historia do direito

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1 HISTÓRIA DO DIREITO  DE ROMA À HISTÓRIA DO POVO HEBREU E MUÇULMANO A Evolução do Direito Antigo à Compreensão do Pensamento Jurídico Contemporâneo

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    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

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    Universidade da Amaznia

    Belm

    Unama

    2009

    ELDER LISBA FERREIRA DA COSTA

    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO

    HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do

    Pensamento Jurdico Contemporneo

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    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    Catalogao na fonte

    www.unama.br

    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo 2009, UNIVERSIDADE DA AMAZNIA

    REITOR

    dson Raymundo Pinheiro de Souza FrancoVICE-REITOR

    Antonio de Carvalho Vaz Pereira

    PR-REITOR DE ENSINO

    Mrio Francisco Guzzo

    PR-REITORA DE PESQUISA, PS-GRADUAO E EXTENSO

    Nbia Maria de Vasconcellos Maciel

    Campus Alcindo Cacela

    Av. Alcindo Cacela, 28766060-902 - Belm-Par

    Fone geral: (91) 4009-3000

    Fax: (91) 3225-3909

    Campus Senador Lemos

    Av. Senador Lemos, 2809

    66120-901 - Belm-Par

    Fone: (91) 4009-7100

    Fax: (91) 4009-7153

    Campus Quintino

    Trav. Quintino Bocaiva, 1808

    66035-190 - Belm-Par

    Fone: (91) 4009-3300

    Fax: (91) 4009-3349

    Campus BR

    Rod. BR-316, km367113-901 - Ananindeua-Pa

    Fone: (91) 4009-9200

    Fax: (91) 4009-9308

    EXPEDIENTE

    EDIO: Editora UNAMACOORDENADOR: Joo Carlos PereiraSUPERVISO E FOTO DA CAPA:Helder Leite

    NORMALIZAO: Maria MirandaFORMATAO GRFICA E CAPA: Elailson Santos

    C837h Costa, Elder Lisba Ferreira daHistria do Direito: de Roma histria do povo hebreu

    muulmano: a evoluo do direito antigo compreenso dopensamento jurdico contemporne / Elder Lisba Ferreirada Costa . Belm: Unama, 2007.

    128p.

    ISBN 978-85-7691-089-3

    1. Histria do Direito. 2. Direito romano. 3. Direito hebreu.I. Titulo

    CDD: 340.9

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    Universidade da Amaznia

    Nas diferenas culturais, encontaremos a

    paz que tanto procuramos.

    (Elder Lisba)

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    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    Aos meus pais, Francisco e Benedita, pelos

    ensinamentos, ao longo dos anos.

    Ao Danilo Ewerton pela reviso das notas.

    Aos meus alunos de Graduao e de Ps-Graduao.

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    Universidade da Amaznia

    Sumrio

    PRLOGO ..................................................................................... 7

    PREFCIO .................................................................................... 11

    NDICE DOS TERMOS E SIGNIFICADOS UTILIZADOS

    DICIONRIO HISTRICO ............................................................. 13DIREITO ROMANO ...................................................................... 14

    O DIREITO HEBREU ..................................................................... 20

    DIREITO ISLMICO ...................................................................... 24

    O GNESIS DO DIREITO EM SOCIEDADE .................................... 26

    DIREITO ROMANO ...................................................................... 35

    DIREITO HEBREU ......................................................................... 66

    O PENTATEUCO DE MOISS: o pice da lei hebraica ................ 74

    O PERSONAGEM HERODES O GRANDE ................................. 95

    A EVOLUO DA LEGISLAO MOSAICA .................................. 98

    O HISTRIA DE JESUS CRISTO .................................................. 100

    SOBRE O JULGAMENTO DE JESUS ........................................... 104

    1 A FUNO DE CAIFS ............................................................................... 104

    2 SENTENA DE JESUS CRISTO ..................................................................... 105

    O DIREITO ISLMICO E SUAS ORIGENS ................................... 107

    REFERNCIAS ............................................................................ 124

    SOBRE O AUTOR ....................................................................... 127

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    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    PRLOGO*

    presente livro, Histria do Direito: de Roma Histria doPovo Hebreu e Muulmano, a evoluo do direito antigo compreenso do pensamento jurdico contemporneo, faz

    parte de uma pesquisa por ns elaborada em nossa ltima viageminternacional, incluindo o continente europeu e os ltimos aconteci-mentos ocorridos no cenrio internacional, como o assassinado daex-premier do Paquisto Benazir Butho, exatamente quando prepa-rava os escritos que, depois, transformaria em livro.

    Numa das noites, em que estavmos escrevendo essas li-nhas, era assassinada no Paquisto a ex-premier Benazir Butho, emum ataque suicida, provocado provavelmente por algum grupo ter-rorista por razes polticas e/ou religiosas.

    Nesta edio, procuramos, em longa pesquisa, e achamosnecessrio incluir o Direito Islmico, como sendo um direito queinfluenciou e influencia as populaes planetrias, com sua dou-trina religiosa e os reflexos dessa religiosidade nos campos jurdi-co e poltico.

    J tratamos sobre a influncia da religiosidade na histriados povos e que, na antiguidade, o mstico sempre influenciou asociedade e a formao do direito. Buscamos relacionar, a partir dotronco comum que nos une inevitavelmente ao monotesmo, o pa-triarca Abrao.

    No h dvida de que houve grandes naes da antiguidadeque praticaram o politesmo e a influncia para a cultura dos povos,mas no sero por ora objeto de nosso estudo.

    Este tronco comum , sem dvida, o grande patriarca Abrao,considerado o Pai das trs religies monotestas, pela ordem: o Ju-dasmo, o Cristianismo e o Islamismo. preciso verificar o que h decomum e as suas diferenas nos textos sagrados. No se pode tam-bm esquecer que outro patriarca teve papel decisivo: No.

    * Esclarecemos que, quando terminamos de escrever estas linhas, tomava posse como Presidente do Paquisto ovivo de Benazir Butho - Asif Ali Zardari.A citao dos autores portugueses foi mantida em linguagem original.

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    Dentro dos escritos que passamos a manusear, temos o cdi-go de Hamurbi, que foi a lei para o povo babilnico e fonte de todo

    o direito da poca.Foi procedida uma ponte, com o aparecimento do DireitoEmpresarial, hoje estudado com muita propriedade em nossas uni-versidades, provando que seus institutos, h muito, j tinham previ-so para os Sumrios. Vale destacar que a civilizao sumria umadas mais antigas de que temos conhecimento, tendo aparecido an-tes mesmo da civilizao egpcia e a chinesa.

    Houve, de nossa parte, uma incansvel busca por livros anti-gos, para retratar mais fielmente o que diziam os nossos escritores

    do sculo passado, e o que diziam sobre os nossos antepassados,mediante os seus ensinamentos. Vale retratar uma constatao:quanto mais antiga a obra jurdica, mais precioso o seu valor, vistoque se evitam comparaes indevidas.

    Um agradecimento especial Universidade de Salamanca,em particular a biblioteca Francisco de Vitria e, a Universidadede Coimbra, bem como Universidade de Roma, pelo acervo in-contestvel de obras raras e antigas; onde pudemos ter acesso avrias obras, que possibilitaram um estudo mais fiel sobre as ori-

    gens das primeiras civilizaes. Vale um esclarecimento: a grafiafoi mantida no original, onde, por exemplo, a palavra monarca eragrafada monarcha. Na primeira edio, dedico o prlogo PazMundial entre os homens.

    Creio que o nosso vetor a ser buscado, sem dvida, o mul-ticulturalismo, respeitando as peculiaridades de cada povo, em bus-ca dessa paz cada vez mais distante dos homens. Embora o homemprofesse credos diferentes, devemos buscar um entendimento paraum convvio pacfico em sociedade. Por isso, procuramos demons-

    trar que no h discrepncias instransponveis entre judeus, cris-tos e muulmanos em questes religiosas.

    Temos sim, muito em comum. Existe uma cultura propaladapelo universalismoque deve ser combatida e repelida por todos ns.Somos chamados a acreditar que a ideologia de que tudo que vemdo ocidente o que presta, e o que vem do oriente deve ser vistocom reservas, o que uma inverdade.

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    Temos e precisamos procurar um entendimento. Procurar nasdiferenas, vertentes comuns. A paz deve estar ao alcance de todos,

    onde quer que se encontrem, e os irmos muulmanos que se en-contram no Paquisto1possam encontrar a paz.Aqui vale um esclarecimento. Embora nesta obra se retrate a

    evoluo do Direito Hebreu, alocamos alguns pontos que entende-mos importantes sobre a passagem de Jesus Cristo na terra, emvirtude deste ter sido um judeu. Por isso, transcrevemos algumas desuas realizaes e feitos miraculosos, embora o faamos com maispropriedade quando formos tratar especificamente sobre a evolu-o do cristianismo e seus reflexos na formao do direito.

    Alis, quando formos abordar mais pormenorizadamente aquesto sobre Jesus Cristo e nossa posio sobre a sua existnciacomo homem histrico, nos posicionamos ao lado daqueles que de-fendem a sua existncia.

    Uma das principais fontes de que o Cristo histrico realmen-te viveu entre ns o fantstico historiador Flvio Josefo, autor deHistria dos Hebreus. Josefo escreveu seus textos no sculo I.

    No podemos deixar de citar que provavelmente seus textosoriginais podem ter sido influenciados por cristos, mas nos seus es-

    critos podemos avaliar a citao de Jesus Cristo de forma imparcial.Para Josefo, Jesus viveu naquele perodo e seria uma espcie

    de Mestre. Realizou obras miraculosas e foi crucificado por umaconspirao a mando de Pilatos, que era o governador da Judeia.

    A ideia reforada, pois o historiador Tcito tem escritos pr-ximos ao de Josefo de que Jesus teria morrido a mando de Pilatos poca do Imperador Tibrio. A sociedade romana, por meio dos seusdirigentes, no teria dado a importncia que Jesus como profetateria, relegando-o a um segundo plano. Note-se que essas refern-

    cias so as mesmas que encontramos no Novo Testamento.Agradecemos imensamente aos amigos Moussa M.A. Abuna-

    im, Ministro Conselheiro da Autoridade Palestina, em Lisboa Portu-gal; Abu Middain, Ministro da Justia da Palestina de 1995 e 2003,

    1 Falamos especificamente do Paquisto de maioria muulmana, depois do assassinato da Ex-Premier, o que provocouum abalo interno no pas.

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    atualmente dirigente dos territorios palestinos, pelas aulas em rabee a traduo correta dos termos para o portugus, pela viagem a

    Palestina e horas de conversas gravadas, que nos permitiram enden-der toda a questo Palestina e o contato com a cultura islmica.2

    Queremos, nesse momento, esclarecer que as conclusesdeste livro, em nenhum momento refletem a opinio das autorida-des palestinas que tive o prazer de conviver. Agredecemos a todosos que nos ajudaram a lanar mais esta obra no mercado jurdico e,em particular, as palavras elogiosas do Professor Zeno Veloso queprefaciou esta obra.

    Alis, um particular devemos contar. Quando estava na Uni-

    versidade de Coimbra, em uma das aulas de Mestrado, quando iden-tificado como brasileiro e, particularmente, paraense, o professorcatedrtico assim se dirigiu: voc do Par? Tendo uma afirmaocomo resposta, ele disse: conheo um dos maiores juristas do mun-do na rea do direito civil, o Professor Zeno Veloso. Ficamos orgu-lhosos pelo nobre Professor ser conhecido e respeitado em rinceseuropeus e ser nosso amigo pessoal.

    Em especial, a um amigo muito especial, Doutor Paulo Jussa-ra, Juiz e Diretor do Frum Criminal da cidade de Belm, pela amiza-

    de sincera e duradoura, pelas longas conversas sobre a vida e odireito, com as quais aprendemos muito, um blsamo para nossavida. O nosso muito obrigado.

    A todos os nossos alunos de Graduao e Ps-Graduao.

    O autor

    2 Sobre a receptividade do povo palestino, ficamos impressionados. No jantar oferecido pelo Senhor Ministro daJustia nos ofereceu cordeiro assado. Com o intuito de retribuir a gentileza da autoridade palestina, tentamos

    oferecer uma feijoada brasileira. De certo que tal prato poderia ser oferecido desde que na referida iguaria nocontivesse carne de porco, posto que os muulmanos jamais comem carne de suno por questes religiosas. Ento,ficamos de oferecer uma feijoada ligthsem a presena dessa carne. O jantar foi muito proveitoso, embora o problemade comunicao fosse uma constante. O Ministro no falava bem o espanhol e entendamos pouco a lngua rabe.Todavia, nos comunicamos e ficamos bastante amigos.Ainda na entrevista ao Ministro da Autoridade Palestina, este declarou que na Palestina praticamente no existediferena entre a religio muulmana e crist, todos participam das mesmas festas, convivendo em perfeita harmonia.Os nmeros tambm impressionam. A populao Palestina de aproximadamente de 3.500 a 4.000 milhes dePalestinos. No Chile, h aproximadamente 400 mil refugiados.A faixa de Gaza so aproximadamente 350 km2, onde vivem da agricultura e do comrcio. Atualmente est bloqueada,sendo difcil a vida na regio. H famlias que no veem seus entes queridos h mais de 15 anos. A sede da autoridadePalestina estava dentro do que corresponde hoje a Faixa de Gaza, mas devido ao bloqueio, est hoje em Hamala naCisjordnia. Dentro da Populao Palestina, 90% professam a religio Islmica e 10% so cristos.

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    PREFCIO

    inha acabado de ler o Curso de Direito Criminal Parte Geral,de Elder Lisba Ferreira da Costa, que muito me impressio-nou pela simplicidade e clareza do texto (os verdadeiros ju-

    ristas sabem evitar a linguagem gongrica, pretensiosa), sem preju-zo da profundidade cientfica da obra, que o resultado de seusestudos e pesquisas nas multisseculares Universidades de Coimbrae Salamanca. Alis, devo revelar que em visitas que fiz Faculdade

    de Direito de Coimbra, sabendo que eu era brasileiro e do Par, al-guns catedrticos, naquele modo coimbro de falar, perguntavam:Vossa Excelncia conhece o Senhor Professor Elder Lisba?

    No o conhecia pessoalmente, apenas por seus importantestrabalhos. S o cumprimentei, diretamente, pela primeira vez, noTribunal de Justia do Par, depois de ter ouvido falar bem, tantasvezes, dele e de seus livros.

    E veio o pedido para que eu prefaciasse este novo trabalho,que logo aceitei, com muita honra e prazer.

    O autor passa de um tema a outro com muita versatilidade eestilo. O presente livro conta a histria do Direito, que fruto dasreligies antigas. Fala de Roma, do povo hebreu, dos muulmanos.Mostra a evoluo do direito antigo, fala do comeo de tudo.

    Este livro no , propriamente, um livro de histria, mas nodeixa de ser uma obra que trata da histria, estabelecendo umarelao entre as instituies jurdicas e as grandes religies.

    H muitas passagens memorveis no escrito, que prefiro nodescrever, para que o leitor as descubra e se deleite com elas.

    Mas no resisto a indicar trs delas: a que aponta um para-doxo enorme do papel do homem, ora pugnando pela perpetuaoda espcie, ora praticando atos de sua destruio, uma vez desco-brindo a vacina contra a paralisia infantil, outra, inventando a bom-ba atmica; quando mostra que a Lei de Talio evitou a dizimaodos povos e deve ser considerada conforme a sua poca, pois repre-sentou um grande avano, limitando a reao ofensa, estabele-

    T

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    cendo alguma proporcionalidade: olho por olho, dente por dente;quando denuncia que a distncia fsica e cultural nos impede de

    conhecer melhor o direito islmico, para poder ver e concluir quesuas concepes so muito prximas s nossas.Quem quiser conhecer a evoluo do Direito Romano, do Di-

    reito Hebreu e do Direito Islmico, que receberam imensa influnciada religio, ter muitas informaes e grande proveito com a leituradeste livro. O autor promete escrever uma obra especfica sobre ocristianismo, mas j nos fala, aqui, e com dados impressionantes, arespeito do maior julgamento da humanidade: o de Jesus Cristo.

    Redigi este prefcio no como simples obsquio, gesto de

    admirador e colega, mas porque encontrei no escrito verdadeiromrito, momentos de enlevo, aprendizagem, prazer. Este um livromuito bem pensado, muito bem escrito, que deve ser lido e pensa-do. Que h mais importante do que isso?

    Testemunhamos mais um degrau que Elder Lisba ultrapas-sa na sua escalada vitoriosa de mestre e escritor.

    Que Deus o ajude sempre.

    Professor Zeno Veloso

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    NDICE DOS TERMOS ESIGNIFICADOS UTILIZADOS.

    DICIONRIO HISTRICO

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    1. Advocacia em Roma Sob os imperadores, de Teodsio atJustiniano, a corporao dos advogados minuciosamente re-

    gulamentada. Chama-se collegium, ordo, consortium, corpus,toga, advocatio, matrcula. Autorizados por permisso expres-sa ao exerccio do seu ministrio, os advogados eram inscritosnum quadro por ordem de antiguidade, seu nmero era limita-do, eram eles submetidos a exames no perodo de estgio.

    2. Casamento Romano O casamento, como instituio sagra-da e que tinham as bnos do divino, s teve esse carterdepois do advento do cristianismo.

    3. Casustica Antes da codificao propriamente dita, para estasoluo utilizaram, em larga escala, para resolver os conflitos,a casustica. Partiam sempre do particular para o geral.

    4. Cdigo (codex justiniani) Recolha de leis imperiais, que visa-va substituir o cdigo de Teodsio.

    5. Cdigo de Hamurbi Vigorou para o povo que habitava a

    Mesopotmia. No cdigo de Hamurbi j era retratado o Talio.

    6. Corpus Juris Civilis OJus Civilesera o direito de Roma e deseus cidados. Estes incluiam os estatutos do senado, os de-cretos, os editos dos pretores e alguns costumes bastantesantigos que tinham fora de lei. Finalmente, o Corpus Juris Civi-lisrecebeu essa denominao, dada por Dionsio Godofredo,

    DIREITO ROMANO

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    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    por volta do final do sculo XVI d.C. Essa compilao seria areunio das principais codificaes romanas, sendo elas: O

    Cdigo, O Digesto3

    , As Institutas as Novelae, formando, ento,o fabuloso Corpus Juris Civilis.

    7. Criao da Jurisprudncia A evoluo do direito clssicoocorreu a partir das atividades dos jurisconsultos e magistra-dos. Interesante, nesse aspecto, que os juzes no modifica-vam as regras, mas exerciam uma atividade inteligvel de in-terpretao da lei para os casos concretos, fazendo uma in-terpretao atual. Jurisprudncia significava o conjunto de

    opinies e as obras dos jurisconsultos, tem a correspondn-cia do que seria hoje a doutrina; seriam os que estudavam eresolviam conceitualmente problemas jurdicos; seriam os tc-nicos da cincia do direito.

    8. Culto Familiar Romano O culto domstico venerava as al-mas dos antepassados, transformados em divindades particu-lares (espritos protetores da famlia). A alma do 1 antepassa-do era o Deus Lar; as almas dos outros parentes mortos eram

    os manes. Havia ainda gnios protetores(deuses do celeiro edo altar do fogo) ospenate. Cada um possua um altar doms-tico, com uma lmpada sempre acesa. E tambm imagens depequenas esttuas que representavam os deuses familiares.Antes de cada refeio, o pai derramava sobre o altar umasgotas de lquido (vinho, leite, mel): a libao. Geralmente, alibao era acompanhada de uma oferenda de alimentos (pe-quenas pores) ou de objetos que se colocavam sobre o altar.

    3 O Digesto tambm recebia a denominao de Pandectas. Era uma compilao composta de 50 livros e seria a obrados chamados jurisconsultos clssicos. Interessante nota informa que tinham aproximadamente 2.000 livros. Naafirmao de Klabin O Digesto uma obra considervel, que apresentou maiores dificuldades do que o Cdigo. Ovolume da jurisprudncia escalonada por cinco sculos (de II a.C. a III d.C), exigiu grande esforo. Havia um grandenmero de contradies e de solues velhas e defasadas. Foi necessrio fazer uma escolha para conservar oessencial e o melhor, mas com suficiente amplitude, a fim de conseguir um somatrio de direito romano e adapt-lo aos textos da sociedade do sculo VI. KLABIN, Aracy Augusta Leme. Histria geral do direito. [s.l.]:Editora Revistados Tribunais, s/d. p. 235.

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    9. Delitos em Roma Os delitos so divididos em crimina pblica,isto , ficava a cargo do Estado4, representado pelo magistrado

    com poder de Imperium com a funo de garantir a segurana p-blica; e delicta privata,que consistiam em infraes menos gra-ves, quando a funo de reprimir caberia ao particular ofendido,havendo a interferncia estatal apenas para regular seu exerccio.

    10. DigestoO Digesto(Digesta ou Pandectas), vasta compilao-de extractos de mais de 1.500 livros escritos por jurisconsultosda poca clssica. Ao todo, forma um texto de mais de 150.000linhas. O Digestocontinuou a ser a principal fonte para o estu-do aprofundado do Direito Romano. Um tero do Digesto reti-rado da obra de Ulpiano.

    11. Escravos em Roma Os escravos em Roma eram considera-dos coisas, elementos que estavam margem de todo e qual-quer processo de igualdade. Escravo romano no podia ter pa-trimnio, no possua crditos, nem dvidas.

    12. Etruscos H outras teorias sobre a fundao de Roma. Umade fortssima tendncia a de origem etrusca. Afastando a len-da, escritores, como R. Bloch e L.Homo, defendem a tese deque a cidade surgiu da dinastia etrusca, instituda por TarqunioPrisco, no sculo VII a.C. Lon Homo diz que sob o aspecto po-ltico, os etruscos, pela primeira vez, deram a Roma um gover-no centralizado, da mesma forma que fundaram a cidade deRoma, criaram o Estado romano.

    13. Idade Antiga o perodo que vai desde o aparecimento da

    escrita, por volta do ano 4.000 a.C a 3.500 a.C, at a queda doImprio Romano no Ocidente no ano 476 d.C.

    14. Idade Contempornea Em 1789, no sculo XVIII, inicia-se aIdade Contempornea at os nossos dias. Pelo que conhece-mos, ainda, no temos um fato histrico que pudesse dividirnovamente a histria.

    4 Mais uma vez repetimos: o estado retratado aqui o Estado Antigo com as suas caractersticas prprias.

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    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    15. Idade MdiaTem incio com a queda do Imprio Romano noOcidente, no sculo V, precisamente no ano de 476 d.C. Termi-

    nou com a decadncia do Imprio Romano no Oriente, que mar-cou a queda de Constantinopla no ano de 1453 d.C, no sculo XV.

    16. Idade Moderna Ocorre com a queda de Constantinopla noano de 1453 e vai at a Revoluo Francesa em 1789.

    17. Imprio Romano Roma um imprio que se estende Ingla-terra, da Glia e da Ibria, frica e ao Oriente, at os confinsdo Imprio Persa.

    18. Instituies (InstitutionesJustiniani) formam um manual ele-mentar destinado ao ensino de direito. Obra muito mais clara esistemtica que o Digesto. Foi redigida por dois professores,Doriteu e Tefilo, sob a direo de Tribiniano. Justiniano apro-vou o texto e deu-lhe fora de lei em 533.

    19. Jurisconsultos Procederam a uma interpretao do DireitoRomano, o que antes era privativo dos sacerdotes.

    20. Jus gentium O jus gentium seria a lei comum de todos oshomens. Esse direito no considerava a nacionalidade. O jusgentiumseria a lei comum de todos os homens. Esse direitodefinia os princpios de compra e venda, das sociedades e doscontratos, autorizava as instituies da propriedade privada eda escravido. Este direito no era superior ao direito civil, mascompletava-o e aplicava-se principalmente aos estrangeiros.

    21. LeiAebutia criada no sculo II a.C, trouxe certas modifica-es do processo e deu maiores poderes ao Pretor.

    22. Lei das XII Tbuas Criao das Leis das XII Tbuas, provavel-mente feita em 451 e 450 a.C. Essas leis aplicavam-se aos ci-dados romanos. A Lei das XII tbuas uma lei da fase monr-quica; antes disso, o direito em Roma era eminentemente mo-nrquico, visto que nessa poca os romanos teriam rejeitado

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    as chamadas Leis Rgias.A solidariedade familiar abolida;todavia, mantida a autoridade quase que ilimitada do chefe

    da famlia; a igualdade jurdica mantida teoricamente; soproibidas guerras privadas e institudo o processo penal5. A ter-ra tornou-se alienvel, sendo reconhecido o direito de testar.

    23. Novelas Novellae(leis novas). Justiniano continua a promul-gar numerosas constituies mais de 150 depois da publi-cao de seu codex.

    24. Origem lendria da Fundao de RomaHistoricamente, te-

    mos que Roma6

    foi fundada no ano de 754 ou 753 a.C, por R-mulo e Remo, filhos de Rha Sylvia. Esta a lenda mais conhe-cida da histria da fundao de Roma.

    25. Pandectas Foi a lei das XII Tbuas, alm de uma fonte deconhecimento criadora, extraordinariamente fecunda do direi-to romano posterior, durante mil anos at Justiniano. (533 d.C)data da promulgao do pandectas.

    26. Patrcios Eram os cidados romanos. Detinham todos os pri-vilgios da Lei romana.

    27. Penas no Imprio Romano A sociedade romana conheceuno auge de seu desenvolvimento, trs espcies de pena: corpo-rais, infamantes e pecunirias.

    28. Perodo arcaico Esse perodo vai desde a fundao de Roma,no sculo VIII a.C, at o sculo II a.C.

    5 Um conjunto de procedimentos no qual se desenvolveria o processo, portanto, uma construo romana.6 Sobre a fundao de Roma, conta a lenda que em Alba Longa, localizada no Latium, reinava Numitor, destronado

    e morto por seu irmo Amlio. Rhea Sylvia, filha de Numitor , ento, encerrada num convento de vestais ondedeveria permanecer virgem. Contudo, de sua unio ilcita com o deus Marte, nascem Rmulo e Remo que, para noserem mortos, so abandonados numa floresta e recolhidos e amamentados por uma loba, esta enviada pelo pai,Marte. Posteriormente, um pastor de nome Fustulo quem os encontrou, levando-os para criar e educar. Mais tarde,os dois voltam a Alba Longa e vingam o av Numitor, derrotando Amlio. Como prmio recebem uma colina beirado Tibre, onde edificaram Roma. Os irmos, porm disputam o privilgio divino de ser o fundador da cidade eRmulo mata Remo, traando em seguida os limites da cidade. LUIZ, Antnio Filardi. Curso de direito romano. 3.ed. So Paulo: Atlas, 1999. p. 33.

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    29. Perodo clssico Se estende at o sculo III d.C.

    30. Plebeu Era a classe inferior da populao: eram emigradosmais recentes, habitantes dos territrios conquistados, refugia-dos, vencidos, aventureiros.Classe relegada a segundo plano,na antiguidade no possuiam os mesmos direitos dos patrcios.

    31. Pretor Peregrino Cuidava das causas dos estrangeiros.

    32. Pretor Romano No aspecto da administrao da Justia, nosculo IV a.C, os pretores administravam a justia. Eles pronun-

    ciavam o direito.

    33. Pretor Urbano Julgava as causas entre os cidados roma-nos.

    34. Religio romana A religio romana era politesta e apresen-tava muita semelhana com a religio dos gregos.

    35. Servio Militar Romano O cidado romano que recusasse a

    servir no exrcito romano podia tambm ser reduzido condi-o de escravo. Depois, quando Roma inaugura o alistamentovoluntrio, desaparece essa causa de escravido.

    36. UrbsCidade.

    37. VeiosSobre as conquistas de Roma, sem dvida, uma memo-rvel foi a tomada de Veios que aumentou consideravelmenteos domnios de Roma.

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    1. Agar Era escravade Abrao e me de Ismael seu primeirofilho. Deus havia permitido a Abrao ter esse filho com Agar,devido a idade avanada de Sara.

    2. Arcanjo Gabriel um anjo que aparece tanto na bblia, quan-to no alcoro, sendo o mensageiro das profecias de Maom.

    3. Caifs Sumo Sacerdote que acusou Jesus Cristo de blasfmia.

    4. Davi Davi tornou-se rei e governou por 40 anos. Foi um dosmais gloriosos reinados hebraicos. Combateu fortemente os fi-listeus. Teve a capacidade de unir as doze tribos de Israel, sobum Estado forte e com um rei que governava de forma absolu-

    ta. Foi Davi quem comeou a construo da cidade sagrada deJerusalm.

    5. Essnios A seita dos essnios, a menor delas, foi talvez amais influente. Seus membros eram captados das classes maisbaixas, pregavam o ascetismo e o misticismo como meio deprotesto contra a riqueza e o poder dos sacerdotes e dos gover-nantes. Comiam e bebiam apenas o suficiente para se mante-rem vivos, possuam todos os seus bens em comum e conside-rava o casamento um mal necessrio. Longe de serem patrio-tas fanticos, tratavam o governo com indiferena, acentua-vam mais os aspectos espirituais da religio do que o ritual,insistiam na imortalidade da alma, na vinda do messias religio-so e na iminente destruio do mundo. Um particular: a exis-tncia dos essnios no confirmado por todos os historiado-res, as referncias so feitas por Flvio Josefo.

    DIREITO HEBREU

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    6. FariseusA origem dos fariseus, provavelmente, ocorreu coma revolta macabeia em 166-159 a.C. Era um grupo de homens

    zelosos da lei e contrrios ao modo que os sumo-sacerdotespregavam o judasmo. Os fariseus representavam a classe m-dia e a parte mais instruda do povo comum. Acreditavam naressurreio, em recompensas e punies depois da morte e navinda de um messias poltico. Ardentemente nacionalistas, ad-vogavam a participao no governo e a fiel observncia do ritu-al antigo. Infelizmente, consideravam que todas as partes dalei tinham a mesma importncia virtual, quer se referissem assuntos de cerimonial, quer obrigaes de tica social.

    7. Flagelao Flagelao era um castigo muito empregado naantiguidade contra os crimes leves.

    8. Herodes, o Grande Rei da Judia poca do nascimento de Jesus.

    9. Isaac Filho de Abrao e Agar.

    10. Jac Neto de Abrao, pai de 12 meninos. Surgiram, ento, as

    12 tribos de Israel. Temos que Jacob levou os hebreus para oEgito, de onde vieram a sair depois que Moiss, da tribo deLevi, libertou o povo, indo para a terra prometida.

    11. Jesus Cristo Fundador do Cristianismo e a sob sua doutrinafoi fundada a religio crist.

    12. Josu Quem, depois de Moiss, conduziu o povo Terra Pro-metida.

    13. Madi Terra onde se refugiou Moiss depois de ter matadoum egpcio. L casou-se com Tzpora.

    14. Mishna A Mishna se tornou, depois de publicada, objeto de estu-dos rabnicos; dois comentrios foram elaborados por ela, compos-tos e compilados das opinies dos rabinos que viveram depois dela

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    15. MoissAutor do Pentatuco, os cindo primeiros livros daBblia, responsvel pela conduo do povo hebreu Terra

    prometida.

    16. Origem do Povo Hebreu A origem do nome desse importan-te povo para a posteridade, deriva de Khabiruou habiru. Inte-ressante que este nome foi dados pelos seus inimigos e signifi-ca: estrangeiro, ou nmade.

    17. Patriarca Abrao O pacto de Deus com os homens por meiode Abrao continua e deveria continuar, posto que havia neces-

    sidade de continuar a descendncia. Eis que Deus anuncia quesua mulher Sara ter um filho, mesmo tendo 90 anos de idade.

    18. Pentateuco Os ensinamentos de Moiss esto elencados noseu fantstico Pentateuco. Este representava toda a lei e asnormas de conduta para o povo hebreu; composto por cincolivros: Gnesis, xodo, Levtico, Nmeros e Deuteronmio.

    19. Pncio PilatosGovernador da Judeia epoca da crucifixo

    de Jesus.

    20. Sacerdotes Os sacerdotes, que pertenciam ao partido dossaduceus julgavam a pobreza de forma ainda mais cruel. Paraeles, a riqueza era exatamente a prova da benevolncia de Deus,e a pobreza sinal de que Deus reprovava e rejeitava aquelascriaturas.

    21. SaduceusOs saduceus que incluam os sacerdotes e as clas-

    ses mais ricas eram famosos por negarem a ressurreio e asrecompensas e punies na vida extraterrena. Ainda que, aomenos temporariamente, tenham favorecido a aceitao da or-dem romana, sua atitude em relao lei antiga era ainda maisflexvel do que a dos fariseus.

    22. Salomo O mais prspero reinado hebreu.

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    23. Sara Mulher de Abrao e me de Isaac.

    24. Sistema Tributrio Hebreu O Sistema Tributrio trinitrio.Havia trs impostos: um, que era cobrado pelo fiscal do imp-rio; outro, pelo sacerdote do templo; e um terceiro pelo admi-nistrador da casa de Herodes. Os impostos eram independen-tes entre si e provocavam uma situao de misria total paraos hebreus.

    25. Talio Lei, a regra para o cumprimento da justia tinha comomxima: Olho por olho, dente por dente.

    26. Talmud Talmud ou Talmude o nome da coleo de literatu-ra rabnica judaica. O nome Talmud pertence somente a umaparte da coleo, mas seu uso tradicional indica a coleo in-teira.

    27. Terra de Cana Cana seria, hoje, a regio ocupada pelo L-bano e por Israel.

    28. Tetrarca um ttulo originrio da Grcia. O nico lugar emque seu sentido literal senhor da parte e usado por todo oOriente, prximo dos perodos helenstico e romano para os so-beranos subordinados. No Imprio Romano, a posio de umtetrarca era inferior de um etnarca senhor de um povo que,por sua vez, era inferior de um rei.

    29. Thor a lei viva e fundamental para o povo hebraico.

    30. Tzpora Pastora de rebanhos, mulher de Moiss.

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    1. Agar Escrava egpcia- Me de Ismael, pai de uma grandenao, da qual descende Maom, fundador do Islamismo.

    2. AlcoroLivro sagrado dos que professam a religio muulmana.

    3. Autoridade Palestina A sede da autoridade Palestina estavano espao que corresponde, hoje, a Faixa de Gaza, mas devidoao bloqueio, est, atualmente, em Hamala, na Cisjordnia. Den-tro da populao palestina, 90% professam a religio Islmicae 10% so cristos.

    4. Caaba a Casa Grande que um dia se referiu Abrao, fica loca-lizada na Mesquita de Meca. um local de peregrinao mundial.

    5. Califa Sucessor.

    6. Direito Islmico um direito que distingue todos aquelesque professam a religio Islmica. O detalhe que no importaonde se encontrem.

    7. Hgira Em 622, temos a hgira(fuga), que tem como marco oincio da era muulmana. Posteriormente, como lder de um gru-po, Maom conquista Meca, por meio da guerra Santa e organi-

    za a comunidade religiosa do islamismo.

    8. Influncia rabe na lingua portuguesa A influncia rabeno lxico portugus profunda. Seu vocabulrio influenciou di-versos idiomas europeus. Os termos de origem rabe esto pre-sentes na lngua portuguesa. Militares: alccer, alferes, almi-rante, alarido, arsenal. Na agricultura: aafro, acelga, acar,aude, alface alfazema, algodo, alecrim, ameixa, arroz, azei-

    DIREITO ISLMICO

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    tona, caf, gergelim, laranja, limo. Na cincia, indstria e co-mrcio: aougue, alfaiate, alambique, lcool, alcatro, alqui-

    mia, algarismo, lgebra, alicerce, almao, bazar, talco, trfico,tarifa, saguo, zero, magazine. Nos pesos e medidas: quilate,quintal, arroba.

    9. Isl Provm do islamismo, aquele que professa a religio mu-ulmana.

    10. Ismael Filho de Agar e Abrao.

    11. Maom O grande precurssor do Islamismo foi o Profeta Maom(Muhammad ibn Abdallah). Seu nome verdadeiro Cothan que,aos 40 anos de idade, comeou a receber as revelaes de Deus.

    12. Meca Cidade sagrada do islamismo- A Caaba a Casa Gran-de que um dia se referiu Abrao, fica localizada na Mesquita deMeca.

    13. Medina Em 622, diante da hostilidade de seus adversrios e

    privado de Cadidja e Abu Talib, j falecidos, Maom resolveu aban-donar Meca com seus adeptos. Partiram em pequenos grupos emdireo de Yatrib, mais tarde, Medina, a cidade do profeta.

    14. Profeta Os profetas so os homens que receberam a mensa-gem de Deus por meio dos anjos. Eram homens piedosos e deboa cultura dentre a comunidade local. Eles s poderiam fazermilagres se realmente Deus permitisse que o fizessem. No livroAlcoro, h referncias a 28 (vinte e oito) profetas. Desses, 21

    (vinte e um) so tambm do cristianismo. Ado, No, Abrao,Davi, Jac, J, Moiss e Jesus. Estes seriam os principais e re-cebem honras especiais.

    15. Sharia (o cdigo de leis dos muulmanos). Os costumes de-vem ser apenas aqueles mencionados nas hadiths, a coletneade ditos e feitos de Maom e seus companheiros.

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    O direito7surge com o aparecimento do homem na terra ecom a fixao do homem ao solo.

    Afirmamos que aps esse fenmeno, toda a conflituosidadepassa a existir. O homem que vive em uma ilha, isolado, no possui

    conflitos, nenhum lao o une, quer em relao ao solo, quer em rela-o a qualquer coisa.Posteriormente, com a agregao de vrios grupos, o fen-

    meno da civilizao8acontece, e podemos afirmar que nasce verda-deiramente um conjunto de direitos que mais tarde chamaremos deDireito Positivo.

    Este acompanhar o ser humano, onde quer que v. O ho-mem o nico ser vivente que possui de fato, uma histria a sercontada, tal fator atribuido, unicamente, em virtude do homem ser

    o nico ser pensante.Para se entender essa escala evolutiva, o homem percorreuma longa histria dentro do seu processo de crescimento, quer emrelao a sua forma de vida, quer dos meios tecnolgicos colocadosem sociedade.

    Segundo historiadores o aparecimento do homem se dariapor volta de 12 milhes de anos, no norte da ndia, sua denomina-o o Ramapithecos. Seu aparecimento foi detectado graas a in-

    O GNESIS DO DIREITO EM SOCIEDADE

    7 Na verdade,em outras conferncias por ns proferidas, discutimos se de fato o direito existe, ou se na verdade um discurso proposto em determinado tempo e em determinado espao, notadamente pela classe dominante. Aforma que o direito vai ter ser justamente a que a classe dominante vai impor.

    8 Um dos acontecimentos mais marcantes da histria do homem o aparecimento da civilizao. Considerando queh distores quando ao seu conceito, para exemplificar, tais fatos, temos os conceitos geogrficos, antropolgi-cos, sociolgicos de civilizao e, por isso, no entraremos no mrito da questo por no ser o objeto de nossoestudo. Contudo, delimitaremos a questo da civilizao to somente ao trmino do seu sentido literal. Civilizao(civitas) quer dizer cidade, da mesma forma que urbano deriva da palavra latina urbs (cidade) e poltico que derivado trmino gregopolis(cidade, estado). No questionaremos, neste trabalho, a modalidade de apario destassociedades, e sim somente o carter etimolgico do termo civilizao como visto, para adentrarmos posteriormenteao direito romano, hebreu e muulmano, objeto de nosso estudo.

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    dicao de alguns dentes e mandbula. O fato de pertencer a raahumana ainda uma incgnita, mas podemos fazer uma relao

    entre este ser e o homem, embora no se possa afirmar que o mes-mo tivesse a posio ereta.Com o decorrer da histria da humanidade, as necessidades

    do homem na coletividade passa por um processo de mudana, al-terando, sobremaneira, o processo histrico do homem.

    Dentro desse contexto histrico evolutivo, o homem, depoisde integrado ao corpo social, domina o conhecimento da cincia eda tecnologia, integralizando estudos e descobertas.

    O que era considerado primitivo vai se tornando conhecido,

    aperfeioado e manipulado. O ser humano por meio de suas pesqui-sas avana para a obteno de uma vida supostamente melhor.Na busca da vida em sociedade, o homem sente a necessida-

    de de estar em coletividade e se agrega formando os grupos soci-ais. Desse fenmeno, temos o que os socilogos chamam de estra-tificao social9. Fazemos um parntese de que o conceito de classesocial, aquilo que chamamos de conceito-chavedessa estratifica-o, ainda, no chegou a uma denominao, sendo o seu conceitono unnime pelos estudiosos e permeado de controvrsias. Chinoy

    descreve o fenmeno com propriedade:

    To complexos e multifacetados so os fatos daestratificao social que tm sido descritos e interpretadosde muitas maneiras diferentes. Alguns autores atriburammaior importncia posio, outros riqueza, ao poder ouao privilgio, como dimenso crucial da estratificao. Asdiferenas entre aristocratas e plebeus, prsperos e pobres,governantes e governados, tm sido encaradas como oresultado das diferenas inerentes aos homens, comoproduto de foras institucionais sobre as quais os homens

    9 H de fato uma constatao e que pode ser percebida quando se analisa um corpo social: Em toda a sociedadealguns homens so identificados como superiores e outros como inferiores: patrcios e plebeus, aristocratas evulgo, amos e escravos, classes e massas. Exceto talvez nos stios em que todos vivem num nvel de simples sub-sistncia, alguns indivduos tendem a serem ricos, outros remediados, outros pobres. Em toda a parte, algunsgovernam e outros obedecem embora esses ltimos possuam vrios graus de influncia ou controle sobre osgovernantes. Tais contrastes entre os mais altos e os mais baixos, ricos e pobres, poderosos e destitudos de poder constituem a substncia da estratificao social. Ely Chinoy. Sociedade. Uma introduo sociologia. So Paulo:Editora Cultrix, s/d. p. 244. Obviamente que isto uma triste constatao a que no concordamos. Os seres huma-nos so diferentes em sociedade porque o sistema de forma nefasta assim determina, onde muitos no tm acessoaos bens e servios e outros se apropriam destes, proliferando uma camada de desiguais.

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    tem escassos controle, como padres sociais quecontribuem para o funcionamento da sociedade, comomanancial de conflitos e tenses. A estratificao pode

    ser considerada um processo, uma estrutura, um problema;pode ser vista como aspecto da diferenciao de papis estatus na sociedade, como diviso da sociedade em gruposou quase-grupos sociais, como a arena social em que seapresenta o problema da igualdade e desigualdade oucomo tudo isso ao mesmo tempo10.

    Dentro desse aspecto, os historiadores dividiram, didatica-mente, a histria em perodos.

    Embora esta obra no seja prpriamente de histria, resolve-

    mos utilizar a mesma diviso para que o estudo fique mais acuradoe inteligvel, mesmo porque temos que, obrigatoriamente, nos refe-rir aos perodos histricos. Importante destacar essa cronologia dosprincipais acontecimentos do passado para que possamos entendera evoluo do pensamento jurdico.

    Na antiguidade ou como poderamos dizer na poca primitivae na Idade Antiga o perodo que vai desde o aparecimento da es-crita, por volta do ano 4.000 a.C a 3.500 a.C, at a queda do ImprioRomano, no Ocidente, no ano 476 d.C.

    No ser o objeto de nosso estudo a anlise dos povos noperodo da Pr-histria.

    Dentro dessa evoluo, os contrastes humanos mostram-seevidentes. A dicotomia patente quando analisamos o fenmenode se viver em sociedade, posto que, o homem ora pugna pela per-petuao da espcie, ora vai em sentido oposto, praticando atospara a sua completa destruio.

    Essa constatao do que estamos a afirmar pode ser repre-sentada tanto pela descoberta da vacina contra a paralisia infantil,

    quanto pela descoberta da bomba atmica11. As duas assertivascolocam o homem em posio completamente antagnica e em rotade coliso.

    10 Ely Chinoy. Sociedade. Uma introduo sociologia. So Paulo: Editora Cultrix, s/d. p. 244.11 No h dvida de que a descoberta da bomba atmica pelo homem, coloca a preservao da espcie humana no

    olho do furaco. Depois dessa descoberta, a continuao da vida humana na terra passou a ser uma incgnita,principalmente com a grande tenso dos povos que detm essa tecnologia, muitas vezes, em constantes conflitos.

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    Esse processo evolutivo do homem, acreditamos que estintimamente ligado a questo do poder. O homem sente a necessi-

    dade de controlar tudo que est a sua volta, quer em relao ascincias, quer em relao ao prprio homem, e quando no conse-gue controlar sente-se ameaado.

    Desde o seu aparecimento, provavelmente entre 2 ou 3 mi-lhes de anos, dentro de uma evoluo da prpria espcie - o HomoSapiens, essa dominao est patente.

    Obviamente que o comportamento do homem muda com opassar dos tempos, tendo nuances prprias, e a sua agregao vaiser o motivo de toda a sua conflituosidade12. Cada agregao tem

    uma caracterstica prpria e vai ditar as caractersticas de cada povo.Durante a fase da agregao, se determinado povo habitavaprximo o mar, a sua caractersica era voltada para a navegao. Aforma de vegetao tambm era determinante para a deteco dacaracterstica de cada povo da antiguidade.

    Com a agregao dos seres humanos e, consequentemente,com a fixao do homem ao solo, este passa a ter vnculos com osoutros membros da comunidade.

    Diz-se ento que h o aparecimento da sociedade e, conse-

    quentemente, de toda a conflituosidade humana. Sobre essa socie-dade, alis, os socilogos retratam que um dos elementos signifi-cativos mais difceis de retratar. Afirma Chinoy:

    A despeito de sua importncia, no se chegou a um acordoinequvoco no tocante ao significado de sociedade, mesmoentre os cientistas sociais ou, mais particularmente, entresocilogos, alguns dos quais deram sua disciplina o nomede cincia da sociedade. Na longa histria da literaturaque trata da vida de seres humanos em grupos comentouGladys Bryson nenhuma palavra oferece talvez menorpreciso em seu emprego do que a palavra sociedade[..]. Em sua acepo mais lata, sociedade refere-se apenasao fato bsico da associao humana. Por exemplo, o termotem sido empregado no sentido mais amplo para incluir

    12 Sobre essa conflituosidade vide nossa obra Direito Criminal:parte geral. Belm: Editora Unama, 2007. Todavia,apenas para elucidar o homem entra em conflito porque vive com outros homens. Da afirmamos que o agregamentofaz necessariamente que o conflito faa parte do seu cotidiano. A conflituosidade de toda a ordem e sensivel-mente sentida no campo social.

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    todas as espcies e todos os graus de relaesestabelecidas pelos homens, sejam elas organizadas ouno organizadas, diretas ou indiretas, conscientes ou

    inconscientes, cooperativas ou antagnicas. Inclui toda atrama das relaes humanas e no tem fronteiras nemlimites assinalveis.13

    Quando a sociedade surge, h necessidade de se impor limi-tes a essa ao humana. Esse fato muito bem retratado pela abs-trao do legislador, quando valora as normas de condutas que de-vem ser respeitadas pelo corpo social, em determinado tempo edeterminado espao. Estes, por meio de normas, quer orais, querescritas, teriam a finalidade de frear o mpeto do homem quandoest atuando em grupo.

    Embora o direito tenha surgido junto com o homem, no pode-mos falar em um sistema orgnico de princpios nos tempos primitivos.

    Os grupos sociais, dessa era, viviam em um ambiente mgi-co e religioso: a peste, a seca e todos os fenmenos malficos eramvistos como resultantes das foras divinas.

    O funcionamento da sociedade dava-se de forma que se umindivduo cometia um crime, as explicaes para a sua punio es-

    tava nos deuses (se a nao era politesta), ou mesmo em deus (sea nao era monotesta).Para conter a ira dos deuses, ou do deus, criaram-se vrias

    proibies, e estas, se no obedecidas, resultavam em castigo. Es-ses castigos podiam ser corporais, ou mesmo a pena de morte.

    A desobedincia do infrator levou a coletividade a punir ainfrao, surgindo as normas entre os habitantes da mesma comu-nidade, que podiam variar de grupo para grupo, dependendo de suascaractersticas culturais e religiosas.

    Quando os interesses do agente conflita com os interessesdo grupo, ou se desvirtua desses preceitos, surge a transgresso.Dependendo da conduta esta poderia ser um crime e o grupo

    estabelecia uma pena. O castigo se cumpria com o sacrifcio da pr-pria vida ou com a oferenda de objetos valiosos aos deuses.

    13 CHINOY, Ely. Sociedade. Uma introduo sociologia. Traduo Octavio Mendes Cajado. So Paulo: Editora Cutrix,1961. p. 53.

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    A pena, nada mais significava do que vingana14, com o intui-to de revidar a agresso sofrida. A preocupao em castigar no se

    dava pelo sentimento de ofensa a pessoa que sofreu a agresso esim pela preocupao em se fazer justia15.Portanto, a influncia religiosa na vida dos cidados e mem-

    bros da comunidade era muito forte e preponderante. As leis eraminterpretadas pelos sacerdotes e membros religiosos do grupo e da-vam um carter sobrenatural aos acontecimentos. Nesse perodo, osacerdote tinha uma funo dupla, interpretava e aplicava a lei. Sobreessa influncia, Wolkmer destaca com propriedade peculiar:

    Posteriormente, num tempo em que inexistiam legislaesescritas e cdigos formais, as prticas primrias de controleso transmitidas oralmente, marcadas por revelaessagradas e divinas. Fustel de Coulanges, H. Sumer Maine,entendem que esse carter religioso do direito arcaico,imbudo de sanes rigorosas e repressoras, permitiria queos sacerdotes-legisladores acabassem por ser os primeirosintrpretes e executores das leis. O receio da vingana dosdeuses, pelo desrespeito aos seus ditames, fazia com que odireito fosse respeitado religiosamente. Da que, em suamaioria, os legisladores antigos (reis sacerdotes), anunciaramter recebido as suas leis do deus da cidade. De qualquer

    forma, o ilcito se confundia com a quebra da tradio e coma infrao ao que a divindade havia proclamado.16

    Sob esse aspecto no campo criminal: quando um crime eracometido, ocorria a reao no s da vtima como de seus familiarese tambm de toda a sua tribo: a ao contra o ofensor era to desme-dida que no se destinava s ao infrator, mas a todo o seu grupo. J seo transgressor fosse membro da tribo, poderia ser expulso e ficava merc dos outros grupos, o que acabaria resultando em morte.

    Todavia, se o delito fosse praticado por um membro de outratribo, a vingana era de sangue, sendo obrigao religiosa e sagra-da, (a punio se dava porque os deuses queriam), resultando numa14 A pena como vindita tem o carter retributivo, ou seja, no se analisa outros aspectos da pena, sendo esta sinnimo

    de castigo.15 Note-se que a justia criminal passa por fases. A primeira a fase da vingana privada, a segunda a vingana divina

    e a terceira e ltima fase vingana pblica. Os desdobramentos da vingana privada e da vingana divina: naquelaimperava a lei do mais forte; e nesta, a punio se dava porque os deuses tinham que ser de certa forma reparados,caso contrrio a ira se volveria para toda a tribo.

    16 WOLKMER, Antnio Carlos. Fundamentos de histria do direito. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.

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    guerra entre o grupo ofendido contra o grupo do ofensor e essa steria seu desfecho com a morte completa de um dos grupos17. Du-

    rante essa fase, est muito bem retratada a fase da vingana priva-da, como visto anteriormente.Para se evitar a dizimao dos povos, surge o Talio18que

    limita a reao ofensa a um mal idntico ao praticado. Interpretara lei historicamente importante para no se cometer erros.

    Para a poca, o Talio representou um grande avano, vistoque dava uma certa proporcionalidade a ofensa praticada pelo ini-migo. Talvez o princpio da proporcionalidade, aplicada ao crime e apena como decorrente deste, esteja justamente na lei de Talio,

    embora no seja citada.Giddens, citado por Morisson, destaca com propriedade a hu-manidade primitiva em decorrncia com a vida natural, descrevendo:

    Certamente houve um tempo (e talvez veja-se um risco deafirmar que tal tempo j no est mais conosco) em que anatureza se impunha de modo to imperioso humanidadeque praticamente a controlava. A chamada humanidadeprimitiva compartilhava a vida natural e era iniciada emsua rotina por meio de rituais e cerimnias que lhepermitissem participar da estrutura dessa vida e, dessemodo, conservar-se dentro da esfera da graa da natureza.O natural concebido como o numinoso e o sagrado impunharespeito, e tornou-se a fonte de normas para ocomportamento humano. A vida implicava normas prticas,rituais e cerimnias voltados para a agricultura, a pesca, acaa, o acasalamento, o nascimento, a transio da infnciapara a vida adulta, o enfrentamento da doena, da morte edo sepultamento. Os mesmos imperativos naturais que,acreditava-se, operavam em toda a natureza o clima, aterra (montanhas, rios, o mar, o deserto, a floresta), o Sol ea Lua mantinham a humanidade unida. Porm, se o homem

    primitivo talvez se sentisse sem poder diante da natureza,ou apenas um poder menor entre tantos outros, ele tambmse via como parte do mundo natural; ao contrrio, o homemmoderno compreende a natureza como um lugar onde pode

    17 Est retratado com bastante peculiaridade o perodo da vingana privada, onde a lei do mais forte prepondera sobreo grupo.

    18 Nesse particular, a Lei de Talio mostrou-se extremamente benfica, pois evitava que houvesse uma desproporoda pena, em relao ao crime praticado pelo agente. Logicamente que quando analisamos tal fato, nos transporta-mos poca em questo para que se possa fazer uma interpretao histrica correta.

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    exercer suas atividades uma arena onde pode impor suavontade por meio da tecnologia.19

    Das legislaes que retratam, com propriedade, como eramas legislaes antigas, temos o Cdigo de Hamurbi que vigoroupara o povo que habitava a Mesopotmia.

    Analisando o cdigo de Hamurabi, verificamos que o Talioj existia em seus ensinamentos e preceitos.

    Os ensinamentos de Moiss esto elencados no seu fants-tico Pentateuco. Este lei representava toda a lei e as normas deconduta para o povo hebreu.

    Para os romanos temos, a Lei das XII Tbuas, que vigorou

    durante sculos e, ser objeto de nossos estudos mais adiante. Foisem dvida, o comeo de uma codificao para os romanos que uti-lizavam a casustica para a soluo de conflitos. Isso provocava gran-des desigualdades na aplicao da justia entre patrcios e plebeus.

    Em vrias legislaes, temos o Talio, onde a regra para o cum-primento da justia tinha como mxima: Olho por olho, dente pordente. Nesse particular, essa regra foi um grande avano na histriado direito criminal por reduzir a abrangncia da ao punitiva.

    Muitos povos deixaram de ser dizimados, visto que havia uma

    certa proporcionalidade para o cumprimento da pena. Mais tarde,surge a composio, sistema no qual o ofensor se livrava da puni-o com a compra de sua liberdade, tambm adotada pelo Cdigode Hamurbi, pelo Pentateuco e pelo Cdigo de Manu.

    O cdigo de Manu que vigorou na ndia no ser objeto de nos-sos estudos, mas deve-se ressaltar que no que se refere a famlia, asproibies desse cdigo s eram aplicadas as mulheres, pois este povoacreditava que o filho era concebido somente com o sangue do pai.19 MORRISON, Wayne. Filosofia do direito. Dos gregos ao ps-modernismo. Traduo Jefferson Luiz Camargo. Martins

    Fontes, 2006. p. 33. Observamos que como assevera Giddens: As culturas pr-modernas enfrentavam uma com-binao de verdade e risco diferente daquela enfrentada pelas culturas modernas. O contexto geral do pr-moder-no era a importncia crucial da confiana localizada. Os mecanismos que proviam confiana eram:

    1- As relaes de parentesco como instrumento organizador dos laos sociais no tempo e no espao;2- A comunidade local como espao propiciador do meio familiar;3- Cosmologias religiosas como modalidades de crena e prtica ritual que forneciam uma interpretao provincial da

    vida humana e da natureza;4- A tradio como meio de ligar presente e futuro, com a cultura temporalmente voltada para o passado;

    Destaca Giddens ainda que: Por outro lado, o ambiente de risco tinha por caractersticas?1- Ameaas e perigos que emanavam da natureza, como o predomnio de doenas infecciosas, instabilidade climtica,

    inundaes ou outros desastres naturais.2- A ameaa da violncia humana representada por pilhagens de inimigos, dspotas locais, criminosos e assaltantes.3- Ameaas de cair em desgraa perante os deuses ou sob a influncia maligna da magia.

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    A ndia jamais teve caracterstica de um governo unitrio,todas as regies eram governadas por um monarca, cujas funes

    eram determinadas pelo cdigo de Manu. Isso provocava grandesdiferenas regionais.O direito desenvolve-se dentro de uma estrutura prpria das

    comunidades antigas, para algumas populaes, um direito emi-nentemente religioso, dentro de uma cultura antiga, cercada pelomstico e sobrenatural. um direito das cidades.

    Para os primeiros tempos histricos, a forma da economiatambm vai influenciar sobremaneira na feitura de leis e, conse-quentemente, ditar as suas caractersticas. Era o que conhecemos

    como cultura das cidades. Destaca Arciniega:

    En primer lugar, la cultura antigua es, en esencia, unacultura de ciudad. La ciudad es soporte de la vida poltica,as como del arte y la literatura. Incluso en aspectoeconmico, se ajusta a la vida de la ciudad al menos enprimeros tiempos histricos -, esa forma de economa quesolemos llamar economia urbana. En la poca helnica, laciudad antigua no es esencialmente distinta de la ciudadmedieval [...]. Econmicamente, tambin la ciudad antiguadescansa originalmente en el cambio en el mercado de

    la ciudad de los productos de la industria urbana losfrutos de la estrecha francha agrcola circundante. 20

    Portanto, dentro desse ambiente surge o direito primitivo e,particularmente, dentro desse cenrio, veremos o nascimento doDireito Romano, Hebreu e Muulmano; a contribuio destes para ahistria do pensamento jurdico da poca; e a sua influncia para seentender o pensamento jurdico atual.

    No que tange particularmente ao Direito Islmico, vrias de

    suas disposies vigora at os dias de hoje.

    20 ARCINIEGA, A. M. Prieto. La transicion del esclavismo al feudalismo. Madrid: Akal Editor, 1989. p. 38.

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    A primeira pergunta que fazemos, antes de adentrarmos noestudo do direito romano, urge questionar como eram as institui-es naquela poca. Isso vai demonstrar como seria na conceporomanista o que seria o estado21para os romanos daquela poca.Para os romanos, a representao desse ente corresponde essa ter-minologia.

    Dados interessantes, sobre Roma, dizem que era uma verda-

    deira megalpole, mesmo se transportarmos os seus dados para opresente. Tanto assim que, por volta do sculo 2 d.C, a sua popu-lao j chegava a 1 milho de habitantes, todavia, com uma desi-gualdade social sem precedentes.

    Muita gente pobre e desolada nas ruas, pedintes e muitamisria se alastravam. No se pode deixar de destacar a falta dehigiene que, espalhada por todos os lados, grande quantidade dedoenas. Essa realidade contrastava com a opulncia das constru-es e palcios romanos, onde viviam uma corte egosta e sem pre-

    ocupaes com o resto da populao.Para tanto, o ensinamento de Jellinek elucidador:

    La terminologa poltica de los romanos corresponde almismo tipo. El Estado es la civitas, la comunidad de losciudadanos o la res publica, esto es, la cosa comn alpueblo todo, que es precisamente lo que correponde a laexpressin griega. Itlia y las provincias son, primero yprincipalmente, pases aliados y dependientes de la granciudad. La capacidad plena del derecho de ciudadana, slo

    se le concede a aquellos que han sido admitidos a formarparte de la comunidad de la ciudad. El civis romanus es, ypermanece siendo, nicamente el cidadano de la ciudadde Roma; pero sobre la ciudad de Roma levntase el ms

    DIREITO ROMANO

    21 Logicamente, essa concepo no a mesma de Estado que temos hoje, concebido de forma moderna e cunhadosob os auspcios da revoluo francesa. Qualquer outra interpretao padeceria de sua verdadeira historicidade,levando a concluses erradas e, sem, qualquer fundamento. A formao do estado romano remonta caractersticasda sociedade antiga e, assim, deve ser visto; por isso, este estado do qual estamos a falar grafado com letraminscula.

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    poderoso Estado territorial de la antigedad. Estatransformacin, sin embargo, slo llega a expresarla de unmodo imperfecto la termnologa ronama, pues identifica

    el poder de mando, propio del gobierno, con el Estadoromano, haviendo de esta suerte equivalentes la respublica y el imperium, con lo que el elemento ms esencialdel Estado pasa a ser el poder del mismo y no losciudadanos; esto es, la res populi se convierte en resimperantis. Como en Grecia, as tambin sase aqu, a msde estas denominaciones, la d pueblo para expresar elEstado, por cuanto abstratactamente popu lu s y ge ns ,significan tambim Estado.22

    O cerne de toda a comunidade , sem dvida, a famlia e, em

    Roma, no podia ser diferente. O embrio da sociedade tinha carac-tersticas prprias.

    Segundo Catherine Salles, professora de histria na Universi-dade de Paris X-Nanterre, em Roma, existiam trs tipos de estruturafamiliar, como ela retrata:

    Existiam em Roma trs estruturas distintas: a famlianuclear, a trade pai-me23-filho; a famlia ampliada vriasgeraes que coabitavam sob a autoridade do patriarca; e,finalmente, a famlia mltipla, que congregava pessoas eoutras famlias nucleares unidas por contratos decasamento.24

    O estudo da histria do Direito Romano relevante para osdias atuais, posto que o direito praticado e aplicado no Brasil, so-freu e sofre influncias romanistas.

    Esse direito a base de vrios conceitos e institutos da atu-alidade. Podemos afirmar que foi o direito que, com suas normasjurdicas, vigorou em Roma.

    22 JELLINEK, Georg. Teoria gereral del Estado. Editorial Albatros. Maipu. 391. Buenos Aires, 1900. p. 96.23 A Sociedade romana em relao s mulheres tinha certa independncia. H registros de mulheres que foram casadas

    vrias vezes e, aparentemente, viviam normalmente em sociedade. Conta uma histria que Messalina esperou queseu esposo, o Imperador Cludio, ficasse por um tempo ausente e se declarou divorciada. Ato contnuo mandoucelebrar seu casamento com seu parceiro amoroso Silius. O casamento como instituio sagrada e que tinham asbnos do divino, s teve esse carter depois do advento do cristianismo.

    24 SALLES, Caterine. Histria viva.So Paulo:Duetto Editorial, 2008. p. 46.

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    Para tanto, a gnese deste direito foi, indubitavelmente, afundao de Roma25.

    Sobre a dicotomia da fundao de Roma, quer a corrente que acre-dita ter sido fundada por Rmulo e Remo, quer aquela que Roma teriasido fundada pelos Etruscos26, no relevante para os nossos estudos. Oque importa que seus institutos foram de uma perfeio que, ainda,hoje, servem de modelo para as legislaes contemporneas.

    A professora da Universidade da Califrnia, em Berkley, nosEstados Unidos, Isabelle Pafford27destaca que no sculo VI a.C, osEtruscos j tinham fundado uma dinastia, sendo expulsos. Depoisdesse fato, por volta do ano 500 a.C., portanto, nascia Roma.

    Somos partidrios que de fato a origem de Roma est ligada acivilizao etrusca. O Abade Badelli ao abrir uma sesso da academiaassim se referiu H mais de 20 sculos que os romanos se esmeramem ignorar ou, melhor dos casos, minimizar a imensa herana cultu-ral, intelectual, poltica e artstica de nossa antiga raa etrusca! Emseu desejo de aparecer como nico elemento civilizador de nossapennsula, a capital romana se esfora sempre para impor um pontode vista histrico, que est longe de corresponder realidade. Quan-do Roma no era mais que uma simples povoao do Lcio, no sculo

    VII a.C., Tarqunios, Veies, Vulci ou Cortona, nossa boa cidade, j eramcentros ilustres onde floresciam as mais variadas artes28

    25 O perodo que estamos a falar refere-se desde a fundao de Roma at o perodo da grande codificao, feita porJustiniano no sculo VI. d.C.

    26 Quando terminou o domnio etrusco houve muitas lutas internas em Roma. Estas entre patrcios e plebeus. Osprimeiros, ao provocarem a expulso do rei; e a plebe, que no tinha mais o apoio da forma monrquica de governoque comeou a ter ideia de suas capacidades e potencialidades.

    27 Texto citado da Revista Aventuras da Histria. O apogeu de Roma. Editora Abrilano, 2008. n. 62. p. 30.28 AZIZ, Phillip. Grandes civilizaes desaparecidas.A civilizao dos etruscos. Rio de Janeiro: Editions Ferni, s/d. p. 10.

    Um dos direitos mais difceis de estudar , sem dvida, o Direito Romano, pois como afirma Almeida Costa Um

    estudo completo da histria do direito romano, dever, consequentemente, desenvolver-se desde a fundao deRoma (Sc. VII ou VIII a.C at os fins do Sculo XIX. Tornar-se-ia difcil acompanhar a evoluo de um direito atravsde 27 sculos. Ora se por um lado exclui o estudo do direito romano na totalidade da sua vigncia; por outro lado, incontestvel que no convir deixar de abranger um facto histrico que se deu no sculo VI e que marca ocoroamento da larga evoluo do Direito em Roma: a compilao efectuada por iniciativa e sob a superior orientaodo Imperador Justiniano, de todo o direito romano desde a poca clssica at os seus dias. Esta compilao queficou conhecida como Corpus Juris Civiles, no podemos ns esquec-la, no estudo que nos propomos a fazerda histria do direito romano, por duas razes: a primeira, porque quando se deu a queda de Roma, inmerasinstituies estavam ainda em evoluo e normas jurdicas h que s na compilaojustinianeiatomaram a suaconfigurao definitiva. Em segundo lugar, porque se perderam muitos textos que nos dariam a conhecer certasinstituies jurdicas de Roma. E atravs da compilaojustinianeiaque, por um processo retroactivo, ns con-seguimos reconstitu-las. p. 65. ALMEIDA COSTA, Mario Julio de. Apontamentos de histria do direito. Porto:Universidade Catlica do Porto. 1979. (a grafia desta parte est grafada em portugus de Portugal).

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    Esse direito foi uma das bases de toda a legislao europia,sendo estudado em todas as universidades, proliferando rapidamente

    por outros rinces mundiais, sendo de fato um direito, presente emvrias naes do mundo. Almeida Costa j destacava, o que esta-mos a afirmar:

    O elemento romano ocupa uma posio de relevo. Est nosalicerces da conscincia jurdico europia contempornea.O direito romano difundiu-se na sequncia da expansopoltico de Roma, impondo-se merc de sua perfeio, aindaque combinado com elementos locais. E, depois, desde osculo XII, estudado pelas sucessivas escolas europias,jamais deixou de estar presente, at aos tempos modernos,

    na actividade legislativa, na cincia e na prtica jurdicas. 29

    (mantemos a grafia que consta no original).

    Histricamente temos que Roma30foi fundada no ano de 754ou 753 a.C, por Rmulo e Remo, filhos de Rha Sylvia. Essa alenda mais conhecida da histria da fundao de Roma. A fundaolendria pode at ser que no tenha acontecido, face ao seu carterbuclico, dois meninos sendo amamentados por uma loba. Todavia,sua citao obrigatria em qualquer manual e, por ns, no pode-

    ria ficar esquecida.No h unanimidade entre os historiadores para delimitar a

    data exata que Roma teria sido fundada. Andr Pibaniol, citandoVarro, aduz que a fundao de Roma pode ter ocorrido em 753 a.C,ano da stima olimpada grega.

    O escritor francs Rambaud, em sua obra Ciceron et l Histoi-re Romaine, em seus apontamentos, consigna uma data exata queseria o ano de 747.

    29 ALMEIDA COSTA, Mario Julio de.Apontamentos de histria do direito. Porto: Universidade Catlica do Porto. 1979.p. 32.

    30 Sobre a fundao de Roma, conta lenda que em Alba Longa, localizada no Latium, reinava Numitor, destronadoe morto por seu irmo Amlio. Rha Sylvia, filha de Numitor, ento encerrada num convento de vestais onde deveriapermanecer virgem. Contudo, de sua unio ilcita com o deus Marte, nascem Rmulo e Remo que, para no seremmortos, so abandonados numa floresta e recolhidos e amamentados por uma loba, esta enviada pelo pai, Marte.Posteriormente um pastor de nome Fustulo quem os encontrou, levando-os para criar e educar. Mais tarde, os doisvoltam a Alba Longa e vingam o av Numitor derrotando Amlio.Como prmio recebe uma colina beira do Tibre, onde edificaram Roma. Os irmos, porm disputam o privilgiodivino de ser o fundador da cidade e Rmulo mata Remo, traando em seguida os limites da cidade.. LUIZ. AntnioFilardi. Curso de direito romano. 3.ed. So Paulo: Atlas, 1999. p. 33.

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    Divergncias a parte sobre a data da fundao, vamos seguira tradio e considerar entre o ano de 753 a 754 a.C.

    Todavia, h outras teorias sobre a fundao de Roma. Uma defortssima tendncia a de origem etrusca. O importante no nosfiliarmos a nenhuma das correntes histricas, mesmo porque, comoafirma o professor Zeno Veloso que nos prefaciou, este no um tex-to histrico. Porm, demonstrar as vrias vertentes de sua fundao,como fator histrico, deveras importante para se entender Roma eos motes que firmaram a sua civilizao. Becker assinala:

    Pesquisas arqueolgicas e estudos modernos, parecem indicarque a fundao de Roma bem anterior a data apontada pelalenda. Roma j devia existir por volta de 1.000 a.C. No comeo,foi, provavelmente, uma aldeia de pastores e um lugar de refgiopara aventureiros e foragidos de regies vizinhas.H autores que sustentam outra hiptese. O monte Palatino,colina que dominava uma estreita passagem no Tibre, teriasido posto militar avanado dos latinos (habitantes deLcio), para defenderem-se dos etruscos. Estes, porm, queusavam o Tibre como via comercial, ter-se-iam apoderadodesse posto militar e, ao seu redor, teriam fundado a cidade.Roma, pois, teria sido etrusca, o que explicaria certas feiesda cidade e certas caractersticas do esprito romano. 31

    Ainda sobre a fundao de Roma, afastando a concepo len-dria de sua fundao e contrapondo esse entendimento, confirmaa vertente sobre a sua origem etrusca, destacada pelo ProfessorSilvio Meira. Em seus magnficos escritos, ele afirma que Roma te-ria sido uma dominao do povo etrusco. Meira destaca:

    Algumas investigaes cientficas tm posto prova atradio quanto poca exata em que Roma foi fundada.

    Afastando a lenda, escritores como R. Bloch e L.Homo,defendem a tese de que a cidade surgiu da dinastia etrusca,instituda por Tarqunio Prisco, no sculo VII a.C. Lon Homodiz que sob o aspecto poltico, os etruscos, pela primeiravez, deram a Roma um governo centralizado, da mesma formaque fundaram a cidade de Roma, criaram o Estado Romano.32

    31 BECKER, Idel. Pequena histria da civilizao ocidental. 3. ed. So Paulo: Companhia da Editora Nacional, 1968. p.164.

    32 MEIRA, Silvio. Histria e fontes do direito romano. So Paulo: Saraiva Editores [s.d.], p. 32.

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    Sabe-se que no sculo VIII a.C, a regio que conhecemos porLcio era ocupada por um grupo de pessoas que se ocupavam da

    agricultura e cuidavam de rebanhos (pastores). A regio cheia deplancies e compostas de aldeias que, de certa forma, tinham inde-pendncia entre si.

    Todavia, havia identidade quanto aos ritos e, de certa forma,devido a fundao, foram influenciados pelo povo etrusco, que comovisto pode ter sido este que deu origem ao povo romano. Os gregostambm deram sua influncia para esta formao.

    Entre essas aldeias estava Roma que possuia uma localiza-o privilegiada, posto que, prxima ao Tibre, era possvel chegar-

    se ao rio, sem qualquer problema, portanto, sair de Roma pelo rioera muito fcil.No exagero afirmar que Roma foi um dos maiores impri-

    os que a humanidade j conheceu. Dez sculos mais tarde, depoisde sua fundao, nos sculos II e III d.C, seus domnios j se espa-lhavam por boa parte do mundo, provando uma das principais carac-tersticas do povo romano - a dominao. Sobre essa dominao, aspalavras de Srgio Pereira Couto so elucidadoras:

    No houve em momento algum da histria universal umimprio mais grandioso do que o de Roma. Suas fronteirasse estendiam da pennsula Ibrica at a Capadcia, naatual Turquia, e englobavam a Grcia, Bretanha (atualInglaterra), o Egito, a Macednia e a Sria. 33

    33COUTO, Srgio Pereira.A histria secreta de Roma. So Paulo: Universo dos Livros, 2007. p. 9.

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    A principal prova dessa dominao pode ser retratada pelaconquista de territrios, o que fez com que Roma se tornasse um

    dos maiores imprios que a humanidade conheceu.Quando Roma invadia os povoados e as cidades, procuravaimediatamente impor sua cultura34e desenvolver o instituto da es-cravido35. Essa caracterstica aparece desde a sua fundao. Mar-noco e Souza destacam:

    A escravido apparece-nos em Roma, desde a fundao dacidade, como consequncia das condies econmicas emque os romanos se encontravam. Os romanos tinhamentrado j nesta ephoca no perodo agrcola e, a escravido

    foi um meio de que eles lanaram mo para obter, noregime de economia dissociada e independente que entodominava, a cultura das terras. A fonte que alimentouprimeiramente a escravido foi a conquista. O prisioneirode guerra ficava entregue completa discrio do captor,que comprehendeu a conveniencia de lhe conservar a vidafazendo-o trabalhar em beneficio proprio. Os juriscolsultosromanos procuraram at justificar a escravido, partindoda sua principal origem. O vencedor, diziam eles, tendo odireito de matar, o vencido, tem com mais forte razo, odireito de o fazer propriedade sua.36 (A edio desta obra de 1908, e, portanto, a grafia foi mantida).

    Roma um imprio que se estende Inglaterra, da Glia eda Ibria, frica e ao Oriente, at os confins do Imprio Persa. Foi,sem dvida, um dos maiores imprios de toda a humanidade de to-dos os tempos.

    34 Quer dominar algum? Comea por destruir sua cultura. Em um curto espao de tempo, ela ser-lhe- complementeservil. Elder Lisboa Ferreira da Costa.

    35 O Escravo Romano no podia ter patrimnio, no possua crditos nem dvidas. Seria um meio de aquisio. Poderiater uma vida saudvel se tivesse um senhor benevolente. Seria considerado escravo romano aquele que nascessede uma mulher escrava. Outra forma de escravido era derivada dos Direitos das Gentes, onde os prisioneiros deguerra que no fossem mortos ficavam na condio de escravos.Os escravos tinham procedncia de vrias frentes: podiam ser crianas vendidas por seus pais, povos vencidos emguerras, o trfico de pessoas j era previsto como forma de escravido. Aos escravos romanos era permitido com-prar a sua liberdade.Os escravos tambm tinham uma funo em Roma, de cuidar de um beb que tivesse nascido em boas condiesde sade, seria encarregado de sua educao, geralmente eram dois escravos ancios.

    36 MARNOCO E SOUZA. Histria das instituiesdo direito romano. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1908 p. 39.

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    Dos povos que formaram a cultura romana, temos os etrus-cos37, e como no poderia deixar de ser, seria o primeiro povo da sua

    formao. Cremos que a base cultural dos romanos teve grande con-tribuio deste povo. Podemos afirmar que eram um povo nmadecom caractersticas simipre-histricas. Estabeleceram-se primeira-mente em Tarqunios, que seria a mais antiga cidade etrusca, quemais tarde formar a Etria, depois dessa ocupao vo se estabe-lecer desde o Arno at o Tibre.

    Sabe-se muito pouco sobre eles, sendo sua origem ignorada.Um dos pontos de maior dificuldade para decifrar este enigma quea escrita etrusca por enquanto indecifrvel, embora se tenha tido

    acesso a alguns desses escritos, devido a este fato torna-se difcilmaiores estudos.O que podemos afirmar que a Etria viveu sob a autoridade

    de um prncipe, ou lucumon. Seria organizada sob uma federaocomposta de 12 cidades entre as quais: Arezzo, Caere, Cortona, Tar-qunios, Vulci, Volterra.

    O fato de que Roma de fato tem origem etrusca calcado emTito Lvio, que certa vez teria esquecido o seu sentimento naciona-lista romano e saudado a Etria a primeira potncia surgida na It-

    lia: Antes do estabelecimento do poderio romano os Etruscos havi-am estendido ao longe seu domnio sobre a terra e o mar. O prprionome dos dois mares, o mar superior e o mar inferior, que cingem aItlia como uma ilha, atestam o poder desse povo.38

    Pela sua cultura e seus costumes se aproximavam dos po-vos fencios. Entre os anos VIII e VI a.C, foi o povo que mais tevepoder na pennsula. Sabe-se por meio de estudos realizados em 1911pelo professor F. Benoit com sua obra: A Arquitetura na Antiguida-de, afirma que os etruscos teriam sido os protaginistas de grandes

    construes de cidades no ocidente. Outro professor este da Uni-versidade de Sorbonne, na Frana, em sua obra Histria da Arte,destaca que toda a arquitetura dos romanos deve-se aos etruscos,que foram os primeiros empreiteiros e engenheiros da era antiga.

    37 O povo etrusco um povo que provoca muitas discusses e os autores divergem: quanto a sua origem, para uns,o povo etrusco de ascendncia grega; para outros, autctones; para outros, de ancestralidade indo-europia. Aetruscologia uma cincia que tem despertado a curiosidade de muitos. Note-se que a influncia desse povo antesda dominao romana na pennsula itlica.

    38 TITO, Livio. Histria romana.Nova Traduo organizada e anotada por Gerard Walter. 1968.

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    Desse complexo econmico surge a Etria como uma potn-cia na regio da Itlia. Posteriormente iremos ter uma guerra entre

    etruscos e gregos no incio do sculo VII, em que os etruscos seden-tos pela busca de novos territrios e principalmente de novas sa-das comerciais. Os comrcios gregos com suas riquesas, sero osprximos alvos. Apenas para que possamos fazer uma localizaoprecisa. A Etria se localizava na Itlia central e a Grande Grcia, nosul e na Siclia, cujos conflitos tornam-se conflitantes. Esclareo quenesta fase histrica, a influncia grega em territrio etrusco muitopouca, visto que os gregos estavam mais preocupados em manter-se na costa e ai implantar sua hegemonia.

    Seus costumes e cultura portanto exerceram grande influn-cia sobre os romanos.Sobre os etruscos e sua origem, importante nota de Kunkel:

    Los etruscos, que lindaban inmediatamente con el territriodel estado romano, eran un pueblo, de lngua noindogermnica, integrado por numerosos estados ciudades;su estamento dirigente haba emigrado quiz de la partenoroeste del sia Menor y en la poca de mayor esplendorde su poderio (siglo VII a.C) ejercieron un influjo ms omenos continuado sobre toda a Itlia.39

    Nenhum outro direito influenciou tanto o direito ocidentalcomo o Direito Romano. Temos, no Brasil, diversos institutos, oriun-dos do Direito Romano. Sobre esta influncia destaca Gilissen:

    A evoluo do direito romano mais tardia que a do direitoegpcio e a do direito grego. A histria do direito romano uma histria de 22 sculos, do sculo VI e V a.C, at osculo VI d.C., no tempo de Justiniano, depois prolongadaat o sculo XV, no imprio bizantino. No ocidente, a cinciaromana conheceu um renascimento a partir do sculo XII; asua influncia permanece considervel sobre todos ossistemas romanistas de direito, mesmo nos nossos dias.40

    39 KUNKEL, Wolfgang. Rmische Rechtsgeschichte. Histria del Derecho Romano. Barcelona: Ediciones Ariel, 1960.p. 11.O Professor Kunkel uma das maiores autoridades em Direito Romano. Professor Catedrtico de Direito Romanoda Universidade de Munich.

    40 GILISSEN, John. Introduo histrica ao direito.4. ed. Lisboa: Fundao Calouste Gulbenkian, 2003. p. 80.

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    HISTRIA DO DIREITODE ROMA HISTRIA DO POVO HEBREU E MUULMANO

    A Evoluo do Direito Antigo Compreenso do Pensamento Jurdico Contemporneo

    E, ainda, sobre essa influncia destaca Almeida Costa:

    Ao mundo romano se ficaram a dever as concepes dageneralidade e da abstrao do direito, o conceito de leicomo ordem soberana de coercibilidade geral e ainda oentendimento do direito como uma criao cientfica. Emsuma, foram os romanos que afirmaram a compreensoespiritual do direito e a ideia de que este representa umacriao do Estado, certo, de algum modo j nsites nopensamento especulativo helnico.41

    Em Roma, no que tange ao aspecto da aplicao da justiacriminal tivemos as fases da vingana, dividindo esta em vingana

    privada e vingana divina, e mais adiante com a composio, a faseda vingana divina retratada na poca da Realeza, separando-sedireito de religio.42

    A lei criminal romana conheceu, no auge de seu desenvolvi-mento, trs espcies de pena: corporais, infamantes e pecunirias.No tempo do Imprio, a pena de multa era a mais frequente quantoaos crimes comuns.

    Conforme os ensinamentos de Ferri:

    Aps as fases arcaicas do jus sacrum as leis das XII Tbuas(sc. V a C.). contm ainda as normas da vindicta, do talio,da composio, pelo que na Grcia como na Roma maisantiga, pena (poin, poena) significava composio, isto , aparte oferecida para a reparao da ofensa. E Continuafinalmente foi estabelecida a distino fundamental entre

    41 ALMEIDA COSTA, Mario Julio de.Apontamentos de histria do direito. Porto: Universidade Catlica do Porto. 1979.p 32.

    42 Na Antiguidade, temos a origem das principais religies das quais destacamos o Judasmo (ou religio hebraica), obudismo e o cristianismo, cujos principais personagens, destacamos: Jesus Cristo, por ser o agente central dessareligio e o apstolo Paulo, autor da maioria dos livros do novo testamento.

    A Idade Mdia tem incio com a queda do Imprio Romano no Ocidente, no sculo V, precisamente no ano de 476d.C; com o seu trmino ocorre a decadncia do Imprio Romano no Oriente, que marcou a queda de Constantinoplano ano de 1453 d.C, no sculo XV.O incio da Idade Moderna d-se com a queda de Constantinopla no ano de 1453 e vai at a Revoluo Francesa,em 1789.Em 1789, no sculo XVIII, d-se o incio da Idade Contempornea, at os nossos dias. Pelo que se demonstra, aindano temos um fato histrico que pudesse dividir novamente a histria, em Idade Ps-Contempornea.Ento, pelo que se pode demonstrar, ainda, estamos na Idade Contempornea; entendemos que os historiadoresainda no consideram outro fato histrico de tamanha monta para que possamos dividir novamente os perodoshistricos.Os romanos tm muita influncia no direito e, particularmente no Brasil, a eles deve-se, por exemplo, a extino dadiscriminao social, bem como a proibio dos privilgios que eram descritos em lei estabelecidos para os roma-nos.

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    delicta pblica e delicta privada, todos perseguidos epunidos, uns no interesse do Estado e por meio dos seusrepresentantes e outros no interesse e por ao dos

    ofendidos. Eram delicta pblica a desero, a traio, ofurto de gado, o furto sacrlego, a danificao das estradase edifcios pblicos. Duas grandes categorias dos crimespblicos se encontravam no perduellio e no parricidium(homicdio do homem livre etc). Em seguida se passou com o processo extra-ordinem s penas pblicas tambmpara os crimes privados, afirmando-se com isso de modoconstante que a justia criminal uma funo e garantiado Estado, para tutela e segurana da pblica disciplina. 43

    Os delitos so divididos em crimina pblica,ou seja, isso

    ficava a cargo do Estado44, representado pelo magistrado com po-der de Imperiumcom a funo de garantir a segurana pblica; edelicta privata, que consistiam em infraes menos graves, quandoa funo de reprimir caberia ao particular ofendido, havendo a inter-ferncia estatal apenas para regular seu exerccio.

    Os delictapertenciam esfera do direito privado e a penapara esses delitos era, muitas vezes, pecuniria. Cria-se a criminaextraordinria, em meio a crimina pblicae a delicta privata. A penatorna-se, em regra, pblica45. As sanes so mitigadas e a pena de

    morte praticamente abolida, sendo substituda pela deportao epelo exlio.

    Para se entender a histria poltica de Roma, temos que adiviso de seu perodo histrico pode ser assim compreendida, comodescrito a seguir:

    O perodo arcaico. Esse perodo vai desde a fundao de Roma,no sculo VIII a.C, at o sculo II a.C.

    Uma das principais caractersticas do Direito Romano, nesseperodo, era que o direito apresentava-se de forma bastante primiti-va, o aspecto rgido era bastante acentuado, alm do formalismo.As regras religiosas eram observadas risca, sendo, elas, de forapreponderante para a formao do direito.

    43 FERRI, Enrico. Princpios de direito criminal. O criminoso e o crime. 2. ed. Campinas: Booksseler,