reverso 97 - revista rec

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Projeto Toque de bola /Pg: 03 Quarta dos Tambores /Pg: 04 Projeto Domingo da Alegria /Pg: A Casa de Barro e suas ações /Pg: Vovó do Mangue /Pg: 10 “Semper Parata”/Pg:11 Sonho de uma flauta /Pg: 12 - Edição 97 - O RECÔNCAVO da bahia EM AÇÃO

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Projeto Toque de bola /Pg: 03

Quarta dos Tambores /Pg: 04

Projeto Domingo da Alegria /Pg: A Casa de Barro

e suas ações /Pg:

Vovó do Mangue /Pg: 10

“Semper Parata”/Pg:11

Sonho de uma flauta/Pg: 12

- Edição 97 -

O RECÔNCAVO da bahia EM AÇÃO

Tocando a bola e tocando em frenteElainE ConCEição

A Escolinha Toque de Bola surgiu através do senhor Antônio Carlos, um ex-atleta cruzalmense apaixonado por futebol, que por motivos de saú-de não pode mais praticar o seu esporte predileto e viu nesse projeto

uma forma de continuar em contato com a bola e de fazer com que meninos de diversas idades também encontrem nele a alegria de viver.

O projeto possui 12 anos de criação e durante esse período Antônio luta com todas as suas forças para conseguir, sem nenhum apoio financeiro da prefeitura ou de qualquer outro orgão público, tocar em frente o seu sonho

de dar um futuro melhor a cerca de 70 garotos e jovens de Cruz das Almas e de municípios vizinhos que através da Escolinha Toque de Bola, passam a se dedicar mais aos estudos, as atividades domésticas, melhoram o convívio familiar e também em sociedade. Com treino as terças, quintas, sábados e domingos e participando de campeonatos em toda a região a escolinha pro-move não só lazer e diversão, mas também forma homens de caráter e de reponsabilidade para a vida.

Antônio conta, que gostaria de viver como professor de futebol, mas por não possuir apoio financeiro de nunhum órgão público e por não conseguir chegar a uma mensalidade que seja razoável para a realidade das famílias dos meninos, ainda é necessáerio que ele trabalhe à noite para assim con-seguir custear com a ajuda de amigos, os uniformes, bolas, apitos, lanches e viagens para os seus attletas mirins. Para ele, o importante é não deixar que esse projeto chegue ao fim. “Acredito que a prefeitura deveria apoiar não só o meu projeto, mas tantos outros que existem em nossa cidade, pois se não ajudar-mos estes meninos eles irão para caminhos errados e se perderão”, disse ele.

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Um produto Reverso

Reitor: Sílvio SogliaProfessor Orientador: Péricles DinizEditora Chefe: Vânia Alcântara

Repórteres: André Luís Cristhielle Teles Dalila Brito Danilo Valverde Elaine Conceição Francisco Guedes Vânia Alcântara

Diagramação: Fábio Rodrigues

O recôncavo baiano, famosos por sua culinária e suas manifestações cul-turais vem se desenvolvendo em outras diversas áreas. As tradições continuam sendo preservadas, porem o povo do recôncavo mostra a

cada dia que tem muito mais a oferecer.

Reconhecendo toda essa riqueza, a Revista Rec traz a cada semana tudo o que acontece no recôncavo pra você. De Santo Amaro a Santo Antonio de Jesus, o slogan `O recôncavo da Bahia em movimento` e um convite a cada um dos nossos leitores a conhecer o que esta acontecendo na cena cultu-ral, econômica, política e social.

A cada semana um tema será abordado, nessa primeira edição vamos con-hecer as ações e projetos sociais executados nas cidades de Cachoeira, Cruz das Almas, Governador Mangabeira e Maragojipe. Trazendo conteú-dos que expõem temas que ainda que próximos a nossa realidade são des-conhecidos para muitos.

E você vai ficar ai parado? Leia a Rec e movimente-se você também!

editorial

FOTOS: Elaine Conceição

Quarta dos Tambores anuncia pausa após completar quatro anos e 50 edições

Desde a sua concepção à reali-dade prática, a difícil proposta de levar as manifestações cul-turais de matriz africana para a rua, evidencia um trabalho de resistência negra na histórica cidade de Cachoeira, no recônca-vo baiano. É dentro deste pano-rama que nasce a Quarta dos Tambores.

Danilo ValVErDE

O projeto propõe o diálogo de diversos artistas e grupos culturais do recôncavo, e de representantes das quatro nações de terreiros de can-domblé da cidade (gege, ketu, angola e nagô). O objetivo é valorizar as manifestações culturais de matriz africana na região. Um trabalho

sociocultural e político que preenche uma lacuna histórica numa das cidades mais negras da Bahia.

Origem e estrutura

A proposta inicial foi idealizada por Alder Augusto, estudante de Ciências Sociais da UFRB, juntamente com alguns representantes de terreiro de can-domblé, com o apoio do produtor local Valmir Pereira. “Quando iniciou, a ideia era reunir alabês de todos os terreiros de candomblé para realizar o debate a respeito da intolerância religiosa ainda fortemente presente nas relações cotidianas da cidade que é referência dos cultos aos vodus e orixás” conta Alder. A quarta-feira foi escolhida por ser o dia venerado ao orixá Xan-gô, preenchendo também a agenda cultural da cidade no meio da semana, daí o nome Quarta dos Tambores. A existência da Quarta também abriu uma discussão dentro da comunidade de santo de Cachoeira. Levar elementos culturais do candomblé para a rua, como a dança e a saudação aos orixás no Toque das Nações, não foi uma ideia bem recebida por alguns representan-tes de terreiro da cidade. Apesar de trazer os elementos do candomblé, a proposta não se reduziu às apresentações de tambor na praça. O projeto também incluiu artistas variados dentro do cenário do recôncavo, sempre dando visibilidade aos músicos e grupos que representam a identidade afro-brasileira. O samba

Iniciado em dezembro de 2011, o encontro conquistou espaço no calendáriocultural da cidade e completa 50 edições em dezembro deste ano. O eventoacontece em praça pública no centro histórico da Cachoeira, no antigo porto que serviu ao mercado de escravos negros na região. Local emblemático e que hoje é utilizado pela Quarta para trazer a discussão sobre o papel do negro e sua religiosidade na sociedade brasileira. Criando um ambiente pro-pício para o debate político, religioso e cultural a partir da perspectiva racial. Os encontros acontecem em toda primeira quarta-feira de cada mês.

Uma pausa ou o fim?

A Quarta dos Tambores encontra diversos desafios desde a sua criação. Para dar conta dos desafios de produção do projeto foi criada a Comunidade do Tambor (ComTa) – um coletivo composto principalmente por estudantes uni-versitários, e alguns representantes locais. Para Alder Augusto, idealizador e coordenador geral do projeto, a estrutura da Quarta sempre permitiu uma negociação contínua e aberta com os artistas participantes, sem perder os princípios básicos pelas quais o projeto havia sido criado. Ele assinala o quanto o fluxo de estudantes universitários contribuiu para a manutenção do projeto ao longo dos quatro anos. “No entanto, alguns percalços relacionados ao nos-so contexto local e global foram surgindo”, afirma. “Vários foram os desafios para consolidar esse coletivo e, dessa forma, institucionalizar o evento.”

Para o coordenador, a ideia de continuidade do projeto (toda primeira quar-ta-feira) não encontrou condições dentro da cidade. Dentre os desafios que ele aponta estão o acesso aos recursos provenientes dos editais culturais ofe-recidos pelo Estado, que segundo ele, pouco compreende a natureza da pro-posta da Quarta dos Tambores. Outro desafio está na qualificação técnica, ele aponta que os estudantes possuem grande grau de volatilidade por estarem em fase de experimentação e sem a preocupação de assumir grandes respon

sabilidades. “Isso faz com que grande parte das atividades se concentre em uma parte mínima da equipe” acrescenta. Alder ainda aponta outro proble-ma relacionado à comunidade local de Cachoeira, para ele existe um conflito entre o público e o privado. “Há uma imersão extrema às relações afetivas ao ponto de inviabilizar a cooperação mútua entre os agentes da cidade, ainda que visem um objetivo em comum”, revela.

Por estes motivos a Quarta dos Tambores vai fazer uma pausa, e terá sua ultima apresentação no próximo dia 2 de dezembro. “Esta pausa representa um momento de revisão e, sobretudo, busca por melhores condições para a continuação da atividade cultural que funcionou e que faz parte da agenda cultural da cidade e da região do recôncavo”, explica Alder.

O ultimo encontro comemora o aniversário de quatro anos da Quarta, com homenagens a Iansã e Xangô, orixás patronos do projeto. A programação desta edição especial traz o Samba de Roda de Dona Dalva, a banda de reg-gae roots Tribo de Levi, Natora Baile System e recebe a homenagem do Coral da Santa Cruz. A 50ª edição acontece no dia 2 de dezembro, às 19h, na Praça Teixeira de Freitas, centro histórico de Cachoeira.

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de roda, o hip-hop, o rap, a dança afro, o maculelê, a capoeira, dentre ou-tras manifestações ocuparam espaço no evento que cresceu em número de participantes e público. O evento também colocou na praça representantes dos terreiros de candomblé para falar sobre a religião. Com isso a Quarta dividiu-se em dois momentos, o Toque das Nações – com os representantes do candomblé – e o Toque dos Artistas, com a apresentação dos artistas e grupos musicais.

No terceiro momento, a introdução de temas voltados para as questões ra-ciais e demonstrações em arte-tecnologia marcaram o inicio de dois novos quadros. O debate, trazendo convidados e personalidades de resistência ne-gra para falar sobre as questões raciais, a exemplo de Luislinda Valois e Vovô do Ilê, levantando questões relacionadas aos desafios impostos pelo racismo. A partir de 2013 foi incluído o Resistec – um espaço voltado para apresentar as tecnologias produzidas no recôncavo. Coordenado pelo Prof. Jarbas Jaco-me, o quadro começou a ser apresentado a cada duas edições. O objetivo é estimular a comunidade jovem a pensar não apenas no consumo das novas tecnologias, mas a possibilidade de criá-las e dessa forma desenvolver uma linguagem própria capaz de refletir a subjetividade de nossa região.

FOTO: Nerize Portela

FOTOS: Maiana Brito

PROJETO SOCIAL DOMINGO da ALEGRIAanDré luís

REC: Como surgiu o projeto Domingo Alegria?D.A: surgiu a partir de uma grande preocupação como as crianças e adoles-centes de bairros carentes que tem sido estimulados a se envolverem no mundo das drogas, e percebendo essas atitudes passamos a doar um domin-go de cada mês na possibilidade de contribuir com a comunidade carente da periferia. Onde são de fato mais afetados com a ausênciadeprojetos sociais e culturais e assim permitindo a esse povo um pouco de nossa alegria .

REC: Como funciona o Projeto Domingo Alegria?D.A: Funciona sempre no penúltimo ao ultimo domingo de cada mês onde escolhemos uma comunidade, sendo da zona rural ou urbana e oferecemos brincadeiras, palhaço pipoca e sua turma, algodão doce, pintura no rosto, pula-pula, pipoca, aferição de pressão,triglicemia, oftalmologista, e também dentista no intuito de promover o bem estar social.

REC: Qual o principal objetivo do Projeto Domingo Alegria?D.A: É tentar levar um pouco de alegria para as crianças sofredoras da comu-nidade carente, porque a nosso papel é pelo menos salvar algumas crianças, e evitar que as mesmas sejam influenciadas e levadas para o mundo das drogas e das mãos dos pedófilos, sendo assim já vale todo nosso sacrifício e esforço por essa causa.

REC: Quais são as dificuldades que o Projeto enfrenta para se manter a cada dia?D.A: São as maiores possíveis, por que muitas pessoas pensam ser um even-to politico, porém não temos envolvimento, temos sim grandes dificuldades em adquirir os materiais para distribuição,faltam diversos produtos de saúde como, por exemplo, a fita de glicemia que tiramos do nosso próprio bolso para adquirir e realizar esse exame e também a dificuldade em um transpor-te para deslocar todo material utilizado no evento.

REC: Quem é o Palhaço Pipoca?D.A: Renato Pereira dos Santos, pai, amigo, esposo, sincero,honesto, não vou dizer que sou serio, pois de serio não tenho nada, tenho sim uma marca registrada pelo meu trabalho em cruz das Almas e também em todo recôn-cavo,e resumo que o palhaço pipoca é um estouro de alegria.

“Nosso papel é pelo menos salvar algumas crianças, e evitar que as mesmas sejam influenciadas e levadas para o mundo das drogas”.

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FOTOS: André Luís

REC:Como as pessoas recebem seu projetonas comunidades?D.A: A aceitação é a melhor possível, pois as pessoas amam esse projeto pelo fato de ser feito como muito amor e carinho, e percebo por onde passamos a comunidade nos ajudando em todos os aspectos falandoisso me faz pros-seguir a todo o momento.

REC: Quem são os investidores desse Projeto?D.A: O palhaço pipoca, meu amigo Zé Carlos que faz sempreo que pode a doação do transporte para levar os equipamentos do projeto, e faz diversas doações em doces e pipocas também, minha irmã Renata Pereira que sem-pre se disponibiliza para que esse projeto não pare e sempre avance. São pessoas que estão constantemente colaborando de uma forma voluntaria para ver uma criança sorri, sendo que essas pessoas não ganham nada para estarem ali, somente o amor e o carinho dessas crianças e afirmo participar porque acreditam em uma sociedade melhor.

D.A: Se chama sorriso, pois o sorriso de uma criança não tem preço , quan-do conseguimos diante de tantas dificuldades enfrentadas no seu dia a dia arrancar um sorriso tão verdadeiroisso sim nos faz pensar na real importân-cia de estarmos ali para possibilitar a eles algumas horas de alegria , que certamente ficaram registrados em suas memorias. E sem falar também o quanto nos torna feliz quando conseguimos arrancar um sorriso de um adul-to que às vezes é muito mais difícil.

“Pois assim como doamos a nossa alegria,elas nos preenchem de forma tão positiva em seus gestos de amor e conseguenos dizer como muita simplicidade e pureza de coração e seguinte frase:Tio eu te amo por me fazer feliz, obrigado.”

A Casa de Barro é uma organização cul-tural criada em 25 de julho de 2005, onde o seu principal objetivo é con-

tribuir com o desenvolvimento humano e cultural nas cidades do Recôncavo da Ba-hia, é reconhecida como uma instituição de utilidade pública na cidade de Cachoei-ra O desenvolvimento suas ações são trans-versais, multidisciplinares que privilegiam os campos da cultura, da arte e da edu-cação, além de promover e celebrar a di-versidade cultural e bens patrimoniais de natureza imaterial, incentivar a escrita e a leitura tem o poder de formar pessoas mel-hores.

A instituição vem desenvolvendo uma serie de atividades como cursos de teatro escri-ta criativa, contação de histórias e cursos

de rádio, além de trabalhar em projetos como: Caruru dos setes poetas, Dedinho de prosa, Orua, Grupo de teatro rouxinol, Era uma vez, poesia ouvida entre outros.

Dois de seus principais projetos vem ganhan-do reconhecimento no âmbito regional e na-cional: Caruru dos Setes Poetas- este evento que acontece sempre no último sábado de setembro, busca unir a literatura com um mo-mento de tradição cultural e religiosa baiana. Com uma analogia a tradição ao caruru dos santos gêmeos Cosme e Damião oferecido aos sete meninos, esta ação promove um en-contro de sete poetas para recitar seus versos para celebrar a cultura e a arte literária. Uma mesclagem de poesia e comida baiana, alem de exposições e apresentações artísticas. Já participaram dessa celebração os poetas e cordelistas Manuela Barreto, Marcos Peralta, Orlando Pinho e Antônio Carlos Barreto.

A Casa de Barro e suas ações Vânia DE alCântara

Dedinho de Prosa Cadinho de Memória É uma iniciativa interdisciplinar de arte-educação e formação artístico-cultural para crianças e adolescentes que visa: edu-car para o patrimônio; incentivar às leituras; a escrita a partir da experiência de investigação, vivências e registro da me-mória oral contada pelos mais velhos e registrar em livros e CDs os saberes e fazeres tradicionais da região do recôncavo

O livro já tem dois volumes o primeiro com o título: “Um passarinho me contou... Dedinho de Prosa Cadinho de memória’ foi realizado Escola Esta-dual Ministro José Rabelo, na cidade Cachoeirana e lançado em 2012 o livro traz um registro de memória, conhecimentos, brincadeiras e narrativas do principal patrimônio do Recôncavo da Bahia, tudo contado por crianças e adolescentes participantes do projeto. A segunda edição do Dedinho de Prosa Cadinho de memória “Brincando de versos, cirandas e outras poesias” , foi lançado na fliquinha deste ano foi desenvolvido por crianças de 8 à 12 anos, que vivenciaram lugares de memória, manifestações da cultura popu-lar e tiveram alguns “dedinhos de prosa” com mestres dos saberes e fazeres tradicionais da região.

Alana Oliveira falou como de como é ser colaboradora da Casa de barro e o que a levou a se tornar uma militante nessa instituição. “Eu já sentia vontade de desenvolver algo parecido com o que a casa desenvolve trabalhar questões relativas ao patrimônio, a educar para a valorização da cultura e tal, ai descobri q existia essa instituição que já fazia isso e me interessei em fazer parte e descobri que é um grande desafio, principalmente em relação à sustentabilidade. É difícil manter toda uma estrutura funcionando e não é valorizado como deveria, mas ao mesmo tempo também é muito gratificante, ver crianças e jovens saindo de lá diferentes, mais conscientes de sua cultura, de seu lugar no mundo, gostando de ler, escrever. Quando vejo as crianças no palco, lançando um livro, ou os programas dos jovens tocando na rádio sempre me emociono”.

A colaboradora Luísa Mahin nos contou e sobre as principais dificuldades encontradas para o desenvolvimento de um projeto social e disse que: “além da falta de recurso, existe a dificuldade de estreitar vínculos com as famílias, a parceria delas no sentido de acompanhar o processo d e cada experiência é única, para cada uma se revela uma dificuldade específica que depende de inúmeros fatores como perfil etário do público, o perfil da família, as parcerias e assiduidade”.

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FOTOS: Divulgação Casa de Barro

Vol.1 do livro “Dedinho de Prosa, Cadinho de Memória” da ONG;

Vovó do Mangue

Um projeto que visa a pre-servação do meio ambiente e ações voltadas para a cultura e educação, além de gerar opor-tunidades para os jovens de Maragojipe.

Criada em 08 de maio de 1997, a Fundação Vovó do Mangue é uma entidade de caráter filantrópico e beneficente. A origem do nome está ligada a uma lenda local cultuada pelos pescadores, que dizem que a Vovó do Mangue é uma velha rabugenta que castiga aqueles

que fazem mal ao manguezal. Os pescadores costumam sempre oferecer charuto, aguardente e pó para a velhinha, antes de saírem para pescar.

Em 2001, a entidade implantou o Projeto Viva o Mangue, em parceria com a DETEN Química S/A, Universidade Federal da Bahia e Prefeitura Municipal de Maragojipe, atuando nas áreas de educação ambiental, desenvolvimento social, produção de mudas de mangue e recuperação de áreas degradadas de manguezal.

Ronaclélia Matos, 45, Administradora da Fundação, destaca que: “duran-te seus 15 anos de atuação, a entidade vem desenvolvendo diversas ati-vidades nas áreas de cultura, educação, desenvolvimento social e meio ambiente.

A INSTITUIÇÃOA instituição possui estrutura exclusiva para produção das mudas de man-gue, inclusive com técnicas de reprodução das três principais espécies encontradas na Baía de Todos os Santos – Rhizophora mangle (mangue vermelho), Avicennia Schaueriana (mangue siriúba) e Laguncularia Race-mosa (mangue branco). A metodologia de produção, recuperação e mo-nitoramento foi desenvolvida através de estudos e projetos realizados em parceria com o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.

OBJETIVOO projeto objetiva manter produção constante de mudas em viveiro de manguezal, com vistas ao cultivo de espécies vegetais características des-se ambiente. Pretende-se que essas mudas sejam utilizadas em áreas que abrigam ou já abrigaram manguezal na APA Baía de Todos os Santos e que tenham sido impactadas por processos degradantes.

Além disso, o completo conhecimento das condições do substrato que suportará esse empreendimento deverá contribuir para que pro-jetos semelhantes venham ser desenvolvidos, conduzindo às respos-tas com uma maior segurança científica.

Também é realizado amplo trabalho de promoção da educação para preservação do meio ambiente, com pessoas capacitadas para exer-cer tais atividades, envolvendo realização de cursos e palestras, tra-balhos práticos, publicação de informativos e cartilhas educativas, além da capacitação direta de 200 agentes multiplicadores em trei-namento intensivo de preservação do meio ambiente, durante a rea-lização deste projeto.

Rosiane Campos, 32, Coordenador Geral do Projeto Vovó do Mangue, disse: “o projeto atua com trabalhos voltados à capacitação de pessoas das comunidades da Comissão e Baixinha (onde se localiza a sede do projeto), em curso de técnicas para produção de mudas de mangue em viveiro e plantio/reflorestamento em área degradadas, num in-tuito de oferecer alternativas de renda durante período de defeso/desova no manguezal e maior integração social àquela população.”

O projeto possui sede própria (auditório, biblioteca, administração), além de área reservada para viveiro de mudas de mangue. Funciona também, no local, a Associação de Pescadkores e Marisqueiras dos bairros da Comissão e Baixinha, em Maragojipe.

OUTRAS PRIORIDADES DO PROJETO

A Fundação Vovó do Mangue também desenvolve amplo trabalho educacional, focado principalmente na educação complementar para a preservação do meio ambiente, a valorização da cultura, inclusão digital, o fortalecimento da cidadania e o desenvolvimento social.

Vários projetos são desenvolvidos em parceria com governos, em-presas e outras instituições, inclusive com atuações em redes, co-laborando com o desenvolvimento de jovens e adultos da região, promovendo uma sociedade mais igual e mais justa, com grandes oportunidades para todos.

FranCisCo GuEDEs “SEMPer PARATA”Sempre prontos a servir, ajudar, acolher, sorrir, a caminhar junto...

A Federação de Bandeirantes do Brasil (FBB), conhe-cido como “Movimento Bandeirante” é um projeto social com objetivo de formar crianças e adolescen-

tes, incentivando-os a fazer uma boa ação. O projeto aborda temas como saúde, nutrição, educação, cultura e meio ambiente, exercendo atividades comunitárias, via-gens e acampamentos, de fins não político-partidária.

A história do Movimento Bandeirante começa em 1909, na Inglaterra, quando Robert Baden-Powell e sua irmã Agnes Baden-Powell fundaram. Em Governador Manga-beira este grupo surgiu em 1979, chamado Movimento Bandeirante - Núcleo ASA, fundado pela Irmã Francisca Stalder, desenvolvendo na comunidade valores morais, sociais, culturais, ações educativas e tendo participação ativa na construção do caráter e no conhecimento dos direitos e deveres através de uma metodologia própria. Atualmente 65 crianças, adolescentes, dirigentes e coor-denadores participam desta prática social na cidade.

Segundo a Coordenadora do MB há 36 anos, Valdecira Aragão, os princípios e valores do Bandeirante é contido na Promessa e no Código Bandeirante, onde procuram valorizar a lealdade a Deus e à Pátria, ajuda ao próximo estando Semper Parata, ou seja, sempre pronto para servir, apoiar e acolher.

CristhiEllE tElEs Eles organizam projetos como: Passeio Ciclístico Solidário, arre-cadando alimentos perecíveis para instituições beneficentes. Pro-jeto Blitz Band, para arrecadação de roupas e alimentos. Projeto Global Power Shift, seu foco está em ações sobre o Meio Ambien-te. Projeto Água: eu uso, eu preservo, eu economizo. Programa saúde do Jovem. Projeto Livre para Ser Eu Mesmo, ajudando meninos e meninas a construírem sua autoestima. Projeto Vozes Contra a Violência à mulher. Ação Global, evento que presta ser-viços gratuitos à população. Fundo do Dia do Pensamento, o qual bandeirantes doam qualquer quantia para dá oportunidades de recreação e treinamento para pessoas com deficiência e entre ou-tros. Os participantes convivem em equipes, participam de jogos e gincanas temáticas, discutem sobre assuntos que interessam a sua geração e questões da atualidade também.

“Faço parte dessa ação social há 17 anos e me proporciona um aprendizado inexplicável, porque fazemos uma boa ação, que é ajudar o próximo mesmo sem recebermos algo em troca”, afir-mou Francis Henrique, 20 anos.

“Dificuldades existem em todos os grupos, no nosso não é dife-rente, corremos atrás de apoios e patrocinadores ou organizamos eventos para arrecadar uma boa quantia para nossas atividades e viagens”, concluiu Néa Aragão, Coordenadora do MB.

Hoje a FBB reúne cerca de 145 países membros, sendo 14 estados brasileiros, totalizando mais de 10 milhões de Bandeirantes em todo o mundo. Preparando cada um para que trabalhem juntos por um mundo melhor. O Movimento é dividido em 5 ramos: Ci-randa (5 à 9 anos), B1 (9 à 12 anos), B2 (12 à 15 anos), Guia (15 à 21 anos), Dirigentes (mais de 21 anos). Os programas para cada gru-po oferece conhecimentos, vivencias, práticas e habilidades para cada faixa etária, ampliando o potencial de cada um.

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FOTO: Divulgação

FOTOS: Cristhielle Teles

Do lado de dentro da sala de aula e possível escutar o som suave que vem dos corredores.Misturado a pessoas que parecem gigantes perto de sua baixa esta-tura, ele entoa notas que lutam para se sobrepor ao barulho das vozes que por ali circulam.

Talvez nem se de conta de que o que esta fazendo e arte, talvez não perceba o signifi-cado social do local que escolheu como palco de seu espetáculo, tudo que ele precisa e vender suas balinhas e conseguir algumas moedas em troca do som do som da sua flauta. A sua inocência de criança não pede muito de ninguém, não cobra aplausos, reconhecimento, muito menos ingressos, as balas que vende são quase um brinde pra quem lhe doa alguma quantia.

Todos os dias no mesmo horário, la esta ele, puxando o seu carrinho de doces enquan-to toca `Aquarela` nas notas ofegantes de seu instrumento. Pontual como um trabal-hador, sabe a hora certa de chegar e não se atrasa na volta pra casa, no caminho entre os dois espaços ele continua a tocar sua flauta tao doce quanto seus sonhos de criança. Não pode se atrasar, sabe que precisa estudar e de certa forma, mesmo que incons-cientemente sabe que um dia poderá voltar ao palco de suas apresentações diárias se misturando a aqueles que agora lhe parecem gigantes, talvez ele ainda volte com sua flauta, mas dessa vez ele estará dentro de uma sala de aula.

Sonho de uma flautaDalila Brito

O RECÔNCAVO da bahia EM AÇÃO