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Lucas Túlio de Lacerda RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E CONCENTRAÇÃO DE LACTATO SANGUÍNEO A PROTOCOLOS DE TREINAMENTO DE FORÇA EQUIPARADOS PELO TEMPO SOB TENSÃO Belo Horizonte Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional 2015

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Lucas Túlio de Lacerda

RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E CONCENTRAÇÃO DE

LACTATO SANGUÍNEO A PROTOCOLOS DE TREINAMENTO DE FORÇA

EQUIPARADOS PELO TEMPO SOB TENSÃO

Belo Horizonte

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

2015

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Lucas Túlio de Lacerda

RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E CONCENTRAÇÃO DE

LACTATO SANGUÍNEO A PROTOCOLOS DE TREINAMENTO DE FORÇA

EQUIPARADOS PELO TEMPO SOB TENSÃO

Belo Horizonte

Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

2015

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Escola

de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da

Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências do

Esporte.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Heleno Chagas

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Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e

concentração de lactato sanguíneo a protocolos de treinamento de força

equiparados pelo tempo sob tensão”, de autoria de Lucas Túlio de Lacerda,

defendida em 06 de março de 2015, na Escola de Educação Física, Fisioterapia e

Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais e submetida à banca

examinadora composta pelos professores:

Prof. Dr. Mauro Heleno Chagas – Orientador

Departamento de Esportes

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Universidade Federal de Minas Gerais

Prof. Dr. Ronei Silveira Pinto

Departamento de Educação Física

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Prof. Dr. Fernando Vitor Lima

Departamento de Esportes

Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte, 06 de março de 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL

MESTRADO EM CIÊNCIAS DO ESPORTE

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Sueli e Osvaldo, pelo amor, incentivo, compreensão e dedicação em

todos os momentos com objetivo de auxiliar minha formação acadêmica. Agradeço

por me ensinarem todos os princípios de honestidade, humildade e amor.

À minha namorada, Michelle, pelo amor, carinho, incentivo, dedicação e

principalmente paciência nesse tempo que estamos juntos.

Ao meu irmão, Rodrigo e sua esposa, Estela, pela paciência, companhia, apoio e

pela compreensão em vários momentos difíceis dessa caminhada. Apesar da minha

ausência física, me deram a oportunidade de ter duas sobrinhas lindas.

Ao meu orientador, Mauro Heleno Chagas, que foi fundamental para que eu

pudesse realizar esse sonho, pois soube entender minhas inúmeras limitações, e

tornou-se um exemplo profissional e humano a ser seguido.

Aos meus amigos do LAMUSC, Frank (Boi), Rodrigo (Cachaça), Hugo, Sara,

Christian e Gisele, que foram essenciais para que esse trabalho ocorresse.

Ao professor Fernando Vitor Lima, pelas contribuições e por acreditar no meu

trabalho desde quando iniciei minha participação no LAMUSC durante a

Especialização em Musculação em 2010.

Ao professor André Gustavo Pereira de Andrade, pela disponibilidade e fundamental

ajuda nas análises dos dados do presente estudo.

Aos demais amigos e familiares que me deram apoio.

O presente estudo recebeu apoio da FAPEMIG e CAPES.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivos verificar o impacto de protocolos de

treinamento de força equiparados pelo tempo sob tensão (TST) com diferentes

configurações da duração da repetição e número de repetições na ativação

muscular e concentração sanguínea de lactato. Vinte dois voluntários do sexo

masculino treinados em musculação realizaram dois protocolos de treinamento de

força (A e B) no exercício supino guiado, ambos com 3 séries, pausa de 3min, a

60% de uma repetição máxima (1RM). O Protocolo A consistia de 6 repetições com

uma duração da repetição de 6s, enquanto o Protocolo B os voluntários deveriam

realizar 12 repetições com a duração da repetição de 3s. Foi registrada a ativação

muscular dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial durante a

realização de dois protocolos de treinamento de força, e a root mean square da da

amplitude do sinal eletromiográfico normalizada (EMGRMS normalizada) foi calculada

para cada série. A concentração sanguínea de lactato foi mensurada durante e até

12 minutos após a realização do protocolo. Os resultados mostraram que a ativação

muscular de todos músculos analisados foi maior durante o Protocolo B, comparado

com o Protocolo A. A concentração de lactato sanguíneo também foi maior no

Protocolo B tanto durante, quanto após a realização da sessão de treinamento. Os

dados obtidos no presente estudo mostram que protocolos de treinamento

realizados com o mesmo TST, porém com configurações distintas, produzem

respostas neuromusculares e metabólicas diferentes. Assim, a realização de um

maior número de repetições e uma menor duração da repetição pode ser uma

estratégia mais apropriada para aumentar a ativação muscular e a concentração

sanguínea de lactato.

Palavras-chave: Tempo sob tensão. Eletromiografia. Concentração sanguínea de

lactato. Número de repetições. Duração da repetição.

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ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the impact of resistance training protocols

equalized by the time under tension (TUT), but composed of different repetition

durations and number of repetitions, in muscle activation and blood lactate

concentration. Twenty-two with previous experience in resistance training performed

two resistance training protocols (A and B) in the Smith machine bench press

exercise, both with 3 sets, 3 minutes rest, and 60% of one repetition maximum

(1RM). The Protocol A consisted of 6 repetitions with 6s repetition duration for each

repetition, while in the Protocol B the subjects performed 12 repetitions with 3s

repetition duration for each repetition. The muscular activation was measured in the

anterior deltoid, pectoralis major, and triceps brachii muscles while performing the

two resistance training protocols. The normalized root mean square of the

electromyographic signal amplitude (EMGRMS) was calculated for each set. The blood

lactate concentration was measured during and up to 12 minutes after the completion

of the protocol. The results showed that the EMGRMS of all muscles increased during

the sets and was higher in Protocol B when compared to the Protocol A. Likewise,

the blood lactate concentration also increased throughout the sets and was higher in

Protocol B both during and after the completion of the training session. The data

obtained in this study show that training protocols conducted with the same TUT, but

with different configurations, produce distinct neuromuscular and metabolic

responses. Thus, performing a higher number of repetitions with shorter repetition

durations might be a more appropriate strategy to increase muscle activation and

blood lactate concentration.

Keywords: Time under tension. Electromyography. Blood lactate. Number of

repetition. Repetition duration.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Desenho experimental..................................................................... 17

FIGURA 2 Equipamento de musculação utilizado no estudo............................ 20

FIGURA 3 Posicionamento do eletrogoniômetro............................................... 25

FIGURA 4

Posicionamento dos eletrodos de superfície.................................... 28

GRÁFICO 1 Duração média das ações musculares concêntricas e excêntricas nos protocolos A e B........................................................................

33

GRÁFICO 2 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do deltoide anterior em cada protocolo de treinamento.......................................................................................

38

GRÁFICO 3 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do deltoide anterior em cada protocolo de treinamento...................

39

GRÁFICO 4 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do peitoral maior em cada protocolo de treinamento.......................................................................................

40

GRÁFICO 5 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do peitoral maior em cada protocolo de treinamento.......................

41

GRÁFICO 6 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do tríceps braquial em cada protocolo de treinamento.......................................................................................

42

GRÁFICO 7 Média da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do tríceps braquial em cada protocolo de treinamento....................

43

GRÁFICO 8 Concentração de lactato sanguíneo em repouso, após cada série e 3, 6, 9 e 12 minutos após realização dos protocolos A e B..........

44

QUADRO 1 Protocolos utilizados no estudo........................................................ 17

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LISTA DE TABELAS

1 Dados médios e desvio padrão da EMGRMS das ações musculares

concêntricas dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial,

valores de CCI e EPM.......................................................................................

29

2 Dados médios e desvio padrão da EMGRMS das ações musculares

excêntricas dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial,

valores de CCI e EPM.......................................................................................

30

3 Caracterização da amostra................................................................................ 37

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1RM - 1 repetição máxima

ANOVA - Análise de variância

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCI - Coeficiente de correlação intraclasse

CIVM - Contração isométrica voluntária máxima

DASYLAB - Dasytech Laboratories

EEFFTO - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional

EMGRMS - Root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico

EPM - Erro padrão da medida

FAPEMIG - Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais

LAMUSC - Laboratório do Treinamento na Musculação

RMS - Root mean square

SENIAM - Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

TST - Tempo sob tensão

UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11

1.1 OBJETIVO............................................................................................... 14

2 HIPÓTESES............................................................................................. 15

3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 16

3.1 Delineamento experimental, Procedimentos e Coleta de dados............. 16

3.2 Cálculo amostral...................................................................................... 17

3.3 Cuidados éticos e amostra....................................................................... 18

3.4 Instrumentos............................................................................................ 19

3.5 Procedimento e Coleta de dados............................................................. 21

3.5.1 Sessões de coleta 1 e 2: Padronizações do equipamento , Testes de 1 RM e familiarização ao uso do metrônomo.............................................

21

3.5.1.1 Padronização da posição para realização do exercício........................... 22

3.5.1.2 Teste de 1 RM.......................................................................................... 22

3.5.1.3 Familiarização ao controle da duração das ações musculares............... 24

3.5.2 Sessões de coleta 3 e 4: Teste de normalização e protocolos de

treinamento..............................................................................................

25

3.5.2.1 Posicionamentos dos eletrodos para captação do sinal

eletromiográfico........................................................................................

26

3.5.2.2 Teste de normalização............................................................................. 28

3.5.2.3 Protocolos de treinamento....................................................................... 30

3.6 Variáveis mensuradas.............................................................................. 31

3.6.1 Duração da repetição............................................................................... 32

3.6.2 Amplitude de movimento.......................................................................... 33

3.6.3 Amplitude do sinal eletromiográfico normalizada..................................... 34

3.6.4 Concentração de lactato sanguíneo........................................................ 34

3.7 Análise estatística.................................................................................... 35

4 RESULTADOS........................................................................................ 37

5 DISCUSSÃO............................................................................................ 45

5.1 Influência dos protocolos de treinamento na amplitude do sinal eletromiográfico........................................................................................

45

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5.2 Influência dos protocolos de treinamento na concentração de lactato

sanguíneo................................................................................................

52

5.3 Limitações do estudo............................................................................... 54

6 CONCLUSÃO.......................................................................................... 56

REFERÊNCIAS....................................................................................... 57

APÊNDICE 1............................................................................................ 64

ANEXO 1................................................................................................. 66

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1 INTRODUÇÃO

Estudos têm demonstrado que o tempo sob tensão (TST) é capaz interferir

nas respostas neurofisiológicas, hormonais e metabólicas (BURD et al., 2012; GOTO

et al., 2008; TANIMOTO; ISHII, 2006), bem como no aumento da força e hipertrofia

muscular provocadas pelo treinamento de força (TANIMOTO; ISHII, 2006;

WATANABE et al., 2013). No treinamento de força na musculação, o TST pode ser

alterado pela manipulação de diferentes variáveis do treinamento. É possível, por

exemplo, executar diferentes protocolos de treinamento de força com um mesmo

TST, alterando variáveis como a duração da repetição (tempo gasto para realização

de uma ação muscular concêntrica e excêntrica) e número de repetições ao longo

de uma série (TRAN; DOCHERTY; BEHM, 2006; TRAN; DOCHERTY, 2006).

Considerando que tais variáveis são frequentemente manipuladas nos protocolos de

treinamento de força (ACSM, 2009), seria então relevante entender o efeito da

realização de protocolos de treinamento de força com mesmo TST, porém

estruturados com diferentes durações da repetição e número de repetições.

O comportamento neuromuscular em protocolos de treinamento de força tem

sido frequentemente avaliado pelo registro da sua atividade eletromiográfica (BURD

et al., 2012; FAHS et al., 2014; SCHOENFELD et al., 2014; TANIMOTO; ISHII, 2006;

TRAN; DOCHERTY, 2006). No melhor do nosso conhecimento, apenas o estudo de

Tran e Docherty (2006) procurou analisar respostas da atividade eletromiográfica

proporcionadas por diferentes protocolos de treinamento de força equiparados pelo

mesmo TST. Em um dos protocolos estudados por esses autores, os voluntários

executaram 3 séries de 10 repetições com duração da repetição de 7s, enquanto

que, na outra situação experimental foram realizadas 3 séries de 5 repetições a 14s,

totalizando um TST de 210s em ambas as condições. Foram avaliadas, antes e

após as sessões de treinamento, contrações isométricas voluntárias máximas

(CIVM), registrando-se nesta tarefa, tanto a força máxima quanto a ativação

muscular por meio da amplitude do sinal eletromiográfico. Foi demonstrado que, o

protocolo com menor duração da repetição e maior número de repetições (7s e 10

repetições) promoveu uma maior redução no pico de força após a sessão de

treinamento, apesar de ter ocorrido uma redução da ativação muscular semelhante

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em ambas as situações experimentais. A resposta similar da atividade

eletromiográfica entre os protocolos, apesar de uma diferença na redução da força

muscular, pode estar relacionada com a especificidade do teste de CIVM. Enquanto

na realização dos protocolos estavam sendo realizadas ações musculares

dinâmicas, no teste de força foi executada contração isométrica máxima. Além disso,

o registro da atividade eletromiográfica no estudo de Tran e Docherty (2006) foi feito

apenas antes e após cada situação experimental, a fim de fornecer informações

sobre possíveis mecanismos de fadiga. Entretanto, além de fornecer dados

adicionais sobre a resposta da fadiga neuromuscular aguda proporcionada por

diferentes protocolos de treinamento de força (WALKER et al., 2012), o registro da

atividade eletromiográfica durante a sessão de treinamento tem auxiliado no

entendimento sobre a ativação muscular obtida durante o exercício, fornecendo

inclusive subsídios para a compreensão dos seus possíveis efeitos crônicos (FAHS

et al., 2014; SCHOENFELD, 2013; SCHOENFELD et al., 2014; TANIMOTO; ISHII,

2006). Nesse sentido, estudos futuros deveriam também investigar as respostas da

atividade eletromiográfica durante a execução de protocolos equiparados pelo TST.

Outro aspecto que pode ser ressaltado é que Tran e Docherty (2006)

investigaram protocolos equiparados com durações da repetição de 7s e 14s.

Durações da repetição menores que 7s são recomendadas para o treinamento de

força enfatizando a hipertrofia muscular (ACSM, 2009; BIRD; TARPENNING;

MARINO, 2005; WERNBOM; AUGUSTSSON; THOMEÉ, 2007) e são comumente

utilizadas por praticantes (HEADLEY et al., 2011; KEELER et al., 2001). Desta

forma, informações sobre o efeito de protocolos equiparados pelo TST, envolvendo

menores durações da repetição (<7s) representa também uma lacuna no contexto

do treinamento de força. Estudos prévios mostraram que maiores picos de força

muscular são esperados em protocolos com menor duração da repetição (BENTLEY

et al., 2010; SAMPSON; DONOHOE; GROELLER, 2014). Considerando que a

produção de força muscular está associada com o nível de ativação muscular

(McBRIDE; CORMIE; DEANE, 2006), é possível que protocolos com menores

durações da repetição influenciem também de maneira distinta a resposta da

ativação muscular em comparação com protocolos com maiores durações da

repetição.

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13

Pesquisas, que também manipularam a duração da repetição e o número de

repetições, demonstraram que a alteração destas variáveis interfere em outras

respostas fisiológicas, como a concentração de lactato sanguíneo (MAZZETTI et al.,

2007; ROGATZKI et al., 2014; TANIMOTO et al., 2006; WATANABE et al., 2014).

Foi demonstrado que o aumento da duração da repetição, sem alteração no número

de repetições, poderia aumentar a resposta metabólica proporcionada pelo

treinamento de força (MAZZETTI et al., 2007; WATANABE et al., 2013).

Adicionalmente, foi relatado que o número de repetições por série é importante para

determinar o estresse metabólico (ROGATZKI et al., 2014). Entretanto, quando

foram analisados protocolos de treinamento de força em que ocorreu

simultaneamente a manipulação da duração da repetição e número de repetições,

não foram verificadas diferenças na concentração de lactato sanguíneo (BUITRAGO

et al., 2012). Deve-se salientar que, nos desenhos experimentais adotados nos

estudos acima mencionados, que manipularam a duração da repetição e/ou o

número de repetições, o TST não foi equiparado, fator que possivelmente poderia

interferir nos resultados da concentração de lactato sanguíneo (BUITRAGO et al.,

2012; MAZZETTI et al. 2007). Desta forma, permanece em aberto o entendimento

da resposta metabólica provocada por diferentes configurações de protocolos de

treinamento de força que sejam executados em um mesmo TST. Contudo, os dados

do estudo de Tran e Docherty (2006) demonstraram que, o protocolo com menor

duração da repetição e maior número de repetições (7s e 10 repetições) promoveu

maior redução no pico de força após a sessão de treinamento, indicando maior

exigência fisiológica. Considerando os estudos prévios que mostraram maiores picos

de força muscular em protocolos com menor duração da repetição (BENTLEY et al.,

2010; SAMPSON; DONOHOE; GROELLER, 2014) e que protocolos com maiores

velocidades de movimento (menores durações da repetição) provocam um aumento

no tempo de exercício e trabalho mecânico total (BUITRAGO et al., 2012), é possível

que protocolos com menores durações da repetição provoquem alterações distintas

na resposta fisiológica em comparação com protocolos com maiores durações da

repetição.

Desta forma, baseado no anteriormente exposto, dados sobre o efeito de

protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST nas respostas metabólica

e eletromiográfica ainda são escassos. Considerando que essas informações podem

Page 15: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

14

otimizar a prescrição de protocolos de treinamento de força, a realização de

pesquisas, que objetivem investigar tais aspectos, podem fornecer evidências para

uma manipulação das variáveis duração da repetição e número de repetições,

dentro de um mesmo TST. Além disso, um melhor entendimento do impacto da

manipulação de variáveis mantendo um mesmo TST em um protocolo de

treinamento de força irá permitir que treinadores explorem outras possibilidades de

prescrição do treinamento. Sendo assim, o presente estudo tem o objetivo de

investigar o efeito de diferentes configurações da carga de treinamento, equiparadas

pelo TST, sobre a ativação muscular e concentração de lactato sanguíneo.

1.1 Objetivos

O presente estudo tem dois objetivos:

- Comparar a amplitude do sinal eletromiográfico entre séries e entre

protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST, porém com diferentes

durações da repetição e número de repetições.

- Comparar a concentração de lactato sanguíneo entre diferentes situações e

entre protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST, porém com

diferentes durações da repetição e número de repetições.

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15

2 HIPÓTESES

H1 – A amplitude do sinal eletromiográfico aumentará significantemente no decorrer

das séries.

H2 – A amplitude do sinal eletromiográfico será significantemente maior no protocolo

de treinamento com menor duração da repetição e maior número de repetições.

H3 – A concentração de lactato sanguíneo aumentará significantemente no decorrer

das séries.

H4 – A concentração de lactato sanguíneo será significantemente maior no protocolo

de treinamento com menor duração da repetição e maior número de repetições.

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16

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Delineamento experimental, Procedimentos e Coleta de dados

No presente estudo foi utilizado um delineamento experimental de medidas

repetidas (PORTNEY; WATKINS, 2008). Todas as coletas ocorreram no Laboratório

do Treinamento na Musculação (LAMUSC), sendo que cada voluntário compareceu

em 4 dias diferentes (sessões de 1 a 4), separados por um período de 48 ou 72

horas. As coletas foram realizadas no mesmo horário para um determinado

voluntário, esse procedimento teve como objetivo padronizar as influências do ritmo

circadiano no desempenho de força, de forma que permanecesse constante durante

as sessões de coleta (DRUST et al., 2005). Os voluntários foram orientados a seguir

sua rotina normal de treinamento, entretanto esta foi adaptada pelos responsáveis

pela coleta para não permitir que os mesmos realizassem exercícios com as

musculaturas dos membros superiores 24 horas antes de qualquer sessão de coleta.

Nas sessões 1 e 2, foram realizados testes de uma repetição máxima (1RM)

para o exercício supino guiado e familiarização ao controle da duração das ações

musculares. Nas sessões 3 e 4 foram executados testes para posterior normalização

dos dados eletromiográficos (testes de normalização). Adicionalmente, foram

realizados os protocolos de treinamento no supino guiado e o registro da atividade

eletromiográfica dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial,

assim como, as amostras de sangue para verificar a concentração de lactato

sanguíneo. A FIG. 1 apresenta de forma geral o delineamento experimental do

estudo e o QUADRO 1 a configuração dos protocolos de treinamento.

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17

Delineamento experimental do estudo e configuração dos protocolos de treinamento

FIGURA 1 - Desenho experimental.

Quadro 1

Protocolos de treinamento utilizados no estudo.

PROTOCOLOS SÉRIES REPETIÇÕES INTENSIDADE DURAÇÃO* PAUSA

A 3 6 60% 1RM 3:3 3 min

B 3 12 60% 1RM 1,5:1,5 3 min

* Ação muscular concêntrica:excêntrica, respectivamente, em segundos.

3.2 Cálculo Amostral

se

se

ss

2° 3° 4° (sessões)

Teste 1RM

Familiarização ao

controle da duração

(Protocolo A ou B)

Teste 1RM

Familiarização ao

controle da duração

(A ou B)

Teste de normalização

Protocolo de

treinamento

(A ou B)

Coletas de sangue

Teste de normalização

Mínimo 48h Mínimo 48h Mínimo 48h

Aleatório e balanceado Aleatório e balanceado

Protocolo de

treinamento

(A ou B)

Coletas de sangue

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18

O cálculo amostral foi realizado através do software GPower (versão 3.1.7).

Neste estudo, foi utilizado o delineamento de medidas repetidas (ANOVA Repeated

measures, within interaction), um erro alfa de 0,05, um poder de 0,8, uma correlação

entre as medidas repetidas de 0,73 e uma correção de não esfericidade de 1,

considerando os 2 grupos experimentais e as 3 medidas (3 séries). Para a variável

tamanho do efeito foi utilizado um valor de 0,25, obtido através da fórmula para

comparação par a par apresentada por Beck (2013), nos dados das 3 séries da

atividade EMG do músculo tríceps braquial (que foi a variável que apresentou maior

CV, aproximadamente 40%) dos voluntários de um estudo piloto. Através destas

informações o software determinou um tamanho da amostra de 16 indivíduos.

3.3 Cuidados Éticos e Amostra

Este estudo respeitou as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional da

Saúde (Resolução 196/96) envolvendo pesquisas com seres humanos e foi

aprovado pelo Colegiado de Pós-Graduação da Escola de Educação Física,

Fisioterapia e Terapia Ocupacional e do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal de Minas Gerais (CAAE 23032213.1.0000.5149; ANEXO 1).

Inicialmente, os voluntários receberam informações sobre os objetivos e os

procedimentos adotados durante a realização da pesquisa. Também foram

informados sobre os possíveis riscos e benefícios relacionados à sua participação

nos experimentos realizados. Todos os voluntários assinaram um Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido após as explicações, estando todos cientes de

que a qualquer momento poderiam deixar de participar do estudo sem precisar se

justificar aos pesquisadores (APÊNDICE 1). Os dados coletados durante a

realização deste estudo serão utilizados apenas para fins de pesquisa. Estas

precauções foram adotadas com o intuito de preservar a privacidade e o bem-estar

dos voluntários.

A amostra foi de conveniência e composta por 28 voluntários do sexo

masculino com idade entre 18 e 30 anos, estudantes da Escola de Educação Física,

Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da Universidade Federal de Minas

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19

Gerais (UFMG), praticantes de musculação dos projetos de extensão desta

instituição, além de profissionais de Educação Física. O primeiro contato feito por

meio de cartazes ou pessoalmente.

Os critérios de inclusão da amostra foram:

praticantes de musculação há pelo menos seis meses, ininterruptamente;

levantar, no teste de 1RM, um peso maior que a sua própria massa corporal

(KEOGH et al., 1999; MARTINS-COSTA et al., 2012; DINIZ et al., 2014);

não possuir histórico de lesões musculotendíneas nas articulações do ombro,

cotovelo e punho.

Os critérios para exclusão da amostra foram:

livre e espontânea vontade do voluntário;

não ter comparecido aos locais de coleta no dia e hora programados;

relatar ter praticado exercícios de musculação que envolvessem o peitoral

maior, tríceps braquial e deltoide anterior no dia anterior a cada sessão de

coleta;

não ter cumprido as durações da repetição, assim como, das ações

musculares concêntrica e excêntrica estipuladas para o presente estudo;

não ter cumprido as orientações de manutenção das marcas de

posicionamento dos eletrodos e do eletrogoniômetro;

não ter conseguido realizar o número de repetições estabelecido nos dois

protocolos de treinamento.

Foram excluídos da amostra 6 voluntários, por não terem conseguido realizar

o número de repetições proposto durante as 3 séries para o Protocolo B. Portanto,

foram utilizados 22 voluntários na análise dos dados.

3.4 Instrumentos

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20

Todas as sessões de coleta foram realizadas em um equipamento de

musculação constituído de uma barra guiada (massa de 20 kg) e um banco de

posicionamento ajustável (FIG.2-A). Para o ajuste da resistência externa a ser

vencida pelos voluntários, foram utilizadas anilhas de massas conhecidas, sendo a

massa de todas aferida em uma balança digital com precisão de 0,01kg (FIG.2-B).

Estas anilhas, juntamente com a barra (massa de 20kg), representam uma carga

mecânica que se opõe ao movimento dos segmentos corporais, sendo “peso” o

termo genérico utilizado para definir as resistências mecânicas no treinamento na

musculação.

FIGURA 2 - Equipamento de musculação a ser utilizado no estudo. A: Barra guiada com um banco ajustável; B: Anilhas.

Fonte: Arquivo de fotos do LAMUSC.

Foi utilizado um metrônomo para auxiliar na manutenção das durações da

repetição e um eletrogoniômetro (Noraxon, Estados Unidos), fixado no cotovelo dos

voluntários, para o registro da amplitude de movimento articular e o posterior cálculo

das durações da repetição (FIG.3). Os locais de fixação dos eletrodos e do

eletrogoniômetro foram marcados por caneta tipo hidrocor de longa duração (nos

contornos da fixação). Essas marcas deveriam ser mantidas ao longo de todo o

período de coleta e retocadas sempre que houvesse necessidade.

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21

A atividade elétrica dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps

braquial foi registrada por meio de um equipamento de eletromiografia de superfície

(Biovision, Alemanha), com os eletrodos configurados com um ganho de 500 vezes

(FIG.3). As informações do eletromiógrafo e do eletrogoniômetro foram

sincronizadas e convertidas em sinais digitais por uma placa A/D (Biovision,

Alemanha) com faixa de entrada de -5 à +5 Volts e direcionadas a um computador

laptop (Dell, Estados Unidos) alimentado por bateria. Para a aquisição e tratamento

dos sinais, foi utilizado um programa específico (Dasylab 11.0, Irlanda, Dasytech

Laboratories, 12 bits), calibrado com frequência de amostragem de 1000 Hz. As

amostras de sangue foram analisadas por meio de um analisador de lactato da

marca Yellow Springs (EUA), modelo Sport 1500.

Durante a realização dos protocolos de familiarização (sessões 1 e 2) e de

treinamento (sessões 3 e 4), um metrônomo, ajustado para fornecer um sinal sonoro

(“bipe”) a cada segundo (protocolo A) ou a cada meio segundo (protocolo B), foi

utilizado para ajudar os voluntários a controlarem as durações das ações

musculares. No início de cada série, uma contagem verbal era feita por um dos

pesquisadores com o objetivo de sincronizar o início do movimento com o sinal do

metrônomo. Dessa forma, os voluntários eram instruídos para que, ao longo da

série, mantivessem o movimento da barra sincronizado com os sinais do

metrônomo. Adicionalmente, quando a duração da ação muscular excedia ou ficava

abaixo 0,2s dos valores estabelecidos (3 ou 1,5s), era fornecido um feedback

auditivo pelo pesquisador para auxiliar no reajuste da ação muscular subsequente.

3.5 Procedimentos e Coleta de dados

3.5.1 Sessões de coleta 1 e 2: Padronizações do equipamento, teste de 1RM e

familiarização com o uso do metrônomo

Na primeira sessão de coleta, após explicação de todo o procedimento ao

voluntário, foi solicitado que ele assinasse o termo de consentimento livre e

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esclarecido (APÊNDICE 1). Em seguida, os voluntários responderam a uma

anamnese constituída por questões referentes ao treinamento (frequência semanal,

duração e particularidades do treinamento atual, em especial, as relacionadas ao

exercício supino) e dados pessoais. Posteriormente, foi realizada uma padronização

do voluntário aos equipamentos, seguida pela familiarização ao teste de 1RM e a

familiarização com o treinamento em uma das durações da repetição utilizadas no

estudo.

3.5.1.1 Padronização da posição para realização do exercício

Em todos os dias de coleta, os critérios de amplitude de movimento da barra e

posicionamento das mãos dos voluntários na barra, do corpo no banco e do banco

em relação à estrutura fixa do equipamento foram controlados para garantir a

padronização individual. O indivíduo se posicionou da maneira mais confortável e

mais próxima à sua rotina de treinamento com o exercício supino guiado e realizou

10 repetições sem peso adicional à barra. A amplitude de movimento foi

determinada por meio da trajetória da barra do limite superior até o limite inferior. O

limite superior foi indicado pela extensão completa dos cotovelos sem a realização

de abdução da escápula, podendo ser visualizado pelo voluntário por meio de uma

régua metálica ajustável posicionada acima da barra. Já o limite inferior foi indicado

por um anteparo de borracha (12 x 6 x 1cm) posicionado no peito, acima do osso

esterno. A posição das mãos na barra e do corpo do voluntário no banco foi

marcada com fita adesiva no próprio aparelho. No estudo de Diniz (2008), que

utilizou o mesmo procedimento de padronização da amplitude de movimento, o

coeficiente de variação das amplitudes de movimentos intra-individuais durante a

realização dos protocolos foi em média 2,84 (± 1,07)% e 2,73 (± 1,15)% para as

ações musculares excêntrica e concêntrica, respectivamente. Os valores

encontrados são próximos aos 2,4% e 2,16% citados na literatura (MOOKERJEE;

RATAMESS, 1999).

3.5.1.2 Teste de 1RM

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Após a execução dos procedimentos da padronização, foi realizado o primeiro

teste de 1RM, objetivando familiarizar os voluntários com o protocolo. O teste de

1RM foi constituído por no máximo 6 tentativas (LIMA; CHAGAS; DINIZ, 2005;

MARTINS-COSTA et al., 2012; DINIZ et al., 2014), com pausa de 5 minutos e a

progressão do peso foi gradual em função da percepção subjetiva dos voluntários e

dos avaliadores. Foram utilizadas as seguintes orientações para a aplicação do teste

de 1RM (LIMA; CHAGAS; DINIZ, 2005; MARTINS-COSTA et al., 2012; DINIZ et al.,

2014):

Número máximo de seis tentativas, sendo que, nas sessões 1 e 2 foram

necessárias, em média, 4,43 ± 1,04 e 3,61 ± 0,84 tentativas para se

determinar o 1RM, respectivamente;

Duração da pausa de cinco minutos.

Foi considerado o valor do teste de 1RM o maior peso que voluntários

conseguiram realizar uma repetição completa (ação excêntrica seguida de uma ação

concêntrica). Os voluntários realizaram pelo menos mais uma tentativa com um peso

maior que o valor verificado no teste 1RM em aproximadamente 2kg (valor do menor

aumento realizado). Este procedimento vem sendo adotado no nosso laboratório

como uma forma de certificar que o voluntário realmente alcançou o peso máximo

que ele poderia deslocar (MARTINS-COSTA et al., 2012; DINIZ et al., 2014).

O mesmo protocolo e as recomendações já utilizados na familiarização ao

teste (sessão 1) foram também adotados na sessão 2. Cada tentativa do teste de

1RM foi constituída da seguinte sequência: após a execução de 10 repetições sem

peso adicional à barra, dois avaliadores levantaram a barra para o voluntário até que

este possa estender os cotovelos. Ao sinal do voluntário, os avaliadores soltaram a

barra gradualmente. O voluntário realizou uma ação muscular excêntrica descendo

com a barra até o limite inferior e posteriormente realizou uma ação muscular

concêntrica até estender novamente os cotovelos, quando os avaliadores seguraram

novamente a barra. O peso na barra era progressivamente aumentado até que o

voluntário não conseguisse finalizar a ação muscular concêntrica. Desta forma, o

valor de 1RM correspondeu ao peso levantado na tentativa anterior. O efeito da

familiarização ao teste de 1RM foi verificado em vários estudos (RITTI-DIAS et al.,

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24

2005; SOARES-CALDEIRA et al., 2009). Em um estudo realizado em nosso

laboratório, Lima, Chagas e Diniz (2005) relatam que os voluntários alcançaram um

maior valor no teste de 1RM comparado com a sessão de familiarização. Também

foi verificado um coeficiente de correlação intraclasse (CCI) de 0,99, referente aos

dados coletados nas sessões de familiarização e do teste de 1RM, sendo

significativo para um p < 0,05.

3.5.1.3 Familiarização ao controle da duração das ações musculares

Após dez minutos da determinação do valor de 1RM, os voluntários

realizaram a familiarização ao protocolo de treinamento por meio da execução do

exercício supino guiado (3 séries de 6 ou 12 repetições com uma intensidade de

60% de 1RM, pausa de 3 minutos, e utilizando uma das durações da repetição

estipuladas - 3 ou 6s). A ordem de execução dos protocolos neste procedimento foi

realizada de forma aleatória e balanceada (PORTNEY; WATKINS, 2008). O objetivo

deste procedimento é que os voluntários estivessem familiarizados com o controle

das durações da repetição para que elas fossem executadas adequadamente nas

sessões 3 e 4. Martins-Costa et al. (2012) realizaram o mesmo procedimento para

familiarização e verificaram, para o protocolo com duração da repetição de 4s,

valores médios e desvios padrão de 4,03 ± 0,05s, e para o protocolo com duração

da repetição de 6s, de 6,02 ± 0,06s, respectivamente. Assim, foi considerado que os

voluntários foram capazes de manter as durações da repetição previstas.

Após 10 minutos, foi realizado o posicionamento do eletrogoniômetro no

cotovelo esquerdo do voluntário, utilizando fitas adesivas de dupla face e faixas

elásticas (FIG. 3), observando as seguintes orientações:

a) Braço distal do eletrogoniômetro: direcionado a um ponto na metade da

distância entre os processos estiloides da ulna e do rádio;

b) Eixo de rotação do eletrogoniômetro: posicionado na projeção do epicôndilo

lateral do úmero;

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25

c) Braço proximal do eletrogoniômetro: direcionado ao eixo de rotação da

cabeça do úmero.

FIGURA 3 - Posicionamento do eletrogoniômetro.

Fonte: Arquivo de fotos do LAMUSC.

Com objetivo de caracterização da amostra foi realizada na sessão 2 a

mensuração da massa corporal e da estatura do voluntário, utilizando-se uma

balança da marca FILIZZOLA, com um estadiômetro acoplado. A balança tem uma

precisão de 0,1kg e o estadiômetro de 0,5cm.

Na sequência foi novamente realizado o teste de 1RM no supino guiado,

utilizando o mesmo protocolo adotado na primeira sessão de coleta. O valor obtido

neste segundo teste de 1RM foi utilizado para determinar os pesos que os

voluntários utilizariam nas sessões de treinamento subsequentes. Após a

determinação do valor de 1RM, novamente os voluntários realizaram uma

familiarização com o protocolo de treinamento, porém utilizando a outra duração da

repetição que não foi realizada no primeiro dia.

3.5.2 Sessões de coleta 3 e 4: Testes de normalização e protocolos de treinamento

Na terceira e quarta sessões de coleta, foram realizados os testes de

normalização e os protocolos de treinamento no exercício supino guiado. Todas as

padronizações relativas ao posicionamento do voluntário, do eletrogoniômetro e a

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26

amplitude de deslocamento da barra utilizadas nos testes de 1RM foram mantidas

nos treinamentos. Durante as sessões de treinamento, foram realizados os

seguintes procedimentos em ordem cronológica:

1. Posicionamento do eletrogoniômetro e dos eletrodos de superfície para captação

do sinal eletromiográfico.

2. Realização de 10 repetições com a barra sem peso adicional para a familiarização

com as durações da repetição utilizadas no protocolo de treinamento daquele dia de

coleta.

3. Teste de normalização.

4. Período de recuperação de 10 minutos. Após transcorridos 9 minutos de

recuperação, foi realizada a primeira coleta de sangue para a posterior mensuração

da concentração de lactato sanguíneo de repouso.

5. Execução do protocolo de treinamento.

6. Coletas de sangue 3, 6, 9 e 12 minutos após execução dos protocolos de

treinamento.

3.5.2.1 Posicionamentos dos eletrodos para captação do sinal eletromiográfico

Eletrodos de superfície do tipo Ag/AgCl (Kobme Bio Protec, Korea), com área

de captação de aproximadamente 1cm2, foram posicionados na direção das fibras

musculares do peitoral maior (porção esternal) e do tríceps braquial (porção da

cabeça longa), ambos no lado direito do voluntário. Previamente à colocação dos

eletrodos, a área da pele foi tricotomizada, higienizada com álcool e algodão,

friccionando fortemente o algodão no local a fim de se garantir a limpeza e uma

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27

redução da impedância da pele (PINCIVERO et al., 2006). Os eletrodos foram

posicionados aos pares com uma distância centro a centro de 2cm.

No músculo peitoral maior (FIG. 3A), foi identificado o ponto de maior ventre

muscular enquanto o voluntário mantivesse o braço próximo ao tronco, como já

realizado em outros estudos (KEOGH et al., 1999; LAGALLY et al., 2004). Em

seguida, os eletrodos foram posicionados buscando fixá-los no mesmo sentido das

fibras (FARINA; MERLETTI; ENOKA, 2004; MERLETTI; PARKER, 2004). Para os

músculos deltoide anterior (FIG. 3A) e tríceps braquial (FIG. 3B), foram seguidas as

orientações de posicionamento recomendadas pela organização europeia SENIAM

(Surface Electromyography for the Non-Invasive Assessment of Muscles). Para o

deltoide anterior, primeiramente, determinou-se um ponto que correspondesse a

largura de aproximadamente um dedo anteriormente e distal ao acrômio. Em

seguida, foi realizada uma rotação externa de poucos graus e uma abdução do

ombro direito até 90°, semelhante ao exercício desenvolvimento anterior de ombros.

Assim, foi pedido para que os voluntários realizassem uma ação isométrica contra

uma resistência exercida pela mão do pesquisador, objetivando identificar área de

maior volume muscular para fixação dos eletrodos. Para o tríceps braquial,

primeiramente, determinou-se um ponto que correspondesse à metade da distância

entre a crista posterior do acrômio e o olécrano. Logo em seguida, os eletrodos

foram posicionados na porção longa do tríceps braquial, em torno de 3 cm

medialmente ao ponto previamente determinado. Quando necessário, ajustes foram

realizados para que os eletrodos permanecessem posicionados sobre a área do

maior ventre muscular. O eletrodo terra foi fixado no olécrano (FIG. 3B). Assim como

realizado para o eletrogoniômetro, foram feitas marcações com caneta

semipermanente ao redor dos eletrodos, de forma que eles pudessem ser fixados no

mesmo local nos dois dias da realização do protocolo de treinamento. As marcações

e o posicionamento dos eletrodos foram também realizados sempre pelo mesmo

pesquisador.

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28

FIGURA 4 - Posicionamento dos eletrodos de superfície. A) Eletrodos fixados no deltoide anterior (porção clavicular) e eletrodos fixados no peitoral maior (porção esternal). B) Eletrodos fixados no tríceps braquial (porção longa) e no olécrano (terra).

Fonte: Arquivo de fotos do LAMUSC.

3.5.2.2 Teste de normalização

Nas sessões de coleta 3 e 4, os indivíduos realizaram o teste de

normalização, constituído por duas (2) repetições dinâmicas no exercício supino

guiado (60% de 1 RM), cada uma com duração de 4s (2s concêntrica : 2s excêntrica

- 2:2). Este procedimento é semelhante ao realizado por Sakamoto e Sinclair (2012),

considerando os mesmos grupos musculares. Para realização do teste, o voluntário

se posicionava para a execução do exercício supino guiado, mantendo o tronco e as

mãos de acordo com as padronizações previamente estabelecidas para o presente

estudo. Após a sinalização verbal pelo pesquisador, o voluntário realizou as duas

repetições no exercício supino guiado, seguindo os mesmos procedimentos que

seriam adotados durante a execução dos protocolos. Foram calculadas a root mean

square (RMS) da amplitude do sinal eletromiográfico (EMGRMS) das ações

concêntricas e excêntricas realizadas no teste normalização. Utilizou-se para

normalização da EMGRMS o valor médio das duas ações concêntricas e excêntricas

realizadas no teste de normalização de cada protocolo de treinamento. Os dados da

EMGRMS registradas nesse procedimento foram usados como referência para as

medidas realizadas durante os protocolos de treinamento.

A B

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29

Para averiguar se os valores de EMGRMS das ações musculares concêntricas

e excêntricas entre os dias de coleta foram reprodutíveis, a confiabilidade

intersessão da EMGRMS durante o teste de normalização nas sessões de coleta 3 e 4

foi verificada por meio do cálculo do coeficiente de correlação intraclasse (CCI),

modelo (3,K), juntamente com o erro padrão da medida (EPM) (PORTNEY;

WATKINS, 2008). O modelo 3 ou misto foi utilizado pois os testes de normalização

foram considerados efeito randômico e os avaliadores e sujeitos foram considerados

efeito fixo. Utilizou-se a forma K, uma vez que, as medidas foram baseadas na

comparação de valores médios. Esses procedimentos estatísticos foram realizados

no programa SPSS 20.0.

Na TAB. 1 estão apresentados os dados descritivos de EMGRMS das ações

musculares concêntricas dos músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps

braquial para cada um dos protocolos de treinamento, bem como os respectivos

valores do CCI e EPM para a situação intersessão. Todos os valores do CCI foram

significativos (p < 0,05).

TABELA 1 Dados médios e desvio padrão da EMGRMS das ações musculares concêntricas dos

músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial, valores de CCI e EPM.

Situação Média (µV)

Desvio Padrão

CCI (3,K) EPM (µV)

EPM (%)

EMGRMS Deltoide A 463,71 225,54 0,93 20,21

4,38

EMGRMS Deltoide B 458,60 227,63

EMGRMS Peitoral A 247,28 87,51 0,87 15,19

6,17

EMGRMS Peitoral B 245,27 87,76

EMGRMS Tríceps A 196,16 82,95 0,81 20,83

11,24

EMGRMS Tríceps B 174,39 79,69

CCI: coeficiente de correlação intraclasse; EPM: erro padrão de medida; EPM(%): percentual do valor do EPM em relação à média da respectiva variável; EMGRMS: root mean square média das duas

ações concêntricas (60% 1 RM - 2:2) realizadas no teste de normalização.

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TABELA 2 Dados médios e desvio padrão da EMGRMS das ações musculares excêntricas dos

músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial, valores de CCI e EPM.

Situação Média (µV)

Desvio Padrão

CCI (3,K) EPM (µV)

EPM (%)

EMGRMS Deltoide A 326,76 188,22 0,95 12,06

3,72

EMGRMS Deltoide B 322,01 180,92

EMGRMS Peitoral A 160,03 48,12 0,91 6,17

3,85

EMGRMS Peitoral B 160,10 53,58

EMGRMS Tríceps A 85,33 37,71 0,77 10,44

12,85

EMGRMS Tríceps B 77,12 29,77

CCI: coeficiente de correlação intraclasse; EPM: erro padrão de medida; EPM(%): percentual do valor do EPM em relação à média da respectiva variável; EMGRMS: root mean square média das duas

ações excêntricas (60% 1 RM - 2:2) realizadas no teste de normalização.

3.5.2.3 Protocolos de treinamento

A intensidade, número de séries, pausa, número de repetições e durações da

repetição usadas no presente estudo caracterizam um estímulo de treinamento que

se encontra dentro de valores de referência já sugeridos pela literatura, quando o

intuito do treinamento de força é enfatizar adaptações morfológicas (BIRD;

TARPENNING; MARINO, 2005; KRAEMER; RATAMESS, 2004; WERNBOM;

AUGUSTSSON; THOMEÉ, 2007). Adicionalmente, Wernbom, Augustsson e Thomeé

(2007) sugerem que durações da repetição entre 2s a 6s sejam realizadas durante o

treinamento de força com o mesmo objetivo.

No entanto, para escolha das durações das ações musculares,

consequentemente das durações da repetição, adotou-se, para os protocolos A e B,

valores próximos aos utilizados por Sakamoto e Sinclar (2006; 2012). Sakamoto e

Sinclair (2006) verificaram através de equações de regressão, que indivíduos

treinados realizaram uma série de 6 repetições máximas a uma intensidade de 69%

de 1 RM e duração de aproximadamente 5,6 segundos. Enquanto, para uma

duração da repetição de 2,8 segundos, realizaram 12 repetições máximas a 61% de

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1 RM. Contudo, buscando uma equiparação do TST foram escolhidos dois

protocolos com as descrições abaixo:

Protocolo A: 6s = 3 séries; 3 segundos para a ação muscular concêntrica e 3

segundos para a ação muscular excêntrica; 6 repetições;

Protocolo B: 3s = 3 séries; 1,5 segundos para a ação muscular concêntrica e

1,5 segundos para a ação muscular excêntrica; 12 repetições.

Os voluntários foram orientados a evitar alterações bruscas na velocidade da

barra durante a realização dos protocolos de treinamento, principalmente no

momento da transição entre as ações musculares excêntricas e concêntricas.

Durante a execução dos protocolos de treinamento a série foi interrompida e a

sessão de coleta desconsiderada, se o voluntário, durante duas repetições seguidas:

não conseguisse manter a duração estabelecida para cada ação muscular,

realizasse uma amplitude de movimento incompleta (não estender os cotovelos e/

ou não encostar a barra no anteparo de borracha posicionado sob o esterno) ou

algum tipo de movimento acessório que pudesse ocasionar algum risco de lesão.

Dessa forma, foi possível a investigação do efeito agudo provocado por

protocolos de treinamento com diferentes durações da repetição (6s e 3s) e número

de repetições (6 ou 12), equiparados pelo TST (108s) sobre amplitude do sinal

eletromiográfico e a concentração de lactato sanguíneo.

3.6 Variáveis mensuradas

Durante as duas sessões de treinamento (3 e 4) foram mensuradas a duração

da repetição, a amplitude de movimento, a concentração de lactato sanguíneo e a

amplitude do sinal eletromiográfico normalizada dos músculos deltoide anterior,

peitoral maior e tríceps braquial.

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32

3.6.1 Duração da repetição

Para mensuração da duração da repetição foi utilizado um eletrogoniômetro

com o centro afixado à articulação do cotovelo do indivíduo. Anteriormente às

coletas, este equipamento foi calibrado utilizando-se um goniômetro manual, sendo

armazenado esse valor de correção da calibragem para posteriores análises.

Após ter sido armazenado, o dado bruto do eletrogoniômetro foi convertido

em deslocamento angular e filtrado por meio de um filtro de 4ª ordem do tipo

Butterworth, passa-baixa com frequência de corte de 10Hz. Através do registro do

tempo de deslocamento angular realizado pelo eletrogoniômetro foram determinadas

a duração das ações musculares excêntricas e concêntricas e duração da repetição.

Assim, permitiu-se quantificar o tempo despendido durante a realização dos

movimentos de flexão (período compreendido entre as posições angulares mínima e

máxima) e extensão do cotovelo (período compreendido entre as posições

angulares máxima e mínima) que correspondeu às durações das ações musculares

excêntricas e concêntricas, respectivamente. O registro do eletrogoniômetro ocorreu

constantemente durante a coleta dos dados.

A média da duração da série do protocolo A (35,65 ± 0,43s) foi diferente

estatisticamente da média do protocolo B (36,06 ± 0,42s; t = -4,39 e p = 0,0003). O

GRAF. 1 apresenta o resultado da comparação da duração média das ações

musculares concêntricas e excêntricas entre os protocolos. A análise da duração

média das ações musculares concêntricas não apontou diferenças entre os

protocolos A e B (17,54 ± 0,63s e 17,69 ± 0,57s, respectivamente; t = -1,58 e p =

0,129). Entretanto, a duração média das ações musculares excêntricas foi diferente

entre os protocolos A e B (18,19 ± 0,41s e 18,43 ± 0,58s, respectivamente; t = -2,23

e p = 0,036), embora a magnitude das diferenças entre as médias tenha sido menor

que 1,4%. Desta forma, a diferença verificada na média da duração da série entre os

protocolos foi devido à diferença na duração média das ações musculares

excêntricas.

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33

GRÁFICO 1 - Duração média das ações musculares concêntricas e excêntricas nos protocolos A e B. * Protocolo B diferente do Protocolo A.

3.6.2 Amplitude de movimento

O deslocamento vertical da barra foi padronizado durante a execução dos

protocolos de treinamento e testes de normalização em todas as sessões de coleta,

uma vez que era necessário atingir as amplitudes de movimento previamente

marcadas (limites superior e inferior). Os dados da amplitude de movimento média

das ações musculares concêntricas e excêntricas apresentaram distribuição normal

e homogeneidade. O deslocamento angular das ações musculares concêntricas (t =

1,50; p = 0,148) e excêntricas (t = 0,86; p = 0,397) não apresentaram diferenças

significantes ao se comparar os diferentes protocolos de treinamento (Teste T para

amostras pareadas). O coeficiente de variação das amplitudes de movimentos intra-

individuais durante a realização dos protocolos A e B foram em média 3,46% (±2,56)

Page 35: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

34

e 3,60% (±2,63) para ações musculares concêntricas e, 5,96% (±4,35) e 4,87%

(±3,55) para as ações musculares excêntricas. Foram verificados coeficientes de

correlação (r) de 0,89 e 0,90, para as respectivas ações musculares, sendo

significativo para um alfa de 0,05. O coeficiente de correlação intraclasse (CCI),

modelo 3,1, para as amplitudes de movimento médias calculado com os valores

registrados nas sessões de treinamento 3 e 4 foi de 0,94, sendo significativo para

um p < 0,05. Esses dados indicam que amplitude de movimento do cotovelo foi

satisfatoriamente mantida para a realização dos protocolos de treinamento A e B.

3.6.3 Amplitude do sinal eletromiográfico normalizada

A amplitude do sinal eletromiográfico (EMGRMS) dos músculos deltoide

anterior, peitoral maior e tríceps braquial foi registrada durante a realização dos

protocolos de treinamento (sessão 3 e 4). Depois de armazenados, todos os dados

foram filtrados com filtro passa-faixa (20-500 Hz) de 2ª ordem do tipo Butterworth,

retificados (full-wave) e separados para cada ação muscular. Para normalização dos

dados foi calculada a EMGRMS para cada ação concêntrica ou excêntrica

(PINCIVERO et al., 2006; SAMPSON et al., 2014), e a média das duas ações

concêntricas, assim como das ações excêntricas foram determinadas para cada um

dos músculos analisados. Este procedimento também está de acordo com

recomendações de Allison, Marshall e Singer (1993) para ações dinâmicas. Em

seguida, foram calculadas as EMGRMS médias para as ações musculares

concêntricas e excêntricas obtidas nas três (3) séries durante a realização dos

protocolos de treinamento. Por fim, estes valores foram divididos pelo respectivo

valor de referência para as ações concêntricas e excêntricas descritos acima,

gerando a EMGRMS normalizada por série.

Para identificação do início e final de cada uma das ações musculares

concêntrica e excêntrica foi utilizado os dados fornecidos pelo eletrogoniômetro.

3.6.4 Concentração de lactato sanguíneo

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35

Nas sessões 3 e 4, foram realizadas coletas de sangue com o objetivo de

mensurar a concentração de lactato sanguíneo em diferentes momentos: (1)

Repouso, imediatamente antes da realização do protocolo de treinamento; (2)

Durante a realização do protocolo de treinamento, sendo esta coletada um minuto

após cada série; (3) Após a realização do protocolo de treinamento, sendo esta

coletada após 3, 6, 9 e 12 minutos após o final do protocolo. A realização de várias

coletas de sangue leva em consideração o atraso no tempo para que haja acúmulo

de lactato, difusão do ácido lático no sangue. Dessa forma, a realização de um

número maior de amostras pós-exercício ajudaria na determinação de possíveis

diferenças nas concentrações de lactato sanguíneo proporcionadas por protocolos

de treinamento distintos (CREWTER; CRONIN; KEOGH, 2006).

O lóbulo esquerdo do voluntário foi perfurado, utilizando lancetas esterilizadas

e descartáveis. Logo em seguida, foram coletados 30 µl de sangue utilizando

capilares heparinizados, que foram armazenados em um tubo Eppendorf com 60 µl

de fluoreto de sódio (1%) e congelado a -20ºC para posterior análise no aparelho

Yellow Springs 1500 Sport. Em todo o procedimento de retirada do sangue, os

responsáveis pela sua análise utilizaram luvas cirúrgicas descartáveis e guarda-pó.

Os detritos resultantes dessa coleta foram descartados em lixeiras específicas para

lixo hospitalar.

3.7 Análise Estatística

A normalidade e homogeneidade das variâncias foram verificadas usando os

testes os Shapiro- Wilks e Levene, respectivamente. Estes testes foram realizados

usando o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 20.0), e foi verificado

que a EMGRMS normalizada apresentou desvios significantes da normalidade.

Portanto, a mediana foi utilizada como um indicador de tendência central, e o

primeiro e terceiro quartis como um indicador de dispersão da EMGRMS normalizada

durante as sessões experimentais. Um procedimento não paramétrico (ANOVA-type

statistics) sugerido por Brunner, Domhof e Langer (2002) e Brunner e Langer (2000)

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36

foi usado para checar a resposta da EMGRMS normalizada durante os protocolos de

treinamento para os efeitos principais (protocolo e série), bem como interações entre

estes fatores. A ANOVA-type statistics foi realizada usando o pacote nparLD no

software R. Quando necessário, um post hoc de Dunn foi usado para identificar as

diferenças reportadas no procedimento não paramétrico. Este procedimento foi

realizado usando o software R.

Para os dados da concentração de lactato sanguíneo, a normalidade e

homogeneidade das variâncias foram verificadas usando os testes Shapiro-Wilks e

Levene, respectivamente. Estes testes foram realizados usando o Statistical

Package for the Social Sciences (SPSS 20.0), e foi verificado que a concentração de

lactato sanguíneo não apresentou desvios significantes da normalidade. A ANOVA

two-way (protocolo × tempo) para medidas repetidas verificou as respostas da

concentração de lactato sanguíneo durante e após realização dos protocolos de

treinamento (STATISTICA 7.0). Quando necessário, um post hoc de Tukey HSD foi

usado para identificar as diferenças reportadas nas ANOVAs. O nível de

significância adotado para todas as análises foi de p ≤ 0,05.

Adicionalmente, os valores para o tamanhos do efeito foram reportados por

refletirem a magnitude das diferenças entre cada tratamento (baixo = 0.01; médio =

0.06; alto = 0.14) (COHEN, 1988).

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37

4 RESULTADOS

Na TAB.3 estão apresentadas as características da amostra.

TABELA 3 Caracterização da amostra (n= 22).

Variáveis Média Desvio padrão Valor Valor

mínimo máximo

Idade (anos) 23,47 3,44 18 29,92

Massa (Kg) 76,79 10,32 54,80 90,90

Estatura (m) 1,77 0,08 1,96 1,62

Valor de 1RM (Kg) 92,95 17,16 70,94 130,76

60% de 1RM (Kg) 55,77 10,30 42,56 78,46

Todos os voluntários recrutados foram capazes de levantar no teste de 1RM

um peso maior que a sua própria massa corporal, confirmando assim um dos

critérios de inclusão também adotados na literatura (KEOGH et al., 1999). Os valores

médios e os desvios padrão para a sessão de familiarização e o teste de 1RM foram

91,72 ± 17,58 e 92,95 ± 17,16 Kg, respectivamente. Também foi verificado um

coeficiente de correlação intraclasse (CCI) de 0,99 referente aos dados coletados

nas sessões de familiarização e do teste de 1RM, sendo significativo para um p <

0,05. A mediana do número de tentativas para verificar o RM dos voluntários foi 3.

Até a data da coleta, os voluntários treinavam em média 4,61 (± 0,78) vezes na

semana, sendo que todos eles realizavam o exercício supino. Para este tipo de

exercício, 34,78% dos voluntários relataram controlar a duração da repetição em

faixas próximas às adotadas neste estudo (3s a 6s). Os demais voluntários não

realizavam controle desta variável nas suas sessões de treinamento.

O GRAF. 2 mostra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

concêntricas do músculo deltoide anterior no decorrer de cada protocolo de

treinamento. O procedimento não paramétrico ANOVA-type statistics identificou um

efeito principal para protocolo (H 1 = 48,06, p = 0,0001, poder = 1,00, tamanho do

efeito = 0,63). De modo que, a EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior do que

no Protocolo A em todas comparações. Também, foram observados efeitos

significantes para série (H 2 = 8,66, p = 0,0003, poder = 1,00, tamanho do efeito =

Page 39: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

38

0,52). Houve um aumento na EMGRMS normalizada no decorrer das séries, sendo 3ª

e 2ª séries maior que a 1ª.

GRÁFICO 2 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do deltoide anterior em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

O GRAF. 3 ilustra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

musculares excêntricas do músculo deltoide anterior no decorrer de cada protocolo

de treinamento. A ANOVA-type statistics identificou um efeito principal significante

para protocolo (H 1 = 15,35, p = 0,0001, poder = 1,00, tamanho do efeito = 0.65).

Sendo, a EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior do que no Protocolo A em

todas comparações. Adicionalmente, foram observados efeitos significantes para

série (H 2 = 11,98, p = 0,001; poder = 0,99, tamanho do efeito = 0,45). Verificou-se

um aumento progressivo da ativação das ações excêntrica no decorrer das séries,

sendo a 3ª série maior que a 1ª e 2ª séries.

Page 40: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

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GRÁFICO 3 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do deltoide anterior em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

O GRAF. 4 mostra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

concêntricas do músculo peitoral maior no decorrer de cada protocolo de

treinamento. A ANOVA-type statistics identificou um efeito principal para protocolo (H

1 = 49,25, p = 0,0001, poder = 1,00, tamanho do efeito = 0,76). De modo que, a

EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior do que no Protocolo A em todas

comparações. Também, foram observados efeitos significantes para série (H 2 =

17,20, p = 0,0001, poder = 1,00, tamanho do efeito = 0,71). Houve um aumento na

EMGRMS normalizada a cada série, sendo 3ª maior que a 1ª e 2ª séries, e a 2ª maior

que a 1ª.

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GRÁFICO 4 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do peitoral maior em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

O GRAF. 5 mostra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

excêntricas do músculo peitoral maior no decorrer de cada protocolo de treinamento.

O procedimento não paramétrico ANOVA-type statistics identificou um efeito

principal significante para protocolo (H 1 = 81,27, p = 0.0001, poder = 1,00, tamanho

do efeito = 0,77). Sendo, a EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior do que no

Protocolo A em todas comparações. Ainda, foram observados efeitos significantes

para série (H 2 = 21,43, p = 0,0001, poder = 1,00, tamanho do efeito = 0,75). Houve

um aumento na EMGRMS normalizada a cada série, sendo 3ª série maior que a 2ª e

a 1ª, e a 2ª série maior do que a 1ª.

Page 42: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

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GRÁFICO 5 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do peitoral maior em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

O GRAF. 6 ilustra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

musculares concêntricas do músculo tríceps braquial no decorrer de cada protocolo

de treinamento. A ANOVA-type statistics identificou um efeito principal significante

para protocolo (H 1 = 31,54, p = 0.0001, poder = 0,99, tamanho do efeito = 0,52).

Sendo, a EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior do que no Protocolo A em

todas comparações. Adicionalmente, foram observados efeitos significantes para

série (H 2 = 5,21, p = 0,005, poder = 1,00, tamanho do efeito = 0,55). Verificou-se um

aumento progressivo da ativação das ações concêntricas no decorrer das séries,

sendo a 3ª série maior que a 1ª e 2ª.

Page 43: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

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GRÁFICO 6 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares concêntricas do tríceps braquial em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

O GRAF. 7 mostra o comportamento da EMGRMS normalizada das ações

excêntricas do músculo tríceps braquial no decorrer de cada protocolo de

treinamento. O procedimento não paramétrico ANOVA-type statistics identificou um

efeito principal significante para protocolo (H 1 = 16,96, p = 0,0001, poder = 0,82,

tamanho do efeito = 0,30). Sendo, a EMGRMS normalizada no Protocolo B foi maior

do que no Protocolo A em todas comparações. Ainda, foram observados efeitos

significantes para série (H 2 = 6,84, p = 0,001, poder = 1,00, tamanho do efeito =

0,58). Houve um aumento na EMGRMS normalizada no decorrer das séries, sendo 2ª

e 3ª série maior que a e a 1ª.

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GRÁFICO 7 - Mediana, Primeiro Quartil e Terceiro Quartil da EMGRMS normalizada das ações musculares excêntricas do tríceps braquial em cada protocolo de treinamento. * Protocolo B diferente do Protocolo A (efeito principal). $ Diferente das 2ª e 3ª séries no respectivo protocolo. # Diferente da 3ª série no respectivo protocolo; EMGRMS: root mean square da amplitude do sinal eletromiográfico.

A concentração de lactato sanguíneo no decorrer das séries e após realização

dos protocolos de treinamento está demonstrada no GRAF. 8. Os efeitos principais

para protocolo e série foram significantes em relação à concentração de lactato

sanguíneo. Adicionalmente, a ANOVA para medidas repetidas indicou uma interação

significante entre protocolo e tempo (F 7,133 = 26.97; P < 0.001; poder = 1.00,

tamanho do efeito = 0.59). A análise de post hoc indicou maiores concentrações de

lactato sanguíneo durante o Protocolo B em todos os tempos, exceto na condição

pré-exercício. Ainda, as concentrações de lactato sanguíneo aumentaram para

ambos os protocolos ao longo das séries. O teste de Tukey também indicou que as

concentrações de lactato sanguíneo reduziram após 3 min durante o Protocolo A e

após 6 min no Protocolo B, mas não retornaram aos valores basais.

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GRÁFICO 8 - Concentração de lactato sanguíneo em repouso, após cada série e 3, 6, 9 e 12 minutos após realização dos protocolos A e B. * Diferente do repouso do respectivo protocolo. # Diferente do protocolo B na respectiva situação. $ Diferente da situação anterior no respectivo protocolo.

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5 DISCUSSÃO

5.1 Influência dos protocolos de treinamento na amplitude do sinal eletromiográfico

Os protocolos de treinamento de força adotados no presente estudo foram

capazes de proporcionar um aumento da EMGRMS normalizada das ações

musculares concêntricas e excêntricas com o decorrer das séries para os músculos

deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial, confirmando a hipótese 1. Embora

não tenham sido encontrados estudos prévios, considerando o melhor do nosso

conhecimento, que analisassem a ativação muscular no decorrer das séries em

protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST, os dados do estudo de

Watanabe et al. (2014) e Walker et al. (2012) reforçam a expectativa de um aumento

da EMGRMS normalizada no decorrer das séries, corroborando os resultados do

presente estudo. Watanabe et al. (2014) relataram um aumento da atividade

eletromiográfica ao longo das séries durante um protocolo com duração da repetição

de 7s, quando comparadas a primeira repetição da primeira série e última repetição

da terceira série. Enquanto Walker et al. (2012) mostraram aumento da atividade

eletromiográfica durante a realização de um protocolo com 5 séries, 10 repetições à

80% de 1RM quando as séries 4 e 5 foram comparadas com a série 1, assim como,

um aumento da atividade eletromiográfica dentro de cada série quando a 8ª

repetição foi comparada com a 2ª repetição. Também reforçando a expectativa de

um aumento da EMGRMS normalizada no decorrer das séries, são os dados

referentes aos estudos, que investigaram a atividade eletromiográfica em série única

(SAKAMOTO; SINCLAIR, 2012; SAMPSON; DONOHOE; GROELLER, 2014; VAN

DEN TILLAAR; SAETERBAKKEN, 2014). Nesses estudos foi verificado aumento na

ativação muscular durante ações musculares concêntricas ao longo de uma série,

ou seja, maior ativação ao longo das repetições na série. Resultados similares

também foram identificados durante ações musculares excêntricas em protocolos de

série única e número máximo de repetições (SAMPSON; DONOHOE; GROELLER,

2014, VAN DEN TILLAAR; SAETERBAKKEN, 2014). Considerando esses

resultados, é esperado que ao final de uma série em um protocolo com as

características da carga de treinamento estabelecidas no presente estudo ocorra um

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aumento da ativação muscular. Assim, a demanda fisiológica resultante da

realização da primeira série (i.e. ativação muscular média >100% da EMGRMS

normalizada; concentração de lactato sanguíneo >4 mMol/L, dados verificados no

presente estudo) será novamente imposta ao organismo na execução da segunda e

terceira séries. Assim, mesmo que a determinação da pausa neste estudo, baseada

em recomendações para treinamento de força com objetivo de hipertrofia muscular

(ACSM, 2009; BIRD; TARPENING; MARINO, 2005), tenha permitido que os

protocolos de treinamento fossem realizados, o intervalo de pausa pode não ter sido

suficiente para a recuperação completa das unidades motoras fadigadas. Desta

forma, a execução do mesmo trabalho nas três séries demandaria maior

participação das unidades motoras, resultando em um aumento da EMGRMS

normalizada ao longo das séries. Sendo exatamente este o resultado verificado no

presente estudo.

O protocolo de treinamento com menor duração da repetição e maior número

de repetições (Protocolo B) provocou maiores níveis de ativação muscular para os

músculos deltoide anterior, peitoral maior e tríceps braquial quando comparado com

o outro protocolo de treinamento (Protocolo A), confirmando a hipótese 2.

Considerando o melhor do nosso conhecimento, não foram encontrados estudos

prévios que tenham comparado a atividade eletromiográfica ao longo das séries

entre protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST. O que limita as

comparações com estudos anteriores. De uma forma geral, são escassos os dados

de pesquisas que objetivaram a comparação entre protocolos de treinamento de

força equiparados pelo TST. Contudo, os estudos de Tran e Docherty (2006) e Tran,

Docherthy e Behm (2006), que investigaram o efeito de protocolos equiparados pelo

TST na resposta do desempenho de força, fornecem dados, que podem reforçar o

resultado verificado no presente estudo. Esses autores compararam o desempenho

de força registrado em um teste de CIVM antes e após a execução de três

protocolos equiparados. Nesses estudos foi verificado que protocolos realizados

com maior número de repetições, dentro de um mesmo TST, provocaram níveis

aumentados de fadiga, caracterizados pela maior redução do desempenho de força.

Esses dados prévios permitem inferir que tais protocolos de treinamento de força

(menor duração da repetição e maior número de repetições) poderiam requerer do

organismo uma maior demanda fisiológica. Os resultados do presente estudo

Page 48: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

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corroboram esta expectativa, uma vez que o protocolo de treinamento com menor

duração da repetição e maior número de repetições provocou maiores níveis de

ativação muscular no decorrer das séries. Além do desempenho da força, no estudo

de Tran e Docherty (2006) também foi investigada a atividade eletromiográfica

registrada durante o teste de CIVM. Os autores verificaram uma redução na

atividade eletromiográfica após a realização dos protocolos, mas sem diferenças

entre os mesmos. Desta forma, a maior redução do desempenho de força verificada

em protocolos com maior número de repetições não foi acompanhada de uma maior

redução na ativação muscular. Entretanto, o fato da análise da atividade

eletromiográfica ter sido realizada durante uma ação muscular isométrica pode ter

influenciado os resultados, devido às diferenças neuromusculares entre as ações

musculares realizadas no protocolo de treinamento e no teste de CIVM

(PIITULAINEN et al., 2013).

A maior EMGRMS normalizada para o Protocolo B pode estar relacionada com

a necessidade produzir maiores picos de força para acelerar a barra, uma vez que

nesse protocolo a barra deveria ser deslocada por uma determinada distância em

um menor tempo (menor duração da repetição) em comparação ao Protocolo A.

Desta forma, para a produção de maiores picos de força seria necessária uma maior

ativação muscular. Os resultados do estudo de Sakamoto e Sinclair (2012)

envolvendo o exercício supino reforçam esta explicação. Esses autores verificaram

uma maior atividade eletromiográfica em ações musculares concêntricas durante a

execução de um protocolo com série única e número máximo de repetições quando

menores durações da repetição foram realizadas. Dados reforçando a explicação

também foram fornecidos por Newton et al. (1997). Nesse estudo foi verificada maior

ativação muscular nos primeiros 50 e 100 ms de uma ação muscular concêntrica

nos músculos peitoral maior e tríceps braquial durante arremesso de uma barra

(ações excêntrica e concêntrica explosivas) no exercício supino comparado com

outras condições experimentais (menor velocidade de movimento média e ação

puramente concêntrica explosiva). Considerando os dados dos estudos de

Sakamoto e Sinclair (2012) e Newton et al. (1997), é possível que, durante a

execução do protocolo B uma maior atividade eletromiográfica no início de cada

ação muscular concêntrica também tenha ocorrido. Partindo da aceitação de que

essa atividade eletromiográfica aumentada ocorra ao longo das repetições em uma

Page 49: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

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série para protocolos, em que as ações musculares são realizadas em maior

velocidade (menor duração da repetição), o esperado seria então maiores valores da

atividade eletromiográfica na série nesse protocolo quando comparado a outros

protocolos de treinamento de força com durações da repetição maiores. Esse

raciocínio pode explicar os maiores valores da EMGRMS normalizada na série para o

Protocolo B em comparação ao Protocolo A no presente estudo.

Contudo, dados do estudo de Sampson, Donohoe e Groeller (2014)

conduzem para uma controvérsia. Esses autores verificaram um maior pico de força

durante a primeira e última ação concêntrica em um protocolo de treinamento de

força realizado com ações musculares concêntrica e excêntrica explosivas (protocolo

CAE) no exercício flexão de cotovelos quando comparado com protocolos que

utilizaram ações concêntricas explosivas e ações excêntricas de 2s (protocolo

concêntricas rápidas) e que realizavam ambas as ações musculares de 2s

(protocolo controle). Apesar de ter sido encontrado maiores valores de força nos

primeiros 5% da última ação muscular concêntrica no protocolo CAE, não foram

verificadas diferenças na atividade eletromiográfica das ações musculares

concêntricas entre os protocolos. Os autores concluíram que uma rápida ação

muscular excêntrica não foi capaz de aumentar ativação muscular durante as ações

musculares concêntricas. Contudo, um aspecto metodológico pode ter contribuído

para esse resultado. Apesar de o protocolo CAE ter apresentado maior velocidade

média das ações musculares concêntricas nas três primeiras repetições, comparado

com os outros dois protocolos, foi verificada uma diminuição da velocidade média

das ações musculares concêntricas a cada repetição em todos os protocolos. Com

isso, não foram verificadas diferenças significantes na velocidade média das ações

musculares concêntricas entre os protocolos CAE e concêntricas rápidas na última

repetição. Dessa forma, é possível que tenha ocorrido uma diminuição das

diferenças na duração das ações musculares concêntricas entre os protocolos ao

longo da série, o que pode ter contribuído para não terem sido verificadas diferenças

na atividade eletromiográfica durante ações musculares concêntricas entre os

protocolos. Além disso, o estudo de Sampson, Donohoe e Groeller (2014) foi

realizado com o exercício monoarticular envolvendo flexores do cotovelo,

diferentemente dos estudos de Sakamoto e Sinclair (2012) e Newton et al. (1997),

que investigaram um exercício multiarticular (exercício supino). A diferença

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mecânica entre os exercícios mencionados pode, de acordo com Shinohara (2009),

resultar em estratégias distintas de ativação dos músculos envolvidos. O que reduz

a expectativa de uma resposta padronizada quando diferentes tarefas motoras são

realizadas.

A maior EMGRMS normalizada verificada durante a ação muscular excêntrica

também verificada para o Protocolo B pode estar relacionada com a necessidade de

produzir uma maior força para desacelerar a barra, que desloca durante a ação

excêntrica em maior velocidade nesse protocolo em comparação ao Protocolo A.

Desta forma, para a produção de uma maior força muscular para frenagem do

movimento seria necessária uma maior ativação muscular. Dados de estudos

prévios, que investigaram a atividade eletromiográfica durante a ação muscular

excêntrica em protocolos de treinamento de força com diferentes durações da

repetição são escassos. Nas pesquisas realizadas por Sakamoto e Sinclair (2012) e

Newton et al. (1997), envolvendo o exercício supino e protocolos com diferentes

durações da repetição, a atividade eletromiográfica foi investigada apenas na ação

muscular concêntrica. Diferentemente do estudo de Sampson, Donohoe e Groeller

(2014), que investigou a atividade eletromiográfica em ambas as ações musculares.

Esses autores relatam uma maior atividade eletromiográfica nas ações musculares

excêntricas durante as duas primeiras repetições do protocolo CAE comparado com

o controle (ações musculares concêntricas e excêntricas de 2s cada). Também foi

verificada uma maior atividade eletromiográfica para o protocolo CAE durante a

terceira e última repetição quando comparado aos protocolos concêntricas rápidas

(ações concêntricas explosivas e ações excêntricas de 2s) e ao controle. Estes

resultados foram justificados pelo fato dos voluntários necessitarem de pelo menos o

dobro de força para desacelerar a barra nos últimos 40% da ação muscular

excêntrica no protocolo CAE comparado com os outros dois protocolos. Assim,

distintamente da ação muscular concêntrica foram verificadas diferenças na

atividade eletromiográfica entre os protocolos, mesmo com possíveis mudanças das

durações das ações excêntricas nos três protocolos no decorrer da série. Sampson,

Donohoe e Groeller (2014) concluem que uma rápida ação muscular excêntrica

favoreceria um aumento da ativação muscular excêntrica mais que a concêntrica.

Contudo, esses resultados devem ser considerados com cuidado, pois no estudo de

Sampson, Donohoe e Groeller (2014) o exercício investigado (flexão de cotovelo) foi

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50

diferente do exercício analisado no presente estudo. Diferenças na característica

mecânica dos exercícios (i.e.; mono vs. multiarticular) podem induzir a estratégias

distintas de ativação dos músculos envolvidos de acordo com Shinohara (2009).

Diferentes mecanismos neurofisiológicos podem estar envolvidos com o

aumento da EMGRMS normalizada verificada no Protocolo B. De acordo com Newton

et al. (1997), durante ações musculares rápidas envolvendo o CAE, uma pré-

ativação durante a ação muscular excêntrica e uma maior estimulação da resposta

reflexa miotática podem ter contribuído para a maior atividade eletromiográfica

registrada durante o início da ação muscular concêntrica. Dados do estudo de

Martins-Costa et al. (2012) mostraram que protocolos de treinamento de força com

menores durações da repetição (4s vs. 6s) realizados no exercício supino

apresentam maiores velocidades angulares durante a ação muscular excêntrica e

menor tempo de transição entre as ações musculares excêntrica e concêntrica.

Essas características mecânicas afetam o desempenho de força durante ações

motoras envolvendo o CAE (SAMPSON; DONOHOE; GROELLER, 2014; WILSON

et al., 1991). Contudo, ainda necessita ser esclarecido se uma maior velocidade de

movimento e um menor tempo de transição potencializam os mecanismos

neurofisiológicos (pré-ativação e resposta reflexa miotática) e, consequentemente, a

atividade eletromiográfica durante protocolos de treinamento de força. Assim,

considerando que durante a realização Protocolo B (menor duração da repetição)

maiores velocidades de movimento estão presentes, é possível que ocorra uma

maior participação dos mecanismos citados acima, proporcionando uma maior

EMGRMS normalizada durante a ação muscular concêntrica comparado com o

Protocolo A. Entretanto, é necessário relativizar a participação desses mecanismos

neurofisiológicos, uma vez que Sampson, Donohoe e Groeller (2014) argumentam

que a pré-ativação pode contribuir mais para um aumento da ativação muscular

excêntrica do que concêntrica durante uma rápida ação muscular excêntrica. Esses

autores apresentaram esta argumentação devido ao fato de não terem verificado

uma maior atividade eletromiográfica durante a ação muscular concêntrica, mas

somente durante a ação muscular excêntrica em protocolos de treinamento de força

com diferentes durações da repetição. Mas como relatado anteriormente, o estudo

de Sampson, Donohoe e Groeller (2014) deve ser considerado com cuidado, pois o

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51

exercício investigado (flexão de cotovelo) foi diferente do exercício analisado no

presente estudo (exercício supino).

Considerando outros mecanismos neurais moduladores da produção de força

muscular em ações voluntárias, a frequência de estimulação e o recrutamento das

unidades motoras são relatados na literatura (CHRISTIE et al., 2009; DUCHATEU;

ENOKA, 2011; DUCHATEAU, SEMMLER; ENOKA, 2006). Duchateau e Baudry

(2014) indicam que uma maior frequência de estimulação das unidades motoras no

início de ações motoras balísticas é determinante para uma elevada taxa de

desenvolvimento de força. Entretanto, Christie et al. (2009) relatam que atividade

eletromiográfica reflete principalmente o recrutamento de unidades motoras e que é

pouco sensível a aumentos na frequência de estimulação de unidades motoras.

Reforçando essa relativização da importância da frequência de estimulação, Moritani

(2003) relata que o recrutamento de unidades motoras parece ser o mecanismo

determinante na produção de força para demandas de acima de 40-50% da

contração voluntária máxima. Considerando que o recrutamento de unidades

motoras é modulado pelo nível de força produzido (CHRISTIE et al. 2009) e que

maiores picos de força são esperados em protocolos de treinamento com menor

duração da repetição (BENTLEY et al., 2010), é possível que um maior recrutamento

de unidades motoras represente um dos mecanismos responsáveis pelo aumento da

resposta EMGRMS normalizada verificada no Protocolo B. Contudo, os procedimentos

experimentais do presente estudo não permitem inferir sobre o nível de participação

deste mecanismo nos resultados encontrados. Dados do estudo de Harwood e Rice

(2012) mostraram uma redução do limiar relativo de recrutamento das unidades

motoras com um aumento no pico de velocidade angular no exercício extensão de

cotovelos. As análises de regressão de unidades motoras individuais revelaram

correlações negativas (r = - 0,34 até - 0,76, R2 = 0,11 até 0,58) entre a velocidade

angular e o limiar de estimulação para sete (7) das 17 unidades motoras

investigadas. Os autores relatam que esse resultado fornece subsídios para uma

expectativa de modulação velocidade-dependente do limiar de recrutamento das

unidades motoras. Se essa modulação também ocorreu durante a realização do

Protocolo B facilitando assim um maior recrutamento de unidades motoras e,

consequentemente, aumentando a atividade eletromiográfica precisa ainda ser

investigado em estudos futuros.

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Partindo da aceitação de que um maior recrutamento de unidades motoras

pode ter resultado em uma maior EMGRMS normalizada verificada no Protocolo B,

surge a discussão se um possível recrutamento seletivo de unidades motoras

rápidas, que devido a maior produção de força e velocidade de contração

associados às mesmas, poderia ocorrer durante a execução do Protocolo B.

Evidências para essa discussão foram fornecidas por estudos prévios realizados

com humanos (MORITANI; ODDSSON; THORTENSSON, 1991 a;b; NARDONE;

SCHIEPPATI, 1988), que verificaram uma ativação preferencial do músculo

gastrocnêmio (considerado “rápido”) comparado com o músculo sóleo (considerado

“lento”), assim como, um recrutamento seletivo de unidades motoras rápidas dos

músculos flexores plantares. Contudo, é importante considerar que os resultados

envolvendo esta questão ainda são controversos (DESMEDT; GODAUX, 1977;

MORITANI, 2003; PASQUET; CARPENTIER; DUCHATEAU, 2006). Além disso, as

pesquisas de Moritani, Oddsson e Thortensson (1991a;b) utilizaram tarefas motoras

com grande demanda de força e potência muscular, i.e. salto em profundidade, que

demandam picos de força de reação no solo de 5-6 vezes o peso corporal

(MORITANI; ODDSSON; THORTENSSON, 1991b) e potência de 30W.kg-1

(MORITANI; ODDSSON; THORTENSSON, 1991a). Adicionalmente, Nardone,

Romano e Schieppati (1989) relatam que a velocidade movimento influencia em um

possível recrutamento seletivo de unidades motoras rápidas durante ações

musculares concêntricas e, principalmente excêntricas para os músculos flexores

plantares durante o exercício flexão plantar realizado com o torque constante. Desta

forma, como o exercício supino representa uma tarefa motora com características

mecânicas bem distintas quando comparado ao salto e dados de pesquisas, que

investigaram esse fenômeno envolvendo o exercício supino, ainda não estão

disponíveis, um recrutamento seletivo de unidades motoras no presente estudo

permanece apenas como uma especulação.

5.2 Influência dos protocolos de treinamento na concentração de lactato sanguíneo

A concentração de lactato sanguíneo aumentou significantemente no decorrer

das 3 séries, confirmando a hipótese 3. Estudos prévios também verificaram um

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aumento da concentração de lactato sanguíneo ao longo de protocolos de

treinamento de força com séries múltiplas (MAZZETTI et al., 2007; TANIMOTO;

ISHII, 2006, WALKER et al., 2011; 2012; WIRTZ et al., 2014). O aumento

progressivo entre as séries e os valores médios de pico da concentração de lactato

sanguíneo (6,67 e 8,32 mMol/L para os protocolos A e B, respectivamente)

registrados no presente estudo indicam uma significativa demanda fisiológica em

ambos os protocolos de treinamento. Uma comparação desses valores encontrados

com dados de estudos prévios não faz sentido, uma vez que existem várias

diferenças na configuração dos protocolos que poderiam influenciar a magnitude da

resposta da concentração de lactato sanguíneo por meio da alteração do trabalho

mecânico ou mesmo o TST associado aos protocolos. O estudo de revisão realizado

por Crewther; Cronin; Keogh (2006) fornece informações que sustentam esta

afirmação. O aumento da concentração de lactato sanguíneo verificada no decorrer

das séries é coerente com os dados da atividade eletromiográfica, que reforçam a

argumentação de que a carga referente aos protocolos exigiu modificações na

estratégia de ativação muscular para que o trabalho mecânico relativo a cada série

fosse realizado. Em ambos os protocolos foi verificado um aumento na ativação

muscular no decorrer das séries. Considerando que a maior ativação muscular em

cada série, resultante possivelmente de um maior recrutamento de unidades

motoras, poderia indicar também um gradual aumento no recrutamento de unidades

motoras rápidas, um aumento progressivo na concentração de lactato sanguíneo no

decorrer das séries seria esperado. Essa expectativa do aumento progressivo está

relacionada com a maior capacidade de produção de força e de fornecimento de

energia por meio da via glicolítica das unidades motoras rápidas (COLLIANDER;

DUDLEY; TESCH, 1988; TESCH et al., 1998). Embora o intervalo da pausa tenha

sido suficiente para que ambos os protocolos tenham sido executados, a duração da

pausa de 3 minutos não foi suficiente para uma completa recuperação dos sistemas

metabólico e neuromuscular, o que resultou em uma resposta integrada desses

sistemas provocada pela necessidade do organismo executar o mesmo trabalho

mecânico no decorrer das séries. Os resultados do presente estudo confirmam este

raciocínio.

No presente estudo, a resposta da concentração de lactato sanguíneo foi

maior no Protocolo B (maior número de repetições e menor duração da repetição)

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comparado ao Protocolo A, confirmando a hipótese 4, e permaneceu mais elevada

até 12 min após a execução do protocolo. Uma comparação direta com estudos

prévios não é possível, uma vez que não foram encontrados dados de estudos

comparando a concentração de lactato sanguíneo em protocolos de treinamento de

força de maneira similar ao realizado no presente estudo, considerando o melhor do

nosso conhecimento. Contudo, uma explicação para a maior de concentração de

lactato sanguíneo no Protocolo B pode estar relacionada com um maior trabalho

mecânico e potência produzidos nesse protocolo. Considerando que a amplitude de

movimento articular não apresentou diferença entre os protocolos e um mesmo peso

(%1RM) foi deslocado, o maior número de repetições realizado no Protocolo B pode

ter resultado em um maior trabalho mecânico e potência para um mesmo TST.

Reforçando esta hipótese, Buitrago et al. (2012) indicaram que maiores velocidades

de movimento (menores durações da repetição) provocam um aumento no tempo de

exercício e trabalho mecânico total. Mais recentemente, Buitrago et al. (2014)

confirmaram a hipótese do estudo, que maiores cargas mecânicas induzem a

maiores respostas fisiológicas, corroborando estudos anteriores (HUNTER;

SEELHORST; SNYDER, 2003; LAGALLY et al., 2002). Adicionalmente a este

contexto, se a maior ativação muscular em cada série no Protocolo B resultou

possivelmente de um maior recrutamento de unidades motoras, em especial, um

gradual aumento no recrutamento de unidades motoras rápidas (glicolíticas), é

possível deduzir que, a maior a concentração de lactato sanguíneo no Protocolo B

foi devido ao maior trabalho mecânico e/ou potência realizados em cada série, que

exigiu um maior fornecimento de energia e contribuição do metabolismo anaeróbico,

resultando em um acúmulo aumentado do lactato sanguíneo após cada série em

comparação ao Protocolo A.

5.3 Limitações do estudo

Mesmo tendo submetido todos os voluntários a um processo de familiarização

ao uso do metrônomo para controle da duração da repetição, ainda foram

verificadas diferenças significantes entre a duração média das ações musculares

excêntricas entre os Protocolos A e B (18,19 ± 0,41s e 18,43 ± 0,58s,

Page 56: RESPOSTAS DA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA E ......2 Dissertação de Mestrado intitulada “Respostas da atividade eletromiográfica e concentração de lactato sanguíneo a protocolos

55

respectivamente; t = -2,235 e α < 0,036). Contudo, embora a duração média das

ações excêntricas tenha sido diferente do ponto de vista estatístico, a magnitude da

diferença entre as médias dos dois protocolos foi menor que 1,4%, o que dificulta

assumir que esse fator venha refletir de maneira decisiva nas respostas fisiológicas

mensuradas. A partir também desses resultados, verifica-se a importância de se

registrar a duração da repetição em estudos que analisam o efeito agudo ou crônico

da manipulação dessa variável do treinamento. Dentre as pesquisas revisadas no

presente estudo, a maioria utilizou o metrônomo para controle da duração da

repetição e das ações musculares, entretanto, sem nenhum tipo de registro que

confirmasse se as durações ocorreram dentro do planejado.

No presente estudo não foi possível a investigação da variação de torque

durante o exercício supino. Sabe-se que a variação de torque em ações musculares

dinâmicas (DE LUCA, 1997; DUCHATEAU; ENOKA, 2008), assim como alterações

na aceleração podem alterar a atividade EMG (ELLIOTT et al., 1989) e concentração

de lactato sanguíneo (CARUSO et al., 2009). O conhecimento sobre alterações na

aceleração e na força empregada para deslocar a barra no exercício supino poderia

implicar em maior entendimento das alterações na EMGRMS normalizada e

concentração de lactato sanguíneo e, consequentemente ampliar a discussão sobre

os resultados encontrados.

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6 CONCLUSÃO

Portanto, os resultados apresentados no presente estudo revelaram que

protocolos de treinamento de força equiparados pelo TST, mas com duração da

repetição e número de repetições diferentes, produziram demandas fisiológicas

diferentes. Especificamente, o protocolo com menor duração da repetição e maior

número de repetições proporcionou maior EMGRMS normalizada e maior

concentração de lactato sanguíneo comprado com um protocolo com mesmo TST.

No entanto, mais estudos são necessários para determinar a contribuição de outras

configurações da duração da repetição e número de repetições nas respostas

neuromusculares e metabólicas, como também entender o impacto de protocolos de

treinamento de força equiparados pelo TST nas respostas crônicas do treinamento.

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APÊNDICE 1 – Termo de consentimento livre e esclarecido

Venho por meio deste convidá-lo (a) a participar da pesquisa intitulada

"Respostas metabólicas e neuromusculares a protocolos de treinamento de força

equiparados pelo tempo sob tensão” que será realizada no Laboratório do

Treinamento na Musculação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia

Ocupacional – UFMG sob responsabilidade dos pesquisadores Prof. Dr. Mauro

Heleno Chagas (Orientador) e Lucas Túlio de Lacerda (Mestrando).

A pesquisa consistirá de quatro sessões de treinamento e investigará as

respostas neuromusculares e metabólicas agudas a dois protocolos de treinamento

no exercício supino guiado. Para isso, haverá a mensuração da atividade

eletromiográfica dos músculos peitoral maior, deltoide anterior e tríceps braquial por

meio de eletrodos de superfície. Nesse período será realizada a tricotomização

(raspagem dos pêlos) nas regiões do tórax, braço e ombro direitos para a colocação

de eletrodos de superfície. Também, será mensurada a concentração de lactato

sanguíneopor meio de um pequeno furo no lóbulo da orelha esquerda. Para esse

procedimento serão utilizadas lancetas esterilizadas e descartáveis.

Por se tratar de uma pesquisa que realizará protocolos de treinamento de

força na musculação existe risco associado a este estudo que podem incluir lesões

musculoesqueléticas e traumatismo.

Será garantido o anonimato dos voluntários e os dados obtidos serão

utilizados exclusivamente para fins de pesquisa pelo Laboratório do Treinamento na

Musculação. Os pesquisadores se põem a disposição dos voluntários para

responder qualquer dúvida que possa surgir.

O voluntário poderá se recusar a participar desse estudo ou abandoná-lo a

qualquer momento, sem precisar justificar-se e sem qualquer constrangimento ou

transtorno. Não está prevista qualquer forma de remuneração.

Os pesquisadores podem decidir sobre a exclusão de qualquer voluntário do

estudo por razões científicas, sobre as quais os mesmos serão devidamente

informados.

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Portanto, eu,______________________________________, voluntariamente

concordo em participar dessa pesquisa nos termos acima expostos.

Belo Horizonte, ___ de ________________ de 2013.

Assinatura do voluntário: _______________________________________

Declaro que expliquei os objetivos desse estudo, dentro dos limites dos meus

conhecimentos científicos.

Assinatura do pesquisador responsável:______________________________

Prof. Dr. Mauro Heleno Chagas

Sub-coordenador do Laboratório do Treinamento na Musculação/ EEFFTO-UFMG

Tel.: 3466-2401/ 8832-0283 (Contatos: Lucas Túlio de Lacerda)

COEP - Comitê de Ética em Pesquisa

Av. Antônio Carlos, 6627 Unidade Administrativa II - 2º andar - Sala 2005 Tel.: 3409-4592

Campus Pampulha Belo Horizonte, MG – Brasil 31270-901

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ANEXO 1 – Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais

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