revista o cinéfilo ed. 10

EntrevistaBia Bedran

IndicaçãoDaniel Gonçalves

Distrib

uição G

ratu

ita

O Talento dePeter Weir

Cinema e TeatroAndreson Carvalho

RevistaAno 01 | n. 10 | 2011

www.ocinefilo.com.br

ÍNDICE

EXPEDIENTEA REVISTA O CINÉFILO, distribuída gratuitamente, é uma publicação mensal da locadora O CINÉFILO, produzida pela PÉ DE LIMÃO COMUNICAÇÃO E MARKETING.

LOCADORA O CINÉFILORua Herotides de Oliveira, 18. Jardim Icaraí. Niterói.(21) 3603-2202

Rua Gavião Peixoto, 355, loja 104. Icaraí. Niterói.(21) 2714-7880www.ocinefilo.com.br

O conteúdo dos anúncios veiculados e os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Colaboradores da 10ª edição: Alexandre Guerreiro, Andreson Carvalho, Bia Bedran, Cesar Caruso, Daniel Gonçalves, Rachel Alves e Renan Morgado.

COORDENAÇÃO EDITORIALPé de Limão Comunicação e Marketing(21) 3472-2958 | www.agenciapedelimao.com.br

PARA ANUNCIAR(21) [email protected]

03

Novidades 04

Indicação 10

Cine Temático 12 e 20

Entrevista 14

Prateleira 16

Reserva Especial 17

Alexandre Guerreiro 18

Andreson Carvalho 21

Cine Panorama 22

EDITORIALEstamos em outubro, mês em que se comemora o dia professor, o dia da criança e o halloween. E para reforçar o clima das comemorações, trabalhamos em cima destes temas com muito carinho.

A nossa entrevistada é a Bia Bedran, uma artista muito querida em nossa cidade. Nesta edição, preparamos duas versões do Cine Temático, uma em que homenageamos todos os mestres e outra direcionada à garotada. Esperamos que gostem bastante.

Se você curte terror, vai se aterrorizar, ou melhor, se deliciar com a coluna do Renan Morgado, que traz 13 filmes consagrados do gênero. Apague a luz e tenha uma boa sessão!

Os filmes mais variados você encontrará nas Novidades do Cinéfilo e na Reserva Especial.

Andreson Carvalho fala sobre cinema e teatro. Já Alexandre Guerreiro traz mais um grande diretor, Peter Weir. O convidado deste mês para nos indicar seus filmes preferidos foi o Daniel Gonçalves, que comentou quatro obras muito interessantes.

Boa leitura e bom divertimento!

Fabio Meirelles

04

O filme dos espíritosParis Filmes | Drama | Brasil | De André Marouço e Michel Dubret Elenco: Nelson Xavier, Reinaldo Rodrigues, Etty Fraser, Ênio Gonçalves, Ana Rosa, Alethea Ruas, Sandra Corveloni, Luciana Gimenez. A partir de 7 de outubro nos cinemas. Em janeiro, no Cinéfilo.

O filme conta a história de Bruno Alves que, por volta dos 40 anos, perde a mulher e se vê completamente abalado. A perda do emprego se soma a sua profunda tristeza e o suicídio lhe parece a única saída. Nesse mo-mento, ele entra em contato com O Livro dos Espíritos, obra basilar da doutrina espírita. É neste momento que o protagonista da história começa uma jornada em busca de sua felicidade, a partir da compreensão dos mistérios da vida espiritual. Nesta “viagem”, o protagonista cruza os caminhos de outros personagens e suas histórias de superação e luta em prol da felicidade. E enquanto estas histórias vão sendo apresentadas, os grandes enigmas existenciais humanos são explicados: de onde viemos e para onde vamos, as relações entre o mundo espiritual e o mundo material e tantos outros pontos explicáveis constantes em O Livro dos Espíritos.

Os agentes do destinoUniversal | Ficção-científica | EUA | De George Nolfi Elenco: Matt Damon, Emily Blunt, John Slattery, Anthony Ruivivar. A partir de 05 de outubro

Quem controla o destino? Esta questão vai atravessar a vida do político David Norris, candidato democrata ao senado por Nova York. Favorito entre os candidatos, Norris realiza uma campanha de sucesso, até um tablóide publicar fotos suas embaraçosas. Prestes a admitir sua derrota, ele conhece Elise Sellas, uma linda e miste-riosa bailarina, por quem se apaixona. Nesse meio tempo, alguns homens com estranhos poderes de interferir no futuro começam a pressioná-lo para que ele não dê continuidade a este roman-ce, porque isso poderá atrapalhar o futuro de ambos. Eles são os “agentes do destino”, cuja missão é corrigir pequenos desvios cria-dos pelo acaso e fazer as vidas das pessoas mais importantes se-guirem o trajeto previsto nos planos decididos pelo “Presidente”.

05Transformers: o lado oculto da luaParamount | Ação | EUA | De Michael Bay Elenco: Shia LaBeouf, Rosie Huntington-Whiteley, Josh Duhamel, Patrick Dempsey. A partir de 06 de outubro

Em meio à guerra ancestral entre robôs, o líder Autobot foge do planeta natal, Cybertron. A nave caiu no lado escuro da lua, fato que forçou a Rússia e os EUA a iniciarem a corrida espacial na década de 1960. Enquanto isso, os Autobots ajudam os exércitos de paz pelo mundo a capturar os últimos Decepticons sobrevi-ventes. Os vilões sabem que na área oculta da lua há uma arma poderosa que colocará em risco a vida na Terra. Resta a Optimus Prime, líder dos Autobots, ajudado pelo jovem Sam Witwicky e o coronel Lennox, evitar a iminente catástrofe.

Kung fu Panda 2Paramount | Animação | EUA | De Jennifer Yuh Elenco: Jack Black, Angelina Jolie, Gary Oldman, Seth Rogen. A partir de 27 de outubro

Po está vivendo o sonho de ser o dragão guerreiro, protegendo o Vale da Paz ao lado dos mestres Shifu, Tigresa, Macaco, Víbora, Louva-deus e Garça. Sua vida pacata chega ao fim quando surge um novo inimigo, o Lord Shen, que possui uma arma secreta im-batível, capaz de conquistar a China e provocar o fim do kung fu. Po precisa conhecer seu passado para descobrir a verdade sobre sua misteriosa origem – só assim ele poderá liberar a força que precisa para vencer seu novo inimigo. Ao lado dos Cinco Furio-sos, Po cruzará o país para derrotar Lord Shen.

Os pinguins do papaiFox | Comédia | EUA | De Mark Waters Elenco: Jim Carrey, Carla Gugino, Madeline Carroll, James Tupper. A partir de 05 de outubro

Esta divertida comédia para a família conta a história de um ho-mem de negócios totalmente sem noção do que fazer quando o assunto são as coisas importantes da vida. Até que num dia, Tom Popper recebe 6 pinguins como herança de seu pai. Apesar dos pinguins de Popper transformarem seu chiquérrimo apartamen-to em Nova York num parque de diversões de inverno – e virarem a vida de Popper de cabeça para baixo, eles também lhe ensinam importantes lições sobre famílias e relacionamentos.

06Cilada.comParis filmes | Comédia | Brasil | De José Alvarenga Jr. Elenco: Bruno Mazzeo, Fernanda Paes Leme, Sérgio Loroza, Augusto Madeira. A partir de 19 de outubro

Bruno foi flagrado traindo sua namorada durante uma festa de casamento e levou um pé na bunda. Por vingança, ela publicou na internet um vídeo seu transando com ele, em que pagou o maior mico por causa de uma ejaculação precoce. As imagens viram um sucesso e Bruno uma celebridade, só que da pior forma possível. Agora, sua única saída é tentar provar para todo mundo que é bom de cama. Ele passa a recorrer a antigas namoradas, no intuito de registrar declarações delas em vídeo e tenta encontrar novas parceiras, ao mesmo tempo em que deseja conseguir o perdão da sua ex.

HannaSony | Ação | EUA | De Joe Wright Elenco: Saoirse Ronan, Eric Bana, Cate Blanchett, John MacMillan. A partir de 15 de outubro

Hanna não é uma garota comum. Criada por seu pai, um ex-agen-te da CIA no ponto mais remoto da Finlândia; ela tem a força, a resistência e o instinto aguçado de um soldado. Sua educação e treinamento têm o mesmo objetivo: fazer dela a assassina perfei-ta. Durante sua adolescência, é enviada por seu pai para cumprir uma missão em que viaja escondida pelo norte da África e pela Europa, iludindo agentes secretos e assassinos clandestinos. Ao se aproximar de seu objetivo final, Hanna tem de lidar não só com inimigos poderosos, mas com as revelações alarmantes sobre sua própria existência.

A inquilinaParis filmes | Suspense | EUA | De Antti Jokinen Elenco: Hilary Swank, Jeffrey Dean Morgan, Christopher Lee, Lee Pace. A partir de 13 de outubro

O filme conta a história de uma das três milhões de mulheres americanas, solteiras ou descasadas, que a cada ano se mudam para um apartamento e passam a morar sozinhas pela primeira vez. Elas não sabem quem viveu ali antes delas, não conhecem seus senhorios e não se preocupam em trocar as fechaduras. Após se separar do marido, a bela jovem médica Juliet Dermer começa uma nova vida no Brooklyn, em Nova Iorque. Seu des-lumbrante e espaçoso apartamento parece bom demais para ser verdade. Mas ocorrências misteriosas fazem-na acreditar que ela não está sozinha. Alguém a está observando.

07O noivo da minha melhor amigaPlayArte | Comédia Romântica | EUA | De Luke Greenfield Elenco: Ginnifer Goodwin, Kate Hudson, John Krasinski, Colin Egglesfield. A partir de 13 de outubro

Rachel, uma advogada muito certinha, está prestes a comple-tar 30 anos. Na comemoração, ela acaba bebendo demais e vai para a cama com Dex, amigo de faculdade e também noivo da sua melhor amiga Darcy. Sentindo-se péssima com a situação, as coisas parecem piorar a cada momento, pois Rachel será ma-drinha do casamento e vai ter que lidar com os preparativos da festa, seus sentimentos por Dex e ainda a sua amizade cultivada desde a infância com a noiva traída.

Janie Jones - Uma história de amorCalifórnia | Drama | EUA | De David M. Rosenthal Elenco: Abigail Breslin, Alessandro Nivola, Elisabeth Shue. A partir de 26 de outubro

Rocker Ethan Brand e sua banda estão na trilha do retorno, quan-do ele descobre que tem uma filha de 13 anos chamada Janie Jones. Quando a mãe da menina vai para uma clínica de reabilita-ção, Ethan fica sem escolha e coloca a garota no ônibus da turnê. Nesta tumultuada viagem, com problemas pessoais que amea-çam a sobrevivência da banda, pai e filha têm a oportunidade de se conhecer melhor. Janie mostra-se uma menina inteligente e musicalmente talentosa, que ajudará Ethan a terminar a turnê e a reviver a sua carreira.

Ramona e BeezusFox | Aventura | EUA | De Elizabeth Allen Elenco: Selena Gomez, Joey King, Bridget Moynahan, Ginnifer Goodwin, John Corbett, Sierra McCormick, Hutch Dano. A partir de 05 de outubro

Ramona é uma garotinha com muita imaginação e muito talento para arranjar encrenca. Suas travessuras deixam todos os mem-bros da família sempre em estado de alerta, inclusive sua irmã mais velha Beezus, que no momento só queria pensar em so-breviver ao seu primeiro ano no colegial. Vivenciando todos os altos e baixos da infância, Ramona e Beezus aprendem que tudo é possível quando acreditamos em nós mesmos e confiamos uns nos outros. Filme baseado nos livros de Beverly Cleary.

08Como arrasar um coraçãoImovision | Comédia | França | De Pascal Chaumeil Elenco: Romain Duris, Vanessa Paradis, Julie Ferrier, François Damiens, Andrew Lincoln, Natasha Cashman. A partir de 11 de outubro

Alex, sua irmã Mélanie e o cunhado Marc administram juntos um negócio inusitado: uma agência especializada em terminar relacionamentos. Os altos custos para criar as farsas que pos-sibilitam o fim das relações e a vida que Alex leva, incompatível com a renda que ganha, os deixam devendo uma alta quantia. O trio então recebe uma missão: impedir que Juliette e Jonathan se casem. O problema é que eles aparentam ser um casal per-feito. Precisando desesperadamente do dinheiro, Alex aceita a proposta e aproveita os dias em que Juliette está sozinha para se aproximar dela.

O casamento do meu exParis filmes | Romance | EUA | De Galt Niederhoffer Elenco: Katie Holmes, Josh Duhamel, Anna Paquin, Elijah Wood. A partir de 13 de outubro

Sete amigos de faculdade se reúnem novamente para o casa-mento de dois deles à beira mar. Laura é a dama de honra e uma das melhores amigas da noiva, Lila. As duas já se rivalizaram por muito tempo porque Laura já teve um relacionamento com Tom. Durante os dias que antecedem o casamento, numa noite de be-bedeira, as amigas abrem o jogo, testando suas amizades e alian-ças. É nesse momento que um triângulo amoroso começa a se formar. Baseado no romance de Galt Niederhoffer.

Poucas cinzasWarner | Drama | Reino Unido | De Paul Morrison Elenco: Javier Beltrán, Robert Pattinson, Matthew McNulty, Marina Gatell. A partir de 06 de outubro

Em 1922, Madri (Espanha) se vê em plena revolução cultural por causa das mudanças de valores provocadas pelo jazz, as ideias de Freud e a avant-garde. Nesse mesmo ano, aos 18 anos, Salvador Dalí entra para a faculdade determinado em se tornar um grande artista. Sua incomum mistura de timidez e exibicionismo faz com que a elite social da universidade volte suas atenções ao jovem estudante, assim como Federico Garcia Lorca e Luis Buñuel. O filme acompanha a relação travada entre esses tão importantes artistas contemporâneos.

09Corações perdidosImagem filmes | Drama | EUA | De Jake Scott Elenco: James Gandolfini, Kristen Stewart, Melissa Leo, Joe Chrest. A partir de 26 de outubro

A trama acompanha a vida de Louis e Doug Riley, um casal que perdeu a filha adolescente. Os dois vivem uma relação distante e conturbada. Devido ao trauma da perda da filha, Louis não consegue sair de casa. Em uma viagem de negócios, Doug co-nhece Alisson, que se apresenta como Mallory, uma adolescen-te órfã que ganha a vida se prostituindo e fazendo shows de striptease. O homem passa a cuidar da menina como se ela fosse uma filha, o que acaba influenciando no relacionamento com sua esposa. O encontro do casal com Mallory transforma suas vidas para sempre.

O homem ao ladoImovision | Drama | Argentina | De Mariano Cohn, Gastón Duprat Elenco: Rafael Spreguelburd, Daniel Aráoz, Ruben Guzman, Eugenia Alonso. A partir de 11 de outubro

Leonardo é um designer industrial sofisticado e reconhecido in-ternacionalmente, que vive com a esposa Anne, a filha Lola e a empregada Elba, na única casa da América Latina projetada pelo arquiteto modernista Le Corbusier, localizada na cidade de La Plata. Cada móvel e a decoração de sua casa transpiram elegân-cia. Seu vizinho, Victor, por sua vez, é um homem bronco, de vo-cabulário chulo e gostos populares. Eles levam uma vida tranqui-la até o início das obras em uma casa adjacente, onde o vizinho resolveu fazer ilegalmente uma janela que dava para a sua casa.

Stake Land - Anoitecer violentoPlayArte | Terror | EUA | De Jim Mickle Elenco: Danielle Harris, Kelly McGillis, Bonnie Dennison, Connor Paolo, Michael Cerveris, Nick Damici. A partir de 19 de outubro

Uma terrível epidemia de vampiros avança e os humanos preci-sam correr para salvarem-se das feras. Cidades foram tomadas e os sobreviventes se reúnem em grupos na área rural, temendo o cair da noite. Quando uma família inteira é massacrada, o jo-vem Martin é acolhido por um caçador, que vive em busca dos mortos-vivos. Os dois seguem procurando por um lugar melhor para viver, enquanto vão deixando, pelo caminho, os corpos dos vampiros que cruzam com a dupla. Eles encontram novos com-panheiros de jornada como uma freira, em plena crise de fé, e vão precisar encarar desafios inesperados, como o líder de uma seita que vê, na epidemia de vampiros, uma resposta dos céus.

INDICAÇÃO10

O que é real? Tudo o que vemos na tela do cinema aconteceu de fato? É uma criação de roteiristas e diretores? Acontecerá no futuro? A resposta para as três perguntas pode ser a mesma. Sim e não.Em filmes de ficção é mais fácil definir se a história contada aconteceu ou é uma mera criação dos envolvidos no projeto. Tudo, por mais que a história seja inspirada em fatos reais, sempre é uma construção do diretor.Podemos acreditar que tudo o que vemos num documentário é real e, consequentemente, representa o que de fato existe? Definitivamente, não.

ENTREATOSJoão Moreira Salles, Brasil, 2004.

Entreatos, de João Moreira Salles, é, basicamente, um longa-metragem de observação. O diretor e sua equipe acompanharam os 33 dias anteriores à eleição de Lula para a presidência da república, em 2002. Figura carismática, o ex-presidente se apresenta e representa de uma maneira que poucas pessoas conheciam. O que engrandece Entreatos é justamente seu corte final, a razão para seu título. Ao deixar de fora todos os momentos públicos (atos) da campanha, o documentário pôde mostrar um lado pouco conhecido dos que estavam envolvidos na corrida eleitoral, suas discussões e bastidores. “Não são momentos memoráveis para quem os viveu. (...) Se esses momentos ganham alguma importância, é por estarem inseridos numa narrativa,

numa construção que é própria do documentário”, disse o diretor.A cena final de Entreatos é um resumo do filme em todos os seus aspectos. O plano-sequência começa com Lula e um grupo de pessoas entrando no elevador do hotel que levará todos ao andar térreo. Lula se dirige ao saguão do hotel e é engolido por um mar de repórteres, microfones e equipes de TV. Depois de filmar a luta de Lula para se livrar da turba, a câmera lentamente se afasta e o presidente eleito desaparece no meio dos jornalistas. Tensão, guerrilha, momentos vazios e de extrema sensibilidade, juntos, num mesmo plano. Entreatos é isso.

ESTAMIRAMarcos Prado, Brasil, 2006.

Estamira, personagem do filme homônimo de Marcos Prado, diz que “Tudo o que é imaginário tem, existe, é”. Enigmática, a frase é uma síntese da personagem e do documentário. O diretor acompanhou Estamira, velha catadora de lixo que trabalhava e passava dias em Jardim Gramacho, no seu dia-a-dia, desde suas idas ao lixão, até os momentos em que estava com a família ou com outros catadores. Alternando trechos em que Estamira fala do presente e do passado, Marcos Prado nos mostra como a vida e suas injustiças transformaram e levaram a personagem a criar um mundo só dela e, como isso, a conduziu àquele estado de aparente loucura. Uma loucura que, em muitos momentos, nos faz pensar sobre tudo o que acontece a nossa

volta, na sociedade, em nossas relações pessoais. Seríamos nós os verdadeiros loucos?

DANIEL GONÇALVES é formado em jornalismo pela PUC-Rio, Daniel atual-mente cursa a pós-graduação em cinema documentário da FGV. Também fez os cursos de montagem e edição, na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, e de produção executiva, o Film & TV Business, na FGV. Dirigiu o curta “tem bala aí?”, selecionado para o Festival Internacional de Televisão em 2008, e o documentário institucional “Oficina do Imaginário”, feito para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 2011.

11

WALL-EAndrew Stanton, EUA, 2008.

Wall-e, de Andrew Stanton, conta a história de um robozinho compactador de lixo que vive, sozinho, num planeta Terra que fora abandonado pelos humanos séculos atrás. Ele passa o dia recolhendo lixo e fazendo torres com o material compactado, até a chegada de Eva, uma robô moderna, enviada pelos humanos para vasculhar o planeta em busca de vegetais que indicariam a presença de vida na Terra. Eva é branca e voa graciosamente. Wall-e fica encantado. É amor à primeira vista. Mas o filme vai além. Sem utilizar diálogos entre seus principais personagens, o diretor criou o retrato de um mundo futuro, onde os humanos, gordos, só consomem, vivem sentados em cadeiras que

fazem tudo por eles. E Wall-e, o robô, é um personagem e tanto. Coleciona garfos e outra bugigangas que acha no lixo espalhado pelo planeta e é capaz de se emocionar e repetir passos musicais do filme “Hello, Dolly!”Diego Assunção, também em crítica da Cinética, diz que Wall-e “transforma os humanos em estranhos em um mundo complicado, duro e belo, de dois robôs.”

SANTIAGOJoão Moreira Salles, Brasil, 2007.

Durante 30 anos, Santiago foi mordomo da família de João Moreira Salles. Trabalhou na casa da Gávea, onde João morou até os 20 anos e que hoje abriga o Instituto Moreira Salles.Apesar de ter um personagem singular, o diretor abandonou o filme depois das filmagens, em 1992. Ao retornar ao material filmado treze anos depois, é ele próprio que vira personagem do filme.Em Santiago, João Moreira Salles assumiu sua posição manipuladora da realidade. Atitude corajosa, e grande mérito do filme, essa de expor a forma como conduziu as filmagens e sua reflexão, sua autocrítica, sobre o modo como organizou o filme.Sua relação com as imagens do passado é serena. Parafraseando Cezar

Migliorin em artigo da Revista Cinética, “o off bem acabado, pensado e meticulosamente armado destoam do filme-problema que Salles parece ter desejado fazer. O filme é um problema bem resolvido.”

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Peter Bell e o bando da mão negraAlemanha e Holanda, 2002. Comédia.

Direção de Maria PetersUm garoto travesso é famoso em sua cidade por

viver aprontando das suas. Isso acaba dividindo os moradores entre os que o amam e os que o odeiam.

Um dos seus inimigos aparece determinado a colocar os seus amigos contra ele.

O pequeno NicolauFrança, 2009. Comédia.

Direção de Laurent TirardNicolau é um garoto muito amado pelos pais que

leva uma vida tranquila. Mas um dia ouve seus pais em uma conversa que o faz achar que a mãe está

grávida. Nicolau entra em desespero e já pensa no pior: ao nascer um irmão, seus pais irão abandoná-lo.

Billy ElliotFrança e Inglaterra, 2000. Drama.

Direção de Stephen DaldryEm uma pequena cidade no interior da Inglaterra, a principal atividade econômica provém das minas.

Billy Elliot é um menino de onze anos treinado pelo pai para lutar boxe, mas se vê encantando com a

magia do balé e tem de enfrentar a família para se dedicar ao que gosta.

O jardim secretoEstados Unidos, 1993. Drama. Direção de Agnieszka HollandNa Inglaterra, em uma luxuosa casa de campo, três crianças, entre elas uma garota que perdeu seus pais em um terremoto, desafiam a governanta local ao frequen-tarem um jardim abandonado, no qual passam a usar como esconderijo.

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ENTREVISTA

A entrevista do mês em que se comemora o dia das crianças traz para você um pouco sobre a arte de contar histórias. Por isso, conversamos com a querida e sempre solí-cita Bia Bedran, compositora, cantora, atriz, escritora, educadora musical e contadora de histórias.

Como você se prepara para contar uma história?Primeiramente leio o texto inúmeras vezes, muitas mesmo. Até que o texto esteja bem firme na minha memória, mas uma memó-ria mais afetiva do que racional, pois não é preciso “decorar” o texto como se fosse no teatro. O importante é gostar da história e querer muito passá-la adiante. Isso é um bom começo...

Qual a importância das histórias para o desenvolvimento infantil?As histórias são como um espelho onde o indivíduo se reconhece ou não. Ela fornece parâmetros para você medir até que pon-to você conseguiria seguir como aquele tal personagem seguiu ou pelo menos pensar o quanto seria impossível você agir assim... Considero as histórias como um patrimônio imaterial da humanidade, portanto, funda-

mentais para o crescimento e o auto-co-nhecimento das pessoas, não somente das crianças.

Qual a duração ideal de uma história?Para meu modo de atuar, elas devem ter no máximo uns 7 minutos de duração, de modo que junto 6 histórias com diferentes temas e formas de contar gerando um mini espetá-culo de 45 minutos aproximadamente. Mas isso pode variar muito de acordo com cada projeto de criação e pesquisa em que estou inserida.

A escolha das histórias deve ser baseada no público ou no envolvimento do contador com a história?É impossível um contador sem o seu ouvinte e vice versa. Também não é possível contar bem uma história sem que o contador es-teja intimamente conectado (sem internet... rsrs) com o enredo escolhido. Portanto é uma estrada de mão dupla: a percepção do outro e de si mesmo no processo criativo tanto da escolha quanto da interpretação do conto.

Quais as principais etapas do trabalho de um contador?Ler muito, encontrar histórias que toquem profundamente seu coração; dizer em voz alta o texto já adaptado para seu estilo de contar; não desejar ser um ator no momen-to da narrativa, mas sentir-se como um ins-trumento pelo qual a narrativa se dá; gostar muito de fazer isso e não ter cansaço ao re-petir dezenas ou centenas de vezes o conto, pois sempre será diferente o encontro do conto com o ouvinte.

Contação de histórias teatralizadas ou musicalizadas conseguem envolver mais os ouvintes?Eu acho que o simples fato de você se pro-por a contar e dar voz às palavras antes si-lenciosas de uma história já implica numa performance, num ato interpretativo, mes-mo que parado, sentado numa cadeira, apenas usando as mãos, os olhos, a alma e a voz. Se colocar uma pequena intervenção

Foto Paulo Rodrigues

Bia Bedran

15musical, amplia esta comunicação ao extre-mo. Os ouvintes não resistem...

Ouvir histórias desperta o interesse pela leitura?Com certeza! Ao contrário do que possa parecer, de que uma criança se sente rea-lizada ao ouvir e ver um contador contar e interpretar um conto, ela corre em direção ao livro que foi a fonte daquela performan-ce. Ela precisa encontrar a palavra impressa

Forrest GumpEm Busca da Terra do Nunca

A História Sem Fim

O Contados de Histórias Peixe GrandeNarradores de

Javé

Assista ou reveja alguns filmes que utilizam a história oral como fonte de narrativa.para realmente registrar a beleza daquele

momento mágico que foi vivenciado.O que é fundamental para se contar uma história? Além de tudo o que falei e acima de tudo, gostar da história e ter vontade de passar adiante aquele encantamento todo que uma história possa ter proporcionado.

Em geral, a sua plateia é composta predominantemente por crianças?Sabe que não? Na verdade a maioria é com-posta de educadores, pais e mães, enfim, adultos que estão ao lado das crianças. O trabalho que faço tem o papel de formação de plateia, de repasse de fazeres artísticos e também de sensibilizar adultos e crianças através da poesia e da ludicidade.

Toda história infantil deve terminar com “e foram felizes para sempre”?Claro que não. Este jargão tem sido até ques-tionado por vários escritores e contadores.

Eu mesma gosto de dizer, por exemplo, “e eles foram quase felizes para sempre”; ou, “e eles quase foram felizes para sempre”; ou, “e eles foram felizes para quase sempre”...

Você acha que é possível aprender a ser um contador de histórias ou é uma vocação que deve ser desenvolvida?Claro que é possível aprender a ser um con-tador de histórias, pois todos nós nascemos para contar nossa história e nossa passa-gem pelo mundo. Todas as pessoas, mesmo sem saber, estão deixando suas histórias por onde passam. “Passas sem ver teu vigia, catando a poesia, que entornas no chão”. Chico Buarque respondeu muito bem a esta última pergunta: todos nós temos histórias e as contamos sem nem notar. Mas há um vigia que vai cuidar especialmente disso, de não deixar que esta história coletiva se per-ca na poeira dos caminhos. Os contadores de histórias são guardiões da memória, são jardineiros do tempo. Somos todos, se qui-sermos.

Foto Paulo Rodrigues

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PRATELEIRA | Rachel Alves16

BASTARdOS INGLóRIOSÉ uma ousada reconstrução histórica do fim do nazismo e da segunda guerra mundial. A primeira cena do filme é brilhante. O ator Christoph Watz (que faz o nazista Hans Landa) dá um show de interpretação. Brad Pitt está engraçado como o tenente judeu Aldo Rayne. Os personagens femininos são fortes, importantes na trama e bem inter-pretados. A direção de atores de Tarantino é perfeita, assim como a escolha do elenco. Sinopse: Durante a 2a Guerra Mundial, a família de Shosanna Dreyfus é exterminada pelos nazistas. Ela foge para Paris com documentos falsificados. Durante uma missão, Shosanna e o grupo de soldados judeus, comandado por Aldo Raine, encontram-se. Mas Shosanna quer acabar sozinha com Hans Landa, o coronel que matou sua família.

VICKy CRISTINA BARCELONAUma comédia gostosa de Woody Allen. Duas amigas, com personalidades opostas, vão passar férias na Espanha e se envolvem com os personagens e a cultura local; um pin-tor e sua ex-mulher, papel que rendeu um Oscar para a atriz Penélope Cruz. Com belas paisagens espanholas e várias referências culturais e artísticas, é leve, divertido e com um humor bem no estilo Woody Allen.Sinopse: Duas jovens americanas - a conservadora Vicky e a aventureira Cristina - viajam para Barcelona a fim de passar as férias de verão e acabam se envolvendo em confu-sões amorosas com um artista extravagante e sua insana ex-esposa.

DIáRIOS DE MOTOCICLETAO filme retrata as experiências do jovem Che Guevara quando ainda era um estudante de medicina. O foco é a viagem que ele, Alberto Granado e “la poderosa” fizeram pelo interior da América do Sul, de acordo com seus próprios diários. É um roadie movie (filme onde a história se desenrola numa viagem) que faz com que o espectador se sinta na garupa da motocicleta, se divirta e sofra com os personagens. Com uma brilhante direção de Walter Salles e ótimas atuações de Gael Garcia Bernal e Rodrigo de la Serna, a obra ainda conta com belas paisagens da Argentina, Venezuela, Peru e Chile.Sinopse: Guevara abandona a faculdade de medicina para realizar uma viagem pela Amé-rica do Sul ao lado de seu amigo Granado, deixando uma vida confortável na Argentina em troca de uma aventura.

CIDADE DOS SONhOSEm homenagem ao Halloween, indico esse suspense no estilo David Lynch. Desafio o espectador a ligar os pontos do roteiro, que sofre uma reviravolta no meio do filme. Com personagens excêntricos e cenas que lembram sonhos (ou pesadelos), é realmente perturbador. Faz uma crítica à “cidade dos sonhos” que é Hollywood, com seus manda-chuvas e subordinados. É o estilo de filme que se ama ou odeia. Mas quando o especta-dor ama, se apaixona de verdade.Sinopse: Após sofrer um atentado, Rita perde a memória. A bela atriz chega à casa onde Betty está hospedada para uns testes de elenco. Ao conversarem, tentando se lembrar do ocorrido, as duas vão encontrando pistas de algo muito maior do que o imaginável, em um mundo cheio de ilusões, fantasias e horror.

Conheça os filmes da prateleira da Rachel Alves, cliente da locadora

O Cinéfilo, jornalista e atriz.

A CAdELAComédia. Espanha, 1960.

De Marco Ferreri.Don Anselmo é um velho plenamen-te empenhado em adquirir um carro usado que já não presta mais. Ape-sar da oposição de seus parentes, ele decide vender as joias da família. Seu filho o obriga a desistir e, em re-presália, ele resolve envenenar seus familiares. Ele tenta fugir, mas acaba detido.

Disponível em 17.10

A LISTA dE AdRIAN MESSENGER

Drama. EUA, 1963. De John Huston.

Antes de viajar, Messenger pede para um amigo checar uma lista de nomes. Quando o avião explode no ar, o assunto se transforma em algo sério. Verificando a lista, descobre que cada um dos que se encontram na mesma, morrem em misteriosas circunstâncias.


OS qUE ChEGAM COM A NOITE

Suspense. Inglaterra, 1971. De Michael Winner.

Com a morte dos pais em um aci-dente de carro na Índia, um casal de crianças fica sob a guarda da governanta. As crianças ficam en-feitiçadas por Quint, um estranho e carismático homem. Elas confiam nele cegamente e começam a ver o mundo através de seus olhos.


Reserva Especial

UM MOMENTO, UMA vIdADrama. EUA, 1977. De Sydney Pollack.

Bobby Deerfield é um piloto de cor-ridas frio e sem sentimentos que fica obcecado pela causa do acidente de um de seus companheiros na pista. Na visita que faz ao hospital, ele encontra uma mulher enigmática e doente, por quem se apaixona per-didamente.


MULhERES APAIxONAdASDrama. Inglaterra, 1969.

De Ken Russell.Duas irmãs e dois homens procuram identidade intelectual, satisfação fí-sica, inspiração e segurança social. Os interesses e desejos chocam-se e são frustrados. A insatisfação de cada um é jogada no outro, em rela-ções cada vez mais insustentáveis. A tragédia parece inevitável.


O MENSAGEIRO dO dIABOSuspense. EUA, 1955. De Charles Laughton.

O filme é um conto de fadas maca-bro, centrado na violência e no mal contra duas crianças. Harry Powell, é um assassino de viúvas ricas que, ao sair da prisão, persegue uma famí-lia para encontrar o dinheiro que o pai, que conhecera na cadeia, havia guardado em lugar não revelado.


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Alexandre GuerreiroMestre em Comunicação (UFF), bacharel em Cinema (UFF), bacharel e licenciado em História (UERJ). Produtor cultural e cineasta, curador e produtor das mostras O Cinema de Eric Rohmer, Godard 80, Cineducando e O Rio de Janeiro Segundo o Cinema. Integra a equipe do Cineduc - Cinema e Educação.

O TALENTO DE18

A TESTEMUNHA. Suspense. EUA, 1985.

SOCIEdAdE dOS POETAS MORTOS. drama. EUA, 1989.

PETER WEIR

O diretor australiano Peter Weir realizou obras consagradas por crítica e público, des-de os primeiros trabalhos ainda na Austrália até os títulos produzidos no seio da indús-tria americana. Weir nasceu em Sidney, em 1944, e ganhou visibilidade internacional com os filmes Picnic na Montanha Misteriosa e Gallipoli.

Logo após o australiano O Ano que vivemos em Perigo, Weir fez seu primeiro grande su-cesso americano, A Testemunha, que rece-beu o Oscar de Montagem e Roteiro, e teve um total de 8 indicações, inclusive a única in-dicação de Harrison Ford para Melhor Ator. Ford é John Book, o detetive policial que protege Samuel, o menino amish que teste-munha um assassinato, o que leva Book ao convívio com os integrantes da comunidade amish, numa experiência transformadora. Weir recebeu a primeira de 4 indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro como Melhor Di-retor (além de A Testemunha, ele foi indicado para ambos por Sociedade dos Poetas Mor-tos, O Show de Truman e Mestre dos Mares).

O inspirador Sociedade dos Poetas Mortos coloca em discussão a educação através dos métodos pouco ortodoxos de John Keating, vivido por Robin Williams. Seus ensinamentos são apreendidos por alguns alunos que revivem a “sociedade” do título em encontros libertários regados à poesia, o que transforma suas vidas e faz com que entrem em choque com os modelos arcaicos e rígidos de uma instituição escolar pouco preocupada com a emancipação intelectual dos estudantes. A parceria com o mestre Maurice Jarre, com quem Weir trabalhou em outros filmes, resulta numa trilha so-nora marcante, reforçada pela 9º Sinfonia de Beethoven que marca um dos melhores momentos do filme. Oscar de Melhor Rotei-ro, o filme se insere no rol de películas que discutem o papel do professor, que vai des-de o clássico Adeus, Mr. Chips até o contem-

porâneo Entre os Muros da Escola, dentre os quais o inesquecível Mr. Keating tem um papel de destaque.

Outro importante filme dirigido por Weir é o belo Green Card, Passaporte para o Amor, em que Gerard Depardieu e Andie MacDowell entram num casamento fictício

Pensilvânia, 1984. Um jovem é testemunha de um assassinato e, para sua própria proteção, o investigador do caso decide levá-lo com sua mãe para a co-munidade amish onde viviam. Tudo piora quando o investiga-dor descobre que os responsá-veis pelo crime são policiais.

Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola prepa-ratória, um ex-aluno se torna o novo professor de literatura. Porém, ele propõe métodos de ensino que incentivam seus alunos a pensarem por si mes-mos e apresenta aos alunos a Sociedade dos Poetas Mortos. Isto acaba criando um conflito

entre os diretores que ainda pregam o método an-tigo e conservador.

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GREEN CARd - PASSAPORTE PARA O AMOR. Romance. Austrália | EUA | França, 1990.

O SHOW dE TRUMAN. drama. EUA, 1998.

MESTRE dOS MARES. Aventura. EUA, 2003.

CAMINHO dA LIBERdAdE. drama. EUA, 2010.

tomado como um bom negócio para ambos, mas o romance inventado sofre uma revira-volta quando o governo passa a investigá-los. Capaz de assinar dramas sensíveis como Sem Medo de Viver e A Costa do Mosquito, os filmes de Weir, de um modo geral, res-guardam uma certa leveza no tratamento de temas, por vezes, pesados. Sem grandes inovações no uso da linguagem cinematográ-fica, seu mérito está na habilidade narrativa que gerou alguns filmes imperdíveis.

O Show de Truman é uma obra especial em vários sentidos. Consegue ser crítico em re-lação ao poder da mídia, à televisão como império do merchandising e também ao público que se mantém preso a um surreal reality que “aprisiona” a vida de Truman, porém o tom crítico do filme nunca assume uma postura agressiva, subordinando-se sempre à fluidez narrativa. O filme traz Jim Carrey em seu melhor momento, e deu a ele o Globo de Ouro de Melhor Ator. Ed Harris brilha no papel de “criador” do programa de televisão do qual Truman é protagonista involuntário. A trilha sonora conta com frag-mentos de composições de Philip Glass para filmes anteriores como Powaqqatsi, o que resulta num uso inusitado da música por Weir, que não se priva de lançar mão dessa reutilização musical.

Em Mestre dos Mares, o Lado Mais distante do Mundo, Weir constrói com maestria um filme de perseguição em mar aberto, duran-te a Era Napoleônica. O filme é um triunfo de sua habilidade narrativa. Já o recente Caminho da Liberdade mostra um grupo de homens em sua fuga de um gulag na an-tiga URSS. Nova parceria de Weir com Ed Harris, o filme traz ainda Saoirse Ronan e Jim Sturges, talentos bem aproveitados pela câmera sensível de Weir, além da contribui-ção surpreendente de Colin Farrell.

Muitos já viram vários de seus filmes sem perceberem que por trás deles estava o mesmo talento. Dono de uma carreira re-gular, seus filmes dosam entretenimento e conteúdo. Vida inteligente importada por Hollywood.

Achando que nunca se encon-trariam novamente, Bronte, uma mulher tipicamente no-vaiorquina, e George, um imi-grante francês recém-chegado aos Estados Unidos, combinam um casamento por conveni-ência. Tudo estava indo bem, até que oficiais da imigração começam a suspeitar do casal.

Para provar que são marido e mulher, os dois deci-dem dividir um apartamento, onde acabam tendo um fim de semana inesquecível.

Truman Burbank é uma pessoa normal como todas as outras. Porém, faz parte de um reality show, ou seja, desde que nasceu vive em uma cidade completa-mente projetada para ele, onde seus movimentos são monitora-dos 24 horas por dia e transmiti-dos para todo o mundo.

O navio comandado pelo ex-periente Capitão Jack Aubrey é caçado por um novo e feroz na-vio francês, com o único intuito de eliminar a embarcação do consagrado Capitão. Com o or-gulho ferido após uma batalha, Jack passa a ser o perseguidor do navio francês, claramente superior.

Em 1940, pegos pelo regime stalinista, sete prisioneiros apro-veitam-se da nevasca para fugir de Gulag Soviético. A liberdade desses homens tem um preço: eles têm poucas chances de che-garem a um lugar seguro sem se-rem pegos novamente e correm risco de morte.

O sorriso de monalisaEUA, 2003. Drama. Direção de Mike NewellKatherine Watson é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katherine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida.

Entre os muros da escola

França, 2008. Drama. Direção de Laurent Cantet

François e seus colegas professores preparam o novo ano leti-

vo em uma difícil escola da periferia parisiense. Munidos das

melhores intenções, eles se apoiam mutuamente para manter

vivo o estímulo de dar a melhor educação a seus alunos.

A sala de aula, um microcosmo da França contemporânea,

testemunha os choques entre as diferentes culturas. E por

mais inspiradores que sejam os adolescentes, seu difícil com-

portamento pode acabar com o entusiasmo de professores

mal

pagos.

Escritores da liberdade

Alemanha | EUA, 2007. Drama. Direção de Richard LaGravenese

Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão

racial, a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente,

lutando para que a sala de aula faça uma diferença na vida dos

estudantes. Agora, contando suas próprias histórias, e ouvindo as

dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis

vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas

e mudar seu mundo.

Outros filmes para assistir:1. Ao mestre, com carinho

2. Mr. Holland - Adorável professor

3. Sociedade dos poetas mortos

4. Nenhum a menos5. Mentes perigosas6. O clube do imperador7. Vem dançar8. A voz do coração9. Escola da vida

Cine Temático

Homenagem aoDia do Professor

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ANDRESON CARVALhO é cineasta e pro-fessor. Graduado em Cinema e mestre em Comunicação pela Universidade Federal Flu-minense. Foi professor substituto do curso de Cinema da mesma Universidade. É atual professor de edição de som e desenho sonoro da Escola de Cinema Darcy Ribeiro. E já parti-cipou de diversos curtas e longas, entre eles: Árido Movie (Lírio Ferreira, 2004) e Sonhos e desejos (Marcelo Santiago, 2006).

21CINEMA E TEATRO

A relação existente entre cinema e teatro vai muito além da simples ideia de adaptação de textos narrativos em meios artísticos distin-tos. Tanto um meio, quanto o outro, possui linguagens e características próprias que es-tão sempre em constante mutação. O que não impede que peças experimentem uma aproximação com a linguagem cinematográ-fica, nem o inverso.

Houve, no entanto, um momento na História do cinema, em que ele ainda não havia en-contrado uma linguagem própria, nem se le-gitimado como nova forma de entretenimen-to, aproximando-se de modo excessivo de uma estrutura teatral – câmera fixa e frontal a uma distância em que era possível visuali-zar os atores de corpo inteiro, reproduzindo o ponto de vista de um espectador no teatro; as encenações, graças a esse distanciamen-to, tinham de ser mais exageradas; a entrada e saída de cena eram feitas normalmente pe-las laterais, assim como nas peças; sem falar nas projeções que eram feitas quase sempre nos teatros. Toda essa estrutura gerou o que os teóricos denominam de teatro filmado.

Um bom exemplo da evolução da linguagem cinematográfica em sua relação com o tea-tro pode ser percebido nas livres adaptações da peça Au téléphone (1902), de André de Lorde. As diferenças podem ser encontradas não só na exploração dos recursos cinema-tográficos, realizando um progressivo dis-tanciamento com o teatro, como também no aprimoramento do próprio texto. As pri-meiras três adaptações foram realizadas nos primórdios do cinema, e, mesmo com o pou-co tempo existente entre uma produção e outra, é possível perceber significativas mu-danças. The Physician of the Castle (1907), da Pathé Frères, é o que mais se aproxima de um teatro filmado, pois os cortes de imagem só acontecem quando a ação de um dos ce-nários se esgota por completo. Em The Lo-nely Villa (1909), de D.W. Griffith, é nítido o avanço proporcionado por uma montagem paralela mais ágil, ampliando a tensão narra-

tiva e sustentando o suspense até o final. Já A Woman Scorned (1911), também de D.W. Griffith, não só trabalha com um número maior de planos, como os aproxima do es-pectador, o que permite o acompanhamen-to dos detalhes da narrativa e rompe com o enquadramento teatral. Quase um século depois, O Quarto do Pânico (2002), de David Fincher, readapta e atualiza a mesma história utilizando-se de tecnologias inimagináveis para os primeiros filmes.

Por último, podemos citar o filme dogville (2003), de Lars Von Trier, que apesar de não guardar nenhuma semelhança com os filmes anteriores ou com o teatro filmado, faz uso de uma estrutura cenográfica reconhecida-mente teatral. Sua vila, onde toda a história se desenvolve, é feita em estúdio e suas ca-sas não possuem paredes, portas, nem jane-las. Seus limites são demarcados por linhas pintadas no chão e reforçados pela atuação dos atores e alguns sons, como o abrir e fe-char de portas, permitindo ao espectador reconhecer ambos os códigos e aceitar a sua junção.

RENAN MORGADO é apaixonado por cinema, estudante de publicidade e responsável pelo Blog Cinema é Tudo Isso!

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O dia das Bruxas, ou Halloween, como muitos chamam, acontece dia 31 de outubro e, nessa data, nada melhor que falar sobre filmes ater-rorizantes. O terror é um dos gêneros que mais se reinventa no cinema. Em alta, atualmente, está o terror psicológico, que depois de um tem-po sumido vem retornando com força nas telonas e, pelo jeito, não vai sair tão cedo.

Quando alguém se lembra de um filme de terror, automaticamente, associa a um vilão. A representação de um vilão carniceiro, invencível e poderoso não sai de moda, e é sempre uma fórmula de sucesso para boas arrecadações nas bilheterias.

Depois de mais de um século da invenção da sétima arte, qual vilão representa melhor o terror? Com certeza, não dá para citar apenas um! Aproveitando um número que é cercado de misticismo, relembre ou conheça as 13 grandes faces do terror no cinema.

Cine PANOR AMA

Hannibal lecterO Silêncio do Inocentes

Samara morganO Chamado

PazuzuO Exorcista

micHael myreSSaga Halloween

JugSaw Jogos Mortais

Jack O Iluminado

noSferatuNosferatu

freddy kruegerA Hora do Pesadelo

HellraiSerHellraiser

leatHerfaceO Massacre

carrie Carrie, a estranha

gHoStfaceSaga Pânico

JaSonSexta-feira 13

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revista o cinéfilo ed. 10

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