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Revista DOMINGO 30 de agosto de 2009

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2 Jornal de Fato Domingo, 30 de agosto de 2009

• EdiçãoC&S Assessoria de Comunicação

• Editor-geralWilliam Robson

• Editora/RedatoraIzaíra Thalita

• DiagramaçãoRick Waekmann

• Projeto GráficoAugusto Paiva• ImpressãoGráfica De Fato• RevisãoStella Samia e Gilcileno Amorim• FotosFred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia• InfográficosNeto Silva

Redação, publicidade e correspondência

Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN)Fones: (0xx84) 3315-2307/2308Site: www.defato.com/domingoE-mail: [email protected]

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

AO L E I TO R

Tudo sobre a nova gripe

Arte Neto Silva

Você já deve ter visto a capa desta edição. Uminfográfico bem produzido por Neto Silva mostracomo surgiu e quais os procedimentos que se deveter com a chamada gripe suína, também chamadade gripe A, Influenaza A, H1N1 e até nova gripe.Enfim, seja o nome que for, uma coisa é certa: elajá está no RN, acometeu quase 50 pessoas, com umamorte. Essa morte foi muito noticiada nesta semana,com destaque nos principais jornais do Estado.Todos eles, inclusive o JORNAL DE FATO,mostravam o primeiro caso de morte por contada doença.

Na reportagem de Izaíra Thalita, que você vêna edição de hoje, entenda como a gripe A atingeas pessoas e quem são aquelas mais propensas àsgraves consequências da doença. Você vai perceberque a gripe comum matou muito mais, e por isso,as autoridades de saúde alertam que não é precisopânico. Um grupo de pesquisa em Mossoró alertaque qualquer pessoa que foi infectada com o vírus,se tratada corretamente, terá superado a doençacomo uma gripe comum.

E neste ano, o vestibular da Uern vai exigir, entreas obras para as provas de Literatura, os contos dojornalista Jaime Hipólito Dantas. Tido como umdos cinco maiores contistas potiguares, o escritorterá o seu livro "Estórias Gerais", que reúne 15 deseus melhores contos. Na reportagem da revista, vocêvai conhecer um pouco de quem foi Jaime Hipólitoe saber como encontrar o livro, caso seja um doscandidatos no vestibular da Uern neste ano.

Por fim, uma entrevista com a professora daUfersa Ady Canário, uma das maiores especialistasem identidade étnico-racial no Estado. Ela detalhasobre o plano que visa a implementar o ensino deHistória da África e Cultura Afro-brasileira noscurrículos de ensino fundamental e médio nopaís. Ady Canário participou de encontro quediscutiu o assunto. Vale a pena ler.

Um abraço,

William RobsonEditor-chefe

3 CONTOJosé Nicodemos

4 ENTREVISTA Com a professora Ady Canário, da Ufersa

7 NUTRIÇÃOMaçãs e seus benefícios na alimentação

8 SAÚDEEntenda a gripe A, cujo víruscircula livremente no RN

12 LITERATURAO livro de contos de JaimeHipólito no vestibular da Uern

15 CULINÁRIA Aprecie as receitas mais gostosas

O ofício de costureira, ainda maisde pouco, não lhe rendia o suficientepara manter-se e ao filho pequeno. Mor-reram-lhe os pais, e Dasdores tive se vi-rar para ganhar a vida. Tinha um úni-co irmão, e este vivia muito bem fi-nanceiramente, mas é que morava lon-ge, em São Paulo. Mortos os pais, dei-xara de mandar a mesada. Nem ela, Das-dores, seria capaz de lhe pedir nada,orgulhosa. Haveria de dar o seu jeito.

Mais a mais, sabia do desgosto doirmão pelo fato de sabê-la mãe soltei-ra, confessava isto aos pais sempre quelhes escrevia. Então, se era assim, nãolhe movia a ideia de recorrer-lhe à aju-da. Sabia alguma coisa do ofício decostureira, ainda era muito moça. Ti-vera um erro, é verdade, mas não eradessas de andar de mão em mão, cria-

ria o seu filho com dignidade.À força de necessidade, ajudada de

revistas de corte e costura, não demo-rou e Dasdores tornou-se a modista dacidade, de maneira tal, que não davavencimento à procura. Sua casa, na ruaprincipal da cidade, dava para frente dapraça, onde sempre havia encenação tea-tral, um grupo jovem da cidade sob oincentivo do vigário, padre Bertholdo,e ela sequer tinha tempo de ir à janela,para uma olhada. Descansar as costas,mais.

A mulher do juiz da comarca, donaDioclécia, que lhe passara a ser cliente de-pois amiga de grande intimidade, assis-tia-lhe da janela às encenações, de vezem quando virando-se para um comen-tário de ordem técnica, ela que entendiado riscado, ainda cursara o primeiroano de arte dramática no Rio de Janei-ro, solteira. Não entendia do assunto,Dasdores ouvia, sem palavra.

Numa dessas ocasiões, Dioclécia, massem revelar grande tristeza, confessou-lhe andava perdendo peso da noite parao dia, uma coisas sintomáticas, descon-fiava de ter câncer, ia a São Paulo a ou-tra semana. Como é comum em tais cir-

cunstâncias, sob situações de amizade,Dasdores a confortou num longo abra-ço, não haveria de ser isto, confiasse emDeus.

Submetida a rigorosos exames na clí-nica especializada do Dr. Prudente, no-me nacional nessa área específica da me-dicina, membro de associações médicasinternacionais, não deu outro o diagnós-tico: neoplasmas malignos já em fasegeneralizada, fígado e pâncreas. Não ha-via mais recurso, na medicina. Mulherforte de espírito, ainda mais pela con-vicção espiritualista, era espírita, Dio-clécia voltou para casa tranquila, cons-ciente do fim biológico, em breve.

"Dasdores, estou cancerosa sem cu-ra, a desencarnação é só questão de tem-po, talvez dias", disse-lhe, sentada à bei-ra da cama do casal, amparada pela ami-ga, e "quero lhe fazer o meu último pe-dido, e este, satisfeito, será a grande ale-gria que levarei para a vida espiritual."Dasdores, inclinando-se sobre ela - Podeexigir de mim até o impossível. E foram-lhe as últimas palavras que ela, Dasdo-res, lhe aceitasse o marido, Dr. Genoli-no, em casamento, tudo já havia sidocombinado com ele.

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C O N T O / J O S É N I C O D E M O S

ÚLTIMASPALAVRAS

DOMINGO - Como se deu o seuencontro com Leonor Franco, coor-denadora-geral de Diversidade da Sec-retaria de Educação?

ADY CANÁRIO - Participei no dia13 de agosto do lançamento que ocor-reu em Natal, na Assembleia Legislati-va, do Plano Nacional de Implemen-tação das Diretrizes Curriculares parao Ensino da História da África e da Cul-tura Afro-brasileira e Africana, nos cur-rículos das escolas de ensino funda-mental e médio no país. Esse plano foilançado nacionalmente no dia 13 demaio deste ano e está sendo lançado emtodo o Brasil. Na ocasião, em Natal, tam-bém ocorreu um seminário de formaçãopara os representantes dos fóruns de E-ducação das Relações Étnico-raciais eda Diversidade do RN, do qual eu façoparte como representante da Universi-dade Federal Rural do Semiárido(UFERSA). Esse fórum tem um papel

relevante nessa temática da diversidade,que é justamente a implementação da lei10.639. Seguido ao evento, nos dias 13e 14 de agosto, no Imirá Plaza Hotel,Natal, aconteceu o Seminário de Ca-pacitação de Representantes de Fórunsde Educação e Diversidade, cujo objeti-vo foi formar os representantes quantoaos temas circunscritos à aplicação e a-companhamento do plano. No semi-nário de 20 horas constaram na pro-gramação três oficinas: Gestão Orça-mentária e Financiamento Público; Re-sponsabilidade Social e Agenda Políti-ca; e a terceira delas, Atribuições e Or-ganização dos Poderes - O Papel dos Sis-temas e dos Gestores.

A LEI trata do ensino de disciplina

ressaltando a cultura afro-brasileira.Mas, que outros aspectos ela trabal-ha?

É IMPORTANTE até contextualizaressa questão da lei, ante o contexto dedesigualdades sociais, o qual nós temospelos próprios dados do IBGE, e out-ros dados estatísticos mostram que háuma desproporcionalidade do brancoem relação ao negro na nossa sociedade.Em decorrência dessa desigualdade, nóstemos, por exemplo, no contexto edu-cacional uma parcela muito maior de es-tudantes de camadas sociais tidas co-mo mais abastadas em relação às ca-madas mais empobrecidas. Aí é que en-tram os negros, os índios, as religiõesde matrizes africanas, que são as popu-lações tradicionalmente discriminadas.Nesse contexto, foi implementada es-sa lei 10.639, cujo desafio é instituir etornar obrigatória essa discussão so-bre a história africana, que vai estar rela-

E N T R E V I S T A / A D Y C A N Á R I O

‘Poucas escolas estão adaptadasà nova grade curricular’

Ady Canário de Souza Estevão é professora da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), cam-pus de Angicos, com experiência em temáticas como identidades étnico-raciais, gênero, formação deprofessores. Ela já pertenceu ao quadro de docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte(UERN), na qual realizou grupos de pesquisa nessas temáticas. No dia 13 deste mês, Ady esteve presenteao lançamento do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares para o Ensino da Histó-ria da África/Cultura Afrobrasileira, com a presença da coordenadora-geral de Diversidade da Secretariade Educação, Leonor Franco. Sobre o plano e a necessidade de avanço nas ações afirmativas em prol dosnegros, a professora discorre nesta entrevista:

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cionada à população negra do Brasil,dado um passado histórico em que seconstruiu uma negatividade a essa pop-ulação e que ainda afeta os negros. Sabe-se que, em relação à educação, apenas2% da população negra - hoje equiva-lente a 50% da população brasileira - temacesso à universidade. Daí, esse plano,e essa lei se constitui num desafio, atépor vermos as limitações da lei.

QUE limitações a senhora identi-fica, por exemplo?

UMA das limitações é em relação aosprofessores, ou seja, como trabalhar es-sa lei nas escolas, já que muitos não têmcapacitação nessa temática africana comrelação ao que venha a ser tratado so-bre a diversidade. Porém, ela tem umaimportância muito grande, pois tratardessa legislação é tratar desse contextono sentido de reparação histórica, jáque esse passado de escravidão ainda sereflete na atualidade. Por isso, nós nãotemos uma história contada à luz do quedeveria ser sobre a África, porque quan-do isso acontece é feito de forma pejo-rativa, mais folclórica e não de exaltaçãode uma cultura. Todos sabem que o Brasilfoi construído pela mão-de-obra escra-va, e estes, negros. Essa questão da lei seconstitui no desafio de promover o diál-ogo com a universidade.

NA UNIVERSIDADE, nos cursoscomo o de Pedagogia, os alunos já es-tão sendo integrados sobre essa reali-dade da lei?

DE MODO transversal, sim, mas aproposta desse Plano das Diretrizes Cur-riculares é que se institua no currículo,nos projetos pedagógicos dos cursos, nasmatrizes curriculares, e aí, desde a edu-cação básica, também a universidade, se-

jam trabalhados os temas. Existem as ori-entações para a educação, das relaçõesonde tem todos os projetos de educaçãoinfantil, fundamental, ensino médio euniversidade. Um dos objetivos do planoé a sensibilização dos gestores explicandoo porquê de essa lei ser é necessária, aquestão da adaptação das escolas a essanova realidade que deverá compor agrade curricular. O plano é compostopor três eixos importantes: a formaçãode professores, a produção de materialdidático e a sensibilização dos gestores.Entra aí o papel das instituições, comoas secretarias municipais de educação,estadual de educação, os conselhos mu-nicipal, estadual e federal de educação,as universidades, e como gestores elestêm essa responsabilidade na formação.Essa formação inclui cursos de aper-feiçoamento, e agora a universidade jáestá fazendo essa formação, e no RioGrande do Norte o desafio é promoveressa formação. Aqui já existe o FórumEstadual da Diversidade há um ano etem como um dos seus objetivos a sen-sibilização para a implementação da leique corresponde a esse requisito for-mação.

EM QUANTO tempo isso já temde estar fazendo parte da realidade dosalunos em sala de aula?

OLHE, a lei já existe há seis anos. Éde 2003, e há uma defasagem quanto àimplementação dessa lei. Nesse percur-so de seis anos, a lei já era para ser im-plementada. Então, cabe aos gestoresagora fazer essa parte e acelerar a im-plementação. É pequeno o número de

escolas já adaptadas à nova grade cur-ricular.

EM RELAÇÃO ao material didáti-co para trabalhar as temáticas, já é pos-sível contar com bons materiais parao professor trabalhar a questão da cul-tura afro-brasileira com seus alunos?

A SECAD tem apoiado projetos, lib-erado recursos para as universidades quedesejam propor projetos para elaboraçãode material didático e pedagógico atravésdo edital Niafro. Esses materiais exis-tem. Temos vasta publicação, e não é porfalta de material que o professor nãovai trabalhar o tema. Existe o Kit a Corda cultura, que foi distribuído para to-das as secretarias de educação em todoo país, contendo livros, DVD, CDs, ummaterial belíssimo para trabalhar coma temática, além de outras publicaçõesque foram enviadas para auxiliar o pro-fessor teoricamente e para trabalhar emsala de aula, como filmes, músicas. Apreocupação que temos em relação a out-ros materiais didáticos é que temospesquisas que apontam o racismo, queo livro didático traz o negro sob a óti-ca do branco, de uma história que écontada sempre da visão europeia e nãoda visão do negro. Muitos materiais pro-movem racismo quando o negro aparecede forma estereotipada, em imagensonde não retrata a identidade do ne-gro, e a questão de enunciados presentesnesses livros. Muitos deles acentuam eafetam a população negra. Por isso, é im-portante que os livros contemplem ahistória da África como realmente a-conteceu e que não é contada aos nos-sos alunos.

TEM havido interesse dos estu-dantes por pesquisar a temática raciale da diversidade?

O NOSSO trabalho nessa temática

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começou na Uern e agora nós estamosatuando na Ufersa. Lá, continuamos adesenvolver esse trabalho. No que dizrespeito a pesquisas, existem trabalhosno campo da linguagem quanto na áreado serviço social, da educação. Na Uern,podemos destacar uma monografia quefoi feita por uma estudante sobre o lu-gar do negro na universidade. Teve umprojeto de iniciação científica sobre lin-guagem, gênero e raça sobre a identidadede estudantes negros na cidade, em queesse projeto realizado na Uern teve du-ração de doze meses, com quatro bol-sistas, e nós entrevistamos um estudantenegro de cada curso para saber de suasexperiências, trajetórias, que não sãomuito diferentes de jovens negros emoutras universidades. O trabalhomostrou que há preconceitos, racismo,que esses estudantes são oriundos decamadas populares, mas que chegaramà universidade com muito esforço, erevela a obstinação, a resistência do ne-gro. Nós transformamos esse projeto ena Ufersa nós transformaremos esse pro-jeto em um trabalho de extensão. Aspesquisas mostram que os estudantes ne-gros em relação aos estudantes brancosnão têm uma trajetória bem-sucedida,ou seja, é uma trajetória conflituosa,onde além de enfrentar o racismo, opreconceito, muitos têm dificuldades decontinuar no curso, condições socioe-conômicas que impedem que eles con-tinuem. Veja que essa desigualdade nãoestá só no mérito. Muitos têm méritopara ingressar na universidade, mas nãotem oportunidade.

A DISCUSSÃO sobre as cotas paranegros já está superada ou ainda é umadiscussão polêmica?

A COTA é uma medida de ação afir-

mativa e ela visa a gerar oportunidadesiguais para os estudantes que estão emdesproporção em relação à populaçãobranca. A cota é um tema bastantepolêmico que não está superado. Nós s-abemos que muitos são a favor e muitossão contra, mas nós entendemos a cotacomo uma medida reparatória que, aomenos para os próximos quinze anos,precisa ser implementada. Ela prevê umpercentual de vagas para estudantes depertencimento negro, justamente co-mo medida reparatória. Se a cota forentendida por esse lado, podemos elevaro índice que já citei anteriormente, queatualmente é de apenas 2% de estudantesnegros nas universidades. Esses dadostornam essa cota necessária não só paraa universidade, mas também para o mer-cado de trabalho. Não basta ser forma-do para ingressar no mercado, pois onegro também enfrenta muitos confli-tos. A cota veio para dar esse acesso. Éinteressante colocar que a cota gerapolêmica apenas em relação ao negroporque existem cotas na política desti-nadas às mulheres - os partidos precisamindicar ao menos 30% de mulheres can-didatas -, já existem cotas para deficientesem concursos públicos, mas a gentepercebe que em relação ao negro hápolêmica. No entanto, é importantemantê-la do ponto de vista de medidareparatória.

ADOTAR a cota social ao invés daracial não promove essa reparação?

NÃO, porque há diferença entre a co-ta social e a cota racial. A cota social se

refere à classe e não dá conta dessaquestão da identidade do negro. Umindivíduo negro pobre não é a mesmacoisa que um indivíduo branco pobre.São bem diferentes em relação às práti-cas de exclusão na sociedade. São ex-periências bem diferentes.

AS DISCUSSÕES em relação a co-tas, à diversidade de um modo geral es-tão demorando muito para serem as-similadas por essa sociedade?

O BALANÇO feito na ConferênciaNacional de Igualdade Racial é de quehouve um avanço nas políticas públi-cas de educação, de saúde, trabalho, ren-da, mas que precisam ser trabalhadasde maneira que se tornem políticas deestado. Esse é um desafio muito grande.Claro que houve avanços, mas enten-demos que isso não tenha de ficar so-mente no que já foi conquistado. Hojetemos uma Secretaria de Promoção àIgualdade Racial, que é a Sepir, que cui-da dessas políticas. Temos no Estadouma coordenadoria que cuida dessaspolíticas de promoção da igualdaderacial, e, dentro destas, temos avançadono que diz respeito principalmente à e-ducação. Temos um projeto piloto queinstitui o Pibic "Ação afirmativa" paraas universidades que atuam nessa parte.Então, já se avançou, mas não podemosficar apenas nisso. O plano, a institu-ição e implementação da lei 10.639, tu-do isso se deve a uma luta, especialmentedo Movimento Negro. No entanto, osdesafios continuam. Transformar aspolíticas já existentes em políticas públi-cas de Estado para que elas fiquemgarantidas é fundamental nessa con-tinuidade.

A afirmativa "Coma frutas, tenha ali-mentação equilibrada" já se tornou sen-so comum de tão repetida por profissio-nais da saúde, pela própria mídia. Frutassão ricas em vitaminas, fibras e poucocalóricas, por isso não podem faltar nu-ma alimentação saudável. Mas, uma fru-ta em especial vem ganhando muita no-toriedade por seus benefícios que vão alémdo sabor e das vitaminas: a maçã.

Por décadas, os cientistas já reforçaramque comer maçã mantém a saúde, mas ago-ra a ciência está descobrindo que os com-postos benéficos à saúde não estão apenasnas maçãs, mas no suco de maçã também.

Grande parte dos estudos sobre a fru-ta surgiu nos Estados Unidos, mas o Bra-sil também tem feito grandes avanços, oque mostra que outras descobertas, em bre-ve, deverão surpreender.

Estudos realizados fora dos EstadosUnidos e publicados nos últimos doisanos revelaram que os fitonutrientes damaçã estão relacionados à queda do ris-co de ocorrência de doenças cardíacas ecâncer de pulmão. Especificamente doisestudos de pesquisas epidemiológicas rea-

lizadas na Finlândia, demonstraram queos fitonutrientes da maçã contribuempara a redução do risco de ocorrência dascitadas doenças.

De acordo com o estudo feito pela Uni-versidade da Califórnia - Davis, apenas so-bre o suco da maçã já se comprovou queos fitonutrientes da fruta podem tambémobstruir a oxidação do mau colesterol (li-poproteínas de baixa densidade ou LDL),um processo que pode levar ao desenvol-vimento de doenças cardíacas

BENEFÍCIOSPara resumir: Comer uma maçã por dia

é ideal para prevenir doenças do coraçãoe até câncer. Já comprovaram que o con-sumo da fruta evita o aparecimento detumores de mama e de cólon.

Outros benefícios já comprovados é oretardamento do envelhecimento. Co-mendo maçãs se diminui as rugas e a pe-le do rosto melhora por causa das vita-minas B e C.

Além disso, o suco da fruta reduz ocolesterol e previne doenças como o Alz-heimer (Veja como fazer o suco).

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Há muito se fala dos benefícios da maçã na alimentação, mas, acredite: Os estudos com a fruta ainda vão surpreender ainda mais.

Doce N U T R I Ç Ã O

e irresistível

MAÇÃS NACIONAISAs maçãs brasileiras, Gala e Fuji, são

consideradas excelentes do ponto de vis-ta nutricional. Além disso, o baixo teorem proteínas e gorduras são pontos posi-tivos para quem quer emagrecer.

A pele das maçãs contém grande quan-tidade de elementos nutritivos, por isso érecomendável consumi-las sem descas-car.

A riqueza em fibras é excelente para otrato intestinal, sendo a pectina presentena maçã um regulador natural.

Confira os outros componentes nu-tricionais da maçã e adote a fruta na suadieta alimentar diária. Os benefícios apa-recem em pouco tempo.

Tomar suco de maçã evita o mal de Alzheimer,faça e experimente.

Para fazer o suco, você precisará de:- 4 maçãs sem casca- 120 ml de suco de laranja- suco de 1 limão- ½ litro de água- 2 colheres de sopa de açúcarComo fazer: No liquidificador bata tudo pordois minutos e sirva em seguida.Rende: 2 copos

Suco de Maçã para a memória

Desde que foi descoberta como epi-demia em abril deste ano, a Gripe A(H1N1) já matou milhares de pessoas nomundo. O Brasil ocupa o sétimo lugarna lista dos quinze países com maior taxade mortalidade pela nova gripe (relaçãoentre número de óbitos com a populaçãototal do país) e o primeiro em númerode óbitos (veja tabela).

Foram notificados no país, 30.854casos de síndrome respiratória agudagrave (SRAG) no Brasil, ou simples-mente casos graves. Do total, 6.100 tiver-am confirmação laboratorial para in-fluenza, sendo que 5.206 (85,3%) pos-itivos para o novo vírus A (H1N1).

GRIPE A NO RNO Rio Grande do Norte era um dos

poucos estados brasileiros que aindanão tinham registrado mortes até a se-mana passada, quando Maria Avelino,45 anos, da cidade de Água Nova, mor-reu vítima da gripe.

A paciente que foi transferida paraNatal adquiriu o vírus em sua cidade,

sem sair dela ou sem ter tido contatocom ninguém que esteve em outros es-tados. Isso significa que o vírus circu-la livremente e já não há como adotaras medidas de isolamento pensadas pe-lo Ministério da Saúde no início daepidemia. A gripe A está entre nós.

"A gripe A está sendo tratada agorapelos profissionais da saúde e mesmopelos órgãos como uma gripe em quea transmissão está livre, alertando queos grupos de risco como idosos, cri-anças, gestantes, pessoas com proble-mas cardíacos, com Aids e doenças res-piratórios adotem algumas medidasmínimas como lavar as mãos, não com-partilhar objetos pessoais e evitar locaisaglomerados. No mais, não há muitoo que fazer para impedir o avanço des-ta gripe", explica o médico pneumolo-gista Luiz Gomes.

Luiz Gomes integra o grupo deprofissionais do município que estãoacompanhando mais de perto asquestões referentes à Gripe A. O grupoque se reúne uma vez por semana é for-

mado por ele, pelo médico infectolo-gista Alfredo Pasaláqua, pelo coorde-nador da Vigilância Sanitária e Epi-demiológica Sodré Rocha, Kalidja-mayra Reis e Patrícia Targino.

O grupo atua prestando orientaçõesem escolas da rede municipal, acom-panhando os casos de pessoas quesurgem com suspeitas da doença. Atéa última semana, Mossoró não regis-trava nenhuma confirmação de GripeA, apesar de muitas pessoas terem feitoos exames.

No RN, atualmente 34 é o númerode infectados pela doença, com umavítima fatal e 48 casos descartados. Den-tre os 34 casos confirmados, cinco sãode pessoas que pegaram a doença ao sairdo RN, o que dá mais certeza sobre acirculação e a transmissão sustentadano Estado.

São esperados 30 resultados de ex-ames do Instituto Evandro Chagas, oque pode ocasionar um aumento dacontabilidade de número de infectadosnos próximos dias.

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A Gripe A (H1N1) jáprovocou a morte de 557pessoas e, na últimasemana, o RN teve seuprimeiro óbito. Entendamelhor a doença que já está circulando livrementeno Estado e no Brasil.

Gripe A, S A Ú D E

entre nós

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EM MOSSORÓ: Grupo se reúne uma vez por semanapara planejar ações contra avanço da gripe A.EM MOSSORÓ: Grupo se reúne uma vez por semanapara planejar ações contra avanço da gripe A.

O HRTM possui estoquerazoável do Tamiflu, medicamento usado para casos confirmados de gripe A.

A GRIPE A E A GRIPE COMUMNuma explicação simples, o médico

Luiz Gomes coloca a circulação da gripeA como uma doença com consequênciasmaiores para os grupos de risco, porémque ao se identificar os sintomas, se trata-do vai ser superado como a gripe comum.

Segundo ele, depois que uma pessoapega determinado vírus da influenza,seu organismo fica imunizado. "Se umapessoa gripa todos os anos, pode tercerteza que ela está adquirindo um vírusque sofreu uma mutação, ou seja, é umaoutra gripe", ressalta ele.

Partindo dessa afirmação, pode seperceber que o número de mortes porgripe comum em anos anteriores já foimuito maior.

Conforme os dados do Datasus, queapresenta o registro real de óbitos por mu-nicípios, estados e regiões, o Rio Grandedo Norte registrou quatro óbitos por gripecomum em 2007 e quatro no ano de 2006(o Datasus não fornece os números de 2008).

Nos dados de óbitos por pneumonia,os números são muito mais preocu-pantes: Em 2007 foram registrados 658mortes, destas 40 pacientes somente deMossoró, ou seja, a gripe A preocupa, mashá doenças que estão matando mais.

Na última quinta-feira, o Ministérioda Saúde - que criou uma área apenaspara dar notícias sobre a Gripe A paracidadãos e profissionais em seu site(www.saude.gov.br) - informou que ago-ra, o número de casos está reduzindoem relação às primeiras semanas. Noentanto, ainda não é possível concluirque a tendência seja definitiva, pois ex-istem casos em investigação laboratori-al ou que não tiveram as informaçõessobre a conclusão diagnóstica digitadaspelas secretarias estaduais e municipaisde Saúde no sistema de informação.

MUTAÇÕES EM 2010A preocupação do Ministério da

Saúde, bem como dos profissionais desaúde, está nas incertezas sobre como ovírus da gripe A virá no ano que vem,quando ficar ainda mais resistente.

"Se é um vírus novo e vem ainda maisfortalecido, o organismo não tem defe-sas contra ele. Hoje a preocupação dasautoridades de saúde se dá com as mu-danças que o vírus da Gripe A sofrerá",ressalta Luiz Gomes.

TAMIFLUO Hospital Regional Tarcísio Maia é

a instituição em Mossoró que recolheamostras de sangue em casos de pessoas

com suspeita da doença. Até o momentonão há casos confirmados - entre os quepassaram pelo monitoramento - mascaso se confirme o hospital tem quan-tidade razoável do remédio Tamiflu,enviado pelo Ministério da Saúde.

"O Tamiflu não está sendo liberadoporque não há casos de Gripe A emMossoró. Ele só pode ser liberado quan-do há a confirmação e o médicopreenche um formulário com uma sériede informações sobre o paciente, umaficha investigativa. Mas, o hospital pos-sui remédios suficientes", ressalta a far-macêutica do HRTM, Edileuza Targino.

O problema, no entanto, se dá coma demora nos resultados das amostras.O remédio Tamiflu só tem efeito se i-dentificado até o terceiro dia da gripe.Após isso não faz efeito algum, pois ovírus se multiplica rapidamente.

O ideal é mesmo tomar cuidados eadotar as medidas de prevenção (Vejano quadro) e se identificar os sintomasda gripe como dores, febre alta e re-pentina, tosse.

Para quem deseja se informar sobre aGripe A, vale acessar o site do Ministérioda Saúde (www.saude.gov.br) ou podeligar para o número 0800 - 61 1997.

O HRTM possui estoquerazoável do Tamiflu, medicamento usado para casos confirmados de gripe A.

10 Jornal de Fato Domingo, 30 de agosto de 2009

O mundo não estava em paz. Os 20 anosque separaram os dois conflitos mun-diais demonstram que a Europa não resol-veu os problemas surgidos desde o finaldo século XIX. Retaliações, perdas terri-toriais, embargos econômicos, interven-ções militares, redução de efetivos nasforças armadas, crise econômica e surgi-mento de regimes políticos totalitáriosreforçam a ideia que a Europa não estavaem paz.

Os Tratados assinados no final da Pri-meira Guerra (Versalhes, Sevrè e Saint Ger-main) se transformaram em agressões ter-ríveis aos interesses dos países que ha-viam malogrado em 1918. O velho impé-rio russo havia caído e o novo governo agi-lizava as radicais transformações em suaestrutura funcional. A Alemanha teve per-das territoriais, foi desmilitarizada, obri-gada a pagar pesadas indenizações e viasuas possibilidades de crescimento econô-mico se esvaziarem nos interesses dos ven-cedores de 1918. O Império Turco fora des-truído e com ele as pretensões secularesde domínio naquela área. Os Bálcãs er-am um labirinto de culturas e povos que,reunidos em poucas nações, transformou-se em espaço para sangrentos conflitosétnicos.

A Europa que surgiu dos escombrosdo Tratado de Versalhes se preparava, si-lenciosamente, para um conflito de pro-porções inimagináveis. É nesse sentido queas pretensões alemãs evidenciam os obje-tivos nazistas em reorganizarem o terri-tório e economia para a construção do Ter-ceiro Reich.

Foi este contexto, aliado à famigeradacrise do final da década de 1920, que re-forçou os ânimos e colocou no poder agre-miações políticas que entediam a social-democracia como uma experiência fracas-sada e que precisava ser substituída.

Em 1938, os alemães fizeram o anshluss(anexação natural da Áustria), e pela Con-ferência de Munique (setembro do mes-mo ano) Hitler pediu os sudetos (partedo território tcheco que falava alemão),

no entanto anexou a Tchecoslováquia,desmembrando-a, segundo Pedro Tota,"em duas partes. Uma parte ficou literal-mente sob o domínio da Alemanha. Aoutra transformou-se em um Estado saté-lite".

Esses eventos levaram a Política de Apa-ziguamento (política que visava pacificaras contradições e conflitos entre os paí-ses europeus durante o entre-guerras) aofracasso, uma vez que as potências euro-peias (principalmente Inglaterra e França)não queriam conflitos bélicos que pudes-sem piorar cada vez mais a situação eco-nômica que passavam.

A guerra chegou. Os alemães invademo corredor polonês (1º de setembro de1939) em busca de passagem para a Prús-sia Oriental. O mundo que vivera as últi-mas duas décadas, "teoricamente" em paz,deparava-se com os interesses daqueles quemalograram em 1918.

O primeiro dia de setembro de 1939 émuito mais que uma sexta-feira ensolara-da nos bosques da Inglaterra e França, sig-nifica a euforia com que a Europa recebeua notícia da invasão, o medo e as apreen-sões dos poloneses em sentirem a podero-sa força de guerra alemã com suas divisõesblindadas a atravessar seus sonhos e pro-vocar o surgimento de uma nova ordem.

O otimismo europeu pós-depressão su-cumbia diante da audácia do Führer (lí-der, em alemão) em entrar no estratégicoterritório polonês. Aquele 1º de setem-bro de 1939 é a evi-dencia de que a gran-de guerra não termi-nara vinte anos atráse a invasão a Polô-nia faria ingleses efranceses exigiremdos alemães a retira-da de suas tropas des-se território. Sem ob-ter sucesso declara-ram guerra em 3 desetembro.

Longo e sangren-to esse conflito pro-vocou mudanças ra-dicais na geopolíticamundial, arregimen-tando os interesses

dos mais diversos países em prol da ma-nutenção do poder dos vencedores de 1918.

O mundo era outro, os alemãespreparam-se para uma guerra rápida e efi-caz, sua estrutura militar e seus acordosanteriores a 1º de setembro de 1939 (co-mo o Pacto de Não-Agressão Nazi-So-viético - agosto de 1939) apresentam a tra-jetória dos nazistas para não cometeremos erros que marcaram a Primeira Gran-de Guerra.

A política de apaziguamento, como atolerância em relação a esses regimes to-talitários (fascismo, nazismo e franquis-mo) não funcionou. O que se via era o trei-namento das tropas alemães em Guerni-ca (1936) e milhões de trabalhadores exaus-tos manusearem as máquinas a serviçoda guerra no interior das fábricas de ar-mamentos, bem como milhares de jovensdeixarem suas famílias e universidades eserem jogados no front para realizarem operigoso e terrível espetáculo da guerra.

Em setembro, rasgou-se o véu que en-cobria todos os problemas não resolvidos,evidenciando-se os novos. Veio à tona a in-capacidade da "velha Europa" em convi-ver com suas heterogeneidades culturaise interesses políticos. O 1º de setembro émuito mais que o inicio da guerra, é umadas datas que apresentam um dos pioresresultados das primeiras décadas do sé-culo XX. Setembro de 1939 passou, noentanto seus desdobramentos ainda sãosentidos.

UM DIA NA HISTÓRIA

C O L U N A

1º de setembro de 1939:início da Segunda Guerra Mundial

Marcílio Lima Falcão - Professor do Departamento de História da Uern

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12 Jornal de Fato Domingo, 30 de agosto de 2009

O livro Estórias Gerais de autoria de Jaime HipólitoDantas é uma das obras indicadas para o PSV daUERN e reúne os melhores contos do potiguar.

Jaime HipólitoOs contos de

L I T E R A T U R A Os elementos de uma boa estória po-dem ser facilmente identificados num tex-to literário, seja romance, crônica ou con-to: uma narrativa envolvente, temas quedespertam o interesse como as tragédias,traições, dramas, histórias de amor, decoragem e luta e de resgate de memóriada nossa cultura. Tudo isso pode ser en-contrado dentro do estilo do escritor Jai-me Hipólito, considerado um dos cincomelhores contistas potiguares.

Como jornalista, Jaime Hipólito mar-cou época nos jornais O Mossoroense eDiário de Mossoró, dos quais foi, respec-tivamente, redator e redator-chefe. Man-tinha uma coluna, em que abordava osmais variados assuntos - da Política à Li-teratura (Leia mais no quadro).

O magistrado e membro da AcademiaNorte-rio-grandense de Letras, ManoelOnofre Júnior, ao escrever sobre Jaime Hi-pólito, ressaltou sua importância para aliteratura potiguar dentro de sua obra:

"Pena que Jaime Hipólito tenha prefe-rido gastar no jornalismo o seu enormetalento, deixando só um pouquinho pa-ra a ficção. Ele é um senhor contista. Oscinco maiores do nosso Estado. Mas, pro-duziu quase nada. Apenas 16 contos, sen-do que um destes renegou", publicou Ono-fre.

Este escritor e jornalista que viveu boaparte de sua vida em Mossoró era donode um texto ágil e leve que faz o leitor"devorar" as páginas de seus contos, comuma sensação de que as estórias contadaspor ele são tão reais como é o próprio co-tidiano. São contos de ficção que têm umainspiração no cotidiano potiguar.

Agora, felizmente, os candidatos quepretendem fazer o Processo Seletivo Vo-cacionado (PSV 2010) da Universidadedo Estado do Rio Grande do Norte po-derão se aproximar um pouco deste esti-lo de Jaime Hipólito. O seu livro Estó-rias Gerais, composto de 15 dos seus me-lhores contos, é leitura obrigatória para aprova de Português, Literatura e Reda-ção.

"Jaime Hipólito ensinou gratuitamen-te nos primeiros anos da Universidade.Acredito que essa indicação de sua obraé um reconhecimento porque seus con-tos são excelentes. Jaime era um homemmuito inteligente, fascinado pela litera-tura, contemporâneo e colega de DorianJorge Freire", ressalta o escritor GustavoLuz, sobrinho de Jaime Hipólito, que es-tá editando os livros já publicados do con-tista pela editora Queima-Bucha.

O livro Estórias Gerais, disposto à ven-da em várias livrarias do Estado, está nasua terceira edição pela editora Queima-Bucha, mas, teve a sua primeira ediçãopublicada em 1986, composto por dez dosonze contos incluídos em O Aprendizde Camelô, o primeiro livro de Jaime Hi-pólito.

CAPA DOLivro

‘EstóriasGerais’

Na orelha deste livro em especial, Lin-delillyan Fernandes Martin ressalta o es-tilo de Jaime Hipólito em seus contos:

"Estórias Gerais de Jaime Hipólito Dan-tas é uma obra tipicamente nordestina,apresenta de forma direta as cores, os chei-ros, os sabores e os saberes do povo destevasto solo potiguar. Os seus contos mos-tram a maestria do verdadeiro contista, quesenhor de sua arte, sabe manejar com ex-trema habilidade todos os recursos dessadifícil arte: narrador, enredo, personagens,tempo, espaço e ambiente harmonizam-se, de tal maneira, que a narrativa assumeares de grande ficção", afirmou.

Em Estórias Gerais estão três contospremiados: "Conto de Ninar", "Às suas or-dens, sargento'' e "Noite de São João".

OS CONTOSO interesse de Jaime Hipólito por estó-

rias que revelam a tragédia, traições, os dra-mas sociais é mais que um estilo. Tendo emvista a sua formação em que se interessoutambém por Política Social, não é de se es-tranhar a presença destes temas nos contos.

"Jaime explora com extrema concisãoe acuidade os veios de um Realismo re-novado. Às vezes, parece Nelson Rodri-gues. Mas, não se iludam, ele é sempre ele",ressaltou Onofre Júnior.

Sobre essa característica, Lindelillyanexplica:

"Por tantas vezes, o leitor encontra-seenvolvido na estória e é surpreendido por

Jaime Hipólito em sua Biblioteca: poucas publicações que excedem em qualidade

Sobre o autor:

Contos do livro Estórias Gerais de

Jaime Hipólito Dantas:

JAIME HIPÓLITO DANTAS - Nasceu emCaicó (RN), a 1º de dezembro de 1928, filhode Raimundo Hipólito de Medeiros e Eufrá-sia Dantas de Medeiros. Com apenas 4 anosde idade, foi com os pais para o Maranhãoe, de lá, após estadia de dois anos, para Mos-soró, cidade onde viveu a maior parte de suaexistência - de 1938 a 1985, ano em que setransferiu para Natal.

Formou-se em Direito pela Universida-de Federal do Rio Grande do Norte, tendoconcluído o curso com a primeira turmadaquela escola em 1959. De 1966 a 1967,freqüentou, com o apoio da OEA e BritishCouncil, a Universidade de Swansea (País deGales), diplomando-se em Política Social eAdministração. Pertenceu ao Ministério Pú-blico e à Associação Norte-rio-grandensede Imprensa. Em Mossoró, foi professor daentão Universidade Regional, hoje Universi-dade do Estado do Rio Grande do Norte,onde ensinou Literatura Inglesa, Literatu-ra Americana e Direito Penal.

Fez sua estréia na literatura com o con-to 'Noite de São João' premiado pela revistaA Cigarra, do Rio de Janeiro, e incluído, maistarde, no seu primeiro livro, O Aprendiz de

Camelô, de 1962. Outro trabalho, o 'Conto deNinar', lhe daria prêmio semelhante, destavez concedida pela Revista do Globo, de Por-to Alegre, e que iria integrar sucessivamen-te as antologias Contos Novos - 5, da Edito-ra Brasilense, e Os Melhores Contos Brasi-leiros, de 1974, da Editora Globo.

Em 1972 publica a plaquete O Livro da Ve-lhice de Grieco. Surge em 1986, a primeiraedição de Estórias Gerais, que se compõede dez dos onze contos incluídos em OAprendiz de Camelô, inteiramente reescri-tos e atualizados.

Em 1992, pela recém-criada editoraQueima-Bucha, do sobrinho e escritor Gus-tavo Luz, reúne os seus artigos de crítica li-terária e publica seu último livro em vidaDe Autores e de Livros, que obteve excelen-te acolhida nos meios intelectuais.

Em 2008, Gustavo reúne sua correspon-dência dos anos em que Jaime esteve naEuropa e publica Cartas da Europa.

Embora se confessando muito mais jor-nalista do que propriamente um escritorde ficção, torna-se indubitável que Jaime rev-ela-se bastante à vontade no exercício da téc-nica do conto. Os contos de "Jaime Hipólito

uma mancha de sangue nas páginas dolivro. Dos quinze contos, em oito, o atofatal é consumado; nos demais, o desfiledos depressivos e incompreendidos se-gue o ritual condenatório dos desafortu-nados. Estórias Gerais é um precioso re-colhimento de experiências vivenciadasou selecionadas por conversas junto ao

povo de sua época, traduzidas pelo talen-to de um escritor talhado na beleza e noapuro técnico do narrar com sabedoria eprecisão as estórias gerais do povo", com-pleta Lindelillyan ao discorrer sobre o con-tista.

O livro Estórias Gerais pode ser com-prado ao preço de R$ 20,00.

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Conto de ninarÀs suas ordens, sargentoEstória de traição, em que o marido

que vai matar, morreO regressoA tragédia do negro JesusLucianaRemorsoMulher com pés-de-galinhaNoite de EuláliaJúliaO padreNoite de São JoãoPatrícioConto de NatalCapítulo da seca

Dantas assinalam um conhecimento dogênero, em suas múltiplas facetas, queaté certo ponto surpreende um estreante",disse Fausto Cunha.

Faleceu no dia 22 de março de 1993,em Natal, onde morava, com a família, des-de 1985.

Quem se debanda para estudar lite-ratura ou qualquer outra arte sabe, oupelo menos deve estar ciente, do cami-nho pedregoso a se vencer. E não é ape-nas uma pedra no meio do caminho,como o poema de Drummond nos fazcrer à primeira leitura; a imagem do ter-mo "caminho pedregoso" remete a umespaço em que a pedra, como na verda-de está a pedra de Drummond, está emtoda a parte. Haveremos de escolher oque fazer com tanta pedra: se driblamo-las, se apanhamo-las e jogamo-las emquem as coloca no caminho, se apan-hamo-las e levamo-las conosco, fazen-do o fardo ficar ainda mais pesado, ouse, simplesmente nos acuamos e senta-mo-nos sobre elas. Talvez, ao longo dotrajeto, não necessariamente escolhemosuma das ações, mas fazemos o uso cons-tante delas.

Dentre esse pedregulho, uma pedratem me feito companhia desde meus tem-pos de faculdade e que agora, novamen-te, ela me reaparece. Chamam a dita cu-ja de "Prática" e ela, já reparei, há de sur-gir sempre que estivermos diante de to-dos com uma proposta, também chama-da de projeto de pesquisa, cuja fonte deestudo é a Literatura. Diante dessa pe-dra, toda vez o que faço é olhá-la comcerto desdém, amuar-me e sentar sobreela. Com este texto, talvez, eu, final-mente, esteja apanhado-a para jogar emalguém. Mesmo não sendo esse o pre-texto, é possível, entretanto, que alguémme leia dessa forma.

Essa pedra Prática tem me causadocerto bate-boca entre eu e outras pes-soas e entre eu e eu mesmo, principal-mente, quando respondo, nas duas cir-cunstâncias, que meu projeto simples-mente não possui essa dimensão. Tal-vez até hoje ninguém tenha é entendi-do o que reside por baixo dessa respos-ta e, por isso, o bate-boca, tantas vezesacalorado. Talvez também é que, nun-ca, quem me tem feito a pergunta, te-nha refletido a carga de sentido que es-ta palavra carrega, a ponto de me dize-rem, certa vez, que a minha visão deprática é ainda positivista-racionalista.Não me vejo assim. E sou ciente e críti-

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CRONICA/PEDRO FERNANDES

LITERATURA E PRÁTICA

co o suficiente. Acho que quem me dizisso é que é positivista-racionalista. Tan-to lhe serve a alcunha que me faz a ben-dita pergunta da dimensão prática.

Não pretendo aqui refletir sobre osvários sentidos incutidos à dona Práti-ca. Também não é pretexto meu pro-longar esse bate-boca. É meu propósitoapenas saber o porquê que, mesmo noterreno das Ciências Humanas, devo,sob pena de morte, forjar uma respostaquanto à dimensão prática para tudo queeu me ponha a produzir enquanto co-nhecimento. A meu ver, isso não noscompete e isso, de tanto que já foi dito,já está batido.

O estudo da Literatura, lugar de on-de eu falo, nunca teve esse propósito, opropósito do "toma lá, dá cá", o propó-sito de moeda de troca, que faço isso por-que é para o bem comum. (Talvez nun-ca ninguém, até mesmo os das CiênciasNaturais e Exatas, que espalham aos qua-tro cantos a importância e relevânciade suas pesquisas para a sociedade, tenhaestado preocupado com esse propósitoúltimo, o do bem comum).

O que entendo é que, quanto maissatisfações eu dou aos outros disso tu-do, mas meus propósitos se vão sendocastrados e meus interesses engessadose derribados para outro terreno que nãoo da arte.

A dimensão prática, repito, tal qualconcebemos, a Academia e a sociedade,no campo dos estudos literários, não exis-te. O que existe é falacioso. São descul-pas e modelos discursivos prontos paraserem utilizados como resposta todavez que soar aos nossos ouvidos a fami-gerada pergunta "Qual a dimensão prá-tica da sua pesquisa". O que existe estánoutro campo, que até hoje, mesmo de-pois de Freud - reportando aqui ao di-tado de que "Nem Freud explica", co-mo se o próprio tivesse tido alguma vez

pretensão ou o poder de explicar - as Aca-demias e a sociedade ainda não enten-deram. Estamos situados num campooutro; o campo de uma necessidade, sehá dimensão prática nisso. E aqui mereporto a um texto do poeta Paulo Le-minski, cujo título é "Inutensílio": "Aburguesia criou um universo onde to-do gesto tem que ser útil. E o princípioda utilidade corrompe todos os setoresda vida, nos fazendo crer que a própriavida tem que dar lucro.

Vida é o dom dos deuses, para sersaboreada intensamente até que a Bom-ba de Nêutrons ou o vazamento da usi-na nuclear nos separe deste pedaço decarne pulsante, único bem de que te-mos certeza. O amor. A amizade. O con-vívio. O júbilo do gol. A festa. A em-briaguez. A poesia. A rebeldia. Os esta-dos de graça. A possessão diabólica. Aplenitude da carne. O orgasmo. Estascoisas não precisam de justificação nemde justificativas. Todos sabemos que e-las são a própria finalidade da vida."

Os estudos literários e da arte, co-mo um todo, estão numa dessas finali-dades. Dotá-los de um valor de troca, queé o que está em voga nesse termo práti-ca, é castrar o que há de arte na Litera-tura. Estaremos, se assim nos reduzir-mos, fazendo qualquer coisa, menos es-tudar Literatura, que a bem da verdade,cá entre nós, não se estuda, mas vive-se.Talvez essa sonhada praticidade residanum tempo anos-luz distante, só palpá-vel àqueles que, já diante da minha pes-quisa concluída, veja nela algum senti-do ou propósito.

Pedro Fernandes de Oliveira Netoé mestrando do Programa de Pós-graduação em Letras (PPGL) da Uni-versidade do Estado do Rio Grandedo Norte (UERN)

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INGREDIENTES

5 batata mØdias

3 xícaras (chÆ) de leite

3 xícaras (chÆ) de farinha de trigo

2 colheres (sopa) de fermento em pó

1 colher (sopa) de açœcar

3 colheres (sopa) de manteiga

1 ovo batido

1/2 kg de requeijªo (do tipo mais firme)

2 gemas batidas

sal a gosto

MODO DE PREPARO

Descasque as batatas, lave, corte-as em pedaços uniformes

e coloque-as em uma panela. Junte o leite e o sal e cozinhe,

em fogo baixo, por 40 minutos, ou atØ as batatas ficarem

macias e absorverem o leite. Retire do fogo, passe-as por

um espremedor e reserve. Em uma tigela, peneire a farinha

de trigo, o fermento e o açœcar. Junte a manteiga (reserve

1/2 colher de sopa para untar) e misture com as pontas dos

dedos atØ obter uma farofa. Acrescente as batatas

espremidas e misture. Junte o ovo e sove atØ a massa ficar

lisa. Cubra a tigela e deixe a massa descansar por 15 minutos.

Em seguida, ligue o forno à temperatura mØdia. Com as mªos

enfarinhadas, faça pequenos círculos de massa de

aproximadamente 8 cm de diâmetro. Coloque 1 colher (sopa)

de requeijªo sobre os círculos e feche-os, formando os pªes.

Coloque-os em 2 assadeiras untadas com a manteiga

reservada e pincele com as gemas. Leve para assar por 50

Empada de palmito

INGREDIENTES

Massa - 400g farinha de trigo / 300g margarina / 1 ovo

Recheio - 200g palmito / 1 cebola pequena ralada

2 dentes de alho picados / 70g farinha de trigo

120ml Ægua / sal e óleo a gosto

Para pincelar - 3 gemas

MODO DE PREPARO

Recheio: Refogue a cebola e o alho no óleo. Acrescente

o palmito. Adicione aos pouco a farinha dissolvida em Ægua.

Misture atØ engrossar. Massa: misture todos os ingredientes

com as mªos. Coloque uma pequena porçªo da massa

em cada forminha - nªo Ø preciso untar. Abra a massa e

cubra as forminhas. Bata trŒs gemas de ovo e pincele sobre

as empadas. Coloque as empadas em uma assadeira. Leve

ao forno alto por aproximadamente 30min, virando a

assadeira na metade desse período. Desenforme as

empadas e sirva.

Cuscuz de Camarão

INGREDIENTES

400 gr de camarªo rosa fresco(s) / 1 unidade(s) de

cebola grande(s) / 1 unidade(s) de pimentªo

vermelho

1 xícara(s) (chÆ) de extrato de tomates / 10

unidade(s) de tomate maduro(s) / 1 maço(s) de

salsinha pequeno(s) / 1 xícara(s) (chÆ) de ervilha

fresca(s) / 2 lata(s) de sardinha sem pele(s) e sem

espinhas / 4 unidade(s) de ovo cozido(s) / 5 xícara(s)

(chÆ) de farinha de milho amarela

MODO DE PREPARO

Rale a cebola. Refogue a cebola, os tomates, o pimentªo no

azeite. Acrescente meio litro de Ægua, tempere com sal e cozinhe

por 10 minutos Junte o cheiro verde, camarªo e 4 colheres de

polpa. Despeje aos poucos as farinhas, mexendo sempre em

fogo brando por aproximadamente 5 minutos. Forre o fundo e

lateral de uma tigela refratÆria grande com rodelas de tomate,

ovos, sardinha e ervilhas frescas. Despeje aos poucos porçıes

C U L I N Á R I A

FONTE: tudogostoso.com.br

Pão de batata com requeijão