revista do meio ambiente 62

32
os recursos do planeta Em agosto, já consumimos para 2013 AMBIENTE revista do meio Rebia Rede Brasileira de Informação Ambiental Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br ano VIII • agosto 2013 62 9772236101004 ISSN 2236-1014 Lixo Zero: quanto mais informação, menos lixo no chão Prefeitura do Rio de Janeiro revitaliza Região Portuária Rio: mapa de vulnerabilidade às mudanças climáticas Se não esfriar, Fukushima pode explodir

Upload: rebia-rede-brasileira-de-informacao-ambiental

Post on 02-Apr-2016

222 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

os recursos do planeta Em agosto, já consumimos para 2013 | Se não esfriar, Fukushima pode explodir | Rio: mapa de vulnerabilidade às mudanças climáticas | Prefeitura do Rio de Janeiro revitaliza Região Portuária | Lixo Zero: quanto mais informação, menos lixo no chão

TRANSCRIPT

Page 1: Revista do meio ambiente 62

os recursos do planetaEm agosto, já consumimos

para 2013

ambienterevista do meioRebia Rede Brasileira de Informação Ambiental

Acesse: www.revistadomeioambiente.org.br

ano

VIII

• ago

sto

2013

62

9772236101004

ISSN 2236-1014

Lixo Zero: quanto mais informação, menos lixo no chãoPrefeitura do Rio de Janeiro revitaliza Região Portuária

Rio: mapa de vulnerabilidade às mudanças climáticasSe não esfriar, Fukushima pode explodir

Page 2: Revista do meio ambiente 62
Page 3: Revista do meio ambiente 62

3

ago 2013revista do meio ambiente

Capa

: Tija

naM

(Shu

tter

stoc

k)

27

Com

lurb

nesta edição

capa26 Em agosto, já consumimos os recursos do planeta para 2013 por Comunicação do WWF Brasil

cidadania ambiental5 Se não esfriar, Fukushima pode explodir por Sílvia Franz Marcuzzo

mudanças climáticas14 Rio: mapa mostra populações mais vulneráveis às mudanças climáticas por Steven McCane

meio ambiente urbano16 Porto Maravilha: prefeitura do Rio revitaliza região portuária por Alberto Silva

educação e cidadania ambiental27 Campanha Lixo Zero: quanto mais informação, menos lixo no chão por Comlurb

Saiba mais sobre a Rebia: rebia.org.br

A Rebia nas redes sociais: facebook.com/REDEREBIA

facebook.com/pages/Lista-Verde-a-Natureza-n%C3%A3o-vota-Vote-voc%C3%AA-por-ela/280563695418657?ref=hl

• Twitter: twitter.com/pmeioambiente

• Google+: plus.google.com/109858586057074742261/posts

• Linkedin: linkedin.com/company/rebia---rede-brasileira-de-informacoes-ambientais?trk=hb_tab_compy_id_2605630

Rebia – Rede Brasileira de Informação Ambiental: organização da sociedade civil, sem fi ns lucrativos, com a missão de contribuir para a formação e mobilização da Cidadania Ambiental planetária através da democratização da informação ambiental e da educação ambiental com atuação em todo o território nacional, editando e distribuindo gratuitamente a Revista do Meio Ambiente e o Portal do Meio Ambiente. CNPJ: 05.291.019/0001-58. Sede: Trav. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 – Site: www.rebia.org.br

Pessoa JurídicaA Rebia mantém parceria com uma rede solidária de OSCIPs (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que respondem juridicamente pela fi nanças dos veículos de comunicação e projetos da Rebia:• Prima – Mata Atlântica e Sustentabilidade(Ministério da Justiça - registro nº 08015.011781/2003-61) – CNPJ: 06.034.803/0001-43 • Sede: R. Fagundes Varela, nº 305/1032, Ingá, Niterói, RJ - CEP: 24210-520 • Inscrição estadual: Isenta e inscrição Municipal: 131974-0www.prima.org.br

Conselho Consultivo e Editorial

Adalberto Marcondes, Aristides Arthur Soffi ati, Bernardo Niskier, Carlos A. Muniz, David Man Wai Zee, Flávio L. de Souza, Keylah Tavares, Luiz A. Prado, Paulo Braga, Ricardo Harduim, Rogério Álvaro S. de Castro, Rogério Ruschel

Redação: Tv. Gonçalo Ferreira, 777 - casarão da Ponta da Ilha, Jurujuba - Niterói, RJ - 24370-290 • Tel.: (21) 2610-2272

Editor e Redator-chefe (voluntário): Vilmar Sidnei Demamam Berna, escritor e jornalista. Em 1999 recebeu o Prêmio Global 500 da Onu para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas.www.escritorvilmarberna.com.br www.escritorvilmarberna.blogspot.com [email protected] • Cel (21) 9994-7634www.facebook.com/vilmar.bernawww.facebook.com/escritorvilmarberna

Produção gráfi ca: Projeto gráfi co e diagramação: Estúdio Mutum • (11) 3852-5489 Skype: estudio.mutum www.estudiomutum.com.br

Impressão: Flama Ramos Acab. e Man. Gráfi co Ltda. (21) 3977-2666

Webmaster:Leandro Maia – [email protected]

Revista ‘Neutra em Carbono’

www.prima.org.br

26

5

14

Os artigos, ensaios, análises e reportagens assinadas expressam a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, o ponto de vista das organizações parceiras e da Rebia.

Para acessar a Revista do Meio Ambiente on-line a ao vivo com o código QR é só escanear o código e ter acesso imediato. Se não tiver o leitor de QR basta abaixar o aplicativo gratuito para celulares com android em http://bit.ly/16apez1 e para Iphone e Ipads em http://bit.ly/17Jzhu0

• Luzes e sombras• Caçador agride ambientalistas com arma de fogo • RMA lança manifesto e protesto contra agressões a ambientalistas • Sítio de espanhol assassinado em Rio Claro (RJ) vai virar QG de combate a crimes ambientais• Rio Claro: Secretaria do Ambiente faz megaoperação contra crimes ambientais• Petrópolis recebe obras contra enchentes• Para os que ainda negam o aquecimento global• Porto Maravilha é um processo de renovação urbana• Meio ambiente & sustentabilidade• Oportunidades para adequação ambiental de propriedades rurais• Caminhos da economia verde e a cobertura jornalística• Política ambiental• Baú do desmatamento aberto na amazônia• Transporte & mobilidade urbana• Um “pálido ponto azul”• Inversão de polaridade do Sol• SOS Mata Atlântica lança série de livros• Incidentes com tubarões: o que se pode fazer?• Humano tem mais empatia por cão maltratado que por pessoas• O caminho de volta• Guia do Meio Ambiente

467

8

9

1015171818

192021222425252829

3032

16

Page 4: Revista do meio ambiente 62

4

ago 2013 revista do meio ambiente

editorialte

xto

Vilm

ar S

idne

i Dem

amam

Ber

na*

(ww

w.e

scrit

orvi

lmar

bern

a.co

m.b

r)

A AntArcticA não está exAtAmente mentindo, mAs mAnipulA A informA-ção, iluminAndo A pequenA verdAde que quer destAcAr enquAnto escon-de nAs sombrAs A verdAde que quer ocultAr. Trata-se de uma velha tática de co-municação, do farol, para manipular a opinião pública, colocando-se como uma grande ami-ga do meio ambiente, quando na verdade está mais para inimiga.

Já não há mérito algum em cumprir a lei, pois isto é obrigação de todos, e há menos mérito ainda quando sequer isso é feito direito! A Polí-tica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), insti-tuída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010, estabelece a logística rever-sa como de responsabilidades dos fabricantes, que colocam seus produtos e embalagens no mercado. Trata-se de um instrumento de de-senvolvimento econômico e social caracteriza-do por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a res-tituição dos resíduos sólidos ao setor empresa-rial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.

Alguém da equipe do Jorge Paulo Lemann deveria dizer a ele o quanto a divulgação de tais resultados pífios não ajudam sua ima-gem, ao contrário, a comprometem. O dono da Antarctica – e de várias outras empresas – mora à beira de um lago na Suíça, levando uma vida sem grande ostentação, em um vilarejo

luzes e sombras

120milhões de garrafas pet equivale a apenas 20% por cento do que Antarctica coloca no mercado do seu guaraná de 2 litros. isso não é um presente para o meio ambiente, é um castigo. significa que cerca de 480 milhões de embalagens (80%) continuam poluindo o meio ambiente. imagine de todo o resto que fabrica!

A técnica do farol na comunicação ambiental: iluminar uma pequena verdade e deixar nas sombras verdades incômodasN

ick –

NJR

ZA

(Wik

imed

ia C

omm

ons)

* Vilmar é escritor e jornalista, fundou a Rebia - Rede Brasileira de Informação Ambiental (rebia.org.br), e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente), e o Portal do Meio Ambiente (portaldomeioambiente.org.br). Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas

próximo de Zurique, desde a tentativa de se-questro no Brasil de seus filhos. O empresário se locomove de bicicleta nos vilarejos da região, pratica esportes aquáticos no lago e, durante o inverno, frequenta o chalé da família próxi-mo à elegante estação de esqui de St. Moritz. Ele mantém ainda a Fundação Lemann, criada para promover projetos de educação que bene-ficiem estudantes brasileiros, fortalecendo par-cerias com universidades como a de St. Gallen, cidade também próxima de Zurique. Logo, uma pessoa com consciência e princípios, que deve-ria se envergonhar desta prática de capitalizar lucros e socializar prejuízos. Imagine se suas embalagens boiassem no lago onde tem a sua casa! Pois é, suas embalagens boiam e entopem os rios e lagos aqui no Brasil.

Ao transferir para a sociedade e o meio am-biente o ônus de ter de cuidar dos 80% das em-balagens que coloca no mercado e que não re-colhe está exatamente fazendo isso. As prefei-turas são obrigadas a usar dinheiro de nossos impostos para recolher embalagens de suas in-dústrias. Além disso, as embalagens entopem as redes de águas pluviais e os mais atingidos com as enchentes são os mais pobres, que não tem como se defender, e acabam perdendo nas enxurradas seus móveis e economias compra-das a duras penas e em longas prestações.

Ao transferir para a sociedade e o meio ambiente o ônus de ter de cuidar dos 80% das embalagens que coloca no mercado e que não recolhe está exatamente fazendo isso

Page 5: Revista do meio ambiente 62

5

ago 2013revista do meio ambiente

e A cAtástrofe só continuA A piorAr à medidA que os relA-tórios do jApão indicAm que um novA vAzAmento de “águA AltAmente rAdioAtivA” está ocorrendo A pArtir de um tAn-que de ArmAzenAmento com os funcionários dizendo que o vAzAmento detectAdo pode ter permitindo que tonelAdAs de águA contAminAdA vAzAssem pArA o meio Ambiente.

Como o Japan Times relata: “Às 9h50 de segunda-feira, trabalhadores da Tepco encontraram um vazamento de pelo menos 120 litros de água alta-mente contaminada que presumem ter escapado de válvulas de drenagem da barreira de concreto. As válvulas tinha sido abertas para drenar a água da chuva. O nível de radiação medido cerca de 50 cm acima da água tóxi-ca foi de cerca de 100 millisieverts por hora. De acordo com a Reuters, “está tão contaminada que uma pessoa em pé, a 50 centímetros de distância, em uma hora, recebe uma dose de radiação cinco vezes a média do limite glo-bal anual para os trabalhadores nucleares”. A exposição a 100 millisieverts aumenta a incidência de morte por câncer em 0,5 por cento, de acordo com a Comissão Internacional de Proteção Radiológica. Ele também é o limite máximo legal para um trabalhador nuclear ao longo de cinco anos.

A Tepco disse que o nível de água no tanque de nº 5 caiu por 3 metros, o que significa cerca de 300 toneladas de água contaminada havia sido perdida. Em dois dias, cerca de 10 mil toneladas foram perdidas, indican-do que este montante pode ter vazado todos os dias nos últimos 30 dias, disse um alto funcionário da Tepco ao jornal The Japan Times: ‘“Até ago-ra, tivemos quatro (tanques) com vazamentos semelhantes. O proble-ma neste momento é que não detectamos o vazamento nos últimos 30 dias “, disse o funcionário. “Isso é uma enorme quantidade de radiação. A situação está piorando”, disse à Reuters Michiaki Furukawa, professor emérito da Universidade de Nagoya e um químico nuclear. A água do sistema de resfriamento improvisado flui em porões e trincheiras que foram vazando desde o desastre.

text

o Sí

lvia

Fra

nz M

arcu

zzo

(sfm

arcu

zzo@

gmai

l.com

)

cidadania ambiental

Água radioativa de Fukushima está sistematicamente envenenando o Oceano Pacífico inteiro Neste momento, uma enorme quantidade de água altamente radioativa está envenenando sistematicamente todo o Oceano Pacífi co a partir das ruínas da instalação nuclear de Fukushima, no Japão. Isso vem acontecendo em todo o dia, todos os dias por mais de dois anos. As enormes quantidades de trítio, césio e estrôncio que estão sendo liberados estão sendo transportadas pelo vento, chuva e correntes oceânicas em todo o hemisfério norte. Isto é um pesadelo que não tem fi m. O dano que está sendo feito é absolutamente incalculável.

maior desastre nuclearse não esfriar, fukushima pode explodir e causar

contaminar. Armazenar. vazar. repita. esse é o ciclo da água radioativa ocorrendo agora no japão para resfriar os reatores danificados e hastes de combustível restantes na usina fukushima e que está sistematicamente envenenando o oceano pacífico inteiro

leia o artigo de Michael t. Snyder (ex-advogado de Washington dC, que agora publica The Truth) na integra em http://noticia-fi nal.blogspot.com.br/2013/08/agua-radioativa-de-fukushima-esta.html?spref=fb)

Planta nuclear de Fukushima antes da

explosão em 2011

Kei (

Wik

imed

ia C

omm

ons)

Page 6: Revista do meio ambiente 62

6

ago 2013 revista do meio ambiente

cidadania ambientalte

xto

Sílv

ia F

ranz

Mar

cuzz

o (s

fmar

cuzz

o@gm

ail.c

om)

foto

s Wig

old

B. S

chaff

er e

Miri

am P

roch

now

caçador agride ambientalistas

com arma de fogo

quase encostar o cano em meu rosto, aí ele tentou arrancar a câmera fotográfica de mi-nhas mãos, nesse momento, num gesto de desespero e reflexo segurei o cano da arma e o desviei do meu corpo, foi quando ele pu-xou o gatilho e atirou, o tiro passou muito perto do meu peito,” revela Wigold.

Após o disparo, Wigold conta que continuou segurando o cano da arma com as duas mãos enquanto o caçador tentava novamente virar o cano e apontar em sua direção, como não obte-ve êxito passou a agredir violentamente a víti-ma com chutes, coronhadas e até com a própria máquina fotográfica, que se partiu quando o agressor a bateu na cabeça da vítima.

As agressões foram interrompidas alguns mi-nutos mais tarde com a chegada de Miriam, que estava um pouco atrás. “Ao ouvir o grito de so-corro do Wigold e em seguida o disparo da arma, imediatamente pedi que a minha filha Gabrie-la corresse até em casa e chamasse a polícia, re-latou Miriam. Ela também relata que ao chegar perto do local viu o Wigold deitado no chão e o homem batendo nele com a coronha da arma: “Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome”. Ao perceber a aproximação da Miriam e ver que ela também estava registrando o que acontecia, o agressor parou de espancar o Wigold e passou

“o que acontece, quando no meio da mata, por detrás dos arbustos, não é um bicho que aparece, mas sim um caçador camuflado e armado, que vem em sua direção com um rifle com mira telescópica apontado diretamente pra você? pode acontecer um tiro de raspão na mão, por conta do reflexo de defesa da pessoa, mas pode acontecer o pior, que é o que via de regra acaba acontecendo, quando o alvo é um animal”

Nas fotos de Wigold B. Schaffer e Miriam Prochnow, o rosto do agressor está coberto por uma tarja por orientação do advogado dos dois ambientalistas

Wigold b. schAffer e miriAm proch-noW, conselheiros dA AssociAção de preservAção do meio Ambiente e dA vidA (ApremAvi), forAm vítimAs de Agressão e ficArAm reféns sob A mirA de ArmA de fogo e AmeAçA de morte por mAis de 30 minutos, no domingo, 4 de Agosto, quAndo fAziAm um pAs-seio pelA mAtA de suA propriedAde em AtAlAntA, sc. Saíram de sua casa por vol-ta das 10h em companhia da filha Gabriela para dar uma caminhada no meio da mata e fazer fotos da flora e da fauna. Em torno de 10h30min foram atacados por um caçador.

Wigold conta que o homem surgiu de repente, com vestimenta camuflada da cabeça aos pés, empunhando uma arma de fogo dessas que uti-lizam um “pente” de munição e mira telescópica.

“Ao perceber algo se movimentando atrás de uns palmiteiros jovens inicialmente pen-sei tratar-se de algum animal e comecei a fotografar, segundos depois surge o caçador vindo em minha direção com o dedo no ga-tilho e a arma apontada diretamente para mim”, relata Wigold. Por instinto de fotógra-fo, Wigold continuou fotografando a apro-ximação do agressor e gritou por socorro, já que Miriam e Gabriela vinham a uns 50 me-tros atrás. “O agressor não parou, veio direto em minha direção com a arma apontada, até

Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome(Miriam Prochnow)

Page 7: Revista do meio ambiente 62

7

ago 2013revista do meio ambiente

rmA lança manifesto e protesto contra agressões a ambientalistas

Caçador saindo de trás do palmiteiro com a arma apontada para Wigold

A rede de ongs da mata Atlântica (rmA) que congrega 300 entidades que trabalham e lutam pelo bioma mais ameaçado do brasil e um dos mais degradados do mundo vem a público repudiar os crimes que tem ocorrido contra justamente àqueles que defendem com unhas e dentes o que ainda resta de mata Atlântica

os episódios de AssAssinAto do biólogo espAnhol gonzA-lo Alonso hernAndez, de 49 Anos, cujo corpo foi encon-trAdo boiAndo no pArque estAduAl cunhAmbebe, em rio clAro, rio de jAneiro, em 8 de Agosto, e dA Agressão Aos conselheiros dA AssociAção de preservAção do meio Am-biente e dA vidA (ApremAvi) Wigold schAffer e miriAm prochnoW, ocorridA em 4 de Agosto, em AtAlAntA, sAntA cAtArinA, são inAdmissíveis.

Não podemos permitir que pessoas que protegem e defendem um patrimônio natural brasileiro e Reserva da Biosfera da Unesco – a Mata Atlântica – se tornem vítimas de situações que denotam o des-caso com a conservação ambiental em nosso país. Estes fatos não podem ser tolerados. As famílias de Miriam, que foi coordenadora geral e uma das fundadoras da RMA, Wigold e de Gonzalo merecem nosso total apoio e

Reivindicamos mais fiscalização e recursos para que os órgãos de controle e policiamento ambiental cumpram o que já é previsto em lei. Pois a violência contra qualquer pessoa que atue em prol da pro-teção da vida é um grave precedente que sinaliza retrocesso e o ata-que direto à liberdade de expressão e aos princípios democráticos.

Esperamos que todas as instâncias, Polícias Civil, Militar e Ambien-tal, bem como o Ministério Público Estadual e Federal e as demais autoridades tomem todas as medidas necessárias para que a justiça seja feita.

Por fim, esperamos que casos como esses não se repitam em um país cujos governos tem demonstrado pouco interesse em cumprir a legislação ambiental, uma conquista de todos, para o bem dessa e das futuras gerações.

• Bellô Monteiro: Coordenador geral da RMA (Fundação SOS Mata Atlântica-SP)

• Adriano Wild: Coordenador institucional da RMA (Mater Natura-PR)

agredir a Miriam na tentativa de também lhe tirar a câmera fotográfica.

Os dois ambientalistas ficaram ainda por mais de 20 minutos sob a mira da arma do ca-çador, que queria lhes tirar as câmeras foto-gráficas. A situação só parou quando Miriam anunciou que a polícia já deveria estar che-gando, pois a Gabriela saíra em busca de so-corro logo após o disparo. Pouco depois, o ho-mem se afastou caminhando de costas, sem-pre com a arma apontada em direção ao casal, até se embrenhar na mata.

Os ambientalistas Wigold e Miriam, nasci-dos na região do Alto Vale do Itajaí, tem des-tacada atuação em defesa da Mata Atlânti-ca. O casal voltou para Atalanta depois de 14 anos trabalhando em Brasília. Wigold tra-balhou por mais de 13 anos no Ministério do Meio Ambiente e Miriam fortaleceu a atuação da Apremavi em colegiados de âmbito nacio-nal, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), onde foi Coordenadora Geral. Hoje é Se-cretária Executiva do Diálogo Florestal Brasi-leiro e conselheira do Diálogo Florestal Inter-nacional. Os dois são fundadores da Apremavi, que completou 26 anos este ano.

A situação vivida pelos ambientalistas evi-dencia para uma preocupante realidade no Alto Vale do Itajaí e outras regiões de Santa Catarina: a prática da caça. Apesar de ser proi-bida no Brasil, a caça continua sendo realiza-da, inclusive por jovens, com equipamentos cada vez mais sofisticados.

As vítimas já denunciaram as agressões junto às Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como ao Ministério Público Estadual e Federal. Nos próximos dias, a Apremavi, juntamente com ou-tras instituições de Santa Catarina e do Brasil, estará deflagrando uma ampla campanha junto aos órgãos públicos para que estes realizem ope-rações de fiscalização da caça, soltura de animais aprisionados e apreensão de armas na região. FoNtE: APREMAVI.oRg.BR

Page 8: Revista do meio ambiente 62

8

ago 2013 revista do meio ambiente

política ambientalte

xto

Sand

ra H

offm

ann

(Asc

om S

EA)

o sítio onde viviA o AmbientAlistA espAnhol gonzAlo Alonso, recentemente AssAssinAdo com um tiro nA cAbeçA no muni-cípio de rio clAro, no sul fluminense, será trAnsformAdo em um quArtel-generAl (qg) de órgãos AmbientAis pArA Ações permAnentes de combAte Aos crimes AmbientAis nA região. A decisão foi tomada em 15 de agosto após reunião entre o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a chefe da Polícia Civil, a delegada Martha Rocha, familiares da vítima e o representante do Consulado-Geral da Espanha no Rio de Janeiro.

O biólogo Gonzalo Alonso era um defensor da preservação do meio am-biente da região. Além de fazer o registro de espécies de fauna e flora ame-açadas de extinção, Gonzalo participava, desde 2009, do Projeto Produtor de Água e Floresta, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que remunera produtores rurais pela conservação e restauração florestal.

Gonzalo Alonso era conhecido por sua ação incisiva contra caçadores, pal-miteiros e contra todos aqueles que agiam de forma ilícita, degradando o meio ambiente. Segundo a polícia, a principal linha de investigação é que ele foi executado por sua forte atuação contra crimes ambientais na região.

Na reunião de hoje, a delegada Martha Rocha destacou que o caso está sendo apurado com rigor e que a Delegacia de Polícia de Rio Claro, que investiga o caso, tem todo o apoio técnico da Divisão de Homicídios (DH), da Diretoria da 5ª DPA (Região Sul Fluminense) e do Departamento- Geral de Polícia Especializada.

“Recebi telefonema da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que colocou o Ibama à disposição no que for necessário para nos auxiliar neste caso. Todos nós nos sentimos afetados por este crime porque calou uma pessoa que lutava por causas ambientais de nosso país. O caso será investigado com rigor”, disse ela.

Segundo o delegado titular da 168ª DP, de Rio Claro, Marco Antonio Alves, a polícia já tem indícios da autoria do crime, e de que foi praticado por mais de uma pessoa. Ainda de acordo com as investigações, o assassi-no não é profissional e conhecia muito bem a região.

Qg de combate a crimes ambientaisO secretário Carlos Minc disse que vai se reu-

nir com o coordenador do Disque Denúncia, Zeca Borges, para discutirem a possibilidade de uma parceria no caso:

“Nós pretendemos oferecer um prêmio a quem der pistas, através do Disque Denún-cia, que levem à prisão dos assassinos. Além disso, a família colocou dois galpões onde funcionaria possivelmente uma Organiza-ção Não Governamental (ONG), uma ideia do Gonzalo, a nossa disposição para ser utilizado como espaço físico para apoiar ações contra crimes ambientais que vamos desencadear na região e outros fins. Seria uma forma de homenageá-lo”, destacou o secretário.

Também presente à reunião, o chefe da Co-ordenadoria Integrada de Combate aos Cri-mes Ambientais (Cicca), órgão da SEA, coronel José Maurício Padrone, destacou que, na próxi-ma semana, pretende reunir agentes das polí-cias Militar e Civil, Ibama e Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para o planejamento das ações que serão desencadeadas na região.

“Vamos acabar com essa máfia de palmitei-ros em Rio Claro e adjacências e reprimir, com rigor, os areais e a caça a animais silvestres. A operação será permanente”, avisou Padrone.

Viúva do ambientalista, Lourdes Campos também considerou a reunião produtiva e pediu que o caso seja solucionado: “A dele-gada Martha Rocha disse que, se em 30 dias não tiver uma resposta, e se a família quiser procurá-la novamente, as portas estão aber-tas. Então, espero que com todo esse apoio a justiça seja feita”.

Também participaram da reunião os irmãos da vítima Santiago e Alfonso Alonso, o repre-sentante do Consultado-Geral da Espanha no Rio de Janeiro, Carlos Población, os delegados da Delegacia de Rio Claro, Marco Antonio Alves, o diretor da 5ª DPA (Região Sul Fluminense), Ricardo Martins, e o diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, Fernando Reis.

Gonzalo Alonso Hernández era biólogo e resi-dia no distrito de Lídice, de Rio Claro, no entor-no do Parque Estadual do Cunhambebe. Desde 2009, participava do Projeto Produtor de Água e Floresta, cujo objetivo é implantar um siste-ma de Pagamento por Serviços Ambientais em Rio Claro, remunerando o produtor rural pela conservação e restauração florestal. FoNtE: CARloSMINC.WoRdPRESS.CoM

decisão foi tomada após reunião entre a chefe da polícia civil, o secretário do Ambiente e familiares do ambientalista morto por defender a natureza

sítio de espanhol assassinado em rio claro (rj) vai virar

Manifestação exige punição aos assassinos de ambientalista. Ato de

repúdio pela morte de gonzalo Alonso reúne cerca de 60 pessoas na porta da

Secretaria de Segurança Pública

Luiz

Mor

ier

Page 9: Revista do meio ambiente 62

9

ago 2013revista do meio ambiente

text

o Sa

ndra

Hoff

man

n (A

scom

SEA

)

dois AreAis clAndestinos fechAdos, seis pessoAs detidAs, um rAncho que serviA de Abrigo pArA cAçAdores des-truído e vários Apetrechos pArA cAçA Apreendidos. Este foi o saldo da megaope-ração realizada para reprimir crimes ambien-tais, desde o dia 25 de agosto, pela Coorde- nadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), no Município de Rio Claro, na Região do Médio Paraíba.

A ação – que mobilizou cerca de 40 pessoas entre técnicos do Instituto Estadual do Am-biente (Inea) e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e agentes da Polícia Ambiental e da De-legacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) – visa a sufocar os crimes ambientais que eram combatidos pelo biólogo espanhol Gonzalo Hernandez, assassinado no início do mês.

Segundo a polícia, a morte do ambientalis-ta tem relação com sua luta pela preservação ambiental da região. Durante a blitz ambien-tal, os agentes distribuíram em Lídice – dis-trito de Rio Claro onde o biólogo tinha um sí-tio – e em outras áreas do município cartazes do Disque-Denúncia oferecendo recompensa de R$ 5 mil para quem der pistas que levem à prisão dos criminosos.

No dia 26 de agosto, com a participação do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a equipe de fiscais percorreu o distrito de Lídice, a cerca de 20 km do Centro de Rio Claro, onde flagrou dois pontos de extração ilegal de areia praticada por seis pessoas. Elas foram detidas e encaminhadas à 168ª D.P (Rio Claro), onde prestaram esclarecimentos, e responderão por crime ambiental.

No dia anterior, a equipe destruiu um rancho que servia de abrigo para caçadores de ani-mais silvestres dentro do Parque Estadual do Cunhambebe, em Rio Claro. No local, os agen-tes apreenderam vários apetrechos para caça.

rio claro: secretaria do Ambiente faz megaoperação contra

crimes ambientais

O secretário Carlos Minc afirmou que a ação visa a fechar o cerco contra os criminosos am-bientais que eram reprimidos pelo ambienta-lista assassinado:

“A ação, que estamos chamando de Opera-ção Gonzalo, é um cerco que estamos fazen-do contra criminosos ambientais que eram objeto de denúncias do ambientalista que foi assassinado. O Parque Estadual Cunhambebe é recente e, no momento, estamos construin-do a sede e o alojamento para os guarda-par-ques. A nossa expectativa é que, no final do ano ou início de janeiro de 2014, seja inaugu-rada uma Unidade de Policiamento Ambien-tal (UPAm) nesta unidade de conservação, que é o nosso segundo maior parque estadu-al. Além do fechamento destes areais clan-destinos, vamos dinamitar nove fornos para a produção de carvão construídos nos arredo-res do Cunhambebe, entre Rio Claro e Itaguaí, o que é uma ilegalidade”, disse Minc.

Segundo o coordenador da Cicca, coronel José Maurício Padrone, as ações de combate aos crimes ambientais serão promovidas na região por tempo indeterminado:

“Vamos concentrar esforços para combater a caça de animais silvestres, os areais clandesti-nos e a extração ilegal de palmitos, que eram os principais crimes ambientais denunciados pelo Gonzalo Hernandez. Não vamos sair daqui enquanto não acabarmos com essas práticas contra o meio ambiente”, advertiu Padrone. FoNtE: httP://CARloSMINC.WoRdPRESS.CoM

blitz ambiental em cidade onde morava biólogo espanhol assassinado fecha areais clandestinos, destrói abrigo de caçadores e detém seis pessoas

Vamos concentrar esforços para combater a caça de animais silvestres, os areais clandestinos e a extração ilegal de palmitos, que eram os principais crimes ambientais denunciados pelo Gonzalo Hernandez.(José Maurício Padrone, coordenad0r da Cic ca)

Luiz

Mor

ier

Page 10: Revista do meio ambiente 62

10

ago 2013 revista do meio ambiente

entrevista: engenheiro João Carlos grilo Carletti,gerente de obrasre

daçã

o Vi

lmar

Ber

nafo

tos S

EA/I

NEA

petrópolis recebe obras contra

o pAnorAmA dos principAis rios que formAm A rede hidro-gráficA do município de petrópolis ApresentA estágio de mAior degrAdAção no distrito de itAipAvA, em pArticulAr no vAle do rio cuiAbá, onde as fortes chuvas provocaram o trans-bordamento dos principais rios, ocasionando mortes, grande destruição de moradias e da infraestrutura urbana local, além de danos ambientais.

Dentre as bacias hidrográficas locais, a do Rio Cuiabá, em Itaipava, 3º distrito do município de Petrópolis, foi uma das mais afetadas da Região Serrana. O rio desenvolve-se ao longo de 10,40 km, indo desaguar no Rio Santo Antônio. A Bacia Hidrográfica do Rio Cuiabá, dominando uma área de aproximadamente 36.54 km², é limitada, a Norte, pela Bacia do Rio Bonito e, a Sul, pela Bacia do Rio Santo Antônio.

O Rio Santo Antônio desenvolve-se ao longo de 18,13 km, indo desaguar no Rio Piabanha. Os seus principais afluentes são os Rios Cuiabá, Carvão e Jacó. A Bacia Hidrográfica do Rio Santo Antônio compreende uma área de aproximadamente 117,33 km² na foz no Rio Piabanha.

O Rio Carvão desenvolve-se ao longo de 7,8 km, indo desaguar no Rio Santo Antônio. A Bacia Hidrográfica do Rio Carvão compreende uma área de aproximadamente 18.7 km².

os projetos e obras que estão sendo realizados pelas empresas

eit engenharia s/A e dratec engenharia, que formaram o

consórcio vale do cuiabá, em petrópolis, visam à continuidade

das ações já iniciadas emergencialmente pela seA/inea (secretaria de estado do

Ambiente e instituto estadual do Ambiente), com recursos

do fecam (fundo estadual de conservação Ambiental e

desenvolvimento urbano)

o ritmo intenso das obras começa a mudar para melhor o cenário: além de recuperar o meio ambiente, diminuirão os efeitos das chuvas fortes

João

Car

los G

rilo

Carle

tti

Page 11: Revista do meio ambiente 62

11

ago 2013revista do meio ambiente

As obras de recuperação estão em ritmo acelerado, e já se notam mudanças positivas significativas

durante vistoria às obras do Inea em Petrópolis: João Carlos grilo Carletti, do Inea, engenheiro e gerente de obras; professora Marilene Ramos, presidente do Inea; e Nestor henrique de Almeida, da EIt Engenharia S/A, engenheiro e gestor das obras pelo consórcio Vale do Cuiabá

Embora a tipologia e as características das in-tervenções definidas para as ações de recupe- ração ambiental sejam similares, são evi-dentes as complexidades das obras defini-das para o Rio Cuiabá, sobretudo as ações de proteção de talude e dragagem. Também cabe destacar as intervenções no Rio Santo Antônio, onde se observa a densa ocupação residencial nas margens do rio no trecho próximo ao deságue do rio Carvão.

O projeto e seus objetivosOs projetos e obras previstos para estes rios

visam à continuidade das ações já iniciadas pelo Inea, com recursos do Fecam (Fundo Es-tadual de Conservação Ambiental e Desenvol-vimento Urbano), onde foram contratados ser-viços emergenciais, como forma de mitigar o grande impacto ocasionado pelas inundações. Os recursos destinaram-se fundamentalmente na demolição dos imóveis afetados, em ações sociais em ações sociais (como aluguel social e indenizações) e a execução das obras emergen-ciais para Controle de Inundações e Recupera-ção Ambiental na Bacia do Rio Santo Antônio.

O escopo definido para a supervisão do Projeto Rios da Serra busca a redução subs-tancial dos efeitos das enchentes nos prin-cipais rios que drenam as bacias dos Rios Cuiabá, Santo Antônio e Carvão. Concomi-tantemente, busca-se proteger a infraestru-tura urbana evitando perdas sociais, mate-riais e a incidência de doenças de veiculação hídrica relacionadas às enchentes e ao con-tato direto com águas poluídas.

A tipologia das intervenções definidas para os rios Santo Antônio, Cuiabá e Carvão consis-tem em limpeza e desassoreamento, adequa-ção da calha de escoamento, além da prote-ção e contenção nas margens. Prevê-se ainda a implantação de parques fluviais e reflores-tamento de áreas de preservação permanente.

Limpeza e desassoreamentoAs ocorrências de 2011 trouxeram grande

volume de sedimentos das margens e encos-tas para a calha dos rios. Uma particularida-de identificada no Rio Cuiabá e em trechos do Santo Antônio é o expressivo volume de material arenoso transportado, ocupando extensos trechos nas margens, o que levou a intervenções emergenciais de retirada desse material, ainda em andamento. A instabili-dade e falta de proteção nas margens, agra-vada pela característica do solo local e perda da mata ciliar, dificulta as intervenções de limpeza e desassoreamento e implantação de nova concepção de calha do rio.

O projeto Rios da Serra em Petrópolis• investimento em obras na etapa da emergência: r$ 20 milhões – recursos fecam• obras em andamento: r$ 58 milhões – ogu• dragagem, adequação de calha, proteção e contenção das margens do rio carvão: trecho de 0,5 km• dragagem, adequação de calha, proteção e contenção das margens e implantação de parques fluviais no rio santo Antônio: trecho de 3 km• dragagem, adequação de calha, proteção e contenção das margens e implantação de parques fluviais no rio cuiabá: trecho de 7 km• substituição de 7 pontes

Rebi

a

Page 12: Revista do meio ambiente 62

12

ago 2013 revista do meio ambiente

desmonte de rocha com rompedor hidráulico, próximo à estaca 5 do Rio Cuiabá

Uso de compactador em camadas no Rio Santo Antônio

Proteção e contenção das margensO planejamento das ações de recuperação

ambiental do Vale do Cuiabá aponta para a proteção e contenção de margens como con-dição fundamental para início do processo de recuperação ambiental dos rios Cuiabá, Santo Antônio e Carvão. Isso ocorre porque nas áre-as mais afastadas do centro urbano de Itaipa-va, há grande dificuldade de fixação de espécies e/ou soluções de proteção das margens, dada a característica do solo e grande irregularida-de dos taludes. A supervisão deverá atuar, em conjunto com o Inea e empresas contratadas, no detalhamento e adoção das técnicas de con-tenção proteção das margens e recuperação da calha dos rios. Como pode ser observado nas fo-tos, no Rio Cuiabá nota-se grande irregularida-de na inclinação dos taludes, agravada pelo ex-pressivo volume de material arenoso carregado pelas inundações recentes, alterando significa-

reda

ção

Vilm

ar B

erna

foto

s SEA

/IN

EA

tivamente a configuração das margens e alar-gando a calha do rio, que se tornou bastante rasa. Como efeito desse processo, evidencia-se taludes bem suavizados, porém, com solos ex-tremamente suscetíveis à erosão.

As áreas urbanas do distrito de Itaipava, tan-to no rio Carvão quanto no Rio Santo Antônio, possuem densa ocupação de residências nas margens e urbanização desordenada, que re-sultou em infraestruturas inadequadas, como pontes e muros de contenção, que acabaram por comprometer a drenagem local com da ca-lha dos rios. A recuperação desses trechos im-plica necessariamente em reassentamento de famílias e adoção de medidas mais rígidas de proteção das margens que garantam melho-ria das condições de segurança para a popula-ção local, além da substituição desses obstácu-los ao escoamento da calha fluvial.

Parques fluviaisOs projetos de implantação de parques flu-

viais para os rios de Petrópolis pretendem, através do uso público, a valorização e re-cuperação das margens dos cursos d’água e das encostas, iniciando um gradativo pro-cesso de redução das ocupações residenciais e iniciando um processo de educação am-biental junto aos moradores e visitantes. Nota-se no Rio Piabanha, no trecho onde de-ságua o Rio Santo Antônio e no deságue do Rio Carvão, trechos urbanos na área central do distrito de Itaipava, locais propícios para a implantação de equipamentos públicos e parques fluviais. Esses trechos já recebem obras de recuperação ambiental.

No rio Cuiabá, pelo impacto devastador das enchentes, nota-se grandes áreas com resi-dências desocupadas e que devem ser objeto de implantação de parques fluviais, mudando a concepção de ocupação no local. Pelas limi-tadas condições de transporte e mobilidade na via que margeia o Cuiabá, a implantação de ci-clovias e interligação dessas com pontos de vi-sitação proporcionará melhoria significativa no deslocamento de moradores e visitantes.

Nas áreas rurais do Rio Cuiabá, até o trecho de confluência com o Rio Santo Antônio também há áreas propícias para implantação de equipa-mentos de lazer e infraestruturas de acesso e ci-clovias, interligando localidades e pontos de po-tencial atrativo turístico, algumas dessas isola-das após a destruição de pontes e vias de acesso.

A criação de parques fluviais nas áreas ru-rais do Vale do Cuiabá, com grande potencial turístico, associando uso de trilhas ecológi-cas, áreas de contemplação e melhoria da conexão e interligação entre as localidades

A proteção e contenção de margens foram condições fundamentais para início do processo de recuperação ambiental dos rios Cuiabá, Santo Antônio e Carvão

entrevista: engenheiro João Carlos grilo Carletti,gerente de obras

Page 13: Revista do meio ambiente 62

13

ago 2013revista do meio ambiente

certamente impactarão na melhoria da qua-lidade de vida para a população local e no incentivo do ecoturismo no município.

Refl orestamentoAs ações de reflorestamento no Vale do

Cuiabá visam fundamentalmente a recupe-ração das Faixas de Proteção Marginal e das Áreas de Preservação Permanente. Pela par-ticularidade dos eventos ocorridos e grande volume de material carregado pelas enchen-tes, as matas ciliares praticamente inexistem nas localidades mais afetadas. A recuperação dessa vegetação é fundamental para o con-trole de erosão e melhoria da qualidade das águas dos rios, além de dar início ao processo de recuperação da fl ora e da fauna. Ao mes-mo tempo, inicia-se a recuperação da quali-dade das águas e o reordenamento dos espa-

Veja o vídeo sobre as obras da SEA/Inea na região serrana fl uminense em www.inea.rj.gov.br/enchentesrj/acoes_inea_regiao_serrana.asp

Aspecto da obra no rio Cuiabá, com a implantação de grama armada (acima). Na foto menor, pode-se observar o rio antes das obras

ços urbanos e rurais do município. Devolvem-se à população residente, espaços públicos de uso recreativo, proporcionando uma gradati-va ação conjunta de garantia da preservação dos recursos naturais.

Localização das intervenções físicasEsta região compreende parte das Bacias

Hidrográfi cas dos rios Cuiabá, Santo Antônio e Carvão, localizados no município de Petró-polis – RJ. Dentre as bacias hidrográfi cas lo-cais, a do Rio Cuiabá, em Itaipava, 3° distrito do município de Petrópolis, foi uma das mais afetadas da Região Serrana.

A região atingida em Petrópolis está inserida na região hidrográfi ca Atlântico Leste, de acordo com a divisão hidrográfi ca nacional estabeleci-da pela resolução N° 32, de 15 de outubro de 2003 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

Page 14: Revista do meio ambiente 62

14

ago 2013 revista do meio ambiente

mudanças climáticaste

xto

Stev

en M

cCan

e (A

scom

SEA

) m

apa

Com

unic

ação

/Ins

titut

o O

swal

do C

ruz

o município do rio de jAneiro é o mAis suscetível Aos impActos dAs mudAn-çAs climáticAs previstAs pArA os pró-ximos 30 Anos no estAdo, segundo apon-tou o Mapa de Vulnerabilidade da População Municipal no Estado do Rio de Janeiro, apre-sentado dia 8 de agosto pelo Instituto Fiocruz, na Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, na Zona Norte.

O estudo serve de alerta para as 92 prefei-turas do Estado do Rio de Janeiro se preve-nirem em relação a riscos de saúde pública inerentes aos desastres ambientais que de-verão se agravar devido ao agravamento do aquecimento global.

Encomendado pela Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), em 2011, Mapa de Vulnerabi-lidade da População Municipal no Estado do Rio de Janeiro foi elaborado pela Escola Na-cional de Saúde Pública da Fundação Oswal-do Cruz (Ensp/Fiocruz) e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

A cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais frágil do ponto de vista de altos índi-ces de vulnerabilidade da saúde – referen-tes a doenças como leishmaniose, dengue e leptospirose – e do meio ambiente – referen-te a eventos meteorológicos extremos, como inundações e deslizamentos. O índice social também foi considerado no estudo.

“O mapa é um instrumento de gestão públi-ca que considera não somente o aspecto físi-co da saúde, mas também da vulnerabilidade social, onde a população está alocada, a es-trutura familiar, existência de crianças e pes-soas idosas vivendo na região, a parte habi-tacional e também a parte ambiental, o am-biente aonde ela vive, e também a variação do clima”, explicou a diretora-geral do IOC Martha Ribeiro.

A diretora do instituto comparou a situ-ação da capital do estado em relação aos outros municípios fluminenses, segundo o Índice de Vulnerabilidade Geral (IVGp):

mapa mostra populações mais vulneráveis às mudanças climáticas

no rio de janeiro

“A cidade do Rio de Janeiro é a mais vulnerável, necessitando de uma adaptação para se prevenir às mudanças climáticas, através de progra-mas que cuidem da biodiversidade, da vegetação. Na parte social, o mu-nicípio está bem, mas na parte da saúde, é o mais vulnerável do estado”, ressaltou Martha.

Presente à cerimônia de lançamento do estudo, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, lembrou a importância de estudos do gênero para o bom encaminhamento do trabalho dos gestores públicos municipais:

“Com o estudo elaborado pela Fiocruz, cada prefeito saberá como a vul-nerabilidade face às mudanças climáticas afetam o risco de doença, de deslizamento e de inundação no seu município. Através desse mapa, cada um dos municípios do Rio saberá o real risco de catástrofes ambientais e suas consequências. Outra ação estadual preventiva foi a realização da primeira etapa do mapeamento de risco para todos os municípios flumi-nenses, pelo Departamento de Recursos Naturais (DRN). Recentemente, uma lei estadual foi sancionada, obrigando todas as prefeituras a incluir em seus planos diretores de uso do solo as indicações do mapa de vulne-rabilidade”, afirmou Minc.

O secretário ressaltou ainda a importância do ICMS Verde para estimu-lar as políticas municipais de remediação de lixões, a partir da instalação de aterros sanitários, de proteção de corpos hídricos, de saneamento e de criação de unidades de conservação – e futuramente, estimular as ques-tões relacionadas ao estudo de vulnerabilidade da Fiocruz.

“Ações de saneamento e de remedição dos lixões, assim como de ocupa-ção urbana ordenada e de preservação da biodiversidade são preventivas para área de saúde. Em dois anos e meio, aumentamos em 30% a área pro-tegida do Estado do Rio de Janeiro e, até o final do próximo ano, seremos provavelmente o único estado a remediar todos os lixões”, afirmou Minc.

O Mapa de Vulnerabilidade da População Municipal no Estado do Rio de Janeiro foi elaborado a partir de dados do Censo 2010, elaborados pelo IBGE, e de um software desenvolvido para rápida atualização do mapa de alerta dos municípios fluminenses frente às mudanças climáticas.

encomendado pela secretaria do Ambiente, estudo da fiocruz alerta os municípios fluminenses para ações de prevenção a eventos climáticos extremos

Page 15: Revista do meio ambiente 62

15

ago 2013revista do meio ambiente

A variabilidade natural do clima está relacionada a ciclos e tendências na órbita da terra, entre elas a radiação solar, a composição química da atmosfera, a circulação oceânica, a biosfera etc. Algumas ações humanas podem, contudo, interferir nessa variabilidade, como emissão de gases que geram o efeito estufa, a urbanização e o desflorestamento

aQuecimento global

os Últimos Anos forAm mArcAdos por temperAturAs mAis intensAs e estA-ções do Ano não definidAs, bem como por eventos climáticos extremos, como a onda de calor que atingiu a Europa em 2013 (na Inglaterra, por exemplo, estima-se que mais de 700 pessoas faleceram devi-do às altas temperaturas); o furacão Katrina, que atingiu os Estados Unidos em 2005, cau-sando aproximadamente mil mortes e pre-juízos financeiros e materiais, entre outros acontecimentos naturais. Recente relatório da norte-americana Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço) apon-ta os motivos para esses acontecimentos: a variabilidade natural do sistema climático e o aumento da concentração de gases de efei-to estufa na atmosfera.

A variabilidade natural do clima está relacio-nada a ciclos e tendências na órbita da Terra, entre elas a radiação solar, a composição quí-mica da atmosfera, a circulação oceânica, a biosfera etc. Algumas ações humanas podem, contudo, interferir nessa variabilidade, como emissão de gases que geram o efeito estufa, a urbanização e o desfl orestamento. Segundo a Agência para o Oceano e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), que pertence a uma reparti-ção do governo dos EUA para estudos meteoro-lógicos e climáticos, esses fatores contribuíram para fazer de 2012 o décimo ano mais quente desde 1850, quando teve início esse tipo de me-dição. Já para o Instituto Goddard de Estudos Espaciais, da Nasa, que faz a revisão anual das temperaturas médias da Terra, 2012 foi o nono ano mais quente. Essa diferença de resultado se dá porque as duas agências utilizaram mé-todos de análise diferentes. Porém, a conclusão a que chegaram é semelhante: os anos mais quentes ocorreram a partir de 1998 e a causa disso são as emissões industriais de carbono e outros gases causadores do efeito estufa, que aprisionam o calor na atmosfera.

Apesar de boa parte do ano de 2012 ter sofri-do infl uência do fenômeno La Niña, respon-

dados da nasa apontam que 2012 foi o ano mais quente da atual década

para os que ainda negam o

clip

ping

Am

bien

nte

Brsa

il

sável pelo resfriamento das águas do oceano Pacífi co, a temperatura mé-dia global foi de 14,6°C, ou 0,56°C acima da média observada em meados do século XX, linha-base da pesquisa. Segundo a agência espacial norte-americana NOAA, o Ártico e a América do Norte foram os pontos do pla-neta onde as temperaturas foram mais extremas.

A temperatura global aumentou a uma taxa média estimada de 0,17°C por década durante os anos de 1971-2010. Já a tendência durante o período que compreende 1880-2010 foi de 0,062°C por década. Além disso, o aumen-to de 0,21°C da temperatura média da década de 1991-2000 para a década de 2001-2010 é maior do que o aumento de 1981-1990 a 1991-2000 (0,14°C) e maior do que para qualquer outra de duas décadas sucessivas, desde o início dos registros instrumentais, por volta de 1850.

O ano mais quente foi 2010 (apesar do fenômeno La Niña), segundo a Or-ganização Mundial de Meteorologia (WMO, na sigla em inglês), com uma anomalia de temperatura média estimada em 0,54°C, fi cando acima da linha base de 14,0°C. O ano menos quente foi 2008, com uma anomalia (desvio do padrão de variabilidade de temperatura) estimada de 0,38°C, mas sufi ciente o bastante para registrar 2008 como o ano em que a La Niña foi mais quente.

Ainda segundo o relatório, o Brasil foi o país da América do Sul que registrou anomalia de temperatura mais alta, 0,7 °C, entre 2001-2010. Uma das tempera-turas mais altas, 44,6°C, ocorreu em Bom Jesus, em 31 de janeiro de 2006.

Os anos entre 2001 e 2010 também foram os mais quentes para as águas do oceano. O ano mais quente foi 2007, com uma anomalia de tempera-tura de 0,95°C. Já 2003 foi o ano em que a temperatura das águas da su-perfície dos oceanos foi mais alta, com uma anomalia de temperatura na ordem de 0,4°C. Isso confi rma o que pesquisadores vêm dizendo há algum tempo: a superfície do oceano vai aquecer mais lentamente do que a terra, porque boa parte do calor adicional vai ser transportada para as profun-dezas do oceano ou perdida pela evaporação. FoNtE: httP://ECyClE.CoM.BR

leia na íntegra em: http://ecycle.com.br/component/content/article/35-atitude/1676-relatorio-da-nasa-aponta-que-2012-foi-o-ano-mais-quente-dessa-decada-aquecimento-global-efeito-estufa.html

mapa mostra populações mais vulneráveis às mudanças climáticas

no rio de janeiro

Page 16: Revista do meio ambiente 62

16

ago 2013 revista do meio ambiente

meio ambiente urbanote

xto

Albe

rto

Silv

a*

A prefeiturA do rio, o fundo de investimento imobiliário por-to mArAvilhA (gerido pelA cAixA econômicA federAl), previ-rio e solAce AssinAm o termo de compromisso pArA desenvol-vimento de projetos imobiliários no porto olímpico, documen-to que estabelece diretrizes preliminares para construção e aproveitamen-to das edificações pelo mercado imobiliário após os Jogos Olímpicos e Pa-ralímpicos de 2016. O conjunto de imóveis na área do Porto Maravilha re-servado à instalação dos equipamentos voltados aos Jogos soma 850 mil metros quadrados em potencial construtivo e receberá as vilas de mídia e de árbitros, um centro de convenções e dois hotéis com 500 quartos cada.

Por meio do Previ-Rio, a prefeitura assume o compromisso de oferecer aos servidores públicos municipais, em condições diferenciadas, linhas de crédito para aquisição de unidades imobiliárias no Porto Olímpico, após a utilização pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O Fundo de Inves-timento Imobiliário Porto Maravilha vem negociando a disponibilização dos imóveis da Praça Marechal Hermes 63 (Praia Formosa), da Avenida Francisco Bicalho 146 (Usina de Asfalto) e Avenida Pedro II 67 (Cedae) para a instalação do empreendimento.

A Solace – sociedade de propósito específico constituída para investimen-tos imobiliários na área do Porto Maravilha – declarou interesse em desen-volver projetos na Região Portuária que privilegiem o conceito “viver, morar e trabalhar integrados”, com empreendimentos imobiliários de uso misto, para fins residenciais e comerciais. Neste acordo, a empresa anunciou que pretende, numa primeira fase, construir apartamentos de dois e três quar-tos e dois hotéis na área do Porto Olímpico. Juntos, eles vão garantir um incremento de quatro mil quartos no número de acomodações na Região Portuária, para suprir não só a demanda olímpica como também promover o desenvolvimento da área. A previsão é de que a empresa inicie as obras do Porto Olímpico até o final do ano.

A Região Portuária, área de especial interesse urbanístico instituída pela Lei 101/2009, passa por processo de requalificação e prevê que todas as construções erguidas na delimitação legal sigam princípios sustentáveis. Uso de painéis solares, tetos verdes ou reflexivos, aproveitamento de água das chuvas, sistema de medidores individuais de água, bicicletários, vias exclusivas para pedestres e mais áreas de convivência são exemplos dos novos parâmetros de edificação, servindo de referência para a cidade. A implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), primeiro do tipo no Rio, vai integrar a região aos diversos modais e trazer um novo conceito de transportes públicos.

A Operação Urbana Consorciada Porto Maravilha é o maior processo de re-qualificação em curso na América Latina, concebido para a recuperação com-pleta da infraestrutura urbana, dos transportes, do meio ambiente e dos pa-trimônios histórico e cultural em uma área de 5 milhões de metros quadra-dos nos bairros da Gamboa, Saúde, Santo Cristo e parte do Caju, Cidade Nova

porto maravilha:

e São Cristóvão. Totalmente custeada pela ven-da de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) e terrenos públicos, a ope-ração é a maior Parceria Público-Privada (PPP) do país e receberá investimento de R$ 8 bilhões em obras estruturantes e serviços por 15 anos, sem que a Prefeitura do Rio precise desembol-sar recursos de seu orçamento.

O processo de revitalização da Região Portuá-ria começou em 2010 e já é possível perceber as mudanças nas ruas dos bairros da Saúde e Gam-boa, que passam por intervenções e receberam novos calçamentos, redes subterrâneas de água, luz, gás, telecomunicações e saneamento.

Porta de entrada de muitos turistas na ci-dade, o Porto do Rio também ganhará pro-jetos especiais que não vão apenas atender a esses visitantes como também aos atuais e futuros moradores. O Museu do Amanhã, do renomado arquiteto espanhol Santiago Calatrava, e o Museu de Arte do Rio (MAR), já estão em construção na Praça Mauá e são ícones da requalificação.

presidente da cdurp comunica que a solace já declarou interesse em desenvolver projetos imobiliários na região portuária do rio que privilegiem o conceito “viver, morar e trabalhar integrados”

“A Prefeitura já vem cumprindo o seu papel. Estamos melhorando as condições dos ônibus na cidade, promovendo ações de incentivo ao uso da bicicleta, introduzindo o Bilhete Único, implantando os BRts e fazendo com que a cidade se humanize e as pessoas mudem seus hábitos, o que é importante também para a organização da Copa do Mundo de 2014 e das olimpíadas de 2016” – destacou Carlos Alberto Muniz, secretário municipal de Meio Ambiente

FoNtE: httP://PoRtoMARAVIlhA.CoM.BR/WEB/ESq/IMPRENSA/PdF/13.PdF* Alberto Silva é diretor-presidente da Companhia de desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), empresa da prefeitura responsável pela operação urbana Porto Maravilha

prefeitura do rio revitaliza a região portuária

ww

w.ri

o.rj.

gov.b

r

Page 17: Revista do meio ambiente 62

17

ago 2013revista do meio ambiente

todA A infrAestruturA urbAnA será reconstruídA e moderni-zAdA e, com elA, novos edifícios AmbientAlmente AdequAdos serão construídos. entretAnto, umA cidAde não é somente in-frAestruturA. Edifícios têm sua importância na medida em que repre-sentam a memória de um lugar. A cidade é, sobretudo, espaço onde o modo de vida de seu povo acontece. Onde pessoas fazem a sua história.

Dos 5 milhões de metros quadrados (m²) da Área de Especial Interesse Ur-banístico (AEIU) do Porto Maravilha, criada pela Lei Complementar Munici-pal 101/2009, aproximadamente 3,8 de m² compõem a Área de Proteção do Ambiente Cultural dos bairros Saúde, Gamboa e Santo Cristo (Apac Sagas) que inclui os Morros da Conceição, do Livramento, da Providência e do Pinto. Registros apontam que o Sagas emoldura pelo menos 1.500 imóveis de valor histórico e arquitetônico - grande maioria formada por imóveis privados su-baproveitados, muitos deles em ruínas.

Da área restante de 1,2 milhão de m², 75% são ocupados por imóveis de ór-gãos e empresas estatais. A Companhia Docas do Rio de Janeiro (Docas-RJ) é a que detém maior parcela. Também concentra imóveis tombados e/ou pre-servados. Sobre esta área da AEIU foram acrescidos aproximadamente 4 mi-lhões de m² de potencial de construção distribuídos em 14 setores.

Os recursos para custear o Porto Maravilha saem da venda do potencial de construção adicionado. Pelo menos 3% são destinados à valorização do patri-mônio histórico e cultural material e imaterial da região. A Região Portuária é particular pela diversidade que abriga. Seus bairros têm vida própria e são marcados pela dinâmica social, econômica e política do Rio e do Brasil. Luga-res que marcam a história do nosso povo desde o início da colonização até so-frer os efeitos da modernização dos portos. Encontro das culturas indígenas, europeia e africana, a área guarda exemplos marcantes da evolução econô-mica, da cultura e da identidade nacional. Testemunhou ainda algumas das principais lutas por direitos sociais e liberdade.

Ao transformar a Região Portuária, o Porto Maravilha traz o desafi o de mo-dernizá-la e preservar a identidade delimitada pelo projeto Sagas, construir edifícios modernos integrados ao rico patrimônio arquitetônico e aumentar a sua população em sintonia aos atuais moradores e usuários. Uma nova di-nâmica será gerada. Ao mesmo tempo em que promovemos a renovação da infraestrutura urbana e do novo padrão de ocupação, precisamos preparar as

renovaÇÃo urbana

projeto irá contribuir para que o rio seja cada vez mais uma cidade inclusiva e integrada

o porto maravilha é um processo de

pessoas para novas oportunidades de emprego e negócios, e isso inclui aquelas relacionadas ao patrimônio cultural e artístico que, sem dúvida, contribuem para aumentar a atratividade dos bairros em revitalização.

No momento em que ganha nova função na cidade, a Região Portuária deverá ter as suas di-mensões local e global acentuadas. Cumprida a meta de aumentar o número de moradores, o cotidiano de bairro será reforçado.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região Portuária (Cdurp) criou os Programas Porto Maravilha Cidadão e Porto Maravilha Cultural para articular ações do poder público e parcerias com o setor privado no sentido de fomentar e apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento socioeconômico da popula-ção atual e garantam a valorização do seu patri-mônio histórico. E, assim, construir uma cidade que respeita sua história e o meio ambiente. A parceria entre a Cdurp e o Sebrae/RJ tem fun-ção estratégica neste processo de transforma-ção. A reconstrução da infraestrutura urbana da região segue em ritmo acelerado, a presta-ção de serviços urbanos melhora a cada dia, e empreendimentos imobiliários começam a ser erguidos. Paralelamente, o investimento para aumentar o capital social dos moradores e co-merciantes da região se intensifi ca.

leia o artigo na íntegra, publicado originalmente em “o Porto Maravilha e os desafi os da Reintegração Econômica da Região na dinâmica da Cidade”: www.sebraenoporto.com.br/wp-content/uploads/2013/07/Boletim%20Porto_Julho2013.pdf

Alberto Silva, diretor-presidente da Cdurp, Adilson Pires, vice-prefeito do Rio, Eduardo Paes, prefeito do

Rio, e Rodrigo Neves, prefeito de Niterói, durante assinatura de cooperação técnica entre as duas

cidades nas áreas de saúde, turismo, revitalização urbana e meio ambiente. A Companhia de

desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), empresa responsável pelo Porto

Maravilha, a maior operação urbana consorciada do País, é signatária do acordo entre as duas cidades

Beth

Sant

os

Page 18: Revista do meio ambiente 62

18

ago 2013 revista do meio ambiente

como será o futuro do plAnetA? A mostrA “sustente suA histó-riA” do festivAl internAcionAl pequeno cineAstA, reAlizAdA em 31 de Agosto, no museu do meio Ambiente do jArdim botÂnico, apresentou ao grande público a resposta de jovens e crianças com idades de 8 a 17 anos sobre meio ambiente e sustentabilidade. A diversidade de naciona-lidades – 16 países diferentes mandaram material – e a grande quantidade de fi lmes sobre o tema geraram a criação de uma mostra específi ca dentro da 3ª edição do Festival Internacional do Pequeno Cineasta que aconteceu de 28 de agosto a 01 de setembro em três pontos do Rio de Janeiro – Instituto Cervantes (Botafogo), Arena Carioca Dicró (Penha) e Jardim Botânico, com entrada gra-tuita em todas as sessões e 50% dos lugares reservados para escolas públicas e privadas e ONGs com trabalho voltado à infância. O Festival Internacio-nal Pequeno Cineasta contou com o apoio da Tecnenge, Instituto Cervantes, British Council, Arena Carioca Dicró, Museo do Meio Ambiente do Jardim Bo-tânico, Secretaria de Educação Municipal - RJ, Secretaria de Educação Estadu-al –RJ, Secretaria de Cultura - RJ, Ofi cina Pequeno Cineasta, Observatório de Favelas, Kodak, Raconto,da Espaço Move, e da Rebia na divulgação.

O evento é organizado pela cineasta Daniela Gracindo, com fi lmes realizados por crianças e jovens do mundo todo na faixa de 8 a 17 anos. “Nossa proposta é valorizar o pensamento crítico e a participação deles no cotidiano contribuin-do para que se tornem produtores de conhecimento e informação. Estimula-mos o desenvolvimento no mundo audiovisual, seja como pequenos cineastas, como formadores de opinião ou como plateia qualifi cada”. O mestre de cerimô-nias do evento foi o cantor e compositor Alceu Valença ao lado do fi lho, Rafael Valença, um pequeno cineasta de 11 anos. Além da exibição de fi lmes, o Festi-val Internacional Pequeno Cineasta promoveu mesas-redondas sobre o tema, ofi cinas de cinema, exposição fotográfi ca, sessões competitivas e premiação.FoNtE: lENKE PENtAgNA (21 8128-5336 - Fhogo CoMUNICAÇÃo E PRodUÇÃo)

meio ambiente & sustentabilidade meio ambiente ruralco

luni

sta

Bernardo Niskier Membro do conselho editorial da Revista do Meio Ambiente21 2104-9502/9504 • [email protected]

produtores rurAis interessAdos em restAurAr áreAs de preservA-ção permAnente e reservA legAl, fiquem atentos as oportunidades do Cli-ckarvore e Florestas do Futuro, programas da Fundação SOS Mata Atlântica que ofe-rece vantagens aos produtores que que-rem reflorestar áreas de Mata Atlântica. Mais detalhes estão disponíveis nos sites:• sosma.org.br/projeto/clickarvore/• sosma.org.br/projeto/fl orestas-futuro/

Uma outra possibilidade, é o V Edital que estará recebendo propostas até 30 de se-tembro de 2013. Além da doação das mudas, o proprietário rural poderá receber, após 3 anos de plantio, incentivos econômicos, quando implantar e cuidar corretamente de sua área em restauração: www.sosma.org.br/projeto/clickarvore/v-edital/

o Programa Florestas do Futuro reúne a sociedade civil organizada, a iniciativa privada, proprietários de terras e o poder público em um programa participativo de restauração fl orestal

Interessados, encaminhar email para [email protected], e, inserir no campo assunto: Produtor Rural interessado em adequação ambiental da propriedade

oportunidadespara adequação ambiental de propriedades rurais

Serg

io O

tero

Div

ulga

ção/

SOS M

eio

Ambi

ente

Page 19: Revista do meio ambiente 62

19

ago 2013revista do meio ambiente

os caminhos da economia verde e acobertura jornalísticacomo gArAntir estAbilidAde econômicA AssociAdA à mAnu-tenção dos recursos nAturAis e serviços AmbientAis por meio dA chAmAdA “economiA verde” se tornou um dos prin-cipAis Assuntos nAs rodAs de debAtes em todo o mundo. Para as Nações Unidas, é aquela que trará bem estar humano e igualdade social ao mesmo tempo em que reduzirá as emissões de carbono e a ine-ficiência no uso de recursos.

O brilho da teoria, no entanto, encontra muitos caminhos antes de uma prática concreta nos setores governamental, privado e da sociedade civil. Por isso, a “Economia Verde” será debatida sob vários aspectos no 5º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, de 16 a 19 de outubro, em Brasília (DF).

O painel dedicado ao tema reunirá representantes da Universidade de Campinas, do Ministério das Relações Exteriores, da Confederação Nacio-nal da Indústria e da Organização Internacional do Trabalho. Com a mode-ração da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, a troca de conhecimento tem por objetivo aprimorar a cobertura do tema pela imprensa nacional.

Associado a esse necessário novo modelo econômico está a segurança ali-mentar de uma crescente população global. Como produzir alimentos de qua-lidade, acessíveis e com baixo impacto ambiental será discutido por represen-tantes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, da Global Footprint Network (Pegada Ecológica), da Fundação Getúlio Vargas e da Embrapa, sob moderação da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. FoNtE: WWW.JoRNAlISMoAMBIENtAl.oRg.BR

text

o jo

rnal

ism

oam

bien

tal.o

rg.b

r

comunicação ambiental

para adequação ambiental de propriedades rurais

Jenn

Hul

s (Sh

utte

rsto

ck)

A “economia verde” será debatida sob vários aspectos no 5º congresso brasileiro de jornalismo Ambiental, de 16 a 19 de outubro, em brasília (df)

Page 20: Revista do meio ambiente 62

20

ago 2013 revista do meio ambiente

política ambiental

Na Alerj, Aspásia debateu uso indevido do mercúrioA deputada Aspásia Camargo, presidente da Comissão de Saneamento Ambiental da As-sembleia Legislativa, promoveu a audiência pública “O Uso Indevido de Mercúrio no Setor da Saúde e na Vida Cotidiana da População’ em 9 de agosto, no auditório Nelson Carneiro, na Alerj. A iniciativa corrobora o objetivo da ONU de estabelecer metas mundiais de redu-ção do uso de mercúrio até o fi nal deste ano.

A convenção intergovernamental deve ocor-rer no início de outubro e o Brasil é signatário do acordo. Assim que o órgão fi nalizar o documen-to e disponibilizá-lo para as assinaturas, a ex-pectativa para o Brasil é de que seja elaborada uma política nacional. “Nosso país tem obri-gação de ser um grande debatedor deste tema em âmbito internacional, mesmo porque, a América Latina foi incentivadora da conven-ção”, disse a deputada Aspásia Camargo.

Mercúrio e saúdeEstima-se que os maiores índices de contato de

pessoas com o mercúrio venham da mineração, da indústria de lâmpadas e do setor de saúde. E de uma forma geral, a substância está muito mais presente na vida da população do que se imagina. “Se um simples termômetro estourar o usuário já fi ca exposto”, alertou Aspásia. A audi-ência pretende colocar em evidência o uso das amálgamas dentárias, que colocam pacientes em risco de contaminação. Para tal, foram con-vidados o Conselho Regional de Odontologia (CRO) e a Associação Brasileira de Odontologia (ABO). E ainda: o representante do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma), Haroldo Mattos, autoridades - como o vice-pre-feito de Niterói, Axel Grael (PV), para debater o mercúrio na Baía de Guanabara, entre outros.

O Brasil enfrenta ainda o problema da sub-notifi cação de casos de intoxicação. Dessa ma-neira, o Ministério da Saúde encomendou à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) um Protocolo Clínico para Diagnóstico e Vigi-lância da População Exposta ao Mercúrio. A partir dele, os casos passarão a ser especifi ca-dos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Gustavo Berna Coordenador da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj)[email protected]

Saiba mais: www.aspasiacamargo.com.br (21)2588-1646/1645

Lixo hospitalar irregular é encontrado em empresa de Itaperuna, RJmaterial era armazenado de forma errada dentro da empresa. comissão do meio Ambiente da Alerj recebeu denúncias.

por Priscilla Alves (do G1 Norte Fluminense)

Uma empresa foi fl agrada ao armazenar lixo hospitalar de forma inde-vida em Itaperuna, no Noroeste Fluminense. O coordenador da comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro (Alerj), Gustavo Berna, a Polícia Ambiental de Santa Maria Madelena e a Polícia Civil encontraram o material na empresa Nativitta, no bairro Ma-tadouro. Segundo o coordenador da Comissão de Meio Ambiente, várias denúncias foram feitas sobre a irregularidade no lixo hospitalar.

“Nós encontramos grande quantidade de lixo hospitalar escondido no fundo da empresa. Tinha material cortante, remédios com valida-de vencida e também ainda dentro da validade, além de produtos quí-micos. O local tinha ainda um forte odor e muitas moscas. Sabemos que essa empresa presta serviço para consultórios, clínicas privadas, hospitais e farmácias de várias cidades da região Norte e Noroeste. É de responsabilidade dela dar o destino correto para esse material”, afi rmou o coordenador da Comissão de Meio Ambiente da Alerj.

Segundo o delegado Avelino da Costa, da 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, todos os funcionários da empresa que estavam no local vão ser ouvidos e um inquérito vai ser instaurado para apurar o caso.

“Eles cometeram crime ambiental ao armazenar os materiais de for-ma irregular. Estou instaurando um inquérito e o laudo técnico do Insti-tuto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) sai em aproximadamente um mês e vai apontar todas as irregularidades. Depois do laudo vamos en-caminhar o processo para a Justiça”, contou o delegado.

Em nota, a empresa Nativitta afi rmou que “cumpre a legislação vigen-te e esclarece que mantém uma rota diária de descarte dos materiais coletados”. A empresa disse também que “todo o material que eventu-almente se encontra no caminhão será destinado imediatamente após a coleta”. A empresa não respondeu outros questionamentos feitos pela reportagem do G1.FoNtE: httP://g1.gloBo.CoM/RJ/NoRtE-FlUMINENSE/NotICIA/2013/08/lIxo-hoSPItAlAR-IRREgUlAR-E-ENCoNtRAdo-EM-EMPRESA-dE-ItAPERUNA-RJ.htMl

Div

ulga

ção/

Gua

rda

Ambi

enta

l

colu

nist

a

Page 21: Revista do meio ambiente 62

21

ago 2013revista do meio ambiente

A rodoviA br-163, que ligA cuiAbá (mt) A sAntArém (pA), é umA dAs portAs de en-trAdA – e sAídA – do desmAtAmento nA AmAzôniA orientAl, região Alvo de ob-servAção e AcompAnhAmento do gre-enpeAce há Alguns Anos. Em sobrevoos recentes realizados nas áreas adjacentes à es-trada, nossas equipes detectaram o progressivo avanço da degradação florestal, dessa vez sobre as áreas protegidas, especialmente a Terra Indí-gena Baú, do povo Kayapó. Isso demonstra, na prática, a consolidação da investida da bancada ruralista do Congresso Nacional contra os ter-ritórios indígenas e seus direitos adquiridos. O levantamento foi publicado em reportagem na edição de 08/08 do jornal O Globo.

O cruzamento de dados das últimas medições dos sistemas de monitoramento e detecção de desmatamento na Amazônia Legal do Institu-to Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), jun-to com as observações em campo, indicam que 29% de uma área de 317 mil hectares vizinha à Terra Indígena Baú, às margens do Rio Curuá, foram desmatados. Coincidentemente, essa foi exatamente a área reduzida dos limites da TI, no ano de 2003, via portaria do Ministério da Justi-ça. A decisão foi tomada à época sob a pressão de proprietários rurais do município de Novo Pro-gresso (PA), cedendo a interesses econômicos e políticos em detrimento dos socioambientais.

“Chamam atenção os pontos de acentuado desmatamento na área próxima à Baú, prin-cipalmente neste momento, em que vários projetos legislativos tentam barrar a criação, demarcação e regularização de Terras Indíge-nas sob o argumento de que o país tem ‘mui-ta terra para pouco índio’. O Brasil não precisa desmatar mais para aumentar sua produção agrícola. Existem várias áreas já abertas e não aproveitadas, que podem ser utilizadas”, afir-mou Rômulo Batista, da campanha da Amazô-nia do Greenpeace, à reportagem de O Globo.

Segundo Batista, o desmatamento no entorno da TI Baú é um símbolo do que pode ocorrer se fo-rem alteradas as regras de demarcação e uso das Terras Indígenas, como querem os parlamentares ligados à ruralistas. “O desmatamento começou depois da desafetação da área”, explicou.

Degradação passada, desmatamento futuroNo último ano, registros aéreos de desmatamento e embargos de grandes

áreas por atividades ilegais nesta região reduzida da TI Baú foram detectados continuamente, demonstrando que as pressões da exploração predatória na região cresceram de forma extremamente agressiva e desordenada durante a década que sucedeu a redução da área. As consequências foram, basica-mente, destruição de floresta nativa pela exploração predatória por espécies de alto valor comercial, perda irreparável de biodiversidade, criação de mais áreas de pasto e novos focos de monocultura para plantio de soja.

Até 2012, o Prodes (Sistema de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal) detectou um total de 10.907 hectares de floresta perdida somente no entorno da TI Baú (área assinalada na janela de zoom do mapa acima). Desse total, aproximadamente 50% foi desmatado somente no últi-mo ano – de agosto de 2011 a junho de 2012.

De acordo com o Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tem-po Real), que mede os alertas de desmatamento mês a mês, de agosto de 2012 a maio de 2013, o total desmatado foi de 10.168 hectares, quase o mes-mo número que mostra o acumulado do Prodes. Isso significa que, se com-pararmos o Prodes e o Deter, apenas nos últimos dez meses foi desmatada uma área igual ao desmatamento acumulado até 2012.

Na última medição do Deter, com dados de maio de 2013, o Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais) apresentou uma área de 2.741 hectares, embargada recentemente, no distrito de Castelo dos Sonhos (PA), no entorno da BR-163.

Questionado sobre essa perda florestal, o Ibama afirmou ser a mesma área que a equipe de pesquisa do Greenpeace identificou na região da TI Baú, em duas ocasiões distintas. No mês de março de 2013, nossas equipes fizeram re-gistro aéreo georreferenciado da região, e em junho, com outro sobrevoo pela mesma área, foi constatada relevante ampliação do desmatamento. FoNtE: Blog CoMBAtE RACISMo AMBIENtAl/gREENPEACE BRASIl

o brasil não precisa desmatar mais para aumentar sua produção agrícola. existem várias áreas já abertas e não aproveitadas, que podem ser utilizadas

baú do desmatamento aberto naamazônia

Amazônia teve 2007 km² desmatados entre agosto de 2012 e julho passado (fonte: Imazon)

amazônia

Page 22: Revista do meio ambiente 62

22

ago 2013 revista do meio ambiente

transporte & mobilidade urbana

Leonardo Berna Jornalista e repórter fotográfico, especializado em automóveis, transporte e mobilidade [email protected]

colu

nist

a

A presidenta Dilma Rousseff participou da cerimônia de inauguração do pri-meiro aeromóvel do país, interligando o Aeroporto Internacional Salgado Filho à estação mais próxima de metrô com acesso ao centro da capital. Com veícu-los leves não motorizados e tecnologia brasileira, a linha aeromóvel, operada em via elevada, terá capacidade para atender, inicialmente, a 150 passageiros por viagem, que dura em torno de dois minutos para o percurso de 814 metros.

A propulsão do transporte automati-zado é pneumática, com ventiladores centrífugos industriais de alta eficiên-cia energética que sopram o ar por meio de um duto localizado dentro da via. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribei-ro, também participará da cerimônia.

O projeto tem investimento de R$ 37,8 milhões. Em um primeiro momento, o transporte será aberto ao público ape-nas em dias úteis, das 10h às 16h, sem cobrança de passagem, com uma opera-ção assistida e a realização de ajustes. A operação comercial deve começar ape-nas em novembro, quando os usuários poderão adquirir a passagem por R$ 1,70 e ter direito a usar a linha do metrô sem cobrança adicional.FoNtE: AgêNCIA BRASIl

Reciclagem virou negócio bilionário para a GMpor Vanessa Barbosa (Exame)

Num mundo onde a pressão sobre os recursos naturais só aumenta e a pre-ocupação com o meio ambiente se traduz em leis cada vez mais rígidas, a gestão adequada do lixo virou assunto estratégico dentro das empresas. E daqueles com potencial de falar alto ao bolso, ou melhor, ao caixa. A General Motors sabe bem disso. No ano passado, a montadora mandou para recicla-gem 90 por cento de todos os resíduos gerados no processo de fabricação de seus carros mundo a fora, ao invés de enviá-los para aterros. Os louros foram colhidos: a iniciativa gerou receitas de cerca de R$ 2 bilhões, segundo o último relatório de sustentabilidade da empresa.

Tal façanha foi alcançada com a implementação do programa Landfill Free (livre de aterro sanitário, em tradução livre), que visa reduzir a zero o volume de lixo mandado para aterros. A meta é atingir 125 instalações da empresa em todo o mundo até 2020. Falta pouco. Hoje, 106 unidades já re-ciclam 100% dos resíduos. Na lista entra de tudo – de sucata de aço e borra de tinta a caixas de papelão e pneus desgastados.

A primeira planta brasileira a consquistar o status livre de aterro, em 2012, foi a de Gravataí, no Rio Grande do Sul, de onde saem modelos como o Celta, Onix e Prisma. A unidade atua em duas frentes para reduzir o impacto ambiental de suas operações. Primeiro, busca a redução do desperdício. Somado a isso, desen-volve ações que visem à reciclagem e à reutilização dos materiais.

“Uma empresa de manufatura de automóveis gera uma serie de resíduos, al-guns com valor, como os retalhos da estamparia, que são disputados a tapas, e alguns de pouco valor, como borra de tinta, um resíduo perigoso, com metal pesado”, explica Nelson Branco, gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da América Latina pela GM.

Peças descontinuadas de automóveis, ou que se quebram – um farol por exemplo –, têm plástico, alumínio e fiação em sua composição. Tudo isso pode ser reciclado e por vezes reutilizado na cadeia de consumo.

Não para aí. Embalagens plásticas são separadas por tipo de plástico e ven-didas para empresas de reciclagem. O solvente usado em limpeza de tubu-lações da linha de pintura também é vendido pra uma empresa que destila esse solvente e o revende. O que não é reutilizado na fábrica é encaminhado para empresas parceiras que dominam tecnologias específicas de reciclagem para certos resíduos. Quanto mais alternativas surgem para lidar com esses resíduos, mais benefícios são gerados. “O valor nem sempre é alto, em alguns casos beira o simbólico. Mas é uma forma de nos adiantarmos em relação aos marcos regulatórios”, diz Nelson, referindo-se à Política Nacional de Resíduos Sólidos. “Estamos ganhando terreno”, define.

Para atingir este objetivo, a empresa investe pesado na logística de coleta seletiva, garantindo a correta segregação dos materiais. A colaboração dos funcionários é chave aqui. “Fazemos um trabalho muito grande de conscien-tização, desde a linha de produção até os escritórios”, sublinha Branco. “Numa empresa, a formação de uma cultura é coisa eterna”. Em 2003, cada veículo montado em Gravataí gerava 11,08 quilos de resíduos enviados para aterro industrial. Hoje, este número é de 0 quilo por carro. E neste intervalo de tem-po, a capacidade instalada de produção da fábrica foi duplicada.

Este ano foi a vez da fábrica de Joinville se tornar “livre de aterro”, e até de-zembro a planta de estamparia em Mogi das Cruzes deve cumprir a meta. As fábricas de São José dos Campos e São Caetano do Sul, no estado de São Paulo, têm até 2015 para zerar o envio de resíduos para aterros.

Chegada do veículo A100.

Kauê

Men

ezes

/tre

nsur

b.go

v.br

Dilma inaugurou primeiro aeromóvel do país em Porto Alegrepor Danilo Macedo com edição de Graça Adjuto

Page 23: Revista do meio ambiente 62
Page 24: Revista do meio ambiente 62

24

ago 2013 revista do meio ambiente

ciência & tecnologia ambientalte

xto

Carl

Saga

nfo

tos N

asa

“(…) um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. para mim, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente e com compaixão uns com os outros, e de preservar e valorizar este pálido ponto azul, o único lar que já conhecemos”

olhem de novo pArA esse ponto. isso é A nossA cAsA, isso so-mos nós. nele, todos A quem AmA, todos A quem conhece, quAlquer um dos que escutAmos fAlAr, cAdA ser humAno que existiu, viveu A suA vidA Aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômi-cas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.

A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperado-res, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávi-dos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.

As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são repta-das por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica.

Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie pu-der emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.

Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de fir-meza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mun-do. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinhar-mos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido.

Qual o significado dessas fotos para nós? Para o autor Tariq Malik, editor do site Space.com, as imagens representam primeiro uma maravilha tecnológica, já que coordenar duas espaçonaves diferentes em órbita em dois planetas diferentes, controladas por duas equipes diferentes, para fotografar um terceiro planeta entre elas não é muito fácil. Em segundo, as imagens mostram claramente o que a Nasa pretendia – o lugar exato da Terra no universo. Você e todo mundo que você conhece ou já conheceu vive em uma minúscula ilha em um planeta no vasto oceano do universo. Como o inventor do motor de dobra de “Jornada nas Estrelas”, Zephram Cochrnae, explicou depois de ver a Terra do espaço profundo, ela “é tão pequena”. E é lá onde nós vivemos, em um “pálido ponto azul”, como descreveu o astrônomo Carl Sagan. A imagem feita de Saturno só foi possível porque o sol está oculto pelo planeta gigante, do ponto de vista da espaçonave. De outra forma, não seria possível registrá-la, já que a Terra seria ofuscada pelo brilho do astro-rei, que inclusive poderia danificar os sensores da Cassini.FoNtE: httP://hyPESCIENCE.CoM

azul”

A famosa fotografia tirada captada pela Voyager 1, mostrando a terra

acima da lua, inspirou Sagan a escrever o livro “Pálido Ponto Azul”

terra fotografada pelas sonda Cassini (em Saturn0, acima) e Messenger (Mercúrio)

Fotos da Terra vista de Saturno e de Mercúrio dão nova perspectiva sobre o planeta

um “pálido ponto

Page 25: Revista do meio ambiente 62

25

ago 2013revista do meio ambiente

a inversÃo

campo magnético do sol vai se inverter nos próximos meses, diz nasa

nos próximos trÊs A quAtro meses o cAmpo mAgnético do sol comple-tArá umA inversão de polAridAde, um processo que ocorre A cAdA 11 Anos e está quAse nA metAde do cA-minho, informou A nAsA (AgÊnciA espAciAl norte-AmericAnA).

“Esta mudança terá repercussões em todo o Sistema Solar”, disse o físico solar Todd Hoeksema, da Universidade de Stan-ford, na Califórnia, nos Estados Unidos, em declarações para a Agência Espacial.

A inversão de polaridade – isto é, Norte e Sul trocam de posição – ocorre no fi m de cada ciclo solar, quando o dínamo magnéti-co interno do Sol se reorganiza.

Durante essa fase que os físicos denomi-nam Máximo Solar, as erupções de energia podem aumentar os raios cósmicos e ultra-violeta que chegam à Terra – e isto pode in-terferir nas comunicações de rádio e afetar a temperatura do nosso planeta.

Hoeksema é diretor do observatório Solar Wilcox, da Universidade de Stanford, um dos poucos observatórios do mundo que es-tudam os campos magnéticos do Sol e cujos magnetogramas observaram o magnetis-mo polar da estrela a partir de 1976, desde quando já foram registrados três ciclos.

Phil Scherrer, outro físico solar de Stan-ford, disse que “os campos magnéticos po-lares do Sol se debilitam, fi cam em zero, e depois emergem novamente com a polari-dade oposta. É parte regular do ciclo solar”.

O alcance da influência magnética so-lar, conhecida como heliosfera, se estende a bilhões de quilômetros além de Plutão, e as sondas Voyager, lançadas em 1977, que agora rondam o limite do espaço inte-restelar, captam essa infl uência. FoNtE: Uol / AgêNCIA EFE

de polaridade do sol

ecoleituraciência ambiental

dois primeiros volumes – 25 anos de mobilização e O azul da Mata Atlântica – já estão disponíveis em livrarias e na loja virtual da fundação

A fundAção sos mAtA AtlÂnticA AcAbA de lAnçAr os dois pri-meiros volumes dA “série sos mAtA AtlÂnticA”, conjunto de quAtro obrAs que tÊm o objetivo de contribuir pArA A evo-lução do movimento socioAmbientAl e inspirAr A criAção de novAs iniciAtivAs por outrAs orgAnizAções. As publicações con-tam com o patrocínio de Bradesco Capitalização e Bradesco Cartões.

Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, explica que a proposta da série vai muito além de contar a história da organização e de seus projetos. “Apresentamos nossas ações, mas destacamos como a SOS Mata Atlântica atua com seus parceiros no desenvolvimento institucional, nos projetos, nas campanhas e nas mobi-lizações. Com muita transparência, contamos o que deu certo e o que deu errado, sempre com o objetivo de inspirar, engajar e contribuir para o futuro do movimento socioambiental e do terceiro setor”.

O primeiro volume, intitulado “25 anos de mobilização”, escrito pela bió-loga Erika Guimarães e pela jornalista Maura Campanili, comemora os pri-meiros 25 anos da SOS Mata Atlântica, completados em 2011, e apresenta a história da Fundação como um exemplo a outras organizações não gover-namentais que querem mobilizar, representar a sociedade e também con-tribuir com a construção da cidadania. “Destacamos no livro nossa opção por trabalhar por meio de parcerias e alianças, buscando a conscientização e a mobilização das pessoas, sem esquecer que, sem uma gestão efi ciente, uma organização não sobrevive”, ressalta Marcia Hirota.

O segundo volume da série traz como tema as zonas Costeira e Marinha, com histórias bem sucedidas da Fundação SOS Mata Atlântica na mobi-lização em prol do litoral e dos ambientes costeiros do Brasil. Escrito pela jornalista Andrea Vialli, o livro “O azul da Mata Atlântica” apresenta tam-bém um ensaio fotográfi co, feito por Luciano Candisani, com belas ima-gens da Reserva Biológica do Atol das Rocas.

A jornalista explica também que, apesar de sua extensão, apenas 1,5% da costa é protegida legalmente. “Espero que o livro possa trazer um im-pacto para alavancar novas iniciativas de proteção costeira e marinha e políticas públicas, além da criação de uma Frente Parlamentar para o mar”, conclui Andrea.

sos mata Atlântica lança

sÉrie de livros

text

o SO

S M

ata

Atlâ

ntic

a

Afon

so Li

ma

(sxc

.hu)

Page 26: Revista do meio ambiente 62

26

ago 2013 revista do meio ambiente

capa

para 2013

text

o Co

mun

icaç

ão d

o W

WF

Bras

il(g

eral

da@

ww

f.org

.br e

pat

ricia

ribei

ro@

ww

f.org

.br)

A humAnidAde esgotou o orçAmento dA nAturezA pArA este Ano, em 20 de Agosto, quAndo o plAnetA pAssou A operAr no vermelho. os dAdos são dA globAl footprint netWork - gfn (rede globAl dA pegAdA ecológicA), instituição internAcionAl pArceirA dA rede WWf, que gerA conhecimento sobre sustentA-bilidAde e tem escritórios nA cAlifórniA (euA), europA e jApão.

O Overshoot Day (Dia da Sobrecarga da Terra) é a data aproximada em que a demanda anual da humanidade sobre a natureza ultrapassa a ca-pacidade de renovação possível. Para chegar a essa data, a GFN faz o ras-treamento do que a humanidade demanda em termos de recursos natu-rais (tal como alimentos, matérias primas e absorção de gás carbônico) – ou seja, a Pegada Ecológica – e compara com a capacidade de reposição desses recursos pela natureza e de absorção de resíduos.

Os dados demonstram que, em pouco mais de oito meses, utilizamos tudo o que a natureza consegue regenerar durante um ano. O restante ficou des-coberto em nossa conta. À medida que aumenta nosso consumo, cresce o débito ecológico, traduzido na redução de florestas, perda da biodiversida-de, colapso dos recursos pesqueiros, escassez de alimentos, diminuição da produtividade do solo e acúmulo de gás carbônico na atmosfera. Tudo isso não apenas sobrecarrega a capacidade de recuperação e manutenção do meio ambiente, como também debilita nossa própria economia.

“O enfrentamento de tais restrições impacta diretamente as pessoas. As populações de baixa renda têm dificuldade em competir por recursos com o restante do mundo,” afirma Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network e co-criador da Pegada Ecológica, uma medida para contabilizar o uso de recursos naturais.

Hoje somos 7,2 bilhões de pessoas e, se a população ainda está cres-cendo, as tecnologias da informação e de transporte permitem multipli-car a economia mundial num ritmo ainda mais acelerado. Apesar disso, em muitos casos, as restrições legais e os cuidados ambientais são vis-tos como obstáculos ao crescimento econômico, ainda traduzido direta-mente em desenvolvimento social e progresso.

consumo humano excedeu o orçamento do planeta para 2013 e passamos a operar no vermelho

em agosto, já consumimos os recursos do planeta

Por isso, para a Global Footprint Network e Rede WWF, em lugar de dilapidar os recursos, é mais sábio tratá-los como uma fonte contí-nua de riqueza a ser usada de forma susten-tável e estratégica, garantindo um futuro se-guro para toda a humanidade. “Para assegu-rar um futuro limpo e saudável para nossos filhos, é preciso preservar o capital natural que nos resta e cuidar melhor do planeta que chamamos de lar”, afirma Jim Leape, Diretor Geral da Rede WWF.

Pegada Ecológica

Com o objetivo de ampliar o debate sobre o consumo e equilíbrio ambiental, o WWF-Bra-sil iniciou em 2010 um trabalho pioneiro no Brasil, em parceria com a GFN, prefeitura de Campo Grande (MS) e parceiros locais. Reali-zou o cálculo da Pegada Ecológica da capital sul-mato-grossense, primeira cidade brasilei-ra a fazer esse cálculo. Em 2011, realizou o cál-culo para o estado e para a capital São Paulo.

De acordo com a Secretária Geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, cidadãos e governos têm papel fundamental na redução dos impactos do consumo sobre os recursos naturais do planeta. “Políticas públicas volta-das para esse fim, como a oferta de um trans-porte público de qualidade e menos poluente, construção de ciclovias, e o estímulo ao consu-mo responsável, por exemplo, são essenciais para reduzir a Pegada Ecológica. E este é um

Sanj

a Gj

ener

o (s

xc.h

u)

Page 27: Revista do meio ambiente 62

27

ago 2013revista do meio ambiente

para 2013

educação e cidadania ambiental

papel dos governos”, ressalta. Já os cidadãos, na opinião de Maria Cecília, devem cobrar dos governos e dos políticos a criação e aplicação de politicas deste tipo. “Mas enquanto elas não existem, nós podemos fazer nossas es-colhas lembrando que nosso planeta é fi nito, como é a nossa conta no banco”, salienta.

Em Campo Grande, as ações de mitigação para ajudar a reduzir a Pegada Ecológica estão em curso e o estudo de São Paulo, lançado em 2012, durante a Rio+20, ainda carece de uma ação concreta dos poderes estadual e muni-cipal. “O cálculo traz informações importan-tes que ajudam no planejamento da gestão ambiental das cidades com o direcionamen-to das políticas públicas de forma a redu-zir esses impactos” afi rma o superintenden-te de Conservação do WWF-Brasil, Michael Becker, responsável pela condução dos estu-dos, pelo WWF-Brasil.

Além do trabalho com a Pegada Ecológica, a rede WWF também é parceira da GFN na edi-ção do Relatório Planeta Vivo, que é publica-do a cada dois anos. A próxima edição fi cará pronta em setembro de 2014.

A Global Footprint Network - GFN (Rede Glo-bal da Pegada Ecológica) é uma instituição nacional de geração de conhecimento (think tank) que trabalha para tornar fundamental a consideração dos limites ecológicos na toma-da de decisão, por meio da Pegada Ecológica. Essa ferramenta de gestão de recursos permi-te mensurar quanto de recurso ecológico a na-tureza dispõe, quanto utilizamos dela e quem usa o que. Juntamente com seus parceiros, a GFN coordena pesquisas, desenvolve padrões metodológicos e oferece aos tomadores de de-cisão uma contabilidade dos recursos naturais, visando a ajudar a economia humana a operar dentro dos limites ecológicos do Planeta.

O WWF-Brasil é uma organização não-gover-namental brasileira dedicada à conservação da natureza com os objetivos de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desen-volve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conser-vação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

Para saber mais: • Pegada Ecológica – www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/

• Overshoot Day – http://goo.gl/8o5euk

“se você leva seu lixo para casa, gera dois efeitos positivos: deixa a rua limpa e otimiza o processo da limpeza”, defendeu presidente da comlurb, vinícius roriz

segundo o presidente dA compAnhiA municipAl de limpezA ur-bAnA (comlurb), vinícius roriz, o objetivo do progrAmA é re-duzir os gAstos com A limpezA dAs ruAs, que somAm r$ 90 mi-lhões por mÊs, 15% do orçAmento dA empresA. Ele enfatizou que não pretende comprar mais lixeiras ou papeleiras e espera contar com a conscientização da população. “Queremos transformar o comportamento da população. Tem cidades limpíssimas, como Tóquio, em que você quase não vê lixeiras, afi rmou Roriz.

A fi scalização começou no dia 20/08, pelo Centro, Zona Sul e parte do subúrbio, com base na Lei de Limpeza Urbana, de setembro de 2001 (Lei 3273/01). As variam de R$ 157 a R$ 3 mil, conforme a quantidade e natureza dos detritos. As multas são aplicadas na hora por meio de um smartphone e uma impressora portátil. Os fi scais também distribuem sacolas de lixo para conscientizar a população. O cidadão que for multado e não pagar poderá ter seu nome protestado e até inscrito em instituições de proteção ao crédito. Caso se negue a apresentar qualquer documento, ele será leva-do a uma delegacia, para que seja feito o registro de ocorrência.

De acordo com a Comlurb, nas primeiras quatro horas de fi scalização, foram aplicadas 51 multas na Avenida Rio Branco, no Largo da Carioca. A maioria das multas foi aplicada a fumantes que jogaram guimbas de cigarro no chão.

Antes de entrar em vigor, as equipes da Comlurb estiveram nas ruas em ações para informar a população utilizando banners e distribuindo saco-las plásticas, sacolas para carro e bonés. Na Praça Saens Pena, local em que os fi scais têm atuado desde junho, a limpeza melhorou signifi cativamen-te, provando que quanto mais informação, menos lixo no chão. As equipes estiveram na Cinelândia, Copacabana Ipanema, entre outros locais, orien-tando moradores, turistas e frequentadores do bairro.

quanto mais informação, menos lixo no chãocampanha liXo zero:

As multas começaram a ser aplicadas; quem for fl agrado jogando lixo no chão pode ser penalizado em até 980 reais

Com

lurb

Mais informações com a Central de Atendimento ao Cidadão – 1746. A Prefeitura do Rio de janeiro concentrou todas as solicitações de serviços num único número, e o processo de atendimento está estruturado para garantir a execução dos serviços com prazos máximos pré-estabelecidos. Cada pedido gera um número de protocolo para que o cidadão possa acompanhar e receber informações sobre sua solicitação.

text

o Co

mlu

rb

Page 28: Revista do meio ambiente 62

28

ago 2013 revista do meio ambiente

animaiste

xto

Mar

celo

Szp

ilman

o Que se pode fazer?

mAis umA vez, o triste episódio dA morte de umA meninA de 18 Anos, provocAdA pelo AtAque de um tubArão em recife, leva o tema às manchetes dos jornais e programas jornalísticos e suscita os mais variados comentários e discussões acerca do que se pode e o que se deve fazer, como o fechamento das praias e proibição do banho de mar, a colocação de redes ou te-las de proteção e a captura de tubarões com fins de monitoramento e pesquisa.

Apesar de estarmos carecas de saber que foi o próprio homem quem pro-vocou tudo isso, ao remodelar o litoral de Suape ao seu bel prazer no início da década de 1990, e que teremos que conviver com suas consequências – e a maior interação entre homem e tubarão, prevalecente fator causador dos incidentes, é a principal delas –, medidas precisam ser tomadas a fim de minimizar incidentes e mortes. Sobre isso não há dúvida. Mas fazer o que?

Educação, esclarecimento e prevenção da populaçãoO trabalho realizado pelo Governo de Pernambuco, através do Cemit (Co-

mitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões), desde 2004, com a implantação de campanhas de esclarecimento, distribuição de fol-deres educativos e a colocação de placas de alerta e prevenção nas praias, foi muito bem executado e surtiu o efeito esperado __ orientou surfistas e banhistas para evitar locais e horários de maior risco real e diminuiu efeti-vamente o número de incidentes com tubarões.

Entretanto, por mais que se esclareça e alerte, as pessoas (em especial os adolescentes) têm uma natural tendência a achar que com elas nada acon-tecerá. Para esses casos, não há medida mais eficaz do que estar preparado para dar o atendimento imediato e correto à vítima resgatada.

Qualidade e eficiência do primeiro-socorro à vítima – Os bombeiros guar-da-vidas brasileiros estão entre os melhores no resgate e atendimento aos afogados. Fato inquestionável. E seus pares pernambucanos são, além dis-so, verdadeiros heróis ao se colocarem, sem hesitação, em risco pessoal para resgatar a vítima de ataque que está prestes a se afogar, como fez o soldado Figueiredo no caso da menina de 18 anos.

Afirmo, categoricamente, que é muito raro um tubarão atacar o ser hu-mano com fins de alimentação. Mais de 90% dos ataques no mundo todo, inclusive em Recife, ocorrem por erro de identificação visual. Uma única mordida investigatória. Assim, caso a vítima não seja resgatada a tempo, a morte se dará por afogamento secundário advindo do choque hipovolê-mico provocado pela hemorragia.

por mais que se esclareça e alerte, as pessoas (em especial

os adolescentes) têm uma natural tendência a achar que

com elas nada acontecerá

incidentes com tubarões em recife: Então, se o resgate é apropriado, o que falta? Faltam equipamentos adequados (e treinamen-to especializado) para executar um eficiente primeiro-socorro e uma rápida remoção, funda-mentais em muitos casos para definir se a víti-ma sobreviverá após ser resgata (tirada da água).

Essa, entre outras razões, explica por que o índice de fatalidade dos ataques de tubarões em Recife é o mais alto do mundo; 40%, en-quanto a média internacional é 13%. Mesmo na África do Sul, a chamada “Costa dos Tuba-rões”, onde o grande tubarão branco está entre as espécies envolvidas nos incidentes, a taxa de fatalidade é de apenas 12%.

Tomemos o exemplo do estado da Flórida que, apesar de ter quase dez vezes mais inci-dentes com tubarões do que o estado de Per-nambuco, apresenta somente 1% de fatalida-de. É isso mesmo. Não escrevi errado. Somen-te 1% de fatalidade. Lá, os guarda-vidas são alta e constantemente treinados para apli-car de forma correta e eficiente os primeiros- socorros nas vítimas de ataque de tubarão. E, para isso, tem à disposição uma caixa com os mais modernos insumos e equipamentos médicos. Enquanto dão o primeiro atendi-mento já na areia, imediatamente após o res-gate, para conter a hemorragia e estabilizar as funções básicas, um helicóptero pousa ao lado e leva a vítima rapidamente para o hos-pital mais próximo.

Fechamento de praias e proibição de banho Todos sabem, há muitos anos, que não há risco de incidentes com tubarões nas áreas protegi-das pelos arrecifes naturais (e são muitos). E sa-bem também que existem épocas do ano e ho-ras do dia em que o banho de mar e as práticas esportivas devem ser evitadas nas áreas despro-tegidas por representar maior risco de incidente. Além disso, há dezenas de placas de alerta nas praias sinalizando as áreas de maior perigo.

O número de mortes por atropelamento em Recife (como em todas as grandes cidades) é infinitamente maior. Mas ninguém, em sã consciência, decide fechar as ruas e proibir os pedestres de atravessá-las. Cabe ao estado, tanto no caso dos atropelamentos quanto na questão dos tubarões (como já vem fazendo), promover campanhas de educação, esclareci-mento e alerta para que os cidadãos e turistas tenham consciência, discernimento e respon-sabilidade em seus atos.

A menina morta no ataque de tubarão foi avisada dos riscos por um bombeiro guarda-vidas e mesmo assim decidiu banhar-se na área desprotegida da praia de Boa Viagem. Mais do que isso, impossível.

Ange

lole

ithol

d ((W

ikim

edia

Com

mon

s)

Placa de alerta em praia de Recife

Page 29: Revista do meio ambiente 62

29

ago 2013revista do meio ambiente

humano tem mais empatia por cão maltratadoColocação de redes ou telas de proteçãoImplantar essa medida de proteção tem o se-

guinte significado: para termos o livre arbítrio de não respeitar as regras e avisos acima des-critos sacrificaremos milhares de animais ma-rinhos inocentes todos os anos.

Redes ou telas de proteção, como demons-tram experiências em outros países, prendem e matam peixes, tartarugas, golfinhos e outros tubarões que nada tem a ver com os inciden-tes provocados pelos tubarões das espécies ca-beça-chata ou tubarão-tigre.

Fora o enorme custo ambiental, as redes ou telas de proteção exigirão altos custos de vis-toria e manutenção que, se não forem bem fei-tos, poderão provocar a inusitada situação de ter um tubarão entrando na área protegida, através de prováveis buracos, e ali permanecer provocando incidentes.

Captura de tubarões com fins de monitora-mento e pesquisa

A captura de tubarões com objetivo real e efetivo de monitoramento e pesquisa sempre foi e continua sendo realizada no mundo todo.

Essa prática é necessária e útil para os cientis-tas estudarem o comportamento e a movimen-tação das populações de tubarões. E obviamen-te, no caso de Recife, isso pode contribuir sobre-maneira para prevenir e minimizar os riscos de incidentes. No entanto, pescar tubarões com o simples objetivo de eliminar as espécies mais agressivas do litoral pernambucano, para com isso diminuir a frequência de incidentes, é um procedimento bastante controverso e vai con-tra todos os conceitos de sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

É mais uma demonstração prepotente do ser humano em acreditar que pode desequilibrar a natureza e depois, com a pretensa tentativa de consertar o dano colateral provocado, sacri-ficar espécies “problemáticas” que apenas se comportam de acordo com seus instintos. Se-ria como admitir a eliminação de tigres e leões motivada simplesmente por eventuais ataques e mortes de invasores de seu ambiente natural.

Isto posto, e se me fosse possível definir ações para minimizar incidentes e mortes no litoral de Recife, em resposta à pergunta do título, de-finiria que o melhor caminho seria investir re-cursos consideráveis em duas áreas: 1 - Equipamentos e treinamento para os órgãos responsáveis atuarem de forma mais eficiente nos primeiro-socorros e na remoção; 2 - Pesquisas de longo prazo com o propósito de obter dados científicos seguros que permitam estabelecer intervenções mitigadoras sem gran-des impactos no ambiente marinho local.

Que por pessoas

Seba

stia

n Po

the

(sxc

.hu)

“Ao contrário do que se imAginA, não é que necessA-riAmente o sofrimento AnimAl nos comovA mAis que o humAno”, explicou Jack Levin, professor de sociologia e criminolo-gia da Universidade Northeastern e autor do estudo.

“Nossos resultados indicam uma situação muito mais complexa a respeito da idade e da espécie das vítimas, sendo a idade o compo-nente mais importante”, acrescentou.

“O fato é que as vítimas de crimes que são humanos adultos rece-bem menos empatia do que as crianças, os filhotes e os cães adultos que são vítimas de abuso ou crimes. Isso indica que os cachorros adultos são vistos como dependentes e vulneráveis, tais como seus filhotes e como as crianças”, explicou Levin.

Em seu estudo, Levin e o coautor Arnold Arluke, outro professor da Universidade de Northeastern, consideraram as opiniões de 240 homens e mulheres, com idades entre 18 e 25 anos.

Na elaboração da pesquisa, os participantes receberam, ao acaso, qua-tro artigos fictícios sobre abusos de criança de um ano de idade, um adulto de 30 anos, um filhote e um cachorro de seis anos de idade.

As histórias eram idênticas, exceto pela identificação da vítima. Depois que os participantes leram o artigo, os pesquisadores pediram que os mesmos qualificassem seu grau de empatia em relação à vítima.

Nos surpreendeu a interação de idade e espécie”, indicou Levin em sua apresentação. “A idade parece ser mais relevante que a espécie quando se trata de obter empatia. Aparentemente, se considera que os humanos adultos são capazes de se proteger, enquanto os cachorros adultos são vistos como filhotes maiores”.

A diferença entre a empatia despertada pelas crianças e pelos filhotes de cachorro foi insignificante estatisticamente.

Apesar do estudo ter se baseado na relação entre humanos e cachor-ros, Levin acredita que as conclusões seriam similares no caso de gatos.

“Cachorros e gatos são animais de estimação e costumam fazem parte da família. São animais aos quais muitas pessoas atribuem ca-racterísticas humanas”, concluiu. FoNtE: ExAME / AgêNCIA EFE

As pessoas têm mais empatia pelos cães maltratados do que pelos humanos adultos, essa é uma das conclusões de um estudo divulgado na reunião Anual da Associação sociológica Americana

Page 30: Revista do meio ambiente 62

30

ago 2013 revista do meio ambiente

o caminho de

volta

retorno – última chance de você salvar sua vida

ecologia interiorte

xto

Téta

Bar

bosa

*

já estou voltAndo. só tenho 37 Anos e já estou fAzendo o cAminho de vol-tA. Até o Ano pAssAdo eu AindA estA-vA indo. indo morAr no ApArtAmen-to mAis Alto do prédio mAis Alto do bAirro mAis nobre. indo comprAr o cArro do Ano, A bolsA de mArcA, A roupA dA modA.

Claro que para isso, durante o caminho de ida, eu fazia hora extra, fazia serão, fazia dos fi ns de semana eternas segundas-feiras. Até que um dia, meu fi lho quase chamou a babá de mãe!

Mas, com quase quarenta, eu estava chegan-do lá. Onde mesmo? No que ninguém conse-guiu responder, eu imaginei que quando che-gasse lá ia ter uma placa com a palavra “fi m”. Antes dela, avistei a placa de “retorno” e nela mesmo dei meia volta.

Comprei uma casa no campo (maneira chique de falar, mas ela é no meio do mato mesmo). É longe que só a gota serena. Longe do prédio mais alto, do bairro mais chique, do carro mais novo, da hora extra, da babá quase mãe.

Agora tenho menos dinheiro e mais fi lho. Menos marca e mais tempo. E não é que meus pais (que quando eu morava no bairro nobre me visitaram quatro vezes em quatro anos), agora vêm pra cá todo fi m de semana? E meu fi lho anda de bicicleta, eu rego as plantas e meu marido descobriu que gosta de cozinhar (principalmente quando os ingredientes vêm da horta que ele mesmo plantou).

Por aqui, quando chove, a Internet não che-ga. Fico torcendo que chova, porque é quando meu fi lho, espontaneamente (por falta do que fazer mesmo) abre um livro e, pasmem, lê. E no que alguém diz “a internet voltou!” já é tarde demais porque o livro já está melhor que o Fa-cebook, o Twitter e o Orkut juntos.

Aqui se chama “aldeia” e tal qual uma aldeia indígena, vira e mexe eu faço a dança da chu-va, o chá com a planta, a rede de cama. No São João, assamos milho na fogueira. Aos domin-gos, converso com os vizinhos. Nas segundas, vou trabalhar, contando as horas para voltar.

Aí eu me lembro da placa “retorno” e acho que nela deveria ter um subtítulo que diz as-sim: “retorno – última chance de você salvar sua vida!” Você provavelmente ainda está indo. Não é culpa sua. É culpa do comercial que disse: “Compre um e leve dois”. Nós, da banda de cá, esperamos sua visita. Porque sim, mais dia menos dia, você também vai querer fazer o caminho de volta. * téta Barbosa é jornalista, publicitária e mora no RecifeDa

vide

Gug

lielm

o (s

xc.h

u)

Page 31: Revista do meio ambiente 62

o caminho de

O programa Reclamar Adianta é transmitido durante a semana das 10 horas ao meio dia através da Rádio Bandeirantes AM 1360 (RJ), podendo também ser acessado pela internet: www.reclamaradianta.com.br Se desejar, envie a sugestão de um tema para ser abordado. Aqui os ouvintes participam de verdade. Abraços,Equipe do programa Reclamar Adianta

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

Jaime Quitério, Átila Alexandre Nunes, Renata Maia e Átila Nunes Ao lado do deputado está o fi lho dele, Átila Alexandre Nunes

COM ÁTILA NUNES E ÁTILA ALEXANDRE NUNES

PROGRAMA RECLAMAR ADIANTARÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, entre 10h e meio dia. Com Átila Nunes e Átila Alexandre NunesOuça também pela internet:www.reclamaradianta.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5588twitter: @defesaconsumowww.emdefesadoconsumidor.com.br (serviço 100% gratuito)[email protected]@emdefesadoconsumidor.com.br

PROGRAMA PAPO MADURORÁDIO BANDEIRANTES AM 1360 (RJ)

De 2ª à 6ª feira, ao meio dia. Ouça pela internet: www.papomaduro.com.br

Central telefônica 24h: (021) 3282-5144E-mail: [email protected]

Page 32: Revista do meio ambiente 62

guia do meio Ambiente Aqui o seu anúncio é visto por quem se importa com o meio ambiente

A Revista do Meio Ambiente (revistadomeioambiente.org.br) é elaborada a partir das colaborações da Rede Rebia de Colaboradores e Jornalistas Ambientais Voluntários (RebiaJA – rebia.org.br/rebiaja) e é distribuída de forma dirigida e gratuita, em âmbito nacional, em duas versões: 1) versão impressa – distribuída em locais estratégicos e durante eventos ambientais importantes que reúnam formadores e multiplicadores de opinião em meio ambiente e demais públicos interessados na área socioambiental (stakeholders) diretamente em stands, durante palestras, ou através de nossas organizações parceiras, empresas patrocinadoras, etc.; 2) versão digital – disponível para download gratuito no site da Revista bastando ao interessado:

a) estar cadastrado na Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) – rebia.org.br (cadastro e associação gratuitas); b) estar logado no momento do download; c) preencher o campo do formulário com o comentário sobre o porque precisa da Revista do Meio Ambiente.

Quem patrocina a gratuidade? A gratuidade deste trabalho só é possível graças às empresas patrocinadoras e anunciantes, às organizações parceiras e à equipe de voluntários que doam seu esforço, talento, recursos materiais e financeiros para contribuir com a formação e o fortalecimento da cidadania ambiental planetária, no rumo de uma sociedade sustentável.

IMPRESSO

DEVOLUÇÃO GARANTIDADR

RJ

Revista do Meio AmbienteRedação: Trav. Gonçalo

Ferreira, 777 Casarão da Ponta da Ilha,

Jurujuba, Niterói, RJCEP 24370-290

Telefax: (21) 2610-2272ano VIII • ed 62 • agosto 2013 ISSN 2236-1014

www.facebook.com.br/REDEREBIA

twitter.com/BlogRebiatwitter.com/pmeioambiente

Acompanhe. Faça parte desta Rede!

www.linkedin.com/groups/REBIA-5115120?trk=myg_ugrp_ovr