resumo palavras-chave: comunicação social; legislação...

15
1 A Comunicação Social no Processo de Implantação de Usinas Hidrelétricas 1 Francine HERPICH 2 RESUMO O artigo faz uma breve análise sobre a comunicação social no processo de implantação de hidrelétricas; a legislação ambiental específica que orienta os trabalhos e a expansão do setor, planejada pelo governo federal, que justifica a reflexão. Ainda apresentamos alguns exemplos de notícias produzidas sobre a temática, com o objetivo de ilustramos a cobertura da mídia sobre o assunto. PALAVRAS-CHAVE: comunicação social; legislação ambiental; hidrelétricas A história conserva acontecimentos como o da construção da Usina de Itaipu. Catiane Matiello (2011) lembra que em 1974 o canteiro de obras da hidrelétrica já estava sendo instalado e os agricultores que viriam a ser desapropriados nem sequer imaginavam que seriam atingidos. As informações eram escassas e quando as primeiras desapropriações começaram a ser realizadas todo o processo decisório que envolvia a questão havia acontecido, sem que os interesses dos moradores atingidos fossem considerados pelo governo, representado pela empresa Itaipu Binacional, no oeste do Paraná. Esse é apenas um exemplo de tantas outras obras em que os prazos de indenização não foram cumpridos, os preços sugeridos eram injustos, a aplicação de critérios para a indenização não acontecia e muito menos as empresas buscavam estratégias de comunicação para esclarecer as dúvidas dos moradores. Entre os trabalhadores da área é comum o relato de que antigamente, em primeiro lugar se erguia as barragens de concreto, para depois, com a obra encaminhada, avisar aos vizinhos de que eles precisavam sair antes do enchimento do reservatório. Infelizmente, Matiello concluiu que da década de 70 até o início do século XXI os projetos desse tipo permanecem conduzidos de forma autoritária, arcaica e tecnocrática. 1 Artigo apresentado no Grupo de Trabalho Estudos de Comunicação Institucional e Organizacional do IV SIPECOM - Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação 2 Formada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Estudante de Pós- Graduação Lato Sensu em Educação e Gestão Ambiental, pelo Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação - ESAP, Faculdades Integradas do Vale do Ivaí - UNIVALE. Atuação profissional em assessoria de imprensa e execução da legislação ambiental de comunicação para a implantação de usinas hidrelétricas, linhas de transmissão e subestações. E-mail: [email protected]

Upload: vominh

Post on 07-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

A Comunicação Social no Processo de Implantação de Usinas Hidrelétricas1

Francine HERPICH2

RESUMO O artigo faz uma breve análise sobre a comunicação social no processo de implantação de hidrelétricas; a legislação ambiental específica que orienta os trabalhos e a expansão do setor, planejada pelo governo federal, que justifica a reflexão. Ainda apresentamos alguns exemplos de notícias produzidas sobre a temática, com o objetivo de ilustramos a cobertura da mídia sobre o assunto. PALAVRAS-CHAVE: comunicação social; legislação ambiental; hidrelétricas

A história conserva acontecimentos como o da construção da Usina de Itaipu. Catiane

Matiello (2011) lembra que em 1974 o canteiro de obras da hidrelétrica já estava sendo

instalado e os agricultores que viriam a ser desapropriados nem sequer imaginavam que

seriam atingidos. As informações eram escassas e quando as primeiras desapropriações

começaram a ser realizadas todo o processo decisório que envolvia a questão havia

acontecido, sem que os interesses dos moradores atingidos fossem considerados pelo governo,

representado pela empresa Itaipu Binacional, no oeste do Paraná.

Esse é apenas um exemplo de tantas outras obras em que os prazos de indenização não

foram cumpridos, os preços sugeridos eram injustos, a aplicação de critérios para a

indenização não acontecia e muito menos as empresas buscavam estratégias de comunicação

para esclarecer as dúvidas dos moradores. Entre os trabalhadores da área é comum o relato de

que antigamente, em primeiro lugar se erguia as barragens de concreto, para depois, com a

obra encaminhada, avisar aos vizinhos de que eles precisavam sair antes do enchimento do

reservatório. Infelizmente, Matiello concluiu que da década de 70 até o início do século XXI

os projetos desse tipo permanecem conduzidos de forma autoritária, arcaica e tecnocrática.

1 Artigo apresentado no Grupo de Trabalho Estudos de Comunicação Institucional e Organizacional do IV SIPECOM - Seminário Internacional de Pesquisa em Comunicação 2 Formada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Estudante de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação e Gestão Ambiental, pelo Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação - ESAP, Faculdades Integradas do Vale do Ivaí - UNIVALE. Atuação profissional em assessoria de imprensa e execução da legislação ambiental de comunicação para a implantação de usinas hidrelétricas, linhas de transmissão e subestações. E-mail: [email protected]

2

Sobre os produtos de comunicação empregados na Itaipu, Matiello em seu trabalho

usou o que está armazenado no Centro de Documentação da Itaipu Binacional. Em um dos

programas de rádio é possível constatar “a ênfase atribuída aos artefatos que compõe a usina,

principalmente às suas dimensões e quantidades, contrasta com a forma de tratar a notícia

sobre as reivindicações dos colonos” (MATIELLO, 2011, p.241). Infelizmente isso continua a

acontecer muitas vezes não pela falta de vontade de jornalistas, mas porque os

empreendedores desconhecem a real importância da comunicação para as famílias envolvidas

nas obras. É muito mais fácil produzirmos e aprovarmos questões ligadas as suas formações

como, por exemplo, uma notícia sobre a grande quantidade de aço e cimento usado no

barramento que para um diretor engenheiro merece destaque.

Nosso objetivo é continuar esses estudos para comprovar o que é observado na prática,

de que os órgãos fiscalizadores, responsáveis pelas licenças nos estados e o ministério

público, não sabem como vistoriar e avaliar a eficiente execução dos Programas de

Comunicação. Muito menos a legislação atual deixa claro como executar os serviços. São

exemplos de temáticas polêmicas em que se fazem necessárias campanhas de esclarecimento:

os critérios de indenização, as formas de pagamento, a realocação das infraestruturas, o

desmatamento do canteiro de obras e futuro reservatório, o enchimento do lago, os testes de

energização das linhas de transmissão e subestação, as explosões no canteiro de obras etc.

Caso a legislação obrigasse a correta informação de temas polêmicos como os citados

acima, as empresas seriam forçadas a cumprir as normas e ainda, a fiscalização das ações

seria facilitada. Para outros tipos de impactos as leis são mais elaboradas, como é o caso do

monitoramento do impacto ambiental nos animais da região atingida. O processo é todo

acompanhado e autorizado pelo IBAMA. O resultado são trabalhos mais sérios e a menor

interferência das empresas nas técnicas de execução dos procedimentos.

Comunicadores comprometidos com a causa sabem exatamente o que é necessário

divulgar, pois estão na área rural em contato com os moradores. Sem contar que normalmente

esses profissionais também ficam responsáveis pela ouvidoria da empresa e, por esse motivo,

sabem quais as principais dúvidas da população impactada. Do outro lado, empreendedores

irresponsáveis sabem exatamente o que não divulgar no sentido de que isso pode clarear, por

exemplo, de forma demasiada o processo de indenização. Por isso a necessidade de garantir

em lei e por meio de fiscalizações o direito do morador impactado por usinas à informação.

3

Assim como qualquer empreendimento com impactos socioambientais, a implantação

de hidrelétricas segue normas e toda construção é regida por licenças ambientais. De um lado

o meio ambiente e a sociedade impactada, de outro, as empresas detentoras de concessões que

autorizaram a exploração de recursos hídricos para a geração de eletricidade. O contexto atual

brasileiro? O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC e o Plano Nacional de Energia -

PNE, que planeja a expansão do setor.

A segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal,

conhecida como PAC 2, foi lançado no ano passado e prevê os investimentos necessários em

energia para impulsionar e sustentar o crescimento do Brasil. O relatório do primeiro semestre

de 2011 do PAC 2 concluiu que no eixo energia, 15% das ações monitoradas estão na etapa

de projeto ou licenciamento, 39% das ações estão em licitação, 32% em obras e 14%

concluídas. No que diz respeito a geração de energia por meio de hidrelétricas, o Brasil voltou

a construir grandes empreendimentos como as usinas de Santo Antônio e Jirau. Outros 76

projetos que estão em andamento, acrescentarão 26.252 MW ao parque gerador. Somente

nesse primeiro semestre de 2011 entraram em operação comercial mais 2.000 MW de energia

para o país. Apenas a hidrelétrica de Estreito que fica no rio Tocantins, entre os estados de

Maranhão e Tocantins, gera sozinha 1.087 MW, energia suficiente para abastecer 3,5 milhões

de habitantes.

O PNE (2007) foi produzido considerando diferentes cenários econômicos e

energéticos. E em qualquer uma das hipóteses, a expansão das necessidades econômicas não

acompanha a geração de energia prevista para o período, por isso incentivos para que o setor

evolua em conjunto com o crescimento nacional são indispensáveis. Entre as conclusões do

Plano está a recomendação de que seja considerada como opção prioritária a hidrelétrica.

Fazendo com que a capacidade instalada hidrelétrica prevista de 98 GW, em 2015, passe para

um montante de 70 GW adicionais, no período 2015 - 2030, resultando numa capacidade

instalada total no país de 168 GW, em 2030.

Traduzindo para custos, o PNE estima que “o montante de investimentos necessário

para a expansão do setor energético no período 2005-2030 possa ultrapassar US$ 800 bilhões”

(PNE, 2007, p.57), considerando as diferentes fontes. Desses recursos, estarão concentrados

na geração de energia elétrica, US$ 168 bilhões, dos quais US$ 117 bilhões (70%) em usinas

4

hidrelétricas de grande porte, US$ 22 bilhões (13%) em fontes de geração alternativa, US$ 17

bilhões (10%) em termelétricas convencionais e US$ 12 bilhões (7%) em centrais nucleares.

A região sudoeste do Paraná possui vários empreendimentos hidrelétricos e estão

previstos somente para o rio Chopim, mais 10 processos para implantação de Pequenas

Centrais Hidrelétricas - PCHs ou Usinas Hidrelétricas - UHEs. O governador do estado, Beto

Richa, garantiu logo após a eleição que faria um esforço concentrado, por meio das diretorias

e do corpo técnico do Instituto Ambiental do Paraná – IAP, para agilizar as análises

ambientais dos processos de construção de PCHs no estado.

Segundo o Jornal de Beltrão, a região Sudoeste possui um dos maiores potenciais

hidráulicos do estado. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) analisa 58 projetos nas

diversas fases de licenciamento para a região. O relatório foi divulgado em 30 de novembro

de 2010 e mostra as etapas dos estudos de inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas,

estudos de viabilidade e projeto básico de usinas hidrelétricas e pequenas centrais

hidrelétricas. Como por exemplo, o que foi realizado pela Copel para reconhecer o potencial

da bacia hidrográfica do rio Vitorino, que prevê a divisão da queda do rio em seis diferentes

aproveitamentos.

Em meio a esse contexto, o objetivo desse artigo é fazer uma breve reflexão sobre os

Projetos Básicos Ambientais – PBAs para implantação de hidrelétricas, mais especificamente

os Programas de Comunicação. Também explanar, ainda que de forma superficial, sobre a

construção das notícias para entendermos o papel do jornalismo, tanto em assessorias de

imprensa, quanto nos meios de comunicação convencionais.

Averiguamos que a comunicação social é uma exigência relativamente nova na

legislação para esse tipo de empreendimento. O objetivo é informar para que a população

diretamente atingida e as lideranças consigam acompanhar o processo, contribuindo para a

minimização do impacto social que obras desse tipo causam nas comunidades.

Julgamos importante mapear na legislação existente o momento em que a

comunicação aparece como obrigatória no processo de licenciamento ambiental da área, ainda

que na prática sabe-se que as estratégias eram usadas desde a década de 70, principalmente

em caso de grandes construções. Devido à elevada quantidade de normas de cada estado nos

prendemos ao que acontece no Paraná, usando como base as legislações citadas no site do

IAP. Não consideramos o termo genérico publicidade, que é citado ao explicar a

5

obrigatoriedade dos empreendedores de publicarem seus pedidos de licenças e resultados, em

publicações legais de jornais do estado e da região impactada. Não consideramos o termo pois

não se trata de um trabalho intenso com os moradores e de esforços para produção de

informação e sim, apenas a compra de um espaço em jornal.

Antes de nos determos à legislação específica para hidrelétricas, examinamos a lei nº

6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus

fins e mecanismos de formulação e aplicação. Nessa lei a comunicação, como parte do

cumprimento da legislação ambiental, não é citada. Essa lei é importante porque seu Art.14 é

um marco da defesa ambiental, a partir de então a questão é tratada como ação de

responsabilidade civil por danos causados ao meio ambiente.

Na fundamentação legal dos empreendimentos hidrelétricos de geração, transmissão

de energia e subestação a comunicação ainda não aparece na Resolução do Conselho Nacional

do Meio Ambiente - CONAMA 01, de 23 de janeiro de 1986 – que dispõe sobre critérios

básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Resolução

CONAMA 06, de 16 de setembro de 1987 - dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras

do setor de geração de energia elétrica. Lei Estadual 10.233, de 28 de dezembro de 1992 -

Institui a Taxa Ambiental. Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997 -

regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do

Meio Ambiente. Resolução ANEEL 394, de 04 de dezembro de 1998 - estabelece os critérios

para o enquadramento de empreendimentos hidrelétricos na condição de pequenas centrais

hidrelétricas.

A primeira citação referente ao trabalho do comunicador ocorreu somente na

Resolução CONAMA 279, de 27 de junho de 2001. Essa resolução foi criada considerando a

necessidade de estabelecer um procedimento mais simples para o licenciamento ambiental,

com prazo máximo de sessenta dias de tramitação, dos empreendimentos com impacto

ambiental de pequeno porte, necessários ao incremento da oferta de energia elétrica no país. A

resolução está prevista nos termos do art. 8º, § 3o, da Medida Provisória nº 2.152-2, de 1º de

junho de 2001, considerando ainda a crise de energia elétrica e a necessidade de atender a

celeridade estabelecida pela Medida Provisória reeditada nº 2.198, de 28 de julho de 2001.

O Artigo 13 dessa norma diz que as publicações deverão ser feitas em diário oficial e

em jornal de grande circulação ou outro meio de comunicação muito utilizado na região onde

6

se pretende instalar o empreendimento. No parágrafo segundo, acrescenta-se que a divulgação

pode ser feita por meio de rádio, quando determinada pelo órgão ambiental competente ou a

critério do empreendedor e deverá ocorrer por no mínimo três vezes ao dia, durante três dias

consecutivos, em horário das 6 às 20h.

Consideramos essa resolução CONAMA 279 o ponto inicial, porém a comunicação

ainda aparece de forma facultativa, a critério do órgão ambiental. Como colocado no

parágrafo segundo a divulgação por rádio pode ser determinada pelo órgão ambiental

competente, o que até então não ocorria na legislação na área. A obrigatoriedade ou exigência

dos órgãos fiscalizadores se limitavam a publicação legal das licenças emitidas em diários

oficiais. Essa resolução é muito recente, do ano de 2001. Assim como outras normas

ambientais, a comunicação também é uma exigência nova. Com certeza a área foi citada

anteriormente, mas devido à necessidade de recorte baseamos esse estudo no que está

publicado no site do IAP.

Outro documento que está disponível no site do Instituto é o Termo de Referência, que

estabelece os procedimentos básicos para obtenção do Licenciamento Ambiental referente à

implantação de PCHs e UHEs, no âmbito do Paraná, com potência instalada acima de 10

MW. Investigamos de que forma a comunicação aparece no documento.

Quando abordado no Termo de Referência as audiências públicas, conforme

Resolução CONAMA Nº 09/1987, Art. 1º, elas têm por finalidade expor aos interessados o

conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, esclarecendo dúvidas e recolhendo

dos presentes às críticas e sugestões. Sobre essa questão o IAP coloca como obrigatória a

publicidade da audiência pública, sendo uma responsabilidade do empreendedor, “que se

encarregará de sua divulgação prévia através da imprensa local (rádio, TV e jornal), bem

como da comunicação escrita às entidades representativas da sociedade civil” (IAP; 2010,

p.18).

Ao tratar do conteúdo necessário para elaboração do Estudo e o respectivo Relatório

de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) do meio socioeconômico, o IAP ainda exige no

diagnóstico ambiental e prognóstico ambiental temático a caracterização do sistema de

comunicação social (formal e informal). Tanto da área de influência direta (moradores que

deverão ser indenizados e realocados do local), quanto da área diretamente afetada (cidades

envolvidas nas construções).

7

E por fim, a comunicação ainda é citada nesse Termo de Referência ao abordar as

medidas preventivas, mitigadoras ou compensatórias, e programas ambientais que possam

diminuir, compensar e até eliminar os impactos negativos da implementação do

empreendimento, bem como as ações que potencializam os impactos benéficos do projeto. O

órgão esclarece que na

implementação das medidas, em especial aquelas vinculadas ao meio socioeconômico, deverá haver uma participação efetiva da comunidade diretamente afetada, bem como dos parceiros institucionais identificados, buscando-se, desta forma, a inserção regional do empreendimento, o que será possibilitado através dos procedimentos de comunicação social e educação ambiental não formal. (IAP; 2010, p. 41)

Nessa última citação percebe-se a valorização do trabalho de comunicação e sua

importância para a efetiva realização das medidas previstas em lei. Podemos acrescentar que

na prática, o processo ganha em qualidade quando empregadas técnicas de comunicação

direcionadas para públicos específicos, como por exemplo, os moradores atingidos pelas

usinas. Entretanto, é preciso considerar as particularidades antes mesmo de definir qual o

melhor canal de comunicação que deve ser utilizado. Para isso, as empresas sérias de

comunicação têm empregado pesquisas de opinião, a fim de identificar quais veículos são

utilizados pelo público e detalhes que determinam a eficiência do trabalho.

Para ilustrar citamos alguns resultados de uma pesquisa de opinião realizada para as

usinas São João e Cachoeirinha, previstas para serem construídas entre Clevelândia e Honório

Serpa, Paraná. Foi identificado em primeiro lugar que o jeito mais eficaz de informar os

moradores da área rural diretamente atingida é por meio das rádios, pois quase a totalidade

deles acompanha pelo menos uma das emissoras regionais. Uma segunda observação diz

respeito ao nível de escolaridade, foi constatado que a maioria estudou apenas até o quarto

ano do Ensino Fundamental. Esse dado direciona a comunicação que deve acontecer com

linguagem simples e clara e, em caso de panfletos, cartilhas e informativos, os textos precisam

ser curtos e objetivos. Considerando informações como essas, por exemplo, é possível chegar

mais perto do objetivo de informar.

Pesquisas de opinião identificam também a forma que os moradores se posicionam

perante os novos empreendimentos. Entre as opiniões colhidas destacamos a de um morador

da comunidade Paiol Grande de Clevelândia, porque sua fala levanta pontos comuns nas de

8

outros abrangidos. Percebemos que a insegurança é grande pelas citações como “tem coisas

que precisam ser explicadas, porque não tenho certeza do que vai acontecer”. Também

percebemos a necessidade da presença dos representantes da empresa quando o morador

sugere que a comunicação ocorra por meio de reuniões, “diretamente com pessoas da

empresa”.

Essa pesquisa citada acima foi empregada antes de outras ações da empresa e

estratégias de comunicação. É importante acrescentar que a concessão que autorizou os

estudos ambientais para a obra passou por outras duas proprietárias, tornando o processo mais

doloroso para os moradores. Opiniões como a desse morador ajudam a direcionar o trabalho

de comunicação, que vai desenvolver justamente os temas que a população esteja menos

informada, com o objetivo de favorecer a transparência do processo. Um adendo se faz

necessário, é preciso lembrar que as empresas de comunicação são contratadas pelos

empreendedores, por isso diversos confrontos ocorrem para conciliar os interesses das

empresas privadas e a ideal execução da legislação ambiental.

Considerando o contexto nacional e a legislação vigente, acreditamos que é no espaço

acadêmico que processos desse tipo devem ser pensados e aprimorados. Almejamos continuar

os estudos sobre a questão, com o objetivo de investigar os embates encontrados pela área da

comunicação para conciliar os diferentes interesses, considerando a mídia como o lugar de

debate dos diversos poderes e interesses envolvidos nos empreendimentos de grande porte.

Ainda estabelecer critérios para a melhor execução dos Programas Ambientais de

Comunicação Social, contribuindo para a minimização do impacto social que obras desse tipo

causam na área atingida, entre outros anseios que servem de estímulo.

Autores como Kellner (2001) inspiram o trabalho, pois assim como ele acreditamos

que um diagnóstico crítico da cultura da mídia consegue concluir também sobre as inclinações

e tendências da sociedade como um todo. A partir de então, objetivamos construir subsídios

necessários para a reflexão sobre como a legislação ambiental, referente à comunicação social

para a implantação de hidrelétricas, deveria ser cumprida.

Podemos pressupor que as empresas com concessões para instalação de hidrelétricas

possuem vantagens na divulgação na mídia. Primeiro, porque contratam profissionais

exclusivamente para se dedicar a esse trabalho, ao contrário dos movimentos sociais e

moradores atingidos. Segundo, porque no Brasil a concentração de riquezas é grande e os

9

meios de comunicação contribuem para a manutenção do status quo. Os veículos são de

propriedade de grandes empresas e políticos, que noticiam prioritariamente o que acontece do

ponto de vista das classes dominantes.

Genro Filho (1989) elucida que para ser um jornalista comprometido com o status quo

é preciso ter uma boa capacitação técnica e profissional, não há de se exigir menos então de

um jornalismo situado na perspectiva dos interesses dos trabalhadores, movimentos sociais e

populares. A palavra do ‘povo’ vai significar,

muito mais do que oferecer o microfone ou a máquina de escrever aos populares, pois isso já é feito hoje, em certa medida , pelos jornais (cartas à redação), rádios e TVs (entrevistas, pesquisas, etc). Trata-se, fundamentalmente, de criar as mediações e os canais adequados para que os conteúdos sociais (o plural aqui é indispensável) que, antes eram desprezados na comunicação, passem a ter hegemonia no processo. (MATTELART, 1981 apud GENRO FILHO, 1989, p.122, grifo do autor)

Os moradores diretamente atingidos pelas barragens acabam excluídos das coberturas

da mídia já que normalmente não são seu público-alvo, seu leitor e comprador dos produtos

culturais. Quando populares saem nas mídias tradicionais são quase sempre protagonistas de

escândalos, tragédias e crimes. Acabam sendo usados para aumento das vendas e da

audiência. Os excluídos muitas vezes são retratados mais pelo exotismo de uma situação do

que por sua luta no dia-a-dia pela sobrevivência (VIEIRA, 2003).

Entendemos que as notícias são construídas em diversas instâncias. Os fatos são

recortados e construídos considerando questões objetivas e subjetivas. “O material do qual os

fatos são constituídos é objetivo, pois existe independente do sujeito. O conceito de fato,

porém, implica a percepção social dessa objetividade” (GENRO FILHO, 1987, p.187).

Vários autores trabalham a forma com que os acontecimentos são construídos nas

notícias, optamos por priorizar a concepção de Charaudeau (2006). Dessa perspectiva, o

espaço social é dependente para a sua significação de um discurso para tentar torná-lo

inteligível. O acontecimento passa a existir quando é nomeado. A notícia é formada por várias

informações reunidas, sobre um mesmo espaço público, tem origem em uma fonte e pode ser

tratada de diferentes formas. Resumidamente, a notícia é uma forma discursiva que descreve o

que aconteceu, reporta as reações e analisa os fatos. Para o autor, a construção temática da

notícia levanta três perguntas: “Quais são os princípios de seleção dos fatos? Quais são os

10

modos de recorte midiático do espaço social? Como são identificadas as fontes?”

(CHARAUDEAU, 2006, p.132).

Nesse trabalho vamos nos deter aos modos de recorte midiático. Para isso dois pontos,

que dependem um do outro, precisam ser considerados: primeiramente, a estruturação do

espaço e, depois, as operações de distribuição em rubricas e de repartição temática.

A mídia é obrigada a gerenciar as informações que irá divulgar. A estruturação do

espaço vai depender da instância midiática, a qual é obrigada a construir separações para os

acontecimentos que informa. O fato de dividir os conteúdos em editorias interage com a

sociedade, criando um recorte do mundo social, os leitores se acostumam a separar o mundo

de forma parecida com que a mídia recorta.

Ainda sobre a questão do espaço, o autor reflete sobre os atores sociais, dos domínios

acima trabalhados. É preciso que eles sejam considerados dignos pelas mídias, para assim se

tornarem visíveis. Critérios são empregados para isso, com base na credibilidade e na

captação. O critério de notoriedade considera atores em foco e possuidores de

responsabilidades coletivas, o que explica a dificuldade de acessar grupos minoritários. O

critério de representatividade, pelos mesmos motivos do critério anteriormente citado, mas

ligado à política, aos grupos ou às pessoas detentoras de poder. O critério de expressão,

justificado pela captação, falas seguras as quais fazem uso da clareza e da simplicidade, são as

mais procuradas. Critério de polêmica, também é justificado pela captação, a mídia tem

necessidade de organizar confrontos entre pessoas que saibam polemizar.

A temática de implantação de hidrelétricas se encaixa muito bem no critério de

polêmica. Pois trata do conflito da natureza versus o homem. Envolve a necessidade de

indenização e mudança de agricultores, que muitas vezes ainda que contrários, são obrigados

via Decreto de Utilidade Pública a vender suas terras. Necessidade de desmatamento da área

que será inundada para a formação do reservatório e consequentes impactos ambientais. Entre

outros fatos que tornam a instalação de uma hidrelétrica um “prato cheio” de notícias.

Já as operações de distribuição em rubricas pertencem somente aos veículos de

comunicação e são responsáveis por recompor o espaço social em editorias. Essas divisões

revelam a maneira pela qual cada veículo constrói seu espaço público.

Ainda concordamos com o autor quando ele afirma que essas repartições podem

causar problemas para o trabalho, principalmente nos fatos em que uma cobertura mais

11

complexa seja necessária. Porém, essas divisões são importantes para a rotina de produção

jornalística e conseguem mostrar de que forma o jornal constrói seu espaço público.

“Revelam como cada organismo de informação trata os temas, os subtemas e os atores que

integram uma mesma notícia” (CHARAUDEAU, 2006, p.147), através de análise dessas

divisões é possível perceber a cobertura temática de determinados acontecimentos.

Para exemplificar, realizamos uma busca no site do jornal Zero Hora. Ao digitarmos a

palavra ‘hidrelétricas’ na busca, apareceram as cem últimas notícias publicadas com essa

palavra no ano de 2008 até atualmente. Das vinte últimas notícias publicadas 8 estão na

editoria de Energia; 5 Economia; 3 Geral; 2 Política; 1 Eleições e 1 Clima. São nessas

editorias que normalmente assuntos relacionados à implantação de usinas são publicados.

Podemos concluir que, com exceção da editoria Geral, todas as outras que são maioria

acabam restringindo a cobertura jornalística. Em uma editoria de economia, por exemplo, não

cabe abordar impactos sociais e ambientais em uma matéria, e sim, assuntos que levam em

conta investimentos em áreas estratégicas como segurança e saúde, empregos gerados com as

construções, impostos revertidos aos municípios atingidos, compensações financeiras etc.

O fato de não se falar sobre determinado assunto no jornal também pode ser uma

forma de enquadrar, manter certas áreas estratégicas em silêncio pode ser um jeito de

reproduzir a situação, o consenso existente na sociedade. Essas formas estruturadas de

apresentar os fatos são tão comuns, tão naturais, que dificilmente são visíveis. Para perceber

essas formas, Hall (1999) propõe perguntas como - O que mais pode ser dito sobre o tema,

que não tenha sido dito? Que questões não aparecem? Porque é que certas questões nunca

aparecem?

Gutmann (2006) reflete sobre os efeitos da mídia. Para a autora, a partir dos anos 80,

volta-se a pensar nos efeitos fortes da comunicação, porém, diferente da teoria hipodérmica, a

recepção é vista como parte da produção de sentidos. Essa quarta etapa e atual ficou

conhecida como “construtivismo social”. Descobriu-se que os efeitos da comunicação são

cumulativos e de longo prazo e a audiência é ativa no processo de comunicação. As pesquisas

sobre agenda-setting e framing estão nessa fase e investigam a construção de quadros

referenciais sobre determinados assuntos.

Gutmann trabalha o conceito de framing ou enquadramento como “ângulos de

abordagem dados aos assuntos pautados pelos meios de comunicação” (GUTMANN, 2006,

12

p.30). São molduras construídas para determinados temas que são consideradas efeitos das

mídias. O frame é o quadro do acontecimento, que pode se referir tanto aos enfoques dados

pelos veículos para um assunto, como ao modo como o público vai usar esses

enquadramentos veiculados pelos meios. E são através das escolhas e dos destaques, dados

para algumas informações (com exclusão de outras), que o enquadramento molda a opinião

do público.

A fim de exemplificar essa teoria do jornalismo na prática, escolhemos uma matéria

publicada em 28/11/2008, do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, disponível também no site do

veículo. A reportagem intitulada “Crescem ou não crescem? Empreendedores dizem que as

usinas hidrelétricas trazem desenvolvimento, mas os ambientalistas reclamam” é um bom

exemplo pois apresenta diferentes lados do assunto, com o objetivo de estimular a reflexão.

Na metodologia de análise de enquadramentos o ideal seria usarmos inúmeros exemplos, para

a partir das repetições conseguirmos determinar os enquadramentos mais recorrentes

realizados pelos jornais. É justamente esse modo de ver frequente do jornalismo que

influencia a opinião do público.

A título de ilustração, na matéria da Gazeta do Povo, a grande moldura apresentada

pelo texto é que a questão do desenvolvimento econômico dos municípios não pode ser

atrelada diretamente a existência de uma usina hidrelétrica. “Comparando os valores

recebidos e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios é impossível afirmar

que o benefício financeiro traz mais riqueza. Nem o contrário” (FAVRETTO, 2008).

Outros quadros que são reforçados: as empresas produtoras de energia elétrica dizem

trazer o desenvolvimento, pela geração de empregos durante a construção e a compensação

financeira paga aos municípios. E por outro lado, a moldura dada para a questão do impacto

social é que uma usina hidrelétrica traz benefícios, mas também prejuízos. Esse

enquadramento dos prejuízos acontece por meio de um personagem que foi atingido pela

barragem e que está satisfeito com a nova terra que recebeu para morar e produzir, entretanto

teve a diminuição do movimento na sua balsa que faz a travessia do rio.

Os prejuízos ainda são explicados pela fala de um biólogo ao dizer que sobram poucos

postos de trabalho para os operários locais, porque as usinas são construídas pelos barrageiros,

funcionários que viajam o país e trabalham somente com esse tipo de obra. Não cabe aqui nos

aprofundarmos sobre o que é ou não verdade de fato, entretanto consegue-se ter uma idéia de

13

como a questão é enquadrada em um jornal. Esse é um exemplo raro em que o jornal

consegue abordar o tema de modo complexo. Entretanto esse texto integrou uma expedição ao

rio Iguaçu, sendo considerada uma reportagem especial, que contou até com a presença de um

profissional experiente na área. O que não acontece no dia-a-dia de um jornal diário, que

dificilmente consegue se aprofundar nas temáticas.

Sobre o modo de representar e enquadrar moradores atingidos por hidrelétricas, uma

conclusão é que o uso da dramatização parece não contribuir em nada para a solução do

problema, por isso o cuidado com os termos usados e principalmente as imagens escolhidas,

para evitar publicações degradantes. “Prestar atenção nos efeitos de sentido e valores que

estão sendo produzidos (de fortalecimento ou de humilhação em relação às pessoas) a partir

de determinada palavra” (VIVARTA, 2003, p.141) é importante para que um jornalismo

responsável seja exercido.

Muitos estudos comprovam que a mídia influencia a dinâmica social, principalmente

“nos processos de identificação e de projeção, de pertença social e de legitimação política”

(PONTE, 2004, p.12). Por isso, a crítica torna-se necessária, porque as construções

jornalísticas também influenciam o modo que nos enxergamos como sociedade. O jornalista é

um ator social, por isso precisa ter em mente o quanto o seu trabalho, quando bem realizado,

pode contribuir para alargar o conhecimento do seu leitor.

Finalizamos essa breve reflexão sobre a temática com uma citação de Stuart Hall. O

autor afirma que a representação social vai atuar simbolicamente para classificar o mundo e

nossas relações dentro dele, os significados culturais “organizam e regulam as práticas

sociais, influenciam nossas condutas e consequentemente têm efeitos reais, práticos” (HALL,

1997, p.3), por isso a importância de pesquisas na área.

Referências bibliográficas ANEEL. RESOLUÇÃO 394, DE 04 DE DEZEMBRO DE 1998. Estabelece os critérios para o enquadramento de empreendimentos hidrelétricos na condição de pequenas centrais hidrelétricas. Disponível em: http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao_ambiental/Legislacao_federal/RESOLUCAO_ANEEL_394_1998.pdf>. Acesso em 16/04/11. BRASIL. Lei nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em 23/04/11.

14

BRASIL. Ministério de Minas e Energia e Empresa de Pesquisa Energética. Plano Nacional de Energia 2030. Brasília: MME e EPE, 2007. BRASIL. Programa de Aceleração do Crescimento. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/pac/relatorios/2011-nacionais/eixo-energia>. Acesso em 14/08/11. BRASIL. Programa de Aceleração do Crescimento. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/pac/pac-2/pac-2-relatorio-5>. Acesso em 14/08/11. CASA CIVIL DO PARANÁ. LEI ESTADUAL 10.233, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1992. Institui a Taxa Ambiental e adota outras providências. Disponível em: < http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&codAto=3614&indice=1&anoSpan=2000&anoSelecionado=1992&isPaginado=true CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006. CONAMA. RESOLUÇÃO 01, DE 23 DE JANEIRO DE 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=23>. Acesso em 13/04/11. CONAMA. RESOLUÇÃO 06, DE 16 DE SETEMBRO DE 1987. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras do setor de geração de energia elétrica. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=57>. Acesso em 13/04/11. CONAMA. RESOLUÇÃO 237, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1997. Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=237>. Acesso em 16/04/11. CONAMA. RESOLUÇÃO 279, de 27 de junho de 2001. Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental simplifi cado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=277>. Acesso em 17/04/11. FAVRETTO, Viviane. Crescem ou não crescem? Empreendedores dizem que as usinas hidrelétricas trazem desenvolvimento, mas os ambientalistas reclamam. Gazeta do Povo. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=832499&tit=Crescem-ou-nao-crescem>. Acesso em 11/05/2011. GENRO FILHO, Adelmo. O Segredo da Pirâmide: Para uma teoria marxista do jornalismo. Porto Alegre: Ortiz, 1989. GUTMANN, Juliana Freire. Quadros narrativos pautados pela mídia: framing como segundo nível do agenda-setting? Revista de Comunicação e Cultura. Contemporânea, 2006. HALL, Stuart; CHRITCHER, Chas; JEFFERSON, Tony; CLARKE, John e ROBERTS, Brian. A produção social das notícias: O mugging nos media. In: TRAQUINA, Nelson (org). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa: Vega, 1999.

15

HALL, Stuart. The work of representation. In: HALL, Stuart (org.). Representation: cultural representations and signifying practices. Londres: Sage/The Open University, 1997. INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=985>. Acesso em 08/05/2011. __________. Termo de referência para licenciamento ambiental. Disponível em: <http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Legislacao_ambiental/Legislacao_estadual/RESOLUCOES/17_NOV_2010_TR_PCH_e_UHE_acima_10MW.pdf> >. Acesso em 11/04/2011. KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. São Paulo: EDUSC, 2001. MATIELLO, Catiane. Narrativas tecnológicas, desenraizamento e cultura de resistência: história oral de vida de famílias desapropriadas pela construção da usina Hidrelétrica de Itaipu. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2011. PONTE, Cristina. Leituras das notícias. Contributos para uma análise do discurso jornalístico. Lisboa: Livros Horizonte, 2004. Relatório da Aneel confirma mais de 50 projetos hidroenergéticos na região. Jornal de Beltrão. Disponível em: <http://www.jornaldebeltrao.com.br/pop-up/imprimir_noticia.asp?id=60132>. Acesso em 30/03/2011. VIEIRA, Margarete. Estudos de Jornalismo e Relações Públicas. Jornalismo social: a voz aos excluídos. São Bernardo do Campo: UNESP, 2003.

VIVARTA, Veet (coord.). Que país é este? Pobreza, desigualdade e desenvolvimento humano e social no foco da imprensa brasileira. São Paulo: Cortez, 2003.