revista do meio ambiente 74

32
Brasil é o segundo mais desmata 9772236101004 ISSN 2236-1014 ano IX • agosto 2014 74 país no mundo que revistadomeioambiente.org.br Rodovias: 450 milhões de animais silvestres mortos por ano Epidemia de ebola: emergência de saúde internacional Plantio como compensação de emissões na Copa falhou O nebuloso cenário dos agrotóxicos no Brasil

Upload: rebia-rede-brasileira-de-informacao-ambiental

Post on 03-Apr-2016

225 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Brasil é o segundo país no mundo que mais desmata | Epidemia de ebola: emergência de saúde internacional | Rodovias: 450 milhões de animais silvestres mortos por ano | O nebuloso cenário dos agrotóxicos no Brasil | Plantio como compensação de emissões na Copa falhou

TRANSCRIPT

Page 1: Revista do Meio Ambiente 74

Brasil é o segundo

mais desmata

9772236101004

ISSN 2236-1014

an

o I

X •

ag

ost

o 2

01

4

74

país no mundo que

rev

ista

do

me

ioa

mb

ien

te.o

rg.b

r

Rodovias: 450 milhões de animais silvestres mortos por ano

Epidemia de ebola: emergência de saúde internacional

Plantio como compensação de emissões na Copa falhou

O nebuloso cenário dos agrotóxicos no Brasil

Page 2: Revista do Meio Ambiente 74
Page 3: Revista do Meio Ambiente 74

3

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

Sede e Redação Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - Jurujuba (Cascarejo, Ponta da Ilha) - Niterói, RJ - 24370-290 • Telfax: (21) 2610-2272• [email protected] • CNPJ 05.291.019/0001-58

A instituiçãoA Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) é uma organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e o fortalecimento da Cidadania Sociambiental Planetária, ofertando informações, opiniões, denúncias, críticas, com ênfase na busca da sustentabilidade, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente, entre outros produtos e ações. Para isso, a Rebia está aberta à parcerias e participações que reforcem as sinergias com demais parceiros, redes, organizações da sociedade civil e governos, e também com empresas privadas, que estejam comprometidas com os mesmos propósitos.

Fundador da RebiaA Rebia foi fundada em 01/01/1996, pelo escritor e jornalista Vilmar Sidnei Demamam Berna, que em 2003 recebeu no Japão o Prêmio Global 500 das Organizações das Nações Unidas de Meio Ambiente. • escritorvilmarberna.com.br • (21) 9994-7634

Conselho EditorialA missão da Rebia só se torna possível graças a uma enorme rede de parceiros e colaboradores, incluindo jornalistas ambientais e comunicadores comunitários, e de seus mais de 4.000 membros voluntários que participam dos Fóruns Rebia, democratizando informações, opiniões, imagens, críticas, sugestões e análises da conjuntura, um rico conteúdo informativo que é aproveitado para a atualização diária do Portal e para a produção da Revista. São estes colaboradores que representam o Conselho Editorial e Gestor da Rebia, participando ativamente no aperfeiçoamento e na divulgação do Projeto.

A Rebia na web • Facebook: facebook.com/rebia.org.brFórum Rebia Sul: facebook.com/groups/rebiasul/Fórum Rebia Sudeste: facebook.com/groups/rebiasudeste/Fórum Rebia Centro-Oeste: facebook.com/groups/rebiacentrooeste/Fórum Rebia Nordeste: facebook.com/groups/rebianordeste/Fórum Rebia Norte: facebook.com/groups/rebianorte/• Twitter: twitter.com/pmeioambiente• Linkedin: www.linkedin.com/company/rebia---rede-brasileira-de-informacoes-ambientais?trk=hb_tab_compy_id_2605630• RSS: www.portaldomeioambiente.org.br/component/injarsssyndicator/?feed_id=1&format=raw

Coordenadas GPS da Rebia: -22.929432, -43.111917

Revista ‘Neutra em Carbono’prima.org.br

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas veiculados através dos veículos de comunicação da Rebia expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Para acessar a Revista do Meio Ambiente online ao vivo com o código QR é só escanear o código e ter acesso imediato. Se não tiver o leitor de QR basta abaixar o aplicativo gratuito para celulares com android em http://bit.ly/16apez1 e para Iphone e Ipads em http://bit.ly/17Jzhu0

A vida é uma viagem com dois momentos comuns a todos:

O que acontece, no meio, são variáveis e incertezas

por VILMAR SIdNEI dEMAMAM BERNA*

e,quando as cortinas se fecham, o espe-táculo da vida continua – sem nós –, do mesmo jeito, como já acontece a bi-

lhões de anos. Para a sociedade, um indivíduo a mais ou a menos não faz a menor diferença, as-sim como para a Natureza, uma espécie a mais ou a menos, também não faz.

Conhece-te a ti mesmo, disse Sócrates. Parece simples, mas nascemos só uma casca, um corpo frágil e cheio de limitações e perdemos a maior parte da vida, enquanto nos tornamos adultos, girando em torno do próprio umbigo, como se o mundo existisse apenas por que existimos. No fundo, ninguém se conhece de verdade. A vida, de tão dinâmica, muda as perguntas antes mesmo de entendermos as respostas. Viver é de improvi-so e a vida não vem com manual. O problema não é errar. O problema é desistir de tentar fazer me-lhor outra vez, outra vez, outra vez. 

Não pertencemos a este mundo, nem ele a nós. Aqui é apenas um palco em que temos o privi-légio de exercer o papel de viver e ser feliz – nos personagens que melhor conseguirmos escolher para nós –, e nada nos impede de trocar de papel se o enredo não agradar.

O mundo é um moinho, dizia Cartola, e vai triturar nossos sonhos. Entretanto, precisamos deles, das utopias, para rompermos com a inér-cia, enfrentarmos o pessimismo, abrir a porta por dentro.

ed

ito

ria

l /

ex

pe

die

nt

e

nascimento e morte

Projeto gráfi co e diagramação Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 skype: estudio.mutum [email protected]ão Social: Haldney Antonio Silvino Ferreira - MECNPJ 07.413.335/0001-80estudiomutum.com.br

Impressão Grupo SmartPrinter • (21) 3597-3123 / (21) 9655-4860 / 24*6443 • [email protected] (Josy Torres / Comercial) CNPJ 06.034.938/0001-47Rua José Mendes de Souza, 7 Saquarema, RJ • 28990-000 gruposmartprinter.com.br

WebmasterLeandro Maia Araujo - MEI (21) [email protected]@rebia.org.brCNPJ 18.463.673/0001-43Rua Adelaide Correia Machado, 56 CSSão Gonçalo, RJ • 24732-725

Imune/Isenta de Impostos A Prima (prima.org.br) é a pessoa jurídica responsável pela publicação do Portal do Meio Ambiente e da Revista do Meio Ambiente (termo de parceria assinado com seu editor e fundador, escritor Vilmar Sidnei Demamam Berna, e com a proprietária Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental) e por ser uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) registrada no Ministério da Justiça sob o nº 08015.011781/2003-61 é Imune/Isenta de Impostos (art. 15 da Lei nº 9.532 de 10 de dezembro de 1997).

• Razão Social: Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade • CNPJ 06.034.803/0001-43Rua Fagundes Varela, 305/ 1032 - Ingá, Niterói, RJ • 24.210.520Inscrição estadual: Isenta Inscrição Municipal: 131974-8 • Conta Bancária: CEF ag. 3092 - OP 003 - C/C 627-5 • Contato: Ricardo Harduim • (21) 9962-1922 • [email protected]

• Renúncia Fiscal: Os patrocínios e doações de empresas tributadas por lucro real aos projetos da Rebia através da Oscip Prima poderão ser abatidos em até 2% do imposto devido declarado (ISSQN, do IRPJ, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da lei nº 9.430, de 27/12/1996).

foto DeSta Capa: fROntPAGE / shuttERstOCk

* Escritor e jornalista,

fundou a Rebia - Rede

Brasileira de informação

Ambiental (rebia.org.br),

e edita deste janeiro de

1996 a Revista do Meio

Ambiente (que substituiu o

Jornal do Meio Ambiente), e

o Portal do Meio Ambiente

(portaldomeioambiente.org.

br). Em 1999, recebeu no

Japão o Prêmio Global 500

da Onu para o Meio

Ambiente e, em 2003, o

Prêmio verde das Américas

BR

YA

n R

Os

En

GR

An

t/f

LiC

kR

CC

2.0

Page 4: Revista do Meio Ambiente 74

4

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

Agenda Setembro

• IV Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Aplicada e Gestão Ter-ritorial – Água e Agricultura Familiar - SENAC, Porto Velho (RO). De 03 a 05 de Setembro de 2014. www.congressoambiental-ro.com.br

• Green Nation Fest – Sustentabilidade em todos os sentidos - 6 a 14 de

setembro, com entrada gratuita. A segunda edição do Green Nation Fest levará para o Museu da República, no Catete, uma série de atividades inte-rativas que prometem estimular o público visitante a contribuir de forma sustentável por um mundo melhor. O Green Nation Fest é realizado pelo CIMA- Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente.

outubro

• 2º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente, de 19 a 23/10, em Belo Ho-rizonte (MG) - A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), por meio de seu Grupo Temático Saúde e Ambiente, propõe este evento para compar-tilhar diferentes saberes, discutir modelos de Estado e desenvolvimento que permitam os ideais de justiça ambiental, contrapondo-se aos modelos comu-mente analisados, espelhados na realidade estrangeira e não na brasileira. www.sibsa.com.br/site/capa

Apoio da RebiaA Rede Brasileira de Informação Ambiental

(Rebia) estará presente, sempre que convi-dada a contribuir na democratização da in-formação socioambiental, especialmente no fortalecimento do diálogo inter-redes e na difusão de novas tecnologias e soluções am-bientais para a sustentabilidade.

• XVI FIMAI – Feira Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade: 11, 12 e 13 de novembro de 2014, Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo, SP, das 13h00 as 20h00. A entrada é gratuita! Reú-ne as principais empresas e consultorias das mais diversas áreas ambientais do mercado nacional e internacional e oferece uma vitri-ne importante para quem procura tecnolo-gias, soluções, equipamentos, consultorias e muito mais em prol da sustentabilidade dos seus negócios. A Rede Brasileira de Informa-ção Ambiental (Rebia) estará presente repre-sentada pelo biólogo Gustavo Berna. Mais in-formações: Tel. (11) 3917-2878 • E-mail: [email protected] • Site: www.rmai.com.br

• VIII Fórum Brasileiro de Educação Am-biental: Belém de 3-6 de dezembro. A coor-denação do evento está atendendo a todos os consensos estabelecidos pela Facilitação da Rebea. Mais informações: Fidelis Paixao ([email protected]) – Coordenação executiva VIII FBEA – Rede Paea/Geam UFPA/Rebea e Jacqueline Guerreiro ([email protected]). Durante o evento, será lançado o livro Paradigmas Metodológicos em Educa-ção Ambiental organizado por PEDRINI, A. de G (UERJ); SAITO, C. H.(UnB) editado pela Vozes, abrangendo educadores experientes de todas as regiões do Brasil.

no

tíc

ias

do

me

io a

mb

ien

te

O biólogo Gustavo Berna ([email protected]) esteve em Brasília, entre 27 e 28/05 representando a Rebia durante o XIII Encontro Verde das Américas, coordenado por Ademar Soares Leal, em parceria com várias organizações, como a Associação Ecológica Piratingaúna

Referência em meio ambienteO Portal do Meio Ambiente foi o 4º colocado no ranking dos mais acessados sobre meio ambiente no Google

Page 5: Revista do Meio Ambiente 74

5

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

O papel vital da

Declaração de Lima conclama governos a reconhecer o papel vital da Pan-Amazônia para regular o clima e garantir a segurança climática para a humanidade

Intitulada Chamado da Pan-Amazônia, a Declaração de Lima, lançada na capital do Peru no dia 07 de agosto, conclama os governos dos nove países amazônicos que formam o bioma e todos os países do mundo a

reconhecer a importância da Pan-Amazônia como oportunidade e solução para fazer frente às mudanças climáticas por sua contribuição para a regu-lação do clima e por sua imensa diversidade.

A declaração também chama o governo do Peru a assumir um papel essen-cial na Conferência das Partes (UNFCCC CoP 20), a ser realizada em dezembro, em Lima, no sentido de posicionar a região como vital para o alcance dos obje-tivos e metas da Convenção de Clima, evidenciando a necessidade de valoriza-ção da Amazônia e a urgência em proteger as suas florestas e rios e os serviços que os seus ecossistemas prestam às sociedades para fazer frente às mudan-ças climáticas. Para isso é preciso agir de forma integrada para interromper o desmatamento e garantir o funcionamento equilibrado do sistema ecológico.

A declaração é o resultado do 3º Encontro Pan-Amazônico, que reuniu cerca de 200 pessoas, entre representantes governamentais, de organi-zações não governamentais e de movimentos sociais e indígenas e em-presas para discutir o papel da Amazônia e acordar recomendações para atores sociais em vários países.

As recomendações do encontro serão entregues ao ministro do Meio Ambiente do Peru e presidente da CoP 20, Manuel Pulgar-Vildal nos pró-ximos dias e depois difundida e endereçada a atores importantes, como a França, sede da CoP-21 de Clima, bancos, empresas, Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), entre outros. Ao mesmo tempo, o Chamado da Pan-Amazônia traça uma rota para as organizações envolvi-das atuarem e difundirem a importância da Amazônia em outros eventos, como a Cúpula dos Povos Frente às Mudanças Climáticas.

Realizado em Lima, o 3º Encontro Pan-Amazônico apresentou o estudo O Futuro Climático da Amazônia, elaborado pelo cientista Antonio Donato Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), que explicou o papel fundamental da região para estabilizar o clima regional e global,

Pan-Amazôniamanter o ar úmido da América do Sul e expor-tar rios aéreos de vapor que no verão transpor-tam matéria prima para as chuvas que irrigam a região e produzem um terço das chuvas que ali-mentam a terra. As florestas armazenam entre 90 e 140 bilhões de toneladas métricas de car-bono, cumprindo um papel vital na luta contra o câmbio climático.

“Estamos pensando e atuando para defender o futuro da humanidade, fazendo algo pela região mais importante e pela vida dos que estão aqui no planeta hoje e os que ainda virão. Mas pre-cisamos trabalhar mais e melhor com os outros setores e fazer com que essa discussão sobre a responsabilidade que temos pela Amazônia seja ampliada”, comentou Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF.

Organizado pela Articulação Regional Amazôni-ca (ARA), e co-promovido pelo Ministério do Meio Ambiente do Peru (Minam) e por organizações como WWF e Aliança Clima e Desenvolvimento (CDKN), o 3º Encontro Pan-Amazônico represen-tou um espaço de diálogo para discutir e definir uma agenda prioritária e uma linha de trabalho colaborativo com vistas à CoP20.

A Pan-Amazônia se estende por cerca de 6,7 mi-lhões de km2, alcançado partes de nove países – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezue-la, Guiana, Suriname e Guiana Francesa/França. Aproximadamente 33 milhões de pessoas e 350 grupos indígenas vivem na Amazônia, 60 dos quais em isolamento voluntário. É na Amazônia que se encontram mais de 40% das florestas tro-picais úmidas remanescentes no planeta e pelo menos 10% da biodiversidade conhecida. FONTE: wwF

fu

nk

z/f

LiC

kR

CC

2.0

es

pe

cia

l a

ma

nia

Parque Nacional del Manu, em Cuzco, Peru

Page 6: Revista do Meio Ambiente 74

6

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

De olhopor TASSIA MORETZ

o Google possui uma ferramenta cha-mada Global Forest Watch, um mapa online que permite o acompanhamen-

to da situação das florestas e do desmatamen-to no mundo todo via satélite e em tempo real, com navegação semelhante ao Google Maps.

O Global Forest Watch apresenta uma visão global e também por regiões específicas das florestas pelo mundo, inclusive do Brasil. É possível acompanhar a evolução do desmatamento no planeta por meio de uma linha do tempo que fica em uma barra no canto inferior da tela, que vai do ano 2000 ao ano de 2013 – em vermelho estão as áreas desmatadas; em azul estão as áreas reflorestadas e recuperadas.

A partir do mapa é possível acompanhar as mudanças, a cobertura e o uso das florestas pelo globo, bem como encontrar áreas de conserva-ção, aspectos populacionais e contextos históri-cos de áreas florestais.

Entre os recursos disponíveis no site estão a op-ção de selecionar a situação das florestas em pa-íses específicos. Ao clicar no Brasil, por exemplo, o usuário tem acesso a informações como o total em hectares da cobertura florestal; o que isso re-presenta economicamente para o país; o número de pessoas empregadas no setor florestal; entre outros dados curiosos sobre a nossa Amazônia.

Há, ainda, uma seção de histórias com aconteci-mentos sobre as florestas pelo mundo, como o in-cêndio florestal em Minnesota, nos Estados Uni-dos, e os impactos da mineração que acontece no Vale de Huatanay, no Peru.

Desde fevereiro, Google disponibiliza mapa do desmatamento em tempo real

BRAsIl: 2º lugAR em desmAtAmentoPara quem quer se profundar no tema, o Glo-

bal Forest Watch tem ainda um blog com artigos sobre as florestas, e uma base de dados técnicos divulgados por instituições acadêmicas, ONGs, agências governamentais, entre outros. Ao cli-car no link “países”, é possível selecionar a opção “visão global”. Nesse tópico há um panorama das nações que têm a maior perda de cobertura flo-restal no período de 2001 a 2012.

O Brasil está no segundo lugar do ranking – com perda florestal de mais de 2,5 milhões de hecta-res em 2012 –, perdendo apenas para a Rússia, que desmatou mais de cinco milhões de hectares de florestas no mesmo ano. A Arábia Saudita está entre os que menos desmataram, com perda de apenas três hectares em 2012.

O sistema de monitoramento do Global Forest Watch foi criado pelo World Resources Institute, pelo Google, e por um grupo de mais de 40 par-ceiros, entre eles NASA, Esri, UNEP e Greenpeace.

Esses e outros dados – alguns disponíveis para download –, estão no site. O usuário pode fazer parte de uma comunidade, elaborar análises e en-viar relatos locais sobre o desmatamento.

O mapa virtual é útil para pesquisadores, estudantes, jornalistas, governos, instituições financeiras, ONGs, e todos aqueles que se pre-ocupam com a questão ambiental. Vale a pena navegar. Para conhecer o projeto acesse: www.globalforestwatch.org. FONTE: TEChTudO.COM.BR

es

pe

cia

l a

ma

nia

no global Forest

Watch, é possível

ter acesso a dados

especíFicos das

Florestas por país

na mata

Div

uLG

ãO

/GLO

BA

L f

OR

Es

t W

At

Ch

Page 7: Revista do Meio Ambiente 74
Page 8: Revista do Meio Ambiente 74

8

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

co

mU

nic

Ão

am

bie

nta

l

por VILMAR BERNA

Consumo sustentável• Akatu: www.akatu.org.br/Noticias

• Idec: www.idec.org.br/em-acao/noticias- consumidores

• Revista Atitude Sustentável: http://atitude-sustentavel.com.br/blog/category/noticias/

• Motorista Sustentável: www.motoristasus-tentavel.com.br/site/

CIênCIA & teCnologIA• Hypescience: http://hypescience.com/?s=

MEIO+AMBIENTE

• Fapesp: www.agencia.fapesp.br/buscar?q=MEIO+AMBIENTE

• Superinteressante: http://super.abril.com.br/busca/?qu=meio%20ambiente

• Revista Ciência Hoje: http://cienciahoje.uol.com.br/

• Portal do Jornalismo Científico: www.jorna-lismocientifico.com.br/index.htm

• Inpe: www.inpe.br/resultado.php

• Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis: http://rededecidades.ning.com/

• Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/made

• Biota+10 Fapesp: www.biota.org.br/

Mais fontes de informação socioambiental de

acesso grátisna edição anterior, publicamos uma relação de importantes fontes que oferecem que complementamos aqui. Existem muitas outras, e estaremos divulgando-as à medida que as informações nos forem chegando. uma sociedade ambientalmente melhor informada e mais consciente tenderá a pressionar cada vez mais por políticas públicas e de mercado que levem em conta as questões ambientais em suas tomadas de decisão

• USP - Núcleo de Economia Socioambiental: http://nesa.org.br/

• Revista Meio Ambiente e Saúde: www.faculdadedofuturo.edu.br/revista/

• Revista Ambiente e Sociedade (bilingue): http://lappes.iee.usp.br/lappes/revista-ambiente-sociedade-vol-16-no1/

• Revista Cidadania e Meio Ambiente: www.latec.ufrj.br/portaleducaca-oambiental/index.php?option=com_content&view=article&id=5&Itemid=6

• Revista Agroecológica: www.aba-agroecologia.org.br/revistas/index.php/rbagroecologia

• Revista de Educomunicação Ambiental: www.latec.ufrj.br/revistas/in-dex.php?journal=eduambiental

setoR goveRnAmentAl• Portal do Meio Ambiente de Sergipe: www.semarh.se.gov.br/

• Portal Brasil: www.brasil.gov.br/meio-ambiente

• Agência Brasil: http://busca.ebc.com.br/sites/agenciabrasil/nodes?q=meio+ambiente

• Radiobrás: www.ebc.com.br/noticias/meio-ambiente

• MMA: www.mma.gov.br/

• Ibama: www.ibama.gov.br/publicadas

• ICMBio: www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias.html

• ANA: http://boletimaguas.ana.gov.br/cadboletim/

• ONU: www.onu.org.br/index.php?s=not%C3%ADcias&x=8&y=12

• Ipea: www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=276

• Revista Saneas: www.aesabesp.org.br/noticias.html

• Funai: www.funai.gov.br/index.php/comunicacao/noticias

• Cetesb: www.cetesb.sp.gov.br/noticias

• Jornal Olhar Verde: www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/jornal-olhar-verde/

• Ecocâmara: www2.camara.leg.br/responsabilidade-social/ecocamara/boletins-mensais_novo

ContInuA nA PRóXImA edIção. ConfIRA A lIstA ComPletA no PoRtAl (PoRtAldomeIoAmBIente.oRg.BR)

8

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

Page 9: Revista do Meio Ambiente 74

9

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

Page 10: Revista do Meio Ambiente 74

10

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

sistema Cantareira perdeu 70% de mata em duas décadas. Cobertura vegetal aumenta a vida útil dos reservatórios, além de prolongar tempo de abastecimento durante seca

por MARINA ESTARquE

oresultado da partida contra o organizado e depois de atingir o menor nível já regis-trado – apenas 8,4% da sua capacidade –,

o sistema Cantareira, principal fornecedor de água da região metropolitana de São Paulo, vai em bus-ca das últimas gotas. Em maio, a Sabesp iniciou uma operação emergencial para recuperar o cha-mado “volume morto” do reservatório.

A crise no abastecimento de água não se deve apenas ao calor recorde e ao menor índice de chuvas já registrado nos últimos 84 anos. Espe-cialistas defendem que o desmatamento em bacias hidrográficas contribui para diminuir a quantidade e a qualidade das águas, tanto su-perficiais quanto subterrâneas.

“Nós temos apenas 30% de área com florestas preservadas nesse ma-nancial [Sistema Cantareira]. O restante precisa ser recuperado ou têm uso inadequado de solo”, afirma a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.

Resultados de um experimento feito pela ONG desde 2007 – que restaura uma floresta num centro em Itu, interior de São Paulo – comprovam essa rela-ção. “Em 2012, apenas cinco anos depois, foi verificado que o nível dos lençóis freáticos subiu 20% e o dos reservatórios, 5%”, argumenta Ribeiro.

Estudos apontam que a floresta atua como reguladora do ciclo hidrológico, atenuando os impactos de eventos climáticos extremos, como secas e en-chentes. “A floresta aumenta a resiliência dos mananciais. O desmatamento não é causa da seca, mas, se houvesse maior cobertura vegetal, o esgotamen-to dos reservatórios poderia ser evitado”, diz Ribeiro.

O problema, entretanto, não está restrito a São Paulo. De acordo com um levantamento inédito do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, os reser-vatórios considerados críticos pela Agência Nacional de Águas (ANA) perde-ram em média 80% de sua cobertura florestal.

“Ainda estamos detalhando o estudo, mas já podemos perceber que uma das semelhanças entre os mananciais críticos em relação ao abastecimento de água é o desmatamento”, explica o coordenador geral do Pacto e diretor para Mata Atlântica da Conservação Internacional, Beto Mesquita.

A pesquisa inclui as capitais do litoral do país, além de Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, bem como cidades do interior paulista, como Sorocaba e Campinas.

ág

Ua

desmatamentoagravou crise da água em SP

GA

BO

R B

As

Ch

/ f

LiC

kR

CC

2.0

10

Page 11: Revista do Meio Ambiente 74

11

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

o papel Da floreStaA floresta tem uma série de funções no ciclo hi-

drológico. Quando a chuva cai num terreno com cobertura vegetal, a água infiltra lentamente no solo, até atingir os lençóis freáticos. Aos poucos, ela aflora nas nascentes e enche os rios, até che-gar às represas.

“A floresta quebra a energia da chuva, porque parte da água fica na cobertura das árvores e atin-ge o chão devagar. Além disso, o solo da mata é muito poroso, com matéria orgânica e raízes. Por isso, há mais espaço interno e maior capacidade de armazenamento”, explica Mesquita. Ele apon-ta também que, por essa característica, o solo da floresta libera um fluxo de água mais constante, mesmo durante uma estiagem.

Malu Ribeiro ressalta que o desmatamento ao redor do Cantareira está prejudicando a oferta de água na região. “O sistema está localizado no fun-do do vale do Rio Jaguari, que tem um conjunto de nascentes na Serra da Mantiqueira. O desma-tamento no curso dos rios até o reservatório faz com que essas nascentes desapareçam e os cur-sos d’água não consigam se recuperar.”

Enchentes e assoreamentoOnde não há floresta, a infiltração da chuva no

terreno é mais difícil. Num solo de pastagem, por exemplo, a quantidade de água escoada é até 20 vezes maior que em área de vegetação, segundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Philip Fearnside.

Por esse motivo, em período de muita precipita-ção, áreas desmatadas estão mais sujeitas a en-chentes. A água escoa rapidamente e em quan-tidade, enchendo os rios e represas, muitas vezes de forma desastrosa. Neste processo, a água car-rega consigo muito material orgânico, erodindo o terreno e assoreando os reservatórios.

“Esse é um problema grave no Brasil e princi-palmente no Sistema Cantareira, porque perde-mos a capacidade de reservar água. Quando cho-ve muito, o excedente acaba sendo jogado fora”, argumenta Ribeiro.

Segundo Mesquita, por evitar o assoreamento, a floresta aumenta a vida útil do reservatório, além de prolongar o tempo de abastecimento durante uma seca.

umIdAde e quAlIdAde dA águAOutra importante função da floresta é reter

água da atmosfera. Na bacia do Rio Guandu, no estado do Rio de Janeiro, 30% da água é incor-porada ao sistema por essa via, segundo estudo da Conservação Internacional. “Quando vêm a neblina e nuvens carregadas, quanto mais flo-resta tiver em regiões montanhosas, maior a re-tenção de água”, diz Mesquita.

A floresta contribui para manter a umida-de do ar, através da transpiração das plantas.

“Cerca de 30% da água na atmosfera vêm das florestas. Num reservatório, se o ar está seco, isso também aumenta a evaporação na represa”, alerta o presidente e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, José Galízia Tundisi.

A vegetação também participa no ciclo hidrológico, atuando como um fil-tro para manter a qualidade da água. “A floresta retém metal pesado em suas raízes e matéria em suspensão. Ela também filtra a atmosfera e diminui a quantidade de partículas que podem cair na água”, afirma Tundisi.

Um levantamento deste ano da Fundação SOS Mata Atlântica em sete es-tados também comprova essa relação entre floresta e a qualidade da água. Dos 177 pontos avaliados, apenas 19 (11%), localizados em áreas protegidas e de matas ciliares preservadas, tiveram bons resultados.

desmAtAmento nA AmAzônIANão é apenas a perda de floresta nos mananciais que pode ameaçar a ofer-

ta de água em São Paulo. O desmatamento na Amazônia também impacta negativamente a quantidade de chuva que chega ao sudeste.

Estudos revelam que até 70% da precipitação em São Paulo, na estação chuvosa, depende do vapor d’água amazônico. O meteorologista Pedro Silva Dias, da Universidade de São Paulo, também pesquisa o tema. “O desmatamento na Amazônia vem causando impacto, por exemplo, a pro-dução de arroz no Brasil. Se houver um processo muito intenso de perda de floresta amazônica, as regiões sul e sudeste sofrerão um processo de desertificação”, defende Ribeiro.

Philip Fearnside diz que esse desmatamento, em torno de 20%, não ex-plica a seca atual em São Paulo. “Ainda tem 80% da floresta amazônica, isso não é suficiente para causar uma queda dramática na chuva de São Paulo de um ano para o outro”, diz o pesquisador, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007, com outros cientistas, por alertar contra os riscos do aquecimento global.

Fearnside ressalta, entretanto, que o impacto é gradual e progressivo. “Se continuar desmatando, como é o plano do governo com os projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vai diminuir o fluxo de água para São Paulo, que já está no limite para o abastecimento. Cada árvore que cai, é menos água indo para lá.”

mentAlIdAde do esgotAmentoPara os especialistas, há uma mentalidade voltada para o esgotamento

dos mananciais, que prejudica a gestão dos recursos hídricos no Brasil.“É a falsa cultura da abundância, a ideia de que podemos esgotar os reser-

vatórios, porque depois vem o período de chuvas e enche de novo. Só que há uma diminuição do volume de águas ao longo das décadas em vários reservatórios do sudeste. Em São Paulo, isso ocorre na bacia do Piracicaba e na bacia do sistema Cantareira”, afirma Ribeiro.

José Galízia Tundisi chama esse pensamento de “aqueduto romano”. Con-siste em usar o reservatório até esgotar e depois buscar água limpa em uma região mais distante. “É o que São Paulo está fazendo. Em breve vai ter que pegar água no Paraná”, afirma o pesquisador.

Os pesquisadores alertam que é muito difícil recuperar um manancial de-pois de exaurido. O solo fica pobre e seco, funcionando como uma esponja. “Quando chover, o terreno vai chupar grande volume de água, até que ele recomponha os aquíferos subterrâneos. Em alguns casos é até impossível reverter a degradação”, diz Ribeiro.

Com a retirada do “volume morto” do Cantareira, especialistas temem pela recuperação do reservatório. A reserva, que nunca foi usada antes, será puxada por bombas, já que fica abaixo do ponto de captação da represa. “Se usar todo o volume morto do Cantareira, vai levar anos para retornar ao que era antes”, lamenta Tundisi. FONTE: dEuTSChE wELLE

desmatamentoagravou crise da água em SP

Page 12: Revista do Meio Ambiente 74

12

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

sa

úd

e e

me

io a

mb

ien

te

ebolapor CESAR GROSSMANN

uma criança de dois anos tem, no dia 2 de dezembro, sintomas de vômito e febre. Em seguida, falece no dia 6. Sua mãe fale-

ce poucos dias depois, no dia 11, seguida pela irmã da criança, de três anos, no dia 29. A avó falece em 1° de janeiro. A enfermeira e a parteira que cuidou delas adoecem mais tarde, naquele mesmo mês. A parteira consegue chegar a um hospital em Gueckedougou antes de falecer, mas no processo infecta o parente que a levou até lá.

O doutor que a atendeu e outros pacientes em Gueckedougou sucumbem à doença e são trans-feridos para outro hospital na cidade de Macen-ta. Depois dele falecer, seu funeral foi feito na cidade de Kissidougou. No curso desta jornada, antes e depois de falecer, ele deu início a surtos em Macenta e Kissidougou.

Em 10 de março, os centros de saúde pública de Macenta e Gueckedougou alertam o Ministro da Saúde da Guiné sobre a doença fatal, cujos sinto-mas eram diarreia, vômito e febre. Dois dias mais tarde, o grupo Médicos sem Fronteiras estava no caso. Amostras de sangue foram coletadas e envia-das ao Instituto Pasteur, em Lyon, onde a presença da variante Zaire do vírus do ebola foi descoberta.

Em 23 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um alerta sobre o surto.

Tudo que foi escrito acima parece um roteiro de um filme de terror, mas é a realidade. Isso tudo está acontecendo agora, na África Ocidental. As últimas notícias dão contam que o médico que estava à frente da equipe que enfrentava o surto em Serra Leoa, Dr. Sheik Umar Khan, havia contra-ído o vírus. Além disso, a doença já matou 206 dos 442 infectados em Serra Leoa, 310 dos 410 casos na Guiné, e 116 dos 196 casos na Libéria. Já é a pior epidemia de ebola registrada.

maS o que é o ebola?O ebola é um vírus, o que significa que ele não

tem meios próprios de se reproduzir, e sim preci-sa infectar uma célula para isso. O ebola tem cin-co variantes, nenhuma delas agradável. Do me-nos ao mais letal, são os seguintes tipos:

5. Reston – o único que foi descoberto primeiro fora da África, vitimou ma-cacos de um laboratório em Washington DC (EUA). Mais tarde, descobriu-se que ele se originou nas Filipinas, e ocorre em porcos. Não há registros de que um humano tenha adoecido depois de ter contato com este vírus.4. Floresta Tai – ataca os chipanzés no parque nacional Tai, onde uma das tribos de chipanzés foi reduzida de 80 a 32 indivíduos. Passa de macaco para macaco, mas um pesquisador foi infectado e se tornou o único caso desta doença em humanos, embora tenha se recuperado.3. Bundibugyo – surgiu na Uganda em 2007 e até hoje matou 66 pessoas, desde sua descoberta. Sua taxa de mortalidade é de 25%, mas, em um surto recente, de 2012, apresentou 51% de taxa de mortalidade.2. Sudão – foi encontrado no Sudão em 1976, mas passou para Uganda também, e tem uma taxa de mortalidade de 53%. O último caso relatado foi em 2011.1. Zaire – variante mais letal do vírus, sua taxa de mortalidade era de 88% quando foi descoberto em 1976, e é o responsável pelo atual surto de ebola na África Ocidental.

Como o víRus mAtA?Ele se aproveita de um mecanismo do nosso sistema imunológico. Normal-

mente, os capilares sanguíneos são “impermeáveis”, mas quando recebem sinais de infecção, se tornam permeáveis para permitir o tráfego de células do sistema imunológico para o tecido em volta.

O vírus do ebola infecta células do sistema imunológico, obrigando-as a li-berar as mensagens químicas que tornam os capilares permeáveis. O vírus então pode escapar do sistema sanguíneo e atacar outras células. Só que os capilares continuam permeáveis, e começam a perder sangue. Onde o san-gue se acumula, formam-se coágulos. Onde o sangue deixa de chegar, os tecidos começam a morrer.

O sangue começa a vazar para os intestinos e pulmões, causando diarreia, vômitos e tosse. Em alguns casos, os pacientes sangram até pelos olhos. Este sangue e fluidos estão cheio de vírus, e qualquer pessoa que entre em contato com eles pode ser infectado.

de onde vem este víRus?Normalmente, os vírus estão adaptados a seus hospedeiros, e não os ma-

tam. Não é um bom negócio para o vírus matar seu hospedeiro. Como ele é tão letal a seres humanos quanto a macacos, isto indica que não são estes seus hospedeiros naturais, mas sim um morcego.

Atualmente, acredita-se que morcegos frugívoros sejam os hospedeiros principais do ebola, passando-o a outros animais, como antílopes, veados e porcos-espinho, que por sua vez o passam para os humanos. Ou seja, caso uma pessoa entre em contato com a carcaça de um animal que morreu deste vírus, é infectado.

A infecção de humano para humano ocorre através de fluidos, o que sig-nifica que você não vai morrer se tocar em alguém saudável, só em alguém que esteja vomitando sangue, suando sangue, com diarreia de sangue, ou tudo isso junto. A transmissão pode ocorrer também pelas roupas de cama que os doentes tocarem, móveis, utensílios, etc.

o que está sendo feIto PARA ConteR este suRto?Várias organizações estão mobilizadas para conter este surto, incluindo

o Ministério da Saúde da Guiné, os Médicos Sem Fronteiras, a Cruz Verme-lha, o Crescente Vermelho (versão muçulmana da Cruz Vermelha) e a OMS. As estratégias de combate se baseiam em:

A terrível força do

Por que esta é a mais terrível epidemia de ebola de todos os tempos

Page 13: Revista do Meio Ambiente 74

13

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

• esclarecer as pessoas sobre o ebola, ensinando-as se proteger e a suas famílias;• encorajar as pessoas a relatar novos casos; quanto mais cedo o paciente recebe tratamen-to, melhores suas chances de sobreviver e menos eles espalham o vírus;• quarentenas para pacientes infectados e uso de equipamentos de proteção, como luvas e máscaras;• o hábito de lavar as mãos; • o estabelecimento de laboratórios móveis para identificar rapidamente novos casos, liberando pa-cientes de outras doenças sem expô-los ao vírus;• fornecer tratamento onde for possível, que con-siste atualmente em reidratação do paciente;• o banimento do consumo de morcegos e de caça;assistência aos enterros, já que o contato com os fluidos corporais passa a doença adiante;• banimento de funerais, já que estes eventos pro-porcionam propagações em massa da doença.

Infelizmente, o último ponto é o que mais tem causado problemas, já que é difícil acabar com velhos costumes, e o banimento de um que é tão caro para as famílias, os funerais dignos, tem causado revolta entre as comunidades.

Por causa disso, até mesmo as equipes médi-cas têm sido atacadas. Pacientes que estavam em quarentena foram “libertados” por rebeldes, “afinal de contas, tudo não passa de uma cons-piração do governo para matar as pessoas”, fazê-las desaparecer e só ressurgirem depois mortas, e serem enterradas sem que seus parentes pos-sam confirmar que elas morreram.

Além disso, entre os que acreditam no ebola, há os que acham que se tra-ta de bruxaria e que os sobreviventes são zumbis, com casos de pacientes sendo rejeitados e expulsos de suas comunidades.

Ainda há os que simplesmente desistem, acham que se trata de uma sen-tença de morte (em mais de 90% dos casos é), e preferem passar seus últi-mos momentos com suas famílias – o que não é bom para a família.

em quê ISto me afeta?Bom, além do aspecto do sofrimento humano, existe a possibilidade de

um surto mundial de ebola – uma pandemia. Quanto maior o surto local, maiores as chances de pandemia.

Até agora, não apareceu nenhum caso fora da África e, se acontecer, ele pode ser rapidamente contido, desde que os grupos antivacinação não se tornem também grupos de negadores do ebola. Esperamos que isso nunca aconteça, já que até agora não foi possível ensinar a todo mundo sequer a importância de lavar as mãos.

Além disso, no caso de uma epidemia de ebola, não vão faltar os paranoi-cos para dizer que se trata de uma trama de [insira qualquer tipo de orga-nização, instituição ou grupo aqui] para dizimar a humanidade, ou do go-verno [de qualquer lugar] para se livrar de gente incômoda e coisas do tipo.

Pode parecer – e é – besteira, mas as pessoas vão fazer de tudo para evitar que alguém do governo, vestido de jaleco branco e acompanhado do Exér-cito, venha para levá-los a uma quarentena da qual só uma pessoa em 10 retorna e as outras desaparecem sem deixar traço.

Se você quer ajudar de alguma maneira, faça doações para o Médicos Sem Fronteiras, ou para a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Cres-cente Vermelho e incentive outros a fazer também. Parte das dificuldades para conter este surto devem-se às condições precárias de infraestrutura, materiais e pessoal. FONTE: hYPESCIENCE

© E

C/E

Ch

O C

C 2

.0

Pessoas se preparam para ajudar as vítimas do Ebola em Guiné

Page 14: Revista do Meio Ambiente 74

14

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

sa

úd

e e

me

io a

mb

ien

te

256 mil em sPsegundo estudo da usP, no mesmo período, a concentração de material particulado no ar provocará ainda a internação de 1 milhão de pessoas

por AdRIANA FERRAZ

uma criança de dois anos tem, no dia 2 de dezembro, sintomas de vômito e febre. Em seguida, falece no dia 6. Sua mãe fa-

lece poucos dias depois, no dia 11, seguida pela irmã da criança, de três anos, no dia 29. A avó falece em 1° de janeiro. A enfermeira e a partei-ra que cuidou delas adoecem mais tarde, naque-le mesmo mês. A parteira consegue chegar a um hospital em Gueckedougou antes de falecer, mas no processo infecta o parente que a levou até lá.

A poluição atmosférica vai matar até 256 mil pessoas nos próximos 16 anos no Estado. Nesse período, a concentração de material particula-do no ar ainda provocará a internação de 1 mi-lhão de pessoas, e um gasto público estimado em mais de R$ 1,5 bilhão, de acordo com projeção inédita do Instituto Saúde e Sustentabilidade, realizada por pesquisadores da USP. A estimativa prevê que ao menos 25% das mortes, ou 59 mil, ocorram na capital paulista.

Os resultados indicam que, no atual cenário, a poluição pode matar até seis vezes mais do que a aids ou três vezes mais do que acidentes de trânsi-to e câncer de mama. A população de risco, ou seja, as pessoas que já sofrem com doenças circulató-rias, respiratórias e do coração, serão as mais afe-

tadas, assim como crianças com menos de 5 anos que têm infecção nas vias aéreas ou pneumonia.

Entre as causas mais prováveis de mortes provo-cadas pela poluição, o câncer poderá ser o respon-sável por quase 30 mil casos até 2030 em todos os municípios de São Paulo. Asma, bronquite e ou-tras doenças respiratórias extremamente agra-vadas pela poluição podem representar outros 93 mil óbitos, já contando a estimativa de crianças atingidas no período.

Doutora em Patologia pela Faculdade de Medi-cina da USP e uma das autoras da pesquisa, Evan-gelina Vormittag afirma que a magnitude dos resultados obtidos pela projeção, que tem como base dados de 2011, comprova a necessidade de o poder público implementar medidas mais rigoro-sas para o controle da poluição do ar.

Nessa lista estão formas alternativas de energia, incentivo ao transporte não poluente, como bici-cleta e ônibus elétrico, redução do número de car-ros em circulação e obrigatoriedade de veículos a diesel utilizarem filtros em seus escapamentos.

O programa de instalação de faixas exclusivas de ônibus e de ciclovias na capital, desenvolvido pelo prefeito Fernando Haddad (PT), é indicado como bom exemplo, ainda que os resultados para a saúde pública não estejam mensurados. FONTE: O ESTAdO dE S. PAuLO

Em 16 anos, poluição do ar matará até

entre as caUsas

mais prováveis de

mortes provocadas

pela polUiÇÃo, o

câncer poderá ser

o responsável por

qUase 30 mil casos

até 2030

YA

sM

in P

inh

EiR

O/f

LiC

kR

CC

2.0

Page 15: Revista do Meio Ambiente 74

15

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

an

ima

is

em rodovias chega a 450 milhões por ano no Brasil

Atropelamento de animais silvestres

por PAuLA PICCIN

os índices de atropelamentos de fauna sil-vestre nas rodovias brasileiras são alar-mantes e a morte causada pelo choque

com veículos é considerada um dos fatores que im-pactam diretamente a conservação da biodiversi-dade no País. Os atropelamentos atingem 450 mi-lhões de animais anualmente, segundo estimati-vas do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), da Universidade Federal de Lavras. Isso quer dizer que a cada segundo, 17 animais são mortos vítimas de atropelamentos no Brasil.

Um exemplo dos atropelamentos como ameaça a espécies acontece no Mato Grosso do Sul. Pesqui-sadores do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, relataram que, de abril de 2013 a março de 2014, em apenas três trechos de rodovias do Mato Grosso do Sul (pouco mais de 1 mil quilômetros nas BRs 262, 163 e 267), foram encontradas 1124 carcaças de 25 espécies diferentes de animais silvestres de médio e grande porte, como a anta brasileira, com 36 re-gistros. Nesta pesquisa, a grande vítima desses aci-dentes foi o cachorro do mato, com 286 indivíduos mortos (confira lista completa ao final).

Tais números são extremamente relevantes para algumas dessas espécies que se encontram ameaçadas de extinção na natureza (IUCN Red List of Threatened Species e Lista Vermelha Na-cional do ICMBIO – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), como a anta, lis-tada como Vulnerável à Extinção especialmente por causa de seu ciclo reprodutivo muito longo (cerca de dois anos). A pesquisa identificou ainda que diariamente uma ou até duas antas são mor-tas a cada 1000km de rodovias no Estado.

“O problema é de fato muito grave e acontece por uma série de razões, entre elas, a negligên-cia do motorista, que muitas vezes ultrapassa a velocidade permitida ou ainda atropela por fato-res culturais, de superstição, por exemplo”, afir-ma Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (IPÊ). A pesquisadora ainda relata que em alguns casos, pequenas medidas podem fazer a dife-rença para solucionar o problema. “Em 2006, no Pontal do Paranapanema no Estado de São Paulo, na SP-613 [que corta o Parque Estadual Morro do Diabo], foram instaladas placas educativas e ra-

dares a fim de reduzir os atropelamentos de fauna. Apenas com essas medi-das, a mortalidade de antas por atropelamento foi reduzida de uma média de seis antas por ano para uma anta a cada três anos”, afirma Patrícia.

Rede estRAdA vIvAPara combater os atropelamentos de fauna no Estado do Mato Grosso do Sul,

foi criada a Rede Estrada Viva, composta por profissionais de diferentes áre-as e diversas organizações socioambientais. A Rede vai atuar junto a diversos atores direta ou indiretamente envolvidos com as tomadas de decisão para a proteção de espécies da fauna nas estradas. De 29 a 30 de julho, esses pro-fissionais reuniram-se em Campo Grande (MS) para desenvolver um plane-jamento estratégico que contempla: compilação de dados já existentes sobre o tema, comunicação e sensibilização dos mais diversos públicos para o pro-blema, e sistemas de mitigação dos impactos das estradas na vida de animais silvestres. Algumas das ações já estão pautadas para serem implementadas nos próximos meses. A ideia da Rede Estrada Viva é também divulgar o tema para o Brasil, fazendo com que aumente o interesse por informações e solu-ções para o problema dos atropelamentos em todos os Estados.

“O problema não é só com a fauna silvestre, mas com toda a sociedade. Um atropelamento de espécie de médio a grande porte, por exemplo, além de afe-tar o animal, causa perda de vidas humanas. Há também o dano material que geralmente esses atropelamentos causam. Por essa razão, medidas mitigató-rias são urgentes”, afirma Alex Bager, coordenador do CBEE e um dos criado-res do Urubu Mobile, aplicativo para celular que permite que qualquer pessoa colabore com a redução da mortalidade de fauna silvestre por atropelamento.

dIA de uRuBuzAR

Uma das ações já planejada com o apoio da Rede Estrada Viva, e que acon-tecerá no dia 15 de Novembro, é o Dia Nacional de Urubuzar. A proposta vem do CBEE/UFLA com o objetivo de fazer com que as pessoas se mobilizem, por meio de qualquer atividade, para lembrar a importância do tema para a con-servação da biodiversidade brasileira. Vale fazer palestra, distribuir informa-ções sobre o problema dos atropelamentos da fauna nas estradas, utilizar o aplicativo Urubu, entre outras ações. Quem participar poderá divulgar as ações no Facebook do evento: www.facebook.com/groups/urubuzar. FONTE: IPE.ORG.BR

Especialistas criam a Rede Estrada viva para combater o atropelamento de animais silvestres e a perda de biodiversidade no País

viL

MA

R B

ER

nA

Page 16: Revista do Meio Ambiente 74

16

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

ar

tig

o

no planeta

por FRANCISCO MILANEZ*

quando a maioria de vocês ainda não ti-nha nascido, há 40 anos surgia o mo-vimento ecológico brasileiro, em Porto

Alegre, na Agapan – Associação Gaúcha de Pro-teção ao Ambiente Natural.

Até então já havia pessoas que lutavam pelo conservação da natureza, por admiração e res-peito. Pessoas como estas criaram o movimento ecológico numa luta, que não era mais só para proteger a natureza, mas para permitir a sobre-vivência da humanidade também.

HojeDe lá para cá, muita coisa mudou, inclusive as

pessoas que participam do movimento. No come-ço a luta era quase que exclusivamente para impe-dir a destruição de árvores, morros, rios e parques.

Hoje, a luta ambiental quer também encontrar for-mas melhores de fazer as coisas, reaproveitar os res-tos de nossa sociedade e discutir se algumas coisas são realmente necessárias para o nosso bem-estar.

Hoje, estamos em um momento interessante, que envolve toda a sociedade, na busca de solu-ções para viver melhor. Todos nós somos impor-tantes porque contribuímos para fazer com que o mundo esteja como está.

Existem duas maneiras de atuar na nossa socie-dade: a forma ativa e a passiva. Os ativos são em menor quantidade. Alguns defendem ativamen-te a natureza. Outros, a destroem desmatando, poluindo e explorando-a de forma agressiva.

Os passivos são a maioria e, aparentemente, não fazem nada, mas isto não é verdade. Todos nós compramos coisas e temos uma forma de vi-ver que é a nossa. Isto, embora não pareça, é mui-to importante e também pode ajudar ou atrapa-lhar a questão ambiental.

Em nome da sobrevivência

Como moDIfICamoSQuando compramos um veneno para matar baratas em casa, estamos atu-

ando sobre o meio ambiente. Através das baratas, aquele veneno vai começar a fazer parte do meio ambiente. Se ele for um veneno que não é biodegradável, vai entrar no ciclo da vida e acabará voltando para nós, através dos alimentos. O que um dia esteve em uma barata ou formiga, amanhã poderá estar na gente.

Além do perigo imediato do veneno, quando compramos, estamos tam-bém estimulando a indústria a produzir mais veneno. Afinal, o que não é vendido não é produzido.

Quando ligamos uma luz desnecessária ou qualquer outro aparelho elétrico, estamos aumentando o consumo de energia e, para isto, vai ser queimado mais carvão ou vão ser inundadas mais terras com barragens para produzir a energia que gastamos.

Quando compramos um alimento para comer ou beber, cheio de produ-tos químicos, estamos consumindo algo que não é saudável ao invés de alguma coisa natural e estamos incentivando a produção dessas coisas.

Quando desperdiçamos papel, estamos desperdiçando as árvores das quais o papel é feito.

Quando jogamos na terra produtos químicos, estamos envenenando a terra e a água que são as fontes da nossa alimentação. Tudo o que vai para a terra, a chuva leva também para os rios ou para as nascentes destes rios.

A lIção dA eCologIAAtravés da ecologia, o homem descobriu que a vida não é apenas um so-

matório de acontecimentos isolados. Ao contrário, tudo está relacionado.É muito bonito ver como somos ligados e dependentes da natureza. Tudo

o que ela faz influi sobre a gente.O veneno que o vizinho usou no jardim, amanhã poderá estar no nosso

organismo produzindo uma doença. A poluição das fábricas, que incenti-vamos comprando, torna a vida pior.

Tudo influi sobre tudo. E por isto, quando se fala em consciência ecológi-ca, se fala em ver o mundo de uma forma global. Isto é porque o que os pa-íses estão poluindo em seu território já está matando os animais lá longe, no pólo, através da água dos rios que acaba no mar e através do ar poluído que também chega lá.

Tudo isto não significa que tenhamos que tornar a vida algo desagra-dável, onde não se possa fazer nada de bom. Pensar assim, ao contrário, é libertar a humanidade de toda a mentira que ela mesma criou. A men-tira de ficar comprando os alimentos pelas embalagens, sem se preocu-par com o conteúdo. Quando comprarem as coisas, pensem no que elas vão causar para sua saúde ou quanto as embalagens delas podem vir a sujar o mundo. Pensem sempre sobre os efeitos de cada uma das ações de vocês no dia-a-dia. É exatamente o ato de pensar que pode libertar o homem da destruição do nosso planeta que é único.

Abraçar um amigo, sorrir para a namorada, conversar, caminhar, apren-der-ensinar, são as coisas verdadeiramente boas, não poluem e tornam o mundo mais belo. O resto é enfeite. FONTE: FRANCISCOMILANEZ.COM

*Professor, arquiteto, urbanista, biólogo, escritor e terapeuta. Atual coordenador do Plano Rio

Grande do sul sustentável do Governo do Estado do RGs, ex- presidente da Agapan - Associação

Gaúcha de Proteção ao Ambiente natural

todos nós somos importantes porque contribuímos para fazer com que o mundo esteja como está

BR

YA

n R

Os

En

GR

An

t/f

LiC

kR

CC

2.0

Page 17: Revista do Meio Ambiente 74
Page 18: Revista do Meio Ambiente 74

18

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

Entrevista especial com Robson Barizon

ag

ro

xic

os

apesar de o Brasil ser o maior consumidor de agrotóxicos do mun-do desde 2008, é preciso “gerar muito mais informação para en-tender como está o cenário de uso de agrotóxicos no país”, diz

Robson Barizon, um dos autores do estudo “Panorama da contaminação ambiental por agrotóxicos e nitrato de origem agrícola no Brasil: cená-rio 1992/2011”, realizado pela Embrapa neste ano. Segundo ele, ainda são produzidas poucas pesquisas em relação às implicações do uso de fertili-zantes na agricultura.

“A restrição orçamentária talvez seja o principal ponto a ser desenvolvido, porque ainda não temos programas de monitoramento, como seria o ideal. Todos os estados deveriam ter um programa de monitoramento, conside-rando suas culturas e as moléculas mais utilizadas na região, e a partir das conclusões dos monitoramentos regionais/estaduais, deveriam ser tomadas as medidas para mitigar os impactos levantados por esses monitoramen-tos”, pontua, em entrevista por telefone à IHU On-Line.

Entre as preocupações envolvendo o uso de agrotóxicos no país, Barizon chama a atenção para a contaminação da água, “já que a falta de sanea-mento de esgoto é um problema sério no Brasil. Esse esgoto tem níveis al-tos de nitrato, além de outros problemas microbiológicos, e níveis altos de nitrogênio. Em pontos próximos às áreas urbanas, é possível observar ní-veis maiores de nitrogênio, mas em bacias hidrográficas, onde a influência maior é só da área agrícola, os níveis de nitrogênio ainda são considerados baixos. Tendo a agricultura como fonte de contaminação, ainda não cons-tatamos um problema que leve a ações maiores”.

Entre as culturas que contaminam a água, está a produção de arroz irri-gado. “Pelo fato de o arroz irrigado ser produzido com lâmina d’água, a qual retorna aos corpos d’água, existe, sim, um risco maior de contaminação nes-sa cultura do que em outras. Isso foi constatado em alguns estudos que nós levantamos. Então, nesse sentido, há, sim, uma preocupação com a cultura do arroz e deve ser dada mais atenção ao manejo desse produto”, adverte.

Robson Barizon é graduado em Engenharia Agrônoma pela Universida-de Federal do Paraná – UFPR e doutor em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de São Paulo – USP. Atualmente é pesquisador da Embrapa Meio Ambiente de São Paulo.

Confira a entrevista cedida ao IHU Online.

IHU On-Line: Quais são as principais conclusões do estudo sobre conta-minação por agrotóxicos no Brasil, intitulado “Panorama da contaminação ambiental por agrotóxicos e nitrato de origem agrícola no Brasil: cenário 1992/2011”? É possível dar um parecer sobre o uso de agrotóxico nas regiões analisadas? Os níveis de uso de agrotóxicos são aceitáveis ou ultrapassam o limite permitido?

Robson Barizon: A principal conclusão a que chegamos com esse trabalho foi a de que ainda há muita informação a ser gerada para que consigamos ter uma posição mais assertiva sobre a condição do meio ambiente em rela-ção à contaminação por agrotóxicos no Brasil.

Pelos trabalhos que conseguimos levantar [1], os níveis de resíduos ainda são considerados aceitáveis e estão de acordo com os padrões internacionais estabelecidos. De todo modo, não foi possível uma conclusão assertiva sobre o panorama do uso de agrotóxicos no país, considerando a quantidade res-trita de trabalhos encontrados sobre o tema.

IHU On-Line: Quais são os avanços em relação à análise da toxicologia dos agrotóxicos?

Robson Barizon: A ciência e os métodos estão avançando, inclusive a sensibilidade analítica dos equipamentos está evoluindo com o tempo. Então, moléculas que antes não eram detectadas passam a ser detectadas com métodos mais mo-dernos e com equipamentos mais sensíveis.

IHU On-Line: Um dos objetivos do estudo foi identificar e avaliar o cenário de uso e presença de agrotóxicos e fertilizantes nitrogenados no Brasil. Quais são as principais constatações acerca des-se ponto? Quais as ocorrências de agrotóxicos e de nitrato nas cinco regiões brasileiras analisadas e em quais culturas esse fertilizante é utilizado?

Robson Barizon: Hoje a produção agrícola bra-sileira é quase que completamente pautada pelo uso desse insumo. Nesse trabalho não foi aborda-da a intensidade de uso de cada uma das culturas produzidas no Brasil, mas de forma geral podemos dizer que os grãos utilizam agrotóxicos em uma intensidade menor, e culturas com valor agregado maior, como hortaliças e espécies frutíferas, usam agrotóxicos com uma intensidade maior.

Com relação ao nitrato, os níveis encontrados em áreas agrícolas foram baixos e não eram pre-ocupantes. Talvez a preocupação maior seja real-mente com a fonte urbana de contaminação, que

o nebuloso cenáriodos agrotóxicos no Brasil

nE

iL P

AL

ME

R/C

iAt/

fL

iCk

R C

C 2

.0

Page 19: Revista do Meio Ambiente 74

19

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

é o esgoto não tratado. Então, no que se refere ao nitrato, há tensão com a fonte urbana de conta-minação, já que a falta de saneamento de esgoto é um problema sério no Brasil.

IHU On-Line: Então o problema não está na quantidade de nitrato utilizado nas culturas agrí-colas, mas na falta de tratamento da água?

Robson Barizon: Sim, porque como os esgotos no Brasil têm um percentual de tratamento mui-to baixo, uma parte do esgoto gerado é lançada diretamente nos rios. Esse esgoto tem níveis al-tos de nitrato, além de outros problemas micro-biológicos, e níveis altos de nitrogênio. Em pon-tos próximos às áreas urbanas, é possível obser-var níveis maiores de nitrogênio, mas em bacias hidrográficas, onde a influência maior é da área agrícola, os níveis de nitrogênio ainda são con-siderados baixos. Tendo a agricultura como fon-te de contaminação, ainda não constatamos um problema que leve a ações maiores.

IHU On-Line: Quais são as principais observa-ções a serem feitas em relação ao uso de agro-tóxicos na cultura de arroz, por exemplo, no RS? Há risco de contaminação dos corpos d’água que recebem a água da lavoura?

Robson Barizon: Pelo fato de o arroz irrigado ser produzido com lâmina d’água, a qual retorna

aos corpos d’água, existe, sim, um risco maior de contaminação nessa cultura do que em outras. Isso foi constatado em alguns estudos que nós levantamos. Então, nesse sentido, há, sim, uma preocupação com a cultura do arroz e deve ser dada mais atenção ao manejo desse produto.

IHU On-Line: É alto o índice de uso de agrotóxi-cos na produção de arroz?

Robson Barizon: É alto, sim, o índice de uso de agrotóxico nessa cultura. Mas nós só incluímos na pesquisa os trabalhos que encontramos, os quais já mostram que existe um potencial de contaminação. Existem algumas iniciativas do Estado do Rio Grande do Sul para acompanhar a situação, porque realmente é necessário, uma vez que existe um uso intensivo de agrotóxicos na produção de arroz e a água utilizada para a ir-rigação retorna aos rios, aos corpos d’água.

IHU On-Line: O estudo aponta que na região Nordeste o uso de agrotóxicos é intenso por conta da produção de frutas para exportação. Quais são as frutas cultivadas a base de agrotóxicos? Nesse caso há um controle do uso de agrotóxico por con-ta da fiscalização do mercado externo?

Robson Barizon: A produção de frutas lá é pra-ticamente feita de forma irrigada e basicamente é feita no Vale do Rio São Francisco. As principais culturas ali cultivadas são mamão, uva de mesa e melão. Só que nesse caso os níveis de agrotóxico são bastante controlados porque os países impor-tadores têm normas rígidas de controle. Então, pelo menos nessas áreas existe um cuidado com o uso de agrotóxicos para que não ultrapassem os limites aceitáveis no fruto, porque os países que importam, geralmente países da Europa e do Hemisfério Norte, também fazem o controle.

IHU On-Line: Alguns aquíferos já apresentam indícios de contaminação por conta do uso de agrotóxicos? A pesquisa menciona uma preo-cupação com os aquíferos de Serra Grande e Poti-Piauí, no Piauí?

Robson Barizon: Nesse caso nós levantamos a informação e o cuidado preventivo que deve existir com esses aquíferos. Muitos aquíferos estão protegidos por uma camada de rocha im-permeável, que funciona como uma barreira, mas os de Serra Grande e Poti-Piauí são aquífe-ros livres, ou seja, eles chegam até a superfície do solo, então o potencial de contaminação de-les é alto. Porém, isso não quer dizer que eles já estejam contaminados. Nas áreas desses aquí-feros existe o uso de agrotóxicos, mas apenas o uso não indica que haja contaminação, porque se podem selecionar moléculas – essa é uma das formas de se evitar a contaminação – que tenham menor solubilidade em água.

o nebuloso cenário

como os esgotos

no brasil têm

Um percentUal

de tratamento

mUito baixo, Uma

parte do esgoto

gerado é lanÇada

diretamente nos

rios. esse esgoto

tem níveis altos

de nitrato, além de

oUtros problemas

microbiológicos,

e níveis altos

de nitrogênio

ROBSON BARIZON

como os esgotos

no brasil têm

Um percentUal

de tratamento

mUito baixo, Uma

parte do esgoto

gerado é lanÇada

diretamente nos

rios. esse esgoto

tem níveis altos

de nitrato, além de

oUtros problemas

microbiológicos,

e níveis altos

de nitrogênio

ROBSON BARIZON

Page 20: Revista do Meio Ambiente 74

20

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

Existe uma variedade muito grande de molé- culas, de propriedades físico-químicas de molécu-las. Se, nessas situações, forem selecionadas molé-culas que não sejam muito solúveis em água, que não vão ser transportadas junto com a água, que vão ficar retidas na superfície do solo, onde se pre-cisa fazer o controle do fungo, da planta daninha, do inseto, então o risco de contaminação é bastante reduzido. Portanto, trata-se mais de um alerta para que sejam tomadas medidas de prevenção em rela-ção aos aquíferos. No Brasil ainda não há indicativo de que qualquer aquífero esteja contaminado.

IHU On-Line: Na região Centro-Oeste, chama a atenção na pesquisa a redução entre 40 e 50% dos teores de matéria orgânica dos solos cultiva-dos em relação aos solos virgens. Quais as impli-cações do uso de agrotóxico para o solo?

Robson Barizon: Principalmente onde a vege-tação natural era mata, com grande porte de bio-massa, quando foi feita a retirada dessa mata e foi introduzida a atividade agrícola, os níveis de material orgânico diminuíram. Isso aconteceu no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Para-ná, quando se reduziu a Mata Atlântica para a ex-pansão da agricultura, ou seja, os níveis de carbo-no foram reduzidos. Como um dos mecanismos de retenção dos agrotóxicos do solo é a retenção pela matéria orgânica, se o nível de matéria orgâ-nica é reduzido, a retenção é menor.

O plantio direto, que foi adotado a partir da déca-da de 1990 e se expandiu no Brasil, vai no caminho contrário; ele aumenta novamente os níveis de car-bono. Então, medidas como essa, utilizadas na agri-cultura onde houve decréscimo dos níveis de maté-ria orgânica de carbono, possibilitam que se atin-jam novamente os níveis iniciais de matéria orgâ-nica ou, pelo menos, que se elevem esses níveis.

IHU On-Line: Como tem se dado o processo de re-colhimento das embalagens de agrotóxicos? Qual a situação do Brasil em relação à logística reversa?

Robson Barizon: Esse é um motivo de orgulho para o Brasil, porque o país é referência mundial em logística reversa. Foi criado o Instituto para o Desenvolvimento Social e Ecológico – Idese, o ór-gão responsável pela organização e execução des-sa atividade. O Brasil recolhe acima de 80, 90% das embalagens e é o líder mundial nesse quesi-to, ou seja, é o país que consegue recolher o maior índice de embalagens de agrotóxicos que, se fica-rem na propriedade, no campo, têm um potencial alto de contaminação tanto para o trabalhador quanto para o meio ambiente.

IHU On-Line: Na pesquisa vocês mencionam que apesar de o uso de agrotóxico ter cresci-do consideravelmente no país, ainda há pou-ca pesquisa sobre o assunto. Quais as razões?

E que tipo de estudo e monitoramento deve-ria ser feito para se ter um panorama do uso de agrotóxicos no país?

Robson Barizon: Esse é um processo lento e gradual. A legislação que trata da regulamenta-ção do uso de agrotóxicos no Brasil tem avançado, inclusive nos últimos 20 anos. Mas o acompanha-mento acerca do uso de agrotóxicos exige inves-timento, porque são análises caras. Então, a res-trição orçamentária talvez seja o principal ponto a ser desenvolvido, porque ainda não temos pro-gramas de monitoramento, como seria o ideal.

Todos os estados deveriam ter um programa de monitoramento, considerando suas cultu-ras e as moléculas mais utilizadas na região, e a partir das conclusões dos monitoramentos regionais/estaduais, deveriam ser tomadas as medidas para mitigar os impactos levantados por esses monitoramentos.

IHU On-Line: Qual é a alternativa aos agrotóxi-cos? É possível pensar no desenvolvimento agrí-cola sem o uso desses produtos?

Robson Barizon: Uma agricultura sem o uso de agrotóxicos não é possível; seria uma perspectiva utópica. Mas podemos avançar muito mais para reduzir o uso desses produtos. Nesse sentido, deve-se trabalhar em duas frentes: constatado o fato de que é preciso fazer uso dessa substância, então te-mos de controlá-la e monitorá-la; além disso, pode-mos fazer o uso racional dessas substâncias, utili-zando-as somente quando for necessário.

Temos muito a avançar, por exemplo, no controle biológico, no uso de agentes biológicos para contro-lar outras pragas, quer dizer, se usa um inseto para controlar outro inseto, se usa um microrganismo para controlar outro inseto. Esse tipo de prática de-veria ser mais estudado e desenvolvido no Brasil. Em relação à tecnologia de aplicação, é importante usar equipamentos com a regulagem correta para aquela condição de uso, para que se evitem perdas para a atmosfera, para que se evite a contaminação de áreas que não aquelas onde a lavoura está insta-lada. Então, há uma série de práticas que podem re-duzir a quantidade de agrotóxico utilizada.

Hoje, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxi-cos do mundo, tomando o posto que antes era ocu-pado pelos Estados Unidos, e a tendência é de alta. Então, todas essas medidas poderiam reverter essa tendência de aumento de consumo e trazer a agri-cultura brasileira para níveis mais sustentáveis.

notA

[1] O estudo Panorama da contaminação ambiental por

agrotóxicos e nitrato de origem agrícola no Brasil: cenário

1992/2011 foi realizado com base na análise de pesquisas

acadêmicas sobre o uso de agrotóxicos no período de

1992 a 2011.

FONTE: Ihu ONLINE

ag

ro

xic

os

temos mUito

a avanÇar no

controle biológico,

no Uso de agentes

biológicos para

controlar

oUtras pragas,

qUer dizer, se Usa

Um inseto para

controlar oUtro

inseto, se Usa Um

microrganismo para

controlar oUtro

inseto. esse tipo

de prática deveria

ser mais estUdado

e desenvolvido

no brasil

ROBSON BARIZON

Page 21: Revista do Meio Ambiente 74

21

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

carta com 14 metasAmbientalistas apresentam aos presidenciáveis

Page 22: Revista do Meio Ambiente 74

22

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

manual de sobrevivência em um planeta em extinção

ecoalfabetização:

oplaneta Terra está em extinção? Ainda é possível salvá-lo? O que é possível realizar concretamente e

o que é mais urgente? O que cada um pode fazer? Eu posso ser um ecologista? O deba-te dessas questões é apresentado pelo eco-logista Francisco Milanez em textos cur-tos, com linguagem simples e direta. O li-vro também propõe questões para debate e sugestões de atividades.

LEIA uMA AMOSTRA EM: WWW.mUndojovem.

com.br/arqUivos/doWnloads/

ecoalFabetizacao_sUmario_160.pdF.

ed

Uc

Ão

am

bie

nta

l

estrelas

aFeira do Livro de Bogotá, que aconteceu no final de abril, teve como maior sucesso um livro chamado Casa das estrelas: o univer-so contado pelas crianças. Mais especificamente, uma parte dele:

um dicionário feito por crianças que traz cerca de 500 definições para 133 palavras, de A a Z.

Apesar de lançado originalmente em 1999, o livro foi reeditado neste ano. Javier Naranjo, o autor, conta que compilou as informações durante dez anos enquanto trabalhava como professor em diferentes escolas do estado de Antioquía, região rural do leste do país.

A ideia surgiu quando, em uma comemoração do Dia das Crianças, ele pe-diu que seus alunos definissem a palavra “criança”. O resultado encantou o professor – uma das definições era “uma criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir mais cedo”. A partir daí foram surgindo novas definições, que eram sempre anotadas e guardadas.

Para ele, as crianças têm uma lógica diferente, uma maneira própria de entender o mundo e de revelar muitas coisas que os adultos já esqueceram. É assim que, no peculiar dicionário, o adulto é uma “pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro de si”, água é uma “transparência que se pode tomar”, um camponês “não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos” e a Colômbia é “uma partida de futebol”.

Confira abaixo alguns dos verbetes encontrados no livro. FONTE: CATRACA LIVRE, COM INFORMAçõES dA BBC MuNdO

um professor colombiano passou dez anos coletando definições de seus alunos e, como resultado, obteve um dicionário com verbetes ao mesmo tempo puros, lógicos e reais

Casa das

ágUa: transparência qUe se pode tomar. (TATIANA RAMíREZ, 7 ANOS)

camponês: Um camponês nÃo tem casa, nem dinheiro. somente

seUs Filhos. (LuIS ALBERTO ORTIZ, 8 ANOS)

céU: de onde sai o dia. (duVáN ARNuLFO ARANGO, 8 ANOS)

dinheiro: coisa de interesse para os oUtros com a qUal se Faz

amigos e, sem ela, se Faz inimigos. (ANA MARíA NOREñA, 12 ANOS)

escUridÃo: é como o Frescor da noite (ANA CRISTINA hENAO, 8 ANOS)

lUa: é o qUe nos dá a noite (LEIdY JOhANNA GARCíA, 8 ANOS)

mÃe: mÃe entende e depois vai dormir (JuAN ALZATE, 6 ANOS)

tempo: coisa qUe passa para lembrar (JORGE ARMANdO, 8 ANOS)

Universo: casa das estrelas (CARLOS GóMEZ, 12 ANOS)

Livro fez sucesso durante a Feira do Livro de Bogotá

Page 23: Revista do Meio Ambiente 74

23

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços,Equipe do programa Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

Jaime Quitério, Átila Alexandre Nunes, Renata Maia e Átila Nunes Ao lado do deputado está o fi lho dele, Átila Alexandre Nunes

COM ÁTILA NUNES E ÁTILA ALEXANDRE NUNES

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia. Com Átila Nunes e Átila Alexandre NunesOuça também pela internet:www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br (serviço 100% gratuito)[email protected]@emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia. Ouça pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144E-mail: [email protected]

Page 24: Revista do Meio Ambiente 74

24

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

agronegóciopor NAJLA PASSOS

responsável por 23% de toda a riqueza gerada no país, o setor do agronegó-cio sabe que seu apoio pode ser deci-

sivo tanto na eleição quanto na governabili-dade de um presidente. Por isso, no dia 6 de agosto, a Confederação Nacional da Agricul-tura (CNA) convocou os três candidatos me-lhores posicionados nas pesquisas para uma espécie de sabatina.

Ao final, cada um deles recebeu o documen-to O que esperamos do próximo presidente 2015-2018, que condensa as expectativas dos grandes produtores rurais para o próximo mandato. O setor reconhece que, na última década, o agronegócio cresceu como nunca. A produção, hoje, é 70% maior do que na época em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sil-va assumiu o poder. As commodities agrícolas responderam por 44% das exportações brasi-leiras nos primeiros quatro meses deste ano.

Mas os grandes produtores querem muito mais. As palavras de ordem deles são com-petitividade e segurança jurídica. E é em nome delas que reivindicam obras de logís-tica, mais crédito rural, desonerações, inves-timentos públicos e redução do custo da fo-lha de pagamento. E investem contra as de-marcações de terras indígenas e as regulari-zações fundiárias de áreas quilombolas e de proteção ambiental.

Confira a seguir as 8 reivindicações mais polêmicas do setor:

1 - mAIs “dInAmIsmo” nA ConCes-são de CRédIto RuRAl

No último ano do governo Fernando Henri-que Cardoso, o volume de crédito para o agro-negócio foi de R$ 15,7 bilhões. Em maio passa-do, a presidenta Dilma Rousseff lançou o maior Plano Safra da história, com a liberação de R$ 156 bilhões e a promessa que, se for necessá-rios, liberará mais recursos para o setor. Agora, os produtores ainda querem menos burocracia para colocar as mãos no dinheiro.

No documento entregue aos presidenci-áveis, afirmam o crédito rural é “complexo, com alto custo operacional, com exigência de certidões em papel e fiscalização sem efeti-vidade”. Entre as medidas que apontam para reverter o problema, consta a aprovação, até o final de 2015, de um novo marco legal para a política agrícola, que transforme os gran-des investimentos no setor em política de Es-tado e dinamize sua concessão.

2 – PRoteção dA RendA do PRodutoRAlém de crédito farto e fácil, os produtores também querem seus lucros pro-

tegidos da volatilidade da economia capitalista que eles mesmos apoiam. Reivindicam intervenção estatal para assegurar que não saiam no prejuízo, caso ocorra, por exemplo, uma crise que derrube os preços de determinado produto no mercado internacional. Segundo eles, “é inadmissível que no Brasil só 8,74% da área plantada seja segurada”.

3 - RefoRmulAção do meRCosulPara o setor, a participação do Brasil no Mercosul prejudica negociações bilate-

rais que podem aumentar o faturamento do agronegócio. Contrários à política que privilegia as relações Sul-Sul como forma de quebrar a hegemonia global, o que os produtores querem é fechar grandes acordos com os ricos, como os Esta-dos Unidos e a União Europeia. Conforme o documento, é necessária a “defini-ção de uma estratégia de política comercial clara e objetiva, que resgate a auto-nomia do Brasil para negociar acordos comerciais independente do Mercosul”.

4 - Redução do “Custo do tRABAlho”Como os empresários, os produtores rurais querem reduzir a proteção so-

cial dos trabalhadores para obterem mais lucros. No documento entregue aos presidenciáveis, a questão é colocada de forma tão imperativa que soa quase como ameaça: “a saída tem sido a mecanização massiva das operações, redu-zindo a mão de obra em atividades que, há bem pouco tempo, eram as que mais geravam empregos no campo”.

Eles reivindicam, por exemplo, a revisão das normas regulamentadoras do Mi-nistério do Trabalho para a atividade rural. Entre elas está a NR 31, que exige ba-nheiro ou barraca sanitária para atender aos trabalhadores rurais e a proíbe o transporte dos mesmos em pé. E também a NR 15, que normatiza o tempo e o ní-vel de exposição do trabalhador ao sol. Os grandes produtores rurais também se somam aos empresários para exigir a regulamentação total das terceirizações.

5 – RelAtIvIzAção do ConCeIto de “tRABAlho esCRAvo”Inconformados com a Lei nº 10.803/2003, que tipifica a condição de trabalho

análogo ao escravo no Código Penal, os grandes produtores rurais querem relati-vizar esse conceito. A justificativa é que não se pode identificar com clareza uma situação de condição análoga a escravo, em razão do que eles classificam como “excessiva subjetividade” dos termos “jornada exaustiva” e “trabalho degradante”.

As 8 reivindicações mais polêmicas do

24 e

sp

ec

ial

el

eiÇ

õe

s

Presidenciáveis receberam documento que condensa as expectativas dos grandes produtores rurais para o próximo mandatário

MA

RiA

hs

u/f

LiC

kR

CC

2.0

A criminalização dos movimentos sem-terra é uma das reinvidações feitas

Page 25: Revista do Meio Ambiente 74

25

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

Entre outras medidas, o setor reivindica a re-vogação da instrução normativa 91/11, que faz exatamente isso e, a partir daí, compõe a lista suja dos empregadores que praticam trabalho escravo. “É preciso reformular o processo de inclusão de empregadores na lista, de forma a garantir a ampla defesa e evitar que meras irregularidades trabalhistas sejam confundi-das com a prática do trabalho escravo “.

6 – fIm dAs demARCAções dAs teRRAs IndígenAs e quIlomBolAs

As terras indígenas e quilombolas repre-sentam hoje a fronteira agrícola para o avan-ço do agronegócio. Por isso, o setor investe contra elas com toda a sua força. Na questão indígena, os principais alvos dos ataques são a Funai, que avalia atualmente a criação de 128 novas áreas, e organizações da sociedade civil como o Conselho Indigenista Missioná-rio (Cimi), que reivindica as demarcações de outras 339. Na quilombola, as investidas são contra a Fundação Palmares, que estuda o re-conhecimento de 220 quilombos.

7 - CRImInAlIzAção dos movImentos SoCIaIS De luta pela terra

Os produtores rurais sabem que, no Brasil, a reforma agrária só avança com luta dos mo-vimentos sociais do campo, que pressupõe a ocupação dos latifúndios improdutivos e ter-ras públicas ilegalmente usurpadas. Por isso, insistem na criminalização dos movimentos sem-terra, exigindo a “exemplar punição dos responsáveis por tais ilícitos”. “É preciso esta-belecer, com urgência, que a invasão é e sem-pre será um ato ilegal. Invasões, como meca-nismos de pressão dos ditos movimentos so-ciais sobre o governo, para realizar a reforma agrária, são atos ilegais e não reivindicató-rios”, diz o documento.

8 – meIo AmBIente Como modelo de negóCIo

Na área de Meio Ambiente, os produtores querem a imediata implementação do novo Código Florestal, já amplamente debatido pela sociedade até sua sanção pela presi-denta Dilma, em 2012. Mas também pedem uma série de medidas adicionais que aju-dem o setor a melhorar seu desempenho. Entre elas a maior margem para emissão de CO2, a adoção de um marco legal que impeça a cobrança pela utilização de recursos gené-ticos e conhecimentos tradicionais, a regu-lamentação dos biomas de modo a não fre-ar a atividade produtiva e até a privatização das reservas de água. FONTE: CARTA MAIOR

churrasco?ogado bovino demanda 28 vezes mais terra e 11 vezes mais irri-

gação que os suínos e as aves, e uma dieta com sua carne é dez vezes mais custosa para o meio ambiente, segundo um estudo

publicado pela revista Proceedings da National Academy of Sciences.O estudo foi conduzido por Ron Milo do Instituto Weizmann de Ciên-

cia, em Rehovot (Israel), com a colaboração de pesquisadores do Centro Canadense de Pesquisa de Energias Alternativas, do Conselho Europeu de Pesquisa, e Charles Rotschild e Selmo Nissenbaum, do Brasil.

A equipe observou as cinco fontes principais de proteínas na dieta dos americanos: produtos lácteos, carne bovina, carne de aves, carne de suínos e ovos. O propósito era calcular os custos ambientais por unidade nutritiva, isto é uma caloria ou grama de proteína.

A composição do índice encontrou dificuldades dada à complexi-dade e variações na produção dos alimentos derivados de animais.

Por exemplo, o gado pastoreado na metade ocidental dos Estados Unidos emprega enormes superfícies de terra, mas muita menos água de irrigação que em outras regiões, enquanto o gado em currais e alimentado com ração consome, principalmente, milho, que requer menos terra, mas muito mais água e adubos nitrogenados.

A informação que os pesquisadores usaram como base para seu estu-do proveio, majoritariamente, dos bancos de dados do Departamento de Agricultura. Os insumos agropecuários levados em consideração incluí-ram o uso da terra, da água de irrigação, das emissões dos gases que con-tribuem ao aquecimento atmosférico, e do uso de adubos nitrogenados.

Os cálculos mostraram que o alimento humano de origem animal com o custo ambiental mais elevado é a carne bovina: dez vezes mais alto que todos os outros produtos alimentícios de origem animal, inclusive carne suína e de aves.

“O gado requer, na média, 28 vezes mais terra e 11 vezes mais água de irrigação, emite cinco vezes mais gases e consome seis vezes mais nitrogênio que a produção de ovos ou carne de aves”, indica o estudo.

Por seu lado, a produção de carne suína ou de aves, os ovos e os lácteos mostraram custos ambientais similares.

Os autores se mostraram surpreendidos pelo custo ambiental da pro-dução de lácteos, considerada em geral menos onerosa para o ambiente.

Se for levado em conta o preço de irrigação e os adubos que se apli-cam na produção da ração que alimenta o gado bovino para ordenha assim como a ineficiência relativa das vacas comparadas com outros bovinos, o custo ambiental dos lácteos sobe substancialmente. FONTE: uOL/AGêNCIA EFE

Quanto custa este

Consumo de carne bovina é 10 vezes mais custoso para o ambiente, diz estudo

st

Ev

E J

Oh

ns

On

/fL

iCk

R C

C 2

.0

bio

div

er

sid

ad

e

Page 26: Revista do Meio Ambiente 74

26

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

de

ol

ho

na

s o

lim

pía

da

s

Ações de sustentabilidadepropostas pelos Governos para as Olimpíadas Rio 2016

por JuLIANA MAChAdO FERREIRA

Segundo o Portal da Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br/rio2016/meioambiente/) o programa de sustenta-

bilidade e de meio ambiente dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos 2016 se propõe a atuar nas três es-feras de governo – Federal, Estadual e Municipal – em um comprometimento conjunto para aten-der às exigências do Comitê Olímpico Internacio-nal (COI) e às necessidades do município do Rio de Janeiro e de sua região metropolitana. As ações de sustentabilidade estarão focadas em quatro frentes centrais de trabalho: conservação da água, energia renovável, jogos neutros em carbono e gestão do lixo e responsabilidade social. 

 gestão e tRAtAmento dA águAAções propostas pelo Rio 2016

• Uso de equipamento de águas cinzas e uso se-cundário de água de chuva para irrigação para o Programa de Construções Verdes Rio 2016.

• Instalações do Centro Olímpico de Treina-mento (COT), da Vila Olímpica e Paralímpica e do Parque Radical com unidades independentes de tratamento de esgoto.

• Restauração do curso do Rio Maringá, na Zona Deodoro, através de um programa comunitário.

Compromissos de governo• Assegurados pelo Plano Nacional de Sanea-

mento Básico (2008) do Governo Federal que de-fine os alvos do tratamento no nível nacional, es-tadual e municipal, com investimentos de US$ 4 bilhões que já foram alocados aos programas de restauração (Programa de Despoluição da Baía de Guanabara e da Barra – Jacarepaguá) que irão resultar na coleta e no tratamento de 80% de to-dos os esgotos até 2016.

• US$ 165 milhões alocados pelo setor privado e pela CEDAE para completar a renovação comple-ta da Lagoa Rodrigo de Freitas, que receberá as competições de Canoagem (Velocidade) e Remo e da Lagoa de Jacarepaguá na Zona da Barra para melhorar a capacidade de dragagem e a qualida-de da água para uso dos banhistas.

 eduCAção e ConsCIentIzAção AmBIentAl Ações propostas pelo Rio 2016

• Programa de Eco-Cidadania Olímpica para promover a sustentabilida-de de todos os grupos civis do Rio.

• Novos Eco-museus: um centro para a educação e a cultura ambiental dentro do Parque Olímpico do Rio, para aumentar a conscientização so-bre o legado e medidas dos Jogos para a sustentabilidade ambiental, com apoio das ONGs locais. Compromissos de governo

• Programas ambientais escolares aumentarão a conscientização sobre os impactos das mudanças climáticas e as maneiras com que indivíduos e comunidades podem combater este fenômeno global, outros progra-mas focarão na proteção das lagoas.

 ReseRvAs e ConseRvAção de eneRgIA, uso e gestão de eneRgIA RenovávelAções propostas pelo Rio 2016

• Construções temporárias com geradores autoalimentados por etanol para as operações de radiodifusão.

• Piscinas com painéis solares para aquecimento da água no COT e nas instalações de Pentatlo Moderno.

• Células fotovoltaicas nos halls do COT para diminuir a demanda de energia para iluminação.

• Tecnologia Brasileira de ponta de célula de hidrogênio, a etanol, em todas as estruturas temporárias para a iluminação de todas as áreas operacionais.

• Sistema de Gestão de Energia nos prédios novos para complementar a economia e conservação de energia.

• Dentro do Programa de Coleta de Óleo Vegetal do Governo Estadual, o óleo coletado na Vila Olímpica e Paralímpica, do IBC/MPC e das instala-ções será reciclado em biodiesel.

Quanto mais o público souber, melhor poderá cobrar os resultados. Confira detalhes de cada linha de trabalho

Alunos da rede municipal de educação do Rio na Praça do Conhecimento, no Complexo do Alemão, durante evento de apresentação da Bandeira Olímpica

tân

iA R

êG

O/A

BR

Page 27: Revista do Meio Ambiente 74

27

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

 Compromissos de governo

• O Programa Nacional para a Produção e a Utilização de Biodiesel no mercado local provo-cando uma redução considerável da importa-ção de combustível e a melhoria da matriz na-cional de energia renovável. quAlIdAde do AR e tRAnsPoRteAções propostas pelo Rio 2016:

• 100% da frota de T1-T3 funcionando com etanol.• 100% da frota de ônibus públicos com alto uso

percentual de combustível limpo (biodiesel etanol). 

ComPRomIssos de goveRno• Um programa de Qualidade do Ar será inau-

gurado em todo o território nacional pelo Go-verno Federal, em 2009. Isso levará ao aumento do número de estações de controle, ao aumento do controle das partículas de NO2, SO2 e ozônio, compromissos com o Plano Estadual de Ação pela Redução de Emissões de Gases de efeito es-tufa, melhorias do Programa de Controle da Po-luição do Ar por Veículos Automóveis e redução dos níveis de enxofre no combustível.

 PRoteção do eCossIstemA e do soloAções propostas pelo Rio 2016

• Análise da contaminação do solo a cada nova obra de construção.

• Aumento das áreas verdes na cidade através da criação de novas instalações para os Jogos, para eventos culturais e lazer ao ar livre.

• No COT, no Parque Radical, na Marina e na Lagoa Rodrigo de Freitas, um estudo preventivo será feito para garantir a preservação das regi-ões naturais da fauna e da flora.

Compromissos de governo• Uma série de programas e leis integradas:

o Plano Nacional de Mudanças Climáticas, a aprovação da Lei Mata Atlântica, o Progra-ma “Zero Desflorestamento Ilegal”, o Fundo de Compensação Ambiental e da Descentralização de Licença Ambiental.

• Criação do Parque do Carbono onde mais de 24 milhões de árvores serão plantadas. gestão do lIXo sólIdoAções propostas pelo Rio 2016

• 100% das novas construções enviando entu-lho para novas usinas de reciclagem.

• Usinas de reciclagem independentes para flu-xos separados (recicláveis e orgânicos) nas gran-des instalações para reduzir o lixo enviado para os lixões e provocar uma visão de lixo zero.

• Rio 2016 e as ONGs criarão juntos um programa para reciclar o material dos Jogos tais como o look dos Jogos, o que poderá gerar um lucro adicional para as comunidades envolvidas.

 Compromissos de governo

• Os governos Municipal e Estadual introduzirão sistemas integrados de gestão de lixo sólido para garantir a reciclagem máxima e lançarão uma nova perspectiva para a reutilização de materiais em todas as fases do even-to: através da instalação de bombas de metano nos lixões para produção de energia e produção de crédito carbono, o uso de usinas de construção e de demolição, a destruição de todos os lixões ilegais na cidade até 2010 e a melhoria do Movimento Nacional de Cooperativas de Reciclagem. 

RefloRestAmento, BIodIveRsIdAde e PRoteção do meIo AmBIente e legAdo CultuRAlAções propostas pelo Rio 2016

• O programa de compensação dos Jogos Neutros em Carbono em um “Parque do Carbono” de 1.360 hectares no Parque Nacional da Pedra Branca onde 3 milhões de árvores serão plantadas em associação com o Instituto Estadual de Florestas, das 24 milhões que serão plantadas no total até 2016.

• O Parque Radical será inteiramente reconvertido num parque públi-co protegido com um plano intensivo de reflorestamento, reintroduzindo várias espécies da floresta tropical. Este plano indicará residentes locais para manter a sustentabilidade do parque a longo prazo.

• A reforma paisagista e o reflorestamento do Parque Olímpico do Rio sobre 40 hectares, através de um esforço conjunto entre as comunidades vizinhas, residentes locais e comunidades carentes.

• Alimentação para a Vila Olímpica e Paralímpica – 100% composta por produtos orgânicos para melhorar a biodiversidade. Compromissos de governo

• Os trabalhos da Educação pela Sustentabilidade da Agenda 21 nas instala-ções coordenadas pelos Eco-museus não serão apenas concentradas nos es-portes integrados e nas atividades ambientais; elas promoverão também as tradições culturais da sociedade multicultural do Rio, a integração de espe-táculos de arte (Samba e Capoeira), de tecnologias modernas, de arte de rua criativa e contemporânea através da reciclagem de materiais, o que abrirá novas possibilidades criativas sem comprometer as tradições autênticas.

eXeRçA suA CIdAdAnIA. denunCIe IRRegulARIdAdes.Colabore com a Controladoria-Geral da União (CGU) na fiscalização

do uso do dinheiro público. Envie suas denúncias relativas à defesa do patrimônio público, ao controle sobre a aplicação dos recursos públicos federais, à correição, à prevenção e ao combate à corrupção, às atividades de ouvidoria e ao incremento da transparência da ges-tão no âmbito da administração pública federal. Use o “Formulário de Denúncias” disponível no site cwww.cgu.gov.br/Denuncias/

A identidade do denunciante e todas as informações pessoais forne-cidas são protegidas, nos termos da Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/11), e não podem ser acessadas por terceiros, incluindo servidores públicos não autorizados, a não ser mediante consentimento expresso do autor ou decisão judicial.

E, de acordo com o artigo 126-A, da Lei nº 8.112/90, o servidor públi-co que fizer uma denúncia não pode ser penalizado por informar sobre a prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, à autoridade superior ou – quando houver suspeita de envolvimento desta – a outra autoridade competente para apuração, ainda que em de-corrência do cargo, emprego ou função pública.

Para melhor eficácia na apuração da denúncia, envie por Internet ou car-ta, ou ainda mediante entrega pessoal. Se possível, anexe documentos ou imagens que ajude a comprovar os fatos denunciados por correspondência.

Page 28: Revista do Meio Ambiente 74

28

agosto2014 > rev istadomeioambiente.org.br

ficou na promessaEntrevista com Magno Castelo Branco, responsável pelo Departamento técnico da iniciativa verde, para a newsletter Clima e floresta, do instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (ipam)

Plantio de árvores como compensação de emissões na Copa

por MAuRA CAMPANILI

responsável pelo Departamento Técnico da Iniciativa Verde – organização não go-vernamental que trabalha para a mitiga-

ção e a adaptação às mudanças climáticas por meio de recomposição florestal –, Magno Castelo Branco diz que a organização da Copa do Mundo no Brasil acertou na gestão de resíduos, mas de-cepcionou na compensação de emissões. “Tive-mos promessas de plantio de até 34 milhões de árvores, coisa que não ocorreu”. Também consul-tor do Banco Mundial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Embaixada Britânica so-bre assuntos relacionados à mudança do clima, Castelo Branco acredita que a opção por chamar empresas para doarem créditos de carbono – ado-tada pelo governo e pela Fifa –, tenha pouco va-lor. “Foi uma atitude desesperada para cumprir de qualquer jeito uma promessa”. Na sua avalia-ção, é preciso incorporar de maneira significativa iniciativas de compensação de gestão de grandes eventos, buscando mecanismos de compensação que contribuam de maneira significativa para a realidade local.

Clima e Floresta: Você acompanhou as medidas de sustentabilidade anunciadas pelo governo brasileiro para a Copa do Mundo? Podemos dizer que foram eficazes?Magno Castelo Branco: Sim, acompanhei as me-didas de sustentabilidade anunciadas, mas tam-bém as que foram efetivamente implementadas. Posso dizer que fiquei bem impressionado com a gestão de resíduos recicláveis durante o evento. Foram contratados 1,5 mil catadores que coleta-ram mais de 180 mil toneladas de resíduos. Essa foi uma iniciativa importante, principalmen-te por criar e incentivar a cultura de coleta e re-ciclagem nas cidades sedes. Sobre a certificação dos estádios, considero que seja uma obrigação, pois hoje é inadmissível pensarmos em construir arenas dessa magnitude sem considerarmos for-mas de torná-las mais eficientes. Apenas seis das 12 arenas foram certificadas com o selo LEED

(Leadership in Energy & Environmental Design). Minha experiência mostra que a certificação das obras não necessariamente aumenta os custos de implantação e sempre reduz os custos durante a operação. Um ótimo exemplo é a Arena Castelão, que foi a mais barata da Copa mesmo sendo cer-tificada. Porém, sobre os estádios ainda tenho ou-tra preocupação. Observando que quase todos os estádios custaram mais do que deveriam e tive-ram suspeitas de superfaturamento, tenho certe-za que essas ineficiências de gestão significaram também um aumento do consumo de recursos e nas emissões de gases de efeito estufa. Talvez seja difícil mensurar, mas é certo que uma gestão ine-ficiente acarreta maiores desperdícios financei-ros e, consequentemente, de materiais.

Clima e Floresta: E em relação à compensação de emissões de gases de efeito estufa, houve iniciati-vas importantes?Castelo Branco: Sobre a compensação de emis-sões fiquei decepcionado, pois tivemos promessas de plantio de até 34 milhões de árvores antes do evento, coisa que não ocorreu. Nem ouvimos mais falar sobre o assunto. Essa era uma oportunidade única de incentivar projetos de grande impacto positivo, pois a visibilidade era muito grande. Era uma chance de dar visibilidade a projetos de recu-peração da Mata Atlântica – uma das grandes ri-quezas de nosso país –, além de muitas outras ini-ciativas espalhadas pelo Brasil. O que vimos foi um ato desesperado de tentar, de última hora, “zerar’ as emissões do evento com a doação de créditos de carbono. Infelizmente, o que aconteceu foi muito menos significativo do que poderia.

Clima e Floresta: Em relação especificamente às emissões, que tipos de emissões um evento desse porte, realizado em doze diferentes cidades, pode causar? É possível calcular as emissões realiza-das? Como?Castelo Branco: Todos os eventos podem ter as suas emissões calculadas. Para tanto, são utiliza-das metodologias consagradas, como por exem-plo o GHG Protocol. Por mais que a metodologia seja voltada para o cálculo de emissões corporati-vas, é possível adaptá-la para um evento, avalian-do as fontes de emissão existentes. Em eventos de qualquer porte, a principal fonte de emissão é geralmente o transporte. No caso de um gran-de evento como a Copa do Mundo, isso fica muito

de

ol

ho

na

s o

lim

pía

da

s

tivemos promessas

de plantio de até

34 milhões de

árvores antes

do evento, coisa

qUe nÃo ocorreU.

nem oUvimos mais

Falar sobre o

assUnto. essa era

Uma oportUnidade

única de incentivar

projetos de grande

impacto positivo,

pois a visibilidade

era mUito grande

CASTELO BRANCO

Page 29: Revista do Meio Ambiente 74

29

revistadomeioambiente.org.br > agosto2014

evidente. No inventário realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), chegou-se a conclusão que 83% das emissões do evento estão relacionadas ao transporte dos espectadores. Mas é importante ressaltar que há sim ou-tros diversos impactos como, por exemplo, a construção das arenas. Acho que foi um erro da Fifa e do MMA optarem por não incluir essas emissões no escopo do inventário da Copa. Pela minha experiência na Iniciativa Ver-de com a execução de inventários de emissões de empreendimentos, posso deduzir que este impacto seria bastante representativo no total. Pelo fato de termos 12 cidades sedes, tivemos um impacto relativo ao transporte ainda mais significativo. Os deslocamentos são maiores também pelas distâncias entre as cidades. Além do transporte, são consideradas as emissões relacio-nadas a realização de todos os eventos relacionados com a Copa, incluindo nos cálculos fontes de emissão como: Consumo de energia, consumo de ma-teriais, transporte de staff, consumo de combustíveis, entre outras.

Clima e Floresta: No site oficial da Copa (http://www.copa2014.gov.br/), o governo afirma que o Brasil compensou sete vezes mais do que o estimado para as emissões diretas de gases de efeito estufa geradas pela realização da Copa do Mundo. Esses índices teriam sido alcançados em decorrência da chamada pública para empresas interessadas na doação de créditos de car-bono, lançada pelo Ministério do Meio Ambiente. Esse é um bom sistema para compensar emissões?

Castelo Branco: Acredito que chamar empresas para doarem créditos seja uma ação com pouco va-lor, pois sugere que o governo e a FIFA pouco fize-ram para tanto. Foi uma atitude desesperada para cumprir de qualquer jeito uma promessa. Muitos outros projetos poderiam ter sido incentivados.

Clima e Floresta: Pelo sistema adotado, as em-presas doariam as suas Reduções Certificadas de Emissões (RCE) em troca de ter seus nomes veicu-lados nos eventuais relatórios de gestão e resul-tados do Projeto e publicados no Diário Oficial da União. Você poderia explicar o que são essas RCE e como funcionam?Castelo Branco: RCE são reduções de emissões certificadas dentro do Protocol de Kyoto. Uma to-nelada de CO2 reduzida e certificada é o que cha-mamos de RCE, ou crédito de carbono. Essas redu-ções podem ser obtidas por diversos projetos que utilizam metodologias aprovadas na Conven-ção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e são registrados nesse órgão.

Clima e Floresta: A Iniciativa Verde trabalha com a compensação de emissões por meio de projetos de recomposição florestal, de proteção às águas e de auxílio aos proprietários rurais para adequa-ção ambiental. As iniciativas da Copa do Mundo contemplaram essas áreas?Castelo Branco: Não fomos contemplados nas ações oficiais da Copa do Mundo. Algumas empre-sas nos buscaram e acabamos realizando proje-tos relacionados com a Copa. Porém, oficialmente, não fomos procurados pela organização do evento. Também não temos notícias de outras instituições que foram convidadas a fazer essas atividades no âmbito oficial do evento, ou seja, as iniciativas da Copa não envolveram esse tipo de trabalho. Na re-alidade, pelo que vimos, projetos de recomposição florestal não estiveram envolvidos com as ativida-des de compensação de emissões do evento.

Clima e Floresta: Há outras questões relaciona-das à sustentabilidade e à pegada de carbono da Copa do Mundo que podemos destacar? Que li-ções ficam para eventos semelhantes, sobretudo as Olimpíadas que acontecem no Rio de Janeiro daqui a dois anos?Castelo Branco: A principal lição é que precisa-mos incorporar de maneira significativa essas iniciativas de compensação na gestão desses grandes eventos, dando a mesma importância que atribuímos às obras em si, buscando me-canismos de compensação que contribuam de maneira significativa para a realidade local e regional. E em se falando de Brasil, nada supe-ra, a meu ver, os projetos de restauro florestal no âmbito do bioma da Mata Atlântica. FONTE: IPAM.ORG.BRV

nA

Ch

O/f

LiC

kR

CC

2.0

Page 30: Revista do Meio Ambiente 74
Page 31: Revista do Meio Ambiente 74

Guia do Meio Ambiente Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

SupercãoDr. Joel Osório

atendimento em domicílio

Dermatologia • Urgênciascardiologia • vacina • cirurgia

internação • tosa • banho

(21) 9964 • 0580 (21) 2711 • 8253

Page 32: Revista do Meio Ambiente 74

No trato da informação, a forma é tão importante quanto o conteúdo. A maneira como uma informação é apresentada pode atrair e manter a atenção do leitor ou não. Por isso, o Estúdio Mutum – responsável pelo visual da Revista do Meio Ambiente – inovou mais uma vez, oferecendo aos leitores, a partir desta edição, um novo visual tanto para a diagramação da Revista quanto para os logotipos da Rebia e de seus veículos.

Os logotipos receberam uma atenção especial. O globo terrestre foi mantido, reafi rmando nosso compromisso com o planeta, mas enfatizando com o coração no lugar do mapa do Brasil o fato da Rebia ser brasileira, e que o mundo melhor que queremos deve começar em nós, em nossa casa. O coração deu ainda um toque especial para lembrar o amor, o carinho, a empatia, a paixão, o cuidado e responsabilidade com os quais produzimos e difundimos informações socioambientais. Esta difusão foi ainda reforçada pelos raios, sugerindo movimento, dinamismo, energia e bons fl uidos.

Estúdio Mutum renova

A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado:

a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente.

Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

IMPRESSO

DEVOLU

ÇÃO GARANTIDADR

RJ

Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

Ferreira, 777Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano IX • ed 74 • agosto 2014

Mais informaçõesHaldney Ferreira e Carolina Almeida(11) 3852-5489 • skype: [email protected]

visual da Rebiae da Revista doMeio Ambiente