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POPULAÇÃO QUER TAXA DE ESGOTO MAIS BARATA (pag. 3) Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Cachoeira - Bahia Março de 2015 Edição 86 Centro de Artes, Humanidades e Letras Foi muita festa! As embarcações para a entrega dos presentes levaram, além dos seguidores do candomblé, fotógrafos, turistas e apreciadores da tradição. (acima). O azul e o branco prevaleceram nos cortejos que reverenciaram a orixá das águas (ao lado). Fotos: Thainá Dayube. Cachoeira e Maragojipe, louvaram a Rainha das Águas, Iemanjá. Em Muritiba, as homenagens foram dedicadas ao padroeiro, Senhor do Bonfim. A tradicional Festa de Nossa Senhora da Purificação deu o tom em Santo Amaro. Confira cobertura completa nas páginas 6 e 7. Fiés lotaram a Igreja do Bonfim, em Muritiba (acima). Foto: Felipe Mascarenhas. Iemanjá tambpem foi reveren- ciada no distrito de Coqueiros do Paraguaçu, em Maragojipe (ao lado). Foto: Uilson Campos Biblioteca Pública de São Félix tem bom acervo, mas baixa visitação (confira na pág. 5) Cine Theatro se concolida como alternativa de lazer para quem mora em Cachoeira (página 3) Mal iluminada, Ponte Dom PedroII é perigo quem atravessa à noite (pag. 4) BRT é aposta para mobilidade urbana em Feira de Santana (pág. 11) Cresce número de jovens envolvidos com drogas em Cruz das Almas (pág. 10) Serviço de internet é ruim e gera muita queixa em Cachoeira (pág. 12) Exercício físico vira atividade de verão (pág.9) Foto: Madson Matos Foto: Adriele Strada Foto: Beatriz Medeiros

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Page 1: Reverso 86

POPULAÇÃO QUER TAXA DE ESGOTO MAIS BARATA (pag. 3)

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Cachoeira - BahiaMarço de 2015

Edição

86Centro de Artes,

Humanidades e Letras

Foi muita festa!

As embarcações para a entrega dos presentes levaram, além dos seguidores do candomblé, fotógrafos, turistas e apreciadores da tradição. (acima). O azul e o branco prevaleceram nos cortejos que reverenciaram a orixá das águas (ao lado). Fotos: Thainá Dayube.

Cachoeira e Maragojipe, louvaram a Rainha das Águas, Iemanjá. Em Muritiba, as homenagens foram dedicadas ao padroeiro, Senhor do Bonfim. A tradicional Festa de Nossa Senhora da Purificação deu o tom em Santo Amaro. Confira cobertura completa nas páginas 6 e 7.

Fiés lotaram a Igreja do Bonfim, em Muritiba (acima). Foto: Felipe Mascarenhas.Iemanjá tambpem foi reveren-ciada no distrito de Coqueiros do Paraguaçu, em Maragojipe(ao lado). Foto: Uilson Campos

Biblioteca Pública de São Félix tem bom acervo, mas baixa visitação

(confira na pág. 5)

Cine Theatro se concolida comoalternativa de lazer para quemmora em Cachoeira (página 3)

Mal iluminada, Ponte Dom PedroIIé perigo quem atravessa à noite

(pag. 4)BRT é aposta para mobilidade urbana

em Feira de Santana (pág. 11)Cresce número de jovens envolvidos com drogas em Cruz das Almas (pág. 10)

Serviço de internet é ruim e geramuita queixa em Cachoeira (pág. 12)

Exercício físico vira atividade de verão (pág.9)

Foto: Madson Matos

Foto: Adriele Strada

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CACHOEIRA | BAHIA Março 20152 OPINIÃO INEDITORIAL

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo

Reitor da UFRBProf. Dr. Paulo Gabriel S. Nacif

Diretora do CAHLProfa. Dra.Georgina Gonçalves

Coordenação EditorialProf. Dr. Robério Marcelo RibeiroProf. Dr. José Péricles Diniz

EditorProf. Dr. J. Péricles Diniz

Editoração GráficaProf. Dr. J. Péricles Diniz

Acesse o Reverso Online

CARTA AO LEITOR

Juliana Leiteestudante de Jornalismo da UFRB

No emaranhado de atividades para fazer da Universidade, do

trabalho, dos conflitos familiares e amorosos, das brigas de

trânsito, vamos vivendo com a sensação de que o tempo di-

minuiu. Mas será que foi o tempo que diminuiu ou as pessoas

que estão fazendo mais coisas, assumindo mais responsabi-

lidades? A verdade é cruel. O mundo de hoje oferece tantas

opções de lazer que às vezes temos a sensação de não ter

feito nada, pois passamos tanto tempo ocupados.

Já estamos habituados a essa correria constante que não

imaginamos um futuro melhor. Ninguém mais acredita num

tempo em que existam motoristas pacientes, com menos

estresses, sem pressa para fazer as coisas. Falta paciência,

compreensão, falta encontros com os amigos, falta amores,

aventuras.

É corriqueiro nos tempos modernos, encontramos com

pessoas sentadas em uma mesa e todas ocupadas, vidradas

na tela do seu celular, completamente por fora do que ocorre

ao seu redor. Somos de carne e osso, e não há rede social

melhor do que uma mesa repleta de amigos, de pessoas que

gostamos.

Estamos tão acostumados com o barulho, que em certos

momentos o silêncio absoluto nos incomoda. Precisamos

de mais sorrisos no rosto, de menos buzinas e caras feias, de

mais privacidade e viagens legais. Viajar alimenta a alma.

São tantas as opções que completam o mundo atual e que

podem te fazer bem. Você pode ler um livro, fazer novas

amizades, deixar o celular de lado, rever os familiares, enfim,

convém escolher atividades que nos permita crescer como

indivíduo e que te proporcione momentos felizes.

Temposmodernos

Deixar pronta mais uma edição do Reverso para ir às ruas (ou pelo menos à gráfica, etapa cuja responsabilidade - é bom que fique bem claro - não cabe ao conselho editorial, profes-sor-editor ou estudantes-repórteres) é sempre um prazer renovado e sensação de compro-misso e responsabilidade social pelo que no-ticiamos. Neste desafio, servem como balizas os princípios éticos das práticas e condutas dos jornalistas com formação.E como sempre - nunca é demais lembrar - contando com a boa vontade e bom senso daqueles que percebem que sendo um jornallaboratório da turma de quarto semestre de Jornalismo nem sempre é possível trazer a notícia mais recente e a edição gráfica impe-cável.Porque sabemos que eventuais atrasos ou imperfeições são enormemente compensados pela certeza de que o Reverso tem cumprido sua missão primordial, que é ensinar,na prática, o bom jornalismo aos nossos estu-dantes. Afinal, é isso o que dá identidade ao nosso curso!

Com tal disposição, fomos atrás dos fatos mais interessantes ao Recôncavo neste março de 2015. A começar pela luta assumida pela socie-dade organizada cachoeirana, que por meio de projeto popular reivindica a redução do valor da tarifa cobrada pela empresa estatal de água e saneamento.

Temos também um alerta sobre os perigos que correm aqueles que precisam atravessar a Pon-te Dom Pedro II durante a noite, em razão da situação precária em que se encontra a ilumina-ção pública no local. Verificamos a pouca frequência ao Arquivo Público de São Félix, que possui um espaço agradável e acervo bem interessante. Por outro lado, mostramos que os moradores já des-frutam do seu Cine Theatro reformado e com programação diversificada.Mostramos que, apesar de elogiada, a atenção básica de saúde ainda apresenta problemas na Cachoeira. E que os exercícios físicos estão se tornando, cada vez mais, atividades apenas de verão.Denunciamos as queixas e reclamações dos usuários de serviços de internet no município, mas também acompanhamos e registramos - em textos e fotografias mui competentes - a temporada de festas neste nosso Recôncavo da Bahia, desde as homenagens à Rainha das Águas em Cachoeira e Maragojipe até a devo-ção ao padroeiro Senhor do Bonfim de Muritiba e a Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro.

Sim, porque - como sabemos - o perfil des-te Reverso produzido pela turma de Oficina de Jornalismo Impresso I é essencialmente factual, buscando uma cobertura informativa e o mais ágil possível dos fatos relevantes para as comunidades de Cachoeira e São Félix. Isso, apesar dos vários problemas de logística e deslocamento, sem deixar de estender nossa atenção ao entorno desta região tão expressiva e rica em histórias e patrimônios concretos e imateriais.Como não nos deixa mentir a pauta desta edi-ção, que tem o projeto de implantação do BRT na cidade de Feira de Santana e o aumento no índice de jovens e adolescentes envolvidos com drogas em Cruz das Almas

Boa leitura! Péricles Diniz

Page 3: Reverso 86

CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 3CIDADE

Projeto popular pede redução do preço da água e esgoto da Embasa

Laerte Santana

O preço da tarifa de água e esgoto cobrado pela Embasa tem preocupado os moradores de Ca-choeira. A taxa, que é válida para toda a Bahia, passou por reajuste em junho do ano passado e tem gerado insatisfação da população. A Asso-ciação Institucional de Defesa de Direitos e Ga-rantias Constitucionais e Infra Constitucionais da Região do Recôncavo (Acidadã) apresentou um projeto de base popular que, por meio de abaixo-assinado, reivindica a redução destas ta-rifas.O tesoureiro da Acidadã, Pedro Francisco, de-fendeu que é preciso uma modificação na admi-nistração da empresa fornecedora de água. “O projeto vem com a finalidade de reduzir a tarifa de esgoto e com o propósito de garantir que o usuário pague somente pelo o que foi consumi-do”, disse.

TarifasO consumo de água compreende a uma tarifa mínima mensal equivalente a 10 metros cúbicos e outra relativa ao gasto excedente. Já o valor da taxa de de esgoto é fixado em percentagem sobre o total do consumo de água, que corres-ponde a 80% do valor, variando de acordo com a forma de manutenção dada à rede coletora.O projeto, constituído por oito artigos, propõe que o usuário dos serviços da empresa fornece-dora de água pague apenas pelo seu real consu-mo, desde que o gasto da água não ultrapasse a 15 metros cúbicos, sendo igual para todos os tipos de pessoas, físicas ou jurídicas.Já para a tarifa de esgoto, não poderá superar 50% do valor cobrado pelo consumo de água. Além de propor que a concessionária dos ser-viços fique obrigada a implantar uma política de economia de água e metas estabelecidas anual-

mente.

DespesasA moradora do bairro do Caquende, Arlete Da-masceno, considerou o valor das tarifas exorbi-tantes. E assegurou que muitos moradores não têm condições de arcar com tais despesas. “Nós, trabalhadores honestos, só podemos afirmar que a luta é grande. E que infelizmente estamos nas mãos do governo e o que podemos fazer é justamente o que vocês estão fazendo, se mobi-lizando para ver se algo muda ao nosso favor”, afirmou. De acordo com os seus idealizadores, este pro-jeto tem como objetivo sensibilizar e mobilizar a comunidade cachoeirana para um consumo consciente. Ainda em andamento, o documen-

to já conta com cerca de mil assinantes. A meta anunciada é de chegar a 100 mil assinaturas.

Conselhos úteisOs especialistas dão uma série de recomenda-ções para otimizar o consumo e reduzir despe-sas. Rotinas simples como escovar os dentes, to-mar banho, lavar a louça ou simplesmente usar a descarga de vasos sanitários são atos que pro-duzem o esgoto doméstico. Portanto, ao efetuar ações que geram os efluentes, é recomendável não descartar para o esgoto resíduos que pos-sam causar o seu entupimento. Lugar de lixo é no lixo. Não jogue dejetos sóli-dos, como papel higiênico, fio dental, preserva-tivos ou outros objetos que possam bloquear a passagem da água no vaso sanitário. Outra recomendação é evitar descartar resto de comida ou óleo na pia da cozinha. Mesmo que haja uma caixa de gordura instalada, o descar-te desses dejetos pode causar o entupimento

da tubulação do seu imóvel e da rede pública de esgoto. As caixas coletoras de esgoto devem ser conservadas com tampas devidamente lacra-das e de fácil remoção, em caso de necessida-de. Também não se deve jogar lixo na rua, pois durante as chuvas, ele é escoado para as valas e bueiros, causando alagamentos.

EfluentesNa cidade de Cachoeira o tratamento dos efluen-tes acontece de forma biológica. Com etapas anaeróbias, aeradas e facultativas. E suas análi-ses são feitas mensalmente, em laboratórios. O gerente do escritório local, Benedito Azevedo Fiuza, contou que os efluentes em sua destina-ção final são lançados através de emissários no Rio Paraguaçu, depois de tratados e atendendo ao controle de portaria. “O esgoto é recolhido através de rede coletora e sete elevatórias, sendo conduzido até a estação de tratamento, localiza-do no bairro Três Riachos”, afirmou.

Como se sabe, a água é um dos elementos mais abundantes do planeta, mas embora sejaencontrada facilmente, para que se tenha nas residências é preciso antes que ela sejatratada, transportada e distribuída ao consumidor. Todas essas atividades geram custos.E é aí que entram as empresas fornecedoras de água.

O valor da taxa de de esgoto é definido a partir de uma percentagem sobre todo do consumo mensal de água, o que corresponde a 80% deste valor, mas isto vai variar em razão da forma de manutenção dada à rede coletora. Em Cachoeira, os moradores querem reduzir o pagamento ao que for consumido.

Foto: Ana Paula

Page 4: Reverso 86

CACHOEIRA | BAHIA Março 20154 CIDADE

Alan Rocha Suzarte

Apesar de dispor de apoio e in-centivos por parte da prefeitura local, que cedeu o espaço para seu funcionamento, o Museu Roque Araújo enfrenta algumas dificul-dades para continuar pondo seus projetos em prática.

De acordo com o seu fundador, Roque Araújo, “é necessário apoio financeiro para a realização de cursos e oficinas que pretendo oferecer no museu, totalmente gratuitos para a população cacho-eirana”.O espaço reúne cerca de 3 mil equipamentos ligados à área do audiovisual.O fundador do museu reconhe-ceu a importância de oferecer cursos de capacitação à população e disse que pretende estabelecer uma parceria com os alunos do curso de cinema e audiovisual do Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), fomentando a educação cultural como cursos, palestras e seminá-rios.

Museu do cinema enfrentadificuldades para desenvolver

projetos culturaisPerfilCineasta há mais de 59 anos, Ro-que Araújo garantiu que tem de-dicado todo este tempo à sétima arte. Neste sentido, conta que participou de todas as produções do cineasta Glauber Rocha, seu amigo e mestre inspirador. Além disso, fundou o Museu Roque Araújo, na cidade de Cachoeira.Roque lembrou que, ainda quan-do criança, já gostava de assistir aos seriados exibidos no cinema Itapagipe, localizado no bairro da Ribeira, em Salvador, onde mora-va. Eletromecânico por formação, costumava prestar serviços ao Te-atro Castro Alves. Foi assim que começou a acompanhar algumas filmagens e receber gratificações superiores a seu salário como eletricista. Desde então, resolveu apostar no cinema. Ainda no iní-cio da carreira, conheceu o traba-lho de Roberto Pires, pioneiro no cinema baiano, passando a interes-sar-se ainda mais pela arte.Ele assegura que acompanhou toda a trajetória do desenvolvi-mento audiovisual baiano e co-lecionou alguns equipamentos utilizados nas produções. Por isso, teve a preocupação de fundar um espaço que tentasse resgatar a história do cinema brasileiro e do pioneirismo baiano, tendo como principal objetivo a manutenção do cinema nacional.“Meu objetivo é resgatar o passa-do, para o presente. O passado é muito rico, mas está sendo esque-cido com a nova mídia e isso não pode acontecer”, concluiu.

Roque garante que a maior parte dos equipamentos do museu ainda funciona

O Museu do Cinema e Audiovisual reúne uma vasta coleção, reunida em mais de cinco décadas de atividade na área pelo seu fundador, que reclama maior apoio para desenvolver atividades como cursos e oficinas.

Fotos: Jaqueline Santos

Sem iluminação, ponte aumentaa insegurança em Cachoeira

Natália Dourado

A falta de vigilância e iluminação pre-cária na Ponte Imperial Dom Pedro II têm facilitado a violência em Ca-choeira, que está entre as 500 cidades mais perigosas do Brasil, de acordo com o ranking do Mapa da Violência 2014/Os Jovens do Brasil. A estrutu-ra, que liga as cidades de Cachoeira e São Félix, vem causando transtornos à população, principalmente para os pedestres que precisam passar por ela diariamente. Géssica Souza, moradora de São Félix e graduanda em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), disse que a ponte faz parte do seu trajeto diário para ir à universidade. Segundo ela, “não há segurança, principalmente à noi-te, quando o trafego de estudantes é intenso. Nós somos mais vulneráveis a sermos assaltados, pois, em geral, não conhecemos a comunidade e aqueles que praticam os furtos. De dia, também estamos sujeitos ao pe-rigo. Os assaltos são corriqueiros, eles não assaltam fingindo ter uma arma, eles têm uma arma! E eles não têm medo.” Além disso, Géssica contou que já foi assaltada na ponte. “Voltava da universidade à noite, em um grupo de quatro pessoas e fomos assaltados, não reagimos, o indivíduo parecia es-tar drogado”, desabafou.

Mal iluminadaComo estabelece a Resolução Nor-mativa nº 414 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a implan-tação e a manutenção da iluminação pública são de responsabilidade das prefeituras municipais. De acordo com Oséias Souza, diretor do arquivo

público de São Félix, desde que as ci-dades foram desmembradas em 3 de dezembro de 1889, a iluminação da ponte é repartida.A estrutura é dividida em três par-tes: uma central (destinada ao tráfe-go de trens e, na ausência destes, é liberada para outros veículos) e duas laterais (destinadas a pedestres), e mede 365m. A iluminação é focaliza-da somente na parte central, precária em alguns trechos e inexistente em outros.O deslocamento de moradores entre as cidades é prioritariamente reali-zado a pé, porém, a população que utiliza dessa travessia, tem andado preocupada com a questão da segu-rança pública, pois falta vigilância e iluminação durante a noite. “Às vezes tenho que pagar um moto táxi com medo de atravessar a pé, e mesmo as-sim sinto medo, é como se em cada parte escura alguém fosse aparecer e me abordar”, relatou Rosana Santos, técnica em enfermagem.“Em si, Cachoeira é perigosa”, disse Alberto Luiz, escrivão da polícia ci-vil do município. “Mas hoje, ela se encontra em relativa paz. O número de ocorrências diminuiu após a Ope-ração Gárgula (parceria entre a Polícia Civil e a DENARC, o Departamento de Narcóticos), que desarticulou os

principais pontos de tráfico da loca-lidade, e consequentemente, espalhou os menores infratores que roubavam celulares, bolsas, carteiras, jóias etc, em prol do consumo de drogas, prin-cipalmente”.

A reforma“Foi feito um pacto entre a Ferrovia Centro-Atlântico (FCA) e o Minis-tério Público Estadual para realizar um trabalho de restauro da ponte, o que inclui um projeto de iluminação cênica. A partir desta medida, as cida-des continuariam a assumir os gastos com a iluminação, visto que a Coelba já nos cobra”, esclareceu Lorival Trin-dade, chefe de gabinete da cidade de Cachoeira.Segundo o secretário administrativo da prefeitura de São Félix, Aldo Júlio, existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado, há mais de dez anos, entre a FCA e o Ministério Público, que abarca a reforma das unidades: estações ferroviárias de Ca-choeira e São Félix e a própria ponte. “A FCA contratou uma empresa para fazer um processo de sondagem das estruturas e dos pilares da ponte, pois como as cidades são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), não se pode destruir a ponte para se cons-truir outra ao lado. Com esse projeto, pretende-se construir toda uma es-trutura por cima da existente para re-forçá-la e melhorar sua parte estética – como num processo de envelopa-mento -, e para finalizar, uma ilumina-ção cênica seria posta”, contou Aldo.Para minimizar os transtornos que a má iluminação tem causado à popu-lação que se utiliza da ponte, Lorival Trindade informou que o prefeito de Cachoeira já assinou uma autorização para trocar as luzes queimadas. Já a administração de São Félix assegurou que a licitação para aquisição de mate-rial elétrico já está sendo feita.

O que é uma iluminação cênica?Conforme o Dicionário de Teatro, iluminação é arte, iluminação é emoção, brilho, prestígio, espetáculo. Com a luz cênica, todo o evento vira um espetáculo. No glos-sário de termos técnicos de teatro, define-se iluminação cênica como um conjunto de equipamentos e técnicas que compõe o sistema de iluminação de uma sala de es-petáculos, composta por varas, tomadas, refletores, equipamentos de comando etc.PARA MAIS INFORMAÇÕES ACESSE http://www.somthinker.com.br/?luz-c%C3%8Anica-ambiente,41http://teatronanet.blogspot.com.br/2007/08/glossrio-de-termos-tcnicos-de-teatro.htmLhttp://www.mapadaviolencia.org.br

Mal iluminada, a Ponde Dom Pedro II coloca em risco quem passa à noite

Foto: Aline Portela

Page 5: Reverso 86

CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 5CIDADE

Importante ponto de leitura em São Félix,Biblioteca Pública está com baixa visitação

Danilo Valverde

Funcionando no centro de São Félix desde 2003, a Biblioteca Deiró Lefundes é um espa-ço público para consulta de livros, pesquisa e leitura que, apesar de não ter uma atualização adequada, é um importante ponto de leitura da cidade. Contudo, tem sido pouco frequentado. Para a professora Rubenita da Silva, que traba-lha no local há cerca 20 anos, a falta de incen-tivo das escolas e de orientação dos pais para a leitura seriam os motivos dessa defasagem. “Os estudantes que chegam aqui na biblioteca são bem orientados, mas desde 2014 tivemos uma queda na frequência. Não existe mais in-teresse dos alunos. Os pais e professores não orientam e os jovens acham que a pesquisa tem que ser feita na internet”, acrescentou Rubenita.Situada na Praça da Bandeira, guarda um im-portante acervo didático, histórico e de pes-

quisa que esta acessível a toda comunidade. Sua localização e seu espaço amplo, também convidam para fazer uma leitura.

AcervoQuem chega à recepção do prédio antigo de cor amarela próximo ao Paço Municipal, logo é atendido pela professora Rubenita. Através dela, o público tem acesso aos outros espaços e a todo o acervo da biblioteca.Na sala com estantes e mesas, é possível en-contrar livros didáticos de português, literatu-ra e matemática, livros de história, de ciência, referências e para estudar idiomas. Tudo pode ser consultado e lido ali mesmo ou levado para casa por empréstimo.Se a consulta for feita no local, o leitor pode usar a sala ampla e silenciosa com mesas e ca-deiras na parte posterior. Ali as janelas estão sempre abertas, mantendo o local arejado. A biblioteca ainda conta com um espaço para re-

creação e para assistir vídeos, utilizado sempre por escolas da região. Segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, a Bahia possui 441 bibliotecas es-

palhadas pela capital e interior do estado. Em São Félix, a biblioteca municipal funciona de segunda a sexta-feira, das 8 da manhã até às 7 da noite.

O espaço é amplo e silencioso, adequado à consulta de acervo diversificado

Foto:

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trada

Cine Theatro é alternativa de lazer para cachoeirano

Lídio Gabriel

Em funcionamento desde ju-nho do ano passado, o Cine Theatro Cachoeirano tem man-tido programação diversificada, consolidando-se como mais nova alternativa de lazer para a população local.Ele exibe filmes nas sextas, sá-bados e domingos, mas já anun-ciou sessões gratuitas às quintas, para exibição de filmes clássicos e nacionais.

Foi fundado em 1923, pelo empre-sário, dentista e político Cândido Elpídio Vaccarezza, que era de ori-gem italiana, deixando claro, assim, de onde veio a semelhança com os cinemas italianos. Em 1952, o então Cine Teatro Gló-ria, tinha uma enorme relação com a população da cidade e com a elite artística brasileira, chegando a ser palco de shows de grandes cantores da década de 50, como Luiz Gonza-ga, Ângela Maria, Orlando Moraes e Silvio Caldas.

Investimento Após passar mais de 20 anos desa-tivado, em 2009 o Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Na-cional (IPHAN) adquiriu as ruínas do antigo Cine Glória por cerca de R$ 179 mil e investiu outros R$ 6

milhões na restauração. O Cinema também serve de palco para realizações culturais promo-vidas pela população, desde que atenda a certos tipos de normas es-tabelecidas pelo IPHAN. Segundo garantiu o diretor Samir Guimarães Suzart, “tento atender todas as pes-soas que vêm, porque eu acho que esse é um espaço que tem que es-tar movimentado. Mas como é um espaço cultural, a priori, que sejam eventos culturais de cunho educati-vo, cinema, teatro, palestras, semi-

nários e oficinas.”

Relação com universidadeAinda segundo Samir, o equipa-mento também tem uma forte re-lação com a universidade, tanto que planeja exibições de curtas-metra-gens realizados em oficinas pelos estudantes do curso de cinema da UFRB.O estudante de cinema Alexandre Delgado vê essa relação cine-tea-tro/universidade muito benéfica. “O espaço é de extrema importân-cia para nós, graduandos, já que te-mos uma via de divulgação das nos-sas criações com a comunidade de Cachoeira. Assim como cria-se um elo onde podemos compartilhar ex-periências, interagindo em festivais e consumindo os filmes em exibi-ção no cinema”, declarou.

MemóriasJá alguns moradores vêm o cinema como um retorno às memórias de juventude. A comerciante Magnólia Souza de Freitas, 50 anos, é uma das pessoas que chegaram a frequentar o antigo Cine Glória. Ela contou

que guarda boas lembranças do cinema e o motivo é que, mui-tas vezes, ela ia lá paquerar. “A gente ia de mãos dadas com os meninos e aproveitava o friozi-nho para se abraçar”, recordou.A programação também ficou guardada na memória. “Passava todo tipo de filme, de comédia, de terror, faroeste, kung fu e até pornô”, disse Magnólia. Apesar de não ter voltado no cinema depois de reformado, ela afir-mou que suas filhas frequentam sempre que podem.O Cine Theatro tem uma ses-são infantil gratuitas aos do-mingos para incentivar os pais a levarem seus filhos. João Pedro dos Santos Rodrigues Lima, de quatro anos de idade, assistiu pela primeira vez e garantiu que gostou muito. Para ele foi uma experiência nova ver um filme na telona. A agente de saúde e mãe de João, Diamila dos San-tos Rodrigues, revelou que “esse dia para as crianças é uma ótima alternativa. Cada sessão é uma nova aventura para elas”.

Reinaugurado em 2014 o antigo Cine Glória recebeu aparelhagem moderna ehoje em dia voltou a ser opção de lazer para os moradores de Cachoeira.Fotos: Madson Matos

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6 REPORTAGEM

Cristine Cassiano

A Festa para Iemanjá em Cachoeira aconteceu no dia 8 de fevereiro, organizada pela Associação Cultural Yemanjá Ogunté. A homenagem à Mãe D'água aconteceu na orla do Rio Paraguaçu e contou com a participação filhos e filhas de diferentes terreiros do Recôncavo.Durante a celebração, apresentaram-se atrações musicais, com samba de roda, a dança aos ancestrais ao som de ata-baques, agogôs e canções tradicionais, além da mobilização dos devotos para a oferta dos presentes, no porto de Ca-choeira, de onde seguiram em barcos até a Pedra da Baleia.Tradicionalmente, a Festa de Iemanjá - conhecida como

Celebração a Iemanjá animada em Cachoeira

Karla Santana

Os moradores de Muritiba festejaram seu padroeiro entre dia 30 de janeiro e 9 de fevereiro de 2015. A comemoração, que se iniciou com os jesuítas, tem quase 200 anos de história, dividida entre fes-tejos religiosos e de rua, durante 11 dias, com atrações populares, lavagens, charangas e pessoas fantasiadas. Segundo José de Oliveira, padre da paroquia local, as comemora-

Tradição, diversão e devoção ao Senhor do Bonfim de Muritiba

Temporada de festejos no verão da região teve procissão no mar e a pé,missas solenes e lavagem de igrejas, apresentações musicais e folclóricas,

desfiles de mascarados e entrega de oferendas.

Muita fé e muita festa no Recôncavo

a rainha das águas salgadas - ocorre no dia 2 de fevereiro, em Salvador, atraindo às praias do Rio Vermelho uma multidão de fiéis e admiradores. Já os feste-jos na cidade de Cachoeira por vezes deixam dúvidas sobre o motivo das comemorações, já que as águas que correm na ci-dade são as do Rio Paraguaçu. Segundo a mãe de santo Auri-nézia Ferreira, Iemanjá é a rai-nha das águas em geral e pode

ser festejada tanto em correntes doces quanto salgadas. A mãe de santo Adeilde da Silva destacou que as comemo-rações de Cachoeira aproveitam para oferecer presentes a todos os orixás da água, como Nanã e Oxum. Outro aspecto que chama atenção na festa são as vestimen-tas. As cores branca e azul são predominantes nos seguido-res do candomblé e também nos apreciadores das tradições. Para Adeilde da Silva, o branco é a cor principal e deveria ser usada por todos.Já Aurinézia Ferreira não vê problemas em homenagear também o seu próprio orixá, por isso foi de branco e com um torço vermelho na cabeça, representando Iansã. A estu-dante de Psicologia, Gabrielle Capinam, não segue a religião, mas afirmou gostar da festa e sempre que participa usa o branco e o azul. Segundo ela, é uma forma de se conectar com as tradições de alguma forma.

Fotos: Thainá Dayube

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CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 7

Sarah Sanches

Entre os dias 23 de janeiro e 2 de fevereiro, aconteceu a Festa de Nos-sa Senhora da Purificação, tradição que se perpetua desde o século XVIII, na cidade de Santo Amaro. Teve procissões, manifestações culturais, apresentações em dois palcos e circuito de trios elétricos, em homenagem à padroeira da cidade. “Santo Amaro, para mim,se apresenta como a síntese da musicalidade da Bahia. De uma maneira artística, quase utópica. Que tem como seu patrimônio o samba de roda e chula que caracterizam o Recôncavo, além de ser a cidade de dois dos maiores expoentes da música popular brasileira”, afirmou Felipe Carvalho, de Queimadas, que participa há alguns anos da festa.Com o tema Pratas da casa que valem ouro, o evento este ano privile-giou artistas conterrâneos, grupos culturais locais e apresentações de capoeira, maculelê e samba de roda, como o Samba Chula de São Braz, considerado patrimônio imaterial da humanidade desde 2005, além de Maria Bethânia, grande atração da festa.

Em Santo Amaro, pratas da casa que valem ouro

Tradição, diversão e devoção ao Senhor do Bonfim de Muritiba

Temporada de festejos no verão da região teve procissão no mar e a pé,missas solenes e lavagem de igrejas, apresentações musicais e folclóricas,

desfiles de mascarados e entrega de oferendas.

Muita fé e muita festa no Recôncavo

Francisco Guedes

No distrito de Coqueiros do Paraguaçu, mais de 1000 devotos e admiradores lotaram a pequena Rua do Porto do Meio para saudar e fazer seus pedidos a Iemanjá. As comemorações locais reuniram adeptos do candomblé e da umbanda, com oferendas e entrega de presentes organizadas por pescadores do povoado. O evento contou com dezenas de embarcações. A festa de Iemanjá em Coqueiros do Paraguaçu começou casu-almente, quando um grupo de amigos, há 11 anos, atravessou o Rio Paraguaçu para construir o santuário da orixá a fim de que as pessoas pudessem colocar presentes e fazer suas orações.De acordo com Jurema Boaventura Menezes, a Mãe Jurema, ia-lorixá responsável pela festa, “como eu tenho uma ligação com a orixá desde quando era adolescente, de início, quando atraves-samos o rio, a intenção foi fazer somente a casinha e colocar a

Teve homenagem àRainha das Águas

também em Maragojipe

“Já era de se esperar um show desta magnitude, a presença dela atrai muitos turistas para a cidade. A festa traduz a devoção de um povo marcado pela forte presença da religião católica e de manifestações populares, o que também está marcado na carreira da Bethânia”, co-mentou a sergipana Leda Maria.Bellyzia Gomes, paraibana, também foi à cidade por conta da presen-ça da cantora. Para ela, “Santo Amaro é luz, fé, devoção. E Bethânia é filha, símbolo e orgulho da cidade. Realizar o show dos 50 anos de sua carreira em sua terra natal foi esplêndido. Ouvi-la e vê-la em frente à Igreja da Purificação e sob um céu estrelado e de lua cheia foi incrível”.O show contou com a interpretação de músicas que marcaram a sua carreira, compostas especialmente para ela, além de regravações que ficaram famosas em sua voz, como É o Amor, de Zezé di Camargo e Vai dar namoro, de Ronaldo Jotta. “São 50 anos da missão que Deus deu para mim, saindo da minha casa, da minha terra, da minha famí-lia, da minha água sagrada”, disse a cantora próximo ao fim da sua apresentação.

ções antigamente eram pequenas e não havia o novenário, apenas a missa. Hoje os festejos religiosos contam com missa na parte da manha, visita aos doentes, confissões e a noite a novena. Durante a noite, atrações do gosto popular tomaram conta do palco armado ao lado da Igreja do Bonfim, onde a festa se estendia até a madrugada, para recomeçar no dia seguinte.Para o prefeito Roque Isquem, trata-se de “uma festividade de res-gate cultural muito importante para a região, movimentando a eco-nomia de vários setores da cidade”.

imagem dela, só para simbolizar e, nesse mesmo dia, tivemos a ideia para comemorar todos os anos.”Em 2004, na primeira edição da festa, por conta da pouca di-vulgação, resolveram fazer uma festa simples, sem camisa, nem sambas de rodas, o que é comum ter nas festas maiores de Ie-manjá. A festa foi feita, além dos amigos responsáveis, também pelos os moradores da Rua do Porto, que colaboraram doando presentes e arrumando, cada um, em seu balaio.Segundo os moradores, foi a Festa de Iemanjá de Coqueiros que deu origem à de Cachoeira, que é realizada uma semana depois do 2 de fevereiro. Os devotos cachoeiranos iam para Coqueiros colocar seus presentes, já que a outra opção seria a 106 quilôme-tros de distância, em Salvador, no Rio Vermelho.

Fotos: Uilson CamposFotos: Felipe Mascarenhas

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CACHOEIRA | BAHIA Março 20158 SAÚDE

Apesar de elogiada, atenção básica de saúdeainda registra problemas em CachoeiraIsrael Santos

Embora alguns moradores de Cachoeira consi-derem os atendimentos na área de atenção bási-ca de saúde bem distribuídos e bem organizados, mas há também quem relate alguns problemas.Para Célia Maria Silva, dona de casa, “não tenho o que dizer do posto, só que quando a gente vai marcar um exame é que às vezes demora”.Segundo ela, sua filha chegou a esperar quase um ano por um resultado de um exame pre-ventivo. “Mas sobre a agente comunitária, não tenho o que reclamar, ela é ótima”, acrescentou.Enfrentando problemas para adquirir os medi-camentos que necessita tomar mensalmente, a estudante Jaqueline Santos afirmou que depois

das tentativas de atendimento nos Postos de Saúde da Família (PDF), resolveu procurar aten-dimento no hospital.

Direito A atenção básica é considerada um direito do cidadão e toda cidade deve oferecer suporte necessário para que isso seja efetivado. Cacho-eira disponibiliza aos seus habitantes os serviços estabelecidos pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), dentre eles estão os atendimen-tos odontológicos, clinico geral e visitas domi-ciliares.

A cidade de Cachoeira, através da Secretaria de Saúde, tem gerado atividades nos postos de saú-de da família, que com os programas do núcleo de assistência à saúde da família (NASF) desen-volvem atividades esportivas e cursos, promo-vendo a saúde.Os postos de saúde disponibilizam atendimen-tos odontológicos, serviço de enfermagem, aferição de pressão arterial, curativos, consulta com clinico geral, acompanhamento pré-natal e exames. Cada posto de saúde tem uma equipe formada por médicos, enfermeiros e agentes co-munitários de saúde, que pensam estratégias de prevenção e traçam um perfil daquela população

visando a um melhoramento nos atendimentos.

AgentesOs agentes comunitários têm um importante papel nesse sentido, pois são o elo entre o pa-ciente e posto. São eles quem disponibilizam os documentos que garantirão o atendimento, fazem as visitas e identificam os problemas e necessidades. Estas visitas são feitas uma vez por mês, mas caso necessário, podem acontecer mais vezes, como em casos de pessoas acama-das, por exemplo. As pessoas hipertensas, diabéticas e gestantes

também recebem uma atenção maior, devido às complicações que podem vir a ter caso não se-jam acompanhadas devidamente.

Primeiro contatoPrimeiramente, o agente vai à residência e ca-dastra os moradores, procurando saber quem é hipertenso, diabético ou tem algum problema de saúde. A estudante Jaqueline, contudo, disse que mora há um ano no mesmo endereço e nunca recebeu a visita de um agente comunitário. Ela contou que já foi ao posto reclamar e eles dis-seram que iriam mandar um agente visitá-la, “e até hoje nada. Nem os medicamentos e nem a

visita”, informou.Para ser atendido deve-se ficar atento aos dias de marcações das consultas. Para ir ao dentista, as marcações são feitas às sextas-feiras. Os aten-dimentos com enfermeira e médico acontecem nas segundas, quartas e quintas-feiras. Na terça, acontecem as visitas domiciliares com acama-dos, que são feitas pelo medico, enfermeiros e agente comunitário.Atualmente existem 10 postos de saúde e cada posto tem 10 agentes comunitários. A equi-pe que organiza o posto deve possuir medico, enfermeiros, técnico de enfermagem e agentes comunitários.

Alaide de Jesus dos Santos, mais conhecida como Neguinha, trabalha no Caquende como agente comunitária.

As crianças são avaliadas uma vez por mês para definir a dosagem de medicação, que é de acordo com o peso.

Faz parte do trabalho dos agentes de saúde a entrega de exames médicos.

Fotos: Anna Caroline

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CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 9SAÚDE

Exercício físico se torna atividade de verãoMariana Andrade

Em geral, costuma aumentar a demanda por matricula nas academias de ginástica no período do verão. Porém, na expectativa por resultados rápidos, as pessoas buscam dietas milagrosas, aumentam o ritmo da musculação, abusam de medicamentos, suplementação alimentar e ana-bolizantes.Segundo a nutricionista Iorrana Ribeiro, os suplementos alimentares estão, geralmente, as-sociados à melhora do desempenho de atletas. Para seu uso, é necessária prescrição médica. Entretanto, sua administração não é tão sim-ples. Já os anabolizantes, conforme explicou, são drogas que atuam de forma semelhante ao principal hormônio masculino, a testosterona, e seu consumo só pode ocorrer com acompa-nhamento médico e em condições de distúrbios fisiológicos.

“A utilização incorreta, tanto de suplementos quanto de anabolizantes, pode gerar efeitos ex-tremamente graves e irreversíveis. É necessária a

manutenção de hábitos saudáveis, com a combi-nação de alimentação e atividade física adequa-da, sob orientação nutricional e médica”, disse. A nutricionista informou, ainda, que apesar da proibição, é comum o uso destas substâncias por motivos estéticos.

Rotina“Gasto em média R$ 200,00 por mês, fora a alimentação e academia. Acredito que os resul-tados vêm com o tempo e são necessários os fa-tores treino, dieta e descanso, reunidos”, contou Anderson Teixeira, 20 anos, estudante de edu-cação física. Ele usa suplementação alimentar para ganho de massa e resistência física. Utiliza proteína, carboidrato e creatina diariamente, faz musculação de segunda a sábado e dorme oito horas por dia. Disse observar que as pessoas

procuram as academias no período que antece-de o carnaval e trancam a matrícula logo após, achando que os resultados satisfarão em tempo recorde.Para Angelito Vilella, personal trainer e educa-dor físico, a atividade física é valorizada para o bem estar e prevenção à saúde. Disse que é notório que as academias enchem nos períodos festivos e tem uma grande evasão pós-período. “Isso dificulta muito nosso trabalho e, sobretu-do, nossas condições de executar um programa eficaz e responsável para cada biótipo”, relatou. Ele recomenda alimentar-se bem, suprindo as necessidades energéticas do corpo a partir do alimento ingerido. Orienta seus alunos a não usar anabolizantes e fazer atividades físicas ape-nas no verão, incentivando aos exercícios regu-lares em todas as estações do ano.

O bem-estar e a auto-estima melhoram com a prática de atividades físicas.Fotos: Beatriz Medeiros

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CACHOEIRA | BAHIA Março 201510 REGIÃO

Cresce o índice de jovens e adolescentesenvolvidos com drogas em Cruz das Almas

Elaine Conceição

Nos últimos cinco anos, o índice de jovens e adolescentes envolvidos com drogas tem tido um aumento significativo no município de Cruz das Almas. Entre 15 e 20 jovens e adolescentes com idades de 14 a 17 anos são encaminhados todos os meses pelo conselho tutelar ao Minis-tério Público, onde são julgados e, dependendo das circunstâncias em que se encontram, levados para centros de recuperação ou soltos, quando voltam a cometer atos infracionais.

Segundo o representante do conselho tutelar do município, Emanuel Peixoto, os fatores que mais influenciam para que isso aconteça são as bases familiares, que muitas vezes estão fragilizadas, bem como a falta de oportunidades de emprego para os pais ou de projetos sociais que possam auxiliar esses jovens e suas famílias. Para ele, é necessário que haja um trabalho em conjunto dos órgãos municipais, estaduais e judiciários para que de fato este índice venha a ser reduzido.“Eu acho que ainda há solução para as drogas, mas se todos os órgãos derem as mãos, sem ne-

nhum tipo de in-dividualismo. As políticas sociais devem ser mais intensas e apri-moradas. Com um planejamento específico volta-do para essa área tem jeito. Por que tem muitos jovens e adoles-centes que estão pedindo ajuda, basta ter oportu-

nidade, disse ele.

OcorrênciasJá de acordo com o tenente coronel da Polícia Militar David Lanzillotti, de cada 10 ocorrências no município de Cruz das Almas, oito possuem ligação direta com as drogas. Além disso, de 10 mortes sete a oito estão ligadas também às drogas, principalmente ao crack. Segundo ele, a questão não é somente da droga a ser oferecida, mas sim quais os motivos que levam a ter tantos consumidores.“A droga vem tomando conta do vazio interior do homem”, sentenciou. Para o militar, este au-mento significativo no consumo e tráfico de dro-gas tem deixado de ser apenas questão policial e passado a ser também questão educacional e de saúde pública.

Políticas públicasPortanto, conclui que é necessário que sejam criadas políticas públicas que valorizem a família, para que através disso, o vazio afetivo que é tam-bém um fator que leva o ser humano à droga seja suprido e que as inversões de valores presentes na sociedade sejam quebrados. “Nós enquanto sociedade organizada, não esta-

O consumo de drogas tem crescido entre os jovens de Cruz das Almas.Foto: André Luis Pereira de Jesus

Transferência de alunos causapolêmica em Governador MangabeiraDalila Brito

No dia 13 de janeiro de 2015, o Diá-rio Oficial de Governador Mangabeira anunciou, em nome da prefeitura mu-nicipal e da prefeita Domingas Souza da Paixão, o decreto de extinção da Escola Municipal Josué da Silva Mello. Desde então, o assunto tem causado

polêmica na cidade. Segundo o decreto, com o fechamento da escola os alunos passaram a exercer suas atividades na Es-cola Municipal Elza Souza da Silva.A unidade de ensino agora extinta foi criada em 1984 pela Igreja Presbiteriana de Governador Mangabeira, por iniciati-va do reverendo Josué da Silva Mello, que anunciou o objetivo de oferecer educação da pré-escola à quarta série como forma de prestação de serviços a comunidade.A igreja foi autorizada pelo Conselho Es-tadual de Educação através da portaria nú-mero sete do diário oficial de 1 de janeiro de 1958. Devido à falta de recursos para manter os custos de uma escola pública, foi então assinado um convênio com o Estado da Bahia, que passou a contribuir para o funcionamento da unidade, ofere-cendo professores e funcionários. Algum tempo depois, a administração municipal assinou um convênio com o estado e pas-sou auxiliar nas finanças da escola.

Convênio Segundo a atual secretária de Educação, Maria das Graças, a Escola Josué da Silva

Mello não foi fechada, a prefeitura ape-nas não renovou o convênio com a Igreja Presbiteriana. Ela explicou que o prédio onde funcionava a escola não possuía a estrutura necessária para atender bem aos alunos, por isso a prefeitura propôs que a igreja alugasse o local e utilizasse a verba para uma reforma. Diante da re-cusa da igreja, foi proposto que o espaço funcionasse como um núcleo do projeto Mais Educação, mas a ideia também foi recusada.Então a prefeitura, através da Secretaria de Educação, decidiu transferir os alunos para o prédio da Escola Municipal Elza Souza da Silva, construído há um ano, alegando que a nova instalação oferece melhor estrutura, com quadra esportiva, refeitório e laboratório de informática. Além disso, todo o corpo de professores e funcionários continuaria o mesmo, com exceção da diretoria, que teria sido convi-dada a continuar à frente da escola e não aceitou o convite.

ReuniõesDiretora desde a criação da escola, Nilza

Pereira da Mota disse que foram realiza-das três reuniões envolvendo o conselho da Igreja Presbiteriana, membros da Se-cretaria de Educação e prefeitura para que se decidisse o destino da escola e de seus alunos. Segundo ela, a igreja não poderia alugar o espaço onde funcionava a escola por esse estar localizado anexo ao local onde são realizados os cultos e por en-tender que projeto Mais Educação deve acontecer junto às atividades curriculares em tempo integral, não julgou apropriado que o prédio se tornasse um núcleo para sediar apenas as atividades do projeto.

Outra questão que causou questiona-mento foi se os alunos estavam sendo transferidos de escola ou apenas de lo-cal. Nilza afirmou ter recebido vários pais com esse tipo de dúvida, mesmo após terem participado de uma reu-nião com a Secretaria de Educação e a diretoria da escola. Segundo ela, os documentos foram assinados como transferências da Escola Municipal Josué da Silva Mello para a Escola Municipal Elza Souza da Silva. Desde então a primeira escola teria deixado de existir.

mos preparados para lidar com o problema das drogas que vem tendo um avanço galopante e tem tomado grande proporção”, disse Lanzillot-ti. Ele contou, ainda, que Polícia Militar desen-volve em âmbito nacional o Programa de Resis-tência e Combate as Drogas (PROERD), com seis profissionais devidamente treinados. Trabalhando com a faixa de pré-adolescência, em princípio nas escolas públicas, a iniciativa vem obtendo, no fim de cada curso, cerca de 400 a 600 alunos formados. Após esse processo, eles mantêm o acompanhamento através de parceria com as secretarias de educação de cada um dos municípios participantes da iniciativa.Dentre as medidas necessárias para inibir o con-sumo e o tráfico de drogas, não somente em Cruz das Almas, mas em toda a região, ele acredita ser preciso que a polícia prenda os traficantes e com-bata o narcotráfico e, além disso, deve-se haver a junção das partes médicas e psicológicas, agindo intensamente todos os dias. Para ele, é necessário fazer da escola um centro terapêutico e o acom-panhamento familiar de forma imediata. “Droga não leva a nada, só aos instantes imediatos e os instantes imediatos adoecem e viciam. Nada que nos prende, presta. Que voltemos a ser donos do nosso próprio corpo”, concluiu.

Maria das Graças, Secretária de Educação

Fotos: Vânia de Alcântara

A escola fica ao lado do templo religioso, na Rua Agnaldo Vianna, no centro

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CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 11REGIÃO

BRT é aposta para melhorarmobilidade em Feira de SantanaFabio Rodrigues Filho

O projeto anunciado pela Prefeitura de Feira de Santana para implantação do sistema BRT (em português, Trans-porte Rápido de Ônibus) está dividin-do opiniões. Apesar da divulgação de propaganda sobre sua execução e na iminência da realização das licitações para contratação da empresa que reali-zará as obras, muita coisa ainda terá de ser resolvida. Há problemas técnicos, representações junto ao Ministério Público pedindo esclarecimentos e, principalmente, a necessidade de ouvir a população feirense que usa o trans-porte coletivo.Serão investido R$94,8 milhões para implantação do sistema (sendo R$90,1 milhões provenientes do financia-mento da Caixa Econômica Federal e R$4,7 milhões de contrapartida por parte do município).

Mobilidade Esta iniciativa do governo federal, através do Ministério das Cidades, visa o financiamento de ações na área de mobilidade urbana e metropolitana das médias cidades brasileiras. A ideia, segundo a prefeitura, é modernizar e proporcionar melhorias nos serviços prestados pelo sistema de transporte público da cidade.

O economista Rosevaldo Ferreira, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), tem alertado que a proposta de BRT apresentada pela prefeitura soluciona em parte o problema de mobilidade urbana em Feira e faz duas ressalvas. A primeira sobre o futuro aumento da passagem e e outra quanto à precariedade do serviço para bairros fora do centro da cidade“O BRT irá contemplar apenas os cor-redores das avenidas Getúlio Vargas e João Durval. Bairros como Tomba e Feira X continuarão sendo servidos pelo péssimo Sistema Iintegrado de Transporte (SIT). E dessa vez com tarifa ainda mais cara. Pode ser que num primeiro momento se opere com frota nova, mas a modelagem do sis-tema aliada à fraca máquina de fiscali-zação da Prefeitura colocam em risco a operacionalidades das linhas fora do BRT”, afirmou. Além disso, ele desta-cou problemas com o projeto oficial. “O edital tem imperfeições gritantes. Por exemplo, não explica bem como se dará a integração temporal e espa-cial” concluiu o economista.

Meio ambientePara que seja implatado na Avenida Getúlio Vargas, uma das maiores e mais importantes avenidas da cidade,

será preciso retirar 136 árvores centená-rias que foram con-tabilazadas. Também serão afetados a praça de alimentação que une venda de alimen-tos e lazer com a pista de skate, monumentos e outros comércios es-palhados ao longo do trajeto.Para tentar frear a der-rubada, foi proposta em agosto do ano passado uma peti-ção online, hospedada no site Avaaz.org, que solicita ao Ibama o impedi-mento à derrubada. Ela somava, até meados de fevereiro, 6.499 assinatu-ras, com meta provisória de alcançar 7.500. Segundo a propaganda do go-verno municipal, serão replantadas cinco árvores para cada uma retirada. O local da reposição ainda não foi di-vulgado.

Preço da passagemCom o recente aumento, ainda sem a implantação do BRT, da passagem dos ônibus urbanos subiu de R$ 2,35 pra R$2,70 no último mês de janeiro. Além disso, há outro aumento previs-to ainda para esse ano, conforme esti-pula o edital de licitação. Neste caso, a tarifa vai para R$ 2,85. Também a data base dos reajustes passará a ser o mês de dezembro de cada ano. O edital prevê ainda aumento extra a partir do funcionamento do BRT. Não é difícil ouvir falas irritadas, pixações ao longo da cidade com acusações de roubo e pontuais manifestações na rua. Com o aumento, Feira fixa-se como uma das passagens mais caras do Brasil. Apesar de ter a menor fro-ta entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, pois são apenas 193 ônibus, no total, e rodando em esta-do precário, com redução de frota nos fins de semana.Sobre a possiblidade de uma passagem mais barata, o professor Rosevaldo disse que é possível e acrescenta que é uma questão de vontade política. Segundo ele, “a metodologia para se definir a tarifa é defasada, a própria prefeitura já assumiu publicamente. Entretanto, no edital que foi recente-mente publicado eles continuam com o erro. Outro fato é rever as gratuida-des do sistema”. Atualmente, existe muita gratuidade no sistema, chegando a 30% do total

de usuários dos ônibus. “E quem paga essa conta é quem menos pode pagar. As pessoas de baixa renda, carteiros, policiais militares, idosos e estudan-tes, que têm direito a meia passagem. Essa despesa tem de ser paga via sub-sídios”, disse.

Tarifa socialPara Rosevaldo, o IPTU dos bancos e o ISS dos estacionamentos privados podem ser fontes de receita para a tari-fa social, enquanto que as gratuidades a categorias de profissionais como os carteiros têm de ser pagas pela empre-sa em forma de vale transportes, por exemplo. Ele fez também uma ob-servação sobre o preço da passagem, afirmando que pode ser melhor, mas somente com o tempo.Em texto publicado nas redes sociais, o ex-candidato a prefeito pelo PSOL Jhonatas Monteiro opina sobre o pro-jeto da prefeitura. Segundo ele, “é fun-damental que não compremos gato por lebre: o problema do transporte coletivo não é a ausência de uma ou duas vias rápidas no centro, digamos as avenidas Getúlio Vargas e João Durval. O problema maior é a mobi-

lidade bairro a bairro e suas inúmeras deficiências, desde a precariedade dos veículos à irracionalidade da ida aos terminais de integração para chegar a um bairro vizinho. O BRT resolve-rá?”. O ex-candidato refere-se ao atual Sis-tema Integrado de Transporte, que tem três terminais (transbordos) ao longo da cidade e as linhas são dire-cionadas para eles. O BRT seria inte-grado ao sistema, que ligaria as linhas ao terminal central, conforme projeto.

PesquisaSegundo pesquisa feita pelo Governo da Bahia no ano passado, através da Secretaria de Infraestrutura, os bair-ros onde a população mais utilizam o transporte coletivo são Tomba, Mo-chila, Aviário e Centro Industrial do Subaé, fora do anel de contorno da cidade, em sua maioria. Comparada à pesquisa de origem e destino realizada em 2014 com o pro-jeto do BRT, ainda assim o problema da mobilidade na cidade não seria re-solvido porque as linhas do BRT não atenderiam aos locais com maior de-manda por transporte.

Planta da implantação do BRT cruzando as principais avenidas do centro de Feira de Santana (Fonte: PRISMA, 2014)

Os usuários protestaram contra o recente aumento na passagem dos ônibus, que custa agora R$2,70. E ainda há outro reajuste previsto para este ano: vai para R$ 2,85.

Fotos: Uanderson Lima

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CACHOEIRA | BAHIA Março 2015 12

Serviço de internet em Cachoeiraé deficiente e gera muitas queixas

Tarcila Santana

Instabilidade de conexão, atendimento ruim, preço considerado alto e diferença entre a ve-locidade contratada e a recebida pelo cliente. Estas são as principais queixas dos usuários de internet em Cachoeira, cidade que possui 1.116 domicílios permanentes com acesso à rede mun-dial de informações, segundo último censo do IBGE.A localidade conta com três provedores princi-pais: Oi-Velox, MMA e Tsunami. Porém, esta parcela da população enfrenta dificuldades fre-quentes na qualidade dos serviços oferecidos. A universitária Mayse Andrade, que divide a moradia com outras quatro pessoas, contou que o grupo optou por contratar o serviço de uma das provedoras locais, pois sua instalação não necessitaria de uma linha de telefone fixo. Segundo ela, “a conexão cai todo final de sema-na e quando chove, piora. A gente já ficou dois

dias sem internet em época de chuva”. Recla-mou também que as manutenções na rede são feitas nos horários em que a maioria das pessoas está em casa e precisa da internet. Apesar disso, reconheceu que a assistência técnica na casa do cliente acontece de forma rápida, na maioria das vezes.

De praxeO técnico instalador da MMA Internet Carlos Henrique explicou que os problemas podem ser no computador do próprio cliente ou internos, na torre da internet. “Às vezes, acontece de um cabo do poste partir, aí temos que fazer a manu-tenção e uma rua toda pode ficar sem a internet naquele período”, disse.Mas esses problemas não ocorrem só com as internets locais. A dona de casa Joemília San-tos optou pela provedora Oi-Velox, por confiar mais no serviço, mas declarou enfrentar as mes-mas dificuldades com velocidade. “Não dá pra

assistir vídeos ou jogar. Quando a gente reclama, eles falam que o problema é da cidade mesmo e mandam a gente ligar e desligar o modem, essas coisas de praxe”, relatou.

Fatores técnicosSegundo Vinícius Leal, técnico de informática, isso ocorre por fatores técnicos – precariedade dos equipamentos – ou pela mão-de-obra não especializada. “No caso da Oi, os equipamentos, herdados da Telemar, são velhos e defasados. Além disso, a qualidade do sinal é fraca porque as caixas que ficam nos postes são manuseadas de forma errada: quando eles desligam uma linha, deveriam trocar ou, pelo menos, retirar os fios por completo, mas não fazem. É isso que causa interferência no sinal e, muitas vezes, cria conflito de linhas”, afirmou. Ele ainda explicou que, para os provedores locais, o processo de colocar equipamentos que me-lhorassem a rede custa

caro e eles não enxergam viabilidade neste inves-timento em Cachoeira. Os clientes pagam pre-ços caros em relação à qualidade do serviço. “O problema é que quase 60% das pessoas usam a internet para olhar rede social, e-mail, bobagens. E ainda tem outra parte que nem sabe como ver a velocidade da banda contratada. Como as pes-soas vão brigar por isso e questionar a qualidade, se eles nem sabem do que estão falando?”, ques-tionou Vinícius.

Desde 2012, segundo novas regras da Agência Nacional de Telecomunica-ções (Anatel), as empresas provedoras de internet são obrigadas a fornecer no mínimo 80% da velocidade média de banda larga contratada pelo cliente.Apesar dessas mudanças, nem todas as empresas conseguem cumprir tais determinações e continuam oferecen-do um serviço de pouca qualidade. A partir disto, os clientes agora têm mais um instrumento de garantia dos seus serviços.Eles podem denunciar as empresas que não cumprem estas normas através do site da Anatel, clicando na

opção Fale Conosco, na página inicial.

Pela quantidade de pessoas e notebooks na casa, elas contrataram o pacote mais rápido e caro, mas recebem uma velocidade muito inferior da ideal.

Os provedores locais fazem frequentes manutenções nos equipa-mentos instalados nos postes do centro urbano.

Fotos: Priscila Martins Rocha

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