revista do meio ambiente 10

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Edição 10 da Revista do Meio Ambiente

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Page 1: Revista do Meio Ambiente 10

2007 - AGOSTO - EDIÇÃO 010 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 1

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2 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

Editorial

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*

umenta dia a dia onúmero de pessoaspreocupadas com omeio ambiente, e

muitas vão além da boa inten-ção e da simples reclamação eestão agindo, colocando a mãona massa em ações concretas, oque renova nossa esperança deque a espécie humana ainda teráchances de sobrevivência. Oproblema é que, apesar de maise mais pessoas estarem consci-entes e mais ativas, ainda per-manecem enfraquecidas em suacapacidade de fazer pressão edefender os seus direitos ao meioambiente ecologicamente equi-librado.

Um dos motivos desse enfra-quecimento nasce da falsa idéiade que para defender a nature-za temos de ter conhecimentostécnicos. A cidadania ambien-tal não requer capacitação, nãoé um atributo apenas para es-pecialistas. Claro que capacita-ção e conhecimentos técnicosajudam e muito, por que a ques-tão ambiental é de enorme com-plexidade, entretanto, as pesso-as podem – e devem – estabe-lecer parcerias entre si paracomplementar suas limitações.Qualquer pessoa que toma cons-ciência da crise ambiental e re-solve agir pode ser consideradoum cidadão ambiental, seja cri-ança, jovem, adulto ou idoso,empregado ou empregador,analfabeto ou doutor. Nos Clu-bes de Amigos do Planeta, porexemplo, conheci crianças maiscomprometidas e mais ativasque muitos adultos e professo-res, também conheci pessoasanalfabetas ou sem qualificaçãotécnica inteiramente compro-metidas com a defesa do meioambiente, assim como conhecipessoas altamente qualificadas,mas indiferentes à crise ambi-ental.

Outra falsa idéia que con-tribui para a desmobilização dasociedade é de que existemações ambientais mais impor-tantes que outras. As pessoas

Aesquecem que não existe umúnico tipo de ação ambiental.Tem cidadãos e cidadãs que es-colhem agir na defesa da fauna,da flora, defendem a criação deparques e reservas, combatemo desmatamento e o tráfico deanimais silvestres, lutam peladefesa dos animais domésticos,etc. Outros preferem agir noambiente de trabalho, associan-do cidadania ambiental comexercício profissional, adotan-do técnicas de ecoeficiência,controlando melhor os proces-sos e resíduos, reciclando e rea-proveitando materiais, etc. Ou-tros, ainda, agem nos aspectossociais da questão ambiental,defendendo os mais pobres e ex-cluídos, os povos tradicionais, osindígenas, os operários que secontaminam no ambiente dotrabalho, etc. Não são ações an-tagônicas. Muito pelo contrá-rio, são complementares, pois aquestão ambiental é de tama-nha complexidade que nenhu-ma corrente de pensamento eação, por mais poderosa queseja, conseguirá dar conta sozi-nha da enormidade da tarefa.

Não é verdade que a luta pelafauna e flora, ou pelos animaisdomésticos, seja me-

nos importante que outras lutasambientais. Graças à biodiver-sidade e aos ciclos da naturezarecebemos oxigênio e descar-tamos gás carbônico, encontra-mos alimentos e remédios, te-mos acesso à água e a recursosnaturais fundamentais para nos-sa sobrevivência.

Também não é verdade queseja desprovido de mérito aação ambiental de empresas eprofissionais em busca da sus-tentabilidade nos processos in-dustriais, da gestão ambientalecoeficiente, etc. Assim comodependemos da natureza tam-bém dependemos do setor pro-dutivo que transforma recursosnaturais em bens de consumopara atender as necessidades daspessoas. Infelizmente, sérias dis-torções no modelo econômico,motivado pela ganância, têmgerado concentração de rendae corrupção, que por sua vez re-sultam em miséria, pobreza, vi-olência.

Tão importante quanto à pre-servação da natureza e a ecoe-ficiência nas empresas é aindaa luta de cidadãos e de organi-

z a ç õ e s

Que tipo de cidadãoambiental é você?

por justiça social e melhor dis-tribuição de riquezas, especial-mente naqueles segmentos dasociedade que dependem domeio ambiente preservado parasua subsistência, como os pes-cadores, agricultores, e tambémos indígenas, entre outros. Nossaespécie também faz parte daNatureza. A pobreza, a fome, aviolência, extinguem seres hu-manos.

É preciso reconhecer que ofato de nos tornamos mais cons-cientes dos problemas ambien-tais não nos torna também maisdemocráticos, fraternos, justos.Existem pessoas devotadas sin-ceramente à causa ambiental,mas que permanecem arrogan-tes, autoritárias, tramam umascontra as outras, infelizmente.Os motivos podem ser vários,desde de culpa pelo tempo emque estiveram indiferentes an-tes de tomar consciência daquestão ambiental, ou pelo sen-timento de urgência, ou por in-teresse de aparelhamento par-tidário, ou por que pretendemobter visibilidade para si ou parasua organização, ou por invejamesmo, etc. Apesar disso pre-

cisamos seguir em frente,pois a crise ambiental nãopode esperar até que nostornemos seres humanosmelhores.

Vilmar Sidnei Dema-mam Berna - Prêmio Glo-bal 500 da ONU Para oMeio Ambiente

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2007 - AGOSTO - EDIÇÃO 010 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 3

FUNDADORVilmar Sidnei Demamam Berna - Prê-mio Global 500 da ONU Para o MeioAmbiente

CONSELHO EDITORIALAmyra El Khalili , André Trigueiro, Aris-tides Arthur Soffiati, David Man WaiZee, Flávio Lemos de Souza. RicardoHarduim, Rogério RuschellPROGRAMAÇÃO VISUALLeonardo Ciannella - VX STUDIO Solu-ções Criativas - [email protected] Maia Araújo - leandromaiaa-raujo @hotmail.com - Tel.: (021) 9606-2126CORRESPONDENTES• Juliana Radler (Internacional) - (21)2210-2192 - [email protected]

Expediente

• Silvia Pereira - (21) 2253-6682 / 8820-6682 / 9293-1884 - [email protected]• JC Moreira - (24) [email protected]

Fórum de Debates da REBIAREBIA NACIONAL - [email protected] CENTRO-OESTE - [email protected] -Moderador: Eric FischerREBIA NORDESTE - [email protected] - Mode-radora: Liliana PeixinhoREBIA NORTE - [email protected] ; Mode-rador: Evandro FerreiraREBIA SUDESTE - [email protected] - Mode-radores: Juliano Raramilho

REBIA SUL - [email protected] Moderadores: Pau-lo Pizzi* Os artigos assinados não traduzem ne-cessariamente a opinião da Revista.

ASSINATURAS

Preencha o cadastro em http://www.rebia.org.br/JMA-Assinar/JMA-Assinar.asp ou o cupom na Revista im-pressa e após fazer o pagamento da anui-dade de R$ 70,00 comunique a data ehora do depósito por email [email protected]

A Revista do Meio Ambiente é uma pu-blicação da REBIA - REDE BRASILEIRADE INFORMAÇÃO AMBIENTAL -WWW.REBIA.ORG.BR - Organização daSociedade Civil - O S C , sem fins lucra-

tivos, CNPJ: 05.291.019/0001-58Inscrição estadual e municipal: isentas- sede à Trav. Gonçalo Ferreira,777 - Casarão da Ponta da Ilha, BairroJurujuba , Niteró , RJ - Brasil - Telefax:(21) 2610-2272 / Presidente do conse-lho diretor: Sérgio Ricardo F e r r e i ra H a r d u i m , b i ó l o g o e EducadorAmbiental editada em parceria com aASSOCIAÇÃO ECOLÓGICA PIRA-TINGAÚNA - Organização da Socie-dade Civil de Interesse Público - OS-CIP, (Proc. nº 08015.000703/2003-31 -Secretaria Nacional de Justiça, 10 demarço de 2003, Diário Oficial da Uniãode 17/ 03/ 2003 / Utilidade PúblicaMunicipal ( LEI 3.283 de 04 de marçode 2002) / CNPJ: 03.744.280/0001-30 /Rua Maria Luiza Gonzaga, nº 217 - nobairro Ano Bom - Barra Mansa, RJ CEP:23.323.300

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4 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

Taxa de desmatamentona Amazônia cai 25%

A

Uma opinião: Desmatamento na Amazônia

Por Adriano Ceolin /Grace Perpétuo

taxa do desmatamento naAmazônia Legal caiu 25%entre agosto de 2005 ejulho de 2006, de acordo

com os números finais do Projetode Monitoramento do Desfloresta-mento na Amazônia (Prodes). E aqueda deverá ser ainda maior - emtorno de 10% - a partir deste ano,segundo nova estimativa do Sistemade Detecção de Desmatamento emTempo Real (Deter). Os dados fo-ram anunciados em Brasília, numacoletiva de imprensa com a presen-ça dos ministros do Meio Ambiente,Marina Silva; de DesenvolvimentoAgrário, Guilherme Cassel; da Agri-cultura, Reinhold Stephanes; e daministra-chefe da Casa Civil, DilmaRousseff.

Esta é a segunda queda no índicedesde março de 2004, quando o Pla-no de Prevenção e Controle do Des-matamento da Amazônia (PPCDA)foi lançado pelo presidente Luiz Iná-cio Lula da Silva. Coordenado pelaCasa Civil, o plano conta com a par-ticipação de 13 ministérios. Desdeentão, a taxa de desmatamento caiu49%. Em 2004-2005, a área desmata-da na Amazônia foi 18.793 km2; em2005-2006, foi 14.039 km2. Dos noveestados da região, sete tiveram seusíndices de desmatamento reduzidos.Um aumento foi verificado em ape-nas dois estados: Amazonas e Rorai-ma.

O Pará foi o estado que teve maiorárea desmatada no período. Mesmoassim, o território paraense registrouuma queda de 4,48% em relação a2005. Em 2006, a área total desmata-da no Pará foi de 5.005 km2. O se-gundo mais desmatado foi o MatoGrosso, ainda que a taxa de desma-tamento no estado tenha apresenta-do queda de 39,36% - dos 7.145 km2registrados em 2005 aos a 4.333 km2de 2006.

O município que registrou omaior crescimento nos índices dedesmatamento foi Novo Reparti-mento, no Pará: a área total desmata-da cresceu de 214 km2, em 2005,para 446 km2, em 2006. Em contra-partida, o município de São Félix doXingu, também no Pará - que haviaapresentado a maior área desmatadaem 2005, com 1.406 km2, e foi ob-jeto de intensa fiscalização por partedo Ibama e da Polícia Federal -, re-gistrou a maior queda em 2006, com764 km2 desmatados.

Nas unidades de conserva-ção (UCs) federais, a variaçãona queda do desmatamento foide 56%. Em 2005, o total deárea desmatada ficou em 689km2; em 2006, o total desma-tado em UCs foi de 306 km2.Esses dados mostram que acriação de UCs, uma das prin-cipais políticas do MMA, temsido fundamental para o com-bate ao desmatamento.

Da mesma forma, a evolu-ção do desmatamento em ter-ras indígenas também diminuiu,passando de 441 km2, em 2005,para 190 km2, em 2006. Nosassentamentos, também hou-ve queda na área desmatada de4.406 km2 para 2.054 km2.

“Retrocedemos ao cenárioda década de 70”, disse a mi-nistra do Meio Ambiente,Marina Silva, referindo-se a umperíodo em que a floresta so-fria menos pressão. O diretordo Instituto Nacional de Pes-quisas Espaciais, Gilberto Câ-mara, apresentou os dois siste-mas atualmente implementadospelo Inpe: “O Prodes calculaa taxa anual consolidada dedesmatamento da Amazônia; oDeter dá estimativas sobre asgrandes áreas desmatadas daAmazônia com a maior rapi-dez possível”.

“Três eixos temáticos têmsido essenciais neste processo:o ordenamento fundiário ter-ritorial, o monitoramento econtrole ambiental e o fomen-to a atividades produtivas sus-tentáveis”, reiterou a ministraDilma Rousseff. “O Brasil tal-vez seja um dos poucos paísesdo mundo a ter a oportunida-de de implementar um planoconsistente que, ao mesmotempo em que protege e pre-serva a rica biodiversidade daAmazônia, reduz de forma ex-pressiva e rápida sua contribui-ção ao processo de aquecimen-to global”, completou.

A maior presença do Esta-do brasileiro na Amazônia sedeu por meio de ações decomando e controle, como afiscalização e o combate aocomércio ilegal de madeira. APolícia Federal comandou 20grandes operações, entre as

quais ao menos 14 na região ama-zônica; o Ibama realizou 446 ope-rações de fiscalização integrada,fora as operações de rotina reali-zadas pelas superintendências.

Foram presas cerca de 600 pes-soas, 115 delas servidores do Iba-ma. Ao todo, foram apreendidascerca de 1 milhão de m3 de ma-deira - transportados em 40 milcaminhões que ocupariam a ex-tensão entre o Rio de Janeiro eSão Paulo, ou 480 km. Além dis-so, foram expedidos R$ 3,3 bi-lhões em multas.

O ordenamento terr itorialfundiário permitiu a criação deaproximadamente 20

milhões de hectares de áreasprotegidas - o que correspondea quatro vezes o território do es-

tado do Rio de Janeiro - e a ho-mologação de cerca de 10 mi-lhões de hectares de terras indí-genas.

“Tudo isso demonstra que -quando há planejamento e esfor-ço integrado - é possível, sim, re-verter qualquer quadro”, resumiuMarina Silva, ao final da coletiva.E completou: “Queremos dividiresta conquista com toda a socie-dade brasileira”.

Fonte: Ministério do MeioAmbiente - Assessoria de Comu-nicação Social

55-61 - 4009-1165 / 1227 - Fax- 55-61 - 4009-1997. Visite a nos-sa página http://www.mma.gov.br

Anúncio Índices de Desmatamento 2006. Foto:Jefferson Rudy/MMA.

Variação do Desmatamento por Estado (Km²)

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Menos intenso,desmatamento se concentraem pontos isolados

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Outra opinião: Desmatamento na Amazônia

Por Beatriz Camargo

Menos intenso,desmatamento seconcentra em pontosisolados. Mapa dodesmatamento evidencianova dinâmica marcadapor frentes menores edifusas, como noAmazonas e em Roraima. Queda do preço deprodutos primários ajudaa explicar desaceleraçãodo desflorestamento.

e acordo com o coor-denador do núcleo deAmazônia da secretariaexecutiva do MMA,

André Lima, a intensificação dodesmatamento em Roraima estárelacionada ao deslocamento deprodutores de arroz do estado. “Aexpulsão dos arrozeiros [da TerraIndígena Raposa/Serra do Sol, ho-mologada em abril de 2005] levoua uma abertura de novas áreas”.

Um dos coordenadores da cam-panha Amazônia da ONG Gre-enpeace, engenheiro florestal Mar-celo Marquezini identifica umamigração do movimento de grila-gem. “Os grileiros estão pensandolá na frente, em qual terra públicapode ser grilada hoje. Essas áreasdesmatadas passam à condição defazenda de soja ou de gado de-pois”.

Roberto Smeraldi, diretor daONG Amigos da Terra - AmazôniaBrasileira, acrescenta que a dinâmi-ca de avanço do desmatamento estámudando. “Antes, a tendência deavanço do desmatamento era maishomogênea em relação a grandesfronteiras [agrícolas]. Hoje, há o quechamamos ‘vazamento’, fenômenoslocalizados, com grandes inversõesde tendências. É um comporta-mento mais fragmentado e difuso”,define.

Esse movimento de desmata-mento não pode ser concebido,porém, como um fenômeno “avul-so”, adverte Roberto. Existe umaprevisibilidade de ocorrência des-sas frentes, que obedecem a espe-culações de natureza local, comouma promessa de pavimentação ouo lançamento de grandes obras deinfra-estrutura. Corrobora para essefenômeno de previsibilidade a am-pliação da malha de “pequenas es-

tradas pioneiras” ilegais, abertas pe-las madeireiras, “que quase sempretrazem como conseqüência muitodesmatamento”.

Fator econômico A área de14.039 km2 é o menor desfloresta-mento registrado desde 1988, quan-do o Inpe começou a fazer o mo-nitoramento dos dados por satéli-tes. Desde o lançamento do Planode Ação para a Prevenção e Con-trole do Desmatamento da Ama-zônia (PPCDAM) pelo governofederal, em 2004, o índice caiu 49%,segundo o MMA.

“É a terceira queda do índicede desmatamento em três anos.Muita coisa levou a isso, inclusiveuma melhor fiscalização”, conside-ra Marcelo, do Greenpeace. “Maso governo não cogita o preço bai-xo de commodities (produtos pri-mários padronizados com preçodefinido pelo mercado internaci-onal) como boi e soja, que fazempressão sobre a floresta”. Ele expli-ca que, entre 2004 e 2005, houvequeda dos preços dessas commo-

dities e, na pesquisa que compre-ende de de agosto de 2005 a julhode 2006, o desmatamento diminuiu.“Agora os preços estão subindo denovo... O que ninguém conseguedeterminar é o peso da influênciadesse fator”, completa.

Roberto Smeraldi frisa a neces-sidade de se analisar em especial oEstado do Mato Grosso, que apre-sentou uma queda de 7.145 km2para 4.333 km2 devastados e con-tribuiu sobremaneira para a quedatotal do índice. “Nas medições de2001/2002, 2002/2003 e 2003/2004,mais de 30 mil km2 de floresta[Amazônica] foram desmatados,mais outros tantos de Cerrado”. Nascontas dele, algo em torno de 50 e60 mil km2 de novas áreas foramdisponibilizadas para a agriculturae a pecuária de 2001 a 2004. “Éuma Bélgica inteira a mais de áreasconvertidas para a agropecuária”.

O desmatamento registrado àépoca no Mato Grosso, de acordocom o diretor da Amigos da Terra,se deve ao anúncio de investimen-

tos como o asfaltamento da BR-163, a Cuiabá-Santarém, e de tre-chos da BR-158, que liga Santanado Livramento (RS) a Altamira (PA).“As expectativas não se concreti-zaram. Isso coincidiu com a crisesúbita dos grãos, que fez com quea área plantada diminuísse. Então,quem desmatou [durante o inter-valo de 2005 a 2006], tinha que terboas razões para isso, porque já ha-via muita oferta de terra [desmata-da]”, expõe.

Para André Lima, do MMA, aimportância da redução específicano Mato Grosso precisa ser relativi-zada. Segundo o representante dogoverno, há um conjunto de fatoresque se aplicam de forma distinta nasdiferentes regiões do próprio esta-do. “Os municípios [no MT] têmvárias culturas, como soja, algodão epecuária, que estão sob influênciasdiferentes”, observa.

Fonte: Repórter Brasil http://www.reporterbrasil.org.br/

Os dados do desmatamento mostram uma redução de 60% da área desmatada de 2005/2006 nos 20municípios que haviam sido recordistas na pesquisa anterior de 2004/2005 (áreas em amarelo no mapa).O ritmo de desflorestamento caiu em sete estados da Amazônia Legal no mesmo período; houveaumento da área devastada neste mesmo período apenas no Amazonas e em Roraima. Assim, Lábrea(AM), no Sul do Estado do Amazonas, e outros municípios que ocupam a região que fica próxima à capitalBoa Vista (RR) estão na lista dos que apresentaram maior aumento de área desmatada (áreas pintadas devermelho no mapa).

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Ecoturismo

Parque Nacional dosLençóis é eleito maravilhanatural do Brasil

O

Por Heloisa Dallanhol*

Lençóis obtiveram 30% dosvotos; Fernando deNoronha ficou em segundolugar

Parque Nacional dosLençóis Maranhensesfoi eleito a mais belamaravilha natural do

Brasil. Com a eleição, o parquedisputará o título das Sete Mara-vilhas Naturais do Mundo, con-curso que está sendo promovidopelo mesmo grupo suíço que or-ganizou a eleição das Sete NovasMaravilhas do Mundo. A votaçãoé feita pela Internet no sítiowww.natural7wonders.com

A escolha da maravilha naturalbrasileira foi feita numa enqueterealizada pela revista Época, daEditora Globo. A votação ocor-reu entre os dias 28 de julho atéa quinta-feira última (2). 4.040internautas votaram. Os Lençóisficaram com a primeira coloca-ção, obtendo 30% dos votos. Emsegundo lugar ficou Fernando deNoronha, com 19%.

Além do Parque Nacional dosLençóis Maranhenses e de Fer-nando de Noronha, disputaramo título a Floresta Amazônica, aGruta do Lago Azul (Bonito), aChapada Diamantina e o Panta-nal. Agora, os Lençóis Maranhen-ses disputarão com outros 20 atra-tivos naturais selecionados emtodo o mundo a escolha das SeteMaravilhas Naturais do Mundo.

O concurso é promovido pelaFundação New 7 Wonders, daSuíça, que também patrocinou aúltima eleição na qual o CristoRedentor foi incluído entre asSete Maravilhas do Mundo Mo-derno. A nova votação para sele-cionar os sete monumentos na-turais do planeta se estenderá até8 de julho de 2008.

Em uma das últimas edi-ções da revista “PróximaViagem”, o Parque dosLençóis Maranhenses foieleito como um dos me-

Celebridadeslhores lugares para se visitar,em todo o país.

A eleição do parque acon-teceu em cima de opiniões demais de 100 celebridades na-cionais, entre elas a modeloGisele Bündchen e o joga-dor de futebol Ronaldo Fe-nômeno.

O Parque dos LençóisMaranhenses foi criado em2 de junho de 1981 e atraituristas do mundo inteiro.Com seus 155 mil hectares,

o local ocupa uma área de270 quilômetros de dunas,formadas a partir da com-binação dos ventos, quechegam a atingir 70 quilô-metros por hora. No cli-ma quente da região, comtemperaturas que variamentre 38º C (máxima) e 16ºC (mínima), as dunas atin-gem até 40 metros de al-tura, proporcionando aosturistas a impressão de umimenso lençol.

Resultado final1º Lençóis Maranhenses 30%2º Fernando de Noronha 19%3º Floresta Amazônica 17%4º Cataratas do Iguaçu 14%5º Gruta do Lago Azul 9%6º Pantanal 6%7º Chapada Diamantina 5%

Fonte: O ESTADO DO MARA-NHÃO

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8 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

EnergiaEducação Ambiental

Reutilizar óleo de cozinha,agora, é lei

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“A Orla Rio está sempreinvestindo em ações queminimizem o impactoambiental, como a coletaseletiva, a reciclagem dolixo e, agora, o reuso doóleo”, afirmou o vice-presidente da Orla Rio,João Marcello Barreto.

rática que vem tor-nando-se cada vezmais comum no dia-a-dia das donas de

casa e estabelecimentos comer-ciais, a reutilização do óleo decozinha, agora, virou lei no esta-do do Rio de Janeiro. De auto-ria da deputada Jane Cazzolino,do PTC (RJ), a proposta foiaprovada em julho e institui oPrograma Estadual de Tratamen-to de Reciclagem de Óleos eGorduras de Origem Vegetal eAnimal e Uso Culinário. A inici-ativa prevê a fiscalização em in-dústrias de alimentos, hotéis erestaurantes, além de exigir a par-ticipação das empresas em pro-jetos como instalações de pos-tos de coletas e conscientizaçãoda sociedade sobre os danos am-bientais causados pelos resíduose as vantagens da prática de suareutilização. O Governo tambémvai apoiar as iniciativas não-go-vernamentais voltadas à recicla-gem do óleo.

Muito se discute sobre o des-tino mais adequado do lixo, mashá um consenso de que é preci-so minimizar os impactos ambi-entais causados pela falta de pla-nejamento na gestão dos resídu-os. Não é à toa que aumenta, acada dia, o número de campa-nhas voltadas para essa consciên-

Desde maio deste ano, cer-ca de 250 quiosques da orlacarioca, entre a Zona Sul e aBarra da Tijuca, passaram a co-letar o óleo utilizado em fritu-ras e cozimentos. A coleta érealizada uma vez por semana eos quiosqueiros recebemR$0,50 por cada litro de mate-rial. “A Orla Rio está sempreinvestindo em ações que mini-mizem o impacto ambiental,como a coleta seletiva, a reci-clagem do lixo e, agora, o reu-so do óleo”, afirmou o vice-presidente da Orla Rio, JoãoMarcello Barreto.

Segundo Erlon Pereira, ge-rente administrativo da M.B.R.,empresa que faz a coleta doresíduo, somente no mês dejulho, foram recolhidos 570 li-tros de óleo nos quiosques, oque gerou a produção de 1.140

Reuso na orla carioca

kg de sabão pastoso utilizado paralavar louças. “O número ainda ébaixo por causa do inverno, perí-odo em que a praia está mais va-zia. Mas, no verão, a estimativa éque esse número triplique e che-

gue a dois mil litros de óleo re-colhido”, diz.

Nos 30 estabelecimentosque atende, a M.B.R. recolhecerca de 450 mil litros de óleopor mês.

Saiba mais sobre a reciclagemO óleo é um dos mais agres-

sivos poluidores do meio ambi-ente. Um litro do detrito é ca-paz de contaminar um milhão delitros de água. A reciclagem doóleo de cozinha contribui paraamenizar uma série de danos aomeio ambiente, como impedirque a substância chegue aosrios e mares, o que dificultariaas trocas gasosas e a oxigena-ção, já que o óleo não se mis-tura com a água. Além disso,também impede a obstrução dascanalizações ou qualquer inter-ferência na operação do siste-ma de esgoto.

Além dos benefícios ao meioambiente, Eron garante que oprocesso de reuso de óleo é umgrande gerador de renda e em-prego. “Em média são gerados 15empregos diretos com a nossacoleta consciente, além dos em-

pregos na fábrica de sabão”, diz.O gerente da M.B.R. não re-

comenda que as pessoas reciclemo óleo de cozinha em casa, poisas substâncias químicas podemocasionar danos na pele. A cole-ta também é feita em residênci-as, basta guardar o material emgarrafas PET de dois litros.Quando três garrafas estiveremcheias, é só entrar em contatoque a empresa recolhe. “É im-portante que se tenha algunscuidados na hora de armazenaro resíduo, como não despejar oóleo quente nos recipientes plás-ticos e evitar que elementos só-lidos sejam descartados junto aoóleo”, explica Eron.

Serviço: M.B.R. Comércio deMateriais Recicláveis - (21) 3654-3128

cia ecológica. Entre os produtosmais difíceis de se degradarem nomeio ambiente estão as gorduras,como azeite, óleo, banha e ou-tros. Os brasileiros utilizam, em

média, três bilhões de litros deóleo por ano e a maior parte doresíduo do produto é descartadono sistema de esgoto. Estimativasindicam que apenas 1% do óleo

utilizado no mundo é tratado.Além de sabão, a reciclagem tam-bém pode ser útil no processode fabricação de tintas, cosméti-cos, detergentes e do biodisel.

Deputada Jane Cazzolino, autorado Projeto de Lei

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10 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

Energia

Fogo AmigoAs grandes ONGsinternacionais - Bingos (BigInternational NonGovernamentalOrganizatios), na sigla eminglês - têm estratégiasfalhas na proteção do meioambiente e prejudicam aatuação de pequenasinstituições de países emdesenvolvimento.

m artigo publicadona mais recenteedição da revistaScience, o semaná-

rio científico mais influentedo mundo, está causando umpequeno terremoto na cenaem que atuam as organizaçõesnão-governamentais ambien-talistas. Entitulado “A Globa-lização da Conservação” e as-sinado por pesquisadores dediversas nacionalidades reuni-dos na Wildlife Trust Allian-ce, o texto sustenta que asgrandes ONGs internacionais- Bingos (Big InternationalNon Governamental Organi-zatios), na sigla em inglês - têmestratégias falhas na proteçãodo meio ambiente e prejudi-cam a atuação de pequenasinstituições de países em de-senvolvimento.

Os pesquisadores buscamdemonstrar que a forma deatuação de organizações comoConservation Internacional(CI), The Nature Conservan-cy (TNC) e World WildlifeFund (WWF) se assemelha ade grandes empresas multina-cionais. Isso se dá através dacriação de programas genéri-cos, que servem como marcaspara a obtenção de recursos fi-nanceiros. O texto cita as cam-panhas ‘Hot Spots’ da CI e‘200 Ecoregions’ da WWFcomo casos extremamentebem sucedidos na arrecadação

Fonte: www.oeco.com.br

Por Gustavo Faleiros eAndreia Fanzeres*

de fundos, mas não tão efeti-vos na conservação da biodi-versidade. Houve um incre-mento de 40% a 100% nosorçamentos destas ONGs nosEstados Unidos entre 1998 e2005, e na opinião dos auto-res, os conceitos ambientaisutilizados não resguardam osecossistemas em perigo.

“Embora estas marcas se-jam derivadas das ciências daconservação, elas são vulnerá-veis à crítica científica. Porexemplo, planos previamenteconcebidos que miram áreasfixas para conservação (HotSpots e Ecoregions) são insu-ficientes para lidar com ame-aças repentinas como doen-ças ou espécies invasoras, a al-teração do leque de espéciesgraças ao aquecimento global,ou a dinâmica espacial deecossistemas marinhos”, des-creve o artigo.

A presidente do Institutode Pesquisas Ecológicas (IPÊ),Suzana Pádua, é uma das au-toras do artigo na Science eexplica que há algum tempoexiste um sentimento entrepesquisadores de que as Bin-gos, com a grande quantida-de de dinheiro que têm, di-tam os rumos da conservaçãoem todo mundo, mas nãoacertam o foco onde a biodi-versidade está mais necessita-da. Para aumentar a eficiênciadas ações de proteção aosecossistemas, Suzana observaque a Wildlife Trust Alliancedefende que as pequenas or-ganizações locais tenham maisvoz. Segundo ela, ONGs demenor porte que dependemunicamente de parcerias e re-cursos das grandes “perdemidentidade.” “Estamos pro-pondo um exercício para quetrabalhemos com respeito e

cooperação de fato”, diz a pre-sidente do IPÊ.

O ponto-chave de “Globa-lização da conservação” pare-ce ser a questão de que aomesmo tempo em que os re-cursos das Bingos não paramde crescer, a verba oficial degovernos e organismos mul-tilateriais para a proteção dabiodiversidade caiu 50% naúltima década. É a partir des-te desequilíbrio que as gran-des ONGs passam a coman-dar as políticas domésticas demeio ambiente. Uma das con-sequências, sustenta o artigo,é uma estrutura de decisões decima para baixo que não con-sidera o conhecimento de ins-tituições e especialistas locais.“Organizações pequenas e lo-calmente focadas, trabalhandona linha de frente da perda dabiodiversidade são frequente-mente as mais eficazes”, pon-deram os autores.

Outra consequência nega-tiva da influência das Bingos,aponta Suzana, é a deficiênciana preparação de profissionaislocais em práticas de conser-vação. Um dado no artigo re-vela que dos 3,2 bilhões dedólares aplicados entre 1990e 1997 na proteção de ecos-sistemas na América Latina,apenas 4% foram destinados à“capacitação”. “Hoje, só 30%dos artigos científicos sobrebiodiversidade na Amazôniasão escritos por brasileiros.Nós estamos fazendo parce-rias, mas o conhecimento estáficando no primeiro mundo”,reclama a ambientalista.

A volta do ‘small is beau-tiful’

A representante da TNC noBrasil, Ana Cristina Barros, vêuma preocupação legítima sob

os argumentos de “Globaliza-ção da Conservação”: a de queas ONGs de países em desen-volvimento tenham um papelmaior no desenho dos proje-tos e na captação direta do di-nheiro internacional. Por ou-tro lado, ela acha que o artigo,quando afirma que “organi-zações locais são mais efica-zes”, traz uma apologia ao ve-lho conceito de que o grandepor ser grande não vale, a voltada filosofia “small is beautiful”do teór ico alemão ErnstSchumacher. Para Ana Cristi-na essa é uma “afirmação po-lítica” sem comprovação cien-tífica no texto. Sua opinião éde que as abordagens das pe-quenas e grandes organizaçõesde conservação são comple-mentares. “O valor da grandeorganização é poder atuar lo-calmente, mas quando for pre-ciso também atuar em nívelinternacional”, diz.

Na mesma linha argumen-ta Cláudio Maretti, superin-tendente de conservação deprogramas regionais doWWF-Brasil. “Não vemos oWWF-Brasil do jeito que elesdescrevem”, diz. Para ele, cui-dar da natureza exige umapostura ativa da sociedade ci-vil local, com quem, garante,a ONG firma parcerias emtodos os projetos que desen-volve. Segundo Maretti, essasparcerias podem ser com gru-pos sociais, empresas, gover-nos e outras ONGs. Essa in-terface ampla de relaciona-mentos permite que as gran-des organizações se unam nahora de cobrar atitudes dogoverno e se separem paracada uma continuar desenvol-vendo seus projetos localmen-te. “Hoje os problemas sãoglobais também. Não adianta

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Fonte: www.oeco.com.br

acreditar que só a atuação lo-cal vai resolver”, afirma.

Para o vice-presidente deCiência da CI, José MariaCardoso da Silva, o artigo pu-blicado na Science cometeudiversas injustiças. O concei-to de Hot Spot, um dos maiscriticados pelos pesquisado-res, tem como base a consta-tação de que ecossistemas queestão à beira de um colapsodevem receber investimentosem conservação. “Para provarque as ações não estão funci-onando, deveria haver umapesquisa científica feita comespécies fora dos Hot Spots”,frisa Cardoso. Entretanto, oargumento que ele refutacom mais ênfase é o de queas Bingos não contribuempara a profissionalização dasinstituições locais. A CI, con-ta Cardoso, sustenta pesqui-sas de campo de universida-des e institutos no Brasil. “Amedida de sucesso de umprojeto nosso é ver uma en-tidade local andar com aspróprias pernas”, conclui.

Tudo indica que a defesafeita pelas Bingos de suas es-tratégias de conservação re-ceberá apoio da academiabrasileira. O professor do De-partamento de Ecologia daUniversidade Federal do Riode Janeiro (UFRJ) Fabio Sca-

rano enviou uma carta à Sci-ence contestando o artigo.Devido às regras estabeleci-das pela revista para publica-ção de qualquer texto, ele nãopode dar entrevista sobre oassunto, e, procurado por OEco, prefer iu ficar calado.Contudo, sua exper iênciacomo representante da áreade Ecologia e Meio Ambien-te da Capes (Coordenaçãode Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior), fun-dação do governo federal deapoio à pesquisa científica, ocredencia para discordar dosargumentos levantados pelosautores do artigo sobre a fal-ta de apoio dado pelas Ongsinternacionais à formação derecursos humanos. Ao menosno caso brasileiro, a CI e aWWF têm tido importânciano apoio à realização de pes-quisas científicas por profis-sionais locais, apontara o aca-dêmico em sua carta.

Parcerias locaisA crítica à internacionali-

zação das políticas de conser-vação está em voga no Brasile em outros países da Amé-rica Latina. O próprio artigopublicado na Science relata ocrescente movimento na Bo-lívia para expulsar a TNC e oWWF da gestão de parquesnacionais. Por aqui, na recentecampanha do Ibama contra acriação do Instituto Chico

Mendes de Conservação daBiodiversidade, os técnicosdo órgão sugeriram que portrás das mudanças institucio-nais residia o perigo da en-trega da Amazônia às grandesONGs internacionais. Cita-ram como exemplo estudose planos de manejo que es-tão sendo realizados peloWWF em várias unidadesde conservação no Nortedo País.

Em especial, incomodaos funcionários do Ibama apresença da ONG no Par-que Nacional do Juruena,entre Amazonas e MatoGrosso, onde no ano passa-do foi feita uma expediçãode reconhecimento. Mas lá,a WWF firmou uma parce-ria com o Instituto Centrode Vida (ICV) para que, comrecursos internacionais, aONG brasi leira executeuma avaliação estratégica daregião, estudo que dará basepara a elaboração do planode manejo do parque. “Essaparceria com o WWF temnos fortalecido, pois conse-guimos ampliar nossa equi-pe e nosso conhecimentotécnico”, diz o coordenadorda ONG Sérgio Guimarães,para quem a ajuda é muitovantajosa, mas poderia seroferecida em maiores cifras

a muitas outras entidades.Em Mato Grosso, poucas

são as organizações que con-seguem, com sucesso, tocarprojetos de conservação nafronteira do desmatamen-to. O ICV tem se aproxi-mado de populações locaispara trabalhar com agroe-cologia, unidades de con-servação, monitoramentode desmatamento e desen-volvimento de pol í t ica spúblicas. Boa parte de seuêxito se deve à captação derecursos estrangeiros, ape-nas 30% dos recursos paraprojetos do ICV provêmde fontes nacionais, comoo governo. Guimarães con-corda com o argumento doartigo da Science de quehá mais eficiência na solu-ção de questões ambientaisquando ent idades locaistêm condições de atuar. Masacha que, no caso do des-matamento, não existe umarelação de competição. “Euvejo ONGs nacionais e es-trangeiras pedido uma sócoisa: governança, mais pre-sença do governo em áreascomo o norte de MatoGrosso”.

* Colaborou Eric Mace-do.

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Baía de Guanabara

Petrobras poderá ser condenada a indenizarpescadores pelo maior acidente ecológico jáocorrido no Rio. A empresa recorreu ao STJ.

Cerca de 20 mil pesca-dores de seis municí-pios do Estado do Riode Janeiro poderão re-

ceber indenização da Petrobraspelos prejuízos que tiveram comum vazamento do oleoduto queliga a refinaria de Duque de Ca-xias (Reduc) ao terminal da Ilhad´Água, dentro da Baía de Gua-nabara, em janeiro de 2000.

A lista dos beneficiados come-çou a ser divulgada no último sá-bado (28), em algumas colôniasde pescadores. De acordo com ocoordenador da Rede de Lide-ranças da Pesca Artesanal da Baía,Sérgio Ricardo, mais de 1,3 mi-lhão de litros de óleo derrama-ram na água, causando o maioracidente ambiental que já ocor-

reu no interior da Baía de Gua-nabara.

“As conseqüências do acidente fo-ram desastrosas. Houve uma reduçãoenorme da produção pesqueira, milharesde pessoas tiveram um empobrecimen-to ao longo desses anos e houve tam-bém um desmantelamento cultural”,afirmou o ambientalista.

Quando teve início o proces-so, há sete anos, a empresa admi-tiu o dano ambiental provocadopelo vazamento e pagou multa àsautoridades governamentais. Noentanto, a Petrobras não reconhe-cia o prejuízo social e econômi-co causado aos pescadores arte-sanais que trabalham na região.

No início deste ano, a empre-sa tinha sido condenada e elabo-rou uma lista periciada com o

nome de 20.517 pescadores parao recebimento da indenização. Onúmero de beneficiados pode serainda maior, já que os pescadoresmais antigos não têm documen-tação e podem ter sido excluídosda lista.

Por isso, na próxima semana,agentes da Rede de Liderançasde Pescadores comparecerão àscomunidades pesqueiras no intui-to de regularizar a situação dessaspessoas e inseri-las no processo.

A indenização é de cerca deR$ 1,23 bilhão, o que correspon-de a R$ 500 por mês durante dezanos para cada pescador ou famí-lia. “Essa indenização é histórica por-que é um marco no direito ambientalbrasileiro. É a maior indenização pordano ambiental e por impacto social

da história do país”, comemorou oambientalista. A Petrobras aindapode recorrer ao STJ.

Fonte: www.ambientevital.com.br/noticia_ler.php? idnoti-cia=930 (Com informações daRadiobras)

GESTÃO AMBIENTALPor Luiz Carlos Porto, Eng., MSc.*

A Participação da Sociedade no SGA da EmpresaQuem ainda tem medo de“abrir” a empresa para asociedade? Quem acha queinformações da empresa,que afetam todaa comunidade não podemser democratizadas, estádeixando passar grandeoportunidade para criarvalor para sua empresa.

insistência das em-presas em manterseus Sistemas deGestão Ambiental

(SGA) fechados, sem parti-cipação dasociedade, impede a obten-ção de ganhos econômicos eambientais significativos. Seas questões ambientais têmcaracterísticas globais, sistê-micas e afetam toda a socie-dade, como pode um SGAisolado, interno às empresas,produzir resultados expres-sivos?

Neste ponto a NormaISO 14001 é muito tímida,ao não exigir nem mesmo adivulgação dos resultadosde desempenho ambiental

da empresa certificada. Felizmente, muitas em-

presas já perceberam o po-tencial de ganhos econômi-cos e ambientais ao incluir asociedade no SGA. Essemovimento começou com adivulgação de Relatórios deSustentabilidade, mas podeir muito além disso.

A revolução do trabalhoem rede e da colaboraçãoem massa chegou de modotão decisivo que várias em-presas já colocam problemasinternos em blogs, fóruns dedebates e sites tipo “wiki”(abrindo até segredos indus-tr iais) para que pessoas detodo o mundo as auxiliemna busca de soluções inova-doras. Don Tapscott criou otermo wikinomics, para de-finir esse novo modo de or-ganização da produção nasempresas, marcado pelaabertura, transparência, cola-boração entre pares e açãoglobal. Ele diz: “as empresastêm de deixar de se estrutu-rarem como multinacionaise passarem a agir como em-

presas verdadeiramente glo-bais”.

Imaginem o potencial deretorno para aquelas empre-sas que implantarem umprocesso de colaboração naquestão ambiental. Conside-rando a importância que asociedade dá à conservaçãoambiental, a facilidade deenvolver muitas pessoas, in-clusive técnicos altamentecapacitados, e motivá-las aparticiparem da elevação dodesempenho ambiental daempresa é enorme. A em-presa passará a contar, alémde seu pessoal interno, comum corpo de colaboradoresadicional. E muitos delesprofissionais altamente capa-citados.

Mas o que as empresasdevem fazer? Sugerimos asseguintes ações iniciais:

a) Mapear todos os

“stakeholders” (ONG’s, ór-gãos governamentais, Minis-tério Público, clientes, for-necedores, associações declasse, imprensa, universida-

des, centros de pesquisa,etc.);

b) Elaborar sistematica-

mente Relatórios de Susten-tabilidade, com as políticas ecomprimissos ambientais daempresa e os resultados ob-tidos. Enviar esse relatórioaos stakeholders e disponi-bilizá-lo na internet;

c) Criar alguma forma de

participação da sociedade nagestão ambiental da empre-sa. Dar prioridade ao uso dainternet. Um blog parece sera solução mais simples e efi-ciente;

d) Lançar desafios, institu-

indo prêmios para soluçõesambientais inovadoras trazi-das por pessoas externas àempresa;

* Luiz Carlos Porto, Eng.,

MSc. é diretor técnico da Sil-va Porto Consultoria Ambi-ental: [email protected]

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Água I

Aquífero Guarani, gestão integradapara a paz e a sustentabilidade

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Por Elizabeth Oliveira*

nquanto em algumaspartes do planeta, odomínio dos recursoshídricos já sinaliza com

o acirramento de conflitos entrepovos e nações, na América do Sul,quatro países buscam fortalecer aunião em torno de um objetivocomum: Argentina, Brasil, Paraguaie Uruguai estão empenhados emtransformar a gestão do AqüíferoGuarani em um modelo de inte-gração transfronteiriça calcado emuma cultura de paz, respeito à so-berania, e na visão de longo prazo.Para atingir esse objetivo estãoconstruindo a várias mãos, desde2003, o audacioso Programa deDesenvolvimento Sustentável doSistema Aqüífero Guarani (PAG)que se propõe a nortear ações deuso racional, proteção e aprofun-damento de conhecimentos cien-tíficos sobre essa reserva estratégi-ca de água doce, provavelmente, amaior do mundo.

“A água do aqüífero é umaarma poderosa para a paz”, afirmao secretário-executivo do PAG,Luiz Amore, ao destacar a impor-tância da integração entre os qua-tro países para tratar de um temaextremamente complexo. “Existeuma compreensão de que a coo-peração é uma única solução. Va-mos seguir esse caminho e o su-cesso será evidente”. Segundo ele,não se pode imaginar a execuçãode projetos isolados em relação auma reserva hídrica tão importan-te e, ao mesmo tempo, desafiado-ra pela sua magnitude. “Há umentendimento de que as soluçõessão transfronteiriças”, acrescenta.

O PAG prevê a implementa-ção conjunta de ações de geren-ciamento hídrico, a partir da cons-trução de um modelo técnico, le-gal e institucional para apoiar osquatro países beneficiados peloAqüífero Guarani, reserva de águadoce, cuja extensão é de cerca de1,2 milhão de quilômetros quadra-dos, dos quais 70% estão localiza-dos no Brasil.

Segundo Amore, no ano quevem deve ser apresentado um mar-co legal comum entre os quatropaíses, já como resultado de de-bates e ações conjuntas realizadosna fase de execução do PAG(2003/2007), período para o qualas inúmeras atividades do progra-

ma têm custo total de US$ 26,7milhões.

A maior parte dos recursos fi-nanceiros (US$ 13,4 milhões) éoriunda de doação do Fundo parao Meio Ambiente Mundial (GEF,na sigla em inglês) e de contrapar-tida de US$ 11,9 milhões dos qua-tro países. A agência executora in-ternacional é a Organização dosEstados Americanos (OEA).

Por serem consideradas áreascríticas de exploração do SistemaAqüífero Guarani (SAG) foramselecionadas quatro áreas-pilotonos quatro países, onde estão emcurso estudos das condições am-bientais e socioeconômicas. Essasexperiências iniciais estão sendodesenvolvidas em Santana do Li-vramento (Brasil) / Rivera (Uru-guai); Concórdia (Argentina) /Salto (Uruguai); Encarnación-Ciu-dad del Este-Caaguazú (Paraguai);e, Ribeirão Preto (Brasil).

Para todas as experiências-pi-loto, Amore destaca que haverápropostas de mitigação dos impac-tos da exploração dos recursos hí-dricos de forma participativa eenvolvendo os atores sociais locais.

Diferencial para enfrentaras mudanças climáticas

Diante do aumento dos alertascientíficos sobre as perspectivas dealterações no regime de chuva glo-bal, em função das mudanças cli-máticas, Amore ressalta a relevân-cia do aprofundamento de pes-quisas e de sensibilização da soci-edade, bem como, demonstra aimportância estratégica do Aqüí-fero Guarani. “A água subterrâneamesmo em tempos de seca estámais protegida, não sofre evapo-ração. Em eventos catastróficos,esses mananciais garantem um abas-tecimento confiável”, explica.

Amore compara o AqüíferoGuarani a uma conta bancária,onde poderão ser injetados recur-sos hídricos, em época de abun-dância, para ser usados em situa-ções emergenciais. Essas medidasde gerenciamento são algumasentre inúmeras outras que pode-rão ser tomadas em conjunto pe-los quatro países.

“No contexto de mudançasclimáticas, sem dúvida, o aqüíferonos dá evidentes vantagens com-parativas”, acrescenta. Mas, para

compreender as questões chave,envolvendo os múltiplos usos dessareserva hídrica estratégica, tanto nopresente, como no futuro, há umanecessidade evidente do aprofun-damento dos estudos científicos.“O PAG quer avançar em conhe-cimento sobre o aqüífero porquesem conhecimento não se faz ges-tão”, reforça.

Segundo o secretário-executi-vo, outra questão estratégica, quese soma ao aprofundamento dosconhecimentos científicos, é aparticipação da sociedade na ges-tão hídrica. Ele reforça que o PAGleva essa premissa em considera-ção e incorpora a integração en-tre inúmeros atores sociais nos

quatro países onde as iniciativasestão se desenvolvendo. “O proje-to caminha nesse sentido. Nosquatro pilotos há participação dasociedade civil”.

Para difundir os conhecimen-tos obtidos pelo PAG, traduzindoinformação científica com quali-dade para a sociedade, Amore des-taca a importância dos profissio-nais de comunicação. Segundo ele,a mídia tem um papel fundamen-tal até para ajudar a derrubar al-guns mitos, entre eles, o de que oAqüífero Guarani é um imensolago subterrâneo que atravessa osquatro países de maneira unifor-me. “O Aqüífero não é só água. Érocha e água”, explica.

- Extensão: cerca de 1,2milhão de quilômetrosquadrados- Localização: Argentina,Brasil, Paraguai eUruguai.- Divisão geográfica:71% da área do aqüíferoestão no Brasil (840 milkm²)19% na Argentina(225,500 mil km²)6% no Paraguai (71,700mil km²)4% no Uruguai. (58.500km²)- Em cada um dos quatropaíses essas áreasrepresentam:19% da Argentina10% do Brasil6% do Paraguai4% do Uruguai

Aqüífero Guarani- No Brasil: O Aqüíferoatravessa os Estados doMato Grosso, MatoGrosso do Sul, São Paulo,Minas Gerais, Goiás, RioGrande do Sul,Santa Catarina e Paraná- 930 poços já foramperfurados no Aqüíferoem território brasileiro,beneficiando 68municípios.- População no âmbito doAqüífero: estimada em 15milhões dehabitantes.- Profundidade das águas:pode atingir até 1,8 milmetros- Temperatura: águasvariam entre 50ºC e 85ºC- Volume: * As reservaspermanentes são de45.000 km³ (ou 45 trilhõesde metros cúbicos)- Recarga anual: 166 km³/ano ou 5 mil m³/s* (Um km³ representa 1trilhão de litros de água)Fonte: Agência Nacionaldas Águas (ANA)-www.ana.gov.br

(*) Elizabeth Oliveira, doJornal do Comércio,participou da EdiçãoGuatemala 2007 daIniciativa WaterReach.

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Água II

Rio São Francisco:Incertezas da transposição

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Falta de estudo podecomprometer gasto de R$4,5 bilhões e não resolvepobreza no São Francisco,alertam pesquisadores daUnB.

esde que o início dasobras de transposiçãodas águas do rio SãoFrancisco foi autoriza-

da pelo Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama) emabril de 2007, as incertezas sobreo sucesso do projeto voltaram apreocupar a comunidade cientí-fica nacional. Na Universidade deBrasília (UnB), seis especialistas daárea procurados pela Assessoria deComunicação garantem que, em-bora seja notória a necessidade depromover o desenvolvimento dointerior nordestino castigado pelaseca, a falta de estudos mais am-plos sobre o rio São Franciscopode comprometer o investimen-to de R$ 4,5 bilhões.

Pesquisadores da UnB acredi-tam que a quantidade de água aser transposta não é suficiente paraa agricultura. De acordo com eles,a transposição deverá ser acom-panhada por um grande conjun-to de obras para as quais não exis-tem recursos financeiros assegu-rados. E para piorar, pode ser queo rio perca sua vazão em 20 anos.Confira abaixo as análises dos es-pecialistas, divididas em três as-pectos fundamentais: sistema físi-co, sistema biológico e sistemahumano.

Sistema Físico - Com 2,7 milkm de comprimento, o São Fran-cisco nasce na serra da Canastra,em Minas Gerais, e tem sua fozna divisa entre Sergipe e Alagoas.Durante o período de seca, dejunho a agosto, pára de chover emtoda a extensão do rio e a únicaforma que ele tem de se manterperene é por meio das águas vin-das do Sistema Aqüífero Urucuia,no oeste da Bahia. Estas alimen-tam o rio por drenagem. “O aqü-ífero é o pulmão do rio, mas emnenhum momento no Relatóriode Impacto ao Meio Ambiente(Rima) do Projeto São Franciscoele é citado. Qualquer impactoobservado nas águas subterrâneas

pode ameaçar todo o rio”, alertao professor do Instituto de Geo-ciências (IG) José Elói Campos.

De acordo com Campos, nadivisa entre Bahia, Goiás e Tocan-tins, há uma área de agriculturairrigada com centenas de poçosperfurados para uso das águas sub-terrâneas. Se os poços continua-rem a ser escavados com alta va-zão de água bombeada, em vez deelas correrem em direção ao riopara alimentá-lo, passarão a ir nosentido contrário, para alimentar ospoços. “Desse jeito, em 20 anos orio São Francisco poderá ter suavazão do período seco do ano re-duzida de forma significativa, e nãohaverá mais o que transpor”.

Sobre a vazão do São Francis-co, o professor do Departamentode Engenharia Civil e AmbientalNabil Joseph Eid observa que ovalor de 26,4 m³/segundo auto-rizado para transposição não ésuficiente para sustentar a agricul-tura irrigada. “Na época de seca,só a população das grandes cida-des está garantida de receberágua”, observa. Eid mostra que aperda de água por evaporação ouinfiltração será de quase 7m³/se-gundo, o que representaria 26,5%do valor autorizado para transpo-sição.

De acordo com o projeto go-vernamental, somente se a repre-sa de Sobradinho, a 40 km de Ju-azeiro (BA), ultrapassar 94% de suacapacidade, o excedente tambémpoderá ser usado na transposiçãoaté o limite de 127 m³/segundo.“Só assim o volume será sufici-ente para a agricultura, mas como consumo crescente de energia,fica cada vez mais difícil Sobradi-nho chegar a esse nível. E, se che-gar, é muito provável que todo oNordeste esteja em período dechuva”, diz ele.

Mesmo se a quantidade deágua fosse suficiente para a agri-cultura, na visão do geocientistaGeraldo Boaventura, não existeminformações técnicas suficientesque garantam o sucesso da trans-posição. “O solo nordestino édesconhecido, não se sabe se atransposição irá salinizar a água, oque a deixaria imprópria para oconsumo humano e para a agri-cultura”, observa.

Sistema Biológico - Para ser

um projeto completo de desen-volvimento regional, com refle-xos econômicos e sociais, a trans-posição deveria vir acompanhadade investimentos na revitalizaçãodo rio e em educação ambiental.Esse trabalho, no entanto, come-çou com atraso. A revitalizaçãodeveria ter começado ainda em1965, quando o Código Florestalfoi editado. A professora do De-partamento de Engenharia Flo-restal Jeanine Felfili, entretanto,alerta para as dificuldades de fi-nanciamento: “Da forma como se

pretende conduzir essa revita-lização, não fica claro de ondevirão os recursos”.

Segundo ela, o rio sofre atual-mente com a construção de bar-ragens, com a degradação dasmatas nativas e com a agriculturaintensiva. “É preciso dar assesso-ria técnica aos produtores queatuam na bacia do São Franciscopara evitar o assoreamento do rio”.Além disso, muitas pessoas che-gam a confundir os conceitos detransposição e revitalização, usan-do-os como sinônimos. Mas en-quanto o primeiro se atém aodeslocamento de parte das águas,o segundo busca manter o riovivo para as gerações futuras, pormeio de ações como reposição enão degradação da mata ciliar e

tratamento dos dejetos sanitárioslançados no leito.

Sistema Humano - Na visãodo professor do Departamentode Economia da UnB Jorge No-gueira, a transposição é ineficazpara o objetivo a que se propõe.“As origens da miséria do sertãonordestino vão além da falta deágua. Lá também falta qualifica-ção profissional e acesso ao mer-cado de trabalho, coisas que nãoserão solucionadas com a água”,lembra o especialista.

Para ele, se esse recurso fossemesmo sinônimo de mais desen-volvimento, Belém e Manaus se-riam capitais muito ricas. “Quan-do há água, as pessoas não ficammenos pobres. Talvez morrammenos em decorrência da seca,mas a situação de miséria conti-nua”. Por isso, ele questiona ocusto de R$ 4,5 bilhões do pro-jeto, referente apenas à constru-ção dos canais de transposição. Asobras complementares que garan-tirão o desenvolvimento regio-nal não possuem recursos finan-ceiros assegurados nem crono-grama estabelecido.

Fonte: Envolverde/UnB Agên-cia

Os recursos de R$ 4,5 bilhõesdo governo federal se destinam àconstrução de mais de 600 kmde canais para levar as águas doSão Francisco às áreas secas doCeará, Pernambuco, Paraíba e RioGrande do Norte. O eixo lestevai até o rio Paraíba (PB) e abran-

Entenda a Transposição

gerá 220 Km, distribuídos em 168municípios com um total de 4,5milhões de beneficiados. O eixonorte segue até os rios Jaguaribe(CE) e Apodi (RN) e cobre 400Km, distribuídos em 223 municí-pios com um total de sete mi-lhões de habitantes beneficiados.

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Organização Interna-cional do Trabalho, oInstituto Ethos e aONG Repórter Bra-

sil desenvolveram um sistema deeste sistema de busca gratuitocom base no Cadastro de Em-pregadores da Portaria 540 de 15/10/2004 - a chamada lista suja di-vulgada pelo governo federal.Dessa forma, as empresas signatá-rias do Pacto Nacional para a Er-radicação do Trabalho Escravopodem consultar se determinadapropriedade está na relação. Aferramenta é de grande impor-tância tanto para que o setor em-presarial cheque com rapidezquais fazendas devem ser suspen-sas das listas de fornecedoresquanto para os consumidores que

Ecologia Humana

Lista Suja doTrabalho Escravo

Cerca de 60% dos imóveis rurais onde é flagrado trabalho escravonão possuem registro no Incra. A grilagem de terras na AmazôniaLegal é o carro-chefe de muitos crimes e problemas sociais, entreeles o trabalho escravo e a invasão de terras indígenas. Tomadasinicialmente para o desmatamento, as terras griladas dão prossegui-mento à expansão da agricultura, da pecuária, do extrativismomineral e da biopirataria na floresta, muitas vezes com ações deextrema violência. Em grande parte dos casos, o trabalho escravo naregião é conseqüência direta da grilagem de terras, ou seja, daapropriação de terra pública mediante falsa escritura de propriedade.

podem assim boicotar os produ-tos destas fazendas.

A ONG Repórter Brasilacompanha o problema do tra-balho escravo contemporâneodesde 2001 informando à socie-dade e desenvolvendo projetosque contr ibuem paraa erradicação dessa prática. A or-ganização é membro da Comis-são Nacional para a Erradicaçãodo Trabalho Escravo (Conatrae),criada em 2003 pelo Presidenteda República e formada por mi-nistérios, instituições da Justiça edo Ministério Público e entida-des da sociedade civil.

Acesse a lista completa emwww.reporterbrasil.com.br/lista-suja/listasuja.php?lingua=pt

Arco do desmatamento na Amazôniaconcentra municípios com maior índice de

homicídios por habitante; região também é omaior foco de trabalho escravo.

Regiões brasileiras com maior taxa dehomicídos

(número de homicídios a cada 100 milhabitantes entre 2002 e 2004)

Municípios mais violentoscoincidem com os campeõesem trabalho escravo

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2007 - AGOSTO - EDIÇÃO 010 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 17

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Ecologia Humana

Comparação entre a novaescravidão e o antigo sistema

http://www.oit.org.br/trabalho_forcado/index.php

assinatura da leiÁurea, em 13 demaio de 1888, de-cretou o fim do di-

reito de propriedade de umapessoa sob outra, porém otrabalho semelhante ao escra-vo se manteve de outra ma-neira. A forma mais encon-trada no país é a da servidão,ou ‘peonagem’, por dívida.Nela, a pessoa empenha suaprópria capacidade de traba-lho ou a de pessoas sob suaresponsabilidade (esposa, fi-lhos, pais) para saldar umaconta. E isso acontece semque o valor do serviço exe-cutado seja aplicado no aba-timento da conta de formarazoável ou que a duração ea natureza do serviço estejamclaramente definidas.

A nova escravidão é maisvantajosa para os empresáriosque a da época do Brasil Co-

lônia e do Império, pelo me-nos do ponto de vista finan-ceiro e operacional. O soció-logo norte-americano KevinBales, considerado um dosmaiores especialistas no tema,traça em seu livro “Disposa-ble People: New Slavery in theGlobal Economy” (GenteDescartável: A Nova Escravi-dão na Economia Mundial)paralelos entre esses dois sis-temas que foram aqui adapta-dos pela Repórter Brasil paraa realidade brasileira.

Observação: As diferen-ças étnicas não são mais fun-damentais para escolher amão-de-obra. A seleção se dápela capacidade da força físi-ca de trabalho e não pela cor.Qualquer pessoa miserávelmoradora nas regiões degrande incidência de alicia-mento para a escravidão podecair na rede da escravidão.

Contudo, ape-sar de não ha-ver um levan-tamento es-tatístico so-bre isso, háuma grandeincidência deafrodescendentesentre os libertados da escra-vidão de acordo com inte-grantes dos grupos móveis defiscalização, em uma propor-ção maior do que a que ocor-re no restante da populaçãobrasileira. O histórico de de-sigualdade da população ne-gra não se alterou substanci-almente após a assinatura daLei Áurea, em maio de 1888.Apesar da escravidão ter setornado oficialmente ilegal, oEstado e a sociedade não ga-rantiram condições para oslibertos poderem efetivar suacidadania. Por fim, as estatís-

ticas oficiais mostram que hámais negros pobres do quebrancos pobres no Brasil.Outro fator a ser considera-do é que o Maranhão, estadocom maior quantidade de tra-balhadores libertos da escra-vidão, é também a unidade dafederação com menor Índicede Desenvolvimento Huma-no (IDH) e a que possui amaior quantidade de comu-nidades quilombolas.

Fonte: http://www.reporterbrasil.com.br

A

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18 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

Denúncia

Ambientalistasem Perigo

O

Quando os órgãos ambientaisgovernamentais falham, se omitem,

ou se comprometem com os in-fratores, os cidadãos se expõem e

correm risco de vida para assegu-rar o direito de todos a um meio

ambiente ecologicamente equili-brado, como nestes dois exemplos.

ambientalista JudsonBarros tem recebidoameaças de morteatravés de sua página

na internet, no site de relaciona-mentos Orkut. Segundo o ambi-entalista, as mensagens são envia-das por produtores rurais do cer-rado piauiense, que dizem queJudson atrapalha o desenvolvimen-to do Estado.

Os recados foram intensifica-dos após o início de um curso deeducação ambiental promovidopelo ambientalista nesta mídia.Apesar de já ter sofrido ameaçaspor telefone, esta é a primeira vezque ele tem uma prova concretade quem esteja intimidando.”Euacredito que isso não seja brin-cadeira, já que a pessoa se expõecom seu nome e foto. Desta veztenho a prova concreta que so-fro ameaças”, relatou Judson.

As pessoas que realizam asameaças são identificadas comoRodrigo Castro, Marcos e Margá.Com estes registros o ambienta-lista pretende levar o caso à Polí-cia Federal e ao Ministério Pú-blico. “Tenho que me precavercontra as ameaças, mas mesmoassim irei dar continuidade ao tra-balho de proteção ao meio am-

PiauíAmbientalista recebe ameaças na internetPor Záira Amorim ([email protected] )

Ambientalista recebe ameaças pela internet. Segundo Judson Barros,as mensagens são enviadas por produtores rurais do cerradopiauiense.

biente no Piauí”, finalizou.

Confira os recados queameaçam o ambientalista:

“Marcos e Margá: agora quemvai incomoda você somos nosprodutores espere e vera!!! ppprsrsrsrs .Cara voçe entendeu o re-cado em e resolveu participa con-tra voce mesno. hahahahah. temcoragem em?ta certo quem nãotem nada na cabeça é assim mes-mo !!!! ppp rsrsrsrsrs

“Rodrigo: preconceituoso, étu o babaca cara de .......... eu nãosou melhor que nimguem, maiseu tenho certeza que mais quetu eu sou. pelo menos eu traba-lho , e não incomodo os outros.tua boca é preconceituoso, e quetipo de movimento que voce estafazendo? em seu ambientalistazimde cabeça de vento!!!! hahaha essate eu achei graça. presta atençãoem !!!! que quem vai acabar como piauí é voçe , ou vice verça”

Fonte: CidadeVerde.comwww.c idadeve rde. com/

txt.php?id=2374Veja também: http://reapi.

zip.net/index.html

Rio Grande do NorteRose Dantas ameaçada por denunciar omaior desastre ecológico do nordeste

“Vilmar, por favor me ajuda.Estão na minha caça. Eles estãoentrando na área varrendo tudopara esconder as provas, que aindaestão no sedimento, que são osbivalves. Estou sendo ameaçada ejá me encontro foragida. Não seio que farei de minha vida agora –Rose Dantas

Toneladas de peixes e crustá-ceos morreram no final de julhono rio Potengi, naquele que podeser um dos maiores desastres am-bientais da história do Rio Gran-de do Norte. A causa da mortan-dade ainda é desconhecida, masacredita-se estar relacionada ao des-pejo ininterrupto - muitas vezesclandestino - de dejetos no leitodo rio. Os primeiros espécimesmortos começaram a surgir na sex-ta-feira passada (27), mas no domin-go (29) toneladas de peixes, cama-rões e caranguejos apareceram boi-ando nas águas do rio Potengi.

A bióloga Rose Dantas, que fazum trabalho permanente de mo-nitoramento do Potengi, foi umadas primeiras a chegar ao rio nes-te domingo. “Eu sabia que isso iriaacontecer. Venho alertando órgãospúblicos sobre esse despejo indis-criminado de dejetos há anos, masninguém nunca valorizou minhasdenúncias. Agora estamos diantede uma tragédia ecológica e soci-al”, falou. A bióloga chegou a cho-rar quando viu a quantidade deanimais mortos.

O desastre atinge diretamentecentenas de famílias que tiram seusustento do rio Potengi. O pesca-dor Francisco Alves de Vera, de 60anos, disse que não sabe como vai“ganhar dinheiro daqui para fren-te”. “Minha vida toda sobrevivi

graças ao que tiro todos os diasdesse rio. Agora, com esses peixesmortos e com a água poluída, nãosei como vou pôr comida na mesapara os meus filhos”, lamentou.

A bióloga Rose Dantas disseacreditar que uma das prováveiscausas do desastre ambiental é odespejo de esgotamento sanitáriosem tratamento no rio, principal-mente no trecho entre os muni-cípios de Natal, São Gonçalo doAmarante e Macaíba. “Nesse se-tor, só uma empresa imunizadoratem licença para despejar dejetos,mas não tenho certeza se isso éfeito da forma correta, com trata-mento do material que vai ser lan-çado nas águas. O restante é joga-do de forma clandestina, sem omenor cuidado ou preocupaçãocom o rio”, denunciou.

O manguezal que beira o rioPotengi está inserido em uma áreade Proteção Permanente (APP)estabelecida pelo Governo Fede-ral. Mas as licenças concedidas parao lançamento de dejetos, explicouRose Dantas, são expedidas peloInstituto de DesenvolvimentoEconômico e Meio Ambiente doRio Grande do Norte (Idema).“Precisamos averiguar agora se es-sas licenças estão dentro do pa-drão exigido pela lei e se o mate-rial despejado no rio correspon-de ao que foi licenciado”.

Fontes: www.nominuto.com ehttp://tribunadonorte.com.br/noticia.php?id=49797

Nota da redação: a REBIAprocurou, na medida de suapossibilidade e escassez de re-cursos ajudar a Rose destacan-do a jornalista voluntária, Lili-ana Peixinho, fundadora doMovimento Voluntário AMA -Amigos do Meio Ambiente(www.amigodomeioambiente.com.br) e coordenadora da REBIANORDESTE, que viajou 20horas de ônibus, de Salvador, naBahia, até Natal, no Rio Gran-de do Norte, para ficar ao ladoda Rose, orientá-la e protege-la neste momento difícil.

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2007 - AGOSTO - EDIÇÃO 010 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 19

Coluna da Silvia Pereira

Projeto de lei prevê multapara uso de motosserraselétricas e eletrosserras

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Por Silvia Pereira *

prática do desmata-mento, uma das maio-res vilãs no processo deaquecimento global,

está prestes a esbarrar em mais umobstáculo. O projeto de lei 665de 2007, em tramitação na Assem-bléia Legislativa do Estado do Riode Janeiro, prevê multa de R$ 1.500por unidade de motosserra elétri-ca ou eletrosserra comercializada.A penalidade se estende tambémaos que utilizem as máquinas semlicença ou registro da autoridadeambiental competente.

A proposição, de autoria dodeputado estadual Rodrigo Dan-tas, líder do DEM na Alerj, com-plementa uma lei aprovada em2000 pelo governo do Estado doRio de Janeiro. Na legislação em

vigor, a multa é menor – de R$500,00 – e só se aplica às motos-serras. Mas os três tipos de equi-pamento – motosserras, motos-serras elétricas e eletrosserras – sãousadas para a mesma finalidade:extração de madeira e desmata-mento. A diversificação na ofertade máquinas disponíveis no mer-cado contribui para que a lei sejacontornada, já que não há con-trole sobre a venda e nem puni-ção aos usuários das máquinasmovidas a eletricidade.

Para Rodrigo Dantas, a aprova-ção deste projeto de lei se consti-tui em mais um passo à diminui-ção do processo de aquecimentoglobal. “É preciso não só criar leis,mas também analisar as existentes etentar reduzir as brechas, que são

muitas. O mercado está em cons-tante atualização para driblar a le-gislação. Precisamos acompanharesse processo”, diz o parlamentar.

Mais informações: www.rodrigodantas.com.br

Aplicação de Fundo Estadual deConservação Ambiental Será Debatida

A Comissão de Saneamen-to Ambiental da AssembléiaLegislativa do Rio, presididapelo deputado Pedro Paulo(PSDB), realizou em 22/08audiência pública para deba-ter o uso do Fundo Estadualde Conservação Ambiental eDesenvo lv imento Urbano(Fecam). “Estamos discutindoos investimentos específicosna área de saneamento feitoscom dinheiro do Fecam em2006 e o que está sendo rea-lizado este ano”, afirmou opresidente da comissão. Paraesclarecer à comissão de quefor ma o fundo es tá sendoaplicado, participaram comoconvidados a subsecretár ia deEstado de Política e Planeja-mento Ambienta l , Izabel laMônica Vieira Teixeira, além

Parque da Tiririca temlimites definidos pela Alerj

O Parque Estadual da Serra daTiririca, que teve seus limites de-limitados através de lei estadualaprovada Assembléia Legislativa(Alerj), vai receber investimentosde R$ 300 mil e inicia em breve aelaboração do seu Plano de Ma-nejo, que vai estabelecer o zone-amento e as normas de uso daárea. Situado entre Niterói e Ma-ricá, numa área de expansão ur-bana o parque tem mais de 2 milhectares e sua delimitação encer-ra um longo período de confli-tos socioambientais.

A diretora de Conservação daNatureza do Instituto Estadual deFlorestas (IEF/RJ), Alba Simon,lamentou que os limites definiti-vos do parque tenham resultadoem perda de áreas importantespara a biodiversidade da região,que abriga espécies em risco deextinção como o ouriço-cachei-ro, tucano de bico preto e a pre-guiça. “- É importante que a po-pulação da região saiba que as áre-as que faziam parte da delimita-ção proposta pelo Instituto em1993 e que foram retiradas após aanálise dos deputados continuamparte da área de amortecimentodo parque. Por isso, várias ativida-des continuarão a depender deanuência do IEF” – explicou.

As áreas retiradas na propostavotada pela Alerj em votação úni-

de representantes da Compa-nhia Estadual de Águas e Es-gotos (Cedae) e da FundaçãoSuper intendência Estadual deRios e Lagos (Serla). Cr iadopela Lei 1.060/86 para finan-ciar projetos ambientais e parao desenvolvimento urbanoem todo o Estado do Rio,englobando diversas áreas, taiscomo reflorestamento, recu-peração de áreas degradadas,canalização de cursos d´água,educação ambiental, despo-luição de praias e saneamen-to, o Fecam busca atender àsnecessidades ambientais doestado, minorando seu passi-vo ambiental. Os recursos dofundo são or iundos, dentreoutros, de 5% dos royaltiesdo petróleo, atr ibuídos aoEstado do Rio de Janeiro,bem como do resultado demultas administrativas aplica-das e condenações judiciaispor ir regular idade constata-das pelos órgãos fiscalizado-res do meio ambiente.

Mais informações: GeizaRocha - Coordenadora deComunicação Social da As-sembléia Legislativa do Esta-do do Rio de Janeiro (Alerj)- Tel: (21)2588-1627/ 8123-3297/ 9400-1959

ca, em regime de urgência, reú-nem cerca de 4 mil moradores,principalmente no bairro JardimFazendinha. Segundo a propostaaprovada, a área do parque foireduzida em 5,3%, passando de2.195 hectares para 2.077 hecta-res. Toda uma região adjacentes,o Morro das Andorinhas, agoraintegra o Parque da Serra da Tiri-rica, com exceção da região emtorno do condomínio Village Ita-coatiara.

Mais informações: Ascom/IEF- Ricardo Goothuzem - (21)2299-3088/9572-1503

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Entrevista

Na busca pelo consumoconsciente

Enviado por AdrianeAlice [email protected]

Há seis anos, o InstitutoAkatu faz ações paraconscientizar e mobilizaro consumidor brasileiropara o seu papelprotagonista naconstrução dasustentabilidade da vidano planeta. Criado noâmbito do Instituto Ethosde Empresas eResponsabilidade Social,para educar e mobilizar asociedade para o consumoconsciente, a organizaçãobusca disseminar oconceito de consumoconsciente. Parasensibilizar empresáriosde todo o país, o institutofoi convidado paraparticipar da mesa-redonda “Comércio justo,consumo consciente esustentabilidade”, que foirealizado em 16 de agosto,em Florianópolis, comoparte da programação doEncontro Brasileiro deResponsabilidadeSocioambiental. Nestaentrevista, o gerente deprojetos especiais doInstituto Akatu, AronBelinky, fala sobre o temada sua apresentação.

ual é o conceitode consumoconsciente?

Aron Belinky: A idéia doconsumo consciente é exa-tamente que as pessoas apro-priem da sua ação comoconsumidores para exercer acidadania; que as pessoas, noseu cotidiano, percebam queas decisões individuais quecada um toma tem um efei-to sob o coletivo. As pessoasprecisam perceber que po-

dem mudar a forma de con-sumir a fim de evitar proble-mas de poluição e aqueci-mento global, por exemplo,e perceberem que isso é umamaneira de interferir e fazercom que a mesma força doconsumo que está gerandotodos esses problemas ajudea gerar soluções. Quando fa-lamos em consumo consci-ente, estamos falando em pri-meiro olhar os impactos –positivos ou negativos – sobquatro dimensões: indivíduo,sociedade, meio-ambiente eeconomia.

Qual é a proposta doInstituto Akatu?

Queremos que o consu-midor, ao tomar suas decisõesno cotidiano, perceba que oseu ato de consumo gera im-pactos que podem ser posi-tivos ou negativos tanto nasociedade, como no meio-ambiente, como na econo-mia, como na própria vida dapessoa. Queremos que oconsumidor perceba os im-pactos dos seus atos. Essesimpactos vão acontecer an-tes do momento da comprae depois que ele tomou a de-cisão e o consumo aconte-ceu. Temos que levar emconta esses dois momentos.

Como funciona o im-pacto antes do momen-to da compra?

Um exemplo é vocêcomprar produtos de em-presas que tenham responsa-bilidade social ou comprarprodutos que venham de umcomércio justo. Ao fazer isso,

o consumidor irá ajudar aampliar e manter a lógica docomércio justo. Ao mesmotempo, um consumidor quedesconsidera o compromis-so social do fornecedor,eventualmente vai sustentarum processo de expansão in-sustentável ou agressivo àsustentabilidade. Ao escolhero produto ou ao tomar suadecisão de compra, o consu-midor deve ver da onde oproduto veio e a quem o fatodele estar comprando eusando aquilo vai beneficiar:se é algo que ajuda a socie-dade e o meio-ambiente ouse é uma coisa que prejudi-ca.

E como funciona oimpacto depois da deci-são do consumo?

Por exemplo, quando vocêcompra um produto que te-nha embalagens em excesso.Você vai ter aquelas emba-lagens, vai destinar isso parao lixo ou para reciclagem –que também consome ener-gia – e, portanto, como con-sumidor, você vai gerar umimpacto no meio-ambien-te. Ou quando você descar-ta um produto – uma roupaou um celular – antes que avida útil dele tenha termi-nado. Ao utilizar o produtopor mais tempo ou ao desti-nar a quem precisa, você es-tará gerando um impactopositivo.

Como o Brasil se co-loca diante dessa temá-ticas?

De acordo com uma pes-

quisa do Instituto Akatu de2006, 33% dos brasileirostem uma percepção comoconsumidores que vai alémdaquela economia imediatana hora de consumir. O Bra-sil está num nível interme-diário. Nosso consumidortem já certo engajamento,mas não tão grande quantoem outros países. Outrodado é em relação à disposi-ção do consumidor a premi-ar ou punir empresas atravésda sua decisão de compras.Perguntamos para os consu-midores se alguma vez elesjá tomaram a decisão decompra levando em consi-deração a vontade de presti-giar uma empresa que fazuma coisa certa ou, pelo con-trário, de não comprar umacoisa ou falar mal da empre-sa porque acha que ela fezuma coisa errada. No Brasil,temos um percentual de30% que disseram que já fi-zeram ou pensaram em fazerisso alguma vez. Esse núme-ro é menor do que em ou-tros países como Austrália,França, Alemanha onde sechega próximo a 50%.

Como aliar em cres-cimento econômico, sus-tentabilidade e comér-cio justo?

Não existe uma incompa-tibilidade nesse sentido.Hoje, temos um percentualenorme da população mun-dial com um consumo mui-to abaixo daquilo que as pes-soas poderiam esperar. Poroutro lado, a humanidadeconsome 25% mais do que

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Entrevista

a Terra é capaz de sustentar.Estamos indo além do que ésustentável. Se todas as pes-soas do Planeta passassem aconsumir no padrão de con-sumo e desperdício dos ha-bitantes dos países ricos, pre-cisaríamos de quatro plane-tas Terras. Precisamos traba-lhar de maneira que o cres-cimento econômico una es-sas pessoas todas que estãofora do mercado ou que te-nham um consumo mínimoaquém daquele essencial paraa sobrevivência e, ao mesmotempo, ele tem que ser mais

produtivo de modo quevocê consiga gerar menosimpacto, com menos desper-dício, com menos excesso naoutra ponta. A nossa idéia nãoé que as pessoas não consu-mam, mas sim, que pensemna maneira como o consumopode acontecer. Isso é o quetorna a proposta de sustenta-bilidade e consumo consci-ente algo que não é incom-patível com o crescimentoeconômico. Temos que traba-lhar em duas pontas: desen-volver novos padrões de ex-pectativas das pessoas e di-minuir o desperdício.

Como as empresas po-dem contribuir nessesentido?

As empresas têm um pa-pel enorme. Hoje, vemos oaquecimento global, o pro-blema da poluição e perce-bemos que o excesso no usode recursos naturais não éuma questão de valores ouuma questão das pessoasacharem certo ou errado. Éuma questão matemática,econômica e de sobrevivên-cia. Por isso, tem que haverum consenso - tanto na so-ciedade, como no meio em-presarial, como no governo- da necessidade de se esta-belecer um consumo susten-

tável. As empresas têm comoum dos seus fundamentos asobrevivência a longo prazo.Hoje, para uma empresa serreconhecida como alguémque de fato contribui para asociedade, não basta só pagarimpostos, gerar empregos,fazendo aquele papel tradi-cional que a gente sempreviu como sendo o papel dasempresas. O que se desejaatualmente das empresas éque, além de terem esse pa-pel econômico de operar cor-retamente, gerar empregos,pagar impostos e mover aeconomia, contribuam ati-vamente para a construçãode uma sociedade mais éticae mais sustentável.

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22 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 010 - AGOSTO - 2007

Marketing Ambiental

Educação, informação e comunicação:Case Parceria BECE-REBIA

O conceito que norteia oProjeto BECE nasceu noBrasil; mais precisamenteem 1990 com o ProjetoCTA na gestão de DorivalRodrigues Alves para aBM&F – Bolsa deMercadorias & de Futuros.

O mercado de commo-dities ambientais

Muitos nos perguntamcomo funciona este mercadolá fora. Bem, lá fora funcionaassim: No Oriente Médio be-bem, comem e tomam banhocom água desalinilizada. A águapotável é vendida em potinhosde iorgute com preços iguaisou superiores ao da coca-cola,refrigerante lá não entra porquestões culturais – mas até issoos marketeiros estão conse-guindo inverter.

Na França, os hotéis contro-lam os banhos dos hóspedes,da torneira sai mais vinho doque água. Em Londres, na Su-écia e em outros cantos domundo durante o inverno es-curece às 15h – a indústria dedepressivos fatura alto. E dá-lhehorário de verão no Brasil!

Em Kyoto, no Japão, os par-ceiros – se é que podemos di-zer isso – fazem encontros econferências para discutir o arque se deveria respirar. NaCosta Rica, as florestas são tom-badas e nos Estados Unidospatentearam o chá do SantoDaime para a indústria farma-cêutica, enquanto orquídeassão tão caras quanto tulipas nostempos da febre holandesa,quando a flor chegou a ter omesmo valor que uma man-são. Sem contar que nos EUA,a reciclagem reduz em tornode 70% o custo de matéria-pri-ma da indústria.

Na Malásia detonaram asflorestas vendendo insumospara a construção civil e hojecompram qualquer palito dedente que estiver pela frente.As madeireiras asiáticas com-praram extensas áreas na Ama-zônia a preço de banana e hojeestão arrebentando com tudo

Por Amyra El Khalili eFlávio Gut*

que há no caminho para trans-formar a Sumaúma, árvore mãeda floresta, em madeira com-pensada. É assim que funcio-na lá fora o mercado de com-modities ambientais. E não es-queça que lá é Eco.

Quanto aos números, dadosestatísticos, tabelas, gráficos ecurvas, perguntem à CIA, aoPentágono, aos militares. Elestêm tudinho que você precisa– logística também é com eles.Essas “commodities” são as-sunto de segurança nacional.Ou melhor: internacional.

Mas o que é commodi-ty?

Segundo o minidicionárioMichaelis, “commodity” é ar-tigo ou objeto de utilidade,mercadoria padronizada paracompra e venda; conveniência.Neste caso, as duas primeirasalternativas, segundo a defini-ção do mercado financeiro deforma simplificada: contratos àvista e futuros negociados nasbolsas de mercadorias ou bal-cões (fora dos mercados orga-nizados de bolsas), assim sen-do: contratos a termo, futurose opções, ou também contra-tos spot, ou seja, mercados deativos físicos, negociados compagamento e entrega à vista.

Quais são as matrizesdas commodities ambien-tais?

São: água, energia, controlede emissão de poluentes (água,solo, ar), madeira, biodiversi-dade (plantas medicinais e or-namentais, animais exóticos eem extinção etc), reciclagem e,sem contar o minério que éativo financeiro desde a idadeda pedra. Não é por acaso queo ouro é a rainha das commo-dities. Não subestime essa ma-triz (ouro) somente pelo silên-cio dos últimos sete anos. Estáprovado historicamente queela costuma causar um baileentre uma década e outra. Sa-ber das coisas do ouro é comoo saber sobre o mundo, já di-zia Michel Foucault, estudio-

so do comportamento huma-no.

Estamos falando da cadeiaprodutiva, do complexo queenvolve todas essas matrizes.Experimente viver sem elas,você morre. Não precisa irmuito longe, fique apenas umdia sem água, luz ou gás, vocêenlouquece. Com os seqües-tradores do empresário Abí-lio Diniz1[1][1] aprendemosmais uma: greve de fome nãomata, pelo menos não no cur-to prazo, mas greve de água lí-quida com o sujeito rapidinho.Mídia também é cultura alémde marketing.

O que são negócios só-cio e agro-ambientais?

E da água vive a agricultura.As matrizes das commoditiesambientais são os insumos vi-tais para a produtividade agrí-cola, que é o insumo da pecu-ária, é elementar meu caroWatson. O elementar nemsempre é visível.

Pela ótica mercadológica doProjeto BECE, a agriculturabrasileira está estrangulada pe-las taxas de juros, pelo descré-dito, resultado da falta de pla-nejamento financeiro, mono-pólio de compradores de pro-dutos agrícolas, logística decontinente mal administrado ecultura de senzala fazendo dopequeno e médio produtorrural cabresto de escravo.

Por outro lado, com a de-senfreada ocupação do cerra-do e da colonização do “BrasilFazenda”, a agricultura passoua ser a maior inimiga do meioambiente, derrubando árvores,queimando matas, assoreandoos rios, salinizando o solo, cau-sando erosões e desertificação,empesteando o ar com um tur-bilhão de drogas, pesticidas eadubos, muito mais eficientesno combate à vida humana doque das pragas provocando ocaos do descontrole biológico.

Onde está o dinheiroque o gato não comeu?

Enquanto isso, no mercado

internacional flutua algumasfortunas párias, dinheiros sempátria, valores adquiridos denegócios espúrios, outros deoperações produtivas à custa damão-de-obra barata de crian-ças e jovens, sangue e suor deadultos e velhos, procurandodesesperadamente a redenção,a remissão. O milagre santeirosão os valores destinados aosinvestimentos em pesquisas eprojetos sócio-ambientais.

Esta grana toda está por aí,em busca de projetos, fundos,pesquisas e estudos que se cre-denciem e se enquadrem emsuas exigências de investimen-tos, suas crenças, que perdo-em seus pecados. É dinheiroesperto, cheio de manhas e nãoentra fácil não. Não dorme 24horas em conta corrente, nãovem para taxas de juros, nãoquer saber de bolsa, corre deespeculação e, principalmen-te pelas referências de suas ori-gens não investe em degrada-dores do meio ambiente, ouseja, o agricultor brasileiro.

Assim sendo, produzindo aagricultura sustentável, de pre-servação e manejo florestal, deproteção de mananciais, casan-do a produção agrícola com autilização de parte das terraspara plantio e pecuária e outraparte para reflorestamento, pes-quisa de plantas ornamentaise medicinais, piscicultura, api-cultura, criação de animais eaves exóticas e em extinção; ex-plorando conscientemente oturismo rural/ecológico, complanejamentos de educação etreinamentos agro-ambientaispara o agricultor, seus filhos ecomunidades nos mais diver-sos níveis, desde a infância atéo idoso estimulando-os e abs-traindo-lhes a total produtivi-dade e experiência. Enfim, va-lorizando a natureza e o serhumano. Fará muito bem aoespírito e ao bolso.

As abençoadas relaçõesentre e intra-mercados

Veja o exemplo da cana-de-açúcar; dela deriva o álcool e

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Marketing Ambiental

seu subproduto o bagaço,energia substitutiva de com-bustíveis fósseis. Assim sendo,a cana pode ser candidata àcommodity agro-ambientalque possibilita a realização deestratégias e negócios com re-lações entre - mercados e in-tra-mercados. Ou seja, o cru-zamento de produtos agríco-las com produtos ambientais,a troca de insumos agropecu-ários com insumos industriais,esta commodity estará apta areceber os investimentos ne-cessários para tornar competi-tiva a operação de gaseificaçãodo subproduto bagaço, desdeque os usineiros se enquadremnas normas e exigências deprojetos agro-ambientais com-prometidos com a geração deempregos e investimentos só-cio-educacionais. Evidente-mente elaborados por técnicose engenheiros financeiros deconfiabilidade.

Vamos mais adiante. Verifi-que as potencialidades dos óle-os vegetais brasileiros, o den-dê e o coco do babaçu, segun-do o Professor Bautista Vidalem entrevista para a revistaCaros Amigos: ... Além das cen-tenas de óleos vegetais, a ma-mona, o girassol, a colza, a soja,etc... Só o dendê na regiãoamazônica são 70 milhões dehectares com baixíssima pro-dutividade de floresta, sem ne-nhuma tecnologia – são 4 to-neladas por hectare por ano. Dápara produzir 6 milhões debarris/dia de óleo diesel. Issoé praticamente a produção depetróleo da Arábia Saudita.Mais do que a Arábia Saudita,porque o babaçu, esse coqui-nho, tem várias partes. Tem aamêndoa central da qual vocêextrai óleo e substitui o diesel;depois tem uma parte dura decelulose pura, que é o excep-cional carvão natural, sem ne-nhuma poluição.

Nós estávamos desenvolven-do tecnologias de grandes si-derúrgicas baseados nesse co-que do babaçu, com resistên-cia mecânica espetacular. De-pois você tem outra camadaque é amido, no mesmo coco.Com esse amido você faz o ál-cool. Da amêndoa você faz osubstituto do diesel, do amidofaz o substituto da gasolina eainda tem a parte externa, que

é palha, que produz calor. En-tão, quando você transformaaquele mesocarpo do babaçu,que é carbono praticamentepuro, em carvão vegetal de al-tíssima qualidade, altíssima re-sistência mecânica, você temuma quantidade enorme deprodutos químicos, quer dizer,do coco do babaçu você podeconstruir um gigantesco com-plexo petroquímico e energé-tico jamais visto no mundo, epara sempre, mantendo a flo-resta.

Na visão perspicaz e matutado professor Bautista Vidal,grande especialista em energia,nacionalista convicto e assumi-do, estamos executando a piorestratégia agro-ambiental: de-volvendo o país para os portu-gueses, vendendo-o para oamericanos, distribuindo-opara os japoneses indelicada-mente e sem pedir desculpaspelos estragos, usando comopapel de embrulho (reciclado)os juros do FMI. Pai, perdo-ai-os, eles não sabem o que fa-zem. O Professor Bautista Vi-dal sabe e prova o que diz.

Os geradores de negó-cios sócio-ambientais nosmercados de commoditi-es

Batizados de Consultants,Traders and Advisors – CTA’ssão os geradores de negóciossócio-ambientais nos merca-dos de commodities, paridosda urgente necessidade de de-purar e pulverizar o mercadofinanceiro que separou o tri-go do joio e ficou com o joio;foram inspirados nos Com-modities Trading Advisors –CTA’s das bolsas internacio-nais, a sigla idêntica é proposi-tal, mas o conteúdo é bem di-ferente.

Será gerador de negóciossócio e agro-ambientais entreoutros business e são verdadei-ros soldados treinados dosmais diversos setores da eco-nomia, armados até os dentescom um arsenal de instrumen-tos financeiros, estratégias, ope-rações e marketing agressivoem defesa do patrimônio eco-nômico desta tribo que vai doOiapoque ao Chuí, ou o queresta dela.

Para não corrermos o riscode uma recaída no moral das

tropas, baixas, súbitos ataquese ofensivas do lado inimigo, onosso “front” de batalha serápermanentemente monitora-dos pelos Fóruns BECE RE-BIA!

A chancela BECE-RE-BIA

Com o objetivo de prote-ger este incrível “Exército deBrancaleone” de predadoresde idéias, cursos e projetos, deoportunistas, batedores de car-teira, estelionatários, entreguis-tas, entre outros e defender ofomento de mercado, a OSCCTA registrou a marca OSCCTA, a Marca BECE e os se-los “Commodities Ambien-tais” , e a OSC REBIA a Mar-ca REBIA no Instituto Nacio-nal de Propriedade Industrial– INPI, protocolou através deseu Conselho Jurídico o “Dos-siê BECE” na pessoa de AmyraEl Khalili na Faculdade de Di-reito de Campos de Goytaca-zes (RJ), fundou os Núcleosde Estudos da Parceria BECE-REBIA para produzir estudossobre projetos, estratégias eoperações sócio e agro-ambi-entais. A OSC CTA realizaacordos, protocolos, propostasconjuntamente com diversasentidades através da ParceriaComunidade & EducaçãoBECE-REBIA firmada comuniversidades, ONGs, associ-ações etc. Está formando oConselho Técnico Científicocom representantes de diver-sas instituições nacionais e in-ternacionais para realizar a im-plantação dos mercados emer-gentes, promover a fiscalizaçãoconjunta com diversas entida-des representativas. A propó-sito, os Geradores de Negóci-os Sócio-Ambientais, tupiguaranis estarão fechando nomomento oportuno, contratosde parceria com os geradoresinternacionais intermediadospelo Projeto RECOS - Redesde Cooperação Comunitárias,é o inevitável efeito da globa-lização, pleiteando o reconhe-cimento desta categoria mul-tidisciplinar nos fóruns finan-ceiros..

*Artigo escrito em parceriacom o jornalista Flávio Gut eapresentado durante eventoscomemorativos da Semana doMeio Ambiente, realizados

pela Caixa Econômica Fede-ral e pelo Banco Central doBrasil, no dia 7 de junho de2005, em Brasília (DF).

Texto revisado e atualizadopublicado no site da ESPM –Escola Superior de Propagan-da e Marketing em Fevereirode 1999.

Fonte: Livro inédito A MaisPura Fonte dos Manan-ciais - deAmyra El Khalili - A responsa-bilidade sócio-ambiental do sis-tema financeiro – novas commo-dities no marketing ambiental. Or-ganizador Antonio Carlos Teixei-ra. Editora Virtual BECE-RE-BIA (no prelo).

(*) Amyra El Khalili* é eco-nomista, presidente do ProjetoBECE (sigla em inglês) Bolsa Bra-sileira de Commodities Ambien-tais. É também fundadora e co-edi-tora da Rede InternacionalBECE-REBIA (www.bece.org.br), membro do Conselho Gestorda REBIA - Rede Brasileira deInformação Ambiental, do Con-selho Editorial do Portal do MeioAmbiente (www.portaldomeioambiente.org.br ) e daRevista do Meio Ambiente(www.rebia.org.br ). É profes-sora de pós graduação coma disciplina “Economia Sóci-oambiental” na Faculdade deDireito de Campos de Goyta-cazes, pela OSCIP Prima Sus-tentabilidade e MBA pelaUNOESC. Indicada para o“Prêmio 1000 Mulheres parao Nobel da Paz” e para o Prê-mio Bertha Lutz. email:([email protected])

N. do O.: Abílio Diniz, em-presário do Grupo Pão deAçúcar, seqüestrado no dia 11de dezembro de 1989 por dezintegrantes de uma quadrilhainternacional, composta porcinco chilenos, dois argenti-nos, dois canadenses e um bra-sileiro, pertencentes ao

Movimento de IzquierdaRevolucionaria

(MIR), do Chile. Em1998, os nove seqüestradoresestrangeiros fizeram greve defome em protesto pelo nãocumprimento das promessasfeitas pela justiça e governobrasileiros de conceder regi-me semi-aberto da pena e detransferi-los para seus países deorigem.

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Coluna do JC Moreira

Famosos na lutapelo Planeta

Mais de cem grandes nomesda música, entre eles Madonna,The Police e Kanye West, e intér-pretes da realidade virtual, parti-ciparam em sete continentes doconcerto mundial Live Earth,apresentado pelo ex-vice-presi-

dente dos Estados Unidos AlGore, com o objetivo de alertarsobre os riscos das mudanças cli-máticas e propor medidas paracombatê-las. Gore, cuja campa-nha internacional contra o aque-cimento global inspirou a série de

concertos, fez um discurso deWashington para abrir o primei-ro espetáculo, em Sidney, do ou-tro lado do mundo. Mais tarde,se valeu da tecnologia mais atualpara aparecer num cenário deTóquio, projetado num hologra-

ma, para dar sua mensagem.A organização computou 2

bilhões de pessoas ligadas ao me-gashow (contabilizando os queforam aos estádios e os que assis-tiram por meio das mídias quetransmitiram a festa).

LEONARDO DICAPRIO foi umdos apresentadores

No Brasil, o Live Earth levoucerca de 400 mil à Praia de Co-pacabana numa tarde de céu semnuvens na praia de Copacabana.Pois o show do Live Earth noBrasil começou por volta das 16h.

Xuxa abriu o evento com cri-anças representando bichinhos ebandeiras brancas da paz. Antesde cantar um pot-pourri comsucessos como Ilariê e Xuxalelê,a apresentadora deixou seu reca-do em prol da ecologia. “Todosnós somos culpados. Vocês achamque eu não faço nada de errado?Estamos levando uma vida dedesperdício, de água, papel, ener-gia e muitas outras coisas”, disseXuxa. Ao final da breve apresen-tação, a loura completou: “Esseshow não é dos americanos, esseshow é do nosso planeta. Esseshow é para a gente reaprender aviver e viver melhor . Que a gen-te consiga resolver isso da melhorforma: juntos.”

Na véspera, Xuxa participoudo lançamento do evento, noCopacabana Palace, ao lado do exvice-presidente norte-americanoAl Gore. Na ocasião a apresenta-dora comentou a iniciativa: “Acheifantástico o que acabei de ouvir.Sempre acreditei que não se che-ga sozinho a lugar nenhum. Aolongo de 23 anos trabalhando paracrianças, percebi que a saúde dacriança e da natureza se encaixam.Vejo que tenho muito o queaprender. A gente sempre acha queos outros é que têm que fazer.Hoje de manhã, quando fui esco-var os dentes, a Sasha fechou atorneira. ‘Mãe, pare de gastar água’.Somos o 4º país em destruição dacamada de ozônio. Esse evento é“dar um grito”, mas o que maispodemos fazer? Fico feliz em es-tar engajada. Não consigo falar oque vocês, adultos, gostariam deouvir, mas as crianças, que são ofuturo, me entendem e me res-peitam. Tô fora de mudar a cabe-ça dos adultos, mas estou dentrodessa causa. Vou continuar colo-cando sementinhas no coração dascrianças. Pode deixar comigo. Tudobem que eu acredito em duendee Papai Noel, mas também acre-dito nisso. Sei que a gente vai che-gar lá, afirmou a Rainha dos Bai-xinhos.”

O apresentador Serginho Grois-man falou sobre consciência am-biental e anunciou GuilhermeArantes, que interpretou a música“Planeta água”. Depois foi a vezdos atores Cristiane Torloni e Vic-tor entrarem em cena para anun-ciar os meninos do Jota Quest, que

Foto de Marcos Faber cantou “Até onde vai” e “Alémdo horizonte”, entre outros hits.

Astrid Fontenelle e MuriloRosa pediram para as pessoas tro-carem o carro por uma bicicleta.“Se todo mundo no Rio usasse,durante oito dias, bicicleta ao in-vés de carro nós reduziríamos 100mil toneladas de gás carbônico”,disse Murilo a Astrid, que brin-cou. “ Nossa é por isso que vocêestá com esse corpão, você estáandando muito de bicicleta”, afir-mou Astrid olhando o ator de cimaa baixo. “É gente vamos acabar coma poluição. Eu sou da época quese caçava tatuí na praia de Copa-cabana para comer com arroz. Va-mos dar carona também para aspessoas, quem sabe as moças nãoconhecem um gato maravilhoso

por aí”, completou a apresentadora.A contribuição dos famosos na

luta pela preservação da naturezanão se resume só a participaçãono Live Earth. “Eu comprei umaterra pequena na chapada dos ve-adeiros e consegui pelo Ibama, queninguém faça nenhuma alteraçãonessa área nos próximos oitentaanos”, disse Maria Paula, do Cas-seta & Planeta. “Eu economizoágua e energia”, contou MarianaXimenez outra apresentadora danoite. “E eu comprei uma bici-cleta para andar no Rio para nãopoluir o ambiente”, disse AstridFontenelle.

A última atração nacional nopalco do Live Earth no Brasil, Jor-ge Benjor pediu ao público, “Pro-tejam a Terra, pelo amor de Deus”.

Cantor, que cultiva 500 espéci-es de orquídeas, conta ser apaixo-nado por essa flor rara e diz quequer conhecer produtores na 3ªOrquivárzea, em Várzea Paulista

Há cerca de seis anos Leninese tornou um apaixonado por or-quídeas. Foi num sítio que com-prou, na Serra das Araras (RJ) queo cantor, compositor, arranjador,músico e produtor começou aobservar as flores que brotavam emuma das árvores. “Eram duas cata-setum. Tirei foto e corri pesquisarno Google”, relembra.

Hoje Lenine se define como“orquidoido”. Fala com muitoconhecimento sobre o cultivodessa planta tão rara. “Tenho maisde 500 espécies em meu sítio. Es-colhi as tropicais, que gostam demuita luz e água. São flores raras,mas que duram muito tempo. Pre-cisa judiar demais para matar essaflorzinha”, explica.

Em seu site oficial, o cantormostra fotos de seu orquidário.Dentre as várias espécies ele cul-tiva cattleias, encyclias, phalaenop-sis, entre outras.

Lenine se apresenta na 3ª Or-quivárzea no dia 1 de setembro,

Orquídeas: a paixão de Leninejunto com o amigo Zé Geraldo.“Como orquideiro e orquidoido,vai ser uma possibilidade de co-nhecer os produtores de VárzeaPaulista e da região. Já ouvi muitosobre o Biorchids e sei que se tra-ta do maior matrizeiro do país”,disse, se referindo ao maior orqui-dário de Várzea Paulista.

“Como músico, acho importan-te que os governos ofereçam essaoportunidade de levar música degraça para o povo. E eu vou tertambém a possibilidade e a fun-ção social de dar meu depoimen-to sobre o que penso. Sobre o quevejo”, reflete. Questionado sobrese já teria composto alguma músi-ca para as orquídeas, ele brinca.“Não confundo prazer com tra-balho”.

A escolha de Lenine e Zé Ge-raldo para a festa das orquídeas emVárzea tem recebido elogios dapopulação e de muitos músicos daregião. “Acho importante que seofereça arte de qualquer maneira.O Brasil é continental. Todas asmúsicas são verdadeiras. O Brasildeve conhecer o Brasil. Porquetudo o que compreende o Brasilé bom”, conclui.

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Amigos do Planeta

O ator Marcos Palmeira repre-senta um papel muito importan-te fora dos palcos. Sua militânciaem prol do meio ambiente já lherendeu os títulos de Ecocidadãopela ONU e Guardião da Flores-ta pelo Greenpeace. É dono tam-bém da Fazenda Vale das Palmei-ras, em Teresópolis, onde cultivacerca de 35 tipos de hortaliças ecriação de animais em projeto quese preocupa com o meio ambi-ente. Ele se apaixonou pela agri-cultura orgânica há cerca de oitoanos, quando adquiriu a fazendade 150 hectares em Teresópolis.“Percebi que havia alguma coisaestranha porque os trabalhadoresnão queriam levar para casa ascoisas que produziam na terra”,lembra. Foi então que ele desco-briu – e se encantou com – asnovas técnicas de cultivo que pro-curam respeitar as característicasdo ecossistema onde estão sendointroduzidas. Hoje, além de plan-tações, ele tem uma fábrica deprocessamento de verduras e le-

gumes e um galpão onde sãoembalados os produtos vendidosin natura. Em suas terras, mantém100 cabeças de gado e 120 gali-nhas criadas soltas pelos pastos,tratados com homeopatia. “Aquitodo mundo é livre”, afirma Ele-ni Campos, gerente da fazenda.Na Vale das Palmeiras, porcos, ga-linhas, cavalos e vacas convivemno mesmo espaço, coisa que dei-xaria de cabelo em pé um fazen-deiro convencional. O aspecto dasplantações também é diferente. Ahorta orgânica não tem uma apa-rência tão asséptica e organizadaquanto a da tradicional. Não secostuma tirar todo o mato do ter-reno. “A nossa alface é que estáinvadindo o ecossistema”, dizÂngela Thompson, do Sítio doMoinho. A diversidade e a rota-ção de culturas são outros pon-tos-chave para manter em baixao risco das pragas. “A praga é umsinal de desequilíbrio”, ensinaFábio Ramos.

Acabamos de comemorar omenor desmatamento da Flores-ta Amazônica dos últimos trêsanos: 17 mil quilômetros quadra-dos. É quase a metade da Holan-da. Da área total já desmatamos16%, o equivalente a duas vezes aAlemanha e três Estados de SãoPaulo.

Não há motivo para comemo-rações. A Amazônia não é o pul-mão do mundo, mas presta servi-ços ambientais importantíssimosao Brasil e ao Planeta. Essa vasti-dão verde que se estende por maisde cinco milhões de quilômetrosquadrados é um lençol térmicoengendrado pela natureza paraque os raios solares não atinjam osolo, propiciando a vida da maisexuberante floresta da terra e au-xiliando na regulação da tempe-ratura do Planeta.

Depois de tombada na suapujança, estuprada por madeirei-ros sem escrúpulos, ateiam fogoàs suas vestes de esmeralda abrin-do passagem aos forasteiros que ahumilham ao semear capim e sojanas cinzas de castanheiras cente-nárias. Apesar do extraordinárioesforço de implantarmos unida-des de conservação como alter-nativas de desenvolvimento sus-tentável, a devastação continua.Mesmo depois do sangue deChico Mendes ter selado o pac-to de harmonia homem/nature-za, entre seringueiros e indígenas,mesmo depois da aliança dos po-vos da floresta “pelo direito demanter nossas florestas em pé,porque delas dependemos paraviver”, mesmo depois de inúme-ras sagas cheias de heroísmo, mortee paixão pela Amazônia, a devas-tação continua.

Como no passado, enxergamosa Floresta como um obstáculo aoprogresso, como área a ser venci-da e conquistada. Um imenso es-toque de terras a se tornarempastos pouco produtivos, camposde soja e espécies vegetais paracombustíveis alternativos ou en-tão uma fonte inesgotável demadeira, peixe, ouro, minerais eenergia elétrica. Continuamos umpovo irresponsável. O desmata-mento e o incêndio são o sím-bolo da nossa incapacidade decompreender a delicadeza e a ins-tabilidade do ecossistema amazô-

CARTA ABERTA DE ARTISTASBRASILEIROS SOBRE A

DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA

Coluna do JC Moreira

nico e como tratá-lo.Um país que tem 165.000 km2

de área desflorestada, abandona-da ou semi-abandonada, podedobrar a sua produção de grãossem a necessidade de derrubaruma única árvore. É urgente quenos tornemos responsáveis pelogerenciamento do que resta dosnossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, comoúnico procedimento cabível paradesacelerar os efeitos quase irre-versíveis da devastação, segundoo que determina o § 4º, do Arti-go 225 da Constituição Federal,onde se lê:

“A Floresta Amazônica é pa-trimônio nacional, e sua utiliza-ção far-se-á, na forma da lei, den-tro de condições que assegurema preservação do meio ambi-ente, inclusive quanto ao uso dosrecursos naturais”

Assim, deve-se implementarem níveis Federal, Estadual eMunicipal A

INTERRUPÇÃO IMEDI-ATA DO DESMATAMENTODA FLORESTA AMAZÔNI-CA. JÁ!

É hora de enxergarmos nos-sas árvores como monumentosde nossa cultura e história.

SOMOS UM POVO DAFLORESTA!

Mais informações sobre aCampanha: AMAZÔNIA PARASEMPRE - Idealização e Projeto- CHRISTIANE TORLONI -c t o r l o n i @ a m a z o n i a p a r asempre.com.br - VICTOR FA-SANO - - [email protected]

Texto: JUCA DE OLIVEIRA- j o l i v e i r a @ a m a z o n i aparasempre.com.br - Endereçopara Correspondências: CAIXAPOSTAL 90.301 CEP 25.620-971

Marina Person filiou-se re-centemente ao Greenpeace Elba Ramalho sempre este-

ve envolvida em projetos benéfi-cos a pessoas com poucas condi-ções financeiras, e também temdefendido o meio ambiente. Re-centemente, subiu ao palco mon-tado no Paço Municipal deMauá, em São Paulo, para animara edição do Acorde para o MeioAmbiente, que lembra à popula-ção da importância de preservara natureza.

Gisele Bündchen lançoucampanha em defesa das nascen-tes do Rio Xingu - ameaçadaspelo desmatamento em suas ca-beceiras – depois de uma viagemao local em 2004, quando aindanamorava o ator LeonardoDiCaprio,outro bem conhecidopor lutar pela preservação do meioambiente. No seu site www.giselebundchen.com.br os fãs da mo-delo recebem informações am-bientais e dicas de educação am-biental.

As VJs Didi Wagner e MarinaPerson se filiaram ao Greenpeacee fizeram fotos com a camisetaoficial e, a partir de agora, irão aju-dar a divulgar a filosofia e as cau-sas da entidade internacional. Ma-rina Person já simpatizava com oGreenpeace há muito tempo.“Desde antes de eles virem para oBrasil, na época da campanha afavor das baleias. No meu dia-a-dia, sou uma pessoa preocupadacom as questões ecológicas. Eureciclo lixo em casa e uso produ-tos que não agridem ou agridemmenos o meio ambiente”.

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Sustentabilidade

Fazenda marinha: além de fontede renda para pescador podeajudar na preservação ambiental

U

O Instituto de Ecodesenvolvi-mento de Ilha Grande (Rio deJaneiro) tenta conscientizarpescadores sobre os benefíciosda malacocultura, cujo negóciodepende da saúde ambiental domar. No primeiro sinal depoluição da água, os própriospescadores reagem e denunci-am ao poder estabelecido naregião que algo está errado,além de exigir das autoridadesiniciativas no sentido deimplantar sistemas de tratamen-tos de esgotos. A preservaçãodo meio ambiente aumenta namesma proporção da implanta-ção do número de fazendasmarinhas, pois elas funcionamcomo atratores de peixes ecamarões, os quais procuram oslocais de cultivo para seprotegerem, na opinião doInstituto.

foto: VB

Por Heloisa Dallanhol*

ma nova fonte derenda pode ajudar aquem antes dependiasó da pesca a ganhar

mais e ainda preservar o meioambiente. O cultivo de uma es-pécie nativa de vieiras em fazen-das marinhas tem vantagens adi-cionais: estimular a gastronomiae até o turismo em Santa Catari-na, pois somente neste estado eno Rio de Janeiro cultivam-se osmoluscos internacionalmenteconhecidos pela denominação“coquille de Saint-Jacques”.

Os franceses não só o batiza-ram, como fizeram dele um qui-tute – incluindo também a ovaem seus pratos. Por sua vez, osjaponeses consomem todas aspartes internas das vieiras, en-quanto os norte-americanos pre-ferem somente um músculo quese resume a menos de 10 gramasdo peso total do molusco (entre70 e 200 gramas). Além de pe-queno, o animal existe na natu-reza em pontos isolados do pla-neta, geralmente em pouca quan-tidade, e coletá-lo para vendapoderia causar sua extinção.

O único modo de aproveita-mento econômico dessa iguariaé a aqüicultura. No ano passadoforam produzidas quase 24 milunidades, principalmente nos ar-redores de Florianópolis (11.508),Porto Belo (8 mil), Penha (2.250),São José (1.500) e Balneário Cam-boriú (480). “A atividade de cul-tivo de vieiras está apenas inici-ando em Santa Catarina, e deacordo com os resultados quetemos até agora, as perspectivassão as melhores possíveis”, anali-sa Guilherme Sabino Rupp, pes-quisador da Empresa de Pesqui-sa Agropecuária e Extensão Ru-ral de Santa Catarina (Epagri).“Os produtores estão entusias-mados”.

É o que confirma o dono daempresa Ostraviva Comércio deMariscos, Rafael Westphal. Eleemprega 8 trabalhadores no Ri-beirão da Ilha, em Florianópolis,e fala da empolgação da equipe:“A gente está vendo que a pro-dução é viável”. Westphal entre-ga aproximadamente 180 vieiraspor semana para compradorespaulistas, ao custo de 50 reais pordúzia - 15 a 30 reais a mais do

que o preço obtido por competi-dores limitados às vendas locais.

A longo prazo, sua ambição éexportar o produto industrializa-do - in natura não seria possível,por causa da legislação que proí-be importar ou exportar qualqueranimal vivo. “Congelado, ele é bemaceito no mercado”, pondera, lem-brando que diversos viajantes pa-gam 82 reais para levar, do aero-porto da capital, bandejas com trêsvieiras importadas do Chile pré-cozidas e congeladas. “Elas sãomuito apreciadas pelos chefs decozinha e tem tudo para ser umdiferencial da gastronomia local.”

PioneirismoA exemplo do que ocorreu

com a ostra, cujo cultivo na Ilhade Santa Catarina originou inclu-sive um festival gastronômico anu-al, a Fenaostra, as fazendas mari-nhas de vieira podem crescer e semultiplicar, caso prossiga a aplica-ção de verbas em estudos, comoos conduzidos pela Epagri, Uni-vali (Universidade do Vale do Ita-jaí) e UFSC (Universidade Fede-ral de Santa Catarina).

“É interesse da Fapesc apoiaresse projeto pois é uma atividadeque ainda há aspectos tecnológi-cos não totalmente dominados”,explica Zenório Piana, diretor dePesquisa Agropecuária da Funda-ção de Apoio à Pesquisa Científi-ca e Tecnológica do Estado deSanta Catarina.

A Fapesc investe não só empesquisas sobre cultivo de vieiras,mas também de mariscos e ostras,por meio do projeto Geração eTransferência de Tecnologia emMalacocultura (produção de mo-luscos), em parceria com o CNPq(Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológi-co) e a Finep (Financiadora Naci-onal de Estudos e Projetos). “Te-mos de aplicar recursos em ativi-dades que dêem retorno social”,diz Piana.

Tal suporte econômico resul-tou na produção de 14.900 tone-ladas de ostras, mariscos e vieirasno Brasil em 2005, segundo dadosda Secretaria Especial de Aqüicul-tura e Pesca (SEAP). Quase 95 %deste volume veio de Santa Cata-rina. O estado inclusive foi pio-neiro na malacocultura brasileira

em escala empresarial. Atualmen-te, 14 municípios litorâneos ge-ram moluscos, por meio de 767produtores, organizados em 18associações e quatro cooperativas,de acordo com a Epagri.

O mexilhão Perna perna con-tinua sendo a espécie mais co-mum nas fazendas marinhas lo-cais, porém a UFSC também pes-quisa a produção de sementes deostras e vieiras. O estado dispõede baías e regiões protegidas defortes ondas, correntes e marés, oque propicia a instalação de es-truturas a custos relativamentebaixos. Além disso, o territóriocatarinense fica perto da regiãomais populosa do país, o sudeste– com quase 100 milhões de ha-bitantes –, o que representa umgrande mercado consumidor empotencial. A isso se soma a proxi-midade com nações do Merco-sul, atualmente atendidas pelasvieiras cultivadas no Chile.

Em âmbito mundial, há que sevencer a competição com a Chi-na, maior produtor do moluscono planeta, ganhando até do Ja-pão, segundo Guilherme BúrigoZanette, engenheiro de aqüicul-tura com mestrado na mesma área,realizado na UFSC. “O Brasil che-gou a exportar outra espécie na-tiva de vieira, mas pela intensaextração, os bancos ficaram escas-sos e ocorreu o colapso total daatividade.”

Cultivo contribui paralimpeza do mar

Também conhecida como“pata de leão” ou “concha daShell” - devido à forma similar aologotipo da multinacional –, aespécie Nodipecten nodosus apa-rece naturalmente em pontos iso-lados da Colômbia, do Brasil, daVenezuela e do Caribe, na maio-ria em ilhas costeiras. A despeitode sua raridade, o animal é caça-do e vendido a preços exorbitan-tes. O problema é ainda piorquando criminosos coletam viei-ras nos ambientes que mais pre-cisam ser mantidos intactos.

Esse é o caso da Reserva Bio-lógica Marinha do Arvoredo, lo-calizada a 11 quilômetros da Ilhade Santa Catarina, onde está ve-dado qualquer tipo de caça oupesca. Isso não impede a captura

clandestina de vieiras. Como ine-xistem estudos e ações eficientesde fiscalização, ninguém se atrevea dizer quantos indivíduos sobra-ram na região. “O que posso afir-mar é que em outras ilhas, comoo Xavier, encontrávamos vieiras nopassado. Entretanto, em mergulhosrecentes para avaliação da popu-lação, não encontrei nenhumexemplar”, afirma GuilhermeRupp, que também é membro doConselho Consultivo da Reservado arvoredo.

“Se parar a extração logo, osestoques devem se recompor, ain-da que estejam bem reduzidos”,acredita o produtor Rafael Wes-tphal, cujo trabalho final no cur-so de aqüicultura da UFSC anali-sou a taxa de sobrevivência devieiras na baía sul de Florianópo-lis e descobriu que ela morremenos do que as ostras, por exem-plo, porque é nativa da área e está

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Sustentabilidade

carioca Luiz ClaudioMarigo, um dos mai-ores mestres da foto-grafia de natureza,

prepara workshop sobre o assun-to, tendo como cenário um deseus locais prediletos para foto-grafar: a Reserva de Desenvolvi-mento Sustentável Mamirauá,localizada no coração da Ama-zônia.

O workshop acontece na se-mana de 7 a 14 de outubro, du-rante a estação da seca. Com ummenor volume de água, os ani-mais se concentram à beira doslagos e rios e a paisagem ofereceum verdadeiro espetáculo deplantas, peixes, jacarés, macacos(guaribas, macacos de cheiro euacari branco), aves e até onças.As trilhas são planas e as cami-nhadas leves duram cerca de 2horas. À noite o passeio de voa-deira para a avistagem de jacarésleva 1 hora.

Aos 54 anos, 32 deles dedica-

dos à fotografia de natureza,Marigo já publicou em 15 paísese teve suas imagens nas princi-pais revistas especializadas, comoNational Geographic, NaturalHistory, International Wildlife,BBC Wildlife. O "Wildlife Pho-tographer of the Year" foi o prin-cipal prêmio que recebeu. Tam-bém publicou diversos livros noBrasil, tendo com parceiros au-tores como Jorge Amado, CarlosDrummond de Andrade e Thia-go de Mello.

Além de aprender muito so-bre fotografia, está é uma exce-lente oportunidade de se hospe-dar em um dos melhores hotéisde floresta e conhecer a rica bio-diversidade da várzea amazôni-ca, acompanhado por um espe-cialista conhecedor das espécies.

Maiores informações no en-dereço: www.lcmarigo. com.br/workshop

Fotos: Luiz Claudio Marigo

Workshop de Fotografia no Mamirauá

bem adaptada às condições am-bientais do lugar. Posteriormen-te, abriu uma empresa no Ribei-rão da Ilha e incluiu a vieira nocardápio de novidades gastronô-micas. “Hoje tenho mil dúziasprontas para o comércio e maisalguns lotes em desenvolvimen-to”, comemora.

Mais de uma década depesquisas

O êxito que 50 produtorescomemoraram em 2006, quandoo cultivo comercial da vieira teveinício em Santa Catarina, deve-sea estudos iniciados há mais de

13 anos. Anteriormente pes-quisadores de outros países só ti-nham investigado a viabilidade

econômica de se produzir outrasespécies, geralmente em águas fri-as, mas nada tinham feito sobre aespécie tropical que ocorre emnossas águas.

“Na verdade, as pesquisas emrelação à produção de sementesda vieira Nodipecten nodosus emlaboratório, começaram como par-te da minha dissertação de mes-trado, em 1993”, diz GuilhermeRupp, do Centro de Desenvolvi-mento em Aqüicultura e Pesca daEpagri (CEDAP). “Nesse trabalho,pela primeira vez foi obtido su-cesso na produção de sementesem laboratório, abrindo belas pers-pectivas em relação ao cultivo des-sa espécie. A partir daí, temos rea-lizado várias pesquisas em diversas

etapas do ciclo reprodutivo.”O cultivo integral da vieira

compreende várias etapas: obten-ção e maturação de reproduto-res, desova, larvicultura, assenta-mento e metamorfose, cultivoberçário, cultivo intermediário ecultivo final ou engorda. “En-quanto não tivéssemos conheci-mentos sobre todas estas etapas euma produção de sementes emquantidades adequadas, tratamosde não estimular o desenvolvi-mento da atividade, para evitar-mos frustrar expectativas dos pro-dutores”, pondera Rupp.

Muitos produtores têm apos-tado na diversificação de suas ati-vidades, mesmo que continuemvendendo mais mariscos que

qualquer outro molusco.”Hoje ocarro-chefe é o mexilhão, pelovolume de produção que alcan-ça”, explica o chefe do CEDAP,Francisco Manoel de OliveiraNeto. O passo seguinte é conse-guir exportar parte da produção,mas isso não depende apenas dospesquisadores. “É uma priorida-de do governo federal e do esta-dual garantir a segurança do con-sumidor e a competitividade anível exterior. Temos todo ummercado aberto.”

* jornalista com doutorado li-gado a biologia marinha e traba-lho na Fapesc ([email protected] ]

O

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Jornalismo Ambiental

Abertas as inscrições de oficinas etrabalhos científicos para o 2º. CongressoBrasileiro de Jornalismo Ambiental

A

Propostas devem serencaminhadas até 1º. desetembro à comissãoorganizadora. Tambémpodem ser inscritos casese palestras para aprogramação paralela.

comissão organizado-ra do 2º. CongressoBrasileiro de Jornalis-mo Ambiental infor-

ma que está recebendo sugestõesde oficinas, palestras e cases paraa programação paralela no Plena-rinho do evento, programado paraacontecer nas dependências daReitoria da Universidade Federaldo Rio Grande do Sul.

As propostas devem ser forma-lizadas e enviadas pelo e-mail docongresso [email protected] com título, tema, entida-de promotora, ministrante/pales-trante, infra-estrutura necessária,contatos para confirmação (e-maile telefones) e um resumo da ati-vidade proposta.

Se as sugestões excederem ohorário disponível no local seráfeita uma seleção pela comissãoorganizadora. Uma preocupaçãoda organização é evitar o excessode atividades simultâneas, queconcorram entre si e dificultemo comparecimento dos partici-pantes do congresso.

Trabalhos CientíficosO congresso também abrirá

espaço para apresentação de tra-balhos científicos desenvolvidospor professores, pesquisadores,estudantes e profissionais de co-municação participantes do even-to.

Serão selecionados 20 trabalhosa serem apresentados pelo(s)autor(res) em horário a ser infor-mado pela Comissão Organizado-ra. Os trabalhos acadêmicos serãoapresentados nas tardes do dia 11e 12 de outubro no Salão de Atosda Universidade Federal do RioGrande do Sul (UFRGS) – SalaII.

O autor deve encaminhar o

texto completo, que deve conterentre 20 mil e 35 mil caracteres(com espaço), já inclusas as refe-rências bibliográficas. São obriga-tórios os seguintes itens: título,resumo de até 10 linhas, 5 pala-vras-chave, resumo do currículodo autor em até 3 linhas (inclu-indo sua vinculação institucional).

Os trabalhos serão recebidosde até o dia 1º. setembro de 2007,através do [email protected] . Nãohaverá prorrogação de prazo e nãohá taxa específica para apresenta-ção dos trabalhos.

Grandes conferênciasAs manhãs estão reservadas

para as conferências a respeito dosgrandes temas ambientais do mo-mento, no auditório principal daReitoria da Ufrgs, ficando as tar-des para as discussões específicasdo jornalismo ambiental, outrostemas de meio ambiente, a apre-sentação de trabalhos científicos,vídeos, filmes e as oficinas, casese palestras.

Também haverá uma área deexposições e estandes para asONGs, entidades e instituiçõesinteressadas. Mais detalhes podemser conferidos no site do Con-gresso: www.cbjca2007.com.br .

Mais informações: EcoA-gência Solidária de NotíciasAmbientais - Núcleo de Eco-jornalistas do RS [email protected] /www.ecoagencia.com.br

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Manifesto de Repúdio

O Massacre dosBotos no Amapá

Por Marcelo Szpilman*

m mais um flagrantedesrespeito à Nature-za, vemos a ganânciahumana sobrepujando

a dignidade. Mais uma vez cons-tatamos que quando há falta deeducação e de bom-senso não sepode ter consciência ambiental.A crueldade e a covardia perpe-tradas contra os animais, algo inad-missível nos tempos atuais, conti-nuam a ocorrer ao redor do mun-do e no Brasil.

Em julho, o Fantástico, daRede Globo, mostrou cenas cho-cantes de pescadores no litoral doAmapá capturando 83 botos,mortos após terem seus olhos edentes arrancados. Se a motiva-ção para a captura dos botos fos-se o consumo da carne, ainda quealtamente discutível e desneces-sário, faria algum sentido, mas nãofoi por isso. Foi pela tradição epela crença de que os olhos e osdentes dos botos e golfinhos são“amuletos” com poderes especi-ais.

É a antiga e imbecil crendicepopular motivando a morte de

animais para a obtenção de par-tes de seu corpo para produzirprodutos cujos benefícios apre-goados não têm qualquer funda-mento antropológico, social oucientífico válido e comprovado.Gananciosamente, mata-se o ani-mal para obter uma parte valiosae muito rentável de seu corpo,descartando-se todo o resto.

São aberrações predatórias ecriminosas que demonstram ototal desprezo pela vida de outroser vivo. É a mesma crendice quegera a caça para obtenção dasbarbatanas dos tubarões, pênis detigres, patas de gorilas, olhos deprimatas e chifres de rinoceron-tes. Supostos efeitos curadores ouafrodisíacos geram perseguições epráticas pertubadoras insustentá-veis que tendem a levar essas es-pécies à extinção.

Recebi essa semana um e-maildenunciando um documentárioque mostrava um facão em for-mato de roda cortando os pés decavalos vivos. Não é muito dife-rente das raposas, na Rússia, e dasfocas, no Canadá, escorchadas ain-

da vivas ou dos tubarões que têmsuas nadadeiras extirpadas e sãodevolvidos vivos ao mar. Indepen-dente da questão moral-econô-mica-ecológica, as imagens san-grentas depõem contra qualquerargumento plausível a favor damatança onde a crueldade é ab-solutamente desnecessária.

Como advertiu o filósofo in-glês Edmund Burke (1729-1797):“A única coisa necessária para queo mal triunfe é que os bons ho-mens nada façam”.

Não se cale diante das atro-cidades contra os animais! Pro-teste! Dê seu apoio às causasambientais e aos projetos eco-lógicos! Instituto EcológicoAqualung

Rua do Russel, 300 / 401, Gló-ria, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010| Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030 | Fax: (21)2556-6006 ou 2556-6021 | E-mail: [email protected]

Site: www.institutoaqualung.com.br

*Marcelo Szpilman, BiólogoMarinho formado pela UFRJ,

com Pós-Graduação Executivaem Meio Ambiente (MBE) pelaCOPPE/UFRJ, é autor do livroGUIA AQUALUNG DE PEI-XES, editado em 1991, de suaversão ampliada em inglês AQUA-LUNG GUIDE TO FISHES, edi-tado em 1992, do livro SERESMARINHOS PERIGOSOS, edi-tado em 1998/99, do livro PEI-XES MARINHOS DO BRASIL,editado em 2000/01, do livroTUBARÕES NO BRASIL, edi-tado em 2004, e de várias maté-rias e artigos sobre a natureza,ecologia, evolução e fauna ma-r inha publicados nos últimosanos em diversas revistas e jor-nais e no Informativo do Insti-tuto. Atualmente, Marcelo Sz-pilman é diretor do InstitutoEcológico Aqualung, Editor eRedator do Informativo do ci-tado Instituto, diretor do Pro-jeto Tubarões no Brasil (PRO-TUBA) e membro da ComissãoCientífica Nacional (COCIEN)da Confederação Brasileira dePesca e Desportos Subaquáticos(CBPDS).

E

Animais

Faculdade de Medicina do ABC é a primeira no País aproibir experimentação com animais vivos na graduaçãoPrática é proibida por lei,porém comum em todo o País

A Faculdade de Medicina daFundação do ABC proibiu o usode qualquer animal vivo nasaulas de graduação. Portaria emvigor desde 17 de agosto coloca ainstituição como primeira no Paísa abolir completamente essa prá-tica, que agora fica liberada somen-te para pesquisas inéditas, com re-levância científica e previamenteaprovadas pelo CEEA - Comitêde Ética em Experimentação Ani-mal da FMABC.

Apesar de comum em faculda-des e universidades com graduaçõesem saúde, a experimentação ani-mal é proibida por lei “sempre queexistirem recursos alternativos”. NosEstados Unidos, instituições de re-nome como Harvard, Yale, Stanforde Mayo Medical School há tem-pos não utilizam animais no ensinomédico. “Existe movimento mun-dial para substituição do uso de ani-mais na graduação por outros mo-

delos. Atendemos solicitações dediversos docentes e alunos e resol-vemos tentar, para posteriormentetermos opinião definitiva. Quantoà pesquisa, as práticas continuaminalteradas. Nesse caso, até que seprove o contrário, o modelo ani-mal é insubstituível”, explica o Di-retor da Faculdade de Medicina doABC, Dr. Luiz Henrique Paschoal.

A substituição de animais pormétodos alternativos chega a 71%em instituições de ensino superi-or da Itália. Além disso, 68% dasescolas médicas norte-americanasnão usam animais em cursos defarmacologia, fisiologia ou cirur-gia. “Usar animais vivos é práticacruel e desestimula o aluno. O es-tudante de graduação aprende eincorpora informações sem neces-sidade de subjugar outro ser vivo”,acrescenta a professora da FMA-BC e membro do CEEA, Dra.Odete Miranda.

As alternativas para substituiçãode animais vivos vão desde softwa-

res (programas de computador) ebonecos até auto-experimentação,uso de animais quimicamente pre-servados e incorporação dos cur-sos básicos à prática clínica – quan-do o aluno passa a aprender comcasos reais, em seres humanos.“Nossa missão é formar médicoshumanos, mais envolvidos com opaciente e sensíveis à dor do pró-ximo. Evitar que o aluno seja co-adjuvante da morte ou do sofri-mento de animais melhora oaprendizado, pois elimina o estres-se do sentimento de culpa, alémde incentivar a valorização e o res-peito por toda forma de vida. Issocertamente será refletido na rela-ção médico/paciente após a for-mação acadêmica”, completa Dra.Nédia Maria Hallage, professora daFMABC e membro do Comitê deÉtica em Experimentação Animal.

Para a Dra. Odete Miranda, acontinuidade da experimentaçãoanimal no País tem como princi-pais motivos tradição e resistência

a mudanças, desconhecimento demétodos substitutivos e atraso tec-nológico: “O Brasil está quase doisséculos atrás de países europeus edos Estados Unidos”, garante. Emrelação à economia, a Dra. NédiaMaria Hallage considera mito acharmais barato a morte de animais: “Écomum pensar que matar animaissai mais barato que investir em tec-nologia alternativa. Para utilizaranimais no ensino é necessáriamanutenção ética, que implica emalimentação digna, funcionárioshabilitados, controle de zoonosese estrutura própria no biotériopara cada espécie. No caso do in-vestimento em bonecos ou sof-twares, são todas técnicas duráveis,que abrangem maior número dealunos e que substituem animaisem diversos temas de aulas”, com-pleta Dra. Nédia.

Mais informações: MP & RossiComunicações - (11) 4992-6379 /8163-5265 - www.mprossi.com.br

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rasília, 08 de agosto de2007. Ao Excelentís-simo Senhor Presiden-te da República Luis

Inácio Lula da Silva, Aos Exce-lentíssimos senadores e deputa-dos federais,

Na semana em que as explo-sões das bombas nucleares sobreas cidades japonesas de Hiroshi-ma (6 de agosto de 1945) e Na-gasaki (9 de agosto de 1945), com-pletam 62 anos, a sociedade civilbrasileira manifesta-se em repú-dio à intenção do governo fede-ral de expandir o Programa Nu-clear Brasileiro.

Lembramos que as bombas atô-micas lançadas sobre o Japão cau-saram mais de 300 mil mortes. Atecnologia empregada nestas ar-mas atômicas foi fruto do conhe-cimento adquirido com o pri-meiro reator nuclear do mundo,o Chicago Pile 1. Desde então, autilização da energia nuclear semultiplicou: centenas de reatorese milhares de bombas atômicasforam construídos em vários paí-ses.

No Brasil, historicamente, arelação entre o uso da energianuclear para fins energéticos epara fins militares também é mui-to estreita. O Programa NuclearBrasileiro surgiu durante a dita-dura militar e até hoje atendedemandas de alguns setores dasforças armadas. Um episódio em-blemático desta relação foi a des-coberta, em 1986, de uma perfu-ração de 320 metros de profun-didade em uma base da Aeronáu-tica na Serra do Cachimbo, noPará. Com todas as característicasde um local para teste de bom-bas atômicas, até hoje este fatonão foi devidamente explicado.Coincidência ou não, o atual pre-sidente da Eletronuclear, Almiran-te Othon Pinheiro, era o respon-

Dia de Hiroshima

Greenpeace e SOS MataAtlântica enviam carta aoPresidente Lula contra o nuclear

sável pelo Programa Nuclear Pa-ralelo, responsável pela tal perfu-ração. Aliás, a falta de transparên-cia e de debate público continuasendo a marca registrada do setornuclear no país.

Outro fator de extrema preo-cupação é que o Estado brasilei-ro está longe de ter a estruturanecessária para garantir a seguran-ça das atividades e instalaçõesnucleares. Relatório da Comissãode Meio Ambiente e Desenvol-vimento Sustentável da Câmarados Deputados publicado em2006 apontou graves falhas na fis-calização e monitoramento dosetor nuclear no Brasil, destacan-do, entre outros problemas, a du-plicidade de funções da CNEN(Comissão Nacional de EnergiaNuclear). A CNEN atua, ao mes-mo tempo, como Requerente,Operadora, Prestadora de Servi-ços, Licenciadora e Fiscalizadorade si própria. Vale lembrar que,em setembro, completam-se 20anos da contaminação com Cé-sio 137 em Goiânia, que vitimoumilhares de pessoas e ficou co-nhecido como o maior acidenteradiológico do mundo.

Apesar dos renovados esforçosda indústria nuclear em apresen-tar-se como segura, acidentes eminstalações nucleares em diversospaíses continuam a demonstrarque esta tecnologia é perigosa,oferecendo constantes riscos aomeio ambiente e à sociedade. Oexemplo mais recente foi aciden-te pós-terremoto na maior usinaatômica do mundo, localizada emKashiwazaki-Kariwa, no Japão.

Outro problema que continuasem solução no Brasil e no mun-do é o armazenamento do lixoradioativo gerado pelas usinas. Osrejeitos de Angra 1 e 2 estão pro-visoriamente armazenados nasusinas, sem solução definitiva àvista. Angra 3 só agravará esta si-tuação.

É justamente neste contextode falta de debate e insegurançaque o governo federal anuncia aretomada do Programa NuclearBrasileiro, fundamentado em tec-nologias ultrapassadas e que exi-ge enormes investimentos de re-cursos públicos.

Exmo. Sr. Presidente e senho-res deputados: é fato conhecidoque a energia nuclear não garan-te segurança energética ou elimi-na o risco de um apagão. Caso ogoverno realmente decida cons-truir Angra 3, a obra não estaráconcluída antes de 2014 e geraráapenas 1350 MW de energia.Com os mesmos R$ 7,4 bilhõesprevistos para a usina nuclear, épossível gerar o dobro de eletrici-dade a partir dos ventos em, nomáximo, dois anos. Ou seja, umterço do prazo necessário paracolocar Angra 3 em funciona-mento.

Em termos econômicos, inves-tir em eficiência energética trariamuito mais retorno. Um bomexemplo é o Programa Nacionalde Conservação de Energia Elé-trica (Procel), também do gover-no federal, que investiu R$ 850milhões e obteve uma economiade 5.124 MW. Com apenas 12%do custo estimado para Angra 3,

foi disponibilizado o equivalentea quase quatro vezes a capacida-de da usina atômica (1.350 MW).

Países como Alemanha e Es-panha já iniciaram o fechamentodas suas usinas nucleares, ao mes-mo tempo em que aumentamseus investimentos em energiaslimpas e seguras, como eólica esolar. A taxa anual de crescimen-to da indústria de renováveis nomundo, inclusive em países comoChina e Índia, chega aos 35%.Com a abundância de recursosrenováveis disponíveis em terri-tório brasileiro, o aproveitamentodeste potencial é estratégico elógico para o Brasil. Nosso paíspode e deve assumir a vanguardano uso das fontes limpas e reno-váveis de energia.

Os impactos de Hiroshima eNagasaki (Japão), Three Mile Is-land (Estados Unidos), Cherno-byl (Ucrânia), Goiânia, Krümmel(Alemanha) e Kashiwazaki (Japão)não podem ser desconsiderados.A sociedade civil brasileira, querepetidamente repudia a retoma-da do programa nuclear, não podeser desconsiderada. O potencialde energias limpas e renováveis doBrasil não pode ser desconside-rado.

Por todos os motivos detalha-dos acima, nós, entidades abaixo-assinadas, reiteramos nosso com-promisso com um país justo, pa-cífico e renovável e nos coloca-mos, mais uma vez, contrárias àconstrução de Angra 3 e à ex-pansão do Programa Nuclear Bra-sileiro.

Enviada por Guilherme Leo-nardi - Campanha Clima-Energia/ Climate-Energy Campaign Gre-enpeace Brasil - Rua Alvarenga,2.331 - Butantã - 05509-006

São Paulo - SP (11) 3035-1 1 8 5 g u i l h e r m e . l e o n a r d [email protected] / http://www.greenpeace.org.br/

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