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Page 1: Revista Balô - Edição 09
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SUMÁRIO

Editorial

Poesia

“Estou me acostumando com esse nome”

Universidade, Maconha e Polícia

p. 06

p. 07

p. 08

p. 10

Ser ou não ser (crítico)...

Por Tatiane Odorizzi.

Cinema: Abril despedaçado, de Walter Salles.

Sobre o tumulto na UFSC.

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Page 5: Revista Balô - Edição 09

O nú visto da mais bela forma

Norm@is de Shakespeare

Colaboradores

A cultura de um Estado inculto

P. 18

P. 20

P. 22

P. 13

Arte, exprimida, linda, vivida.

O povo e a política.

A intervenção urbana.

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Page 6: Revista Balô - Edição 09

Editorial

REDAÇÃ[email protected]

[email protected]

CENTRAL DE ATENDIMENTO AO [email protected]

Expe

dien

teÍtalo MongconãnnComunicação e [email protected]

Léo KufnerArte e Web [email protected]

William WesterkampArte e Editoraçã[email protected]

Manoella BackProdutora [email protected]

6 || www.revistabalo.com.br

Esta edição da Balô traz um texto especial sobre o Grupo Shakespeare Livre que leva a contemporaneidade de Shakespeare para as ruas. William Shakespeare, aquele mesmo que diz que “aprendeu que ignorar os fatos não os altera”, nos leva a acreditar na esperança. Não vale a pena ignorar certos fatos como as goteiras em telhados que já incomodou tantos artistas na cidade de Blumenau.

Não vale a pena ainda ignorar os fatos relacionados ao primeiro protesto contra o aumento da tarifa de ônibus. Quem protagonizou a ação registrou alguns “abusos” por parte de quem deveria contribuir para a democracia e para o ir e vir de todos os blumenauenses.

Eu, você e nós da Balô acreditamos que é possível acreditar num mundinho melhor, aquele no qual todos podem ceder um pouco e todos estes saem ganhando. Nós aqui aguardamos (e queremos que você ao menos possa sonhar) que é possível resgatar a vontade política de todas as autoridades e o espírito crítico de cada um de nós, sociedade civil. Somos pedaços que constroem o todo e, como poetiza Tatiane Odorizzi, fugiremos de “alguns pregos ajudam a costurar os medos”.

Ser ou não ser (crítico)... Eis a questão!

Por Manoella Back

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“Estou me acostumando com esse nome”...

Cinema

Por Manoella Back

Sim, você já deve ter se acostu-mado. O nome é Walter Salles e foi o responsável por adaptar a obra “Abril Despedaçado” para o cine-ma. O contexto é o ano de 1910. De um lado, uma família abastada, proprietária de terras sertanejas com descendentes bem vestidos. De outro, família mais humilde que perde suas terras, que veste trapos e anda com sede de vin-gança. Mas, como já diria Gandhi “Olho por olho e o mundo acabará cego”. Na história, o jovem Tonho é responsável por resgatar a honra da família em Bom Sossego. Ter-ra onde o riacho seca e o coração gela. Terra em que Pacu, o “Meni-no” é impedido de sonhar e tem a vida repleta de responsabilidades desde cedo.

Terra limitada onde não se sabe ler e não se reconhece que o sangue macha. Em meio ao cor-te da cana, há espaço para um pingo de imaginação. Pingo este que leva os protagonistas ao circo. E circo este que dá um to-que de liberdade à vida de Pacu e um “respiro” para as tensões de Tonho. Mas, como nem tudo são flores e todo o Carnaval tem um fim, há quem pague caro pela tradição da família. É necessário manter-se atento à fotografia e aos tons de céu e sertão brasileiros. E preciso ainda lembrar-se da composi-ção das obras do albanês Ismail Kadaré, autor de Abril Despeda-çado (Behind the Sun - 1978). Em 1996, Kandaré tornou-se membro da Academia de Ciên-cias Morais e Políticas da Fran-

ça e suas construções analisam as culturas de vários povos antigos que passam por temas como honra familiar, moral ou relações hierárquicas. In-dicado ao Globo de Ouro em 2002, José Dumont, Rodrigo Santoro, Rita As-semany e Luís Carlos Vas-concelos demonstram com excelência temas como a submissão feminina e tradicionalismo. Sob esta perspectiva, “Abril Despe-daçado” é uma forma de questionar às relações cul-turais que prevaleceram há séculos e uma maneira de evitar que muitos “Me-ninos” não paguem pelos erros de suas famílias nos dias de hoje.

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Já faz tempo que a maconha é a droga mais usada no Brasil. Na região Sul, um número superior a 30% de estudantes

a usam e defendem sua legalização, de acordo com estudos realizados pela Secre-taria Nacional de Política sobre Drogas. Os dados desses estudos nunca se limitaram à apenas estudantes de universidades priva-das ou federais, mas a todas as classes de pessoas de diferentes idades.

Na última semana, cinco estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que portavam maconha foram abor-dados e detidos por um excessivo número de policiais. Após ouvir relatos do consumo no local, a polícia chegou ao bosque da uni-versidade em tropas de Choque, com armas de bala de borracha e cães. Ao considerar que apenas cinco estudantes portavam a droga, uma ação tão repressiva e excessiva por parte da polícia é muito questionável.

Em lei, o uso da maconha é considerado crime, mas não leva à prisão. Argumento que a polícia pode defender, porém que não justifica a ação repressiva. A polícia não es-tava errada em estar dentro da universi-

dade, a lei deve ser cumprida dentro e fora da instituição. O erro foi, como citei acima, o excesso de policiais na operação e a inti-midação provocada por eles. Para quê mais de 20 oficiais para deter cinco pessoas de-sarmadas?

Sem contar que spray de pimenta foi acionado em um professor que tentou con-versar e bombas de gás lacrimogênio atira-das em meio a um expressivo número de estudantes. Aposto que ninguém, além da polícia, estava armado ou queria uma guer-ra em pleno ambiente que frequenta para estudos.

Com os acontecimentos, há quem de-fenda os policiais por estarem fazendo seu trabalho e outros que acham desnecessário montar um campo de guerra para resolver o problema. Um assunto que poderia ser so-lucionado por uma conversa. Pelo que tudo indica, eram apenas usuários, nenhum tra-ficante.

Particularmente, não acho errado a polí-cia abordar os jovens usuários de maconha, conforme a lei eles estão completamente certos. O problema é o abuso do poder que lhes foi permitido por conta de uma opera-ção excessivamente desnecessária.

Universidade, maconha e políciaPor William Westerkamp

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A viatura

Uma viatura da polícia foi derrubada pelos estudantes da universidade. Argu-mento bom para quem defende a opera-ção policial, mas que não justifica a tru-culência. Afinal, a luta foi entre pessoas. Foram humanos que levaram tiros de borracha, ficaram com os olhos ardidos e sofreram mordidas de cachorro. Um carro pode ser consertado sem que nin-guém sinta fisicamente o que vão sentir os estudantes que levaram chumbo, que se machucaram.

Cotidiano

Encontrar usuários de maconha pelas ruas de qualquer cidade é muito fácil, principalmente a noite. Algumas vezes já passei por grupos que, inclusive, se sen-tem tão a vontades que são capazes de

pedir um isqueiro emprestado. Tais gru-pos estão espalhados pelas cidades e, pelo que parece, são poucos os que são abordados pela polícia. E quando são, nunca são tropas de Choque os respon-sáveis por conter a criminalidade desses grupos.

Os grupos de maconheiros e usuários de outras drogas ilícitas estão por ai e são compostos por mais que cinco es-tudantes. Sendo assim, por que tanta repressão dentro de uma universidade enquanto os pontos de fumo continuam funcionando a paisana? Chega a ser re-pugnante o que foi a operação da polícia na UFSC.

Claro que, também, houve exage-ro dos estudantes. A maconha é ilícita. Usar a droga em um local onde há po-liciais foi uma grande burrice. Talvez os resultados da falta de cautela e confu-são os tenha ensinado.

Universidade

Um dos papéis das faculdades e universidades é apresentar as diversidades do mundo. Ques-tionar os pontos negativos e positivos da sociedade. Sendo assim, a universidade acaba sendo um ambiente perfeito para criar discussões a respeito da política, economia e cultura. O uso ou desuso das drogas ilegais ou legais abrange os três temas. O que, de certa forma, deve justificar o alto número de estudantes que são usuários de maconha (ou não).

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Como um humano, creio nas pes-soas. Pois, de fato, acredito que

gente pode fazer diferença. Claro que não sou inocente, não vivo a premis-sa de um mundo repleto de bons sa-maritanos, candura e bondade. Até porque seria muito xarope. Na boa, humanos erram, pecam, cospem e fazem merda. Mas dentre nós mor-tais, tem um povo, que se põe numa categoria e que se preza a atitudes que me causam asco e pena. Asco, pois ao chegar mais perto, vemos a infelicidade, as sucessivas e malfada-das escolhas, que tiram do ser aquele seu brilho realizador, a potência pen-

sante, a capacidade de fazer algo, por mais sim-ples que seja, mas que justifique suas vidas. Ao contrário, esta categoria em que alguns se colo-cam, pois em livre arbítrio eu creio, é uma postura inerte, inoperante e tem satisfação na desestabi-lização do outro. Seus conflitos interiores se pro-jetam, e a disputa está instaurada. Talvez pelas opções de vida, acabam por acumular vácuos e lacunas, preenchidas por inveja e desgosto. Aí en-tão, vem a pena: pobres coitados.

Essa abertura postula um pensamento quanto à cultura do estado, em especial aos agentes de cultura presentes no estado. É um cansaço que dura muito tempo, fruto de um modelo feito pra não dar certo, que me perdoem os que crêem que estão no caminho, na minha singela percepção es-corre ladeira abaixo, por uma questão de modelo.

Os agentes públicos têm nos códigos legais

A Cultura de um estado inculto

Por Rodrigo Dalmolin

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seus postulados, são normativas. Porém, as atitudes são dos humanos, a compreen-são dos fenômenos, da vida em si, altera potencialmente as suas atitudes. Soma-se o fato de que quem redige as leis são le-gisladores, aqueles nobres representantes. E estes são os que redigem as normativas e são os que contam com a menor credi-bilidade.

Isto não é pessoal, de forma nenhuma. Queria eu poder tecer elogios rasgados às habilidades operantes destes que afinal, são pagos por nós. Essa fala é senso co-mum, pergunte por aí qual é a classe mais desprestigiada dentre os políticos. Poucos podemos destacar como efetivamente pre-ocupados com o bem público, com a gestão da coletividade, com a fiscalização, com o pensar a pólis, de uma forma menos bair-rista, eleitoreira e populista, que é o mode-lo vigente.

O pior é que isso não é problema da si-gla, ou mesmo dos eleitos, é problema dos eleitores, fracos de pensamento, que esco-lhem sem nenhum critério. Quantos che-gam as urnas sem saber em quem votar? Isto é crônico, e se repete a cada ano.

O país tem de fazer uma profunda refor-ma política, mas não temos idéia do que seja política, quem dirá como poderemos opinar ou mesmo fiscalizar se na tal refor-ma política em processo. Os poucos parâ-metros que ainda blindam a sa-canagem institucionalizada não darão espaço a um banquete à proprina e ao desmantelamento da democracia. #Oremos!

Vou propor uma campanha--deboche: Ignorância já! Des-faça-se de seus livros, nem aqueles cheios de figuras, retire seus filhos da escola, pare de conversar com suas avós, nunca mais leia nada, nem escute rádio, não pense! Ape-nas coma errado, trabalhe incansavelmen-te e consuma a torto e a direito, coisas que você não precisa, para pessoas que você não gosta e que não tenham nenhum va-lor, mas custem muito mais que você pode pagar! Essa é nossa aldeia global.

Essa campanha não é minha, ela está deflagrada há muito, a indústria da imbe-cilização toma conta dos lares, das mídias, das conversas. Tentar dialogar, conversar de coisa seria é babaquice, ser honesto é ser idiota. Então, neste momento de pura no-ção da realidade, pergunta-se, onde está a cultura do estado? Onde está à capacidade dos servidores públicos em servir as popula-ções, em oferecer mais que entretenimento narcotizante, de forma mais profunda que no viés do entreter?

Cadê o entreser, no lugar do entreter?Onde podemos encontrar iniciativas que

edifiquem as coisas simples da vida? Quando nos dispomos a isto, usando-

-se dos mecanismos do próprio sistema, a exemplo dos Sistemas de Incentivo a Cultu-ra, uma conquista de lutas de muitas gera-ções de atores do setor cultural, detecta-se que as normativas valem mais que a poesia. A Arte torna-se refém dos códigos legais e que o estado não se esforça a entender a dimensão simbólica da cultura, apenas a dimensão legal, as potencialidade da ação promocional e sua intensa capacidade de aglutinação das massas.

Ter sido agente público por algum tempo, oportunizou estar lá, seguindo as determi-nações legais. Mas percebia que com um pouco de boa vontade e compreensão, de respeito pelo outro, aquele outro que além

de ser um par, é o cidadão-con-tribuinte-chefe.

Percebe-se que, com um pou-co de cultura, um certo grau de acuidade, de zelo pelo outro, os equipamentos podem ir além de cumprir a lei, e podem desem-penhar, promover, estimular o protagonismo na sociedade, para que com ou sem o estado

os humanos caminhem e encontrem solu-ções. Uma cultura de estado para além do estado.

A mim me causa grande tristeza ver agentes públicos fazendo uso da legisla-ção, ancorando-se em decisões que ferem o principio inicial das legislações de fomento, que é o estimulo a produção, numa defesa

Quantos chegam as

urnas sem saber em quem votar? Isto é crônico, e se repete a cada

ano.

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argumentativa que não compreen-do os códigos culturais, os processo de produção, a forma como a cultu-ra se desenforma e toma corpo.

Tentar refletir com estes agen-tes, acaba por ser uma fala no va-zio. Pois o corpo gestor é formado por colabora-dores concursados que tem sua vaga garantida rumo ao dia da conquis-ta da aposentadoria in-tegral ou por colabora-dores políticos que tem a vaga garantida rumo á próxima eleição, por conselheiros voluntários ou os que fazem parte do governo, e dentre estes tantos, salvam-se alguns poucos, que tem certa compreensão (e estão lendo e inte-ressados) o que relato até então.

Dá muito trabalho querer mudar as coisas, é muito mais fácil apon-tar os problemas para fora do pré-dio e desvalorizar o setor em que se atua, rotulando o setor cultural como desorganizado, incapaz de conviver com carimbos e papéis. Ao passo que é um setor frágil, que requer suporte de políticas públicas em longo prazo, que atentem a di-versidade dos seus múltiplos cam-pos de atuação. Mas que para tal, há de se ter compreensão, há de se ter cultura, há de se arregaçar as mangas para além, para a cultura e pela cultura.

A vida em meio às artes parece realmente muito incoerente para quem convive dentre carimbos e correligionários. Perdoem-me os que o chapéu serviu, a verdade por mais dolorida que possa parecer, tem seu papel, acreditem.

Um pouco de noção sempre auxi-lia as entidades a não cometam su-

cessivos equívocos com a gestão da coisa pública. Se ensimesmar nas percepções é não perceber como o movimento cultural se delinea.

Há um esvaziamento nas discussões, a presença nas instancias oficiais está rala,

o povo anda cansado. Em 2012 a cultura de Blumenau, das ar-tes, das letras, do patrimônio, dos pesquisadores, dos educa-dores, enfim, um infinito uni-verso de agentes de cultura, teve o uso parcial de uma ver-ba que sempre pareceu peque-na. Uma proeza ímpar.

Os motivos apontam a ope-ração pente fino, que resolveu revisitar toda a papelada refe-rente às prestações de contas, atuando no papel de tribunal de contas e negativando pro-

ponentes, com motivos de ordem legal, mas que novamente não coadunam com o fazer cultural.

A operação caça as bruxas encontrou diversos carimbos a menos, folhas fora de ordem, CNDS que haviam vencido e ou-tras tantas questões de ordem legal. Na-tural que se faça bom uso do recurso, isso é justo e correto. Porém, sabe-se que in-vestir em prevenção é mais eficiente, em capacitar os agentes ou mesmo em sim-plificar os processos.

Mas a ordem parecia ser encontrar er-ros e como se vivia uma fase, digamos, pouco amistosa entre estado e população, nada como encontrar erros dos cidadãos para equilibrar a patifaria que se vivia ou neutralizar a oposição, haja vista que quem encara política como duelo, só con-segue ver aliados ou opositores. Esquece, com muita facilidade da lógica, servidor--contribuite. O modelo parece seguir nes-te trilho.

Mas quem se importa com o bem cultu-ral, vale é o papel na ordem, o carimbo e a rubrica. Na perspectiva onde o relatório vale mais que a poesia, fica complicado

“Dá muito trabalho

querer mudar as coisas, é muito mais

fácil apontar os problemas para fora do prédio e desvalorizar o

setor em que se atua”

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tentar estabelecer diálogo sobre pensamen-to, reflexão, valores simbólicos imensuráveis, que são o cerne do fazer cultural, mas tão intangíveis que passam batido. O que importa é o mensurável, o papel.

Há modelos legais para simplificar os pro-cessos, que seriam mais eficientes, que opor-tunizariam o foco nos resultados. Mas reedi-tar-se o modelo dá muito trabalho, mudança requer esforço, inclusive para vencer a resis-tência interna.

E nas oportunidades em que se tentou diá-logo, a estrutura se blinda e ancorada na le-gislação responde (mesmo que apenas com o canto da boca), enciumada pela pobreza eminente, como se fossem os parcos recur-sos destinados ao fomento para a classe cul-tural, que tirariam o equipamento público do estado de abandono aparente, causado pela institucionalização das vagas para atender a geografia das urnas e que consome o pouco que sobra para atender a perspectiva das su-cessivas eleições.

Este ano teremos mais uma escolha, ele-geremos outras dezenas e até lá os cordeiros sorridentes reaparecerão, envolvendo-nos em seus calorosos apertos de mão, abraçando--nos, seus assessores estarão nas ruas atrás de votos e os equipamentos usados mais uma vez pela maquinaria de votos. E novamente veremos os desmandos.

Para posicionar-se pagamos preços, ficar calado é de graça. A velha regra que pensar dá trabalho e a inação é lucrativa.

As pessoas passam e as estruturas ficam. Algumas são capazes de se reinventar, outras sucumbem em goteiras, bolor e vazio. Assim com as entidades, creio que humanos te-nham a opção, de se reinventar ou sucumbir. Aos contribuintes, pagar a conta e aproximar--nos daqueles que compartilham em parte de nosso pensamento. Pois o estado, em primei-ra instância, moderador da coisa comum, de-monstra-se inapto e a cada novo-velho passo afunda-se mais, quer pelos equívocos do mo-delo ou pelas decisões de seus agentes, cada vez mais afastados do fazer cultural delineam uma cultura de um estado inculto.

“Este ano teremos mais uma escolha, elegeremos outras dezenas e até lá os cordeiros sorridentes reaparecerão, envolvendo-nos em seus calorosos apertos de mão, abraçando-nos, seus assessores estarão nas ruas atrás de votos e os equipamentos usados mais uma vez pela maquinaria de votos. E novamente veremos os desmandos.”

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Hallo Blumenau!

13 de Março de 2014

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O Nu visto da mais bela forma.

Arte, exprimida, linda, vivida.

O homem, desde sua existência, sabe muito bem se diferenciar das outras es-pécies e perceber quão grande é o mundo lá fora. Apesar de muitas vezes não conhecer nada, la fora.

A vida grita e se mostra aqui dentro. A beleza é surreal, o belo é sensível, é o toque, é o sentido. É o sentimento profundo no olhar onde a observação se trans-forma no climax da montanha. Onde a nudez desvenda partes que não se vêem assim.

No horizonte o sol poente, vemos as curvas de um corpo nascente. Em suas for-mas, belezas, valores. O véu das pedras, na pele, nas flores.O Nu é uma questão muito antiga, vivida. Mal caída, despida, proibida.É o ser com o ser, sem o ser que é o ser. Somos arte.

Se o homem é criador das artes, porque o mesmo não se mostra como arte? Pode e deve, na mais distinta pele, carne, sombra, luz, foque, desfoque, no sentido da graciosa e detalhada humanidade.

Por entre linhas se explica a vida, que nem tudo na vida, se vê e é bonita.O Nu artístico, das mais diversas interpretações e representações, cria forma, gama e fama. O sensível do homem nas mais belas curvas despidas, trajadas, seja elas com seios, sem seios. Com pelos, sem pelos, cabelos. Com olhos, sem, olhos, no corpo, sem corpo, só pó.

Mais poesia/arte/vida e vivas em: arminapoetry.tumblr.com

Por Rodrigo Klein

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Roupas, retalhos e bugalhos. Assim como a construção de um patchwork, o projeto “Shakespeare for All” é composto

de retalhos os quais as pessoas compõem suas colchas ou, literalmente falando, constroem suas próprias convicções ou conceitos. Este é o intuito dos trabalhos do Coletivo Shakespe-are Livre que traz os clássicos de dramaturgo William Shakes-peare para o século XXI.

Sob a direção de Nadege Jardim, a proposta é realizar re-cortes das obras de Shakespeare que, mesmo montadas em “mil quinhentos e bolinha” ainda refletem os desejos, anseios, medos e valores da sociedade. Na obra clássica “Romeu e Julieta”, por exemplo, é possível encontrar dualidade entre o ser fiel à família ou ser fiel seus sentimentos mais profundos. É possível estar entre a sorte e o azar e entre a coragem e o desespero, simultaneamente.

Como já é marca do grupo, o objetivo dos atores também é levar o teatro shakesperiano para as ruas da cidade. Com total liberdade, o grupo teatral realiza seus experimentos e, em um deles, surgiu a proposta de intervenção urbana “Louc@s de Shakespeare”. O trabalho mantém as ideias de levar pedaci-nhos das obras de William Shakespeare para vários cantos e evidenciar os propósitos da intervenção teatral: gerar reações diretas ou indiretas, interagir, intermediar, interferir... Provo-car questionamentos sobre valores humanísticos, contribuir para as mudanças de opiniões e interromper o curso habitual das coisas ou fatos também são objetivos.

“Louc@s de Shakespeare” iniciou em novembro do ano pas-sado em frente a Prefeitura Municipal de Blumenau. O espe-táculo ainda vai participar do “Fringe” no Festival de Teatro de Curitiba. O “Fringe” é uma montagem com espetáculos variados, sob os mais diversos formatos e que independem da faixa etária de classificação do espetáculo.

Durante as intervenções, os atores fotografam o público e a si mesmos com câmeras compactas e outros apetrechos tec-nológicos. O resultado destes registros livres é possível confe-rir na fã page do grupo no facebook: https://www.facebook.com/loucasdeshakespeare.

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LOUC@S DE SHAKESPEAREIntervenção Urbana a partir de recortes de textos de William Shakespeare

Ficha Técnica

Texto: William ShakespeareDireção e Adaptação: Nadege JardimFigurino, Maquiagem e Adereços: Coletivo Shakespeare LivreProdução: Ronaldo GarciaDuração: 10 minutosClassificação Indicativa: 12 anos

Elenco

Leomar PeruzzoPoly VendramiSueli Elízio

O dramaturgo nasceu em 1564 em Stattford, na Inglaterra e, próximo de seus 28 anos, mudou-se para Londres para trabalhar como ator e integrar companhias de teatro as quais se apresentavam diante da corte monárquica inglesa. Foi com o trabalho de ator que Shakespeare desenvolveu seus talentos e marcou a história mundial. Nesta época, ele também escrevia de maneira contemporânea e atemporal.

O artista também tinha seu ar de empreendedor: aos 35 anos de idade já era dono do teatro Globe em Londres. O teatro Globe foi reconstruído pelo ator e diretor americano San Wanamaker e, atualmente, se chama Shakespeare’s Globe (ou “O Mundo de Shakespeare”).

William Shakespeare foi casado com Anne Hathaway (!) com quem teve três filhos: Susanna, Hamnet e Judith. Com base em suas relações familiares e profissionais foi possível construir os personagens profundos de suas obras e as situações antagônicas pelas quais seus personagens sempre passam.

O maior poeta inglês retornou a cidade de origem em 1616 onde faleceu aos 52 anos.

Sobre William Shakespeare

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