revista virtual nosso clínico 90 - degustação

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www.nossoclinico.com.br Indexação Qualis ISSN 1808-7191 ANO 15 - Nº 90 - NOV/DEZ 2012 • Estudo retrospectivo das afecções osteoarticulares em cães com sobrepeso ou obesos, atendidos no Hovet-Medodista, no período de 2008 a 2010 • Mastocitoma canino: relato de caso • Protocolos terapêuticos na Demodiciose canina: estudo retrospectivos e comparação literária no Hovet-Umesp • Linfoma disseminado na cavidade torácica de gata: relato de caso • Desafios no diagnóstico e tratamento da Dermatopatologia Psicogênica: revisão de literatura • Correção cirúrgica de fratura exposta em região distal de fêmur em Periquitão-Maracanã: relato de caso Correção de disjunção de sínfise em gnatoteca de (Agapornis fischeri) mantido em cativeiro domiciliar: relato de caso Automutilação de língua pós-bloqueio anestésico regional para procedimento odontológico: relato de caso em cão + ENCARTE: Clínica de Marketing COLUNAS: Dicas do Laboratório Bem-Estar Animal Leishmaniose Fisioterapia

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Revista virtual Nosso clínico 90 - Degustação

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Nosso Clínico • 1www.nossoclinico.com.brIndexação Qualis

ISSN 1808-7191

ANO 15 - Nº 90 - NOV/DEZ 2012

• Estudo retrospectivo das afecções osteoarticulares em cães com sobrepeso ou obesos, atendidosno Hovet-Medodista, no período de 2008 a 2010 • Mastocitoma canino: relato de caso • Protocolosterapêuticos na Demodiciose canina: estudo retrospectivos e comparação literária no Hovet-Umesp• Linfoma disseminado na cavidade torácica de gata: relato de caso • Desafios no diagnóstico etratamento da Dermatopatologia Psicogênica: revisão de literatura • Correção cirúrgica de fraturaexposta em região distal de fêmur em Periquitão-Maracanã: relato de caso

Correção de disjunção de sínfise em gnatoteca de

(Agapornis fischeri) mantidoem cativeiro domiciliar:relato de caso

Automutilação de língua pós-bloqueio anestésico regional paraprocedimento odontológico: relato de caso em cão

+ENCARTE:

Clínica de MarketingCOLUNAS:

• Dicas do Laboratório• Bem-Estar Animal

• Leishmaniose• Fisioterapia

2 • Nosso Clínico

Nosso Clínico • 3

4 • Nosso Clínico

NOSSO ENDEREÇO ELETRÔNICOHome page: www.nossoclinico.com.br

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EDITOR DE ARTERoberto J. Nakayama

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ADMINISTRAÇÃOHelena Ambrosio Ascencio,Maria Dolores Pons Figuerola

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REVISTA NOSSO CLÍNICO(ISSN 1808-7191)é uma publicação bimestral daEditoraTroféu Ltda.

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NOTAS:a) As opiniões de articulistas e entre-vistados não representam necessari-amente, o pensamento de NOSSOCLÍNICO. b) Os anúncios comerciaise informes publicitários são de inteiraresponsabilidade dos anunciantes.

CONSULTORES CIENTÍFICOS

Luís Carlos Medeiros [email protected]

Marco Antônio GiosoOdontologia - [email protected]

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Thalita M. VieiraSetor de Cardiologia (Provet)[email protected]

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4 • Nosso Clínico

Responsabilidade profissional

Recentemente o Médico-Veterinário e Profes-sor Marcelo de Campos Pereira relembrou, com suacostumeira propriedade, um antigo artigo publicadona Folha de São Paulo. O texto resgatado destacavatrês atributos do comportamento humano – deter-minação, respeito e honestidade – essenciais para osucesso pessoal e profissional.

A DETERMINAÇÃO EM SUAS ATITUDES é o es-tado de espírito que possibilita a superação dos ine-vitáveis obstáculos que surgem na execução de nos-sas tarefas. Ela se traduz no poder de superação ne-cessário para a conclusão da missão.

O RESPEITO ÀS PESSOAS remete a origem dapalavra respectus, que é o particípio passado de res-picere e significa olhar outra vez. E nessa segundaolhada, mais atenta, verica-se cuidadosamente oscompromissos assumidos, independente de seu por-te, assegurando-se que serão, de fato, integralmentehonrados.

A HONESTIDADE está associada à veracidadeda palavra empenhada. Não tolera ações que con-tradizem a fala e, até mesmo, o pensamento.

O profissional que alia esses três atributos o seutalento é reconhecido por seus pares e valorizadopelos que o procuram. O clínico com essas caracte-rísticas dispensa atenção e cuidados tanto ao ani-mal doente quanto ao cliente. Faz, detalhadamente,o melhor de sua formação profissional e preocupa-se, sempre, com seu comportamento humano, comos citados atributos.

Roberto Arruda de Souza LimaProfessor da ESALQ/USP

[email protected]

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6 • Nosso Clínico

MEDICINA VETERINÁRIA PARA ANIMAIS DE COMPANHIA

S U M Á R I O ANO 15 - N° 90 - NOVEMBRO / DEZEMBRO 2012

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A revista Nosso Clínico tem sua publicação bimestral, comtrabalhos de pesquisa, ar tigos clínicos e revisão de literaturadestinados aos Médicos Veterinários, estudantes e profissio-nais de áreas afins. Além de atualizações, notas e informações,cartas ao editor e editoriais.

Todos os trabalhos devem ser inéditos e não podem sersubmetidos simultaneamente para avaliação em outros periódi-cos, sendo que nenhum dos autores será remunerado.

Os artigos terão seus direitos autorais resguardados a Edi-tora que em qualquer situação, agirá como detentora dos mes-mos, inclusive os de tradução em todos os países signatáriosda Convenção Pan-americana e da Convenção Internacionalsobre os Direitos Autorais.

Os trabalhos não aceitos, bem como seus anexos, não se-rão devolvidos aos autores.

Artigos científicos inéditos, revisões de literatura e relatosde caso enviados à redação serão avaliados pela equipe editori-al. Em face do parecer inicial, o material é encaminhado aosconsultores científicos. A equipe decidirá sobre a conveniênciada publicação, de forma integral ou parcial, encaminhando aoautor, sugestões e possíveis correções.

Para esta primeira avaliação, devem ser enviados pela internet([email protected]) arquivo de texto no formato.doc ou .rtf com o trabalho e imagens digitalizadas no formato .jpg.No caso dos autores não possuírem imagens digitalizadas, cópiasdas imagens acompanhadas da identificação de propriedade e au-tor, deverão ser enviadas via correio ao departamento de redação.Os autores devem enviar também a identificação de todos o auto-res do trabalho com endereço, telefone e e-mail.

Os artigos de todas as categorias devem ser acompanhadosde versão em língua inglesa de : título, resumo (com 600 a 800caracteres) e unitermos (de 3 a 6). No caso do material ser total-mente enviado pelo correio devem ser necessariamente enviados,além da apresentação impressa, uma cópia em disquete de 3,5’’ou CD-rom.

Imagens, tabelas, gráficos e ilustrações não podem em hipó-tese alguma ser proveniente de literatura, mesmo que indicado afonte. Imagens fotográficas devem possuir indicação do fotógrafo;e quando cedida por terceiros, deverão ser obrigatoriamente acom-panhadas de autorização para a publicação.

As referências bibliográficas serão indicadas ao longo do textoapenas por números sobrescritos ao final da citação, que corres-

ponderão à listagem ao final do artigo em ordem alfabética, evitan-do citações de autores e datas. A apresentação das referências aofinal do ar tigo deve seguir as normas atuais da ABNT. Em relaçãoaos princípios éticos da experimentação animal, os autores deve-rão considerar as normas do Colégio Brasileiro de ExperimentaçãoAnimal.

Deve ser enviado pelo correio, à editora, um certificado deresponsabilidade assinado pelo menos por um dos autores, con-tendo o título original do trabalho, nome de todos os autores assi-natura e data. O certificado deve ser redigido conforme o modeloabaixo:

“Certificamos que o artigo enviado a Revista Nosso Clínicoé um trabalho original, não tendo sido publicado em outras revis-tas, quer no formato impresso, quer por meios eletrônicos, e con-cordamos com os direitos autorais da revista sobre o mesmo ecom as normas para publicação descritas. Responsabilizamo-nosquanto às informações contidas no artigo, assim como em rela-ção às questões éticas.”

Obs.: Os mesmos artigos serão avaliados pelo conselho téc-nico e caso aceitos, serão publicados com aviso prévio ao autor,para aprovação e correção da diagramação por esta enviado

Normas para Publicação de Artigos na Revista Nosso Clínico

Nosso Clínico. - - vol. 1, n.1 (1998) - . -- São Paulo : Editora Troféu,1998 -il. : 21 cm

Bimestral.Resumos em inglês, espanhol e português.ISSN 1808-7191.

1998 - 2008, 1-112012, 15 (n.90 - nov/dez 2012)

1. Veterinária. 2. Clínica de pequenos animais. 3. Animais silvestres.4. Animais selvagens.

Para mais informações visite:

www.arcabrasil.org.br

“NÓSAPOIAMOS ACAUSA DOS

ANIMAIS”

Correção de disjunção de

sínfise em gnatotecade Agapornis: relatode caso........................................

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E MAIS: • Clínica de Marketing (encarte)

Automutilação de língua pós-bloqueio anestésicoregional para procedimento odontológico: relato de caso

Mastocitoma Canino: relato de caso

Linfoma disseminado na cavidade torácica de gata:relato de caso

Estudo retrospectivo das Afecções Osteoarticulares emcães com sobrepeso ou obesos, atendidos no Hovet-Metodista, no período de 2008 a 2010

Protocolos terapêuticos na Demodiciose Canina: estudoretrospectivo e comparação literária no Hovet-Fumesp

Desafios no diagnóstico e tratamento daDermatopatologia Psicogênica (revisão de literatura)

Correção cirúrgica de fratura exposta em região distal defêmur em Periquitão-Maracanã: relato de caso

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FOTO CAPA: ROBERTO FECCHIO by

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“Self-mutilation of tongue after regional nerve block for dental procedure: a case report in dog”

“Automutilación de lengua post bloqueo anestésico regional para procedimiento odontológico:relato de caso en perro”

IntroduçãoO atual padrão aceitável para a prática da medici-

na veterinária envolve um adequado manejo da dorem todos os pacientes1,2. As afecções odontológicassão comuns na rotina da clínica de pequenos animaise a anestesia geral é mandatória para a realização dosprocedimentos odontológicos e cirurgias orais3. Po-rém, nem todos os protocolos anestésicos, por si só,conferem analgesia adequada aos pacientes1. Na mai-oria dos procedimentos odontológicos, dor leve a mo-derada pode ser esperada. Nos casos de estomatite,extrações múltiplas, fraturas de mandíbula e maxila,trauma craniano e neoplasias, dor moderada a severaé esperada. Dor severa a profunda pode ser esperada

M.V. Herbert LimaCorreaEquipe OdontovetMestre em Cirurgia [email protected]

M.V. Daniel G. FerroUnidade OdontovetProvet Anália FrancoEquipe OdontovetDoutor em Cirurgia pelaFMVZ-USPCoordenador do Cursode Especialização emOdontologia Veterináriada [email protected]

M.V. e C.D. MichèleA.F.A. VenturiniEquipe OdontovetMestre em Cirurgia [email protected]

M.V. Jonathan FerreiraEquipe OdontovetUnidades Butantã eAnália FrancoMestre em cirurgia [email protected]

Automutilação de língua pós-bloqueioanestésico regional para procedimento odontológico:

relato de caso em cão

RESUMO: Os bloqueios anestésicos locais tem sido difundidos na prática da medicina veterinária como parte do conceitomultimodal e preventivo do controle da dor. Embora existam referências de complicações do uso desta modalidade anesté-sica na literatura veterinária, tais referências não passam de citações que levam ao questionamento se estes casos são rarosna medicina veterinária ou simplesmente não tem sido documentados, carecendo de ser melhor investigadas e documenta-das em cães e gatos. Através da experiência de um caso clínico, onde houve automutilação de língua durante a recuperaçãoanestésica após o uso de anestesia local durante procedimento odontológico, os autores concluem que a escolha do agenteanestésico deve levar em consideração o período hábil e o tempo do procedimento. Para o bloqueio mandibular o acessoextra-oral com o bisel da agulha voltado para o forame, a digito-pressão durante e após 60 segundos da injeção e o uso devolume limitado de anestésicos de curta ou média duração parece ser o mais indicado na maioria dos casos para evitardessensibilização da língua e automutilação. Pacientes que receberam bloqueios anestésicos devem ser mantidos preferen-cialmente em decúbito esternal durante a recuperação anestésica e devem receber vigilância eficaz até que possam serliberados em segurança.Unitermos: cães, língua anestesia local, bloqueio regional, automutilação

ABSTRACT: Dental nerve blocks have been diffused in animal dental practice (ou in veterinary dentistry) as part of multimodaland pre-emptive pain management. Although there are references of complications associated with this modality of anesthe-sia, such references are merely citations that lead to questioning whether these complications are rare in veterinary medicineor simply have not been documented. This need to be better investigated and documented in dogs and cats. Through theexperience of a case of self-mutilation of the tongue in a dog after dental nerve block the authors conclude that the choice ofanesthetic agents should take into consideration the duration ofthe effect and the duration of the procedure. For the mandibu-lar (ou inferior alveolar) nerve block the extraoral approach with the bevel of the needle toward the foramen, the digital pressureduring and after 60 seconds of the injection and the use of limited amount of anesthetics of short or medium duration seemsto be more appropriate in most cases to avoid desensitization of the tongue and self-mutilation. Patients who received dentalnerve blocks should preferably be kept in sternal recumbency during recovery from anesthesia and should receive effectivesupervision until they can be released safely.Keywords: dogs, tongue, local anesthesia, regional nerve block, self-mutilation

RESUMEN: Los bloqueos con anestésico local se han distribuido en el ejercicio de la medicina veterinaria como parte delconcepto y el control preventivo del dolor multimodal. Aunque hay referencias de complicaciones derivadas de la utilizaciónde esta modalidad de anestesia en la literatura veterinaria, tales referencias no son más que citas que llevan a cuestionar siestos casos son poco frecuentes en medicina veterinaria o, simplemente, no se han documentado. Éstos necesitan ser mejorinvestigados y documentados en perros y gatos . A partir de la experiencia de un caso clínico de automutilación delengua durante la recuperación anestésica tras el uso de un anestésico local durante un procedimiento odontológico, losautores concluyen que para elegir dichos fármacos, se debe tener en cuenta. O period habil y la duración delprocedimiento. Para realizar el bloqueo mandibular, el acceso extraoral con el bisel de la aguja orientado hacia el foramenmandibular, la presión digital durante y después de 60 segundos de la inyección y el uso de un volumen limitado deanestésicos de corta omediana duración parece ser más apropiado en la mayoría casos para evitar la desensibilización de lalengua y la automutilación. Los pacientes que recibieron los bloqueos anestésicos deben ser mantenidos preferiblemente endecúbito esternal durante la recuperación anestésica y deben permanecer supervisados hasta que puedan ser dados de altade forma segura.Palabras clave: perros, lengua, anestésico local, bloqueos regionais, automutilación

em neoplasias ósseas, especialmente após biópsias4.Os bloqueios anestésicos regionais são importantes domanejo na dor para procedimentos odontológicos e ci-rurgias orais, sendo considerados parte do padrão ourono cuidado da saúde oral em medicina veterinária1,2,3,5.

A avaliação de 2528 anestesias locais realizadasem 1007 pacientes humanos permitiu a conclusão deque procedimento é seguro em humanos6. Mesmo as-sim, a literatura apresenta relatos de efeitos adversose complicações relacionados ao uso de anestésicoslocais em humanos. A automutilação de língua, lábi-os e bochechas em animais, embora incomuns, temsido citada após bloqueios anestésicos7,8,9.

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Relato de CasoUm paciente canino da raça Cocker

Spaniel, de três anos, macho, pesando 13,8quilogramas foi atendido no Odontovet -Centro Odontológico Veterinário, na uni-dade do Butantã, cidade de São Paulo.Após realização de anamnese e exame clí-nico foi diagnosticada doença periodontalmoderada, sendo indicado tratamento pe-riodontal com extração de dentes. Foramsolicitados exames pré-anestésicos. Os re-sultados de hemograma, função renal e he-pática estavam dentro dos valores de refe-rência para a espécie, sendo o pacienteanestesiado para a realização de tratamentoperiodontal com extrações. O protocoloanestésico empregado constava de pré-anestesia através da associação de mepe-ridinaa (2 mg/kg) e acepromazinab (0,05mg/kg) administradas por via intra-mus-cular, indução da anestesia com propofolc

(2 mg/kg) e manutenção da anestesia comisofluoranod. Diante da necessidade de ex-tração dos dentes segundo molar superiordireito, terceiro pré-molar e segundo mo-lar superiores esquerdos e dos segundosmolares inferiores direito e esquerdo, alémde raspagem e alisamento radicular de al-gumas raízes, optou-se pelo uso de lidoca-ína para realização dos bloqueios regio-nais mandibular e maxilar como parte daestratégia de analgesia. Foi utilizada comoreferência a dose máxima de 2 mg/kg delidocaínae a 2% sem adição de vasocons-tritor. Um volume total de 1,2 ml destefármaco foi aspirado em uma seringa de 3ml e utilizando-se uma agulha 25x0,7(22G), 0,3 ml de lidocaína foi depositadoem cada bloqueio mandibular. Foi utiliza-do o acesso intraoral, utilizando-se comoreferência a linha imaginária entre o ter-ceiro molar inferior e o ângulo da mandí-bula, depositando-se o anestésico no pon-to médio entre estes pontos de referência(Figura 1).

Os bloqueios não foram realizados emum único momento, mas sim por quadran-tes de acordo com o andamento do proce-dimento odontológico.

Antes da administração do fármaco foirealizado aspiração para evitar injeçãoacidental intravascular. Não foi realizadadigito-pressão durante e após a aplicaçãodo anestésico. Para o bloqueio maxilar, oacesso também foi intraoral, tomando-secomo referência os dentes segundos mo-lares superiores, sendo o ponto de inser-ção da agulha imediatamente distal a es-tes dentes, introduzindo-se a agulha a umaprofundidade proporcional ao comprimen-to das raízes destes dentes (Figura 2).

gramento na cavidade oral acompanhadode movimentos repetitivos de abrir e fe-char a boca, como se estivesse mastigandoalguma coisa.

Figura 1: Vista medial da mandíbula esquer-da de cão ilustrando o bloqueio mandibularatravés do acesso intraoral tendo como pon-to de referencia a linha imaginária entre oângulo da mandíbula e o último molar. O fo-rame mandibular fica aproximadamente ameia distância entre estes dois pontos

Figura 2: Ilustração do bloqueio maxilar nafossa pterigopalatina, em região retro-molar.Dentes 4o pré-molar superior, 1o e 2o molaressuperiores. Agulha 20x0,55 é ligeiramentecurvada e inserida imediatamente na distaldo último molar..............................................................................

Após a administração da lidocaína5,aguardou-se o período de latência de cer-ca de 5 minutos iniciava-se o procedimen-to de extração. Foram extraídos os dentessegundos molares superiores e os dentesprimeiros e segundos molares inferiores,bilateralmente. De acordo com os regis-tros anestésicos, a frequência respiratória,cardíaca e pressão arterial média manti-veram se estáveis e dentro dos limites acei-táveis durante todo o procedimento. Ter-minado o procedimento de tratamento pe-riodontal com extrações (Figuras 3, 4, 5 e6) e após o paciente ser extubado, o mes-mo foi encaminhado à recuperação anes-tésica, onde foi acondicionado em um mó-dulo de recuperação individual com aque-cimento.

Após tempo não precisado pelos regis-tros documentais do caso, paciente apre-sentava-se sentado quando notou-se san-

a Cloridrato de petidina - União Química - S. Paulo, SPb Acepran 0,2% - Vetnil - Louveira, SPc Propovan - Cristália - Contagem, MGd Vetflurano - Virbac, São Paulo, SPe Xyletesin - Cristália - Contagem, MG

Figura 3: Vista lateral esquerda antes do tra-tamento da boca de um cão. Acúmulo de cál-culo e gengivite

Figura 4: Vista lateral esquerda após o trata-mento periodontal com extração do dentesegundo molar superior e primeiro e segun-do molares inferiores

Figura 5: Vista lateral direita antes do trata-mento da boca de um cão. Acúmulo de cál-culo, gengivite e retração gengival

Figura 6: Vista lateral direita após o tratamen-to periodontal com extração do dente segun-do molar superior e primeiro e segundo mo-lares inferiores................................................................................

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Ao ser inspecionado, constatou-se queo paciente estava mastigando a língua, sen-do imobilizada sua boca, inicialmente, coma mão e retornando-se a sala de procedi-mentos onde foi induzida a anestesia compropofol3 e mantida com isofluorano4.Após minuciosa inspeção, constatou-seautomutilação da língua e cortes profun-dos na musculatura (Figura 7).

Após 11 dias, o paciente retornou econstatou-se boa evolução na cicatrização(Figura 9). Após um ano e quatro meses,o paciente retornou para novo tratamentoperiodontal e constatou-se que houve com-pleta cicatrização, permanecendo apenasalgumas marcas cicatriciais, sem contu-do comprometer a função da língua (Fi-gura 10).

DiscussãoO uso de bloqueios anestésicos para

procedimentos odontológicos e cirurgiasorais é uma ferramenta importante nomanejo da dor no trans e pós-operatório edeve ser utilizada com base no conceitomultimodal e preventivo de analgesia1,2,5.Os bloqueios permitem que menores quan-tidades de anestésicos gerais sejam usadasdurante o procedimento, com melhoresníveis de pressão arterial e menor depres-são cardiorrespiratória, o que se traduz emmenor taxa de morbidade, recuperaçãomais rápida e tranquila e um período pós-operatório com melhor controle de dor emenores intercorrências. Tudo isto agre-ga valor ao procedimento e ao serviço ve-terinário, sendo percebido pelos proprie-tários, que ficam satisfeitos e encaram demaneira positiva a possibilidade de umnovo procedimento anestésico1,2,4,5.

Existem cinco bloqueios regionais bá-sicos para procedimentos odontológicos:maxilar, palatino maior, infraorbitário,mandibular e mentoniano médio8. O blo-queio mandibular visa bloquear o nervoalveolar inferior dessensibilizando todosos dentes da mandíbula, osso mandibulare tecidos moles associados8. Atenção es-pecial deve ser dada a este bloqueio poisdevido a dificuldade da localização exatado forame mandibular pode ocorrer a des-sensibilização acidental do nervo lingualpodendo ocorrer automutilação durante arecuperação anestésica2,8. A técnica extra-oral2,9 associada a localização da região doforame mandibular com o dedo intraoral-mente4,8 fazendo-se pressão durante e após60 segundos da injeção do anestésico como bisel da agulha voltado para o foramepara forçar o anestésico a entrar no fora-me8 parece ser a que consegue melhor as-sociar eficiência de bloqueio e menor ris-co de bloqueio da inervação da língua (fi-gura 11). Um menor volume de anestési-co também é recomendado para diminuira chance de anestesiar a língua e automu-tilação2.

Os agentes anestésicos locais mais co-mumente utilizados na medicina veteriná-ria são a lidocaína, mepivacaína e bupiva-caína4,8. No entanto, parece não haver una-nimidade entre os autores sobre qual agen-te é o mais recomendável. Embora os anes-tésicos locais sejam classificados por seutempo de latência, potência e tempo há-bil10, na prática, a literatura parece priori-zar o tempo de latência e tempo hábil. Al-guns autores defendem o uso da bupivaca-ína pelo seu tempo maior de ação que podevariar entre 3 a 8 horas dependendo do

Figura 7: Língua de paciente canino após au-tomutilação durante recuperação anestésica.Presença de cortes profundos envolvendoquase a totalidade da espessura da língua................................................................................

Foi aplicada sutura por meio de pon-tos simples separados com fio de ácido po-liglicólicof (Figura 8). Após ser extuba-do, o paciente novamente foi encaminha-do a recuperação ficando sob observaçãorigorosa até que se recuperasse completa-mente da anestesia e pudesse ser liberadocom segurança. O paciente recebeu altacom prescrição de antibioticoterapia a basede espiramicina e dimetridazolg, anti-in-flamatório a base de meloxicamh e anal-gesia complementada por dipirona, alémde antisséptico bucal a base de gluconatode clorhexidina 0,12%i.

f ABS 4-0 - Paramed - São Paulo, SPg Spiraphar - Virbac - São Paulo, SPh Maxicam - Ourofino - Cravinhos, SPi Periovet - Vetnil - Louveira, SP

Figura 8: Aspecto final da língua após suturapor meio de pontos simples separados comfio de ácido poliglicólico

Figura 9: Imagem da língua durante retornocom 11 dias de pós-operatório

Figura 10: Imagem da língua durante trata-mento periodontal após 1 ano e 4 meses. Épossível visualizar marcar cicatriciais................................................................................

A avaliação dos registros anestésicos efotográficos permitiu a constatação de queo tratamento foi iniciado pelo lado esquer-do com duração de aproximadamente umahora e 20 minutos seguido do tratamentodo lado direito com duração aproximadade 40 minutos. Não foi possível verificarse o tratamento começou pelo quadranteinferior ou superior, o momento exato darealização dos bloqueios, ou quanto tem-po decorreu entre o último bloqueio anes-tésico e o momento da automutilação. Atra-vés dos registros fotográficos, foi possíveldeterminar que o tempo decorrido entre aúltima fotografia registrando a finalizaçãodo tratamento e a primeira fotografia dalíngua traumatizada, já com o pacienteanestesiado, foi de aproximadamente 50minutos. Não foi possível definir em qualdecúbito o paciente foi colocado na recu-peração.

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uso associado de vasoconstritor ounão2,4,8,9,11. Este tempo maior de ação é ci-tado como vantagem pois auxilia na anal-gesia pós-operatória4,7. Porém, a bupiva-caína tem a desvantagem de ter um perío-do de latência prolongado, variando dequatro a 30 minutos9. A lidocaína tem sidoapontada como tendo um período de la-tência curto que varia entre um a 15 mi-nutos, porém, com a desvantagem de terum tempo de ação curto, que varia de 20minutos a duas horas, variação esta con-dicionada a associação ou não de vasocons-tritor4. Alguns autores, buscando o melhorde cada um destes fármacos, sugerem o usoassociado de lidocaína com bupivacaínapara garantir um tempo de latência menore um tempo de ação mais prolongado7.

A ocorrência de automutilação da lín-gua e lábios tem sido apontada como umadas complicações do bloqueio mandibular,onde há a dessensibilização também donervo lingual devido a sua proximidadedo nervo mandilular9. Tal ocorrência levaa discussão se um anestésico de longa açãocomo a bupivacaína seria o mais indicadopara o uso em animais, a despeito do be-nefício analgésico no pós-operatório. En-tre os prós e contras do uso da lidocaína eda bupivacaína encontra-se a mepivacaí-na que é o fármaco encontrado como ten-do um período de latência pequeno, entredois a 10 minutos e tempo de ação entreuma hora e meia a quatro horas depen-dendo do uso de vasoconstritor associadoou não2,4,8,9,10,11. O tempo de ação de umahora e meia parece ser razoável para blo-queios e levam à indagação se a mepiva-caína sem uso de vasoconstritor não seria

o agente anestésico de escolha para a mai-or parte dos procedimentos odontológicos.Contudo, em procedimentos ou cirurgiasorais de maior duração, como por exem-plo mandibulectomias, a bupivacaína te-ria melhor indicação. Da mesma formapara procedimentos isolados ou rápidos,como a extração de um elemento dental, alidocaína sem vasoconstritor seria opçãointeressante. Tais observações parecemindicar não haver um agente anestésicolocal ideal para todas as situações, caben-do ao cirurgião após o exame clínico dacavidade oral planejar junto ao anestesis-ta a estratégia de analgesia levando emconsideração o tempo estimado de trata-mento para então fazer a escolha do agen-te anestésico a ser utilizado.

A dosagem da lidocaína varia na lite-ratura de 2 a 7 mg/kg para cães e 2 a 3mg/kg para gatos, sendo a dosagem tóxi-ca acima de 10 mg/kg. Para a mepivacaí-na a dosagem varia entre 2 a 10 mg/kgpara cães e entre 2 a 2,5 mg/kg para gatose dose tóxica acima de 30 mg/kg. Para abupivacaína a dosagem de 2 mg/kg paracães e para gatos varia entre 1 a 2 mg/kg edosagem tóxica acima de 4 mg/kg2,4,8,9,10,11.Embora cada agente anestésico tenha suadose segura, uma regra de ouro é usar do-ses de até 2 mg/kg para todos os anestési-cos locais2.

Apesar do uso de substâncias vasocons-tritoras seja citado por vários autores2,4,8,9,10

sua indicação para aumentar o tempo deação dos bloqueios é discutível nos proce-dimentos odontológicos em cães e gatos.O tempo de ação encontrado na literaturapara cada agente é variável, não ficandoclaro o quanto uma substância vasocons-tritora influencia nestes valores. Portanto,na prática, faltam dados concretos para ouso ou não de vasoconstritores em animais,de modo que parece plausível supor queseu uso poderia ser dispensável a menosque se disponha apenas da lidocaína comoopção de agente anestésico local. Caso hajaoutras opções como a mepivacaína e a bu-pivacaína, o médico veterinário pode op-tar por tais agentes quando buscar um efei-to mais prolongado. Em geral, para feli-nos emprega-se 0,1 a 0,3 ml por sítio deaplicação e 0,1 a 0,5 ml para cães2,8,9 de-pendendo do porte do paciente, podendochegar a 1 ml nos de porte grande. Porém,em pacientes pequenos o volume total podeser limitante se vários pontos de bloqueioforem utilizados.

Foram encontradas citações de compli-cações locais associadas ao uso de anesté-sicos locais. Dentre elas, distúrbios neu-

Figura 11: Imagem ilustra o acesso extra-oralpara o bloqueio mandibular em paciente ca-nino, onde o dedo indicador é utilizado parapalpar a região do forame mandibular intrao-ralmente, orientando a inserção da agulha porvia extraoral e com o bisel da agulha voltadopara o forame. Durante a injeção e após 60segundos desta faz-se pressão digital sobreo forame mandibular.................................................................................

rosensoriais como hipoestesia, parestesia,disestesia, alodinia, anestesia prolongada,alteração no paladar e dor espontânea12,hematoma no local da injeção, isquemia einfecção local9, paresia12, alterações ócu-lomotoras14, diplopia e outros sinais ocu-lares15, autotraumatismo da língua, lábiose bochechas7,8,16. Destas complicações lo-cais a automutilação foi a única citada emanimais, contudo, não foram encontradosestudos investigativos sobre a incidênciadesta e outras complicações em animais.O que leva a indagação se tais complica-ções são raras em animais, como em hu-manos17 ou simplesmente pouco documen-tadas, como também supõem-se em huma-nos12.

No presente relato de caso, a avaliaçãodos registros anestésicos permitiu concluirque os parâmetros frequência cardíaca erespiratória, como também a pressão arte-rial média permaneceram estáveis o quepermite, ao menos subjetivamente concluirque os bloqueios foram efetivos. A avalia-ção da linha de trauma (na diagonal) dafigura 7 sugere que a língua ficou pen-dente para o lado direito da boca, no en-tanto, não foi possível concluir se isto foidecorrente do decúbito lateral durante arecuperação, de possível bloqueio da fun-ção motora da língua do lado direito ousomente de dessensibilização lingual. É re-comendável deixar o paciente em decúbi-to esternal para prevenir que a língua fi-que pendida para um dos lados e estes pa-cientes devem ser acompanhados atenta-mente a fim de evitar complicações seme-lhantes. Sinais de desconforto, fricção ex-cessiva da pata na face, perda da sensibili-dade na face podem indicar a necessidadede tranquilização do paciente até que oefeito desapareça7,8,9. Não foi possível pre-cisar em que momento foram feitos os blo-queios mandibulares, porém ficou eviden-te que o lado direito foi tratado após o ladoesquerdo e que o tempo para aquele ladofoi mais curto que para este, ou seja, cercade 40 minutos, tempo este que o bloqueioainda poderia estar presente durante a re-cuperação anestésica. O volume injetadode 0,3 ml estava de acordo com o reco-mendado8, porém a técnica intraoral debloqueio mandibular dificulta a digito-pressão durante e após a injeção de anes-tésico. A falta da dígito-pressão pode tersido um fator agravante para a dessensibi-lização também da inervação da língua.Não foi possível saber se o bisel da agulhaestava voltado para o forame, sendo maisum fator que pode contribuir para este tipode complicação.

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ConclusõesA escolha do agente anestésico deve

levar em consideração o período hábil e otempo do procedimento. Para o bloqueiomandibular, o acesso extra-oral com o bi-sel da agulha voltado para o forame, a di-gito-pressão durante e após 60 segundosda injeção e o uso de volume limitado deanestésicos de curta ou média duração pa-rece ser o mais indicado na maioria doscasos para evitar dessensibilização da lín-gua e automutilação. Pacientes que rece-beram bloqueios anestésicos devem sermantidos preferencialmente em decúbitoesternal durante a recuperação anestésicae devem receber vigilância eficaz até quepossam ser liberados em segurança. A ocor-rência de complicações decorrentes do usode bloqueios regionais deve ser melhor in-vestigada e documentada em animais.

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IntroduçãoMastocitoma ou tumor de mastócitos é

uma neoplasia cutânea maligna muito fre-quente em cães14 que corresponde de 16%a 21% de todas as neoplasias cutâneas e11% a 27% de todo tumor maligno cani-no4. A etiologia dos mastocitomas é des-conhecida, no entanto, a predisposição ra-cial, inflamação crônica e envolvimento vi-

“Mast cell Canine: CaseReport”

“Tumor canino de losmastocitos: reporte deun caso”

RESUMO: Mastocitomas são neoplasias potencialmente malignas que acometem a pele de cães e que possuemgrande importância na clínica devido ao seu comportamento biológico agressivo, potencial metastático alémda ocorrência de síndrome paraneoplásica. Objetivou-se descrever a ocorrência de um mastocitomamoderadamente diferenciado grau II, em uma cadela da raça Sharpei, caracterizado inicialmente por lesõesulcerativas e exsudativas na pele da região dos membros e tórax. O diagnóstico baseou-se nas característicasclínicas e histopatológicas da neoplasia e diante dos resultados obtidos concluímos que o prognóstico foi ruimdevido a gravidade dos sinais clínicos apresentados pelo animal, decorrentes da síndrome paraneoplásica.Unitermos: neoplasias, cão, histopatologia

ABSTRACT: Mast cell tumors are potentially malignant neoplasms that affect the skin of dogs and have greatimportance in the clinic because of its aggressive biological behavior, metastatic potential, besides the occurrenceof paraneoplastic syndrome. The objective was to describe the occurrence of a moderately differentiated gradeII mast cell tumor in a bitch Sharpei, initially characterized by ulcerative lesions on the skin and exuding theregion of the limbs and chest. The diagnosis was based on clinical and histopathologic features of neoplasiaand before the results we conclude that the prognosis was poor due to the severity of clinical signs presentedby the animal, resulting from paraneoplastic syndrome.Keywords: neoplasms, dog, histopathology

RESUMEN: Los tumores de mastocitos son neoplasias malignas que afectan potencialmente la piel de losperros y tienen gran importancia en la clínica, debido a su comportamiento biológico agresivo, potencial me-tastásico, y la aparición del síndrome paraneoplásico. Este estudio tuvo como objetivo describir la ocurrenciade un mastocitoma moderadamente diferenciado grado II, en una perra Sharpei, inicialmente caracterizada porlesiones piel ulcerosa y exudativa en la región de las extremidades y el tórax. El diagnóstico se basó en lascaracterísticas clínica e histopatológica del tumor, de acuerdo con los resultados se concluye que el pronósticoera malo debido a la gravedad de los signos clínicos presentados por el animal, resultante de síndrome para-neoplásico.Palabras clave: cáncer, perro, histopatología

(Relato de caso)

Figura 1:Lesões circulares,

ulcerativas,eritematosas, com

presença de pus

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ral podem exercer um papel importante nodesencadeamento da neoplasia1.

Os mastocitomas podem surgir da der-me ou do tecido conjuntivo subcutâneo7.A forma cutânea pode assemelhar-se a nu-merosas lesões, de etiologia neoplásica ounão2, sendo denominado por muitos auto-res como “o grande imitador”8.

São neoplasias consideradas potenci-

Roberto Rômulo Ferreira da Silva*([email protected])Mestre em Ciência Veterinária;Docente do Curso de MedicinaVeterinária do Centro UniversitárioCesmac; Médico-Veterinário dohospital de Pequenos Animais

Joyce Venâncio([email protected])Médica-Veterinária autônoma

Flávia Figueiraujo Jabour([email protected])Mestre em Patologia Animal;Docente do Curso de MedicinaVeterinária do Centro UniversitárioCesmac; Patologista do Setor deHistopatologia e de Necropsia

Liana Mesquita Vilela([email protected])Mestre em Ciência Veterinária;Docente do Curso de MedicinaVeterinária do Centro UniversitárioCesmac; Médica-Veterinária dohospital de Pequenos Animais

* Autor para correspondência

almente malignas pelo seu potencial me-tastático e pelos distúrbios paraneoplási-cos que promove1.

As regiões mais afetadas pelos tumo-res são os membros pélvicos, e torácicos,abdome, tórax e cabeça. Podem surgir tam-bém no baço, fígado e rins7. Acomete maisos animais de meia idade a idosos e nãohá predileção sexual15.

Nosso Clínico • 19

lizados raspados de pele e tricograma eexaminados para pesquisa de ácaros, alémde hemograma e bioquímica sérica.

Como a suspeita inicial foi de pioder-mite primária, prescreveu-se cefalexina(30 mg/kg a cada 12 horas, por 30 dias) ebanhos com xampu de clorexidine a 2%(a cada 72 horas). Também recomendou-

se omeprazol (0,1 mg/kg a cada 24 horas)por via oral, o qual foi mantido durantetodo o período de tratamento. Trinta diasapós, as lesões se agravaram e surgiramalguns nódulos e uma extensa placa ulce-rada com secreção muco-purulenta, expan-dindo-se para a região torácica esquerdacom odor desagradável (Figuras 3 e 4).

As raças mais acometidas são aquelasderivadas do Bulldog1214 e alguns estudosdemonstram que cães da raça Shar Pei sãotambém predispostos a esta neoplasia9.

Na pele os mastocitomas são caracte-rizados por massas elevadas, bem defini-das, frequentemente alopécicas, eritema-tosas e algumas vezes ulceradas. Os tumo-res subcutâneos têm limites pouco defini-dos, são macios, coberto por pelos, sem eri-tema ou prurido, podendo ser clinicamen-te confundidos com lipomas7.

O diagnóstico baseia-se na anamnese,exame clínico, citologia aspirativa, deven-do ser confirmado pelo exame histopato-lógico. Radiografia e ultrassonografia sãoúteis nos casos de suspeita de neoplasiasviscerais e possíveis metástases10. Váriasopções de tratamento podem ser conside-radas para o mastocitoma, incluindo pro-cedimento cirúrgico, radioterapia, quimi-oterapia ou a combinação destes12,16.

A raça do animal, a localização das le-sões e a duração da enfermidade são fato-res que influenciam o prognóstico11. Cãesda raça Sharpey podem ter prognósticopior, pois desenvolvem tumores agressi-vos em idade mais jovem do que as outrasraças9. Tumores localizados na região pe-rineal, inguinal, escrotal e em prepúciocostumam ser mais agressivos. Massaspequenas, que têm crescimento mais len-to, apresentam melhor prognóstico do queaqueles tumores de crescimento rápido,com infiltração e metástases3.

Considerando que as características clí-nicas e dermatológicas do mastocitomapossa simular várias outras neoplasias epor ser muito frequente na clínica de pe-quenos animais, objetivou-se relatar umcaso de mastocitoma moderadamente di-ferenciado grau II em uma cadela Shar Peicom lesões inespecíficas ulcerativas no cor-po, utilizando-se o exame histopatológicoe a técnica de histoquímica azul de tolui-dina para confirmação do diagnóstico.

Material e MétodoFoi atendida em uma clínica veteriná-

ria na cidade de Maceió - AL, uma cadelada raça Sharpei com dez anos de idade.Segundo o proprietário o animal apresen-tava ferimentos na pele com lambedurasfrequentes, há cerca de trinta dias com fre-quentes episódios de vômitos, além deapresentar-se apático e hiporéxico.

Ao exame clínico inicial, observaram-se lesões eritematosas e ulceradas locali-zadas na face lateral dos membros poste-riores (Figuras 1 e 2) e secreção serosa napele da face caudal das coxas. Foram rea-

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Figura 2:Presença das

lesões nosmembros

anteriores

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Figura 4: Lesõesulcerativas,

eritematosas enodulares com

presença de puse crostas

Figura 3:Nódulos seestendendo paraa face lateral dotórax

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Nesta fase da evolução clínica, insti-tuiu-se azitromicina (10 mg/kg, q24h porcinco dias) e prednisolona (1 mg/kg,q24h), cuja dose foi reduzida à metade,após dez dias de tratamento.

Na ausência de regressão dos sintomasfoi retirado, cirurgicamente, um fragmen-to da lesão, acondicionando em recipienteapropriado contendo formol a 10%, e emseguida processado pelos métodos de roti-na, incluídas em parafina, cortados em mi-crótomo rotativo a 5µm, corado pela he-matoxilina eosina e azul de toluidina paraposterior visualização microscópica.

Resultados e DiscussãoNão foram evidenciadas alterações sig-

nificativas no hemograma e nos níveis sé-ricos de ALT, ureia e creatinina. O exameparasitológico do raspado de pele foi ne-gativo e não se evidenciou presença de es-poros fúngicos no tricograma.

Ao exame histopatológico evidenciou-se na derme superficial e profunda, proli-feração de células arredondadas, pleomór-ficas, com grandes núcleos redondos, hi-percromáticos e citoplasma basofílico deaspecto granular. Havia presença de eosi-nófilos no permeio da proliferação neoplá-sica e poucas figuras de mitoses (Figuras5 e 6). Os grânulos citoplasmáticos torna-ram-se mais conspícuos com o uso da co-loração azul de toluidina, tornando possí-vel evidenciar sua propriedade de meta-cromasia (Figura 7)6.

A análise histopatológica revelou tra-tar-se de mastocitoma grau II ou de dife-renciação moderada, baseando-se na clas-sificação da Organização Mundial da Saú-de (OMS)5, sendo esta histogênese com-provada pela coloração azul de toluidinapositiva para grânulos intracitoplasmáti-cos.

Independente de sua classificação to-dos os mastocitomas devem ser conside-rados potencialmente malignos devido asua apresentação clínica variável e impre-visível, ocorrência de metástases e de dis-túrbios paraneoplásicos1. Os episódios devômitos apresentados pelo paciente foramanteriormente descritos por outros auto-res13. Disfunções gastroentéricas podemocorrer devido à excessiva liberação dehistamina pelos mastócitos neoplásicos.No local onde foi realizada a biópsia ocor-reu persistente sangramento provavelmen-te devido a anormalidades da coagulaçãopela liberação de heparina dos grânulosdos mastócitos14. Estas e outras alteraçõessecundárias à presença da neoplasia ca-racterizam a síndrome paraneoplásica

Figura 7:Proliferação de

mastócitosneoplásicos e

grânulosintracitoplas-

máticosevidentes. Azul

de toluidina(40x)

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Figuras 5 e 6:Presença de

célulasarredondadas,pleomórficas,com grandes

núcleosredondos,

hipercromáticose citoplasmabasofílico de

aspecto granular.Observa-se

ainda presençade eosinófilos epoucas figuras

de mitose(HE. 40x)

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