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Revista DOMINGO 11 de outubro de 2009

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2 Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009

• EdiçãoC&S Assessoria de Comunicação

• Editor-geralWilliam Robson

• ReportagemIzaíra Thalita

• DiagramaçãoRick Waekmann

• Projeto GráficoAugusto Paiva• ImpressãoGráfica De Fato• RevisãoStella Samia e Gilcileno Amorim• FotosFred Veras, Carlos Costa e Marcos Garcia• InfográficosNeto Silva

Redação, publicidade e correspondência

Av. Rio Branco, 2203 – Mossoró (RN)Fones: (0xx84) 3315-2307/2308Site: www.defato.com/domingoE-mail: [email protected]

DOMINGO é uma publicação semanal do Jornal de Fato. Não pode ser vendida separadamente.

AO LEITO R

Um pastor verdadeiro

Capa de Neto Silva

A semana passada começou triste com a notícia damorte do monsenhor Américo Simonetti, o padre dacomunicação, que mostrou todo o seu potencialevangelizador a partir do uso do rádio. Foi ele tambémque deu uma característica ainda maior para a Festa deSanta Luzia, que atuava diretamente nos movimentosdas pastorais. Ele, sim, era um verdadeiro pastor, quecuidava muito bem de seu rebanho. E esse rebanhonão era pequeno. Percebemos na multidão, sentindo-se órfã, que acompanhou o funeral do religioso. Nãoapenas de católicos, mas de verdadeiros admiradores.

Monsenhor Américo era mais que um religioso.Atuava nos temas que afligiam a sociedade, que levavamàs pessoas ao debate. Era conselheiro e sempre atuante.O JORNAL DE FATO é uma testemunha disso, nãoapenas por noticiar suas ações, mas por oferecer o espaçoda página 2 todos os domingos. A intenção era que o leitorrecebesse uma mensagem de paz, uma bênção no inícioda semana. Ele fazia isso muito bem. Num de seus textospublicados no jornal, ao tratar das pessoas felizes, destacou:"A verdadeira felicidade está na humildade, nasimplicidade, no acolhimento tranqüilo da vida, em nuncaperder a fé e a confiança em Deus que nos ampara. Até

nas perseguições enfrentadas por amor à justiça, ressoa,para o Justo, a grande palavra de Deus: "Alegrai-vos eexultai, pois é grande no céu a vossa recompensa."

Já aqui na terra há uma íntima felicidade para queabraçam a lição das bem-aventuranças. E muito maisfelizes serão um dia, para sempre, no céu. Serão "bem-aventurados": esse é o estilo luminoso e sereno dafelicidade dos que um dia estarão para sempre naCasa do Senhor.

As bem-aventuranças não se limitam a repetir osprincípios da fé ou exortações para confiar em Deus.Elas afirmam com simplicidade, mas também commuita decisão, que uma coisa nova começou nestemundo. A felicidade que aqui é atribuída às váriascategorias de pessoas não é considerada somente comopromessa para o futuro, mas é afirmada como realidadeagindo no presente. Monsenhor Américo estarásempre nos nossos corações.

Um abraço,

William RobsonEditor-chefe

4 ENTREVISTA Com a presidenta da Apae de Mossoró, Teresa Cristina

6 QUADRINHOS Ed Benes é um dos poucos brasileiros quedesenham super-heróis para a editora DC Comics

8 HOMENAGEMUm pouco da vida do monsenhor Américo Simonetti na visão de amigos

11 COLUNA ‘Um dia na História’ fala da invasãoao Novo Mundo por Colombo

12 ALIMENTAÇÃO Dia da Criança pede comida gostosa e saudável

15 CULINÁRIA O domingo fica melhor com nossas dicas de receitas

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De frente à loja de calçados, e depoisde um olhar meio demorado para a vi-trina, Elza se deu conta de suas san-dálias entre o mais ou menos em re-lação a mandá-las embora. Olhouem volta, se alguém lhe examinasseos pés, e sentiu vergonha. O vesti-do, pouco uso, até que se podia di-zer decente, apesar do tecido bara-to.

Encheram-lhe os olhos cobiçosos,os diversos modelos de sandália ex-postos ali na vitrina, mas não estavaem situação: desempregada havia me-ses. Ainda, o pai, muito bom, é ver-dade, fazia-lhe gosto vê-la sair bem arru-mada, mas outra fonte de renda não pos-suía senão os vis proventos de uma apo-sentadoria que, humilhando-lhe os trin-ta e cinco anos de trabalho na função pro-dutiva, ainda o inutilizava como cida-dão brasileiro. Ademais, doente.

Não ficava bem, entretanto, ficarplantada, o olho no interior da loja, po-diam desconfiar. Baixou os olhos tris-tes para os pés, vergonha das sandálias

gastas o bastante, ainda fora de moda.Foi então que deliberou seguir seu ca-minho, à procura de emprego, tinham-lhe prometido um na recepção de umescritório de advocacia, ia ver. Um últi-mo olhar para dentro da loja, descon-fiada.

Não completou o segundo passo, amoça da loja, muito delicada, fez-lhe oconvite do ofício: e era experimentar,

mesmo sem compromisso, os variadosmodelos do estoque, tudo coisa da últi-ma moda. Elza não se fez de rogada. En-trou. Um pouco como se estivesse des-pida: a sensação que lhe dava a bolsa va-zia. Acompanhou a vendedora, passosmancos, como estropiada.

Que foi logo desmontando da prate-leira tudo o que era de caixa, apresentar-lhe o estoque chegado não tinha umasemana. Elza ainda quis desculpar-se, ti-

nha pressa, voltaria amanhã, mas a in-sistência da vendedora. E teve de experi-mentar diversas marcas, contrafeita. Abolsa vazia como sua vida, como deviadizer o poeta.

Deixou a loja, envergonhada. Aindapor causa do fato de que não voltaria ama-nhã, como prometera em desculpa pararetirar-se, não ficava bem abusar da boavontade da vendedora. Adiante, volveu

um olhar para trás, se fosse observadapela moça vendedora que a deixarana porta da rua, "Não deixe de vir, eprocure Newma, fico às suas ordens."Isto no ouvido, bem nítido.

De repente, uma associação men-tal: tudo ali na loja foi como na vida,que desmonta de suas prateleiras de so-nhos e ideais o mais atrativo, e às ve-zes fugidio, estoque, mas que, impie-dosa, seleciona a clientela. Poucos, osescolhidos. Sondou sua realidade, te-ve vontade de chorar, conteve-se, mu-

dando o rumo do pensamento. Afinal, diante do escritório de advo-

cacia onde um amigo lhe pedira empre-go, e que fora prometido. Entrou. De-pois de um baita chá de cadeira, comose diz, foi introduzida na sala 156. Nomomento, não havia vaga, mas deixasseseu currículo, podia ser.

Já na calçada da rua, de novo aquelaassociação mental. E Elza não pôde con-trolar as lágrimas. Era o logro da vida.

Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009 3

C O N T O / J O S É N I C O D E M O S

!Olhou em volta, sealguém lhe examinasseos pés, e sentiuvergonha. O vestido,pouco uso, até que sepodia dizer decente,apesar do tecido barato.

O LOGRO DA VIDA

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DOMINGO - A Apae funciona emMossoró há 36 anos, realizando um tra-balho importante com crianças, adolescen-tes e jovens com algum tipo de deficiên-cia. Fale-nos sobre a situação da Apae ho-je e como a instituição se mantém.

TERESA CRISTINA - A Apae se man-tém através de parcerias com o poder público,com a iniciativa privada e principalmente coma sociedade, que a gente costuma dizer que é amantenedora da Apae, já que 80% dos nossosserviços são oriundos da contribuição da po-pulação, principalmente através do nosso se-tor de telemarketing.

COMO a sociedade participa? São doa-ções com valores fixos?

AS CONTRIBUIÇÕES feitas pelo tele-marketing são mensais. O valor a ser doadoé determinado pelo próprio colaborador eaí a gente tem um esquema de operaciona-lização. As operadoras que mantêm o con-tato com o contribuinte e os mensageirosvão até o local indicado por eles para pegara contribuição.

QUAL é a estrutura da Apae hoje e oque ela oferta em termos de serviços?

AS DOAÇÕES são revertidas para a ma-nutenção dos serviços, tanto a parte estrutu-ral como também o pagamento de pessoal.A Apae trabalha com profissionais técnicos

especializados de alto nível e tem um custoelevado com o pagamento desses profissio-nais. Mas, para o tipo de serviço que a Apaepresta, a necessidade é que se tenha mesmouma equipe capacitada para atender a nossaclientela. Dessa forma, todos os recursos queentram através das doações do telemarke-ting são revertidos para a manutenção dosatendimentos: pagamento e pessoal, de água,luz, telefone, enfim, de todas as necessida-des que devem ser supridas pela entidade.

QUE profissionais a entidade dispõenesse atendimento?

TEMOS na Apae fisioterapeutas, tera-peutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psi-cólogos, pediatras, assistentes sociais, pro-fessores todos pedagogos, educadores físi-cos, técnicos de informática. Então, sãoprofissionais de alto custo, toda uma equi-pe qualificada para atender a nossa cliente-la. Hoje, temos matriculadas aqui 252 pes-soas, entre alunos e pacientes.

QUAL a importância da realização dacampanha Apae pra Você?

DIANTE de algumas dificuldades pe-las quais a entidade vinha enfrentando, nósreunimos a nossa equipe pensando de queforma iríamos, numa ação mais imediata,suprir essas dificuldades. Então, além dadificuldade de pagamento de pessoal, tam-

bém estávamos sendo procurados por algu-mas mães - cerca de 40 mães - para nos co-locar que as crianças estão com problemasde transporte, de locomoção para chegaraté a Apae. Temos uma parte das nossas crian-ças que são atendidas pela lei de gratuida-de, ou seja, têm acesso gratuito ao transpor-te coletivo. Temos ainda uma parceria coma Gerência de Saúde, que também faz o trans-lado de algumas de nossas crianças, poréma demanda é muito grande, e nós estivemoscom as mães, angustiadas com isso, buscan-do alternativas. Pensamos primeiro em ela-borar projetos, mas vimos que a coisa temde ser mais imediata. Então, como a Apae,ao longo destes 36 anos, vem conseguindose manter com o apoio da sociedade, nóspensamos nessa campanha, que seria maisum desafio para esses parceiros de estaremconosco de uma forma mais rápida atenden-do essas dificuldades. Da mesma forma queem qualquer doença nós não podemos es-perar dias, meses e anos por um tratamen-to, também para as crianças com deficiên-cia é traçado um plano de desenvolvimen-to individual que não deve ser interrompi-do, sob a pena de haver um comprometi-mento na sua evolução e perdas irrecuperá-veis no seu quadro. Por tudo isso, a nossaluta, o objetivo principal dessa campanha éa captação de recursos junto à populaçãopara a aquisição de uma Kombi, que será

E N T R E V I S T A / T E R E S A C R I S T I N A

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (A-PAE) desenvolve, há 36 anos, um importante traba-lho junto a crianças, jovens e adultos com deficiên-cia mental e seus familiares na cidade de Mossoró.O trabalho necessita, em grande parte, da ajuda dapopulação, que a partir das doações mantém a en-tidade. Nesta entrevista, a presidenta da Apae, Te-resa Cristina, fala da campanha "Apae Pra Você",realizada neste sábado, 10, e de como a po-pulação pode colaborar com a entidade. Aentrevista foi concedida antes da reali-zação da campanha, mas Teresa jáacreditava no sucesso do evento. So-bre isso, ela discorre mais abaixo:

Por Izaíra Thalita – Fotos - Carlos Costa

4 Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009

‘Agradecemos o sucesso dacampanha Apae pra Você’

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um transporte disponibilizado exclusiva-mente para o translado dessas crianças queestão passando por essa dificuldade. O gru-po "Pra Você" já vem sendo parceiro da A-pae em algumas ações em prol do dia da crian-ça. Neste ano, eles novamente nos procura-ram para saber o que nós iríamos realizar jun-tos em celebração do Dia da Criança. En-tão, lançamos o desafio e eles aceitaram,sendo os principais apoiadores dessa cam-panha no sentido mesmo financeiro, poistodo o recurso para lançarmos a campanhaveio desse grupo e do apoio da TV Mosso-ró para a transmissão ao vivo do programa.Foram seis horas de programação transmi-tidas diretamente da Apae.

QUAL a meta trabalhada nesta campanha?A META que tentamos atingir foi de R$

50 mil. Nós nos informamos sobre o valorda Kombi e, associado a isso, temos de co-brir custos que estamos tendo com o desen-volvimento da campanha. Por isso, fecha-mos que a meta teria de ter esse valor.

TODO ano, a Apae realiza campanhas.Mas, essa foi diferente, pela forma de en-volvimento da população, inclusive coma transmissão ao vivo. Vocês se espelha-ram em outros exemplos para elaborar acampanha Apae pra Você?

SIM. Todo ano realmente a Apae realizacampanhas. Inclusive, queria aproveitar parafazer um esclarecimento: realizamos essa cam-panha Apae pra você com o fim específico deaquisição desse veículo. Porém, a nossa equi-pe de telemarketing está fazendo contato comcolaboradores para a nossa campanha do Na-tal, de apadrinhamento das crianças, e que éuma campanha específica para a Festa do Na-tal. Todos os anos a gente realiza as comemo-rações do Dia dos Pais, Dia das Mães, masnuma festa simples. No entanto, a Festa do Na-tal, a Apae realiza para a família e a criança,jovem ou adulto atendido pela Apae. Ele po-de convidar os membros da família que dese-jar, de preferência os pais, irmãos ou parentesmais próximos. É uma grande festa, de um cus-

to muito elevado, em que distribuímos qui-tes natalinos - que não são cestas básicas, massim, quites natalinos mesmo, que têm customais elevado. Faço esse esclarecimento porqueas pessoas perguntam sobre as campanhas, masressalto que são duas campanhas das institui-ções, porém com finalidades diferentes. Emrelação a sua pergunta, nós nos espelhamos,sim, em outras ações. Aqui mesmo no RioGrande do Norte, vemos o exemplo da Apaede Currais Novos, que há três anos realiza even-to semelhante com o nome de Teleapae, emparceria coma TV a Cabo de Currais Novos.E o sucesso que eles têm com essa campanhanos estimulou a fazer a campanha em Mos-soró. Outro exemplo é a campanha desenvol-vida numa parceria da Federação Nacional dasApaes (FENAPAE), Apae de São Paulo e TVBandeirantes, que há dois anos realizam o A-pae em Ação, transmitido para todo o Brasil,com os mesmos objetivos e mesmos moldes.Assim, a instituição Apae já realiza iniciati-vas como a que promovemos, porém aqui emMossoró se deu pela primeira vez.

A APAE possui uma estrutura para abri-gar vários projetos. Fale-nos de alguns des-ses projetos que envolvem os atendidos pe-la entidade.

NA REALIDADE, temos um trabalhomuito rico realizado junto à família pelo se-tor social, que faz um trabalho de prevençãoe orientação e realização de cursos que sãode capacitação, com objetivo de gerar em-prego e renda, principalmente para as mãesque são mais presentes na entidade. Para a rea-lização desses cursos, temos parceria comoutras entidades e empresas. Temos ainda umprojeto realizado pelos setores de serviço so-cial com o de psicologia que dá suporte emo-cional, um projeto de elevação da autoesti-ma que é importante, porque a Apae não aten-de somente a pessoa com deficiência. Quan-do dizemos que temos 252 pessoas matricu-ladas, na realidade são 252 famílias que são

atendidas e assistidas pela Apae, através dosnossos programas e projetos. Temos aindaum programa de educação ambiental tera-pêutico de hortas orgânicas e o setor socialconsegue envolver alguns pais no cultivodas hortas. Temos relatos de vários casos depais e mães que aprenderam aqui o manejoe hoje criam seus canteiros em casa e até co-mercializam hortaliças, ou seja, nasceu des-se programa de expansão que a Apae realizacom as famílias.

SE A pessoa ainda quiser ajudar a A-pae e colaborar com doação, como ela po-de ajudar?

GOSTO de dizer que a primeira coisa quedeve se fazer é procurar conhecer a Apae,vir conhecer o trabalho da entidade, intera-gir com os profissionais, com as crianças e,a partir daí, se sentir motivado a colaborar.Nós temos um telefone, que é o 3315-2660,ou então as doações em dinheiro podem serfeitas para a conta corrente 18218-4, agência0036-1, do Banco do Brasil. Nós estamos aber-tos a vários tipos de doações, não somenteem dinheiro. A pessoa pode doar gênerosalimentícios, material de higiene e limpeza,pode ser até voluntário na Apae. Um pro-fissional de qualquer área, se tiver uma ha-bilidade com atividades manuais, de repen-te pode fazer um trabalho com as mães oucom nossas crianças. Enfim, as formas decolaborar são inúmeras. Até nisso a Apae temuma diversidade muito grande, porque sehouver o interesse de colaborar, temos mui-tas formas de dar essa oportunidade. Por fim,gostaria de fazer um agradecimento...

PODE ficar à vontade...GOSTARIA de agradecer, primeiramen-

te, a Deus, e em segundo, como presidente,em nome de todos os que fazem a Apae, daequipe de profissionais e das mães, a todasas pessoas que colaboraram para o sucessoda nossa campanha para a ajuda da comprada Kombi. E, se Deus permitir, no ano quevem vamos realizar o segundo ano da cam-panha "Apae pra Você".

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Q U A D R I N H O S

Ed Benes é um dos poucos brasileiros que desenham super-heróis para a editoraDC Comics e estará em Mossoró para curso com desenhistas profissionais.

A rotina, a escola e o trabalho, tudo oque está ao redor por instantes é esquecidopara dar espaço ao mundo imaginário dossuper-heróis e seus desafios de salvar o mun-do ou de deixar uma mensagem especial.

Abrir uma revista em quadrinhos paraaqueles que se consideram verdadeiros fãsdas histórias (HQs) e seus super-heróis nãoé um mero passatempo. Os fãs de HQs guar-dam cada edição com um cuidado extre-mo e se recordam das melhores histórias quejá leram. Os que pensam que os quadri-nhos são apenas hobby de criança estão en-

ganados. Existem milhares de fãs adultosde histórias em quadrinhos e de super-heróisque não só colecionam revistas, mas estãopor dentro de detalhes técnicos como quemsão os desenhistas, as cores, quantas vezeso roteirista mudou o desenho e assiste aosfilmes dos ídolos no cinema.

Esse público cada vez mais adulto de HQsé o motivo pelo qual desenhistas de grandetalento decidem investir nesse ramo profis-sionalmente. Foi o que fez o cearense JoséEdilbenes, natural de Limoeiro do Norte,que hoje é reconhecido no Brasil e no exte-

rior como Ed Benes, o desenhista brasilei-ro da poderosa DC Comics, a maior edito-ra de quadrinhos dos Estados Unidos, de-tentora de títulos como Batman e Superman.

Em recente matéria publicada na Vejacom o quadrinista, Benes revelou que seutrabalho pra DC Comics lhe rende 8 mildólares mensais

Ed Benes mantém um Studio de cria-ção em sua cidade, onde também orientadesenhistas que sonham em ingressar nes-se concorrido ramo dos quadrinhos a seadaptar às exigências de mercado.

Traço firmeTraço firme

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Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009 7

ENDEREÇOS

O QUÊ - Work Shop com o

desenhista da DC Comics Ed Benes

QUANDO - 17, às 14h

ONDE - SESC Club

QUANTO - R$ 2,00

CURSO EM MOSSORÓNo próximo sábado, 17 de outu-

bro, às 14h, no Serviço Social do Co-mércio (SESC), Ed Benes estará emMossoró reunido com os desenhis-tas, profissionais e fãs de HQ paraum Work Shop, durante o qual con-tará a sua experiência e conhecerá otrabalho dos desenhistas mossoroen-ses.

A realização do evento conta como apoio do desenhista Renato Ar-rais, mossoroense que atualmentemora em João Pessoa (PB) e há umano realiza alguns trabalhos para EdBenes. Ele explica que o interessepartiu do próprio Benes, sempre bus-cando talentos nessa área para dar no-toriedade através de seu Studio.

"Em Mossoró tem muitos profis-sionais bons que estão trabalhandoem gráficas ou em outras atividadese não têm como mostrar o seu traba-lho. Esse evento será uma oportuni-dade pra quem gosta desse tipo dedesenho, para quem gosta de consu-mir os produtos", ressalta.

Sobre a possibilidade de prospe-rar na área, Arraes explica que o mer-cado permite que bons desenhistaspossam crescer. "É um meio compe-titivo, mas, como toda profissão, aosque se empenham vale à pena", garan-te Arraes.

Ele explica também que os que de-sejarem mostrar seu portfólio (prefe-rencialmente em A3) poderão levar pa-ra o evento para a análise de Benes.

Os melhores portfólios serão en-caminhados para o Studio.

Para participar do evento, bastacomprar a senha antecipada que es-tá sendo vendida ao preço simbóli-co de R$ 2,00 na Copiart ou no lo-cal do evento na referida data.

Outras informações podem ser ob-tidas através do telefone do Renato:(83) 8823 - 6401. O site com o traba-lho de Ed Benes é o www.edbenestu-dio.com.br

Desenhista Ed Benes

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Durante vinte e nove anos, a imagemda Paróquia de Santa Luzia esteve ligadaà figura do monsenhor Américo Simon-etti. Há uma semana, a população deMossoró, que se acostumou a ver o padrerealizador da Festa de Santa Luzia, fez adespedida em um funeral carregado de e-moção e agradecimento.

Monsenhor Américo Simonetti eraconhecido pelas ações sociais, pela devoçãoà Santa Luzia, pelo talento para as comu-nicações, em especial para o rádio, mo-mentos em que manifestava publicamentesua alegria. Essa facilidade de falar ao públi-co e prender a atenção o tornou figura p-resente nos meios de comunicação dacidade. No entanto, apesar dessa facilidadede falar aos meios de comunicação, pou-cas vezes o monsenhor Américo falou desi mesmo.

Numa tentativa de homenagem por suaimportância junto à comunidade e à Igreja,a ideia aparentemente simples de encon-trar registros em que o monsenhor Améri-

co falasse de si, de suas memórias, se tornouuma tarefa difícil. O padre, que não poupa-va palavras para prender a atenção da pop-ulação ao falar de Santa Luzia, era reser-vado.

"Na celebração de 50 anos de vida sac-erdotal, os amigos se reuniram para lheprestar homenagens e esses depoimentosentrariam em um livro. Quando soube,padre Américo pediu que não fizéssemoso livro", relata o professor Josafá Costa,um dos amigos do padre.

Mesmo assim, é o próprio Josafá quemesmiuçou uma boa parte das lembrançasdo jovem Américo enquanto seminaristaem Mossoró. Muitas dessas lembranças eletambém contou no livro "Memorial doSeminário de Mossoró", publicado pelaColeção Mossoroense.

INFÂNCIA E VOCAÇÃOFilho de Alfredo Simonetti e de Maria

Augusta de Sá Leitão Simonetti, AméricoVespúcio Simonetti - o quarto filho de

um total de sete irmãos - nasceu em Assú,aos 21 de dezembro de 1929.

A família era tão católica que, dos fil-hos, três seguiram a vida religiosa, entreeles Américo Simonetti.

Em um dos poucos registros em que opróprio monsenhor Américo fala de co-mo se interessou pela vida sacerdotal (en-trevista à Gazeta do Oeste de novembrode 2002), o padre contou da religiosidadedos pais: "Eu sou de uma família católi-ca, cresci com o hábito de ir à igreja. Re-cebi influências tanto da minha mãe co-mo do meu pai. Não houve exigência porparte deles, eu sozinho quis seguir o sac-erdócio. Aos poucos, ainda em Assú, fuidespertando essa vontade, esse desejo. Foiaí que resolvi ingressar no seminário. Aformação católica que recebi tem muitosentido para mim", comentou, à época, opadre.

Mas, muito do menino Américo quemrelata é Josafá Costa. Em um dos registroscontidos no livro do professor aparece uma

H O M E N A G E M

Alegrias de um

sacerdoteDo menino queentrou criança noseminário ao padrecomunicador, lídere devoto à SantaLuzia, DOMINGOconta um pouco davida do monsenhorAmérico VespúcioSimonetti, a partirdo depoimento de amigos

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ordenação do padre Américo, nomes dedestaque como Amanda Costa, Edmil-son Lemos e Jonh Wellington foram rev-elados em 'A Mais Bela Voz', que aindahoje funciona como importante ferra-menta para apresentar talentos da músicapotiguar. Para o monsenhor Américo, aRádio Rural é, e sempre foi, um instru-mento da Igreja a serviço da evangelização,da propagação da fé e da educação do po-vo", ressalta Zilda.

Outro que lembra do padre comuni-cador e dedicado à rádio é o radialista E-mery Costa. "Eu tinha apenas 17 anos deidade quando ingressei na Rádio Rural, eele era o diretor. Eram os primór-dios da então Emissora deEducação Rural. Ainda

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foto do monsenhor Américo aos onze anosde idade.

Josafá conta que, dentro das lembrançase documentos que colheu sobre o pequenoAmérico, era certo que ele era uma cri-ança dedicada e se destacava naturalmentenas atividades do seminário.

"Com dez anos e dois meses de idade,encontrava-se no Seminário de SantaTeresinha de Mossoró, entre os novatosde 1940. A firmeza dos primeiros passoscontinuou por todo o tempo do interna-to, aliás, o acompanhou por toda a vida.Na verdade, entrou tão criança no semi-nário que ele viveu o regime sem ter tem-po de perceber o rigorismo da disciplina",Ressalta Josafá Costa.

Ainda é o professor que conta que opadre, quando jovem, gostava do palco, doteatro, e era um bom jogador de futebol.

"Américo aceitou fácil a pedagogia reg-ulamentada no cumprimento de tudo oque lhe era proposto. Se ele era convoca-do para o teatro, saía do palco como mel-hor ator, se o chamavam para a banda demúsica, a ele era dada a função de auxil-iar principal, e se estava numa reunião,coordenava o diálogo.

O PADRE COMUNICADORA facilidade em se expressar se tornou

mais evidente quando realizou uma dassuas mais importantes obras: a criação daRádio Rural de Mossoró.

Com o apoio do então bispo dioce-sano dom Gentil Diniz Barreto, trabalhouincessantemente para ver criada e instala-da em 1963 a Rádio Rural.

"Estando à frente da Rádio Rural, padreAmérico mobilizou durante muito tempoa cidade e a região, com promoções, co-mo: A Feira da Providência, o Festival dosMunicípios e o Concurso A Mais BelaVoz", relata a professora Zilda Ge, amigado padre.

Zilda escreveu, a pedido do padre, umlivro contando a trajetória do concurso"A Mais Bela Voz", uma promoção daRural que revelou muitos cantores aomundo artístico nacional e internacional.Para o padre, "A Mais Bela Voz" era ummomento de grande satisfação. "Sob a co-

No seminárioaos dez anos de idade: disciplina e rigor que oacompanhoupor toda vida.

Infância: com osirmãos, o garoto

Américo é o terceiro da foto

um adolescente, foi padre Américo quemamoldou a minha personalidade, me con-feriu responsabilidades, me botou no cam-inho profissional que hoje ainda trilho.Foi um radialista que, se não pioneiro, masum dos pioneiros. Eu listo o nome delecomo ombreado a Renato Costa, PauloGutemberg de Noronha Costa, GenildoMiranda, que foram os autênticos pio-neiros", comenta Emery, do padre e ami-go.

Atualmente, Zilda Gê está preparandoum livro com os melhores comentáriosgravados do monsenhor Américo na Rá-dio Rural. Inicialmente, o livro seria lança-do para comemorar seus 80 anos, mas apósa morte do sacerdote, o projeto deve rece-ber reformulações. O concurso A Mais BelaVoz neste ano deverá homenagear o padre.

OS FESTEJOS DE SANTA LUZIAA dedicação à Paróquia de Santa Luzia

e a realização da festa da padroeira deMossoró tornaram-se a principal referên-cia ao monsenhor Américo Simonetti,entre tantas ações que eram realizadas noseu trabalho como sacerdote.

Em 1980, o padre foi nomeado vigário-geral da Paróquia de Santa Luzia, e um deseus maiores feitos foi resgatar a Festa deSanta de Luzia, ajudando a transformá-laem um dos eventos religiosos mais im-

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portantes do Estado. E seu ânimo era ren-ovado a cada realização da festa.

Na busca por uma festa que atraísse acomunidade cristã, arregimentava, atravésde seu exemplo, centenas de pessoas paratrabalhar voluntariamente e acompanha-va de perto as equipes nos menores detal-hes da festa. Mas, ele também se preocu-pava em não tornar a festa um show emque a parte religiosa ficasse em segundoplano. Nos últimos anos, foi atribuindoà Prefeitura de Mossoró as responsabili-dades pela parte social da festa para dedicar-se à parte religiosa.

Em entrevista concedida à imprensa,demonstrou a satisfação de vivenciar o mo-mento dos festejos. "Tenho de me alegrarcom as festas de Santa Luzia. Fico na Cat-edral até onde o senhor bispo permitir. En-treguei a Rádio Rural, o DepartamentoDiocesano com o Curso de Teologia,porque estava demais. Não tinha maiscondições. Só deixarei a Catedral se ele diss-er que deve ficar outro. Deixarei com a

consciência de que não explorei ninguém,de que ajudei à educação. Mas quero chegaraos 100 anos", disse o padre.

TESTEMUNHOSNão é fácil elencar em pouco espaço

toda a contribuição dada pelo monsenhorAmérico Simonetti à sociedade atravésda sua dedicação ao sacerdócio, nas açõescomunitárias, na educação, na comuni-cação através do rádio, no exemplo de de-voção à padroeira da cidade.

No entanto, não faltarão testemunhosvivos e sinceros - de pessoas, amigos, ad-miradores - da imensa contribuição deix-ada por ele.

Mesmo sem a sua presença física, seráa partir das boas lembranças de um padreincansável que a comunidade poderá ecoarcom força o grito tradicional aos festejosde saudação à Santa Luzia a que o sacer-dote tanto puxava em meio à multidãode devotos: "Mossoró, com alegria, saúdaSanta Luzia".

Devoção: monsenhor Américo transportando as relíquias de Santa Luzia

Comunicador: padre inaugurou a Rádio Rural em 1963

Amigos falam do monsenhorAmérico Simonetti

"Ele era a coluna da Igreja em Mos-soró. Um homem servidor, dedica-do e antenado com o mundo. Foimuito importante na questão da co-municação da Igreja com a popula-ção. Um ícone!"

PADRE FLÁVIO AUGUSTO FOR-TE DE MELO

Vigário-geral da Paróquia de SantaLuzia

"Durante os vinte e cinco anosem que eu trabalhei com o padreAmérico verifiquei que nós guardá-vamos uma afinidade muito gran-de. Padre Américo amava verdadei-ramente o seu trabalho na RádioRural. Tudo que fazia ali estava eiva-do de um amor extremo, e vieram daíos resultados positivos que colheu.Ele não tinha hora, nem dia paratrabalhar. Toda hora era hora. Comosacerdote, é claro, vai fazer muitafalta. Deixou marcas indeléveis noseu apostolado sacerdotal, as quaisMossoró nunca vai esquecer. Sua pas-sagem como vigário da paróquia deSanta Luzia por quase 30 anos vaificar assinalada para sempre: Mos-soró com alegria/saúda Santa Luzia!"

EMERY COSTARadialista

"O que temos por certo é que aação do padre Américo não passou,nem passará ignorada jamais. Láu-reas ele as recebeu cumulativamen-te, em cada atividade que ia reali-zando, e mesmo agora na despedi-da, numa tentativa do povo de Mos-soró e do Rio Grande do Norte emreconhecimento a sua vida e suasações."

JOSAFÁ INÁCIO DA COSTAProfessor

"Américo da Praça,Da Rádio, da Igreja,Américo pelejaSem trégua e sem ais,Guerreiro de DeusNas letras, na missa,Irmão na Justiça,Artífice da Paz"CRISPINIANO NETOJornalista (trecho de poesia feita

para homenagear o padre em 2006)

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A chegada dos europeus nas terras ame-ricanas marca um importante passo na ex-pansão ultramarina ibérica. Desde a segun-da metade do século XV os reinos ibéricos(Portugal e Espanha) promoviam viagens decabotagem, aperfeiçoavam, implementavame introduziam instrumentos náuticos quetransformavam as viagens marítimas em em-preendimentos cada vez mais seguros. En-tre estes avanços técnicos a utilização do as-trolábio, a caravela e a bússola (esta inven-ção chinesa chegou à Europa através dos ára-bes) são os mais significativos, e aliados aosconhecimentos matemáticos e astronômi-cos de árabes e judeus foram decisivos paraa realização dessas viagens marítimas.

A viagem de Colombo foi marcada porincertezas e por muitos recursos arrecada-dos para tal. Era projeto da Coroa dosReis Católicos (Fernando e Isabel) em-preenderem a expansão marítima e viabi-lizarem uma nova rota comercial para oOriente, bem como manter presença nolitoral africano.

A VIAGEM E O NOVO MUNDOInvestindo de forma considerável no pro-

jeto expansionista, a Coroa Espanhola, atra-vés da expedição de Cristóvão Colomboconseguiu encontrar novas terras (aos 12de outubro de 1492) no Atlântico. Essa ex-pedição abre um rápido e traumático pro-cesso de conquista que desorganizou e pro-vocou a morte de milhares de indígenas.Para se ter uma idéia, as populações quehabitavam a mesoamerica antes da chega-da de Colombo formavam um complexode comunidades marcadas por diversida-de de técnicas agrícolas (muitas vezes sazo-nais) e uma interessante metalurgia que,segundo Miguel León-Portilla, "o ouro, aprata, o cobre, o estanho e, provavelmenteem escala menor, o chumbo eram os me-tais conhecidos dos mesoamericanos".

Eram sociedades que possuíam suas for-mas de organização política (os impériosasteca e inca), econômica (a produção agrí-cola e um sistema de impostos que eram pa-gos ao poder central das grandes cidades -Tenochtitlán e Cuzco), social (com a pre-

sença de certas entidades socioeconômicasbaseadas nos laços de parentesco) e cultural.Sobre a religião predominante em Tenochti-tlán-México, León-Portilla explica que "erao resultado de um longo processo de fusãoe síntese. Não obstante, estava longe de seruma massa de elementos heterogêneos".

O contato dos europeus com as popu-lações ameríndias provocou efeitos devas-tadores na dinâmica social dessas comuni-dades, levando os antigos sistemas de orga-nização social e formas de dominação aofracasso, pois se aproveitando das contra-dições existentes (principalmente as rivali-dades e a exploração nos impérios asteca einca), os conquistadores impuseram sualógica de guerra e suas formas de domina-ção. Eram dois mundos distintos que pas-savam a manter uma relação distinta no pro-

cesso de conquista, cuja submissão e a bus-ca pelo enquadramento das comunidadesameríndias aos padrões culturais europeuse suas formas de produzir levaram ao suca-teamento das economias locais e transfor-mações culturais consideráveis.

Configura-se uma das mais violentasconquistas do mundo moderno, marca-da pelo trabalho compulsório, acultura-ção e genocídio. A idéia de um novo mun-do fora produzida. A natureza exuberan-te, as populações que habitavam esses lo-cais foram vistas como algo que precisavaser conquistado. Descortinavam-se aos ol-hos dos europeus como imagens contras-tantes que precisavam entrar na lógica eu-ropéia mercantilista e católica, caracteri-zando as terras encontradas e seus habitan-tes como seres exóticos e selvagens.

A MÁQUINA DA EXPLORAÇÃO COLONIALA montagem de uma estrutura de fun-

cionamento da colonização hispano-ameri-cana não levou em consideração as peculia-ridades locais, buscava-se a rápida catequiza-ção das crianças como forma de inseri-las nareligião cristã. A mita e a encomienda foramas principais formas de exploração da mão-de-obra indígenas nos trabalhos da minera-ção. A Espanha concedia aos seus fidalgoscertos direitos de arregimentarem mão-de-o-bra para tais trabalhos. As ordens religiosasrapidamente montarem seus planos de evan-gelização e arregimentação dos aldeamen-tos. A Igreja chegava como parceira do Esta-do. Colonizar e conquistar associava-se aosprojetos da Coroa Hispânica, da Igreja Ca-tólica e do Colono. Transferiam-se institui-

ções, formas de organização urbana, hábi-tos e práticas européias. Construía-se umnovo mundo, ou melhor, um mundo novoà custa da devastação de um mundo que jáera complexo. A América era a nova frontei-ra do expansionismo comercial ibérico, erao espaço onde as matrizes hispânicas cristãspoderiam proliferar. Os vendavais reformis-tas estavam longe, as ordens se organizavame articulavam suas formas de mando e de ar-recadação e evangelização. Muitos judeus con-denados ao degredo encontravam-se na Amé-rica, estavam longe da inquisição, pelos me-nos por enquanto, pois quando as visitaçõeschegaram foram devastadoras. A Américaestava sendo formada, transformada, destruí-da. Era a idéia do novo mundo que produ-zia um mundo cheio de peculiaridades epluralidades novas e destruidoras.

12 de outubro de 1492:O ‘Novo Mundo’ é invadido por

europeus sob o comando deCristóvão Colombo.

UM DIA NA HISTÓRIA

C O L U N A

Marcílio Lima Falcão - Prof. Departamento de História - UERN

Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009 11

Pintura de José GarneloAlda, de 1892, Idealizachegada de Colombo.

Pintura de José GarneloAlda, de 1892, Idealizachegada de Colombo.

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Entre as melhores lembranças que setem da infância estão os cheiros dospratos caseiros feitos pela mãe, pelas avósque enchem a boca e os olhos. A lem-brança de um bolo saboroso, de umprato feito com carinho em dias espe-ciais deveria compor as lembranças detodas as crianças.

A cozinha é quase sempre um cam-po mágico dos momentos divertidos emfamília e as crianças muitas vezes sãoespectadoras atentas e curiosas destes mo-mentos, mas poucas vezes são convida-das a participar da elaboração dos pra-tos.

No feriado nacional em que se co-memora também o Dia das Crianças, na-da melhor que fazer com que elas par-ticipem da feitura de pratos saudáveisque chamem a atenção pelo sabor e pe-la aparência.

A nutricionista Sarah Negreiros ex-plica que a oportunidade é excelentepara as crianças e para a família apren-derem mais sobre alimentação saudá-vel e deixar de lado o alimento indus-trializado que hoje, infelizmente, com-põe o cardápio de muitas crianças:

"O dia das crianças vem aí e com elevêm o estímulo exagerado ao consumode balas, doces, salgadinhos, fast food,produtos prontos para consumo e re-frigerantes", explica a especialista.

Sarah ressalta que não há problemasde se oferecer estas guloseimas em umdia festivo ou em um fim de semana,mas não se deve consentir é que estesalimentos industrializados façam parte

da rotina das crianças."Podemos então estabelecer acordos

e regras com nossos pequenos e não proi-bir, pois o proibido sempre é mais ten-tador e mais gostoso", explica.

MAIS SAUDÁVEL A nutricionista explica que uma ali-

mentação equilibrada e balanceada é umdos fatores fundamentais para o bom de-senvolvimento físico, psíquico e socialdas crianças. "Para se manter uma ali-mentação saudável, deve-se observar aqualidade e a quantidade dos alimen-tos nas refeições e, além disso, a harmo-nia entre eles", ressalta ela.

Sarah explica ainda que uma alimen-tação desequilibrada pode levar a um au-mento de peso e/ou deficiências de vi-taminas e minerais.

A nutricionista lembra que é duranteos primeiros anos de vida que são forma-dos os hábitos, por exemplo, ali-mentares e de atividadefísica, portanto éna infância quese de-

ve estimular a adoção e formação de hábi-tos saudáveis.

MAIS COLORIDOA grande questão acaba sendo: co-

mo atrair os pequenos para a alimenta-ção mais saudável?

"As crianças são atraídas principal-mente por cores e formatos, sendo aaparência a peça-chave para trabalhar aeducação nutricional", indica a espe-cialista.

Sarah explica que os pais podem pre-parar refeições saudáveis e muito atraen-tes às crianças, usando a criatividadepara dar formas e deixar tudo mais co-lorido:

"Pode-se usar cortes triangulares nossanduíches, usar formas de estrela e oulua para fazer biscoitinhos, usar canu-dos e copos diferentes para adicionaros sucos. As mães podem envolver acriança na preparação de uma saladi-

nha de frutas e usar oboleador para dei-

xar estasalada

A L I M E N T A Ç Ã O

criançadaCozinha pra

Feriado e Dia das Crianças pedemuma alimentação feita especialmentepara elas. Nutricionista ensina que épossível unir o gostoso ao saudável.

12 Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009

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Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009 13

mais bonita e atraente. Elas terão maisvontade de comer se elas puderem par-ticipar da elaboração da comida", afir-ma Sarah.

ReceitasApostando nessa ideia, Sarah elabo-

rou receitas que podem contar com a

ajuda das crianças na cozinha e quedespertarão o interesse pelas cores epelos sabores. Afinal, hoje o dia é ide-al para deixar nos pequenos, recorda-ções que irão entrar na lista das me-lhores lembranças de suas infâncias.Cozinhar pode ser muito divertido.Bom apetite!

Sarah Negreiros,nutricionista: ‘cores e aparência da comida atraemas crianças’

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14 Jornal de Fato Domingo, 6 de setembro de 200914 Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009

Carol tem oito anos e, apesar da pou-ca idade, tem muita história para contar.Mora com a mãe, o padrasto e dois ir-mãos menores em um casebre improvisa-do embaixo de um viaduto. A mãe - de 24anos - é diarista. O padrasto, ajudante depedreiro. Ambos nasceram na roça e tive-ram pouca ou nenhuma chance de estu-dar. Amélia, mãe da Carol, sofreu abusosexual de um vizinho quando ainda mo-rava no interior. Grávida do pedófilo ecom medo de repressões e retaliações, a me-nina - que na época tinha 16 anos -, veiotentar a vida na cidade grande. Aqui teveCarol.

Conheceu Geraldo, com quem teve Ca-mila, de quatro anos, e Carlos, de dois.

Carol não conheceu o pai. Mas, foi bemaceita por Geraldo, que a acolheu comofilha. Ele até que seria um bom sujeito, nãofosse o álcool e as drogas. Com a criseque se instalou em todo o mundo há al-gum tempo, Geraldo se viu completamen-te sem trabalho. A falta de oportunida-des, de perspectivas, de um futuro me-lhor o levou a buscar auxílio nos entor-pecentes. Gasta o pouco dinheiro que tembebendo e fumando.

Diante da falta de comida, Carol se vê"obrigada" a pedir ajuda nos semáforos.Diariamente, a menina é vista suja, mal-trapilha, descabelada pedindo dinheiro pe-las ruas. Quando a mãe sai para fazer al-guma faxina, a pobre criança carrega pa-ra as ruas seus irmãozinhos. Já que é ela aresponsável por cuidar deles.

Constantemente vê a mãe apanhar dopadrasto. Já o viu cheirando cola, chegan-do no barraco bêbado e usando drogas.

Não tem água encanada em casa, nemesgoto, nem luz. Não estuda, uma vez que"ganha a vida" nos sinais de trânsito. Co-mo brinquedos essas crianças têm apenasuma bola de meia furada, que foi encon-trada no lixo; uma boneca de pano, queganharam de alguém em um gesto solidá-rio no sinal; um carrinho quebrado e umchocalho.

Vez ou outra, Carol é vista sozinha oucom os irmãos catando os restos que so-bram da feira que acontece todo final de

ARTIGO/MICHELLE SOARES

12 DEOUTUBRO:DIA DASCRIANÇAS

semana perto do barraco onde mora.Nas ruas já presenciou assalto, agres-

sões e até estupro.Não sabe ler, nem escrever. Na maio-

ria dos dias, mal tem o que comer. Passadias e dias a farinha e pão.

É vítima de um sistema cruel, no qualmuitos têm pouco e poucos têm muito.Vítima do abandono dos políticos, dosdireitos humanos e de cada um de nós.Vítimas do descaso, da solidão, da desi-gualdade, da falta de estudo, da falta demelhores condições de vida, de saúde, dehigiene; da falta de oportunidades. Víti-mas da fome, da dignidade, do carinho,do respeito para com o ser humano e daexclusão.

A história aqui contada é fictícia, mashá quantos milhões de "Carol" espalhadospelo nosso país!? E dar um final feliz pa-ra as histórias reais só depende de nós. Quetal pararmos para pensar que o dia dascrianças se aproxima e que, muitas vãoter um dia 12 maravilhoso: repleto de co-mida, brinquedos etc. Seu filho mesmo,caro leitor, com certeza terá um dia per-feito. Ou seu sobrinho, afilhado...

Então, por quê não nos doarmos umpouco para tantas outras crianças que es-tão nas ruas, nos hospitais, nas creches...eem tantos outros locais!? Aí mesmo, per-to do semáforo da sua casa, deve ter algu-ma criança. Não estou falando para dar di-nheiro não! Mas, que tal pegarmos algunsbrinquedos em bom estado, que já nãosão mais utilizados, nossos ou dos nos-sos filhos e darmos para alguém que pre-

cisa?! Ou, se não for possível dar brinque-do, quem sabe um pouco de carinho, deatenção, tirar um pouquinho do nossotempo para fazer algo bom para os ou-tros, ainda que seja só estar perto ou con-tar uma história.

O dia das crianças é uma data linda!Quem de nós não se recorda dessa épocainesquecível de nossas vidas, de algum brin-quedo, brincadeira, amiguinho ou mo-mento especial...

Talvez nos dias de hoje seja mais co-mércio, mas nem todos têm o que come-morar. A história de milhares de vidaspode começar a mudar a partir de umasimples iniciativa nossa. Não dá para sal-varmos o planeta, mas podemos cuidarda plantação. Afinal, essas sementinhasmágicas chamadas de crianças são o futu-ro do nosso país. E todos nós somos res-ponsáveis por elas. Que tal então semear-mos uma infância digna para lá na fren-te termos adultos conscientes, que apren-deram a ser solidários e continuarão re-gando as novas sementinhas, fazendo comque elas dêem frutos!?

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS PARATODAS AS CRIANÇAS DE TODAS ASIDADES! Que ninguém jamais perca a ino-cência e a magia de ser criança. Porquecrianças sonham... e sonhos são necessá-rios para se conquistar objetivos.

MICHELLE SOARES é jornalista e colabora com o site Gosto deLer - www.gostodeler.com.br

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Jornal de Fato Domingo, 11 de outubro de 2009 15

INGREDIENTES

5 pacotes de Biscoitos Animados Zoo Richester Sabor Chocolate (30g)2 xícaras (chá) de leite4 colheres (sopa) de açúcar1 cálice de licor de sua preferência (opcional)Chocolate granulado ou confeitos coloridos

MODO DE PREPARO

Coloque os biscoitos Animados Zoo em uma panela médiaantiaderente, derrame sobre eles o leite e deixe em repouso por algunsminutos. Ligue o fogo e vá mexendo bem até desmanchar todos osbiscoitos. Acrescente o açúcar, continue mexendo até ficar uma massafirme e começar a desgrudar da panela, junte o licor de sua preferênciae apague o fogo. Deixe esfriar um pouco e faça bolinhas pequenascom as mãos untadas com um pouco de margarina sem sal, para não

grudar. Passe nos granulados e coloque na geladeira por algumashoras.Dicas: Pode ser usado para rechear tâmaras, damascos e até mesmopara fazer trufas recheadas com passas, ameixas sem caroço ou balaslicorosas. Se preferir use essência de amêndoas, baunilha ou menta.Fica uma delícia. Rendimento: 20 a 30 brigadeiros.* A receita Brigadeiros Animados Zoo Richester foi preparada pelacozinha experimental da Richester.

C U L I N Á R I A

Brigadeiros animados

FONTE: tudogostoso.com.br

Espaguete com molho de tomate e salsicha

INGREDIENTES

4 tomates médios4 salsichas de frango cortadas em rodelas finas1 alho-poró médio cortado em rodelas finas5 folhas de manjericão picadas3 colheres (sopa) de azeite de oliva 300 g de espaguete frescosal a gosto

MODO DE PREPARO

Lave os tomates, descasque-os, retire os pedúnculos, parta-os ao meioe elimine as sementes. Pique a polpa em pedaços pequenos e coloquenuma tigela refratária. Misture a salsicha, o alho-poró, o manjericãoe o azeite. Leve ao forno de microondas, na potência alta, por 5 minutos,ou até o tomate e o alho-poró ficarem macios. Durante o tempo decozimento, mexa a mistura por duas vezes. Retire o molho do fornoe tempere com o sal. Coloque 1,5 litro de água e 1 colher (chá) de salnuma tigela refratária grande e leve ao microondas, na potência alta,até ferver (cerca de 10 minutos). Abra o forno, coloque o espaguetedeixando-o totalmente imerso na água e cozinhe por mais 5 minutos,ou até ficar ''''''''al dente''''''''. Retire do forno e escorra a água. Distribuao espaguete nos pratos, cubra com o molho de tomate e salsicha e decorecom folhas de manjericão.

Feijão branco com lingüiça e bacon

INGREDIENTES

3 colheres (sopa) de óleo 200 g de lingüiça calabresa cortada em rodelas75 g de bacon magro em cubos médios1 cebola média em pedaços pequenos 2 talos de salsão picados300 g de feijão branco em conservafolhas de 1/2 maço médio de salsinha picadassal a gosto

MODO DE PREPARO

Leve ao fogo médio uma panela com o óleo, a lingüiça, obacon, a cebola e o salsão. Deixe refogar, mexendo de vez emquando, por 4 minutos, ou até o bacon dourar um pouco e acebola ficar macia. Acrescente 1/2 xícara (chá) de água, o feijãocom a água da conserva, a salsinha e o sal. Cozinhe por mais 5minutos e retire do fogo. Sirva em seguida com arroz comsalsinha picada.