revista costumes 5ª edição

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Revista Costumes é uma publicação dos Mercadinhos São Luiz, com tiragem impressa de 20mil exemplares, média de 106 páginas e circula por mailing próprio e venda avulsa nas lojas no São Luiz em Fortaleza e Cariri, interior do Ceará.

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6 COSTUMES

á um ano a Revista Costumes entrou em circulação. A cada

número ela se supera em qualidade, afi rmando-se como um

dos melhores conteúdos da mídia impressa do Ceará.

Seu propósito editorial visa aproximar ainda mais os

Mercadinhos São Luiz dos clientes, identifi cá-los com nossos produtos,

agregando valor e inovação ao consumo, e também promover valores

culturais e humanos da nossa terra. No fundo, nosso objetivo era o de

nos achegarmos ainda mais a você, nosso cliente, a quem buscamos

sempre servir cada vez melhor.

O resultado é que acabamos lançando uma publicação hoje re-

conhecida no mercado, valorizada pelo texto e reportagens inteligen-

tes, tornando a Costumes um produto esperado com curiosidade pelos

seus leitores nos Mercadinhos, a cada trimestre.

Obrigado pela aceitação e elogios. Nosso propósito é o de con-

tinuar sempre buscando aproximar os Mercadinhos São Luiz de nossos

milhares de amigos. Uma das melhores formas de estreitar esse relacio-

namento é valorizar a nossa cearensidade e suas manifestações, aproxi-

mar nossa rica cultura e a dinâmica urbana que surpreendem com seus

valores a cada momento que buscamos retratar na Costumes.

Com a presente edição, seguem nossos votos sinceros de um

Natal de muita Paz e Amor entre aqueles que lhe são estimados, e um

Ano Novo que ilumine a realização de seus sonhos.

Caro Cliente,

Severino Ramalho Neto

Mensagem do Presidente

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8 COSTUMES

EXPEDIENTE

Nesta edição, a Revista Costumes faz aniversário. O presente, porém, é para você, leitor e cliente dos Mer-cadinhos São Luiz, há um ano recebendo nossa atenção especial. Pensando em você, procuramos valorizar o lu-gar onde vivemos, começando pelo país. Em Ceará for All, comprovamos o quanto serra, mar e sertão cativam visitantes de outros estados. Em O Cariri em Imagens, aprendemos a olhar para o que é nosso com novos ân-gulos, propostos pela artista Ângela Moraes. Passamos também pelo sertão dos Inhamuns, para descobrir mais sobre o fi lme Mãe e Filha, de Petrus Cariry, que ganhou o último Cine Ceará e está levando mundo afora um re-trato vivo da identidade cearense.

Como apenas olhar nem sempre é o bastante, acompa-nhamos o projeto Sonhar Acordado, que propõe uma ação concreta para transmitir valores éticos e ampliar a consciência social de crianças e jovens. Outra atitude simples, que pode melhorar muito a saúde de todos na família, é mudar um pouco a alimentação, cultivando o hábito de consumir mais verduras e frutas. Mas, para fazer uma mudança radical, que tal experimentar um esporte diferente, patinando na Beira Mar?

Valorizar a memória do passado também é um passo importante para uma vida melhor no presente. Pen-sando isso, ouvimos, entre outras histórias, a de Eva Júlia Lilienfeld, que fugiu do nazismo e, assim como a

paranaense Guiomar Marinho, da Me Acostumei com Você, virou cearense. Também encontramos um lugar especial para você conhecer, o Salão das Ilusões, que abriga projetos de preservação cultural e desperta um pouco de saudade, guardando memórias em fotos, roupas, discos de vinil, etc.

Para ampliar mais ainda os horizontes, há a culinária por-tuguesa e o bacalhau, em Sabores do Mundo, e também a prática dos Movimentos de Consciência Corporal e An-cestralidade Africana, recomendados por Norval Batista Cruz, para um resgate de nosso vínculo com a natureza.

A decoração para o Natal e as dicas de um especialista sobre os vinhos que combinam melhor com a refeição podem ser, facilmente, colocadas em prática na sua casa. E, mais uma vez com um carinho especial, pesqui-samos o signifi cado de cada prato natalino, desejando a você e sua família o alimento não só do corpo, mas da alma. Tudo isso e mais, para levar até sua casa uma leitu-ra agradável e enriquecedora, que auxilie na conquista de melhor qualidade de vida, de preferência com mais convívio familiar e menos televisão. Pareceu implicância com a TV? Não, imagine, não é nada que uma crônica não possa esclarecer...

Bom Natal e Ano Novo a todos!

Diretor responsávelNazareno Albuquerque

Gerente de Marketing dosMercadinhos São LuizJoana Ramalho

Editor(a) chefeIsabella Purcaru

Revisão editorialValéria Dallegrave

RedaçãoIsabella PurcaruRenato BarrosValéria DallegraveRafaele Esmeraldo

Fotografi aJoselito Araújo

Projeto gráfi coMarcos Lima

Produção gráfi caCarlos Araújo

Comercialcontatos(85) 8802 3773(85) 3261 5999

CapaDireção de arteMarcos Costa

Impressão Gráfi ca Halley

Tiragem 20.000 exemplares

A Revista Costumes é uma publicação trimestral, com direção Editorial doBlog do Tamanduá.

ExemplaresRua Boris, 197 - CentroFortaleza - Ceará

Aos clientes e leitores

10 COSTUMES

>sumário

Capa Você sabe o que significam os

pratos que compõem a ceia? Peru, panetone, tender, bacalhau... há sempre um significado especial para o que é servido à

mesa no Natal.

De onde vem?!

A carne de carneiro no seu cardápio

Saiba qual o processo para que as melhores carnes de carneiro cheguem a sua mesa e ainda aprenda com a

Chef Marana Figlioulo uma receita dos deuses.

Sabores do mundo

Cozinha portuguesa: uma viagem sensorial aos quatro continentes

Embarque nessa aventura gastronômica pelos sete mares e redescubra as bases de nossas origens culinárias!

Por um mundo melhor

A esperança de um sonho Conheça o Projeto Sonhar Acordado que transmite

valores éticos e morais à criança, enquanto constrói uma forte consciência social.

Me acostumei com você Guiomar Marinho: Caminhos

traçados entre a vida e a arte Conheça a paranaense radicada há mais de cinco décadas no

Ceará, terra onde se tornou referência em design têxtil.

Vida saudável

Na Beira Mar, uma nova onda sobre rodas

Renda-se aos prazeres do patins, um exercício que proporciona liberdade, diversão e uma

vida mais saudáve.24

32

36

42

50

20

11COSTUMES

>sumário

Vai uma gelada ai?

Descubra novas delícias: Petiscos de botecos harmonizados com cervejas finas A Revista Costumes selecionou cinco botecos e os seus manjares que mais fazem sucesso para harmonizar com outra paixão nacional: a cerveja.

Beleza

Linda o ano todoAprenda com o expert Dudu Ferreira a fazer três looks de cabelo para arrasar nas festas de fim de ano.

Bons hábitos

Torne seu prato mais coloridoA diversidade de frutas e legumes traz prazer para os olhos, além de uma nutrição garantida para o seu cardápio.

Férias

Ceará for All Saiba por que o Ceará está sempre em alta para o turismo e conheça ainda os dez destinos mais procurados pelo brasileiros.

Empreendedorismo

Tradição com 165 anos de históriaConheça um pouco mais sobre o grupo que há 165 anos detém uma das maiores marcas brasileiras.58

62

70

80Arte e Cultura

O Salão das ilusõesConheça o lugar que abriga diversas propostas de preservação cultural e intervenções artísticas.92

96

12 COSTUMES

>novidades São Luiz

Mercadinhos São Luiz, uma das cem melhores empresas para se trabalhar no Brasil

A feirinha de orgânicos dos Mercadinhos São Luiz

Atender de forma única, compartilhando orgulho e felicidade é o princípio básico dos Mercadinhos São Luiz, e nenhum funcioná-rio cumpre essa missão sem ser tratado da mesma forma. É por isso que os Mercadinhos São Luiz estão, com muito orgulho, entre as cem melhores empresas para se trabalhar no Brasil.

A avaliação é feita com base em um questionário respondido pelos funcionários sobre assuntos relacionados ao ambiente laboral, no qual são levadas em consideração as ações e práticas desenvolvidas para promover a excelência no local de trabalho. Participaram da pes-quisa 923 empresas de todo o país, divididas por setores e portes.

O diretor geral Severino Ramalho Neto e a gerente de Recursos Humanos dos Mercadinhos São Luiz Ana Paulo Falcão acom-panharam a divulgação do resultado. “Acreditamos que, para atender bem os nossos clientes, precisamos tratar bem os fun-cionários. Por isso, ser uma das cem melhores empresas para se trabalhar no Brasil, além de motivo de muito orgulho, é uma evidência de que o São Luiz tem conseguido exercer bem a sua missão: atender de forma única, compartilhando orgulho e feli-cidade”, declarou Neto, diretor geral dos Mercadinhos São Luiz.

Tem novidade nas manhãs de sexta-feira nos Mercadinhos São Luiz da Virgílio Távora e do Parque do Cocó, é a feirinha de orgâni-cos, que acontece de 7h ás 11h com mais de cem itens entre frutas e verduras fresquinhas.

Os alimentos orgânicos estão ganhando cada vez mais espaço na dieta dos consumidores, pois as pessoas têm buscado mais saúde, qualidade de vida, e têm se preocupado com o desenvolvimento sustentável. Esses produtos são cultivados sem agrotóxicos, pes-ticidas e adubos químicos, com o uso de técnicas destinadas a conservação do solo e da água, reduzindo a poluição. O principal benefício para os consumidores é a não ingestão de substâncias químicas e tóxicas. Para o meio ambiente, é a garantia da qualida-de da água e da fertilidade do solo.

Desde o ano passado, os Mercadinhos São Luiz intensifi caram os investimentos em alimentos orgânicos. São mais de 30 produtos devidamente embalados e disponibilizados em prateleiras sepa-radas para evitar qualquer tipo de contaminação. Entre esses itens estão: repolho roxo, tomate, brócolis, alface americana, milho, macaxeira, banana e couve-fl or. Em dezembro de 2010, só nos Mercadinhos São Luiz foram vendidas 5.745 toneladas de frutas, verduras e legumes orgânicos. Em junho de 2011, o número sal-tou para 10.604 toneladas. A maioria dos produtos ainda vem de São Paulo, mas a produção cearense está crescendo e a região da Ibiapaba já se torna um dos principais fornecedores do estado.

14 COSTUMES

>voz do consumidor

A revista é muito boa! Gosto muito das receitas porque são fáceis de fazer e me ajudam a variar o cardápio.

< Maria da Glória Pinho, 56 anos, professora aposentada

Gosto muito da revista e as receitas me chamam muito a atenção.

Mara Barreira, 34 anos, contadora

A Costumes é uma ótima fonte de informação sobre receitas, saúde e alimentação. Uso a revista como fonte de pesquisa para cozinhar com minha família nos finais de semana.

Silvia Helena, 45 anos, administradora do lar

Acho interessantes as maté-rias da seção ‘De onde vem’ e

também matérias informativas, já que tenho intolerância à lactose

e gosto de me informar sobre alimentos que posso consumir.

Ana Cláudia Menezes, 28 anos, administradora

de empresas

A cada edição, a Costumes faz questão de ouvir você

Com a palavra, o cliente

15COSTUMES

>voz do consumidor

Acho a revista muito boa, pois dá dicas sobre alimentos,

receitas e bons locais para visitar.

Ana Cristina Kicher, 60 anos, psicóloga

Achei a revista muito interessante, pois aborda assuntos diversos e de interesse de todos, como: vida saudável, esportes, beleza, etc.

A revista me chamou a atenção pela qualidade de impressão: papel, fotos, etc. Fiquei admirado com tanta qualidade!

A Costumes aborda assuntos interessantes e bem diversifica-dos, não só de culinária, mas de muitos outros universos.

Angélica Araújo, 57 anos, servidora pública federal aposentada

Paulo Araújo, 64 anos, servidor público federal aposentado

Lygia Teixeira, 59 anos, funcionária pública aposentada

Sou cliente assíduo dos Mercadinhos São Luiz e

achei a revista muito inte-ressante e informativa.

Ivon Andrade, 52 anos, > analista de sistemas

Adoro quando recebo a minha revista. Ela valoriza os clientes, traz receitas que facilitam a vida e co-nhecimento na área da culinária.

< Emília Pedrosa, 46 anos, autônoma

Achei bem interessante, inclu-sive uma amiga participou de

uma edição anterior, sendo entrevistada e cozinhando. É

bem diversificada e nos ajuda a nos inteirar das novidades.

Acho legal como a publicação interage com os clientes.

João Lucena, 56 anos, militar aposentado

16 COSTUMES

Sou cliente há mais de 15 anos e é onde faço a minha

feira mensal. Parabenizo a empresa pela simpatia dos funcionários e a qualidade

dos produtos oferecidos, principalmente as carnes,

que antes não comprava e passei a comprar.

Patrícia Belezia, > 36 anos, gerente comercial

Luis Lima, > 41 anos, servidor público

>no meu carrinho

Gosto de vir aos Mercadinhos São Luiz todas as semanas para com-prar as frutas, que são especiais, com qualidade e diversidade que não se encontra em outro super-mercado. Aqui as frutas e legumes estão sempre fresquinhos.

Compro nos Mercadinhos São Luiz duas vezes por semana, em especial frutas e pães, que são excelentes. Sou cliente desde a sua fundação e tenho uma su-gestão a fazer: gostaria de uma seção de plásticos, com bacias, baldes, etc.

Costumamos fazer nossas com-pras nos Mercadinhos São Luiz sempre juntos, há mais de quin-ze anos. Tenho que confessar: o pão daqui é o melhor da cidade! Adoramos a forma como somos atendidos pelos funcionários, a limpeza da loja e a diversidade dos produtos.

Eu gosto dos Mercadinhos São Luiz porque me sinto bem aqui. Adoro o ambien-te, é muito limpo. Venho comprar todos os dias coisas para o meu filho, que é intolerante à lactose.

< Keliane Soares, 33 anos, professora < Ivone Goes,

45 anos, bancária

< José Ramalho e Conceição, Ramalho, 51 anos (ambos), metalúrgico e cabeleireira

< Luis Carlos, 46 anos, funcionário público

Sou cliente dos Mercadinhos São Luiz há mais de quinze

anos. Faço minhas compras na loja da Cidade dos Fun-

cionários toda semana, pois gosto de comprar sempre

frutas e verduras fresquinhas. Além das frutas e verduras, as carnes e pães são um diferen-

cial de qualidade.

18 COSTUMES

>a sua receita

Givanildo Oscar da Silva, o Gil, é formado em Gestão de Pequenas e Médias Empresas, mas o que gosta mesmo de fazer é ir para a cozinha, motivo que o instigou a abrir uma cantina dentro do SESC SENAC IRACEMA. Lá, ele experi-menta e cria suas próprias receitas, vivenciando um mun-do de aromas e sabores. “Moro na Lagoa Redonda e faço compras nos Mercadinhos São Luiz do Papicu por conta do atendimento, que considero exemplar. Geralmente, escuto os garotos chamando os clientes pelo nome. É muito bom saber que somos lembrados. Além disso, muitas vezes vejo os funcionários acompanharem os idosos pelo braço até o carro...”, afirma Gil. Satisfeito, ele revela à Costumes uma de suas receitas prediletas: o alfajor de doce de leite:

Ingredientes 3 ovos5 xícaras de chá de farinha de trigo200 g de margarina 70% lipídios, com sal5 colheres de sopa de mel de abelha1 xícara de chá de açúcar20 gotas de essência de baunilha1 pitada de bicarbonato de sódio1 colher de sopa de fermento químico1 kg de chocolate meio amargo em barra1 pote de doce de leite pastoso

Modo de preparo

Bater no liquidificador os ovos sem pele, a margarina, o mel, o açúcar e a baunilha até ficar um creme liso (cerca de três minutos). Jogue tudo em um recipiente, juntando a farinha, o fermento e o bicarbonato de sódio. Amasse com uma espátula até soltar do reci-piente. Caso esteja grudando, acrescente um pouco de farinha. Abra a massa dentro de um saco plástico com um rolo, e em seguida corte-a em círculos com um aro de 7 cm. Coloque as sobras em uma forma untada e polvilhada com trigo. Amasse as sobras e volte a abrir, fazendo novas porções, até usá-la toda.Asse em fogo médio até começar a dourar a parte de baixo dos biscoitos, retire e espere esfriar. Derreta o chocolate meio amargo em banho-maria e depois co-mece a unir os biscoitos com o doce de leite. De dois em dois, vá mergulhando-os no chocolate derretido e arrumando em uma fôrma forrada com plástico. Por fim, leve para a geladeira até endurecer o chocolate, e os biscoitos estão prontos para ser degustados!

Alfajor de Doce de Leite

19COSTUMES

Danielle Lyra, cliente dos Mercadinhos São Luiz há 20 anos,

tem como hobby a culinária. Conforme declara, ela ama pre-

parar belos pratos e apreciá-los sentando à mesa com sua

família, que se delicia com essa oportunidade.

Ela costuma fazer peixe, camarão, vatapá, carnes e sobreme-

sas. “Desde mais nova gosto de cozinhar. Estudei em uma

escola, em São Paulo, onde a mulher era educada para o lar”.

Danielle aprendeu muito com a mãe e a sogra, às quais ela se

refere como cozinheiras talentosas.

Ela também trabalha no ramo alimentício, com a “Dandelli

Confeitaria de Delícias” e vai nos ensinar como se faz um de-

licioso creme de duas cores.

>a sua receita

Ingredientes2 latas de leite condensado6 xícaras de leite2 colheres de sopa de amido de milho 4 gemas

2 colheres de sopa de achocolatado em pó

Modo de preparo

Coloque em uma panela, para fazer o creme branco, uma

lata de leite condensado, duas gemas peneiradas, três xíca-

ras de leite, uma colher de sopa de amido de milho. Mexa

em fogo brando até engrossar.

Em outra panela, para fazer o creme de chocolate,

coloque uma lata de leite condensado, duas colheres

de sopa de achocolatado em pó, três xícaras de leite e

uma colher de sopa de amido de milho. Mexa em fogo

brando até engrossar.

Em um pirex redondo, coloque uma concha do creme

branco no centro do pirex, depois uma concha do creme de

chocolate ao centro sobre o creme branco, e assim sucessi-

vamente, para quando finalizar ele ficar listrado.

Leve à geladeira ou ao congelador, se preferir como sorvete.

Creme Duas Cores

20 COSTUMES

A carne de carneiro no seu cardápio

>de onde vem?!

Entre os variados produtos oferecidos pelos Mercadinhos São

Luiz estão as carnes de carneiro e cordeiro, opções para quem

quer variar na carne vermelha. Os tipos de cortes disponibiliza-

dos para o cliente são: carré francês, costela, pernil sem osso, per-

nil inteiro, paleta inteira e serrada, lombo, fi lé mignon, linguiças

(picante e tradicional), e cordeiro especial, corte voltado para o

cozido, a panelada e o sarapatel.

A Campomar, fornecedora do São Luiz desde 2009, produz cor-

tes especiais de cordeiro voltados para os consumidores mais

exigentes. O produto é resultante do cruzamento industrial de

duas raças distintas, cujas matrizes são da raça Santa Inês e os re-

produtores da raça Dorper. O proprietário, Victor de Castro Alves,

garante que a carne, conseguida com o abate de ovinos de até

180 dias, apresenta-se macia e saborosa.

21COSTUMES

Como a carne de cordeiro é desenvolvida na Fazenda Campomar

Todos os animais da Campomar ficam mantidos em

regime de confinamento. O cordeiro nasce e fica

com a mãe até os 60 dias de vida. Neste período,

ele tem acesso à ração à vontade, como também ao

leite materno. Após o desmame, que ocorre com 60

dias, o cordeiro entra em um regime especial de con-

finamento de 120 dias, no qual é preparado para o

abate. Aos 180 dias, pesa em média 40 Kg e, nesse

momento, está pronto.

Outra fornecedora é a Guaiúba, que há mais de 10 anos

abastece de carneiro resfriado os Mercadinhos. O proprie-

tário, Carlos Eugênio Botelho Monteiro, relata que “o abate

é realizado dentro das exigências do serviço de inspeção,

com todas as suas normas sanitárias, dentro de um rigoroso

controle de qualidade”, enfatiza. Após o abate, as carcaças

são resfriadas 24 horas para, posteriormente, serem corta-

das e embaladas em salas climatizadas, e depois transpor-

tadas em caminhão frigorífico até o destino.

>de onde vem?!

Victor informa que a Campomar está constantemente inves-

tindo no melhoramento genético dos animais. Recentemente,

inaugurou um laboratório onde são realizadas inseminações

artificiais e transferências de embriões, importados da Austrália,

da África do Sul e de alguns produtores do sul do País. Quanto ao

transporte, ele ressalta ainda que “todos os produtos são entre-

gues congelados aos Mercadinhos São Luiz, em carros especiali-

zados com temperatura de -16°C”.

O Coordenador de Horti e Açougue do São Luiz do Cocó, Fran-

cisco Johne Ximenes, afirma que as carnes resfriadas são es-

tocadas na câmara refrigerada, e depois são feitos os diversos

cortes para a venda. Johne reconhece a importância de estar

orientando a equipe que trabalha no recebimento, no peso e

no corte das carnes, para averiguar a qualidade do produto.

“É necessário observar o gosto do cliente e a higiene das

peças de carneiro”, afirma. Johne diz que outro fator bas-

Ao chegar nos Mercadinhos São Luiz...

O colaborador faz os cortes das carnes...

...e prepara para expor para os clientes

22 COSTUMES

Curiosidades

O carneiro (macho), quando filhote, é chamado de cor-

deiro. A fêmea é a ovelha. Ele é um mamífero ruminante

bovídeo e um animal de enorme importância econômi-

ca como fonte de carne, laticínios, lã e couro. Criado em

cativeiro em todos os continentes, foi domesticado a

partir do muflão, espécie de carneiro selvagem.

tante visado pelos Mercadinhos é sempre ofertar o produto

que o cliente gostaria de obter. Se a mercadoria não estiver

disponível é providenciada imediatamente, para atender

melhor a todos. Ações de venda como exposição, degus-

tação e boa oferta são cruciais para a segurança da pessoa

que levará um alimento para casa.

O trabalho em equipe é muito importante para o desenvol-

vimento de um ambiente saudável. Johne relata que é feito

um treinamento motivacional com os funcionários, em que

as informações e sugestões de cada um são bem recebidas.

Ele considera que o seu relacionamento com o fornecedor

também é crucial para que haja harmonia e tudo funcione

bem, beneficiando o cliente.

>de onde vem?!

Os benefícios do consumo da carne de carneiro e cordeiro

De acordo com a nutricionista, Fabiana Fonte, as carnes de carneiro e cordeiro são ricas em proteí-nas de alto valor biológico, vitaminas do comple-xo B, ferro, fósforo e cálcio, além de possuir uma quantidade menor de gordura saturada, em com-paração com a bovina e a suína. Além disso, muito saborosas e de fácil digestão.

As proteínas são fundamentais para a função estrutu-ral do corpo (formação de músculos, cabelo, pele, hor-mônios, enzimas), as vitaminas do complexo B ajudam a manter a saúde mental e emocional, o ferro previne a anemia e o cálcio promove a saúde dos ossos.

Fabiana afirma que a quantidade ideal para se comer carne vermelha é de, no máximo, três vezes na sema-na. “Em 100 gramas, a carne de carneiro tem 352,8 kcal; 14,4 gramas de proteína e 32,8 gramas de gordura. O cordeiro tem menos calorias, 162,7 kcal; mais proteínas, 19,3 gramas; e menos gordura, 9,5 gramas”, afirma.

Outro fator importante é que a carne seja preparada com o mínimo de gordura possível, o ideal seria a pre-paração no forno (assada), cozida ou grelhada.

O colaborador faz o corte french rack da costela de carneiro

23COSTUMES

Pernil de cordeiro à moda espanhola

Modo de Preparo

Bater em um pilão o sal, quatro dentes de alho, pimen-

ta do reino, sálvia e alecrim. Em seguida, em uma tigela,

misturá-los à cerveja preta. Unte o pernil com esse molho,

perfurando-o e deixando-o descansar na geladeira de um

dia para outro, a fim de concentrar mais o sabor. Depois

disso, retire da geladeira, espete a carne com as folhas de

louro e cubra com papel alumínio. Unte uma assadeira

com azeite, coloque o pernil e leve ao forno entre 180 e

200 graus, por uma hora. Passado o tempo recomendado,

retire o papel e deixe assando até dourar. A receita tam-

bém leva um mix de acompanhamento. Cozinhe as bata-

tas al dente com casca, misture com pimentões coloridos

cortados em tiras, manteiga, sal grosso, azeitonas, ervas

finas, tomilho e uvas passas. Disponha tudo em uma as-

sadeira coberta e leve ao forno até que as batatas fiquem

macias. Outro acompanhamento é o cuscuz marroquino,

que deve ser colocado em refratário de vidro.

Ingredientes

1 unidade de pernil de cordeiro4 dentes de alhoSal a gostoPimenta-do-reino a gostoAlecrim fresco ou secoSálvia fresca ou seca500 ml de cerveja preta250g de bacon fatiado para cobrir1kg de batatas pequenas, com casca, previamente aferventadas1kg de tomates cereja1colher (sopa) de manteigaFolhas de louro Cuscuz marroquino Uvas passas Pimentões coloridos Azeitonas Tomilho Ervas finas

A Chef Marana Fliglioulo prepara um delicioso prato de cordeiro

C

24 COSTUMES

Na Beira Mar, uma nova onda sobre rodas

>vida saudável

Liberdade, diversão e uma vida mais saudável

A patinação é a nova “febre” que se espalha pela orla

marítima de Fortaleza. Lá, diariamente, estão vários

praticantes veteranos e iniciantes que contam até

com o aluguel de patins para experimentar um novo

esporte e, quem sabe, adotá-lo como novo hábito para

a sua vida.

Desde 2007, Ildimar Dantas Sobrinho, conhecido como Ma-

zim, é pioneiro no aluguel de patins e na oferta de aulas

de patinação. Mazim diz que observava certa carência de

práticas esportivas diferentes em um local tão privilegiado

como o novo aterro da Praia de Iracema. “Iniciei minhas ati-

vidades no ramo por influência de alguns amigos, que já

andavam de patins. Anos atrás, somente aqueles que pos-

suíam os próprios patins é que praticavam o esporte. Hoje

em dia, qualquer pessoa pode praticar, sem possuir experi-

ência ou patins”, afirma.

O serviço de aluguel tem maior movimento nos finais de se-

mana e é procurado por pessoas de todas as idades – a faixa

etária varia dos 4 aos 80 anos, ao custo de R$ 10,00 a hora. As

aulas são dadas por instrutores experientes, com mais de sete

anos de patinação. Mazim declara que “o calçadão é ótimo,

pelo seu amplo espaço, segurança e localização, porém o piso

possui muitas irregularidades, podendo danificar os patins”.

Atualmente, ele tem vários concorrentes, mas brinca: “É di-

vertido, porque somos todos amigos, apoiando o esporte

que gostamos”. No entanto, como Presidente da Associação

dos Locadores de Patins de Fortaleza, assegura uma políti-

ca de padronização do trabalho, desenvolvida para prote-

ger quem utiliza os serviços e não denegrir a imagem dos

locadores. “Os clientes acabam se tornando nossos amigos,

nós jogamos futebol juntos, andamos de skate, saímos pra

nos divertir e conversamos muito”, diz Mazim.

por Rafaele Esmeraldo

25COSTUMES

>vida saudável

A patinadora Raphaella Quintela, 26, anda de patins há dois anos

na orla. “Eu sempre pratiquei esportes. Na adolescência, patinar

era a minha paixão. Certa vez, correndo pela praia, senti vonta-

de de voltar a praticar novamente, fui a uma loja e comprei um

par de patins. Agora, já estou no terceiro”, confessa sorrindo.

Raphaela garante que a Praia de Iracema é um bom lugar

para patinar, pela vista, pelo calçadão, que considera regu-

lar, e por ser o lugar de encontro com sua “turma”. Porém,

ressalta que a prática está ficando cada vez mais compli-

cada no local, pois muita gente está aderindo. Ela explica

como tudo acontece naturalmente: “A todo o momento

encontramos um conhecido no calçadão que se interessa

pelo esporte e diz que voltará para dar uma volta.”

Os primeiros patins, criados por volta de 1760, eram constituídos por uma única linha de três rodas. Já em 1863, nos Estados Unidos, com a invenção dos patins com quatro rodas, dois pares lado a lado, os patina-dores conseguiram maior controle sobre os movimentos, fazendo com que rapidamente o novo modelo dominasse a indústria.

Porém, ainda assim um pequeno número de praticantes continuou insistindo nos patins em linha. Um deles inspirou-se nos patins de lâmina (para a prática no gelo) e concebeu, em 1966, os patins com quatro rodas em linha, nos quais a primeira e a última roda ficam afastadas da bota.

Em seguida, o modelo foi adaptado, causando uma revolução no mundo dos patins, o que promoveu o surgimento da patinação agressiva, subdividida nas modalidades street – patinar em meio aos obstáculos urbanos, como corrimão, rampas, cantoneiras, esca-darias, e na vertical – com as mesmas manobras, mas executadas em halfpipe – rampa em forma de “U”.

Como surgiram os patins?

Raphaella Quintela se diverte sobre quatro rodas

26 COSTUMES

Com o clima agradável, propício para a prática de exercícios

ao ar livre, Fortaleza é palco de diversas modalidades espor-

tivas, que podem ser apenas hobby ou também praticadas

profissionalmente. Os patins in line são exemplo de uma des-

sas modalidades.

O cearense Allan Charles Fechine, 27, é o único patinador

profissional do estado que participa de competições a nível

nacional. Ele pratica desde os 13 anos, e ressalta: “A Beira Mar

é interessante para treinar a parte aeróbica junto ao pessoal

que faz o treinamento de velocidade, os integrantes da Fede-

ração Cearense de Patinação (FCP)”.

O local também é ótimo para conhecer novos praticantes.

No entanto, Allan ressalta que seria mais interessante haver

uma pista para manobras de patins, um espaço para slalon

– quando o patinador corre entre os cones – vias separadas

para ciclistas e coopistas. Assim, seriam evitados acidentes

devido à superlotação.

Allan acaba de voltar do Mundial de Patinação Radical, em

São Paulo, e conta que o mercado está totalmente aber-

to para o esporte: “No sudeste do país, percebe-se que os

empresários estão investindo cada vez mais. As premiações

estão ficando mais altas. O Ceará ainda tem muito a crescer,

mas está prosseguindo.”

Diversão e esporte

Atualmente, em Fortaleza, os patins custam em média de R$ 395 a R$

1.800 reais. Quanto mais profissional for o equipamento, mais alto é

o valor. Patins para lazer podem ser encontrados em lojas locais, mas

os ideais para competição devem ser adquiridos em lojas especializa-

das, fora do Ceará.

Segundo o atual Presidente da Federação Cearense de Patins (FCP),

Éder Tavares Cavalcante, 49, mais conhecido como Bicudo, por volta

de 1994 os patins in line ganharam fama no Brasil e o esporte ficou

em destaque, permanecendo por três a quatro anos em alta no gosto

do público.

Bicudo diz que a moda de patinar surgiu em Fortaleza devido a uma

telenovela. Em 1980, de fato, a novela Marina mostrou, em vários

capítulos, jovens cariocas praticando esse esporte. Com o passar do

tempo, os equipamentos foram modernizados e a modalidade se de-

senvolveu. Na Beira Mar, por exemplo, faz dois anos que o espaço

é bastante utilizado. “Outro local bom para a prática é a Praça Luísa

Távora”, recomenda ele.

Como Presidente da Federação Cearense de Patins, Bicudo costuma

sempre dar orientações sobre o esporte: a forma correta de praticar,

cuidados no uso dos equipamentos (patins, joelheiras, cotoveleiras, ca-

pacetes), manobras e técnicas que devem ser utilizadas para cada mo-

dalidade, além de ensinar os movimentos básicos para os iniciantes.

E é bom lembrar que andar de patins pode ser uma “brincadeira” mui-

to benéfica para a saúde de toda a família. É uma maneira divertida

de manter a forma, definir a musculatura, e até perder peso, além de

fortalecer ossos, músculos e ligamentos. A Revista Costumes foi con-

sultar um profissional de educação física para conhecer melhor os

benefícios que você pode ter, caso decida aderir à nova onda...

O instrutor de patins Allison

Alves, o pioneiro em aluguel de patins Ildimar

Dantas Sobrinho (Mazim), a

patinadora Raphaella

Quintela, o atleta cearense Allan

Charles Fechine, e o Presidente da FCP, Eder Tavares

Cavalcante (Bicudo).

Allan fazendo manobras

>vida saudável

27COSTUMES

A educadora física Jane Maria Rebouças explica que a pati-

nação desenvolve a flexibilidade, o equilíbrio, a agilidade, a

força e a resistência. Auxilia também no desenvolvimento

da coordenação motora e melhora o condicionamento res-

piratório e cardiorrespiratório, como na corrida, mas sem o

impacto desta, desde que não inclua a prática de saltos.

Os músculos mais trabalhados são: abdômen, glúteos, co-

xas e panturrilhas. Patinar também queima muitas calorias

e pode auxiliar no controle do peso. Jane relata que essa

queima calórica é relativa. Mas, dependendo do percurso

realizado, do metabolismo do patinador, do peso corpo-

ral, tempo e intensidade da atividade, é possível queimar

até 800 calorias em uma hora de patinação.

“É importante ter alguns cuidados, como não patinar de

pernas totalmente estendidas e tronco reto, pois essa

postura vai gerar desequilíbrio levando a pessoa a cair”,

afirma a profissional.

O movimento com os patins e o corpo humano

Todos nós sabemos o quanto é importante uma alimentação sau-dável para a prática eficaz de qualquer esporte, quando se busca obter resultados positivos. No caso dos patinadores, a nutricionista Isabela Limaverde explica: “O desgaste gerado por essa atividade é facilmente compensado com uma variada e saudável ingestão alimentar, sem necessidade de nenhum suplemento adicional. Porém, com relação aos atletas, quando há um ritmo intenso de atividades físicas, com treinos regulares diários, na maioria das vezes recomenda-se a suplementação, visando o aumento da performance nas competições e uma significativa recuperação muscular”.

Mas, para quem visa apenas o lazer ou manter-se em forma, Isabe-la dá algumas recomendações específicas:

> Nunca realizar atividade física em jejum.

> Não se alimentar em horário muito próximo da realização da ati-vidade (até uma hora, ou, no máximo, 40 minutos).

> Antes da prática, preferir alimentos à base de carboidratos (mas-sas, pães, frutas, biscoitos, etc.), pois os mesmos são responsáveis pelo fornecimento da energia necessária ao organismo durante a realização dos exercícios. As refeições pré-exercícios devem ser pobres em proteínas (carnes, leites e derivados) e gorduras (óleos, frituras), pois esses nutrientes são digeridos de forma mais lenta e podem causar desconforto durante a atividade.

> Alimentar-se logo após a realização do exercício ajuda a repor o gasto energético e a recuperar o corpo para a próxima atividade física. No caso, dê preferência a alimentos que são fonte de prote-ínas e carboidratos, como um sanduíche de queijo e um copo de suco de fruta.

> A hidratação também é muito importante, pois de um modo ge-ral a atividade física, em qualquer situação, faz o organismo perder água. A ingestão aumentada de líquidos, durante e após o exercí-cio, é muito importante para prevenir a desidratação. É recomen-dável ingerir 200 ml de água a cada meia hora de atividade.

Nutrição esportivaCombine o exercício

com uma alimentação e hidratação saudáveis

Jane recomenda a prática dos patins para todas as idades,

com exceção das mulheres grávidas (porque seu centro de

gravidade muda e isto poderá ocasionar desequilíbrio) e dos

idosos, devido ao perigo que as quedas representam para a

saúde dos mesmos.

Presidente da FCP, Eder Tavares Cavalcante (Bicudo)

Instrutor de patins na Praia

de Iracema, Allison Alves

>vida saudável

C

28 COSTUMES

Em conexão com a natureza

A vida agitada, o trânsito,

os carros bem fechados

no ar condicionado e

violência nas ruas, fizeram

com que as pessoas se

acomodassem a uma

existência sem o que

deveria ser essencial em

seu dia a dia, o contato com

a natureza.

Os seres humanos foram criados

para viver em harmonia com o

mar, as árvores, a areia, as serras,

as chapadas, o sol e a lua. Essa é a

perspectiva sob a qual Norval Ba-

tista Cruz, 56, terapeuta corporal,

que pratica atletismo e triátlon,

constrói seu cotidiano.

>movimento

O escritor e atleta de atletismo e triátlon, Norval Batista Cruz

29COSTUMES

O baiano, residente em Fortaleza desde 1992, abriu a em-

presa Tempo Livre, que proporciona atividades ligadas ao

meio ambiente natural, técnica que denomina como Mo-

vimentos de Consciência Corporal e Ancestralidade Africa-

na. A Tempo Livre abriga vários espaços diferenciados, com

decoração rústica, e o uso de temas africanos. O maratonis-

ta, que já correu uma prova de cem quilômetros, tem uma

sala repleta de troféus e medalhas, na

qual também funciona um gabinete de

antropometria, conjunto de técnicas

utilizadas para medir o corpo humano

ou suas partes. Outro espaço especial é

a Oca Mãe, em que são promovidas ofi-

cinas, cursos e apresentações, sempre

seguindo a essência africana.

A Tempo Livre tem, também, uma área reservada para a

prática de técnicas de relaxamento e massoterapia, além

de cursos para reeducação alimentar vegetariana. A litera-

tura, por sua vez, outra paixão de Norval, se concretiza em

uma biblioteca com cerca de mil livros e na obra em que

publicou seu trabalho: “Consciência Corporal e Ancestrali-

dade Africana”.

Correr, dançar, caminhar, subir, descer e cantar são algumas

das atividades que fazem parte da prática desenvolvida por

Norval. Os amantes da natureza e do esporte, e até aqueles

que tiveram uma vida total ou em grande parte sedentária,

são estimulados a buscar hábitos mais saudáveis e a se exerci-

tar. Ele não se declara autor da técnica, entretanto, afirma que

os movimentos ancestrais são infinitos, são movimentos dos

animais, das plantas, dos minerais. “Eu

apenas descobri... e me apropriei.”

Nos movimentos dos primeiros grupos

de hominídeos, de um sítio a outro, os

corpos estavam mais próximos da ter-

ra, das árvores, dos rios, das grutas, das

lagoas e isso proporcionava potência e

força diante da constante exigência de deslocamento. As-

sim, há 18 anos o triatleta vem desenvolvendo, com grupos

formados por participantes de toda idade, os Movimentos

de Consciência Corporal e Ancestralidade Africana. O tra-

balho surgiu a partir de uma iniciativa dos Mercadinhos

São Luiz. Hoje, as atividades são realizadas semanalmente

na Praça do Cocó e na Praça Parreirão.

O corpo é um microcosmo do macrocosmo, ele é natureza. Ficar sem um banho de mar

ou cachoeira durante um ano, não dançar, não cantar, tudo

isso é uma agressão ao corpo.

>movimento

30 COSTUMES

Uma outra iniciativa de Norval visa a preservação da cultura africana

A ONG África em Mim, uma extensão da Tempo Livre, realiza

cursos e atendimento aos quilombos no Município do Novo

Oriente. Mais uma iniciativa de Norval, que assume a respon-

sabilidade por preservar a cultura africana. “Enquanto negro,

eu me vejo com a missão de estar repassando e transmitindo

o que vivenciei da cultura negra, que acaba por ser margina-

lizada, discriminada e excluída, não só na sociedade, mas na

educação, se confundindo com o folclore”, afirma ele.

>movimento

Luiza Rodrigues dos Santos, 79, é a aluna há mais tempo pre-

sente no grupo do Parque do Cocó. “Os Movimentos trouxeram

muitos benefícios para mim, como a saúde, e melhorou o meu

relacionamento com as pessoas”, afirma. Ao final de cada aula,

Luiza gosta de cantarolar suas melodias, prorrogando o momen-

to de convívio agradável entre os participantes do encontro.

Outra das alunas de Norval, Maria Carneio, 56, fala nos be-

nefícios da prática. “Aqui, a gente se exercita com o próprio

movimento do corpo e não com máquinas. A gente sente o

esforço, e se sente bem”.

Norval faz um diagnóstico da sociedade de hoje e aconselha:

“as pessoas vivem sedentárias em suas casas, escritórios e em-

presas, assumindo posturas altamente agressivas para os seus

corpos, que são sagrados, um templo que deve ser cuidado

e sempre levado a interagir com ambientes naturais, além de

necessitar de uma alimentação saudável. Tudo isto pode im-

pedir que doenças se desenvolvam”.

Uma vez por ano, Norval viaja fazendo excursões para

serras, chapadas e praias, como Jijoca e Jeri. Além desses

lugares, visita com frequência as dunas, sempre buscando

transmitir às pessoas que é possível vivenciar a natureza

de uma forma diferente com a prática dos Movimentos de

Consciência Corporal e Ancestralidade Africana.

A aluna mais veterana do grupo, Luiza Rodrigues dos Santos, 79 anos, fazendo alongamentos

Maria Carneio, 56, exercendo os Movimentos de Consciência Corporal e Ancestralidade Africana

Momento de confraternização pós-aula, entre o Norval e seus alunos

PHIL ADELPHIA.

DÊ UM PULINHO NO PARAÍSO

TODOS OS DIAS.

COMECE SEU

DIA MUITO MAIS

GOSTOSO.

O NO PARAÍSO

S.

SO.

Philadelphia.

É saboroso, cremoso,

diferente de tudo

o que você já provou.

C

PHIL ADELPHIA.

DÊ UM PULINHO NO PARAÍSO

TODOS OS DIAS.

COMECE SEU

DIA MUITO MAIS

GOSTOSO.

O NO PARAÍSO

S.

SO.

Philadelphia.

É saboroso, cremoso,

diferente de tudo

o que você já provou.

Referência em design e precursora do uso de fibras naturais, a cearense de coração, Guiomar Marinho

33COSTUMES

>me acostumei com você

A paranaense radicada há mais de cinco décadas no

Ceará, atenta aos valores da cultura brasileira, foi

precursora no uso de fibras naturais muito antes de

se falar em sustentabilidade e tornou-se referência

na área de design têxtil do estado.

Desde muito cedo, a vocação artística delineou os caminhos

de Guiomar Marinho, cuja cidade natal remete quase a um

poema épico: Rio Negro, no interior do Paraná. Descendente

de alemães e austríacos, teve sua ligação com trabalhos ma-

nuais cultivada em reuniões de finais de semana, nas quais as

mulheres da família bordavam juntas, reafirmando o concei-

to que na Áustria convencionou-se chamar de gemütlichkeit,

ou seja, intimidade e aconchego.

A inclinação para o desenho a fez pensar em cursar Belas

Artes, mas seguiu o conselho paterno de adiar essa forma-

ção, por ser muito jovem na época. Além disso, a atividade

artística era vista, na década de 1950, como uma espécie de

boemia, fora da sociedade tradicional. Igualmente interes-

sada pelo que fosse relacionado à natureza, Guiomar optou

então pelo curso de História Natural em Curitiba, onde co-

nheceu o engenheiro civil cearense com quem se casaria

aos 19 anos, o que resultou em sua mudança para o Ceará.

Em Fortaleza, Guiomar passou a ensinar desenho no Colégio

Piamarta, atividade que exerceu por dez anos, e fez vários

cursos de pintura (tornando-se discípula até mesmo do suíço

Jean-Pierre Chabloz, que revelou ao mundo o artista Chico

da Silva). Foram suas pesquisas pessoais, entretanto, que a

levaram à descoberta da tapeçaria, que se tornou uma pai-

xão para toda a vida, o encontro com a verdadeira vocação.

Mesmo dividindo essa atividade com a atenção a uma famí-

lia numerosa (ela teve seis filhos), sempre acompanhou de

perto os movimentos artísticos, mantendo contato com ou-

tras atividades culturais, como cinema, música e escultura.

Com a descoberta da tapeçaria, começou um novo ciclo de

estudo e pesquisa, realizou diversos cursos na área e mon-

tou seu próprio ateliê. Logo aconteceram as exposições ini-

ciais - a primeira se deu em 1970, durante a inauguração do

Palácio da Abolição. Em seguida, abriu sua própria loja, no

Hotel Praia Centro. Ainda que conhecesse o trabalho dos

grandes mestres da tapeçaria mundial, suas referências

eram sempre a natureza e as cores. Todavia, uma artista em

especial iria chamar sua atenção: a francesa Concessa Cola-

ço, que se casou com um embaixador português, mudou-

se para o Brasil e se integrou perfeitamente à nossa cultura,

Guiomar Marinho

por Renato Barros de Castro

Caminhos traçados entre a vida e a arte

34 COSTUMES

>me acostumei com você

criando o ponto brasileiro que, inspirado no samba, surgiu

de uma mistura entre o ponto de cruz e o ponto dos tape-

tes Arrayolos, uma alternativa ao que se fazia comumente,

ou seja, ao tradicional ponto Aubusson.

A grande guinada na carreira, inspirada pela cultura nordestina

Trabalhar com arte, entretanto, não era uma tarefa fácil na

década de 1970. Além disso, havia muitas discussões so-

bre a pertinência artística da tapeçaria, o que evidenciava

sua relevância. Ao mesmo tempo, o cenário econômico do

Brasil, em época de inflação, fez as artes ficarem em segun-

do plano, preteridas por atividades financeiras. Em meio a

esse momento desfavorável, surgiu a grande mudança que

transformaria profundamente as perspectivas profissionais

de Guiomar: voltando-se para o tear manual, ela buscou

inspiração na rede de dormir nordestina.

A partir da consciência de que não iria conseguir sobreviver

da arte da tapeçaria no cenário de instabilidade econômi-

ca que tomava o país, ela visitou tecelagens manuais em

Jaguaruana e no bairro do Montese, em Fortaleza. Tentou

adaptar o tear de rede para tecer tapetes, optando em se-

guida pelo tear mineiro, que já estava pronto. A iniciativa a

fez conquistar reconhecimento na área de design têxtil do

estado, recebendo homenagens em eventos de decoração

já consolidados, a exemplo da anual Casa Cor.

Os materiais utilizados em seu trabalho, ainda hoje, são esco-

lhidos com muito cuidado, revelando a preocupação em re-

alizar algo bem brasileiro e diferenciado: seda, puro algodão

e fios de diversos tipos, a exemplo do encontrado em Tauá,

feito em roca, e que não possui agrotóxicos. Guiomar foi pre-

cursora do uso de fibras naturais muito antes da valorização

de conceitos como sustentabilidade. Para ela, o tapete é um

elemento importante na decoração, pois delimita espaços e

dá aconchego aos ambientes, e se torna essencial observar a

relação direta entre o material e sua utilização.

Guiomar em seu ateliê de tapeçaria

35COSTUMES

>me acostumei com você

Com um trabalho personalizado, completamente feito à

mão, as coleções são pesquisadas, desenvolvidas e colo-

cadas em medidas padrão, ajustadas de acordo com as

necessidades do público. Sempre atenta a temas como

arte e cultura brasileira, a artista compõe peças que se

destacam pelo espírito de vanguarda e pela autenticida-

de, inspiradas na natureza e em elementos do cotidiano,

com o apoio de experiências resultantes de viagens, leitu-

ras e feiras internacionais.

Mas o que faz de um objeto uma obra de arte? Para Guio-

mar, essa questão é bastante subjetiva, mais relaciona-

da ao olhar do espectador do que ao do artista. Quanto

ao ato de criar, ele estaria intrinsecamente ligado a uma

percepção diferenciada do real, a um modo particular de

observar o que está a nossa volta. Essa percepção apura-

da, no caso dela, equivale a transformar ideias em obras

concretas, objetos com finalidade prática que proporcio-

nam prazer por sua beleza artística e ainda podem deco-

rar nossa casa. C

36 COSTUMES

As grandes navegações portuguesas demarcaram não ape-

nas uma infi nidade de novos domínios territoriais, mas tam-

bém gustativos. Com colônias espalhadas no Novo Mundo,

na África e no Oriente (até mesmo em Macau, na China), os

portugueses foram agregando novos temperos e sabores

ao seu paladar, bem como realizando importantes trocas

comerciais de especiarias, o que resultaria numa mistura

única e internacionalmente aclamada.

Apesar de deter o conhecimento de uma vasta cultura alimen-

tar, a culinária lusa já se mostra rica e independente de qual-

quer acréscimo. Afi nal, a costa portuguesa fornece uma boa

variedade de espécies de peixes. O interior do país, por sua

vez, sempre teve tradição em produzir carnes de ótima quali-

dade: caprinos, bovinos, ovinos, e também saborosos coelhos,

perdizes, javalis e pratos de caça, como o faisão.

De acordo com João Carlos Gomes de Oliveira, proprietário

do Restaurante João do Bacalhau, referência em cozinha

portuguesa na capital cearense, toda essa riqueza está li-

>sabores do mundo

CozinhaportuguesaCozinhaportuguesa

Famosa pela generosidade das porções e

pelo sabor inigualável de seus pescados,

a culinária portuguesa encanta o mundo

inteiro e embriaga os sentidos com

a variedade e a qualidade de vinhos

que a acompanham. Essa aventura

gastronômica pelos sete mares nos leva

até nossas origens culinárias...

uma viagem sensorial aos quatro continentes

por Renato Barros de Castro

37COSTUMES

>sabores do mundo

gada à abertura do povo luso para com diferentes povos e

terras, assim como a aventura de embarcar na descoberta

de sabores desconhecidos. O principal traço da culinária

portuguesa, a propósito, é a condimentação, traço que está

diretamente relacionado às viagens ultramarinas.

“Portugal é um país muito rico em gastronomia, pois agre-

ga condimentos de vários lugares do mundo, unindo pro-

dutos europeus e de outras partes do globo, o que confe-

re um sabor único ao nosso paladar. Nós misturamos os

ingredientes de vários lugares, assim como os espanhóis,

levando condimentos de um continente ao outro, intro-

duzindo-os na culinária portuguesa e na culinária de ou-

tros países. O café, por exemplo, é africano, mas podemos

encontrar excelente café em território brasileiro”, afi rma

João de Oliveira, ele mesmo um exemplo da interconti-

nentalidade da cultura lusitana: sua experiência profi ssio-

nal remete a suas origens na África, à formação na Europa

e à própria vivência na América do Sul.

Natural da cidade de Benguela, Angola, onde nasceu no

ano de 1960, João se mudou aos 15 anos de idade para a

cidade de Viseu, na região de Beira Alta, em Portugal, a fi m

de fugir da guerra que assolava seu país de origem e duraria

mais de três décadas. Aluno do curso de Engenharia Civil em

Coimbra, optou por abandonar essa carreira ao descobrir sua

verdadeira vocação a partir da vivência em acampamentos

estudantis, onde descobriu o dom para a cozinha.

“Os que não tinham essa vocação, lavavam louça”, brinca

João, que começou a ser convidado para realizar jantares de

casamento e, assim, decidiu estudar gastronomia com chefs

portugueses de Lisboa, do Algarve e do Norte de Portugal.

Depois de se divorciar, aos 28 anos, ele resolveu mudar para

o Brasil. A escolha por Fortaleza se deu prioritariamente por

conta do clima quente e com pouca chuva, preterindo Natal

e Angra dos Reis por serem cidades menores, muito diferen-

tes da agitação lisboeta a que já havia se acostumado.

Instalado na capital cearense em 1990, casou com uma ce-

arense alguns anos após sua chegada e passou a adaptar

os pratos tradicionais da culinária portuguesa ao gosto lo-

cal. O bacalhau, por exemplo, nunca é servido com arroz

em Portugal, enquanto por aqui o costume é exatamente o

contrário. “A galinha à cabidela de que os cearenses gostam

tanto é, na verdade, um prato português, mas feito de outra

forma. No Ceará, faz-se a galinha ao molho e se serve com

arroz e pirão. Em Portugal, a galinha é cozida com o arroz

e, no fi nal, acrescenta-se o sangue e o vinagre. O sabor é

bastante diferente, ainda que estejamos falando do mesmo

prato”, afi rma Oliveira.

Adepto da cozinha do Norte de Portugal, João não poupa

elogios à tradição culinária da região: “É esta que pratica-

mos no restaurante (João do Bacalhau), ela se diferencia

das outras por ser mais elaborada. É a melhor. No entanto,

também sei fazer pratos à moda de todas as outras regi-

ões portuguesas. Se chega alguém aqui e pede para provar

uma receita à moda desta ou daquela localidade, eu tam-

bém faço. Na verdade, é minha obrigação!”, exclama.

De acordo com João, os pratos mais apreciados pelos cea-

renses são a lagosta grelhada, o risoto de frutos do mar, o

“leitão de bairrada” (porco pequeno assado em forno à le-

nha), o cabrito a padeiro (assim chamado por ser assado no

forno de pão) e o sirigado (badejo grelhado no sal grosso

O dono do Restaurante João do

Bacalhau, João Carlos Gomes de Oliveira com o carro chefe

da casa, o Bacalhau Lagareiro

38 COSTUMES

com batatas ao murro, pimentão, cebola, azeite e alho). Não

poderia faltar nessa lista, é claro, o prato por excelência da

cozinha lusa: o bacalhau.

Hoje aclamado no mundo inteiro, o bacalhau possui uma va-

riedade enorme de receitas, a exemplo do “lagareiro” (servido

com batatas ao murro, cebola, pimentão, azeite, alho e azeito-

na) e o “Gomes de Sá” (cozido com batatas, ovos, azeite, cebola

e azeitona). “Temos mil receitas de bacalhau. Mil e uma, aliás,

pois sempre vemos surgir uma nova forma de fazer este prato.

Todo bacalhau tem uma história para contar”, afi rma João.

“Para acompanhar o bacalhau, tanto o vinho branco quanto o

>sabores do mundo

Ingredientes

1kg de bacalhau½ kg de batata1 cebola1 pimentão300 ml de azeite50g de azeitona preta6 dentes de alho

Modo de preparo

1. Asse o bacalhau na brasa (ou no forno) por 30 minutos.2. Coloque a batata e a cebola numa bandeja, cubra com sal grosso e leve para assar ao forno durante 45 minutos.3. Depois de tudo assado, monta-se o prato: as batatas têm que ser ao murro, o pimentão deve ser usado para decorar e a cebola, cortada em quatro partes.4. Coloque o azeite e o alho (batido) em uma frigideira. Quando estiver dourado, derrame sobre o prato montado.

5. Acrescente as azeitonas pretas e bom apetite!

Serviço

Restaurante João do Bacalhau – Cozinha PortuguesaRua República do Líbano, 1073 - Telefone: (85) 3267-3029Aberto de segunda a segunda, a partir das 11 da manhãMarisqueira João do BacalhauRua Frederico Borges, 496- Telefone: (85) 3267-3007Aberto de terça a domingo, somente almoço.

Bacalhau Lagareiro

tinto podem servir, dependendo do gosto do consumidor. Os

mais indicados são os vinhos Cartucha e Eugênio de Almeida –

EA (brancos), ou Corte de Cima, Monte do Pintor, Barca Velha e

Quinta da Leda (tintos)”, sugere o luso-angolano-cearense.

Ao ser interrogado sobre o sucesso da gastronomia portu-

guesa, João é rápido na resposta: “É uma cozinha simples e

muito saudável, que tem entre seus principais ingredientes

elementos como azeite, alho, sal, cebola, pimentão e toma-

te”, afi rma, aproveitando a deixa para ensinar o passo a passo

de um prato saboroso e fácil de preparar em casa. Como não

poderia deixar de ser, trata-se de um autêntico bacalhau...

Uma receita defi nitivamente portuguesa, com certeza!

A história do bacalhau

Quem poderia imaginar que o famoso bacalhau português, na verdade, é originário da Escandinávia! Isso mesmo. Durante a Idade Média, a Noruega não produzia sal, o que levou o país a realizar trocas comerciais com Portugal, que lhe fornecia sal para receber, por sua vez, o peixe. Transportado em caravelas, o baca-lhau norueguês era conservado na salmoura, dentro de barris, até a região portuguesa de Aveiro, onde era posto a secar e, pos-teriormente, consumido pelas camadas menos favorecidas da população. Com o tempo, as pessoas foram retirando o excesso de sal e assim foi surgindo o prato como o conhecemos.

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40 COSTUMES

Fé, religiosidade e devoção. Eis a tríade que vem ins-

pirando os artistas da região do Cariri, independente

da época em que realizem suas obras. Seja na dança

dos Irmãos Aniceto, na fotografia de Tiago Santana

ou na literatura de Batista de Lima, a espiritualidade

é o ponto de convergência para as mais variadas con-

cepções e modos de ver, permeando inúmeras mani-

festações culturais.

No caso caririense, os motivos para a junção entre arte

e espírito estão ligados, naturalmente, à busca das ori-

gens (tanto no sentido físico quanto metafórico) e ao re-

conhecimento da importância da terra natal enquanto

O Cariri sob outros ângulos:

Envolvida com a efervescência cultural de sua terra,

a artista plástica e arte-educadora Ângela Moraes

pauta sua atuação profissional pelo registro das

manifestações populares de Juazeiro do Norte, um

dos principais pólos da cultura cearense

espaço de compreensão de si mesmo e do outro como

ser humano, dentro da aventura desconhecida e quase

sempre surpreendente que é viver.

“O Cariri tem um povo místico, que se baseia em duas

vertentes na vida: subjetividade e racionalidade. Tem,

portanto, um povo poético. Além disso, no Cariri se en-

contra o sertanejo sedentário que, ao contrário do serta-

nejo nômade (o vaqueiro), é ligado à moagem, ao enge-

nho. Dessa forma, esse sedentarismo leva as pessoas a

valorizar ainda mais a terra”, afirma o escritor Batista de

Lima, nascido em Lavras da Mangabeira, e que integra a

Academia Cearense de Letras.

>retalhos do Cariri

41COSTUMES

Para a artista plástica Ângela Moraes, a arte caririen-

se também é vista como algo instintivo e visceral, um

impulso com o qual já se nasce e que permeia toda a

existência. “No Cariri, de onde venho, arte se aprende no

berço. Depois, se faz com empenho, com orgulho e com

apreço”, explica a artista, cuja criatividade une experiên-

cias artesanais, colagens e fotografias, que buscam ex-

plorar as possibilidades do olhar sobre coisas comuns,

levando o contemplador de sua arte por caminhos inu-

sitados e extraordinários.

Tudo começou em meados dos anos 80, quando Ângela

passou a trabalhar em arranjos compostos de elemen-

tos naturais, como fragmentos de folhas, flores e frutas.

Isso resultou na mostra Translúcidos, que lhe rendeu

uma exposição individual em Paris e o respeito da co-

munidade artística no Cariri.

Seguindo o mesmo caminho, em pesquisa realizada ao

longo dos anos de 2003 e 2004, Ângela fez um registro

fotográfico das festas religiosas de Juazeiro do Norte,

compondo um vasto acervo de imagens das cores, das

formas e dos ícones do universo das romarias populares.

Além dos romeiros e seus símbolos, ela também captou

o comércio que atende essa população flutuante de

devotos. Parte do trabalho foi apresentado ao público

no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Juazeiro do

Norte, na exposição Arte Reversa, em julho de 2011, na

comemoração ao centenário da cidade.

Nas fotos, a originalidade do olhar acaba por produzir uma

espécie de realidade paralela, onde a imagem captada se

transforma em arte por meio de fusões, ângulos recriados,

combinações cromáticas, perspectivas e simetrias. É de-

volvida a quem observa (o povo-artista, que construiu a

imagem original) uma realidade transformada, um jogo

de espelhos onde estão refletidos os rostos dos que com-

puseram a paisagem.

“Assim estará armado o espaço para o grande diálogo,

compreendendo a integração do artista com seu públi-

co e a identificação desse público com a arte que lhe é

apresentada”, explica Ângela, que pretende trazer a ex-

posição Arte Reversa para Fortaleza em 2012, no Centro

Cultural Banco do Nordeste.

>retalhos do Cariri

A artista plástica e arte-educadora, Ângela Moraes, apaixonada pela arte do Cariri

C

42 COSTUMES

O Sonhar Acordado nasceu no México, em 1998, e se es-

palhou rapidamente por diversas cidades do Brasil e de

outros países, como Espanha, Argentina, Itália, Colôm-

bia e Chile. Em Fortaleza, desde 2001 o projeto realiza

diversas atividades anualmente, em seis instituições da

periferia da cidade, com crianças de 4 a 10 anos e foco

educativo, recreativo, de estruturação e melhoria das

condições de ensino.

A coordenadora geral do projeto em Fortaleza, Lia Quin-

deré, relata: “No Natal, fazemos a festa comemorativa de

todas as ações realizadas no ano reunindo cerca de 1000

crianças e 500 jovens voluntários. Em todas as datas co-

A esperança de um sonho

memorativas desenvolvemos ações. Em janeiro, tem o Km

Inteligente, uma arrecadação de material escolar, que tem

como meta conseguir um quilômetro de livros, cadernos

e lápis. Na páscoa, fazemos a nossa celebração. Em junho,

temos o Dia do Sonho, que acontece no Beach Park. Em

outubro, fazemos o dia das crianças nas escolas. Sem falar

das outras ações pequenas, mês a mês”, afi rma.

“O Sonhar acordado, para mim, é uma missão que me foi

confi ada por Deus. Tenho grande amor e zelo por ela. Espe-

ro que um dia eu consiga olhar pra trás e dizer que fi z tudo

o que estava ao meu alcance para cumprir os objetivos do

Projeto. Nosso Projeto não é assistencialista. Costumamos

dizer que ele não dá o peixe, ele ensina a pescar, fala Lia.

Vários voluntários trabalham no Sonhar Acordado, seja re-

formando uma sala de aula, fazendo uma campanha para

arrecadação de livros ou cuidando das crianças. Um exem-

plo é o administrador, André Ximenes Fiuza, que desde

2006 sentiu a necessidade de investir seu tempo em traba-

lhos voluntários, buscando agregar algo positivo na vida

das crianças menos favorecidas socialmente. “Quando sirvo

ao próximo, sinto-me muito recompensado com os sorrisos

de alegria e felicidade”, relata André.

>por um mundo melhor

Os projetos sociais desenvolvidos em Fortaleza

fazem uma grande diferença na vida das

pessoas menos favorecidas economicamente.

Um grande exemplo é o Sonhar Acordado, que

trabalha com o intuito de promover a infância

e transmitir valores éticos e morais às crianças,

enquanto constrói uma forte consciência social

e senso de voluntariado nos jovens.

por Rafaele Esmeraldo

43COSTUMES

Já a publicitária Ana Maria Mendes trabalha com o Sonhar

Acordado há 7 anos. “Sempre gostei de ajudar, e participar

das atividades lúdicas com crianças carentes era algo que

me chamava bastante atenção”, relata Ana Maria.

“A minha vida mudou muito. Cada vez que vamos às es-

colas, ou fazemos ações maiores, aprendemos demais.

As dificuldades que essas crianças enfrentam são bem

maiores do que se pode imaginar. Pergunto-me, cons-

tantemente, de onde vem a força que elas possuem. Elas

são a demonstração da presença de Deus nos homens”,

diz, emocionada, a voluntária Ana Maria.

A Fundação de Educação e Saúde Mandacaru, situada em

uma comunidade do Vicente Pinzón, na Praia do Futuro, co-

nhecida como Morro do Sandra’s, é uma das instituições be-

nefi ciadas pelo Projeto Sonhar Acordado. Segundo a Coor-

denadora de Projetos Sociais, Isabella Farias, desde 2002 são

desenvolvidas ações de educação e saúde com 80 crianças.

Entre os diversos projetos desenvolvidos na Fundação, há o

jardim de infância, o reforço escolar, o grupo de capoeira, a ofi -

cina de papel reciclado, a prevenção e o tratamento de doen-

ças parasitárias, os cursos profi ssionalizantes e as palestras.

Isabella enfatiza que a parceria com o Sonhar Acordado

oportunizou às crianças sair da comunidade e ter direitos

a lazer, conhecendo ambientes diversos, antes impossíveis

por uma questão fi nanceira e de inclusão social. O objetivo

é benefi ciar mais famílias, como a de Maria Lidiane Vieira, 30,

mãe de cinco fi lhos, que vive em uma pequena casa de dois

cômodos com o marido e as crianças.

Lidiane está muito presente nas atividades da Fundação

Mandacaru, participa das reuniões, dos cursos e ofi cinas

oferecidos pela entidade, além de semanalmente contribuir

com a faxina e cozinha da instituição. “A Fundação Mandaca-

ru é como a casa da gente, lá meus fi lhos têm liberdade para

participar de tudo e eu ajudo no que posso”, afi rma Lidiane.

Já Maria das Graças Gomes da Silva, 56, nasceu em Crateús,

município do Estado do Ceará, e mora em Fortaleza há 24

anos, quando casou. Depois disso teve vinte fi lhos, dos quais

apenas seis estão vivos. Maria das Graças viveu até o ano

Mudança de vida

>por um mundo melhor

Maria Lidiane Vieira, 30, e seu fi lho, que participam da Fundação Mandacaru

Maria das Graças Gomes da Silva, 56, e suas netas, que estudam na Fundação Mandacaru

44 COSTUMES

passado em um barraco de madeira, mas conseguiu cons-

truir no mesmo local uma casa de tijolos, onde vive com suas

quatro netas, abandonadas pela mãe. As crianças estudam

na Fundação Mandacaru e a família recebe donativos, além

de periodicamente ter assistência à saúde, realizada por mé-

dicos voluntários da Fundação.

>por um mundo melhor

Serviço:ONG Sonhar Acordado

Coordenadora geral – Fortaleza: Lia QuinderéTelefone: (85) 8824.8854

www.sonharacordado.org.br

Outros sonhos“Desde que a Fundação Mandacaru chegou aqui, temos

apoio e tratamento para as doenças das crianças. O pessoal

de lá é muito bom com a gente”, afi rma Maria das Graças.

Entre outras instituições, a Fundação Terra – Maracanaú /CE, lo-

calizada no bairro do Alto Alegre II, implantou e vem executan-

do vários projetos na comunidade desde 2010, visando propor-

cionar oportunidades de melhoria de vida às pessoas de baixo

poder econômico, entre gestantes, recém-nascidos, jovens,

adultos e crianças em parceria com o Projeto Sonhar Acordado.

Andrea Maria Gondim, membro do Grupo Gestor, relata:

“Temos aprendido muito com o Sonhar Acordado, especial-

mente no que diz respeito à organização e planejamento de

atividades voltadas para as crianças. Estas, ao participar dos

eventos promovidos pelo Projeto Sonhar Acordado, têm sua

auto estima fortalecida, e são estimuladas a valorizar o com-

promisso com a disciplina e a frequência escolar nos projetos

da Fundação Terra e das Pastorais na Igreja”.

Maria Vanusa Sousa, 34, mãe de duas crianças participan-

tes da Fundação Terra, afi rma: “O trabalho desenvolvido

pela Fundação é maravilhoso, tanto para os idosos como

para as crianças. A chegada desse projeto foi a melhor

coisa que já aconteceu na vida dos meus fi lhos, era o que

faltava na comunidade”. C

Do tradicional ao moderno,a decoração de Natal que faz a diferença

>ideias de decoração

Natal é sinônimo de família reunida, casa arrumada, árvore montada. Entretanto, com o início dos preparativos, vem também a vontade de sair da mesmice e ousar na decoração. E isso é permitido! Muitas pessoas não sabem que essa é uma comemoração na qual se permite usar e abusar das cores, brilhos e acessórios. Desde as decorações tradicionais às mais modernas, tudo pode ter o seu estilo, só não vale esquecer o bom senso.

46 COSTUMES

por Isabella Purcaru

47COSTUMES

>ideias de decoração

Quando se fala em decoração de natal, há quem goste de

fugir das cores vermelho e verde, como também quem faça

questão de fazer parte dessa tradição. A decoradora Branca

Mourão, no mercado há 12 anos, sugere uma opção para

incrementar sua Ceia de Natal: apostar em uma decoração

regional, aconchegante e própria da dona da casa.

A conselho de Branca é para sempre usar a criatividade,

escolhendo as melhores peças que se há em casa: “A de-

coração da Ceia de Natal tem de ser feita com o que você

tiver de mais bonito, mais requintado”. A decoradora, que

é adepta da ousadia, está acostumada a receber convi-

dados em casa para o Natal e já brincou com várias com-

binações de cores, como laranja, amarelo e dourado ou

lilás, rosa e prata. “Gosto de fazer o Natal com cara de casa,

fugindo do tradicional. O bacana é você ousar, criar, dar

um toque pessoal, já que hoje as pessoas estão buscando

arrumar sua própria casa, em vez de chamar outra pessoa

para fazê-lo”, ela comenta.

Outra possibilidade é valorizar o nosso artesanato. “Esta-

mos acostumados a fazer um natal muito americanizado, o

pinheiro como árvore de natal, os bonequinhos remetendo

ao frio, mas poderíamos valorizar a renda renascença, a de

bilros, o richelieu, isso é que é a nossa cara”.

Branca informa que está em alta o estilo mais voltado para o

clássico, remetendo à mesa bem posta, para as pessoas sen-

tarem e realmente jantarem. “Na decoração, brincamos com

o amarelo e o dourado nas taças, mas ao mesmo tempo tudo

foi neutralizado com o branco das flores, pois qualquer que

seja a decoração da casa, sempre ficará bonito e combinado.

Assim como a prataria, o branco e o cristal vão ficar bonitos,

independente da decoração da casa.”

A designer de eventos, especializada em decoração de me-

sas, Tereza Cristina Cirino explica que é importante buscar

harmonia e complementa: “O natal é uma festa muito boni-

ta e feliz, então tudo que é feito para trazer alegria é válido.

Para simbolizar essa alegria usamos as cores. O verde e o

vermelho são sempre bem vindos, sem esquecer o dourado

e o prata para o toque final”.

No quesito decoração, um dos itens que não pode faltar na

ceia de natal, de acordo com a designer, são as velas, elas

significam a luz que o menino Jesus trouxe para o mundo.

A especialista conta que também usou folhas, arranjos com

flores vermelhas e laços de fitas para remeter ao tradicional,

que para ela nunca sai de moda e sempre pode ser rein-

ventado. O guardanapo e o porta guardanapos são funda-

mentais. “Eles dão um ‘molejo’ à decoração da mesa”, afirma

Ideia para mesa tradicional montada pela especialista em decoração de mesas, Tereza Cristina Cirino

48 COSTUMES

Serviço:

Branca Mourão Party Designer Rua Deputado Moreira da Rocha, 915 Telefones: (85) 3246.0991 / (85) 9909.1902

Acervo WP – Aluguel para eventos Av. Engenheiro Alberto Sá, 1315 Telefones: (85) 3262.5769 / (85) 9997.3860

Miranda Comércio de Antiguidades Av. Engenheiro Alberto Sá 321 Telefone: (85) 3234.3220

>ideias de decoração

Seja qual for a cor do seu Natal, valem as seguintes dicas:

Toalha/ Jogo americano

Para a toalha de mesa, podemos usar o linho, a própria renascença, o labirinto ou mesmo o richelieu. Caso sua mesa for bonita e merecer ficar à mostra, abuse do jogo americano com os mesmos tecidos que se usaria em uma toalha de mesa.

Guardanapos

Prefira os de linho, dão o charme e a sofisticação da con-fraternização.

Porta guardanapo

Podem ser do mesmo tecido da toalha ou do jogo ameri-cano. Outra idéia é usar a própria florzinha dos arranjos. Se a toalha ou o jogo americano estiverem seguindo o estilo regional, pode ser de palha de buriti ou outro artesanato de sua preferência.

Louça

A porcelana é sempre uma boa alternativa, independente da cor. Se tiver que investir em uma, aposte no branco, que combina com qualquer decoração.

Copos/Taças

As de cristal dão o tom de comemoração. Lapidadas ou com cor, vão dar aquele diferencial a sua mesa. Para quem não ti-ver em casa, a opção é contratar uma empresa especializada em aluguel de louças para eventos.

Velas

As velas não podem faltar. Elas dão o clima aconchegante e transmitem a paz e imponência de uma comemoração. Distribua-as em candelabros, ou em peças baixas menores.

Flores

As flores devem seguir o gosto do decorador. No tom regio-nal, podemos optar pelas rosas, já que o Ceará está entre os maiores produtores do Brasil.

Tereza Cristina, frequentemente requisitada para fazer de-

corações de ambientes de festas. Ela alerta ainda para, no

caso da decoração com cores fortes, apostar em uma louça

neutra, a fim de não gerar conflitos.

Uma possibilidade para quem gosta de inovar montada pela

decoradora Branca Mourão

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C

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Você sabe o que significam os pratos

que compõem a ceia?

Poucas datas comemorativas possuem simbologia tão rica

quanto o Natal. Da árvore ao peru da ceia, tudo faz parte

de tradições históricas, em alguns casos com mais de dois

mil anos. O resultado é uma festa que envolve não apenas a

liturgia cristã, mas a soma de diversas crenças populares.

A ceia natalina, em sua origem bíblica, está ligada à última

ceia de Cristo ao lado dos discípulos. Conforme a literatura,

o costume seria originário da Europa antiga, de quando os

cristãos, para comemorar a data, deixavam as portas das

casas abertas para receber, junto a suas famílias, viajantes

e peregrinos. A confraternização incluía uma mesa abasta-

da, composta por diversos pratos. Esses pratos possuem,

porém, sua própria história, que contribui para agregar um

signifi cado específi co a cada um deles.

Natalcom significado

50 COSTUMES

por Isabella Purcaru

51COSTUMES

>ceia de Natal

52 COSTUMES

>ceia de Natal

Ingredientes1 embalagem de Peru Temperado Congelado Sadia (cerca de 6Kg)3 cebolas cortadas em cubos pequenos½ xícara de chá de melado de cana1 ½ xícara de chá de Margarina Qualy Cremosa1 xícara de chá de vinho branco seco3 xícaras de chá de farinha de mandioca torrada em fl ocos½ xícara de chá de azeitona verde picada 1 vidro de palmito cortado em rodelas1 xícara de chá de castanha de caju torrada e picada½ xícara de chá de salsa picada1 pimenta dedo de moça sem sementes picadaSal e pimenta do reino preta moída na hora, a gosto

Modo de preparo

1) Descongele o peru conforme as instruções da embala-

gem. Retire o saco de miúdos e separe para usar em sopas, farofas ou caldos.2) Preaqueça o forno em temperatura média (200ºC).3) Numa assadeira grande, espalhe as cebolas e acomode o peru sobre elas. Amarre as pernas da ave com barbante, fe-che a cavidade e prenda as asas com palitos. 4) Pincele com uma pasta feita com o melado e a Qualy, re-gue com o vinho branco e cubra com papel-alumínio. 5) Asse por cerca de 1 hora e 30 minutos, retire o papel alumí-nio e asse por mais 1 hora e 50 minutos ou até o termômetro pular. Nesta fase, regue o peru a cada 20 minutos com o caldo da assadeira. Transfi ra o peru para uma travessa e reserve.6) Leve a assadeira ao fogo, solte a crosta do fundo, descarte o excesso de gordura e junte a farinha de mandioca, a azeitona e o palmito. Apague o fogo, junte a castanha de caju, a salsa, a pimenta dedo de moça e tempere com o sal e a pimenta do reino. Misture bem e sirva em seguida com o peru.

Peru dourado comfarofa de palmito

Segundo a nutricionista Nívea Albuquerque, em meados

do século XIX, os ingleses substituíram o cisne pelo peru,

ave considerada ainda estranha e inicialmente denomina-

da de “galinha da índia”, pois era comum confundir o con-

tinente americano com a Índia. O peru se tornou símbolo

de celebração para datas importantes durante o processo

de colonização inglesa nos EUA, quando os índios serviram

a ave para comemorar a primeira grande colheita. Desde

então, tornou-se um prato tradicionalmente servido no Dia

de Ação de Graças.

Na Europa e nas Américas, o jantar de Natal foi transforma-

do em ceia quando o peru passou a ser o prato principal, e

no Brasil é consumido durante o ano todo. Empresas como

a Sadia ajudam a contar a história de alguns hábitos de con-

sumo do brasileiro, que tem na sua trajetória a credibilida-

de em produção de peru. Além do tradicional, que já vem

limpo e com termômetro de preparo, pode-se encontrar

o peru sabor manteiga e ervas, ou o desossado recheado

com farofa. Com preparo prático, o peru da Sadia teve seu

tempero desenvolvido de acordo com o paladar do consu-

midor brasileiro.

Peru

53COSTUMES

>ceia de Natal

Ingredientes3 mangas tipo haden maduras e fi rmes descascadas e cortadas em tiras fi nas1 colher de chá de açúcarsal e pimenta do reino preta moída na hora a gosto1 colher de sopa de aceto balsâmico½ pimentão verde cortado em tiras fi nas e sem sementes

Tender

½ pimentão vermelho cortado em tiras fi nas e sem sementes1 embalagem de Mini Tender Sadia

Modo de preparo

1) No liquidifi cador, bata metade da manga, o açúcar, o sal, a pimenta e o aceto balsâmico. Reserve.2) Numa vasilha, coloque a outra metade da manga, os pi-mentões o molho de manga. Reserve.3) Fatie o mini tender e espalhe o molho ao redor dele. Mantenha na geladeira, coberto com fi lme plástico até a hora de servir.

Mini tenderà tailandesa

O tender é uma outra especialidade do natal, original-

mente proveniente do pernil suíno ou presunto, muito

famosa e apreciada fora do Brasil. Também pode ser feito

a partir de carnes selecionadas do peru. É saboreado frio,

como entrada, acompanhando frutas frescas ou então

aquecido em forno convencional, transformando-se no

prato principal.

O nome deve-se ao fato de, ao passar a ser produzido no

Brasil, apresentar, na embalagem, a expressão inglesa

“Tender made”, que signifi ca “Feito com carinho”. O tender,

desde os anos 60, é um dos mais tradicionais produtos da

Sadia. A empresa disponibiliza ao cliente duas versões que

se adéquam ao tamanho das comemorações e ao bolso do

consumidor: o tender e o mini tender.

54 COSTUMES

Marcas como a Perdigão e a Sadia têm uma linha es-

pecial de frangos para ser vendida nas comemorações

de fim de ano. O fiesta e o chester nada mais são que

frangos melhorados geneticamente através de seguidos

cruzamentos entre aves com as características desejadas

para consumo.

Tais opções possuem menor teor de gordura, maior taxa

de proteínas e 70% da carne concentrada no peito e co-

xas. A criação dessas aves não é feita em qualquer granja,

pois requer grandes investimentos em infra-estrutura e

alimentação. A cearense Granja Regina acaba de lançar

também o Banquete, ave especial para ser consumida

não só nas festas de fim de ano, mas sempre que a famí-

lia estiver reunida. Temperado com especiarias naturais,

de sabor regional com toque de azeite, a ave vem com

um marinado por fora que proporciona um dourado e

crocância irresistível.

Modo de preparo

Descongelado o produto. Pré-aqueça o forno em 200 graus Celsius. Retire o produto do saco, coloque em uma assa-deira, cubra com papel alumínio. Leve ao forno por aproxi-madamente duas horas, retire o papel alumínio e deixe no forno por mais 40 minutos ou até que fique dourado.

Banquete Granja Regina

>ceia de Natal

Os portugueses exerceram grande influência sobre a

ceia brasileira, pratos como as rabanadas, castanhas,

cabrito e frango, além dos assados suínos, são algumas

das heranças que estão presentes na nossa celebração.

Segundo as superstições, o porco está sempre andando

e fuçando para frente e, por isso, é visto como um animal

que atrai a prosperidade para o ano novo, e seu alto teor

de gordura nos remete à fartura e à riqueza.

As frutas secas são um dos três ingredientes mais importan-

tes do Bolo do Rei, que representa os presentes oferecidos

pelos Reis Magos ao Menino Jesus em seu nascimento. A

crosta exterior simboliza o ouro; as frutas secas e cristaliza-

das, a mirra; e o aroma, o perfume do incenso. Mas o bolo

dos reis também tem história, reza a lenda que, a fim de aca-

bar com a disputa entre os magos para saber quem seria o

primeiro a entregar o presente ao menino Jesus, um padeiro

resolveu fazer um bolo e colocar uma fava dentro. Aquele

que a encontrasse teria o privilégio de ser o primeiro.

Aves

Porco e Leitão

Frutas secas

55COSTUMES

>ceia de Natal

O panetone chegou ao Brasil por intermédio dos italianos, porém não se

sabe exatamente sua origem. Uma lenda antiga diz que o panetone foi

criado por um padeiro chamado Toni que se apaixonou por uma moça

e, para impressionar seu sogro, criou uma nova receita de pão rechea-

da com frutas cristalizadas. Com o tempo, esse pão recebeu o nome de

“pan di Toni” ou seja o pão do Toni, atualmente chamado de panetone.

Segundo a nutricionista Nívea Albuquerque, “há várias lendas sobre seu

aparecimento, mas nenhuma teoria é confirmada. O fato é que o sabor

do mesmo está diretamente ligado ao Natal. No Brasil, o panetone foi

popularizado depois da Segunda Guerra Mundial pela mãos de italia-

nos que moravam aqui e resolveram comercializar este pão doce reche-

ado com frutas cristalizadas”.

O Natal, por ser uma das principais comemorações religio-

sas da Igreja Católica, divide com a Páscoa as estatísticas de

período de maior consumo de bacalhau. Também herança

de nossos colonizadores, o bacalhau outrora era a opção

mais barata para o jejum de carne imposto pela Igreja Cató-

lica. Com o passar dos séculos, o jejum foi desaparecendo,

mas a tradição do bacalhau, sobretudo na ceia de Natal,

manteve-se intacta até aos nossos dias. Depois da Segunda

Guerra Mundial, tornou-se um produto só consumido pelos

mais ricos. A escassez de alimentos em toda a Europa levou

ao aumento do seu preço e o consumo do bacalhau res-

tringiu-se às camadas mais elevadas da sociedade. Os mais

pobres apenas se davam ao luxo do prová-lo nas principais

festas cristãs, o que contribuiu para criar a tradição do seu

consumo na ceia de Natal.

A rabanada é um prato típico da ceia de natal portuguesa,

composta também pelo bacalhau e o bolo de rei. Dizem

que os portugueses aproveitavam os restos de pão duro

para fazer a sobremesa. A delícia nada mais é que uma fatia

de pão de trigo que, depois de molhada em leite, vinho ou

calda de açúcar, é passada em ovos e frita.

Rabanada

Bacalhau

Panetone

C

56 COSTUMES

>degustação

Os melhores rótulos para comemorar as festas de fim de ano

A enófila e presidente

da Associação

Viticultura Jardênia

Siqueira selecionou

para os leitores da

Revista Costumes uma

lista dos melhores

rótulos para você

celebrar as suas festas

de fim de ano.

NovidadeFortaleza ganha um novo

conceito em apreciação de vinhos, destilados e produtos

premium. Desde 2002 no mer-cado brasileiro, a Grand Cru

conta com uma carta de mais de 1.600 rótulos das principais

regiões vinícolas do mundo, 794 deles de importação

exclusiva, sendo considerada uma das maiores distribui-

doras de vinhos da América Latina com 29 lojas no Brasil.

Além da unanimidade em quantidade de rótulos, a loja dispõe da Enomatic,

uma máquina que permite o fracionamento de vinhos com

opção de degustação de até 12 rótulos, em perfeita tempe-

ratura e acondicionamento.

57COSTUMES

>degustação

Para harmonizar com os pratos principais

Vinho chileno Santa Rita medalla real sauvignon BlancProdutor: Viña Santa Rita Temperatura ideal: 7º

Notas de degustação: Amarelo esverdeado. Notas de ervas, frutas frescas e cítricas. Na boca é vigoroso e frutado. Um vinho leve e refrescante. Com diversos solos e climas, a Viña Santa Rita é capaz de produzir uma ampla variedade de vinhos de classe mundial, mostrando sua insuperável e consistente qualidade conhecida em todo o mundo.

Harmonização: Peixes grelhados com molhos cremosos ou cítricos, queijos como os de cabra, pratos similares ou aves.

Vinho italiano Amarone della valpolicella

País: Itália Temperatura ideal: 18º a 20º

Notas de degustação: Vinho de cor vermelha intensa, com aroma de frutas maduras e cereja. Seu paladar é intenso e aveludado, com taninos persistentes, o que demonstra a

força de seu corpo e sua elegância.

Envelhecimento: Maturação em barricas de carvalho francês durante doze meses, e posteriormente mais seis

meses em barris de carvalho. Permanece engarrafado por oito meses antes de ser comercializado.

Harmonização: Carnes vermelhas. Mas também é um excelente vinho para ser bebido com amigos num bate-papo.

Vinho sulafricano Glen Carlou Pinot Noir

Produtor: África do Sul - Glen Carlou Envelhecimento: 11 meses em barricas de carvalho

Temperatura ideal: 18º Notas de degustação: Vermelho brilhante, com corpo médio e ótima intensidade. Aroma de cerejas negras e

frutas silvestres, com folhas e ervas. No palato é longo e rico, com taninos sedosos e estruturados.

Harmonização: Massas, pizzas, queijos médios, carnes de aves grelhadas.

Vinho espanhol Flor d́Englora MontsantEstilo: Vinho Tinto Produtor: Cellers de Baronia Temperatura: 18º Envelhecimento: Inox

Notas de degustação: Tinto escuro, possui aroma frutado, notas florais e madeira. Maduro, encorpado e de taninos equilibrados.

Para harmonizar com as entradas

Vinho francês William Fevre petit chablisEstilo: Leve Produtor: Domaine William Fèvre Temperatura ideal: 11°

Notas de degustação: Envelhecimento de doze meses em barricas de carvalho francês. Amarelo claro com reflexos esverdeados. Frutas brancas e aromas florais. Um vinho leve, com características minerais.

Vinho italiano Corte Giara SoaveProdutor: Corte Giara

Temperatura ideal: 10ºC - 12ºC

Notas de degustação: Cor: Brilhante, amarelo palha com reflexos esverdeados. Aroma: Expressivos de maçã, mineral e notas florais. Sabor suave, fresco,

bem arredondado e deliciosamente frutado.

Harmonização: Melhor apreciado com verduras frescas, aperitivos de peixe, culinária asiática ou risoto

com ervas frescas da Primavera.

Para harmonizar com as sobremesas

Vinho chileno Tabali reserva late harvestProdutor: Tabalí

Notas de degustação: Cor amarelo ouro, aromas cítricos e um toque discreto de mel. É adocicado sem ser enjoativo. Tem uma ótima acidez e longa persistência.

Vinho francês Chateau Liot Barsac SauternesTemperatura ideal: 8º

Notas de degustação: Aromas de mel, damasco, doce de laranja e castanhas de longa persistência.

Envelhecimento: em cubas e barricas.

Harmonização: Queijos, sobremesas e doces.

Serviço: Grand Cru

Av. Sen. Virgílio Távora, 665loja 1 - Shopping Pátio Meireles

Telefone: (85) 3055.7272

58 COSTUMES

>empreendedorismo

Conheça um pouco mais sobre o grupo que há 165 anos

fabrica uma das melhores aguardentes brasileiras e leva o

sabor do país aos quatro cantos do planeta, divulgando um

produto genuíno que se tornou parte de nossa tradição.

Tradição com 165 anos de história

Historicamente integrada à cultura brasileira, a cachaça é

indiscutivelmente uma das bebidas mais tradicionais do

país. Assim como a popular caipirinha, à qual serve de base,

ela já virou uma marca brasileira no exterior, além de ser, é

claro, bastante apreciada aqui, onde vem sendo produzida

há séculos, desde o período colonial.

Fabricar cachaça é, portanto, tarefa para quem tem história

e sabe o que faz: o enraizamento e a valorização de nos-

sos costumes são elementos essenciais para a frutificação

da confiança em uma marca a ser apreciada por várias

gerações. E a abundância já está na raiz da marca Ypióca,

batizada com o termo que em tupi-guarani significa “terra

roxa”, ou seja, um dos tipos de solo mais férteis que se pode

encontrar no Brasil.

A primeira semente do Grupo foi plantada no solo de Ma-

ranguape, no Ceará, em 1846, com o pequeno alambique

Sede do Grupo Ypióca em Fortaleza

59COSTUMES

>empreendedorismo

de cerâmica trazido de Portugal pelo patriarca Dario Telles

de Menezes. A iniciativa vingou e surgiu a primeira geração

do grupo que hoje atua em cinco áreas de negócios, geran-

do mais de 3,2 mil empregos diretos e 23 mil indiretos, e

está presente em todo o território nacional como sinônimo

de bebida de qualidade, envelhecida e de gosto apurado.

Primeira aguardente brasileira a ser exportada, desde 1968,

a Ypióca tem 5% da produção destinada ao exterior. O des-

tilado pode ser encontrado no Japão, na China, na Grécia,

na Alemanha e em diversas outras partes do mundo. Atual-

mente, já se espalhou por todos continentes e está presen-

te em mais de 40 países.

A quarta geração da Ypióca é liderada por Everardo Fer-

reira Telles que, com sua garra, mudou os rumos da em-

presa e investiu em novos mercados. O Grupo possui a

Ypióca Agroindustrial Ltda, que administra cinco fábricas

de aguardente (localizadas no interior do Ceará e do Rio

Grande do Norte), e possui mais iniciativas empresariais

enxutas e sustentáveis em outros segmentos, incluindo

água mineral (Naturágua e Prime), turismo/entreteni-

mento (Y-Park), papel e papelão (Pecém Agroindustrial),

garrafas PET e PVC (Yplastic), agropecuária (cana-de-

açúcar, milho, feijão, sorgo, produção de leite e carne,

criação de suínos e caprinos), além de uma fazenda de

criação de nelore (raça de gado bovino originária da Ín-

dia) no estado do Tocantins.

Com fôlego para essas e muitas outras iniciativas, uma das

inaugurações mais recentes da Ypióca ocorreu em Jaguaru-

ana, no interior do Ceará, onde foi instalada a maior fábrica

do Grupo, o que aumentou expressivamente a capacidade

de produção da empresa e consolidou sua entrada no ne-

gócio de etanol, combustível obtido de maneira renovável,

produzido pela fermentação da cana-de-açúcar.

Em pé, da esquerda para a direita, Ronaldo Leitão, Emanuel Chaves Eduardo

Figueiredo, Paulo Campos Telles.

Sentadas, Heloísa Telles Leitão, Aline

Telles Chaves, Patrícia L. Telles,

Maria Elisa Telles Figueiredo, Gisela L. Telles e Tatiana

A. Telles. Netos Emanuel, Ana

Beatriz, Lissa e Maria Eduarda

60 COSTUMES

Entre os ingredientes da aguardente pioneira no Brasil estão o requinte, a tradição e o rigor no controle de qualidade, que vai desde as sementes até o envelhecimento, passando por todos os passos do processo de produção.

Dentre as inúmeras variedades de sementes, são seleciona-das as mais adequadas ao clima, mais resistentes a pragas, com maior rendimento e maior resistência ao déficit híbrido. A partir dessa preparação, as sementes escolhidas são sub-metidas, em sua maioria, à adubação orgânica.

O envelhecimento da aguardente foi implantado a partir da terceira geração do grupo: os dez mil barris de carva-lho e uma centena de tonéis, na maioria de bálsamo, são estocados com o líquido por períodos que variam de um a seis anos. A cachaça permanece em repouso para que a reação química entre as substâncias que a compõem gere o equilíbrio perfeito e o bouquet característico da marca. Ela adquire, nessa fase, pigmentos, sabor e aroma das madei-ras em que é armazenada.

A Ypióca Agroindustrial Ltda é a indústria líder no mundo em produção de aguardente de origem (denominação dada em função do controle do processo de fabricação do produto, do plantio à comercialização). Suas cinco uni-dades fabris têm capacidade instalada de 126 milhões de litros por ano. Em Jaguaruana (CE) está a maior e mais mo-derna fábrica do setor no Brasil.

A sustentabilidade está em todo o processo produtivo, vai desde o manejo, passando pelo corte ecologicamente cor-reto da cana-de-açúcar, sem utilização de queimada, até a reutilização de 100 % do bagaço produzido.

Uma parte do bagaço é aproveitada para a geração de ener-gia elétrica, tornando a unidade fabril autossustentável, e ainda servindo como componente na fabricação de papel e papelão. Outra parte é transportada para um hidrolisador, que aumenta em até 86% sua digestibilidade, o que permite que seja usado como ração.

Outra parte do bagaço moído é encaminhada à composta-gem, para a produção de adubo orgânico. O vinhoto aplica-do na fertirrigação (aplicação de fertilizantes através da água de irrigação) das plantações também é subproduto da desti-lação do caldo da cana-de-açúcar. A levedura, excedente no processo de fabricação, é desidratada e utilizada na alimen-tação animal, contendo 32% de proteína.

>empreendedorismo

Aguardente Ypióca

Unidade de envasa-mento da Ypióca

Toneis de cachaça

O maior tonel de madeira do

mundo está no Museu da

Cachaça

61COSTUMES

Y-Park, turismo e aventura bem perto de Fortaleza

Serviço: Y-PARK

Estrada Ypióca, 5400 – Urucara (Maranguape) Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 8h30 às 17h

Telefones: (85) 3341.3452 / (85) 3341.0407

Reconhecimento

A Ypióca possui projetos nas áreas ambiental e social, a exemplo da Escola de Líderes, investindo na capacitação de funcionários em lideranças internas, e a Escola para Adultos, que oferece, durante dois anos, aulas diárias sobre ética, política e cidadania para os funcionários da empresa. A Ypióca também gera renda extra para as feiteiras, artesãs do norte do Ceará que trabalham na confecção da cobertura de pa-lha das tradicionais garrafas da marca. Entre os prêmios recebidos pela realização de todos esses projetos, destacam-se o SESI Qua-lidade no Trabalho (PSQT) na categoria Gestão de Pessoas, e CNI, na área de desenvolvimento sustentável.

>empreendedorismo

O Y-Park é o maior complexo turístico em extensão do es-

tado do Ceará, com 430 hectares de área verde, oferecendo

diversão, cultura, gastronomia, aventura e natureza para

toda a família. Uma das mais conhecidas atrações do Y-Park

é o Museu da Cachaça, em funcionamento desde 2000, que

possui 11 salas cenográficas e guias regionais, e é uma das

principais atrações turísticas do Ceará.

O Museu da Cachaça relata a saga da maior empresa fa-

miliar em atuação nessa área no Brasil, a Ypióca, além de

curiosidades e fatos históricos sobre a bebida, por meio de

um completo acervo de mapas, documentos, fotos e filmes,

e também maquinário, garrafas, equipamentos agrícolas e

tonéis de madeira. Entre as atrações do museu, está o maior

tonel de madeira do mundo, com capacidade para 374 mil

litros, registrado no Guinness Book.

Além dos passeios de charrete, bicicleta e pedalinho no lago,

o parque oferece uma série de atrações inseridas na catego-

ria de esportes de aventura. Elas estão reunidas no Campo de

Aventura, onde o visitante pode optar por passeios de caia-

que, muro de escalada, arvorismo e trilhas ecológicas, e até, se

a coragem for muita, experimentar uma das três tirolesas.

No Campo Tático, atração inaugurada em janeiro de 2011, a

aventura inclui arco e flecha e campo para a prática de paint-

ball. O parque conta com infraestrutura completa de segurança,

composta por monitores, guias, salva-vidas e equipe de primei-

ros socorros, tudo dentro dos rigorosos padrões de qualidade

garantidos pela empresa, com comodidade para os visitantes. C

62 COSTUMES

Comprar a casa própria e adquirir um veículo já não são mais

os únicos grandes sonhos do brasileiro. Com o crescimento

econômico do país e o acesso ao crédito, viajar passou a ser

um desejo de todas as classes sociais. O aumento da compe-

titividade entre as companhias aéreas, que também buscam

conquistar um público maior, diminuiu os preços das passa-

gens e facilitou ainda mais a realização do desejo de muitos:

fugir do cotidiano, ter novas experiências, descobrir cozinhas

diferenciadas, “recarregar baterias” ou, simplesmente, reen-

contrar parentes e amigos que vivem em outros lugares.

No turismo nacional, o Ceará continua despontando como

um dos destinos mais procurados, tanto para quem já pos-

suia o hábito de viajar quanto para quem está começando

>férias

Ceará for AllPopularmente, a origem da palavra “forró” é atribuída à expressão inglesa “for all”. Isso seja ou não verdade, o fato é que o estado do Ceará segue à risca a ideia e conquista a todos com a generosidade do povo e as festividades de nosso calendário.

A vista encantadora da terra do sol

63COSTUMES

a se aventurar no prazer de conhecer as diversas paisagens

de nosso país. Afinal, a generosidade e hospitalidade do

povo, o clima quente durante todo o ano, a beleza e a varie-

dade das praias e o calendário agitado por uma infinidade

de eventos fazem do estado um destino imperdível, não

apenas para os que são originários de outras regiões brasi-

leiras, mas também para os próprios cearenses.

De acordo com Simone Souza, responsável pelo setor de

vendas da agência Voyage Turismo, os locais mais buscados

pelos turistas no Ceará são, prioritariamente, aqueles próxi-

mos ao litoral. Cumbuco, Jericoacoara e Canoa Quebrada for-

mam o trio clássico e encabeçam a lista dos favoritos. Mes-

mo quem não costuma comprar pacotes em agências e opta

por formar sozinho seu próprio roteiro escolhe uma dessas

praias para férias ou finais de semana. É o caso do professor

cearense Vicente Luís do Monte Filho, de 32 anos, que prefe-

re conhecer o próprio estado que viajar para outras regiões.

A razão disso, segundo ele, é bem justificável. “Sempre es-

colho o litoral por conta de suas belezas naturais e o clima

de descanso e lazer, que geralmente não encontramos em

outros locais. Costumo visitar Jericoacoara, Beberibe e Ma-

jorlândia. Antes, eu fazia viagens com grupos de amigos ou

parentes. Atualmente, prefiro viajar com a família. Na próxi-

ma vez, vou para Canoa Quebrada, pois já conheço e gosto

da hospitalidade das pessoas do lugar, além da viagem até

lá não ser muito cansativa, por ser bem perto de Fortaleza”,

afirma Vicente.

Serra, mar e sertão: belezas naturais que motivam a “invasão” de turistasPaulistas, mineiros e gaúchos são, de acordo com Igor Mo-

raes, proprietário da Global Viagens, os que mais visitam as

praias cearenses. Entretanto, ele chama a atenção para um

fato curioso: a “invasão” de turistas vindos do Norte do país.

“O Ceará está recebendo muitos visitantes dos estados do

Amazonas e do Pará, uma novidade que se tornou possível

graças ao aumento da oferta de companhias aéreas como

Puma e Azul, que disponibilizaram vôos diretos para cá (atu-

almente, apenas a Azul mantém essas rotas)”, afirma Moraes.

Ainda de acordo com o diretor da agência, os destinos

mais procurados pelos turistas brasileiros são: Jericoacoara,

>férias

Praia do Cumbuco

Praia das Fontes

Juazeiro do Norte

Praia de Canoa Quebrada

Praia de Jericoacoara

Praia da Lagoinha

Beach Park

Serra de Guaramiranga

64 COSTUMES

Os dez destinos mais procurados pelos brasileiros

De acordo com pesquisa realizada pela CVC, publicada

no site Yahoo em outubro deste ano, o brasileiro sempre

escolhe seus destinos priorizando “sol, praia e calor”. De

acordo com a agência de viagens, tanto na baixa quanto

na alta temporada, as cidades do Nordeste conseguem

se manter entre as preferidas dos brasileiros há mais de

uma década. Confira a lista completa dos destinos mais

procurados:

1. Porto Seguro (Bahia)

2. Maceió (Alagoas)

3. Fortaleza (Ceará)

4. Natal (Rio Grande do Norte)

5. Gramado (Rio Grande do Sul)

6. Rio de Janeiro (Rio de Janeiro)

7. Florianópolis (Santa Catarina)

8. Balneário Camboriú (Santa Catarina)

9. Foz do Iguaçu (Paraná)

10. Caldas Novas (Goiás)

Canoa Quebrada, Lagoinha, Morro Branco, Praia das Fontes

e o Beach Park, que se tornou um verdadeiro símbolo de

férias no Ceará. “Jericoacoara é, ainda assim, o primeiro lugar

da lista, o que talvez se deva à divulgação feita nos outros

estados e, também, pelo fato de o lugar atender plenamente

às expectativas dos visitantes, muitos dos quais costumam

voltar a essa praia depois de tê-la conhecido”, explica Moraes,

que comemora o aumento da procura para o réveillon.

Júlio Almeida, gerente operacional da agência Ocean

View, explica que as expectativas para a próxima estação

turística são igualmente promissoras: com a alta do dólar,

a tendência é que o turismo doméstico seja beneficiado,

já que as pessoas tenderão a escolher viajar dentro do

próprio país em lugar de buscar destinos internacionais.

“Trabalhamos exclusivamente com o litoral, e a maioria

dos turistas que recebemos é proveniente do estado de

São Paulo. Os destinos mais procurados são: Beach Park,

Canoa Quebrada, Morro Branco e Cumbuco, sendo que o

Beach Park é o favorito, graças à divulgação e sua estrutu-

ra turística”, diz Almeida.

Muito além das belas praias aqui referidas, não podemos

deixar de mencionar a riqueza natural e cultural do inte-

rior cearense, a exemplo da região do Cariri, também co-

nhecida por ser a meca do turismo religioso no estado, e

cidades bem preservadas - como Viçosa do Ceará, na Ser-

ra da Ibiapaba, ou Guaramiranga, no Maciço de Baturité,

que igualmente valem (e muito) a visita. Quem quiser ir

além de nosso aconchegante litoral pode encontrar, no

interior, um convite irrecusável para conhecer melhor o

Ceará. Afinal, surpreender-se é item indispensável em

qualquer viagem!

Culinária internacional a um passo da praia

Além da gastronomia tradicional nordestina, como o baiã

de dois (que pode ser acompanhado de uma saborosa por-

ção de macaxeira frita) e grande variedade de pescados e

frutos do mar, as praias cearenses agregam uma vasta co-

munidade internacional, formada por pessoas que decidi-

ram se instalar na costa. Esse movimento resulta, muitas

vezes, na abertura de ótimos restaurantes onde turistas e

locais podem provar um pouco mais da cozinha de outras

partes do globo. Na Taíba, o restaurante francês Volta ao

Mundo inclui em seu cardápio desde lagosta grelhada até

escargot, prato típico da culinária gaulesa que se tornou

símbolo de um dos mais importantes eventos da gastrono-

mia cearense, a Festa do Escargot e Frutos do Mar, que vem

a cada ano atraindo a curiosidade de um público ávido por

descobrir novos sabores.

>férias

C

Das lembranças da infância em terras germânicas, res-

taram poucas, mas suficientemente fortes para levar

Eva Lilenfeld de volta a momentos de suspense dignos

de um romance policial. Nascida na cidade de Essen há

87 anos, ela consegue relatar com riqueza de detalhes

a atmosfera misteriosa e os acontecimentos obscuros

que rondavam sua cidade durante os primeiros anos de

vida, anunciando a catástrofe de um dos maiores confli-

tos da história da humanidade.

Integrante de uma família judia, cujos bens foram

confiscados com a ascensão de Adolf Hitler, ela não

percebia exatamente o que estava acontecendo em

seu turbulento país em meados da década de 1930. O

desaparecimento esporádico do pai, os soldados que

vigiavam minuciosamente as casas da vizinhança, a

prisão de pessoas sem nenhum motivo aparente,

todos vestígios apontavam para um quebra-cabeça

ainda longe de ser resolvido.

Os treinos para ataques antiaéreos, assim como o

racionamento de víveres (sobretudo manteiga e açú-

car), sugeriam uma preparação para a realidade da

guerra: as lâmpadas tinham de ser envoltas em papel

celofane azul e as cortinas deveriam ser muito bem

fechadas, de modo que não permitissem a mínima

fresta de luz para o lado de fora das casas. Caso con-

trário, uma família inteira poderia ser levada para a

prisão, especialmente se fosse de origem judaica.

“Quando vim ao Ceará, eu tinha 11 anos. Da época an-

terior a minha chegada aqui, lembro-me de um parque

enorme e de uma velha sinagoga incendiada pelos na-

zistas. Por possuir uma fachada de tijolos maciços, o

exterior do prédio ficou intacto, e eles tiveram de que-

>cearense por escolha

Eva Júlia Hilda Lilienfeld

a mulher que viveu a história

Pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, fugindo da perseguição nazista aos judeus, a família de Eva veio para o Ceará, com a esperança de começar uma vida nova na América do Sul. Ironicamente, por ser de origem alemã, ela foi presa em Fortaleza no dia em que o Brasil declarou-se contra o Eixo. Apesar disso, continuou a adaptar-se à terra desconhecida que se tornaria sua verdadeira pátria.

por Renato Barros de Castro

66 COSTUMES

>cearense por escolha

“Ao chegarmos ao Ceará, já não éramos praticantes de nossa religião, e não tínha-mos como praticar, porque não existiam sinagogas”

brar os telhados para que o fogo pudesse se alastrar”, afirma

Eva, transparecendo segurança em cada palavra.

Sua principal recordação, entretanto, é tida como um ver-

dadeiro milagre, e só veio à tona depois do final da guerra,

durante uma viagem de volta à Alemanha na companhia

do marido. “Chegando a Essen, que havia sido 80% destruí-

da durante a guerra, caminhei vários quarteirões e, quando

menos esperei, fui parar diante de minha antiga casa. Meu

espanto não se deveu simplesmente ao fato de eu conseguir

reencontrar sozinha o prédio que deixei com tão pouca idade,

no ano de 1936, mas também por vê-lo intacto, totalmente

poupado pelos bombardeios, exatamente

como quando eu morava lá”, confessa, sem

esconder a emoção.

O fato de ter escapado do horror da guer-

ra não deixa de estar ligado diretamente

à ação rápida de seu pai, Alfredo Cohn,

que decidiu fugir da Alemanha antes da perseguição aos

judeus chegar ao ápice, com o surgimento dos campos de

concentração. Por não conseguir embarcar com a família

para o Oriente Médio, ele escolheu outro destino, a Amé-

rica do Sul, conforme explica Eva: “Eu tinha um tio que já

estava no Brasil, Dagoberto Goldschmidt, instalado em

Recife com alguns amigos vindos da Rússia. Por ser judeu,

meu pai não pôde trazer nenhum dinheiro da Alemanha

ou fazer transferências bancárias, de modo que ele teve de

comprar máquinas e trazer no navio, a fim de montar aqui

no Ceará uma fábrica de óleos com meu tio Dagoberto,

que estabeleceu contato com alguns cearenses e também

se mudou para o estado”.

Depois de cruzar o Atlântico em um navio francês e ser

obrigada a pagar passagens de ida e volta mesmo sem

a intenção de retornar à Europa, a família (composta por

Eva, seus pais, irmã, tio e esposa com dois filhos) chegou ao

Recife. De Pernambuco à Fortaleza, foi feita nova viagem

marítima, que durou uma semana inteira.

A partir da chegada à capital cearense, a sensação de se

estar a salvo passou a ser uma alegria genuína para todos.

“Viemos aqui para nos adaptar, fosse onde fosse, contanto

que estivéssemos fora da Alemanha. Minha mãe era uma

pessoa muito forte, e buscou se integrar à nova terra des-

de o começo, aprendendo tudo o que

podia e aceitando todas mudanças. Se

não existiam maçãs para os doces que

costumava fazer, logo ela descobria

uma receita de compota de cajarana,

de gosto similar”, ressalta.

Diferente dos imigrantes europeus do sul do Brasil, que se

agregavam em torno dos costumes do país de origem, vi-

vendo as tradições do Velho Mundo em suas comunidades,

a família de Eva se adaptou à vida local, assim como outros

judeus que já viviam aqui, todos casados com moças católi-

cas e inseridos na cultura regional. “Ao chegarmos ao Ceará,

já não éramos praticantes de nossa religião, e não tínhamos

como praticar, porque não existiam sinagogas”, esclarece.

Hoje, a economista e graduada em língua inglesa conta um

dos maiores problemas enfrentados no início: ter chegado

ao Brasil sem absolutamente nenhum documento de iden-

tificação, o que dificultava seu acesso à escola e, posterior-

67COSTUMES

Ditador Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial

Cena do Holocausto que exterminou

milhões de judeus durante a Segunda

Guerra Mundial

68 COSTUMES

mente, à faculdade. “Eu era apátrida, não tinha documentos

quando cheguei aqui. Portanto, tenho plena gratidão a al-

guns cearenses diretores de colégios e faculdades, que per-

mitiram meu ingresso para os estudos, mesmo sem a posse

de documentos, até mesmo no auge da guerra: Silas Ribeiro

(Colégio Castello), Odilon Braveza (Colégio São João), Wag-

ner Barreira (Faculdade de Ciências Econômicas), Ari de Sá

Cavalcante (Secretário do Colégio Castello) e Tomás Gomes

da Silva (Faculdade de Ciências Econômicas)”, afirma.

Lilienfeld destaca ainda sua gratidão a nomes como Meire

de Abreu Torres, que facilitou sua entrada no Colégio Cas-

tello e a incentivou a aprender a língua portuguesa. “Desde

minha chegada, pude perceber claramente que o cearense

é um povo muito prestativo. Eu poderia fazer um livro in-

teiro sobre tudo o que recebi. Não tenho como retribuir!”,

exclama, aproveitando a deixa para ressaltar o fato de não

ter sido alvo de nenhum tipo de preconceito por ser estran-

geira, salvo o dia em que o Brasil declarou guerra ao Eixo,

ocasião em que foi presa pelo simples fato de ser alemã.

Ela se recorda muito bem desse 22 de agosto de 1942, data

na qual pretendia comemorar seu aniversário de 18 anos. “A

Tinturaria Itália e as Casas Pernambucanas (que na verdade

pertenciam a suecos, e não alemães) foram quebradas, o

que foi instigado por muitos civis. Fui presa junto com mi-

nha família sob a seguinte alegação da polícia: ‘motivos de

segurança’. Os homens passaram um mês inteiro na cadeia,

enquanto as mulheres, 15 dias. Até o final da guerra, éramos

proibidos de ir à praia e ter telefone em casa. Os blackouts

eram comuns e os bondes andavam quase no escuro, com

pouquíssima iluminação”, rememora.

Passada a guerra, tudo voltou à normalidade para a família

de Eva no Brasil. Ela se casou em 7 de setembro de 1945

com um alemão judeu, Guilherme Lilienfeld, superinten-

dente das Casas Pernambucanas, que viria a receber o tí-

tulo de Cidadão Cearense. Ambos tiveram uma cerimônia

matrimonial dentro da tradição judaica, com um rabino

que viera a Fortaleza para realizar serviços religiosos.

Na Europa, entretanto, a realidade vivida por seus tios foi

bem diferente: “Um irmão de meu pai suicidou-se quando

os nazistas foram buscá-lo em casa. Duas outras irmãs dele

morreram no campo de concentração de Auschwitz e um

quarto irmão de meu pai desapareceu. Perdi muito, é ver-

>cearense por escolha

dade, mas não guardo mágoas do passado. São coisas da vida que

aconteceram e temos que aceitar”, afirma.

Hoje com duas filhas de 61 e 51 anos, além de duas netas com a

idade de 29 e 25 anos, Eva afirma não ter procurado respostas para

tudo o que aconteceu. “Nunca quebrei minha cabeça sobre isso. Vi-

víamos nosso dia a dia e tentávamos acompanhar as notícias pelo

rádio, o que era proibido, torcendo para que a guerra chegasse ao

fim. Atualmente, existe a urgência da criação do Estado palestino,

é preciso que se faça a paz no Oriente Médio, a fim de que cessem

os conflitos naquela região. Seria também muito bom se não exis-

tissem mais guerras em nenhum lugar do mundo”, afirma, com um

sorriso esperançoso de quem já se tornou mesmo cearense.

“O povo do Ceará tem uma abertura muito grande para o que é es-

trangeiro. Fomos muito bem recebidos e, desde o começo, viemos

para nos adaptar e ficar. Nunca tivemos a intenção de sair daqui por

motivos religiosos ou profissionais. À propósito, meu marido dizia

que não era brasileiro, mas cearense. Eu também, é claro, costumo

dizer o mesmo a meu respeito!”, comemora, com um jeito direto e

franco de falar, guardando nos olhos a coragem de quem aprendeu

a enfrentar todas as circunstâncias da vida. C

A Costumes selecionou cinco botecos para dar a receita de

seus petiscos mais famosos, harmonizados com cervejas es-

colhidas pelo mestre cervejeiro José Di Pietro Junior, que vão

proporcionar aos leitores momentos de plenas descobertas

para o paladar.

Vai uma gelada aí?Descubra novas delícias: Petiscos de botecos harmonizados com cervejas finas

>harmonização

Confraria de amigos, esse é o sinônimo do Bar do Mincharia, localizado no coração da Praia de Iracema. Dirigido por Carlos Aragão, o bar existe há 26 anos e foi fundado dois anos após a morte de Mincharia, como uma homenagem póstuma de seus amigos boêmios, que se reúnem no local até os dias de hoje.Para os frequentadores de todas as idades, o bar, que abre de segunda a segunda, elegeu o arroz de camarão como carro chefe da casa. A cada fim de semana os pedidos do quitute chegam até a 40. Carlos acredita que a boa aceitação do prato é devido à comida ser “a cara do Ceará”.Já para quem tem mais de 18 anos, a cerveja escolhida pelo mestre cervejeiro para harmonizar com esse petisco de sa-bor mais forte foi a Opa Bier, uma cerveja escura tipo Poter. Outra opção é a Drachebier Stout. Pietro afirma que a har-monização tem muito a ver com os temperos locais e com o clima da região. “Cervejas leves vão bem com comidas leves e cervejas encorpadas com comidas mais pesadas ou de sa-bor mais intenso”, afirma ele.

>>

Ingredientes 250ml de leite de coco300g de camarão descascado e limpo2 xícaras de chá de arroz cozido1 cebola pequena picada1 tomate pequeno picado1 pimentão pequeno picado1 dente de alho amassado2 colheres de sopa de azeite1 pitada de colorau1 pitada de açafrão1 colher de chá de sal para o camarão

Serviço: Rua Pacajús, 5 – Praia de Iracema

Arroz de camarão do Mincharia

70 COSTUMES

Bar do Mincharia

Modo de preparo

Refogue todos os ingredientes e por último o cama-

rão previamente salgado. Acrescente o arroz cozido

e o leite de coco. Por fim, acrescente uma pitada de

cheiro verde. Misture, finalizando o ensopado e já

está pronto para servir.

>harmonização

>>Butiquim

Situado na área gastronômica de Fortaleza, o Butiquim

tem três anos de história e nasceu da idéia de ser um bar

com estilo carioca. “Pensamos em um local onde as pes-

soas possam beber e petiscar. Até a nossa estrutura física

interna se assemelha à dos ‘botecos’ do Rio, por ser bem

pequena”, afirma Alexandre Reis, um dos quatro sócios

que dirigem o bar.

Assim, o Butiquim traz um cardápio que foge aos costumes

cearenses, apostando em drinks e petiscos tipicamente ca-

riocas. O bolinho de feijoada é o carro-chefe das 37 opções

de aperitivos que a casa oferece. No fim de semana, são ven-

didas em média 30 porções do prato. Pietro indica a cerveja

Bohemia, do tipo Pilsen, ou a escura, como ideais, pois “um

suaviza o sabor do outro”. Por ser uma fritura, vai bem tam-

bém com uma Drachebier Stout de sabor marcante, mas não

forte. “O ideal é uma cerveja escura de sabor leve”, afirma o

mestre cervejeiro.

Bolinho de feijoada

71COSTUMES

Serviço: Rua Frederico Borges, 27 – Meireles

Ingredientes

500g Feijão preto100g de lingüiça100g de paio100g de costela100g de lombo100g de carne seca100g de pé de porcoFarinha de mandiocaBaconAzeite Alho

Modo de preparo

Depois da feijoada pronta, bata todos os ingre-

dientes no liquidificador. Já triturados, leve-os

novamente para a panela e engrosse com farinha

de mandioca, fazendo uma massa. Para o recheio,

corte a couve manteiga bem fininha e refogue

com azeite, alho e bacon picado. Faça os bolinhos,

recheie com a couve e depois passe na farinha de

rosca. Frite no óleo bem quente.

>harmonização

Com matriz em Pernambuco, o Fiteiro Bar estreou em terras cearen-

ses há seis meses e já está localizado em dois endereços. A decoração

do Fiteiro, que em Recife quer dizer camelô, é toda inspirada em obje-

tos vendidos pelos ambulantes, com direito a vitrine de mercadorias.

Outro detalhe interessante são as placas com os dizeres do Sr. Juca,

camelô pernambucano famoso já falecido.

Além da decoração característica, outro diferencial do bar é a forma

de atendimento: os garçons passeam pelo salão com os petiscos que

fazem sucesso na casa. O Fiteiro aposta em petiscos característicos

da nossa cidade com um toque diferenciado, é o caso da coxinha

de caranguejo, a mais consumida, que vende cerca de 100 unidades

por dia nos finais de semana. Para harmonizar com o prato, o mestre

cervejeiro selecionou a Stella Artois, pois trata-se de uma fritura leve

com sabor definido, que precisa de uma pilsen de boa qualidade e

sabor mais marcante.

Fiteiro

Ingredientes

02 maços cebolinha½ litro de leite05 dentes de alho02 unid. de tablete de caldo de frango pronto300g carne de caranguejo80g file de azeitonas verdes50 ml azeiteSal, pimenta e limão a gosto300g farinha de trigo02 colheres de sopa margarina03 ovos para empanar200g farinha de rosca

Modo de preparo

Junte a cebolinha, o leite, o alho e o tablete de caldo de frango pronto, bata no liquidificador e reserve. Em um recipiente, co-loque a farinha de trigo, a manteiga e o creme reservado para fazer a massa. Para o recheio, tempere a carne de caranguejo com limão, azeite, sal e pimenta do reino a gosto. Forme as co-xinhas, recheando-as com a carne de caranguejo. Empane-as com a gema e a farinha de rosca, e frite em óleo bem quente.

Coxinha de caranguejo

Serviço: Av. Júlio Abreu, 131 – Varjota Av. Santos Dumont, 7750 – Dunas

72 COSTUMES

>>

Comandado por Domingos Diógenes e no mercado há quin-

ze anos, o Alpendre nasceu de um mercadinho de bairro que,

pelo atendimento aos clientes e o cuidado em diversificar

seus produtos foi se diferenciando dos demais, se tornando

também um barzinho. Com a vasta quantidade de rótulos de

cervejas e os 50 petiscos oferecidos em seu cardápio, o Al-

pendre foi eleito o melhor “boteco” de Fortaleza pela revista

Veja, em 2010.

Outra paixão do dono é a coleção particular de 600 rótulos

de aguardente que adornam o salão do bar. Um dos petis-

cos mais pedidos na casa é a carne de sol marinada no leite

por uma noite. “É um prato regional, com sabor diferenciado

pelo marinado no leite, acredito que por isso seja o petisco

mais pedido”, afirma Domingos.

Pietro indica que a carne de sol harmoniza muito bem

com uma cerveja do tipo Ale, de aroma e sabor bem mar-

cantes, como a Drachebier Pale Ale, desenvolvida para o

clima do nordeste.

>harmonização

Alpendre

Carne de sol ao forno

Ingredientes

400g de carne de sol2 cebolas cortada em rodelas½ litro de leite3 colheres de manteiga da terra

Modo de preparo

Em uma assadeira, coloque a carne de sol e

adicione o leite e as cebolas cortadas em rodelas.

Cubra com papel alumínio e deixe maturar por

12 horas dentro da geladeira. Passado o tempo,

leve ao forno e deixe por 30 minutos, até a carne

ficar macia. Tire o excesso de molho e as rodelas

de cebola da carne e espalhe a manteiga da terra.

Deixe no forno por mais 10 minutos. Liquidifique o

molho e as rodelas de cebola e jogue por cima da

carne, após os 10 minutos de forno.

Serviço: Rua Torres Câmara, 172 – Aldeota

73COSTUMES

>>

>harmonização

Com quatro anos de funcionamento, o restaurante Cabana

da Negona traz o tempero baiano para a culinária cearen-

se. Fávery Júnior e Fernanda Torres são proprietários, baia-

nos de nascença e cearenses de coração. Entre muitas idas

e vindas à terra do sol, sempre sentindo falta do tempero

baiano, um dia perceberam no mercado a oportunidade de

inserir uma casa tipicamente baiana e assim o fizeram.

E claro, a Cabana da Negona tem como diferencial pratos ti-

picamente baianos. O cardápio é composto por 43 petiscos,

em especial a moqueca de camarão, que vende cerca de 40

porções no final de semana e pode ser consumida como

petisco ou refeição. Pietro afirma que a moqueca harmo-

niza bem com a cerveja Original, da Ambev, do tipo Pilsen,

com característica leve, espuma clara e aroma suave e re-

frescante, típico para acompanhamento de pratos orientais

e camarão (não picante) em regiões de calor e brisas refres-

cantes como as nossas praias.

Cabana da Negona

Serviço: Rua Ana Bilhar, 1150 – Meireles

74 COSTUMES

Ingredientes

300ml de leite de coco

60 ml de azeite de dendê

100g de tomate sem pele e sem semente

100g de cebola descascada e picada

20g de pimenta verde

200g de camarão descascado

40g de coentro

Rodelas de tomate, pimentão e cebola

Modo de preparo

Refogue todas as verduras no azeite de oliva e

dendê e acrescente o leite de coco. Com o caldo

apurado, coloque os camarões. Depois de cozido,

acrescente as rodelas de verduras e sirva.

Moqueca de camarão

>>

C

76 COSTUMES

O que não pode faltar na sua mesa

>saúde

A maior expectativa de vida da população leva ao aumento do in-

teresse por temas relacionados a uma dieta mais saudável, como

forma de combater e ou prevenir doenças. Dentro desse contex-

to, destaca-se a preocupação cada vez maior com a alimentação

funcional. Mas o que são alimentos funcionais, mesmo?

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),

são aqueles alimentos que, além das funções nutricionais bási-

cas, produzem efeitos metabólicos e/ou fisiológicos benéficos à

saúde. Os alimentos funcionais apresentam componentes ativos

capazes de prevenir ou reduzir o risco de alguns problemas de

saúde. Porém, é importante frisar que eles não têm poder de cura

e sua eficácia deve ser comprovada em estudos científicos.

Claro, todos alimentos têm alguma função e valor

nutritivo, mas estes, em especial, são ricos em subs-

tâncias e nutrientes importantes. Capazes de trazer

uma série de benefícios adicionais, em alguns casos

são utilizados de forma adjuvante no tratamento de

doenças. Se ingeridos em sua forma natural, não apre-

sentam contra-indicações e, portanto, não necessitam

de prescrição médica. Mas, para obter os benefícios

prometidos, é necessário consumi-los com regularida-

de nas refeições.

Confira a seguir quais as substâncias existentes nos alimen-

tos funcionais e para que servem:

Uma melhor qualidade de vida para você e sua família com o consumo de Alimentos Funcionais por Nívea Albuquerque

77COSTUMES

É o pigmento responsável pelo colorido das frutas e dos legu-

mes, sua função na planta é defendê-la da ação dos raios solares.

Quando ingerimos essa substância, ela se converte em vitamina

A, protegendo nossas células do envelhecimento. Dentre suas

inúmeras propriedades funcionais destacam-se: o combate aos

radicais livres, o aumento da imunidade, o fortalecimento dos

cabelos e das unhas, a melhora da elasticidade da pele, a preven-

ção do câncer. Também auxilia no bronzeamento da pele, pois

favorece a produção de melanina, (e é responsável pela proteção

contra raios solares).

Fontes: Cenoura, abóbora, beterraba, damascos, mamão, manga e batata-doce. Em quantidades menores, também pode ser encontra-do em vegetais folhosos como couve manteiga, repolho, espinafre, agrião e brócolis. Quanto mais madura é a fruta ou hortaliça, mais betacaroteno possui.

A soja pode contribuir para manter os ossos saudáveis, reduzir

níveis de colesterol e reforçar as defesas imunológicas. Além

disso, pode atenuar alguns sintomas da menopausa (calor e

cansaço) e da tensão pré-menstrual. É conhecida como um fi-

toestrógeno, em razão de ter estrutura química semelhante ao

estrógeno (hormônio feminino).

Fontes: Soja e seus derivados.

São micro-organismos vivos, adicionados ou deri-

vados de fermentação, que ajudam no equilíbrio

da flora intestinal. Eles impedem que bactérias e

outros micro-organismos que causam doenças

proliferem no intestino. Deve-se ressaltar, aliás, que

o intestino tem uma grande responsabilidade na

defesa imunológica do organismo, pois nele são

produzidos anticorpos e suas células são barreiras

contra a entrada de moléculas nocivas.

*O termo probiótico significa “pró vida” e foi original-mente criado para descrever organismos vivos que, quando ingeridos em quantidade determinada, exer-cem efeito benéfico.

Fontes: Iogurtes e leite fermentado.

É um ácido graxo, um tipo de gordura importante para a saú-

de, pois diminui o risco de doenças cardiovasculares. Só pode

ser obtido através da alimentação, já que o corpo não o produz

espontaneamente. Seu consumo está associado à redução

dos níveis de triglicerídeos e do colesterol total do sangue.

Fontes: Peixes (como sardinha, atum, salmão, cavala), castanhas, nozes, semente de linhaça, vegetais de folhas escuras e óleos ve-getais (azeite, óleo de soja e de canola).

Betacaroteno

Isoflavonas Ômega 3

Probióticos

>saúde

78 COSTUMES

Nívea AlbuquerqueNívea Albuquerque é nutricionista clínica formada pela Univer-sidade de Fortaleza (UNIFOR), com experiência no manejo de pacientes com transtornos alimentares e obesidade e cursos na área de nutrição em estética. Atualmente cursa a pós-graduação em Nutrição aplicada à estética. Integrante do corpo clínico do Hospital Monte Klinikum, Nívea atende adolescentes e adultos realizando aconselhamento nutricional e atendimento dietote-rápico clássico nas diversas enfermidades associadas à alimen-tação inadequada.

Outra substância não produzida pelo organismo, é

responsável pela cor avermelhada natural de alguns

alimentos, como tomate, melancia, goiaba, pitanga, e

mamão. Derivado da família dos carotenóides, é reco-

nhecido como um poderoso antioxidante, protegendo

o coração das doenças mais comuns, como por exem-

plo a formação de placas de gordura no sangue, e mi-

nimiza o surgimento de diversos tipos de câncer, entre

eles o de mama e de próstata.

Fontes: Tomate e seus derivados (purês, molhos, sucos, catchup) além de beterraba e pimentão.

O fl avonóide é um composto químico encontrado em

diversos vegetais, que age anulando uma substância

tóxica usada em alguns agrotóxicos. Ocupa posição

de destaque nos últimos anos, em estudos que dizem

respeito, principalmente, aos fl avonóides extraídos de

uvas (presentes no vinho tinto e no suco de uva natu-

ral). Atua como antiinfl amatório e antioxidante e é as-

sociado à diminuição do risco de câncer, destacando-se

por interferir positivamente no curso de doenças car-

diovasculares.

Fontes: Suco natural de uva, vinho tinto, chá verde, choco-late e própolis.

Possuem fi bras solúveis e insolúveis (que melhoram o funcionamen-

to intestinal, ajudam no controle da glicemia, reduzem a absorção do

colesterol e proporcionam sensação de saciedade).

Fontes: Aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, leguminosas - como feijão e ervilha - e hortaliças com talo.

É sempre prudente lembrar que apenas ingerir alimentos funcionais ou ricos em antioxidantes não proporciona de forma milagrosa o res-gate ou a manutenção da saúde. Esta conquista se dá a partir de um conjunto de ações. Muitas vezes é preciso mudanças drásticas nos hábitos de vida, com persistência e disciplina.

Uma alimentação equilibrada precisa estar aliada a uma vida saudável e sem exageros (estresse, álcool, fumo, drogas, etc.) e a prática de atividade física regular. Movimentar-se traz inúmeros benefícios: reduz a pressão arterial, melhora o perfi l lipídico, re-gula as taxas de glicemia, diminui a massa de gordura do corpo, melhora as funções digestivas e intestinais e dá uma sensação de bem-estar geral. A associação de todas essas ações recomenda-das pode até reduzir a quantidade de medicamentos consumidos e, em algumas situações, eliminá-los. Mas, nesses casos, o acom-panhamento médico é essencial.

A falta de alguns nutrientes, decorrente de uma dieta monótona, ou o excesso de outros, mesmo que sejam os funcionais, pode levar a um desequilíbrio nutricional. Não esqueça das leis da nutrição: varie-dade, qualidade, quantidade e adequação. A informação é a grande aliada na busca de uma melhor qualidade de vida, e o médico ou o nutricionista são os profi ssionais adequados para fornecê-la.

Para uma vida mais saudável,é preciso um conjunto de ações

Licopeno

Flavonóide

Cereais integrais

>saúde

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Torne seu prato mais

A diversidade de frutas e legumes é prazer para os olhos e nutrição garantida

No Brasil, os problemas nutricionais estão seguindo padrões

do primeiro mundo, ou seja, há consumo excessivo de gor-

duras, principalmente saturadas e de açúcar e sal, em detri-

mento do uso de frutas, hortaliças e grãos integrais, ricos

em fibras, vitaminas, minerais e compostos ativos com ação

antioxidante. Nessa área, porém, nós brasileiros temos van-

tagem sobre outros países. A variedade de frutas e vegetais,

decorrente da grande extensão territorial e da diversidade

de climas, é comparável apenas aos inúmeros benefícios re-

sultantes do seu consumo. Como cada região do país tem

suas próprias frutas, há sempre a possibilidade de descobrir

sabores desconhecidos e transformar essa busca por hábitos

nutricionais mais saudáveis em uma grande brincadeira.

E essa brincadeira, importante para a preservação da saú-

de, deve incluir também os vegetais. Conforme esclarece a

nutricionista Iria Amorim, eles são importantes para regular

atividades realizadas pelo organismo, como a digestão e

a circulação sanguínea, proporcionando o bom funciona-

mento dos intestinos, por serem ricos em fibras. Além disso,

ajudam a conservar e fortalecer o sistema imunológico.

A nutricionista explica que os vegetais devem fazer parte

de nossa alimentação diária, perfazendo um total de três a

cinco porções, incluindo tubérculos, raízes, folhas (hortali-

ças), legumes e verduras. “As cores dos vegetais estão intima-

mente ligadas aos nutrientes que eles possuem. Portanto, o

ideal seria a variabilidade de vegetais na alimentação diária.

Quanto mais colorido o prato, maior a garantia do consumo

diversificado de vitaminas e minerais”, ressalta Iria.

Os vegetais devem ser preferencialmente consumidos in

natura. As folhas devem ser utilizadas cruas, pois quando

são cozidas ou fritas perdem os nutrientes. Outro ponto a

se observar é que, quanto mais naturais forem os vegetais,

mais livres de agrotóxicos serão.

>bons hábitos

por Rafaele Esmeraldo

80 COSTUMES

81COSTUMES

>bons hábitos

Frutas variadas para prevenir gripes e viroses

Se você tem passado por gripes ou viroses insistentes, ou

até infecções, o que pode fazer toda diferença é uma ali-

mentação com boa variedade de frutas, para suprir as ne-

cessidades de vitaminas e minerais indispensáveis ao bom

funcionamento do organismo.

A nutricionista afirma que deve ser priorizado o consumo

de frutas da estação e as típicas da própria região, pois além

de serem mais em conta no orçamento doméstico, não pre-

cisam de agrotóxicos nem fertilizantes. “Frutas da estação

são mais nutritivas, pois é na estação de cada espécie que

elas alcançam o seu ápice em termos de aroma, sabor, vita-

minas e minerais”, relata. Mas todas as frutas são indispen-

sáveis para o ser humano, e Iria esclarece que o ideal seria

consumir de duas a quatro porções diárias, de acordo com

o estabelecido pela Pirâmide Alimentar Brasileira.

O transporte é outro quesito que influi na qualidade das

frutas. Se a fruta não estiver sendo cultivada no seu tempo,

terá que viajar longas distâncias para chegar até o cliente.

Isto não só aumenta o custo final como pode afetar o sabor,

uma vez que as frutas precisam ser colhidas com mais ante-

cedência, e nem sempre atingem o ponto ideal.

Para uso em sucos, as frutas devem ser lavadas com hipoclo-

rito de sódio e deixadas imersas na solução por 15 minutos.

Como algumas recebem dosagens perigosas de agrotóxicos,

no cultivo, depois é importante lavá-las em água corrente.

Uma vez que o suco é preparado, deve ser tomado imedia-

tamente para evitar a perda dos nutrientes que se oxidam

em contato com o ar. As polpas são exemplo da perda par-

cial dos benefícios. Iria afirma: “É importante procurar não

dispensar as cascas e sementes para obter um maior consu-

mo de fibras. As cascas das frutas são fontes de fibras e auxi-

liam a regular o intestino, portanto devem ser consumidas

sempre que possível”.

Outra dica: ao comprar uma fruta para consumo individu-

al, procure escolher as menores, a ser comidas de uma só

vez. A partir do momento em que um melão é cortado, por

exemplo, sua exposição ao ar faz com que passe por uma

oxidação, levando à perda de nutrientes. “A melhor forma

de aproveitar todos os benefícios que as frutas nos trazem

é consumi-las imediatamente após o corte”, diz Iria.

Portanto, não perca tempo, comece logo a modificar seus

hábitos alimentares. Deixe sua vida e a de sua família mais

coloridas. Com tanta variedade de frutas, há sempre algu-

mas para decorar a mesa e ainda despertar o desejo de pro-

var novos sabores. Mesmo pensando apenas nas da Região

Nordeste, dá para escolher entre jaca, sapoti, carambola,

manga, cajá, graviola...

81COSTUMES

A variedade de frutas nas gondolas dos Mercadinhos São Luiz

82 COSTUMES

Saiba mais sobre algumas frutas de origem brasileira>

Bastante energético, o açaí conta com boa quantidade de carboidratos e gorduras (na maioria poliinsaturadas) que aumentam o colesterol bom e protegem o coração. Também contém antocianina, como a jabuticaba, um antioxidante que age no sistema cardiovascular reduzindo a formação de coágulos no sangue e protegendo as artérias contra placas de gorduras. O açaí atua ainda como antiinflamatório e previne o envelhecimento precoce e tumores.

> 247kcal em 100g da frutaAçaí

Rica em vitamina C (possui até 5 vezes mais vitamina C que a laranja), é essencial para fortalecer as defesas do organismo, protegendo contra infecções e processos alérgicos. Contém ainda vitamina A e complexo B. A cor vermelha da fruta é dada pelo licopeno, que é uma poderosa arma contra o câncer. Além disso, possui grande teor de fibras solúveis capazes de reduzir os níveis de colesterol e triglicérides do sangue, bem como auxilia no funcionamento do intestino.

> 76kcal em 100g da fruta

Goiaba

Do Caju são aproveitadas a castanha, a polpa, as folhas, as flores e até a casca, cada uma com suas características peculiares e todas muito saudáveis. Destaca-se a grande concentração de vitamina C, poderoso antioxidante que age contra infecções na defesa do organismo. Estão presentes alguns compostos fenólicos que previnem o envelhecimento precoce, bem como o câncer. Também possui ótima quantidade de fibras e auxilia no funcionamento intestinal. Além disso, possui valores relevantes de vitamina B3 e sua polpa concentra grande quantidade de ferro, essencial para a formação de sangue, assim como cálcio e fósforo.

> 51kcal em 100g da fruta

Caju

O valor nutricional do coco varia de acordo com seu estado de maturação, apresentando de maneira geral, bom teor de sais minerais (potássio, sódio, magnésio, cálcio e fósforo), além de vitamina C e fibras importantes para o estímulo da atividade intestinal. Quanto mais verde, possui menos carboidratos e gorduras. No entanto, suas gorduras são de rápida digestão, diminuem a inflamação das células e aceleram o metabolismo. Já a água de coco pode ser empregada como diurético por ser rica em potássio, que também regula a pressão arterial e participa das contrações musculares prevenindo cãibras.

> 314 kcal em 100g da fruta e 18kcal em 100ml de água de coco

Coco

Rica em potássio, fundamental para as contrações musculares e o controle da pressão arterial, além de ser boa fonte de energia devido a presença de carboidratos.

> 99kcal em 100g da fruta

Banana

Popularmente conhecido por seus valores de vitamina C, tem um bagaço rico em fibras que auxiliam o funcionamento intestinal e controlam glicemia e colesterol. Também é fonte de cálcio, magnésio, potássio e betacaroteno.

> 48kcal em 100g da fruta

Laranja

Rica em compostos antioxidantes, vitaminas e minerais, com destaque para a vitamina C e o ferro. Possui grande teor de fibras e tem ação diurética, além de combater a acidez estomacal.

> 65kcal em 100g da fruta

Manga

>bons hábitos

83COSTUMES

Sucos feitos na hora, alegria para os olhos e muito mais saúde

Quem não conhecia, agora vai saber. A única casa especiali-

zada de sucos naturais de Fortaleza, que não utiliza polpa, é a

Frutas & da Fruta, localizada no estacionamento do Mercado

Central, ponto turístico da cidade. Lá é possível encontrar su-

cos com 35 espécies de frutas, feitos de forma artesanal.

O proprietário, José Maria de Oliveira, 51, atua no local há 11

anos, com a ajuda de sua esposa, Ludimeire dos Santos Ro-

cha. No início, ele apenas vendia frutas, mas devido à procura

de sucos começou oferecer o serviço. Quem chega à casa de

sucos e vê o cardápio, muitas vezes não sabe o que escolher,

tamanha a variedade das receitas, diferenciadas e com preços

acessíveis para todos os públicos.

O guia turístico nacional, Dário Santos Silva, 46, leva turistas

há dez anos ao estabelecimento de José Maria: “O grande

diferencial é que o turista pode olhar para as frutas que fi-

cam expostas no balcão, sentir os cheiros e, em seguida, sa-

borear, conhecendo novas frutas que na maioria das vezes

não chegam ao seu estado”, afirma.

Em um único suco, pode-se misturar várias frutas, proporcio-

nando sabores e cores bastante atrativas. Há, também, quem

chegue à Frutas & da Fruta buscando tomar algo que previna

a gripe, e logo José Maria sugere o “coquetel antiviral”, que leva

jenipapo, acerola, laranja, limão e mel de abelha.

“Sinto-me feliz em contribuir com as pessoas em algo que

só faz bem. Não viso apenas lucro, mas também atender as

necessidades da saúde de todos. Quando alguém não pode

tomar determinado suco, ainda assim tem uma grande varie-

dade para escolher outro de sua preferência”, diz José Maria.

Em 2009 e 2010, a Frutas & da Fruta foi indicada pela Revista

Veja como um dos destaques gastronômicos da cidade. Este

ano, concorre mais uma vez e já pode ser encontrada tam-

bém na Secretaria de Turismo do Estado do Ceará (SETUR).

Em breve, para nos deliciar e suprir com nutrientes diversos,

estará em outros pontos turísticos de Fortaleza.

>bons hábitos

José Maria de Oliveira, no seu quiosque Fruta & da Fruta, preparando uma das suas receitas fortificantes

C

84 COSTUMES

>festas de fi m de ano

Os espumantes são tradicionais e indispensáveis

para as comemorações de fi m de ano. Das cidras

aos sofi sticados champanhes, é sempre bom

ter por perto uma taça para brindar o ano que

começa. Mas, para quem deseja dar um colorido

especial à celebração, ou mesmo variar o sabor

do brinde, há diversas opções de drinques para

refrescar e receber com estilo os convidados.

Luiz Edvandro, barman do Restaurante L´Ô,

selecionou para a Revista Costumes quatro

drinques que podem deliciar o paladar de todos

e garantir o requinte da sua recepção.

DrinquesDrinques

cor e requinte para suas festas

85COSTUMES

> Kir-Royale

> Cosmopolitan

O Kir, drinque simples que evoluiu até se tornar um dos

mais sofisticados da coquetelaria foi criado no ano de

1904 em Dijón, na França. Nasceu da ideia do então

prefeito, o cônego Kir, que viu em uma colheita de uva

perdida a possibilidade de misturar um pouco de licor

de cassis ao vinho, criando um novo aperitivo. Enquan-

to a receita do Kir usa, em sua receita tradicional, vinho

branco seco, no Kir-Royale, o vinho branco é substituí-

do por espumante.

Ingredientes

1 taça de espumante20 ml de licor de cassisCereja para decoração

Modo de fazer

Sirva o licor de cassis em uma taça e complete com espu-mante, coloque a cereja com cuidado para decorar.

Não é só Carrie Bradshaw e suas fiéis amigas da série Sex and

the City que são fãs do Cosmopolitan, muitas mulheres mun-

do afora já elegeram a bebida dos EUA como a número um

do seu menu de drinks. No entanto, a mistura de vodka, coin-

treau, suco de limão e cranberry surgiu nos anos 60 e pouco

tem a ver especificamente com a preferência feminina. Já na

história mais conhecida de sua origem, Cheryl Crook, barten-

der em um bar da moda em South Beach na década de 80,

notou que muitas pessoas pediam Martinis, mas não porque

gostavam do drink particularmente, e sim porque achavam

chique. Então teve a ideia de criar um coquetel de sabor mais

suave, que fosse servido na mesma taça.

Ingredientes

1 1/2 medida de vodka

1/2 medida de licor de laranja

1/2 medida de suco de limão

1 medida de suco de cranberry

Modo de fazer

Bata todos os ingredientes em uma coqueteleira com gelo.

Coe e coloque em uma taça de coquetel gelada.

>festas de fim de ano

86 COSTUMES

> Blue Margarita

> Caipirinha com sorvete

A margarita tem três versões para a sua origem, uma delas afir-

ma que a americana Margarita Sames tinha uma casa em Aca-

pulco, onde os famosos de Hollywood passavam boas tempo-

radas. Tida como uma das grandes socialites da década de 40,

ela recebia amigos como Lana Turner, Nick Hilton (dos hotéis),

John Wayne, etc. Uma vez, a anfitriã foi desafiada a criar um co-

quetel e misturou Cointreau com Tequila e suco de limão. Como

na época era hábito tomar tequila precedida por uma pitada de

sal, acrescentou o anel de limão e sal em volta da borda do copo.

Foi um sucesso e ganhou o nome da dona da casa, Margarita!

A Blue Margarita, uma variação da Margarita tradicional, é um

coquetel frozen ideal para os dias mais quentes. O sabor da te-

quila combinado com o limão dá um toque exótico. O drinque

tem duas diferenças do tradicional, o licor é azul e é feito no li-

quidificador, mas o sabor é praticamente o mesmo.

Ingredientes

1 dose de tequila 40 ml3 colheres de chá de suco de limão2 colheres de chá de licor azulCubos de gelo1 colher de chá de açúcarSal e limão para a borda do copo

Modo de fazer

Adicione todos os ingredientes no liquidificador e bata por aproximadamente 30 segundos. Faça a borda do copo com limão e sal, e sirva!

A caipirinha, tradicional drinque brasileiro, já ganhou ver-

sões para todos gostos. Pode ser feita com cachaça, seu

ingrediente original, vinho ou vodka. Limão, morango ou

kiwi, para todos os paladares. Refrescando os dias ensolara-

dos da nossa capital, a caipirinha ganhou nas mãos do bar-

man Luiz Edvandro uma nova leitura, com sorvete de gen-

gibre ou capim santo na sua composição, com uma versão

mais cremosa que promete surpreender seus convidados.

Ingredientes

1 bola de sorvete de gengibre ou capim-santo50 ml de vodka½ tangerinaAçúcar a gostoGelo

Modo de fazer

Coloque gelo até a metade da coqueteleira. Adicione a vodca, os gomos da meia tangerina e o açúcar a gosto. Sirva em um copo alto e aberto e acrescente a bola de sorvete.

Dica do barmanSe não conseguir o sorvete em um dos dois sabores suge-ridos, você pode substituir por sorvete de creme batido no liquidificador, adicionando gengibre ou capim santo.

>festas de fim de ano

C

88 COSTUMES

Cipó em artesanatoBeleza rústica nascida de mãos cearenses, com muitas histórias para contar

Sabe aquela peça de artesanato que atrai o seu olhar e ins-

pira a certeza de que foi feita para a sua casa? Esse “amor

à primeira vista” tem algumas explicações. O artesanato

encanta não só pela beleza dos detalhes, mas por ser re-

sultante não de um trabalho industrial ou mecânico, e sim

manual, essencialmente humano. As técnicas são passadas

de pais para fi lhos. O objeto criado, para ser considerado de

fato artesanal, deve transmitir aspectos da cultura regional

e exprimir originalidade étnica e geográfi ca.

Em outras palavras, cada peça, seja uma toalha de renda, um

vaso de cerâmica ou uma cadeira de cipó, carregará consigo,

em sua aparente simplicidade, diversas histórias: do mate-

rial, das pessoas que se dedicaram à sua feitura, da região de

onde vem, e mesmo da cultura de um ou mais países.

Nas infl uências culturais estrangeiras que contribuíram para

os artesanatos do Ceará, pode-se destacar a Europa e a África.

É claro, os primeiros artesãos foram os índios, que já estavam

aqui no período pré-colombiano. Os padres jesuítas auxiliaram

com técnicas de aperfeiçoamento e aprimoramento para os tra-

balhos manuais. E, se as rendas tiveram contribuição essencial

das mulheres portuguesas, foram os escravos que trouxeram da

África um conhecimento diferente para as áreas de tecelagem,

entalhe em madeira, trançado de palha e cipó.

Essa soma de diferentes culturas afl orou nas mãos dos ce-

arenses que, com habilidade e sensibilidade, desenvolvem

trabalhos originais. Como em todos tipos de artesanato,

parte de uma sabedoria popular, a arte com cipós também

sobrevive na mão de mestres. É o caso de Pedro Balaieiro,

do Distrito de Pernambuquinho, que ganhou fama inter-

nacional por seus trabalhos - já fez, até, um chapéu para o

Papa João Paulo II.

O artesanato em cipó tem, em seu maior atrativo, a rus-

ticidade, intrinsecamente ligada ao extrativismo, pois

depende da flora nativa para sua feitura. Assim, é preci-

so que seja explorado com a preocupação da preserva-

ção ambiental, ou o que se chama de “uso racional dos

recursos naturais”. De fato, no estado, a matéria prima

já começa a escassear em suas principais regiões de

extração: Cascavel/Beberibe (cipó de fogo) e Guarami-

ranga (cipó imbé).

das mulheres portuguesas, foram os escravos que trouxeram da

África um conhecimento diferente para as áreas de tecelagem,

Essa soma de diferentes culturas afl orou nas mãos dos ce-

arenses que, com habilidade e sensibilidade, desenvolvem

trabalhos originais. Como em todos tipos de artesanato,

parte de uma sabedoria popular, a arte com cipós também

sobrevive na mão de mestres. É o caso de Pedro Balaieiro,

do Distrito de Pernambuquinho, que ganhou fama inter-

nacional por seus trabalhos - já fez, até, um chapéu para o

O artesanato em cipó tem, em seu maior atrativo, a rus-

ticidade, intrinsecamente ligada ao extrativismo, pois

depende da flora nativa para sua feitura. Assim, é preci-

so que seja explorado com a preocupação da preserva-

ção ambiental, ou o que se chama de “uso racional dos

recursos naturais”. De fato, no estado, a matéria prima

já começa a escassear em suas principais regiões de

extração: Cascavel/Beberibe (cipó de fogo) e Guarami-

Decorando a sua casaO designer de interiores e móveis especializados Ne-

andro Nascimento, também coordenador do curso

técnico na FIC (o único da área no Ceará), explica que

os móveis de cipó não constituem um estilo, mas sim

uma linguagem rústica. Essa linguagem leva para os

ambientes sua relação com o natural, o artesanal, o

sentimento de descanso. Ele recomenda que os mó-

veis de cipó sejam acompanhados por outros obje-

tos feitos do mesmo material, como uma luminária.

Neandro ressalta ainda que a opção pelo uso do ar-

tesanato depende do perfi l das pessoas, e dá sempre

um toque mais humano, em contraposição ao estilo

contemporâneo, que tende a ser frio, reto, com me-

tais, vidros e pouca madeira.

* Mesmo que o uso desse tipo de móveis seja indica-

do para casas de praia e varandas, é recomendável,

para sua durabilidade, que os móveis feitos de fi bras

naturais fi quem em ambientes protegidos da ação

do tempo, como chuva ou sol em demasia.

Ainda há carência de estudos mais aprofundados sobre os

tipos de cipó utilizados, o tempo necessário para seu cresci-

mento na mata nativa, o total das áreas degradadas decor-

rentes da sua exploração. Os dados a ser coletados são vitais

para a implantação de um programa de educação ambien-

tal visando a preservação e o desenvolvimento sustentável

das regiões envolvidas, com um possível plano de refl ores-

tamento de cipós nas áreas de extração.

No panorama atual, a CEART - ligada à STDS, Secretaria de Tra-

balho e Desenvolvimento Social - tem papel importante nes-

sa questão, pois além de comercializar os produtos também

oferece cursos de capacitação e aperfeiçoamento para as

comunidades envolvidas com o artesanato. Faz parte desses

cursos a orientação para um extrativismo responsável. Epitá-

cio Mesquita, designer de produto que presta consultoria à

CEART explica que tudo começa com a visita de um técnico

e um designer à comunidade, para fazer um diagnóstico que

envolve a recepção do produto no mercado, sua viabilidade e

possíveis opções para inovar. Sempre tendo em mente o cui-

dado de que, no caminho, não se perca a tradição

cultural e suas características originais.

Segundo ele, a ação da CEART é importante,

também, para oferecer condições mais dignas aos

artesãos, normalmente explorados por terceiros, que

comercializam as peças e oferecem pagamentos irrisó-

rios para quem as produz.

cursos a orientação para um extrativismo responsável. Epitá-

cio Mesquita, designer de produto que presta consultoria à

CEART explica que tudo começa com a visita de um técnico

e um designer à comunidade, para fazer um diagnóstico que

envolve a recepção do produto no mercado, sua viabilidade e

possíveis opções para inovar. Sempre tendo em mente o cui-

também, para oferecer condições mais dignas aos

artesãos, normalmente explorados por terceiros, que

comercializam as peças e oferecem pagamentos irrisó-

>arte e cultura

C

90 COSTUMES

Filme ganhador do XXI Cine Ceará vai para Festivais Internacionais

Do Sertão dos Inhamuns para

o mundo

Por Valéria Dallegrave

>cinema

Foi um presente para os cearenses a premiação de Mãe e

Filha com o Troféu Mucuripe de melhor filme no XXI Cine

Ceará, pela primeira vez instalado, com sucesso, no Teatro

José de Alencar. Quem deu o presente, na verdade, não foi

o júri, mas o diretor Petrus Cariry, com a obra bem cuidada

e ligada à realidade cearense, como não poderia deixar de

ser. Esse foi apenas seu segundo longa metragem, antece-

dido por O Grão, de 2007 (que, em dezembro desse ano,

será distribuído nos cinemas do Brasil pela Lume Filmes).

Antes, Petrus já havia marcado presença em festivais nacio-

nais e internacionais com diversos curtas. Não é para me-

nos, afinal ele tem cinema no sangue, é filho do cineasta

Rosemberg Cariry.

Mãe e Filha, rodado com uma câmera 7D, fotográfica, e

montado em um notebook, levou cinco prêmios no Cine

Ceará: melhor longa metragem, melhor roteiro, som, prê-

mio da crítica e prêmio BNB de Melhor Produção de Temá-

tica Nordestina. A história, aparentemente simples, conta

com a excelente interpretação de Zezita Matos (Laura, a

mãe), e Juliana Carvalho (Fátima, a filha) e o filme pode até

parecer lento demais para quem está acostumado ao ritmo

do cinema comercial, do qual Petrus continua fugindo, con-

solidando um estilo próprio.

O que é contado pode ser resumido em “filha retorna da capi-

tal para o interior a fim de cumprir uma promessa e partilhar

luto inevitável com a mãe”, mas o como é contado faz toda

a diferença. São privilegiados planos longos, que expressam

um passar de tempo mais vagaroso e menos estressante, ca-

racterístico do interior, em contraposição à urbanidade. Po-

rém paira sobre cada cena a sombra ameaçadora de um sen-

O vilarejo abandonado de Cococi foi locação para o

drama de Petrus Cariry

91COSTUMES

>cinema

timento represado, que pode explodir a qualquer momento,

quebrando a lentidão do tempo mítico.

A filha aceita reintegrar-se, mesmo que provisoriamente, a

esse tempo mítico, em que o sentido de religiosidade e apego

da mãe beira a loucura. Fátima respeita as vontades de Laura,

reprimindo as suas. O convívio entre elas é pausado, silencio-

so, e se dá de forma quase teatral, emoldurado pelas variações

da interessantíssima locação, no Sertão dos Inhamuns.

A fotografia bela torna as cenas, algumas vezes, semelhan-

tes a pinturas, aliviando, para o espectador, a dor das duas

mulheres com o luto prolongado. O confronto entre a visão

de mundo da mãe e da filha é significativo para a busca atual

de uma identidade cearense. O espectador atento desperta

Valéria DallegraveNascida no Rio Grande do Sul, Valéria Dallegrave da Costa vive há mais de dez anos no Ceará e já se define como “cearúcha”. Graduada em Jorna-lismo gráfico e audiovisual pela UFRGS e mestre em Letras pela UFC, é professora do curso de jornalismo da FIC. Com curso de dramaturgia no Dragão do Mar e na Escuela Internacional de Cine y TV de Cuba, assina coluna sobre cinema no Blog do Tamanduá. Sua relação com as letras também passa pela literatura.

para a pergunta: é preciso fugir das heranças do passado?

Haverá como integrar o mundo do sertão (das tradições) e

o da cidade (a modernidade)? O certo é que um pouco do

sertão está conquistando visibilidade internacional, pois o

filme concorre, ainda esse ano, nos Festivais de Mar Del Pla-

ta, Bogotá e Trieste. E nós ficamos na torcida...

Mãe e Filha será exibido nos cinemas brasileiros em 2012, com

distribuição da Lume Filmes

A fotografia bela torna as cenas, algumas vezes, semelhantes a pinturas, aliviando, para o espectador, a dor das duas mulheres com o luto prolongado.

C

92 COSTUMES

O SalãO Das

Parte vívida do passado de Fortaleza, o apartamento térreo

do número 80 na Rua Coronel Ferraz era usado como depó-

sito quando despertou a curiosidade de Themis, atual coor-

denadora do espaço. Segundo ela, o prédio foi construído

na década de 50 pelo mesmo arquiteto do Lord Hotel e do

Iracema Plaza (primeiro hotel instalado na orla marítima).

A estilista e diretora de arte deu logo um jeito de co-

nhecer o local e percebeu, nos cômodos abarrotados de

mercadorias, o potencial para receber bem mais que ob-

jetos. Até mesmo a ilusão da descoberta de azulejos por-

tugueses, na verdade reproduzidos na estampa do anti-

go papel de parede, tornou-se uma história inspiradora,

contada com carinho. Assim, em abril de 2010 surgiu o

Salão das Ilusões e o belo design da grade de entrada

tornou-se uma verdadeira porta para o passado. Como

parte da renovação e valorização, o espaço interno rece-

beu novos significados. Além da boutique (com a ilusão

dos azulejos portugueses), há a Sala Vazia o Sebo Fatal

(que contém livros novos e usados, CDs e DVDs), o Tao

Café e o acervo Meu Querido Ácaro.

O primeiro espaço, na entrada, é a Sala Vazia que, se por acaso

estiver vazia, permite ao visitante a oportunidade de escolher,

entre os discos de vinil, uma trilha sonora especial. A coleção

inclui Duke Ellington, Nina Simone, João Bosco, Egberto Gis-

monti, Pink Floyd, algumas valsas crioulas vindas de Buenos

Aires e muito mais. Mas a Sala Vazia tem boas chances de estar

ocupada. Afinal, sua proposta é receber atividades diversifica-

das, como exposições, oficinas, lançamentos de livros, apre-

sentações de dança, peças de teatro, Jam sessions (quando

músicos se reúnem e tocam de improviso) e outros...

O Tao Café, aos cuidados de Tarzia Firmino, oferece, em

eventos de exposição ou happy hours dentro da programa-

ção do Salão, o suporte para encontros entre amigos. Algu-

mas luzes coloridas e a decoração com inspiração oriental

dão o toque especial ao ambiente acolhedor que tem, entre

outras opções, tortas, brownies, cafezinhos, sucos, whisky e

a velha cervejinha gelada.

Talvez um dos espaços mais tradicionais ali seja a boutique.

Mesmo assim, ela traz roupas novas e usadas, de estilistas

locais e argentinos, além de acessórios e objetos de deco-

ração. Themis afirma que “não há público alvo ou corpo

padrão”, e podem ser feitas encomendas de roupas sob

medida. De quando em quando, aos sábados, acontece o

Escambau, um encontro para o qual cada um pode levar

roupas e objetos para trocar com outros participantes. É

mais uma provocação para reuniões entre amigos e, claro,

>arte e cultura

Localizado no centro da cidade, ao lado da Igreja do Pequeno Grande, o

antigo Edifício Dona Bela abriga diversas propostas de preservação cultural e

intervenções artísticas, além de um sebo, uma boutique e um café. O que une

todas essas atividades? A consciência da valorização do que já ficou na memória.

Por Valéria Dallegrave

93COSTUMES

outra maneira deliciosa de voltar ao passado, na prática do

escambo, troca entre objetos e serviços que movia a eco-

nomia antes da invenção da moeda.

Themis destaca o valor muitas vezes insuspeito do que

é antigo, lembrando que roupas antigas podem ser mais

confortáveis e até mais baratas. Indo além da utilidade e

do valor material, ela comenta com segurança: muita coi-

sa do passado faz mais sentido em nosso cotidiano atual.

>arte e cultura

Seu papel nisso tudo como verdadeira arqueóloga de in-

dumentárias e objetos? Talvez o seu sobrenome não seja

por acaso: Themis Memória.

Para manter o local e suas propostas culturais, há muitos parceiros envolvidos. Tudo começou com Lia Damasceno e Thaís de Campos, figurinistas que se juntaram pra formar o acervo. Atualmente, o Salão é mantido por Themis Memória, Lígia Aquino, Ana Outono, Vitória Costa e Ana Lúcia, e conta ainda com outras colaborações esporádicas.

94 COSTUMES

Quem não sente de vez em quando uma saudade es-

quisita de tempos não vividos? A aura do passado é

um indicativo da importância de recordar o que já foi.

Afinal, como pensar quem somos sem resgatar o que

já fomos (ou aqueles que nos antecederam)?

O projeto Meu Querido Ácaro, contemplado pelo

Edital das Artes da Secultfor de 2009, consiste em

um acervo permanente de figurinos que podem ser

alugados pelo público. Entre as peças do acervo estão

vestidos de noiva, roupas, sapatos, objetos e acessó-

rios de diversas épocas. E ainda fornecem material,

para consultas públicas gratuitas, a videoteca e a

biblioteca (com livros e revistas de moda, arte, foto-

grafia e design). O Meu Querido Ácaro abrange ainda

dois projetos de pesquisa: o Acervo Anônimo e o Cine

Cartola.

Como Themis e sua equipe produzem figurinos para

cinema, teatro, dança e eventos de moda, o Cine Car-

tola é um cineclube que vem atender a esse interesse,

priorizando o estudo da direção de arte.

Já o Acervo Anônimo consiste na preservação de fo-

tografias de diversas épocas e vem sendo alimentado

por doações espontâneas. Para abastecer essa “me-

mória coletiva”, basta levar fotos pessoais ou de famí-

lia, que serão escaneadas e devolvidas. O banco de

imagens resultante informa sobre contextos de épo-

cas e lugares distintos, caracterizados pelo cotidiano

e pela informalidade. Seu objetivo é fornecer material

para a composição de cenários e/ou caracterização de

personagens em peças e filmes.

Serviço:

Salão das Ilusões

Rua Coronel Ferraz, 80 (ao lado da igreja do Pequeno Grande)

Telefone: (85) 3231.0602

Aberto de segunda à sexta, das 14h às 18h para visitas à bouti-que e colaborações aos acervos

Site: www.salondelasilusiones.com/programacao

>arte e cultura

O projeto Meu Querido Ácaro

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96 COSTUMES

o ano todoCabelos fáceis de arrumarAjeitar o cabelo em casa pode ser mais simples e rápido do que você imagina. Convidamos o expert Eduardo Ferreira para preparar três looks lindos e práticos. Ele vem ensinar você a tirar proveito dos produtos certos e ainda contar aqueles truques que só quem lida com cabelo todos os dias conhece. O seu banheiro vai virar um camarim!

Para 2012, Eduardo afirma que a valorização de cabelos desestruturados, com os fios desalinhados, prova que o cabelo levemente bagunçado é chique e está em alta, enaltecendo a trança que é a cara do verão e se adapta muito bem à estação permanente do Ceará. Assim como as tranças, os cabelos soltos e ondulados remetem direta-mente à estação mais quente do ano. Confira três modelos que vão fazer você arrasar no Natal e Réveillon.

Para fazer um cabelo solto Você vai precisar de:1 – grampos 2 – escova 3 – secador para a franja 4 – baby liss 5 – spray fixador extra forte Charming 6 – mousse fixação normal Charming 7 – spray Charming Gloss

Dicas de Dudu Ferreira1) Para que o cabelo fique com as ondas mais definidas, pre-pare o cabelo seis horas antes do evento e solte perto de sair.2) Ao aplicar o baby liss no cabelo, segure a mecha até esfriar, para que ele não murche.

Linda

Modo de fazerLave o cabelo e seque com o auxílio do secador e das mãos.

Aperfeiçoe o acabamento da franja com o auxílio da escova

e coloque-a em um bob. Divida o cabelo ao meio e apli-

que mousse do meio para as pontas. Penteie bem, para de-

sembaraçar. Comece com o baby liss em mechas finas e do

meio para o final, evitando fechá-lo no bico para que não

marque. Depois de todas as mechas feitas, enrole-as em um

único cacho formando um “coque da vovó”. Repita o proce-

dimento com o outro lado. Retire os grampos, soltando as

mechas com cuidado. Aplique o spray fixador Charming Ex-

tra Forte e solte as mechas com os dedos devagar. Finalize

com o spray Charming Gloss para dar brilho ao cabelo.

>beleza

97COSTUMES

Para fazer um cabelo meio preso Você vai precisar de: 1 – grampos 2 – pente com cabo fino 3 – secador para a franja 4 – spray fixador extra forte Charming 5 – spray Charming gloss

Dicas de Dudu Ferreira1 – Para melhor acabamento dos seus looks de ca-

belo, tenha sempre dois tipos de sprays fixadores.

Comece com o fraco e finalize com o forte ou extra-

forte, o que melhor se adequar aos seus cabelos.

2 – Para dar volume na raiz da franja, puxe-a com o

auxílio de um pente e secador.

Modo de fazerLave o cabelo e seque com o auxílio do secador e das mãos.

Aperfeiçoe o acabamento da franja com o auxílio da escova

e do pente. Penteie o cabelo para trás e no topo faça um

quadrado. Com o topo do cabelo separado em um quadra-

do comece da parte de trás, em mechas finas, a eriçar (pen-

tear no sentido contrário ao movimento) a raiz do cabelo,

colocando spray fixador fraco, repetindo o processo até

chegar à franja, mas sem fazê-la. Deixe a franja para moldar

o rosto. Com o cabo fino de um pente, faça um zigue-zague

na raiz da franja, moldando-a para não ficar com aspecto

pesado, de muito cabelo. Coloque o cabelo todo para o lado

direito e erice a lateral, colocando-o para trás, por cima da

orelha. Repita o procedimento do lado esquerdo, finalizan-

do os dois lados com spray fixador Charming extra-forte.

Pegue uma mecha de cabelo do lado direito e prenda-a no

centro da cabeça, com um grampo. Repita o procedimen-

to do lado esquerdo. Penteie o topo para modelar os fios,

mas sem desfazer as marcas de dedo, que dão o ar jovial ao

penteado. Finalize com spray fixador Charming extra-forte

e depois spray Charming gloss para dar brilho ao cabelo.

>beleza

98 COSTUMES

Para fazer um cabelo preso Você vai precisar de: 1 – grampos 2 – ligas de silicone 3 – secador para a franja 4 – spray fixador extra forte Charming 5 – spray Charming gloss

Modo de fazerLave o cabelo e seque com o auxílio do secador e das mãos. Aperfeiçoe o acabamento da franja com o auxílio da escova, de-pois coloque-a em um bob. Penteie todos os fios para o lado que deseje colocar a trança. Do outro lado do cabelo, aplique spray fixador extra forte Charming e, com o auxílio dos dedos, leve os fios para o sentido da trança, sempre deixando um pouco folga-do. Prenda a lateral no centro da cabeça com um grampo. Com um grampo grande, prenda o restante do cabelo no pé da nuca e no sentido da trança. No topo do cabelo repita o movimento que fez na lateral. Comece a trança no topo da lateral, seguindo puxando os cabelos das laterais até finalizar. Prenda com ligas de silicone. Puxe a trança para as laterais de forma que desarru-me, finalizando com spray fixador normal Charming. Tire o bob da franja, erice um pouco e molde-a ao seu rosto. Finalize com spray Charming gloss para dar brilho ao cabelo.

Saiba mais:Mousse

O produto dá bastante volume aos cabelos e realça ondas e

cachos. Varia de fixação suave (para fios finos) a forte (para os mais grossos). Podem ser aplicados tanto nos cabelos

úmidos como secos.

Spray de fixaçãoDeixa os cabelos no lugar,

mas não tão armados como faz o mousse. A função

dele é manter o penteado do jeito que você arrumou,

preso ou solto.

Agradecimento:As fotos para esta matéria foram realizadas no espaço do Salão Bel Vitale:Av. Desembargador Moreira, 210 – Meireles – Fone: 85 3242.1212

>beleza

Dicas de Dudu Ferreira1 – Use o spray a uma distância de 30cm dos cabelos para que o efeito fique natural. 2 – Os itens desses looks são essenciais, tendo-os em casa, você estará pronta para se arrumar rapidamente em qualquer ocasião.

Spray de BrilhoA função é dar brilho ao cabelo, seja ele liso, crespo ou ondulado. O spray

contém um silicone super leve que deixa os fios com aspecto hidratado e brilhante e deve ser usado quando se

quer um acabamento reluzente.

C

101COSTUMES

Além da função como acessório fashion, um chapéu diz

muito sobre a personalidade de uma pessoa, por isso é im-

portante saber escolher. Os vários tipos disponíveis no mer-

cado usam matérias-primas que podem variar de couro até

tecidos nobres, como seda e linho, e se apresentam com

uma grande gama de cores, o que pode conferir diferentes

identidades para uma mesma peça.

O certo é que o acessório já conquistou celebridades por

todo o mundo há algum tempo, ganhando sempre desta-

que em revistas e sites de moda. Quem não lembra do fa-

moso chapéu de laço usado pela princesa Beatrice de York

durante o casamento real - que, aliás, foi um festival de cha-

péus nas mais variadas versões.

Dentre os diversos modelos existentes, pode-se destacar

um dos mais vendidos, e o favorito das celebridades, o tipo

panamá. Ele vai muito bem com nosso clima tropical, e

pode ser usado por homens ou mulheres, não só em looks

casuais, aos quais dá um toque descontraído, como tam-

bém em propostas para noite e praia.

Determinados chapéus são tão exóticos que podem ser

comparados a obras de arte por seu design ousado e mo-

derno. Algumas pessoas podem achar até coisa de maluco,

por exemplo, ser flagrado na rua com uma enorme flor pre-

ta ou um cubo na cabeça, mas não é o que pensam nomes

como Katy Perry, Nicki Minaj e Lady Gaga.

E, se você pensa que por morar em um local tão quente

quanto Fortaleza, o único chapéu que pode usar é o de pa-

lha, para se proteger do sol quando vai à praia, está na hora

de rever seus conceitos.

Uma boa dica para quem pensa em aderir a esta moda é

ter certeza que se identificou com o adereço. Experimen-

te vários, e escolha aqueles que melhor se acomodam

a sua cabeça e ao seu estilo. Se permanecer a dúvida,

opte pelo panamá branco, um clássico que vai bem com

praticamente tudo.

Quem busca um acompanhamento para usar com roupas

de festa, a indicação é escolher um chapéu da cor do vesti-

do ou que contraste harmonicamente com ele e a ocasião

(no caso das mulheres), ou ainda não seja muito antiquado

(no caso dos homens).

As dicas importantes para incrementar o seu estilo es-

tão aí, agora é só você decidir se vai colocar essa ideia

na cabeça...

Considerado por muitos como item indispensável no guarda-roupa de quem gosta de expressar um estilo na moda, o chapéu ganhou novamente espaço na vida e no dia a dia das pessoas. De criança a adulto, seja homem ou mulher, não há idade limite para apostar na peça, que proporciona um toque especial em qualquer look.

>moda

Edmar MendesCearense da gema, largou a arquitetura aos 20 anos para fazer moda. Hoje, pós-graduado em Criação de Imagem e Styling de Moda pelo Senac São Paulo, é, também, consultor de Moda e Estilo. Seu trabalho pode ser conferido nas vitrines na Meio Tom, onde atua como designer, e na Sabbia Rossa, sua loja multi-marcas.

Que tal irQue tal irde chapéu?de chapéu?

por Edmar Mendes

C

A velocidade do desenvolvimento tecnológico tem muda-

do muito nossas vidas, interferindo na forma como consu-

mimos produtos e serviços e até mesmo nos relacionamos

uns com os outros. A internet é a grande agente de muitas

dessas transformações. Antes do seu surgimento, a comu-

nicação não era tão ágil. Para receber as notícias do dia,

por exemplo, você precisava esperar o horário de algum

programa de notícias na rádio ou TV, ou ainda receber em

casa o jornal com as “novidades” do dia anterior. Com a in-

ternet, foram derrubadas barreiras de tempo e espaço, as

notícias são disponibilizadas imediatamente para o mun-

do inteiro, em tempo real.

Mas não foi só isso. No vendaval de grandes transforma-

ções tecnológicas, a última grande novidade são as redes

sociais, cuja utilização se desenvolve e se adapta à trajetó-

ria de vida e ao dia a dia de cada um. Nelas, estão sendo

estabelecidas relações de diversos interesses, que vão de

trabalho a amizade, e até namoro. My Space, Flickr, Twitter,

Orkut, Linkedln, Facebook, etc., cada uma com suas carac-

terísticas e públicos específicos.

Um estudo realizado pela empresa comScore aponta que

99% dos internautas do Brasil estão conectados a pelo

menos uma rede social. O Orkut foi, por alguns anos, o

queridinho dos brasileiros, mas de acordo com dados le-

vantados pelo Ibope Nielsen referentes a agosto desse

ano, seus 29 milhões de usuários únicos já são superados

pelos 30 milhões do Facebook.

Nessa rede social, você cadastra seu perfil e vai adicio-

nando amigos com os quais pode compartilhar notícias,

eventos, vídeos, fotos, informações em geral. As compa-

nhias, instituições, marcas e celebridades podem tam-

bém criar fanpages para divulgação. Quando se opta por

“curtir” essas fanpages, passa-se a “segui-las”, ou melhor,

a receber todas informações disponibilizadas por elas.

Os Mercadinhos São Luiz, buscando mais proximidade com

seus clientes, estão no Facebook desde 2010 contando com

mais de quatro mil seguidores até o momento. A analista

de marketing da empresa, Claudia Magalhães Marques, ex-

plica que diversas informações são postadas diariamente

para os clientes. Entre elas, podemos destacar as seguintes:

as receitas dos chef’s, os lançamentos de produtos, a dis-

tribuição de brindes entre os fãs da página e eventos que

acontecem em loja, como degustações e serviços especiais.

Facebook

>a um clique

Os Mercadinhos São Luiz curtem essa rede

102 COSTUMES

103COSTUMES

Quem acessa o Facebook?Em uma pesquisa realizada pela GfK Custom Research

Brasil com mil pessoas de nove regiões metropolitanas -

Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre,

Rio de Janeiro, Recife, Salvador e São Paulo -, foi consta-

tado que, embora o uso de mídias sociais tenha crescido

no Brasil, a utilização do Facebook ainda é restrita, sen-

do maior entre as pessoas com maior nível socioeconô-

mico e entre os mais jovens, que têm de 18 a 34 anos.

No Brasil, 27% das pessoas que usam essas mídias cos-

tumam fazer isso para pesquisar marcas. Já outros 17%

usam-nas como ferramentas para recomendar uma mar-

ca. O intuito era identificar o interesse e a interação dos

usuários em relação às marcas nas mídias sociais.

Vale ressaltar que 53% das pessoas integrantes das clas-

ses AB dizem utilizar as redes sociais, ao passo que, en-

tre os integrantes das classes CD, esse percentual não

passa de 33%.

A fanpage é a maneira mais rápida para os clientes saberem

de tudo que acontece nos Mercadinhos.

Ou seja, se você ainda não “curtiu” a página dos Mer-

cadinhos São Luiz no Facebook, pode estar perdendo

promoções e dicas valiosas. No caso, a virtualidade não

corre o risco de ser prejudicial, alienando da realidade.

Pelo contrário, ela é apenas mais uma oportunidade de

estreitar um laço cotidiano de carinho e dedicação na

prestação de serviços.

>a um clique

103COSTUMES

As redes sociais no Brasil e no mundoSobre o comportamento dos internautas no mês

de março desse ano, a empresa comScore consta-

tou que o Brasil só perde para os Estados Unidos

em adesão às redes. No entanto, quanto à freqü-

ência, os brasileiros ultrapassam os internautas

americanos. No Brasil, a média de visitas é de 30,6

ao mês, contra as 30,3 dos americanos.

Os países que mais acessam as redes sociais são

pela ordem: Estados Unidos, com 97,7% dos in-

ternautas, Brasil com 99%, México com 98,9%,

Reino Unido com 97,9% e Espanha com 97,5%.

C

104 COSTUMES

>gôndola

104 COSTUMES

O Banquete Granja Regina é um frango especial pois tem tamanho para alimentar uma familia. Além de possuir uma carne macia e suculenta, é temperado com especiarias naturais, de sabor regional com toque de azeite, ideal para ser consumido em momentos de partilha e convívio. O Banquete é uma ave de origem escocesa, produzida e aprimorada pela Granja Regina, frango alimentado com ra-ção natural a base de milho e soja, que proporcionam o desenvolvimento saudável da ave, resultando em um produto maior, com menos gordura e carne mais saborosa.

A nova linha de massas Medaglia D’Oro Paganini possui texturas e sabo-res diferenciados para o preparo de pratos mais sofi sticados e saudáveis: a Granfusilli, a Pappardelle com ovos e a Rustiche com ovos. A Medaglia D’Oro Granfusilli é uma massa com rendimento excelente, possui grande versati-lidade na cozinha e adapta-se facilmente a todos os tipos de preparo. Já a Medaglia D’Oro Pappardelle com ovos é a massa perfeita para um cozimen-to rápido, sua delicadeza e leveza transformam qualquer prato, tornando-o único. Por fi m, a massa Medaglia D’Oro Rustiche com ovos é uma massa saborosa com espessura ideal para reter todos os tipos de molho.

A carne Angus Certifi cada é produzida exclusivamente de novilhos jovens da raça Aberde-en Angus. A raça, que tem origem escocesa, é criada no Brasil há cem anos em diferentes regiões. É conhecida pela maciez, suculência e sabor mais apurado. Isso acontece pelo mar-moreio, que representa a quantidade de gordura intramuscular e é considerado uma parti-cularidade importante, pois está intimamente relacionado com as características sensoriais da carne, possíveis de serem percebidas e apreciadas pelo consumidor. Essa é a principal diferença da carne Angus para as demais. Seu período de maturação é ainda maior que o da carne Matturatta, por exemplo. Os Mercadinhos São Luiz, além de ser o primeiro super-mercado com carnes Angus em Fortaleza, é o primeiro do Brasil com cortes personalizados deste tipo de carne: picanha, maminha, fi lé de costela, coração da alcatra, contra-fi lé, cora-ção da paleta, coxão duro, coxão mole, fi lé mignon, lagarto, raquete e peito.

A Via Láctea, com uma enorme variedade de queijos importados e nacionais, sempre buscando a inovação e a oferta de sabores indispensáveis para seu dia a dia, traz uma nova linha de queijos, que são comercializados sob as marcas: Paulo Capri, Chevre d´or e Serra das Antas. Nesta família de queijos, apresenta grande diversidade de sabores, com uma linha completa de produtos derivados de leite de Cabra e de leite de vaca, pro-duzidos com alto nível tecnológico. O sabor, a textura e a composição destes produtos garantem saúde e um prazer novo a sua mesa, o prazer da natureza. A Via Láctea, onde a qualidade faz a diferença, está presente em suas reuniões e momentos felizes.

Banquete Granja Regina

Massas Medaglia D’Oro Paganini

A Estrella Damm Daura é uma cerveja clara, dourada e refrescante, possui coloração dourada, amargor médio e espuma abundante. Elaborada com baixa concentração de glúten (menos de 6ppm) é ideal para celíacos. Foi desenvolvida pela renomada cervejaria espanhola Damm e é fruto de três anos de pesquisas junto ao Consejo Superior de Investigaciones Científi cas, órgão do Ministério da Ciência e Inovação do Governo Espanhol, para criar uma cerveja totalmente segura para o consumo de celíacos, que mantivesse todas as propriedades das cer-vejas tradicionais. Deliciosa, proporciona o prazer de uma boa cerveja aos adeptos da dieta sem glúten. A cerveja Estrella Dam Daura foi considerada pela Revista Beers of the World como ‘A melhor cerveja sem glúten do Mundo’, ideal para acompanhar pratos leves, como peixes.

Cerveja Estrella Damm Daura

Queijos Via Láctea

Carne Angus

saborosa com espessura ideal para reter todos os tipos de molho.

>a seu dispor

105COSTUMES

Relacionamento que cativaOs Mercadinhos São Luiz trabalham com um grande diferencial, o atendimento ao cliente. Os Gerentes treinam os colaboradores, de forma que o trabalho de um possa somar-se aos dos outros. Cada colaborador é preparado com profissionalismo para compreen-der os anseios do freguês, tornando o ambiente agradável não só pela qualidade, diversidade e higiene dos produtos, mas também pela atenção dos colaboradores.

O Gerente de Atendimento Lusmar Dantas Guimarães, conheci-do como Mazinho, com 36 anos de carreira nos Mercadinhos São Luiz, afirma que “O gerente deve ser um exemplo para os funcio-nários”. E complementa: “Vejo o cliente como um amigo e parceiro que nos ajuda a enxergar as necessidades do estabelecimento para melhor atendê-lo. Não é a toa que o Mercadinho São Luiz está hoje entre as dez melhores empresas do Ceará para se traba-lhar, e entre as cem do Brasil.”

Mazinho entende o quanto é importante acompanhar os clientes de perto. Ou seja: saber os dias nos quais costumam fazer com-pras, oferecer um café, ajudar com as sacolas, saber seus nomes e os de seus familiares, conhecer os produtos que mais gostam, garantindo que esses não faltem no supermercado e assim por diante. Dessa forma, o São Luiz poderá suprir todas as expectati-vas e, naturalmente, conseguir a fidelização de seus clientes.

Lúcia Maria Simões, empresária que frequenta o Mercadinho há 20 anos, garante que “o atendimento do São Luiz é o grande di-ferencial da empresa, e o mais importante, sob um ponto de vista empresarial, é crescer sem perder o tratamento diferenciado”. Ela ressalta: “O relacionamento com o Mazinho e os colaboradores do São Luiz é excelente e faz as manhãs de sábado serem prazerosas. Fazer compras acaba se tornando um passeio, no qual se escolhe produtos, há troca de informações e conhecimento e, o mais im-portante, podemos rever os amigos”.

A cliente, que tem uma parceria de bastante tempo com os Merca-dinhos, afirma: “Me considero um pouco ‘dona’ do São Luiz”. Não é a toa que Mazinho a vê como consultora, aceitando prontamente as sugestões que provém do seu conhecimento profissional para implantar na empresa. Essa interação é um modelo do relaciona-mento de confiança cultivado entre colaboradores e clientes.

Visando suprir as expectativas dos seus públicos, todas as lojas dos Mercadinhos São Luiz de Fortaleza - em breve do Cariri - têm a assistência dos Gerentes de Atendimento, que auxiliam os clien-tes no que for preciso. Atualmente, além do Mazinho, há mais seis colaboradores na área: Arlene Lima, Gualberto Muniz, Raimundo Barroso do Rêgo, Flávia Rayssa de Almeira, Tereza Cristina Ferreira e Gilberto Feitosa da Silva.

Clientes dos Mercadinhos São Luiz, Lúcia Maria Simões e seu marido procuram pelo Gerente de Atendimento, Mazinho para tirar suas dúvidas

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106 COSTUMES

Programei-me para comprar uma full HD de 50 polega-

das, acrescentando nova prestação no meu orçamento,

quando tive a intuição mais inteligente da minha vida:

eliminar o televisor do meu quarto.

Certo dia dos anos 80 - meus filhos ainda crianças - decidi co-

locar um televisor em cada quarto, além do meu. Essa coisa

de paizão coruja burro, achando que estava dando um show

de bola. O resultado foi o fim do convívio familiar, cada filho

enfiado na cama assistindo ao seu programa predileto – real-

çando a desgraçada individualidade. Um dia, dois dos três ir-

mãos brigaram em plena sala com diálogos de mau vizinho.

Já não tinham papo, quebravam o pau por qualquer coisa. E

assim cresceram sem grandes cumplicidades entre eles até

a puberdade, quando desarmei o covil. As famigeradas teli-

nhas, protagonistas da discórdia, foram parar em instituições

carentes trazendo paz ao meu conflito doméstico.

Optei em seguida por assistir televisão na sala, o televisor

principal, com home theater e o escambal. No começo foi

frustrante, ninguém se achegava ao sofá, a despeito da

pipoca fresquinha como relaxante. Com o passar dos dias

eles foram se achegando, negociando o programa do ho-

rário, papeando sobre as novidades do dia, as paqueras,

o barzinho da moda, comentários aos noticiários, abrindo

os olhos para as oportunidades e os perigos. Arranjei um

torcedor do Vasco pra encher o saco, mas ganhei filhos ma-

ravilhosos, loucos por livros e profissionalmente realizados.

Tarde da noite assisto ao fraquíssimo Jô Soares, desisto e

abro um livro. Deito-me em absoluto silêncio, entrego-me

aos meus devaneios, penso em Deus, recarrego meu espí-

rito sem as energias negativas de noticiários pesados com

desastres, mortes e fraquezas humanas a enojarem o meu

leito. Recorro aos meus textos favoritos, que me ajudam a

entender esse mundo maluco. O paraíso. Dia seguinte, o

Bom Dia Brasil nos realimenta com as bobagens do cotidia-

no (na falta de um noticiário matinal inteligente, que ainda

hoje tenho vontade de produzir!).

Foi assim que economizei, com aquela decisão, o dinheiro

de uma viagem deliciosa à Europa na primavera. E reencon-

trei o papo de família, as namoradas dos meus filhos, o te-

lefone fixo, os livros que andavam empoeirados, buscando

combinar “minha maluquês com a minha lucidez”.

O televisor do meu quarto quebrou. Já era tempo. Dez anos de uso, de sofrimento torcendo pelo Botafogo. Esporte é o meu lazer televisivo.

>check out

O dia em que a televisão do quarto quebrou

Nazareno AlbuquerqueJornalista, integra o núcleo de projetos do grupo de Comunicação OPovo, comentarista de política da AM do Povo/CBN é consultor de planejamento mercadológico da NA Comunicação, além de assi-nar uma coluna de opinião no Blog do Tamanduá. Seus domingos são de pouca conversa: vida no sítio em paz com a natureza e à beira da piscina ou atendendo a refinados convites de amigos.

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