Personalidade das Leis cada qual leva consigo, para onde quer que v ou qualquer que seja o soberano, o estatuto jurdico de sua tribo de origem. 1. Reino Vndalo Conseguiram fazer coexistir, concomitantemente, as duas sociedades, dos germnicos e dos romanos. No se misturaram com os romanos, proibindo casamentos mistos e converso ao catolicismo; assim conservando suas leis e costumes. Estabeleceram grandes domnios, mas mantiveram os que cultivavam no mesmo lugar. Deixaram para os romanos a administrao (inclusive aumento) de impostos e o julgamento das causas. O rei obrigatoriamente vndalo, entretanto ele utiliza na sua corte romanos que redigem leis em latim e o ajudam na administrao

2. Reino Ostrogodo Mantiveram a administrao romana e sua legislao. Como os Ostrogodos eram arianos e os romanos cristos os casamentos entre eles eram proibidos.

3. Reino Visigodo Fundiram-se com a populao local e por isso seu reino durou mais do que a maioria. Somente ser abalado com a invaso rabe, no sculo VIII. At meados do sculo VII, Hispano-Romanos e Visigodos tm uma dupla legislao. Baseiam-se na Personalidade das leis e suas legislaes, ainda que escritas, tomam o mesmo caminho. O Cdigo de Eurico, promulgado pelo rei Eurico, por volta do ano 470, a mais antiga compilao visigtica. Em 506 o rei Alarico II mandou redigir a Lex Romana Romana Visigothorum ou, como preferia o rei, Brevirio de Alarico. Objetivava restaurar o direito romano imperial, mas manteve a Personalidade das Leis. Somente foi suprimida em 654, pelo rei Recesvindo que, suprimindo a Personalidade, promulgou um cdigo unificador, o Lber Judiciorum, em doze livros inspirados no Direito Romano.

4. Reino dos Burgndios Goldenbaldo (474-516), rei dos Burgndios, dominou o centro da Europa, parte do que hoje a Frana. Sua legislao, a Lex Romana Burgundiorum considerada uma compilao de leis extremamente romanizada, principalmente no tocante s regras de direito civil e de processo.

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5. Reino dos Francos Foi um dos reinos mais duradouros e poderosos da Alta Idade Mdia. O modelo administrativo que implantaram durante sculos, serviu de base para o prprio feudalismo. O perodo Carolngio foi extremamente legiferante, entre 744 e 884, podem sewr contados mais de duzentos textos legislativos. Estas leis eram chamadas Edicta, Decreta ou Constitutiones ou comumente de capitulares cujo termo vem de de capitula que quer dizer artigo.

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DIREITO CANNICO CARACTERSTICAS: O termo canon(regula- regra) empregado nos primeiros sculos da Igreja para designar as decises dos conclios(e pretendia impor essas decises ao mundo inteiro); A religio crist imps-se na Idade Mdia por toda parte adquirindo um carter UNITRIO; Certos domnios do direito privado foram redigidos exclusivamente pelo direito cannico; os conflitos nessa rea eram resolvidos pelos tribunais eclesisticos, com excluso dos tribunais laicos, como ex. A Blgica utilizando essa doutrina at o sc. XVIII; O direito cannico foi, durante a maior parte da Idade Mdia, o nico direito escrito- foi redigido, comentado e analisado a partir da Alta Idade mdia e prossegui at os nossos dias; O direito cannico constitui objeto de trabalhos doutrinais, muito mais cedo que o direito laico; constitui-se assim uma cincia do direito cannico; A noo de direito conhecida e reconhecida, enquanto que nos Muulmanos e nos Hindus, o direito se confunde com um conjunto de regras do comportamento religioso , ritual e moral; A igreja admitiu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas jurdicos: o direito religioso e o direito laico; A influncia do direito cannico sobre o direito laico ser, de resto, funo das relaes entre igreja e o estado e da extenso da competncia dos tribunais eclesisticos; Em alguns pases, certas matrias de direito privado, sobretudo o casamento e o divrcio, continuam submetidas ao direito cannico; esta a situao vigente na Itlia at h pouco tempo e na Irlanda at a atualidade; Na Blgica, numerosos catlicos continuam a considerar-se submetidos s regras cannicas em matria de casamento e de divrcio; Cronologicamente, podem distinguir-se trs perodos na histria do direito cannico nas suas relaes com o direito laico - fase ascendente: dos sculos III a XI; -apogeu: nos sculos XII e XIII;

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- decadncia, a partir do sculo XIV, mas sobretudo a partir do sc. XVI, na seqncia da reforma e da laicizao dos Estados e portanto do direito da Europa OcidentalCDIGO DE MANU

Antes de discutirmos a respeito do Cdigo de Manu, verificaremos algumas coisas a respeito da ndia.

A ndia caracterizada pela sua diversidade e pela complexidade das suas condies naturais. A ndia fica na sia Meridional e tem duas zonas principais: o sul e o Norte. O Sul ocupa a Pennsula do Deco, e o Norte encontra-se no continente. Esta regio est isolada por um lado pelo Himalaia e por outro pelos mares, dificultando muito a comunicao com outros povos. Por volta de 2500 a.C.., os dravidianos j dominavam tcnicas de cultivo na Pennsula Indiana, inclusive arroz, que posteriormente se difundiu por toda a sia. No segundo milnio antes de Cristo, vindos do interior do continente, os arianos invadiram o norte e tomaram a pennsula. Eles j dominavam o ferro e eram bons guerreiros, e cavaleiros. Da soma da civilizao dravidiana e dos invasores arianos nasceu a civilizao hindu, que possuiu caractersticas que se perpetuaram at hoje na civilizao indiana. SOCIEDADE

A sociedade Hindu dividida\em Castas e, mesmo hoje, depois da influencia de outros povos, outras religies, nas regies onde o hinduismo permanece a estrutura de castas persiste inalterada. O sistema de castas no admite mudanas (ao menos em vida); o nascimento determina a casta que o indivduo pertencer por toda a sua existencia. Nascer em uma casta significa crescer nela, casa com algum desta mesma casta, ter filhos somente desta casta e morrer pertencendo a esta casta. A mistura de castas vista como algo hediondo, no passvel sequer de qualquer considerao, mesmo porque, para os Hindus, esta diviso foi feita na criao do mundo, quando dos membros superiores do deus Brahma saram as castas superiores, e dos membros inferiores a casta inferior. A casta mais importante era a Casta dos Brmanes. Esta casta era superior, considerada a mais pura: fsica e, principalmente espiritualmente. Tinha funes como administrador, mdico, lder espiritual etc. Aos Brmanes era devida obedincia, indiferentemente da condio de tal Brmane. RELIGIO

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Para os Hindus (antes da influencia budista) a religio era o vedismo, que vem de veda, que significa a soma de todo o conhecimento Esta foi a religio que antecedeu o bramanismo. O vedismo apia-se na crena da reencarnao. NOES GERAIS SOBRE O CDIGO DE MANU

O Direito da ndia antiga era de fundo religioso, destinando-se a proteger e consolidar o regime de castas, ento dominante. O nascimento marcava a posio social do homem at a morte; era, pois, inaltervel. O Cdigo de Manu, escrito em versos, , apesar de ter fundamento religioso, mais jurdico do que os anteriores. Est em verso porque o verso um dos expedientes adotados para auxiliar a memria e, assim, manter nele viva a lei. O credor podia escolher entre senhorear-se do devedor relapso, transformando-o em escravo temporrio, obrigando-o a trabalhar at pagar a dvida, ou cham-lo a juzo. Se no comparecesse para se defender, estaria sujeito a penas draconianas. Como meio de prova admitia o ordlio (prova de fogo e do veneno) e a testemunhal. A mulher era venerada: No se bate em uma mulher nem mesmo com uma flor, qualquer que seja a falta por ela cometida, prescrevia o Cdigo de Manu. Mesmo assim, o homem desfrutava de posio privilegiada. A mulher, se solteira, estava sob a autoridade do pai; se casada, sob a do marido, e se viva, sob a do filho mais velho.

DIREITO INGLS Apesar da grande influncia do direito romano na idade mdia, este no se projeta com a mesma fora sobre o direito ingls. H, para este fato, duas explicaes que dizem: Que, prevalecendo o princpio segundo o qual so de carter pblico as questes submetidas aos tribunais ingleses, no poderia o direito romano, por ser essencialmente um direito privado, ter aplicao na Inglaterra como no continente europeu. Tambm se explica pela predominncia de um sentimento nacionalista dos ingleses, sempre atentos e contrrios a presena do direito romano. Commom Law

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A partir o sc. XII foi elaborado o sistema jurdico da Inglaterra que denominou-se commom law, baseado em decises judiciais, regime que mantm-se at os dias de hoje. A expresso commom law utilizada para designar o direito comum da Inglaterra, por ocasio dos costumes locais, prprios de cada regio, portanto um direito jurisprudencial mantido graas autoridade reconhecida aos precedentes judicirios.

Precedente Judicial A aplicao da common law orienta-se pelo princpio da obrigatoriedade do precedente judicial e que no deve ser confundido aqui com costume firmado pelo meio da prtica continuada ou jurisprudncia. O precedente um s. a soluo dada a um caso antecedente. A aplicao do common law , com base no princpio da obrigatoriedade do precedente judicial, da competncia dos juzes ordinrios. Como esclarece Ana Lucia de Lyra Tavares, a expresso common law possui trs acepes: a) direito comum, de alcance para todo o Reino da Inglaterra, em oposio ao direito local, das jurisdies senhoriais, no perodo de formao do sistema; b) tipo de processo originrio dos Tribunais Reais, em que predomina a oralidade, o jri, a sano em perdas e danos, o qual contrasta com o processo de equity; c) sistema jurdico anglo-americano, cujo prottipo o direito ingls, que exerce influncia marcante no mapa jurdico contemporneo, muitas vezes, mesclandose a direitos de natureza religiosa; Equity um poder jurisdicional para resolver as controvrsias com base nos pronunciamentos da antiga Court of Chancery e continuados pelos tribunais da equidade. Os fins da equity so sanar falhas e atenuar os rigores do common law em sentido estrito, que peca pelo excesso de formalismo. Influncia Romana A Magna Carta de tal influncia romana que teve por principal redator um doutor da Universidade de Bolonha e s foi traduzida do latim para o ingls no sculo XVI.

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Outra indicao foi o Hbeas Corpus que tem suas razes presas ao direito justinianeu. No incio o Hbeas Corpus teve seu processo marcado por vrios interditos, mas em 1816, o Hbeas Corpus Act de Jorge III, deixou de fazer qualquer distino para proteger a liberdade individual. O mortagage ou muitssimo semelhante fidcia romana que eram negcios jurdicos que se caracterizavam por um vnculo obrigatrio entre fiduciante e fiducirio (ou devedor e credor). Tinham a mesma orientao: transferncia do bem ao credor e restituio do bem ao devedor, uma vez cumprida a obrigao. A diferena que, na transferncia da propriedade, a mortgage era de carter resolutivo e a fidcia era plena e ilimitada. Jri Tratava-se, com efeito, de um antigo procedimento de que se utilizavam os governadores de provncias e que consistia no seguinte: por meio de perguntas dirigidas pelos magistrados s pessoas mais importantes das localidades, averiguavam-se as condies econmicas de cada regio para o fim de cobrana de impostos. O mesmo processo de inquirio se transferiu para o direito germnico e, a seguir, os normandos introduziram-no na Inglaterra. O processo de origem, formao e aperfeioamento do jri ocorrem de formas um pouco diferenciadas para cada autor, mas vale julgar que no apresenta traos de originalidade inglesa.

Direito Romano: A civilizao romana desenvolveu-se na pennsula Itlica, numa regio de solo frtil e a costa pouco recortada. Os romanos absorveram a herana cultural dos gregos e espalharam sua civilizao por um vasto imprio territorial. O Estado romano comeou pelas civitas, que eram cidades formadas por famlias e tribos que constituram as gentes. Apesar do longo tempo decorrido e do extraordinrio vulto de conquistas, Roma sempre manteve as caractersticas bsicas de cidade-Estado, desde sua fundao em 754 a C., at a morte de Justiniano, em 565 da Era Crist. Ampliou-se a cidade, no seu aspecto estatal, mas conservou-se a importncia da famlia, pois o governo residia numa reunio de paters-famlia. A famlia era constituda pelo pater, seus parentes agnados, os parentes destes, os escravos e mais os estranhos que se associavam ao grupo. A autoridade do pater

38 famlia era absoluta: pontfice, censor dos costumes, juiz e senhor, com poder de vida e morte sobre todos os componentes do grupo. Posteriormente, a famlia assim constituda se dividiu em famlia propriamente dita, conservada sob o poder soberano do pater, e gentes (gens), colocada sob o poder pblico, e que foi o ncleo inicial do Estado. Da a existncia de duas classes em que se dividiu a incipiente populao romana: dos patrcios, cidados de Roma, donos de gado e de terra, que eram os prprios paters e seus descendentes, formando a nobreza dotada de privilgios e de amplas liberdades, e dos clientes, que eram os servidores da famlia, que tinham posse e o uso das terras que cultivavam, mas no o domnio, reservado esse ao patrono (da classe dos patrcios). Tambm no tocante a religio, somente os patrcios podiam cumprir as cerimnias do culto do lar, ou culto da famlia. Os elementos das gens deveriam ser obrigatoriamente ligados s famlias. Ainda que fossem ex-escravos ou estrangeiros, tinham de obter a sua ligao a uma famlia, para que pudessem, como membros de uma gens, participar da sociedade romana. O primitivo Estado-cidade dos romanos, portanto, era uma reunio de gens. As gentes reunidas formavam a Cria; Vrias Crias formavam a Tribu; e diversas Tribus constituam as Civitas. Esta possua um Senado cujos membros eram os paters famlia. Por isso mesmo, ainda no decorrer do Imprio, os senadores conservaram o ttulo tradicional de pater.

Ademais, inferior classe dos clientes e inteiramente fora da comunidade romana, existiu a plebe, formada por elementos provenientes de outras regies, desgarrados de suas famlias, at mesmo patrcios decados, os quais no tinham famlia, nem ptria, nem religio. Viviam margem de vida social, sem lei e sem Deus. Eram os prias.Roma era a cidade dos patrcios e dos clientes. Dela no participava, nem mesmo se aproximava, a plebe, cujo alojamento se fez no Asilo. Os plebeus

multiplicando-se, cada vez mais, passaram a exercer certa influncia, como fora preponderante e necessria na defesa da cidade e, com a reforma de Srvio Tlio, ela foi admitida ao convvio romano, permanecendo, no entanto, sem direitos polticos e religiosos.

39 O domnio sobre uma grande extenso territorial e, sobretudo, o cristianismo, determinaram a superao da cidade-Estado, promovendo o advento de novas formas de sociedade poltica, englobados no conceito de Estado Medieval. Primitivamente, o Estado Romano era Monrquico, do tipo patriarcal. Sua evoluo se operou da realeza hereditria para a Repblica, tal como se deu na Polis grega, como se ver especificamente adiante. Nos primeiros tempos de reinado (Fase da realeza, 753 a 510 a. C), o rei tinha sua autoridade ilimitada e desempenhava funes religiosas e judiciais. Era o magistrado nico e gozava de imunidade. O Senado era composto por elementos de famlias aristocrticas e atuava como rgo consultivo. As Assemblias (Comcios por cria) eram convocadas pelo rei e possuam a funo de aprovar ou rejeitar a proposta de quem a presidia e baseada na diviso do povo romano e era formada por vrias pessoas, incluindo patrcios e plebeus. Portanto, na Fase da Realeza o poder poltico era formado pelo rei, pelo senado e pelos Comcios (assemblias). Descontentes com a tirania dos reis etruscos (da Etrria, antiga regio da Itlia), os aristocratas proclamam a Repblica, de maneira Oligrquica (governo de poucos) em Roma em 509 a. C., fazendo surgir uma nova estrutura administrativa. Nesse perodo, houve profundas mudanas no poder pblico, pois a partir desse momento sucede ao Rei o poder dos Cnsules, que a princpio eram os nicos magistrados com atribuies militares, administrativas e judicirias. A magistratura era temporria, realizada por mais de um membro (Colegiado), gratuita e inviolvel durante o seu mandato. Assim, nesse novo perodo, os magistrados eram altos funcionrios pblicos, responsveis pela administrao. Os mais importantes eram cnsules, nomeados para governar um ano em poca de paz, mas havia outros como os ditadores que eram nomeados por seis meses em caso de perigo de ptria, os pretores que cuidavam da justia, os questores das finanas, os Edis que cuidavam da manuteno da cidade e os censores encarregados do recenseamento e dos costumes. Havia um Senado, que exercia a funo de rgo permanente, que dirigia a poltica externa de Roma e atuava na administrao pblica. Nessa poca, a principal fonte do direito, alm do costume, era a Lei das Doze Tbuas (primeira fonte escrita), que era um conjunto de leis que detinham preceitos de

40 direito pblico e provado, comercial, sacro e consensual. Surge da insatisfao da plebe com o uso prolongado e constante dos costumes que sempre beneficiavam os patrcios, que exigiu a promulgao de uma lei escrita que realmente fosse justa. Por intermdio da Tribuna da plebe, em 451 a. C, criou-se as dez tbuas decenvirais, inscritas em tbuas de bronze e que ainda no eram completas. Mais tarde, formouse, ento, a Lei das Doze Tbuas que passou a reger a vida dos romanos depois de compiladas e publicadas. Estas leis ficavam expostas no Frum e era usada nas escolas no ensino das crianas. Revela a histria que um incndio as destruiu, mas felizmente pela sua utilizao constante foi possvel a sua reconstituio e, graas a isto, que hoje somos conhecedores dessa fonte do direito. Com a queda da realeza primitiva, desmembraram-se as gens, libertaram-se os clientes, e nem a classe aristocrtica dos patrcios conseguiu evitar que a plebe numerosa conquistasse os seus primeiros direitos de cidadania. Foi essa transformao que alguns autores chamam de Revoluo Social da Roma Republicana. A grande expanso territorial trouxe para Roma muita riqueza a patrcios e plebeus, diferentes costumes, muitos escravos. Os plebeus que participavam do exrcito vendiam suas terras, vivendo s custas do Estado. Roma foi embelezada com as construes de termas e aquedutos. Houve progresso literrio e artstico. O Estado Romano, muito semelhante ao grego, tinha suas caractersticas peculiares: distinguia o Direito da Moral, limitando-se segurana da ordem pblica; a propriedade privada era um direito, que o Estado tinha empenho em garantir; o homem gozava de relativa liberdade em face do poder estatal, no sendo obrigado, praticamente, a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei; o Estado era havido como nao organizada; a vontade nacional era a fonte legtima do Direito. Depois, surge a Fase do Principado ou Alto Imprio, conhecida como o perodo de transio entre a Repblica e a Monarquia Absoluta (27 a. C a 285 d. C). O governo era chamado de diarquia, pois era governado pelo Prncipe e pelo Senado. E, por fim, o perodo do Baixo Imprio ou Dominato (284 a 565 d. C), onde o imperador era confundido com a divindade, havia a concentrao do poder nas mos do soberano que governada s (Monarquia Absoluta) e o Senado no passava de mero conselheiro e sem poder de deliberao.

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Direito Romano: os romanos foram os primeiros a organizar o Direito, tirando da casustica diria as regras jurdicas, ampliando-as a novos casos. Povo algum da Antigidade construiu monumento to sistemtico e penetrante como o legado jurdico romano. Todo o estudo de direito comparado, em nossa poca, fundamentado em institutos que remontam ao Direito Romano. A importncia do estudo do Direito Romano grande porque o nosso direito e o de quase todos os povos do Ocidente derivam dele. Ao estud-lo, vamos as origens do nosso prprio direito vigente. Ele apresenta as categorias jurdicas fundamentais em que o direito moderno se baseia e, por isso, d uma viso geral de todo o sistema jurdico, especialmente do direito civil, onde os romanos foram gigantes, ao contrrio do direito penal onde no passaram de pigmeus. Para eles, Direito significava aquilo que segue uma linha reta, ou seja, o contrrio do que sinuoso.

5.1. Diviso do Direito Romano: o jurisconsulto Ulpiano divide o direito em direito pblico e privado. O direito pblico o que diz respeito organizao do Estado romano; o privado interessa aos particulares. J,o jurisconsulto Gaio divide o direito privado em: jus civile ou jus quiritium (direito civil), jus naturalis (direito natural) e jus gentium (direito dos povos). O Jus Civile o direito prprio e peculiar aos cidados romanos que tinham o apelido de quirites, em aluso ao Deus Quirites, no qual, segundo a lenda, se transformou Rmulo, aps seu desaparecimento, numa tempestade. mais antigo, mais formalista, mais conservador, mais frio e mais estrito. Predominou nos primeiros tempos.

O Jus Gentium surge mais tarde, tem um mbito mais amplo, aparecendo quando Roma estende suas conquistas e entra em contato com outros povos. um direito comum a todos os povos gentes do vastssimo mundo romano. Para Gaio, este jus considerado mais racional do que o Jus Civile, aproximando-se por sua universalidade, do Jus Naturale, com ele at confundido em alguns textos.

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Enquanto que o Jus Naturale uma idia mais complexa e de importao grega. H entre os jurisconsultos romanos duas concepes do direito natural, uma surpreendente: direito natural aquele que a natureza ensinou a todos os animais, racionais e irracionais; outra, de cunho jurdico, que nada tem de estranho: direito natural aquele que comum a todos os seres racionais, abrangendo escravos e brbaros, mesmo fora do mundo romano. Logo, entendido nessa segunda acepo, o nmero de pessoas cujas aes so reguladas pelo Jus Naturale muito mais numeroso do que o das que vivem sob o Jus Gentium. Difere, ainda, o Jus Naturale do Jus Civile e do Jus Gentium por suas fontes, porque, se estes dois ramos do direito derivam do costume, das leis, da doutrina, dos jurisconsultos, o direito natural oriundo da razo e duma espcie de providncia divina, existindo desde pocas imemoriais,

encontrando-se entre todos os povos do mundo e reunindo, em si, o trao caracterstico da perenidade. Provm da razo inspirada por uma entidade divina, imutvel, perene, universal, e perde-se nos tempos passados, projetando-se para o futuro. No Direito Romano, classificam-se as fontes em escritas e no escritas. A primeira constituda pela lei, plebiscitos, senatosconsultos, constituies imperiais, editos dos magistrados e respostas dos prudentes. Mais tarde, ao lado do direito civil, vai se constituindo, aos poucos, um outro direito, mais novo, menos formalista e que vai sendo adaptado as circunstncias do momento: o direito honorrio (Jus Honorarium ou Jus Pretorianum), pois ele emana de magistrados investidos de funes pblicas, honores, honrosas (pretores, edis curius, governadores). denominado mais especificamente de direto pretoriano ou de pretor. O Direito assim criado pelos pretores era no sentido de completar, suprir ou corrigir o antido Direito Civil. O Direito Pretoriano , portanto, o direito que os pretores introduziram para ajudar, suprir ou corrigir o Direito Civil, por causa da utilidade pblica. Ao ser chamado a intervir, o pretor geralmente confirma ou completa o direito civil, fazendo, neste caso, papel anlogo ao de nossos tribunais com a jurisprudncia. Mas, s vezes, surgem casos de oposio, lutando, ento, o pretor no sentido de corrigir o direito civil, acomodando-o s novas exigncias

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sociais, polticas ou econmicas, estabelecendo, pois, novos moldes jurdicos, em antagonismo com os moldes velhos, que so abandonados, por serem considerados inadequados.

Caractersticas do Direito Romano:

O FORMALISMO que leva o romano a praticar os atos jurdicos sempre

adstrito s formas, bastando um leve desvio do previsto pelo ritual para que tudo se anule. Ex.: o romano que perde o processo porque empregou a palavra especfica videira, ao invs da palavra genrica rvore como preceituava a Lei das XII Tbuas; A NO-REPRESENTAO, ou seja, at um certo tempo, a mentalidade

romana no entendia como poderia uma pessoa representar a outra, agir em nome de outra, representando-a (como procurador, por exemplo); O CASISMO, isto , o romano avesso as grandes sistematizaes

tericas, preferindo raciocinar medida que as espcies vo surgindo; A CONCRETUDE, ou seja, uma propenso a compreender melhor o que

lhe cai sob os sentidos e, pois, certa dificuldade em abstrair e generalizar;

Os cidados romanos: eram cidados os habitantes livres de Roma. O civis era o cidado romano que tinha direitos polticos e privados. Direitos Polticos: Jus sufragi: direito de eleger os magistrados; Jus honorum: direito de se eleger magistrado; Direito de servir ao exrcito: no extensivo s mulheres e aos impberes; Direito de usar os tria nomina: direito de usar os trs nomes. O prenome

assemelhava-se ao nome, este, por sua vez, era o nome gentlico (da gens) e o cognome era o sobrenome (nome da famlia). Assim: Caius (prenome) Julius (nome gentlico) Csar (homem da gente Jlia, da famlia dos Csares, chamado Caio); A obrigao de pagar imposto.

Direitos Privados:

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Direito de casar e constituir famlia, por justas npcias (de acordo com o

direito civil); O direito de se estabelecer com comrcio. Este direito poderia ser retirado de

quem esbanjasse seu patrimnio, o embrio da atual falncia; A faculdade de fazer testamento, ou dele participar como testemunha ou herdeiro.

Perdia a cidadania romana o cidado que: fosse feito escravo; se naturalizasse cidado de outro Estado; se tornasse membro de uma colnia latina; fosse condenado a certas penas perptuas (deportao, por ex.).Os Latinos (ocupantes do Lcio e de colnias fundadas por latinos) ocupavam uma posio intermediria entre os cidados romanos e peregrinos. Eles eram como irmos de raa dos romanos e tinham algumas instituies anlogas. Possuam o Jus sufragi, mas no o Jus Honorum e tinham, tambm, o direito comercial. Podiam facilmente adquirir a qualidade de cidados romanos, bastava, para tanto, transferir o domiclio para Roma. Os Peregrinos eram estrangeiros aos quais os romanos reconheciam alguns direitos. Eram excludos do direito pblico romano e no direito privado, regiam-se pelo jus gentium. Assim, pelo direito civil, eram como se fossem escravos, mas pelo direito pretoriano eram considerados livres, em nome da eqidade. O estrangeiro era chamado de hostis e no gozava de qualquer espcie de direito, semelhante aos escravos. No entanto, os estrangeiros poderiam se integrar na sociedade por meio da hospitalidade. Tornava-se peregrino pelo nascimento, pela captura, pela venda ou pelo exlio. Deixava de ser pela aquisio da cidadania romana, ou seja, pela naturalizao individual ou coletva.

HISTRIA DO DIREITO BRASILEIRO

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A cultura jurdica produzida ao longo dos sculos XVII e XVIII, na Europa Ocidental, resultou de um complexo especfico de condies engendradas pela formao social burguesa, pelo desenvolvimento econmico-capitalista, pela justificao de interesses liberal-individualistas e poruma esturuta estatl centralizada. Esse entendimento, no s compartilha da idia que subsiste em cada perodo histrico uma prtica jurdica dominante, como, sobretudo, confirma a concepo de que o Direito sempre produto da vida organizada enquanto manifestao de relaes sociais provenientes de necessidades humanas. H que se observar, que com essas diferentes estruturas causais compatibilizaram-se na constituio terica e instrumental do moderno paradigma jurdico, marcado por determinadas caractersticas, principais institutos, comsmovises jusfilosficas hegemnicas... A ordem jurdica instrumentalizada como estatuto de uma sociedade que proclama a vontade individual, priorizando formalmente a liberdade e a igualdade de seus atores sociais... J o Direito Moderno liberal-individualista se assenta numa abstrao que oculta as condies sociais concretas. Tem a pretenso de ser um direito igual, supondo a igualdade dos homens sem tomar em conta os condicionamentos sociais concretos, produzindo uma lei abstrata, geral e impessoal. Fatores que modelaram o moderno direito liberal-individualista A) a igualdade formal de todos os homens, ao consagrar os direitos subjetivos desconhecidos para o Direito Romano; B) A codificao do Direito em normas gerais, abstratas e impessoais, ditadas pelo Estado legislador que chegar a identificar o Direito com a lei, esvaziando o direito e toda a idia de justia; C) a cirao do Direito Pblico paralelo ao Direito Privado, como forma de garantir os direitos subjetivos e a igualdade formal, proclamados pelo Direito Natural. Direito Moderno: estatal, centralizado, escrito, previsvel (segurana e certezas jurdicas) e normativo. Sua estrutura tcnico-formal constituda por um complexo de normas de teor geral, abstrato, coercitivo e impessoal; Principais institutos: direito de propriedade absoluto, exclusivo e perptuo; contrato superior a lei, aceito pelas partes, liberdade de contratao Ressalte-se que no possvel comprender totalmente o Direito Moderno enquanto resposta de regulamentao aos problemas insurgentes da estrututa

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mercantilista e concorrencial sem deixar de contemplar algumas categorias nucleares como sujeito de direito e direito subjetivo. Sujeito de Direito: materializa uma abstrao formalista e ideolgica de um ente moral, livre e igual, no bojo de vontades autnomas, reguladas pelas leis do mercado e afetadas pelas condies de insero no processo capital e do trabalho; Direito Subjetivo: a permisso dada por meio da norma jurdica vlida, para fazer ou no fazer alguma coisa, para ter ou no ter algo, ou ainda, a autorizao para exigir, por meio dos rgos competentes do poder pblico ou atravs dos processos legais, em caso de prejuzo causado por violao de norma, o cumprimento da norma infringida ou a reparao do mal sofrido. , pois, sempre a permisso que tem o ser humano de agir conforme o direito objetivo. Um no pode existir sem o outro. O Direito na poca do Brasil Colonial... Nos primeiros sculos aps o descobrimento, o Brasil, colonizado sob a inspirao doutrinria do mercantilismo e integrante do Imprio Portugus, refeltiu os interesses econmicos da Metrpole e, em funo, deles articulou-se; O Brasil-colnia s poderia gerar produtos tropicais que a Metrople pudesse revender com lucro no mercado europeu; O Brasil sendo colonizado pelo processo de explorao, criou as condies para a agricultura tropical centrada economicamente entorno do cultivo das terras, transformando-se, portanto, numa grande empresa extrativa, destinada a fornecer produtos primrios aos centros europeus; A gesto da Colnia se fazia atravs da Metrpole, cabendo-lhe tornar efetivos os princpios do mercantilismo, principalmente atravs da constituio de monoplios; ESCRAVIDO Era a melhor opo para a explorao mais lucrativa dos latifndios; Homens livres poderiam se tornar donos de pedaos de terras devolutas; Diante do fracasso da tentativa de escravizar ndios, os grandes proprietrios assentaram seu poder econmico e social no incremento do trfico de negros escravos;

J no que se refere a estrutura poltica, registra-se a consolidao de uma instncia de poder que, alm de incorporar o aparato burocrtico e profissional da administrao lusitana, surgiu sem uma identidade nacional, completamente

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desvinculada dos objetivos de sua populao de origem e da sociedade como um todo; Alheia manifestao e vontade da populao, a Metrpole instaurou extenses de seu pode real na CoLnia, implantando um espao institucional que evoluiu para a montagem de uma burocracia patrimonial legitimada pelos donatrios, senhores de escravos e proprietrios de terras; Naturalmente, o aparecimento do Estado, no foi resultante do amadurecimento histrico-poltico de uma Nao unida ou de uma sociedade consciente, mas de imposio da vontade do In