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Ano 5 Junho 2008

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04formação doutoral – uma aposta estratégicaIsabel Martinscom Miguel Conceição

08ua cria plataforma de ligação aos antigos alunos Manuel Assunçãocom Liliana Oliveira

1010envelhecer: notícias e boas notíciasLiliana Sousa

12universidade de aveiro colabora com municípios do Baixo Vouga no QREN 2007 › 2013

14percursos antigos alunosantigos alunos da ua falam das suas experiências profi ssionais

24projecto I-GarmentIT participa na concepção da farda do bombeiro do futuro

26barra do porto de Aveiroua estuda tecnologias para aproveitar a energia das marés

28vital jackett-shirt inteligente desenvolvida pela ua já está no mercado

29B-liveinvestigadores da ua conferem autonomia a defi cientes motores

30universidade de aveiro participa no maior projecto de rádio astronomia do mundo

32prémiosdocentes investigadores e alunos da ua continuam a dar que falar

38entrevista com… Dr. Jorge Sampaio

42departamentos em revistadepartamento de electrónica, telecomunicações e informática – uma imagem de marca

46Magellan MBA ua une-se a outras quatro universidades para criar MBA internacional

48empreendedores de sucessoconheça a biodevices, iworks e cogninvest

52publicações

56magna tuna cartolaquinze anos a tirar troféus da cartola

58brevesmomentos que marcaram a vida académica nos últimos meses

junho ‘08Linhas 4 54

uma apostaestratégica

Isabel MartinsVice-Reitora da UA

Linhas junho ‘08

doutoral

Miguel ConceiçãoAssessoria da Reitoria

formação

O Ensino Superior em Portugal tem sido visto, predominantemente,

numa lógica de graduação, isto é, de obtenção de um primeiro

grau académico, de licenciatura ou de bacharelato. Tal facto é ainda

consequência natural dos baixos níveis de qualifi cação da população

portuguesa, e do esforço efectuado para corrigir esta situação.

junho ‘08Linhas 4

uma apostaestratégica

04 05 05 formação doutoral – uma aposta estratégica

Com a criação do Espaço Europeu de Ensino Superior decorrente da Declaração de Bolonha, subscrita em 1999, onde Portugal se inseriu, deram-se modifi cações substanciais no modo de encarar o Ensino Superior, suas fi nalidades e orientações. É certo que as grandes mudanças sociais e institucionais não se operam por decreto. No entanto, a alteração do quadro legislativo de referência para as instituições é determinante do tipo de formação que estas podem oferecer.

A expansão do ensino superior em Portugal traduziu-se, nas últimas três décadas, num aumento apreciável do número de ingressos e, consequentemente, de diplomados. No que respeita à graduação, o número de diplomados em cada ano, no ensino público e privado, registou um crescimento de cerca de 50% na última década, com um abrandamento da taxa de crescimento evidenciado nos últimos anos (Q1).

A formação pós-graduada (FPG) tem sido, até agora, uma actividade de menor expressão nas Universidades portuguesas, com menos de 12 mil alunos inscritos em 2005, tendo em conta todos os cursos de Mestrado, em instituições públicas e privadas. Este número representa apenas 8% dos alunos que frequentavam o ensino superior universitário português no mesmo ano (MSTHE, 2006). No entanto, também neste domínio se tem verifi cado um crescimento muito acentuado das ofertas de cursos de Pós-graduação, Mestrados e de Cursos de Formação Especializada. Refi ra-se, a título de exemplo, a evolução do número de alunos inscritos anualmente em Cursos de Mestrado, que mais do que triplicou no período 1990-2003, com o consequente refl exo no número de diplomados (de 871 em 1993 para 3162 em 2003-04; DSEI-OCES, 2004, citado em Dima 2005).

Um crescimento substancial ocorreu também ao nível dos doutoramentos.

O número de doutorados por ano em Universidades Portuguesas era de apenas 337 em 1990, sendo quase quatro vezes superior, em 2006. Neste mesmo período o número de doutorados pela UA aumentou mais de seis vezes, o que se traduziu, em particular ao longo da última década, num aumento signifi cativo da contribuição da UA para o valor nacional (Q2).

No seu conjunto, a fracção de diplomados de pós-graduação atingiu 7,4% do total de diplomados em 2005-06, ou seja, antes da adaptação curricular ao processo de Bolonha (Q1).

A FPG é hoje reconhecida, a nível internacional, como uma etapa de formação crucial para promover uma sociedade baseada no conhecimento. O reforço do investimento na investigação na Europa, propondo-se atingir o valor médio de 3% do PIB em 2010 (Estratégia de Lisboa, 2000; Barcelona, 2002) é uma medida que corrobora a importância da investigação como pilar do desenvolvimento. Portugal embora ainda longe de alcançar tal meta, apresenta progressos apreciáveis. Às Universidades cabe um papel principal na concretização de propostas de formação avançada e na captação de públicos mais capacitados. Assume-se que o conhecimento é a chave das estratégias geradoras de progresso social, pelo que a Universidade pode ser encarada como um bem social devendo, no entanto, aprofundar-se qual a relação entre Universidade e Sociedade que melhor potencia o desenvolvimento.

A UA tem desenvolvido estratégias de optimização dos seus recursos materiais e humanos, concebendo cursos de Pós-Graduação (Mestrados e Programas Doutorais) em domínios de importância económica, cultural e social, refl ectindo uma atitude de consolidação e de expansão daquilo que tem vindo a fazer. Em alguns casos organizou Cursos e Programas conjuntos com outras Universidades

nacionais e estrangeiras. Estas parcerias proporcionam mais-valias fundamentais, num mundo em que a multiplicidade de vivências e a mobilidade são cada vez mais valorizadas: confere experiência internacional aos alunos, durante a sua formação; confere maior reconhecimento internacional através da outorga de diplomas conjuntos com outras universidades europeias; desenvolve a capacidade de atrair mais alunos estrangeiros para a UA. Em resultado reforça-se a internacionalização dos alunos e das instituições. A este nível destacam-se já os quatro Mestrados Erasmus Mundus em curso envolvendo a UA como parceiro.

Os Programas Doutorais no Processo de BolonhaOs Programas Doutorais assumem, hoje em dia, uma importância crucial por se apresentarem como uma via capaz de reforçar a capacidade de investigação europeia, bem como melhorar a qualidade e a atracção de estudantes não europeus. Esta é, aliás, uma das principais prioridades da European Universities Association (EUA). A criação recente (Janeiro de 2008) do Council for Doctoral Education (EUA-CDE), resulta da determinação da EUA em contribuir de forma activa para o desenvolvimento da educação de nível doutoral e da investigação na Europa. Com efeito, tal como destaca o Presidente da EUA, G. Winckler, “Doctoral education is a major priority for European universities and for EUA. It forms the fi rst phase of young researchers’ careers and is thus central to the drive to create a Europe of knowledge, as more researchers need to be trained than ever before if the ambitious objectives concerning enhanced research capacity, innovation and economic growth are to be met.”

Destacam-se como objectivos do EUA-CDE, o qual a UA já integra, desenvolver políticas concertadas entre Universidades que conduzam a estratégias e práticas de qualidade na

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As vantagens de uma Escola Doutoral podem ser resumidas da seguinte forma:1. Defi nir uma missão ou visão partilhada por todos os parceiros facilitadora do processo de tornar os candidatos doutorais em investigadores excelentes;2. Promover um ambiente de investigação estimulante e potenciador de cooperação entre disciplinas;3. Potenciar uma estrutura administrativa clara para programas doutorais, candidatos e supervisores capaz de defi nir o perfi l e estatuto dos candidatos doutorais;4. Garantir massa crítica capaz de evitar o isolamento dos jovens investigadores;5. Potenciar a aproximação e partilha entre seniores e jovens investigadores;6. Facilitar a tarefa de supervisão e apoiar os supervisores;7. Organizar de forma transparente os processos de selecção e admissão dos candidatos;8. Apoiar a procura de emprego, a defi nição de carreiras e a angariação de fundos;9. Garantir a existência de processos de controlo da qualidade;10. Favorecer oportunidades de mobilidade, colaboração internacional e cooperação inter-institucional.

A estratégia da Universidade de Aveiro no que respeita à FPG é a de continuar a oferecer formações de elevado nível científi co e pedagógico em áreas onde tem vindo a impor-se na comunidade científi ca nacional e internacional. Adoptará sempre uma atitude prospectiva sobre as necessidades da sociedade e procurará fazer ofertas de cursos, em particular de nível pós-Mestrado, que potenciem a formação de quadros de nível superior capazes de gerarem mais-valias sociais sejam elas económicas, científi cas, tecnológicas, educacionais ou culturais. A UA continuará a potenciar a formação avançada através da sua ligação com a investigação de excelência desenvolvida na UA, nível comprovado através de avaliações externas, em

Linhas junho ‘08

formação doutoral, as melhores das quais deverão ser objecto de estudo e de disseminação. Deverá também ser um interlocutor privilegiado com instituições fora da Europa de modo a poder projectar a capacidade das Universidades Europeias em se constituirem como parceiros de instituições de qualidade em outras regiões do mundo. O CDE propõe-se ainda contribuir para a compreensão alargada do doutoramento como formação imprescindível a uma sociedade baseada no conhecimento.

O modo como as Universidades europeias se estão a organizar para responder a este desafi o não é uniforme. No entanto, prevalece a ideia de que será necessário uma estrutura doctoral/graduate/or research school, unidade organizacional independente, com administração efectiva, forte liderança e fi nanciamento próprio. Na Europa dominam dois modelos. A Graduate School alberga alunos de Mestrado e de Doutoramento. No caso da Doctoral/Research Schoolsó existem alunos de doutoramento. Esta pode organizar-se em torno de uma área disciplinar ou ter cariz trans-disciplinar. Pode envolver várias instituições articuladas através de protocolos de cooperação. Os dois modelos não são exclusivos, podendo cada País e/ou Instituição adoptar ambos.

particular ao nível do doutoramento. Preconiza-se ainda o desenvolvimento de novas competências nos doutorados, capazes de promover a sua inserção no mercado de trabalho e permitir, deste modo, uma capacidade acrescida para lidar com os desafi os que se colocam à sociedade.

A Universidade de Aveiro estará, pois, sempre atenta e aberta a parcerias interinstitucionais, nacionais e internacionais, que permitam a construção de percursos de formação inovadores, bem como à melhoria de condições capazes de atraírem os melhores candidatos.

junho ‘08Linhas 6

Referências

Dima, A-M. (2005). Higher Education in

Portugal – Country Report. Center for

Higher Education Policy Studies (CHEPS).

www.utwente.nl/cheps/documenten/portugal.pdf

GPEARI, MCTES (2007). Doutoramentos realizados ou

reconhecidos por Universidades portuguesas –

1970 a 2006.

GPEARI, MCTES (2008). Número de diplomados

no Ensino Superior: 1997-1998 a 2005-06.

MSTHE – Ministry of Science, Technology and

Higher Education (2006). Tertiary Education in

Portugal. Background Report prepared to support

the international assessment of the Portuguese

system of tertiary education.

06 07 07 formação doutoral – uma aposta estratégica

dezembro ‘07Linhas 8 98

08

ua cria plataforma de ligação aos

Manuel AssunçãoVice-Reitor da UA

com Liliana Oliveira

Linhas junho ‘08

antigos alunos

dezembro ‘07Linhas 8

O estabelecimento de uma relação continuada, frequente e intensa com os antigos alunos da UA foi um dos objectivos propostos aquando das comemorações dos 30 anos da Universidade de Aveiro, em 2004. Lançou-se a Revista Linhas, especialmente dedicada a essa relação com os antigos alunos, ajudou-se a revitalizar a Associação dos Antigos Alunos (AAAUA), criou-se o Gabinete de Estágios e Saídas Profi ssionais (GESP) com a missão de promover a inserção no mercado de trabalho dos diplomados da UA. Vai, agora, a UA passar a dispor das condições para a construção de uma consistente base de contactos e de percursos dos seus antigos alunos.

Estes são inevitavelmente símbolos do orgulho com que a UA reconhece o sucesso da sua missão de formar e educar. Mas entende-se que os antigos alunos são, também, essenciais no fomento de uma política de estágios e promoção do emprego: com os alunos mais antigos a ajudar será mais fácil aos mais novos a entrada no mercado de trabalho.

Tem-se, igualmente, presente que só conhecendo o percurso profi ssional dos diplomados, a sua opinião e a dos seus empregadores será possível perceber a qualidade da formação que a UA presta e o seu nível de adequação à realidade do mercado de trabalho. É, ainda, importante estar ciente das suas necessidades para poder propiciar-lhes ofertas formativas complementares, actualizadas e com verdadeira importância prática.

Pretende-se fi nalmente que, como sucede com as melhores universidades, sejam os antigos alunos os melhores embaixadores permanentes da UA. Na esfera social, mas também na área económica e no mundo profi ssional.

Do ponto de vista social, é importante garantir que os antigos alunos continuem ligados entre si e participem

nas várias actividades de carácter cultural, cívico e social promovidas não só pela Associação dos Antigos Alunos mas também pela UA em geral, fomentando a partilha de conhecimentos e experiências. Porém, em qualquer sector, é fundamental a agregação de todos os que têm vindo a contribuir para o enobrecimento da história da UA e para a riqueza do seu projecto educativo: aumentando o seu impacto, mas tornando-o mais humano e fazendo dele um importante eixo motriz de mais e melhores oportunidades.

Esta profícua e continuada relação que a UA quer manter não é possível sem canais de comunicação efi cazes. É neste contexto que surge uma nova plataforma de comunicação: o Sistema Integrado de Gestão de Antigos Alunos (SIGAA) vem sintetizar toda a informação dispersa nas várias bases de dados de que a UA dispõe, através dos Serviços Académicos, da AAAUA, do GESP, dos Departamentos, integrando um conjunto de funcionalidades especialmente dirigidas aos que acederem à plataforma.

Este novo sistema de gestão, que reúne dados pessoais, habilitações académicas, percurso profi ssional e contactos, para além de informar a UA sobre o trajecto dos antigos alunos, deverá servir ainda para estabelecer uma ponte com potenciais empregadores e com empresas, de forma a majorar a empregabilidade dos novos diplomados.Neste sentido, faz-se um apelo a todos os antigos alunos da Universidade de Aveiro para que acedam ao endereço http://sigaa.ua.pt e se pré-registem. Depois de a UA confi rmar o pré-registo, será possível entrar no sistema e actualizar/validar os dados respectivos. A entrada no sistema permitirá a cada antigo aluno receber a Revista Linhas e ter acesso a uma conta de e-mail, à Revista Linhas e a duas newsletters semanais com notícias daquilo que se vai passando na UA.

Com a abertura deste novo canal de comunicação, é altura de voltar a lançar um novo inquérito enquanto instrumento fundamental de recolha de informação pertinente sobre a empregabilidade, uma recolha que se tornou, aliás, obrigatória no novo regime jurídico para o ensino superior. A adesão que se registou ao inquérito lançado em Dezembro foi muitíssimo satisfatória e a UA não pode deixar de agradecer o voluntarismo de quem se mostrou disponível para colaborar. O apelo é agora renovado e estendido a todos aqueles que por diversas circunstâncias o não puderam fazer.

Este inquérito estará disponível para preenchimento no SIGAA durante o mês de Junho. Embora anónimo, será importante que todos os antigos alunos, que não vejam nisso qualquer inconveniente, se identifi quem para que os seus percursos fi quem disponíveis na respectiva página pessoal, evitando repetições na recolha de informação. A UA, como é óbvio, compromete-se a respeitar a legislação em vigor sobre protecção de dados pessoais, garantindo a sua confi dencialidade.

Esteja atento ao lançamento do inquérito durante o mês de Junho. Registe-se, entretanto, e não deixe de passar a mensagem aos seus colegas! Vamos fazer do SIGa os Antigos Alunos mais um caso de sucesso da UA. E depois não se esqueça de ir actualizando a sua página. E de aparecer!

08 09 09 ua cria plataforma de ligação aos antigos alunos

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Liliana SousaDocente da Secção

Autónoma de Ciências da Saúde da UA

envelhecerO envelhecimento é um fenómeno tão antigo quanto a Humanidade, mas só recentemente tem sido noticiado devido à sua dimensão demográfi ca. Algumas das notícias mais habituais indicam que:· É um problema social, principalmente, por abalar a sustentabilidade dos sistemas de protecção social.· A velhice é uma fase de dependência e depressão.· As famílias abandonam os seus membros mais velhos.

Provavelmente, a rapidez do envelhecimento populacional exigiu das sociedades a concentração nas difi culdades, no sentido de procurar soluções para: i) difi culdades novas (por exemplo, reorganizar os sistemas de protecção social perante a diminuição da proporção da população activa); e/ou ii) difi culdades antigas que assumem novos contornos (como o aumento do número de pessoas com demência, que apresenta uma maior incidência na população idosa).

Estas são preocupações essenciais. Porém ao focarem, quase exclusivamente, os aspectos negativos da velhice acarretam

algumas consequências adversas: queremos viver mais anos, mas não queremos ser velhos, porque “ser velho” é interpretado como ser dependente, senil, inútil, … A boa notícia é que a velhice pode ter outro signifi cado, vejamos alguns exemplos:· O envelhecimento populacional é um desafi o social. Os problemas são acontecimentos indesejáveis (como a pobreza ou a exclusão social), enquanto viver mais anos é desejável, mas implica a reestruturação dos sistemas sociais para fazer face ao aumento da proporção da população não activa.· A maioria da população idosa é independente. Num estudo efectuado com pessoas com mais de 74 anos verifi cou-se que: 73,1% eram (quase) autónomos e somente 26,9% apresenta com algum grau de dependência ou problemas de diminuição cognitiva (dados consistentes com estudos realizados em diversos países). · As famílias mantêm-se presentes na vida dos seus membros mais idosos. Diversos estudos efectuados revelam que cerca de 80% das pessoas idosas são apoiadas pela família, em situação ou não de doença e/ou dependência.

Linhas junho ‘08

dezembro ‘07Linhas 10 11 11 envelhecer: notícias e boas notícias

notícias e boas notíciasNão estamos a negar os desafi os do envelhecimento e os problemas que algumas pessoas idosas vivem. De facto, a velhice implica diminuição em diversas funções exercidas por um ser humano. Mas queremos sublinhar que a velhice, como qualquer fase da vida, também apresenta conquistas, tais como: a experiência de vida e a maturidade que permitem tomadas de decisão mais ponderadas e maior serenidade; ver os fi lhos, os netos e mesmo os bisnetos crescerem e/ou poder ser útil aos outros, o que proporciona sentimentos de realização; maior capacidade de refl exão e empatia que permitem uma vida interior mais rica.

Porém, como a velhice é noticiada de modo tão negativo, pensamos nela com emoções ambíguas: queremos viver mais anos porque apreciamos a vida, mas tememos chegar a velhos; assim, resta-nos parecer mais novos e/ou ser novos de espírito. Ou seja, tentamos ser novos na velhice, e não somos porque o tempo não pára; acabamos por não desfrutar os anos de vida que conquistámos e, ao mesmo tempo, não vivemos a juventude que já não nos pertence.

Uma das consequências é não prepararmos a nossa velhice (porque não queremos ou tememos ser velhos). Ora, a velhice pode ser tão melhor quanto mais nos prepararmos: aliás, isto é o que fazemos nas outras fases da vida, por exemplo, estudamos na infância e na adolescência para termos uma vida adulta com sucesso pessoal e profi ssional.

Preparar uma boa velhice implica que no curso das nossas vidas (incluindo na velhice) fomentemos práticas como as seguintes2:› Manter actividades sociais: manter o interesse por conhecer novas pessoas e lugares; conservar os amigos de sempre e fazer novas amizades; evitar o isolamento social e emocional; continuar envolvido em actividades (por exemplo, voluntariado).› Adoptar estilos de vida saudáveis: cuidar da saúde física e mental; criar um bom ambiente relacional e familiar; aceitar a velhice como mais uma fase do ciclo de vida.› Manter projectos/objectivos de vida: ter tempo e disponibilidade para ajudar os outros; investir na educação e formação; não nos deixarmos derrotar por alguma doença; manter

ligação com a nossa rede social (família, amigos, vizinhos, …).› Manter o envolvimento com a vida: cuidar de si e manter um bom aspecto; ter um elemento de espiritualidade que dê serenidade e força.

As notícias quase sempre enfatizam problemas e acontecimentos negativos, mas são apenas uma parte de tudo o que acontece. Por isso, deixemo-nos infl uenciar pelas boas notícias (que menos vezes são notícia), aquelas que tantas vezes esquecemos, principalmente quando o tema é a velhice e o envelhecimento. A velhice pode ser aprazível e bem sucedida, como qualquer fase da vida!

1. Sousa, L.; Galante, H.; Figueiredo, D. (2003).

Qualidade de vida e bem-estar dos idosos.

Revista de Saúde Pública, 37 (3), 364-371.

2. Sousa, L. Cerqueira, M.; Galante, H. (2004).

Age variations in the perceptions of how to age

successfully. Reviews of Clinical Gerontology,

14: 327-335.

A Universidade de Aveiro está a elaborar, em colaboração com a

Grande Área Metropolitana de Aveiro (GAMA), um programa territorial

de desenvolvimento que permita sustentar um plano de investimentos

integrado, a candidatar ao Quadro de Referência Estratégica Nacional

(QREN). Esta é uma acção de grande signifi cado que irá certamente

fortalecer o trabalho conjunto e o aproveitamento de sinergias entre a

academia e os agentes da região.

A actuação da Universidade de Aveiro nesta matéria desenrola-se em dois planos complementares: o primeiro, denominado “Programa de Apoio à Governança Regional de Aveiro”, PRAGORA, visa dotar a região, concretamente a NUT III – Baixo Vouga, da capacidade para aumentar as candidaturas qualifi cáveis, que, partindo da identifi cação das oportunidades de construção de projectos, satisfaçam o interesse das autarquias e usem os saberes disponíveis na UA.

As actividades conjuntas com os municípios têm-se consubstanciado em seminários temáticos que vêm reunindo autarcas, investigadores e docentes da Universidade. A importância atribuída pela Universidade a este processo está espelhada no facto da condução política do mesmo ser efectuada directamente pela Reitora, Prof. Maria Helena Nazaré, e pelos Vice-reitores Profs. Manuel Assunção e Fernando Tavares Rocha; a coordenação da execução técnica está a cargo do Prof. Artur da Rosa Pires, sendo de sublinhar o apoio técnico e fi nanceiro da própria GAMA.

No primeiro dos seminários, ocorrido entre Março e Abril, foi focada a “Cultura, Criatividade e

Competitividade” e dele resultaram medidas práticas: em marcha está já uma acção que visa concretizar a programação cultural em rede, entre autarquias, a UA e outros agentes, bem como um conjunto de projectos congregados em torno de singularidades de cada município.

O segundo dos seminários aprofundou a “Construção Sustentável”, onde a efi ciência energética e a certifi cação hídrica foram temáticas exploradas e vistas como de grande interesse para os municípios. Nos próximos meses, as reuniões de trabalho vão debruçar-se sobre “Desafi os Demográfi cos e Desenvolvimento Urbano” e “Educação”.

Paralelamente, a equipa de trabalho vem reunindo contributos para a defi nição de estratégias de efi ciência colectiva para a região centro, que passem pela concretização de clusters tecnológicos ou de outras tipologias, e desenvolvendo trabalho conjuntural face às oportunidades de candidaturas que vão sendo abertas. As iniciativas podem surgir a qualquer momento, a partir da interacção entre investigadores e entidades externas. A reitoria cria condições, estabelece as pontes, presta o apoio técnico,

esperando que a partir daí, os agentes – de um lado e de outro – possam concretizar essas iniciativas.

O segundo plano de envolvimento da UA no QREN, centra-se na consolidação física do projecto da Universidade. As linhas de acção visam, desde logo, o desenvolvimento do programa da saúde, através da construção de edifícios para a Escola Superior de Saúde (ESSUA) e para a Secção Autónoma (SACS). Outras intervenções prendem-se com a extensão do Departamento de Comunicação e Arte, tendo presente o desenvolvimento, verifi cado nos últimos anos, em áreas como o Design.

A área da acção social não foi esquecida e embora se estejam já a construir residências, há projectos para a construção de mais algumas, bem como de instalações desportivas.

Na mira da UA está igualmente a conclusão do projecto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), com a construção do complexo pedagógico, da biblioteca e de instalações de apoio aos estudantes. Edifi cações de raiz estão previstas para a Escola Superior de Design, Gestão e Tecnologia de Produção Aveiro Norte (ESAN), em Oliveira de Azeméis.

O reforço das infra-estruturas de investigação, desenvolvimento e transferência de tecnologia será também alvo prioritário de candidaturas.

As áreas fulcrais para o desenvolvimento da região centro estão identifi cadas. Resta agora aos responsáveis autárquicos, aos agentes económicos, aos actores da sociedade civil e aos membros da comunidade universitária contribuir para a concretização plena dos planos estratégicos apresentados.

QREN 2007 › 2013

universidade de aveiro colabora com municípios do Baixo Vouga no

Linhas junho ‘08

junho ‘08Linhas 14 1514

Quatro jovens antigos alunos

da Universidade de Aveiro

estão a agitar o mercado

de trabalho. Licenciado

em Biologia, Filipe Almeida

Monteiro está envolvido

num projecto de investigação

que visa compreender o

funcionamento do circuito

da dor. Patrícia Sucena de

Almeida, licenciada em Ensino

de Música, divide-se entre a

composição, a investigação

e a leccionação. Lá por fora,

em Nova Iorque, ligado ao

mundo da ilustração, anda o

Licenciado em Design, André

Carvalho e tanto cá dentro

como lá fora, Pedro Rosete,

licenciado em Línguas e

Relações Empresariais,

contribui para o sucesso das

colecções das fábricas do

Grupo Aleluia Cerâmicas, SA. 14

Linhas junho ‘08

junho ‘08Linhas 1414 15 15 percursos antigos alunos

junho ‘08Linhas 16 1716

à conquista do mercado além fronteiras

Dois anos depois de se ter licenciado em Línguas e Relações

Empresariais pela Universidade de Aveiro, Pedro Pereira Rosete é

responsável, em países do Norte e Centro da Europa, pelas vendas

do maior grupo cerâmico de capital 100% português. Aos 27 anos,

este Director de Mercado da Aleluia Cerâmicas, SA. passa grande

parte do seu tempo a viajar para promover as colecções lançadas

pelas cinco fábricas do grupo e disputar mercados, taco a taco, com

os concorrentes espanhóis e italianos.

pedr

o ro

sete

Linhas junho ‘08

junho ‘08Linhas 1616 17 17 percursos antigos alunos

Já estava a estudar Economia na Universidade de Aveiro quando, ao ler um dos jornais locais, deparou com o anúncio da abertura da Licenciatura em Línguas e Relações Empresariais. “Não me recordo do texto mas lembro-me de me ter apercebido que correspondia exactamente às funções que sempre imaginei desempenhar. Pedi transferência de imediato!”.

No último ano do curso, o estágio curricular de seis meses conduziu-o ao Grupo Aleluia Cerâmicas S.A.. Terminado este período, que assumiu como um verdadeiro primeiro emprego, Pedro Rosete pediu para continuar a trabalhar por mais dois meses e, no fi nal, acabou por ser convidado para o lugar de Assessor da Direcção Comercial do Grupo. Contactou com o mercado interno e externo, lidou com orçamentos de vendas, rentabilidades, desenvolvimento de produto e fi cou a par de todos os processos no interior da empresa.

Pouco mais de um ano depois, em Junho de 2007, era-lhe endereçado um novo convite. Desta vez, uma outra empresa do sector das cerâmicas oferecia-lhe o lugar de Director de Exportação. “Mesmo sendo uma empresa de dimensão inferior à Aleluia, aceitei pela oportunidade de carreira que representava.” Mas pouco menos de meio ano depois, novo convite, a todos os títulos irrecusável, chegava da Aleluia Cerâmicas. “Fui assumir funções substancialmente diferentes das que ali tinha desempenhado anteriormente, embora no mesmo sector da empresa”.

Pedro Rosete passou então a ocupar o lugar de Director de Mercado da Aleluia, cabendo-lhe a responsabilidade das vendas do grupo em França, Bélgica, Holanda, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Inglaterra e Irlanda. Reporta a um Director de Exportação – responsável último pelas vendas de todo o

mercado externo – e integra uma equipa com mais dois colegas, responsáveis por outros mercados.

Diz este recém-licenciado pela Universidade de Aveiro que, embora a sua função seja eminentemente comercial, não se resume ao acto de vender. “Entre as minhas tarefas está a gestão permanente de diversos dossiers não directamente relacionados com a venda mas que para ela contribuem, o estudo dos mercados, a permanente auscultação das necessidades dos clientes no que diz respeito a produto, prazos de entrega, acções de marketing, etc. É esta multidisciplinaridade que torna a minha actividade profi ssional particularmente interessante mas também a que representa o maior desafi o”, admite.

Para promover as vendas nos mercados europeus que tem a seu cargo, Pedro Rosete passa grande parte do tempo a viajar. “No primeiro trimestre do ano, estive nove semanas fora do país”, exemplifi ca, acrescentando que normalmente viaja ao domingo ou à segunda-feira, para regressar à sexta. “Quando tenho que sair de novo na semana seguinte é ao sábado que dou andamento aos dossiers abertos durante a viagem e aos assuntos pendentes. Em suma, o aspecto negativo do meu dia-a-dia é mesmo o tempo perdido nos aeroportos. O positivo é a total ausência de rotina. O mercado dos revestimentos e pavimentos cerâmicos é muito dinâmico e intimamente ligado às tendências de outros sectores, nomeadamente da moda e dos têxteis. É particularmente interessante acompanhar também as inovações tecnológicas em termos produtivos e, claro, estar em contacto permanente com pessoas de outras culturas.”

Na verdade, Pedro Rosete sempre gostou de se envolver em várias actividades ao mesmo tempo. Enquanto estudante não se limitou a frequentar o curso e nunca deixou

de se manter activo em actividades paralelas à Universidade. Apesar de ter sido um aluno mediano a matemática, diz-se dono de uma “formatação mental pragmática e sistemática”, muito mais próxima das pessoas que se formam na área das ciências. Considera que foi um aluno de Línguas e Relações Empresariais atípico, por, ao contrário dos colegas, não ter vindo da área de letras e garante que a versatilidade destes licenciados é a sua maior mais-valia. “LRE não um curso técnico. Não prepara pessoas para uma função específi ca. Encontrar funções compatíveis com a sua formação e perfi l é, afi nal, o grande desafi o de todos aqueles que optam por esta licenciatura”.

Aos 27 anos e com pouco mais de dois anos de carreira, Pedro Rosete defende que só quem tenha estabelecido para si objectivos muito limitados pode sentir-se realizado. Satisfeito com o seu percurso - que considera dever-se a muito trabalho, sorte e, sobretudo, ao reconhecimento por parte das chefi as - prefere pensar que ainda tem muito para conquistar e se a curto prazo, o seu projecto passa por corresponder às expectativas dos que nele confi aram e o convidaram para as funções que desempenha, não nega a crescente atracção que sente por outros sectores de actividade, não só na indústria, mas também no sector dos serviços.

“O nível de exigência do mercado não se resume a preço e produto. Cada vez mais, a ênfase é colocada no serviço prestado. Por isso, mudar, um dia, para o sector dos serviços é uma possibilidade que não coloco de parte”, admite, adiantando que a curiosidade que começa a ter pelo outro lado do negócio (as compras), o poderá levar também a tentar estas funções.

junho ‘08Linhas 18 1918

em busca de novos conhecimentos sobre o circuito da dorEm 2000 concluiu a Licenciatura em Biologia na Universidade

de Aveiro. Oito anos depois, Filipe Almeida Monteiro, 31 anos, é

professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

e investigador de pós-doc no Laboratório de Biologia Celular

e Molecular da mesma Faculdade. Como um de dois recentes

vencedores do Prémio Gulbenkian de Apoio à Investigação

na Fronteira das Ciências da Vida, está agora a trabalhar num

projecto de investigação cujo objectivo último é a compreensão do

funcionamento do circuito da dor.

fi lipe

mon

teiro

em busca de novos conhecimentos sobre o circuito da dor

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Entre as aulas de Biologia Celular e Molecular que dá aos estudantes de Medicina e a orientação dos trabalhos de investigação dos seus alunos e estagiários de Biologia e Bioquímica, Filipe Monteiro tem agora mais um desafi o: aplicar os 50 mil euros ganhos no Prémio Gulbenkian de Apoio à Investigação na Fronteira das Ciências da Vida, em experiências de laboratório que visam dar um forte impulso ao conhecimento já existente sobre a forma como se desenvolve o sistema nociceptivo (conjunto de neurónios que constituem o circuito de processamento da dor). No fi nal, se tudo decorrer de acordo com as expectativas, este avanço contribuirá para o desenvolvimento de novas substâncias que poderão vir a funcionar como analgésicos.

O projecto será desenvolvido ao longo dos próximos dois anos e pretende desvendar os mecanismos subjacentes ao estabelecimento do circuito da dor ao longo do desenvolvimento embrionário, através da identifi cação de genes regulados por uma proteína muito particular, que se suspeita ter um papel crucial nesse circuito, a Prrxl1. Para isso, “a equipa da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que integro vai analisar a acção desta proteína em neurónios da medula espinhal e do gânglio raquidiano de ratinhos durante o desenvolvimento embrionário”, explica, adiantando que o seu grupo de investigação tem a vantagem de ser o único que até ao momento produziu um anticorpo específi co para o Prrxl1, essencial para o sucesso deste projecto.

Habituado a centrar a sua investigação em neurociências na área da Biologia do Desenvolvimento, este antigo aluno da UA admite que a conquista de uma distinção que premeia projectos de risco, desenvolvidos por investigadores com menos de 31 anos, tem um sabor muito especial. “Foi a minha primeira distinção e o meu primeiro projecto de investigação fi nanciado. Além disso,

surge no momento em que acabo de completar um ano de pós-doc.”.Certo da sua inclinação para a área das ciências da vida, e apesar de na época viver com os pais em Avanca, a opção de estudar Biologia na Universidade de Aveiro não foi assim tão óbvia. “Na altura, ainda estava muito indeciso acerca do curso a seguir. Biologia e a Universidade de Aveiro acabaram por ser a minha segunda opção. O primeiro ano comum na UA não tinha uma única disciplina de Biologia. Questionava-me constantemente se teria tomado a melhor opção, mas mesmo assim fi z as cadeiras todas. No 2º ano, todas as dúvidas se desvaneceram”.

Desta época de estudante na Universidade de Aveiro, Filipe Monteiro não esquece o ambiente espectacular que encontrou nas residências universitárias, onde viveu os cinco anos do curso. “A UA ajudou-me a crescer para o mundo do trabalho”, admite, acrescentando que um recém-licenciado em Biologia está apto a aprender sempre mais. “Existe sempre mercado de trabalho para os licenciados em Biologia, desde que tenham mérito, garra e vontade de aprender”.

Foi de resto esta sua maneira de encarar a vida que o fez avançar para a investigação. Depois de uma experiência como bolseiro ERASMUS, em França, não deixou mais as bancadas dos laboratórios. Sob a orientação Professora Maria João Saraiva, do Laboratório de Neurobiologia Molecular do Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC) do Porto; laboratório onde veio mais tarde a trabalhar como bolseiro de Doutoramento, começou por ser Bolseiro de Investigação Científi ca. Primeiro, apenas da Fundação para a Ciência e Tecnologia, depois também da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), o que lhe valeu uma experiência de cinco meses na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Em Novembro de 2006 iniciou o seu trabalho como bolseiro Pós-Doc do Laboratório de Biologia Celular e

Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

Durante o seu Doutoramento em Ciências Biomédicas, que concluiu em Novembro de 2006, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, este antigo aluno da Universidade de Aveiro contribuiu com novos conhecimentos sobre vias de sinalização celular alteradas, quando ocorre neurodegeneração na Paramiloidose, mais conhecida por “doença dos pezinhos”.

Filipe Monteiro não esconde que parte do fascínio do seu trabalho está na diversidade das actividades em que está envolvido, mas o que realmente o empolga é a sensação de realizar uma experiência e obter um bom resultado, “algo que possa resultar numa publicação em revista científi ca. São acontecimentos pouco frequentes na vida de um cientista mas quando acontecem são uma alegria!”

Embora reconheça que a incerteza quanto ao fi nanciamento, quer de pessoas quer de projectos, por parte da FCT é factor de instabilidade na comunidade científi ca nacional, Filipe Monteiro está decidido a continuar em Portugal e a não deixar de progredir na sua carreira científi ca. “Sempre que seja necessário irei ao estrangeiro por períodos curtos para estabelecer colaborações (como acontece com o projecto recentemente premiado) e trazer para cá o know-how necessário ao desenvolvimento dos nossos projectos”.

percursos antigos alunos

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compositora a três tempos

Muitas das suas obras têm sido apresentadas em concertos nacionais

e internacionais. Patrícia Sucena de Almeida, 35 anos, licenciou-se em

Ensino de Música na Universidade de Aveiro em 1997. Logo depois

partiu para o Reino Unido, onde em Edimburgo (Escócia) concluiu

Mestrado e, em Southampton (Inglaterra), Doutoramento, ambos

na área de Composição. Em Portugal e lá fora frequentou cursos,

seminários e workshops. Participou em festivais. Agora, de novo

na UA, a trabalhar no seu projecto de pós-doutoramento, reparte o

tempo entre a composição, a investigação e a leccionação.patrí

cia

alm

eida

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Quando ainda na pré-primária foi frequentar um colégio, em Coimbra, os pais inscreveram-na também nas aulas de piano, formação musical e dança clássica que ali eram ministradas. Esta convivência com a música e as artes em geral, logo em pequena, foi tão natural que Patrícia de Almeida diz não conseguir identifi car com exactidão o momento em que se interessou a sério pelas artes.

Depois do colégio, continuou a frequentar aulas de piano e formação musical no Conservatório, mas admite só aos 14 anos ter sentido um impulso mais forte para o estudo da música. “Nessa altura conheci um professor de piano – o professor Jorge Ly – e o meu interesse pela música sofreu uma mudança radical. Dediquei-me bastante ao piano”, lembra.

Mais tarde ainda chegou a frequentar a Escola Superior de Educação, em Coimbra, mas a conclusão de que não era aquele curso, no domínio da música, que realmente a interessava, levou-a a decidir estudar as outras áreas da música, para além do piano e formação musical. “Pretendia um curso que, para além da área da composição, me habilitasse, no futuro, a ensinar uma faixa etária mais velha e também me permitisse prosseguir para Mestrado e Doutoramento. Contactei, por isso mesmo, o professor da Universidade de Aveiro, João Pedro Oliveira, e foi sob a sua orientação que abordei os aspectos teóricos e criativos da composição e que comecei a escrever as primeiras peças”.

Após um ano de estudo intensivo da parte teórica da composição, para passar as provas de pré-requisitos exigidas para acesso à licenciatura em Ensino de Música na UA, Patrícia Sucena de Almeida estava a prosseguir os seus estudos de composição com o Prof. João Pedro Oliveira e a frequentar uma Universidade que considera ser referência em Portugal. “Lembro-me bem do companheirismo que existia entre os colegas quer do mesmo

ano quer de outros, das disciplinas pedagógicas que me incentivavam a investigar mais sobre Ciências Sociais e Educação e do ensino das várias áreas da composição: Análise Tonal, Composição Livre e Electroacústica”.

Se quando terminou a licenciatura, em 1997, sentiu uma enorme necessidade de sair do país para contactar de perto com novas realidades artísticas e culturais, foi a boa imagem que guardou da Universidade que a fez voltar para, como bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia, desenvolver o seu projecto de Pós-Doutoramento. Na Universidade de Aveiro, desde Novembro de 2007, está então a debruçar-se sobre o Estudo, Análise e Desenvolvimento de Novos Conceitos de Interacção entre as Diversas Artes com a Linguagem Musical e sua Aplicação em Modelos Composicionais Multidisciplinares. Por isso, e para além de se manter em constante contacto com as pessoas e organizações promotoras de festivais, concursos, cursos e workshops, vai também dividindo o seu tempo entre a vertente criativa (composição de obras) e a vertente de leccionação, já que está a dar as disciplinas de composição, ministradas pelo Departamento de Comunicação e Arte da UA.

Patrícia Sucena de Almeida, que durante o período que esteve no estrangeiro nunca deixou de complementar a sua formação com a frequência de cursos, workshops e a participação em festivais, defende que em Portugal, como em qualquer outro país, é necessário ter-se uma actividade de leccionação a par de uma vida como instrumentista ou compositor. “Não vamos pensar que isto só acontece em Portugal. Há famosos compositores que necessitam de leccionar para sobreviver. Por outro lado, é muito importante que essas pessoas se dediquem também ao ensino para poderem transmitir os seus conhecimentos e experiências.”

Esta compositora que aponta o trabalho, o rigor e a persistência como a chave certa para se lutar por conseguir imprimir qualidade a tudo quanto se faz, defende que os recém--licenciados em Música podem optar por continuar os estudos, prosseguindo com Mestrado e Doutoramento, integrar-se no ensino da música da sua área específi ca (instrumento, composição, formação musical), inserir-se em orquestras, ou outros ensembles, no caso de instrumentistas, ou, como compositores, avançar com a sua actividade criativa e envolver-se em eventos e festivais nacionais e internacionais.

Várias obras da sua autoria foram já escolhidas em concursos Nacionais e Internacionais para serem apresentadas em concertos. Destaque-se a primeira, “SOLITUDO” para clarinete em si b, viola, violoncelo e piano, seleccionada no concurso “The International Gaudeamus Music Week 2001 – Amsterdam” e executada em concerto, a 4 de Setembro de 2001, no Paradise - Amsterdam, pelo Ensemble Studio New Music de Moscovo, dirigido por Igor Dronov, e duas das últimas: ARANEA (insidiis noctis serenae...) para fl auta, clarinete, violino, viola, violoncelo e piano (obra encomendada pela Miso Music Portugal e apresentada em concerto pelo Ensemble L’Itinéraire, dirigido pelo Maestro Guillaume Bourgogne, no Centro Cultural de Belém, em 27 de Outubro de 2006, no âmbito do Festival Música Viva 2006) e “RES ADVERSAE“ (2006), para orquestra (encomendada pela Fundação Calouste Gulbenkian).

Bach, Vivaldi, Mozart, Shoenberg, Kagel, e Ferneyhough estão entre os compositores de eleição de Patrícia Sucena de Almeida que pretende continuar a leccionar, a participar em cursos e festivais nacionais e internacionais, a desenvolver o seu projecto de pós-doc, a escrever obras e a desenvolver os seus ideais.

percursos antigos alunos

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um ilustrador em nova iorque

Licenciou-se em Design, em 2004, mas abandonou a sua cidade natal,

Aveiro, para estudar ilustração, em Barcelona. Porém, o seu grande

passo foi rumo a Nova Iorque, onde se encontra a frequentar um

mestrado, na School of Visual Arts. Tem ganho relevo em livros infantis

e encara sempre os trabalhos como “resoluções de problemas”.

andr

é ca

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O seu verdadeiro nome é André Carvalho, mas é conhecido profi ssionalmente como André da Loba. Este antigo aluno da Universidade de Aveiro está a ganhar lugar no competitivo mercado da ilustração de nível mundial, como prova o facto de ter sido seleccionado em dois anos consecutivos (2007 e 2008) para apresentar o seu trabalho na Feira do Livro Infantil de Bolonha, o mais importante evento da área. Este ano, foi mesmo o único português presente. A esse feito junta a selecção para o quarto anual de ilustração da revista nova-iorquina “3x3”, na secção de livros infantis de 2007, com “Meia-Bola”, de Manuela Barros Ferreira.

O trabalho para os mais novos tem, aliás, sido a sua maior montra. Tudo começou precisamente com “Meia-Bola” (2006): “Depois desse livro e da visibilidade que ele me deu, comecei a ter mais trabalhos para fazer, com alguns editores portugueses e estrangeiros. Defi nitivamente, para além de ter sido o meu primeiro e de encerrar nele toda essa mística, foi um grande trampolim para outros voos enquanto ilustrador”.

André da Loba encara todos os trabalhos como “resoluções de problemas”. “É sempre uma busca da melhor solução para uma questão. Consigo desfrutar sempre do meu trabalho desde que exista a dinâmica pergunta-resposta, problema-solução”, explica.

Nascido em 1979, em Aveiro, André Carvalho parecia destinado, durante o ensino secundário, a estudar Física. “As linhas de força e as equações dominavam por completo a minha imaginação”, confessa. Chegou mesmo a frequentar o curso de Física, na Universidade de Coimbra, durante alguns meses, mas a experiência não foi satisfatória: “Em vez de descobrir como tudo reagia perante a aplicação de uma determinada força, eu queria ser essa força. Queria provocar em vez de ser provocado. Assim, decidi

mudar de curso, para Design e para a UA”. Corria então o ano de 2000, e o ilustrador pôde assistir à evolução de um curso que estava no seu início: “Fico muito contente por ter optado por Design na UA. Hoje em dia é, com todo o mérito, um curso de referência a nível nacional”.

André da Loba considera mesmo que a sua formação foi basilar a nível conceptual: “O facto de ter tido o Design como principal disciplina de estudo faz com que tenha um ponto de vista diferente, no que diz respeito à concepção de imagens. Por exemplo, no desenvolvimento de um livro, tenho tendência a pensar no livro de fora para dentro, ou seja, não penso que são as ilustrações que fazem o livro, penso antes que o livro, enquanto objecto, é que determina as ilustrações. O meio de locomoção da mensagem é que lhe dá a relevância pretendida”.

Actualmente, o antigo aluno da UA encontra-se imerso na “Grande Maçã”, no meio de um dos maiores (senão o maior) mercados mundiais de artes visuais. André da Loba fala com entusiasmo das mutações que, em meados do século XX, tornaram Nova Iorque num “centro privilegiado para qualquer profi ssional das artes visuais tentar a sua sorte”. Mas se a elevada oferta constrói um mercado “rico e vibrante”, também se corre o risco de ele se tornar “descartável”: “O facto de Nova Iorque ser o centro faz com que o mercado ande tão rápido que, por exemplo, no caso das ilustrações editoriais, alimenta-se de imagens a uma velocidade tão vertiginosa que a maior parte delas podem ser consideradas efémeras”. Assim, tudo se resume à “lei da selva” e à “sobrevivência do que tiver mais sorte”: “É preciso estar no lugar certo, à hora certa, e falar com a pessoa certa. Se uma destas três condições falha, nada acontece... É o refl exo da nossa sociedade”.

Talvez seja por isso que o aveirense nem gosta de cidades grandes (“incomoda-me que esteja tanta coisa a acontecer e que não possa desfrutar de tudo”) e queira estar em Portugal tanto tempo quanto possível. “Hoje em dia, em termos de trabalho, o espaço físico signifi ca muito pouco, porque a Internet torna tudo mais rápido e possível, embora menos pessoal”, resume.

Nova Iorque surgiu no seu horizonte muito por culpa do prestígio da School of Visual Arts, onde frequenta o mestrado Illustration as a Visual Essay: “Era a única opção. Não só pelo prestígio da escola e pela qualidade do trabalho dos alunos após o mestrado, mas pela possibilidade de entrada num novo mercado”. Neste momento, o ilustrador está a preparar a sua tese e a desenvolver um projecto livro-fi lme-exposição, que estará pronto e publicado no fi nal de 2008.

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IT participa na concepção da farda do

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Com o Verão à porta, aproxima-se também a época de maior risco

de incêndios. Para enfrentar esta estação com mais optimismo, o

Instituto de Telecomunicações – pólo de Aveiro (IT), a Miguel Rios

Design e a YDreams disponibilizam uma inovadora farda que tem a

particularidade de ser inteligente. Incorporado com um sistema de

telecomunicações e sensores que possibilitam monitorizar a posição

e os sinais vitais dos agentes, este novo fato vai facilitar uma gestão

mais efi caz no combate às chamas.

Financiado pela Agência Espacial Europeia, o projecto I-Garment, como é denominado, é um exemplo de pioneirismo. Focalizada na área da gestão de catástrofe, uma das áreas onde a comunicação via satélite desempenha um importante papel, esta investigação permitiu desenvolver um serviço para a Protecção Civil portuguesa que, de forma integrada, permita gerir os recursos humanos no terreno, em tempo quase real, garantindo que o serviço irá funcionar mesmo quando as comunicações terrestres estão indisponíveis.

Incorporado com as componentes de vestuário, infra-estruturas de aquisição de sensibilidade e de dados, telecomunicações e software, este sistema vem responder à necessidade de se saber onde cada membro da equipa se encontra durante a emergência e as suas condições de saúde, em tempo real, permitindo que as substituições sejam organizadas, adequadamente, e que as equipas sejam deslocadas de acordo com as necessidades operacionais da situação.

O serviço surge no formato de um fato de bombeiro tecnologicamente inovador, que, de acordo com as normas europeias, incorpora um sistema de telemetria útil para quem está a coordenar as equipas no terreno, nomeadamente sensores de posição (GPS), de sinais vitais (temperaturas e batimentos cardíacos), de silhueta e

projecto I-Garment

bombeiro do futuro

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alguns botões de emergência/pânico. Esta informação será enviada, via ligação sem fi os, para as patentes da Protecção Civil no quartel geral, será processada e emitida de volta aos chefes de operações no terreno equipados com PDA e/ou PC.

Ao IT coube a função de construir e desenhar todo o sistema de comunicação e de telecomunicações, dimensionando as comunicações rádio que interrelacionam o bombeiro e os Veículos Operacionais no Terreno (VTO) e entre estes e o servidor principal localizado no centro de gestão, podendo ser efectuadas através de comunicação por satélite ou por wifi , como explica o coordenador do projecto no IT, Prof. Nuno Borges de Carvalho.

“Esta tarefa integra toda a estrutura de telecomunicações entre o fato e o camião de bombeiros mais próximo que transporta a água. Com a ajuda da protecção civil, que nos especifi cou todas as providências necessárias desse processo, foi incorporada uma antena no fato do bombeiro que comunica com a antena instalada no carro dos bombeiros, o qual está equipado com uma mini-rede com a identifi cação de todos os bombeiros que estão na zona. Esta antena está ligada a uma central (servidor web) que está no quartel ou numa estação-base, via GSM. Quando há uma situação de pânico, o chefe de bombeiros recebe essa informação na central, sendo possível, ao mesmo tempo, localizá-lo in loco graças a um besouro que a farda integra”.

Uma vez que nas operações de emergência da Protecção Civil as redes terrestres encontram-se muitas vezes indisponíveis devido ao congestionamento do tráfi co, à distância do local ou à destruição de antenas, I-Garment irá permitir uma disponibilidade permanente do serviço através da comunicação por satélite. “Quando o fogo queima as antenas de GSM, o carro de bombeiros faz uma comutação para um link via satélite que dará continuidade à comunicação.

Além disso, existe ainda uma antena de wifi para o chefe dos bombeiros que se encontra no local, de forma a poder ligar-se ao camião e ver, através de um PDA, como é que a sua equipa está distribuída”, acrescenta o investigador.

A aplicação providencia, ainda, dados de informação geográfi ca para completar os dados compilados do vestuário, nomeadamente todos os mapas digitais da zona onde se encontram os VTO e os pontos de água disponíveis. Para além desta mais-valia, este fato inteligente oferece a possibilidade de se poder adaptar a ambientes urbanos, modifi cando apenas os sensores incorporados e adaptando os sistemas de comunicações.

Depois de alguns testes em simulações de combate a fogo, tanto em campo aberto como em fl oresta, o projecto, com três protótipos desenvolvidos, tem já patente registada, tendo passado recentemente no teste de certifi cação.

investigadores da ua publicam resultados

inovadores na revista científi ca com maior

impacto mundial na área de “Imaging Sciences”

Há vários anos que investigadores da

Universidade de Aveiro trabalham com

uma tecnologia médica chamada “cápsula

endoscópica”. Agora, em parceria com

médicos do Hospital Geral de Santo António do

Porto, têm vindo a desenvolver novos algoritmos

de processamento digital de vídeo e a

integrá-los numa plataforma computacional

chamada “CapView®”.

O objectivo é facilitar o diagnóstico médico do

exame. Estes inovadores resultados alcançados

foram já publicados na prestigiada revista científi ca

“IEEE Transactions on Medical Imaging”.

A chamada “cápsula endoscópica” é o

primeiro micro-dispositivo médico autónomo

para explorar o interior do corpo humano com

aplicação clínica alargada. Este dispositivo

é ingerido pelo doente, fi lmando todo o

seu tracto gastro-intestinal durante seis a

oito horas, conseguindo obter imagens de

zonas do intestino delgado inacessíveis à

endoscopia convencional.

A importância clínica desta nova tecnologia é já

inquestionável e reportada nas mais importantes

revistas médicas como a “Digestive Diseases”

ou mesmo na revista “Nature” mas o seu maior

defeito é o facto de implicar que o médico

especialista tenha que rever até oito horas de

vídeo para fazer um diagnóstico.

Foi precisamente para contribuir na resolução do

principal defeito desta nova tecnologia médica

que os investigadores do Instituto de Engenharia

Electrónica e Telemática de Aveiro - IEETA/UA

em parceria com médicos do Hospital Geral de

Santo António, têm vindo a desenvolver novos

algoritmos de processamento digital de vídeo

e a integra-los numa plataforma computacional

chamada “CapView®”.

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recorrendo a modelo computacional de mecânica dos fl uidos

Uma equipa de investigadores e alunos fi nalistas do Departamento

de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro avaliaram,

recentemente, o potencial da Barra do Porto de Aveiro para receber

uma estação de conversão da energia de correntes e de marés.

A partir de um estudo hidrodinâmico, que recorreu a um modelo

computacional de mecânica dos fl uidos, este projecto de fi nal de

curso simulou as correntes de maré, tendo sido possível identifi car

os locais mais adequados à implementação de turbinas, de acordo

com a capacidade de produção das mesmas.

As correntes de maré são uma fonte energética renovável, sendo pertinente o estudo da sua integração no actual sistema energético, de forma a melhorar a sua sustentabilidade. O Departamento de Engenharia Mecânica pôs mãos à obra e, com o apoio directo da Administração do Porto de Aveiro e de alguns investigadores dos departamentos de Física e Engenharia Civil da UA, empreendeu o primeiro estudo de análise das várias opções tecnológicas para a Ria de Aveiro, como explica o Prof. Nelson Martins, coordenador do projecto.

“O campo gravítico provocado pela lua e pelo sol origina fl uxos da massa de água nos oceanos e consequentemente nas zonas de estuário. Esta movimentação de águas encerra um enorme potencial energético por explorar. Transpondo o conceito do aproveitamento energético proveniente da energia eólica ao dos fl uxos de massas de água, geradas pelos ciclos de marés, impunha-se que fosse feito um estudo exaustivo relativamente aos locais favoráveis onde fosse possível implementar tecnologias que possibilitassem um aproveitamento energético efi ciente a partir desta fonte de energia renovável. A nossa investigação permitiu-nos avaliar tecnicamente a possibilidade de produzir electricidade usando como fonte de energia primária as correntes de maré na zona da Barra do Porto de Aveiro”.

ua estuda tecnologias para aproveitamento do potencial energético das marés na barra do porto de aveiro

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Após um ano de trabalho, durante o qual se fez uma revisão bibliográfi ca sobre o estado da arte relativamente às tecnologias disponíveis para a conversão do potencial energético das correntes de maré em potencial eléctrico e um estudo computacional do canal da Barra do Porto de Aveiro, para albergar um parque de turbinas de maré, os especialistas verifi caram que a turbina Verdant, pelas suas dimensões, seria a mais indicada, como explica o investigador. “A solução que apresentou maior compatibilidade com as características do canal em estudo é proposta pela Verdant Power, consistindo em turbinas do tipo free-fl ow, instaladas no topo de mastros submersos, fi xados no fundo do canal, apresentando características em tudo idênticas às turbinas eólicas de eixo horizontal. Estas turbinas mais conhecidas por KHPS, têm uma capacidade nominal de produção de 35 KW, com rotor de três lâminas com cinco metros diâmetro, apresentando uma elevada resistência e impermeabilidade”.

Neste momento a tecnologia usada na obtenção de energia eléctrica, a partir de correntes marítimas, encontra-se ainda em fase embrionária. As soluções mais consolidadas baseiam-se na tecnologia das centrais hidroeléctricas, devidamente adaptadas ao ambiente salino, contudo, a necessidade de um dique limita de forma signifi cativa a utilização do estuário, nomeadamente no que se refere à navegação colocando-se ainda sérios problemas relacionados com o assoreamento devido aos sedimentos arrastados pelos rios. A tendência actual centra-se na utilização de turbinas abertas (free-fl ow) de forma a minimizar o impacto ambiental, interferência com outras utilizações do estuário e custo da manutenção.Como especifi cou o Professor “as turbinas fi cam totalmente submersas, sendo a manutenção realizada abaixo da superfície da água, o que sendo um inconveniente, apresenta a vantagem de não haver qualquer indício da existência

da instalação acima da superfícies, aspecto particularmente interessante tratando-se de um canal navegável, como acontece no local em análise”.

Este projecto realizou, ainda, através da aplicação do software de mecânica de fl uidos computacional CFX® 5.6, um estudo hidrodinâmico do canal de navegação de modo a verifi car quais os locais mais adequados para a colocação de turbinas e possível implantação de um parque. “Após se ter efectuado uma simulação para uma confi guração A (turbinas alinhadas a montante e a jusante), foi verifi cada uma zona menos efi ciente

a nível energético junto ao molhe intermédio na terceira parte do canal, onde a esteira provocada por duas turbinas afecta as próximas alinhadas a jusante. Este fenómeno também pode ser devido à própria geometria do canal e à proximidade das turbinas ao molhe intermédio. Ao ser simulada uma alternativa (confi guração B), onde as turbinas se encontravam desalinhadas respeitando as mesmas distâncias empíricas verifi cou-se uma melhoria, constatando-se apenas que uma das esteiras afectava as turbinas imediatamente a jusante”.

cientistas do CICECO desenvolvem método

inovador para manipular nanocristais

Os cientistas Sérgio Pereira, Manuel Martins e

Tito Trindade, do laboratório associado CICECO,

da Universidade de Aveiro, desenvolveram

uma técnica inovadora que permite controlar

o processo de integração de nanocristais em

nanocavidades (“pits”) existentes na superfície

de um material luminescente. A investigação foi a

primeira de origem portuguesa distinguida como

“cover story” da prestigiada revista científi ca

“Advanced Materials” (na sua edição de 5 de

Março), e pode vir a abrir caminho a aplicações

na área da Nanomedicina, nomeadamente em

termos de diagnóstico.

A técnica consiste não só em controlar com

precisão parâmetros fundamentais, tais como

o tamanho, a profundidade e a densidade

dos “pits” (durante o crescimento de fi lmes

semicondutores que servem de superfície), como

a posterior incorporação selectiva dos nanocristais

nos “buracos”. A capacidade de sintetizar

quimicamente nanopartículas com tamanho

defi nido possibilita um controle preciso sobre

o número e tipo de empacotamento das

nanopartículas inseridas nos “pits”.

A grande novidade deste processo

desenvolvido pelos investigadores da UA é a

colocação das nanopartículas em superfícies,

já que estas são preparadas em solução,

onde se encontram em movimento. Outro dos

aspectos relevantes da investigação é que a

superfície onde as nanopartículas são dispersas

é opticamente activa, ou seja, emite luz.

Os investigadores pretendem agora modifi car

quimicamente a superfície das nanopartículas

de ouro ou outros nanomateriais de modo a

que, uma vez dentro dos “pits”, elas tenham

uma afi nidade específi ca para determinado

material biológico, o que pode vir a ter

impacto no desenvolvimento de nanosensores

bioactivos para aplicações em Nanomedicina.

No futuro, uma investigação bem sucedida

pode levar a diagnósticos completamente

fi áveis, em tempo real.

tecnologias para aproveitamento do potencial energético das marés na barra do porto de Aveiro

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cientistas da UA desenvolveram sensor

de álcool a partir de uma nova família

de materiais

Os cientistas João Rocha, Luís Carlos e

Duarte Ananias (dos Departamentos de

Química e Física da Universidade do Aveiro

e do laboratório associado CICECO), em

colaboração com investigadores do Instituto de

Tecnologia Química da Universidade Politécnica

de Valência, descobriram uma nova família

de materiais nanoporosos, que os levou ao

desenvolvimento de um sensor de álcool.

Estes materiais, baseados em metais

lantanídeos e numa molécula orgânica,

emitem luz visível (luminescência) quando

excitados por luz ultravioleta, pelo que

podem ter várias utilizações: “Esta

propriedade confere-lhes um grande

potencial para detectar a presença e medir

a quantidade de moléculas importantes,

nomeadamente o álcool etílico. Ou seja, os

materiais poderão encontrar aplicações em

sensores”, explica o Prof. João Rocha.

Para além disso, os materiais desenvolvidos

(híbridos orgânico-inorgânico) também

apresentam propriedades magnéticas. “Há

poucos materiais que reúnam em si várias

características, tais como a capacidade

de absorver moléculas, emitir luz e serem

magnéticos. Os nossos materiais são, por

assim dizer polivalentes, permitindo, por

esta razão, novas aplicações”, descreve

o investigador da UA. Um exemplo

dessas possibilidades é a alteração das

propriedades de emissão de luz através da

aplicação de um campo magnético, o que

está em estudo.

A colaboração entre os cientistas da UA

e da Universidade Politécnica de Valência

dá-se no contexto da rede de excelência

europeia FAME (Functionalised Advanced

Materials and Engineering of Hybrids and

Ceramics), sendo o primeiro trabalho em

conjunto dos dois grupos.

Concebido e desenvolvido para uma aproximação pragmática a vários cenários clínicos, em hospitais, em casa e em movimento, para pacientes ou pessoas saudáveis que necessitam de uma monitorização contínua ou frequente de sinais vitais com elevada qualidade, o pré-produto original do Vital Jacket® é um sistema capaz de adquirir, armazenar e analisar (on-line e off-line) vários sinais fi siológicos como o ECG, frequência cardíaca, respiração, saturação de oxigénio, actividade, postura e temperatura corporal. Além disso, permite adicionar outros sensores funcionando como uma “motherboard” vestível. Estes sinais são enviados para análise em tempo real para um PDA, utilizando tecnologia sem fi os, ou gravados para análise posterior.

Este sistema foi desenhado a pensar no conceito da “Casa do Futuro” que pretende incluir este tipo de monitorização on-line para idosos e/ou pacientes que necessitem de atenção especial em algum sinal vital. Este sistema pode ainda ser complementado com outros equipamentos como uma balança digital, um dispensador de medicamentos ou um medidor de pressão sanguínea. Todos estes equipamentos são integrados numa rede sem fi os com uma ligação segura sobre a Internet para uma estação de monitorização onde médicos podem receber alertas e biosinais que necessitem de verifi cação. O sistema foi já testado com sucesso em ambiente real no Hospital S. Sebastião em Santa Maria da Feira, Aveiro.

Este conceito está agora a ser convertido num conjunto de produtos com diferentes aplicações clínicas e de desporto, através de um acordo com a Biodevices S.A., uma spin-off do IEETA. O primeiro produto acaba de ser colocado à venda na forma de um monitor de onda cardíaca que usa esta tecnologia numa T-Shirt para medição de on-line da onda ECG e do ritmo cardíaco em movimento.

Após quatro anos de estudos

e aperfeiçoamentos, o Vital

Jacket®, um sistema de

monitorização de sinais vitais

embebido na roupa que junta a

componente têxtil com a

micro-electrónica chega agora ao

mercado. Criado e especifi cado

com base na longa experiência

e tradição em instrumentação

biomédica e telemedicina

dos grupos de Investigação &

Desenvolvimento do Instituto

de Engenharia Electrónica e

Telemática de Aveiro, na UA,

o conceito inicial do sistema

está agora a ser convertido

num conjunto de produtos com

diferentes aplicações clínicas

e de desporto, através de um

acordo com a Biodevices S.A,

uma spin-off do IEETA.

t-shirt inteligente desenvolvida pela ua já está no mercado

vital jacket

junho ‘08Linhas 28

investigadores da ua conferem autonomia a defi cientes motores

B-LIVE conquista prémio Eng.º Jaime Filipe, na área da engenharia de reabilitação

O B-LIVE, um inovador produto

de Domótica, desenvolvido pelos

investigadores da Universidade de

Aveiro, em colaboração com

a Micro I/O e o Centro de

Medicina de Reabilitação da Região

Centro – Rovisco Pais, venceu a

edição 2007 do prémio

Eng.º Jaime Filipe, um galardão

atribuído pelo Instituto da

Segurança Social para a melhor

concepção promotora de

autonomia e integração social

de pessoas em situação de

dependência. O prémio foi

entregue, em Fevereiro, no Governo

Civil de Aveiro, pela Secretária de

Estado Adjunta e da Reabilitação,

Dra. Idália Maria Moniz.

O B-LIVE é uma solução de Domóticadestinada à adaptação de casas convencionais. O sistema permite que pessoas com graves limitações funcionais, como por exemplo tetraplégicos, possam controlar com autonomia, ainda que limitada, funcionalidades da habitação como o acesso, o aquecimento ou a iluminação, através de um telemóvel ou de um interruptor de boca. Os cidadãos com defi ciência vêem assim melhorada a sua qualidade de vida e, além de conquistarem autonomia, conseguem mais liberdade para os acompanhantes e assistentes. A estrutura modular do B-LIVE permite aquisição faseada e adaptação, a baixo custo, a habitações já existentes. Graças a estas características, Márcio Barros, um jovem tetraplégico de Marco de Canavezes, vai poder automatizar a sua casa e obter uma liberdade de movimentos que até agora parecia impossível. O protótipo para adaptar à habitação de Márcio está já em desenvolvimento e, em breve, o interface táctil oferecido pela Micro I/O diminuirá a dependência do jovem.

O B-LIVE, no mercado desde Março, é resultado de dois anos de investigações e de estreita colaboração entre a Universidade de Aveiro (através do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática e da Escola Superior

de Tecnologia e Gestão de Águeda), o núcleo de trabalho do projecto “Domótica para Reabilitação – DORE” da Micro I/O, empresa criada em 1998 como spin-off da UA, e o Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais (CMRRC-RP). Os investigadores contaram, ainda, com o apoio de uma equipa médica deste centro para a realização de estudos de concepção e testes do protótipo, com pacientes. O carácter evolutivo e modular do B-LIVE e a sua fácil integração com outros produtos e ou serviços prevê, a curto prazo, a aplicação do B-LIVE a outros cidadãos, nomeadamente a cegos e idosos, e a inclusão de outras interfaces já testadas com sucesso. Este é o primeiro produto da Micro I/O no mercado da saúde, no segmento das ajudas técnicas, e a atribuição do prémio Eng.º Jaime Filipe vem reconhecer a qualidade da inovação, desta spin off da Universidade de Aveiro, e a sua capacidade de converter conhecimento em produtos.

28 29 29 B-live conquista prémio

junho ‘08Linhas 30 3130

através do IT – laboratório associado

Cientistas e engenheiros de

todo o mundo reuniram-se

na Austrália, em Abril, para

o início da fase preparatória

do maior projecto alguma

vez desenvolvido em Rádio

Astronomia. O projecto

internacional Square Kilometer

Array (SKA) será 50 vezes mais

sensível do que alguma das

instalações de rádio astronomia

actualmente existentes e

sondará algumas das maiores

questões do Universo, como a

procura de planetas do tipo da

Terra e vida fora do sistema solar,

a observação dos primeiros

objectos a formarem-se no

Universo, ou o teste às teorias

de gravidade e o exame aos

mistérios da energia escura.

O SKA foi um dos projectos identifi cados pelo Fórum Estratégico Europeu para as Infraestruturas de Investigação (European Strategy Forum for Research Infrastructures – ESFRI) no seu mapa de 2006 para as infraestruturasfuturas de investigação de relevância pan-europeia. O correspondente projecto da fase preparatória, chamado PrepSKA (de Preparatory SKA), irá agora apontar o caminho para o SKA, com um programa de três anos destinado a conjugar esforços internacionais para fi nalizar um design técnico e de custo detalhado, e desenvolver o modelo de funcionamento legal e de governo do projecto. PrepSKA conduzirá, também, a estudos adicionais dos dois locais escolhidos para instalação do gigantesco radiotelescópio, na Austrália e na África do Sul.

O coordenador do projecto é a agência de ciência do Reino Unido, Science and Technology Facilities Council (STFC), tendo nomeado o professor Phil Diamond, do Centro de Astrofísica de Jodrell Bank da Universidade de Manchester, para liderar este consórcio. De acordo com o Prof. Diamond, “PrepSKA é um programa de trabalho extremamente importante para consolidar a construção do SKA. O SKA irá transportar-nos numa incrível jornada de descoberta científi ca. PrepSKA é a fase fi nal de planeamento, analisando os nossos caminhos e fazendo com que todos tenham o seu passaporte”.Inicialmente, a colaboração PrepSKA

envolve 24 organizações de 12 países incluindo a Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, África do Sul, Suécia, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos da América. Com um orçamento de 22 milhões, dos quais 5.5 milhões provenientes do 7º Programa Quadro Comunitário da União Europeia, e fundos adicionais de países participantes, o programa PrepSKA decorrerá até 2011.Quando o PrepSKA estiver completo, deverá existir um design acordado para o maior conjunto de antenas alguma vez construído, permitindo nessa altura aos países interessados decidir o seu envolvimento e o respectivo grau no projecto fi nal do SKA.

Factos do SKAO SKA é um grande e complexo projecto, requerendo uma participação signifi cativa da indústria em todas as etapas. Neste caso, dois aspectos particulares requerem colaboração com parceiros industriais: o grande número de antenas e respectivos elementos e as gigantescas necessidades de transporte e processamento de sinal.

A convergência das Tecnologias de Informação e Computação (TIC) e a RádioAstronomia transformarão o SKA numa máquina global de TIC, capaz de seguir simultaneamente objectos individuais com grande resolução. O SKA, após fi nanciamento, irá gerar enormes spin-offs em supercomputação, fi bra-óptica, energias renováveis, construção e

30 universidade de aveiro participa no maior

projecto de

Linhas junho ‘08

junho ‘08Linhas 30

manufactura durante o seu ciclo de vida de 50 anos.

A implementação e operação do SKA, e muito provavelmente as suas últimas especifi cações, serão fortemente infl uenciadas pela necessidade de alinhar as tecnologias desenvolvidas no projecto com estratégias de manufactura em volume e métodos de instalação e montagem.

Em Portugal, o Instituto de Telecomunicações (IT), através das suas áreas de Ciências Básicas e Tecnologias de Suporte (e do seu grupo de Rádio Astronomia) e Comunicações Ópticas, em colaboração com o Instituto de Plasma e Fusão Nuclear – Aveiro, participará na avaliação de diferentes tecnologias de electrónica de baixo ruído e produção de protótipos de amplifi cação de sinal colectado pelas antenas, avaliação e produção de protótipos de redes de fi bra óptica intra-estação, com alto débito, baixo custo e precisão de picosegundo na transmissão de dados para o correlador central do SKA e no plano fi nal de implementação do SKA.

Os trabalhos de construção começarão em 2013, condicionados pelo sucesso das propostas de fi nanciamento. O SKA, que custará cerca de 1000 milhões de euros até 2020, será construído de forma faseada num período de sete anos. As operações deverão iniciar-se em 2015 após uma parte signifi cativa da rede

de antenas estar preparada. Esta rede contará com cerca de 4 mil antenas distribuídas em cerca de 200 estações espalhadas por 3 mil Km, numa área colectora equivalente de cerca de um quilómetro quadrado. Esta rede produzirá fl uxos de dados na rede superiores a 100Gb/sec e petafl ops de computação. A localização desta rede de antenas está ainda em decisão, sendo a Austrália e a África do Sul os dois países candidatos seleccionados.

O impacto científi co do SKA será vasto, infl uenciando a física de partículas e a cosmologia, física fundamental, astronomia galáctica e extragaláctica, astrobiologia, ciências dos sistema solar e as tecnologias de informação.

O grande aumento no desempenho deste radiotelescópio, em comparação com os existentes, e a fl exibilidade esperada do seu design, permitem-nos afi rmar que descobertas inesperadas serão feitas com o SKA.

investigadores da ua desenvolveram novo nanocompósito para aplicações biomédicasO Centro de Tecnologia Mecânica e Automação da Universidade de Aveiro (TEMA), em parceria com o CICECO e o Georgia Institut of Technology, desenvolveram um novo nanocompósito para aplicações biomédicas que apresenta uma elevada resistência mecânica e permite a criação de interfaces biocompatíveis com o osso circundante e consequentemente crescimento ósseo no nanocompósito. A inovação não passou despercebida à Nanowerk.com, líder de divulgação de novos desenvolvimentos em nanotecnologia a nível mundial, merecendo destaque na sua edição de 25 de Março, tendo sido ainda publicada na revista com elevado factor de impacto “Advanced Functional Materials”. Uma das principais difi culdades na área da cirurgia ortopédica prende-se com a utilização de cimentos (PMMA) para a fi xação das próteses. As interfaces criadas com o osso e com a prótese metálica são apenas mecânicas, pelo que com o tempo os movimentos relativos entre o cimento e a prótese e o desgaste produzido no osso conduzem à laxação asséptica da prótese e sua rejeição. Por outro lado, a criação de interfaces biocompatíveis tem sido de difícil implementação dado que a hidroxiapatite, material geralmente utilizado para este fi m, apresenta uma fraca resistência à tracção.A combinação de conhecimentos em nanoestruturas do TEMA e de biomateriais do CICECO, a colaboração de dois reconhecidos cirurgiões ortopedistas a nível nacional e internacional (Doutores Noronha e Fernando Fonseca), que integram também o TEMA, e do Prof. Hamid Garmestani, do Georgia Institut of Technology, tornou possível vocacionar a investigação para a resolução desses problemas reais de extrema importância, permitindo desenvolver um nanocompósito com elevada resistência mecânica e que permite um processo de crescimento ósseo no seu interior.Para o futuro estão previstos novos desenvolvimentos nesta área com a produção de produtos bioreabsorvíveis de elevada resistência mecânica, estando nas suas pretensões a introdução desses produtos no mercado no próximo ano.

rádio astronomiado mundo

30 31 31 projecto de rádio astronomia

3332

prém

ios

De entre os 133 textos submetidos a concurso, o Prof. António de Vasconcelos Nogueira, docente e investigador do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, viu a sua obra “As Lamentações de G. von H. ou Auto dos Bem-Amados” ser galardoada com o Prémio Nacional de Teatro Bernardo Santareno. A publicação, com a chancela do Instituto Bernardo Santareno, decorrerá durante este ano.António de Vasconcelos Nogueira, 47 anos, actualmente a desenvolver pós-doutoramento sobre a imigração portuguesa, imagem e representação, no Grão-Ducado do Luxemburgo, criou uma peça “sobre o amor, a fragilidade e a contradição dos humanos sobre os valores”.Explica o autor que em “As Lamentações de G. von H., ou Auto dos Bem-Amados” procura “interpelar a personagem G. von H., e as outras máscaras, com o coro de vozes, e através delas sugerir a inquietação que há em nós, porque a nossa existência compreende muitos dos problemas e das situações que G. von H., e as outras personagens, experimentam em vida e representam para nós, em cena”.O período entre 1646 e 1724 serve historicamente de cenário à peça que combina dois planos temporais “o período da história propriamente dito e o das comunidades judaicas na diáspora”. Além do Prémio Nacional de Teatro Bernardo Santareno, António de Vasconcelos Nogueira, arrecadou em 2001, o Prémio Literário José Régio com “O Mestre de K.”, alusivo a Immanuel Kant e a Königsberg.

docente da ua arrecada prémio nacional de teatro bernardo santareno

rota da luz distingue ua em várias frentes

Logo no início do ano, o Prof. Carlos Costa, do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, a GrupUnave (empresa constituída pela UA para estabelecer a ligação Universidade/Tecido Empresarial) e a Fábrica – Centro de Ciência Viva de Aveiro mereceram a atenção da região de Turismo Rota da Luz que lhes atribuiu, respectivamente, o Prémio de Mérito Turístico – prémio Carreira e o Prémio Anual de Turismo, na categoria Inovação.

O percurso profi ssional, exemplar e empreendedor, em prol do desenvolvimento e do conhecimento turístico valeu ao Director do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento em Turismo da Universidade de Aveiro, o Prémio Carreira. “Um motivo de regozijo mas, acima de tudo, uma responsabilidade”, confessa o Prof. Carlos Costa, explicando que o reconhecimento do trabalho realizado até agora obriga a fazer cada vez mais e melhor a favor de uma maior repercussão nas organizações e empresas que operam no sector do turismo.

Na categoria Inovação, foram premiadas a Fábrica – Centro de Ciência Viva de Aveiro, pelo conhecimento que tem vindo a oferecer à sociedade sobre a cultura científi ca, educação informal e oferta cultural da região de Aveiro, e a IN2B/GrupUnave, pelo projecto do canal corporativo Rota da Luz TV, que utiliza as mais recentes plataformas tecnológicas e cujas potencialidades promocionais viriam a ser distinguidas pelo Instituto de Turismo de Portugal, com uma Menção Honrosa, na categoria de Serviços.

Linhas junho ‘08

O júri da quinta edição do Prémio Companhia de União Fabril (CUF) atribuiu uma Menção Honrosa a Ana Paula Mora Tavares pela tese de Doutoramento em Engenharia Química, intitulada “Produção de lacase para potencial aplicação como oxidante na indústria papeleira”, realizada no Departamento de Química da Universidade de Aveiro.

Ana Paula Mora Tavares realizou o seu Doutoramento em Engenharia Química, entre 2001e 2006, sob a orientação da Prof. Ana Xavier e do Prof. João Coutinho, e com a colaboração do Prof. Dmitry Evtyugin e da Prof. Alice Coelho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Criado em 2002 pela Companhia de União Fabril (CUF), o maior grupo químico privado português, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o prémio sustenta o Projecto CUF para a relação com as universidades, dando continuidade a uma nova perspectiva de relacionamento entre a indústria e a Academia.

tese de doutoramento em engenharia química recebe menção honrosa

A coluna de iluminação pública 17º (dezassete graus), desenhada pelo Prof. Francisco Providência, docente no Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, venceu o prémio internacional de design de produto Red Dot 2008, na categoria de iluminação e candeeiros.

O galardão, de origem alemã, é atribuído por um júri internacional rotativo, composto por designers profi ssionais de elevado mérito. Os vencedores da edição deste ano foram escolhidos entre 3203 propostas, procedentes de 51 países. Os prémios serão entregues numa sessão solene na Opera House, em Essen, na Alemanha, a 23 de Junho.

A coluna de iluminação agora premiada caracteriza-se pelo ângulo de inclinação de 17 graus, que dá o nome à peça. “A simplicidade perturbante do seu design inspira à qualidade de vida, com menos custos”, pode ler-se na sua descrição. Apesar da sua inclinação, o poste, construído em aço inoxidável, projecta luz de forma vertical.

Esta é a terceira vez que professores da UA são distinguidos com o prémio Red Dot e a primeira vez que a Red Dot reconhece o design de um produto de iluminação português, depois do Prof. Carlos Aguiar ter vencido em 2002 e 2007, a categoria de instalações sanitárias.

design de francisco providência em alta

A UA tem apostado num projecto inovador na área da formação integrada de Design, abrangendo todos os ciclos de formação, desde o politécnico ao doutoramento.A universidade fundou ainda uma unidade de Investigação em Design, em parceria com a Universidade do Porto e com o apoio do Centro Português de Design e doID+ – Instituto de Investigação em Design, Media e Cultura.

Entretanto, a Câmara Municipal de Aveiro escolheu o Designer Francisco Providência para conceber o interior do futuro Museu Arte Nova, que fi cará instalado na Casa Major Pessoa, no Rossio.

Este museu estará voltado para o exterior e em estreita ligação com a comunidade aveirense, dado que o seu espólio se encontra nas ruas da cidade. No interior está prevista a concepção de uma casa de Chá “Belle Époque”, um Sector Permanente, um Laboratório de Ideias e um Sector Temporário, com exposições.

32 33 33 prémios

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estudantes de música somam distinções

Sofi a Sarmento, 19 anos, aluna do 2º ano da Licenciatura em Música da UA, na classe do Prof. Fausto Neves, alcançou o segundo prémio no Concurso Ibérico de Piano do Alto Minho. A pianista conquistou ainda o Prémio de Melhor Interpretação da obra portuguesa imposta: “Dança”, de Fernando C. Lapa.

No 1º concurso nacional de instrumentos de sopros Terras de la Salette, Ruben Silva, 24 anos, aluno do 4º ano, conquistou o 3º prémio, na categoria trompa, com a execução das obras “Villanelle”, de Paul Dukas (peça imposta pelo júri na 1ª eliminatória), “Intrada”, de Otto Ketting (2 ª eliminatória) e “Concerto Nº1 em Mi b”, de Richard Strauss.

Também neste concurso, o trompista e aluno do 2º ano da Licenciatura em Ensino de Música, Pedro Salazar, 23 anos, arrecadou uma menção honrosa, com a interpretação das peças “Villanelle”, de Paul Dukas (1ª eliminatória), “Sur Les Cimes”, de Bozza (semi-fi nal) e “Concerto nº1 de Richard Strauss” (fi nal).

Dos quatro fi nalistas do Concurso Nacional de fl auta Terras de La Salette, três são alunos da UA e uma é antiga aluna. Com a interpretação da obra “Sonata de Martinu”, Tiago Santos, 19 anos, estudante do 1º ano, conquistou o primeiro prémio.

Antigo aluno e actual estudante de doutoramento na Universidade, Rui Penha viu dois dos programas que desenvolveu para o Serviço Educativo da Casa da Música serem distinguidos. “Narrativas Sonoras” e “Políssonos”, arrecadaram uma menção honrosa no concurso Lomus 2008 – International Music Software Contest, organizado pela Association Française d’Informatique Musicale.

estudo das aves marinhas contemplado com prémio BES – biodiversidade

Dos 34 projectos submetidos à edição 2007 do Prémio BES Biodiversidade foi eleito o que pretende identifi car as ameaças que afectam as aves marinhas na Zona Económica Exclusiva portuguesa (ZEE) – a 11.ª maior do mundo. Sob a coordenação da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), com o apoio do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, e de outras entidades de grande prestígio científi co, o objectivo fi nal da iniciativa é a criação das primeiras zonas marinhas de Rede Natura.

Percorrer 1.7 milhões de quilómetros quadrados é tarefa a que os investigadores se propõem para avistar roquinhos, pintainhos, cagarras, almas-negras e outras aves marinhas que “habitam” a ZEE com o objectivo de tentar perceber “quais as áreas mais importantes para a avifauna marinha para defi nir Important Bird Areas – IBAs no mar”, explicou o Prof. António Luís, do Departamento de Biologia e representante da UA no projecto.

Segundo o docente os resultados do projecto “IBAsMarinhas”, que se iniciou em 2004 e termina em Outubro deste ano, permitirão encontrar explicações para alguns dos fenómenos observados nas aves (pelo cruzamento de informação variada) e contribuir “para a avaliação da vulnerabilidade de diferentes zonas, de importância capital na minimização dos impactos resultantes de acidentes no mar, de que são exemplo os que ocorrem por vezes com navios petroleiros, como o que atingiu a nossa costa, num passado ainda recente”.

De acordo com os resultados já obtidos “a região oceânica, adjacente à Ria de Aveiro, compreendida entre Mira e Furadouro, tem-se revelado importante para o conhecimento da avifauna marinha”, avançou o Prof. António Luís.

Já não é a primeira vez que a UA é distinguida pela instituição bancária. Em Dezembro de 2007, os docentes do Departamento de Engenharia Mecânica, Profs. Filipe Teixeira-Dias e Alexandre Pinho da Cruz arrecadaram o Prémio BES Inovação, na categoria de Processos Industriais.

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38entrevista com… dr. jorge sampaio

É o mais recente Doutor

Honoris Causa da Universidade

de Aveiro e sublinha o notável

papel que a UA tem vindo a

assumir como verdadeiro

pólo de desenvolvimento

económico e social do país.

Defende um ensino mais

formativo, Bolonha e o novo

Regime Jurídico das Instituições

do Ensino Superior; lamenta

o desinvestimento que o

associativismo estundantil

atravessa. Em entrevista à

“Linhas”, o Dr. Jorge Sampaio

recorda ainda alguns dos

momentos que viveu enquanto

Presidente da República e

revela os principais desafi os

que enfrenta enquanto Enviado

Especial da ONU para

a Luta contra a Tuberculose e

Alto Representante das

Nações Unidas para o

Diálogo das Civilizações.

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Revista Linhas (RL) – A Universidade de Aveiro quis reconhecer publicamente o invulgar e excepcional mérito do Dr. Jorge Sampaio concedendo-lhe o título Doutor Honoris Causa. Que valor atribui a esta distinção?Dr. Jorge Sampaio (JS) – Para ser sincero, vi neste gesto um sinal de grande generosidade, mas também de reconhecimento pelo que a minha vida ao serviço da causa pública possa representar. Para além do mais, vinda de uma jovem e inovadora instituição de referência, foi uma distinção que aceitei com muito orgulho.

RL – Que opinião tem da Universidade de Aveiro? JS – Como, de resto, referi na cerimónia do doutoramento, tive o privilégio de acompanhar a rápida transformação desta Universidade numa Escola de referência. Para mim, a Universidade de Aveiro tornou-se num verdadeiro pólo de desenvolvimento económico e social do País, o que é, a meu ver, notável. E isto aconteceu por duas razões. Primeiro por causa das suas lideranças e, em concreto, dos seus reitores. São académicos que conceberam e aplicaram, com elevados padrões de qualidade, esta difícil combinação de formação, investigação e cooperação com a sociedade. A segunda razão prende-se com a concepção de modernidade e universalidade que se respira nesta universidade: nos programas de graduação e de pós-graduação, nas soluções inovadoras que enquadram os projectos de investigação, na cooperação internacional, nas parcerias com as empresas aproximando os meios académico e empresarial, nos critérios de contratação dos docentes e investigadores, e até na qualidade estética das vossas infra-estruturas.

RL – A UA é uma universidade que aposta muito no desenvolvimento da ciência e da inovação. Está no bom caminho?JS – Sem dúvida! A educação, a ciência e a inovação são factores cruciais de desenvolvimento económico e social quase de sobrevivência para um país como o nosso. Sem inovação científi ca, tecnológica e empresarial o país não poderá atingir, em termos de controlo dos factores de mudança do nosso tempo, uma posição competitiva assente na sua capacidade para afrontar os inúmeros desafi os internacionais, em termos de intervenção, produtividade e qualifi cação.

RL – E que outros desafi os deverá prosseguir para se afi rmar na Europa e no mundo?JS – No nosso século XXI, as sociedades serão moldadas por três matérias-primas fundamentais que determinarão a riqueza dos povos e das nações: o conhecimento, a criatividade e a inteligência. Por isso, o desafi o que as nossas universidades têm pela frente é afi nal o de andar depressa e com determinação, cuidando de níveis de qualidade e de exigência que suportem com sucesso os reptos e as duras competições de um mundo globalizado.

Estou certo de que a Universidade de Aveiro saberá compreender, como sempre o fez até agora, que as alterações em curso requerem respostas inovadoras das instituições educativas, tanto no plano da sua organização, como no domínio dos conteúdos, estratégias pedagógicas e gestão do trabalho escolar, como ainda no modelo de relacionamento com a sociedade civil e nomeadamente com o mundo empresarial.

a ua é uma jovem e inovadora instituição de referência”

38 39 39 entrevista com… dr. jorge sampaio

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honoris causa

“Bolonha corresponde a um processo de internacionalização absolutamente necessário”

RL – Concorda com a adequação dos cursos a Bolonha? O que terão os estudantes e o país a ganhar com estas mudanças?JS – Concordo inteiramente. Corresponde a um processo de internacionalização, absolutamente necessário no espaço europeu, para estimular a mobilidade dos estudantes e dos trabalhadores. Com Bolonha, esta mobilidade resulta facilitada. Por outro lado, Bolonha foi um catalizador de uma reforma que tardava. Se me perguntar agora, se a transição foi a melhor, aí parece-me que talvez pudesse ter sido mais bem preparada, ter sido menos brusca, talvez menos precipitada mesmo.

RL – E os cursos universitários estão adequados às reais necessidades do país e da sociedade de hoje? JS – Há de tudo. Também não se pode ter uma visão demasiado restritiva do ensino, numa mera lógica de mercado… a lei da oferta e da procura tem de ser temperada, primeiro com uma estratégia de longo prazo, depois com capacidade de antecipação e, por isso, também de inovação. De facto, não só os cursos devem corresponder às necessidades do mercado, como devem também visar poder infl uenciá-los e, digamos, criar as necessidades quando elas não existam.

Dito isto, o ensino tem de se abrir mais à sociedade e tem de incorporar uma dimensão interactiva mais forte – por outras palavras, é preciso que, para além de informativo, seja também mais formativo.

RL – Que contributos podem as universidades dar à formação de cidadãos competitivos?JS – Neste campo, importa proteger a qualidade de uma formação que deve obedecer ao imperativo de evitar o culto da facilidade e pensar a qualifi cação académica não como mera ferramenta para ingresso no mercado de trabalho, mas sobretudo como instrumento forjador de uma consciência cívica e cultural, que proporcione competências de acção e de compreensão do mundo.

RL – E que importância atribui ao associativismo estudantil na formação dos jovens enquanto cidadãos?JS – No meu entendimento, o associativismo estudantil, quer seja universitário ou não, continua a ser um excelente meio para cultivar e desenvolver uma cidadania activa e participativa. Ora esta aprendizagem dos laços sociais de solidariedade e de co-responsabilidade de uma comunidade de destino, que estão na base de uma sociedade coesa, começa precisamente na escola.

Considero que há hoje um desinvestimento no associativismo estudantil que, aliás, é uma espécie de correlato da desvalorização da própria política. É pena que assim seja até porque a prazo redunda num enfraquecimento da sociedade civil, como agora se diz.

“O RJIES vai permitir estabelecer uma relação mais estreita entre as instituições do ensino superior e a sociedade”RL – As universidades portuguesas conhecem, actualmente, um período de mudança com a preparação para o novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES). Considera que esta era a reforma necessária à modernização do ensino superior? JS – Entendo que sim.

RL – Que implicações práticas terá o RJIES no modelo de organização e gestão das universidades portuguesas?JS – Lá está, vai permitir estabelecer uma relação mais estreita entre as instituições do ensino superior e a sociedade, vai desenvolver um modelo de gestão mais inovador, vai também levar à criação de condições que permitirão introduzir um novo paradigma de governação das universidades mais adequado às nossas sociedades.

É necessário enquadrar o RJIES num contexto de marcada mudança, em que as instituições de formação universitária e de produção científi ca se devem assumir como agentes fundamentais para gerar competências de futuro, numa batalha que requer, no seu interior, responsabilidades partilhadas entre mestres e alunos para garantir qualidade pedagógica na transmissão e apreensão de conhecimentos e a criação de um verdadeiro espírito modernizador.

De facto, este é um ponto para o qual sempre tenho chamado a atenção nos meus contactos com as Universidades portuguesas pois a experiência mostra que nas sociedades desenvolvidas, com uma forte componente de investigação e progresso tecnológico, o ensino superior já não detém o controlo exclusivo da produção e difusão dos conhecimentos. Esta é uma irreversível tendência de mudança que obriga as nossas comunidades académicas a evitar isolamentos e a abrir-se ao exterior, adoptando estratégias de indispensável internacionalização.

Trata-se de um caminho que implica da sua parte um esforço de reorganização e que, nesta época de parcos recursos públicos, exigirá, por certo, a busca hábil de parcerias com um tecido empresarial, ainda frágil, mas cada vez mais atento à utilidade de algumas alianças e colaborações. Só assim será possível

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honoris causa

“A visita que fi z a alguns países africanos marcou-me muito. Os contrastes são devastadores”

RL – O Dr. Jorge Sampaio foi Presidente da República durante 10 anos. Que momentos recorda como os mais conturbados?JS – Recordo vários momentos de particular difi culdade e tensão, de natureza muito diversa – por exemplo, o bombardeamento do Kosovo; em 1999 quando em Timor-Leste, a seguir às eleições, a violência tomou conta do território; a realização da Cimeira das Lajes e a invasão do Iraque; ou ainda, a demissão de Durão Barroso e depois a convocação das eleições antecipadas.

RL – E quais os que considera mais gratifi cantes?JS – Exceptuando a própria re-eleição para o segundo mandato, a independência de Timor-Leste e os resultados das eleições antecipadas que confi rmaram plenamente a bondade da decisão. A um outro título, e porque representou a conclusão de um ciclo de que tinha responsabilidades constitucionais próprias, devo citar o processo exemplar da transferência de Macau.

RL – Acabar com a tuberculose foi a missão que lhe foi confi ada em 2006 pelo então Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e renovada recentemente pelo actual Secretário-Geral da Organização, Ban Ki-Moon. Qual é exactamente a sua missão? JS – O trabalho de Enviado Especial consiste basicamente em fazer o que os ingleses chamam advocacy,

ou seja, trata-se de desenvolver um trabalho político, diplomático e cívico, que tem por objectivo manter o problema da tuberculose na agenda dos Governos nacionais, da Comunidade Internacional, dos media, da sociedade civil, etc..

Para dar um exemplo concreto, para este ano de 2008, tenho três objectivos específi cos, para além de prosseguir com as actividades de base destinadas genericamente a contribuir para melhorar a efi cácia do controlo mundial da Tuberculose:– a realização de uma reunião de alto nível, à margem da Sessão Especial da Assembleia-Geral das Nações Unidas para a Sida, inteiramente dedicada à co-infecção HIV-Sida, uma iniciativa inédita que conta com o patrocínio do Secretário-Geral das Nações Unidas;– a continuação de intensos contactos políticos para que a Tuberculose continue na agenda mundial, por forma a contribuir para a realização atempada dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio nesta área; – o lançamento de uma campanha mundial de prevenção da Tuberculose.

RL – No cumprimento desta função de Enviado Especial das Nações Unidas para a Luta contra a Tuberculose que momento mais o marcou?JS – A visita que fi z a alguns países africanos marcou-me muito. Os contrastes são devastadores.

RL – Dr. Sampaio é também, desde 2007, o Alto Representante das Nações Unidas para o Diálogo das Civilizações. Em que é que consiste precisamente a sua missão?JS – Basicamente consiste em liderar a iniciativa com tudo o que isso implica – ou seja, trata-se de contribuir activamente para a aplicação de um conjunto de recomendações contidas num Relatório sobre a Aliança das Civilizações que está na base desta iniciativa. Para tal, tive de apresentar um Plano de acção com um conjunto

de objectivos e prioridades para os próximos dois anos e a cuja prossecução me dedico.

RL – Que entraves tem encontrado e como pensa levar a bom porto esta missão?JS – Por um lado, criar uma dinâmica global que seja sustentável no tempo; por outro, conseguir uma actuação coerente e consensual, que ademais seja simultaneamente global e local, a que, por isso, me apraz, chamar glocal. Como em tudo, também em política externa os instrumentos disponíveis não escapam a leituras e usos consonantes com interesses individuais. A Aliança, como iniciativa das Nações Unidas, não escapa a este desígnio… o meu desafi o, enquanto Alto Representante, consistirá precisamente em velar por que, entre o mar de difi culdades, o projecto mantenha uma rota identifi cável…

RL – Que papel poderá ter a educação nacional no combate aos preconceitos e incompreensões entre diferentes culturas?JS – A educação é uma dos quatro domínios de actuação da Aliança das Civilizações, juntamente com a juventude, as migrações e os media. A educação é fundamental – não exagero, aliás, se disser que tudo passa pela educação – educação para os direitos humanos, para o diálogo, para o respeito pelo próximo, para uma cultura de paz, mas também para a diversidade cultural, para o gosto dos outros.

gerir investimentos capazes de consolidar identidades e de criar centros de excelência académica, designadamente no domínio da investigação; só assim também se poderão combater penalizadoras periferias na presente sociedade do conhecimento e no espaço universitário europeu emergente.

40 41 41 entrevista com… dr. jorge sampaio

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depar tamento de electrónica, telecomunicações e informáticauma das imagens de marcada universidade de aveiroO Departamento de Electrónica, Telecomunicações e Informática

(DETI) esteve ligado ao nascimento da Universidade de Aveiro,

em 1973, e, desde sempre, se destacou pela inovação no ensino,

oferecendo actualmente um leque formativo alargado. O DETI

também prima pela excelência na investigação, estando alinhado

com dois institutos de referência: o Instituto de Telecomunicações

(IT - Laboratório Associado) e o Instituto de Engenharia Electrónica e

Telemática de Aveiro (IEETA).

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Quando Daniel Castanheira nasceu no Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, em 1984, os seus pais estariam longe de imaginar que o futuro do fi lho passaria de forma tão marcante pela universidade que então crescia a escassos metros. Daniel foi o melhor aluno a concluir a Licenciatura em Engenharia Electrónica e Telecomunicações no ano lectivo de 2006/07, com uma média de 17 valores, e é mais um jovem valor made in DETI.

Criado em 1974 (então com o nome de Departamento de Electrónica e Telecomunicações), este foi um dos primeiros Departamentos a iniciar a sua actividade na UA, fundada em 1973. Aliás, pode mesmo ser considerado o primeiro, se tomarmos como marco a formação da primeira turma. Hoje, o seu prestígio é reconhecido nacional e internacionalmente, na formação de alunos e em trabalhos de investigação.

Daniel Castanheira pode servir de exemplo em relação a ambos os campos, já que está a realizar um doutoramento no Instituto de Telecomunicações (IT), integrado num projecto de investigação europeu, o FUTON, ligado a redes de fi bra óptica e telecomunicações móveis. No futuro, quem sabe se não poderá estar envolvido num dos vários projectos premiados em que o Departamento esteve envolvido. Deles são exemplo Tiago Silveira, Ana Ferreira, Prof. António Teixeira e Prof. Paulo Monteiro, que, em conjunto com

investigadores da Technical University of Eindoven, foram distinguidos com o prémio de melhor artigo científi co na conferência internacional OECC/IOOC, em Julho de 2007. O evento decorreu em Yokohama, no Japão, e é mais um dos recentes galardões conquistados. O trabalho, relacionado com a transmissão de informação em múltiplos comprimentos de onda, foi desenvolvido em parceria com a Nokia Siemens Networks, o que também constitui uma prova da forte ligação que o DETI mantém com várias empresas de nível mundial.

“O Departamento tem uma forte implantação a montante, na captação de alunos, mas também a jusante, na sua empregabilidade. Quer do ponto de vista pedagógico, quer do ponto de vista da investigação, somos um Departamento forte e uma imagem de marca da Universidade. Sempre o foi e tem-se mantido”, resume o Presidente do Conselho Directivo do DETI, Prof. José Carlos Pedro. Para o académico, a responsabilidade é da juventude dos seus docentes, “primeiro em termos de idade, mas agora especialmente a nível intelectual. Mantêm um nível de actualização e de actividade muito grande”, assegura.

O DETI é um dos maiores Departamentos da Universidade de Aveiro, em termos de número de alunos, número de docentes (em 2006/07 eram 95, 80% dos quais doutorados) e quantidade de investigação. Está instalado num edifício com cerca de

mil metros quadrados, destinado essencialmente a actividades pedagógicas, mas há que contabilizar também as instalações do IT e do IEETA.

Ligação à indústria e ensino de futuro“A criação do Departamento de Electrónica da UA e do seu primeiro curso constituíram uma ruptura em relação àquilo que era a formação tradicional em Engenharia Electrotécnica em Portugal”, afi rma o Prof. José Carlos Pedro. Isto porque se apostou tudo nas áreas da electrónica, telecomunicações e computadores, em detrimento das chamadas correntes fortes, ou seja, a geração, distribuição e consumo de energia eléctrica. “Produziu-se um curso inovador, com excelente aceitação e docentes atentos ao mercado e à forma como a ciência ia evoluindo”, sublinha. O professor considera que o Mestrado Integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações está entre os três melhores do país, algo que “é comprovado pelas avaliações”. Quanto ao Mestrado Integrado em Engenharia de Computadores e Telemática, o docente considera que a UA foi mais uma vez inovadora, porque “em vez de criar um curso de informática nos moldes tradicionais”, os seus responsáveis anteviram que o futuro estaria “na comunicação entre computadores, que não seria muito diferente das telecomunicações digitais”, pressupondo a integração de voz, dados e imagem. Esses componentes foram integrados sob um chapéu com o nome de telemática. “Começámos bem, continuamos bem e estamos bem”, afi rma, em resumo.

A ligação à indústria nacional e internacional é outro dos pontos de honra do Departamento, que procura também garantir aos alunos a hipótese de terem formação no estrangeiro, nomeadamente através da divulgação de programas como o Sócrates-Erasmus. “Essa exposição obriga-nos a actualizarmo-nos mais e a refl ectir isso nos programas das disciplinas”, esclarece. O ensino

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Quanto aos doutoramentos, leccionam-se quatro: Engenharia Electrotécnica, Engenharia Informática, Telecomunicações e Ciência de Computadores. Os dois últimos cursos resultam de uma parceria entre as universidades do Minho, Aveiro e Porto, adoptando por isso o acrónimo MAP.

O mestrado integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, com um numerus clausus actual de 105 alunos, pode ainda ser considerado a âncora do Departamento. A licenciatura que deu lugar ao actual mestrado foi a primeira a ser oferecida pelo DETI e conta agora com mais de 30 anos. O curso de Engenharia de Computadores e Telemática oferece 65 vagas. Vários ajustes e reestruturações foram periodicamente efectuados nos planos curriculares, tendo a última evolução sido fi nalizada em 2007/08, para uma total adaptação ao modelo de Bolonha.

Do DETI continuam a sair novas fornadas de investigadores e profi ssionais de grande sucesso. Parece ser esse o destino de Ricardo Matos, o melhor aluno do Mestrado Integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações, com a média de 18,2 valores. Actualmente a frequentar o 5º ano do curso, o estudante faz um balanço do que aprendeu: “Os professores, para além de darem as aulas, estão muito ligados aos institutos de investigação e seguem a vanguarda, por vezes os programas até mudam de ano para ano. Para além disso, tentam aliciar-nos para a investigação”, afi rma. E o IT e o IEETA estão ao virar da esquina.

distinção que o Prof. José Carlos Pedro imputa à “excelência do trabalho de investigação” e a “razões históricas”.

O responsável destaca as áreas de redes ópticas, redes de telecomunicações e comunicações sem fi os e móveis como as mais nobres do IT, distinguindo a electromedicina e o processamento de sinal no IEETA. “A Nokia Siemens Networks, por exemplo, tem uma ligação fortíssima connosco, devido aos nossos conhecimentos em comunicações ópticas. Há aqui inequívoco reconhecimento internacional e pessoas conhecidas a nível mundial”.

Cursos de A a ZApós a adaptação dos seus cursos ao modelo de Bolonha, o DETI oferece actualmente dois mestrados integrados (o que representa uma formação de 3+2 anos), em Engenharia Electrónica e Telecomunicações e Engenharia de Computadores e Telemática, para além de uma licenciatura em Tecnologias e Sistemas de Informação e os cursos de 2º ciclo (mestrados) Genómica e Bioinformática (em conjunto com o Departamento de Biologia) e Engenharia e Automação Industrial (em conjunto com o Departamento de Engenharia Mecânica). Uma aposta num ensino “sólido”, diz o Prof. José Carlos Pedro.

Na oferta formativa há ainda um curso muito especial: o Master of Science in Information Networking (MSIN). Trata-se de uma iniciativa conjunta da Universidade de Aveiro e da Carnegie Mellon University (CMU), nos EUA, com a duração de 16 meses. É uma alternativa intensiva aos convencionais cursos de Ciências de Computação e Redes de Informação, com base no programa oferecido pela CMU nas suas instalações em Pittsburgh. A entrada neste curso obedece a uma rigorosa selecção, mas os candidatos aprovados são premiados com uma formação de topo.

prático é outra das bandeiras, já que os alunos podem trabalhar em laboratórios devidamente equipados: “Temos do melhor que o país tem e não estamos nada mal em relação a laboratórios estrangeiros que conheço”, avalia o Presidente do Conselho Directivo do DETI. De referir ainda que os alunos de pós-graduação dispõem do mesmo equipamento que os investigadores.

Na vanguarda das telecomunicaçõesAlinhadas com o Departamento – responsável pelo ensino –, funcionam duas Unidades de Investigação, o Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA) e o pólo de Aveiro do Instituto de Telecomunicações (IT), cujas actividades são, essencialmente, asseguradas por docentes e investigadores ligados ao DETI. No entanto, as diferentes áreas não têm uma separação rígida: na formação pós-graduada (mestrados e doutoramentos), “o ensino e a investigação misturam-se e complementam-se”, explica o Prof. José Carlos Pedro. Por isso, “os trabalhos de dissertação de mestrado e os de tese de doutoramento são feitos no IT ou no IEETA”. No que toca à investigação, são estas duas unidades que concentram quase toda a actividade. O IT, que resulta da associação de cinco instituições com experiência em investigação e desenvolvimento, e cuja actividade se desenvolve em três pólos (Aveiro, Coimbra e Lisboa), merece mesmo o estatuto de Laboratório Associado, ou seja, é reconhecido pelo Estado como o melhor do país nesta área. Ambos os institutos foram classifi cados com “Muito Bom” na última avaliação externa.A investigação em telecomunicações (entendidas num sentido lato, como sistemas de informação ou comunicações) tem vindo a assumir particular relevo no DETI, já que a UA, no âmbito do seu planeamento estratégico, decretou esse campo de estudos como uma das quatro áreas de investimento prioritário. Uma

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Percurso premiadoO Prof. José Carlos Pedro, Presidente do Conselho Directivo do DETI, é um dos exemplos da formação de excelência do Departamento e da dedicação à causa da UA. Trata-se de um verdadeiro homem da casa: entrou na universidade em 1980, para cursar Engenharia Electrónica e Telecomunicações (terminou o curso com a média de 17 valores), e nunca mais abandonou a instituição. Doutorou-se em Engenharia Electrotécnica, em 1993, com “Distinção e Louvor”, e recebeu o auxílio da Universidade Politécnica de Madrid para a sua tese. “Estive sempre com um pé cá e um pé lá, mas depois criei o meu próprio grupo (Grupo de Circuitos e Sistemas para Comunicações sem Fios, integrado no IT), que agora é bem estabelecido e bastante forte cientifi camente”, descreve. Depois de terminar a sua licenciatura, em 1985, começou a carreira académica na UA, como assistente estagiário. Hoje é Professor Catedrático, o nível mais elevado antes da Jubilação. Já participou e liderou vários projectos de investigação, é autor de um livro de publicação internacional e de mais de 150 artigos no campo dos dispositivos não lineares. Entre as distinções que já recebeu, contam-se o prémio de jovem cientista da Marconi, em 1993, e o Measurement Prize da Institution of Electrical Engineers (IEE), em 2000. Como curiosidade, refi ra-se que é citado no “Marquis Who’s Who in The World”, uma gigantesca base de dados das personalidades mais infl uentes do mundo.Mas talvez o maior reconhecimento para este cientista nascido em Espinho, em Março de 1962, tenha sido a distinção com o título de Fellow Member pela mais reputada organização internacional na área de engenharia electrotécnica, o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). Para esta nomeação foram decisivos os seus contributos na área da análise da distorção não linear dos dispositivos e circuitos de radio-frequência, RF, e microondas. Este é um campo de investigação científi ca que tem vindo a ganhar importância na concepção dos modernos sistemas de comunicações sem fi os. Segundo o IEEE, as contribuições deste especialista para o mundo da electrónica de microondas têm sido fora do comum. Ser Fellow Member do IEEE é uma das mais prestigiadas honras desta instituição, reservada aos que contribuem, em benefício da humanidade e da profi ssão, para o progresso das tecnologias e ciências eléctricas e de informação. Respondendo a critérios de grande exigência, o número de membros do IEEE que ascendem a Fellow por ano é, no máximo, de um em cada 1000 do total de membros votantes. Em Portugal, apenas cinco investigadores têm o privilégio de ostentar o título.

Exemplos de investigação ligada ao DETI SUIT – Alta defi nição a 200 à horaUm grupo de investigadores europeus e israelitas, liderado pelo IT Aveiro e fi nanciado pela Comissão Europeia, está a desenvolver uma inovadora plataforma de telecomunicações móvel para terminais em movimento, através da combinação de duas redes sem fi os. O projecto chama-se SUIT (Scalable, Ultra-fast and Interoperable Interactive Television) e o objectivo é que seja possível ver televisão, em alta defi nição, num meio de transporte a 200 quilómetros por hora. Pretende-se ainda possibilitar o acesso à Internet e a video on demand. Os testes já realizados foram muito positivos, confi rma o Prof. António Navarro, coordenador do projecto e docente da UA, e a tecnologia pode até já ser uma realidade à data de lançamento desta edição da “Linhas”.

FC Portugal – Tricampeão do mundo em futebol… robótico!O projecto FC Portugal é uma parceria entre a UA e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em que o objectivo é o estudo de metodologias de coordenação em sistemas multi-agente com aplicação preferencial na área da Robótica Simulada. Trocado por miúdos: “Como fazer com que vários robôs cooperem entre si de forma a executarem de forma efi ciente e efi caz tarefas colectivas complexas?”. Como domínios de aplicação foram seleccionadas as competições de futebol robótico simulado do RoboCup (um dos mais importantes encontros técnico-científi cos a nível mundial na área da robótica móvel) e as Operações de Socorro e Salvamento simuladas, também no âmbito do mesmo evento.A equipa FC Portugal participou em todos os eventos mundiais do RoboCup desde 2000 e os resultados competitivos são excelentes, pois foi três vezes campeã mundial e quatro vezes campeã europeia, tendo também um título europeu na modalidade de Operações de Socorro e Salvamento simuladas. Desta investigação resultaram cerca de 40 publicações científi cas e foram aprovados três projectos de investigação fi nanciados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

ALERT – Mais de 30 milhões de registos de doentes passados a pente fi noA Universidade de Aveiro, através do IEETA, é parceira no projecto ALERT, que pretende explorar registos electrónicos de mais de 30 milhões de pacientes europeus, de forma a encontrar sinais de efeitos secundários que tenham passado despercebidos na fase de teste dos fármacos. A iniciativa, que usa métodos estatísticos e computacionais, é apoiada pela Comissão Europeia com 4,5 milhões de euros, e o IEETA vai desenvolver nos próximos meses o sistema de informação do projecto. O conjunto de sinais obtidos permitirá melhorar a prescrição médica e será dada especial atenção à detecção de efeitos secundários em crianças.

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MBA internacional As universidades de Aveiro,

Coimbra, Minho e Porto e

o Centro Regional do Porto

da Universidade Católica

criaram um Master in Business

Administration (MBA) de

âmbito internacional.

universidade de aveiro une-se a outras quatro para criar

Com arranque previsto para o próximo ano lectivo, as aulas do «The Magellan MBA» decorrerão nas instalações da EGP-UPBS, no Porto, e serão totalmente leccionadas em inglês, por professores das cinco instituições nacionais e dos seus dois parceiros internacionais: a London Business School e o Instituto de Empresa (Espanha), escolas que proporcionam dois dos mais conceituados MBA’s do mundo.

Dada a vocação internacional do Magellan MBA, pretende-se atrair candidatos de vários países e regiões, especialmente os do Norte da Península Ibérica, com habilitação superior ou equivalente e perfeito domínio da língua inglesa. O seu perfi l deve corresponder a requisitos exigentes: quadros médios e superiores, com idades entre os 28 e os 35 anos e com uma experiência média profi ssional de oito anos, conscientes de que, adquirindo novas competências, podem vir a abrir novos horizontes nas suas carreiras.

O Magellan MBA está estruturado para permitir que os estudantes adquiram competências de direcção em áreas funcionais como o marketing, a estratégia, a contabilidade, as fi nanças, os recursos humanos e as operações, sem esquecer as competências individuais em áreas relacionadas

com a comunicação interpessoal, a liderança e a negociação.

The Magellan MBA é o primeiro resultado de um protocolo de colaboração que os reitores das cinco universidades assinaram em Maio, em Coimbra. O acordo prevê ainda a criação posterior de um programa doutoral conjunto sob a designação de DBA – “Doctor in Business Administration”.

A Universidade de Aveiro participa neste projecto com elevado empenho pois “trata-se de uma formação global numa perspectiva empresarial, aparecendo como uma oportunidade de aproximar as escolas de gestão participantes entre si e com as empresas, desenvolvendo claramente um curso para as empresas e com as empresas, formando quadros num ambiente de intensa internacionalização”, afi rma o Prof. Borges Gouveia, acrescentando que “para o Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro é mais uma oportunidade de aumentar o seu relacionamento com parceiros de grande prestígio, alunos, universidades e empresas.”

As candidaturas terminam a 30 de Junho.Mais informações: http://www.magellanmba.com

Linhas junho ‘08

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Universidade estuda edifi cado do centro histórico de Aveiro

Alunos e investigadores do Departamento de Engenharia Civil da UA têm vindo a colaborar com a Câmara Municipal de Aveiro (CMA) no estudo do edifi cado do centro histórico da cidade. O objectivo, através da análise dos edifícios, é promover a reabilitação do património como uma hipótese viável, sensibilizando assim potenciais intervenientes. A colaboração entre a Universidade e a CMA tem-se processado de forma dinâmica: a autarquia alerta os investigadores acerca de oportunidades de estudo e requer pareceres, mas também acolhe propostas. Por exemplo, a edilidade requisitou o auxílio do Departamento de Engenharia Civil na reabilitação da cobertura da zona do altar da Sé de Aveiro e do Museu de Aveiro, ao mesmo tempo que proporcionou duas situações de demolição controlada, em 2007.

“Não se pode reabilitar sem conhecer o existente”, afi rma o professor da UA, Aníbal Costa, um dos coordenadores desta parceria. Através destes estudos, pretende-se desenvolver técnicas e conhecer os materiais usados, permitindo assim a realização de obras económicas e efi cazes.

A autarquia acedeu também a que alunos da cadeira de Patologia das Construções (leccionada pelo Prof. Aníbal Costa) estudassem construções na zona da Avenida Lourenço Peixinho, avaliando-as. Dessa forma, fi cam desde já disponíveis estudos sobre essas habitações, nomeadamente em termos de estruturas e materiais. Está também em desenvolvimento uma tese de Mestrado que irá juntar todos os dados recolhidos, de forma georeferenciada. No futuro, a investigação poderá dar origem a que, no sítio da CMA, se possam visualizar as fi chas completas das casas.

REDEmat e REDEbio uniram milhares de alunos de Portugal e Moçambique

Iniciativa do Projecto Matemática Ensino (PmatE) da Universidade de Aveiro, a 3ª Edição da REDEmat (Competição Nacional de Matemática à Distância, para todos os ciclos de ensino) e a 2ª Edição da REDEbio (Competição Nacional de Biologia à Distância, para o 1º Ciclo do Ensino Básico e Secundário) reuniu em Março, em rede, perto de 9 mil alunos de 151 Escolas dos distritos de Aveiro, Beja, Braga, Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Guarda, Leiria, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo, Vila Real, Viseu, Madeira, Açores, e ainda de Moçambique.

O desafi o proposto aos jovens participantes era simples: ultrapassar vinte níveis no menor tempo possível, respondendo correctamente às questões de matemática escolar que iam aparecendo nos vários ecrãs. Duas vidas por nível, uma difi culdade gradual e a não repetição de perguntas foram os ingredientes que tornaram estas competições num forte estímulo para a aprendizagem da Matemática.

Construídas com o empenho e dedicação de centenas de professores e milhares de alunos, estas competições permitem desenvolver o cálculo mental, dinamizar actividades inter-turmas e inter-escolas, e utilizar o computador na aprendizagem.

UA associa-se a outras universidades para formar doutorados em Nanomedicina

A Reitora da Universidade de Aveiro assinou, em Janeiro, um protocolo de cooperação em Nanomedicina com as universidades portuguesas do Porto e Minho e as galegas da Coruña, Santiago de Compostela e Vigo. O objectivo é criar um programa de pós-graduação, ao nível de doutoramento, ainda em 2008.

A Cooperação Portugal – Galiza para a formação de doutorados em Nanomedicina conta já com a adesão de 18 instituições portuguesas de investigação e desenvolvimento tecnológico, entre as quais 10 Laboratórios Associados, e está aberta à colaboração de outras instituições, empresas e centros de investigação que se proponham contribuir, de forma relevante para os seus objectivos, e muito particularmente colaborem com o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL). A Universidade de Aveiro participa na iniciativa com três Laboratórios Associados – o Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos (CICECO), o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), o Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação (I3N) – e duas unidades de investigação – Química Orgânica, Produtos Naturais e Agro-alimentares (QOPNA) e o Centro de Tecnologia Mecânica e Automação (TEMA).

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nascem na ua

Um conjunto de meios facilitadores de um primeiro contacto com

o mercado de trabalho é, por vezes, o empurrão necessário para

a criação de um projecto e o início de uma caminhada rumo ao

sucesso. Com esse objectivo, a UA criou, em 1996, uma estrutura

que visa fomentar o empreendedorismo junto de alunos, antigos

alunos, investigadores e docentes da Universidade. Gerida pela

GrupUnave desde 1999, a Incubadora de Empresas da Universidade

de Aveiro alberga actualmente 10 empresas. A Biodevices, a

Cogninvest e a iWorks são três delas. Saiba o que fazem.

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empreendedores sucessode

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junho ‘08Linhas 48 4948 empreendedores de sucesso

Biodevices vestuário inteligente

O vestuário inteligente é algo cada vez mais real, mas a Biodevices, uma spin-off do Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática de Aveiro (IEETA), constituída em Janeiro de 2007, deu mais um passo rumo ao futuro. Após cerca de quatro anos de desenvolvimento, as primeiras unidades do sistema Vital Jacket, 500 t-shirts em versão desportiva, chegaram fi nalmente ao mercado, em Maio. Quem as veste pode visualizar a sua onda cardíaca em tempo real e com qualidade médica, num PDA, ou armazenar os dados num cartão de memória, através de uma pequena placa incluída na camisola. Para além disso, apenas é preciso colar três eléctrodos no corpo.

O mediatismo do produto tem sido grande em Portugal, mas o interesse também desponta no estrangeiro. O Vital Jacket fez sucesso em Abril, na quinta edição da Techtextil North America, feira dedicada a

Imagine peças de vestuário

aparentemente vulgares, mas

que lhe permitem monitorizar

vários sinais fi siológicos, desde

a temperatura ao ritmo cardíaco.

O sistema já é uma realidade

e chama-se Vital Jacket. Foi a

Biodevices, que tira partido de

vários protótipos “made in UA”,

que o concebeu.

têxteis inteligentes: “projectámos o electrocardiograma em tempo real, na parede, e as pessoas faziam fi la à porta do stand para falarem connosco, foi surreal”, descreve Luís Meireles, um dos sócios da Biodevices. Depois de obter a devida certifi cação, o sistema deve ser incorporado em várias peças de vestuário, com a possibilidade de recolha de muitos outros dados clínicos.

Actualmente, a empresa apresenta mais três produtos no seu portfolio, entre os quais o CAPView, software para análise de vídeos de endoscopias que está prestes a chegar ao mercado especializado. Mas o “ponta de lança” (e único artigo dirigido ao consumidor comum) é o Vital Jacket, que está, para já, a caminho dos mercados americano e austríaco.

A Biodevices nasceu com base na longa experiência e tradição em instrumentação biomédica e telemedicina dos grupos de investigação e desenvolvimento do IEETA. Após vários protótipos, testados com sucesso em vários hospitais e clínicas, os principais promotores deste projecto entenderam que estavam reunidas as condições para a divulgação e comercialização dos produtos. “Há muito tempo que se falava na hipótese de pegar nos protótipos do Prof. João Paulo Cunha (investigador do IEETA e um dos sócios da empresa), convertê-los em produtos e de uma vez por todas comercializar aquilo que é tecnologia nacional e de ponta”, revela Luís Meireles.

Apesar da presença da Biodevices na Incubadora de Empresas ser virtual (ou seja, sem presença física), o responsável não deixa de elogiar a estrutura que, diz, “funciona mesmo” e o papel da Universidade de Aveiro: “Houve uma grande abertura da universidade. Temos um modelo de gestão diferente de qualquer outro que tem aparecido, ligado ao benchmarking”, salienta.

Ficha técnica

Biodevices, Sistemas de Engenharia Biomédica, S.A.

sede

Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

Pavilhão 1 – Campus Universitário de Santiago

3800-193 Aveiro

tlf. (+351) 234 380 300

escritórios

Rua 5 de Outubro, 309

4150-175 Porto

tlf. (+351) 220 902 540

fax (+351) 220 165 492

[email protected]

www.biodevices.pt

sócios

· Luís Meireles › 31 anos, licenciado em

Microbiologia e doutorado em Biotecnologia

pela Escola Superior de Biotecnologia da

Universidade Católica do Porto

· João Paulo Cunha › 39 anos, Professor

Associado do Departamento de Electrónica,

Telecomunicações e Informática da UA

· Instituto de Engenharia Electrónica e

Telemática de Aveiro/UA

· Diligence Capital, SGPS

património no arranque da empresa

A Biodevices arrancou com um capital social de

50.000 euros

previsão de facturação em 2008

Cerca de 500.000 euros

apoios/fi nanciamento

A empresa conseguiu um fi nanciamento de

70.000 euros por parte da iniciativa NEOTEC

(Novas Empresas de Base Tecnológica)

conselhos-chave a novos empreendedores

› Encontrar uma ideia sólida e os parceiros certos

› Ser persistente: não desistir nem desanimar

› Trabalhar muito, para que a sorte apareça

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iWorksa segurança nas alturas

Em Portugal, a queda em altura

é a maior causa de morte

laboral. A iWorks dedica-se ao

desenvolvimento de soluções

de engenharia e segurança no

trabalho, sendo especializada

na diminuição do risco de queda

em altura.

A par da formação académica (em Engenharia Electrónica e Telecomunicações e Engenharia do Ambiente), os sócios da iWorks sempre estiveram ligados a actividades desportivas em meio vertical, como a escalada e a espeleologia. Foi aí que nasceu a sensibilidade para o risco de queda em altura em contexto de trabalho, característica que, aliada à formação recebida na Universidade de Aveiro, deu origem à criação da empresa. A iWorks posiciona-se como um fornecedor global de soluções de segurança no trabalho, com um enfoque nas actividades realizadas em altura.

A inspiração inicial surgiu a partir de actividades desportivas, mas as técnicas de trabalho e os equipamentos de protecção evoluíram muito. “Hoje em dia, um trabalhador em altura não tem de ser um alpinista, e o contrário também não se verifi ca”, afi rma Ricardo Rodrigues, um dos três sócios da empresa (juntamente com Carlos Alheiro e Rui Alheiro).A experiência na área da segurança antecede a constituição da iWorks, em Julho de 2006. Os três fundadores desenvolveram diversas acções de formação para empresas de telecomunicações e de construção, o que lhes permitiu identifi car um nicho de mercado com lacunas de oferta e qualidade de serviços. Os números negros da sinistralidade laboral – em 2007, morreram 47 pessoas em Portugal por queda em altura, de um total de 160 mortes em ambiente de trabalho – justifi cam o trabalho da iWorks, que apoia as suas actividades em standards internacionais, mais específi cos que a legislação nacional.Instalada na Incubadora de Empresas da UA desde Setembro de 2007, a iWorks apresenta uma oferta de serviços diversifi cada: dinamiza planos de formação (privilegiando a simulação de contexto real de trabalho), faz campanhas de segurança e de revisão de Equipamentos de Protecção Individual (designados por EPI) e presta serviços de consultoria em segurança, entre outras actividades.A iWorks tem uma grande preocupação em analisar a realidade

de cada empresa e em desenvolver soluções que correspondam às suas necessidades, contribuindo não só para o aumento da segurança como para o aumento da produtividade. As quatro áreas prioritárias da sua intervenção são as telecomunicações, indústria, energias e construção civil. Entre os seus clientes estão empresas de peso, como a Vodafone, a Eurico Ferreira e a Nokia Siemens Networks.

Ficha técnica

iWorks – Soluções de Engenharia, Lda.

Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

Pavilhão 1 – Campus Universitário de Santiago

3800-193 Aveiro

tlf. (+351) 234 380 308

fax (+351) 234 401 529

tlm. (+351) 966 373 592

[email protected]

http://www.iworks.pt/

sócios e respectiva formação

· Carlos Alheiro › 31 anos, formação em

Engenharia Electrónica e Telecomunicações na UA

· Ricardo Rodrigues › 33 anos, licenciado em

Engenharia do Ambiente pela UA

· Rui Alheiro › 27 anos, licenciado em Engenharia

Electrónica e Telecomunicações pela UA

património no arranque da empresa

5001 euros

apoios/fi nanciamento

A empresa recebeu o apoio do Instituto do

Emprego e Formação Profi ssional para a

concretização de um estágio profi ssional

conselhos-chave a novos empreendedores

› Estudar bem o mercado e procurar

oportunidades e diferenciação

› Arrancar com passos seguros e

investimentos cautelosos

› Procurar a excelência e acreditar, porque

podemos ser pequenos, mas bons no que fazemos

junho ‘08Linhas 50 5150

Cogninvestcria novas oportunidades turísticas

Cerca de 11 por cento do PIB

português provém do Turismo,

que está defi nido como um

sector estratégico pelo Governo.

A Cogninvest, constituída em

2005, opera na defi nição e

desenvolvimento de projectos

para terceiros.

“Em 2008, queremos arrancar com mais força”. É com este espírito que José Mendes, um dos dois sócios da Cogninvest, aborda a actividade da empresa, que se dedica à consultoria pura e dura em Turismo. Nesse sentido, acompanha pequenas empresas na área da restauração e do alojamento, para além de autarquias, auxiliando-as no desenvolvimento dos seus projectos, em termos de estratégia, modelo de negócio, marketing e planos de formação. A actividade da sociedade abrange ainda a execução de estudos de mercado (analisando, por exemplo,

potenciais vantagens competitivas face à concorrência) e a elaboração de candidaturas a programas de incentivo, como o tão falado QREN.

A Cogninvest pretende diferenciar-se pelo apoio à operacionalização, ou seja, por manter relações duradouras e estáveis com os seus clientes: “Muitas vezes, as empresas fazem estudos de base que dizem ‘devem praticar um preço por prato de x porque os seus concorrentes fazem y’, mas depois esgota-se aí a relação de acompanhamento. Nós também queremos apoiar o cliente na execução do plano”, explica José Mendes. Um dos projectos que a empresa tem em mãos, numa parceria com a Câmara Municipal de Sever do Vouga, estuda a requalifi cação das margens do rio Vouga, por forma a projectar equipamentos que possam candidatar-se a um apoio do Turismo de Portugal.

A Cogninvest opera desde 2005, mas apenas entrou na esfera da Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro no fi nal de 2006, através do concurso “Incuba-te”. O projecto apresentado, que conquistou o terceiro lugar (premiado com 1250 euros em serviços da incubadora), consistia na recuperação de aldeias históricas, reorientando-as para o turismo, e está ainda em curso. Apesar de não partilhar a base tecnológica da maioria dos inquilinos da estrutura, os responsáveis da Cogninvest sentem-se confortáveis com a integração (em regime de incubação virtual), elegendo os “custos baixos dos serviços” prestados como um factor essencial para o lançamento da empresa.

Para além de José Mendes, actualmente integrado no Grupo de Investigação na Área do Turismo da Universidade de Aveiro (giTUA), a Cogninvest tem um outro sócio: Pedro Carvalho, coordenador do departamento económico da Associação da Restauração e

Similares de Portugal, em Lisboa. Para o investigador do giTUA, a distância até é “benéfi ca”, já que a presença de um parceiro em Lisboa, “junto dos centros de decisão”, é importante. De resto, a dupla tem como ponto forte uma extensa carteira de contactos, obtida no âmbito de uma experiência profi ssional conjunta no extinto Observatório do Turismo e na Direcção Geral do Turismo.

Ficha técnica

Cogninvest – Consultores, Lda.

Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro

Pavilhão 1 – Campus Universitário de Santiago

3800 – 193 Aveiro

tlf. (+351) 234 380 300

fax (+351) 234 421 748

[email protected]

www. cogninvest.pt

sócios

· José Mendes › 30 anos, licenciado em Gestão e

Planeamento em Turismo pela UA

· Pedro Carvalho › 30 anos, licenciado em

Gestão e Planeamento em Turismo pela UA

património no arranque da empresa

Equipamento informático para desenvolvimento

da actividade

previsão de facturação em 2008

70.000 euros

apoios/fi nanciamento

A Cogninvest não recorreu a qualquer incentivo

conselhos-chave a novos empreendedores

Apenas uma nota e um ensinamento.

Nota: presistência vence resistência.

Ensinamento (sete coisas): estudar, estudar,

estudar, trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar.

empreendedores de sucesso

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O n.º 4 da Série Propostas dos Cadernos do LALE (Laboratório Aberto para a Aprendizagem de Línguas Estrangeiras), intitulado “Imagens das línguas e do plurilinguismo: princípios e sugestões de intervenção educativa”, apresenta, a partir de uma breve caracterização da sociedade portuguesa no que respeita às línguas, os principais resultados da investigação realizada pela equipa LALE, bem como as suas implicações para uma intervenção educativa valorizadora das línguas e dos seu falantes.Coordenada pelas professoras Ana Isabel Andrade, Maria Helena Araújo e Sá e Gillian Moreira, a obra apresenta, numa primeira parte, uma breve descrição do projecto no seu contexto sócio-linguístico e educativo mais alargado no qual se desenvolveu e que o impulsionou, isto é, a sociedade portuguesa na sua diversidade linguística e cultural, com incidência na escola, e, numa segunda parte, uma descrição e argumentação de princípios sustentadores de uma intervenção educativa orientada para a valorização da diversidade linguística e cultural, entendida como elemento de uma educação para uma cidadania mais responsável e participada.Estes princípios são ilustrados com propostas concretas que podem ser mobilizadas em espaços diferenciados de educação linguística, nomeadamente situações formais de ensino/aprendizagem, situações de formação de professores e outros contextos educativos.

Edição Universidade de AveiroCoordenação Ana Isabel Andrade e Maria Helena Araújo e Sá, docentes no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA, e Gillian Moreira, docente no Departamento de Línguas e Culturas da UAISBN 9789729931437Ano 2007

Imagens das línguas e do plurilinguirismo: princípios e sugestões de intervenção educativa

Educação e trabalho. Representações, competências e trajectórias

“Partidos e Democracia em Portugal” é um estudo “importante e revelador, o primeiro, que avalia o desenvolvimento do sistema partidário português após o 25 de Abril no contexto comparativo europeu, utilizando para tal as ferramentas analíticas da ciência política de forma criteriosa”. Como tal, deve ser “leitura obrigatória para aqueles que procuram prescrições eleitorais ou institucionais”, como refere o Prof. David Goldey, da Universidade de Oxford.Da autoria do Prof. Carlos Jalali, docente da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro e director do curso de Mestrado em Ciência Política desta Universidade, este livro fornece uma interpretação pioneira dos partidos políticos em Portugal, desde 1974. Nele se examina a evolução dos padrões de competição e cooperação partidária, assim como as características do sistema político português que potencialmente infl uenciam o sistema partidário, como o regime eleitoral, o semi-presidencialismo, e a natureza, os antecedentes e as bases de apoio dos partidos. Na medida em que os sistemas partidários são fundamentais para a democracia, o livro dá bases fundamentais para a uma melhor compreensão do sistema político português e da qualidade da democracia nacional.

Edição Imprensa de Ciências SociaisAutoria Carlos Jalali, docente da Secção Autónoma de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas da UAISBN 9789726712077Ano 2007

Partidos e democracia em Portugal – 1974-2005

Decorrente de estudos levados a cabo por investigadores de diversos países, nomeadamente do Brasil, de Espanha, de França e de Portugal, o livro que agora se publica pretende confi gurar-se como um meio de troca de experiências de estudos sobre as relações entre educação/formação, inserção e trajectórias profi ssionais, bem como sobre as representações sociais respeitantes a esse processo. A sua estrutura integra artigos sobre representações sociais na educação, formação e trabalho, competências profi ssionais e trajectórias de inserção no mercado de trabalho, focando as relações entre as crenças nas possibilidades de intervenção e transformação do mundo do trabalho, com base na educação, que traduzem representações sociais de educadores, professores, empresários, pais, estudantes e formadores. Apresenta, ainda, uma refl exão sobre a oferta/procura de educação/formação, tendo-se em conta a crescente complexidade dos processos sociais, de trabalho e as mudanças que aí estão a ocorrer condicionadas pela globalização, evolução cientifi ca e tecnológica, reorganização das empresas e processos de trabalho.

Edição Universidade de AveiroOrganização Luís Pardal e António Martins, docentes no Departamento de Ciências da Educação da UA, Clarilza de Sousa e Vera Placco, docentes na Universidade Católica de São Paulo e Ángel del Dujo, docente na Universidade de Salamanca ISBN 9789728283322 Ano 2007

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Da autoria de Lola Geraldes Xavier, investigadora no Centro de Investigação de Línguas e Culturas da UA, “O Discurso da Ironia” é um estudo que pretende destacar o papel da ironia na actualidade, através de uma perspectiva transdisciplinar, relacionando a literatura, enquanto produto social, com os campos de intervenção histórica, social, cultural e ideológica.A obra aborda as literaturas angolana, brasileira, moçambicana e portuguesa, incidindo em escritores como Pepetela (“O Cão e os Caluandas” e “A Gloriosa Família”), João Ubaldo Ribeiro (“Viva o Povo Brasileiro” e “O Feitiço da Ilha do Pavão”), Mia Couto (“O Último Voo do Flamingo” e “Um Rio Chamado Tempo uma Casa Chamada Terra”) e António Lobo Antunes (“As Naus” e “O Manuel dos Inquisidores”).“O Discurso da Ironia” é o resultado da reformulação, com vista à publicação, da tese de doutoramento de Lola Geraldes Xavier, orientada pelos professores António Manuel Ferreira (Universidade de Aveiro) e Pires Laranjeira (Universidade de Coimbra) e defendida a 30 de Janeiro de 2007, na UA. O livro concorreu ao “Programa de Apoio Edição”, do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento, em Março de 2007, tendo recebido a comparticipação máxima para publicação. A obra começa agora a ser distribuída a nível nacional.

Edição Novo ImbondeiroAutoria Lola Geraldes Xavier, investigadora no Centro de Investigação de Línguas e Culturas da UAISBN 9789728102753 Ano 2008

O discurso da ironia

O digibook – um tríptico composto por dois DVD Rom e por notas informativas sobre os oito programas que compõem a série de divulgação científi ca e cultural, exibida na RTP Madeira entre Maio e Julho de 2007 – aborda diferentes temáticas no domínio das Geociências do Arquipélago da Madeira, cumprindo o objectivo de divulgar, informar e realçar as diferentes especifi cidades da geodiversidade do arquipélago para deste modo contribuir para a formação de cidadãos mais entendidos, responsáveis e intervenientes. Da autoria e com apresentação de João Baptista Pereira Silva (licenciado em Engenharia Geológica, Doutor em Geociências pela UA e assim como membro investigador no Centro de Investigação Minerais Industriais e Argilas da Universidade de Aveiro), o DVD Rom Duplo contém os oito programas da série que abordam a formação e evolução geológica do arquipélago da Madeira, a pedra natural do arquipélago da Madeira, a calçada Madeirense: bordados de pedra a preto e branco, a doença da Pedra e o Restauro do Património, o património geológico da ilha da Madeira: cultura, turismo e meio ambiente, o património geológico da ilha do Porto Santo: cultura, turismo e meio ambiente, as grutas Vulcânicas de São Vicente e Porto Santo: Resort de saúde natura.

Edição RTP Madeira e Madeira Rochas Divulgação Científi cas e CulturaisAutoria João Baptista Pereira Silva, licenciado em Engenharia Geológica e Doutor em Geociências pela UA e membro investigador no Centro de Investigação Minerais Industriais e Argilas da UAAno 2008

Digibook “O tempo escrito nas rochas”

publicações

publi

caçõ

es

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“Entre vozes e imagens” é o título do livro da autoria da antiga aluna da Universidade de Aveiro, Anabela Dinis Branco de Oliveira, que projecta a presença inequívoca do cinema na memória estética do escritor e a indiscutível relação dialógica entre literatura e cinema.Resultado da pesquisa efectuada pela autora para a sua tese de doutoramento, a obra analisa a projecção da polifonia romanesca no seu paralelismo com o texto fílmico, a objectivação, no narrador, de um olhar inevitavelmente cinematográfi co e a fundamentação de uma dualidade estética inerente ao estudo da imagem literária e da imagem cinematográfi ca.Na inevitabilidade dialógica deste olhar, a estrutura polifónica do romance português (1970-1990) constrói-se, literariamente, na simbiose entre vozes romanescas e imagens cinematográfi cas, e confere à Imagem o poder máximo da existência intelectual e da criação estética. O poder máximo da criação artística, o diálogo entre o cinema e a literatura, a suprema forma de liberdade e a projecção literária de duas décadas de um país que se construiu entre vozes e imagens.Anabela Dinis Branco de Oliveira nasceu em Aveiro em 1963. Licenciou-se em Francês--Português (ensino de) na Universidade de Aveiro. É doutorada em Literatura Comparada com a dissertação Romance Português e Polifonia(s) – estudos de narratologia e de cinematografi a (1970-1990). É professora auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro onde lecciona Literatura e Cinema, Cultura Francesa, Análise da Imagem e Atelier de Drama e Cultura.

Edição Publicações Pena PerfeitaAutoria Anabela Dinis Branco de Oliveira, antiga aluna da UAISBN 9789728925468Ano 2008

Entre vozes e imagens Educação e desenvolvimento. Fundamentos e conceitos

Da autoria de Jorge Carvalho Arroteia, docente no Departamento de Ciências da Educação da UA, “Educação e desenvolvimento. Fundamentos e conceitos” pretende recordar os fundamentos e os conceitos relacionados com o desenvolvimento dos sistemas educativos.Neste sentido, serve de roteiro à análise da desenvolução e planeamento, da acção e da política educativa e da sua relação (e dependência), em relação aos fenómenos sociais que os acompanham, entendidos como “totalidades reais em marcha, em movimento permanente”, sendo o elemento vulcânico da realidade social, a origem das erupções desta.Esta obra toma, ainda, em consideração o desenvolvimento de cada indivíduo e de todos os homens, segundo processos que apontam para o conjunto de dimensões do ser humano, tendo presente a disponibilidade e a utilização dos recursos postos à disposição do sistema educativo, reunindo as mesmas unidades e factores na acção educativa, que fazem parte do “novo desenvolvimento”: global, endógeno e integrado. Este trabalho vem juntar uma outra característica a este desenvolvimento, o desenvolvimento sustentado, tendo em consideração a evolução dos sistemas sociais e ambientais e a pertinência da acção pedagógica e educativa na preservação dos equilíbrios societais e naturais, resultantes da exploração incontida destes recursos, da exploração humana e do agravamento das desigualdades sociais.

Edição Universidade de AveiroAutoria Jorge Carvalho Arroteia, docente no Departamento de Ciências da Educação da UAISBN 97897892501Ano 2008

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Representações sociais e estratégias escolares. A voz dos alunos do ensino técnico-profi ssional de Portugal e de Moçambique

Formação, conhecimento e Supervisão. Contributos nas áreas da formação de professores e de outros profi ssionais

publicações

Portfolios refl exivos. Estratégia de formação e de supervisão

Podendo incluir-se numa trilogia de publicações sobre a problemática do ensino técnico-profi ssional (O Ensino Técnico em Portugal e Ensino Técnico em Portugal e no Brasil) que vem sendo desenvolvida pelos autores, este estudo vem acrescentar mais alguns dados empíricos e algumas refl exões sobre os modos como a escola e os públicos que a frequentam organizam e imaginam a sua relação com o mercado de trabalho.Neste sentido, nesta publicação procura identifi car-se linhas de permanência e sentidos de evolução no que se refere às características sociais e escolares das populações que procuram este tipo de ensino. O currículo e as condições materiais da sua concretização, a problemática dos modelos de formação - de banda larga ou orientados para a ocupação de um posto de trabalho defi nido - são também analisados e discutidos neste trabalho. Finalmente, são analisados e problematizados os níveis de satisfação dos alunos e a imagem positiva que refl ectem dos seus professores. Por outro lado, a avaliação que fazem das inter-relações entre a escola e o mundo do trabalho, o modo como vêem a sua inserção na vida activa evidenciam a consciência de um mundo de problemas ainda mal resolvidos.

Edição Universidade de AveiroAutoria António Martins, Luís Pardal e Carlos Dias, docentes no Departamento de Ciências da Educação da UAISBN 97897892617Ano 2008

Os textos que integram o presente volume decorrem da interacção entre as funções de decência, investigação e relação com a sociedade que a autora vem desenvolvendo no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UA e reportam-se a estudos desenvolvidos nos últimos cinco anos. Trata-se, sobretudo, de textos escritos a partir de trabalhos de investigação-acção desenvolvidos no âmbito da supervisão da formação profi ssional, quer de forma sistemática, nesta mesma Universidade com alunos futuros professores do 1º ciclo do Ensino Básico e com alunos futuros educadores de infância, quer de forma pontual na formação permanente de profi ssionais da saúde.Em todos os casos, porém, os textos referem-se a estudos realizados, refl ectidos e ensaiados como estratégias de formação através da investigação-acção e, posteriormente, apresentados em reuniões de carácter científi co no quadro da formação, divulgação e desenvolvimento pessoal e profi ssional nas áreas acima referidas.No seu conjunto, e apesar do carácter específi co que cada texto apresenta em face da diversidade dos seus contextos de produção, desenvolvimento e divulgação, os trabalhos procuram defi nir e sustentar uma coerência que os interliga do ponto de vista epistemológico. Ou seja, admitem um conjunto de pressupostos que os reenviam para a refl exão e questionamento das três grandes áreas assinaladas em título, constituindo um macrotexto, entendido, este, como o resultado da agregação de vários textos, normalmente de defi nição idêntica em termos de género, numa unidade mais ampla, a que se pretende atribuir uma certa coerência.

Edição Universidade de AveiroAutoria Idália Sá-Chaves, docente no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UAISBN 9789727892396Ano 2007

O uso de portfolios em educação constitui uma estratégia que tem vindo a procurar corresponder à necessidade de aprofundar o conhecimento sobre a relação ensino-aprendizagem de modo a assegurar-lhe uma cada vez melhor compreensão e, desse modo, mais elevados índices de qualidade.Este é o tema das refl exões constantes nos textos que integram o presente volume dos Cadernos Didácticos e que se referem a estudos desenvolvidos, no âmbito do trabalho da autora, na área da Supervisão da formação inicial de professores do 1º ciclo do ensino básico e de educadores de infância na Universidade de Aveiro.Trata-se de um conjunto de trabalhos que, através de estratégias de investigação-acção, procuram evidenciar a natureza refl exiva, colaborativa e interpessoal dos processos de construção de conhecimento, através da relação supervisiva, quer na dimensão vertical entre supervisor e supervisandos, quer na, também possível, dimensão horizontal entre formandos.Cada estudo decorre da refl exão partilhada sobre as práticas desenvolvidas nos contextos institucionais de formação e que, sob coordenação e responsabilidade científi ca e pedagógica da autora, congrega os contributos dos professores e educadores cooperantes, na sua qualidade de orientadores da prática pedagógica nas escolas e jardins de infância nos quais esta se realiza, e também dos alunos do último ano dos referidos cursos que nelas se encontram em situação de estágio.

Edição Universidade de AveiroAutoria Idália Sá-Chaves, docentes no Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa da UAISBN 9789727892389Ano 2007

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magna tunahá 15 anos a tirar

Surgiu em 1993, por iniciativa de um grupo de alunos da UA “com o objectivo de fazer da universalidade da música uma forma de relação social entre diversos povos e culturas” e desde sempre assumiu “um compromisso mais forte com a inovação do que com a tradição”. Irreverente e divertida, a Magna Tuna Cartola revolucionou o panorama tunante em Portugal. Em Abril, o auditório da Reitoria da UA recebeu os cartolas no espectáculo “Quinze a zero” que assinalou a comemoração dos 15 anos da Tuna.

Foi em ambiente cinematográfi co que a Magna Tuna Cartola (MTC) se apresentou, a 16 e 17 de Abril, na UA. Do argumento constaram os 15 anos de experiência da tuna mais premiada do país. Interacção, criatividade e inovação foram os ingredientes de um espectáculo feito de metamorfoses. A par da tradicional actuação, como tuna, o grupo apresentou-se em Cartola’s Band, na qual os tons tradicionais foram substituídos por instrumentos eléctricos, SymphonyCartola&Co, a versão sinfónica da tuna e Cartola’s Band Unplugged, a recriação acústica das músicas interpretadas como Cartola’s Band. Um aproveitamento de sinergias e das diferenças dos vários elementos tunantes que tornam a MTC pioneira na criação de novas vertentes musicais, dentro do

troféus da cartola

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habitual conceito de tuna. “Na MTC cada elemento é igual a si próprio, a diferença individual é muito valorizada para que se possa manter a igualdade do grupo”, garantiu o presidente da MTC, Pedro Lourenço.

O compromisso com a irreverência é notório também no modo e nos espectáculos que os cartolas criam quando se apresentam em palco. As gravatas verdes, as cartolas e, mais recentemente, as sapatilhas MTC, uma criação do antigo aluno da UA e estilista CELSUS, compõem a indumentária da trupe que descalça os preconceitos das tradições académicas. “Sentimos necessidade de evoluir para um sapato mais prático e confortável”, até porque na MTC “todos os adereços têm de ser funcionais”.

Já pisaram os maiores palcos nacionais (Coliseus, Centro Cultural de Belém, Aula Magna, Casa da Música) e são presença habitual nos festivais de tunas, realizados pelo país, e nas festas académicas da Universidade de Aveiro. Este ano, e pela primeira vez, a MTC integrou também o cartaz da queima das fi tas de Lisboa.

O repertório é composto por temas originais, aos quais se juntam adaptações livres “muito bem arranjadas e trabalhadas em colaboração com o maestro”, lembrou

cartola

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Pedro Lourenço. A tuna é dirigida por Paulo Neto, cartola, músico de profi ssão e antigo aluno da licenciatura em Música da UA.Os instrumentos utilizados são os convencionais em tuna: guitarras, bandolins, cavaquinhos ou violinos, mas na MTC há sempre espaço para o insólito. Uma orquestra de garrafas ou uma esfregona e um balde de limpeza constituem também a panóplia de sons que tornam cada actuação num espectáculo único “a MTC trabalha sobretudo para divertir o público e quando a plateia aplaude dá-nos motivação extra para continuar”, disse o cartola.

Aos 15 anos, a MTC tem já o conhecimento e a sapiência bem característicos da fase adulta, no entanto “se a adolescência é um tempo de mudanças constantes, vontades diferente e muitas vezes contraditórias, num curto espaço de tempo, a MTC está e quer estar toda a vida na adolescência”, remata o tuno.Parabéns Magna Tuna Cartola!

Quinze anos, quinze músicas

Aos trabalhos discográfi cos “P’ra Aveiro”

e “Provavelmente” junta-se o DVD virtual

comemorativo do 15º, apresentado a 16 de Abril,

no primeiro dos dois concertos esgotados, que

assinalaram a data.

As quinze músicas do espectáculo puderam ser

ouvidas também no palco do Second Café, o

espaço de convívio da ilha da UA no Second Life

e em http://www.tuatv.com que, há semelhança

do auditório da Reitoria, esteve muito concorrido.

A MTC em números

› n.º de elementos da MCT: 130

› n.º de instrumentos: 15 guitarras, 8 bandolins,

4 cavaquinhos, 1 contrabaixo, um bombo,

2 acordeões, muita percussão, 3 grades de

garrafas tocáveis, um dijeridoo de pvc preto

(para não oxidar), 20 pandeiretas incompletas e

1 semi-completa, o Lóbis e 3 Pocu-fones, todos

eles de primeira classe.

› n.º de ensaios semanais: 2 por semana e

3 de aquecimento

› n.º de concertos realizados: 100 concertos,

em 15 anos

› n.º de prémios arrecadados: 173 + 3 se se

contar com o de tuna mais “bebedoura”.

› os outros números: 3 guitarras partidas,

1 guitarra achada no lixo, mas já recuperada

(preta), outra com 2 parafusos no braço.

Apenas 1 cavaquinho funcional, que serve como

ornamento da sala do Lóbis.

20 caloiros deram entrada na MTC, este ano.

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Atrair para Portugal mais investigadores de alto nível internacional e apoiar as instituições do Ensino Superior no seu esforço de internacionalização e de estabelecimento de parcerias com outras entidades. É este o objectivo da criação das Cátedras Convidadas, uma das novas iniciativas governamentais para o desenvolvimento científi co português, anunciada a 12 de Maio, na UA, pelo Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, José Mariano Gago, numa cerimónia presidida pelo Primeiro-Ministro, José Sócrates.

As cátedras convidadas terão por objectivo o desenvolvimento de projectos de I&D de interesse mútuo para a UA e para as empresas, já parceiras da UA noutras áreas e que embarcaram em mais este desafi o: a Nokia Siemens Networks e a Martifer.Os trabalhos desenrolar-se-ão por um período mínimo de três anos e serão

A Universidade de Aveiro criou com as empresas Martifer e Nokia Siemens Networks as suas primeiras

cátedras convidadas na área das energias renováveis e telecomunicações. A assinatura dos acordos

entre a UA, as duas empresas e a Fundação para a Ciência e Tecnologia foi testemunhada pelo

Primeiro-Ministro José Sócrates e Ministro Mariano Gago, dia 12 de Maio, na cerimónia de lançamento

do Programa do Governo “Ciência 2008 – Mais Cientistas para Portugal”, que a UA acolheu.

coordenados por especialistas de renome internacional nos respectivos domínios.Esta iniciativa prossegue na linha de outras estratégias de recrutamento de investigadores de elevado potencial que a UA tem empreendido e imprimirá, certamente, um dinamismo acrescido às áreas de investigação em causa, pelo estreito relacionamento com as empresas promotoras.

Entre o conjunto de iniciativas anunciadas no âmbito do Programa “Ciência 2008” – um investimento de 400 milhões de euros para investigação e ciência - fi gura a criação de 5 mil bolsas para a integração de 5 mil estudantes de Ensino Superior na Investigação, mil novos contratos de trabalho para investigadores contratados e o lançamento de concursos para novas bolsas de investigação.

em parceria com empresas

cátedrasconvidadas

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cátedrasconvidadas

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A cerimónia iniciou ao som do Hino Académico Internacional, Gaudeamus Igitur, executado pelo Coro do Departamento de Comunicação e Arte, com a entrada do Cortejo Académico no auditório da Reitoria.

Muitas foram as presenças nacionais que não quiseram deixar de assistir à homenagem prestada pela Universidade de Aveiro a uma fi gura ímpar da política, da cidadania, da ciência e da inovação, em Portugal. “Uma individualidade ilustre que a Universidade distingue, homenageando-se a si própria”, notou a Reitora da UA, Prof. Maria Helena Nazaré.

O perfi l do doutorando foi traçado pelo padrinho, Prof. Júlio Pedrosa. Na sua intervenção, o antigo ministro da Educação e antigo Reitor da UA classifi cou-o de “doutor universitário em plenitude, um praticante de humanidade, feitor de Ciência Política, construtor arguto da Democracia e da Liberdade, em Portugal e no Mundo”.

Visivelmente emocionado com a distinção, o novo Doutor proferiu a “oração de agradecimento”, onde afi rmou “ter tido o privilégio de

jorge sampaio recebeu o primeiro doutoramento honoris causa na ua

O ex- Presidente da República Portuguesa e actual Alto

Representante da ONU para a Aliança das Civilizações, Dr. Jorge

Sampaio, recebeu a 2 de Abril, na Universidade de Aveiro, o

seu primeiro Doutoramento Honoris Causa. Este é já o 23º título

atribuído pela instituição, fundada em 1973. Corino de Andrade,

Fernando Lopes Graça, Maria Barroso, António Damásio, Sofi a

de Mello Breyner, João Picoito ou Gilberto Gil foram outras das

personalidades agraciadas pela Universidade.

acompanhar a rápida transformação da Universidade de Aveiro numa escola de referência”. Insistindo na importância da educação, continuou: “Sem subir de patamar na qualifi cação, Portugal não sairá da mediania”.

De entre os convidados presentes, várias caras conhecidas: Dr. Daniel Sampaio, Prof. Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa, Prof. Braga da Cruz, da Universidade Católica, Arquitecto Nuno Portas, Comendador João Nabeiro, Dr. Luís Marques Mendes e o antigo ministro da Saúde, Dr. Correia de Campos.

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prémios, oportunidades de emprego e actividades desenvolvidas pelos alunos preencheram dia aberto estga 2008

Acções de divulgação da oferta formativa, uma micro feira de emprego, uma feira do livro técnico, uma mostra da inovação produzida na ESTGA e um debate sobre “As empresas portuguesas e a globalização” preencheram o Dia aberto da ESTGA 2008, assinalado a 10 de Abril.As comemorações atingiram o ponto alto já no fi nal da tarde no decorrer de uma cerimónia que incluiu a assinatura de um conjunto de protocolos de cooperação e de mecenato educacional com empresas da região, a entrega de prémios aos melhores alunos da escola e ainda as intervenções da reitora da UA e do director da ESTGA.

Inserida num fortíssimo pólo industrial, a ESTGA mantém estreitas relações com os agentes económicos e institucionais da região, estabelecendo-se entre ambas as partes uma profícua parceria, que resulta num elevado índice de empregabilidade dos diplomados, também a nível nacional.A funcionar em pleno no centro da cidade de Águeda, a ESTGA é actualmente frequentada por 1263 alunos e ministra as licenciaturas em Engenharia Electrotécnica; Tecnologias da Informação; Comércio; Documentação e Arquivística; Gestão Pública e Autárquica; e Técnico Superior de Secretariado; bem como sete Cursos

de Especialização Tecnológica, a saber: Desenvolvimento de Software e Administração de Sistemas; Gestão de Qualidade; Instalação e Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos; Instalações Eléctricas e Automação Industrial; Práticas Administrativas e Tradução; Tecnologia Mecatrónica; Topografi a e Desenho Assistido por Computador.

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ua anfi triã da 8ª edição do

O Festival Nacional de Robótica (FNR), o mais importante evento de robótica em Portugal, decorreu este ano na Universidade de Aveiro. O certame, realizado de 2 a 6 de Abril, resultou de uma organização conjunta dos Departamentos de Electrónica Telecomunicações e Informática, Engenharia Mecânica, Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática da UA e da Fábrica – Centro de Ciência Viva de Aveiro. Durante cinco dias, no mais longo dos encontros já realizados, os participantes puderam assistir gratuitamente a demonstrações, visitas guiadas e palestras e acompanhar o desenrolar das várias competições que preencheram o festival. Os robots em competição prestaram provas nas várias ligas do festival, nomeadamente, em condução autónoma (realizada desde a 1ª edição), e nas competições que seguiram as regras ofi ciais do RoboCup: Liga de futebol de robôs médios, Ligas de futebol júnior, Busca e salvamento júnior e Dança. Paralelamente ao FNR decorreu a 13ª edição do Concurso Micro-Rato, competição robótica que se realiza desde 1995, e conta com duas modalidades de participação distintas: “Micro-Rato”, destinada a pequenos robots móveis e autónomos e “Ciber-Rato”, uma competição em ambiente simulado entre agentes robóticos virtuais.

O FNR contou, na 8ª edição, com a participação de 180 equipas (40 sénior e 140 júnior), num total de 670 participantes provenientes de 72 instituições ibéricas. O evento funcionou também como fase de pré-selecção para as equipas nacionais que irão participar no Robocup, competição a nível mundial, que decorrerá de 13 a 20 de Julho, em Suzhouna, China.

ATLAS e CAMBADA repetiram proeza no Festival Nacional de RobóticaO robô autónomo ATLAS-2008, desenvolvido por uma equipa do Departamento de Engenharia Mecânica da UA, conquistou, pela terceira vez consecutiva, o primeiro prémio na modalidade de Condução Autónoma. Na prova de futebol robótico da liga dos médios, também o CAMBADA, do Departamento de Electrónica Telecomunicações e Informática obteve, de forma brilhante, o primeiro lugar da competição.

O robô autónomo ATLAS-2008, herdeiro dos seus antecessores do projecto ATLAS desde 2003, foi o mais efi caz a percorrer duas vezes uma pista realista, em forma de estrada, que incluiu uma passadeira, um túnel, semáforos, o desvio de obstáculos desconhecidos e outras tarefas, num ambiente sujeito a algumas perturbações como a luz ambiente ou mesmo variações da própria pista.

No encontro científi co, onde investigadores e empresários nacionais na área da Robótica se reúnem para apresentar os mais recentes resultados da sua actividade, organizado em todas as edições do FNR, um outro prémio foi atribuído a investigação feita na Universidade de Aveiro. Trata-se do artigo “Integrated Capabilites for Knowledge Acquisition Though Spoken Language Interaction in a Mobile Robot”, da autoria de Luís Seabra Lopes, António Teixeira, Marcelo Quinderé e Mário Rodrigues, que obteve o prémio “Best Paper in Artifi cial Intelligence”.

Recorde-se que o Festival Nacional de Robótica, organizado anualmente desde 2001, tem como objectivo a promoção da ciência e da tecnologia, junto dos jovens estudantes dos vários graus de ensino e do público em geral.

festival nacional derobótica robótica

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oito dias de festa na semana do enterrode aveiro

Oito dias de folia, mais dois do que em edições anteriores, e o desafi o lançado pela Associação Académica da Universidade “Prova que estás vivo” marcaram nova edição da Semana do Enterro de Aveiro, realizada entre 24 de Abril e 1 de Maio, nas imediações do Estádio Municipal.

Mind da Gap e DJ Alvim inauguraram o palco do Enterro. Xutos, David Fonseca, Blasted Mechanism, Quim Barreiros, Irmãos Verdades, Meidin, MC Cidinho & Doca e vários DJ’s convidados trataram da animação nos restantes dias.

Paralelamente aos concertos, a Semana do Enterro integrou um programa de actividades culturais e desportivas, que se prolongou por duas semanas, como a corrida das Bateiras, a corrida do caloiro, o paintball, a actuação do Grupo de Teatro Experimental da Universidade de Aveiro, a Serenata à Ria, o Rally das Tascas e o Baile de Gala.

Outro dos pontos altos da Semana é a realização do desfi le do Enterro. Este ano, foram 34 os carros alegóricos que se passearam pelas ruas da cidade, numa viagem testemunhada pelos aveirenses e onde não faltaram as mantas e as velas nas varandas, dando assim continuidade a uma tradição já com três décadas de existência.

Cumpriu-se mais um ano de tradição, em Aveiro. A festa, que aproxima a academia e a cidade, decorreu nos dias 25 e 26 de Abril e lotou, como habitualmente, o Centro Cultural e de Congressos da cidade. O Festival Internacional de Tunas da Universidade de Aveiro (FITUA), organizado pela Tuna Universitária de Aveiro, reuniu na 18ª edição, onze tunas ibéricas e, pela primeira vez, um grupo do Peru.

Extra concurso actuaram os da casa – a Tuna Universitária de Aveiro (TUA), os Caloiros da TUA e a Tuna Feminina da Associação Académica da Universidade de Aveiro. A apresentação do espectáculo fi cou a cargo dos Jogralhos, o Grupo de Jograis da Universidade do Minho.Em dezassete edições do “FITUA”, passaram já por Aveiro quatro mil artistas, mais de 150 tunas e 24 mil espectadores, o que faz deste espectáculo, um dos maiores eventos culturais da cidade Aveirense. O terceiro festival mais antigo do país, e um dos mais prestigiados da Península Ibérica, teve honras de transmissão directa no Second Life, assegurada pela LandSettlers, a equipa de quatro fi nalistas em Novas Tecnologias da Comunicação responsável pela expansão da ilha da Universidade, naquele ambiente virtual.

Tunas premiadas no XVIII FITUA

Melhor Porta-Estandarte › Tuna de la Universidad

Nacional Federico Villarreal (Lima, Peru)

Melhor Pandeireta TUIST › Tuna Universitária do

Instituto Superior Técnico

Melhor Instrumental › Tuna Derecho de Santiago

de Compostela (Santiago Compostela, Espanha)

Melhor Solista › EUC – Estudantina Universitária

de Coimbra

Prémio para Originalidade › TAL – Tuna

Académica de Lisboa

Melhor Coral › EUL – Estudantina Universitária

de Lisboa

Tuna + Tuna › TUIST – Tuna Universitária do

Instituto Superior Técnico

3ª Melhor Tuna › EUC – Estudantina Universitária

de Coimbra

2ª Melhor Tuna › TUIST – Tuna Universitária do

Instituto Superior Técnico

Melhor Tuna › TAL – Tuna Académica de Lisboa

guitarras afi nadas naXVIII edição do FITUA

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8ª edição fórum 3e – emprego – empresas – empreendedorismo

A Universidade de Aveiro organizou, a 14 e 15 de Maio, a maior feira de emprego de sempre. Atenta à elevada percentagem de desemprego que o país enfrenta, a UA ofereceu, uma vez mais, a oportunidade única de os seus estudantes contactarem com algumas das melhores empresas e instituições, trocarem os seus currículos por oportunidades de emprego e estágios, assistirem a apresentações dessas empresas e fi carem a conhecer os seus programas, procedimentos e formas de recrutamento.

O fórum 3E foi, pela primeira vez, e numa acção pioneira, estendido à ilha da UA no Second Life. Assim, para além do pavilhão Aristides Hall que acolheu o tradicional espaço expositivo, onde perto de 30 empresas/instituições marcaram presença, os diplomados da UA e alunos universitários de todo o mundo puderam visitar a feira e contactar as empresas presentes, expôr as suas dúvidas e enviar o seu CV, através do espaço virtual da UA no Second Life.

À semelhança das anteriores edições, o certame contou, para além das 30 empresas/instituições, com a presença de três unidades da UA: a Incubadora de Empresas, o Gabinete de Relações Internacionais e o Gabinete de Estágios e Saídas Profi ssionais (GESP).

Desde a sua 1ª edição, em 2001, com o slogan “Uma Porta Aberta para o Futuro!,” que esta iniciativa, organizada conjuntamente pelo GESP e pelos Serviços de Relações Externas, tem-se revelado uma importante alavanca de promoção do contacto entre alunos e recém-licenciados da UA e as empresas/instituições presentes no mercado de trabalho, com mais de 10 mil currículos entregues, nas últimas sete edições.

ua apostou na maior feira de emprego de sempre

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Marlene RosárioBosch Termotecnologia, SA.

Fátima Pereiraárea de recrutamento e Selecção da PricewaterhouseCoopers

Pedro Miguel Silva22 anos, fi nalista do Mestrado Integrado em Engenharia Electrónica e Telecomunicações

Os alunos da UA são extremamente interessados e a sua adesão à iniciativa excedeu as expectativas. A realização, este ano, das apresentações das empresas no mesmo espaço dos stands foi extremamente positivo, levando os alunos a contactar-nos de imediato para saber mais sobre os programas que ouviam falar nas apresentações. O Grupo Bosch está espalhado por todo o país e tem muitos estágios para oferecer, principalmente nas áreas das engenharias, gestão, economia e ambiente. São alunos fi nalistas destas áreas que mais nos interessam e que, no fi nal do estágio, acabam por ter oportunidade de ingressar na empresa.

A nossa presença no Fórum 3e está directamente relacionada com um processo de recrutamento que está a decorrer, para os escritórios de Lisboa e Porto, de cerca de 120 recém-licenciados ou fi nalistas nas áreas de economia, gestão, fi nanças, fi scalidade e direito. É a primeira vez que participamos nesta Feira de Emprego mas comparativamente àquelas onde já estivemos noutras universidades, está muito bem concebida e organizada. Os alunos da UA são realmente interessados e empenhados. Querem saber exactamente o que fazemos, onde marcamos presença e que oportunidades de emprego temos para eles.

Não é o primeiro ano que venho visitar o Fórum 3E mas, agora como fi nalista, estou mais interessado na iniciativa. Assisti às apresentações da Sonae e da Qimonda e considero-as fundamentais para fi carmos a conhecer mais detalhadamente as empresas. Precisamos de contactar com as pessoas que já estão no mercado de trabalho para perceber melhor o que querem de nós. A área da domótica é a minha aposta, por isso quis conhecer as empresas tecnológicas aqui presentes. Fiquei surpreendido por a maior parte dos postos de trabalho estarem em Lisboa e esclarecido sobre a actividade que exercem as empresas de consultadoria. O Fórum 3e é uma iniciativa muito importante.

a opinião dos participantes…

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mais de 15 mil alunos participaram nos

Quatro áreas do saber (Física, Português, Biologia e Matemática) desafi aram os conhecimentos de mais de 15 mil alunos, provenientes de 1385 escolas nacionais e de Moçambique, de vários graus de ensino, a participar nas Competições Nacionais que o Projecto Matemática Ensino (Pmate) promove, há já 18 anos. Os “desafi os ao cubo” decorreram a 28, 29 e 30 de Abril na Alameda da UA.Apresentado sob a forma de um jogo e separado por ciclos de ensino o software educativo, utilizado pelo Projecto Matemática Ensino, presente nos “desafi os ao cubo”, associou os conteúdos leccionados na sala de aula ao factor lúdico do formato jogo/competição. Sem repetição de perguntas, devido à elevada parametrização dos modelos geradores de questões, o programa utilizado facilita a aprendizagem e a não memorização das matérias leccionadas. A difi culdade gradual encontrada no decorrer da prova, estimulou os alunos a resolver problemas de outros níveis de ensino, que não aquele que frequentam. O desafi o apresentado foi simples: ultrapassar um número mínimo de níveis no menor tempo possível, respondendo correctamente às questões que vão aparecendo nos vários ecrãs. Duas vidas por nível, uma difi culdade gradual e

a não repetição de perguntas, são os ingredientes que tornam estas competições num forte estímulo para a aprendizagem de várias áreas do saber.

A Escola básica dos 2º e 3º ciclos de João de Barros (Figueira da Foz) e a Escola básica dos 2º e 3º ciclos de Aradas, Aveiro foram, respectivamente, as vencedoras nas provas de Física (fi s12) e Português (dar@lingua), as competições em estreia na maior festa da Matemática e da Biologia do país.

Jogos tradicionais, insufl áveis, experiências científi cas, exposições de Matemática e de Física e espectáculos científi cos integraram o programa de actividades paralelas às competições que, durante três dias, animaram o campus da UA.

Veja também os resultados de todas as provas em:

http://pmate2.ua.pt/pmate

desafi os ao cubo

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desafi os ao cubo

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A Universidade de Aveiro promoveu, em parceria com a Câmara Municipal de Aveiro, a exposição “Baú da Física e da Química – Instrumentos antigos de Física e Química de Escolas Secundárias em Portugal”. A mostra, patente na Galeria da Capitania, em Aveiro, nos meses de Janeiro e Fevereiro, surgiu na sequência do trabalho desenvolvido no âmbito do projecto de investigação, fi nanciado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, “Instrumentos Científi cos Antigos no Ensino e Divulgação da Física”, coordenado pela docente do Departamento de Física, Prof. Isabel Malaquias.A exposição levou a público uma pequena parte do acervo de instrumentos antigos (séculos XIX e XX), usados no ensino experimental das ciências Físico-Químicas, em áreas tão diversas como a Termodinâmica, Química, Óptica, Ondas e Acústica, Mecânica, Meteorologia ou Electromagnetismo.A beleza, a funcionalidade, o valor pedagógico, a evolução no tempo e a descrição dos aparelhos pode ser conhecida no endereço: http://baudafi sica.web.ua.pt/

instrumentos antigos de escolas secundárias estiveram em exposição no baú da física e da química

A exposição interactiva “Experimentar a Matemática!”, patrocinada pela UNESCO, já percorreu mundo. Entre 28 de Abril e 9 de Maio, passou pelo auditório da Livraria da Universidade de Aveiro para demonstrar a importância da disciplina e evidenciar o papel daquela área do saber no quotidiano. Pavimentações, números e códigos secretos, ordem e caos, optimização, formas na natureza e demonstrações que conjugaram arte e ciência, puderam ser apreciadas e experimentadas na mostra interactiva visitada por mais de 3500 interessados na ciência em geral e na matemática, em particular.

experimentar a matemática!passou pela UA

ua capital nacional do desporto universitário

No ano em que celebra o 30º aniversário, a AAUAv foi eleita pela Federação Académica de Desporto Universitário (FADU) – o organismo máximo do desporto universitário – para acolher a realização das fases fi nais dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU’s), as terceiras a decorrer em Aveiro. Entre 21 de Abril a 2 de Maio, cerca de dois mil atletas fi zeram da UA, a capital nacional do desporto universitário.

Com a competição aberta em 11 modalidades diferentes: andebol, atletismo, basquetebol, futebol, futsal, hóquei em patins, ténis, ténis de mesa, voleibol, xadrez e squash, as instalações desportivas da UA e da região receberam perto de 130 equipas inscritas, em representação de 60 associações ou instituições de Ensino Superior, de todo o país.

As fases fi nais dos CNU’s terminaram em clima de festa com uma vitória caseira. A Associação Académica da Universidade de Aveiro bateu a Académica de Coimbra por 71-65, garantindo à equipa de Aveiro a conquista do primeiro posto no basquetebol masculino, o primeiro e único título nas competições.

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