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REVISTA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

61

Revista do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

2005 N 61

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIROREVISTA 61 MARO 2006

REVISTA DO

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

R. Tribunal de Contas Est. R. Janeiro

Rio de Janeiro

ano 25 n 61

p.1-353

maro/2006

CAPA Fotolito:Engenho & Arte Impresso: Coordenadoria Setorial de Grfica e Reprografia do TCE-RJ

Revista do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro V. 1, n. 1 (dez. 1975) - Rio de Janeiro: TCE 1975 - V.: 23 cm. Semestral. Continuao de: Revista do Tribunal de Contas do Estado da Guanabara ISSN0103-5517 1. Administrao Pblica - Controle - Peridicos - Rio de Janeiro (Estado). CDD 351.007505098153 CDU 35.078.3(815.3)(05)

Conselho Deliberativo: Presidente Jos Gomes Graciosa Vice-Presidente Marco Antonio Barbosa de Alencar Conselheiros Aluisio Gama de Souza Jos Leite Nader Jos Maurcio de Lima Nolasco Jonas Lopes de Carvalho Junior Julio Lambertson Rabello

Ministrio Pblico Especial Horcio Machado Medeiros Secretria-Geral de Controle Externo Maria Luiza Bulco Burrowes Secretrio-Geral de Administrao Carlos Csar Sally Ferreira Secretrio-Geral de Planejamento Horcio de Almeida Amaral Secretrio-Geral das Sesses Mauro Henrique da Silva Procurador-Geral Sylvio Mrio de Lossio Brasil Chefe de Gabinete da Presidncia Maria Veronica de Souza Madureira Diretor da Escola de Contas e Gesto Jos Augusto de Assumpo Brito Coordenador de Comunicao Social Imprensa e Editorao lvaro Miranda

www.tce.rj.gov.br

Editor Responsvel lvaro Miranda Editor Executivo Eduardo Pinheiro Produo e Logstica Mrcia Maria de Aguiar Ramos Diagramao Ftima S. V. de Jesus Margareth Peanha Capa Adelea Neves Gonzaga Barbosa Ins Blanchart Arte-Final Marcio Ercilo Gonalves Oliveira Impresso na Coordenadoria Setorial de Grfica Repr TCE-RJ e R epr ografia do TCE-RJ Coordenador: Jorge Lopes Guerra

NOTAS 1 - A correspondncia para esta Revista deve ser dirigida ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro - Coordenadoria Geral de Comunicao Social, Imprensa e Editorao - CCS - Praa da Repblica 70 - 2 andar - Tel.: 2224-3650 - CEP 20211351 - Rio de Janeiro - RJ. Endereo na Internet: http://www.tce.rj.gov.br. 2 - Os conceitos emitidos em trabalhos assinados so de inteira responsabilidade de seus autores.

SUMRIO

SUMRIO* EDITORIALPresidente JOS GOMES GRACIOSA ............................................................. * COLABORAES MARCELO MARTINELLI MURTA Balanos patrimoniais governamentais, o caso do Estado do Rio de Janeiro..................................................................................................................... NEILTON FERREIRA MACHARETE Prestao de servio pblico atravs de organizaes sociais e organizaes da sociedade civil de interesse pblico ................................ SABRINA NUNES IOCKEN A tributao pelo ICMS e o regime de substituio tributria ................... 15

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* VOTOSContrato de Locao Dao em pagamento como forma de extino de crdito tributrio. Competncia exclusiva de Lei Complemantar, que instituiu o Cdigo Tributrio Nacional para dispor de normas gerais. inconstitucional Lei Municipal que, dispondo diferentemente do CTN, permite que sejam compensados tributos com a dao de bens mveis. Aplicao da Smula 347 do STF, pelo Tribunal de Contas. Relator: Conselheiro JULIO L. RABELLO ........................................................ Edital de Licitao Revogao de certame licitatrio Ausncia de motivao do ato Necessidade de comprovao do fato superveniente de interesse pblico Voto pela comunicao ao Prefeito Municipal para que demonstre o fato superveniente que motivou a revogao da concorrncia. Relator: Conselheiro JOS MAURCIO DE LIMA NOLASCO .............................. Inexigibilidade de Licitao Ato de inexigibilidade de licitao (II, 25, Lei 8.666/93). Despesas com a prestao de servios de consultoria, assessoria, auditoria financeira e treinamento de pessoal, com o fito de

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implementar o Plano Diretor de Execuo Oramentria da Prefeitura. Pelo conhecimento do presente ato e arquivamento do processo. Voto revisor. Revisor: Conselheiro JOS LEITE NADER........................................................ Inexigibilidade de Licitao Aquisio de sistemas aplicativos de informtica Ausncia de comprovao da singularidade do objeto contratado Voto pela rejeio das razes de defesa, pela ilegalidade do ato de inexigibilidade de licitao, pela aplicao de multa ao Prefeito, pela comunicao ao Prefeito para que providencie imediatamente a realizao de processo licitatrio e pela expedio de ofcio ao ProcuradorGeral de Justia do Estado do Rio de Janeiro. Relator: Conselheiro JOS MAURCIO DE LIMA NOLASCO ............................. Inspeo Especial Inspeo especial realizada na Prefeitura do Municpio de Duque de Caxias, referente aplicao das receitas provenientes dos royalties de petrleo e gs natural. Exigncias. Diligncia externa. Apresente razes e esclarecimentos e cumpra as determinaes. Relator: Conselheiro JOS LEITE NADER ........................................................ Inspeo Extraordinria Prefeitura Municipal de Sumidouro Inspeo extraordinria referente ao exerccio financeiro de mandato integralmente cumprido na vigncia da Lei de Responsabilidade Fiscal Observncia regra insculpida no art. 42 da LRF Voto por acolhimento das razes apresentadas pelo Prefeito, pela cincia e arquivamento do processo. Relator: Conselheiro JONAS LOPES DE CARVALHO JUNIOR ...................... Inspeo Ordinria Inspeo ordinria no Instituto de Previdncia do Municpio de So Sebastio do Alto. Contratao direta, por inexigibilidade, do Banco do Brasil para a prestao de servios na gesto financeira dos recursos previdencirios municipais. Falta de escriturao do passivo atuarial do Instituto no Passivo Permanente do Balano Patrimonial. Pelo conhecimento e provimento do recurso, elidindo a multa aplicada e reformando-se a deciso de 9.9.2003. Voto revisor. Revisor: Conselheiro JOS LEITE NADER ................................... ................... Inspeo Ordinria Jurisdicionado condenado em multa, tendo falecido depois de prolatado pelo TCE-RJ o acrdo condenatrio. Extino da punibilidade do jurisdicionado, com efeito sobre a pretenso executria. Voto revisor. Revisor: Conselheiro MARCO ANTONIO BARBOSA DE ALENCAR ................

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Pedido de Vista Convnio para a execuo de obras e servios de engenharia Distino entre convnio, contrato e subveno Peculiar interesse da Administrao Anlise do caso concreto Voto revisor pela comunicao. Revisor: Conselheiro MARCO ANTONIO BARBOSA DE ALENCAR ................ Pedido de Vista Edital de licitao por concorrncia Critrio de reajustamento de preos Legalidade da adoo da data do oramento elaborado pela Administrao como data-base para o clculo do reajustamento de preos de contratos. Voto revisor pela comunicao. Revisor: Conselheiro ALUISIO GAMA DE SOUZA ................................................ Prestao de Contas Prestao de Contas de Gesto do Municpio de Mangaratiba, Poderes Executivo e Legislativo, relativa ao exerccio de 2003. Voto pela emisso de parecer prvio favorvel aprovao das Contas de Gesto do Poder Executivo, com ressalvas e determinaes, e de parecer prvio favorvel a comprovao das Contas de Gesto do Poder Executivo, com resslava e determinaes, e de parecer prvio contrrio s Contas de Gesto do Poder Legislativo. Relator: Conselheiro JONAS LOPES DE CARVALHO JUNIOR ........................ Prestao de Contas Prestao de contas de Ordenador de Despesas e de Tesoureiro, exerccio de 1999. Pagamento aos Vereadores em desacordo com o que estabelece o inciso I, art. 347 da Constituio Estadual, alterado pelo art. 1 da Emenda Constitucional 11/99. Voto pela diligncia interna. Relator: Conselheiro JONAS LOPES DE CARVALHO JUNIOR ........................ Recurso de Reconsiderao Aposentadoria e fixao de proventos. Diligncia externa. Recurso de reconsiderao. Voto pelo conhecimento do recurso e pelo provimento quanto ao mrito; comunicao ao atual Secretrio de Estado de Desenvolvimento Econmico e retificao do ato de fixao de proventos. Relator: Conselheiro ALUISIO GAMA DE SOUZA ................................................ Recurso de Reconsiderao Contrato oriundo de licitao por tomada de preos. Servios de "planejamento, programao e execuo de varrio e limpeza manual e mecnica de vias urbanas" so servios de engenharia sanitria. Relator: Conselheiro ALUISIO GAMA DE SOUZA.................................................

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EDITORIALA fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial exercida pelo Tribunal de Contas implica, entre outras coisas, um esforo sistemtico e contnuo para identificar com exatido ativos e passivos das entidades e garantir sua correta expresso nos balanos patrimoniais. Nesse sentido, enorme e complexo desafio constitudo pelas contas do Estado do Rio de Janeiro entidade que constitui a segunda maior economia do pas, com PIB anual superior ao de diversos pases latino-americanos. A cada ano, ao examinar as prestaes de contas anuais do governo, a Corte de Contas no mede empenho para aperfeioar esses balanos, apresentando ressalvas e determinaes que resultem, em sntese, em mais transparncia. Ou seja: que em face do Balano Patrimonial do Estado primeira vista, uma espcie de monstro de mil cabeas a sociedade encontre um retrato fiel desse ente que obtm receitas e realiza despesas anuais da ordem de dezenas de bilhes de reais, em sua maior parte oriundos de impostos. Os resultados dessa ao do TCE-RJ, felizmente, so concretos, com grande benefcio para a sociedade fluminense. A comprovao est neste nmero da nossa Revista, com a publicao da dissertao do tcnico de controle externo Marcelo Martinelli Murta, apresentada ao Programa de Mestrado em Cincias Contbeis da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Ao examinar cientificamente os balanos do Estado desde 1996 at o fim do primeiro semestre de 2001, o autor expe os significativos progressos alcanados na correta retratao do patrimnio pblico. Conclui, ainda, que tal evoluo ocorreu com expressiva colaborao do Tribunal de Contas, materializada nas ressalvas e determinaes contidas em seus pareceres.

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O trabalho, intitulado Balanos Patrimoniais Governamentais: o caso do Estado do Rio de Janeiro, relata como, entre dezembro de 1996 e junho de 2001, o patrimnio do Estado passou de uma situao lquida de R$ 5,2 bilhes para um passivo real descoberto de R$ 52,4 bilhes. Como as receitas e despesas no oscilaram muito no perodo, atribui a maior parte dessa enorme diferena reduo de ativos superavaliados e incluso de passivos antes omitidos. Alerta tambm que ainda h um caminho a ser percorrido at o encontro com a realidade patrimonial, sobretudo no que diz respeito contabilizao dos passivos previdencirios e dos saldos da Dvida Ativa. Se o fato, em si, no parece auspicioso declnio do patrimnio estadual expresso nos balanos do perodo examinado devemos compreender que somente atravs do constante aperfeioamento desses documentos poderemos ter uma Administrao Pblica capaz de fazer frente aos desafios e traar metas realistas e adequadas para o desenvolvimento. A participao do TCE-RJ neste processo ser cada vez mais decisiva. JOS GOMES GRACIOSA Presidente

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COLABORAES

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BALANOS PATRIMONIAIS GOVERNAMENTAIS, O CASO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO*MARCELO MARTINELLI MURTATcnico de Controle Externo

SUMRIO: Resumo; 1 - Introduo; 1.1 - Situao-problema; 1.2 - Objetivo da pesquisa; 1.3 - Delimitao do estudo; 1.4 - Questes a investigar; 1.5 - Relevncia da Pesquisa; 1.6 - Hipteses; 1.7 - Metodologia empregada; 2 - Anlise dos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro, exerccios findos em 31 de dezembro de 1996 a 2000 e semestre encerrado em 30 de junho de 2001 - 2.1 - Balanos Patrimoniais Sintticos; 2.2 - Ativo; 2.3 - Passivo; 2.4 - Ativo Real Lquido e Passivo Real Descoberto; 3 Avaliao das hipteses; 3.1 - Hiptese 1: Correta Retratao do Patrimnio Pblico; 3.2 - Hiptese 2: Os Princpios de Contabilidade Aplicados; 3.3 - Hiptese 3: A Atuao da Auditoria Geral do Estado (AGE); 3.4 - Hiptese 4: Cooperao do Controle Externo; 4 - Sugestes para pesquisas relacionadas a Balanos Patrimoniais Governamentais; 5 - Concluso; Bibliografia. RESUMO O Estado do Rio de Janeiro a segunda maior economia brasileira. Com 14,4 milhes de habitantes, o terceiro ente mais populoso da Federao, atrs apenas de So Paulo e Minas Gerais. No exerccio de 2001, obteve receitas e realizou despesas oramentrias de aproximadamente R$ 18,2 bilhes e R$ 18,0 bilhes, respectivamente. Ou seja, em apenas um ano movimentou recursos superiores ao PIB de diversos pases da Amrica Latina. Apesar desta destacada posio, a situao patrimonial do Estado experimentou um expressivo declnio entre o final de 1996 e meados de 2001, quando o Patrimnio Lquido de R$ 5,2 bilhes, registrado em 31/12/96, transformouse num Passivo Real Descoberto de R$ 52,4 bilhes, observado em 30/06/01. A significativa variao passiva, equivalente a R$ 57,6 bilhes, ocorrida em apenas quatro anos e meio, no foi ocasionada por dficits oramentrios, j que durante o perodo examinado houve um equilbrio entre as receitas e despesas estaduais, tendo sido promovida, majoritariamente, pela reduo do valor de ativos superavaliados e pela incorporao de diversos passivos omitidos.* O presente artigo corresponde, basicamente, aos captulos 1, 3 e 5 da dissertao apresentada no Programa de Mestrado em Cincias Contbeis da Faculdade de Administrao e Finanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

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Mop/Rev61Conseqentemente, as avaliaes levadas a efeito buscaram identificar se as informaes qualitativas e quantitativas fornecidas pelos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro, bem como as suas Notas Explicativas, referentes aos exerccios findos em 31/12 de 1996 a 2000 e ao semestre encerrado em 30/ 06/01, foram fidedignas e suficientes para que seus usurios pudessem interpretlos de maneira adequada. Salienta-se que, para fins de melhor comparabilidade, todos os valores utilizados para o estudo de caso foram atualizados para moeda de 30/06/01, com base na variao do IGP-DI. Os estudos realizados concluram que o expressivo decrscimo patrimonial ocorreu, principalmente, em razo da omisso da escriturao de passivos atuariais, relacionados aos benefcios previdencirios de responsabilidade do Tesouro Fluminense, bem como em funo da superavaliao do saldo da Dvida Ativa do Estado. Outros fatores tambm prejudicaram a correta evidenciao do patrimnio estadual, distinguindo-se a utilizao de critrios contbeis questionveis e as falhas existentes nos sistemas de informao. Em face das anlises realizadas, so relacionados diversos ativos e passivos que, ao final de determinado perodo, estavam super e/ou subavaliados, e, de maneira complementar, os efeitos trazidos para os Balanos Patrimoniais de competncia posterior. Aps proceder aos exames considerados necessrios nas circunstncias, o estudo conclui que apesar das limitaes impostas pela legislao que trata de Contabilidade Governamental no pas recomendvel que sejam adotados, no mbito da Contadoria do Estado do Rio de Janeiro (CGE), os Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGAs) consagrados na literatura e pela classe contbil. Ademais, esforos no sentido de aperfeioar o Balano Patrimonial Consolidado, a criao de uma Controladoria hierarquicamente ligada diretamente ao Governador, que incluiria em seu mbito a CGE e a Auditoria Geral do Estado (AGE), em conjunto com a melhoria dos sistemas de controles internos, principalmente no que concerne aos de informao, aumentariam a qualidade e a confiabilidade dos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro. 1- INTRODUO Os Balanos Patrimoniais elaborados nos diferentes nveis da Administrao Pblica, bem como suas Notas Explicativas, em geral no evidenciam adequadamente a real situao patrimonial dos governos brasileiros. De fato, apesar dos avanos ocorridos desde a edio da Lei n 4.320/64 1, principalmente aqueles trazidos pela1 - BRASIL. Lei Federal n 4.320, de 17 de maro de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaborao e controle de oramentos e balanos da Unio, dos estados, dos municpios e do Distrito Federal.

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Lei Complementar n 101/00 2, os valores apresentados no so, em sua maioria, fidedignos. Distanciam-se, portanto, de sua finalidade, qual seja: evidenciar, qualitativa e quantitativamente, numa determinada data, os bens, direitos, obrigaes e o saldo patrimonial da entidade. Para corroborar o exposto, o presente estudo utiliza o exame dos saldos contabilizados nos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro nos exerccios findos em 31/12 de 1996 a 2000 e no semestre encerrado em 30/06/01 (cut-off da amostra), em valores atualizados em moeda de 30 de junho de 2001, com base na variao do ndice Geral de Preos ao Consumidor Disponibilidade Interna (IGP-DI 3). Em razo da pesquisa empreendida, o estudo procura oferecer sugestes para a melhoria das informaes por parte da Contabilidade Governamental, objetivando que os demonstrativos contbeis das entidades pblicas venham a exprimir com qualidade e confiabilidade a situao patrimonial das entidades pblicas. 1.1 - Situao-Problema Ao longo da dcada de 90 diversos passivos no registrados, tambm chamados de esqueletos, causaram danos s finanas da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios. Destas obrigaes, de forma geral reconhecidas pelo Sistema de Caixa e, por conseguinte, no provisionadas nos Balanos Patrimoniais dos governos, destacam-se as dvidas absorvidas de empresas pblicas ou de economia mista (extintas, liquidadas ou privatizadas); os precatrios judiciais provenientes de sentenas judiciais j tramitadas em julgado; os dbitos remanescentes dos bancos federais e estaduais alienados para o setor privado; e, mais recentemente, as diferenas nos saldos do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS) decorrentes dos expurgos nos indexadores promovidos pelos Planos Vero e Collor I 4, bem como os benefcios j concedidos e a conceder relacionados Seguridade Social. Estima-se que a absoro, pelo Tesouro Federal, de diversos2 - _______. Lei Complementar Federal n 101, de 04 de maio de 2000. Estabelece normas de finanas pblicas voltadas para a responsabilidade na gesto fiscal e d outras providncias. 3 - A escolha do IGP-DI, apurado pela Fundao Getlio Vargas, se deu em razo deste ser o deflator comumente utilizado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Tribunal de Contas da Unio e pelos Tribunais de Contas dos Estados para se proceder atualizao de valores de perodos anteriores, para fins de melhor comparabilidade com os nmeros recentes. 4 - BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. HTTP://www.mtb.br/Temas/FGTS/Complementos/default.asp Em agosto de 2000, o Supremo Tribunal Federal julgou o mrito da ao apresentada por 30 (trinta) trabalhadores filiados ao Sindicato dos Metalrgicos de Caxias do Sul (RS), reconhecendo o direito dos trabalhadores a complemento de atualizao monetria no saldo das contas vinculadas ao FGTS referente ao perodo de dez/ 1988 e fev/1989 (Plano Vero) e ao ms de abr/1990 (Plano Collor I). Em vista do teor da deciso o Governo Federal decidiu estender, sob determinadas condies, o complemento a todas as contas vinculadas, mesmo daqueles trabalhadores que no recorreram Justia, desde que desistam da ao, de acordo com o estabelecido na Lei Complementar n 110 de 29 de junho de 2001. Estima-se que os gastos do Governo com esses pagamentos devam atingir R$ 50 bilhes.

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Mop/Rev61passivos prprios, dos estados e dos municpios, foi o principal fator para o crescimento da Dvida Pblica da Unio de R$ 208 bilhes para R$ 660 bilhes, observada entre o incio de 1996 e o final de 2001, denotando os prejuzos que a omisso do registro dos passivos no momento oportuno traz para as gestes posteriores. Da mesma forma, a falta de adequada avaliao contbil de alguns ativos, tais como a Dvida Ativa Tributria, os investimentos em empresas de economia mista e pblicas e os crditos mantidos com partes relacionadas tambm promovem danos s finanas pblicas, medida que estes bens e direitos normalmente apresentam valores escriturados superiores ao real montante de realizao, prejudicando a gerncia e a anlise das demonstraes contbeis dos governos. guisa de exemplificao, destaca-se que a simples correo de algumas destas distores contbeis, atravs da diminuio do valor de ativos e do reconhecimento de passivos omitidos, acarretaram uma expressiva retrao do patrimnio do Estado do Rio de Janeiro. Desta maneira, o Ativo Real Lquido do Estado registrado em 31/12/96, equivalente a R$ 5,6 bilhes (atualizado para moeda de 30 de junho de 2001, com base na variao do IGP-DI), transformou-se em um Passivo Real Descoberto de R$ 52,4 bilhes, em 30 de junho de 2001. O decrscimo patrimonial de R$ 58 bilhes, registrado num perodo de apenas 4 anos e meio, ocorreu em face da incorporao de passivos at ento no escriturados destacandose os assumidos quando da alienao da participao acionria do Estado no Banerj e as obrigaes j assumidas e a assumir do Sistema de Previdncia Estadual , bem como em razo da diminuio do valor contbil de bens e direitos anteriormente superavaliados principalmente nas contas de Dvida Ativa e Investimentos. Mesmo com a observada melhora na evidenciao dos bens, direitos e obrigaes ao longo dos ltimos exerccios, os mais recentes Balanos Patrimoniais e suas Notas Explicativas ainda no oferecem elementos suficientes para que se possa proceder adequada avaliao da situao patrimonial do Estado do Rio de Janeiro. Portanto, o presente estudo visa identificar quais so as principais causas do problema exposto, como tambm quais so as medidas que devem ser adotadas para sane-las. 1.2 - Objetivos da Pesquisa O presente estudo objetiva enfocar a importncia do Balano Patrimonial, tendo em vista que a apresentao fidedigna e consistente do mesmo poder fornecer aos usurios da Contabilidade Governamental informaes teis e auxiliar na formulao de polticas pblicas de curto, mdio e longo prazos, visando manter o equilbrio da situao financeira e patrimonial do Estado do Rio de Janeiro. O estudo tambm tem por finalidade detectar possveis limitaes nos Controles Interno e Externo do Estado que trazem limitaes para a Contadoria Geral

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do Estado (CGE) registrar, de forma adequada, diversas operaes efetuadas no mbito da Administrao Pblica fluminense. A presente pesquisa, da mesma forma, buscar avaliar a fidedignidade e a clareza dos saldos reportados nos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro, comparando, ainda, as tcnicas utilizadas para a sua elaborao com aquelas facultadas pela legislao e com as usualmente disseminadas pela Teoria da Contabilidade e pelos Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGAs), sejam brasileiras ou internacionais. Para atingir os objetivos propostos, sero levadas a efeito avaliaes sobre: a) normas e procedimentos da Contabilidade; b) usurios da Contabilidade; c) importncia da correta evidenciao contbil; d) Controles Interno e Externo; e) Notas Explicativas; f) situao patrimonial do Estado do Rio de Janeiro. 1.3 - Delimitao do Estudo No mbito governamental, os Balanos Patrimoniais so elaborados pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, e pelos Tribunais de Contas, Ministrio Pblico, fundos, autarquias, fundaes, empresas pblicas e pelas sociedades de economia mista da Unio, estados, Distrito Federal e municpios. O estudo ficar concentrado no exame dos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro, exerccios financeiros findos em 31 de dezembro de 1996 a 2000 e semestre encerrado em 30 de junho de 2001. Sero analisados aspectos quantitativos e qualitativos das informaes, destacando-se os ativos e passivos sub ou superavaliados. Para subsidiar esses exames, sero apresentados as normas e os procedimentos adotados em outros pases para a elaborao de seus Balanos Patrimoniais, comparando-os com aqueles praticados pelo Governo fluminense. 1.4 - Questes a Investigar A investigao empreendida concentra-se nas seguintes questes: a) a qualidade e a quantidade dos valores registrados nos ativos, passivos e os saldos patrimoniais dos exerccios findos em 31 de dezembro de 1996 a 2000 e do semestre encerrado em 30 de junho de 2001;

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Mop/Rev61b) a legislao que trata de Contabilidade Governamental e os Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGAs); c) as causas das incorrees dos Balanos Patrimoniais porventura identificadas; d) as medidas que devem ser introduzidas para promover a melhoria dos Balanos Patrimoniais das entidades governamentais. 1.5 - Relevncia da Pesquisa O Balano Patrimonial do Rio de Janeiro Estado com a segunda economia da Federao, tendo sua populao estimada, no ano 2000, em 14,4 milhes de habitantes 5 , apresentou, em 30 de junho de 2001, ativos da ordem de R$ 32,0 bilhes e passivos estimados em R$ 84,4 bilhes, apurando-se, portanto, um Passivo Real Descoberto de R$ 52,4 bilhes (equivalente a 32,9% do PIB fluminense apurado em 2001 6). Estes montantes, por sua magnitude, denotam a relevncia de um exame analtico da composio dos elementos patrimoniais. No obstante, a elaborao de Balanos Patrimoniais fidedignos pode representar para o Estado uma importante ferramenta gerencial, fornecer transparncia a suas contas, promover a atrao de investimentos e ajudar na obteno de financiamentos dos organismos nacionais e internacionais de fomento e desenvolvimento. Adicione-se que o estudo enfoca um tema que j vem sendo abordado em exames recentemente elaborados por entidades internacionais que fomentam pesquisas no segmento de finanas pblicas. De fato, tem havido um interesse crescente por parte de organismos internacionais (CEPAL, FMI, OCDE, BIRD, BID etc.) por anlises que apontem mecanismos para o equilbrio fiscal e patrimonial dos governos. Desta maneira, o estudo de caso relativo situao patrimonial do Estado do Rio de Janeiro se insere em um tema que vem merecendo destaque no Brasil e em outros pases. 1.6 - Hipteses As hipteses aventadas so: a) a correta retratao do Patrimnio Pblico pode ser til ao desenvolvimento, medida que fornece subsdios para a adoo de medidas que promovam a sustentabilidade financeira e patrimonial do Estado?5 - CIDE. O PIB do Estado estimado em R$ 159 bilhes em 2000 de acordo com o Centro de Informaes e Dados do Estado do Rio de Janeiro CIDE. Anurio Estatstico do Estado do Rio e Janeiro 1999-2000. Rio de Janeiro, 2001. http://www.cide.rj.com.br. 6 ______. Op. citada.

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b) os Princpios de Contabilidade adotados pela Contadoria Geral do Estado (CGE) encontram-se em conformidade com a legislao e so suficientes para a obteno da necessria evidenciao dos bens, direitos e obrigaes do Estado? c) a Auditoria Geral do Estado (AGE) e os controles internos fornecem garantia de melhor qualidade e confiabilidade dos saldos registrados no Balano Patrimonial do Estado? d) o Controle Externo coopera para a melhoria da evidenciao do Balano Patrimonial fluminense? 1.7 - Metodologia Empregada O modelo metodolgico adotado aquele sugerido por Tachizawa & Mendes para monografias de estudo de caso, de acordo com a descrio a seguir:7

Figura 1 Modelo metodolgico empregadoEscolha do assunto/Delimitao do tema

Bibliografia pertinente ao tema (rea especfica sob estudo)

Levantamento de dados

Fundamentao terica

Caracterizao institucional

Anlise e interpretao das informaes Concluso e resultados

O mtodo utilizado o dedutivo, partindo do estudo de caso dos recentes Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro para, com fulcro nos conhecimentos tericos consagrados nas publicaes tcnicas, em conjunto com observaes realizadas durante o processo de investigao, se inserir no segmento de pesquisa exploratria, utilizando ainda a literatura aplicvel.

7 - TACHIZAWA, Takeshy e MENDES, Gildsia. Como fazer monografia na prtica. 5 ed. rev. e amp. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000. p. 49.

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Mop/Rev61A presente investigao utilizou as informaes contidas nos Balanos Patrimoniais do Estado e em suas Notas Explicativas, relatrios da Auditoria Geral do Estado (AGE) e Pareceres Prvios do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Todos os dados referentes aos exerccios findos em 31/12 de 1996 a 2000 foram extrados das Contas da Gesto do Governo do Estado. Quanto aos valores do Balano Patrimonial do semestre encerrado em 30/06/01, destaca-se que foram obtidos atravs de consulta ao Sistema Integrado de Administrao Financeira do Estado (SIAFEM). Salienta-se, ainda, que o estudo utilizou-se de outros elementos, com base nos seguintes procedimentos: a) pesquisa documental: exame da legislao, normas, manuais tcnicos e publicaes de peridicos de natureza informativa; b) pesquisa bibliogrfica: exame de obras e publicaes nos segmentos legislao, contabilidade, administrao, direito e finanas pblicas, em mbito nacional e internacional. 2 - ANLISE DOS BALANOS PATRIMONIAIS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, EXERCCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 1996 A 2000 E SEMESTRE ENCERRADO EM 30 DE JUNHO DE 2001 O presente captulo busca avaliar quantitativa e qualitativamente os saldos escriturados nos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro, compreendendo os exerccios findos em 31/12 de 1996 a 2000 e o semestre encerrado em 30/06/01, nos grupos de contas determinados pelo artigo 105 da Lei 4.320/64, compreendendo: a) Ativo Financeiro b) Ativo Permanente; c) Passivo Financeiro d) Passivo Permanente; e) Saldo Patrimonial; e f) As Contas de Compensao. Destaca-se que os valores esto evidenciados em milhes de reais e, tambm, que s sero objeto de anlise os saldos de contas relevantes ou que contenham falhas ou omisses expressivas. Salienta-se, ainda, que os valores correntes registrados nos Balanos Patrimoniais do Estado foram atualizados,

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objetivando melhor comparabilidade, para moeda com poder aquisitivo de 30 de junho de 2001, corrigidos com base na variao do ndice Geral de Preos Disponibilidade Interna (IGP-DI), apurado pela Fundao Getlio Vargas (FGV), de acordo com os ndices a seguir apontados:

2.1 - Balanos Patrimoniais Sintticos De maneira sinttica, os saldos dos ativos, passivos, ativos reais lquidos e passivos reais descobertos do Estado do Rio de Janeiro, nos perodos avaliados, so relacionados a seguir, comeando pelos montantes registrados no Ativo: Tabela 2 Ativo Sinttico

O Passivo, por outro lado, apresentou os seguinte montantes: Tabela 3 Passivo Sinttico

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Tabela 1 ndices de atualizaoPerodo Contbil findo em: 31/12/1996 31/12/1997 31/12/1998 31/12/1999 31/12/2000 30/06/2001Nota: Clculos elaborados com base nos ndices do IGP-DI divulgados pela FGV.

ndice de Correo 1,5084 1,4034 1,3799 1,1501 1,0479 -

Tabela 2 Ativo Sinttico(em R$ milhes, em moeda de 30/06/01) 31/12/99 31/12/00 30/06/01 4.136 27.232 31.368 13.074 9.006 53.447 4.163 27.616 31.780 35.730 9.335 76.845 4.884 27.066 31.950 52.440 7.863 92.253

ATIVO Financeiro Ativo Permanente Soma do Ativo Real Saldo Patrimonial Passivo Real Descoberto Compensado TOTAL

31/12/96 1.016 23.684 24.700 6.674 31.374

31/12/97 7.368 20.724 28.091 7.313 35.404

31/12/98

8.587 17.650 26.237 13.225 13.404 52.866

Fonte: Balanos Gerais do Estado.

Tabela 3 Passivo Sinttico

Fonte: Balanos Gerais do Estado.

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A evoluo do Ativo, do Passivo (no includos os ativos e passivos compensados) e do Saldo Patrimonial pode ser melhor visualizada graficamente: Grfico 1 Evoluo do Ativo, Passivo e Saldo Patrimonial

EV OLUO DO ATIV O, PASSIV O (NO INCLUI ATIV O E PASSIV O COM PENSADO) E SALDO PATRIMONIAL - 31/12/96 A 31/12/00 E 30/06/01

100.000 80.000 60.000 R$ M IL HES 40.000 20.000 (20.000) (40.000) (60.000) Dez/96 Dez/97 Dez/98 ANO Dez/99 Dez/00 Jun/01

Soma do A tivo Real Soma do Passivo Real Saldo Patrimonial

Houve um vigoroso declnio no saldo patrimonial do Estado no perodo sob exame. O Ativo Real Lquido de R$ 5,2 bilhes, registrado em 31/12/96, transformouse em um Passivo Real Descoberto de R$ 52,4 bilhes, em 30/06/01. As causas que originaram este vultoso declnio sero avaliadas adiante, iniciando-se pela anlise da evoluo do Ativo. 2.2 - Ativo O comportamento das principais contas do Ativo do Estado ao longo do perodo analisado detalhado a seguir:

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Tabela 4 Ativo Analtico

Fonte: Balanos Gerais do Estado.

Ao longo do perodo a distribuio dos ativos por grupo de contas pode ser melhor observada graficamente:

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Grfico 2 Ativos por grupo de contasDISTRIBUIO DOS ATIVOS POR GRUPO DE CONTAS22.500 20.000 17.500 R$ MILHES 15.000 12.500 10.000 7.500 5.000 2.500 Disponvel Valores Vinculados Realizvel Bens Mveis e Imveis Crditos do Estado Valores do Es tado 1996 1997 1998 1999 2000 jun/01

Os Ativos do Estado concentraram-se principalmente em Crditos do Estado e Valores do Estado. A composio e as mutaes sofridas pelas contas que compem o Ativo so dissecadas a seguir: 2.2.1- Ativo Financeiro O Ativo Financeiro, que de acordo com o Professor Silva 8 compreende os crditos, valores realizveis e valores numerrios, movimentados independentemente de autorizao legislativa, apresentou a seguinte distribuio percentual em relao ao total do Ativo (excludos o Passivo Real a Descoberto e o Ativo Compensado): Tabela 5 Participao percentual das contas do Ativo FinanceiroDescrio Financeiro Disponvel Bancos Cta. Movimento Aplicaes Financeiras Administrao Indireta Rede Arrecadadora Valores Vinculados Conta "A" C.E.F Conta "B" C.E.F Fundo da Dvida Pblica Outros Realizvel Crditos Diversos a Receber Diversos Responsveis Valores em Trnsito Adm. Ind. Crd. em Circulao Outros 31/12/96 31/12/97 31/12/98 31/12/99 31/12/00 30/06/01 4,1% 26,2% 32,7% 13,2% 13,1% 15,3% 2,0% 0,1% 0,5% 1,4% 0,0% 1,9% 0,0% 0,0% 1,2% 0,7% 0,3% 0,0% 0,2% 0,0% 0,0% 0,0% 19,8% 17,3% 1,1% 1,4% 0,0% 2,6% 0,0% 0,0% 2,6% 0,1% 3,7% 0,4% 0,2% 0,0% 3,0% 0,1% 5,6% 0,2% 3,3% 2,1% 0,0% 21,7% 15,1% 6,6% 0,0% 0,0% 5,4% 0,6% 0,2% 0,0% 4,5% 0,0% 2,1% 0,1% 1,5% 0,4% 0,0% 4,1% 0,0% 4,1% 0,0% 0,0% 7,0% 1,9% 0,2% 0,0% 4,9% 0,0% 2,9% 0,6% 2,2% 0,0% 0,0% 4,7% 0,9% 3,8% 0,0% 0,0% 5,5% 4,9% 0,2% 0,0% 0,3% 0,2% 4,7% 2,1% 2,6% 0,0% 0,0% 4,5% 0,7% 3,8% 0,0% 0,0% 6,1% 4,5% 0,0% 1,1% 0,0% 0,5%

8 - SILVA, Lino Martins da. Contabilidade Governamental, um enfoque administrativo. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2000. p. 324.

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Mop/Rev61A partir do exame desta tabela, observa-se que o Ativo Financeiro representou 4,1%, 26,2%, 32,7%, 13,2%, 13,1% e 15,3% nas datas indicadas, respectivamente. O expressivo crescimento verificado entre 31/12 de 96 a 97 explicado principalmente por linhas de crdito, chamadas Conta A e Conta B, cedidas pela Caixa Econmica Federal ao Governo do Estado em meados de 1997. Estas linhas de crdito, concedidas para viabilizar a desestatizao do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj S.A.), totalizaram R$ 3,088 bilhes em moeda de jun/97, equivalente a R$ 4,45 bilhes em moeda de 30/06/01, sendo destinadas, originalmente, para a cobertura de passivos atuariais e contenciosos trabalhistas, fiscais e outras avenas, assumidos pelo Estado do Rio de Janeiro durante o processo de privatizao do mencionado banco, ocorrida em meados de 1997. Por outro lado, o forte declnio da participao do Disponvel em relao ao total do Ativo, observado a partir de 1999, explicado pela renegociao da dvida do Estado junto Unio, quando a quase totalidade do saldo da "Conta A" foi convertida em Certificados Financeiros do Tesouro (CFTs), classificados no grupo do Ativo Permanente Ttulos e Valores Mobilirios, e, tambm, pela elevao do saldo de outras contas. Adiante, inicia-se o exame das contas de Ativo pela rubrica Disponvel. 2.2.1.1 - Disponvel O Disponvel, descrito por Kohama 9 como o numerrio que se encontra disponvel, em moeda nacional e estrangeira, em poder de caixas, tesourarias, exatorias e bancos e correspondentes, consignou os seguintes saldos nos exerccios findos em 31/12 de 96 a 00 e no semestre findo em 30/06/01:(R$ milhes em moeda de 30/06/01)DESCRIO Disponvel Bancos Cta. Movimento Aplicaes Financeiras Administrao Indireta Rede Arrecadadora 31/12/96 486 27 120 339 31/12/97 5.575 4.867 314 394 31/12/98 1.475 59 873 543 31/12/99 659 45 470 131 13 31/12/00 916 183 707 11 14 30/06/01 1.500 669 818 13

A seguir, so avaliadas as contas que compem o Ativo Financeiro. 2.2.1.1.1 - Bancos Conta Movimento A conta de Banco Conta Movimento teve um crescimento explosivo entre 31/12/96 a 31/12/97, ou seja 2.775,01%, em decorrncia da obteno de linhas de crdito junto CEF (conforme j destacado), equivalentes a R$ 3,1 bilhes (ou R$ 4,5 bilhes em moeda de 30/06/01). Obtidas em 01/06/97, as referidas linhas de crdito subdividiram-se em duas contas, chamadas de Conta A e Conta B,9 - KOHAMA, Heilio. Balanos pblicos, teoria e prtica. So Paulo: Atlas, 1999. p. 89.

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sendo destinadas a cobertura de passivos remanescentes especficos, herdados aps a alienao da participao acionria do Estado no Banco Banerj S.A. 10, relacionadas a seguir:(em R$ milhes correntes)CONTA A TIPO DE PASSIVO Passivo atuarial a descoberto para cobertura de planos previndencirios dos funcionrios do Banerj cobertos pela PREVI-BANERJ Possveis contenciosos, multas e ressarcimentos relacionados ao processo de privatizao do Banerj S.A. (privatizado) TOTAL R$ milhes 2.146

B

942 3.088

A contabilizao das Contas A e B no Disponvel foi inadequada, uma vez que estes valores eram destinados ao pagamento de determinados passivos, e, portanto, eram recursos vinculados. Em razo da determinao do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) 11, quando da emisso de Parecer Prvio s Contas da Administrao Financeira, exerccio de 1997, os saldos das Contas A e B foram reclassificados em 1998 para a conta Valores Vinculados. Destaca-se que, em 31/12/97, o Disponvel era tambm composto por outros R$ 732 milhes, sendo destes R$ 630 milhes relativos ao valor registrado em Banco do Brasil Fundo da Dvida Pblica (FDP), representando os valores de Letras Financeiras do Tesouro Estadual (LFTRJs) sob custdia do Banco do Brasil, gestor, poca, da Dvida Mobiliria do Estado do Rio de Janeiro. Por conseguinte, os R$ 630 milhes no poderiam ser classificados como recursos disponveis, medida que representavam um estoque de Dvida Mobiliria Estadual destinado ao resgate de Ttulos da Dvida do Estado (LFTRJs) vincendos. Ou seja, estavam vinculados chamada rolagem automtica da Dvida Mobiliria Estadual, sendo destinados a obteno de numerrio no mercado a ser utilizado no resgate de LFTRJs que seriam resgatadas em futuro breve. Desta sorte, o real saldo de disponibilidades, em 31/12/97, era de: (saldos em 31/12/97, em moeda de 30/06/01) Descrio Bancos Conta Movimento (-) Saldo com a CEF (-) Saldo com o Banco do Brasil = Bancos Conta Movimento Ajustada R$ milhes 4.867 (4.135) (630) 102

10 - O antigo Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A. (Banerj S.A.) foi cindido em dois bancos: O Banco do Rio de Janeiro S.A. (atualmente em liquidao extrajudicial) e o Banco Banerj S.A., alienado para a iniciativa privada (Conglomerado Ita) em junho de 1997. 11 - Determinao n 16, do voto prolatado pelo Conselheiro Relator Jos Gomes Graciosa.

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Mop/Rev61Por conseqncia, qualquer anlise das disponibilidades do Estado que considerasse os valores escriturados no Balano Financeiro, sem que se procedesse aos necessrios ajustes, seria distorcida. Com efeito, por exemplo, alguns ndices de liquidez apresentariam indicadores positivos, devido suposta posse de recursos para a cobertura de passivos de curto prazo, o que na prtica no estava ocorrendo. Destaca-se tambm que, apesar da relevncia dos saldos das Contas A e B, a CGE e AGE no elaboraram Notas Explicativas detalhadas sobre a origem, destino e composio das referidas linhas de crdito. Por fim, salienta-se que a conta Bancos Cta. Movimento, pouco expressiva em 31/12 de 99 e 00, teve destacada participao em 30/06/01. Nesta data, os valores atingiram R$ 669 milhes em decorrncia da melhoria da situao fiscal do Estado, possibilitando a constituio de reservas destinadas ao pagamento de metade do 13 salrio dos servidores, ocorrida em julho de 2001. 2.2.1.1.2 - Aplicaes Financeiras Os montantes contabilizados na conta de Aplicaes Financeiras mantiveram-se em patamares prximos findas as datas examinadas (exceto 31/12 de 96 e 97): R$ 873 milhes, R$ 470 milhes, R$ 707 milhes e R$ 818 milhes, em 31/12 de 1998/1999/2000 e 1 semestre de 2001, respectivamente. Na verdade, estes saldos at 31/12/99 no refletiam a real situao financeira do Estado, considerando que incluam valores relativos a crditos de rgos da Administrao Direta, Indireta e Fundacional junto ao Fundo da Dvida Pblica (FDP). Exceto pelos saldos de 31/ 12/96 e 1997, grande parcela dos valores registrados como Aplicaes Financeiras de 31/12/98 adiante pode ser considerada virtual (sic) pois, por exemplo, dos R$ 873 milhes contabilizados como Aplicaes Financeiras em 31/12/98, R$ 787 milhes, ou 90,1% do total, referiam-se a saldos de aplicaes no FDP, como o apresentado:(R$ milhes em moeda de 30/06/01)Descrio Aplicaes Financeiras rgos Participantes do Fundo da Dvida Pblica Administrao Direta Banco do Brasil C/ SELIC Depsitos em Conta de Poupana Saldo R$ bilhes em 31/12/98 873 787 78 8 0 % Total 100,0 90,1 8,9 1,0 0,0

Exceto pelo valores do Fundo do Judicirio, que a partir de 1999 comeou a ser formado, os outros valores contabilizados na conta so efetivamente disponveis.

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Em 31/12/98, os R$ 787 milhes registrados na conta Aplicaes Financeiras caracterizavam-se por serem valores escriturais (tendo como contrapartida um passivo), medida que referiam-se a crditos de rgos da Administrao Direta, Indireta e Fundacional devidos pelo Tesouro do Estado ao FDP, sem que existisse um lastro financeiro correspondente no Tesouro do Estado do Rio de Janeiro. O FDP, criado para financiar a Dvida Mobiliria do Estado, em razo das limitaes de caixa do Governo do Estado, utilizava recursos do DETRAN, LOTERJ etc., comprometia-se a restituir os valores captados com base na variao da taxa Selic 12. Entretanto, o Tesouro Estadual, devedor destas quantias, por no possuir os recursos necessrios para o reembolso, e assim cumprir o pactuado, nunca ressarciu os valores obtidos, fazendo com que, na prtica, os montantes devidos tornassem-se de carter permanente, tendo em vista, ainda, a inexistncia de data predeterminada para quitao dos referidos dbitos. Em outras palavras, os valores registrados como aplicaes financeiras do Fundo da Dvida Pblica so ativos de rgos da Administrao Direta, Indireta e de Fundos Estaduais, no existindo perspectivas de efetivo ressarcimento pelo Tesouro do Estado dos valores devidos aos credores. O improvvel reembolso dos valores devidos pelo FDP a rgos Estaduais tornou-se mais claro com o advento da renegociao da dvida do Estado junto Unio, ocorrida em outubro de 1999. Nesta ocasio, todo o saldo devedor relacionado s LFTRJs foi assumido pela Unio, extinguindo, por conseqncia, a Dvida Mobiliria Estadual. Naquela ocasio, todo o montante devedor apurado como saldo devedor em LFTRJs (recalculado, conforme exposto na anlise da Dvida Fundada) foi convertido para Dvida Contratual. Cessadas as operaes do FDP, restaram saldos credores da Administrao Indireta resultantes das prticas contbeis adotadas ao longo dos anos. Estes saldos, meramente escriturais, permaneceram distorcendo o Balano Patrimonial do Estado ao longo do exerccio de 1999, especificamente a conta Crditos Diversos a Receber a partir do exerccio de 2000. Por conseguinte, em razo da no eliminao dos saldos do FDP, o saldo contabilizado no Ativo do Estado foi superavaliado em alguns dos perodos sob exame.

12 - a taxa prime do mercado que regula as operaes dirias com ttulos pblicos federais, pois a sua taxa diria que regula os preos unitrios (P.U.) dos ttulos pblicos.

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Mop/Rev612.2.1.1.3 - Administrao Indireta e Rede Arrecadadora Em razo da irrelevncia, se comparados com o valor total do Ativo, os valores registrados nas contas de Administrao Indireta e Rede Arrecadadora no sero objeto de anlise. 2.2.1.2 - Valores Vinculados De acordo com citao de Lopes de S 13 aqui reproduzida: Vinculados um sufixo de conta que indica que seus valores se encontram presos, em garantia de uma transao; sufixo que indica dependncia de uma conta, ou vincula. Os valores que apresentavam tal caractersticas em 31/12/96 e 97 eram, destacadamente, os saldos do FDP. A partir de 31/12/98 h predominncia dos valores relativos s Contas A e B, acordemente ao apresentado na tabela:(R$ milhes em moeda de 30/06/01)Descrio Valores Vinculados Conta "A" - C.E.F. Conta "B" C.E.F. Fundo da Dvida Pblica Outros 31/12/96 461 300 161 31/12/97 740 723 17 31/12/98 5.697 3.974 1.723 31/12/99 1.296 1.295 31/12/00 1.490 277 1.213 30/06/01 1.438 230 1.280 -

Os saldos da conta Fundo da Dvida Pblica foram transferidos, a partir de 1998, para a conta Aplicaes Financeiras e, conforme destacado anteriormente, referem-se a valores devidos pelo Tesouro a rgos da Administrao Direta e Indireta tendo, como contrapartida no Passivo, a conta de Credores Entidades e Agentes. Destarte, esses crditos no possuem lastro financeiro, sendo considerados como crditos meramente escriturais. Quanto questo das Contas A e B, contabilizadas indevidamente no grupo de Disponvel em 31/12/97, adiante se proceder a uma descrio detalhada da evoluo de seus saldos. 2.2.1.2.1 - Contas A e B O saldo das Contas A e B refletem os montantes de linhas de crdito obtidas junto Caixa Econmica Federal (CEF) em 06 de junho de 1997. Vinculadas, na data do contrato, nica e exclusivamente para a cobertura de passivos trabalhistas,13 - LOPES DE S, Antnio. Dicionrio de Contabilidade. 9 a ed. So Paulo, Atlas, 1995. p. 468.

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previdencirios e tributrios provenientes do Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A. (Em Liquidao Extrajudicial), compreendiam os seguintes valores na data de sua liberao:

(em valores correntes de jul/97) CONTA A B Total = R$ milhes 2.146 942 3.088

Em razo dos valores disponibilizados serem corrigidos pelas taxas de juros praticadas no mercado aberto (open-market), mesmo que utilizadas parcelas das linhas de crdito, para as finalidades pactuadas, estes montantes foram sofrendo acrscimos, atingindo, em 31/12/98, as seguintes quantias:(valores de 31/12/98, em moeda de 30/06/01) CONTA A B Total R$ milhes 3.974 1.723 5.697

Em razo dos acordos que envolveram a viabilizao da renegociao da Dvida do Estado com a Unio 14, ocorrida em outubro de 1999, foi firmado, entre o Estado do Rio de Janeiro, a Unio e a CEF, o Segundo Termo Aditivo ao Contrato de Abertura de Contas Contas A e B 15, estabelecendo-se outras formas de uso aos recursos remanescentes da Conta A (originalmente destinados exclusivamente cobertura dos passivos atuariais decorrentes de dficits de Reservas Tcnicas para pagamento de compromissos previdencirios da PREVI-BANERJ).

14 - BRASIL. Contrato de Confisso, Promessa de Assuno, Consolidao e Refinanciamento de Dvidas, que, entre si, celebram a Unio e o Estado do Rio de Janeiro, com intervenincia de Banco do Brasil S.A., nos termos do disposto na Lei n 9.496, de 11 de novembro de 1997, na Medida Provisria n 1.900-43, de 26 de outubro de 1999, na Lei Estadual n 2.674, de 27 de janeiro de 1997, alterada pela Lei n 2.996 de 30 de junho de 1998. 15 _________. Segundo Termo Aditivo ao Contrato de Abertura de Contas, nomeao de Agente Fiducirio e outros pactos, firmado em 10 de junho de 1997 e aditado em 8 de julho de 1997, entre as mesmas partes, que entre si celebram o Estado do Rio de Janeiro e a Caixa Econmica Federal, com base nos Votos 162/95, 175/ 95, 80/97 e 102/97, do Conselho Monetrio Nacional.

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Mop/Rev61Muito embora no evidenciado detalhadamente em Notas Explicativas ao Balano Patrimonial do exerccio findo em 1999, o pactuado neste Termo Aditivo trouxe expressivas modificaes no saldo da conta de Valores Vinculados, se comparados os dados de 31/12/98 e 31/12/99. De fato, em outubro de 1999 o saldo apurado na Conta A, equivalente a R$ 3,9 bilhes, teve a seguinte destinao: I) R$ 320.000.000,00 liberados para o Tesouro do Estado em moeda corrente; II) R$ 798.287.000,00 convertidos em 797.287 Certificados Financeiros do Tesouro, com valor de emisso unitrio de R$ 1.000,00, e corrigidos pela variao do IGP-DI mais juros de 6% ao ano, vencveis mensalmente at 15 de dezembro de 2001, destinados a capitalizao do RIOPREVIDNCIA; III) R$ 2.500.889.000,00 convertidos em 2.500.889 Certificados Financeiros do Tesouro com valor de emisso unitrio de R$ 1.000,00, corrigidos pela variao do IGP-DI mais juros de 6% ao ano, vencveis mensalmente at 15 de dezembro de 2014, destinados a capitalizao do RIOPREVIDNCIA; e IV) R$ 312.000.000, retidos na Conta A, equivalentes a 12 (doze) vezes o valor mdio de benefcios previdencirios pagos aos participantes da PREVI-BANERJ nos ltimos 12 (doze) meses anteriores data de assinatura do Segundo Termo Aditivo, chamada de Reserva Monetria. Como se v, foram dadas novas destinaes aos recursos da Conta A, incluindo a liberao, vista, de R$ 320 milhes. Considerando ainda que a maior parte do valor, anteriormente integralmente vinculado, foi transformado em ttulos federais, representados por CFTs destinados capitalizao do RIOPREVIDNCIA, houve uma grande reduo dos montantes escriturados na conta Valores Vinculados Conta A, restando, em 30/06/01, apenas R$ 230 milhes relativos conta da chamada Reserva Monetria. Em contrapartida diminuio muito expressiva do saldo da conta de Valores Vinculados, h uma grande elevao dos saldos da conta de Ativo Permanente Ttulos e Valores Mobilirios, representada pelos ttulos federais (CFTs) utilizados para capitalizar o RIOPREVIDNCIA. Outrossim, o Estado contraiu obrigaes junto Unio, relativas aos valores disponibilizados vista e em CFTs, contabilizadas no Passivo Dvida Fundada. Por derradeiro, observa-se que restou na conta Valores Vinculados, em 30/ 06/01, apenas o saldo da Conta B, equivalente a R$ 1,2 bilho (destinado exclusivamente ao pagamento de contenciosos trabalhistas, fiscais, cveis e outras avenas remanescentes do processo de privatizao do Banerj), Valores em Trnsito, R$ 349 milhes, e Outros Valores Vinculados, com saldo de R$ 154 milhes, que somados perfizeram um total de R$ 1,4 bilho.

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2.2.1.2.2 - Fundo da Dvida Pblica e Outros Os saldos registrados em Fundo da Dvida Pblica (FDP) j foram analisados quando tecidos comentrios sobre a conta Aplicaes Financeiras, merecendo comentrios adicionais quando do exame das contas de Incorporao da Administrao Indireta e Crditos Diversos a Receber. 2.2.1.3 - Realizvel Os valores realizveis, que nas consideraes de Kohama 16 representam a soma dos crditos financeiros junto a pessoas de direito pblico ou privado e que devero ser convertidos e realizados em dinheiro, geralmente a curto prazo, apresentou o seguinte comportamento ao longo dos perodos que compem a amostra:(R$ milhes em moeda de 30/06/01) 31/12/98 31/12/99 31/12/00 30/06/01 1.415 158 65 1.179 13 2.182 587 55 1.529 11 1.758 1.570 53 80 55 1.946 1.443 349 154

Descrio Realizvel Crditos Diversos a Receber Diversos Responsveis Valores em Trnsito Adm. Ind. Crd. em Circulao Outros

31/12/96 69 57 12

31/12/97 1.053 125 59 842 26

A composio do Realizvel experimentou uma importante alterao em face da extino do saldo da conta Administrao Indireta Incorporao e, tambm, em decorrncia ao crescimento progressivo dos valores contabilizados na conta Crditos Diversos a Receber. Estas alteraes sero examinadas adiante. 2.2.1.3.1 - Crditos Diversos a Receber O montante escriturado em Crditos Diversos a Receber elevou-se de R$ 125 milhes, em 31/12/96, para R$ 587 milhes, em 31/12/99, em razo da contabilizao de R$ 350 milhes (equivalentes a R$ 402 milhes em moeda de 30/06/01), relativos a Crditos Oriundos do Fundo da Dvida Pblica (FDP). Conforme j exposto, os saldos devidos do FDP no devero se materializar. Outros valores que compunham o saldo total da conta, em 31/12/99, relacionavam-se aos Royalties de Petrleo a Receber, Restos a Receber e Outros Crditos a Receber.

16 - KOHAMA, Hlio, Balanos Pblicos, teoria e prtica. So Paulo: Atlas, 1993, p. 89.

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Mop/Rev61O vigoroso crescimento do saldo, para R$ 1,6 bilho em 31/12/00, foi ocasionado pela contabilizao de crditos a receber da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) em conjunto com a escriturao de valores a receber provenientes dos CFTs. A contabilizao de valor devido FAPERJ, equivalente a R$ 612 milhes em moeda corrente (ou R$ 641 milhes em moeda de 30/06/01), se deu com base nas diferenas de valores repassados para aquela entidade e o que determina o artigo 332 da Constituio do Estado do Rio de Janeiro. O dispositivo mencionado dispe que o Tesouro deve repassar anualmente 2% da receita tributria prevista referida Fundao, o que no foi sendo observado ao longo dos anos. Entretanto, alm da remota possibilidade da FAPERJ vir a receber tais valores, a contabilizao da quantia superavalia o Ativo do Estado, pois se o Balano Patrimonial fosse adequadamente consolidado, os saldos de crditos e dbitos intragovernamentais mantidos entre as Administrao Direta, Indireta e Fundacional seriam eliminados entre si. Desta forma, o valor a receber da FAPERJ seria suprimido contra o montante a pagar do Tesouro. Deve-se ressaltar, ainda, por se tratar de crdito de difcil realizao, que o montante no repassado FAPERJ deveria ser escriturado no Ativo e Passivo Compensados. Outro importante valor na composio da conta Crditos Diversos a Receber refere-se ao saldo de R$ 710 milhes, em valor histrico (ou R$ 744 milhes em moeda de 30/06/01), devidos pela Unio ao Estado, relacionados ao resgate de parcela de CFTs de titularidade do RIOPREVIDNCIA vincendos em 2001. O valor contabilizado pode ser considerado, em parte, adequado, pois se somado aos R$ 7,0 bilhes em valor histrico (ou R$ 7,3 bilhes em moeda de 30/06/01) que esto registrados na conta de Ttulos e Valores Mobilirios CFTs, totalizariam a importncia de R$ 7,7 bilhes, validando a quantia total dos CFTs mantidos pelo RIOPREVIDNCIA em 15/12/00, de acordo com tabela a seguir:(em R$ mil, em moeda de 31/12/00)VENC. 15.12.99 15.01.00 15.02.00 15.03.00 15.04.00 15.05.00 15.06.00 15.07.00 15.08.00 15.09.00 15.10.00 15.11.00 15.12.00 TOTAL SALDO. INCIAL 7.853.125 7.988.572 7.994.575 7.934.154 7.872.674 7.806.601 7.754.044 7.743.252 7.786.769 7.892.464 7.902.717 7.851.761 7.792.813 IGP-DI NDICE 1,01232 1,01023 1,00194 1,00183 1,00128 1,00305 1,00854 1,01572 1,02386 1,01157 1,00384 1,00288 1,00760 AMORT. CORREO IGP-DI ACUM. 1,02268 1,02466 1,02654 1,02785 1,03099 1,03979 1,05614 1,08134 1,09385 1,09805 1,10121 1,10958 JUROS AMORT+JUROS SALDO FINAL 7.853.125 7.875.254 7.880.465 7.820.191 7.758.870 7.693.020 7.640.486 7.629.097 7.671.198 7.774.524 7.783.806 7.732.786 7.673.891

73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 884.556

908 1672 1818 1956 2053 2284 2933 4138 5996 6918 7228 7461

38.696 38.725 38.433 38.135 37.815 37.560 37.508 37.719 38.231 38.281 38.034 37.748 456.885

(113.318) (114.110) (113.964) (113.804) (113.581) (113.558) (114.154) (115.570) (117.940) (118.911) (118.974) (118.922) (1.386.806)

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Porm, os valores a receber dos CFTs em 2001, ou seja, em 360 dias, superior ao valor contabilizado no Ativo Financeiro Realizvel. De fato, de acordo com o demonstrado a seguir, os montantes de recebveis em 2001 provenientes dos CFTs, antes da incidncia das correes mensais com base na variao do IGP-DI, equivaliam a R$ 1,4 bilho, conforme tabela:(em R$ mil, em moeda de 31/12/00)VENC. 15.01.01 15.02.01 15.03.01 15.04.01 15.05.01 15.06.01 15.07.01 15.08.01 15.09.01 15.10.01 15.11.01 15.12.01 TOTAL SALDO. INCIAL 7.769.849 7.687.660 7.605.471 7.523.282 7.441.094 7.358.905 7.276.716 7.194.527 7.112.338 7.030.149 6.947.960 6.865.771 IGP-DI NDICE 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 1,00000 AMORT. 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.713 73.724 884.567 CORREO 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8078 8079 IGP-DI ACUM. 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 1,10958 JUROS 37.637 37.239 36.841 36.443 36.044 35.646 35.248 34.850 34.452 34.054 33.656 33.258 425.367 AMORT+JUROS SALDO FINAL (119.428) (119.030) (118.631) (118.233) (117.835) (117.437) (117.039) (116.641) (116.243) (115.845) (115.446) (115.061) (1.406.869) 7.650.421 7.568.631 7.486.840 7.405.049 7.323.258 7.241.468 7.159.677 7.077.886 6.996.095 6.914.305 6.832.514 6.750.711

O desbalanceamento dos saldos de curto e longo prazo provoca distores em anlises que no procederem s devidas reclassificaes. Os lapsos identificados evidenciam a existncia de fraquezas no controle interno e nas classificaes das contas patrimoniais do Estado, distorcendo os montantes reais que deveriam estar apontados nos Ativos Financeiro e Permanente. 2.2.1.3.2 - Administrao Indireta Crditos em Circulao Os valores contabilizados nesta conta apresentaram saldos relevantes em 31/12/97, 98 e 99. Seus montantes, que somaram R$ 1,5 bilho em 31/12/99, relacionavam-se incorporao dos valores realizveis da Administrao Indireta do Estado. Portanto, resta comprovado que, at 31/12/00, os Balanos do Estado eram apenas combinados, medida que no se procediam s necessrias eliminaes visando apurar os valores consolidados. A partir do exerccio de 2000 estes saldos, que somavam-se a outros Ativos do Estado, foram redistribudos para outras rubricas. Desta maneira, a partir de 2001, os valores registrados nesta conta foram extintos, no restando claro, entretanto, se a mudana de critrio contbil promoveu a melhoria da Consolidao do Balano, j que no h Nota Explicativa que evidencie a eliminao de todos os valores intragovernamentais.

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2.2.1.3.3 - Diversos Responsveis, Valores em Trnsito e Outros Os valores contabilizados nesta conta no perodo avaliado so irrelevantes e, portanto, no sero analisados. 2.2.2 - Ativo Permanente A Lei n 4.320/64 dispe, em seu artigo 94: Haver registros analticos de todos os bens de carter permanente, com indicao dos elementos necessrios para a perfeita caracterizao de cada um deles e dos agentes responsveis pela sua guarda e administrao. Contribuindo para elucidar o conceito de Ativo Permanente na Contabilidade Governamental, Silva 17 discorre: compreende bens, critrios e valores no includos no ativo financeiro, que para serem movimentados dependem de autorizao legislativa. Para fins de anlise, na tabela a seguir sero apuradas as participaes percentuais das contas que compem Ativo Permanente em relao ao total do Ativo (excludos o Passivo Real a Descoberto e o Ativo Compensado): Tabela 6 Participao percentual das contas do Ativo Permanente(R$ milhes em moeda de 30/06/01)Descrio Ativo Permanente Bens Mveis e Imveis Crditos do Estado Dv. Ativa Trib. e No Tributria Concesso de Servios Pblicos Sociedade de Economia Mista Outros Valores do Estado Participaes Societrias Ttulos e Valores Bens a Incorporar Almoxarifados Inv. Regime de Exec. Especial rgos da Adm. Ind. Incorp. Outros e Bens e Vals. Em Circ. 23,5% 13,7% 2,7% 0,6% 6,5% 37,9% 29,4% 5,3% 2,1% 1,1% 31/12/96 95,9% 3,1% 69,3% 69,3% 31/12/97 73,8% 2,9% 33,0% 33,0% 31/12/98 67,3% 3,4% 8,4% 4,7% 3,8% 0,0% 55,4% 44,2% 5,8% 0,6% 2,4% 2,4% 31/12/99 86,8% 2,9% 16,7% 13,7% 2,6% 0,4% 67,2% 32,9% 1,5% 0,5% 2,1% 30,2% 31/12/00 86,9% 5,0% 37,0% 12,3% 0,6% 23,6% 0,4% 44,9% 18,1% 23,0% 0,7% 0,3% 2,8% 30/06/01 84,7% 5,1% 38,3% 14,4% 0,6% 22,6% 0,8% 41,3% 17,3% 20,4% 0,1% 0,3% 3,1% -

17 - Silva. Op. citada, 4 ed., 2000, p. 223.

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Mop/Rev61Os saldos do Ativo Permanente participaram com um mnimo de 67,3%, em 31/12/98, e um mximo de 95,9%, em 31/12/96, se comparados ao total do grupo do Ativo (excludos o Passivo Real Descoberto e o Ativo Compensado). A seguir so avaliadas individualmente as contas que compem o Ativo Permanente. 2.2.2.1 - Bens Mveis e Imveis Este grupo caracteriza-se na Contabilidade Governamental por registrar os bens de carter permanente, ou seja, bens com durao superior a 2 (dois) anos, podendo-se distinguir os bens mveis dos imveis pelos seguintes aspectos: Bens Mveis: registram os bens de utilizao geral, adquiridos por compra, doao, permuta etc. Formam o grupo mveis e utenslios, veculos, ferramentas, semoventes, bibliotecas, objetos de arte, materiais diversos etc. Bens Imveis: so aqueles imveis por sua natureza ou por destino, ou pelo objeto a que se referem, os seguintes: - solo com sua superfcie, os seus acessrios e adjacncias naturais; - tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo; - tudo quanto no imvel o proprietrio mantiver intencionalmente empregado a sua explorao industrial, aformoseamento, ou comodidade; - direitos reais sobre imveis, inclusive penhor agrcola, e as aes que os assegurem; - aplices da dvida pblica oneradas com clusula de inalienabilidade; - direito sucesso aberta. Em decorrncia da inexistncia de clculos de depreciao, no utilizao da sistemtica da correo monetria na poca em que a espiral inflacionria atingiu ndices expressivos e, tambm, em face da no evidenciao contbil dos bens de uso comum do povo 18, os valores escriturados nos grupos Bens Mveis e Bens Imveis carecem de informaes quantitativas e qualitativas. Muito embora os bens que formam o patrimnio do Estado estejam classificados segundo dois critrios, ou seja, o contbil e o jurdico, medida que o segundo influenciado pelo estabelecido na Constituio Federal (artigo 20 para a Unio e artigo 26 para os estados) e tambm pelos artigos 65 a 68 do

18 - De acordo com o inciso I, artigo 65, do Cdigo Civil Brasileiro, so os mares, rios, estradas, ruas e praas.

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Cdigo Civil Brasileiro, a Contabilidade Governamental deveria, ao menos, elaborar demonstrativos adicionais para evidenciar o valor desses Bens Mveis e Imveis. As limitaes de evidenciao das referidas contas sero observadas a seguir, iniciando-se evoluo dos valores registrados nos perodos sob exame:(R$ milhes em moeda de 30/06/01)Descrio Bens Mveis e Imveis 31/12/96 761 31/12/97 31/12/98 31/12/99 31/12/00 806 904 901 1.584 30/06/01 1.630

Para fins de verificao da adequao dos valores contabilizados como Bens do Estado, sero considerados apenas os montantes do exerccio findo em 31/12/00, pois em todos os outros perodos examinados as deficincias de evidenciao foram idnticas:(R$ milhes em moeda de 30/06/01)Descrio Bens Mveis e Imveis Bens Imveis Bens Mveis 31/12/00 1.584 1.142 442

O saldo dos Bens Imveis, equivalente a R$ 1,1 bilho em 31/12/00, composto, de acordo com o Balancete Geral do Estado, por terrenos, instalaes, edifcios etc. Os terrenos possuem valor contbil de apenas R$ 51 milhes, os edifcios R$ 355 milhes e bens imveis a classificar R$ 578 milhes. Alm da ntida falha de controle, representada pelo alto valor atribudo conta bens imveis a classificar, cumpre destacar a subavaliao dos Bens do Estado, observada de forma geral. Apesar de no serem depreciados, pois pratica na Contabilidade Governamental no faz-lo com base na inexistncia de previso na Lei 4.320/64, mesmo que em afronta aos Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos, o valor dos bens imveis do Estado como um todo est aviltado. De fato, em decorrncia da no adoo da sistemtica da correo monetria da demonstraes contbeis, aliada a no ter sido procedida a reavaliao de diversos bens imveis do Estado, pode-se utilizar alguns casos emblemticos para ilustrar as limitaes das informaes contidas nos Balanos Patrimoniais do Estado do Rio de Janeiro. Por exemplo, o Estdio Mrio Filho e seu complexo desportivo, conhecido nacionalmente pelo nome de Maracan, est registrado por apenas R$ 15 milhes 19 em 31/12/00, no estando mais subavaliado graas s recentes incorporaes de gastos relacionados a reformas feitas naquele estdio.19 - Valor de todo imobilizado da Superintendncia de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ), responsvel pela administrao do Maracan, de acordo com seu Balancete Geral do exerccio findo em 31/12/00.

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Mop/Rev61O fato indica que necessrio se proceder reavaliao de todos os bens imveis do Estado do Rio de Janeiro, na forma prevista no 3, do artigo 106 da Lei 4.320/64 20, no s para se obter uma melhor avaliao da situao patrimonial, mas tambm para que sejam aumentados os controles visando salvaguardar o patrimnio estadual. Da mesma maneira, urge que se elaborem informaes complementares sobre os bens de uso comum do povo. Desta forma, sero disponveis quais so os valores, por exemplo, do Tnel Rebouas, da Linha Vermelha, das estradas e dos monumentos estaduais. Sobre a contabilzao dos bens de uso comum do povo, vale a pena registrar o exposto pelo Dr. Nelson Petri 21, quando na defesa de sua tese de doutoramento: O aspecto importante estar em que as informaes contenham todo o contedo do Patrimnio, na extenso e limitaes que a Contabilidade permite. Agora, torna-se necessrio que se deixe de lado o conceito amplo de Patrimnio Pblico indicado anteriormente, o qual excede os contornos econmicos e jurdicos, para que se possa chegar mais prximo do que interessa Contabilidade. O Cdigo Civil classifica os bens pblicos da seguinte maneira: 'I - os de uso comum do povo, tais como os mares, rios, estradas, ruas e praas; II - os de uso especial, tais como os edifcios ou terrenos aplicados a servio ou estabelecimento federal, estadual ou municipal; III - os dominicais, isto , os que constituem o patrimnio da Unio, dos estados, ou dos municpios, como objeto de direito pessoal, ou real de cada uma dessas entidades.' Especificamente em relao Unio, a Constituio Federal estabelece: 'I - A poro de terras devolutas indispensveis segurana e ao desenvolvimento nacionais; II - os lagos e quaisquer correntes de gua em terrenos de seu domnio, ou que banhem mais de um Estado, constituam limite com

20 - Podero ser feitas reavaliaes dos bens mveis e imveis. 21 - PETRI, Nelson. Anlise de Resultados do Setor Pblico. Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de Contabilidade e Aturia da Faculdade de Economia e Administrao da Universidade do Estado de So Paulo. So Paulo, 1987.

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outros pases ou se estendam a territrio estrangeiro; as ilhas ocenicas, assim como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases; III - A Plataforma Continental; IV - As terras ocupadas pelos silvcolas; V - Os que atualmente lhe pertencem; VI - O mar territorial.' Pergunto: quais desses bens so suscetveis de serem registrados pela Contabilidade? Seriam todos? O Cdigo de Contabilidade da Unio, que caiu em desuso, estabelecia que os bens indicados no inciso I acima, exceto quando fosse exigida qualquer retribuio pelo seu uso, no deveriam ser objeto de registro contbil. As leis que antecederam a atual Lei 4.320/64 mantiveram e at ampliaram essa restrio. Todavia, esta ltima lei que revogou todas as anteriores da espcie, porquanto redisciplinou a matria, no contm qualquer restrio nesse sentido, motivo pelo qual podese agora tomar decises sem qualquer limitao de ordem jurdica, e isso deveria ser feito luz das normas contbeis. Por esse motivo, desde j pode-se concluir pela ativao de todos os bens pblicos, desde que tenham representado uma aplicao de recursos financeiros, presente ou futura, por parte do Estado. Quanto aos demais que no tenham sido objeto de aplicao de recursos, o problema estar voltado exclusivamente aos aspectos de 'exequibilidade' e 'avaliao econmica' para fins de registro contbil. A eles no deve ser dispensada ateno por constiturem problemas relacionados com a execuo dos registros contbeis necessrios, e no se encontram envolvidos diretamente com o tema que est sendo abordado. (...). Da mesma maneira que os Bens Imveis, os Bens Mveis do Estado, registrados por R$ 442 milhes em 31/12/00, carecem de melhor evidenciao. A inexistncia de Notas Explicativas detalhadas sobre os itens que compem o total da conta no permite que seja avaliado quais so os bens, e seus respectivos valores, alocados em hospitais, escolas e no aparato de segurana pblica, impossibilitando avaliaes mais aprofundadas do patrimnio estadual mantido nestas reas de governo consideradas essenciais.

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Mop/Rev61Ressalta-se tambm que parcela dos Bens Mveis do Estado est contabilmente subavaliada em face da falta de reavaliaes. Desta feita, todo acervo de pinturas, gravuras etc. incluindo a a valiosa pinacoteca herdada pelo Estado do Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A., composta por obras de Rugendas, Debret, Di Cavalcanti, entre outros renomados artistas , alm de outras peas de arte e equipamentos musicais, tm valor contbil de apenas R$ 2 milhes, em 31/ 12/00. Outrossim, o valor atribudo subconta Museus Estaduais de apenas R$ 308,13. Por fim, a anlise da conta de Bens Mveis e Imveis deixa claro que a Consolidao de Balanos incompleta, tendo em vista que o exame do Balano Patrimonial demonstra que no esto incorporados os mveis e imveis das empresas pblicas e de economia mista. Desta forma, os vultosos bens imobilizados do METR 22 e da CEDAE esto omitidos do Balano Patrimonial do Estado. 2.2.2.2 - Crditos do Estado Os Crditos, que nas colocaes de Kohama 23 compreendem os recebveis por fornecimento e servios prestados, provenientes de responsabilidades no financeiras e no inscritos ou registrados em contas financeiras e aqueles inscritos para cobrana executiva, relativos a cobrana da dvida ativa, apresentaram os seguintes montantes no Balano Patrimonial do Estado do Rio de Janeiro:(R$ milhes em moeda de 30/06/01) Descrio Crditos do Estado Dv. Ativa Trib. e No Tributria Concesso de Servios Pblicos Sociedade de Economia Mista Outros Fonte: Balanos Gerais do Estado 31/12/96 17.107 17.107 31/12/97 9.261 9.261 31/12/98 2.215 1.221 988 6 31/12/99 5.252 4.306 816 130 31/12/00 11.747 3.922 194 7.515 115 30/06/01 12.249 4.613 185 7.208 243

Os saldos da Dvida Ativa e das Participaes em Sociedades de Economia Mista so as contas que mais se distinguem neste grupo, considerando a relevncia de seus totais, sendo avaliadas a seguir: 2.2.2.2.1 - Dvida Ativa Tributria e No Tributria De acordo com o artigo 39, 2 da Lei 4.320/64:22 - De acordo com o Balano Patrimonial da Companhia do Metropolitano do Rio de Janeiro (METR), data de cisso da Cia. para a construo da Companhia de Transportes sobre Trilhos de Estado do Rio de Janeiro, o Ativo Imobilizado do METR totalizava R$ 3,4 bilhes. 23 - KOHAMA, Heilio. Balanos pblicos, teoria e prtica. So Paulo: Atlas, 1999. p. 104.

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Dvida Ativa Tributria o crdito da Fazenda Pblica dessa natureza, proveniente de obrigao legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dvida Ativa No Tributria so os demais crditos da Fazenda Pblica, tais como os provenientes de emprstimos compulsrios, contribuies estabelecidas em lei, multas de qualquer origem ou natureza, exceto as tributrias, foros, laudmios, aluguis ou taxas de ocupao, custas processuais, preos de servios prestados por estabelecimentos pblicos, indenizaes, reposies, restituies, alcances dos responsveis definitivamente julgados, bem assim os crditos decorrentes de obrigaes em moeda estrangeira, de sub-rogao de hipoteca, fiana, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigaes legais. Muito embora este dispositivo da Lei 4.320/64 deva ser considerado na contabilizao dos crditos da Dvida Ativa, os montantes a serem escriturados no Balano Patrimonial devem tambm, ou deveriam, observar o Princpio Contbil da Prudncia. Desta maneira, seria adequado constituir provises para a cobertura de crditos de difcil realizao, objetivando oferecer aos usurios informaes que no distorcessem quaisquer avaliaes procedidas. A falta de anlises aprofundadas visando provisionar os montantes inscritos na Dvida Ativa no se restringem ao Estado do Rio de Janeiro, mas tambm ocorrem na Unio e em outros estados e nos municpios. Quanto a este problema, convm destacar as consideraes do Conselheiro Sergio Quintella 24 , expostas em seu relatrio opinando sobre as Contas de Gesto do Estado do Rio de Janeiro, exerccio findo em 31/12/96, sobre R$ 17,1 bilhes registrados no Ativo Dvida Ativa do Estado: A Dvida Ativa, representada pela conta Crditos do Estado, apresenta um estoque da ordem de R$ 11,3 bilhes (valor histrico) ao final do exerccio de 1996. As demonstraes contbeis e os relatrios da Contadoria e da Auditoria Geral do Estado no esclarecem o grau de realizao dos referidos valores, sendo de concluir que, na ausncia de proviso para crditos duvidosos, tais valores so plenamente realizveis. No h qualquer esclarecimento, entretanto, sobre o prazo mdio da respectiva cobrana, o que inviabiliza qualquer estudo exploratrio sobre o fluxo de caixa futuro.24 - QUINTELLA, Sergio F. Voto em separado nas Contas da Administrao Financeira do Estado do Rio de Janeiro, exerccio de 1996. Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, maio de 1997.

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Mop/Rev61No presente exerccio (1996), s foi realizado o valor de R$ 8 milhes, o que representa menos de 0,1% do estoque da dvida, demonstrando que grande parcela do saldo no realizvel e que o Ativo Permanente est superavaliado. Estranhamente, aparece nas Contas de Compensao a ttulo de Crditos Fiscais Inscritos (Dvida Ativa) a significativa parcela de R$ 4 bilhes, o que contraria os Princpios de Contabilidade Geralmente Aceitos e a boa tcnica contbil, j que as Contas de Compensao so contas de ordem que no integram o conjunto das contas integrais de Ativo e Passivo. A Dvida Ativa tem, nos termos do art. 204 da Lei 5.172/66, a presuno de liquidez e certeza e, deste modo, s pode aparecer no Ativo ou nas Contas de Resultado mediante provisionamento de valores inscritos mas considerados incobrveis, segundo opinio avalizada do rgo responsvel pela respectiva cobrana. Embora nos anos posteriores o valor registrado na conta Dvida Ativa tenha sido reduzido em razo de estudos realizados pela Procuradoria Estadual da Dvida Ativa, resta claro que o montante de R$ 4,6 bilhes (em sua quase totalidade provenientes de crditos tributrios), registrado em 31/06/01, permanece elevado, inexistindo garantias de que ser realizado pelo Tesouro Estadual, ensejando a realizao de novas anlises visando constituir provises para os crditos que venham a ser considerados de difcil realizao. Mesmo que sejam ntidos os problemas relacionados ao saldo contbil da Dvida Ativa, decorrentes das deficincias do sistema de informao, medida que a administrao destes crditos do Estado cabe Procuradoria da Dvida Pblica, sendo de responsabilidade da Contabilidade registrar apenas os dados fornecidos por esta subdiviso da Procuradoria Geral do Estado (PGE), h que se proceder a estudos sobre probabilidade de recuperao dos valores inscritos, visando minimizar os efeitos que a superavaliao contbil traz para os que formulam anlises financeiras e patrimoniais do Estado. 2.2.2.2.2 - Concesso de Servios Pblicos Os problemas nos saldos desta conta comearam quando o Estado acelerou seu processo de desestatizao (iniciado ao final de 1995) em 1997. Em razo das licitaes ocorridas para a concesso de servios pblicos, o Estado passou a deter crditos, condicionados consecuo do firmado contratualmente, havendo, ainda, no caso da concesso METR-BARRA, compromisso de contrapartida financeira do Tesouro estadual.

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Os valores registrados no Ativo do Estado, em 31/12/98, originaram-se das seguintes concesses de servios pblicos:(Balano Patrimonial de 31/12/98, em moeda de 30/06/01) R$ MILHES % TOTAL 281 28,2 % 10 0,9 % 27 2,7 % 680 68,2 % 998 100,00 %

CONCESSO METR CONERJ FLUMITRENS METR-BARRA TOTAL

A avaliao dos saldos da conta Concesso de Servios Pblicos ficar adstrita subconta METR-BARRA, em funo da alta representatividade desta, ou 68,2% do total, e dos problemas contbeis a ela relacionados. A referida concesso foi revestida das seguintes caractersticas: Metr - Linha 4 25 Concesso, precedida de execuo de obras pblicas, da explorao dos servios pblicos de transporte metrovirio atravs da utilizao da Linha 4, orada no montante de R$ 880.079.295,18 (valor histrico), conforme discriminao abaixo:ESPECIFICAO Recursos da Concessionria Recursos do Estado TOTAL (Valores de 31/12/98, R$ milhes correntes) R$ milhes 488 392 880

Como demonstrado na tabela supra, o consrcio vencedor se comprometeu a aplicar R$ 488 milhes, em contrapartida o Estado deveria investir R$ 392 milhes. Porm, em razo de falhas nos sistemas de informao, representadas pela no disponibilizao CGE de dados suficientes para que a operao fosse escriturada corretamente, foram contabilizados como ativos os compromissos de investimento do consrcio vencedor da licitao de concesso, ou seja, R$ 488 milhes (equivalentes a R$ 680 milhes em moeda de 30/06/98). Porm, omitiu-se o valor das obrigaes do Estado. Ou seja, no se contabilizaram no Passivo os valores que o Tesouro teria que arcar para implantar o projeto licitado, ou seja, R$ 392 milhes (ou R$ 540 milhes em moeda de 30/06/01). Independentemente das falhas j apresentadas, posteriormente restou claro que os valores a receber do METR-BARRA (Linha 4) s seriam efetivados caso iniciadas as obras, possibilitando a futura explorao da linha, o que foi inviabilizado25 - Dados obtidos no Processo TCE-RJ n 109.582-7/98, referente ao Contrato de Concesso da linha METRBARRA.

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Mop/Rev61pela descontinuidade do Contrato de Concesso. Desta sorte, observada a insubsistncia do crdito, o saldo da conta METR-BARRA foi baixado contabilmente no exerccio de 1999, provocando expressiva reduo da conta Concesses de Servios Pblicos nos Balanos encerrados em 31/12 de 1999, 2000 e 30/06/01. 2.2.2.2.3 - Sociedades de Economia Mista A partir do exerccio de 2000, foi includa no Balano Patrimonial uma nova conta chamada Sociedades de Economia Mista, registrando de acordo com o exposto pela CGE 26: No exerccio de 2000 esta Contadoria Geral do Estado introduziu rotina de registro contbil do reconhecimento de compromissos assumidos pelo Governo do Estado, procedendo contabilizao da inscrio do direito da Assuno da Dvida na UG 200.399 conta 1.2.2.8.9.00.00 Sociedades de Economia Mista. Desta forma acompanha-se o ressarcimento das dvidas assumidas, bem como so procedidas as atualizaes dos saldos, obedecendo a mesma paridade dos contratos firmados. A conta em referncia assim se desdobra:R GOSC IA . D E T R A N S P O R T E S C O L E T IV O S D O B A N C O D O E S TA D O D O R J S /A B A N E R J ERJ

C ON TR ATA O24 /07 /1 997 1 5 /0 7 /1 9 9 8 -0 2 / 0 5 /2 0 0 0

R$3 .94 2. 340 ,3 7 5 .6 31. 53 8.2 01 ,9 2

C IA E S T A D U A L D E H A B IT A O D O R J C IA . D O M E T R O P O L IT A N O D O R J U G 200.399 C IA E S T A D U A L D E H A B IT A O D O R J ( * ) U G 200.199

02 /05 /2 000 30 /06 /1 992

5 16. 77 7.8 19 ,9 8 5 10. 63 8.1 73 ,4 6 6 .6 62. 89 6.5 35 ,7 3

02 /05 /2 000

5 12. 13 7.7 13 ,8 6 7 .1 75. 03 4.2 49 ,5 9

Fonte: Superintendncia do Crdito Pblico / SIAFEM/RJ

Apesar de intencionar melhorar a qualidade das informaes do Balano Patrimonial, os critrios adotados para escriturao dos crditos a receber de Sociedades de Economia Mista so questionveis em alguns aspectos, provocando as distores relacionadas a seguir: a) Crdito a receber do Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A. Banerj S.A. (Em Liquidao Extrajudicial), R$ R$ 5,6 bilhes.

26 - As Contas da Gesto de 2000, prestadas em cumprimento ao inciso XI, do artigo 2, do Decreto-Lei n. 10, de 15 de maro de 1975, mantido em virtude das normas do artigo 183 e artigo 292, da Lei n. 287, de 04 de dezembro de 1979, so apresentadas para efeitos do artigo 36, da Lei Complementar n. 63, de 01 de agosto de 1990, bem como considerando-se o inciso I, do artigo 4, da Deliberao n. 167, de 10 de dezembro de 1992, que trata do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro.

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O crdito tambm registrado, em montante idntico, no Passivo Dvida Fundada. O valor registrado no Passivo refere-se ao reconhecimento e assuno de dvida junto ao Banco Central, decorrente de deficincias de Reservas Bancrias cobertas por aquela Autoridade Monetria durante o processo de privatizao de parcela do Banerj S.A. Entretanto, considerando que o patrimnio remanescente do Banco do Estado do Rio de Janeiro S.A. Banerj S.A (Em Liquidao Extrajudicial) no era suficiente para restituir o valor assumido pelo Estado, para fins de consolidao, os saldos devedores do banco e os credores do Estado deveriam eliminados entre si. b) Crdito do Estado com a COHAB, R$ 517 milhes. Refere-se a dvidas da empresa junto CEF, assumidas pelo Governo do Estado e igualmente contabilizadas no Passivo Dvida Fundada. Para fins de consolidao, o saldo tambm deveria ser eliminado. c) Valor registrado como devido pela Cia. Metropolitano do Estado do Rio de Janeiro (METR) equivalente a R$ 510 milhes. O valor proveniente de financiamentos obtidos pelo METR na dcada do 80, junto ao Banerj S.A (Em Liquidao Extrajudicial). Devido inadimplncia do METR, o Governo do Estado absorveu a dvida junto ao Banerj. A operao, portanto, envolve 3 (trs) entidades estaduais: Banerj S.A. (Em Liquidao Extrajudicial), Tesouro do Estado e METR. Considerando que, para fins de consolidao, estes saldos deveriam ser eliminados no Balano Consolidado do Estado do Rio Janeiro, e ainda que o METR teve seus servios concedidos, em 1997, por 20 (vinte) anos, tornando ainda mais improvvel o ressarcimento ao Estado, seria recomendvel a baixa do crdito para o Ativo e Passivo Compensados, complementando as informaes em Nota Explicativa prpria, informando a origem do saldo e as dificuldades a serem enfrentadas para a restituio do valor devido. 2.2.2.2.4 - Outros Em razo da irrelevncia, no sero analisados os saldos destas contas. 2.2.2.3 - Valores do Estado Este grupo de contas registra os valores relativos a participaes acionrias, ttulos e documentos representativos do Estado. Conforme pode ser observado na tabela a seguir, as contas de Bens a Incorporar, Almoxarifado, rgos da Administrao Indireta Incorporao e Outros Bens e Valores em Circulao, no apresentaram saldos expressivos em 31/12/00 nem em 30/06/01. Sendo assim, no sero avaliados.

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(R$ milhes em moeda de 30/06/01)ATIVO Valores do Estado Participaes Societrias Ttulos e Valores Bens a Incorporar Almoxarifados Inv. Regime de Exec. Especial rgos da Adm. Ind. Incorp. Outros e Bens e Vals. em Circ. 31/12/96 5.816 3.392 661 145 1.610 8 31/12/97 10.657 8.249 1.492 603 312 31/12/98 14.531 11.598 1.513 160 641 619 31/12/99 21.079 10.306 468 161 672 9.472 31/12/00 14.285 5.768 7.299 212 105 889 13 30/06/01 13.187 5.541 6.526 19 103 995 3 -

2.2.2.3.1 - Participaes Societrias Os critrios contbeis utilizados para registrar as participaes do Estado em empresas pblicas e nas de economia mista sofreram importantes alteraes no perodo pesquisado. At 31/12/99, os saldos destes investimentos eram registrados pelo valor do Capital Social das empresas, em vez de pelo montante registrado no Patrimnio Lquido das mesmas (mtodo da Equivalncia Patrimonial). Desta forma, os valores das participaes eram superavaliados, tendo em vista que, por exemplo, o Banerj S.A. possua um Capital Social de R$ 124 milhes em 31/12/98, mas seu Patrimnio Lquido era negativo em R$ 5,5 bilhes (principalmente em razo do saldo negativo das Reservas Bancrias, cobertas pelo Banco Central do Brasil). Ou seja, o Ativo estava inflado em valores muito significativos. A partir de 2000, a CGE, em funo de determinaes do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro 27, passou a avaliar estes investimentos pelo Mtodo da Equivalncia Patrimonial. Todavia, os procedimentos adotados provocaram, equivocadamente, expressivas distores, porquanto a aplicao do critrio de Equivalncia Patrimonial em conjunto com a Consolidao de Balanos pressupe a eliminao dos saldos da conta de Investimentos (no caso Participaes Societrias) contra a conta de Patrimnio Lquido. Ou seja, caso fosse adotado o procedimento correto, haveria a eliminao da conta de Participaes Societrias, pois Patrimnio Lquido (no caso Ativo Real Lquido ou Passivo Real Descoberto) j refletiria a situao patrimonial das empresas em que o Estado possui participao acionria majoritria, restando apenas apurar o saldo da conta de Participaes Minoritrias. Ressalta-se ainda a adoo de outro procedimento pouco ortodoxo relacionado ao lanamento dos resultados negativos de Equivalncia Patrimonial em conta de Passivo, no caso Perdas e Desgios, o que ser comentado, adicionalmente, quando analisada a conta de Passivo Perdas e Desgios. Restando claro que a CGE, at 31/12/00, no tinha obtido xito no tocante Consolidao dos Balanos Estaduais, a seguir transcrito o Relatrio da Contabilidade Geral do Estado, quando da Prestao das Contas da Administrao Financeira do27 - Determinao contida no voto do Relator, Conselheiro Jos Leite Nader, quando da emisso do Parecer Prvio das Contas de Gesto, exerccio 1999, do Governador do Estado do Rio de Janeiro.

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Estado do Rio de Janeiro, exerccio de 2000 28, destacando que os valores de 31/12/99 e 31/12/00 encontram-se em moeda corrente dos respectivos exerccios: VALORES DO ESTADO PARTICIPAES SOCIETRIAS TTULOS REPRES. DE CAPITAL J INTEGRALIZADO Esta rubrica representava at o exerccio de 1999 a Participao Acionria do Estado no Capital Social das Sociedades de Economia Mista, onde o Estado, na qualidade de acionista majoritrio, detinha Investimentos da ordem de R$ 8.532.223.813,67. Entretanto, em conformidade com a Determinao n 8 do TCE Tribunal de Contas do Estado s Contas da Gesto de 1999, a qual estabeleceu que a Contadoria Geral do Estado procedesse modificao do critrio de contabilizao dos Investimentos, efetuamos a avaliao dos Investimentos tomando por base o valor do Patrimnio Lquido das Sociedades, demonstrados a seguir em conjunto com os demais registros inerentes conta:ENTIDA DES S A LDO EM 3 1 /1 2 /1 9 9 91.07 9.65 9.7 03 ,9 6 4.50 5.2 38 ,2 6 9.22 5.5 79 ,4 4 5.86 3.7 35 ,4 4 1 1.46 6.3 31 ,2 1 1 3.79 7.9 10 ,1 0 15 8.89 1.6 24 ,9 2 62 ,8 6 1.52 0.8 78 ,5 0 12 3.91 9.4 51 ,1 8 76 0.14 6.4 40 ,4 0 1 1.60 9.5 83 ,4 1 6.32 0.44 1.9 94 ,3 2 1 0.38 2.9 38 ,5 6 1 6.87 1.4 98 ,5 1 8.52 8.30 2.9 71 ,0 7

EQ U IV AL. P AT RIM O NIA L- 23 .02 7.96 5,28 9 .64 5.15 6,52 -5 .26 2.66 5,22 -9 .57 4.72 4,76 - 13 .22 6.13 4,73 -1 53 .54 2.10 7,46 -1 .41 0.60 9,66 -2 39 .14 0.64 8,33 89 .75 8.75 9,21 -3 .2 08 .60 9.06 2,72 1 .30 5.00 8,59 -3 .5 53 .08 4.99 3,84

INCO R P .ADM INDIRETA-

AQ UIS I ES

BA IX AS

S AL DO EM 3 1 /1 2 /2 0 0 01.05 6.63 1.7 38 ,6 8 1 4.15 0.3 94 ,7 8 9.22 5.5 79 ,4 4 60 1.0 70 ,2 2 1.89 1.6 06 ,4 5 57 1.7 75 ,3 7 5.34 9.5 17 ,4 6 62 ,8 6 11 0.2 68 ,8 4 12 3.91 9.4 51 ,1 8 52 1.00 5.7 92 ,0 7 10 1.36 8.3 42 ,6 2 3.11 1.83 2.9 31 ,6 0 1 0.38 2.9 38 ,5 6 1 8.17 6.5 07 ,1 0 4.97 5.21 7.9 77 ,2 3

IN V ES T IM E N T O S R E L EV A N T E SFL U MITR E N S I.V.B . C EL F TU R IS R IO D IVE R J C O D IN B D R IO C .T.C . C AS E R J B AN E R J C E D AE C E H AB ME T R C E AS A C O D E R TE-

O U T R O S IN V ES T IM E N T O SZ.P .E . C .S .N . D O C AS P E U G E O T -C IT . TE L E R J TE L E R JTELERJ CEL UL A R 9 0.0 00 ,0 0 2 ,3 3 1.20 4.7 17 ,5 5 1 02 ,7 6 4 9.1 75 ,7 2 18 7.5 01 ,1 3 17 4.2 13 ,6 8 3.2 15 ,2 1 16 3.0 62 ,9 0 2.04 8.8 51 ,3 2 3.92 0.8 42 ,6 0 8.53 2.22 3.8 13 ,6 7 - 8 1.00 0,00 - 8 1.00 0,00 -3 .5 53 .16 5.99 3,84 2.23 5,2 6 1,4 6 98 ,2 2.45 3,4 3 0,1 4 20 7,4 8 0,0 3 0,0 1 1.11 7,9 0 6.11 3,9 1 6.11 3,9 1 27 .8 81 .549 ,00 49 .21 2,00 16 .71 1,14 9 6,03 27 .9 47 .568 ,17 27 .9 47 .568 ,17 1.19 7,3 1 9.0 00 ,0 0 2 ,3 3 1.20 4.7 17 ,5 5 2 7.88 1.5 49 ,0 0 1 02 ,7 6 4 9.1 75 ,7 2 18 7.5 01 ,1 3 22 3.4 25 ,6 8 2.0 17 ,9 0 16 3.0 62 ,9 0 2.04 8.8 51 ,3 2 2.2 35 ,2 6 1 ,4 6 1 6.8 09 ,3 4 2.4 53 ,4 3 96 ,1 7 2 07 ,4 8 0 ,0 3 0 ,0 1

TE L E R J TE L E B R S TE L E R J TE L E R J IE E A SU D ER J IP E R J LOTER J D E T R AN DRM D ER C ID E FE E MA SOMA TO T AL

1.1 17 ,9 0 1.19 7,3 1 3 1.79 2.3 27 ,3 7 1.19 7,3 1 *5.00 7.01 0.3 04 ,6 0

* C o n ta C o n t b il 1 4 1 1 1 0 0 0 0

Fonte: Prestao de Contas da Administrao Financeira do Estado do Rio de Janeiro, exerccio 2000. 28 - Obtido no site http//www.sef.rj.gov.br

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Mop/Rev61De acordo com o quadro, a mudana de critrio contbil, representada pela adoo do valor do Patrimnio Lquido, em vez do Capital Social, como base de avaliao das participaes acionrias, promoveu uma reduo de R$ 3,5 bilhes no valor contbil desta conta entre 31/12/99 a 31/12/00 (valores correntes). 2.2.2.3.2 - Ttulos e Valores Mobilirios Os valores registrados em Ttulos e Valores Mobilirios so provenientes de Certificados Financeiros do Tesouro Federal (CFTs), obtidos pelo Estado qu