rosiingela cantin carvalho as dificuldades de aprendizagem...

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Rosiingela Cantin Carvalho AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DIANTE DAS FACILIDADES DO SISTEMA ATUAL DE ENSINO Monografia apresentada ao Curso de Pes- Gradua<;:ao em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial para a obtengao do grau de especialista. Orienta dora: Prof~ Maria Letizia Marchese. CURITIBA 2005 l SEro~!f\~Jil L__. -' I CONSlJLTA I : Ir\lTf--"r,r,!., ------_._._-

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Rosiingela Cantin Carvalho

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DIANTE DAS

FACILIDADES DO SISTEMA ATUAL DE ENSINO

Monografia apresentada ao Curso de Pes-Gradua<;:ao em Psicopedagogia da UniversidadeTuiuti do Parana, como requisito parcial para aobtengao do grau de especialista.

Orienta dora: Prof~ Maria Letizia Marchese.

CURITIBA

2005

lSEro~!f\~JilL__ . -'I CONSlJLTA I: Ir\lTf--"r,r,!.,------_._._-

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SUMARIO

1 INTRODUC;:AO 04

2 FUNDAMENTAC;:AO TEORICA .. . 06

21 DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIAN<;:A 06

2.1.1 Organiza<;ao Inteleclual Segundo Piaget 06

2.2 ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO EM PIAGET 07

2.2.1 Periodo Sensa rio Motor (0 a 2 anos) ..

2.2.2 Periodo Pre-Operacional (2 a 7 anos) ..

. 07

. 10

2.2.3 Periodo das Opera<;6es Concrelas (7 a 12 anos) 11

2.2.4 Periodo das Opera,6es Formais (12 a idade adulta) . . 12

2.3 FASE DA PRE-ADOLESCENCIA. . 13

2.4 DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL SEGUNDO VYGOTSKY. ... 14

2.5 DESENVOLVIMENTO AFETIVO SEGUNDO PIAGET . . 18

2.6 MOTIVA<;:AO DA APRENDIZAGEM ......................................... 21

2.7 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ATUAL DE ENSINO 22

3 APRESENTAC;:AO E DISCUSSAO DE UM CASO CLiNICO ..

3.1 APRESENTA<;:AO DO CASO .

3.1.1 Motivo do Encaminhamenlo ..

3.1.2 Anamnese.

3.1.3 Avalia,ao Psicopedagagica ..

3.1.3.1 EOCA (Entrevisla Interativa Centrada na Aprendizagem) .

3.1.3.2 Avalia,ao Intelectual (WISC) ..

. 34

. 34

......... 34

. 34

. 35

. 36

. 37

3.1.3.3 Avalia,ao Motora (Bender) e Exame Motor.. . 38

3.1.3.4 Avalia<;ao Pedagagica (Portugues e Raciocinio Matematico).. . 39

3.1.3.5 Avalia,ao Emocional..

3.1.3.6 Avalia,ao Visual ...

. 40

. .40

3.1.3.7 Avalia,ao de Audibiliza,ao .41

3.1.3.8 Parecer Diagnastico .41

3.1.3.9 Interven,ao Psicopedagagica - Processo Corretor .42

4.CONCLUSAO ....

REFERENCIAS .

. ............................................................•................. 45

..47

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RESUMO

Este trabalho tern par objetivo verificar as dificuldades que alguns alunosapresentam em aprender, apesar das facilidades proporcionadas pelo propriosistema atual de ensina, bern como dos recursos didaticos e da tecnologia que estaao alcance do professor. No processo ensino-aprendizagem, a escola deve levar emconta as fases naturais do desenvolvimento da crianga, motivando-a a aprender ediagnosticando os possiveis problemas apresentados pel os alunos. Urn estudote6rico fundamentou esta pesquisa que, num segundo momento, relata urn casaacompanhado par esta academica. Trata-se de urn adolescente de 14 anos queapresentou dificuldades de aprendizagem da Lingua Portuguesa. 0 trabalhocaracteriza-se como uma pesquisa descritiva, com a apresentag8.o e analise de urnestudo de caso. A analise do casa estudado permitiu comprovar que apesar dasfacilidades atuais de ensino, ainda existem dificuldades que, no en tanto, podem serresolvidas reconduzindo °aluno ao processo de aprendizagem.

Palavras-chave: aprendizagem, dificuldades de aprendizagem, processo en sino-aprendizagem

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1 INTRODU<;AO

o estagio na Clinica de Psicopedagogia da Universidade lUluti oportunizou

atendimento a um adoleseente eom 14 anos de idade, aeompanhado pela mae.

Durante as sess6es, p6de-se verifiear que esse adoleseente apresentava

dificuldades nos conteudos de comunicac;:ao e expressao, 0 que interiere em seu

aprendizado. Ele esta cursando a 79 serie do Ensino Fundamental em uma escola

estadual.

A aprendizagem e urn processo que S8 inicia bern ceda. A crianc;:a aprende a

falar, a andart a pensar, a comunicar-se. Essas apreensoes Ihe permitem estar em

cantata com Qutras pessoas, relacionando-se e aprendendo, num processo de

constru((ao que vai ocorrendo a partir da interac;:ao permanente dela com tudo que a

cerca. Assim, pode-se afirmar que a aprendizagem inicia-se antes da fase escolar.

Quando a crianc;:a chega a escola ja passui uma historia que pode ser com pasta par

uma integragao harmoniosa entre seu pensar, sentir, falar e agir, e, neste casa, a

busca e a construgao do conhecimento se dao de forma natural e espontanea.

Entretanto, pod em comegar a aparecer situag6es que desestabilizam essa

harmonia, e que nao tem origem em problemas organicos. Sao problemas de

pensamento, de expressao, de relagao com 0 mundo que, de acordo com Weiss

(1992), traduzem-se em difieuldades de aprendizagem. Quando isso oeorre, ao inves

de um sentimento prazeroso em descobrir e aprender, a crianga apresenta

sentimentos de irritabilidade e desinteresse, sinal de que alguma coisa esta errada.

Embora 0 aprender seja urn proeesso natural, ele tern uma grande

complexidade, pois envolve processos de pensamentos, emogoes, memoria,

percep9ao, conhecimentos previos (historia e experiemcias pessoais). Muitas vezes a

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crian\=a pode estabelecer uma rela\=ao de medo, ansiedade e angustia com a

aprendizagem, recusando-se a aprender, preferindo de forma inconsciente,

permanecer com comportamentos regredidos, sem se apropriar dos novos

conhecimentos que Ihe sao oferecidos. Esse comportamento e contrario ao processo

de aprendizagem, porque depende de aspectos afetivos-emocionais, cognitivos e

sociais que acontecem simultaneamente. Quando ocorre um problema num desses

aspectos, e como se houvesse urn impedimento em investir na energia necessaria

ao aprendizado, no desejo por parte da crian,a, para as aquisigoes escolares.

Bloqueios, frustrac;:6es e desinteresses poderao surgir e prejudicar 0 processo de

desenvolvimento.

E 0 desejo que impulsiona a construc;:ao cognitiva e a busca con stante no

caminho do saber. Eo atraves dos desejos, das faltas e ausencias que cada ser

humano e levado a ter a vontade de buscar com a conseqOente capacidade de

pensar.

o papel do educador nesse processo e 0 de permitir 0 desenvolvimento da

criatividade dos alunos, de modo a leva-los a redescoberta da alegria que pode

surgir do desejo de aprender.

A crian'ta que apresenta problemas como os aqui expostos, precisara de

ajuda para redescobrir 0 prazer de aprender. Eo para essa ajuda que existem os

profissionais de pSicopedagogia e com isso, justifica-se 0 tema deste trabalho.

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2 FUNDAMENTA9AO TEO RICA

2.1 DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL DA CRIAN<;A

2.1.1 Organizac;;ao lntelectual Segundo Piaget

Segundo Piagel (apudWADSWORTH. 1987), a alividade inleleclual nao pode

ser separada do funcionamenl0 total do organismo, porque elas fazem parte do

processo global, pelo qual 0 organismo S8 adapta ao meio e organiza as

experiencias. Para Piaget, a mente e dotada de estruturas do mesma modo que 0

corpo. Para exemplificar: todos os animais tern urn estomago, uma estrutura que

Ihes permite ingerir e digerir.

o aulor usou 0 termo esquema para ajudar a explicar porque as pessoas

apresentam respostas mais au menos estaveis aDs estfmulos e para explicar muitos

fenomenos associ ados a memoria. Esquemas sao as estruturas mentais au

cognitivas pelas quais as individuos intelectualmente adaptam-se e organizam 0

meio. Pode-s8 dizer que a crianya apresenta urn certo numero de esquemas, que

sao analog os aDs conceitos, categorias, ou fichas num arquivo. Quando confrontada

com um estimulo, a crianga tenta "encaixar" 0 estfmulo em um esquema disponfvel.

A medida que a crianya torna-se mais apta a generalizar os estimulos, os esquemas

tornam-se mais refinados. Portanto, 0 desenvolvimento lntelectual consiste em um

contfnuo processo de construyao e reconstruyao.

Os esquemas cognitivos do adulto sao derivados dos esquemas sens6rio-

motores da crianya. A crianga vai passando por processos de mudanya

denominados de assimila98.0 e acomoda9ao.

Assimilagao e 0 processo cognitiv~ pelo qual uma pessoa integra um novo

dado perceptual, motor au conceitual nos esquemas au padroes de comportamento

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ja existentes. A crianya tenta adaptar esses novos eventos ou estfmulos nos

esquemas que ela possui naquele momento.

Acomodayao e a criay8.o de novos esquemas ou a modificag8.o de velhos

esquemas. Ambas as agoes resultam em uma mudanga na estrutura cognitiva

(esquemas) ou no seu desenvolvimento. Uma vez modificada a estrutura cognitiva, 0

estimulo e prontamente assimilado. A assimilayao e sempre 0 produto final.

Equi/fbrio e um estado de balanyo entre assimilagao e acomoday8.o que

permite que a experiencia externa seja incorporada na estrutura interna (esquemas).

Quando ocorre a desequilibrio, ele proporciona motivayao para a crianya buscar a

equilibria, para depois assimilar au acomodar.

A construyao do desenvolvimento cognitivo se de. pelas at;:oes ffsicas e

mentais do sujeito sobre as objetos. As mudanyas qualitativas dessas estruturas

cognitivas VaG estimular 0 desenvolvimenl0 inlelectual da crian<;a (WADSWORTH

1987, p.19).

Quatro conceitos cognitivos basicos sao usados para explicar como e por que

a desenvolvimento cognitivo ocorre e que Piaget denomina de perfodos ou estagios.

Sao eles: 0 perfodo sensorio-motor; a pre-operacional; a das operayoes concretas e

o das operayoes formais.

2.2 OS ESTAGIOS DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO,,-""s,t

No primeiro estagio, que vai do nascimento ate um

2.2.1 Periodo Sensorio-Motor (zero a dois anos)

camportamento do recem-nascido caracteriza-se par reflexos inatos (par exemplo,

buscar com os labios, sugar, agarrar), que se tarnam mais eficientes e combinam-se

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mutuamente na formac;aode esquemas primitiv~s, tais como buscar e sugar. 0 bebe

esta "trancafiado no egocentrismo, sem qualquer consciencia do self como tal ou da

distin<;aoentre 0 selle 0 mundo externo" (PIAGET, apudWADSWORTH, 1987).

No segundo estagio, que compreende 0 perfodo de urn a quatro meses, 0

bebe comega a fazer distingao entre objetos. Como exemplo, cita-se que ao nascer,

ele chupa ativamente 0 seio (quando com fome). Agora, rejeita outros objetos

colocados em sua boca se ele quiser leite. Urn comportamento reflexo foi

modificado, 0 que indica que 0 bebe fez uma acomodagao ao meio ambiente.

Desenvolve ainda a coordenagao do uso dos olhos: ja e capaz de seguir 0

movimento dos objetos com seus olhos. Comega tambern a desenvolver a

coordenagao entre audigao e a visao. Observa-se que as criangas movem suas

cabegas em diregao aos sons e quando as faces das pessoas sao claramente

associadas aos sons emitidos por elas.

No Estagio 3, que vai dos quatro aos oito meses, 0 bebe aprende a adaptar

os esquemas familiares a novas situagoes, empregando-as para "prolongar os

espeto.culos interessantes" (FARIA, 1986). Seu interesse esto. focalizado menos no

proprio corpo e mais no mundo a seu redor. Procura alcangar os objetos, desde que

possa ve-Ios, porem 0 que esta fora da visao esta fora da mente. Emprega os

esquemas habituais de maneira "magica", como se considerasse suas ayoes

capazes de determinar a ocorrencia de eventos externos nao relacionados.

No Estagio 4, que vai dos oito aos doze meses, 0 bebe comeya a fazer uso

de meios para alcanyar fins. "A crianya apresenta a capacidade de combinar

comportamentos jo. adquiridos com 0 fim de realizar objetivos" (PIAGET, apud

WADSWORTH, 1987). Pode procurar os brinquedos parcialmente ocultos ou

escondidos bern diante de seus olhos. Emprega os esquemas conhecidos de novas

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maneiras, combinando~os e coordenando~os para adequa~los a novas situay6es

(esquemas moveis). Seu comportamento antecipatorio e sua imitayao de sons e

ay6es revelam os primordios da memoria e da representayao.

No estagio 5, que compreende 0 periodo dos doze aos dezoito meses, a

crian9a come9a a experimentar sistematicamente, variando seus esquemas em um

"tateamento orientado". Emprega novos meios, tais como bast6es e correntes, para

atingir os objetivos desejados, ou encontra novos usos para objetos ja conhecidos.

Pode acompanhar os deslocamentos visfveis de um objeto sendo escondido e

encontra~lo onde 0 viu pela ultima vez, mas nao infere nos resultados dos

deslocamentos nao vistos. Reconhece fotografias de pessoas ou objetos conhecidos

e pode acompanhar instruy6es verbais simples.

No estagio 6, que vai dos dezoito aos vinte e quatro meses, ocorre uma transi9aO

de um nfvel de inteligencia sensorio~motora para a inteligencia representacional. A

crianya torna~seapta a representar internamente (mentalmente) objetos e eventos e

subseqOentemente torna~se capaz de resolver problemas pela representayao.

Mostra~secapaz de deduzir os deslocamentos invisfveis de um objeto escondido e

sabe claramente que ele continua a existir, mesmo quando nao 0 ve (permanencia

do objeto). Comeya a usar simbolos na linguagem e nas brincadeiras de faz-de-

conta, recorda~se de acontecimentos passados e os imita em ocasiao posterior.

Demonstra orientayao, intencionalidade e apresenta os primordios do raciocfnio

dedutivo juntamente com uma compreensao primitiva do espayo, do tempo e da

causalidade. A crianya esta entrando no perfodo da representayao simbolica.

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10

2.2.2 Periodo Pre-Operacional (dois a sete an os)

a primeiro estagio Pre-conceitual corresponde ao periodo dos dois a quatro

anos. Nesse estagio a pensamento foi caracterizado por Piaget como egocentrico,

isto e, a crian<;aja sabe que nao pode assumir 0 papel au 0 ponto de vista do outra.

Ela acredita que todos pensam como ela e que todos pensam as mesmas coisas

que ela. Egocentrica, nao reflete sobre seus proprios pensamentos. Quando ocorre

uma contradic;ao, sla conclui que a evidencia deve estar errada, pais seus

pensamentos sao corretes. A crianc;afala consigo, mesma quando em presenc;a de

terceiros (nos mon61ogos coletivos). Frequentemente nao ha os Qutros para ela. 0

comportamento verbal envolve muito pouco intercambio de informa98o 8, na sua

maior parte, ele e nao social. A crianc;aopera em nivel de representac;8.osimb6lica, 0

que S8 evidencia na imitac;aoe na memoria, exibidas nos desenhos, nos sonhos, na

linguagem e na atividade do faz-de-conta. Surgem as primeiras tentativas super

generalizadoras de conceituac;ao, nas quais as representantes de uma classe nao

sao distinguidos da propria classe (por exemplo, todas as lesmas sao "a lesma")

(SHEFFER, 2003, p.10).

a pensamento da crianc;a,nesse estagio, tende a centrar ou fixar sua atenc;ao

sabre um numero limitado de aspectos perceptuais do estimulo. Ao ser solicitada a

comparar duas fileiras de objetos semelhantes, uma contendo nove objetos e a

outra, mais 10nga,com apenas sete (porem, mais distante um do outro), selecionara

a fileira visivelmente maior, como tendo "mais" objetos. Isso acontecera mesmo

quando a crianya "sabe" cognitivamente que nove e mais que sete. A avaliayao

perceptiva dominara a avaliayao cognitiva. A inexistencia do pensamento de

reversibilidade a impede de manter a equivalencia de numera frente it mudan,a

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II

visual numa dimensao (comprimento) que e irrelevante para 0 canceito de nLimero

(WADSWORTH, 1987, p.79).

No estagio Pre·L6gico DU IntuitivD, que vai dos quatro aDs sete anos, a

intera,ao social com os parceiros de grupo e a presen,a do conflito dos proprios

pensamentos com as dos Dutro, eventualmente obriga a crian<;:a a questionar e

verificar os seus proprios. A verdadeira fonte de conflito, a intera~aosocial, vern a

ser a fonte de verific8c;8.0da crian9a.

o raciocinio pre-16gico asia baseado em aparencias perceptuais (par

exemplo, meia xfcara de leite que encha completamente urn copo pequeno e rnais

do que meia xfcara que nao encha urn copo grande). a ensaio e 0 erro podem levar

a uma descoberta intuitiva das relayoes correlas, mas a crianga e incapaz de

considerar mais de urn atributo de cad a vez (por exemplo, as contas azuis nao

podem, ao mesmo tempo, ser contas de madeira). A linguagem e usada de maneira

egocentrica, refletindo a experiencia limitada das crianc;as.

2.2.3 Periodo das Operas;oes Concretas (sete a doze anos)

Durante 0 desenvolvimento operacional concreto, a crianc;a desenvolve

processos de pensamento logico (opera<;6es)que podem ser aplicados a problemas

reais (concretos). Ela e capaz de solucionar problemas de conserva<;aoe apresenta

argumentos corretos para suas respostas. Seu pensamento e menos centralizado e

egocentrico, e suas percepc;oesacompanham as transformac;oese a reversibilidade

das ac;oes. Reconhece que uma xfcara de leite tem 0 mesmo volume, quer seja vista

em um copo alto e estreito, quer em um baixo e largo. Essa caracteristica acelera

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imensamente 0 raciocfnio logieD e torna possfveis dedugoes do tipo: "S8 2 + 2 = 4,

entao 4 - 2 deve ser igual a 2" (PIAGET, apudWADSWORTH, 1987).

o nfvel das operag6es concretas e urn perfedo de transiyao entre 0

pensamento pre-operacional e 0 pensamento formal.

Pode-se observar que 0 desenvolvimento intelectual evolui desde 0

conhecimento elaborado a partir de experiencias concretas do perfedo sens6rio-

motor ate a capacidade de representar simbolicamente essas experiencias e, par

tim, de pensar nelas de modo abstrato. As criangas podem descentrar a percepgao e

perceber as transformagoes. A reversibilidade do pensamento e desenvolvida. As

duas opera<;:oes intelectuais importantes que S8 desenvolvem sao a seriac;:ao e a

classificac;ao, as quais formam a base para 0 conceito de numero.

2.2.4 Periodo das Operac;:6es Formais (doze anos a idade adulta)

Por volta dos 11 ou 12 anos, a crianc;a plenamente desenvolvida e capaz de

raciocinar logicamente sobre 0 presente, 0 passado e futuro, bem como sobre

problemas hipoteticos que jamais experimentou diretamente. Essa capacidade de

criar hipoteses caracteriza 0 periodo das operac;oes formais, 0 ultimo e mais elevado

periodo no modelo de desenvolvimento de Piaget. 0 pensamento formal tem como

propriedades estruturais ser hipotetico-dedutivo, cientifico-indutivo e reflexivo-

abstrato.

o raciocinio hipotetico permite raciocinar sobre problemas total mente

simb6licos (construidos em suas mentes) e de deduzir conclusoes logicas.

o raciodnio indutivo e 0 que vai dos fatos especfficos as conclusoes gerais. E

ele 0 principal processo de raciodnio empregado pelos cientistas para chegar a

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generaliza<;6es ou leis especfficas. Permite pensar, considerando diferentes

variaveis ao mesmo tempo.

o raciocfnio reflexivo~abstrato e um pensamento interne ou reflexao baseada

no conhecimento disponivel. Ele possibilita as analogias, as compara<;6es entre

pares. Por exemplo: 0 cachorro esta para pelo assim como 0 passaro esta para

penas. Os quatro membros da analogi a - cachorro, passaro, pelo e penas - sao

todos objetos comuns conhecidos pel a maioria das pessoas, por meio da

experiencia. 0 nucleo da analogia e a relagao entre cachorro~pelo e passaro~penas.

A rela,ao nao e observavel e s6 se da pela reflexao (abstra,ao reflexiva).

2.3 FASE DA PRE-ADOLESCENCIA

Segundo Piaget (apud WADSWORTH, 2000, p.147), 0 adolescente etipicamente aquele que ja ingressou no est8ogio das operagoes formais e est80

desenvolvendo ou j80desenvolveu as capacidades de raciocfnio cognitiv~ e afetivo

proprias deste estagio. As operagoes logicas permitem ao jovem raciocinar

logicamente sobre uma ampla classe de problemas 16gicos tao bem quanto os

adultos, diferindo deles pelo nfvel de desenvolvimento cognitiv~ e afetivo alcangado,

e pelo egocentrismo do pensamento que 0 acompanha. 0 egocentrismo pode ser

observado pel a sua incapacidade de diferenciar a sua maneira de pensar e 0 mundo

real. No pensamento do adolescente, 0 criterio para os julgamentos passa a ser 0

que e logico para ele, como se 0 logico fosse sempre 0 certo e 0 ilogico sempre a

errado. Em decorrencia, a independencia intelectual surge com forga, muitas vezes

apresentando-se como rebeldia em rela<;aoas autoridades em geral (ZAGURY,

1996, p.26). Este fato esta ligado a essa recem-adquirida capacidade de abstra,ao,

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reflexao e generalizayao, a partir de hipoteses. Essa nova habilidade leva as jovens

a uma abordagem mais filos6fica e independente sobre quaisquer conceitos que

Ihes sejam apresentados. Assim, S8 anteriormente tudo que Ihes era dito -

principalmente pelos pais e professores - era aceilc como verdade absoluta, agora

nao e mais. Comevam a questionar as principles da sociedade, da religiao, da

politica e ate da familia. Tern tendencia a buscar novas alternativas, novas

respostas.

Piaget acreditava que, em parte, 0 pensamento e 0 raciocinio do adolescente

sao necessariamente aqueles de um sonhador de um mundo melhor (mais logica).

Esclarece que tal raciocinio, embora egocentrico, corresponde a uma fase natural e

normal no desenvolvimento e refinamento da inteligencia social. A tase do ideal

reformador pode ser compreendida como necessaria para um eventual equilibrio em

um nivel superior.

A verdadeira adapta,ao a sociedade chega automaticamente, quando 0

adolescente retormador tenta colocar suas ideias no trabalho. Tal como a

experiencia reconcilia 0 pensamento formal com a realidade, assim tambem 0

trabalho permanente e efetivo, empreendido em situa,oes concretas bem definidas,

cura todos os sonhos (PIAGET, apudWADSWORTH, 1987 p. 6).

As transformac;6es ocorrem rapidamente nesta fase de adolescencia,

observada fisicamente bem como nas relac;6es afetivas. Cabe aos pais,

acompanharem com muita atenc;ao os mhos. Aquele que sempre obedecia, tinha

aos pais como autoridade, que tudo 0 que diziam era 0 certo, agora comporta-se

com rebeldia desafiando as normas. Os pais devem ter claro 0 seu papel de

orientayao aos filhos, de impor limites quando necessario e de se fazer respeitar.

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Isso sera muito importante para a superactao dessa fase proporcionando uma base

salida na formactao de urn adulto integra, com valores marais e respeito ao proximo.

2.4 DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL SEGUNDO VYGOTSKY

Vygostsky baseou seus estudos numa integra\,ao do homem enquanto corpo

e mente, enquanto ser biologico e ser social e enquanto membra da especie

humana e participante de um processo historico (OLIVEIRA, 1998, p.23).

Tres ideias centrais dessa abordagem podem ser consideradas como "pilares"

basicos de sua teoria:

I - As fun\,oes pSicologicas tem um suporte biologico, pois sao produtos da

atividade cerebral. 0 cerebra nao e urn sistema de funyoes fixas e imutaveis, mas

um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento

sao moldados ao longo da historia da espacie, e do desenvolvimento individual. A

plasticidade e aquilo que pode ser moldado pela a\,ao de elementos externos.

II - 0 funcionamento psicol6gico fundamenta~se nas rela90es sociais entre 0

indivfduo e a mundo exterior, as quais desenvolvem~se num processo hist6rico.

o hom em transforma-se de biologico em socio~historico, num processo em

que a cultura e parte essencial da constituiyao da natureza humana. 0

funcionamento psicologico, particularmente no que se refere as fun\,oes psicologicas

superiores, tipicamente humanas, esta baseado fortemente nos modos cultural mente

construidos de ordenar 0 real. Processos mentais superiores que caracterizam 0

pensamento tipicamente humane - actoes conscientemente controladas, atenyaO

voluntaria, memorizayao ativa, pensamento abstrato, comportamento intencional -

sao processos mediados par sistemas simb6licos. Os elementos mediadores na

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rela<;ao entre 0 homem e 0 mundo - instrumentos, signos e todos os elementos do

ambiente humano, carregados de significado cultural - sao fornecidos pelas

rela<;oes entre as homens. as sistemas simbolicos, e particularmente a linguagem

exercem urn papel fundamental na comunicag8,o e no estabelecimento de

significados, que permitem interpreta<;6es dos objetos, eventos e situa<;6es do

mundo real.

III - A rela<;aohomemlmundo e mediada par sistemas simbolicos. Media<;ao,

em termos genericos, e 0 processo de interveng8.o de urn elemento intermediario

numa relagao; a rela<;ao entao deixa de ser direta e passa a ser mediada par esse

elemento, par meio de ferramentas auxiliares da atividade humana.

Para Vygostsky (1984, p.97) 0 desenvolvimento esta relacionado aaprendizagem. Existe urn percurso de desenvolvimento, em parte definido pelo

processo de maturagao do organismo individual, pertencente a especie humana,

mas e 0 aprendizado que possibilita 0 despertar de processos internos de

desenvolvimento que, se nao fosse 0 contato do individuo com certo ambiente

cultural, nao ocorreria. Por exemplo, urn individuo que vive num grupo cultural

isolado que nao disp6e de um sistema de esc rita nao con segue desenvolve-Ia. Se

continuar isolado nesse meio cultural que desconhece a esc rita, este individuo

jamais sera alfabetizado. Isto e, so 0 processo de aprendizado da leitura e da escrita

(desencadeado num determinado ambiente s6cio-cultural onde isso seja possivel)

poderia despertar os processos de desenvolvimento do individuo que permitiriam a

aquisic;8.o da leitura e esc rita. 0 desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta de

situa<;6espropicias ao aprendizado.

Vygostky da grande importancia na rela<;aosocial do individuo para 0 seu

desenvolvimento e aprendizado na aquisic;8.o de novos conhecimentos. Esta rela<;:8.o

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envolve 0 conceito de zona de desenvolvimento proximal. Aquila que 0 sujeito "saba

fazer" que seria 0 seu conhecimento real sabre determinado ass unto au tarefa

mediado pelo Dutro social, levaria 0 indivfduo ao conhecimento desejado -

conhecimento potencial - par meio da orientay8,o de urn adulto au em colaborac;ao

com companheiros mais capazes.

A zona de desenvolvimento proximal refere-se, assim, ao caminho que 0

individuo vai percorrer para desenvolver as fun<;oes que estao em processo de

amadurecimento, e que sa tarnarao func;oes consolidadas, estabelecidas no seu

nfvel de desenvolvimento real. E urn dominic psicol6gico em constanta

transformay8.o: aquila que uma crianc;a e capaz de fazer com a ajuda de alguem

hoje, ala conseguira fazer sozinha amanha. E como se 0 processo de

desenvolvimento progredisse mais lentamente que 0 processo de aprendizado. aaprendizado desperta processos de desenvolvimento que, aos poucos, VaG tornar-se

parte das fun,ces pSicol6gicas consolidadas do individuo.

Na concep,ao de Vigostky (OLIVEIRA, 1998, p.62), 0 aprendizado impulsiona

o desenvolvimento, e sendo assim, a escola tem um papel essencial na construgao

do ser psicol6gico adulto dos indivfduos que vivem em sociedades escolarizadas.

Mas 0 desempenho desse papel s6 se dar'" adequadamente quando, conhecendo 0

nivel de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir 0 ensino nao para etapas

intelectuais ja alcanc;:adas. mas sim, para estagios de desenvolvimento ainda nao

incorporados pelos alunos, funcionando realmente como motor de novas conquistas

psicol6gicas. 0 professor tem 0 papel explicito de interferir na zona de

desenvolvimento proximal de seus alunos, provocando avanyos que nao ocorreriam

espontaneamente. as procedimentos regulares que ocorrem na escola -

demonstra,ao, assistencia, fornecirnento de pistas, instru,ces - sao fundamentais

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na promoyao do "born ensina" Isto e, a crianya nao t8m condic;oes de percorrer,

sQzinha, 0 caminho do aprendizado. A intervenyao de outras pessoas - que, no case

especffico da escola, sao 0 professor e as demais crianc;as - e fundamental para a

promoyao do desenvolvimento do individuo.

Pelo exposto, pode-s8 compreender como as estruturas do conhecimento S8

desenvolvem. Mas ha Dutro aspecto a ser compreendido, que e 0 afetivo. De acordo

com Piaget (apud WADSWORTH, 1987, p. 6), esse aspecto afetivo tem uma

profunda influencia sabre 0 desenvolvimento intelectual. Todo comportamento tern

ambos os elementos: 0 afetivo e 0 cognitive. 0 aspecto afetivo pode acelerar ou

diminuir 0 ritmo do desenvolvimento.

2.5 DESENVOLVIMENTO AFETIVO SEGUNDO PIAGET

Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendencias, valores e emoyoes

em geral. Para este trabalho, interessam particularmente dais aspectos do afeto que

estao relacionados com a desenvolvimento intelectual. Um deles e a motivayao au

energizayao da atividade intelectual. "Para uma estrutura de conhecimento

funcionar, alga deve aciona-Ia, originar a esforyo a ser desenvalvido a cada

momento e desliga-Ia" (BROWN & WEISS 1987, p.63).

o segundo aspecto refere-se a sele<;ao. A atividade intelectual e sempre

dirigida para objetos ou eventos particulares. Par que estes em particular? 0

interesse, associ ada ao "gostar" e ao "nao gostar" e um exemplo comum da

afetividade no trabalho, afetando a sele<;aodas atividades intelectuais.

o aspecto afetivo tem grande influencia sobre a desenvolvimento intelectual.

Ele pode acelerar au diminuir a ritmo de desenvolvimento; determina sabre que

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conteudos a atividade intelectual se concentrara (PIAGET, apud WADSWORTH,

1987 p. 6).

Inicialmente, no periodo sensoria-motor, 0 afeta esla associado aos

comportamentos reflexos do recem-nascido, na busca de alimentac;ao e da

liberta,ao de desconforto. Eles sugam e choram.

No segundo estagio desse periocto, que ocorre do primeiro ao quarto mes, 0

be be nao S8 diferencia ainda dos objetos do ambiente. 0 eu e 0 ambiente sao urn

so. Surgem os primeiros sentimentos adquiridos (alegria, tristeza, prazer, desprazer)

de desapontamento, ligados a a,ao. Os afetos nao sao ainda "transferidos" para

outros por que ele ainda nao os percebe (WADSWORTH, 1987, pA7).

Par volta dos oito meses, no quarto estagio do perfodo sensoria-motor,

surgem tres aspectos importantes do desenvolvimento afetivo:

- as ac;:6es intencionais - as eoisas que sao uteis na obtenc;8.o dos fins

comec;am a adquirir valor para a crianc;a;

- as primeiros sentimentos de sucesso e fracasso: as crianc;as sao atraidas

pelas atividades em que sao bem sucedidas;

- as crian,as come,am a investir afetividade em outras pessoas. E 0

primeiro pas so para 0 desenvolvimento "social". Ate esse momenta os

sentimentos eram voltados para si mesma. Com a diferenciayao cognitiva

que ela faz de si em rela,ao aos objetos, sentimentos como gostar e nao-

gostar podem comeyar a ser dirigidos para os outros.

No perfodo pre-operacional comeyam a se desenvolver os conceitos morais.

Como 0 pensamento da crianya ainda esta dominado pelo egocentrismo, he. uma

incapacidade de assumir os pontos de vista dos outros.

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Piaget (apudWADSWORTH, 1987, p. 38) observou por meio dos jogos, que a

crianc;anessa idade brinca e jog a sQzinha, apenas como habito e desejo pelo prazer

muscular e motor. A atividade nao e social; nao ha can sci en cia de regras, de

interac;ao social ou cooperayao. As regras no inicio sao vistas como fixas e

permanentes. Devern ser acatadas par urn dever de respeito a autoridade. Devida

ao egocentrismo proprio dessa fase, surge a chamada moral heter6noma - ausencia

de moralidade propria do sujeito, moral da obediencia.

A criany8 relaciona-se com Qutras da mesma idade, po rem par meio da

imitac;ao, pais acha que esta de acordo com as regras, simplesmente porque as

imita, obedece, nao S8 importando ainda com os resultados do adversario. Para

elas, 0 que e certo ou errado esta determinado (pela autoridade), nao sujeito as suas

proprias avalia,6es (LA TAILLE, 1951, p.49).

Par volta de sete au oito an os a crian9a comec;a a fazer avaliac;oes das ac;oes,

considerando a que e correto au nao, bem como a considerar as efeitos das ac;oes

sobre os outros (WADSWORTH, 2000 p.119). Ela come9a a mudar de uma

moralidade heter6noma de obediencia a valores preestabelecidos (respeito

unilateral), uma moralidade de coopera,ao e avalia,ao.

A autonomia moral surge com a reversibilidade das opera90es em nivel

cognitivo e reciprocidade no plano social.

As crianc;as desenvolvem a capacidade de perceber a ponto de vista dos

outros, de considerar as interac;oes que melhor se adaptarem ao mundo social. Com

o desenvolvimento das operac;oes formais, as regras sao entendidas como

necessarias a cooperac;ao.

Mentir e visto como um comportamento errado porque ele quebra a

confian,a. A justi9a passa a ser compreendida em rela,ao as inten,oes. As

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punic;6es, consideradas como adequadas para as transgress6es sociais, sao

aquelas baseadas na equidade.

PIAGET(apud WADSWORTH, 1987 p. 6), afirma que pelas observagoes dos

jogos das crianc;as existe urn duplo aspecto (atividade e interesse). em que elas S8

libertam de seu egocentrismo social e intelectual, capacitando-se para novas

coordenag6es, tanto para a inteligencia quanta para a afetividad8. Os instrumentos

que permitirao esta dupla coordenac;ao sao constituidos pel a operac;ao, no tecante ainteligencia, e pela vontade, no plano afetivD, esta considerada como verdadeiro

equivalente afetivQ das operagoes da razao.

2.6 MOTIVA9Ao DA APRENDIZAGEM

De acordo com Pilelli (1997, p. 63), a motivagao e fatar fundamental da

aprendizagem, pois sem ela nao ha aprendizagem.

Motivar significa predispor 0 individuo para certa comportamento desejavel

naquele momento. 0 aluno esta motivado para aprender quando esta disposto a

iniciar e continuar 0 processo de aprendizagem, quando esta interessado em

aprender urn certo assunto, em resolver um dado problema.

A motiva«ao e intema a quem aprende. Sup6e certos fatores externos que a

desafiam, provocam, questionam (MASLOW, 1964).

Segundo Mouly (1973, p.2S8-9) sao tres as funyoes mais importantes dos

motiv~s, descritos a seguir.

as motivos que ativam 0 organismo e que levam 0 individuo a uma atividade,

na tentativa de satisfazer suas necessidades. Qualquer necessidade gera tensao,

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desequilfbrio. AS motivos mantem 0 organismo ativo ate que a necessidade seja

satisfeita e a ten sao desaparec;a.

Os motivos que dirigem 0 comportamento para um objetivo. Nao basta que 0

organismo esteja ativD, e preciso que sua 89ao S8 dirija para urn objetivo adequado.

Assim, na sala de aula, nao e suficiente que os alunos participem de varias

atividades dispersas, sem sentido. E necessaria que essas atividades sejam

orientadas para objetivos que satisfayam necessidades individuais.

as motivQs selecionam e acentuam a resposta correta. As respostas que

conduzem it satisfagao das necessidades serao aprendidas, mantidas e

provavelmente repetidas quando uma situag8.o semelhante S8 apresentar

novamente. Assim, melhor do que afirmar que 0 professor deve motivar 0 aluno, e

dizer que ele deve apresentar objetivos adequados para satisfaze-Ios.

Para a crianya, a vida e uma mesa posta com uma variedade infinita demanjares, onde, em qualquer momento, ela encontra alimentos a seu gosto.Se reduzirmos essa escolha apenas a algumas variedades, pode aconlecerque a crianya se afasle, que mostre fastio ou repulsa, que se oponha e batacom os pes no chao (FREINET, 1979, p.126-7).

Tapia (2000, p. 7-10), defende que 0 interesse escolar na~ depende de um

unico fator, seja ele pessoal ou contextual. No pessoal, a motiva«ao esta Ilgada aintera«ao do professor com 0 aluno e/ou a classe, devendo destacar 0 objetivo,

procurando aprofundar-se no conhecimento. No contextual, destacam-se: 0 inicio da

aula, a organizayao das atividades, a interayao do professor com 0 aluno e a

avalla«ao. Estes t6picos depend em da iniciativa do professor e da sua forma de

preparar a sua aula.

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2.7 FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ATUAL DE ENSINO

A escola pode-se atribuir uma func;ao social de integrac;ao da cultura e aD

mesmo tempo de contribui<;ao (por mais modesta que seja) para a democratiza<;ao

da sociedade (PARO, 2001, p.84).

Na Gracia antiga, as pessoas recebiam educac;:ao de acordo com a casta

social. (BARROS, 1998). Ate a algumas decadas a escola publica fundamental

brasileira assemelhava-se aquela da Grecia, paiS abrigava as mhos das camadas

medias e altas da sociedade, em que sua func;ao primordial era preparar as jovens,

encaminhando-os para as ocupac;:oes medias no mercado de trabalho (contadores,

funcionarios das burocracias publicas e privadas, professoras e professores do

ensina fundamental, etc), au oferecer-Ihes condic;6es para concorrer a uma vaga na

universidacte. Como as grupos sociais a que servia tinha poder de pressao junto aD

Estado, este previa 0 sistema escolar dos recursos necessarios, oferecendo

condic;6es adequadas para 0 desenvolvimento das atividades escolares pagan do

salarios condignos aos mestres que, inclusive gozavam de consideravel prestfgio e

status social em retribuic;8.oao papel importante que exerciam na preparac;8.o

intelectual dos filhos das famflias mais privilegiadas.

as educadores escolares podiam experimentar certa realizac;8.oprofissional,

na medida que podiam perceber, de forma mais ou menos imediata, a concretizac;8.o

dos objetivos a que se propunham com sua a98.0 educativa.

Com a democratiza<;aoda Escola publica, esta passa a apresentar condi<;6es

cada vez piores de funcionamento, 0 que leva a transferencia para a rede escolar

privada dos filhos dos grupos sociais de melhor situa<;aoecon6mica e com maior

poder de pressao sobre Estado. A rede publica passa, entao, a atender uma

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populaQao total mente diversa daquela a qual estava habituada a servir, 56 que,

agora, sob precarias condigoes de funcionamento, ja que 0 Estado brasileiro, porta-

voz, em muito maior medida, dos interesses das elites economicas, tern-S8 mostrado

inteiramente desinteressado pela apropriayao do saber por parte das camadas

pobres e majoritarias da popula,ao que procuram a escola publica fundamental.

Com 0 aprofundamento da crise economica, algumas parcelas das camadas

medias menos favorecidas, incapacitadas de arear com as altos pregos da escola

particular, t9m buscado a escola publica, mas sua inserc;8.o S8 da em condi90es

bastante diferentes das vigentes decadas atras, quando a escola atendia apenas

uma minoria da popular;8.o.

Estudiosos da educa,ao e muitos educadores parecem acreditar que a queda

na qualidade de ensino da escola publica consiste no fato de que a escola hoje, nao

consegue alcancraras objetivos que alcanc;avam decadas atras para seus usuarios -

preparar as pessoas para ocupar as postos profissionais de maior prestfgio au para

entrar na universidade.

Os objetivos a que a escola se propunha anteriormente, preparar para 0

ingresso na universidade, pod em muito bern ter mudado diante da diversidade da

populayao a que se destina.

as altos indices de reprovayao e evasao escolar expressam em parte a

incompetencia da escola publica, porque mesmo a imensa maioria das pessoas que

sao aprovadas esta longe de apresentar um padrao minimo satisfatorio de

apreensao dos conteudos que a escola diz oferecer (PARO, 2001).

Com isso, a qualidade, que deve ser condi,ao propria para a existencia da

escola, e inexistente. No entanto, a qualidade tem a ver com toda e qualquer

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atividade exercida na escola e a escola publica tem demonstrado incompetemcia

para isso.

A incompetencia da escola publica deve-se em grande parte, ao fato de que,

devido a pressao da populagao exercida sobre 0 Estado a oferecer escola para

todos, este se exime de se comprometer com qualquer padrao minimo de qualidade

dos serviyos oferecidos. Os usuarios, por nao pagarem pel a educayao que recebem,

sentem-se incapazes de cobrar um bom ensino (PARO, 2001).

A partir da saida da escola publica dos grupos sociais que tinham maior poder

de pres sao, 0 Estado deixou de interessar-se pela qualidade do ensino basico.

Como acontece em todo processo de produgao, a baixa qualidade esperada de um

bem ou serviyo a ser oferecido possibilita a utilizagao, em sua elaboragao, de meios

de produc;aoe de forga de trabalho tambem de baixa qualidade, ou seja, aqueles

que, em geral, estao disponlveis no mercado em maior quantidade e a preyos mais

baixos (PARO, 2001).

Isso indica a necessidade de adequar a escola aos interesses da populagao.

Entretanto, como afirma 0 autor, essa adequagao aponta para mudanc;as nos

metodos enos conteudos, que certamente serao diferentes de outros grupos

sociais.

Por isso, M urn enorme carninho a percorrer no sentido de refazerinteirarnente os curriculos e programas, procurando selecionar, entre airnensa garna de conhecirnentos acurnulados historicarnenle, aqueles quernelhor sirvam ao prop6sito de fornecer aos usuarios elementos culturaisnecessarios quer para melhor conduzir-se em sua vida pessoal, naprodw;:ao de sua existencia material e social. quer para captar maiscriticamente 0 real. lutando para superar as injuslic;:as de que sao vftimas(PARO, 2001, p. 91).

As escolas da Rede Municipal de Ensino de Curitiba, desde a implantagao da

Lei de Diretrizes e Bases da Educac;aoNacional, vem se esforc;ando para executa-Ia

da melhor maneira possivel, investindo na capacitagao de seus professores visando

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a melhoria da qualidade do ensina e na perspectiva de entendimento coletivQ dessa

proposta curricular basic8. Cursos, oficinas, seminarios internos e extern as tern side

oferecidos, em que a concep<;ao pedag6gica e interacionista e a abordagem

metodologica das diversas areas do conhecimento tern sido 0 foco central de

estudos com professores e equipes pedagogico-administrativas.

Alem disso, as escolas contam com facilidades proporcionadas par novas

recursos visuais, informagoes e tecnologias que procuram ajudar 0 professor a

despertar 0 gosto pelo aprender. 0 computador, que esta em praticamente todas as

escolas, e uma ferramenta muito util e de facil manuseio. Nos dias de hoje, as

crian98S, ate mais que as adultos, sabem manus8fHo. Alem disso, e uma exigencia

de todos as segmentos da sociedade, sendo entao, uma necessidade da escola.

Nesse sentido, Moran et aI., (2000, p. 44 ) afirmam que

Cada vez mais poderoso em recursos, velocidade, programas ecomunicat;ao, 0 computador nos permite pesquisar, simular situat;oes, teslarconhecimentos especfficos, descobrir novos conceilos, lugares, ideias.Produzir novos textos, avaliat;oes, experiencias. As possibilidades vandesde seguir algo pronto (tutorial), apoiar-se em algo semidesenhado paracomplementa-Io ale criar algo diferenle, sozinho ou com outros.

o computador torna-se assim, uma fonte de aprendizado. Mesmo assim,

segundo alguns estudos de profissionais da area de curriculo de educagao especial

da rede municipal de ensino de Curitiba, mais da metade das crianc;as com idade

entre 7 e 14 anos que freqOentam a escola, chegam a 4~ serie sem saber ler ou nao

en tend em 0 que leem, sao os cham ados "analfabetos funcionais". Quando

encaminhados para avaliagao pel as equipes de Avaliagao Diagnostica

Psicoeducacional nao precisam participar de Programa de Educagao Especial. Sao

crian9as que, se orientadas adequadamente durante 0 processo normal de

aquisi9ao de conhecimentos, pod em obter sucesso escolar pleno.

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Mas esse processo de avalia<;8.o mostra-S8 falha. Crian<;8s que

apresentassem problemas deveriam ser encaminhadas para uma avalia<;8.o mais

abrangente para verificag8.o da necessidade de programas especiais. E importante

frisar que quanta antes S8 identificar as problemas de aprendizagem mais facit sera

para 0 aluno 0 seu processo de melhora. A identific8<;ao precoce e apontada

sistematicamente como maneira de ajudar as crian<;as que necessitam de Qutros

servigos educacionais, par permitir a cria<;ao de meios de encaminhamento e a

avaliagao de programas educacionais de intervenyao. E ainda, permite modificar 0

envolvimento familiar, social e educacional, facilitando a criang8 a apropriagao

precoce de aquisi<;oes basicas de aprendizagem. Oe igual modo, quando mais cedo

for a intervenyaO, maior sera a mobilizay8.o do potencial de desenvolvimento dessas

crianyas.

A avaliayao deve servir para medir a grau de desenvolvimento e experiencia

do aluno permitindo ainda, "sua inscriyao na serie ou etapa adequada ... " (Art. 24,

letra "c" da Lei 9.394/96, In: BRANDiio, 2003, p. 70). Com tao alto nivel de

reprovay8.o percebe-se que a avaliayao que tern sido feita nao esta servindo aos

seus prop6sitos. No entanto, a letra "a" desse mesmo artigo diz que a avaliay8.o

deve ser "continua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalencia dos

aspectos qualitativos ao Ion go do perfodo sobre os de eventuais provas finais" (In:

CASTRO, 1998, p. 195). A propria Lei preve que a escola deve prover meios para a

recuperayao dos alunos com menor grau de rendimento, cumprindo aos docentes 0

estabelecimento de estrategias (CASTRO, 1998). Mas, de acordo com a citada

autora, e tendo como base a LOB, para a 1~ serie, nao he. avaliayao formal, apenas

acompanhamento e registros do desenvolviment~\\)~~no. Entende-se que a,,-"" 1:,~ '2-;z. .-\~,,~,i;;:~:~

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promoC(ao do atuno, sem suporte para enfrentar a serie seguinte, ira comprometer

sua aprendizagem, como reforgam as altos niveis de reprova<;8o.

A Lei serve para regulamentar 0 ensina, mas de certa maneira veia facilitar a

progressao do aluno mesma quando nao sao atendidas as condi((oes necessarias

para a ocorrencia da progressao continuada. Este e um problema da utilizagao do

conceito de "progressao continuada" no que diz raspeito a sua utiliza98.o pratica no

cotidiano da organiza<;:aopedag6gica da escola, au seja, transforma-Ia em promogao

automatica do aluno. Quando isso acontees, 0 aluno passa as series (au cielos)

seguintes sem que tenha aprendido os contaudos mfnimos adequados aquela serle

(au cicio) escolar. Na pratica observa-se negligencia das administra\=6es escolares

em assegurar as condic;:6es necessarias para sua ocorrencia efetiva, privilegiando

apenas os aspectos meramente quantitativos em detrimento dos aspectos

qualitativos de uma polftica de avalia9ao educacional, sendo que os maiores

prejudicados sao sempre os alunos, sem con tar 0 fato de que, eventualmente, tal

procedimento sirva apenas para maquiar as estatisticas de "aprovados" (BRANDAO,

2003, p.88). Sendo assim, percebe-se a necessidade de adequagao das escolas

tambem nesse aspecto.

Urn outro aspecto que chama a atenQ:ao sobre a escola publica sao seus

recursos financeiros. A Emenda Constitucional no;!. 14/96 criou 0 Fundo de

Manutengao e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorizagao do

Magisterio - FUNDEF. Ocorre que 60% desses recursos (que representam 15% da

arrecadagao global dos impostos de estados e municipios) sao transferidos para a

manuten9ao do Ensino Fundamental. Esse sistema foi implantado nacionalmente,

em 1Q de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistematica de

redistribui9ao dos recursos destinados ao Ensino Fundamental. Essa questao

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tambem e destacada na Lei de Oiretrizes e Base da Educac;ao Nacional (LOB) no

artigo 69: "A Uniao aplicara, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, 0

Distrito Federal e os Municfpios, vinte e cinco por cento, ou 0 que consta nas

respectivas Constitui<;:6es ou Leis _Organicas, da receita resultante de impostos,

compreendidas as transferencias constitucionais, na manuten<;:ao e desenvolvimento

do ensino publico" (In: BRANOii.o, 2003, p. 144).

Oesde janeiro de 2002, os investimentos na habilitac;ao elou capacitac;ao de

professores foram custeados com recursos do Fundo, no entanto, com a parcela de

ate 40% dos recursos transferidos, restam 10% ou 0 que resultou da amplia<;:ao de

recursos vinculados pelas leis organicas municipais (artigo 69 da lei 9394/96), para

atua<;:ao dos municipios, no ensino fundamental. E previsto no artigo citado, inciso V

da LOB, que disp6e aos municipios, mas s6 permitida a atuagao em outros nlveis,

quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua area de

compet"ncia, ou seja, 0 ensino fundamental (BRANOAQ, 2003).

Ocorre que a distribui<;:ao desses recursos deveria ser feita com base no

numero de matriculas, mas, de acordo com Davies (1999), ele serve para

enfraquecer e desarticular 0 sistema de ensino, pois na verdade, nao sao

considerados os numeros de matriculas, porque 0 montante refere-se tambem ao

ensino supletivo e ensino medio. Oessa forma, os recursos financeiros sao

insuficientes para promover uma melhor educa<;:ao continuada dos professores, para

dotar a escola de tecnologia, material didatico melhorado ou outros recursos

necessarios a sua adequa<;:ao as exigencias da popula<;:ao atendida. Alem disso, de

acordo com Davies (1999), isso tornou infima a participac;ao do Governo Federal no

custeamento do ensino fundamental e medio, diminuindo tambem sua

responsabilidade. No entanto, como bem reza 0 Art. 2 da LOB, por principio, a

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educa,ao oj dever do Estado (In:BRANDAo, 2003). Essa atitude deixa transparecer

que a educayao fica relegada a um segundo plano quando, na verdade, deveria

estar entre as prioridades dos Poder Publico, pais que e a base de toda uma

sociedade.

A interferencia do Banco Mundial no sistema de ensina brasileiro tambem

trouxe conseqOencias ruins para a qualidade do ensino. Fundado para promover 0

crescimento economico dos parses, passou a influenciar a cria98.0 de polfticas

sociais, arvorando-se a incrementador da educag8.o, partin do do principia de que ""

o desenvolvimento econ6mico par si s6 nao garantia a participa98.0 das camadas

mais pobres dos beneficios do desenvolvimento" (FONSECA, 1995, p. 169).

E born lembrar que 0 Banco Mundial foi fundado para promover 0 crescimento

econ6mico dos parses e nac para intervir nas polfticas educacionais, principal mente

porque nao ajudou a solucionar os problemas da educayao no Brasil.

Assim, entre as polfticas sociais, encontra-se a educayao na qual 0 Banco

Mundial priorizou diferentes polfticas educacionais, desde a construyao de escolas

ate 0 monitoramento para a melhoria da qualidade da educayao. Esse

monitoramento refere-se a investimentos no treinamento de diretores, para melhor

gerir os recursos da escola em programas de Gestao de Qualidade Total; em

treinamento de professores; e, principal mente, no gerenciamento de projetos de

amplia,ao da rede escolar (TOMMASI; WARDE & HADD, 1996).

Por entender que 0 investimento no ensino fundamental tem maior resultado

social, esse banco interfere diretamente na polftica educacional dos Estados,

priorizando a educayao fundamental, evidenciando-se 0 investimento na educayao

basica, 0 que caracteriza a educayao como excludente e acentua as desigualdades

sociais.

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A exclusao, que aqui se refere as camadas mais pobres da populac;ao, fica

assim caracterizada pela polftica educacional, que segue os principios neoliberais,

fortemente influenciada pelos ditames do Banco Mundial, tudo em nome do

progresso cientffico e tecnologico. Alem disso, nossa propria historia escolar e de

exclusao, por mecanismos que, segundo ARROYO (1996, p. 48), incluem a "..

retenc;aodos 'diversos' em ritmo, linguagem, valores, cultura, rac;a...", mecanismos

esses, ja superados pela grande maiaria dos paises, mas que aqui ainda persistem.

A polltica adotada pelo Banco Mundial seja na area de ensino ou em

programas sociais, resiste a transformac;oes e, segundo Tommasi; Warde & Hadd,

(1996, p. 26) sao" .. antidemocraticas, nao-transparente e avessa a participaC;ao

popular, evitando 0 acesso dos cidadaos a informac;ao e a sua participac;ao em

decisoes que afetam profundamente suas vidas e sociedades".

Com isso, a educayao tambem e afetada e, apesar de estar contida nos

direitos sociais do individuo, fica, segundo Gentili (1995), reduzida a uma mera

formulayao retorica sem conteudo algum.

Alia-se ainda, um outro elemento complicador que e 0 salario dos

professores. Tanto na escola publica como na particular, mas principalmente na

publica, os salarios sao cada vez mais baixos e degradados e obrigam a uma

jornada multipia e dispersa; isso impede nao somente 0 amadurecimento da

experiencia do professor, como Ihe retira qualquer disponibilidade para 0 preparo

das aulas, para 0 estudo, para uma implementac;ao inteligente e de relac;oes

referentes dos conteudos que ira encaminhar com seu aluno e oferecer-Ihe uma

educa,ao ampla e equilibrada.

De acordo com Santos (op. cit, p. 91), 0 momento necessita de

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.. urn novo professor. Nao mais aquele professor que simplesmente "daaulas"; que adola urna pratica pedagogica impositiva. vertical. Mas urnprofessor que leve em consideracao a realidade do educando. Par i550 eperm iIi do que ele iale, de opinioes, pois e fundamental que ele participe, erie,tenha iniciativas, aprenda a trabalhar em equipe, saiba enfrenlar problemas,e ao mesma tempo, seja capaz de sugerir formas alternativas para soluciona-las. A pedagogia do tipo comando/controte na qual as professores foramtreinados ja nao mais satisfaz. Os professores deverao passar par urnarequalificac.9.o.

Em vista dessas considerac;oes, tem-S8 claro que a adequa<;3o das escolas

devera ultrapassar a dimensao do simples reformismo. Seria ingenuidade crer que

as alterayoes propostas pela nova LOB possam transformar 0 processo educativo e

a sociedade, pois as escolas, ao definirem suas propostas pedagogicas, deverao

explicitar 0 reconhecimento da identidade pessoal de alunos, professores e outros

profissionais, e a identidade de cad a unidade escolar e de seus respectivos sistemas

de ensino.

Percebe-se, pois, que os estabelecimentos de ensino deverao reconhecer

que as aprendizagens sao constitufdas na interayao entre processos de

conhecimento, de linguagem e os afetivos, como consequencia das relayoes entre

distintas identidades dos varios participantes do contexto escolarizado, como

constituintes dos atos de ensinar e aprender. Entre os varios participantes estao os

professores, os diretores, os coordenadores e os orientadores, cuja identidade

coletiva traduz-se em conflitos que devem servir como espayo de " ... construyao da

maneira de ser e estar na profissao" (NONATO & SILVA, in: BRZEZINSKI, 2002, p.

57). "" ideias inovadoras questionam 0 status quo e obrigam os professores a

queslionar suas praticas ... ", complementa Thurler (200t, p. 96).

o discurso oficial proclama a valorizayao da educayao. Toda a sociedade

reconhece a importancia e a necessidade da educayao escolar, mas em que pesem

os esfor,os e a busca de alternativas para a melhoria do ensino, efelivamenle,

pouco ou pouquissimo tem sido concretizado nas ultimas decadas.

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JJ

As propostas que surgem para melhorar 0 ensino sao incorporadas como

roupagens novas que vestem um velho corpo, corroido pel a desarticula9ao

continuada e peta fragitidade teorica que seria 0 suporte para as mudan<;as

comptexas e profundas que 0 aparetho escotar necessita.

Assim, a adequa9ao do sistema atual do ensino publico, as exigE!ncias de sua

clientela, inclui melhorar 0 sistema de avalia<;:ao, melhorar a distribui<;:ao de verba e

remunerar melhor seus professores. S6 assim, as classes menos privilegiadas

estarao realmente incluidas no sistema educacional brasileiro. Questiona~sese as

soluc;oes serao relegadas ao proximo seculo, como vem acontecendo desde os

primordios da educa<;ao,como bem lembra Nunes (1993). Se nao forem tomadas

providencias para adequar 0 sistema educacional a realidade brasileira e 0 que

acontecera.

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34

3 APRESENTAyAO E DlSCUSSAO DE UM CASO CLiNICO

3.1 APRESENTA<;:Ao DO CASO

3.1.1 Motivo do Encaminhamento

o presente relato e uma sintese do trabalho do psicopedagogo, realizado com

um adolescente com 14 anos de idade. Por meio de uma pesquisa investigat6ria

utilizando-se entrevistas, testes e observa96es com 0 sujeito, entrevistas com os

pais e com 0 responsavel pel a escola procurou-se obter uma com preen sao global de

sua forma de aprender e dos desvios que estao ocorrendo nesse processo.

o sujeito foi encaminhado pel a mae, por apresentar muita dificuldade em sua

aprendizagem escolar, mais especificamente na Lingua Portuguesa, envolvendo

gramatica, leitura e escrita, e ainda como consequencia, recebendo notas abaixo da

media em Hist6ria e Geografia.

3.1.2 Anamnese

Optou-se pelo nome de Marcio ao sujeito de estudo desta monografia. Marcio

e 0 segundo filho de uma prole de dois. Sua mae teve uma gravidez normal,

necessitando de acompanhamento medico por ser portadora de sangue do tipo RH

negativo. Nasceu de parto normal e logo tomou a vacina para evitar problemas

sangOfneos. Sua mae deixou de trabalhar fora durante 0 seu primeiro ano de vida,

para cuidar dele. Somente ap6s esse perfodo, voltou a trabalhar e a crian9a passou

a frequentar uma creche.

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Engatinhou com aproximadamente oito meses, andou com um ano, controlou

os esfincteres no perfodo diurno com um ano e meio, contando com a colabora9ao

das atendentes da creche, e no perfodo noturno com dois anos.

Marcio apresentou sono normal e dorme com a boca aberta. Apresentou

terror noturno e freqOentes crises de enxaqueca. Realizou tratamento com

homeopatia e por indica,ao medica, passou a estudar no periodo da manha por ser

mais fresco. Atualmente as crises sao raras. A medica tambem a encaminhou para

uma avalia9ao neurol6gica que nao constatou maiores comprometimentos.

Ele dorme sozinho em seu proprio quarto. E muito sociavel, tem muitos

amigos. Gosta muito de assistir televisao, jogar video game, RPG e Magic.

Na infancia teve varicela 8 S8 submeteu a cirurgia de adenoide. Com um ana

caiu do sofa e quebrou a clavfcula.

Atualmente esta cursando a setima serie. Repetiu a segunda serie porque

nao estava acompanhando a turma. Sua maior dificuldade foi em POrtUgu8S,na

escrita e elabora9ao de textos. Sua irma que tem dezenove anas e quem 0 auxilia

nas tarefas escolares.

Marcio durante 0 perfodo de avalia9aO veio sozinho, esteve presente

pontualmente e muito cooperativ~.

3.1.3 Avali((ao Psicopedag6gica

Marcio foi submetido a uma avalia,ao psicopedag6gica, composta dos

seguintes procedimentos:

- EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem);

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- Avalia,ao Intelectual (WISC);

- Avalia,ao Motora (Bender);

- Avalia,ao Pedagogica (Portugues e raciocinio matematico);

- Avaliac;aoEmocional;

- Avalia,ao Visual (Escala Optometrica Decimal de Snellen);

- Avalia,ao de Audibilizac;ao

3.1.3.1 EOCA (Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem)

Trata·se de um primeiro momento com a crianc;:a, dentro de uma proposta

apresentada por Visca (1987), como parte integrante da teoria criada pelo mesmo

autor, intitulada Epistemologia Convergente. Caracteriza-se par um momenta de

vinculo com 0 cliente, com 0 intuito de observar seu "modele de aprendizagem",

o especialista pade executar intervenc;:6es durante a entrevista, a fim de

observar a modificac;ao de conduta, a organizac;ao do sujeito e 0 vinculo que ele

estabelece com a aprendizagem, bem como suas defesas em relac;:ao as

dificuldades que demonstra apresentar.

A EOCA objetiva a imagem global do individuo e cada conduta observada.

Cada detalhe ou novo dado e parte integrante de um todo formador do sujeito, que e

o proprio elemento central do processo de aprendizagem.

Com a EOCA 0 psicopedagogo elenca hipoteses sobre 0 funcionamento do

sujeito e seleciona as instrumentos avaliativos que serao utilizados nas sess6es

posteriores.

Junto ao adolescente em questao, na mesa, foram colocados os seguintes

materiais: lapis preto; borracha; apontador; regua; can eta esferografica azul, preta e

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vermelha; folhas de papel sulfite; tinta guache; pinc';is; livros de historia; cola Jiquida

e cola em bastao; tesoura; lapis de cor; giz de cera; canatas coloridas; jogos de

quebra cabe,a, Cara a Cara.

Marcia chegou na primeira entrevista apresentando~se com certa timidez e

introversao, 0 que nao 0 impediu de estabelecer urn born relacionamento.

Nao gosta de falar muito, porem responde a todos as questionamentos com

seguran,a.

Observou as materiais deixados na mesa, e preferiu mantar 0 quebra cabec;a

com 60 pe98s. E urn menino bern educado que reconhece sua dificuldade e esta

com muita disposi930 para vence-Ia.

3.1.3.2 Avalia,ao Intelectual (WISC)

Foi realizada para verificar S8 Marcia apresenta nfvel intelectual adequado

para sua idade cronologic8.

o teste WISC .; a "Escala de Inteligencia Wechsler para Crian,as"

apresentada sob a forma de subtestes agrupados em Verbais e de Execu,ao. Cada

subteste pretende avaliar urn tipo de fun9ao e S8 estrutura em ordem crescente de

dificuldade, 0 que facilita 0 posicionamento das crian9as examinadas na faixa entre

5 e 15 anos. Os resultados brutos de cada subteste sao transformados em

ponderados, por meio de tabelas do grupo de idade em anos emeses do sujeito.

Marcio apresentou resultado acima da media esperada para a sua idade com

bam desempenho nas avaliac;:oesverbais. Passu! boa capacidade de concentrac;:8.o

e atenc;:ao.Apresenta boa memoria numerica com born desempenho em calculos.

Observa-se dificuldade na fluencia verbal, em que Ihe .; cobrado associar conteudos

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vistas no decorrer da vida escolar. Apresenta urna linguagem simples com pouca

qualidade e dificuldade em expressar ideias em palavras. Seu nivel de pensamento

esla muito ligado ao pensamento concreto, apresentando dificuldade na analise e

sintese de ideias. na capacidade de ordenac;ao e planejamento de situa<;oes.

o resultado justifica sua dificuldade na area de linguagem.

3. t .3.3 Avalia9ao Motora (Bender) e Exame Motar

o teste utilizado foi 0 visomotor construido por Lauretta Bender (1938),

visando definir indices de maturayao percepto-motora. E constitufdo par nove

cartoes em que estao desenhadas figuras simples ou complexas com lin has retas,

angulos, linhas curvas, linhas pontilhadas. 0 sujeito, it vista do cartao, devera fazer 0

melhor desenho passive!. Registra-se a sua rnaneira de construir 0 desenho da

figura e todas as condutas apresentadas durante a execuyao. Par exemplo, rodar 0

cartao-modelo, contar os pontinhos, radar a folha de papel, nao fazer nada, recusar-

S8 a trac;ar determinada figura, etc.

Essas avalia\=oes objetivam verificar a percep9ao visual e a organiZa98.0 de

estfmulos desde 0 momento em que 0 sujeito percebe 0 modelo e 0 mom en to

seguinte em que ele tenta representa-Io. No computo geral transforma-se numa

contagem estatfstica que indicaria a maturidade normal ou anormal sem fazer

indica98.0 de sua passivel origem.

Marcio apresentou motricidade global adequada para sua idade.

Outro teste que serviu de apoia na avaliac;aa psico matora fai 0 Exame Motor,

que utilizando-se de materiais simples, facilmente encantrados num ambiente

escolar verifica a consciencia e dominio do proprio carpo - educa9ao das condutas

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39

motoras de base - educa~ao das condutas perceptivo-motoras. Marcio apresenta

predominancia lateral sinistra para maDS e ambidestra para pes e olhos.

3.1.3.4 Avalia9ao Pedag6gica (Portugues e Raciocinio Matematico)

E utilizada para veriflcar as conteudos ja assimilados pela crianc;:a, como taz

usa desse conhecimento nas diferentes situac;:6es escolares e sociais e como OS usa

no processo de assimilac;:8.o de novas conhecimentos.

Como pontcs primordiais da avaliac;:8.o academica esta a capacidade de

leitura, esc rita e interpretac;:8.o de texto, e a forma de operar matematicamente na

resoluc;ao de atividades envolvendo situac;:6es-problema, calculos matematicos e a

capacidade de analise e sintese.

Apresenta grafia bastante precaria e dificuldade na leitura que e lenta,

silabada, naG respeitando a pontuaC;:8o e cometendo erros freqOentes. Geralmente,

quando nao conhece a palavra, tenta adivinhar aquilo que Ie e vai pelo processo

ensaio e erro. Seu texlo apresenta uma sequencia logica e uma organiza9ao de

pensamento.

Apresenta ainda born conhecimento em calculos matematicos envolvendo as

quatro opera96es: adi9ao, subtra9ao, multiplica9ao e divisao.

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3.1.3.5 Avalia<;ao Emocional

Foram realizados diversos desenhos, como:

quatro momentos de urn dia;

aquilo de que mais gosto de fazer;

a planta da sal a de aula;

a planta da minha casa;

Teste HTP.

Marcia apresenta urn born relacionamento familiar manifestando grande

respeito a sua mae. Seu relacionamento interpessoal e born apesar de sua timidez e

introversao. Raramente manifesta sua agressividade nas relac;oes sociais, preferindo

retirar-se a criar confusao.

Apresenta-se desmotivado em reJa<;:ao a escola porque segundo ele, esta nao

esta cumprindo seu papel de transmitir, ensinar e facilitar 0 seu aprendizado.

3.1.3.6 Avalia<;ao Visual (Escala Optometrica Decimal de Snellen)

Fai utilizado 0 teste de Snellen que S8 constitui de uma escala com diversas

letras e de diferentes tamanhos que deve ser colocada a 5 metros de distancia do

examinado. Serve para verificar-se a acuidade visual. Marcie nao apresentou

alterac;oes mesma utilizando ]entes par orientac;:ao medica, para as atividades de

leitura e para assistir televisao.

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.,3.1.3.7 Avalia,ao de Audibiliza,ao

Este teste consiste na analise da discriminac;8.ode fonemas, na verificac;:ao da

memoria de frases, de digitos e de relatos, partindo-se sempre do mais simples para

o rnais complexo, e pDr ultimo a verific8r;aO de conceitos subdividindo-se em:

identifica,ao de absurdos, identifica,ao de objetos e situa,oes, defini,ao de

palavras, organiz8c;:8.0 sintatico-semimtica e avaliac;8.odo vDcabulario de figuras.

Marcia apresentou boa memoria de dfgitos e relatas simples, observando-se

certa dificuldade na elabora,ao de frases. Seu pensamento e coerente

apresentando uma sequencia 16gica de pensamento.

3.1.3.8. Parecer Diagnostico

Observou-se pelas testagens realizadas e pela analise do comportamento do

aluno atendido, que ele apresenta dificuldades em [eitura e escrita.

Seu desempenho escolar encontra-se na media esperada para a sua serie,

com um coeficiente de inteligencia superior, born desempenho nas avaliac;6es

verbais e de execu<;ao.Manifesta certa inseguranc;:a diante de seus relacionamentos

com tra<;osde introversao e inibi<;ao.

Necessita de um acompanhamento psicopedagogico para estimular sua

capacidade de expressao oral, par meio de atividades de interpreta,ao de historias,

relatos vividos e imaginarios.

Necessita tambem trabalhar com exercfcios de aten<;ao, concentra<;ao e

memoriza<;ao.Na area emocional devera ser trabalhada a sua inseguran,a, que ira

valoriza-Io, motivando-o para a execu<;ao das tarefas e objetivando melhorar sua

auto-estima.

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-12

3.1.3.9 Interven,ao Psicopedag6gica - Processo Corretor

Ap6s 0 diagnostico de dificuldade em leitura e escrita foi realizada a entrevista

devolutiva com a mae de Marcio. Ela ficou mais tranquila em saber que seu filho

apresenta urn desenvolvimento normal para sua idade, apenas necessitando de

acompanhamento psicopedag6gico para superar sua dificuldade.

Marcio que ja tinha urn born vinculo com a estagiaria de pSicopegadogia

aceitou com tranqQilidade 0 atendimento que, inicialmente, foi de duas vazes par

semana.

A psicopedagogia vale-se de jogos para descontrair e tornar-se

compreendida. A linguagem da crian,a e 0 ludico, 0 faz-de-conta, a imita,ao, enfim a

brincadeira. Atrelado a este pensamento, 0 ludico surge como urn precioso recurso

de comunica((ao entre 0 psicopedagogo e a crianc;a, visando a busca de alternativas

para solucionar as dificuldades emergentes. 0 sujeito passa a jogar e este Ihe da

permissao para 0 erro e a ratomada de pensamento. Errar taz parte de todo 0

processo humane porque somente assim 0 hom em aprende. Aquele que nao se

permite errar sofre e se desilude. Nao adquire a verdadeira aprendizagem, nao

ultrapassa fases de diticuldades para merecer a vitoria.

A visao de Winnicott (1975, p. 80), contudo, possibilita uma compreensao

mais integradora do brincar da aprendizagem. Assim resume seu pensamento: "E no

brincar, e somente no brincar, que 0 indivlduo, crianc;a ou adulto pode ser criativo e

utilizar sua personalidade integral, e e somente sendo criativo que 0 sujeito descobre

o eu (self)".

Marcio gosta de jogar, respeitando as regras e relacionando-as a outros jogos

que ja conhecia, demonstrando boa assimila,ao e interpreta9ao de conteudos

quando esta motivado e interessado no assunto.

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Ap6s os jogos passou-se a leitura de pequenos pa"'grafos de um livro

escolhido por ele, qual seja, Harry Porter. La em voz alta, com a estagiaria fazendo

interferencias para corre<;ao oral, quando necessaria. A palavra lida de forma

incorreta era corrigida e quando ele naG sabia 0 significado ia ao diciomirio que

estava presente em todas as sess6es, anotando 0 significado.

Depois de todo 0 processo, foi feito um ditado com as palavras que ele

apresentou dificuldade, com 0 objetivo de memorizar a esc rita correta. Com 0

progresso e 0 interesse de Marcia em conhecer 0 final da hist6ria continuou a leitura

em casa ate 0 final do capitulo iniciado na sessao, com a tarefa de trazer urn resumo

por escrito para correc;ao. Observou-se que as erros comec;aram a S8r as mesmas

principalmente no que se refere II conjuga,ao de verbos: mal conhece os tempos

verbals - presente, passado e futuro.

Percebeu-se diante desse quadro que Marcia nao havia assimilado conteudos

basicos que ja deveriam ter sido memorizados. Necessitava de um reforyo desses

conteudos e ao mesmo tempo trabalhar com sua afetividade.

Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendencias, valores e emoyoes

em geral. 0 aspecto afetivo tern grande influencia sobre 0 desenvolvimento

intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir 0 ritmo de desenvolvimento, determinar

sobre quais conteudos a atividade intelectual se concentrara (PIAGET, apud

WADSWORTH, 1987,p.6).

De acordo com Piletti (1997, p.63) a motiva,8.o e fator fundamental da

aprendizagem, pois sem ela nao ha aprendizagem. Motivar significa predispor 0

individuo para certo comportamento desejavel naquele momento. 0 aluno esta

motivado para aprender quando se interessa em aprender um certo assunto, em

resolverum dado problema.

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Analisando as avaliagoes emocionais de Marcio percebe-se que ele se sente

inferiorizado diante de seu desempenho escolar, passando a responsabilidade de

seu baixo desempenho unicamente a escola: ela deveria ter transmitido os

conteudos necessarios e nao 0 fez.

a trabalho com 0 adolescente esta sendo feito para motiva-Io em buscar 0

conhecimento. Por meio dos resumos do livre e das pesquisas no dicionario,

procurou-se faze-Io perceber seu potencial para alcanctar 0 sucesso, que e um de

seus desejos verificados na avaliac;:ao:eu gostaria de.. " receber 0 boletim com

todas as notas acima da media". Paralelamente promove-se sua auto-estima e

seguran,a.

Quando a necessidade de estima e satisfeita, sentimos confianya em nossas

realizagoes, sentimos que temos valor para os outros, que podemos participar da

comunidade e ser uteis. Em caso contrcirio, sentimo-nos inferiorizados, fracos e

desamparados. a sucesso ou fracasso do aluno, na escola, depende em parte de

sua auto-estima, da confianc;:aque tern em si mesmo. Mas essa auto-estima e essa

confianga originam-se da estima e da confianga que os outros depositam nele

(PILETTI, 1977, p.6S).

a proximo passo sera trabalhar com a responsabilidade de Marcio. Partir-se-a

de uma situac;:aoconcreta como comprar urn aquario com peixe, estabelecendo-se

um compromisso de atender esse peixe. Com isso Marcia assumira a

responsabilidade de alimenta-Io nos horarios certos, oferecer somente a quantidade

de comida determinada e manter limpo 0 aquario. Estas pequenas tarefas sao de

grande importancia na lorma,ao de habitos de organiza,ao pessoal e disciplina.

Assumir fungoes, primeiro pequenas e de maior responsabilidade aos poucos, tara

com que 0 jovem se sinta participante, produtivo e responsavel.

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45

4.CONCLUSAO

A conclusao a ser considerada nesse trabalho relaciona-se ao diagnostico

tardio de dificuldade de aprendizagem (na 7' serie, com 14 anos de idade), cuja

facilidade do sistema de ensino propicia que 0 aluno prossiga para as series

seguintes sem ter assimilado os conteudos da serie atual, surgem como urn dos

fatores na dificuldade de aprendizagem.

Observa-se que a escola, tendo 0 objetivo de alcan<;ar bons niveis de

aprovayao escolar, apliea em parte a lei que preve a promoyao continuada do aluno,

mas nao oferece suporte para a reeupera<;:ao dos alunos com menor grau de

rendimento.

o aluno que apresenta alguma dificuldade ou necessita de um

acompanhamento diferenciado, muitas vezes, encontra um professor despreparado

para atende-Io, pois e obrigado a uma jornada multipia de trabalho para sobreviver,

o salario que recebe mal da para 0 seu proprio sustento, que dira para possibilita-Io

a realizar cursos de atualizayao e assim, oferecer uma eduea<;:ao mais ampla, que

eonsiga efetivamente estimular a aprendizagem.

Vigostky (1984) dB.grande importancia a rela9ao social do individuo para 0

seu desenvolvimento e aprendizado na aquisi<;ao de novos conheeimentos. Esta

rela<;:ao envolve 0 conceito de zona de desenvolvimento proximal. Aquilo que 0

sujeito sabe fazer que sena 0 seu conhecimento real sobre determinado ass unto ou

tarefa mediado pelo outro social, levaria 0 indivfduo ao conhecimento desejado -

conhecimento potencial - par meio da orienta9ao de urn adulto ou em colaborayao

com companheiros mais eapazes.

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Atualmente a escola naG e mais a unica fonte de informa9ao e divulgagao do

conhecimento. Atraves dos meios de comunica9ao, destacando-se a internet, a

informa<;ao alcan<;a grande numero de pessoas num espa<;o muito curto de tempo.

Cabe a escola assumir a func;ao de conectar as conteudos curriculares com

as conhecimentos que vern de fora dela e de ajudar as alunos a relacionar a

aprendizado com as exigemcias do mundo atual.

o professor deve utilizar-se da tecnologia que €I a instrumento que 0 aluno vai

encontrar fora da escola em situa<;ao de trabalho e lazer, como forma de despertar a

curiosictacte, de ir em busca do conhecimento. Ele deve ser 0 mediador dos

conteudos vistos em classe, com as situac;oes pniticas fora dela. Aproveitar a

explorar a curiosidacte, 0 sensa-criticQ, 0 desejo de mudanya proprio da fase em que

S8 encontra 0 aluno do estudo de caso narrado no presente trabalho, para motiva-Io,

incentiva-Io a estudar, ir em busca de informa<;:ao.

E importante destacar neste estudo de caso, que com a ajuda de outros

profissionais que atuam para auxiliar nos problemas de aprendizagem, aliada a

ajuda da familia e ao desejo humane de superar suas dificuldades, oportunizam

chegar-se ao sucesso e a felicidade.

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