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Page 2: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15
Page 3: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

BEM NA FOTOVeronica Barreto

CULTURA“Nuestra Senhora” volta ao Barracão Clowns neste fim de semana

ENTREVISTALuiz Carlos

CAPA

05 #EDITORIAL RN perto do fim

16 #POR ELAS JEANNE ARAUJO Anunciação20 #TUITADAS

26 #ARTIGO RINALDO BARROS Brasil está andando para trás?

34 #AGENDA

_rnA Revista _rn é uma publicação da BEEP! Comunicação

Rua Antônio Madruga, 2009 - NatalCNPJ. 18.559.813.0001-81

A Revista _rn não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados.

/revistawebrn /revista_rn /revista_rn 84 99710-8888

12 Túlio Ratto

21 Ramirez Fernandes

18 Raildon Lucena

32 Luis Fausto

Papo furado

Brigas, demissões e vexames na Câmara de Mossoró

Tributos

Da Serra ao Seridó Vivências em um Brasil de Contrastes

28 Ana Cadengue

Girando

Chargista Brito Cicloviário de Natal

3

confira10Caos RNParou por quê? Por que parou?

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22

06

24

14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnSUMÁRIO

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Veja a foto. Imaginamos que você está tentando entender uma senhora deitada no chão, recebendo atendimento médico...

Mas não é. Se bem que no RN está virando rotina esse tipo de atendimento (no chão) nos hospitais públicos.

Veja a foto. Agora se morre desprezado no chão. A imagem que causa tanta indignação, tamanho sofrimento, tamanho descaso com a vida humana, viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (12).

Volte à foto. Veja mais uma vez.

Dona Maria Iris Soares, 74 anos, morreu ali, no chão frio, no Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, na quarta-feira (12).

Poderia ser dona Severina, dona Marta, Ana, Luzia, Josefa, Márcia, Cristiane, Izabel, ou a sua mãe. Sem direito a uma maca, um leito...

Morrer em paz. Nem isso mais.

Na outra ponta, na extremidade, de tantos problemas na área da Saúde do Rio Grande do Norte, um governo omisso, que vive em um faz-de-contas infindável, que não consegue encarar os

problemas como eles devem ser encarados. Que vive inventando desculpas para o que não pode remediar... E que não se pronuncia quando um caso desses vem à tona. Calado estava, calado ficou.

Volte à foto. Veja mais uma vez.

Falta de respeito.

Robinson Faria (PSD), segundo ele mesmo, andou o Estado durante quatro anos – depois de enxotado pela então governadora Rosalba Ciarlini – e dizia que sabia como resolver todos, todos os problemas que o RN estava passando naquele momento.

Passado o engodo, a mentira, a peça de marketing, chegamos ao faz-de-contas. Só que agora o norte-rio-grandense está sendo tratado como bicho.

Volte à foto. Veja mais uma vez.

Aos familiares de dona Maria Iris, um ser humano, que ficou estirada no piso branco e frio, os nossos mais sinceros sentimentos.

Ao governo desumano, o desejo que encare os problemas de frente, o nosso desprezo por tamanha incompetência nesse Rio Grande do Norte animal. Perto do fim.

RN perto do fim

[email protected]

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnEDITORIAL Opinião

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ENTREVISTA

“(...)podemos, em Mossoró, tomar outro rumo que não seja a aliança apoiando um

candidato do PSD”

Luiz Carlos Martins é professor aposentado, foi eleito em 2012 para exercer o terceiro mandato de vereador (1997-2000 / 2001-2004 / 2013 a 2016), eleito como

vice-prefeito na eleição suplementar em 2014 de Mossoró.

Luiz fala de sua interinidade no executivo mossoroense ocorrido recentemente - algo inédito para o PT da segunda maior cidade do Estado do Rio Grande

do Norte -, em momento conturbado da administração - com a greve do funcionalismo público.

No período de dez dias debateu também com diversos segmentos que até então não eram recebidos pelo Silveira Jr.

Desde que eleito para o cargo de vice-prefeito, na eleição suple-mentar em 2014, o senhor assumiu a Prefeitura Municipal de Mosso-ró por duas vezes. O que o senhor destacaria como a marca do PT no Executivo?

Consideramos as nossas duas pas-sagens como prefeito em exercí-cio, a de dezembro e de julho, mo-mentos importantes para a cidade

e para o PT. Marcou em primeiro lugar uma quebra de paradigma histórico, já que, foi a primeira vez nos seus 35 anos de existência que o nosso partido chegou à admi-nistração de Mossoró, mesmo não sendo ainda na situação ideal. Mas humildemente, acreditamos que fi-zemos por onde contribuir para a cidade. Mostramos que é possível construir uma gestão diferente das anteriores. Com democracia, diálo-

go e principalmente transparência. Que tenha diálogo com os movi-mentos sociais, entidades de clas-se, sindicatos, universidades, mas, principalmente atendimento às de-mandas, dentro do possível. Então, achamos que as nossas duas pas-sagens pela interinidade prezaram pela construção desse diálogo e de debates em torno dos problemas, soluções e projetos necessários para a cidade. Por imprimir uma marca

Luiz Carlos

Por Adriana Morais

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnENTREVISTA

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ENTREVISTA

petista de gestão participativa. Não podemos conceber que o Palácio da Resistência seja um ambiente fechado para as discussões das problemáti-cas da população e que tenha postura contrária à participação popular. Na primeira passagem que tivemos como prefeito interino, destacamos ações concretas na área de esporte, reunindo clubes, vereadores e presi-dente da Liga Desportiva Mossoroense para tratar do Nogueirão. Fecha-mos um acordo unindo oposição e situação na Câmara e isso possibilitou a votação do projeto de municipalização do nosso estádio sem polêmica. Debatemos com a classe artística mossoroense e isso fez com que se agili-zasse a retomada do conselho de políticas culturais que estava adormeci-do há anos. Negociamos com o Sindiserpum e chegamos ao consenso que pôs fim a uma greve dos Agentes Ambientais que já chegava aos 100 dias. Viabilizamos com a ajuda da nossa Senadora Fátima Bezerra o contrato com a Caixa Econômica Federal para o projeto de requalificação da Ave-nida Rio Branco na ordem de 41 milhões. Já na nossa segunda interinidade, a situação política e econômica da cida-de era outra. Abrimos sem intermediários o diálogo direto com os ambu-lantes. Iniciamos um processo legítimo de negociação e vimos que era e é possível tratá-los de forma diferenciada como trabalhadores e trabalhado-ras. Como pais de famílias que não estão cometendo crimes e sim buscan-do a sobrevivência. Gostaria de registrar modestamente que considero como mais importan-te desses últimos dez dias que assumimos em julho, a criação do Grupo de Trabalho do Orçamento Democrático. Ele é um instrumento de grande

importância para a socie-dade. Nele podemos não apenas cobrar, mas par-ticipar diretamente das definições e prioridades de qualquer gestão. Seja essa atual ou as futuras. Com isso o cidadão co-mum, as instituições, a imprensa, vão poder co-brar e ter acesso às con-tas do município. Hoje o que mais a sociedade cla-ma é por transparência no uso dos recursos pú-blicos e participação nas decisões dos governos.

Deixamos o GT criado, instalado e empossado. Nossa obrigação agora é fazer com que ele funcione como deve. Sem amarras e com transpa-rência. Recentemente, o senhor assumiu a Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM) por dez dias, em um mo-mento bastante complicado: servi-dores em greve, problemas com os taxistas, ambulantes, entre outras questões. Em algumas situações, o senhor, inclusive, chegou a revogar determinação do prefeito Francis-co José Júnior, como no caso dos taxistas intermunicipais. Como o senhor avalia o posicionamen-to de sua gestão estando à frente da prefeitura em um momento tão delicado?

Realmente pegamos a gestão num período extremamente complica-do. Mas afirmo sem vaidade e com humildade que foi um orgulho po-der colaborar como cidadão e ges-tor para com a nossa cidade. Digo

7

14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnENTREVISTA

Carlo

s Ska

rlack

Page 8: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

também que não hesitamos

em enfrentar os principais

problemas que estavam postos. Sa-bíamos que 99% deles

não tínhamos como resolver

no curto espaço de tempo e por não

termos todas as infor-mações possíveis para as

tomadas de decisões que a gestão pre-cisa e que Mosso-ró merece. Então, qual foi nossa saí-da para essa situa-ção? Ser transpa-rente, dialogar,

conversar com as pessoas e os segmen-tos da so-ciedade que

estavam e estão passando

por dificuldades. Fa-zer o que sempre fi-zemos em toda nossa vida, ouvir as pessoas para tomar decisões acertadas.

Ainda falando do período em que o se-

nhor esteve à frente da pre-feitura, alguns veículos de comunicação especularam

um possível rompimento entre o PT e o atual governo. Essa especu-lação tem algum fundamento?

Veja bem, não posso falar em nome do PT. Tem as instâncias para deci-dir o que é preciso. E as instâncias devem e tem que obedecer a um calendário definido nacionalmen-te. Não sou eu, nem mesmo o Pre-sidente do partido que tomará de-cisão de candidatura ou não. Esse calendário de debates oficial e esta-tutário só se inicia no próximo ano. O que podemos afirmar é que hoje tem uma aliança nos três níveis com o PSD, mas cada partido vai olhar o seu projeto na hora correta. Veja o caso de Natal. Nosso Depu-tado Estadual Fernando Mineiro já se colocou à disposição do Partido para ser candidato a Prefeitura da Capital e disse que o projeto não depende da vontade e ou desejo do PSD. Vendo nessa situação, pode-mos também, em Mossoró, tomar outro rumo que não seja a aliança apoiando um candidato do PSD. Podemos ter um nome próprio do PT disputando a eleição. Natural-mente que meu nome está e sem-pre estará a serviço de um projeto coletivo. E se esse projeto coletivo for disputar a Prefeitura de Mosso-ró vou estar pronto na hora certa.

Recentemente, um grupo do PT divulgou uma nota com duras crí-ticas à gestão de Silveira, queixan-do-se, principalmente, da centra-lização das decisões no Governo. Qual o posicionamento do senhor

ENTREVISTA

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnENTREVISTA

Page 9: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

estão sendo obtidos?

Começo afirmando que não se trata de “projeto paralelo”. Tenho quase 30 anos de militância social, sindi-cal e partidária. Já fui vereador por três vezes e em todas as situações nossa postura sempre foi à mesma. Respeitando os movimentos so-ciais, dialogando com a população e escutando muitas opiniões. Esse sentimento nós dissemos desde a primeira vez que fomos convidados a compor a chapa na eleição suple-mentar. Inclusive renunciei ao man-dato que o povo de Mossoró nos confiou com uma votação pratica-mente igual à de muitos candidatos que tinham grandes estruturas de campanhas e perfil conservadoras. Nossa campanha para vereador foi pé no chão. Na confiança que nutre nas pessoas pelos três mandatos sem decepcioná-las, sem nos envol-vermos em casos duvidosos. En-tão, essa questão dos projetos que estamos desenvolvendo, juntamen-te com nossa equipe de assessores, simplesmente é dando continuida-

de a nossa trajetória de militância e vida política. Estamos debatendo com os segmentos organizados da sociedade, com trabalhadores e tra-balhadoras, os problemas da cida-de através do “Ciclo de Debates” e do “Escuta Popular” e temos dialo-gado muito com o cidadão e cidadã que não está organizado em cate-gorias.

Queremos agradecer a oportuni-dade que a Revista está nos con-cedendo para dialogar não só com Mossoró, mas também com todo o Estado do Rio Grande do Norte. E desde já nos colocamos à disposi-ção deste projeto inovador que é a REVISTA DO RN que tem amplia-do a cada dia o número de admira-dores, leitores e leitoras.

com relação ao teor dessa nota?

Olha, esse grupo é a Tendên-cia Petista Articulação de Es-querda. Ela existe há mais de 20 anos em todo o Brasil. E aqui tenho muito orgulho de ser um dos seus militantes. A Articu-lação de Esquerda, nossa ten-dência, tem uma linha como o próprio nome já diz, ela é mais à esquerda dentro do próprio Partido e suas discussões e de-cisões não são frutos da cabeça de um ou outro militante. Elas são co-letivas e essa decisão coletiva ex-pressada na resolução política, fri-so que não foi simplesmente uma nota pública, ela faz um balanço da gestão na qual nós estamos inseri-dos. Foi um balanço para colaborar com a cidade e com a própria ges-tão. Gostaríamos enormemente que a situação do país e de Mossoró fos-se outra hoje e para isso emitimos nossas opiniões e algumas delas com críticas até mesmo ao governo Dilma. Então não teria o porquê no caso do município não termos nos-sa opinião e que isso seja motivo para sermos taxados de oposição ou situação. Temos identidade, re-ferência, sem arvorarmos donos da verdade, mas nossa opinião é que as verdades devem ser debatidas e isso nós sentimos muita falta no PT e no governo.

O senhor tem desenvolvido alguns projetos paralelos de ações sociais e visitas. Fale-nos um pouco des-sas ações. Os resultados esperados

ENTREVISTA

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnENTREVISTA

Adue

rn

/mandatoluizcarlos.martins

Page 10: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

[email protected]

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCAPA Da Redação

Caos RNParou por quê? Por que parou?

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A falta de condições na saúde pú-blica do Rio Grande do Norte tem produzido cenas, no mínimo, des-concertantes. Corredores lotados, falta de macas, leitos, medicamen-tos, médicos, equipamentos. Pré-dios deteriorados, sem ventilação, com rachaduras, sujos. Quando se pensava que já se tinha visto de tudo, as redes sociais mostram a fotografia de um homem receben-do transfusão de sangue deitado num colchonete no chão de hospi-tal.

O fato, ocorrido no dia 6 de agos-to, em Mossoró, e denunciado pelo Sindsaúde/RN, não preparou nin-guém para o caso da idosa que morreu durante atendimento no mesmo chão do Hospital Regional Tarcísio Maia, na capital do Oeste, na última quarta-feira (12). Choca-dos, usuários de redes sociais, blo-gueiros e jornalistas compartilha-ram a foto mostrando a que ponto chegou o sistema de saúde no Esta-do.

O caos no setor, que já vem de lon-ge, é piorado pela onda de violên-cia que atinge o RN, com tiros, as-sassinatos e chacinas, aliado aos inúmeros acidentes de trânsito, principalmente com motocicletas. Some-se a isso o descaso de muni-cípios com a oferta de atendimento básico e a ‘empurroterapia’ para as unidades de saúde dos governos estadual e federal, mais a má ges-tão e o desvio de recursos, a escas-

sez de trabalhadores e a falta de investimentos e teremos uma ideia do que análises mais profundas poderiam diagnosticar.

Com atendimento comprometido ainda com a insatisfação de servi-dores que vêm seus salários min-guando e os famosos PCCS serem descumpridos, a saúde do RN – po-de-se dizer – encontra-se em estado terminal. E de uma morte horrível, diriam alguns.

E quem disse que o que está ruim não pode piorar? Diante da situa-ção, e ainda mais com o corte de gratificações de servidores inativos da saúde, diversas categorias es-tão ou se preparam para entrar em greve. Nesta sexta-feira, foi a vez dos servidores do Itep paralisarem os trabalhos por 24h. Eles lutam pela implantação do Estatuto da categoria e melhores condições de trabalho.

Em assembleia do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed RN), re-alizada na terça-feira (11), os mé-dicos do estado decidiram pela paralisação dos atendimentos a partir da próxima segunda-fei-ra, dia 17, juntando-se a greve dos servidores da saúde, que já dura 62 dias.

A paralisação terá início com uma mobilização no dia 17, às 9h, em frente ao hospital Walfredo Gur-gel, e contará com a participação

de vários outros sindicatos da saú-de que entendem que os servido-res estaduais estão sendo lesados no direito de incorporar a insalu-bridade, uma vez que tiveram des-contos para a previdência durante toda a sua vida funcional. Os den-tistas, radiologistas, farmacêuticos, peritos, mais os servidores da ad-ministração indireta e da Fundac também devem parar.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE/RN) decidiu revogar a Sú-mula nº 24 e cortar da aposenta-doria dos servidores estaduais as gratificações tidas como temporá-rias, como insalubridade, adicional noturno e de deslocamento. A de-cisão é aplicada aos aposentados a partir de julho de 2014.

Enquanto isso, os agentes peni-tenciários esperam a conclusão dos trabalhos da comissão que se encarregará de elaborar minuta de Projeto de Lei Complementar, estabelecendo diretrizes, forma de provimento, exercício, desem-penho e outras disposições ine-rentes à atividade ocupacional por eles desempenhada; os funcioná-rios e professores da Uern estão em greve desde o dia 25 de maio aguardando que o Estado cumpra acordo de reposição salarial esta-belecido em 2014 e o governador Robinson Faria parece fazer de conta que nada disso é problema dele. Parou por quê? Por que pa-rou?

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCAPA

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Os 824 aprovados no concurso da Polícia Militar estão na luta para tentar reverter a decisão judicial que suspendeu a convocação dos anunciados pelo Governo do Estado. Segundo Eduardo Canuto, assessor jurídico da comissão que representa os aprovados, a categoria deve protocolar nesta sexta-feira (14) as medidas judiciais pelas quais recorrerão da decisão.

Na noite de quarta-feira (12) três homens foram mortos na cidade de Serra Caiada e outros quatro foram assassinados em Tibau. Delegados especiais foram designados pela Secretaria de Segurança Pública para elucidar os autores dos dois crimes.

Na próxima segunda-feira, a UERN, servidores da Saúde, que já estão no terceiro mês de greve, receberão servidores do ITEP e médicos do Estado que também paralisarão as atividades. Os peritos do ITEP, por 24 horas. O Estado da Greve segue firme e frágil para o caos.

O Portal daquele personagem aviador da extinta Escolinha do Professor Raimundo, Galeão Cumbica, está numa fraqueza opiniosa grande. Compreensível, pois o dono foi para ajudar o governo estadual...

Nada mais chocante, bárbaro, durante a semana do que a imagem de uma senhora que morreu no chão do hospital Tarcísio Maia, em Mossoró. Chocante. Algo de governo irresponsável e desumano. Na minha página do Facebook foram quase 700 compartilhamentos. Veja todos os comentários aqui!

O Rio Grande do Norte está chegando ao número mil de mortes violentas somente em 2015. Para quem ainda acreditava que esse seria o ‘governo da segurança’... Não precisa nem desenhar...

Um grupo de seis vereadores está em rota de colisão com o presidente da Câmara de Mossoró, Jório Nogueira (PSD). O grupo entende que o presidente da Casa está acumulando muito poder quando está à frente de algumas entidades e a questão agora é sobre a Fundação Aldenor Nogueira. Essa briga toda rendeu várias demissões (de pessoas ligadas aos “rebeldes”) durante a semana e tende a piorar, já que

os edis não abrem um prego para Jório. As 27 exonerações foram de cargos comissionados indicados pelos seis vereadores rebeldes: Alex do Frango (PV), Celso Lanches (PV), Lucélio Guilherme (PTB), Heró Silva (Pros), Tássyo Mardonny (PSDB) e Genilson Alves (PTN). As sessões estão ficando cômicas e ao mesmo tempo vexatórias, quando Projetos desaparecem do plenário ‘misteriosamente’ para que não sejam votadas. Algo no mínimo vergonhoso. Mossoró não precisa disso.

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Brigas, demissões e vexames na Câmara de Mossoró

824 enganados

Chacinas Rio Greve do Norte

Galeão

Chocante

1.000

14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnTÚLIO RATTO

Page 13: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

Estamos com um Contador no nosso Blog acompanhando as greves no Rio grande do Norte. Já são 82 dias de paralisação na UERN e já ultrapassamos os 60 dias dos servidores da Saúde. Acompanhe Aqui!

O prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) está querendo mudar o nome da Avenida Senador Salgado Filho para Nísia Floresta. O projeto de lei enviado à Câmara Municipal, se aprovado, ainda do aval de 50% mais um dos moradores da via, percentual previsto em Lei.

A OAB/Mossoró é contra a divulgação de imagens de pacientes nos meios de comunicação; Isso expõe o caos no sistema público de saúde. Deve ser a favor dessa humilhação toda que o cidadão passa, pois não falou nada sobre isso.

De Mossoró, um leitor nos envia algumas imagens que dão conta de um carro oficial da prefeitura fazendo uma mudança particular. O fato aconteceu no bairro Boa Vista. Segundo o nosso leitor, atirar com a pólvora alheia é um must.

Faz sentido. Né não!?!?

TúlioRatto

é chargista.

[email protected]

13

Mudança no nome da Avenida

OAB/Mossoró

Contador da greve

Mudança Oficial

14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

Page 14: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

[email protected]

Especialistas em saúde juram com os pés juntinhos, que andar de bicileta faz um bem danado à saúde e, para nos convencer à uma pedala discorrem um rosário de benefícios, eu não duvido, mas ainda vou tirar os noves fora.

Alinhados a este pensamento de oferecer melhor qualidade de vida à população, alguns vereadores fizeram uma audiência pública para discutirem o sistema cicloviário de Natal. Na ocasião foi apresentado o projeto que pretende ligar a zona norte a zona sul através de ciclovias.

Seria, de fato, uma grande ideia se não fosse uma piada, por sinal de muito mau gosto. O vereador que retirou da cachola essa brilhante iniciativa, diz que a cidade já possui 15 km de faixas exclusivas para bicicletas, porém, sem nenhum milímetro com sinalização e agora, como têm um projeto em mãos vão correr atrás da verba. Resta saber seus edis vão de magrela.

Não quero ser o “interrar”, o estraga prazeres nem pretendo pôr meu dedo no angu de ninguém. Como todos sabem, Natal já deu goodbye

Cicloviário de Natal

BRITO E SILVA

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

Page 15: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

SELEÇÃOLá vamos nós outra vez. Dunga convocou a Seleção Brasileira de Futebol de Botão para perder da Costa Rica.

CHUVAChuvas de meteoros no Nordeste. De água vem quando?

DINHEIRORelutei em acreditar na sua lenga-lenga de crise, agora vem pedindo meu pobre dinheiro? Dou não!

LIXOA Fortaleza dos Reis Magos está cercada por um oceano de lixo. E aí meu amigo do Turismo?

CHIBATOZOLNa recepção do Hospital Brasileiro da Visão, antes da consulta com Dr. Márcio Florêncio -oftalmologista de encher os olhos-, vi um “caba” dizer que a Justiça é “chibatazou”. Vendo que o repórter ficou desconcertado, arrematou: “Cê num sabi, homi! Daqui a pôco tô fora.” Aí os Ministros do Supremo aumentam os próprios salários em 16%.

Impossível não lembrar o disse-me-disse do disse e desdisse do prefeito Carlos Eduardo. Ficou o dito pelo não dito.

PERGUNTAR NÃO OFENDE:E o Santuário de Santa Luzia?

às mazelas de outras urbes brasileiras. Nossa cidade resolveu todos seus problemas de saúde, basta ir algumas unidades e ver com os olhos que a terra há de comer, muita gente pernoitar no relente para conseguir uma consulta, mas para alguns isso não é nada; o transporte coletivo? Esse é coisa de primeiro mundo, principalmente na hora rush, onde pessoas são exprimidas feitas sardinha numa lata e motoristas são obrigados fazer as vezes de cobradores e fiscais. A limpeza merece as páginas do New York Times, claro, tirando as montanhas de lixo das vias públicas. O

asfaltado das ruas? Se não fossem os milhões de buracos e desníveis pareceria um tapete. Viram? Natal é top -como diz aquele funk-, Natal é doze. É certo, nossa amada capital não pertence mais ao grupo destas miseráveis cidades tupiniquins, que vão à Brasília, de cuia na mão mendigar mixaria. Natal não! Por falar nisso, imagino Carlos Eduardo pedalando pelo sistema cicloviário inspecionando suas obras, o diabo vai ser encontrar uma obra que mereça tal esforço. Lembrei-me: esse negócio de pedalar não tem dado muito certo não.

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

Page 16: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

fim com a passagem. Brincavam juntas pelo cemitério quando to-dos dormiam. Colhiam flores como quem colhe algodão mocó, branquinho, branquinho. Riam-se tanto e corriam entre os mortos de cá, visto que morrer depende de que lado se está. Eram meninas libertas do corpo: podiam voar. E voavam. Eu vi. Voavam ao som da canção que as perpetuou em me-mória: “se ouvires a voz do vento, chamando sem cessar”...

Foi com essa memória afetiva que outro dia, ao passar ao lado do cemitério da cidade, lembrei--me do dia em que fiquei presa lá dentro, as luzes acendendo, a noite caindo e eu passeando en-tre as covas dos anjinhos sem me dar conta. Foi aí que o sino da igreja tocou a hora do Ângelus. E foi como se todos os anjinhos

O que de mais triste se ouvia na pequena cidade era o sino da igre-ja a anunciar os mortos. A triste-za tomava conta da casa, do quin-tal, assomava à soleira da porta. Entranhava-se pelas unhas, rou-pas, suores, cabelos e anuviava os olhos. Eu olhava o muro da casa descascado. Meus olhos de meni-na viam o belo onde havia cascas de feridas. Subia feito equilibris-ta. Olhava o enterro de cima da casa. As meninas mortas tinham minha idade. Morreram abraça-das. Foram enterradas juntas, lado a lado, pois que amizade não tem

Anunciação

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnPOR ELAS

[email protected]

EscritoraJEANNE ARAUJO

Page 17: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

despertassem e gritassem jun-tos: você está presa, você está presa!!! A constatação de que eu adentrava o mundo que era só dos mortos caiu sobre mim com uma mão de aço. Gelei. Comecei a ver anjinhos pulando por cima dos túmulos. Alguns brincavam de pega pega correndo entre as galerias. Outros subiam nas ca-tacumbas mais altas brincando de escaladas. Foi assim que vi. A hora do crepúsculo transformou--se no pior filme de terror da mi-nha vida. Quis correr, mas o meu coração torto e triste se recusou a bater. Não sentia minhas pernas e meu jeito atabalhoado de sem-pre de fez correr na direção con-trária à saída. Uma angústia me subiu à garganta e sem que eu en-tendesse, saiu em forma de grito. Destrambelhadamente corri pelo cemitério todo, procurando uma

saída. Ouvia vozes e risadinhas, as luzes acenderam e eu parei es-tarrecida: os mortos brincavam. Não estavam preocupados co-migo. Muitos conversavam entre si, contavam de quem veio visi-tá-los e falavam sobre saudade. De como era ruim não poderem mostrar-se. O suor escorria ge-lado em minhas costas e veio a simples constatação que trago até hoje: essa coisa de vida e morte vai depender de que lado você está. De repente alguém em cima do muro do cemitério me grita: vem menina, por aqui! Corro em direção da voz e da liberdade, se-guro aquela mão macia que me puxa sem dificuldades e uma vez, em cima do muro, vendo o outro lado da vida, olho uma vez mais para dentro e vejo tudo em silên-cio. Aquele silêncio que nos traz imensa paz, que nos dá vontade

de refugiarmos nele, um silêncio cheinho de luz.

Este pequeno incidente marcou-me irremediavelmente. O mesmo inci-dente que, trinta anos depois, me faz sentar-me num banco que existe próximo ao cemitério e me pergun-tar de onde saiu aquele homem que me puxou pela mão tão amorosa-mente e que, ao olhar para dentro do cemitério e voltar-me para agra-decer, ele não estava mais lá. Quem sabe, quando eu adentrar mais uma vez esse recinto, não terei mais medo nem pavor. E ele estará me esperan-do, sorrindo, e relembrará aquele fatídico dia em que uma viva aden-trou seu mundo e nunca mais retor-nou nem mesmo para uma oração de agradecimento. Ele não enten-deria que, naquela noite, eu deixei lá dentro todos os meus silêncios e toda a minha gratidão.

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnPOR ELAS

Page 18: Revista _rn 39 - 14AGOSTO15

O cineasta Fernando Leão define o seu documentário “Da Serra ao Se-ridó - Vivências em um Brasil de Contrastes” como um filme de me-mória. E realmente é essa a impres-são que temos ao acompanhar o seu trabalho.

Em 1 hora e meia de projeção, acom-panhamos os depoimentos de pes-soas da serra de Santa Catarina e do sertão do Seridó. São vivências, his-tórias, causos, tudo muito próximo da nossa realidade. É bem fácil criar uma identificação com as persona-

gens que relatam suas crenças, sua superação, sua arte e, sobretudo, o amor pela sua terra.

Apesar de serem duas realidades distintas, entre questões climáticas e culturais, o que vemos em “Da Ser-

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Da Serra ao Seridó Vivências em um

Brasil de Contrastes

18

14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCINEMA & ETC POR RAILDON LUCENA

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riência de sair das grandes salas de cinema vendo um filme no meio da rua é ímpar. Após a exibição, foi re-alizado um bate-papo onde pude-mos conhecer mais detalhes sobre a construção do projeto.

Quem quiser acompanhar a agen-da de exibições de “Da Serra ao Se-ridó” ou saber mais detalhes sobre sua trajetória é só acessar a fanpa-ge; facebook.com/daserraaoserido.

ra ao Seridó” é um Brasil unificado. Fernando Leão costura sua trama enfocando temas muito semelhan-tes, por exemplo, artistas de lá e de cá, idosos, benzedeiros e pesso-as que superaram suas deficiências através da cultura.

O documentário tem um quê de investigação antropológica. A pro-dução começou em 2012 e, ao todo, a equipe entrevistou 54 pessoas, onde 14 histórias são relatadas em “Da Serra ao Seridó”. Um processo de edição considerado “difícil” pelo próprio cineasta, tendo em vista a quantidade e a qualidade do mate-rial coletado.

O documentário já havia estreado em Santa Catarina e, nesta semana, está sendo exibido no Rio Grande do Norte. Uma das exibições aconteceu em Caicó, no espaço denominado como “Terreiro das Artes”, ao lado do Centro Cultural Adjuto Dias.

Um bom público prestigiou a exi-bição, rindo e se emocionando com cada história narrada. Aliás, a expe-

Raildon Lucena

é jornalista e cinéfilo.

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCINEMA & ETC

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UM GIRO PELOS PERFIS DO RIO GRANDE DO NORTE.

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnTUITADAS DA SEMANA

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Editor do Blog www.protejaseusdireitos.blogspot.com.br

“A defesa é o mais legítimo direito dos homens” Carlos Bernardo González Pecotche

TRIBUTOSO aumento considerável no preço da energia nos últimos meses levou as empresas a buscarem algum tipo de economia no Poder Judiciário. Um dos alvos é a tributação que incide sobre as tarifas. Recentemente, uma companhia do ramo varejista conseguiu desvincular o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços dos valores cobrados pelo uso do sistema distribuição

BUEIROA prefeitura do Rio de Janeiro vai ter que pagar R$ 15 mil de dano moral a uma mulher que caiu em um bueiro que não tinha tampa. Por causa do acidente, ela ficou dois meses sem trabalhar e, ao retornar, foi demitida. Para a 11ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça fluminense, que proferiu a decisão, o município foi omisso com relação à conservação da via pública, por isso deve responder pelo dano que a autora sofreu.

APREENSÃO INDEVIDAA apreensão indevida de um veículo pelo Detran é indenizável por gerar abalo emocional ao motorista. Assim decidiu a juíza do 1° Juizado Especial Criminal e Fazenda Pública de Vila Velha (ES), Regina Maria Correa Martins.

MINHA CASA, MINHA VIDA

A taxa de corretagem não pode ser cobrada dos beneficiários do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). É o que estabelece o Ofício 0051/2011/SN Habitação da Caixa Econômica Federal, que levou a juíza da 17ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia a condenar as imobiliárias Brookfield Centro-Oeste Empreendimentos Imobiliários S. A., Brookfield Cerrado Empreendimentos Imobiliários S. A. e Leonardo Rizzo Participações Imobiliárias Ltda. a restituir em dobro o valor cobrado. Na sentença a juíza decretou a anulação do contrato firmado.

FALTA DE EFICIÊNCIAOs atos administrativos devem ser executados de forma perfeita, caso contrário, justificam o pagamento de indenização, pois os danos morais são presumidos na parte prejudicada. Com isso, a 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve sentença que condenou o Instituto Nacional do Seguro Social a reparar moralmente uma empresa de Chapecó (SC), incluída indevidamente no cadastro de acidente de trabalho. O acidente em questão ocorreu depois que o empregado deixou a empresa.

FINANCIAMENTO HABITACIONALO Fundo de Garantia por Tempo de Serviço pode ser usado para pagar dívidas atrasadas de financiamento habitacional. A decisão é da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região ao obrigar a Caixa Econômica Federal a liberar o saldo do FGTS de um cliente de Santa Cruz do Sul (RS) para quitar uma dívida adquirida com a própria instituição financeira.

REFLEXÃO

UM GIRO PELOS PERFIS DO RIO GRANDE DO NORTE.

— tese ainda pouco explorada nos tribunais. A decisão liminar é da primeira instância da Justiça do Rio de Janeiro e foi publicada nessa quarta-feira (5/8).

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnPROTEJA SEUS DIREITOS POR RAMIREZ FERNANDES

RamirezFernandes

é advogado

[email protected]

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[email protected]

Fotos Rafael Telles

Finalizando as atividades do pro-jeto “Laboratório Prática e Pensa-mento”, os Clowns de Shakespe-are apresentam uma curtíssima temporada do espetáculo Nuestra Senhora de las Nuvens, do argen-tino radicado no Equador, Arís-tides Vargas. Nos dias 14, 15 e 16 de agosto, o Barracão Clowns abre suas portas a partir das 19h para contar novamente essa história para todo o público de Natal. A importância da formação artís-tica foi o foco do grupo nessa ex-periência, iniciada no dia 25 de abril, compreendendo um total de 15 dias de oficinas, espetáculos, seminários, lançamento de publi-cações e abertura de processos de montagem, para um público de 25

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCULTURA Da Redação

“Nuestra Senhora” volta ao Barracão Clowns neste fim de semana

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selecionados, dos mais de 75 inte-ressados nos programas oferecidos pelos Clowns. Pessoas de diversos lugares do país e do continente latino americano se inscreveram para participar desse momento histórico que marca o início de um grande sonho planejado para o ano de 2016 – a implantação de uma Escola Livre de Teatro aqui em Natal. Um projeto arrojado que vem bebendo nas pedagogias de ensino propostas por grupos de teatro espalhados pelo Brasil e América Latina, além de institui-ções de ensino que abordam me-todologias contemporâneas para a formação teatral.

Sobre o espetáculoA identidade de alguém também expõe sua relação com a cultura, a sociedade, a história que o circun-da. Localizar territorialmente o sujeito, portanto implica em deter-minar-lhe traços e especificidades. Mas não é apenas isso. Dentre as mais variadas maneiras de des-

construir o sujeito, está a imposi-ção de seu exílio. O afastamento do meio original dimensiona o ho-mem a um estágio de isolamento e à ausência de referências caras ao seu próprio entendimento. Então se destrói, desde as certezas até as partituras mais íntimas adquiri-das na subjetividade do coletivo.

Como Arístides Vargas, escritor argentino, radicado no Equador após ser exilado pela ditadura em seu país. Ele aprendeu a lidar com ausências e novas estruturas sim-bólicas e emotivas, e delas origi-nou o que denominou por Trilogia do Exílio. Nuestra Senhora de las Nuvens finaliza a composição, e é a partir de sua narrativa que o Clowns de Shakespeare criam o espetáculo, estabelecendo elos com a memória ainda presente do gol-pe militar brasileiro, agora com-pletando 50 anos. Aproximando o realismo fantás-tico-surrealista do escritor, marca presente em muitos textos latino-

-americanos, dos instrumentais políticos das estruturas épicas, amplia-se o exílio para o que de-nominam por “in”xílio, a interiori-zação do sujeito como fuga de sua relação com o exterior. Pois há na fuga ou autoisolamento igual ten-tativa de sobreviver ao contexto exposto, provocando igual desfa-celamento da identidade e susten-tação dos princípios originais do sujeito. A descaracterização da di-mensão de autoidentificação serve ao enfraquecimento da identida-de como valor de presença, sem a qual o homem passa a ser politi-camente insignificante no sistema. Trazer ao público o encontro com o esfacelamento provocado pelo exílio amplia a observação sobre sua realidade. Muitos são os exí-lios simbólicos e indiretos. Muitos os silêncios autoinfligidos como tentativas de proteção. E o teatro pode ser a melhor maneira de im-plodir as proteções, sejam elas im-postas ou construídas como fugas de si mesmo.

SERVIÇO Espetáculo: Nuestra Senhora de las NuvensQuando: 14, 15 e 16 de agosto de 2015 (Sexta, Sábado e Domingo)Horário: 19hOnde: Barracão Clowns (Av. Amintas Barros, 4661 – Nova Descoberta)Quanto: R$ 20,00 (inteira), R$ 10,00 (meia) e R$ 5,00 (moradores de Nova Descoberta, mediante comprovação)

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnCULTURA

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07AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

As fotos foram disponibilizadas pela autora exclusivamente para a revista _rn e estão protegidas pela Lei dos Direitos Autorais, só podendo ser reproduzidas com sua autorização

expressa.

Veronica Barreto

_rnBEM

NAFOTO

/veronica.barreto.35

As belezas do RN

Pedra da Boca

Tibau do SulRampa

Nascida no sertão da Paraíba, reside em Natal desde 1992. É médica, graduada pela Univer-sidade Federal da Paraíba e tem como hobby a fotografia, cujo interesse vem desde os tempos de criança.A partir de 2012 passou a se dedicar mais a essa arte, parti-cipando de cursos e workshops, procurando melhorar a técnica e aprimorar o olhar. Apaixo-nada pela natureza, sempre que possível sai em busca de belas imagens, e estando o sol nascendo ou se pondo no hori-zonte, não mede esforços para conseguir uma boa foto.E esse olhar, que lembra poesia, deu origem ao livro “Caminhos do Olhar”, em parceria com o escritor e poeta catarinense Mi-guel Nenevé. O livro, já em fase de impressão, tem lançamento previsto para Natal até o final de setembro, e para Santa Ca-tarina, até dezembro.”

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

Galinhos

Praia do YCastelo Zé dos Montes

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ProfessorRINALDO BARROS

“O sono da razão gera monstros” (Antonio Gramsci)

Brasil está andando para trás?

ARTIGO

[email protected]

Logo após o reinado de momo de 2016, serão aber-tas campanhas eleitorais em todos os Municípios ao longo do patropi. Não será apenas mais uma cam-panha eleitoral, mas o final de ciclo político.

Estamos assistindo aos primeiros clarões da alvo-rada de uma nova era política em terras crioulas.

É palpável a evanescência de muitos outrora im-portantes movimentos sociais (como o de mulhe-res, por exemplo). É visível o declínio da força do sindicalismo, como consequência do novo padrão de acumulação do sistema e do desaparecimento de postos de trabalho e profissões, por força da au-tomação.

Preocupa-me também a tentativa governamental de censurar ou desqualificar o papel da imprensa e da Internet, enquanto pilares da Democracia, em meio a generalizada sensação de impunidade.

É igualmente muito preocupante a despolitização das novas gerações, às voltas com um individualis-mo estéril, terreno fértil e perigoso para as mani-

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rn

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pulações de todos os tipos.

Nosso sistema educacional nem de longe está preparado para orientar nossa juventude nos caminhos da vida, nossos professores estão ainda em busca da compreensão acerca dessa novíssima realidade e, lamentavelmente, ainda sem o indispensável apoio conceitual.

Nossos mestres estão desarmados em pleno campo de batalha, uma loucura sem igual.

No contexto contemporâneo, o lu-lodilmismo levou o País ao retro-cesso político e moral ao não pu-nir e até defender e incentivar a corrupção com o dinheiro públi-co, ao lotear cargos técnicos com apadrinhados despreparados e mal-intencionados, ao interfe-rir politicamente em funções do Estado, esquecendo que existem para servir ao cidadão, e não aos interesses do governo de plantão.

Ou, como diria o Frei Betto, “o PT trocou o projeto de Nação por um projeto de Poder”.

Além de não fazer nenhuma das reformas fundamentais para a modernização da nossa socieda-de.

A desa-provação do Gover-no Dilma (71% - seten-ta e um por cen-to), ante a iminên-cia de ter as contas de 2014 rejeitadas pelo TCU, ao lado das denúncias de ter usa-do recursos públicos roubados em sua última campanha eleitoral; somadas às mentiras com que foram conquis-tados os votos; tudo isso somado, criou um caldo de cultura favorá-vel ao clima de “Fora Dilma”; seja por via constitucional (impeach-ment) ou renúncia, seja com a su-peração do atual modelo institu-cional. Frente a esse “imbróglio” gigantesco, pergunto:

A solução desse nó se dará com a violação do Estado Democrático de Direito? Ou não?

Será mais uma pedra no quebra--cabeça da “revolução bolivaria-na”?

Será o início da fórmula da “pós--democracia” (superação da de-mocracia representativa)?

Será que a frágil e jovem Demo-cracia verde-amarela está corren-do perigo de novo retrocesso?

A dedução é privilégio do caro lei-tor.

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[email protected]

Natal sediará o XIX Encontro Nacional e o V Congresso Latino Americano de Analistas de Alimentos, no Praiamar Hotel.

O estacionamento do Setor de Aulas III da UFRN, em Natal, recebe de 18 a 20 de agosto a unidade móvel de coleta do Hemonorte.

A comarca de São Miguel sediou nessa sexta-feira (14) a 42ª edição do programa Justiça na Praça.

Os 824 aprovados no concurso da PM esperam reverter decisão judicial que suspendeu a convocação anunciada pelo Governo do Estado.

O prefeito de Natal, Carlos Eduardo, anda querendo mudar o nome da avenida Salgado Filho.

A Avenida Ayrton Senna, em Natal, vai ganhar recapeamento e uma ciclofaixa com 12 km de extensão.

O 3° Congresso de Negócios e Empreendedorismo do Seridó será realizado nos dias 28 e 29 de agosto, em Caicó.

Neste sábado (15) tem o grande Encontro do PR Mulher. Será no Versailles de Cidade Jardim, em Natal.

Os médicos do estado entram em greve nesta segunda-feira (17).

Agosto é o mês mais frio do ano para os natalenses, com a temperatura chegando aos 19 graus.

REPÚDIOA senadora Fátima Bezerra (PT) apresentou nessa quinta-feira (13), no Senado, voto de repúdio aos ataques sofridos pela es-tudante de Medicina da UFRN em Caicó Ana Luíza Lima, por ter discursado na solenidade de aniversário de dois anos do pro-grama Mais Médicos, no Palácio do Planalto. Fátima também pediu à Procuradoria da Mulher que comunique aos órgãos de segurança para que as denúncias sejam investigadas como caso de polícia e que os agressores respondam na forma da lei.

CONSTRANGIMENTOA secretária de Saúde do Estado emitiu Nota lamentando a morte da idosa no chão do Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, e criticando a imprensa e redes sociais pela divulgação de imagens constrangedoras de pacientes em situações desumanas nas unidades hospitalares do RN.

QUIPROCÓO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de usar A Advocacia-Geral da União e a própria Câmara para fins pessoais e, a partir daí, se defender das acusações de envolvimento com a corrupção na Petrobras.

PERDAO RN perdeu a figura de Miguel Mossoró, falecido no último dia 11. Fenômeno eleitoral em Natal nas eleições de 2004, Miguel Mossoró será sempre lembrado por suas propostas inovadoras, como a construção de uma ponte Natal-Fernando de Noronha.

Rapidinhas

Túlio

Rat

to

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnGIRANDO POR ANA CADENGUE

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A UTI do Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, foi reaberta hoje (14) com 100% da capacidade instalada.

O Ministério do Turismo liberou R$ 1 milhão para o Centro de Convenções de Natal, obra prevista no PAC do setor.

De 18 a 20 de agosto, São Fernando e Timbaúba dos Batistas receberão o projeto “Educação de Trânsito na Escola”, desenvolvido pela PMRN.

A 6ª Festa da Cabra e 1ª Exposição de Caprinos de São José de Mipibu acontece neste final de semana.

O senador Garibaldi Filho participa, nesta sexta-feira (14), da formatura da primeira turma de Direito da Faculdade Evolução Alto Oeste, em Pau dos Ferros.

O Ministério da Agricultura comunicou ter reduzido 10% do valor do milho vendido no estado e ter acelerado o envio do grão para os armazéns do RN.

O STF decidiu que o Judiciário pode determinar que a administração pública faça obras emergenciais em presídios para assegurar a integridade física e moral dos presos.

De 4 a 7 de setembro, a cidade de Tibau vai sediar o Primeiro Acampamento Cultural da Juventude Potiguar.

AZULO governador Robinson Faria (PSD) se reuniu com o presidente da empresa aérea Azul, Antonoaldo Neves, e pleiteou, além de novos voos para Natal, um voo direto entre a capital do estado e Mossoró e entre Mossoró e Recife.

VIADUTO - A bancada federal do RN se reuniu essa semana em Brasília e decidiu que a conclusão do viaduto rodoviário nas BRs 101/406, em Natal, é a emenda de consenso para se tornar impositiva.

MERECIMENTOA professora potiguar Débora Seabra receberá no próximo dia 27

CONSÓRCIOOs prefeitos do Mato Grande se reuniram nessa quinta-feira (13) para discutir sobre a Solução Sustentável dos Resíduos sólidos da região e aproveitaram para escolher a diretoria do Consórcio. O prefeito de Touros, Ney Leite, foi eleito presidente e a prefeita de Jardim de Angicos, Suely Fonseca, vice.

Rapidinhas

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ção de outubro na Câmara dos

Deputados, o Prêmio Darcy Ribeiro, umas das principais premiações nacionais do setor educacional. O nome de Debora – sugerido pelo deputado federal Rafael Motta (PROS) - foi uma das 42 indicações feita pelos parlamentares que integram à Comissão de Educação da Casa. Ela chegou entre os 10 nomes finalistas até ser escolhida para ser agraciada com o prêmio. Débora Seabra tem uma história ímpar dentro da educação brasileira ao se tornar a primeira educadora no Brasil com síndrome de Down. Hoje, ela é professora auxiliar do Ensino Fundamental da Escola Doméstica, em Natal.

Envie a notícia do seu município e participe da Revista _rn.

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnGIRANDO

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LEÃOOs valores referentes ao terceiro lote de restituição do IRPF de 2015 estarão disponíveis para o contribuinte nesta segunda-feira (17).No RN, serão restituídos 68.479 contribuintes ,que, juntos, receberão R$ 100.954.103,00.

FREVOO deputado George Soares (PR) que quer conceder o título honorífico de ‘capital do frevo’ a São João do Sabugi, no Seridó potiguar. Segundo o parlamentar, a cidade tem “laços de sangue” com o ritmo pernambucano.

CORRIDAAs inscrições para a 21ª edição da Corrida Soldados do Fogo estão abertas até o dia 9 de setembro. Mais informações no www.corridasoldadosdofogo.com.br

MAIS CORTESAção Civil Pública ajuizada pela 70ª Promotoria de Justiça de Natal, em caráter de urgência, pede que o Estado adote medidas de redução de gastos com pessoal e corte, pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança.

GOSTOSOA prefeita de São Miguel do Gostoso, Maria de Fátima Neri, tenta em Brasília verba para a urbanização da lagoa do Cardeiro e da praia de Tourinhos.

TRANSPARÊNCIAO vereador Genivan Vale (Pros), de Mossoró, cobra mais transparência com o que é feito com o dinheiro público no município. O edil reclama que os questionamentos dos parlamentares sobre gastos da Prefeitura ficam sem respostas. Ele revela que já encaminhou 27 requerimentos solicitando informações sobre gastos da Prefeitura e até o momento nenhum foi respondido.

É ISSO AÍ! A deputada Márcia Maia (PSB) apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe educação em tempo integral na rede estadual de ensino, a ser instituído gradativamente em todo o Rio Grande do Norte.

João

Gilb

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CORTESA audiência pública que vai discutir a retirada das gratificações dos servidores aposentados da Secretaria Estadual de Saúde do RN (Sesap) será nesta terça-feira (18) às 14h30 na Assembleia Legislativa.

EXEMPLOA comarca de Apodi já destinou mais de 180 mil reais em recursos oriundos de penas pecuniárias para entidades e projetos da cidade. Agora, foi a maternidade que conseguiu comprar 30 colchões novos.

AnaCadengue

é jornalista

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnGIRANDO POR ANA CADENGUE

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“A vida é um devaneio, a vida é uma ilusão” – dizia e repetia sem parar o meu avô materno, o pri-meiro Luis Fausto, balançando-se na cadeira à calçada da sua casa recheada de filhos, netos, genros, noras e agregados.

À época, jovem tosco como são todos os jovens, eu não entendia bem o que ele queria dizer com aquela cantilena repetitiva, inter-minável.

Hoje entendo – ou penso que sim.

“A vida é um devaneio, a vida é uma ilusão”.

Às vezes um sonho, outras um pesadelo.

Freud já falava sobre isso, em seus mergulhos psicanalíticos, cons-

truindo teorias que hoje se apro-ximam da realidade.

Mais popular, e bem mais recen-te, o poetinha Vinícius de Morais também brincou com o tema ao cantar que “a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu.”

Por que a lembrança familiar, a recordação do avô que já se foi há mais de trinta anos?

Sei não, sei lá.

Só um mergulho no tempo, uma expedição na alma que pouco a pouco vai se tornando mais seca, mais árida, talvez porque o tem-po tenha sugado tanto a sua aura.

Tempo. O tempo que Cazuza dizia não parar. Erradamente, acho eu.

Às vezes para, sim. Dá uma pau-sa. Outras vezes, avança. E tam-bém retrocede, se assim a gente quiser. Ou segue em slow motion, para que a gente possa curti-lo ou descartá-lo sem erros.

Depende. Tudo depende.

E depende de nós, da gente.

Cada qual no seu quadrado, di-tando o ritmo que lhe convém.

Quer parar? Pare.

Quer avançar? Avance.

Prefere retroceder? Retroceda.

Acha melhor ir lentamente, em slow motion? Se sente e aguarde, pacientemente.

Só não vale atrapalhar a fila, se-não eu ressuscito o (Mário) Quin-tana: “Todos estes que aí estão, atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho”...

- Que papo é esse?, perguntará um leitor mais atento.

- Papo furado, respondo sem titu-bear.

São apenas lembranças de ontem, querenças de hoje.

As ilusões e os devaneios de meu avô-xará, misturadas às verdades e realidades que o tempo me im-pôs e hoje, não mais um moço tos-co, e sim um homem devidamen-te peneirado, levo tão em conta e tão a sério.

Papo furado

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnPINGA FOGO POR LUIS FAUSTO

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Por isso canto Piaff, o pardalzinho que se foi tão cedo. “Non, je ne re-grette rien.”

E por isso, também, recito o Cânti-co Negro de José Régio que o tempo

e a vida não me deixam esquecer.

Papo furado? Conversa mole? Que seja!

Mas vamos a José Régio, vulgo José

Maria dos Reis Pereira, um portu-guês arretado do século passado que deixou poesias que o tempo nunca apagará.

Como esta:

“Vem por aqui” - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: “vem por aqui!” Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali...

A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: “vem por aqui”! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou - Sei que não vou por aí!

Luis Fausto é jornalista

[email protected]

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnPINGA FOGO POR LUIS FAUSTO

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1408SEXTA-FEIRA

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnAGENDA

1508SÁBADO

Teatro Riachuelo – De sexta a domingo - Hermanoteu na Terra de Godah, é um espetáculo reverencia-do pelo público, onde os seis atores da Cia revezam-se em dezenas de personagens e aprimoram uma de suas principais características: improvisar sobre fatos da atualidade e aproximar o passado do presente pela comodidade.

Show das bandas Limão com Mel, Mastruz com Leite e Magníficos – Shock Casa Show – 22h

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14AGOSTO2015 _rn • www.revistarn.com.br _rnAGENDA

ENVIE SUA PROGRAMAÇÃO [email protected]

Diante dos inúmeros pedidos e do enorme sucesso nas duas apresentações que fez anterior-mente no projeto Bosque Ence-na, volta ao palco do Anfiteatro Pau-brasil o espetáculo Flúvio e o Mar, que conta a história de um menino com um destino de onda, um desejo de mar. Assim é o herói da peça infanto-juvenil do Coletivo Atores à Deriva, atra-ção do próximo domingo.

Quer se arriscar pela primeira vez no palco? Quer tirar onda na frente dos amigos? Sabe contar piadas, tem piadas próprias ou uma história que todo mundo sempre ri? Domingo acontece a primeira edição da Noite do Mi-crofone Aberto! O palco do Jeri-mum disponível pra você falar o que quiser.

1608DOMINGO

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