revista tatuadores - edição 1

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A origem da tatuagem moderna no Brasil Lucky Tatoo Galeria de Tattoos O espaço da arte e do profissional Os melhores trabalhos Estilos e Artistas Mauro Nunes Fernanda Tattoo Márcio Lima Wiliam Eduardo Serginho Pisani Mauro Landin E mais: Entrevista com o presidente do Sindicato, Body Art, desenhos e Jornal Tattoo

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Primeira edição da Revista Tatuadores & Body Piercers

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Page 1: Revista Tatuadores - Edição 1

A origem da tatuagem moderna no Brasil

Lucky Tatoo

Galeria de Tattoos

O espaço da arte e do profissional

Os melhores trabalhos

Estilos e Artistas

Mauro NunesFernanda Tattoo

Márcio LimaWiliam EduardoSerginho Pisani

Mauro Landin

E mais: Entrevista com o presidente do Sindicato, Body Art, desenhos e Jornal Tattoo

Page 2: Revista Tatuadores - Edição 1
Page 3: Revista Tatuadores - Edição 1

O que é ecomo pode serevitada acontaminaçãocruzada

Editorial 4Mensagens 5Jornal Tattoo 6Estilos e Artistas 8Tattoo na Mídia 12Body Art 20Entrevista 30Memória 42Cultura 47Desenhos 48

Na matéria de capa escolhemos

sempre um artista para você conhecer sua trajetória, suas

tattoos e desenhos. Confira nesta edição

os trabalhos do Barata

Dez páginas com trabalhos selecionados para a curtição da galera

o trabalho de seis artistas em seis estilos diferentes, exclusivo para a Tatuador s & Body Piercers

Uma família que faz tattoo e body piercing

com estilo

[Índice]

P.6

24

16Tatuadores& Body Piercers�

A artista plástica Adriana Aranha expõe suas tattoos e idéias

[Estilos e Artistas]

[Minhas Tattoos]

[Galeria de Arte]

[Jornal Tattoo]

Cleiton e Tati

[Reportagem / Brasil]

[Portfolio]

P.8

Mauro Nunes William Eduardo Fernanda Tattoo

Serginho Pisani Márcio Lima Mauro Landin

P.18

P.32

Page 4: Revista Tatuadores - Edição 1

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006�

O projeto desta revista é ousar. Sem censura, sem medo, sem

preconceitos. E reconhecer a arte do corpo como uma das

formas de busca da diversidade e da liberdade de expressão.

Abrir espaço para a livre manifestação de quem faz da arte de

tatuar o seu estilo de vida e o seu modo de ser.

Este é o nosso objetivo: conquistar o respeito e o lugar que a

tatuagem merece na mídia e na sociedade.

Esta arte, terá aqui o seu canal de comunicação, de interação

do artista com o público, valorizando o profissional que assume,

com responsabilidade, o desafio de desenvolver sua atividade com

segurança e respeito por quem faz do corpo a sua forma de ex-

pressão pessoal.

Esta será uma publicação destinada também a propiciar a um

número crescente de interessados na tatuagem o conhecimento

dos estúdios, esses novos empreendimentos, verdadeiras oficinas

de arte, que geram empregos e, principalmente, representam uma

perspectiva, um projeto de vida para muitos jovens que buscam

desenvolver seus talentos.

É este universo que a sua revista Tatuador s vai mostrar. Va-

mos divulgar a luta pela regulamentação da profissão, o empenho,

a vida desses artistas e do seu público que transformam, no Brasil

e no mundo, a antiga arte da tatuagem em uma nova forma de

expressão.

A equipe de redação

[Editorial][Expediente]

A tatuagem, sem censura e livre de preconceitos

[email protected]

Coordenação Editorial

Izabel G. Araújo

Sérgio Regis Paes

Jornalista responsável

José Afonso Primo

Mtb: 9.845

Redação e Reportagem

Juliana Guerra

Reportagem Fotográfica

KK Alcovér

Mtb: 16.196

Consultoria editorial

Vinícius Guerra Paes

Colaboradores

Marília Scomparin

Pesquisa e Cliping

Milze KobashikawaBody Piercing

Projeto gráfico

JVS Gráfica e Editora Ltda.

Direção de arte

Sérgio Regis Paes

Mtb: 20.715

Design e Diagramação

Rodrigo Piva

Publicidade

Izabel Guerra

Impressão

Prol Editora Gráfica Ltda.

Distribuição

S. A. O Estado de São Paulo

Publicação editorial e produção gráfica realizada por JVS Gráfica e Editora Ltda - Fone/fax: (11) 3871-0809.e-mail: [email protected]

ATENÇÃO: INFORMAÇÃO IMPORTANTE

A Revista Tatuadores & Body Piercers considera autori-zada a publicação das fotos de pessoas, tatuagens e desenhos enviadas à sua redação. Portanto, só devem ser enviadas à Revista fotos para publicação.

Page 5: Revista Tatuadores - Edição 1

Tatuadores& Body Piercers�

Mar/Abr/2006

“Todos nós sabemos que organizar uma convenção não é fácil e existem várias dificuldades, mas o valor que pagamos por um stand é alto o suficiente para que pos-samos cobrar algumas mudanças... Sabemos que nas premiações nunca vai ser possível agradar a todos mas se houvesse mais transparência nos julgamentos, por exemplo, o prêmio seria mais valorizado e haveria me-nos desconfiança por parte dos concorrentes. Algumas vezes acontece de um mesmo trabalho já premiado em

outras convenções receber outro prêmio. Mesmo sendo uma prática aceitável, as regras têm que ser divulgadas e seguidas pelos jurados. Muitos de nós, nos dedicamos a trabalhos que muitas vezes não recebem o devido re-conhecimento. Também é muito difícil o público acom-panhar a premiação, não é possível enxergar os traba-lhos no palco, um simples telão resolveria o problema.”

Barata, Vinícius Guerra Paes, tatuador e consultor da Revista Tatuadores & Body Piercers. e-mail: [email protected]

Fica aqui um convite reforçado da nossa equipe de redação para você leitor enviar suas mensagens à revista Tatuador s & Body Piercers e seu público.

Vale tudo. Opiniões, polêmicas, dica de pauta para os nossos editores. Reca-dos de eventos para a galera. E as crí-ticas, que também serão bem vindas e publicadas. ;-)

Queremos saber o que você acha deste novo projeto editorial feito para os profissionais, os amantes da body art, e também, com muito carinho, para os novos adeptos desta expressão pes-soal. Com reportagens e informações que buscam esclarecer e formar a sua própria opinião sobre o assunto.

Descubra também como participar de outras seções da revista. Em Minhas Tattoos você pode enviar uma foto sua 3x4 e de uma tatuagem. Também pu-blicaremos seu comentário sobre ela e o nome do artista que realizou o trabalho.

Já para os profissionais tatuadores e body piercers abrimos espaço para seus trabalhos nas seções Estilos e Artistas, Body Piercing, Galeria de Arte, Portfolio e Desenhos para Tattoos. Vejam como participar lendo a nota da redação na página 7.

Acreditamos que com o nosso em-penho e a participação de todos as próximas edições serão vibrantes e im-perdíveis.

Participe!

[Mensagens]

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Espaço do leitorEste espaço é dedicado as opiniões, sugestões e críticas do leitor. Nossa redação esclarece dúvidas e publica mensagens que exponham idéias e proponham debates. Além disso, acreditamos que através da revista Tatuadores, os profissionais possam ampliar o contato com seu público.

Escreva para Revista Tatuador s:[email protected] pelo Fax: (11) 3871-0809aos cuidados da redação.

As mensagens recebidas podem ser editadas em função do espaço disponível na seção ou para uma melhor compre-ensão do que está sendo dito.

[Boca no Trombone]

Mande oseu recado

[Convite]

O significado do símbolo no nome da revista Tatuador sO uso da @ com uma pequena intervenção gráfica possibilita uma leitura comum aos dois gêneros do nome da revista - Tatuadores/as – feminino e masculino. É essa a idéia dos editores, utilizar o símbolo com o significado de e/a. A revista Tatuador s pretende, dessa forma, contemplar os homens e mulheres, profissionais da tatuagem e do body piercing, no Brasil.

Convenções X Qualidade

Page 6: Revista Tatuadores - Edição 1

Para prestigiar os tatuadores que trabalham conforme as nor-mas de biossegurança, o Sindi-cato das Empresas de Tatuagem e Body Piercing do Estado de São Paulo promoveu a premia-ção de 10 estúdios associados, durante a 9a Convenção Interna-cional de Tatuagem. Confira os ganhadores no box ao lado.

INTERNET[Jornal Tattoo]

Sindicato premia estúdios que seguem normas de biossegurança

Comunidades de tatuadores e de tatuados no Orkut

VIGILâNCIA SANITÁRIA

Os perigos da contaminação cruzadaO que é e como pode ser evitada

Só através do rigoroso cumprimento dos procedimentos de biossegurança é possível evitar os perigos da contaminação presentes durante o processo de tatuar ou de perfurar. Como por exemplo, a contaminação cruzada, que ocorre quando o tatuador, pega com a luva suja de sangue o tubo de tinta que está usando. Esse simples toque pode deixar um foco de con-taminação para o próximo cliente porque o vírus da Hepatite C, em contato com o ar, sobrevive até 72 horas. Portanto não esqueça, o procedimento exige que a luva seja trocada toda vez que o tatuador ou o body piercer precisar manipular al-gum objeto ou instrumento, depois de iniciado o trabalho de tatuagem ou de perfuração.

Premiação é uma iniciativa

para valorização dos profissionais

conscientes

PREMIADOS 2005Angel Salvage (São Paulo)Baratattoo (São Paulo)Canela Tattoo (Mogi das Cruzes)Desxordem Tattoo (Araraquara)Jonnhy Tattoo (Bauru)Led’s Tattoo (São Paulo)Planet Tattoo (Barretos)Ratinho Tattoo (Campo Limpo)Santa Pele (Ribeirão Preto)Tattoo Way (Franca)

Tatuadores& Body Piercers

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Tatuadores do mundo todo estão usando os fotologs como portifólio virtual e como meio de comunicação. O preferido, entre eles, é o fotolog.com/net , por hospedar desde iniciantes até profissionais renomados. Através deles os tatuadores trocam visitas e comentam os trabalhos, uns dos outros. Ë possível encontrar flogs de tatuadores como Jimie Litiwalk, Mauro Nunes, Mordenti, Júnior e até mesmo do seriado americano Miami Ink.Veja alguns links:www.fotolog.com/miamiinkwww.fotolog.com/juniortattoowww.fotolog.com/snoopytattoowww.fotolog.com/baratattoo

A tatuagem também está conquistando cada vez mais espaço na internet. Um exemplo disso são as comunidades no Orkut com foruns de discussão sobre diversos assuntos do tema. A comunidade “Eu tenho tatuagem e daí ?”, reúne mais de 90 mil adeptos da arte.“ Tatuadores” e “ Tattoing” são comunidades em que os profissionais trocam experiências e sugestões sobre as técnicas de tatuar.O piercing também tem seu espaço no Orkut, são quase mil comunidades que reúnem os perfurados.

Tatuadores mostram seu trabalho através do fotolog.com/...

Tatuagem e piercing mostram força na internet com comunidades que aumentam o numero de internautas a cada dia

Page 7: Revista Tatuadores - Edição 1

Evento anual atinge seu maior público

Cerca de 10 mil pessoas compa-receram à 9ª Convenção Interna-cional de Tatuagem, que aconteceu durante os dias 21, 22 e 23 de ou-tubro/05 em São Paulo. O evento, que é considerado um dos maiores do ramo no Brasil, reuniu mais de 500 tatuadores, body piercers e expositores do País e do mundo.

Um dos acontecimentos mais esperados da Convenção foi a pre-miação dos tatuadores, promovida pelo estúdio Led’s Tattoo. Foram premiadas as melhores tatuagens nas seguintes categorias: tribal, realista, costas, preto & branco, colorida, oriental, comics, portrait, new school, old school além da melhor série de desenhos colori-dos e preto & branco. E a melhor máquina de tatuagem nacional e internacional

Confira ao lado a lista de pre-miados.

[Jornal Tattoo]IX Convenção Internacional de São Paulo

Informe sempre o nome do tatuador, estúdio, cidade e estado.

Seção Estilos e Artistas

Envie seus trabalhos com comen-tário e uma foto 3x4 (do autor) para ser publicada junto com o material.

Seções Galeria e Desenhos Envie seus trabalhos por e-mail. Qual-quer dúvida entre em contato com a revista por e-mail ou telefone.

Fotos e desenhos por e-mail:Para ser publicada com boa qua-lidade envie imagens com 300 DPI de resolução, em formato JPG para reprodução em tamanho original. Qualquer dúvida sobre a sua participação mande e-mail ou ligue para a nossa redação.

Contatos:e-mail: [email protected]/fax.: (11) 3871-0809

Para publicar seu trabalho nesta RevistaNOTA DA REDAçãO PARA PROfISSIONAIS DA BODy ART

No palco as tattoos premiadas

Fernanda Tattoo do Santa Pelle comemora a sua premiação

Tatuadores& Body Piercers�

Mar/Abr/2006

Premiação da IX ConvençãoTRIBAL 1º Lugar – LUCIANO – Luc s Tattoo – Balneário Camboriu/SC2º Lugar – JÚLIO CÉSAR – Seven Star Tattoo – São Paulo/SPREALISTA1º Lugar – ISAAC – Caverna do Dragão – Jaboatão dos Guararapes/PE2º Lugar – TICANO – Ticano Tattoo Studio – Vila Velha/ESCOSTAS1º Lugar – RICARDO PASSOS – Tattoo Way – Franca/SP2º Lugar – RAFAEL – Tattoo Roots – Sorocaba/SPPRETO & BRANCO1º Lugar – GALO – Galo Tattoo – São Paulo/SP2º Lugar – MÁRCIO – Márcio Tattoo– Ribeirão Preto/SP COLORIDA1º Lugar – TARTARUGA – Bingha Tattoo – Salvador/BA2º Lugar – NAMÃ – Desxsorden – Araraquara/SPORIENTAL1º Lugar – WELLINGTON – Polska Tattoo – Santos/SP2º Lugar – NAMÃ - Desxsorden – Araraquara/SPCOMICS1º Lugar – GALO – Galo Tattoo – São Paulo/SP2º Lugar – BARATA – Baratattoo – São Paulo/SPPORTRAIT1º Lugar – ARNALDO - Arnaldo Tattoo – Campo Grande/MT2º Lugar – BARATA – Baratattoo – São Paulo/SPNEW SCHOOL1º Lugar – ÁTILA – Max Tattoo – São Paulo/SP2º Lugar – ZÓIO - Planet Tattoo - São José do Rio Preto/SPOLD SCHOOL1º Lugar – FERNANDA – Santa Pelle – Ribeirão Preto/SP2º Lugar – FERNANDO – Tattoo Shimizu – São Paulo/SPDESENHOS COLORIDOS1º Lugar – MÁRIO VITOR2º Lugar – ANDRÉ RODRIGUESDESENHOS PRETO & BRANCO1º Lugar – VICTOR – Portugal2º Lugar – HUGO – EspanhaMELHOR MÁQUINA NACIONALMaster of Tattoo – RJMELHOR MÁQUINA INTERNACIONALLAURO PAOLINI – ItáliaJURADOS:Boris e Tye s (RJ) Inácio da Glória (SP) e Bingha (BA)

Loja de tatuagem conceituada, ativa há 23 anos em São Paulo - Capital procura tatuador de estilo realista, que seja desenhista e criativo, para completar o quadro de profissionais. Envie fotos de trabalhos e desenhos para avaliação para Caixa Postal: 12.886 cep: 04009-970

Classificados:

São Paulo Tattoo festival

Confira nos dias 10, 11 e 12 de março a convenção internacional “São Paulo Tattoo Festival”. Vai acontecer no Espaço Ferro-via, rua Dr. Almeida Lima, 1290. Bairro da Mooca em São Paulo. Metrô Bresser - travessa da Radial Leste. Contatos com: tel. (11) 3222-8049 / 3362-2962.

[Convenção: março/2006]

Page 8: Revista Tatuadores - Edição 1

Para participar desta seção você deve enviar 3 fotos de tattoos de um mesmo estilo da sua preferência e uma foto sua, 3x4. Veja as orientações de envio na página 7 em Nota da Redação. Envie também seus dado pessoais como nome, idade, endereço completo, e-mail e telefone para contato dos leitores e uma frase sua sobre tatuagem que será publicada junto com sua foto e seus trabalhos.

COlORIDO

Um tatuador que dispensa apresentações. Mauro Nunes é dono de um estilo próprio que mais se aproxima de um “collor bomb, new

school”, mas que está longe de ser definido com um simples rótulo!

Nome:Mauro Nunes

Studio:TattooYou

COLORIDO / OLD SChOOL[Estilos e Artistas]

Uma das revelações das últimas convenções, Fernanda se dedica ao “old school”. É infelizmente uma das poucas mulheres que tem o seu trabalho reconhecido e premiado em convenções

OlD SChOOlNome:Fernanda

Studio:Santa Pelle

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[Estilos e Artistas] P&B / COMICS

Tatuador profissional a apenas 4 anos, Marcio já se destacano estilo “P&B clássico realista”, que é seu estilo preferido

apesar de curtir vários outros!

Nome:Marcio Lima

Studio:Scorpions tattoo

William vem se destacando no estilo “comics” há alguns anos, apesar de trabalhar muito com orientale outros estilos

Nome:William Eduardo

Studio:CelticTattoo

COMICS

P&b ClÁSSICO REAlISTA

Tatuadores& Body Piercers�

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[Estilos e Artistas] ORIENTAL / TRIBAL

Tatuador de longa data, Serginho (como é mais conhecido) comanda o TattooYou. É um dos grandes nomes do

“oriental” no Brasil

Nome:Sergio Pisani

Studio:TattooYou

Apesar de ser um dos feras na arte tribal, Mauro ainda curte oriental, tradicional e vem se dedicando bastante ao “P&B” fine line estilo “gangsta”, como ele mesmo define!

Nome:Mauro Landin

Studio:Led s Tattoo

TRIbAl

ORIENTAl

Tatuadores& Body Piercers

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a

De olho na mídia

TV é o prin-cipal meio

r e s p o n s á v e l pela populariza-

ção da tatuagem e do body pier-cing. Muitas vezes, porém, o tema é tratado sem o devido conheci-mento e preparo da produção dos programas, o que contribui para o aumento do preconceito contra

esta forma de arte corporal. Mas se podemos afirmar que é

graças a ela que a popularização ocorre, é necessário estabele-cer critérios, exigir uma atenção mais aprofundada do assunto. É importante esclarecer as dúvidas do público, consultando especia-listas e profissionais da área, va-lorizando os bons trabalhos e os profissionais preocupados com as questões sanitárias que a profis-são envolve.

Quantas pessoas entram no estúdio pedindo uma tatuagem num lugar escondido do cor-po onde o chefe não possa ver? Quantos de nós agimos segundo a

opinião dos outros? Conseqüência da imposição de padrões pré-es-tabelecidos pela sociedade e dis-seminados principalmente pela mídia televisiva. Mas é papel dos meios de comunicação contribuir para o fim do preconceito e da va-lorização da cultura e de todas as formas de expressão artística.

Geralmente, os programas de auditório não abordam o tema de maneira informativa. Até pelo desconhecimento dos produtores e jornalistas que se apressam em montar uma pauta com assuntos do momento, com o risco de um viés preconceituoso, explorando a extravagância e o bizarro na teli-

[Opinião]

Quantos de nós agimos segundo a

opinião dos outros?

Tatuadores& Body Piercers

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[Opinião]

nha para deleite do telespectador curioso.

Essa visão sensacionalista é preocupante. Depois que co-meçou a dar Ibope , a arte da tatuagem está sendo explorada por programas populares, que na maioria das vezes, abordam o assunto de uma forma pejorativa, fazendo gracinhas e piadas.

A verdade é que neste tema as emissoras estão perdendo a opor-tunidade de inovar e informar o público com responsabilidade - afinal a tatuagem e a body art envolvem uma questão de saúde

pública – além do respeito devido a diversidade cultural.

A TV Cultura recentemente fez uma reportagem focada apenas na remoção de tatuagens. Mos-trou um cirurgião plástico e suas técnicas avançadas com laser para a remoção do desenho. Com este tipo de abordagem perde o públi-co, que conhece apenas um aspec-to de quem fez uma tatuagem e se arrependeu, passando ao largo da imensa maioria dos que estão felizes por terem este tipo de arte gravado em seus corpos.

A MTV é bom exemplo de como a body art deveria ser abor-dada pela mídia, com naturalida-de e respeito. Na Music Television alguns apresentadores de progra-mas destinados principalmente ao público jovem expõem seus corpos tatuados ajudando a com-por o estilo “moderno” da emisso-ra. Mas ao mesmo tempo, a body modification é apresentada por João Gordo como Freak, em seu show de bizarrices.

Em horário nobre, o Jornal Nacional, da Rede Globo, anun-ciou: “A seguir as novas loucu-ras do mundo da tatuagem”, na manchete de uma matéria sobre a Convenção Internacional de Ta-tuagem, realizada em outubro de 2005, em São Paulo. Quem julga o que é loucura? O sentido pejora-tivo atribuído à tatuagem como coisa de loucos rebeldes, droga-dos, ladrões, prostitutas, presidi-ários tem se desfeito, mas corre o risco de persistir com esses es-tereótipos que se disseminam na sociedade. Afinal, a Globo é uma das mais poderosas formadoras de opinião pública do país.

As emissoras de rádio, prova-velmente, estão mais avançadas em sua abordagem do tema. A Rádio CBN entrevistou na primei-ra semana do mês de novembro o cirurgião plástico Leci Marcondes Cabral, mestre da Escola Paulista de Medicina, integrante da So-ciedade Brasileira de Laser e Me-dicina, que elogia os tatuadores

profissionais e os considera verda-deiros artistas. Uma postura mais compatível com os novos tempos, aberta para novas tendências que mostram a tatuagem como arte.

A mídia impressa, felizmente, começa a dar maior atenção à ta-tuagem. Recentemente, a Folha Ilustrada abordou o tema com um título sugestivo de “arte à flor da pele”, em que trata do assunto sem nenhum preconceito ou má vontade. O texto revela o inte-resse cada vez maior de pessoas que tatuam obras de artistas cé-lebres em seus corpos. Tatuadores entrevistados pelo jornal dizem que a demanda por estes tipos de desenhos ainda é pequena, com-parada a de motivos mais simples como os tribais, as estrelinhas, e as letras, por exemplo, mas vem aumentando. É importante no-tar, no entanto, que o tratamento dado pela Folha de S. Paulo à arte de tatuar é positivo.

A tendência é a mídia assimi-lar o real interesse que o público tem demonstrado em relação ao assunto e aos poucos abandonar a superficialidade. Até porque é cada vez maior o número de pes-soas que aderem às artes do cor-po, e os meios de comunicação não podem ignorar este fato. Afi-nal, entre os direitos individuais de uma sociedade tão complexa como a brasileira está o de cada um se expressar conforme a vi-são que tem de si e do mundo à sua volta.

A tendência é a mídia assimilar o real interesse

que o público tem demonstrado...

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Page 15: Revista Tatuadores - Edição 1
Page 16: Revista Tatuadores - Edição 1

Família body art

Cleiton e Tati vivem e fazem

da body art um estilo

de vidao estúdio de Cleiton e Tati ele se dedica à tatuagem e ela

ao body piercing. O Lady Death Tattoo surgiu de um namoro, há qua-tro anos, depois de se conhecerem em

uma viagem. Cleiton morava em São Paulo e Tati em Curitiba e como a distância não é uma boa aliada do amor, resolveram unir o útil ao agradável: casaram-se há três anos e foram morar no Paraná. O filho Yan é um freqüentador assíduo do estúdio e acompanha os pais nas convenções.

Cleiton fez sua primeira tatuagem aos 17 anos, e daí foi tomando gosto pelas tattoos. Resolveu aprender a tatuar, teve noções básicas, trabalhava e desenvolvia suas atividades somente nos fins de semana, como um hobby. Entrou para a Faculdade de Belas Artes de São Paulo e no final do curso, com pouco tempo para se dedicar a arte corporal , mudou totalmen-te sua vida: “Tomei uma decisão drástica, pedi demissão do tra-balho, terminei a faculdade e abri meu primeiro estúdio em São Paulo. Depois, fui para Curitiba e abri o Lady Death Tattoo, junto

[Reportagem/Brasil]

NTati é body piercer e estudou anatomia e enfermagem

Um dia Cleiton tomou uma decisão drástica: pedir demissão do trabalho, terminar a faculdade e abrir seu primeiro estúdio

Tatuadores& Body Piercers

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Família body art

Cleiton e Tati com o filho Yan que acompanha os pais nas convenções

em 2002. Gosta de pinturas renascentistas e surrealistas e de artistas como Leonardo da Vinci, Caravaggio, Miche-langelo, Salvador Dali.

Tati é Body Piercer profissional há quatro anos. Ela aprendeu a perfurar, fazendo um curso básico em Curi-tiba. Aprofundou-se em anatomia e enfermagem. Hoje, a body art representa um estilo de vida para os dois. “É o nosso diferencial, fazemos o que gos-tamos, não para impressionar os outros, mas por nos sentirmos bem. Adoramos o nosso visual e acho que a felicidade está nisso, em fazer o que você gosta”, diz Cleiton.

Cleiton, Tati e o pequeno Yan mudaram para São Paulo em janeiro deste ano. O casal está montando seu novo estúdio, na zona leste, que será inaugurado em abril.Contatos por e-mail:[email protected]

com minha esposa Tati”.O gosto pela arte surgiu quando Cleiton ainda era

pequeno. “Sempre desenhei. Minha mãe tinha uma es-colinha e eu a ajudava com os desenhos das crianças, e quando descobri que podia viver fazendo desenhos na pele das pessoas, decidi aprender a tatuar”. Só que ele não queria ser mais um tatuador, trabalhar apenas pelo dinheiro: “Eu queria que as pessoas realmente gostassem de minhas tattoos, que elas tivessem um desenho perso-nalizado, tivessem orgulho de um trabalho artístico”. Foi por isso que fez a faculdade e se formou em artes plásticas

Eu queria que as pessoas realmente gostassem de minhas tattoos, que elas

tivessem um desenho personalizado.

Cleiton

[Reportagem/Brasil]

Tatuadores& Body Piercers1�

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Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/20061�

o seu aniversário de 18 anos, a artista plástica Adriana Aranha

se deu de presente a primeira tatu-agem, que para ela marcaria a maiori-

dade, já que a mãe jamais autorizaria sua atitude. “Ela me chamou de gado marcado pra baixo”, lembra. Hoje, com 36 anos, ela tem 13 desenhos espalhados pelo corpo e se considera uma viciada nesta arte corporal.

Comparando o preconceito que havia naquele tempo com o que existe hoje, a artista que chegou a ser barrada em por-

A artista plásti ca Adriana Aranha

define assim o gosto pelas tatuagens que

tem em seu corpo

ta de banco por causa das tatuagens, diz viver tranqüila: “A idéia não é chamar a atenção, é ser como a gente tem vontade de ser”. E como alguém que valoriza a arte, Adriana costuma dar liberdade de criação para os seus tatuadores. Nesse momento ela se coloca do outro lado: “Eu sou a tela,

“Eu sou a tela”[Minhas Tattoos]

N“A idéia não é chamar a atenção, é a gente ser como tem vontade de ser”

Page 19: Revista Tatuadores - Edição 1

Tatuadores& Body Piercers1�

Mar/Abr/2006

e ele o artista”. Mas, às vezes, tem sugestões, como a do desenho de um cavalo, que fez parte do estudo do quadro Guernica, de Picasso.

A escolha de estampar o ante-braço direito com um dragão veio junto com a certeza de que viveria das artes plásticas. No tempo em que trabalhava como designer grá-fica numa agência de publicidade, Adriana fazia os primeiros contatos com os clientes por telefone, para evitar os lances de preconceito. Agora, ela não precisa mais escon-der o corpo, pois tem a liberdade de ser uma artista.

Adriana diz que geralmente, por ser meio impulsiva, escolhe suas tattoos aleatoriamente, mas atribui um significado a elas depois, ou para marcar um compromisso, ou uma passagem da vida, como o nascimento do seu filho.

Há um ano ela não faz tatua-gem, mas tem vários projetos para o futuro: “Eu já estou pensando nesta aqui, das orquídeas, quero fechar até as costas. Quer dizer, eu

vou fazer aos poucos, conforme a condição financeira, porque tam-bém não é uma coisa barata”.

Até hoje, a cada tattoo nova que Adriana faz, ela conta que sua mãe tem a mesma pergunta: “Ai minha filha, quando é que você vai parar com isso?” E sua resposta, in-variavelmente, é: “Você ainda não se acostumou? Eu não vou parar com isso”.

A dor? Ela acha que faz parte: “É tranqüilo, porque se fosse tão in-suportável ninguém faria. É óbvio que dói, mas fazer depilação tam-bém dói, só que a tattoo é definiti-va”. Adriana chegou a ficar 6 horas numa maca de estúdio, mas acha

[Minhas Tattoos]

Equilíbrio entre a carpa e o dragão

desconfortável. Para ela, o ideal são sessões de duas horas.

As tattoos, assim como o ca-belo cor de rosa, ajudam a formar um estilo pessoal. “Eu construí uma imagem, não me reconheço sem tudo isso, a tatuagem e os piercings fazem parte dela”, afirma Adriana. Para ela o visual ajuda a criar uma identidade.

No alto à esquerda, uma releitura de uma das imagens do quadro Guernica de Picasso. À direita, a primeira tatuagem aos 18 anos, quando tudo começou...Ao lado, roseira que simbolizou o nascimento do filho.

Page 20: Revista Tatuadores - Edição 1

[Body Art]

Revista Tatuador s & Body Piercers - Quando e como você começou a trabalhar como body piercer? De onde surgiu o interesse pela body art? Freak Garcia - As manipula-ções corporais sempre despertaram o meu interesse, no início não como forma de expressão artística, mas como forma de individualização ins-tintiva. Já na minha adolescência, comecei a me interessar por modi-ficações, por conta das tribos urba-nas que via. E me envolvi com arte corporal meio sem querer, há pouco tempo (6 anos), mas existe uma grande diferença daquela época para hoje. Atualmente qualquer um

“Meu esforço maior está em modificar minha mente e me tornar um ser humano um pouco melhor. O corpo pra

mim é algo superficial, apenas minha roupa”

Individualizaçãoatravés do corpo

Entrevista com Freak Garcia (body artist)

Ritual Tattoo - Sorocaba - SP

Fotos: Gui Urban

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/200620

Page 21: Revista Tatuadores - Edição 1

[Body Art]

“É normal que isso choque

as pessoas. É melhor ser leão por um dia do

que uma ovelha a vida toda”

é artista, é só comprar o kit fazer um dia de curso pendurar um mon-te de enfeite de natal no corpo fazer tattoo de 30 reais e pronto: você já é um artista. Infelizmente isso é frequente no meio do body pier-cing, então prefiro não ser tratado como body piercer e sim como body artist. Isso não é meu “trabalho”, representa a minha vida, não vivo sem e não faço apenas por dinheiro. Sou assim. RTBP - Quais são os tipos de mo-dificações corporais menos comuns? FG - É difícil dizer o que é menos comum, para minha mãe nada é co-mum. Para mim não existe diferen-ça entre uma tattoo e um implante mamário, ambos têm o mesmo sen-tido para o indivíduo, mesmo que inconscientemente. RTBP - E quanto a dor?FG - Não dá para medir parâmetros

pela dor, a questão é que algumas formas de modificações são aceitas por estarem na mídia, o que não as faz menos estranhas e dolorosas. É claro que existem modificações ex-tremas que têm origens em culturas tribais. Mas não sei se dá para colo-car para nos com o mesmo sentido. Não dilatei meus lóbulos por motivos étnicos ou por algum tipo de hierar-quia dentro do meu meio. Considero como uma releitura e uma forma de evoluir sem perder o contato com o meu corpo.RTBP - Qual o tipo de perfil das pessoas que o procuram para fazer essas modificações? FG - Não existe um perfil. Do ge-rente de seu banco ao padre que esconde suas modificações embaixo da batina: esses são meus clientes mais hard core. RTBP - Quantas modificações

você já fez no seu corpo, o que elas representam para você? FG - Nunca contei. Fiz algumas, mas meu esforço maior está em modificar minha mente e me tornar um ser humano um pouco melhor. O corpo pra mim é algo superficial, apenas minha roupa.RTBP - Na sua opinião, por que a sociedade em geral, ainda se choca com esses tipos de transformações? FG - Porque são todas estranhas mesmo. É algo não humano, você está fugindo das formas naturais do seu corpo. Não me assusto quando vejo uma pessoa tatuada mas sei que é diferente, e isso é bom, aí está todo o sentido: a individualização. Ninguém faz para chocar, faz para se diferenciar e é normal que isso choque as pessoas. É melhor ser leão por um dia do que uma ovelha a vida toda.

Freak Garcia durante performance - Freak Show: Xtreme-art

Tatuadores& Body Piercers21

Mar/Abr/2006Atenção: Estes são procedimentos cirúrgicos que exigem profissionais especializados e acompanhamento médico para serem realizados.

Page 22: Revista Tatuadores - Edição 1

[Body Art]

corpo como instrumento de experi-mentação. Essa é a idéia difundida

pelo modern primitives, movimento fundado na década de 60 - como evolu-

ção direta da action painting dos anos 50 - pelo es-pecialista em modificações corporais Fakir Musafar, precursor das técnicas de body art praticadas atual-mente. A Fakir Body Piercing e Branding Intensive, fundada por ele, é a única escola autorizada pelo

estado da Califórnia para ensinar as técnicas de transformação corporal.

Com a popularização do piercing e da tatuagem, a body modification começa a ganhar mais espaço na sociedade. Apesar dessas técnicas ainda serem vistas como radicais e chocarem muitas pessoas, seus adeptos garantem que elas servem para transcender através dos limites do corpo. Superar a dor através da força da consciência ou apenas como alteração do único instru-mento que verdadeiramente nos pertence: o corpo.

Diferente dos animais, o ser humano tem o poder de mudar, de transformar-se, decidir sobre o próprio corpo, para dessa forma criar uma identidade e se diferenciar dos demais. Simbolizadas pelos ín-dios como rituais de passagens, as interferências cor-porais definitivas dispõem, hoje, de diversas técnicas para esculpir a imagem.

No caso da suspensão, alguns body moderns di-zem que a dor pode se tornar inexistente tamanha a capacidade de concentração, de alteração da mente. A partir daí, ela deixa de ser algo terrível para tornar-se a representação da alteração do corpo, uma sensa-

ção de que algo foi definitivamente modificado. Para muitos superá-la é transcender, transformá-la em uma sensação que, através da prática pode ser mo-dificada. Separando a consciência da sensação, como se a mente anestesiasse o ferimento. Esse é o teor das idéias difundidas pela artista plástica Beatriz Ferreira

Modificação CorporalO

Heitor Wernek durante sessão de escarificação. Trabalho de Miguel Zikatriz (Káustica DF - México)

Trabalho pronto, antes da cicatrização

Escarificação cicatrizada. Trabalho de Dú - Freak Boy

Milze Tiemi

Milze Tiemi

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/200622

Page 23: Revista Tatuadores - Edição 1

[Body Art]

Pires, no livro “ O corpo como suporte da arte”, um estudo detalhado sobre a história e as técnicas da body art.

CONhECIMENTOAntes de fazer caretas perante a dor alheia, as-

sustar-se com as formas não humanas que o homem é capaz de dar ao corpo, é necessário conhecê-las:

Beading ou pearling é a técnica de se implan-tar pequenas bolinhas ou outros objetos sob a pele.

Branding é como uma escarificação, só que com ferro quente. Geralmente nesse processo a cicatriz fica ainda maior, mas a pele pode abrir demais, deforman-do o desenho. Técnica comum para marcar gado.

Escarificação é o corte ou a remoção da pele com incisões de bisturi para criar desenhos e formas diversas. Nesse processo quanto mais machucada fica a pele mais forte é a cicatriz, por isso há quem coloque cinzas de cigarro, vinagre ou lixe a escari-ficação para que a ferida se torne mais forte e con-seqüentemente a cicatrização mais alta, as vezes formando uma quelóide (cicatrização exagerada) que faz com que o desenho fique em alto relevo. A marca pode ser colorida, bastando inserir pigmentos coloridos no local.

Implante 3D é a implantação de objetos de sili-cone ou metais (aço cirúrgico, titânio, nióbio) em for-ma cilíndrica, de haste e outras, por baixo da pele.

Implante transdermal é a técnica pela qual parte da jóia é presa por baixo da pele e a outra fica exposta.

Língua bifurcada é feita com um bisturi ou laser, que corta a ponta da língua ao meio em duas partes iguais.

Suspensão consiste em pendurar uma pessoa por ganchos presos ao corpo. Pode ser feita em cruz, pelas costas, pulsos, coxa, peitos, tornozelo e joelhos.

Surgiu por volta de 1990, nas dependências do Torture Garden.

Nas próximas edições da revista traremos matérias detalhadas sobre cada técnica citada.

Contatos: [email protected]

Implante no braço. Trabalho de Freak Garcia

Trabalho de Till em Pinguim durante sessãode suspensão

Preparação de suspensão: Pinguim

Tatuadores& Body Piercers2�

Mar/Abr/2006Atenção: Estes são procedimentos cirúrgicos que exigem profissionais especializados e acompanhamento médico para serem realizados.

Page 24: Revista Tatuadores - Edição 1

arata (Vinicius Guerra Paes) tem 23 anos e tatua profissio-

nalmente há cerca de quatro anos. Criou o seu próprio esti-

lo. Em pouco tempo de carreira, Barata foi premiado em 4 das 6 con-

venções de que participou, e vem se destacando com trabalhos na linha realista, categoria que requer gran-de técnica do artista para reproduzir fotos e imagens hiper-realistas. Mas seus trabalhos vão além do tradicio-nal “portrait” preto e branco.

O realismo colorido talvez seja a

melhor forma para definir seu estilo, apesar de insistir que gosta de todos e que nunca vai se prender a uma única linha. ”Eu acho que todos nós temos fases em que estamos curtin-do mais algum tipo de trabalho, mas o importante é saber apreciar um bom trabalho independente do es-tilo, afinal tatuagem é tatuagem, ou você gosta ou não gosta, a diferença é a qualidade”, costuma dizer.

Barata ,que sempre gostou de desenhar, descobriu a arte de tatuar quando um amigo o procurou para

arrumar um trabalho mal feito, mes-mo sem nunca ter tocado em uma máquina antes. ”Um amigo (o Vitão) apareceu com um material que eu nunca tinha visto, e ele menos ainda. Esticou a perna e falou “faz aí... “Fi-cou uma porcaria, mas depois de al-gum tempo fizemos uma cobertura e hoje está bem melhor, também não podia ser diferente, não tinha ab-solutamente nenhuma informação. A partir daí só apanhei. Hoje, 80% do que eu sei (que não é muito) eu aprendi sozinho, não tive ninguém

B

[Portfolio]

A cor do

Um tatuador descobrindo seu estilo

Reproduzir trabalhos complexos é sua preferência no momento, apesar de trabalhar bastante com “free-hand”.Ao lado desenho de Boris Vallejo - tatuado na pele do Gimenes

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/20062�

Page 25: Revista Tatuadores - Edição 1

[Portfolio]

“O importante é saber apreciar um bom trabalho independente do estilo”

Che Guevara, inacabado ainda vai ganhar um fundo. E Águia acima, um trabalho de 2003

“o trabalho é totalmente composto por traços paralelos. A idéia do cliente era algo mais próximo de um desenho de anatomia”

Neste trabalho a articulação do movimento foi estudada por mais de um mês. “O Cola trouxe até o irmão médico e um livro de anatomia.”

Tatuadores& Body Piercers2�

Mar/Abr/2006

Cola e sua tatuagem recém feita

Page 26: Revista Tatuadores - Edição 1

[Portfolio]

Trabalho feito no assepsista do Baratattoo Studio. “Essa é dona Zilda” (a mãe do Léo)

Trabalho realizado em Reinaldo: ainda planejando os detalhes para o fundo

“Esse é um trabalho que eu

já queria fazer há uns doi s anos”

para me espelhar ou tirar dúvidas pelo menos. Isso acaba te limitando um pouco. Então o aprendizado foi mais lento, aprendi literalmente er-rando, nem pele de porco eu usava, fiz vários trampos em melão e usando uma agulha para piorar. Não tinha ne-nhuma noção!”.

Barata diz que é influenciado por vários estilos - “sempre absorvemos algo, mesmo inconscientemente, até de trabalhos que não têm nada a ver com o teu estilo” – e cita alguns ar-tistas dos quais admira o trabalho. Os principais: Maurício Teodoro, Ciga-no, Mauro Nunes, Júnior, Mordenti, Ricardo Passos, Zoio, Márcio Duarte, Carlinhos. Além de muitos gringos, como Tom Renshaw. Bob Tyrrel, Dea-no Cook, Anil Gupta, Taras Tchevchen-cko, Guy Atchinson. “Putz, tem nego que não acaba mais, nem dá pra falar todos. Mas também alguns artistas da

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/20062�

Page 27: Revista Tatuadores - Edição 1

[Portfolio]

tela, como Bóris Vallejo que eu nem preciso falar de tantos trabalhos dele que tatuei!”

As dificuldades iniciais foram muitas, por causa da falta de ex-periência, mas Barata já tinha con-fiança no seu trabalho, afinal foi um ano inteiro de aprendizado an-tes de pensar em cobrar qualquer coisa. “Aí, comprei uma autoclave porque percebi que se eu quisesse continuar com a “brincadeira”, que eu já levava bem a sério, teria que fazer isso com segurança” Depois foi mais um ano trabalhando em casa fazendo trabalhos pequenos, alguns maiores em amigos e sem-pre cobrando valores simbólicos, mas ele já fazia pelo menos um trabalho por dia, os clientes saíam satisfeitos e traziam outros. Só de-pois disso começou a pensar em se

profissionalizar.Veio em seguida o projeto de

abrir uma loja: “A responsabilidade é grande, você tem que saber que está vendendo um produto e que precisa ter qualidade, senão você afunda, e no nosso caso pode até ser processado. E eu acho que o im-portante é ser profissional e ser sin-cero com o cliente. No começo re-cusei um ou outro trabalho realista porque achei que ainda não estava preparado, até porque sempre fui muito exigente com os resultados e acho que pra você se considerar um profissional o cliente tem que rece-ber um trabalho impecável.”

As preocupações do Barata não param por aí. Ele entende que o Sindicato dos Tatuadores deve es-tudar uma forma de fiscalização dos cursos de tattoo que existem por aí,

“até porque se não houver, qualquer “jeca-tattoo” vai se intitular professor pra tirar uma graninha extra, e isso só acaba com a nossa profissão”. Segun-do ele, há o risco de surgir milhares de tatuadores, e o que é pior, de péssimo nível, porque foi ensinado por um cara que só queria grana. Por isso, na sua opinião, para dar um curso o tatuador tem que ter pelo menos 10

anos de experiência, ou haver algum requisito, senão a coisa vira festa.

Barata que já ensinou algumas pessoas, deixa claro que não se inti-tula professor, não dá nenhum tipo de curso e também nunca cobrou

Onça pintada. Trabalho de 2004 realizado em Samuel

No estúdio Baratattoo realizando mais um trabalho

Tatuadores& Body Piercers2�

Mar/Abr/2006

Page 28: Revista Tatuadores - Edição 1

[Portfolio]por isso. As pessoas pra quem ensinei ou ensino alguma coisa são amigos que se in-teressaram e que eu sabia que não estão atrás de grana fácil. Eles, muitas vezes pra retribuir, fazem pequenos serviços no estúdio, mas mesmo isso nunca foi uma exigência minha”.

Tatuar é uma atividade de risco, por isso a questão sanitária é muito importante. Mas a fiscalização pra-ticamente não existe em São Paulo. Barata fala desses problemas: “as informações acabam sendo escas-sas, ou corremos atrás ou ficamos na mão. Eu, como todo mundo, já sabia que havia alguns riscos mas não sabia muita coisa, aí fui prestando atenção a tudo que eu conseguia ter acesso. Na época havia uma revista que até fazia um bom papel nesse sentido, mas já não existe mais. Então logo que abri a minha loja fui atrás do sindicato que tinha acabado de ser criado. Com isso, tive acesso a informações sobre o que era preciso para manter uma loja funcionando sem ser interditado a qualquer momento por uma “fisca-lização”, se houvesse uma”.

Na sua opinião o sindicato tem um papel fundamental na regula-mentação da profissão.

“Também temos que fazer a nossa parte, se queremos cobrar uma posição do governo com re-lação à regulamen-tação da profissão. Os tatuadores preci-sam se conscientizar da importância da organização para a categoria”. Barata tem uma mensagem aos que estão ini-ciando na profissão:

“Aprendendo todos nós estamos sempre, mas pra quem está come-çando eu diria pra nunca esquecer de que podemos ser responsáveis por ótimos trabalhos. E também por

muitas doenças. Se cada um fizer seu trabalho com responsabilidade, será beneficiado por isso”. Mas ele tem uma queixa: “O tatuador é o artista do século 21, mas enquanto a so-ciedade não reconhecer a tatuagem como arte, continuaremos a ser dis-criminados”.

O tatuador Barata, consultor técnico da revista, foi convidado a participar da seção Portfolio pela qualidade técnica e artística

apresentada por seus trabalhos.

Vampirela do Boris terminada na convenção internacional de 2003

Trabalho de 2002

Coruja: umas das primeiras reproduções de foto que fez. Trabalho de 2002

“Os tatuadores precisam se conscientizar da importância da organização”

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/20062�

Page 29: Revista Tatuadores - Edição 1
Page 30: Revista Tatuadores - Edição 1

A arte de tatuar envolve diversas questões que precisam ser tratadas com

atenção. Lidar com a saúde exige preparo técnico, condições sanitárias adequadas

e responsabilidade profissional. Para falar sobre esses assuntos, a Revista

Tatuador s conversou com o presidente do Sindicato das Empresas de Tatuagem

e Body Piercing do Estado de São Paulo, Antônio Carlos Ferrari

(Carlinhos Tattoo)

Revista Tatuador s: Qual a situação hoje, em São Paulo, dos estúdios em relação às condições de biossegurança?Carlinhos Tattoo: De um tempo pra cá, surgiram muitos tatuadores. Prin-

cipalmente por causa da venda de materiais pelo correio. Muitos começaram a

tatuar sem nenhuma noção da necessidade de

controle de contaminação e de normas de bios-

segurança. O sindicato está querendo mudar esse

quadro. Atualmente, para se associar o tatuador

tem que ou possuir o certificado de um curso de

treinamento de biossegurança, ou fazê-lo no pró-

prio sindicato com uma médica especializada. Esse

certificado fornecido pelo sindicato já está sendo

reconhecido pelo MEC (Ministério de Educação e

Cultura). O curso é fundamental, pois hoje em dia não basta somente possuir uma

auto-clave, é obrigatório fazer, pelo menos uma vez por mês, o teste biológico

do equipamento que é considerado o mais moderno e eficiente para esterilização

do material usado pelos tatuadores. Para se manter no sindicato, o profissional

terá que mandar por fax todo mês, o laudo do teste biológico de sua

auto-clave.

RT: Quais as maiores preocupações do sindicato?CT: Queremos formar profissionais qualificados e preocupados com

as condições sanitárias de seus estúdios.

A nossa maior preocupação é com a He-

patite C, que está avançando tanto que

já superou o número de aidéticos entre

a população. E o governo ainda não se

manifestou, informando sobre a doença

e alertando sobre os riscos. Por isso o sin-

dicato pretende, a partir do ano que vem,

começar uma campanha de conscienti-

zação do público sobre a doença para que cobrem dos profissionais as

condições adequadas na prevenção dos riscos.

RT: Como é feita a fiscalização sanitária dos estúdios?

Tatuador há mais de 20 anos, Carlinhos dirige o sindicato da categoria

[Entrevista]

Conscientização do público vai melhorar condições sanitárias

Não basta somente possuir uma auto-clave, é obrigatório

fazer, mensalmente, o teste biológico do equipamento

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006�0

Page 31: Revista Tatuadores - Edição 1

CT: Infelizmente, na capital de São Paulo

essa fiscalização, que é dever da Vigilân-

cia Sanitária Municipal, é quase inexis-

tente. Eles estão trabalhando somente

com denúncias e mesmo assim o órgão

não dá conta, pois são apenas quatro fis-

cais responsáveis por todos estabelecimentos da cidade de São Paulo. O

sindicato trabalhou com a Covisa - Coordenadoria de Vigilância Sanitária

do Município de São Paulo, durante 6 meses para elaborar uma cartilha

contendo informações sobre as condições sanitárias dos equipamentos

e de assepsia dos estabelecimentos, que devem ser exigidas pela fiscali-

zação. O objetivo é criar os mesmos critérios de fiscalização para todas as

cidades do Estado de São Paulo.

RT: Qual a importância do sindicato para os profissio-nais da tatuagem e do body piercing?CT: O sindicato se preocupa com a ética e com a organização da profis-

são. Hoje em dia, a gente paga tudo quanto é imposto, chega no final da

vida e não consegue se aposentar pelo trabalho realizado. Nós estamos

tentando regulamentar a profissão, e acredito que em 2006 não nos es-

capará esse direito. Além disso, queremos a criação de normas rígidas

para abertura de um estúdio, o que ainda não existe.

RT: Quais seriam essas normas?CT: Atualmente, o tatuador mesmo trabalhando ilegalmente, pode

conseguir um alvará da Vigilância Sanitária. Estamos batalhando pela

lei complementar que estabelece cerca de 40 itens para a abertura de

um estúdio: parede lavável, sala de esterilização, duas guias, duas ban-

cadas, uma para procedimento de esterilização, outra para lavagem

das mãos, entre outros. Isso ainda não existe no papel, então o cara

abre uma salinha qualquer e coloca em risco a saúde das pessoas. Exis-

te muita rixa entre tatuadores, porque as vezes tem um clandestino

do lado que não paga impostos e acaba sendo um concorrente. Então

é aquela briga, entre o que não consegue baixar o preço e o outro que

pode cobrar bem menos.

RT: Qual é a posição do sindicato sobre a lei que proíbe o menor de idade de fazer tatuagem e piercing mesmo com autorização dos pais? O que pode ser feito para mudá-la?CT: O sindicato apóia um projeto de lei que baixa para 16 anos a idade mí-

nima para fazer tatuagem e piercing. A lei se baseia no Estatuto da Crian-

ça e do Adolescente mas essa proibição não está presente no Estatuto. Já

consultamos vários advogados, a lei é inconstitucional, porque ninguém

pode tirar o pátrio poder (os pais são responsáveis pelo menor). A lei do

deputado Campos Machado provocou o maior caos na saúde pública

para os jovens. Os menores de idade que

não podem fazer tatuagem em um estúdio

legalizado, vão procurar os ilegais que ge-

ralmente, fazem sem condições de higiene

e assepsia. Não adianta proibir se não existe

fiscalização. Fizemos até um abaixo assina-

do para derrubar essa lei, mas não adiantou muito.

RT: Quais são os compromissos éticos que o profissional da área tem que buscar?CT: Demoramos quase um mês para elaborar o Código de Ética da pro-

fissão. Ele foi formado através da conversa com vários tatuadores, en-

viamos para vários profissionais e recebemos opiniões para melhorá-lo.

Em janeiro, vamos mandar para a maioria dos tatuadores. Toda profissão

que não tem o seu código de ética e uma organização leva a banalização,

essa é uma preocupação nossa, porque a hora que a profissão for regu-

lamentada, automaticamente o código entra em vigor. Serão formados,

no Estado de São Paulo, quatro conselhos regionais, um na capital e mais

três no interior, colocando

ordem na profissão. Na

regional vamos contratar

dois médicos para fazer

a fiscalização. O Conselho

Regional dos Tatuadores e

Body Piercers (CRTP), vai

ter o poder de cassar o di-

ploma de quem não respei-

tar o Código de Ética.

RT: Quando surgiu o Sindicato e o seu envolvimento com ele?CT: O crescimento dos tatuadores de rua em São Paulo nos preocupava,

e durante uma Convenção de Tatuadores conversando com vários profis-

sionais decidimos que era necessário mudar essa situação, estabelecendo

regras para a profissão. Então, em 2000, num grupo de 12 tatuadores,

chamamos dois advogados para fazer um Estatuto. A partir daí o Sindi-

cato foi formado e registrado em Brasília. Aliás, a princípio esse sindicato

era dos profissionais autônomos, chamava Sindicato do Tatuadores e

Body Piercers do Estado de São Paulo, só que até hoje nós não consegui-

mos o registro desse sindicato, porque os políticos não querem que os

autônomos se organizem. Então formamos o Sindicato das Empresas de

Tatuagem e Body Piercing do Estado de São Paulo, e em seis meses saiu

o registro. Aí é que está a diferença entre os dois, um tem poder jurídico,

o outro não. Engavetamos o dos autônomos e o SETBPESP foi registrado

oficialmente em 2003.

[Entrevista]

Conscientização do público vai melhorar condições sanitárias

Nós estamos tentando regulamentar a profissão, e

acredito que em 2006 não nos escapará esse direito.

Os menores de idade que não podem fazer tatuagem em um estúdio legalizado,

vão procurar os ilegai s que geralmente, fazem sem

condições de higiene e assepsia.

Tatuadores& Body Piercers�1

Mar/Abr/2006

Page 32: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Akemi - Akemi Tattoo (Sertãozinho-SP)

Barata - Baratattoo (São Paulo - SP) Zoio - Planet Tattoo - (Barretos - SP)

Ítalo Abdala - La Luz de Jesus (Porto Alegre - RS)

Márcio Lima - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Tatuadores& Body Piercers�2

Page 33: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Sergio Pisani - TattooYou (São Paulo - SP)

Ítalo Abdala - La Luz de Jesus (Porto Alegre - RS)

Namã - Dexorden Tattoo (Araraquara - SP)

Márcio Lima - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Natalia Missiunas- Nati Art Tattoo(Rio Grande - RS)

Tatuadores& Body Piercers��

Page 34: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Ratinho - Ratinho Tattoo (São Paulo - SP)

Wiliam - Celtic Tattoo (Santo André - SP)

Wiliam - Celtic Tattoo (Santo André - SP)Tatuadores& Body Piercers��

Page 35: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Carlinhos Tattoo - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP) Snoopy - Snoopy Tattoo Shop (São Paulo - SP)

Márcio Lima- Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Atila - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Tatuadores& Body Piercers��

Page 36: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Zoio - Planet Tattoo - (Barretos - SP)

Bola - Bola Tattoo (Porto Alegre - RS) Barata - Baratattoo (São Paulo - SP)

Bola - Bola Tattoo (Porto Alegre - RS)

Márcio Lima- Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Fernanda Tattoo - Santa Pelle (Ribeirão Preto - SP)

Tatuadores& Body Piercers��

Page 37: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Barata - Baratattoo (São Paulo - SP) Carlinhos Tattoo - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP) Márcio Lima - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Atila - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Atila - Scorpions Tattoo (São Paulo - SP)

Tatuadores& Body Piercers��

Page 38: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Bola - Bola Tattoo (Porto Alegre - RS)

Ely - Tattoo 13 (Goiania - GO)

Ely - Tattoo 13 (Goiania - GO)

Wiliam - Celtic Tattoo (Santo André - SP)

Vela - Alien Tattoo e Piercing (Porto Alegre - RS)

Tatuadores& Body Piercers��

Vela - Alien Tattoo e Piercing (Porto Alegre - RS)

Vatos Tattoo - Corpete

Page 39: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Barata - Baratattoo (São Paulo - SP)

Fernanda Tattoo - Santa Pelle (Ribeirão Preto - SP)

Till - Vatos Tattoo (São Paulo - SP)

Till - Vatos Tattoo - (São Paulo - SP)Tatuadores& Body Piercers��

Page 40: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Barata - Baratattoo (São Paulo - SP) Snoopy - Snoopy Tattoo Shop (São Paulo - SP)

Ely - Tattoo 13 (Goiania - GO) Snoopy - Snoopy Tattoo Shop (São Paulo - SP)Tatuadores& Body Piercers�0

Page 41: Revista Tatuadores - Edição 1

[Galeria de Arte]

Pinguim - Vatos Tattoo(São Paulo - SP)

Toninho - Tattoo Arte(Sete Lagoas - MG)

Ely - Tattoo 13 (Goiania - GO)

Barata - Baratattoo(São Paulo - SP)

Pinguim - Vatos Tattoo (São Paulo - SP)

Zoio - Planet Tattoo - (Barretos - SP)

Snoopy - Snoopy Tattoo Shop (São Paulo - SP)

Tatuadores& Body Piercers�1

Page 42: Revista Tatuadores - Edição 1

O tatuador pioneiro do país

tatuagem brasileira co-

meçou no porto de Santos

e tem sua história estreita-

mente vinculada à Dinamarca. Foi

desse país nórdico que veio o tatuador Knud Harold

Lykke Gregersen, ou simplesmente Lucky Tatoo. O

dinamarquês desembarcou na cidade em 1959, se

estabeleceu em um beco da rua João Otávio, em

1963, colocou uma placa na porta do seu estúdio

com os dizeres “It s not a saylor if he hasn t a tatoo”

– “Não é marinheiro se não tiver uma tattoo” – e se

transformou numa figura lendária.

Seus antecessores eram profissionais que vinham

nos navios, desembarcavam no porto, faziam tatua-

gem nos corpos das prostitutas, dos estivadores, dos

O artista plásti co dinamarquês, ao desembarcar no porto de Santos, em 1959, com a primeira máquina elétri ca

de tatuagem mudou a história dessa arte por aquiAcima

uma das águias do

mostruário de desenhos

criado por Lucky.

Ao lado os toques finais em mais um

trabalho: uma

caravela

Lucky Tatoo

a

[Memória]

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006�2

Page 43: Revista Tatuadores - Edição 1

marinheiros e seguiam viagem,

deixando como rastros seus dese-

nhos. Lucky Tatoo resolveu parar,

abrir um ateliê e ficar no Brasil.

“Lucky adorava o povo brasileiro,

nosso clima e a fartura de peixes.

Gostava de pescar. Apaixonou-se

pelo porto e pela vida no cais”,

conta o tatuador Cláudio de Men-

donça, 41, o Alemão Tattoo, que

pretende publicar um livro sobre

a vida do dinamarquês.

Alemão guarda com muito

cuidado e orgulho um acervo so-

bre a vida e o trabalho do pioneiro

da tatuagem no Brasil. São álbuns

com muitas fotos acompanhadas

de legendas escritas pelo próprio

Lucky. Muitos desenhos que cons-

tituíam o mostruário para seus

Acima, Lucky trabalhando em seu estúdio. Ao lado, Alemão Tattoo que pretende publicar um livro sobre o mestre

[Memória]

Lucky Tatoo

Tatuadores& Body Piercers��

Mar/Abr/2006

Page 44: Revista Tatuadores - Edição 1

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006��

clientes e uma coleção de reportagens

sobre sua arte. Com o merecido destaque

de revistas como O Cruzeiro, Fatos e Fotos,

Realidade e outras.

Lucky nasceu em 1928, em Cope-

nhague, de uma família de tatuadores

e deixou a casa dos pais aos 15 anos de

idade. Tatuou na Alemanha no pós-guer-

ra, usando como estúdio ambulante uma

moto equipada com side-car. Gostava de

contar que tatuou o marechal Rommel,

conhecido estrategista militar alemão na

Segunda Guerra Mundial, o rei Fre-

derico da Dinamarca e soldados da

Legião Estrangeira.

Nos anos 70, quando a tatua-

gem começou a ultrapassar algu-

mas barreiras do preconceito, pe-

netrou na classe média, deixando

para trás o estigma de ser apenas

uma arte marginal de marinhei-

ros e prostitutas, Lucky Tatoo ta-

tuou muitas jovens cariocas. Foi

ele também quem fez a tatuagem

de um dragão no braço de Petit,

o “Menino do Rio” e uma águia

Lucky, um artista plástico

reconhecido em seu país de origem, continuou

criando aqui no Brasil.

Uma vez por ano reunia suas obras

e viajava de navio para a Dinamarca.

Lá vendia sua produção por um bom preço. Idas

e vindas que valeram a

pena

Acima foto de 1957. Ao lado, Águias, desenhos de 1981 feitos por Lucky

[Memória]

Page 45: Revista Tatuadores - Edição 1

Tatuadores& Body Piercers��

Mar/Abr/2006

(desenho em destaque no início

desta matéria) no cantor de rock e

ator Evandro Mesquita. O arquite-

to e paisagista paulistano Gilberto

Elkis, 44, é outro que carrega no

corpo desenhos de Lucky. Tomou

conhecimento dessa arte corporal

porque seu pai tinha uma empresa

de exportação e ele freqüentava o

Porto de Santos: “Via os estivado-

res com tatoos e tinha vontade de

fazer a minha”.

Nessa época, o tatuador come-

çou a ser notado pela imprensa e

em 1977 deu entrevista no Programa

Silvio Santos, da extinta TV Tupi. Sentado

frente a frente com o apresentador ainda

moço, o dinamarquês grandalhão contou

suas histórias, encantando o público da

televisão. Hoje, Alemão, que conheceu

Lucky quando tinha 17 anos, é dono do

maior estúdio de tatuagem do ABC pau-

lista e carrega no braço a imagem tatua-

da de seu ídolo.

Alemão Tattoo carrega no braço tatuado o orgulho e a homenagem ao mestre e amigo. Trabalho realizado por Sérgio Sancast de Buenos Aires, Argentina

Caravelas: desenhos criados em 1953, e parte de seu catálogo para a clientela

Propaganda do Lucky. Folheto que ele distribuía na época em que trabalhava no porto de Santos

[Memória]

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LINkS

O livro, de Beatriz Ferreira Pires, traça um extenso panorama das transformações e usos da pele.

Discute as implicações e significados das inúmeras intervenções a que é submetida a pele, na contemporaneidade. A pele como su-perfície que pode ser manipulada, transformada.

Aborda principalmente a body modification. Seu foco é a modifi-cação intencional do corpo. Através de piercing, implante estético, escarificação e tatuagem, o indivíduo recria seu corpo, tornando-o “diferente”.

Na visão da autora, tal atitude nasce da necessidade que o indivíduo, a pessoa, sente de destacar-se dos demais, na busca de uma identidade. Num mundo globalizado em que, cada vez mais, a individualidade é esmagada, triturada.

O livro traz ainda um breve histórico da representação social do corpo, desde o Egito de a.C. até o século XX.

Um livro informativo e gostoso de ler que deve agradar a todos que se interessam pela body art.

Site de uma famosa revista gringa fundada por um dos pioneiros da body modification, Fakir Mustafar. Boas fotos e texto em inglês.www.bodyplay.com

TV

LIVROS

Piercing, implante, escarificação, tatuagem

Vale a pena conferir o trabalho de um dos mestres da tatuagem. Reproduções de clássicos da pintura e traba-lhos super detalhados fazem parte do repertório de Anil Gupta. Impressionante!www.anilgupta.com

Um dos mais completos sites brasileiros de tatuagem. Grande variedade de desenhos e trabalhos de profis-sionais de todo o país.www.portaltattoo.com.br

Informações, fotos e vídeos sobre body art.O site também disponibiliza desenhos para downloads.www.tatuando.com.br

[Cultura e Afins]

O corpo comosuporte da Arte

Livro:O corpo como suporte da Arte.Autora: Beatriz Ferreira Pires.Editora Senac São Paulo, edição 2005,182 páginas.

Miami Ink:Canal People+ Arts Horário: segundas- feiras às 22 horas e domingos às23 horas (reprises em outros horários)

O reality show se passa em um estúdio em South Beach onde uma equipe de tatu-adores e um aprendiz lidam diariamente com a body art. Desafios em fazer cober-turas, desenhos personalizados e as histórias de cada cliente que chega ao estúdio, ajudam a compor um ambiente onde a arte e o processo da tatuagem é mostrado passo a passo.

Os tatuadores americanos Ami James, Chris Garver, Darren Bass, e Cris Nunes e o aprendiz Yoji Harada são os protagonistas do programa. O famoso ateliê, frequenta-do por celebridades, é o cenário da relação entre esses quatro amigos.

Cada episódio de Miami Ink desperta o público para o fascinante mundo da tatu-agem. Porém vale observar que os profissionais, ou pela necessidade de mostrar o rosto para as câmeras, ou simplesmente por descuido não utilizam máscaras, nem encapam parte dos equipamentos! Será essa a imagem que os tatuadores americanos querem passar? Confira!

Tatuadores& Body Piercers��

Mar/Abr/2006

Tattoo a cabo

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Deborah Soares - Blue Lotus Tattoo Studio

(Campinas - SP)

[Desenhos]

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006��

Compact flash

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

Deborah Soares - Blue Lotus Tattoo Studio (Campinas - SP) Deborah Soares -

Blue Lotus Tattoo Studio (Campinas - SP)

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

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[Desenhos]

Ratinho - Ratinho Tattoo (São Paulo - SP)

Giscar - Seven TAttoo Studio (Itaúna - MG)

Tatuadores& Body Piercers��

Mar/Abr/2006

Compact flash

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

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[Desenhos]

Tatuadores& Body Piercers

Mar/Abr/2006�0

Compact flash

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP) Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

Barata - Baratattoo Studio (São Paulo - SP)

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