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Revista DOMINGO 03 de Outubro de 2009

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2 Jornal de Fato Domingo, 3 de outubro de 2009

• EdiçãoC&S Assessoria de Comunicação

• Editor-geralWilliam Robson

• ReportagemIzaíra Thalita

• DiagramaçãoRamon Ribeiro

• Projeto GráficoAugusto Paiva• ImpressãoGráfica De Fato• RevisãoStella Samia e Gilcileno Amorim• FotosFred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia• InfográficosNeto Silva

Redação, publicidade e correspondência

Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN)Fones: (0xx84) 3315-2307/2308Site: www.defato.com/domingoE-mail: [email protected]

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

AO LEITO R

Um apelo ecológico

Capa de Neto Silva

Quando se está na universidade ou mesmo naredação, professores e colegas de trabalho alertamque todo jornalista precisa de perspicácia paraentender o que é uma notícia importante. Atéporque há casos de jornalistas que veem um circopegar fogo em frente à sua casa e não se atentamdessa importância. Outras notícias surgem quandomenos se espera.

Foi assim o que aconteceu com o fato que viroua capa desta edição da revista DOMINGO. Nummomento de lazer, recebo a ligação de um amigoque estava em Tibau noticiando que uma tartarugamarinha estava encalhada na praia e que seusamigos não sabiam o que fazer para salvá-la.Tentaram entrar em contato com a delegacia localdo Ibama, mas, como era um sábado à noite,ninguém atendeu. Não havia um serviço deplantão para esses casos.

Foi quando, imediatamente, entrei em contatocom a jornalista Izaíra Thalita, que já mantinhacontato com alguns pesquisadores desde quandofez uma reportagem vencedora do Prêmio Fapern

de Jornalismo. E, a partir daí, iniciou-se umtrabalho para estimular a preservação e umaatenção maior das autoridades ambientais para osconstantes encalhes de animais nas praias da região.Ela detalha as dificuldades dos especialistas eexplica as razões pelas quais isso vem acontecendopor aqui.

A revista ainda destaca uma reportagem sobreum movimento cultural que está previsto paraamanhã no Beco das Frutas. O local já viroumúsica de Reynaldo Bessa, transpira umsentimento nostálgico, mas hoje parece meio deprê.Por isso, músicos e outros artistas alternativosmontaram o projeto Barulho no Beco, que não sesabe ainda se será uma constante. Pelo menos, elesestão começando com a ideia de dar uma cara maisdivertida para o lugar.

Um abraço,

William RobsonEditor-chefe

4 ENTREVISTA Com a professora Edna Maria Aroucha e seu projeto de pesquisa

6MEIO AMBIENTE Encalhe de tartarugas e outros animais preocupa estudiosos

10 SAÚDEInconvenientes e irritantes, os piolhos são inimigos das crianças

11 COLUNA Um Dia na História fala da promulgação da Constituição

12 MÚSICA "Barulho no Beco" reúnebandas e admiradores do punkrock no Beco das Frutas

15 CULINÁRIA O domingo fica melhor com nossas dicas de receitas

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Cidade pequena, a única diversãoera a sinuca do barzinho de frente à pra-ça, que não era praça. Sem ter emque se ocupar, a rapaziada passavao dia ali, uma garrafa de cachaçaem cima do balcão encardido, umpires com pedaços de laranja parao tira-gosto. A rapaziada eram osque tinham pai com pequena apo-sentadoria do serviço rural; o paitinha de dar dinheiro pro jogo e pracachaça, ou a casa virava de cabeçapra baixo.

Os demais, sem essa condição,ficavam ali peruando, mas com direi-to ao gole de cachaça, que pra isso o ví-cio é generoso. O barzinho era o úni-co local da cidadezinha que tinha vidaaté pelas nove da noite, a bebedeira.Os adultos propriamente ditos faziamuma vida doméstica, e as ruas, que er-am cinco, se fechavam ali, quando mui-to, pelas oito.

Ali, afora a agricultura em tempode chuva, que não tinha irrigação, nemnada, não tinha de onde tirar-se o sus-tento. Fábrica de coisa nenhuma, ouqualquer outro meio da atividade hu-mana. Emprego, uns poucos funcio-nários públicos municipais de saláriomínimo, uns poucos estaduais, as pro-fessoras da escola pública. Girava emtorno disso, a cidadezinha.

Contratado pela prefeitura paraatender a população, o médico PedroBatista, espírito progressista, e mui-to lido em ciências políticas e sociais,procurou tomar conhecimento daspotencialidades econômicas do lugar,e viu, de pronto, que ali faltava, eapenas, interesse político do governo.Podia-se arrancar a cidade daquele ma-

rasmo para o desenvolvimento econô-mico e social e era um território ricode recursos naturais. Quem sabe ja-zidas.

De logo deu-se a movimentar a ci-dade, à frente a juventude, no rumo dacrítica construtiva ao sistema de go-verno do Brasil, em geral, e do Estado,em particular, de todo descomprome-tido com o progresso econômico, fun-

damento do desenvolvimento social.Sua maior preocupação era no vícioque arruinava a juventude dali, a ne-nhuma perspectiva de futuro. E cen-trava, com mais força, sua crítica so-cial na exploração que se fazia na agri-cultura, a produção engolida pelosproprietários de terras, sob as vistasindiferentes dos organismos do go-verno.

Indignado, Dr. Pedro Batista en-trou com ação pública na Justiça,

depois de publicar uma série de arti-gos no principal jornal da Capital, de-nunciado a exploração no campo e,principalmente, o descaso do governorelativamente à pobreza instalada nagrande maioria dos municípios, e apon-tando os meios de desenvolvimento. Re-sultado. Ou deixaria a cidade, ou seriaassassinado.

Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009 3

C O N T O / J O S É N I C O D E M O S

!Emprego, uns poucos

funcionários públicos

municipais de salário

mínimo, uns poucos

estaduais, as professoras da

escola pública. Girava em

torno disso, a cidadezinha

O PREÇO DAJUSTIÇA SOCIAL

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DOMINGO - Professora, a propos-ta desse projeto é verificar a qualidadedo nosso mel. O que está sendo coloca-do neste projeto aprovado com recur-sos do BNB?

EDNA AROUCHA - Dentro desseprojeto tem vários objetivos. É um "pro-jetão" que envolve o mapeamento daQualidade Físico-química, que é umaparte do trabalho, os compostos fenó-licos, que é a segunda parte, e a ori-gem botânica, que é a terceira partedo projeto. O projeto tem por obje-tivo central avaliar a qualidade domel na região mais produtiva doEstado do Rio Grande do Nortenos municípios que são os maio-res produtores da região Oeste,num total de vinte, onde entram:Mossoró, Serra do Mel, AreiaBranca, Tibau, Baraúna, Apo-di, Caraúbas, Governador Dix-sept Rosado, Lucrécia, Alexan-dria, João Dias, Porto Ale-

gre, Martins, Olho D'águados Borges, Pau dos Fer-

ros, Rafael Fer-nandes, Patu,Assu e Upa-nema. Esteé meuprimei-ro pro-j e t o

aprovado pelo BNB, mas, eu já inicieias pesquisas com mel na região desde2004 e já estive fazendo visitas em al-guns destes municípios como Caraúbase Apodi, onde tem duas ou três coope-rativas em que se produz bastante mel.Mas considero que o mais importantede tudo é que esse trabalho visa fortale-cer a agroindústria, esse setor apícola daregião e poderá contribuir para se agre-gar um valor a esses méis.

DE QUE forma o trabalho então co-laborará para agregar valor ao mel do RN?

OLHA, até agora não há nada ou nãose sabe nada sobre a qualidade dos méisdo Rio Grande do Norte. O que a gentesabe é que os méis modificam a sua qua-lidade físico-química e sua qualidade en-quanto propriedades benéficas para o con-sumo estão muito ligadas à vegetação, coma florada que dão origem a esses méis.Como estamos no semiárido e aqui hádiversas floradas - a do cajueiro, marme-leiro, por exemplo - temos vários tipos deméis. Então há a tentativa de verificar qualo perfil destes méis, nestas floradas e oque elas têm de interessante para que a gen-te possa agregar valor a estes méis.

O QUE determina que um tipo demel é de melhor qualidade que outro?

PRIMEIRO me baseei na legislaçãobrasileira, pois há uma instrução norma-tiva número 11/2000 que traz as caracte-rísticas físico-químicas do mel, indican-do o que o mel tem que ter. Fora essas ca-racterísticas, os méis apresentam algumas

E N T R E V I S T A / E D N A M A R I A A R O U C H A

'A pesquisa vai agregar valor ao mel potiguar'

Edna Maria Mendes Aroucha, engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é professora do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e recebeu aprovação pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB) no edital FUNDECI do seu projeto de pesquisa intitulado "Pesquisa e Difusão - APL" e tem entre seus objetivos principais estabelecer um perfil das características específicas do mel de abelhas indígenas e africanizadas produzido na região Oeste do RN. A pesquisa irá comparar a qualidade do mel produzido nas distintas regiões, épocas e vegetação, com o padrão de qualidade nacional e internacional do mel. Sobre a pesquisa e como será desenvolvida, Edna Aroucha fala mais nesta entrevista.

4 Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009

Por Izaíra Thalita

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propriedades diferentes que podem ser atre-ladas à alimentação, os méis podem tercaracterísticas que propiciam estar den-tro destes grupos de alimentos funcio-nais. Por exemplo: uma florada rica em fla-vonóides que é uma substância químicaque está atrelada a uma substância antio-xidante e anticancerígena que pode estarem maior ou menor quantidade no mel.O que faz com que essa substância estejano mel é o tipo de florada. Dependendoda planta, estes méis podem ser mais ri-cos em flavonóides. Ao estudar determi-nado mel, posso verificar que ele tem al-to índice de flavonóides, o que é bom pa-ra o produtor, que vai poder dizer que seumel é rico nessa substância e com isso, agre-gar valor ao seu produto.

ISSO favoreceria um maior consumodo mel?

COM certeza, porque hoje no Brasil agente consome pouco mel. Está se consu-mindo um pouco mais de mel agora porcausa dos programas do governo que es-tão comprando esses méis, incluindo-osna merenda escolar. Fora isso, consumimosem média 500 gramas de mel por pessoapor ano. Se você agregar essa funcionali-dade ao mel, será um apelo ao consumo emelhorará a vida dos produtores que te-rão algo a mais para informar ao consu-midor. Se o produtor tem um mel diferen-ciado, ele terá mais lucro, mais retorno.

VOCÊ já fez outros trabalhos sobremel e sabemos que o projeto ainda estácomeçando, mas o que já pode ser ditosobre o nosso mel? Ele é melhor para con-sumo, para a indústria?

AINDA tenho poucos subsídios parate falar sobre isso, mas te digo que a re-

gião tem tudo para ter um mel de alta qua-lidade. O que vejo que tem muito a se es-tudar porque sem maior aprofundamen-to é possível se perceber características di-ferenciadas, cheiros diferenciados, flora-das que dão origens a diferentes méis, comcores mais escuras, outras mais claras, u-mas que cristalizam outras que não. Ain-da tenho pouca base para te responder ago-ra, mas o que verifico - já analisei méis emalgumas regiões como a de Touros, Riodo Fogo - verifiquei que a qualidade nãoé ruim e que no Nordeste a questão climá-tica não desfavorece o fato de se ter umbom mel. Há dois tipos de méis, o de me-sa e o de indústria, o primeiro é mais cla-ro e o segundo mais escuro e dependendoda florada se tem um mel mais claro doque outro. No entanto, especificamenteligado a estes fatores que quero estudar nãotenho informações ainda porque o proje-to irá nos responder.

MUITOS produtores já se organizamem cooperativas para vender no país eaté exportar o mel potiguar. No entan-to, não havia um profissional que indi-casse essa classificação por qualidade. Is-so pode ampliar o interesse pelo mel pa-ra exportação?

SIM, sem dúvidas. Nesse trabalho que-remos inserir o laboratório como um gran-de ponto de referência para fazer análisepara a exportação, referendado pelo Mi-nistério da Agricultura. Esse é um dos ob-jetivos importantes. O Brasil exporta osméis, mas pouco sabe sobre eles e quandosoubermos as características diferencia-das poderemos exportar mais, já que esseapelo dos alimentos funcionais é mun-dial assim como o orgânico tem um ape-lo maior, diferencia o produto. Nossos méis

podem também ganhar esse diferencial,já que tem a ver com a área de pastoreiodas abelhas. Se existir produção agrícolasque usam agrotóxicos e as abelhas passampor ali, já não se pode garantir que essemel não teria uma interferência maiordessa interferência do homem. Tem mui-tos méis que podem ganhar um agrega-dor, mas que por desconhecimento nãose tem estudos que evidenciem em que sepode caracterizar isso.

QUAL será o investimento na pes-quisa, quanto tempo será a execução des-se projeto e qual a estrutura necessáriapara seu funcionamento?

ESSE projeto está cotado para ser fei-to durante três anos e está orçado em R$70.800,00, que dará uma média de R$23.600,00 por ano. Esse valor contemplaa aquisição de alguns equipamentos e al-gumas substâncias químicas como os rea-gentes para podermos fazer as análises.Nós precisaremos nos deslocar para fa-zer as coletas dos méis e realizar as aná-lises e teremos um custo que está orçadono projeto. Vale ressaltar que esse traba-lho tem uma parceria nossa, ou seja, daUfersa tendo como coordenadora a pro-fessora Maria de Fátima da Universida-de Federal do Rio Grande do Norte(UFRN) e conto com a parceria do pro-fessor Ricardo, que é do mesmo departa-mento que eu aqui na Ufersa - Departa-mento de Agrotecnologia e Ciências So-ciais - além dos estudantes. Então o pro-jeto irá gerar várias monografias, proje-tos científicos ao longo desse percurso. Setudo correr bem, o projeto provavelmen-te terá início neste mês de outubro.

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6 Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009

M E I O A M B I E N T E

O encalhe e morte de animais marinhos na Costa Branca preocupa biólogos; as tartarugas marinhas estão entre os que mais morrem conforme pesquisa desenvolvida pela Uern

costaPerigo na

IZAÍRA THALITAEditora da Revista DOMINGO

Um litoral com área costeira atraen-te, vasta alimentação e muitos riscos. Olitoral da Costa Branca registra um altonúmero de encalhes de animais marinhosentre eles: golfinhos, peixes-boi, baleiase tartarugas marinhas. Estas são constan-temente ameaçadas, pois em três anos -de 2006 a 2009 - mais de cem tartarugasmarinhas encalharam no litoral da Cos-ta Branca, a maioria delas vindo a mor-rer apesar das tentativas de salvamento.

O encalhe e morte de tantas tartaru-gas indica um tipo de agressão ambien-tal que preocupa os biólogos do Proje-to Cetáceos da Costa Branca (PPCB).

Para se preocupar com tantas mortes,basta saber que de cada mil filhotes detartarugas marinhas que nascem somen-te um ou dois conseguem atingir a ma-turidade, já que os obstáculos naturaisque elas enfrentam são muitos. No entan-to, o principal predador ainda é o homem,o maior responsável pelo risco de extin-ção sofrido pelas tartarugas marinhas.

O Projeto Cetáceos é do Laboratóriode Sistemática e Ecologia Animal do De-partamento de Ciências Biológicas daUniversidade do Estado do Rio Grandedo Norte (UERN), e atua, desde 1998, ematividades de atendimento a encalhes,pesquisa e conservação de mamíferosaquáticos no Rio Grande do Norte, comsede no Campus Central em Mossoró.

Os estudos realizados pelo PCCB vêmresultando na produção de teses de dou-torado, dissertações de mestrado e arti-gos científicos publicados em periódi-cos nacionais e internacionais, enfo-cando aspectos sobre história naturalde animais encalhados, diversidade deespécies, ecologia e comportamento demamíferos aquáticos na região da Cos-ta Branca.

Segundo a professora Ana BernadeteFragoso, coordenadora da equipe de en-calhes dentro do projeto, apesar de o

objetivo primeiro ser a notificação demamíferos aquáticos, o projeto acabounotificando também os encalhes de peix-es-boi e de tartarugas marinhas e se sur-preendido com os números.

"A região da Costa Branca é reco-nhecidamente prioritária nos traba-lhos de conservação do peixe-boi-mar-inho, Trichechus manatus, por ser aque registra o maior índice de encalhesde filhotes desta espécie hoje ameaça-da de extinção na costa do Brasil", res-salta ela.

Tartarugas marinhas:mais de cem encalharamna Costa Branca em umperíodo de três anos

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TARTARUGAS E A PESCAO grande número de ocorrência de

encalhes de tartarugas marinhas des-pertou o interesse de um dos estudan-tes que compõem o PCCB. Luiz Luzse voltou a acompanhar mais os resga-tes de tartarugas marinhas que enca-lham na Costa Branca. Desde setembrode 2006, ele integra as atividades dolaboratório de sistemática e ecologiaanimal da Uern e desenvolve um tra-balho voluntário de pesquisa com tar-tarugas marinhas sob a orientação doprofessor Flávio Lima, coordenador-geral do projeto Cetáceos.

Luiz realiza o registro de ocorrênciasde encalhes de Tartarugas, colhendo da-dos sobre a possível causa mortis doanimal como também, uma relação dadiversidade de espécies existentes na re-gião.

Em seus registros, o estudante de Bio-logia constatou um grande número deocorrências de encalhes devido à inte-ração desses animais com a pesca:

"Em todos os casos, essa interação énegativa para o animal. Por isso esta-mos tentando também fazer um tra-balho em conjunto com as colôniasde pescadores da região e que segue omesmo estilo dos trabalhos destina-dos a mamíferos marinhos realizadospelo projeto", explica Luiz.

Outro fator curioso já percebido porLuiz Luz nos seus estudos com as tar-tarugas que encalham no litoral é agrande ocorrência de uma doença queestá atacando as tartarugas, é a "Fibro-papilomatose".

"A princípio é uma espécie de cân-cer que ataca as tartarugas. A causadessa doença não é conhecida ainda,mas muitos trabalhos indicam que exis-ta uma relação com o nível de polui-ção da água do mar", ressalta Luiz, queainda não concluiu seus estudos. Po-rém, os dados das ocorrências notifi-cadas dentro do projeto indicam quea maioria das tartarugas encontradaspossuía a doença.

A captura acidental em rede de pes-ca é uma das principais causas de mor-talidade não só de tartarugas, mas tam-bém entre os golfinhos e botos do li-toral brasileiro e potiguar.

A professora Bernadete explica que,em geral, os pescadores colocam as re-des para captura de peixes, deixando-asdurante a noite e retornando depois dealgumas ou várias horas para recolhê-las.

"Animais marinhos que ocorremnesta região como tartarugas e mamí-feros aquáticos vão se enredando e nãoconseguem vir à superfície para respi-rar. Esses animais acabam morrendose não forem libertados em tempo dasredes. Pescadores conscientes quandoobservam que os animais foram cap-turados, até mesmo para não perde-rem suas redes, costumam liberar osanimais. Mas, muitos não fazem isso",ressalta a professora.

Tartaruga resgatada na praia das Manuelas em Tibau

Tartaruga com mais de 70 anos resgatada em Areia Brancaano passado estava com cabeça machucada e não resistiu

Cedida

Cedida

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ENCALHES DE TARTARUGASHá duas semanas uma equipe de bió-

logos e pesquisadores do Projeto recebeuo pedido de ajuda para o resgate de umaTartaruga-verde, na praia do Ceará, comdificuldades para respirar. A equipe con-seguiu um carro com o Instituto Brasi-leiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (IBAMA) em Mos-soró e levou a tartaruga para o Institu-to Aquarius em Natal, onde a equipedo projeto TAMAR - que cuida de tar-tarugas Marinhas do Ibama - pode daros cuidados necessários.

No caminho, a tartaruga precisa sermolhada e tem suas condições vitaisacompanhadas pelos biólogos. Esta con-seguiu chegar com vida, mas a maiorianão resiste. Somente neste ano, duas tar-tarugas adultas de um total de cinco en-calhadas continham ferimentos.

No ano passado, foram registradas37 tartarugas encalhadas, sendo que 22delas apresentavam sinais evidentes deinteração antrópica (causados por ativi-dades humanas). A equipe do projetodestaca o episódio de uma tartaruga queencalhou viva na praia das Manuelas (Ti-bau) no final do ano passado. Pelas es-timativas feitas de acordo com o tama-nho do casco, a tartaruga verde deveriater 70 anos de idade e estava com a ca-beça partida em vários pedaços.

"Ela tinha cinco grandes rachaduras,provavelmente causada por um golpecom algo muito forte (um remo talvez).Outra tartaruga também merece ser ci-tada; ela foi morta a pauladas no iníciodo ano passado em Areia Branca. Na oca-sião, ela tinha sido encontrada desovan-do na praia e um grupo de popularesresolveram matá-la para consumir a car-ne", ressalta Ana Bernadete.

PREOCUPAÇÃO E CAMPANHASomente neste ano, a equipe de biólo-

gos registrou o encalhe de vinte golfinhos,duas baleias e seis peixes-boi. A vida des-

tes animais que são verdadeiras belezasdos mares está sendo acabada aqui.

Por isso, a equipe que integra o pro-jeto tem se preocupado em trabalhar odiálogo com as comunidades do litoralda Costa Branca e especialmente comos pescadores, divulgando o número detelefone para resgates de animais enca-lhados ou mesmo mortos.

Com o intuito de obter mais infor-mações sobre a ocorrência de mamífe-ros aquáticos na região da Costa Bran-ca, a equipe está realizando uma cam-panha para notificação de encalhes.

A reativação da campanha deste anofaz parte do projeto desenvolvido por AnaBernadete como bolsista de Desenvolvi-mento Científico Regional da Uern emparceria com o CNPq e a Fapern, intitu-lado "Diversidade de espécies e caracteri-zação osteopatológica em mamíferosaquáticos do Rio Grande do Norte".

Segundo ela, a campanha vem sendoimplementada através de distribuição decartazes e cartões em todas as comuni-dades litorâneas do estado, principal-mente nas colônias de pesca e associa-ção de moradores. Os cartazes e cartõescontêm o número de telefone de conta-to para notificação dos pesquisadoresem caso de encalhes de mamíferos aquá-ticos.

Ana Bernadete explica que a notifi-cação por parte da população quando

um animal aparece encalhado, vivo oumorto é importante para a continuida-de das pesquisas.

"Como a captura destes animais é proi-bida por lei no Brasil, pesquisas sobre abiologia destas espécies somente é pos-sível a partir dos estudos de carcaçasdos animais encalhados e informaçõescoletadas nos casos de animais encalha-dos vivos. Daí a importância do apoioda comunidade. No caso de encalhesde animais vivos, quanto mais rápidasas notificações, mais rápida pode ser achegada da equipe de encalhe e maioresserão as chances de sobrevivência dosanimais", completa ela.

O chefe do escritório regional do Iba-ma em Mossoró, Francisco Linduarte, ex-plica que apesar da dificuldade para sefazer o transporte dos animais até o Aqua-rius em Natal, as ocorrências de enca-lhes têm sido atendidas com presteza.

"À medida que a equipe é informa-da, temos atendido os casos para garan-tir que cheguem vivos até Natal ou For-taleza no caso dos peixes-boi. A comu-nidade tem muita importância nessessalvamentos", ressalta.

Agora, o projeto espera contar com acolaboração da população que em ca-sos de encalhe pode entrar em contadocom o PCCB através do telefone: 8843-4621 ou encaminhar fotos dos animais,sejam encalhados ou não.

Professora Ana Bernadete coordenaa equipe de encalhes do PCCB

Luiz Luz estuda tartarugasencalhadas na Costa Branca

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Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009 9

Editoria de arte: Neto Silva

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10 Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009

S A Ú D EA presença dos piolhosno couro cabeludo nãosurge por falta dehigiene e não escolhecamada social, mas é muito maiscomum na infância

Inimigosirritantes

A palavra pediculose é desconhecidapara muita gente, mas identifica na me-dicina uma doença muito comum, prin-cipalmente na infância e que atinge ocouro cabeludo, provocada pelos parasi-tas conhecidos como piolhos.

Devido à coceira do couro cabeludo,a pediculose irrita a pele até o pescoço,podendo originar tumefações.

Os piolhos são parasitas hematófagos- alimentam-se de sangue - e podem pro-vocar anemia, impetigo e outras doençasbacterianas. Suas consequências podemser sérias, mas devido à ideia preconcei-tuosa que atrela a pediculose somente àscamadas sociais de baixa renda, poucovalor se dá aos métodos de prevenção jun-to às crianças.

Na verdade, não se trata de questão dehigiene ou de camada social. Pessoas dequalquer idade, sexo, raça ou camada so-cial podem ser atingidas pelos piolhos. Nainfância, a pediculose ocorre mais devi-do à forma rápida com que os parasitasse espalham.

Além do cuidado com os cabelos, ascrianças com piolhos precisam que os paisdevolvam uma parcela de atenção na re-moção dos parasitas do couro cabeludoque pode ser feita de diversas formas, in-clusive com a ajuda do médico dermato-logista.

"Existem no mercado farmacêuticoos xampus e até medicamentos de viaoral que ajudam a matar os piolhos, mas,não tem eficiência total. Ainda é preci-so o uso do pente fino e de uma sériede cuidados na remoção. Além de prá-ticas para evitar que os piolhos se espa-lhem", afirma o dermatologista LúcioMedeiros.

PENTE FINOApesar de desacreditado, o pente fino

é necessário. Isso porque é difícil a remo-ção de todos os parasitas que se multipli-cam rapidamente no couro cabeludo e sãoincômodos e resistentes.

Uma única fêmea pode, em menosde trinta dias, espalhar mais de cem ovos(lêndeas).

CUIDADOS NECESSÁRIOSTomando-se os cuidados necessários

como o uso do pente fino pelo menos umavez ao dia, xampus ou medicamentos apro-priados repassados pelo médico, não sedeve dormir de cabelos molhados ouprendê-los, pois colabora para a prolife-ração.

Enquanto estiver se tratando, a crian-ça ou o adulto deve evitar emprestar bo-nés, pentes, escovas e até travesseiros aoutros familiares para não espalhar o pro-blema. Não se recomenda frequentar aescola, já que a proliferação para as demaiscrianças se torna mais fácil.

TIPOS DE PEDICULOSE QUE PARASITAM O SER HUMANO

- Pediculose do Couro Cabeludo: provo-cada pela presença do "Pediculus hu-manus var capitis" e lêndeas presasnos fios de cabelo, atinge preferencial-mente crianças em fase escolar;

- Pediculose do Corpo: que tem comocausador o "Pediculus humanus varcorporis" (vulgarmente conhecido co-mo muquirana) e lêndeas que são de-positadas nos pelos e roupas dos indi-víduos;

- Pediculose Pubiana: causada pelo"Phthirus púbis" (vulgarmente chama-do de chato) e lêndeas que sãocolocadas nos pelos pubianos.

SAIBA MAIS

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Muito se fala da Constituição brasileiraquando o lógico seria que ela falasse por si,que a nossa Carta Magna bastasse por si mes-ma pelo simples fato de sê-la. E a nossa pala-vra, quando a citássemos, fosse só de evocaçãopara o cumprimento da justiça, do bem e daigualdade social. E por que não é assim? Porque a constituição não dá a segurança da ob-tenção dos direitos devidos? Por que duvida-setanto e tão facilmente que seu texto seja respei-tado e até se supõe que ele seja tratado comouma blague por nossos representantes nos trêspoderes?

COMO FOIÉ preciso voltar um pouco a história das

constituições para entender por que isto se dádesta forma. As constituições brasileiras sem-pre foram elaboradas em momentos de crisedo sistema político vigente, crise aqui entendi-da como momento de reformulação, cujo no-vo irá surgir. Talvez fosse melhor pensar em"período de ruptura", mas, no nosso caso, tal-vez seja mais prudente falar em "período de tran-sição". No primeiro desses momentos, os anospós 1822, surge a necessidade de construir umconjunto de leis e regras que estabelecessem ofuncionamento político do país, bem como osdireitos e deveres dos cidadãos. Foi a primeirae a mais duradoura das constituições (1824-1891)- ainda que tenha sido outorgada pelo Impera-dor Dom Pedro I depois de dissolver a Assem-bléia Constituinte, e constasse nela o oportu-no poder moderador e uma pesada influênciafrancesa. Para substituí-la os republicanos pro-mulgaram, em 1891, uma Carta inspirada nomodelo norte-americano, que deixava as uni-dades da federação com mais autonomia.

A primeira Constituição republicana inau-gurou o sistema presidencialista, separou a Igre-ja do Estado, extinguiu a pena de morte e o vo-to censitário. O país tornou-se uma Repúblicafederativa liberal, e tinha no texto da Carta a pre-servação dos interesses dos Estados mais pode-rosos do país. As seguintes estiveram sob a ba-tuta do ditador Getúlio Vargas. A de 1934 nãose distinguia muito daquela de 1891, mas seinspirava na Constituição alemã de Weimar, sen-do assim, tinha um caráter nacionalista: davarelevância à segurança nacional e também in-cluiu considerações sobre legislação trabalhis-ta e a educação gratuita. A Carta de 1937, ins-pirada na Carta Del Lavoro da Itália fascista, rea-firma e explicita a política trabalhista do Esta-do Novo e as intenções nacionalistas do presi-dente Getúlio. Setembro de 1946 abre um pe-ríodo democrático que será fechado por outraditadura. A Constituição promulgada por Eu-rico Gaspar Dutra, naquele ano, sagra a Repú-blica federativa com um sistema de governopresidencialista, e com uma configuração polí-

tica liberal democrática com o presidente sen-do conduzido ao poder pelo voto direto de bra-sileiros maiores de 18 anos e alfabetizados. Aditadura militar de 1964-1985 também trariauma nova Constituição que atendesse aos inte-resses políticos dos que detinham o poder: em1967 o poder ficou cada vez mais centralizadonas mãos do executivo, enfatizou-se a idéia desegurança nacional e, por conta de tal discur-so, direitos básicos dos cidadãos são cassados.O texto da Carta de 1969 só ratificou e am-pliou o autoritarismo da anterior, deixando aConstituição brasileira de magnitude cada vezmais duvidosa.

COMO ÉO período de redemocratização exigiu um

conjunto de leis que desse um adeus definitivoàs ameaças de retorno do autoritarismo. A no-va Constituição surge como defensora dos va-lores democráticos. Conhecida como Consti-tuição Cidadã, foi pensada para garantir os di-reitos sociais básicos: educação, saúde, lazer,trabalho e segurança. Além, é claro, a igualda-de jurídica, liberdade de religião, expressão, deir e vir, de associação. Mas também ela não es-teve livre das disputas de interesse das elites po-líticas e econômicas que a rodeavam. As pres-sões de grupos fortes, como os militares e a UDR

(União Democrática Ruralista),fez com que muitas propostasque dariam impulso à igualda-de social - como a possibilida-de de realização da reforma agrá-ria - fossem excluídas ou pou-co destacadas no texto.

Talvez responda um poucoàs questões acima o fato de a Car-ta ter sofrido dezenas de refor-mas e dezenas de emendas cons-titucionais, o que modificou otexto original e abriu margempara mais modificações. Mas,no famoso discurso de 05 de ou-tubro de 1988, o presidente daAssembléia Constituinte, Ulis-ses Guimarães, já dizia: "A Na-ção nos mandou executar umserviço. Nós o fizemos comamor, aplicação e sem medo.A Constituição certamente nãoé perfeita. Ela própria o con-fessa, ao admitir a reforma.Quanto a ela, discordar, sim.Divergir, sim. Descumprir, ja-mais. Afrontá-la, nunca. Trai-dor da Constituição é traidorda Pátria."

COMO DEVERIA SERO historiador Capistrano de Abreu tam-

bém elaborou uma Carta Magna para o Brasil,que constava de apenas dois artigos: "Artigo 1º- Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.

Artigo 2º - Revogam-se as disposições emcontrário". Ser honesto e ter caráter deveriabastar. Não só ao homem brasileiro, mas a to-dos os homens. Capistrano, Ulisses, os revo-lucionários franceses de 1789 que pensaram aDeclaração dos Direitos do Homem e do Ci-dadão, os líderes do mundo que escreveram aDeclaração Universal dos Direitos Humanos,todos previam que suas elaborações pensadase escritas trariam para todos os homens o di-reito de ser igual em direitos. O grande nódessa questão é que os homens não têm a mes-ma compreensão do conceito de igualdade e,nesses 220 anos - para o Brasil 185 anos a con-tar da primeira Carta Magna brasileira -, osinteresses individuais se sobrepõem aos inte-resses coletivos. Assim sendo, por mais que aConstituição de 1988, que agora atinge a maio-ridade absoluta de 21 anos, tenha avançadonas questões sociais, ainda falta muito a se cum-prir para encontrarmos neste enorme e plu-ral país uma igualdade de direitos. Isto esta-ria bem mais ao alcance se todos cumprissemo dever de ter caráter.

UM DIA NA HISTÓRIA

C O L U N A

05 de outubro de 1988 - Promulgação da atual Constituição do Brasil

Iza L. Mendes Regis - Profa. do departamento de História - Campus Central - UERN - [email protected]

Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009 11

Page 12: Revista DOMINGO 03 de Outubro de 2009

12 Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009

Evento reúne hoje à noite amantesdo Punk Rock no Beco das Frutas

Barulho no

O rock sempre foi mais que um estilo mu-sical, um estilo de vida. Dentro do próprioRock há várias vertentes e uma delas é ochamado punk rock, um som mais pesadoe letras mais contestadoras. Em Mossoró opúblico que curte o estilo estará reunidohoje dentro de um evento que está na suaterceira realização, o "Barulho no Beco".

"O Barulho no Beco é mais um proje-to do grupo Capitão Lixo, cujos integran-tes realizam eventos de cunho sociocul-

tural desde 2004 na cidade de Mossoró",explica Pedro Souza, músico integranteda banda Mahatma Gang que está no gru-po responsável pela realização do evento.

O local, como o nome indica, será ofamoso Beco das Frutas, no centro de Mos-soró, mais especificamente no NasdirDrinks, um ambiente pequeno. A esco-lha, de acordo com Pedro, está no fato deque o ambiente atrai os que gostam decultura alternativa.

M Ú S I C A

Beco

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O QUÊ - Barulho no Beco III - A invasão cabeça chatacom: Skate Pirata, Cão Nos Coro, Cereal Killer e DJ Xambin-ho (todos de Fortaleza) e Mahatma Gangue (Mossoró);

QUANDO - 04 out 2009, 18h - ONDE - Beco das Frutas/Nasdir Drinks, Centro de

MossoróQUANTO - R$ 5,00

Serviço

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"Escolhemos o Beco das Frutas paraa realização de nosso projeto por acredi-tarmos no potencial daquele lugar, acha-mos que o beco é aconchegante onde to-das as pessoas que participam do eventosão obrigadas a ficarem perto umas dasoutras. O espaço pequeno do Nasdir au-menta assim a interatividade entre as pes-soas e também entre banda e o público,que dividem o mesmo chão, desmistifi-cando a lógica de palco e platéia, artistae expectador. De uma maneira cósmicatodos os presentes acabam sendo a ban-da. Além de acharmos o beco lindo e tersinucas e jukebox", ressalta Pedro.

Neste ano, os shows ficam por contada participação de três bandas vindas de

Fortaleza (CE): Skate Pirata, Cão NosCoro e Cereal Killer; A DJ Xambinho tam-bém de Fortaleza (CE) e a banda mosso-roense Mahatma Gangue.

A banda mossoroense está lançandoseu segundo CD/EP "Ritmo Selvagem" ese prepara para uma turnê pelo sudestedo Brasil.

"Estamos saindo para uma turnê pelosudeste do Brasil, onde a música mosso-roense passa a ser veiculada em circuitonacional. O lançamento, bem como atour, é uma parceria entre os selos Oxen-ti Records (RJ), Barulho de Retardado (SE)e Capitão Lixo Discos (RN)", completaPedro Souza, que na banda Mahatma é vo-calista e toca baixo.

BARULHO POR DENTRO E POR FORAO Barulho no Beco mistura várias ex-

pressões de quem atua no meio culturalunindo música e expressões da juventu-de que tem atitude. Em sua primeira edi-ção, o Barulho no Beco foi sede para o lan-çamento da "Revista Prego", do EspíritoSanto, sendo esse o primeiro lançamen-to na região nordeste do Brasil. Na se-gunda edição, o grupo realizou a primei-ra mostra de Fanzines de Mossoró.

Nesta terceira edição, o projeto contaainda com a exposição de jornais alter-nativos impressos e estandes com mate-riais de música independente. Abaixo, con-fira mais detalhes do evento e da bandaMahatma, anfitriã do Barulho no Beco.

Mahatma GangMembros da Banda: Farofa - Baterista e cantorIngrid - Guitarrista e cantoraPedro - Baixista e cantor

Influências: Ramones, LosSaicos e The VenturesSelo de Gravação: Capitão Lixo

Site da banda:www.myspace.com/mahatmagang

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14 Jornal de Fato Domingo, 6 de setembro de 200914 Jornal de Fato Sábado, 3 de outubro de 2009

"E por causa dessa qualidade eterna, des-sa imponderabilidade, eu vejo que, para a hu-manização, a arte está no mesmo caminho damística ou da fé religiosa; ambas as experiên-cias são independentes da razão; são experiên-cias; a beleza é uma experiência e não um dis-curso." Tomaremos dessas palavras da poetaAdélia Prado como epígrafe a este texto.

A literatura contemporânea passa por umafase em que pelo conglomerado e aclimata-ção das estéticas, temáticas e formas eclodeuma produção que reitera, ou pelo menosdeveria reiterar, o olhar do leitor perante no-vas dimensões. No calor dessa fase, reapare-ce a pergunta já clássica que sempre estevepresente e permanece mais viva ainda quan-do desse momento pós-engagée, levado a ca-bo pelos escritores nas décadas anteriores. Éa comum pergunta que prima por uma "fun-ção" da arte e seu caráter reside de algo quefora muito em voga ainda na Idade Média,em que, sob os escafandros da Igreja, prima-va-se por uma arte cuja missão devia se equi-parar a de uma "pedagogia da fé". Evidenteque, a proposta do engagée estava bem dis-tante desse tal propósito pedagógico, mas vin-ga algo em comum entre ambas: a "função".

Sem fugir da questão, é possível entreverque a literatura contemporânea, mais que aliteratura doutra época, traz à guisa uma lin-guagem do cotidiano, primando pela reva-loração do que foi silenciado e imprimindouma visão outra que busca rever os modelosconstruídos pelas ideologias e postos comoos de ordem para as sociedades humanas. Is-so parece ser o suficiente para que possamosdesenvolver aqui um raciocínio em torno des-se caráter de "função" da literatura.

É bem verdade que, o propósito de umanão-função, conforme foi moeda correnteaos ligados ao hermetismo advindo de fi-guras como Pound e Mallarmé, carece deuma leitura mais acurada frente essa "no-ção cor de rosa da função" delegada a litera-tura. Essa "noção cor de rosa" é aquele comque sonha o senso comum, na visão quaseque unânime do "só leio aquilo que trazuma contribuição pessoal". Por isso que asautoajudas estão logo à entrada das livra-rias e das listas dos mais vendidos. Mas oraciocínio é falho, porque até bula de remé-dio traz uma contribuição pessoal e, no en-tanto, é o que mais detestamos ler.

O fato é que, pensar em "função" por es-sa lógica "best-seller" não cabe aqui; a litera-tura não resiste a ela. O caráter da arte residepara além dessa vã filosofia do senso co-mum. Necessitamos de nos deslocar para o

ARTIGO/PEDRO FERNANDES

LITERATURA ENECESSIDADE

campo dos atos instintivos. Só por atravésdo instinto, essa coisa silenciosa que atua co-mo escape nos momentos inesperados dosatos humanos, que é o fio tênue que nos se-para do humano que somos e do bicho quepoderíamos ser e que nos é necessário por-que dele depende nossa própria existência, épossível encontrar uma resposta, ainda queinvadida pelo campo das possibilidades, pa-ra o que seria essa "função" da literatura.

Pelo território insondável dos instintosse é possível encontrar o entendimento pa-ra o caráter volitivo da fé, do belo e do pró-prio instinto. Logo, o que parece preponde-rar é uma "necessidade". A fé, o belo e o ins-tinto são elementos a nós necessários paraser o que somos. Basta que prescrutemos comum olhar planar das sociedades pré-históri-cas passando a todas as comunidades hu-manas, as menos e mais desenvolvidas, as ile-tradas e as letradas, as de centro e as de pe-riferia, em todas, tais elementos da fé, dobelo e do instinto são experiências ineren-tes. Também aí reside a arte.

Do mesmo modo que, não há explica-ção que caiba aqui. São necessidades; neces-sidades sabemos que existem, não se ques-tiona. Nesse trato com a linguagem, umadas faces da literatura, o delegar "função" éluta vã, como já nos advertia Drummond:"Chega mais perto e contempla as palavras./Cada uma/ tem mil faces secretas sob a fa-ce neutra/ e te pergunta, sem interesse pelaresposta,/ pobre ou terrível que lhe deres:/Trouxeste a chave?"

Somos todos Sísifos, amarrados peloslaços virtuais e vitais a subir e descer coli-nas com esse fardo de linguagem; somos to-dos Dédalos, presos nos labirintos com Mi-notauros virtuais a que a palavra nos reser-vou. "Tudo, na palavra, se nos desliza e es-capa", me disse a poeta portuguesa Maria

Tereza Horta. Não há como precisar fun-ções, sequer captar um close, uma imagemainda que fria; o que fabricamos são borrões,ecos de ditos que são infinitamente repeti-dos, de par em par, como novidades.

Explicar e delegar função à necessidade eao instinto são tarefas fadadas ao fracasso;por extensão, a literatura, como arte, trajeto emabertura, fratura sem ligação linear, é tam-bém algo inexplicável, habitante de uma ci-dade invisível, evocando "As cidades invisíveis"de Ítalo Calvino. E só. Existem e só. Com vá-rias funções, as que quisermos inventar. Tal-vez o entendimento da "função" exista ape-nas no propósito da não-função do hermetis-mo poético: é que em sendo múltiplas, as fun-ções existem, ao passo que são nenhuma.

É por isso que, a fim de escapar desse jo-go de imprecisões, foi que criamos a esferado discurso, para se assim conseguiríamosespreitar algo de palpável. E só por essa es-fera é que encontramos juízo de dizer algu-ma coisa, delegar alguma função. A funçãode humanizadora conforme nos ensinou An-tonio Candido. Essa parece ser a função-mes-tra. Mas ainda assim falhamos. A literatura,assim como as necessidades e os instintos,se dá pelo inusitado e não é algo que se dei-xa servir às linhas do discurso somente. "Devez em quando Deus me tira a poesia. Olhopedra e vejo pedra mesmo". Diz-nos AdéliaPrado. Está, portanto, para além de todo equalquer relativismo dos que criamos ou vier-mos criar, afinal, como definir em expres-sões exatas essa tal função humanizadora?Isso é assunto para um outro momento.

Pedro Fernandes de Oliveira Netoé mestrando do Programa de Pós-graduaçãoem Letras (PPGL) da Universidade do Esta-do do Rio Grande do Norte (UERN).

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INGREDIENTES

MASSA: 1 pacote de biscoito maisena de 200 g 100 g de manteiga ou margarina

RECHEIO: 3 ovos ; 1 lata de leite condensado 250 g de ricota amassada ; 1 xícara (chá) de requeijão 1/2 xícara (chá) de suco de maracujá concentrado

COBERTURA: 1/3 xícara (chá) de suco de maracujá concentrado 1/2 lata de leite condensado

CALDA (OPCIONAL): 1 maracujá médio com as sementes 4 colheres (sopa) de açúcar 1/4 xícara de água

MODO DE PREPARO

No liqüidificador, triture o biscoito e transfira para uma tigela;Adicione a manteiga e mexa com a ponta dos dedos até obter umafarofa; Com ela, forre o fundo e as laterais de uma forma de 22 cmde diâmetro, apertando com uma colher; Leve à geladeira por 15minutos; Enquanto isso, bata no liqüidificador os ingredientes dorecheio por 3 minutos, ou até obter uma consistência cremosa;Coloque o recheio sobre a massa na forma e leve ao forno médio,pré-aquecido, por 45 minutos ou até que ao enfiar um palito elesaia limpo; Retire do forno e deixe esfriar. Enquanto esfria vocêprepara a cobertura, batendo no liqüidificador o suco de maracujáe o leite condensado por 1 minuto; Espalhe sobre o cheesecake; Sefor acrescentar a calda, é hora de prepará-la. Leve o cheesecake ageladeira por pelo menos 3 horas antes de servir.

Folhadinho Brasileiro

INGREDIENTES

1 pacote de massa folhada laminada (300g) 300g de carne-seca 1 tablete de Caldo MAGGI de Carne 300g de abóbora pescoço cozida e amassada gema para pincelar

MODO DE PREPARO

De véspera, deixe a carne-seca de molho imersa em água,trocando a água algumas vezes; Leve-a ao fogo para cozinharimersa em água, em panela de pressão, por cerca de 40 minutos,após iniciar a fervura; Espere sair toda a pressão da panela,escorra a água e passe pelo processador; Reserve; Junte a abóboraamassada com o Caldo MAGGI e a carne-seca e misture bempara dissolver o Caldo; Corte a massa folhada em dez retângulosiguais; Coloque porções do recheio na centro da e dobre asduas laterais; Coloque em uma assadeira, pincele com gema eleve ao forno médio-alto (200°C), preaquecido, porcerca de 20 minutos ou até dourar.

Sobremesa deliciosa de pêssego

INGREDIENTES

1 lata de pêssego em calda 1 lata de creme de leite 3 gelatinas de pêssego

MODO DE PREPARO

Dissolva 1 gelatina com 1 copo de água fervente; Acrescente1/2 copo de água gelada; Unte levemente com margarina umaforma de furo central; Forre o fundo com pêssegos picadosem tiras (reserve a calda); Coloque a gelatina; Leve à geladeiraaté endurecer; Dissolva as outras gelatina da mesma maneira;Bata no liquidificador com o creme de leite, sem o soro, ea calda do pêssego; Coloque por cima da gelatina com ospêssegos na forma (já endurecidos); Leve à geladeira atéficar consistente; Desenforme e sirva.

Cheesecake de maracujá

Jornal de Fato Domingo, 3 de outubro de 2009 15

C U L I N Á R I A