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EMBASA GARANTE QUE ÁGUA DE CACHOEIRA É BOA (Pág.4) Tombamento deve aumentar o turismo em São Félix A expectativa é da administração municipal, que este ano assinou acordo para a preservação do patrimônio cultural da Cidade Presépio. (Confira na página 5) Alunos do curso de Jornalismo da UFRB visitam veículos de comunicação em Santo Antônio de Jesus (paginas 6 e 7) Imagem de Bom Jesus da Lapa visita Mutuípe (pág. 9) Conheça Zé Sapo, um filósofo debaixo da ponte (pág. 11) Rosalvo Marques Suely Alves Maria Olívia Caiã Pires

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Jornal laboratorio do curso de Jornalismo da UFRB

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EMBASA GARANTE QUE ÁGUA DE CACHOEIRA É BOA (Pág.4)

Tombamento deve aumentar

o turismo emSão Félix

A expectativa é da administração municipal, que este ano assinou acordo para a preservação do patrimônio cultural da Cidade Presépio. (Confira na página 5)

Alunos do curso de Jornalismo da UFRB visitam veículos de comunicação em Santo Antônio de Jesus(paginas 6 e 7)

Imagem de Bom Jesus da Lapa visita Mutuípe (pág. 9)

Conheça Zé Sapo,um filósofo debaixo da ponte(pág. 11)

Rosa

lvo

Mar

ques

Suely Alves

Maria O

lívia

Caiã Pires

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Redação e edição: Toni Caldas (página 5) e Valedice Santos (página 8)

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso

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INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

Nosso jornal laboratório Reverso chega ao seu número 41, operando como espaço privilegiado para a experimenta-ção e para o exercício da criatividade, antenado e sintonizado com as mais recentes tendências do jornalismo e do meio midiático contemporâneo.

Um dos nossos compromisso mais básicos é manter sempre uma atitude crítica sustentável, evitando conclusões que não sejam baseadas em fatos e/ou documentos, orien-tando-se sempre pelos princípios éticos da verdade, sem pré-julgamentos ou preconceitos.

Além, evidentemente, de abrir espaço para ouvir as vozes - plurais e diversas - da comunidade, como demonstra o artigo assinado pelo professor, advogado e historiador He-raldo Cachoeira, na coluna Ineditorial.

Esta edição traz como destaques as boas perspectivas para o turismo em São Félix com o tombamento da cidade, segundo as expectativas da administração municipal e, por outro lado, as dificuldades enfrentadas pelo curso de Licien-ciatura em Música na cidade que funciona na cidade, bem como as reclamações dos moradores em relação às obras de requalificação do seu antigo porto.

Tratamos também das garantias da Embasa quanto à qualidade de água consumida em Cachoeira, as ações pre-ventivas para o controle da dengue, as tradições culturais e folcóricas de Saubara, a visita da imagem do Bom Jesus da Lapa a Mutuípe, as histórias e lendas que cercam a Fonte da Bica de Jaguaripe, o perfil do interessante cidadão Zé Sapo e um raio-x de Santo Amaro, na coluna Conheça Seu Municí-pio.

Por fim, uma matéria especial registra a visita dos alunos que produzem o Reverso a alguns veículos de comu-nicação da progressiva Santo Antonio de Jesus.

Boa leitura!

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Curso de Música pode sair de São Felixantes de formar a primeira turmaHoje, estão funcionando só o auditório e o laboratório de informática.

Aberto em abril de 2008, o curso de licenciatura em música, que funciona na mo-dalidade à distância, agora corre o risco de sair da cida-de. As aulas eram realizadas na Rua Marechal Deodoro, no anexo da Escola Muni-cipal Balão Mágico. Porém, o espaço não tem estrutura suficiente para comportar as necessidades que o curso exige, como, laboratório de informática, auditório, bi-blioteca e secretaria, sala de tutoria de violão, tutoria de teclado etc.

Além do espaço reduzido onde aconteciam às aulas, o anexo estava pondo em risco

a vida dos alunos e professores por causa do telhado que poderia de-sabar a qualquer momento. Ago-ra, as aulas estão sendo realizada no Infocentro, ao lado da biblioteca e do arquivo pú-blico municipal, com 18 alunos e uma tutora local e itinerante de mú-sica e também co-ordenadora do pólo de São Felix, Nara Rúbia Alves.

Com cerca de 12 metros quadrados, os estudantes têm que dividir este o es-paço com equipamentos de informática e instrumentos

Texto de Roberval Santana

musicais, com muita dificul-dade em escutar as instru-ções do professor. Apesar de o curso ser de modalidade à distância, um dia na semana acontecem as aulas práticas e a cada semestre professo-

res da UFBA e da UFRGS vem ao pólo para a aplicação de exames práticos e apresentações dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos.

A prefeitura alegava não ter condições de ar-car com a próxi-ma turma, pois o custo que se tem hoje é com a

formação dos professores e pousada, além das despesas com zeladores, técnico em informática e secretário, que é administrado pela Secreta-ria Municipal de Educação. A próxima turma seria de

demanda social, sendo de responsabilidade da prefei-tura.

O curso é financiado pelo Fundo Nacional de Desen-volvimento da Educação (FNDE), com o apoio dos sistemas públicos de ensino em parcerias com as uni-versidades federais UFR-GS, UDESC, UFMT, UFES, UFBA, UFAL e UNIR, no programa de Pró - Licen-ciatura do MEC. Funciona em 11 municípios no Brasil, sendo que na Bahia existem quatro pólos: Salvador, Ire-cê, Cristópolis e São Felix. Todo o equipamento é for-necido pela UFBA e o conte-údo programático e didático pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

André Gustavo Cardoso

CuMEeIRa Do TEMPO!Há um grito ressoando na

cumeeira do tempo, é a ju-ventude ansiosa a procura do saber; são as cabeças pensan-tes da Cachoeira, abraçando uma ruína com o apelido de “Pompéia”; é a voz da razão mais pura, no “bate-papo” da cantina, sonhando com o desconhecido; é a bifurcação das algemas, quebradas para dar lugar, não a um Shopping Center, mas a uma fonte lumi-nosa espargindo cultura para os garimpeiros chegados.

Foi sem dúvida alguma o tilintar do aço das algemas sol-to no ar; o crepitar na falange da vida de um novo alvorecer: aqui, ali ou acolá, entretanto pelo emoldurado portão de um mundo obscuro, mas, a ser garimpado em busca do des-conhecido!

È como diria o eficiente por-teiro Idemar com os amigos vigilantes, guardiões de um patrimônio predial e humano de valores incalculáveis: isso aqui é via – afirmam eles orgu-lhosamente – é o sangue novo de uma mocidade sonhadora e cheia de gás.

São os mineradores que vêm chegando para desfolha-rem os segredos da linguagem muda dos livros! Podemos até afirmar: que é um barco com um timoneiro intelectual, filho adotivo desse chão energizado chamado Cachoeira, desem-barcado aqui, de um país que proclamou para o mundo, o triângulo filosófico de: liber-dade, igualdade e fraternida-de, incorporado hoje, a nossa Sublime Ordem Maçônica, a França, com um nome brasilei-ro de Xavier!

Chega ele, no alvorecer do vergastar do vento, despertan-do um povo, que já estava per-dendo a sua auto estima cul-tural em detrimento a inércia e a ganância desenfreada pelo vil metal e bens materiais, dos que só pensam em amealhar, mais e mais, como se o cemité-rio, fosse um depósito de quin-quilharias terrenas para ga-

nanciosos e avarentos, já que a cultura para eles é prejuízo e não progresso.

Há de fato, um grito resso-ando na cumeeira do tempo; talvez seja a sonoridade dos atabaques dando boas vindas aos Principies Orixás, desfi-lando pelas ruas estreitas da negra Cachoeira, atraídos que são: pelo canto da Mãe D’água despertado na Pedra da Baleia, a espera das oferendas, leva-das pela Mãe Filhinha, com seus 107 anos remando na tos-ca canoa pelo rio Paraguassú.

Pode ser também, os gri-tos de um povo revoltado com o mar de lama assolado pela corrupção encravada na mente atrofiada e deletéria do rouba, mas faz. Já dizia o filó-sofo hindu, Mahatma Ghan-di: “Engana-se há muitos por muito tempo, mas não a todos por todo o tempo” Um dia o laranjal pode morrer e os plan-tadores algemados vendo o sol quadrado, na disputa pelas la-ranjas afanadas do povo.

É como filosofa o artista plástico, Davi Rodrigues: “Vi-ver bem é uma coisa, mas ser feliz é outra coisa totalmen-te diferente!” Esperemos por dias melhores, pois, diante de tanta pujança e do próprio gri-to de liberdade da juventude, podemos até dizer: que o Bra-sil estaria em melhores condi-ções, se as pessoas honradas ti-vessem a coragem e o cinismo dos canalhas e corruptos, que

transformaram a nossa terra em uma ilha cercada de gatunos e “laranjeiros” por todos os lados.

Lutemos sem medo, desfraldando a bandeira marcada com o signo da coragem e da esperança, no exemplo da Heróica Cachoeira e o seu bravo povo, que no dia 25 de junho de 1822, com a te-naz liderança de sua filha maior, Maria Quitéria, libertou o Brasil do jugo português, dando o início de nossa independência.

Salve, salve “Os Ticoãs”, o trio mais harmonioso do Bra-sil, segundo a Academia Brasi-leira de Música.

Se o samba nascera em Ca-choeira, como afirma o escri-tor, Sérgio Cabral em seu livro “A História do Samba”, então o samba bem sambado é o da Boa Morte na parte profana dos festejos.

Está chegando a hora de en-curtar as distâncias de colher as flores frescas que plantamos no cerne das nossas imagina-ções no longo de tempo. Con-templemos a miscigenação de raças em torno de um alguidá, degustando um suculento ca-ruru, com o apetite aberto pelo saboroso licor de jenipapo do Roque Pinto, em homenagem a nossa mãe África, com o gri-to de liberdade na voz sofrida de Nelson Mandela!

O tempo passa, rumemos os “térens”, está na hora de darmos o adeus, o querer no pensamento, por a mochila às costas, ir embora e andarilhar por estradas lépidas como um viajor conseqüente, abrangen-do os quatro cantos do mundo, munidos de sabedoria e rece-bendo os abraços sem as alge-mas e o grito da comeeira!

Toni Caldas

*Heraldo Cachoeira é militar da reserva da marinha, advogado aposentado, historiador, pales-trante, poeta e professor de enfer-magem técnica

O curso tem apoio dos sistemas públicos de ensino

Cachoeira faz festa paraNossa Senhora do Rosário

Todos os anos, entre o fi-nal de setembro e início de outubro, acontece a Festa da Nossa Senhora do Rosá-rio, padroeira da cidade de Cachoeira. Com o tema Se-meando a Palavra que trans-forma vidas, durante nove noites preparatórias, de 28 de setembro a 7 de outubro, assuntos como caridade, cura, família, libertação, en-tre outros, foram refletidos através de testemunhos de convidados.

No décimo dia, acon-teceu a festa litúrgica dedicada à padroeira, presidida pelo bispo dom Gregório. No dia 7 de outubro, os fiéis com-pareceram à celebração para as crianças às 8h e missa festiva às 10 horas. Pela tarde, houve a tra-dicional procissão pelas ruas de Cachoeira, encer-rando a festa deste ano dedicada à Virgem do Rosário.

A cantora do coral da igreja Ana Cristina So-ares disse ter gostado

muito da festa, pois “é uma oportunidade de congregar a comunidade com a pala-vra de Deus”, destacando que a noite que achou mais significativa foi aquela cujo tema era libertação, com depoimentos de dois ex-de-pendentes químicos

Itana Mascarenhas, mem-bro da comissão organiza-dora, disse que o diferencial da festa desse ano foram os testemunhos de fé. “Uma forma diferente de evangeli-zar, de aproximar a comuni-dade da igreja através de ex-periências reais”, concluiu.

Texto de Mariana Villas Boas

Renata Reais

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Com otimismo, chefe de gabinete comenta o tombamento do município

No último dia 4 de novembro, foi aprovada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural a proposta de tom-bamento da cidade de São Félix como parte do patrimônio cultural nacional, visando assim preservar o conjunto urbanístico e paisagístico da cidade.

Em junho deste ano, o prefeito de São Fé-lix, Alex Sandro Aleluia de Brito, assinou o Acordo de Preservação do Patrimônio Cul-tural, celebrado entre o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal) e a Prefeitura Municipal de São Félix, aderindo o município ao PAC das Cidades

Reforma no porto de São Félix provoca reclamações de moradores

Através do programa de recuperação do patrimônio cultural urbano brasileiro (Monumenta), São Félix foi contemplada com a obra de requalificação do seu antigo porto.

Além da ampla estrutura de bancos, ilu-minação e jardins em arquitetura moder-na, o espaço conta com dois quiosques que se encontram fechados desde a inaugura-ção do novo porto, em junho deste ano, na presença do governador Jaques Wagner.

Próxima ao antigo porto, a Praça Inácio Tosta, conhecida como Praça do Relógio, também foi incluída no plano de refor-mas. Contudo, moradores reclamam do de problemas com o novo calçamento, como o escoamento da chuva e a qualidade do material utilizado nas obras.

Históricas, totalizando 36 milhões de reais em investimentos.

Em entrevista, a chefe de gabinete da prefeitura, Ademira Rodrigues, dentre outros assuntos, falou sobre a destinação do PAC, a importância do tombamento de São Félix e como a verba será aplicada.

Responsável pela elaboração do pla-no de ações levado ao IPHAN para ser aprovado, Ademira Rodrigues, diz que o tombamento foi uma justificativa para o investimento do PAC destinado a São Fé-lix. “É necessário que haja uma justificativa plausível para ser investido tanto dinheiro em uma cidade. O tombamento veio para atestar essa importância”, declara.

Segundo Ademira os 36 milhões desti-nados a São Félix não estão sob encargo da Prefeitura Municipal, mas sim, do IPAC –

responsável pela orientação técnica – e do IPHAN – que gere os recursos financeiros. A proposta para o tombamento teve como base o traçado urbano que permanece orig-inal, incluindo o leito da ferrovia até a anti-ga estação ferroviária, a ponte Dom Pedro II e a orla do rio Paraguaçu.

Atualmente o principal obstáculo para o desenvolvimento de São Félix, mediante as ações do PAC, é a insatisfação da popula-ção. “As pessoas ainda não tem discerni-mento suficiente pra entender que isso significa um avanço enorme pra São Félix. Acreditam que isso vai torná-las depen-dentes, sem autoridade sob suas casas, sob sua cidade. Não entendem que é a melhor maneira de preservar um bem que é de-las”, destaca a chefe de gabinete, confiante em melhorias.

Descaracterização e baixo fluxo de pessoas põem em questão o planejamento da reforma

Rosalvo Marques

Tombamento deve aumentarpotencial turístico da cidade

Texto de Rosalvo Marques

Texto de Mariana Vilas Bôas

Embasa garante que aágua é boa em Cachoeira

Considerada de boa qualidade, a água potável em Cachoeira é ve-rificada por analises diárias e por um sistema pioneiro da região na empresa local, num processo de tratamento onde são postas em uma estufa amostras de água para analise bacteriológica, que identi-fica a existência de cloriforme fe-cal.

A distribuição de água no mu-nicípio é gerada por dois sistemas de abastecimento local, o primei-ro é através do manancial do Rio Pitanga, que atende cerca de 80% da população situada na chamada zona baixa, no centro e em alguns bairros como o Pitanga, Caquende e o distrito de Belém. O segundo vem do município de Muritiba, que abastece os 20% da porcenta-gem total da cidade e fica locali-zado numa altitude mais elevada, tendo como manancial o Rio Para-

guaçu, que devido à sua elevação garante a pressão do sistema de distribuição que chega aos bairros da zona alta, Ladeira da Cadeia,

Tororó, Alto do Túnel e Cucuí. Para que a água esteja ideal para

consumo, ela passa por etapas da chegada na adutora - tubulação

Texto de Laiana Matosonde passa a água bruta - até as residências. Alguns dos processos são a coagulação, ou seja, adição de produtos químicos para anula-ção das impurezas, filtração, que é feito por camadas de cascalho, pedra e areia e desinfecção, adição de cloro para eliminar as bactérias da água.

Após passar pela estação de tratamento, a água vai para reser-vatórios que fazem a distribuição para as residências e são contabili-zadas através do hidrômetro - má-quina que contabiliza a passagem da água - instalados individual-mente em cada casa.

Desde 1977 a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa) atua na cidade. Antes, o procedi-mento era feito por um sistema municipal. Ela atesta a eficiência da qualidade da água do municí-pio, por está dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Saúde e conscientização sobre o consumo e prevenção contra doenças.

A qualidade da água na cidade é medida por analises diárias e por um sistema pioneiro da região

Laiana Matos

Cachoeira inicia ações para o controle da dengue

Uma equipe de 38 agentes de en-demias tem realizado visitas regula-res em domicílios da área urbana de Cachoeira com ações de prevenção e controle no combate à dengue. Este serviço é realizado o ano todo, princi-palmente nos Postos de Saúde Fami-liar (PSFs), com objetivo de despertar a conscientização dos moradores. “O maior problema da dengue é a falta de conscientização da população. Não

adianta ter agente de endemias, educa-ção e prevenção o tempo todo”, disse a enfermeira Marcele Deustch, que coor-dena a vigilância da dengue na cidade histórica.

A enfermeira afirmou que a popu-lação fica à espera dos agentes para a limpeza dos lixos e entulhos em domi-cílio. Segundo ela, o acúmulo de água parada em recipientes (caixa d’água, garrafas, pneus, vasos de plantas etc) tem preocupado os agentes, principal-mente com a temperatura elevada nos

meses de janeiro e fevereiro, que cos-tuma acelerar o desenvolvimento do mosquito Aedes aegypti.

Para identificar o vírus da dengue em um paciente é necessário realizar exames (sorologia para dengue ou iso-lamento viral) que são encaminhados para identificação no Laboratório Cen-tral de Saúde Pública (Lacen).

Segundo a coordenadora de contro-le da dengue, os registros oficiais neste ano somam 23 casos suspeitos, confir-mados através dos exames do Lacem.

A orientação é procurar um posto de saúde ao apresentar os primeiros sin-tomas (febre, moleza, cansaço, dores no corpo, nos olhos, muito cansaço, perda de apetite e paladar, náuseas, tonturas e vômitos e dor de cabeça).

A preocupação da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia são os exa-mes realizados em hospitais, clínicas ou laboratórios da cidade, que não estão preparados para dar resultados que possam ser comprovados para controle da vigilância epidemiológica.

Texto de Rosalvo Marques

A população deve procurar um posto de saúde ao apresentar os primeiros sintomas

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Equipes do REVERSO visitam veículos decomunicação em Sto. Antônio de Jesus

Conhecendo o pioneiro portal Infosaj

Os alunos do curso de Jorna-lismo da UFRB conheceram as ins-talações do Infosaj, portal eletrônico de produção de material jornalístico de Santo Antônio de Jesus. Foram re-cebidos pelos diretores da empresa, Gildásio Cavalcante e Fernando Al-meida, que mostraram as instalações e falaram sobre o histórico de pionei-rismo, a dinâmica de funcionamento e perspectivas para o futuro da em-presa.

Como o primeiro jornal local

Texto de Joaquim Bamberg e Taiane Nazaré

a ser transmitido ao vivo pela web, há mais de cinco anos trata de assun-tos da cidade e de localidades circun-vizinhas, cobrindo também o que acontece no Brasil e no mundo. Tem seis mil acessos por dia e é alimen-tado por uma equipe própria e por colaboradores que desejem enviar notícias de sua região. O Info-saj tem como objetivo mostrar os fa-tos e as notícias do Recôncavo para o mundo através da Internet. “Nós procuramos fazer o inverso da gran-de mídia, que muitas vezes esquece-se dessa região. Mostramos o que acontece no recôncavo da Bahia para o mundo inteiro, com essa ferramen-ta democrática que é a internet”, dis-se o chefe de redação Gildásio Caval-cante.

Com 53 anos e uma idéia na cabeça, Gildásio decidiu, em par-ceria com o diretor de criação Fer-nando Almeida, deixar o rádio e o impresso para atuar no meio online. Trabalhou durante quatro anos em jornais de Salvador e passou a inves-tir em um portal que pudesse falar de Santo Antônio de Jesus e todo o Recôncavo. “No começo foi muito difícil, pois como toda ideia requer riscos, mas hoje temos visibilidade com vários anunciantes nos setores do comércio e indústria, além de parceria com o estado e prefeituras da região”, comentou.

Com suas instalações na cida-de de Santo Antônio de Jesus, o site possui uma média mensal de 20.000 acessos e conta também com Web

TV e noticiário ao vivo, apresentado pelo próprio Gildásio, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 18 ho-ras e 20 horas. Para os espectadores que não têm acesso à internet, um telão foi colocado na Praça Padre Matheus, no centro da cidade. “No nosso último debate com os prefeitu-ráveis de Santo Antônio, por exem-plo, tivemos uma audiência de mais de quatro mil pessoas assistindo no telão. Tivemos uma aprovação exce-lente”, contou o apresentador.Expansão

Atualmente o portal passa por um processo de expansão e pre-tende estabelecer um escritório em Cruz das Almas para aumentar sua área de ação, com repórteres atu-

ando nas cidades mais próximas, como Cachoeira, São Félix e Muri-tiba. “Nosso objetivo é manter uma equipe mais próxima dessas cidades, para que facilite o trabalho de fazer notícia sobre a região. Como nosso pessoal é reduzido, temos dificulda-de para produzir conteúdo sobre es-sas cidades”, explicou Fernando Al-meida, designer e diretor de criação do portal.

O portal se adequou bem à ló-gica operacional da nova era internet a da interatividade. A cada notícia, o usuário pode comentar e dar a sua sugestão. “A editoria de política é certamente a mais comentada”, afir-ma o designer. “Nós temos um link no site para que o público envie suas próprias notícias”, comenta ainda Fernando.

A falta de profissionais qua-lificados na área é outra dificuldade enfrentada pela equipe do portal, mas seus sócios acreditam que, com a consolidação do curso de Jornalis-

mo da UFRB em Cachoeira haverá um grande crescimento tanto no nú-mero quanto na qualidade de pro-fissionais. Neste sentido, o professor Péricles Diniz, à frente da disciplina de Jornalismo Impresso neste semes-tre, anunciou que está formalizando um intercâmbio para que os alunos-repórteres possam divulgar sua pro-dução também através do Infosaj.

Apesar da disputa acirrada do mercado de trabalho, a futura jor-nalista Daiane Dória está há seis me-ses atuando no jornal como repórter, enquanto termina o curso de jorna-lismo na UFRB. Ela aconselhou os estudantes de jornalismo a procurar estágios na área antes do término do curso. “O que se aprende na univer-sidade ganha prática com mais rapi-dez, mesmo encontrando diferenças na vivência dentro do curso para a vida profissional”, concluiu.

Endereço na internet: http://www.infosaj.com.br

Cumprindo um programa que incluiu viagens de estudos a diversas localidades do Recôncavo da Bahia, Vale do Jiquiriçá e à capital argentina, Buenos Aires, os alunos-repórteres que integram a equipe do Reverso neste semestre estiveram por duas vezes na cidade de Santo Antônio de Jesus. A primeira visita foi realizada no dia 10 de novembro, com a coordenação do professor Péricles Diniz, e a segunda em

primeiro de dezembro, com a professora Márcia Rocha. Em ambas, foram incluídas visitas técnicas ao portal eletrônico Infosaj, à rádio Andaiá FM e à sucursal do jornal A Tarde.

Reverso foi aos estúdios da Rádio Andaiá FM

A equipe Reverso esteve também nos estúdios da Rádio Andaiá FM, acompanhando parte da sua rotina diária no rádiojornalismo. A emis-sora de Santo Antônio de Jesus, no ar desde 1995, se firma como líder de audiência na região, tendo grade de programação diversificada e com destaque para programas jornalísti-cos. Sintonizada pela freqüência FM 104,3, procura informar e entreter à população.

Para tanto, um dos trunfos mais importantes é a interatividade, a par-ticipação do ouvinte. O público pode participar na maioria dos programas de sua grade, desde os musicais e de entretenimento até os jornalísticos, com discussões sobre os interesses das comunidades da região.

Entre os principais programas de

jornalismo está o Andaiá Debate. O programa, que vai ao ar quinze-nalmente as sextas-feiras, trata de questões de interesse da sociedade, trazendo especialistas em suas res-pectivas áreas para discutir os mais variados assuntos e dialogar com a população.

Os ouvintes podem participar por telefone e e-mail, opinando, envian-do sugestões e reclamações ao longo da programação. Atualmente a rádio conta com mais dois programas jor-nalísticos diários, além de pequenos blocos nos intervalos da grade de programas com as principais notí-cias do dia. A emissora alcança cer-ca de 150 cidades da região e passa por processo de crescimento na sua cobertura com a recente aquisição de novos equipamentos.

Endereço na internet: http://www.radioandaiafm.com.br

Joaquim Bamberg

Joaquim Bam

berg

Laiana Matos

Os alunos da UFRB deram entrevistas ao portal Infosaj

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Conheça Santo AmaroTexto de Leomir Santana

O município de Santo Amaro está loca-lizado no Recôncavo Baiano, a 72 Km de Salvador. Possui uma área de aproxima-damente 486 km², e uma população de 58 414 habitantes, segundo o censo de 2008. O município abrange os distritos de Oliveira dos Campinhos, onde está situado o Cine-Teatro Caetano Veloso, Arraial da Pedra ou apenas Pedras, Cepel, Sítio de Camaça-ri, Itapema e Acupe.

História

Fundada em 1557, tem sua história li-gada ao Engenho Sergipe do Conde, o “rei dos engenhos reais de cana-de-açúcar”. O nome Santo Amaro é devido aos monges beneditinos, aos quais foram doadas gran-des áreas. Foi elevada à categoria de vila em 5 de janeiro de 1727, e recebeu foros de cidade em virtude da Lei Provincial n.° 43,

de 13 de março de 1837, junto com a cidade irmã de Cachoeira.

Santo Amaro desempenhou papel relevante nas lutas da Independência da Bahia. Contri-buiu com alguns batalhões e até mesmo com um esquadrão de cavalaria fardado, equipado e mantido à custa de seu comandante, Antônio Jo-aquim de Oliveira e Almeida, para a consolida-ção do movimento patriótico, o qual teve o seu feliz desfecho em 2 de julho de 1823.

Personalidades ilustres

O município é a terra natal de vários persona-gens históricos e importantes da Bahia e do Bra-sil. Dentre os quais, podemos destacar os canto-res e irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, filhos de uma das mulheres símbolos das mães baianas, Dona Canô, do cantor e compositor Ro-berto Mendes, do poeta e professor Jorge Portu-gal, e da historiadora Zilda Paim.

Lá também nasceram Agripina de Souza So-ares (Mãe Agripina de Sangó-Obá Deyi, Íàlórisà do Àsé Òpó Àfónjá-RJ) Balbino Alves Casaes (Baluarte do Arraial da Pedra), Besouro Cordão

de Ouro, que virou filme. Além do artista, pro-fessor e etnólogo Manuel Querino, o primeiro negro a interessar-se pela contribuição de sua raça na formação da nacionalidade brasileira.

Turismo

Cercada por belíssimas cascatas e cachoei-ras, e procurada por muitos visitantes de todo o mundo, Santo Amaro também conserva um im-ponente acervo arquitetônico de edificações an-tigas. Entre os principais pontos turísticos estão a Igreja de Nossa Senhora da Purificação, o Tea-tro Dona Canô, além das cachoeiras Mãe D´água e da Vitória.

Principais eventos

Entre os principais eventos que acontecem na cidade de Santo Amaro, destacam-se a Festa do Senhor Santo Amaro - em janeiro, a Festa de Nossa Senhora da Purificação - em fevereiro, a Festa dos mentirosos - em abril e o Bembé do Mercado, o qual comemora a Abolição da Escra-vatura, em maio.

Saubara mantém ricas tradições

As Caretas do Mingau são uma manifestação cultural de Saubara existente desde a inde-pendência da Bahia. Esse gru-po se formou justamente para se opor aos regimes da época, homens que se enclausuravam em um determinado lugar e só as mulheres tinham acesso ao local e levavam mingau para eles.

Geralmente, eles faziam esse tipo de penitência para protes-tar contra a escravidão que era forte na Bahia e principalmente no Recôncavo Baiano. A igreja não era muito a favor deste tipo de protesto e às vezes, acabara por intervir nesta manifestação.

Segundo Maurícia Moreira, diretora de Cultura do Muni-cípio de Saubara, essa mani-

festação cultural acontece todo ano no Dois de Julho, em que mulheres afrodescendentes, trajadas de branco e com chapéus na cabeça, percorrem as ruas da cidade, distribuindo min-gau para toda população saubarense. Dessa forma, elas relembram todo o ritual que faziam na época da peni-

tência.Saubara é a úni-

ca cidade que pre-serva esta tradição no Brasil. Por isso, no último dia dois de agosto, foi feito um Seminário sobre essas e outras ques-tões relacionadas à cultura da cidade. “A cultura de Sau-bara é lavada a sé-rio, pois o povo des-te município respira cultura”, comentou

a diretora.

Careta dos Mascarados

É um grupo que se veste de careta todo mês julho, seguindo a tradição, e acabam correndo atrás das pessoas. O curioso nessa manifestação secular, é que só pode participar deste grupo

Texto de Rogério Lacerda

Roberval Santanacultural, quem estiver com máscaras fabricadas no município. Todos os participantes do grupo fazem ques-tão de manter a tradição.

Boi Elétrico

Também é outra manifestação pre-sente no município. É uma espécie de boi, que sai em cima de um carro de som, animando os foliões, também no mês de julho.

No Dois de Julho também acon-tecem outros eventos no município, como a recepção do Fogo Selvagem, saída do Fogo Simbólico, levada da Cabocla do Pavilhão Cândido Men-des para Rocinha, hasteamento do Pavimento Nacional (Paço Munici-pal), desfile Cívico das Escolas Muni-cipais, apresentação das Bandas Mar-ciais e Filarmônicas. O município tem bastantes festas folclóricas voltadas para julho, pois é o mês que marca a Independência da Bahia.

As caretas são outra importante tradição regional

Bom Jesus da Lapa visita MutuípeComunidade católica recebeu com festa a imagem do santo e comemorou os 40 anos de paróquia

Na noite de 24 de novembro úl-timo, a cidade de Mutuípe recebeu a visita da imagem peregrina do

Bom Jesus da lapa, em concorrido cortejo que saiu do bairro Santo Antonio até a Igreja Matriz, onde foi cele-brada uma missa cam-pal. A iniciativa contou com a participação de moradores da sede e de comunidades da zona rural, além de visitantes de outras lo-calidades. A animação ficou por conta do co-ral da igreja e o som de um mini trio elétrico.

De acordo com a Polícia Militar, cer-ca de 3 mil pessoas estiveram pre-sente à caminhada.

Esta foi a primeira vez que a ima-gem do Bom Jesus visitou o Vale do Jiquiriçá, o que marcou as comemo-

rações dos 40 anos da paróquia lo-cal, que incluiu ainda celebrações à padroeira Nossa Senhora das Gra-ças. Segundo a ministra da euca-ristia Nair Oliveira, os festejos pela santa representam uma tradição que

começou na década de 50.A visita da imagem foi organiza-

da por uma comissão de integrantes da igreja e trouxe romeiros de longe,

Texto de Suely Alves

Os fiéis lotaram as ruas da cidade em concorida procissão

atraindo até mes-mo pessoas da lo-calidade que não tinham o hábito de vim à igreja. O padre Almiro Rezende, da Paróquia de Mutuípe, afirmou a importância do evento para a cidade, “como for-ma de despertar a fé e aquecer o co-ração para Jesus Cristo”.

Ele acrescentou que tem percebi-do uma lacuna em relação à ausência de fiés na missa, levando em consi-deração o número de habitantes do município, embora durante os dias de festa esse espaço tenha sido pre-enchido. “A igreja ficou repleta com a visita do Bom Jesus Peregrino, o povo precisa tomar consciência e santificar o domingo, pois este é o dia do Senhor. Infelizmente muitos ainda não têm essa consideração”, concluiu.

Suely Alves

A imagem do Senhor Bom Jesus da Lapa em visita a Mutuípe

Suel

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Casa da Cultura tem programaçãoespecial de cinema de arte

A Casa de Cultura de Mutuípe está transmitindo um circuito de ci-nema que inclui documentários de diretores brasileiros e internacionais, a partir de uma agenda elaborada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia. A programação, aberta no iní-cio do ano, exibiu no último mês de novembro filmes como Black Berlim (Sabrina Fidalgo), Passagens Estreitas (Kelson Frost), Graffiti (Lilian Santia-go), Atabaque Nzinga (Octávio Bezer-ra), Batatinha, poeta do som (Marcio Rabelo) e Trilogia do Reggae (Volney Menezes e Jonhy Guimarães).

A Casa da Cultura funciona na an-tiga residência do casal de políticos e ex-prefeitos Julival e Clélia Rebouças, adquirida pelo estado e reformada em 2001. Segundo a coordenadora

Marinalva Rodrigues, “o trabalho de reforma na estrutura iniciou em 2007 e então resolveu-se que a casa serviria como museu da família, atendendo atende também à função de sede cul-tura, da cidade e recebendo festivais de cinema, cursos de teatro, capoeira e pintura. Infelizmente falta estrutura para fazer mais, como peças de teatro que não chegam à cidade, por falta de um espaço adequado”.

No museu encontram-se cerca de 5000 livros, que pertenciam a Julival Rebouças ou foram doados pela po-pulação, todos em bom estado de con-servação, organizados e devidamente distribuídos pela casa. Assim como um acervo fotográfico que reconta a história da cidade e que também per-tencia aos antigos moradores. Dona Clélia faleceu em 1998, quatro anos depois que seu esposo o advogado Julival Rebouças.

Texto de Raquel Pimentel

Gabrielle Alano

A Casa da Cultura de Mutuípe funciona na antiga residência da família Rebouças

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www.ufrb.edu.br/reverso www.ufrb.edu.br/reverso

Barracão Cultural de Mutuípegera oportunidades a moradoresOnde antigamente funcionava um mercado de carne, hoje são oferecidos cursos como teatro, violão, pintura e culinária.

Ao chegar à cidade de Mu-tuípe, próximo à prefeitura, é visível uma grande casa com duas portas e de faixada pin-tada, por onde circula mui-tas pessoas. Chama atenção ainda pelo nome, Barracão Cultural. Não tem visitante que passe por lá e não sinta vontade de entrar, ver e ten-tar entender o que está acon-tecendo.

De acordo com Noêmia Cardoso, atual coordenado-ra do projeto, a ideia do Bar-racão Cultural surgiu numa tentativa de valorizar a arte e a cultura entre a população

do município e conta com o apoio não só da população, mas também da prefeitura e Secretaria de Educação.

Há alguns anos, naque-le mesmo ambiente, funcio-nava um mercado de carne, farinha, frutas e verduras, chamado b simplesmente de barracão, que depois foi transferido para outro pon-to da cidade, ficando ali um espaço vazio e abandonado. Foi então que o irmão de No-êmia, Ronaldo Cardoso, jun-tamente com a secretária de Educação e alguns amigos, ti-veram a ideia de levar para a cidade um projeto educativo e cultural que trouxesse além de lazer oportunidade para as

pessoas da região.O novo espaço então pas-

sou a chamar-se Barracão Cul-tural, tendo ainda a referência ao antigo lugar. Com a ajuda da população e de doações, o local foi todo reformado, pin-tado pelos próprios morado-res que receberam um curso especializado e mobiliado aos poucos. As primeiras oficinas foram surgindo, com crochê, bordado, pintura em tecido e em tela, e todo material pro-duzido era exposto.

Hoje, funcionam de segun-da a sexta-feira 14 oficinas, divididas em três etapas ao ano e com cerca de 200 alunos matriculados por cada etapa. Em cada dia da semana tra-

Texto de Pollyanna Macêdo

balham-se diferentes oficinas, que têm duração de duas ho-ras. Segundas e quartas, por exemplo, são os dias das ofi-cinas de corte e escova, rela-xamento, mega hair, costura e pintura em tecido. Nas terças e quintas uma das turmas mais cheias é a de violão, que che-ga a ter cerca de 40 alunos por aula. O dia de sexta é reserva-do para o curso de culinária.

Para se inscrever nas ofi-cinas é necessário contribuir com R$ 20, que vão para pa-gamentos dos professores e manutenção geral. Ao final de cada etapa é entregue o certifi-cado de participação, com di-reito a festas de encerramento, exposições das produções fei-

Nos dias 4 e 5 de novem-bro último ocorreu no mu-nicípio de Santo Antônio de Jesus o projeto Tabulei-ro, que cadastrou 76 baia-nas do acarajé, no mês co-memorativo à consciência negra e as próprias baia-nas. Deste universo, a par-tir de uma seleção prévia, 41 delas foram convidadas a participar de um curso que ofertava certificado de 20 horas, com oficinas de segurança do trabalho rea-lizadas pelo corpo de bom-beiros.

A iniciativa contou com aulas de segurança alimen-tar e manipulação de ali-mentos, ministradas por técnicos da Vigilância Sani-tária, além de noções sobre cultura e história.

As baianas que conclu-íram o curso e receberam o certificado e de um kit contendo sombreiro com o selo de certificação e um tabuleiro. A coordenado-ra do projeto, professora de história Letícia Silva de Almeida, disse que have-rá continuidade do projeto em 2011, com o apoio da Secretaria de Cultura de Santo Antonio de Jesus.

O Barracão Cultural promove variados tipos de cursos

Valdelice Santostas em aula e apresentação de teatro e dança.

A comunidade participa ativamente no Barracão. A po-pulação mais carente é a que mais está presente nos cursos, Noêmia explica que para eles é uma grande oportunidade de aprender algo a mais, um dife-rencial na hora de arranjar um emprego. “Tem muita gente que sai daqui e consegue ar-ranjar logo um emprego, um dia mesmo me ligou uma em São Paulo dizendo que estava trabalhando como manicure. Aqui tem um pessoal que já abriu até salão, tomou curso uma etapa só, mas abriu o ne-gócio e parece que deu certo”, contou.

Projeto Tabuleiro certifica baianas do acarajé

Texto de Juliana Barbosa

Criatividade e pneus de bicicletasdebaixo da Ponte Dom Pedro IIZe Sapo, antigo mecânico e conhecedor das ciências, é exemplo de superação de vida

Quem transita pela ponte Dom Pedro II, em São Félix, pode admi-rar a paisagem do Rio Paraguaçu e o reflexo das cidades-irmãs em suas águas. Ao contrário de outras pontes, onde moradores de rua e animais disputam espaço, embaixo deste local existe vida inteligente. Refúgio de muitos gatos e depósito de bicicletas em reparo, a borracha-ria de Zé Sapo se revela um local agradável para um papo-cabeça enquanto os reparos mecânicos são feitos.

Quando perguntado sobre o co-tidiano da sua profissão, Zé Sapo responde que lida com o acaso to-dos os dias. Ele não se refere ao fluxo de clientes, mas aos próprios materiais com que labuta: nunca se sabe o que vai precisar e, ainda que tente estocar as peças básicas, é im-possível desvendar, por exemplo, a cor que o cliente vai preferir pintar sua bicicleta.

Rastros na estrada da vida

Filho de uma sanfelista, charu-teira e viúva que o sustentou com muito esforço, Zé Sapo conta que sua vida é cheia de altos e baixos, e a fome foi um desses picos. O apeli-do curioso que José Sales recebeu o acompanha desde a infância, quan-do era goleiro nas partidas de fim de semana. O campinho do bairro do Bariri, em São Félix, em dias chuvosos sempre alagava, e ele, en-quanto defensor das redes, acabava tendo de permanecer mergulhado

em uma grande poça de lama que se formava no campo de terra.

Ainda jovem, um vizinho que lidava com bicicletas chamou Sapo para trabalhar junto a ele em uma oficina: é então que ele tem seu pri-meiro contato com a atividade. A partir daí, Sapo decide abrir sua ofi-cina em casa e oferecendo um aten-

dimento de qualidade, o aumento da clientela foi notável. Devido às condições financeiras, Zé Sapo es-tudou até o quinto ano primário, quando largou lápis e caderno para trabalhar. Em 1974 ele retoma os estudos e se forma pelo Colégio Estadual da Cachoeira, tendo des-taque por sua inteligência.

Homo sapo ou Homo sapiens?

Enquanto consertava uma jante empenada, Sapo conta o motivo de preservar nove gatos em sua oficina. “Como no Egito, acredito que os gatos são animais sagrados. Inclusive, o faraó Psamético per-deu a batalha de Pelusa para Cam-bises, pois ele lançou vários gatos à frente das tropas, o que barrou os soldados”, detalha seus moti-vos fundamentados na História.

O que poucos sabem é que as mesmas mãos sujas de graxa são habilidosas com os números e as ciências exatas: o mecânico de bi-cicletas há 36 anos é também for-mado em Contabilidade. “Queria muito, mas não tive oportunida-des e hoje permaneço nessa profis-são”, relata com remorso.

Tratando-se do valor do seu ofí-cio, Zé Sapo afirma que foi o que levantou a sua moral enquanto ser humano. “Tudo que eu possuí ao longo da minha vida eu devo a essa profissão. Foi com ela que sustentei meu lar e criei meus oito filhos, todos hoje donos de si”, conta.

Após dezesseis anos com sua oficina embaixo da Ponte D. Pedro II, atualmente Zé Sapo ocupa a po-sição de mais famoso mecânico de bicicletas da região, e insiste para que jovens passem o ofício adiante. “Muito jovem hoje não quer essa vida, pois, realmente, não dá pra ficar rico. Mas nunca vai se acabar, o mundo vai continuar sempre precisando de profissionais nessa área e quem domina a técnica não morre de fome”.

Texto de Toni Caldas

Caiã Pires

Zé Sapo, um filósofo debaixo da ponte

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Lenda retrata o milagre da fonte em JaguaripeNa Fonte da Bica, agora desativada, a esperança era de fé no poder das águas

Muitos moradores da cidade de Jaguaripe possuem autênti-cos mananciais nos quintais de casa. A maioria está despreza-da e só tem utilidade quando falta a água distribuída pela empresa de saneamento, a Em-basa. Próximo ao Rio Jaguari-pe, nos fundos da prefeitura local, existe uma fonte de água doce que, segundo a lenda, ti-nha o poder da cura. A pere-grinação à Fonte da Bica, como é conhecida, atraía pessoas da cidade e turistas em busca da alternativa de um milagre.

Por se tratar uma nascente aberta ao público, o seu uso ti-nha finalidade doméstica. Na

época, a cidade não tinha rede de água, por isso era aprovei-tada para abastecer as residências. Por iniciativa da admi-nistração municipal houve a construção de banheiros no lo-cal, que eram usa-dos pelos visitantes e pessoas da comu-nidade, mas depois de passar por uma reforma, promovida também pela prefei-tura e considerada irregular pelo Insti-tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), teve seu seu funcionamento proibido e

Texto de Suely Alves

a fonte foi desativada.Hoje, só restam lembranças

de quem usava suas águas com a fé no poder alternativo. A aposentada Iraci Lima do Espí-rito Santo, por exemplo, utili-zou muito da água para beber e lavar roupas, ouvindo dela várias histórias de caráter mi-lagroso. Segundo conta, a cida-de é uma mina de água, mas a Fonte da Bica era especial por seu reconhecido pelo poder de sarar doenças.

Para Elza Mota de Lemos, de 81 anos, a fonte era vista como uma espécie de farmácia, à qual recorria em busca do re-médio milagroso para curar suas dores. Por ser próxima à

igreja, se dizia que vinha de lá e era sagrada. “No entanto, o milagre foi interrompido com a chegada do progresso”.

Em sua opinião, a desativa-ção do olho d’água está asso-ciada à chegada da moderniza-ção. A vinda da energia elétrica e da água encanada rompeu com a tradição da crença de uma fonte milagrosa, que hoje só é presente na história da cidade. “As pessoas querem mudar o panorama urbano, re-modelar as construções, mas esquecem de preservar os há-bitos simples do interior, como essa parte da Bahia que tem histórias pra contar. Jaguaripe é um enredo”, concluiu.A fonte fica nos fundos do prédio da prefeitura

Dona Elza contas as histórias de Jaguripe