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Cachoeira realiza sua primeira Parada Gay A primeira parada de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros de Ca- choeira aconteceu no último domingo de setembro, saindo do terminal rodoviário e percorrendo a orla da cidade. O evento chamou a atenção da comunidade regional para o debate sobre respeito às diferenças. (Confira nas páginas 6 e 7) CONHEÇA SEU MUNICÍPIO: Nazaré, a cidade das farinhas, o que rola sobre ela na internet e a história do mais antigo cinema da América Latina. (Nas páginas 8 e 9) O Cine Glória será restaurado e entregue à UFRB (pag. 8) Repórter do Reverso vai à Bienal de São Paulo conferir as novidades (Veja na pg. 5) Maria Olivia Andrade Maria Olivia Andrade Diogo Oliveira TEMPERO NOVO NO CARURU DOS SETE POETAS (pág.. 12)

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFRB

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Cachoeira realiza suaprimeira Parada Gay

A primeira parada de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros de Ca-choeira aconteceu no último domingo de setembro, saindo do terminal rodoviário e percorrendo a orla da cidade. O evento chamou a atenção da comunidade regional para o debate sobre respeito às diferenças. (Confira nas páginas 6 e 7)

CONHEÇA SEU MUNICÍPIO: Nazaré, a cidade das farinhas, o que rola sobre ela na internet e a história do mais antigo cinema da América Latina. (Nas páginas 8 e 9)

O Cine Glóriaserá restauradoe entregue à UFRB (pag. 8)

Repórter do Reverso vai à Bienal de São Paulo conferiras novidades (Veja na pg. 5)

Maria Olivia AndradeMaria Olivia Andrade

Diogo O

liveiraTEMPERO NOVO NO CARURU DOS SETE POETAS (pág.. 12)

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso

www.ufrb.edu.br/reverso

INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

O nosso jornal laboratório Reverso chega à sua edição 39 mantendo o compromisso assumido com a comunidade em buscar promover o desenvolvimento e a sustentabilidade do bem estar social da região, mas principalmente sem esquecer questões como o respeito à liberdade de expressão, à tolerância e à valorização das diferenças, das preferências e das vocações.

Bom exemplo disso está na nossa matéria especial, com a cobertura das primeira parada gay realizada na cidade de Cachoeira, que mobilizou a chamou a atenção, com muita cor, alegria e participação. A exemplo do que foi outro importante evento para a cidade, o Caruru dos Sete Poetas.

Mas também nos ocupamos com os fatos e eventos que contribuam para a divulgação dos eventos e das ativida-des acadêmicas que tragam algum interesse à comunidade, a exemplo da notícia sobre a reforma do imóvel onde funcionou o antigo Cine Glória, que depois de restaurada passa à guarda da UFRB.

Esta edição registra, ainda, como foi a campanha de va-cinação contra a raiva; mostra o sucesso da operação de ronda escolar e do concurso público para preenchimento de vagas na Prefeitura de São Félix.

Numa reportagem especial para o Reverso, a futura re-pórter Pollyanna Macêdo visitou a Bienal de São Paulo, confe-rindo as novidades e polêmicas deste importante acontecimen-to para o cenário contemporâneo das artes plásticas nacional.

Na coluna Conheça seu Município retratamos a be-líssima Nazaré das Farinhas e seu rico patrimônio histórico, como o Cine Rio Branco, o mais antigo cinema da América La-tina, hoje mantido pela fundação do ilustre filho da terra, o ex-jogador Vampeta. Conferimos também o que rola na net sobre o município.

Boa leitura!

Cine Glória será restauradoe entregue à universidadeO projeto faz parte do programa Monumenta, do Ministério da Cultura, em parceria com os governos federal, estadual e o município de Cachoeira.

O imóvel que abrigava o tradicional Cine-teatro Glória, localizado na Praça Texeira de Freitas, está em

processo de restauração, com término da obra pre-visto para maio de 2011. A construtora que ganhou a licitação, Flex Engenharia, trabalha no prédio desde o o

início do último mês de se-tembro.

Em condições arriscadas de estrutura, o imóvel, que atualmente pertence ao Ins-tituto do Patrimônio His-tórico e Artístico Nacional (Iphan), está todo apoiado em vigas de madeira e cerca-do por tapumes para evitar o desmoronamento, como o ocorrido em meados do mês de janeiro deste ano.

Após restaurado, o imó-vel será atribuído à Univer-sidade Federal do Recônca-vo da Bahia (UFRB). Com o curso de cinema instalado na cidade, a parceria trará retornos para a sociedade cachoeirana, como a dispo-nibilidade de uso do cine-te-atro por toda a comunidade, já que a responsabilidade do

Texto de Taiane Nazaré

Após a reforma, o imóvel será entregue à UFRB

imóvel vai para um ór-gão público.

Cachoeira abriga um dos poucos cinemas que existiam no Brasil na segunda década do século XX, o Cine-tea-tro Cachoeirano, antigo Glória. Jorge Luiz, de 26 anos, morador da ci-dade de Cachoeira, está trabalhando na restau-ração do imóvel e conta que ir ao cinema era a atra-ção dos finais de semana.

“Todos de Cachoeira e ci-dades circunvizinhas aguar-davam a estreia dos filmes, a primeira vez que fui ao cine-teatro tinha 10 anos, sempre relembro o dia que minha mãe me levou. Logo depois fecharam as portas do cine-ma e ficamos com poucas

opções de lazer na cidade”, contou Jorge Luiz.

Depois de reestrutura-do, o Monumenta encerrará suas atividades em Cachoei-ra e o prédio receberá equi-pamentos de cenotécnia, ilu-minação cênica, sonorização e projeção, orçados em R$ 2 milhões, todos adquiridos pelo Iphan.

Jorge Luiz frequentava o cinema e hoje trabalha em sua restauração

Laís martins Laís martins

População não compareceu no dia da vacinação anti-rábicaPoucas pessoas compare-

ceram à vacinação nacional contra raiva em cães e gatos, realizada no último mês de setembro. Todos os postos de Cachoeira estavam abasteci-dos com a vacina e, para facili-tar ainda mais o atendimento, alguns agentes comunitários estavam em pontos estratégi-cos da cidade.

Segundo Joelma Gomes Souza, agente comunitária, a pouca movimentação nos postos, nesse período, se deu justamente porque a comu-nidade se acomodou. “Eles se acostumaram a todo ano a

gente bater nas portas levando a vacina e sabe que a partir de segunda a gente começa esse trabalho, por isso no dia nacio-nal não teve movimento”.

A divulgação da campa-nha de vacinação em Cacho-eira se deu através da rádio e de carros de sons, alcançando também a zona rural, que, as-

sim como a cidade, teve um número reduzido de vacinas aplicadas.

Verusca Maria Calil Barbo-sa 33, enfermeira, responsável pela unidade de saúde da fa-mília Izído Lôbo, lamenta a falta de animais e garante que os que foram vacinados não tiveram ne-nhum tipo de reação. Ela co-menta também a importância da vacina para os animais e, consequente-mente, para seus donos.

Texto de Monalisa Leal Melo Afinal, a raiva é uma doença infecciosa aguda que não tem cura e é transmitida geralmen-te através da saliva do animal ou até mesmo arranhões, po-dendo causar paralisia e levar o indivíduo a morte. A vacina tem a durabilidade de um ano.

Laís martins

Laís martins

Princípios jornalísticos

Apesar da decisão do Su-premo Tribunal Federal ter abolido a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, no ano de 2009, o Jorna-lismo está acima de deci-sões casuísticas e precisa-mos continuar defendendo, como princípio, a formação universitária dos jornalis-tas. Como jornalistas profis-sionais diplomados, temos condições para discernir o que interessa à sociedade brasileira, defendendo-a contra o jogo de interesses do poder político, do po-der econômico e até mesmo do poder judiciário, que se arvora como defensor da liberdade de imprensa e, na verdade, tem exercido o

poder de amor-daçar jornais e jornalistas em todo o ter-ritório nacio-nal, por meio de processos e sentenças judi-ciais que estão restaurando o clima de censu-ra e estimulan-do a prática da autocensura.

Como me-diador social, cabe ao jorna-lista exercer as funções sociais de educar, in-formar, fiscali-zar e entreter. José Marques de Melo clama

que “a nossa posição deve ser a de vigilantes. Vigilan-tes para que as informações fornecidas ao público sejam verdadeiras e exatas, dota-das de honestidade e res-peito à dignidade humana”.

Se devemos Ser e Estar vigilantes, devemos tam-bém estar conscientes que o jornalismo não deve ser exercido em causa própria, mas em nome da sociedade. Devemos assumir a missão de denunciar preconceitos, injustiças e sofrimentos, lu-tando contra a intolerância e a indiferença em todos os seus níveis. Assim sendo, cabe a cada jornalista culti-var o bom senso, a liberda-de e a justiça.

O compromisso do jor-nalista é com a verdade e a busca da verdade deve ser

feita dentro dos princípios éticos que implicam em não se deixar seduzir pelo po-der, não se contaminar pela arrogância e pelo cinismo. Ser ético é saber se posicio-nar, é ser justo, é não con-fundir equilíbrio com indi-ferença, pois a indiferença é uma das piores e a mais hi-pócrita das formas de cen-sura existentes.

Vale lembrar que vive-mos nesta primeira déca-da do terceiro milênio, um momento único de decisões para o jornalismo, devido a convergência das novas tecnologias que apontam para transformações antes nunca vistas. Exatamen-te por isso e considerando que o jornalismo sempre esteve em permanente mu-tação, devemos nos engajar nos processos de reformas e inovações tecnológicas, sem deixarmos de questio-nar e praticar o jornalismo com independência, inde-pendente da plataforma que viermos a utilizar. Em síntese, podemos contribuir para transformar o Brasil num país mais justo por meio do jornalismo, uma profissão cuja maior missão é com a ética, a transparên-cia e o compromisso com a verdade.

Leomir Santana

Sérgio Mattos*

* Sérgio Mattos é jornalista, doutor em Comunicação pela Universidade do Texas, em Austin, nos Estados Unidos, e atualmente professor adjun-to do curso de Jornalismo da UFRB.

Além da vacina, os donos de animais foram esclarecidos sobre os perigos da raiva, doença infecciosa aguda que não tem cura

Os agentes comunitários ficaram em pontos estratégicos da cidade

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Bienal de São Paulo atrai grande número de pessoas e apresenta a arte como crítica socialA 29ª Bienal de Artes de São Paulo foi aberta no dia 25 de setembro e vai até 12 de dezembro, expondo cerca de 800 obras provenientes de 161 artistas de diversas nacionalidades

Texto de Pollyana Macêdo (de São Paulo)

Localizado num impor-tante e famoso ponto da ci-dade de São Paulo, o Parque de Ibirapuera (mais exata-mente no Pavilhão Ciccillo Matarazzo), o evento traz este ano um diferencial na sua ideia de concepção: o fazer artístico não deve ser imaculado ou avulso às res-ponsabilidades sociais; é impossível separar a arte da política.

A curadoria ficou por responsabilidade de Mo-acir dos Anjos e Agnaldo Farias, mas ainda conta com um grupo de curado-res convidados de diver-sos países, como Estados Unidos, Espanha, Angola e Japão, reafirmando a am-plitude internacional sem-pre presente no evento. São eles: Fernando Alvim, Rina Carvajal, Yuko Hasegawa, Sarat Maharaj e Chus Mar-tinez.

Outro ponto que dife-renciou essa 29ª edição do evento foram as oficinas e ateliês oferecidos gratuita-mente nos fins de semana. Com programação variada e temas como a filosofia, educação, música e teatro, as oficinas são voltadas para todos os públicos, des-de crianças a adultos, coor-denadas por artistas e edu-cadores da própria área.

Mas além desses ateliês e da própria exposição das obras, o Projeto Educativo da Bienal, em parceria com o Arquivo Histórico Wanda Svevo, oferecem a Sala de Leitura. Localizada na en-trada do Arquivo Histórico, ela reúne cerca de 600 livros que podem ser consultado por qual-quer um, sem agen-d a m e n t o prévio. As t e m á t i c a s são varia-das e há d e s t a q u e para alguns dos artis-tas presen-tes nesta edição do evento.

Em re-lação à ex-p o s i ç ã o principal , es tendida pelos três a n d a r e s do pavilhão com aproxi-madamente 27 mil metros quadrados, é visível o gran-de destaque e quantidade de obras audiovisuais. Es-treitando os laços entre o cinema e as artes visuais, trabalhos de nomes como a belga Chantal Akerman, o tailandês Apichatpong We-erasethakul (ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes), o português Pe-dro Costa e o alemão Harun

Farocki, estão presentes em grandes salas e instalações do evento.

“Liberte os urubus” Polêmicas também não

faltaram para esta edição. Como já de costume para um evento de tal porte e de

tão significância no mundo das artes e cultura, algumas foram as obras ou instala-ções que logo de início fo-ram barradas ou sofreram críticas e processos judiciais por algum elemento em sua composição.

Um exemplo foi a insta-lação El Alma Nunca Pien-sa sin Imagen, do argentino Roberto Jacoby, que na ten-tativa de reproduzir uma

campanha política em prol da candidata Dilma Rous-sef, acabou sendo vedado porque infringiria a lei elei-toral. Outro caso foi a obra Bandeira Branca, de Nuno Ramos, onde foram utiliza-do três urubus vivos, presos por uma grande tela, na sua composição. A idéia não

agradou a todos, ativistas fizeram protesto e causa-ram muito tumulto, fazen-do com que o caso parasse na Justiça. O resultado foi um mandato para a retirada dos animais.

Mas nem toda polêmi-ca acaba com final ruim, como foi o caso da expo-sição Inimigos, de Gil Vi-cente. Apesar da Ordem dos Advogados do Brasil

(OAB) acusá-la de apologia à violência, a série de ima-gens produzidas pelo per-nambucano destacou-se na Bienal virando sucesso de crítica. Nela, o autor se au-torretrata preste a executar uma série de líderes políti-cos, como Fernando Henri-que Cardoso, George Bush,

a Rainha Elizabeth e até o presidente Lula.

Muitas outras obras também se tornaram um sucesso de público e cha-maram a atenção da crí-tica. Em 350 Pontos em Direção ao Infinito, da italiana Tatiana Trouvé, pêndulos de metal foram presos ao teto por fios e atraídos ao chão por um imã escondido, construin-do um trançado que pare-ce desafiar a lei da gravi-dade, chamando assim muita atenção de quem passa.

Pedintes, do artista plástico turco Kutlug Ata-man, toca o espectador de maneira angustian-te e até desconfortável, quando ao entrar numa

sala escura depara-se com imagens em preto e branco e câmara lenta de pedintes, projetadas na parede. Outro retrato de uma realidade marginalizada é a exposição A Balada da Dependência Sexual, da fotógrafa ameri-cana Nan Goldin, que exibe várias imagens retratando um cotidiano de sexo e vio-lência, feitas desde a década de 1970.

Entrada gratuita e privilegiada localização traz um público além dos moradores da cidade

Polly

ana

Mac

êdo

Rondas Escolares trazem maissegurança às escolas públicasCom o intuito de conscientizar os jovens, o Projeto Ronda Escolar começou a fazer efeito, trazendo segurança através de parceria entre escola e polícia

Com o objetivo de coibir atos de vandalismo e di-minuir a violência dentro e fora do ambiente escolar, foi implantado em Cachoei-ra o projeto Ronda Escolar, através do qual a escola, a polícia e a família acabam por se unir com o propósi-to de garantir a segurança de alunos e funcionários, para que a escola seja um ambiente de aprendizado e cultura.

Com isso, rondas poli-ciais são feitas diariamen-te, não somente nas esco-las públicas estaduais, mas também nas escolas muni-

cipais. Devido à quantidade elevada de escolas em rela-

ção ao efetivo da Polícia Mi-litar, são priorizadas aque-

las onde existe maior número de alunos e, portanto, maior índi-ce de risco. O que foi apontado como um obstáculo para uma ação mais intensiva da PM é a carência na frota de veículos.

No colégio estadu-al Ernesto Simões Fi-lho, um dos maiores da cidade, as rondas acontecem diaria-mente. “As viaturas passam aqui todos os dias, durante a manhã e à tarde, fi-cam durante uns 15

minutos, conversam com funcionários e

apesar da escola ser bastan-

te tranquila acabamos nos sentindo mais protegidos”, comenta a vice-diretora do turno vespertino, Adriana Cruz. Para ela, “o projeto é bastante novo, a iniciativa é muito boa, com o tempo as coisas vão se estruturando”.

O projeto, que tem como coordenador o capitão da Polícia Militar Ubiracy Vieira, foi posto em prática desde o primeiro semestre de 2003 em Salvador, onde vem apresentando melho-rias na situação. Para atuar no projeto, os policiais pas-sam por um curso sobre os direitos humanos, Direito Constitucional e a Cartilha do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Texto de Mairan Reis

Viatura da policia em frente ao colégio Enesto Simões Filho durante a ronda escolar

Mairan Reis

Concurso público oferecevagas em São Félix

Iniciativa ofereceu vagas de nível fundamental, médio e superior. A remuneração chega até R$ 6 mil

Marcado para contecer nos dias 23 e 31 de outubro, o processo seletivo para pro-vimento de vagas junto ao município de São Félix en-volveu prova objetiva com duração de três horas. As ins-crições estavam sendo efeti-vadas pela internet e também presencialmente, na sede do Clube Floresta, na Praça Dois de Julho, entre os dias 9 e 20 de agosto. A taxa de inscrição

variou entre R$ 40,00 e R$ 50,00.

Os organizadores anun-ciaram que os gabaritos ofi-ciais das provas objetivas se-riam divulgados na Internet, no endereço eletrônico www.competteconsultoria.com.br até 24 horas após a aplicação da prova objetiva, e o resul-tado da primeira etapa seria publicado no prazo de 15 dias após sua realização. O resultado final do concurso está marcado para até o dia 23 de novembro de 2010.

Segundo André Almeida, aprovado no ultimo concurso para a Prefeitura de São Félix, em 2008, a expectativa dos candidatos é sempre grande. No caso de André, a vaga a qual pleiteava era vitalícia. O novo servidor encoraja os cachoeiranos e os sanfelixtas a participarem do concurso. “A prova não é difícil, mas vale ressaltar que a concor-rência é grande, daí exige-se bom desempenho na prova”. A validade do concurso São Félix 2010 é de dois anos.

Texto de Juliana Barbosa

Moradores de São Félixenfrentam falta d’água

Após o aborrecimento de quatro dias sem abastecimento de água, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) pôs fim à revolta dos moradores da Ladeira dos Milagres. Segun-do Zuleide Lima Araújo, uma senhora que vive há 25 anos no local, o problema sempre existiu e mesmo com todas as recla-mações nunca foi resolvido. “Falta água aqui pelo menos uma vez por mês”, afirma a moradora.

O problema extendeu-se da Rua Marechal Floriano Peixoto a toda Ladeira dos Milagres, a mais afetada. Além de Zulei-de, Rosane de Jesus Braga, outra moradora, afirmou ter ligado para a Embasa três vezes no mesmo dia para relatar o fato, porém nenhuma atitude foi tomada ou justificativa feita por parte da empresa.

“Pago uma conta com taxas totalmente absurdas por mês e passo pela humilhação de ficar quatro dias sem uma gota de água na torneira”, disse Rosane. Os moradores saíam de suas casa com baldes e garrafas pet para buscar água na Fazenda Santa Bárbara, Museu e Casa dos Hansen e no riacho dos mi-lagres, que corre no final da Ladeira.

Texto de Renata Reis

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Cachoeira realiza sua primeira parada da diversidade sexualA concentração aconteceu no terminal rodoviário e o percurso seguiu pela orla da cidade.

A primeira parada de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) de Cachoeira aconteceu no último domingo de setembro, contribuindo para chamar a aten-ção da comunidade regional sobre a importância do debate acerca do respeito às diferenças.

Com a temática Abrace a diver-sidade, diga não à homofobia, a I Parada da Diversidade Sexual foi organizada pela Vemnimim Pro-duções e pela comunidade gay de Cachoeira. O evento foi anima-do pelos DJ Iran, Eletro Sammy e Twink.

Estiveram presentes também integrantes do Grupo Liberdade, Igualdade e Cidadania Homosse-xual (GLICH) e da Liga Brasileira das Lésbicas (LBL), dispostos a re-acender a discussão junto à comu-nidade cachoeirana a respeito da diversidade sexual e interioriza-rem o debate que atualmente está concentrado principalmente nas capitais.

De acordo com a professora Eide Paiva, integrante da LBL e pesqui-sadora do Núcleo de Gêneros e Sexualidade da Uneb, “o evento é ponto de partida para que se dis-cuta também a importância de ou-tras ferramentas que tragam ações efetivas como a criação de delega-cias especializadas em crimes de homofobia, um plano nacional de violência contra as mulheres e em especial, as lésbicas; além do cen-tro de referência LGBT, que existe, mas ainda não funciona”.

Texto de Marília Marques Sagrado e profano se encontramno caruru a Cosme e Damião

Texto de Roberval Santana

No mesmo dia 26 de setembro em que acontecia em Cachoeira a primeira passeata gay - evento atí-pico para a cidade - era realizada na Rua do Cucui a celebração do dia de São Cosme e Damião, pro-movida pela Igreja Católica Brasi-leira e coordenada pelo padre Ro-que Cardoso.

Logo após o encerramento da passeata, muitos dos que estavam no movimento foram até a Rua do Cucui para participar do festejo de São Cosme e Damião, onde mil pratos de caruru foram servidos.

Ao avaliar a coincidência de pro-fano e sagrado dividindo o mesmo espaço, alguns moradores se de-clararam impressionados, embora em geral sem considerar nada de tão absurdo. Foi o que disse, por exemplo, Taise Santana, de 21anos, para quem “tudo o que aconteceu foi bom, pois quebra um tabu na ci-dade, que ainda tem bastante pre-conceito”.

Já Sueli Ferreira, de 34 anos, que

mora em Muritiba e trabalha em Cachoeira, lamentavou não ter par-ticipado da manifestação, pois es-tava fora da cidade, mas garantiu que espera por uma próxima vez.

O Padre Roque, por sua vez, afirmou que considera positivo para cidade a presença da univer-sidade e as diferentes formas de expressão cultural, garantindo que não condena nada, “porque tudo isto é a realidade do mundo e, de alguma forma, é bom para a região, a cidade de Cachoeira só tem a ga-nhar”.

A celebração a São Cosme e Da-mião teve inicio com a construção da Capela dos Remédios, em 1962, por iniciativa de José Macedo e Eu-rídice Santana, onde que hoje se encontra a catedral dedicada aos santos gêmeos.

Na mesma rua existe ainda uma escola de nível primário com o nome dos santos padroeiro. Esta escola foi idealizada pela igreja e tem o apoio da comunidade e in-centivo da prefeitura, funcionando com oficinas de musica e uma filar-mônica.

Maria Olivia Andrade

Maria Olivia Andrade

Maria Olivia Andrade

Maria Olivia Andrade

Maria Olivia Andrade

Maria Olivia Andrade

Rodriguethy e Priscila foram

destaque na parada

Diretamente de Muritiba, a cover

de Lady Gaga deu um show

A população de Cachoeira foi

prestigiar o evento

A história da parada

A primeira parada do orgulho gay na Bahia, organizada pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), aconteceu no ano de 2002 e teve como padrinho o cantor Edson Cordeiro, conseguindo reunir cerca de vinte mil pessoas em Salvador. Ao longo dos anos seguintes, as paradas tiveram como madrinhas as cantoras Ivete Sangalo e Preta Gil. O número de partici-pantes foi aumentando a cada edição e, já na parada de 2010, realizada em Salvador, estiveram reunidas cerca de um milhão de pessoas nas ruas.

Texto de Joaquim Bamberg

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Nazaré das Farinhas tem o cinema mais antigo da América Latina

Texto de Suely Alves

O Cine-teatro Rio Bran-co, administrado pela Fundação Marcos Vam-peta, constitui um espaço multicultural onde a co-munidade de Nazaré tem a oportunidade de expres-sar a cultura, através da exibição de filmes e peças

com estilo arte nouveau e pin-tura francesa.

Com a cria-ção da funda-ção do ex-joga-dor Vampeta, filho da terra, o imóvel passou a ser gerencia-do pela entida-de, que além de promover a cultura, tam-bém possibilita a transforma-ção da criança e do adolescente

em situação de pobreza e exclusão social, no com-bate a evasão escolar, com desenvolvimento de pro-jetos.

O resgate

O aposentado Uriel Santiago, de 79 anos, conta que conviveu com o cinema durante a sua

Suely Alves

Cine-teatro Rio Branco.

teatrais.O cinema tem estrutura

para os mais diversos even-tos, com 670 lugares, divi-dido em dois pavimentos, telhado entrelaçado com angelim e maçaranduba e galeria em forma de ferra-dura que lembra os teatros renascentistas italianos. É um dos poucos exempla-res do Nordeste do Brasil

infância e adolescência, declarando-se um apaixo-nado pela música, arte e a cultura em geral. Ele dis-se que, na década de 90, o ex-proprietário do imóvel, vereador Nagib, lhe deu a incumbência de levantar recursos para recuperar o cinema do estado de ruína em que se encontrava.Em conversa com o jogador Vampeta, relatou que o Rio Branco estava em des-moronamento e pediu que ele desse uma ajuda na reconstrução do telhado. Sensibilizado com a situa-ção do local onde assistira a vários filmes, o jogador efetuou a compra do cine-ma.

A reestruturação do casarão foi realizada com serviços executados por pessoas da própria comu-nidade e do artista plásti-co Julio Maya, responsável pela restauração das pin-turas, reconstituinddo tra-

Conheça Nazaré das Farinhas

A cidade de Nazaré tem 30 mil habitantes, possui área de 257. 372 km² e fica às margens do Rio Jaguaripe. Além da fa-mosa farinha que comercializa e da tradicional Feira dos Caxixis que realiza todo ano, hoje tam-bém é conhecida pela produção de azeite de dendê e pelo turis-mo ecológico.

Foi a 10 de novembro de 1849 que a Vila de Nossa Senhora do Nazaré foi transformada na Constitucional Cidade de Na-zaré. Porém, a localidade é mais conhecida como Nazaré das Fari-nhas pelos habitantes do Recôn-cavo. Esse apelido está ligado à produção de farinha de copioba que marcou a cidade.

A principal figura histórica dos tempos de fundação é Fernão Cabral de Ataíde, que ocupou a margem es-querda do Rio Jaguaripe, na chamada Sesmaria do Jaguaripe, dando início à povoação. Os relatos históricos afir-mam ser o engenho de Fernão o mais bem sucedido em meados de 1587, possuindo muitos escravos e aldeias de índios forros.

Hoje, o turismo ecológico se apro-veita do que ficou desse período. A Ponte Romana, Fazenda Engenho Baixo e Trilha dos Engenhos se encaixariam na parte histórica do percurso. Mas ain-da existe o Morro do Silêncio, Alto do

Cruzeiro, a Pedra da Moça, Cachoei-ra do Roncador, a Associação de Pes-cadores de Nazaré e outros incluídos no programa. Ao todo contam-se 15 pontos de interesse turístico.

Durante o ano, o calendário cultu-ral local é preenchido por 28 atrações, incluindo a Festa Nossa Senhora Apa-recida, em outubro, a festa pela eman-cipação política, missa e procissão da Festa de Nossa Senhora das Graças, em novembro. Em dezembro, acontecem a festa de Nossa Senhora da Concei-ção e da padroeira dos ferroviários, Santa Luzia. Finalizando o ano, tem o Natal no Monumento Jesus de Naza-

ré e o Réveillon no Monumento Jesus de Nazaré.

É possível entrar em contato com 22 restaurantes e oito pousadas pelo site da cidade (www.nazare.ba.gov.br). Entre elas, Pousada Ponto de En-contro que fica na rua Antonio Justi-no, Nº 65, próximo à rodoviária, Tel.: (75) 3636-4405 / (75) 9987-7844 (café da manhã e refeições). Pousada do Trevo, na Rua Clemente Caldas Tel.: (75) 3636 – 2345 / 2344 / 1400 (café da manhã e refeições) e a Pousada Ave-nida, na

Avenida Dom Pedro II, Centro Tel.: (75) 3636 - 2003.

Texto de Diogo Silva de Oliveira

Diogo Silva de O

liveira

TÁ NA NET - NazaréTexto de Josiane Nascimento

Nazaré das farinhas é uma das cidades que formam o mosaico do Recôncavo baia-no. O comércio da farinha de copioba produzida na região e a Feira dos Caxixis tornaram a cidade famosa.

Na internet, as informações nos sites de busca falam de seus atrativos turísticos e eco-nômicos, com um acervo de fotos e curiosidades sobre a ci-dade. Nos mais variados sites, Nazaré se destaca em sua his-tória, revelando aos internau-tas interessados em conhecer um pouco das construções do Brasil Colonial que faz parte do patrimônio cultural da região.

Assim, para quem busca Nazaré das Farinhas na internet, há uma abundância de informações turísti-cas, mas também sobre as notícias que fazem parte do cotidiano dos moradores..

O site da Prefeitura Municipal e o Visite a Bahia contêm um grande

número de dados re-levantes sobre Naza-ré, organizados por categorias e seções que facilitam a bus-ca por determinadas assuntos.

É possível ainda encontrar dados so-bre a tradicional Fes-ta dos Caxixis, que movimenta a cidade no período da Se-mana Santa. No site

Overmundo o evento dispõe de um acervo de fotos e in-formações. Quem tiver interesse em embarcar virtualmente nos encantos de Nazaré das farinhas pode acessar os sites:Prefeitura Municipal de Nazaréhttp://www.nazare.ba.gov.br/

Site Visite a Bahia

Visite a Bahiahttp://www.visiteabahia.com.br/visite/destinos/reconcavo/sera.php?id=60

Blog Nazaré Turhttp://nazarebahia.blogspot.com/2008/01/cidade.html

Feira de Caxixis 2010http://www.overmundo.com.br/overblog/feira-de-caxixis-2010-1

Site oficial da Prefeitura de Nazaré

çados e cores, devolvendo a sua forma mais original possível.

Primeiro da América

O primeiro cinema de Nazaré e da América La-tina foi fundado no dia 11 de dezembro de 1927, por iniciativa do homeopata Felisberto Ribeiro Soa-res, tornando-se durante muito tempo na principal atração da cidade. Várias pessoas eram atraídas nas noites de festa, com shows de artistas famosos como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Virgínia Lane e outros.

Na época, a cidade era um importante entreposto comercial do Recôncavo, movimentada pelo intenso comércio da farinha. Era para lá que os tropeiros transportavam o produto que era escoado pelo Rio Jaguaripe.

Fundado há quatro anos por irmãos e amigos, o grupo Bete Samba vem sendo responsável pela difusão do samba raiz da Bahia, inspirado em ar-tistas como Mariane de Castro, Roberto Mendes, Riachão e outros. Sem-pre com um repertório voltado para a chula cortada, que é um estilo de samba bem tradicional, trazido pelos africanos no período da escravidão. Oriundos da zona rural do município de São Gonçalo, eles se sentem na obrigação de dar continuidade à música samba raiz. O grupo, que já se apresentou em cidades como São Gonçalo, Santo Amaro, Cruz das Almas, Cachoeira, Feira de Santana e Conceição da Feira, agora começa a receber propostas de fora do estado para mostrar sua performance musical. Garotos que sonham alto e que sabem o que querem para o futuro. É assim que eles se definem. Biluca, um dos integrantes do grupo, atribui

esse reconhecimento ao trabalho árduo e à simplicidade que é sempre a base tudo. Para ele, “todo mundo tem o direito de sonhar e de correr atrás de seus objetivos. No começo tudo é mais difícil, principalmente se tratando de um grupo de afrodescendentes da zona rural de um mu-nicípio pequeno como São Gonçalo dos Campos”, disse.. Sua localidade, o distrito do Bete, fica a mais de 15 quilometros do centro de São Gonçalo dos campos, produz de farinha de mandioca e tem criação de frangos. Lá tem espaço garantido para a apresentação do grupo e, sempre que pode, ele anima as noites do local. Os jovens entraram todos juntos para estudar música no Centro de Cultura e Artes de Feira de Santana (Cuca) e hoje conseguem reproduzir com precisão, através do samba raiz, tudo aquilo que aprenderam no curso. Para Ro-bério Pontes, vocalista do grupo, “tudo aquilo que é feito com respon-sabilidade e sem ferir os princípios da família brasileira, só tem a dar certo, porque essa é a verdadeira musica popular brasileira, aquela que através de seu som consegue fazer com que o povo se identifique, com suas letras e suas melodias, toda suas origens”, concluiu.

BETE SAMBA, O SAMBA RAIZ DA BAHIATexto de Rogério Lacerda

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Desde o último mês de setembro o consumidor vem sendo alertado so-bre um possível aumento no preço do grão mais apreciado pelos brasi-leiros, o feijão. O preço do produti pode triplicar nos próximos meses.

Segundo o Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), nos primeiros dias

de setembro a saca do feijão aumentou 73,91%. Os motivos para essa va-lorização ainda não são to-talmente claros e apontam para vários fatores, desde problemas climáticos, difi-culdades para o escoamento da produção em algumas áreas e até na diminuição das áreas plantadas, que possivelmente pode ser um reflexo do ano passado,

quando o governo não com-prou dos produtores todo o feijão que sobrou, desestimulando a pro-dução. Com isso, a indústria terminou re-passando uma alta de 53% no valor

do produto final, afetando direta-mente o consumidor, que já sente o aumento. O que vem acompanhado de preocupação, afinal o alimento é considerado indispensável pela maioria dos brasileiros, não poden-do ficar de fora das refeições do dia a dia. O quilo do feijão que custa-va em média R$ 2,69 saltou para R$ 4,93 e ainda com possibilidades de subir. Nas ruas já é possível sentir a preo-cupação dos consumidores, que não querem abrir mão da comida e in-dicam as classes populares como as mais prejudicados, como no caso de Soy Conceição, feirante na cidade de Cachoeira, para quem “o rico já não come, porque não gosta. Agora nem o pobre vai poder comer.”Existem também os consumidores

Aumentos no preço do feijão preocupam o consumidorNos primeiros dias de setembro, a saca do feijão aumentou 73,91%

indignados e que acham abusiva essa alta. Jaíra Ramos, 18 anos, está grávida e questiona: “Sabe o que é isso? É para o pobre não comer fei-jão. Com um preço desse, quem é que vai comprar?” Elpídio Gomes, mas conhecido como Tinôco, é um pequeno co-merciante do mercado municipal e tem outra opinião sobre o aumento do preço. Para ele, não foi a falta de chuva que provocou a escassez, cul-pando as grandes redes de super-mercados, que compram direto nos grandes produtores e em grandes quantidades. Por isso o feijão en-traria em falta, fazendo com que o preço suba. Segundo ele, “tem mui-to feijão aí (no mercado), o pessoal é que gosta de inventar muita lenda pra aumentar o preço”.

Recenseadores do IBGE estão insatisfeitos com o pagamento

Os responsáveis pela coleta de da-dos do censo 2010 no Brasil se de-clararam insatisfeitos com a forma com que o processo de pagamento dos seus serviços aconteceram na região. Eles reclamaram receber valores abaixo do esperado e com atraso, o que vem causou uma série de transtornos. Os recenceadores explicaram que, segundo o Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um setor possui 300 domicílios no mí-nimo e os pagamentos variavam de R$ 800,00 a 1.600,00 por setor. Mas eles encontraram muitas casas va-zias, com moradores vivendo em lugares diferentes.

Assim, o número de domicílios vi-sitados foi maior do que o núme-ro de cadastrados, enquanto que o pagamento era baseado no número de visitas e suas respectivas entre-vistas. Cumprindo a tabela, quan-to maior o número de moradores

maior a remuneração.O recenseador Eliandison Santos disse que “mesmo tendo no meu primeiro setor cerca de 500 unida-des visitadas, cadastrei 220 casas mais ou menos, e meu salário veio com mais de 20 dias de atraso. A primeira parte foi de R$ 400,00 e a segunda parte vem depois, os ou-tros 50%. É decepcionante porque eu não recebo nada pelas 500 unida-des que visitei”. Ao anunciar o concurso para recen-seadores em abril, o diretor execu-tivo do IBGE explicou como seriam calculados os pagamentos, base-ados na produção. Segundo ele, “quem atuar mais tempo e fizer me-lhor as obrigações certamente terá uma remuneração mensal superior. Os contratados poderão ganhar, em média, salários iguais ou superio-

Texto de Maria Olívia Andrade

Texto de Raquel Pimentelres aos dos agentes, que oscilaram de R$760 (área administrativa) a R$1.600 (regional). Serão considera-dos os quantitativos de domicílios e entrevistas”, disse.Como em zonas urbanas o número de moradores aumenta em relação à zona rural, houve quem ganhasse com essa variação. No Rio de Janei-ro, por exemplo, o recenseador He-des de Oliveira completou um setor com 450 residências e 1200 morado-res. Metade de seu pagamento foi depositado e, de acordo com seus cálculos, deveria receber quase R$ 1.700,00.O que aconteceu com quem fechou um setor com menos de 300 domi-cílios cadastrados foi “receber uma quantia menor do que R$ 800,00”, informou outro recenseador de Ca-choeira.

O feijão é item indispensável no cardápio do brasileiro

Projeto leva culturaa crianças e jovens carentes

O projeto social Muleki é tú tem como proposta trazer cultura para crianças e adul-tos, funcionando às segun-das, quartas e sextas-feira, a partir das 14 horas, na funda-ção Hansen Bahia. São oferecidas oficinas de percus-são afro e samba, bumba meu boi, confecção de berimbau, literatura e maculelê teórico e prático. Desenvolve ainda oficinas artes plásticas e de-senho com a artista argentina Cristina Solimando e aulas de capoeira com o professor Nei Pontão, um dos idealizadores da iniciativa.

O projeto é gratuito e está recebendo inscrições. Os pais ou responsáveis podem com-

parecer à sede do projeto e fazer uma ficha. A criança

passa por uma fase de adaptação e após 15 dias decidem se querem conti-nuar. Elas recebem farda-mento com calça de capo-eira e blusa do projeto.

O professor Nei e sua esposa Cecilia Thomas, professora de educação física, contaram que a partir de um edital para o qual concorreram, con-seguiram o prêmio para montar um projeto só-cio educativo, no ano de 2006. “Eu já tinha dado aula, mas queria trabalhar a capoeira com as crian-ças. Não temos a intenção de separá-las pela condi-ção social, mas de incluir

crianças carentes de cultura”,

disse Cecília.Em 2007, o projeto co-

meçou a funcionar com 100 alunos. Hoje tem cerca de 30 alunos com idade entre 3 e 15 anos. “Alguns deles enjoam,

mas tento de maneira sim-ples educar as crianças, tra-zendo geografia para auxiliar na arte e assim tornar mais in-teressante as aulas” concluiu Cristina Solimando.

“Eu já tinha dado aula, mas

queria trabalhar a capoeira com as crianças”.

Grupo de Governador Mangabeira ganha prêmio de teatro amador

Texto de Laís de Oliveira

Laís de Oliveira

O grupo teatral Frutos da Utopia, do município de Governador Mangabei-ra, ganhou o troféu Lázaro Ramos, pelo segundo lugar no Prêmio Anual de Tea-tro Amador, com a peça A Criação, dirigida por Ro-berto Madder. Este é a pri-meira vez, em sete edições, que um grupo de teatro do Recôncavo é premiado.

Além do segundo me-lhor espetáculo do festival, eles foram indicados a to-dos os prêmios na catego-

ria adulto. Este ano o even-to foi realizado na cidade de Mata de São João, no úl-timo mês de setembro, em paralelo ao Fórum Inter-

Texto de Juliana Rezendemunicipal de Teatro A m a d o r (FITA).

O FITA c o n t o u com a pre-sença de mais de 300 parti-c i p a n t e s , oriuendos de sete ter-ritórios de

identidade, que estavam representando mais de 19 cidades da Bahia, totali-zando cerca de 40 grupos teatrais e de dança.

André Gustavo Cardoso

Jana Cambuí

Jana

Cam

buí

CAHL sediou fórum pelaigualdade racial e inclusão social

O campus de Cachoeira da Universidade Federal do Re-côncavo da Bahia (UFRB) rea-lizou o IV Fórum Pró-Igualda-de Racial e Inclusão Social do Recôncavo, homenageando o dia Nacional da Consciência Negra. O evento também foi dedicado à memória de Zum-bi dos Palmares, figura de des-taque na luta contra a injustiça racial e desigualdade social, afim de denunciar o racismo estrutural brasileiro e promo-ver políticas da igualdade ra-cial em toda a nação.

O fórum ressaltou a impor-tância pedagógica e histórica da data, com atividades, ofi-

cinas, discussões e reflexões relacionadas às políticas e práticas afirmativas que re-presentem a população negra do Recôncavo, do Brasil e do mundo, contando com a par-ticipação de palestrantes re-gionais, nacionais e internacio-nais, de diversas instituições acadêmicas.

Questões como o empreen-dedorismo étnico, a tolerância religiosa, manutenção do pa-trimônio afro-brasileiro, repre-sentações de gênero no Brasil e na África foram debatidas de forma concisa, num ato de cidadania plena, promoção da paz, do respeito ao próximo e sintonia entre discentes, do-centes e bem representantes da sociedade civil.

Texto de Juliana Barbosa

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Promovido pela Casa de Barro Cultura Arte Educação, o Caruru dos Sete Poetas: Recital com Gostinho de Dendê completou, no último dia 25 de setembro seu ciclo de sete edições. Desta vez, participaram do evento os poetas Ediney Santana, Orlando Pinho, Edgar Vella-me, Tiago Oliveira, Luiz Miranda, Andersen Figueiredo e a poetisa Índia Sônia. Estiveram presentes também o músico Elder Oliveira e a malabarista Poli Costa. Nesta edição, Damá-rio DaCruz foi o poeta homenageado.

De acordo com um dos organizadores do evento, João de Moraes, poeta e gestor cultural da Casa de Barro, o Caruru não chegará ao fim, mas passará por uma espécie de renasci-mento nos próximos anos, trazendo novas idéias para explorar outras dimensões da poesia.

Ainda na visão do poeta cachoeirano, a cidade necessita de um plano de leitura e suportes para implantar políticas culturais de modo que não se faça do recital de poesias um acon-tecimento apenas festivo, mas um espaço que envolva escritores locais, escolas públicas da região e que auxilie na construção de um diálogo entre órgãos públicos e sociedade civil.

As pretensões para as próximas edições do Caruru é trazer também poetas estrangeiros e levar o recital para os “sete cantos do mundo”, brincou Moraes. Para ele, o intuito do evento é promover um momento de celebração e intercâmbio, assim como acontece com os sete meninos que se servem do caruru nos ritos do Candomblé.

Tempero novo no Caruru dos Sete Poetas

Em sua sétima edição, o recital anual de poesias de Cachoeira promete passar por um rito de transformação nos próximos anos, mas não chegará ao fim.

Texto de Marília Marques

Laia

na M

atos

Com a palavra: o poeta

Perguntado sobre a diferença entre poesia e poema e qual a importância de tê-los recitados na voz do próprio autor, João de Moraes explicou que “a poesia é o sentimento, o estado em que se está. Já o poema é a materialização deste sen-timento, é o resultado da poesia. Numa sociedade do espetáculo, como é a nossa, é importante que as pessoas parem para escutar”. E completou, parafraseando Antônio Cândido: “O poeta é aquele que lê o mundo, desfaz e refaz”.Está aí a im-portância de ser homenageado.

Os sete poetas que participaram do recital Ouvintes que experimentaram o caruru no recital

Laiana Matos