tce-rj notícia 82

24
EM PROCESSO CONTÍNUO DE MODERNIZAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO AMPLIA SUAS INSTALAÇÕES E DÁ SALTO DE QUALIDADE COM INVESTIMENTOS EM DIFERENTES ÁREAS. PRESIDENTE JONAS LOPES DE CARVALHO JUNIOR AFIRMA QUE CORTE DE CONTAS CONQUISTOU O RECONHECIMENTO DA SOCIEDADE PRESIDENTE JONAS LOPES ASSUME TERCEIRO MANDATO E DEFENDE TRIBUNAL COMO CATALISADOR PARA O DESENVOLVIMENTO DA GESTÃO PÚBLICA AUDITORIAS ESPECIAIS VÃO FISCALIZAR ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE OFERECIDOS À POPULAÇÃO 40 anos NASCIDO EM 1975 COM A FUSÃO DOS ESTADOS DO RIO DE JANEIRO E DA GUANABARA, TRIBUNAL DE CONTAS REÚNE A EXPERIÊNCIA DAS CORTES QUE O ORIGINARAM E A MODERNIDADE DO SÉCULO XXI em defesa do Rio Em 29/01/1969 o Tribunal de Contas do Estado da Guanabara inaugura o Palácio Ministro Luiz Gama Filho. Hoje o prédio está integrado à sede do TCE-RJ na Praça da República

Upload: tce-rj-tribunal-de-contas-do-estado-do-rio-de-janeiro

Post on 21-Jul-2016

229 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Revista trimestral do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro

TRANSCRIPT

Page 1: TCE-RJ Notícia 82

Em procEsso contínuo dE modErnização, tribunal dE contas do Estado do rio dE JanEiro amplia suas instalaçõEs E dá salto dE qualidadE com invEstimEntos Em difErEntEs árEas. prEsidEntE Jonas lopEs dE carvalho Junior afirma quE cortE dE contas conquistou o rEconhEcimEnto da sociEdadE

ano 14 - número 82 -JaneIro a marÇo De 2015 - www.tce.rJ.gov.br

prEsidEntE Jonas lopEs assumE tErcEiro mandato E dEfEndE tribunal como catalisador para o dEsEnvolvimEnto da gEstão pública

auditorias EspEciais vão fiscalizar organização dos sErviços dE saúdE ofErEcidos à população

40 anos Nascido em 1975 com a fusão dos estados do Rio de JaNeiRo e da GuaNabaRa, tRibuNal de coNtas ReúNe a expeRiêNcia das coRtes que o oRiGiNaRam e a modeRNidade do século xxiem defesa do rio

Em 29/01/1969 o Tribunal de Contas do Estado da Guanabara inaugura o Palácio Ministro Luiz Gama Filho. Hoje o prédio está integrado à sede do TCE-RJ na Praça da República

Page 2: TCE-RJ Notícia 82

2015

Desenvolvimento urbano e regionalPúblico-alvo: residentes e domiciliados em território brasileiro, de qualquer nacionalidade e com formação superior em qualquer área de conhecimento.

Premiação:1º lugar: R$ 8.000,002º lugar: R$ 5.000,003º lugar: R$ 3.000,00

Final das inscrições e data limite para entrega dos trabalhos:

8 de maio de 2015

TEMA

Local: Escola de Contas e Gestão do TCE-RJ

Informações:

www.ecg.tce.rj.gov.br(21) 2729-9533/9551/9530

MinistroGama FilhoPrêmio

Page 3: TCE-RJ Notícia 82

sumário

Tribunal de Contas completa 40 anos de atividades. Atenta às exigências da sociedade, Corte se moderniza para melhor fiscalizar gastos públicos

6 CAPA

Presidente do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz planeja avanços nas fiscalizações

18

Auditorias especiais vão ajudar a melhorar a saúde no Rio de Janeiro

Presidente Jonas Lopes assume terceiro mandato com objetivo de transformar TCE em órgão digital em 2015

14

10

TMS 2015

ENTREVISTA

POSSE

4 NOTASPolítica de contenção de despesa do Tribunal resulta na devolução de R$ 13 milhões aos cofres públicos

5 EDITORIALDesafios e perspectivas para 2015

13 ARTIGODepois da bonança, o ajuste fiscal

16 ECGCom ambiente acadêmico, novo portal facilita integração de professores, alunos e parceiros da Escola

20 CARREIRAProjeto de Gestão de Pessoas por Competências: mais eficiência na área de recursos humanos

22 MOMENTO CULTURALProgramação especial, com shows e Rodas Filosóficas, comemora até dezembro os 20 anos do projeto

Page 4: TCE-RJ Notícia 82

4

Notas

ISSN 1806-4078

Conselho Deliberativo

Presidente Jonas Lopes de Carvalho JuniorVice-PresidenteAloysio Neves GuedesConselheirosAluisio Gama de SouzaJosé Gomes GraciosaMarco Antonio Barbosa de AlencarJosé Maurício de Lima NolascoJulio Lambertson Rabello

Procurador-geral do Ministério Público EspecialHoracio Machado Medeiros

Secretário-geral de Controle ExternoCarlos Roberto de Freitas Leal

Secretário-geral de PlanejamentoJosé Roberto Pereira Monteiro

Secretário-geral de AdministraçãoMarcelo Alves Martins Pinheiro

Secretária-geral das SessõesGardenia de Andrade Costa

Procurador-geralSergio Cavalieri Filho

Chefe de Gabinete da PresidênciaAna Helena Bogado Serrão

Diretora-geral da Escola de Contas e GestãoPaula Alexandra Nazareth

Coordenadora-geral de Comunicação Social, Imprensa e EditoraçãoFernanda Pedrosa

EXPEDIENTEJornalista responsável: Fernanda Pedrosa (MTb 13.511) / Edição: Fabiana Sobral (MTb 17.942) / Reportagem: Ricardo Gouveia (MTb 15.616) / Bruno Matos (MTb 10.449) / Claudia Villas Boas (MTb 22.287) / Tetê Oliveira (MTb 18.492) / Vera Ferreira (MTb 15.515) / Projeto gráfico: Daniel Tiriba / Inês Blanchart / Diagramação: Daniel Tiriba / Margareth Peçanha / Fotografia: Jorge Campos / Rosângela Tozzi / Revisão: Márcia Aguiar / Estagiários: Bernardo Couto / Fernanda Magalhães / Apoio operacional: Rita de Cássia Pimentel

Coordenadoria de Comunicação Social, Imprensa e Editoração (CCS) Praça da República, 50/6º andarCEP 20211-351Tel.: (21) 3231-4135 / Fax: (21) 3231-5582E-mail: [email protected]

Foto de capa:Arquivo / Agência O Globo

ImpressãoRio DG

Tiragem — 2.000 exemplaresDistribuição gratuita

DistribuiçãoCoordenadoria de Gestão DocumentalPraça da República, 70/térreoCEP 20211-351 - www.tce.rj.gov.br

Os textos assinados nesta publicação são de exclusiva responsabilidade dos seus autores.

Informativo do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

Relatores das contas de 2015coNtrole

O conselheiro José Gomes Graciosa vai relatar as contas de 2015 do governador Luiz Fernando Pezão – primeiro ano do mandato. O nome do conselheiro foi escolhido por meio de sorteio eletrônico realizado na sessão plenária do dia 13 de janeiro. Na ocasião, também foram definidos os conselheiros-relatores das contas de administração financeira dos 91 municípios jurisdicionados para 2015. Os relatórios serão discutidos e votados em 2016 e, no caso de ocorrer empate, caberá ao presidente do TCE-RJ definir a questão. Acesse relação dos conselheiros-relatores com os respectivos municípios em www.bit.ly/relatores2015.

Carlos Magno/Palácio Guanabara

Tribunal economiza e devolve R$ 13 milhões do orçamento de 2014 ao Governo do Estado

Auditor substituto Plano Estratégico

política ecoNômica

coNcurso 2016/2019

A política de contenção de despesas e racionalização de recursos empreendida pelo TCE-RJ resultou na devolução de R$ 13 milhões do seu orçamento de 2014 aos cofres do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O montante poderá ser utilizado pelo governador Luiz Fernando Pezão em qualquer órgão vinculado à sua administração. “A execução do orçamento, referente a 2014, teve por base uma administração criteriosa, o que levou a uma economia de recursos. Não podemos esquecer que o controle dos gastos públicos é uma das principais atribuições do Tribunal”, ressalta o presidente Jonas Lopes de Carvalho Junior.

Previsto em lei, o cargo de auditor substituto de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) sairá do papel. A Corte de Contas realizará neste ano concurso para preenchimento de três vagas do cargo. Os auditores poderão substituir os conselheiros em suas ausências e impedimentos por motivos de licença, férias ou outro afastamento legal; para efeito de quórum, nas ocasiões em que os titulares estiverem impossibilitados de comparecer às sessões plenárias; em caso de vacância de cargo de conselheiro, até novo provimento, sempre mediante convocação do presidente do Tribunal.

Técnicos do TCE-RJ já estão mobilizados na elaboração do Plano Estratégico do Tribunal para o quadriênio 2016/2019. De acordo com coordenador do Núcleo Estratégico da Secretaria-Geral de Planejamento, Luiz Antonio Bardaro Manzi, até a conclusão dos trabalhos várias etapas serão vencidas. O novo plano também manterá projetos importantes já em desenvolvimento na Corte de Contas, como o processo eletrônico e o de modernização da gestão de pessoas. Como no último plano, a estratégia de planejamento inclui a participação efetiva dos servidores, bem como nas etapas de implementação e execução.

TCE

NO

TÍCI

A 82

4

Page 5: TCE-RJ Notícia 82

tce

No

tÍci

a 74

5

editorial

Desafios e perspectivas para 2015

JoNas lopes de carvalho JuNiorPREsidEnTE do TCE-RJ

Responsabilidade, desafio e realização. As três palavras servem para dar uma ideia do que podemos esperar deste ano de 2015. Pela escolha unânime de meus pares, tive a honra de ser reconduzido à Presidência para novo mandato de dois anos, tendo agora ao meu lado o querido amigo Aloysio Neves, como vice-presidente. A satisfação pela confiança em mim depositada se une à possibilidade de estar à frente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro no ano em que o órgão completa 40 anos de existência. Ao longo das últimas quatro décadas, o Tribunal se aprimorou e conquistou o reconhecimento público. Isso só aumenta a nossa responsabilidade diante do desafio de manter a Corte no caminho da modernidade e capaz de atender às exigências da sociedade, nossa maior parceira neste século XXI.

Os quatro anos em que estive à frente da Corte de Contas foram de conquistas relevantes – e olhamos para trás com orgulho e sensação do dever cumprido. Tivemos êxito na execução das metas que estabelecemos, sempre contando com a ajuda dos demais conselheiros, de todo o corpo funcional, da Procuradoria-Geral e do Ministério Público junto a esta Corte. Com eles também contamos para vencer os novos desafios que se impõem ao Tribunal. Seja no cumprimento da nossa missão constitucional; seja como órgão orientador para o aprimoramento da governança; seja como elemento catalisador do desenvolvimento da gestão pública.

Em 2015 nosso processo de modernização caminha para a completa adoção do processo eletrônico. Até dezembro, o TCE-RJ será um Tribunal 100% digital, o que trará mais agilidade e qualidade ao desempenho do trabalho técnico. Aos avanços do parque tecnológico se juntam outros de fundamental importância, como a implantação do Projeto de Gestão de Pessoas por Competências, que

vai nos permitir, através da avaliação funcional, analisar e desenvolver com precisão os conhecimentos, as habilidades e atitudes de cada servidor, o que resultará na valorização e aprimoramento de todos.

Essas e outras iniciativas nos trazem a certeza da boa execução das funções que a Constituição nos determina, entre elas fiscalizações importantes, como a que iremos fazer na área da saúde, com o objetivo de melhorar a qualidade dos serviços prestados à população na rede pública e conveniada. Além do nosso corpo técnico, estamos estabelecendo parcerias importantes para o desenvolvimento do trabalho. Desta vez, nosso olhar se voltará para os obstáculos que dificultam o estabelecimento de um único sistema de regulação do acesso aos serviços públicos de saúde no Estado do Rio de Janeiro.

A sociedade nos motiva, como bem define o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo Cedraz, em entrevista a esta edição da TCE-RJ NOTÍCIA. E é com a população que também vamos festejar um momento especial no Tribunal: os 20 anos do Momento Cultural, projeto pioneiro que leva arte e cultura aos cidadãos, de forma gratuita.

De todas as conquistas por nós alcançadas, não tenho dúvidas de que a maior delas, após o vendaval político que atingiu este Tribunal há pouco mais de quatro anos, foi o resgate da respeitabilidade da nossa instituição e a sua recolocação no patamar que sempre ocupou no sistema nacional de Contas. Muito me honra a confiança dos conselheiros para mais um mandato à frente do TCE-RJ, pois tenho muito orgulho de pertencer a esta Casa e ter realizado, também com o apoio valoroso dos nossos funcionários, diversos avanços que tornaram o Tribunal mais ágil, moderno e transparente para a sociedade.

TCE

NO

TÍCI

A 82

5

Page 6: TCE-RJ Notícia 82

om o saber de veterano acu-mulado por suas origens e o vigor garantido por processo

contínuo de modernização, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janei-ro (TCE-RJ) chega aos 40 anos pronto para enfrentar os desafios do controle de contas públicas que envolvem mais de R$ 100 bilhões e do aperfeiçoamento da go-vernança no estado e nos 91 municípios jurisdicionados. A execução das tarefas é complexa, mas hoje a Corte tem o apoio e o reconhecimento da sociedade.

“O Tribunal, nesses 40 anos, só fez crescer, se desenvolver, se aprimorar. Pas-sa, a cada ano, a ter um papel mais re-levante para a sociedade. É com muita satisfação que vejo isso ocorrer. Vejo o TCE-RJ como um jovem tribunal, mas com uma experiência larga de vários tri-bunais que o antecederam na formatação, vivendo um momento esplendoroso. Não há democracia sem controle social e esse controle é exercido pelos tribunais de contas”, comemora o presidente Jonas Lopes de Carvalho Junior.

Nascido com a criação do novo Estado do Rio de Janeiro, em 15 de março de 1975, a partir da fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, o TCE-RJ foi ganhan-do credibilidade ao longo de sua existência,

como lembra Jonas Lopes, 12º conselheiro a presidir a Corte de Contas.

“Os tribunais de contas sofreram, ao longo dos anos, quase que um linchamento. As pessoas não entendiam as suas funções, a razão de sua existência. E atualmente, no Brasil, todos os tribunais, e não apenas o TCE-RJ, estão mostrando que são peças im-prescindíveis para o exercício da democracia. Nós representamos o povo numa área muito sensível, que é a de fiscalização dos recursos públicos. O país está sendo passado a limpo e os tribunais estão presentes.”

Para o presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil

(Atricon) e do TCE-PE, Valdecir Pascoal, o Tribunal fluminense merece o reconhecimen-to conquistado. “O TCE-RJ é uma instituição essencial e se caracteriza pela busca permanen-te da excelência de sua fiscalização e dos seus julgamentos, pelo apoio aos gestores públicos e pelo estímulo ao controle social. Por isso mere-ce nossos parabéns pelos seus 40 anos de bons serviços prestados ao povo fluminense.”

Antes da fusão, ocorrida durante o regi-me militar, as contas públicas do Estado do Rio de Janeiro e do Estado da Guanabara eram analisadas e julgadas pelos tribunais de contas dos respectivos estados. O TCE-RJ foi criado pelo Decreto-Lei nº 4, de 15 de março

capa

C

tribunal chEga aos 40 anos pronto para EnfrEntar o crEscEntE dEsafio do controlE das vErbas públicas Em bEnEfício da sociEdadE

nova era das contas do rioTC

E N

OTÍ

CIA

82

6

Page 7: TCE-RJ Notícia 82

nova era das contas do rio

Indicado pelo regime militar para governar o Estado do Rio de Janeiro, criado com a fusão, Faria Lima toma posse no cargo em 15 de março de 1975, sob o olhar do ex-governador da Guanabara Chagas Freitas e do ministro da Justiça, Armando Falcão

de 1975. Na data, o vice-almirante Floriano Peixoto Faria Lima tomou posse como go-vernador do novo estado. O ato concretizava, na prática, a fusão instituída por lei comple-mentar sancionada pelo presidente Ernesto Geisel em 1974, ano em que foi inaugurada a Ponte Rio-Niterói, à época um dos símbolos do Brasil Grande da ditadura.

A lei sancionada por Geisel regulava a formação de novos estados e territórios e fixava as disposições para a fusão, criando, entre outras coisas, a área Metropolitana do Grande Rio com 14 municípios, in-cluindo a capital. Os defensores da unifi-cação argumentavam que a mudança tra-

ria progresso ao interior, mas seus críticos viam a iniciativa como tentativa da dita-dura de sufocar o crescimento da oposição na Guanabara.

Política à parte, o TCE-RJ seguiu sua trajetória de órgão responsável pela análise e julgamento das contas públicas fluminen-ses – exceto da capital. Para acompanhar o crescimento do estado e dos 91 municípios jurisdicionados, com as consequentes de-mandas, o Tribunal foi ampliado, moderni-zou-se, e hoje trabalha com o objetivo de ser um órgão mais orientador do que pu-nitivo, além de parceiro do governo central, como destaca o presidente Jonas Lopes: “A

parceria institucional tem que haver. Os poderes são independentes e harmônicos. Nós, como órgão componente desse siste-ma governamental, temos um papel pre-ponderante. Estamos com uma nova visão, nossas auditorias estão mais propositivas, induzindo políticas públicas, dizendo ao administrador como ele pode melhorar o atendimento à sociedade. Nossa Escola de Contas e Gestão está numa posição de muita relevância. Todos querem aprender conosco. Então, ver o TCE-RJ chegar aos 40 anos desta forma é motivo de muito orgulho para todos nós. E o compromisso aumenta para o futuro”.

Decreto-Lei que criou o TCE-RJ foi publicado no Diário Oficial em 15 de março de 1975. Em 23 de julho, a Assembleia Legislativa promulga a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, nas presenças do presidente do Senado, Magalhães Pinto, do presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Luiz Antônio de Andrade, e do ministro da Justiça, Armando Falcão

Fotos: Arquivo / Agência O Globo

TCE

NO

TÍCI

A 82

7

Page 8: TCE-RJ Notícia 82

A história do controle das contas pú-blicas no Brasil tem no advogado, ensaísta, jornalista, jurista, político e diplomata Rui Barbosa o seu maior expoente. Defensor ferrenho da ideia, coube a ele, então mi-nistro da Fazenda da jovem República liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, criar, através do Decreto nº 966-A, o Tribunal de Contas da União, em 7 de novembro de 1890. A Constituição de 1891, a primeira republicana, institucionalizou o ente definitivamente, sendo o mesmo ins-talado em 17 de janeiro de 1893.

No Rio de Janeiro, o órgão re-gional foi criado em 1892 pelo gover-nador José Tomás Porciúncula; extinto em 1903 pelo governador Nilo Peçanha, e restabelecido em 1918 pelo governador Agnelo Geraque Collet. Em 1939 o Tri-bunal deixa de existir por determinação do então interventor Ernani do Amaral Peixoto, mas ele volta a ser instituído em 1947 pelo governador Edmundo de Ma-cedo Soares e Silva, em cumprimento à Carta Estadual de 1947. Em 25 de julho de 1947 foi realizada a primeira sessão

ordinária do órgão, na sede da Rua Ma-rechal Deodoro, em Niterói.

O Distrito Federal, por sua vez, tinha Tribunal de Contas próprio, instituído em 18 de janeiro de 1936, na Lei Orgânica do Distrito Federal. Sua instalação ocorreu

em 23 de agosto de 1937, com funciona-mento iniciado em novembro do mesmo ano, na Rua Senador Dantas, no prédio do Liceu de Artes e Ofícios. Dali mudou-se

para o Edifício Herm Stoltz, na Aveni-da Presidente Vargas.

Com a transferência da capital para Brasília em 1960, a Cidade do Rio de Janeiro transforma-se no Estado da Guanabara, de acor-do com o art. 1º da Lei 3.752, de 14 de abril de 1960. A então sede do Tribunal de Contas do Distri-to Federal segue, então, abrigando

o Tribunal de Contas do Estado da Guanabara, com funções estabe-

lecidas pela Constituição Estadual de 1961. No dia 29 de janeiro de 1969 o Tribunal ganha sede própria na Praça da República 70. Em 1975, a fusão dos es-tados da Guanabara e do Rio de Janeiro deu origem ao novo Estado do Rio de Janeiro. Surge então, em março de 1975, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, com jurisdição em todo o território estadual e sede na cidade do Rio de Janeiro.

A Guanabara e seus encantos povoavam o imaginário do Brasil e do mundo quando Marly Oakim Acle, então uma jovem profes-sora de português formada pelo Instituto de Educação, entrou para o Tribunal de Contas, em 1965. Na ocasião, o órgão, ainda ligado ao então estado, buscava para seus quadros pes-soas com experiência em repartições públicas. Com olhar no futuro, ela, que já trabalhava no Instituto, não pensou duas vezes quando lhe disseram que era um emprego seguro. E lá se vão 49 anos de serviços prestados ao Tribunal.

Testemunha do crescimento e dos avan-ços da Corte de Contas, Marly, hoje com 74 anos e lotada na Coordenadoria Setorial de Contabilidade (COC), está longe de pensar em ir para casa. “É uma felicidade trabalhar aqui. Gosto das pessoas e do coleguismo. Qua-

tro gerações já passaram por mim. Me sinto útil”, conta, revelando a fórmula que a move por quase meio século.

A carreira no Tribunal de Contas da Gua-nabara foi iniciada na antiga sede da Avenida Rio Branco, no Departamento de Pessoal. Ao longo dos anos, com as transformações da Cor-te de Contas, exerceu muitas funções, como a de responsável pela datilografia dos discursos dos então ministros do órgão, o que lhe per-mitiu convivência maior com o alto escalão da Corte. Foi o ex-presidente da República Café Filho, que foi ministro do TCG, quem a incen-tivou a fazer prova interna e se tornar servidora efetiva do Tribunal. Fez, passou e segue firme, com energia ímpar, nas funções que lhe são de-signadas. “Adoro a Casa. Tudo aqui é feito com muita lisura, tudo é fiscalizado”, assegura.

origem na república

colaboração à prova do tempo

capa

Reprodução

TCE

NO

TÍCI

A 82

8

Page 9: TCE-RJ Notícia 82

Do ‘milagre econômico’ da ditadura militar ao desbunde da juventude dourada que fez do pedaço de areia da Praia de Ipanema em frente ao pier o seu território libertário; do Brasil Gi-gante da Ponte Rio-Niterói aos porões de tortu-ra e morte dos quartéis militares, como ocorreu com o jornalista Vladimir Herzog; da renúncia de Richard Nixon à Presidência dos Estados Uni-dos, impulsionada pelo escândalo de espionagem Watergate, à Revolução dos Cravos em Portugal e à onda de independência de várias colônias por-tuguesas na África; da primeira crise mundial do petróleo à criação Programa Nacional do Álcool, o Pro-Álcool; do rock progressivo do Pink Floyd e do Yes ao som hard do Led Zeppelin e Black Sabbath à chegada do luxo às escolas de samba.

Os anos 1970 definitivamente viraram pelo avesso o mundo, o Brasil e o Rio de Janeiro com suas mudanças políticas, culturais, geográficas, sociais e econômicas, marcando o século XX. E em 1975, a metade da histórica década em que o mundo assistiu ao fim da Guerra do Vietnã, o Brasil viu nascer, já com o caminho pavimenta-do da Ponte Rio-Niterói, inaugurada em 1974 pelo então presidente Emílio Garrastazu Mé-dici, o Estado do Rio de Janeiro. Foi o ano em que os cariocas assistiram à histórica monta-gem de Gota D’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, com Bibi Ferreira e Roberto Bomfim encabeçando o elenco; que a Máquina Tricolor não via rival na sua frente, e que o mago Joãosi-nho Trinta levou a Acadêmicos do Salgueiro ao bicampeonato com o surpreendente desfile As Minas do Rei Salomão.

a década que fez história

TCE

NO

TÍCI

A 82

9

Foto

s: Ar

quivo

/ Ag

ência

O G

lobo

Page 10: TCE-RJ Notícia 82

posse

s conquistas dos últimos qua-tro anos redobraram a vontade e a determinação do presiden-

te do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Jonas Lopes de Carvalho Junior, em fazer da Corte de Contas um órgão de excelência para a go-vernança pública. Ao assumir seu terceiro mandato consecutivo, no dia 8 de janei-ro, ele destacou a importância da missão constitucional do Tribunal e do dever da Casa de seguir como orientadora para a administração pública em benefício da sociedade: “Apesar de todos os resultados alcançados, estamos cientes dos enormes desafios que ainda temos que enfrentar”.

Eleito por unanimidade para conduzir o TCE-RJ por mais dois anos, Jonas Lopes de

Carvalho Junior conta com a colaboração e a parceria do conselheiro Aloysio Neves Guedes, escolhido, também com apoio de todos os conselheiros, como vice-presidente da Corte de Contas. Realizada no Plenário, a solenidade de posse contou com a partici-pação do governador Luiz Fernando Pezão, secretários de Estado e parlamentares, entre outras autoridades.

Atento ao cenário instável da eco-nomia no Brasil e, por consequência, no Rio de Janeiro neste início de 2015, o presidente ressaltou, ainda na solenida-de de posse, que o Tribunal tem muito a contribuir com o estado. “O TCE-RJ é um órgão que deve servir ao estado como elemento catalisador para o de-senvolvimento da gestão pública, princi-

A

determinação redobrada

Solenidade de posse do presidente Jonas Lopes e do vice-presidente Aloysio Neves foi realizada

no Plenário na presença do governador Luiz Fernando Pezão e outras autoridades

TCE

NO

TÍCI

A 82

10

Page 11: TCE-RJ Notícia 82

Jonas lopEs assumE tErcEiro mandato E diz quE tcE-rJ sEguirá Em posição dE vanguarda, sEm rEtrocEssos Em suas conquistasdeterminação redobrada

“Não podemos esmorecer na luta pelo fortalecimento institucional e pela melhoria da comunicação para a conscientização da sociedade, para lembrar ao cidadão que ele é o nosso maior parceiro” Jonas Lopes de CarvaLho Junior

presidente

palmente quando vivemos, como agora, um quadro de crise econômica e consi-derando a importância do nosso estado no contexto social, político e econômico do País”, disse.

A disposição de Jonas Lopes de Car-valho Junior se alinha com a expectativa do governador Luiz Fernando Pezão. “O estado precisa muito da cooperação com o Tribunal, que pode auxiliar em mo-mentos de dificuldade. Precisamos da excelência dos técnicos do TCE-RJ para poder passar por esse período de transi-ção”, defendeu o governador, referindo-se ao momento de alerta nas finanças flumi-nenses. “Será necessário somar forças de todos os técnicos, gestores e das universi-dades para realizarmos as obras planeja-das”, conclamou.

Planos e projetos não faltam na agen-da do presidente Jonas Lopes para o biênio 2015/2016. “Muito tem sido feito e ainda há muito a se fazer. Neste ano envidaremos to-dos os esforços para que sejamos um órgão cem por cento digital. Isso nos garantirá mais agilidade, menos burocracia e um fluxo de informações que facilitará o planejamento e o gerenciamento de nossas auditorias”.

Além do fim do uso do papel, figuram na lista de metas a serem cumpridas em fu-turo próximo a implantação da Política de Gestão de Pessoas por Competências, com o objetivo de valorizar o corpo técnico; a conclusão da reforma do prédio de nº 70; a inauguração da sede da Escola de Con-tas e Gestão, na Rua da Constituição; e a continuação do trabalho de aproximação do TCE-RJ com a sociedade, por exemplo.

“Não podemos esmorecer na luta constante pelo fortalecimento institucional e pela melhoria da comunicação, trabalhan-do para a conscientização de nossa socieda-de e para, a cada dia, lembrar ao cidadão de que estamos aqui cumprindo o nosso papel, e que ele é o nosso maior parceiro”, ressal-tou o presidente.

Os avanços dos últimos quatro anos – como a realização de concurso público, a inauguração da nova sede e o recorde de auditorias – que levaram o Tribunal de Contas a uma posição de vanguarda foram lembrados pelo conselheiro Jonas Lopes, mas ele alerta: “Se olharmos à frente, o de-safio continua. Seguiremos firmes neste ca-minho, sem retrocessos de qualquer espécie. Temos muito a fazer”.

TCE

NO

TÍCI

A 82

11

quatro anos de avanços

Autoridades, convidados, servi-dores do Tribunal de Contas e jorna-listas lotaram o Plenário Conselheiro Aluisio Gama de Souza na solenidade de posse do presidente Jonas Lopes e do vice-presidente Aloysio Neves. Ao discursar, o presidente dedicou agradecimento especial aos cole-gas conselheiros Aluisio Gama, José Gomes Graciosa, José Maurício de Lima Nolasco, Julio Rabello, Mar-co Antonio Barbosa de Alencar e ao vice-presidente eleito, aos servidores, à Procuradoria-Geral do Tribunal e ao Ministério Público Especial.

A todos, Jonas Lopes externou o sentimento de dever cumprido nos últi-mos quatro anos. Para ele, o resgate da respeitabilidade do TCE-RJ e o estrei-tamento dos laços com a sociedade e de-mais instituições públicas foram as con-quistas mais significativas do período.

Em pronunciamento, o vice-presi-dente Aloysio Neves Guedes também chamou a atenção para a importância do respeito ao Tribunal. “A experiência como homem público possibilitou-me, desde cedo, constatar a imprescindível atuação dos órgãos de controle para que se alcance uma maior eficiência na ges-tão da coisa pública”.

Page 12: TCE-RJ Notícia 82

121212

dedicação às instituições

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, compôs a mesa da solenidade de posse e destacou a impor-tância da parceria com o TCE-RJ, com vistas a preparar o estado para um novo ciclo de crescimento. Ao falar sobre os novos desafios da economia fluminense, o governante citou as sucessivas quedas do preço do barril do petróleo, problema que vem prejudicando a receita do governo do estado com os royalties.

“O estado tem um grande dever de casa para fazer e precisa da cooperação do TCE. Temos que usar a experiência dos conselheiros, temos que usar a excelência dos técnicos do Tribunal e somar forças no momento em que a gente vê essa riqueza do petróleo caindo muito”, destacou.

Além de defender a diversificação da economia, Pezão fez elogios ao trabalho de orientação destinado a gestores públicos, realizado pelo TCE-RJ, por meio da Es-cola de Contas e Gestão, a fim de garantir mais transparência na prestação das contas públicas. “Gostaria de agradecer ao Tribu-nal de Contas pelas orientações e pelo zelo com o dinheiro público”, afirmou.

Ao falar sobre seu novo mandato, o governador do Rio garantiu empenho para manter as conquistas, segundo ele, obtidas nos últimos anos. “O estado tem uma gran-de carteira de obras a realizar, como o metrô até a Barra da Tijuca e o abastecimento de água da Baixada Fluminense. Queremos melhorar a vida das pessoas”, ressaltou.

Eleito vice-presidente para o biê-nio 2015-2016, o conselheiro Aloysio Neves Guedes ingressou no TCE-RJ, em 2010, após ter seu nome aprovado pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Advogado e jornalista, dedicou seus 49 anos de vida pública ao desenvolvimento do estado, ocupando cargos estratégicos nos Pode-res Executivo e Legislativo.

A trajetória profissional do carioca Aloysio Neves teve início em janeiro de 1966, na assessoria do governador Negrão de Lima, permanecendo no cargo nas gestões seguintes de Chagas Freitas e Faria Lima. Após trabalhar no gabinete do governador, foi nome-ado assessor técnico da Secretaria de Estado de Turismo, tendo sido res-ponsável pela instalação do Conselho Estadual do Turismo.

Anos mais tarde, em 1987, tor-nou-se assessor da TurisRio, empresa voltada à organização e ao incremento do turismo no estado. Nessa função, foi coordenador do departamento res-ponsável pelo controle de qualidade, registro e classificação de todas as em-presas do setor. Sua atuação nas áreas

de gestão pública, direito administra-tivo e direito do consumidor propiciou um salto de qualidade à coordenadoria, que passou do 21° lugar para a quarta colocação na média do desempenho dos 27 órgãos estaduais delegados.

Depois de longo período no Execu-tivo, Aloysio Neves foi requisitado pela Alerj, em 1990, onde foi assessor técnico e chefe de gabinete da Presidência nas administrações dos deputados Sérgio Ca-bral (1995-2003) e Jorge Picciani (2003 a 2010). Além de coordenar a área cultural da Casa, também gerenciou a propagan-da institucional, entre 2001 e 2010.

Como jornalista, começou sua carreira em 1968, assinando a coluna Primeiro plano, do Jornal do Commer-cio. Um ano depois, foi colaborador da coluna Swann, no jornal O Globo. Nos nove anos seguintes, entre 1970 e 1978, trabalhou nas revistas Manchete, Fatos & Fotos e Domingo Ilustrado, da Bloch Editores. Além de jornalista, foi assessor especial da Presidência do Grupo Blo-ch. Aloysio atuou ainda como colunista do Jornal dos Sports (1979), da revista L’Officiel-Brasil (1980) e do jornal Últi-ma Hora (1983).

parceria pelo futuro do estado

posseTC

E N

OTÍ

CIA

82

12

Page 13: TCE-RJ Notícia 82

TCE

NO

TÍCI

A 74

13

artiGoaloysio Neves GuedesviCE-PREsidEnTE do TRibunAl dE ConTAs do EsTAdo do Rio dE JAnEiRo

Nos últimos anos, observou-se no Brasil um ciclo econômico virtuoso que provocou, dentre outros aspectos, a significativa eleva-ção da renda do trabalhador. No Estado do Rio de Janeiro, em particular, após décadas de estagnação e acentuada deterioração so-cial, retomou-se um sólido processo de cres-cimento econômico, ancorado na construção de um ambiente de segurança social e ins-titucional. Os índices econômicos atuais, no entanto, revelam que não mais subsistem as condições para a perpetuação desse ciclo, im-pondo-se a adoção de ajustes fiscais rígidos a fim de que seja criado um cenário favorável à ocorrência de mais um período de bonança.

O processo de planejamento e austeri-dade financeira, iniciado pela União e am-plificado pelo estado, associado à adoção de uma contínua política de estabilização eco-nômica, foi determinante para a ocorrência desse ciclo econômico virtuoso. Um novo processo de ajustes fiscais – ainda mais rígi-do – deve ser imediatamente iniciado para remediar um quadro aterrorizador que se instala, com a queda da atividade econômica, elevação significativa da inflação, pressionada pelo aumento dos preços de tarifas públicas, combustíveis e alimentos, alta volatilidade do dólar e estimativa de redução da renda média dos trabalhadores.

No Estado do Rio de Janeiro a situação agrava-se ainda mais em razão da redução de receitas motivada pela crise da indústria do petróleo. A diminuição significativa do preço do petróleo, associada à redução da atividade econômica desse setor – acarretada em gran-de medida pela atual grave crise enfrentada pela Petrobrás – , gerou uma expressiva per-da de receitas, destacadamente as advindas de royalties de petróleo e participações especiais. Some-se a isso a ausência de planejamento es-tatal no que se refere à utilização das receitas advindas de royalties de petróleo e participa-ções especiais, desprezando-se completamen-te a natureza volátil e finita dessas receitas.

Nesse ambiente, uma primeira medida de disciplina fiscal que se impõe é a elimi-nação do déficit público, devendo o estado limitar seus gastos à arrecadação e focá-los em despesas com educação, saúde e infraes-trutura. Relembre-se aqui, inclusive, que uma

das principais causas dos elevados índices de inflação que o Brasil experimentou foi exata-mente o déficit público elevado.

Sobre o ponto, a Lei de Responsabili-dade Fiscal – Lei Complementar 101/2000 – criou mecanismo efetivo de planejamento fiscal que permite a eliminação do déficit público. Trata-se do preceito estabelecido em seu art. 4º, § 1º, que determina que a Lei de Diretrizes Orçamentárias fixe a meta fiscal para o exercício subsequente, meta essa que, no cenário atual, deverá ser invariavelmente de superávit primário.

Uma segunda medida consiste em dar cumprimento ao preceito estabelecido no art. 17, § 2º, da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece que a criação de despesas de duração continuada – superior a dois anos – só poderá ocorrer caso se cancelem outras despesas igualmente permanentes ou se am-pliem as receitas de forma permanente.

Para que essas medidas sejam efetivas, o controle fiscal deve ser realizado de forma contínua em todos os exercícios financeiros. Essa era inclusive a proposta originária do anteprojeto que resultou na aprovação da lei de responsabilidade fiscal. Nele havia regra específica que limitava os chamados “restos a pagar” à efetiva existência de disponibilidade de caixa como forma de não haver transferên-cia de despesa de um exercício para o outro.

Essa regra, contudo, foi modificada pelo Congresso Nacional e acabou sendo defini-tivamente suprimida do texto final aprovado em razão de veto aposto pelo presidente da República, permitindo que os administrado-res públicos assumam inúmeras obrigações

sem que exista disponibilidade financeira para saldá-las. A única limitação existente na Lei de Responsabilidade Fiscal relaciona-se ao período que compreende os dois últimos quadrimestres do mandato, vedando-se a contração de obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa.

Essa prática provoca um total descon-trole das finanças públicas, gerando déficits imoderados e reiterados cujos reflexos serão suportados pelos futuros gestores. Inibe tam-bém um controle mais eficiente por parte dos órgãos responsáveis pela fiscalização contábil, financeira e orçamentária, notadamente o que é atribuído constitucionalmente aos Tri-bunais de Contas.

As contas prestadas anualmente pelos administradores públicos, bem como os inú-meros relatórios fiscais encaminhados aos Tribunais de Contas, retratam em muitos casos uma realidade marcada pela ausência de compromisso com o equilíbrio fiscal. Os Tribunais de Contas, no entanto, embora rei-teradamente sinalizem a necessidade de ado-ção de medidas com o objetivo de eliminação do déficit público ao longo do processo de acompanhamento da execução orçamentária, não dispõem de mecanismos que lhes per-mitam coibir prontamente o estabelecimento de obrigações sem lastro financeiro.

É necessária, assim, uma visão estratégi-ca de longo prazo a fim de que se crie o am-biente favorável ao surgimento de um novo ciclo virtuoso de atividades econômicas. Só o planejamento fiscal permitirá que o setor público possa desenvolver as suas ativida-des com racionalidade, criando as condições necessárias para a atração de novos investi-mentos em segmentos estratégicos, como os setores automobilístico, naval e de petróleo. Sem ele, no entanto, haverá não só o colapso da atuação estatal, inviabilizando-se o paga-mento de salários dos servidores e a prestação de serviços imprescindíveis, como também o comprometimento dos significativos ganhos observados nos últimos anos com a amplia-ção da capacidade instalada de produção de relevantes segmentos da indústria.

“É necessária, assim, uma visão estratégica

de longo prazo a fim de que se crie o ambiente favorável

ao surgimento de um novo ciclo

virtuoso de atividades econômicas”

DEPOIS DA bONANçA, O AJUSTE FISCAL

TCE

NO

TÍCI

A 82

13

Page 14: TCE-RJ Notícia 82

Tribunal de Contas do Esta-do programou para 2015 uma série de ações de controle para

verificar como está organizado o aces-so aos serviços de saúde oferecidos em hospitais públicos, postos e demais es-tabelecimentos que prestam atendimen-to à população do Rio de Janeiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre as ações previstas para o ano estão a re-alização de auditorias, a assinatura de termos de cooperação técnica e a pro-moção de seminários.

As fiscalizações do TCE-RJ serão realizadas em todas as centrais de re-gulação sob a responsabilidade do Go-

verno do Estado do Rio de Janeiro e de cada um dos 91 municípios fluminen-ses, à exceção da capital. Técnicos do Tribunal vão conferir se o controle e o direcionamento do fluxo de pacientes estão adequados, se há integração entre os sistemas informatizados de regulação e entre as centrais de regulação do esta-do e dos municípios, de forma a evitar a peregrinação dos usuários do SUS por cidades vizinhas.

Além de averiguar se os complexos reguladores estão de acordo com a Políti-ca Nacional de Regulação, instituída pelo Ministério da Saúde, a Corte de Contas vai exigir dos órgãos fiscalizados um pla-

no de ação para que as falhas encontradas sejam corrigidas.

Ao fim desse trabalho, as medidas tomadas poderão render benefícios para a população fluminense em forma de atendimentos mais ágeis, redução de filas e priorização de casos urgentes. A desor-ganização de um centro regulador pode provocar demora no atendimento e agra-var o quadro clínico dos pacientes. Pela ótica do estado e dos municípios, o tra-balho de campo do TCE-RJ possibilitará conhecer melhor o déficit e os gargalos do sistema de saúde, e dar mais transpa-rência aos serviços oferecidos, além de otimizar os gastos públicos.

O

regulação do acesso à saúdetcE quEr rEdução dE longas filas dE EspEra para consultas, ExamEs E intErnação no rio dE JanEiro

tms 2015TC

E N

OTÍ

CIA

82

14

Page 15: TCE-RJ Notícia 82

Desde 2011, o TCE-RJ tem colhido bons resultados com as auditorias no formato TMS. Essa metodologia possibilitou ao Tribunal elaborar um plano único de fiscalização para todos os 91 municípios e órgãos do estado sob a jurisdição do Tribunal. Antes da implantação desse método, havia a necessidade de um planejamento específico para cada órgão fiscalizado, o que demandava mais tempo de trabalho.

Em seu primeiro ano de execução, o TMS possibilitou ao TCE identificar e recomendar a correção de problemas relacionados ao programa Estratégia Saúde da Família em 88 cidades fluminenses. O mesmo ocorreu, em 2014, quando foram detectadas falhas em setores como educação e resíduos sólidos. Nos dois anos seguintes, os temas fiscalizados foram assistência social e ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza).

Auditorias promovidas pelo TCE-RJ entre feverei-ro de 2013 e março de 2014 revelaram que 89 das 91 prefeituras fiscalizadas pelo Tribunal utilizam serviços de saúde privados (hospitais particulares, por exemplo) para complementar o atendi-mento à população. A prática é permitida pelo Ministério da Saúde, desde que sejam obedecidas normas estabe-lecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). E foi nesse quesito que as cidades deixa-ram a desejar.

O trabalho de fiscalização mostrou que apenas 24 das 89 cidades que utilizam esse

recurso (o correspondente a 27% do total) formalizaram a contratação de serviços priva-dos por meio de instrumentos legais, como contratos, convê-nios e termos de parceria.

As auditorias também constataram que a maior parte

dos municípios (94,51% do to-tal) não leva em consideração a demanda dos usuários do SUS na hora de contratar os serviços particulares, podendo resultar em desperdício do dinheiro público. “Quando um muni-cípio não faz esse diagnóstico,

corre o risco de contratar ser-viços médicos desnecessários ou aquém do que a população precisa”, explica a servidora Talita Dourado Schwartz, da Coordenadoria de Audito-rias Temáticas e Operacionais (CTO) do TCE-RJ.

A baixa pactuação entre gestores municipais, para am-pliar a rede de atendimento a moradores de regiões pró-ximas, foi outra falha encon-trada. Em todas as cidades pesquisadas, as relações inter-gestores foram consideradas inadequadas, o que demonstra que a falta de planejamento em saúde ainda predomina em muitos locais do estado.

capacidade de fiscalização ampliada

tribunal constata falhas na participação privada no sus

“Queremos melhorar o acesso da po-pulação aos serviços de saúde. Estamos falando de um sistema que atende mais pessoas do que a população de muitos pa-íses. O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo e torná-lo mais acessível é a maior recompensa que um servidor pú-blico pode ter”, explica o secretário-geral de Controle Externo do TCE-RJ, Carlos Ro-berto de Freitas Leal. “Além do seu papel fiscalizador, o Tribunal está atuando como um indutor de melhorias nas políticas pú-blicas, para que seja gasto na saúde efetiva-mente aquilo que a sociedade precisa”, afir-ma o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes.

As fiscalizações relacionadas à regula-ção do acesso aos serviços de saúde no Rio de Janeiro vão concentrar grande parte da capacidade de auditoria do TCE-RJ. Esse assunto foi escolhido o Tema de Maior Significância (TMS) de 2015 do Tribunal e será tratado com prioridade. Para conhe-cer as principais leis, normas e portarias do Ministério da Saúde referentes a esse as-sunto, os servidores da Secretaria-Geral de Controle Externo (SGE) participaram de um curso promovido pela Escola de Con-tas de Gestão do TCE-RJ. O curso foi mi-nistrado pelas servidoras Josyanne da Ro-cha Ferreira e Talita Dourado Schwartz, da Coordenadoria de Auditorias Temáticas e Operacionais (CTO).

Para garantir que a regulação do acesso aos serviços de saúde em funcio-namento em todo o estado seja fiscali-zada, o TCE-RJ propôs e fechou parce-ria com órgãos de controle. Entre eles, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCMRJ), que têm a atribuição de fiscalizar o acesso da po-pulação à rede assistencial sob a gestão do governo federal (TCU) e da capital fluminense (TCMRJ), respectivamente.

“O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo e torná-lo mais acessível é a maior recompensa que um servidor público pode ter” CarLos roberto de Freitas LeaL

seCretário-geraL de ControLe externo

Marcello Casal Jr./Agência brasil

TCE

NO

TÍCI

A 82

15

Page 16: TCE-RJ Notícia 82

novo portal palavraPaula Nazareth

tce

No

tÍci

a 74

16

O novo portal da ECG, dis-ponível desde o início do ano, é mais uma importante ferramenta de integração entre a escola, pro-fessores, alunos, gestores públicos e entidades parceiras. Com a criação de um ambiente acadêmico no site, batizado ‘Portal do Aluno’, ficou fácil fazer inscrições nos cursos de capacitação e palestras, obter o ma-terial didático, atualizar o cadastro, consultar notas e frequência e ob-ter certificados de participação nos cursos, além de registrar a avaliação dos cursos concluídos. E atenção usuários: novas funcionalidades se-rão incluídas nos próximos meses.

O layout da página é moderno e apresenta facilidade de acesso aos diversos campos disponíveis, desde uma simples consulta até o acom-panhamento da grade de cursos e pesquisas, por exemplo. Segundo o coordenador-geral de Documenta-ção da ECG, Paulo Cesar Peçanha, assim que o ‘Portal do Professor’ estiver disponível, o que é previs-to para breve, será possível criar

fóruns e blogs para que as turmas mantenham uma comunicação in-terna entre os colegas das classes e com os professores, com sugestões, perguntas, comentários e as respec-tivas respostas.

De acordo com o coordenador, entre as novidades previstas para o portal destaca-se também o ‘Pro-jeto Memórias’, que vai permitir acesso aos vídeos dos eventos já re-alizados pelo Tribunal e pela ECG. Outra novidade será a realização de pesquisa do Levantamento das Expectativas e Necessidades de Capacitação (Lenc), onde os ges-tores poderão indicar os cursos e atividades que acharem necessários ao aprimoramento dos servidores dos municípios e dos órgãos do Governo do Estado fiscalizados pelo TCE-RJ, o que vai auxiliar na montagem da grade dos cursos para os anos seguintes. “O portal da escola é um acompanhamento na-tural da evolução do portal do Tri-bunal de Contas”, concluiu Paulo Cesar Peçanha.

A ECG inicia o ano de 2015 com boas notícias. A inauguração do novo prédio da Escola, vizinho ao TCE-RJ, no Centro do Rio, ainda no primeiro semestre, será importante marco na história da Escola. A mudança de endereço facilitará o acesso de alunos, docentes e servidores, aproximando a ECG do Tribunal, dos jurisdicionados e das instituições parceiras. Acesso é a síntese do novo edifício: um espaço moderno, construído sob a ótica da acessibilidade, que consolida o Projeto Incluir, da ECG.

Outra boa novidade é que desde janeiro está no ar o novo portal da ECG (www.ecg.tce.rj.gov.br). Com design moderno, dinâmico e acessível, será gradativamente aprimorado com inovações tecnológicas para assegurar acesso a mais informações, serviços e canais exclusivos de comunicação com alunos e docentes, oferecendo maior segurança.

Além de eventos, programas e cursos, estão no portal os editais do Prêmio Melhores Práticas (com o tema Educação, Cultura, Esporte e Lazer no Ensino Fundamental) e do Prêmio Ministro Gama Filho (com o tema Desenvolvimento Urbano Regional), edições 2015, cujos prazos para recebimento de trabalhos vão até os dias 6 e 8 de maio, respectivamente.

O investimento na modernização da infraestrutura física e tecnológica e na qualificação dos servidores e docentes que trabalham na Escola possibilitou programar a realização de 250 atividades de curta e média duração em 2015, na sede da ECG, por meio do Projeto TCE-Escola Itinerante ou na modalidade a distância.

Todo esse esforço reflete o compromisso do TCE-RJ com a capacitação dos seus servidores e dos servidores e gestores do Estado e dos municípios jurisdicionados do Rio de Janeiro.

TCE

NO

TÍCI

A 82

16

Page 17: TCE-RJ Notícia 82

ESCOLA DE CONTAS E GESTÃO DO TCE-RJ

No comando da secretaria da ECG desde 2010, Claudia Gomes Corrêa Barbosa, economista e servidora concursada do TCE-RJ desde 1993, enfatiza a importância da secretaria no dia a dia da escola, dos docentes e alunos. Entre as inovações feitas na instituição para modernizar as atividades, ela destaca o projeto de digitalização, iniciado em junho de 2013, que vai dar fim ao papel.

Quais as atribuições da se-cretaria?

Coordenar as atividades de administração escolar, de apoio aos demais órgãos da ECG, e realizar rotinas ad-ministrativas. Formatamos o material didático elabo-rado pelos docentes; envia-mos aos alunos por e-mail e imprimimos quando o curso exige. Também lançamos frequência e nota dos alunos e enviamos o certificado de conclusão de curso, entre outras atividades.

Como está o desenvolvi-mento do projeto de digi-talização?

Estamos digitalizando os documentos referentes às atividades de capacitação da

ECG e do antigo Instituto Serzedelo Correa (ISE). O objetivo é garantir o arqui-vamento adequado de do-cumentos importantes que poderiam ser perdidos devido à ação do tempo. Vamos eco-nomizar espaço de armazena-mento e garantir agilidade no acesso a esses documentos. Os arquivos digitalizados são gra-vados na rede da ECG com proteção quanto à edição.

Quais as mudanças espera-das com o fim do papel?

Modernização e agilida-de. Buscamos a implantação de uma rotina de digitalização da documentação de cursos a cada início de ano, mantendo em papel apenas os documen-tos dos últimos cinco anos.

bate-papo

Documentos preservados

Claudia Gomes Corrêa BarBosa

tce

No

tÍci

a 74

17

Prêmio Melhores Práticas Ainda há tempo para concorrer ao Prêmio Melhores Práticas.

Realizado a cada dois anos, a edição 2015 é sobre ‘Educação, Cultura, Esporte e Lazer no Ensino Fundamental’. O prazo para entrega dos trabalhos vai até 6 de maio. O objetivo do prêmio é estimular e disse-minar práticas que resultem em melhoria da administração pública. Os trabalhos têm que apresentar práticas implantadas há pelo menos um ano, com resultados comprovados. Os relatos selecionados serão objeto de verificação in loco. O resultado final será divulgado a partir de outubro de 2015. O edital está disponível no site da ECG.

ECG em Quito

Palestras com especialistas nos cursos da Escola Itinerante de 2015

A ECG apresentou dois trabalhos no XIX Congresso Internacional sobre a Refor-ma do Estado e da Adminis-tração Pública, organizado em novembro de 2014 pelo Centro Latino-Americano de Administração para o Desen-volvimento (Clad), em Quito, Equador. ‘Financiamento para o desenvolvimento local no Rio de Janeiro’, da diretora--geral, Paula Nazareth; e ‘Es-colas de Governo: o papel

pedagógico nos tribunais de contas e os impactos na ges-tão pública’, da coordenadora--geral de Estudos e Pesquisas da Escola, Rosa Maria Chaise, do coordenador de Auditorias Temáticas e Operacionais do TCE-RJ, Sergio Lino Car-valho, e do diretor da Escola Superior de Gestão e Controle Francisco Jurena (TCE-RS), Sandro Bergue. Os textos es-tão disponíveis na Biblioteca Sergio Cavalieri Filho.

A edição 2015 do Projeto TCE-Escola Itinerante chega com novidades. Para comple-mentar os cursos destinados aos servidores dos municípios fiscalizados pelo TCE-RJ, a ECG promoverá palestras sobre temas ligados à Admi-nistração Pública, realizadas com instituições parceiras do TCE-RJ, como órgãos de con-

trole, e instituições de ensino. As atividades abordarão temas como Português, Gestão de Contratos, Controle Interno Avançado. Todas são gratuitas e as inscrições estão abertas na página da ECG. As aulas, com início em 2 de março e término em 4 de dezembro, acontecem ao longo do ano em todas as regiões do estado.

TCE

NO

TÍCI

A 82

17

Page 18: TCE-RJ Notícia 82

À frente do Tribunal de Contas da União em 2015, o ministro Aroldo Cedraz diz que os sinais de insatisfação da sociedade com a corrupção motivam o trabalho da Corte. “Hoje é impossível desempenhar o controle de forma eficaz sem que haja a colaboração da sociedade”, destaca. Em entrevista à TCE-RJ NOTíCIA, ele aponta problemas da administração pública, fala de planos para o TCU e da baixa governança na educação.

‘A sinalização da sociedade é motivadora’Denúncias de irregularidades e corrupção no setor público aumentam a cada dia no País. Como o TCU pode contribuir para modificar esse quadro?

O que poucos sabem é que boa parte das irregularidades que foram divulgadas recentemente já haviam sido detectadas em processos em andamento no TCU. Mesmo sem autorização legal para quebra de sigilo fiscal, bancário e escutas telefôni-cas, nossas tradicionais auditorias em atos e contratos públicos são capazes de verifi-car situações com suspeitas que envolvam desvios ou malversação de recursos.

Então, o modo como o TCU pode contribuir para o combate efetivo da cor-rupção é avançando em suas medidas de fiscalização e aperfeiçoando seus métodos de trabalho, inclusive com a realização de novas modalidades de auditorias, como as financeiras e preditivas.

A sociedade vem dando sinais de insatisfa-ção com as falcatruas e apoiando a punição de corruptos e corruptores. Isso fortalece o trabalho do TCU e dos demais tribunais de contas? Ajuda a inibir práticas criminosas?

A sinalização vinda da sociedade é motivadora. Se formos capazes de per-ceber as mensagens e as demandas dos cidadãos, estaremos na vanguarda, agin-do preventiva e tempestivamente. A

Constituição Federal de 1998 atribuiu ao TCU, e, por simetria, aos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios, a possibilidade da participação popular no controle, por meio de um eficaz instru-mento, a denúncia, que já está adequada-mente normatizada e instrumentalizada. A novidade que queremos implementar é a possibilidade do acesso ao Tribunal com menor formalismo, a exemplo do envio de informações úteis ao controle por meio de smartphones. É necessário estimular a população a exercer o con-trole social.

Hoje, temos a convicção de que é impossível desempenhar o controle de forma eficaz sem que haja a colaboração da sociedade. Nenhum órgão de controle pode ter a pretensão de realizar bem seu trabalho sem a colaboração do cidadão, maior interessado na boa aplicação dos recursos públicos, haja vista que, em úl-tima instância, são seus próprios recursos que estão sendo aplicados.

Qual a sua avalição da governança no Brasil?

Uma boa governança pública é aquela que garante que a atenção dos agentes públicos esteja focada em reali-zar políticas públicas eficientes e efetivas e em prestar serviços públicos reconhe-

cidos como bons e suficientes, tudo em benefício do bem comum dos cidadãos do nosso País.

O TCU tem realizado muitos tra-balhos de avaliação da governança e da gestão governamental. Há tempos, esses trabalhos vêm alertando sobre a baixa go-vernança em diversas áreas, especialmente em TI, pessoal, aquisições públicas, segu-rança, saúde, educação e infraestrutura.

Quais os principais problemas na admi-nistração pública identificados pelo TCU?

Grande parte dos problemas iden-tificados pelo TCU tem relação com uma questão maior, que é a cultura da falta de planejamento e a desestrutura dos órgãos. É o que ocorre, por exem-plo, na área de Infraestrutura. Nas fiscalizações de obras realizadas pelo TCU, os achados mais recorrentes são projeto básico/executivo deficiente ou desatualizado e casos de sobrepreço/superfaturamento.

Outros achados recorrentes são irre-gularidades identificadas na execução dos instrumentos de transferências voluntárias, especialmente os que possuem objetos com escopo amplo. Em relação aos órgãos concedentes, são verificadas inúmeras de-ficiências nos processos de transferências e de análise de prestação de contas.

aroldo cedraZPREsidEnTE do TRibunAl dE ConTAs dA união

eNtrevistaTC

E N

OTÍ

CIA

82

18

Page 19: TCE-RJ Notícia 82

Sendo o Brasil um país de dimensões continentais, as auditorias coordenadas do TCU com tribunais regionais são um bom mecanismo para a fiscalização de áreas importantes?

Sim, por diversas razões. Primeiro, porque para políticas públicas de caráter descentralizado, como saúde e educação, em que as esferas federal, estadual e mu-nicipal têm atribuições complementares, é necessário que os problemas sejam vistos por todos os ângulos, sob pena de não se ter um diagnóstico exato. Por exemplo, é no Ensino Médio onde residem talvez os problemas mais críticos da educação no Brasil, mas o governo federal tem compe-tências limitadas, uma vez que os princi-pais protagonistas são os governos locais. Assim, o TCU, junto com os TCEs, rea-lizou uma auditoria coordenada no tema, que trouxe contribuições importantes, tanto para o Ministério da Educação quanto para os governos estaduais.

A ampliação da capilaridade do trabalho, além de dar uma visão de nor-te a sul, propicia, mediante compara-ções, a prospecção de boas práticas, que podem ser disseminadas pelo Sistema Tribunais de Contas a partir dos relató-rios produzidos.

O TCU tem firmado diversos acor-dos de cooperação técnica com outros

Tribunais de Contas, com o Instituto Rui Barbosa (IRB) e a Associação dos Mem-bros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) para prática de ações conjuntas objetivando obter o melhor resultado que a junção de esforços possibilita.

O senhor coordenou o projeto do Portal Fiscaliza Rio 2016, que reúne auditorias realizadas pelo TCU,TCE-RJ e TCMRJ em obras e projetos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Iniciativas como esta in-centivam a participação da sociedade na fiscalização da coisa pública?

Sem dúvida. A experiência do portal deu-nos a oportunidade de integrar três tribunais de contas e de conferir maior transparência ao Projeto Olímpico de 2016. Afinal, o que queremos é ampliar as formas de controle da sociedade sobre os gastos públicos.

Quando decidimos lançar o Portal Fiscaliza Rio 2016, a ideia inicial era criar um espaço do cidadão e um canal perma-nente de interlocução com a sociedade, in-clusive em mídias sociais como o Facebook e o Twitter, ferramentas a serem exploradas em futuro próximo para permitir que as pessoas participem da fiscalização, encami-nhando sua manifestação, em caso de indí-cios de ilegalidades ou irregularidades, bem como dúvidas, sugestões, críticas e elogios.

Quais os seus planos para o TCU?Internamente, pretendemos inves-

tir mais na modernização da gestão do TCU. No caso da Tecnologia da Infor-mação, especificamente, entendo ser este o instrumento para a inovação. Es-tudamos, hoje, modos de aprimoramen-to das fiscalizações tradicionais e como poderemos realizar novas modalidades de auditoria, a exemplo das preditivas, pois a melhor maneira de proteger o patrimônio estatal é agir preventiva e tempestivamente.

Uma vez devidamente aparelhados, nossa diretriz básica se volta para o am-biente externo. De semelhante modo, fa-zendo uso da TI, creio que podemos dar exemplo e, como indutores de boas práti-cas no âmbito da Administração Pública, estimular a implantação definitiva de um governo 100% digital, que será eficaz para diminuir as disfunções da burocracia, que engessam a economia e atrasam o desen-volvimento do Brasil.

É claro que para implementar es-sas propostas é imprescindível contar com o trabalho de excelência que aqui se realiza. Por isso, pretendo investir mais no treinamento e na produção de conhecimentos por meio do Instituto Serzedello Corrêa, a nossa Universida-de Corporativa.

queremos implementar a possibilidade do acesso ao tribunal com menor formalismo, a exemplo do envio de informações por meio de smartphones. É necessário estimular a população a exercer o controle social”

TCE

NO

TÍCI

A 82

19

Page 20: TCE-RJ Notícia 82

rofissionais motivados e reali-zados. Metas e tarefas bem de-finidas. Gestão aberta e focada

em resultados. Para tornar realidade um cenário como esse, idealizado por CEOs de grandes empresas e repetido como mantra no setor privado, o TCE-RJ está investindo no desenvolvimento dos seus servidores.

O novo olhar sobre a administração pública começou a ser desenhado há quatro anos, quando o presidente Jonas Lopes de Carvalho Junior assumiu o compromisso de valorizar os funcionários. Desde então, diver-sas medidas foram adotadas para melhorar a qualidade de trabalho dos servidores.

Em 2012, a Casa abriu 152 novas vagas por meio de concurso público, reforçando o corpo funcional. Em novembro do ano passado, ocorreu o lançamento do Projeto de Gestão de Pessoas por Competências. Em 2015, a iniciativa atinge seu ápice com a implantação da nova avaliação funcional, que vai possibilitar à Corte de Contas anali-sar e desenvolver, com precisão, os conheci-mentos, as habilidades e as atitudes de cada servidor. “Os recursos humanos são o maior patrimônio do Tribunal. Com esse projeto, queremos atingir a máxima eficiência na gestão dos recursos, ter uma administração participativa e obter a integração de todos os

envolvidos em nossa missão”, destaca o pre-sidente do TCE.

Secretário-geral de Administração do TCE-RJ, Marcelo Alves Martins Pinheiro observa que o projeto é resultado de uma demanda dos próprios servidores. “Essa nova política, com vistas à motivação e ao compro-metimento funcional, foi um dos itens mais votados na pesquisa interna, realizada em 2011, para a elaboração do atual Plano Estra-tégico da instituição”. Além de criar padrões de comportamento e gerar uma melhoria contínua de processos de trabalho, a avalia-ção funcional também permitirá conhecer o potencial de cada servidor e identificar as

P

competências valorizadas

proJEto dE gEstão dE pEssoas incEntiva a mEritocracia. sErvidor vai podEr aprimorar aptidõEs profissionais E

sEr rEconhEcido pElo trabalho rEalizado

carreiraTC

E N

OTÍ

CIA

82

20

Page 21: TCE-RJ Notícia 82

Identificar os servidores que não estão adaptados em determinada área, mas que podem melhorar o seu desempenho em outro setor

necessidades de capacitação. “Trata-se de um projeto que dá segurança aos investimentos, pois nos permite saber onde é mais impor-tante investir”, esclarece o secretário-geral de Controle Externo do TCE-RJ, Carlos Ro-berto de Freitas Leal.

A avaliação funcional que será adotada este ano foi construída coletivamente por representantes de todas as áreas da Corte de Contas. Isso significa dizer que os funcio-nários serão avaliados com base nas tarefas definidas por eles mesmos. Pelo projeto, os servidores também poderão fazer uma auto-avaliação para favorecer o consenso e o pro-cesso de feedback juntamente com as chefias.

Os resultados das avaliações dos níveis de competência apontarão para o direcio-namento de desenvolvimento e capacita-ção, através da Escola de Contas e Gestão (ECG), e futuramente para recompensar aqueles que apresentam bons resultados. Será criado para todos os servidores um plano individual de desenvolvimento, que será discutido com os chefes imediatos, as-segurando oportunidades de melhoria. Se-gundo a diretora da ECG, Paula Alexandra Nazareth, haverá, na grade anual da escola, disciplinas necessárias ao aperfeiçoamento do trabalho dos servidores. Além de curso específico para os gestores do TCE com disciplinas sobre as competências necessá-rias à liderança de equipes.

A empresa de consultoria PwC foi contratada para orientar o TCE nesse pro-cesso de reformulação da área de pessoal. Em 2013, a companhia atuou no projeto piloto realizado com servidores da Coorde-nadoria de Recursos Humanos (CRH). Em

novembro de 2014, a consultoria iniciou o Projeto de Gestão de Pessoas por Compe-tências em todo o Tribunal. Coordenador do projeto e diretor da PwC, Eduardo Faro afirma que o aumento da produtividade está entre os benefícios do projeto. “Cada servidor poderá colaborar com os resulta-dos do TCE-RJ e auxiliar na identificação de oportunidades para melhoria do órgão”, afirmou. Para o sócio-diretor da PwC, João Lins Pereira Filho, o projeto é um marco importante para o Tribunal. “Desenvolver competências significa organizar o conhe-cimento relevante da instituição. Para os servidores, ficará mais claro o que o Tribu-nal pode esperar deles”, enfatiza.

A metodologia adotada pela PwC de-finiu três tipos de competências para avaliar os servidores do TCE-RJ. Elas terão peso e valores diferentes de acordo com a fun-ção exercida. As competências primordiais serão exigidas de todos os servidores. Elas envolvem características como trabalho em equipe, comunicação e aprendizagem contínua. Já as competências de liderança serão requeridas apenas dos líderes e abran-gem qualidades como gestão participativa e atuação sistêmica. Por fim, as competências técnicas serão pertinentes a cada setor e vão permitir avaliar se o servidor cumpriu as en-tregas definidas para a sua área de atuação e dentro dos padrões de excelência desejados.

Além do TCE-RJ, outros órgãos públi-cos já aderiram a esse modelo de administra-ção. Entre eles, os TCEs de Pernambuco e de Minas Gerais, o Ministério Público Federal, o Governo do Estado de Minas Gerais e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Servidores participaram de workshops com consultores externos e colaboraram na definição das competências de cada setor do Tribunal

Gestão de Pessoas por Competências

Conhecer o potencial do servidor

Valorizar e reconhecer o servidor pelo trabalho bem feito

Possibilitar a cooperação e o alinhamento de expectativas entre servidores e chefias

Promover a progressão de carreira

Identificar necessidades de capacitação

Aprimorar habilidades pessoais e profissionais

Fortalecer a meritocracia

Aferir a aptidão do servidor para o desempenho das suas funções

benefícios esperados

TCE

NO

TÍCI

A 82

21

Page 22: TCE-RJ Notícia 82

momeNto cultural

ano de 2015 consagra um pro-jeto especial do TCE-RJ: o Momento Cultural. São duas

décadas de oferta gratuita de diferentes manifestações de arte e cultura ao pú-blico. E, para comemorar o aniversário, estão programados espetáculos de sam-ba, rock, MBP, música clássica, palestras, canto e dança, shows instrumentais, en-tre outras atrações.

“Quando o Momento Cultural co-meçou, a promoção de arte em instituições públicas não era usual. O TCE-RJ foi um dos primeiros tribunais a abrir suas portas para a cultura. Atualmente é uma prática comum em quase todas as cortes de con-tas, pela consciência desse tipo de ativida-de como forma de educação e construção de cidadania”, diz a curadora do Momento Cultural, Monica Chateaubriand, destacan-do o pioneirismo do projeto que hoje tem a sua programação integrada ao roteiro cultu-ral do Rio de Janeiro.

A temporada de atrações começou no primeiro trimestre do ano, com ho-menagens ao Dia Internacional da Mu-lher. Ao longo do ano estão agendadas apresentações da Orquestra de Câmara da Universidade Federal Fluminense (UFF); da peça ‘Ricardo III’, de William Shakespeare; do espetáculo ‘Coral in Rock’; do músico Jaques Morelenbaum; e dos grupos Sururu na Roda e Arranco de Varsóvia, entre outros.

Isso sem falar nas Rodas Filosóficas, que em 2015 vão unir literatura com fi-losofia, através de nomes de escritores consagrados, como Fernando Pessoa e Nelson Rodrigues, e dos filósofos Baruch Spinoza e Friedrich Nietzsche, em proje-to inédito. E a turma que gosta de soltar a voz pode ir se preparando, pois vem aí a segunda edição do ‘Canta TCE’, o festival de canto do Tribunal.

O

vinte anos de

pionEiro, proJEto ofErEcE atraçõEs gratuitas E fortalEcE a construção da cidadania

arte e cultura

Grupo Sururu na Roda, Orquestra de Câmara da UFF, Arranco de Varsóvia e Jaques Morelenbaum são algumas das atrações que sobem ao palco do auditório do TCE-RJ em 2015

TCE

NO

TÍCI

A 82

22

Page 23: TCE-RJ Notícia 82

por

fora

do

tce

| CEn

TRo

REv

iTAl

izAd

o

A Cidade Maravilhosa se renova ao completar 450 anos. E a poucos quilômetros da sede do TCE-RJ, na Praça da República, a paisagem começa a se transformar. Nas regiões Central e Portuária, um moderno teleférico ultrapassa o Morro da Providência, ligando a Central do brasil à Gamboa; os trilhos do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) surgem rasgando as vias; o Museu do Amanhã vai ganhando forma na Praça Mauá e a Avenida Rodrigues Alves se mostra por inteiro, já livre da Perimetral, à espera de calçadão à beira-mar. É o Rio de Janeiro do século XXI.

Foto

s: Jo

rge

Cam

pos e

Fabi

ana

Sobr

al

Page 24: TCE-RJ Notícia 82

Auditores vão percorrer 91 municípios para identificar problemas na área e determinar correções

2015