resposta à diretoria da faculdade de direito da faap

23

Click here to load reader

Upload: tfv1

Post on 05-Dec-2014

299 views

Category:

Documents


2 download

DESCRIPTION

Antes mesmo de apensar o documento aos autos do inquérito disciplinar, que sequer seguiu o rito correto, cerceando-me do direito à ampla defesa e ao contraditório, torno pública a minha resposta às pataratas orquestradas contra mim.

TRANSCRIPT

Page 1: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

À Diretoria da Faculdade de Direito da Fundação Armando Álvares Penteado,

O texto elaborado para instauração de procedimento disciplinar é de aparvalhar o mais primário operador do Direito, sobretudo de fazer tremelear os mais fleumáticos seres humanos, tamanha a robustez das injustiças nele contidas. A primeira conclusão, que inevitavelmente salta à vista até dos menos experientes conhecedores das letras, é que jamais uma peça como aquela foi escrita pelo Prof. Álvaro Villaça. A peça traz vários atentados ao vernáculo, erros de Inglês, e, não suficiente, diversos erros materiais.

O manancial de erros que apresenta a r. peça suscita, de imediato, dois raciocínios lógicos: a um, existe total falta de preparo do redator. A dois, ainda que extremamente despreparado, não teve sequer a preocupação de melhor elaborar o texto. É exatamente esse último dedutivo que sugere, em conjunto com o teor de animus dolandi que apresenta o r. texto, um já consolidado consenso no sentido de desligar-me da FAAP. Claro que o texto, em seu preâmbulo, estatui que todo o seu conteúdo é tão somente fundado nos relatos apresentados.

Mas não é o que se lê.

O relatório, ou melhor, o rabisco, mostra que o escrevinhador sequer se preocupou em grafar narrativa sóbria, isenta, e técnica, mesmo tendo o primeiro parágrafo do r. relatório enunciado que os fatos expostos são meras reproduções de fatos trazidos ao conhecimento da diretoria. Na verdade, o texto é permeado por juízos de valor, pueris inclusive, irrogados à minha pessoa.

Dando continuidade ao animus dolandi, que se revela como estalão do texto em questão, o pacóvio escrevinhador faz questão de tipificar como pertencente à alínea b), do inciso IV, do Art. 79, do Regimento Interno da Fundação Armando Álvares Penteado, uma das supostas condutas imputadas à minha pessoa. Imperioso se faz, nesse momento, frisar que sequer existe o r. inciso no Art. 79. Nessa via, é provável, e quase certo, que o gênio redator quisera se referir ao Art. 80. Agora, o que há de mais grave: o redator elegeu o inciso IV para tipificar uma de minhas supostas condutas, quando a mesma conduta é também prevista nos incisos II e III. A razão para a escolha do inciso IV resulta obvia: é exatamente este o inciso que versa sobre o desligamento, enquanto os outros versam sobre, no máximo, suspensão, ou repreensão.

É de se rir.

Destarte, a já mencionada presença de robusta deturpação da totalidade dos fatos expostos seria suficiente para fazer sobejar a clara intenção de desligar este aluno que vem, militarmente, cumprindo as demandas da instituição, mas que denunciou as mazelas lecionadas por uma determinada professora. São estas mazelas que passam despercebidas aos olhos dos menos atentos, prejudicados, portanto, ainda que não reclamem, pelo desserviço.

Page 2: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Há um quórum nitidamente formado que compartilha de estreme ânsia de extirpar-me desta faculdade, eliminando assim esta ameaça, que denuncia, ainda que sem dolo, o grau de qualidade de um membro de seu corpo docente. Como é sabido, o inquérito disciplinar em pauta contém outras malsinadas acusações, as quais serão devidamente defendidas, mas nenhuma delas sequer se pode comparar ao que alegou a professora Marina Atchabahian. É exatamente essa descarada mentira que visa viabilizar meu desligamento da FAAP, haja vista que, segundo rege o estatuto da Fundação Augusto Álvares Penteado, as outras inverdades, se muito, resultariam em suspensão. Imperioso se faz, nesse momento, ressaltar que todas as outras inverídicas acusações não passam de malcriações, de autoria de um grupo de adolescentes que já se conhecem há tempos, contra um jovem adulto que, digamos, deu-lhes alguns puxões de orelhas’, no sentido figurado da expressão.

A FAAP conta com robusta seleção de integrantes do poder público em seu curso de Direito. No caso em epígrafe, a notícia do procedimento administrativo me foi dada por um Desembargador e membro do CNJ, Prof. José Neves Amorim, que é vice-diretor da faculdade. Naquele dado momento, o Prof. Amorim estava acompanhado por um Procurador de Justiça, Dr. Mario Sarrubbo. Raramente se vê um Procurador, um Desembargador, e um 'réu', juntos em uma sala.

Não bastasse o incômodo de ter sido ‘citado’ por essa dupla rara, tive o desprazer de receber uma lôbrega notícia do vice-diretor Amorim: a inspetora de corredor, Maria José, havia descido à diretoria e feito reclamações à meu respeito, inclusive constando no rol de testemunhas. A notícia era falsa. Logo após a reunião, subi e conversei com Maria José, que não tinha o mais vago conhecimento sobre qualquer procedimento disciplinar, ou sequer sabia que estava no rol de testemunhas. Eu já tinha absoluta certeza de que essa seria a sua resposta. Tenho excelente relacionamento com todos os funcionários das classes mais baixas, sempre foi uma característica marcante de minha personalidade. Desde a Celinha, do estacionamento, à Maria José, passando por seguranças, manobristas &c. me dou muito bem e converso constantemente com todos.

A FAAP é uma instituição que tem uma força política hercúlea no Estado de São Paulo, já tendo formado políticos e membros do judiciário dos mais diversos, bem como herdeiros de muitas das fortunas do Estado, hoje gestores de grandes conglomerados financeiros. É uma bela faculdade, extremamente bem estruturada, e com envergadura para contratar qualquer professor de ponta. E não são poucos os excelentes professores que lá lecionam. É das mais elitizadas, senão a mais elitizada faculdade do país, certamente a mais elitizada do Estado de São Paulo, que por sua vez que reúne 42% do PIB do Brasil.

São Paulo, de fato, lidera a economia do país, e tantos outros segmentos. Mas qual é o mérito desse estado se seu próprio território, e também sua nação, estão na mais negra e balburdiosa miséria? É por aberrâncias como a que ora se configura que nosso país, lamentavelmente, padece de graves males.

Um axioma:

Page 3: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

As famílias de minha mãe, Brennand e Tavares da Silva, e do meu pai, Fernandes Vieira e Fernandes Vieira, são tradicionais em meu Estado de origem, Pernambuco. As famílias de meu pai, ou melhor, a família, vez que meus avós paternos eram primos, foi de relevância indelével nos primórdios da história do Brasil. Nosso antepassado, João Fernandes Vieira, foi herói da Restauração Pernambucana, juntamente com Henrique Dias, André Vidal de Negreiros e Felipe Camarão. Assim sendo, não apenas conheço como também entendo bem o pensamento das elites. Por diversas vezes em minha vida fui vergastado pelos desalpendrados conceitos prevalecentes na classe dominante, majoritariamente imersa em vaidades econômicas, de estirpe ou poder. Não há tradição, titulação ou posse capaz de suprimir o valor da educação. Os verdadeiros valores intelectuais independem desse trinômio.

O elitismo que predomina na FAAP, portanto, não me trouxe nenhuma novidade.

Ademais, o preconceito que a maior parte do alunato tem com relação ao Nordeste, que é de notabilidade palmar, tampouco me causou surpresa. Não me refiro, a priori, a preconceito no sentido de discriminação, de racismo, e sim no sentido de conceito prévio deturpado, ignomínia resultante da mais etérea ignorância. Desconhecem, completamente, o Nordeste, com algumas exceções. Não se pode olvidar, no entanto, que é exatamente essa ignorância a matriz do preconceito em sua acepção racista.

É a realidade.

Um breviário sobre Pernambuco, editado de forma a elencar personagens relacionados às duas características básicas da FAAP: entidade de direito privado, e instituição de ensino. Sobre a educação, temos que Pernambuco é a terra do maior físico teórico do Brasil, Mário Schenberg; do maior educador brasileiro, Paulo Freire; do maior matemático brasileiro, Leopoldo Nachbin; do maior dramaturgo brasileiro, Nelson Rodrigues; do maior sociólogo brasileiro, Gilberto Freyre; do Patriarca da Medicina Brasileira, Correia Picanço; do primeiro brasileiro galardoado com o Prêmio Camões, João Cabral de Melo Neto. O estado abriga o maior parque tecnológico do Brasil, o Porto Digital; o maior estaleiro do Hemisfério Sul. Recife é o segundo maior pólo médico privado do país, setor liderado pelo Grupo Fernandes Vieira. Em Pernambuco nasceram muitos dos maiores nomes da indústria brasileira, como Norberto Odebrecht, José Ermírio de Morais, Antônio de Queiroz Galvão e Ricardo Brennand. Nos últimos 19 anos, durante 16 o país foi presidido (Lula), vice-presidido (Marco Maciel) por Pernambucanos, e nos últimos 3 anos vem sendo presidido por uma pessoa quase que nomeada por um Pernambucano (Dilma).

O político mais popular da história do país, Luís Inácio Lula da Silva, é Pernambucano.

Desconhecer o Nordeste, ou qualquer outra região do país, já tipifica o crime de ignorância, crime este que deveria estar previsto em nosso ordenamento. Nessa esteira, observe-se que Pernambuco, que é

Page 4: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

apenas uma pequena parte do Nordeste, já nos trás impressionante elenco, o que nos leva a concluir que os demais Estados do Nordeste, não menos importantes, nos trariam interminável lista.

Há de se mencionar a presença de Pernambucanos notáveis no corpo docente da FAAP, bem como alunos de todas as partes do Nordeste. Vários primos meus já estudaram, estudarão ou estudam, por lá. O corpo discente também é repleto de alunos de outras partes do Brasil, o que não refuta a veracidade da existência de preconceito.

No caso do inquérito administrativo, cerne maior da questão, o preconceito não é a tônica do abalroamento, vez que não exerce papel dominante deste vergonhoso esquete. Mas é bastante valedouro mencionar sua existência, mercê do papel que desempenha nas relações interpessoais, principalmente quando se trata de jovens adultos, com média etária de 18 anos de idade.

Pois bem.

Entrei na FAAP já através de uma divertida brincadeira: prestei vestibular. Passei em 8º lugar para o curso de Direito. Ora, um camarada com 32 anos, que está há 15 sem frequentar o colégio, e portanto há uma década e meia sem ter contato com o conteúdo programático típico do Ensino Médio, não presta vestibular com facilidade. No entanto, pude comprovar que os anos de colégio deixaram sólido legado, e obtive êxito nessa empreitada, me classificando à frente da quase totalidade dos jovens ingressantes.

A uma simples visão, foi fácil perceber que uma professora, em especial, me iria fustigar o juízo. As aulas da professora Marina eram permeadas por erros crassos, não apenas vernaculares, mas principalmente de conteúdo itself. Marina iniciou o ano versando sobre ciência do Direito, delineando o que quer dizer ciência. Em frugal debate comigo, não sabia sequer quem havia sido Karl Popper. Certa feita, já irritada, perguntou-me se eu conhecia uma pessoa, de nome estranhíssimo. Obviamente, desconhecia a tal pessoa, e, ainda hoje, sequer sou capaz de lembrar tão atípico nome. Mas a r. professora pecou mais uma vez nesse elementar intento justificatório, haja vista não ter ninguém a obrigação do conhecimento universal. Vexatório é, na verdade, exercendo tão nobre múnus, ter ela trazido à sala um assunto sem antes dominá-lo. Isso, de fato, faz parte de sua obriga çã o . Desconhecer Karl Popper, quando se tenta definir ciência, é inadmissível. Karl Popper é, simplesmente, conhecido como o fil ó sofo mais influente do s é culo XX a tematizar a ci ê ncia.

Não bastante, a digníssima professora não sabia sequer o significado de distanásia, em meio a uma aula onde os assuntos principais eram a ortotanásia, e a eutanásia. Esses temas, que estão em voga atualmente, face ao instituto do Testamento Vital, são correlatos e indissociáveis, sobretudo indispensáveis ao entendimento do r. instituto.

Dando continuidade ao seu espetáculo desorientador, não tipificou corretamente o crime de Racismo, em um dos slides que apresentou em aula seguinte. O slide que trazia a errônea disposição literal de Racismo

Page 5: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

negligenciou ‘procedência nacional’ como uma das espécies tipificadoras de racismo. Discriminar alguém por sua procedência nacional é, sem quaisquer vestígios de dúvidas, crime de Racismo. Ato contínuo, errou ao expor a pena do crime de Injúria, em seu §3º, tendo exposto, em lugar da pena correta, a pena do crime de Injúria, caput. A pena da Injúria Racial equipara-se à do Racismo, sendo este último tipo penal distinto por sua imprescritibilidade e inafiançabilidade.

Dias após nossos debates, a r. professora, descaradamente, corrigiu os slides antes de disponibilizá-los no Blackboard, mas jamais se retratou do erro em sala de aula. O vice-diretor Amorim me havia assegurado era dever da professora retificar, em sala de aula, os erros apresentados.

Nessa quadra, ad argumentandum tantum, há professores que cometem erros, mas nada comparado aos que nos trazia a Prof.ª Marina. Já pontuei diversos outros erros, não tão absurdos, sem que os professores se sentissem ofendidos. Cometi diversos erros em minha vida, e não senti outra coisa senão gratidão pelos que me corrigiram.

É natural que um aluno costure suas opiniões pessoais acerca dos professores, mas é raro que se insurja contra a qualidade de ensino de determinado professor. É de se esperar que, em casos de insatisfação insanável, membros do corpo discente busquem outra instituição. Mas a Prof.ª Marina fazia de suas aulas verdadeiras penitências aos meus sentidos. Cometer pequenos erros, não dominar técnicas de ensino &c. não tornam proibitivo o acompanhamento de aula alguma. Erros de Português, com exceção de assaltos violentos ao vernáculo, são comuns à todos nós. Porém, cometer erros crassos, constantes e, não bastante, iniciar contenda com o aluno que denuncia os r. erros superou quaisquer limites aceitáveis.

Bom, melhor voltarmos ao texto acusatório.

Prima facie, dois pontos cruciais me causaram indignação na peça: o fato inconteste, e já citado, de não ter sido a r. peça escrita, e sim apenas subscrita, pelo Prof. Álvaro Villaça. Em seguida, uma dúvida cruel: teria sido a professora Marina capaz de, deliberadamente, criar esses fatos à meu respeito, ou seria toda aquela veneta fruto de uma ação em conjunto, orquestrada por ela e outros membros do corpo docente? É possível que não apenas Marina, mas outras pessoas que lhe sejam amigas, estejam, una voce, dando supedâneo à trama.

Não tive qualquer outro problema na faculdade, exceto pequena chateação com a Prof.ª Náila. Dou-me bem com todos os professores, e com as pessoas que sempre vejo na diretoria. Após esse turmoil, é claro que o Prof.º Sarrubbo, o Prof.º Amorim e a Prof.ª Náila não devem se aprazer muito de minha pessoa, mas minha reação foi tempestiva e proporcional à causa. Aprendi que devemos respeitar o próximo, independente de classe social, autoridade, raça, cor &c., mas que jamais, sob nenhuma hipótese, devemos nos agachar diante de quem seja, quando na defesa de nossa honra, da verdade, da justiça e todos os etc. pertinentes.

Page 6: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Dando continuidade à leitura da peça, pude notar, ao longo do texto, várias pilhérias grafadas à meu respeito, como a repetida classificação de minha personalidade como ousada, agressiva, irônica &c., e o uso de expressões como '...apoderou-se do material e lançou-o...'. Tudo parecia muito solidamente edificado com um animus dolandi inédito. Todos os trechos de falas minhas, ou transcrições de meu Facebook, sem exceção, apareceram descontextualizadas, tornando-as até de indigerível leitura, vez que externam um personagem maléfico, desequilibrado, mal-educado &c.

Lamento, ilustre professor, mas não é o meu caso.

A descontextualização é técnica antiga que deturpa a real mensagem dos fatos em favor de quem os descontextualiza.

Vamos aos fatos, um a um:

1. Os epis ó dios da carteira: Não houve, em nenhum momento desse episódio, por parte das testemunhas arroladas, cedência de lugar para que eu pudesse conectar o computador à tomada. A única pessoa que me cedeu o lugar, de forma gentil, no início de todo esse imbróglio, foi uma aluna chamada Marcela Valente, a quem solicitei o lugar, já com a situação de disputa devidamente instalada.

Desde o primeiro dia de aula, sentei-me sempre ao mesmo lugar. É fenômeno comum em salas de aulas todos os alunos adquirirem o hábito de sentar sempre nos mesmos lugares, tacitamente demarcando os r. lugares. Ocorre que esse grupelho, que ora atua como testemunha, é composto de velhos conhecidos. São amigos desde muito antes da FAAP. Mudavam de lugares durante quase todas as aulas, e conversavam incansavelmente, sendo, por vezes, alvo de reprimenda, inclusive de minha parte. Numa dessas mudanças de lugar, ocuparam o lugar onde sentei durante todos os dias anteriores. Solicitei, não à uma dessas pessoas, e sim à tal Marcela, que gentilmente me cedesse o lugar. Fui atendido, e de pronto o problema foi resolvido.

Entretanto, os problemas com os cabelos, que n ã o tiveram in í cio com a aluna Giovana Mello, conforme mentirosamente narrado no libelo, e sim com a aluna Giulia Giustino, dias antes, voltaram a ser utilizados como arma. Havia solicitado, em tom de brincadeira, e pelo Facebook, que a aluna Giulia tivesse mais atenção com os cabelos. Fiz até algumas brincadeiras, fazendo bem humorada referência ao possível uso de uma tesoura como ferramenta para resolver o problema. (DOC.1)

Já existiam algumas breves querelas em curso com esse grupo, posto que o mesmo conversava incansavelmente durante as aulas, e passou a mudar incessantemente de lugar. Quando a tal Marcela Valente me cedeu o lugar, sentei-me atrás de Giovana, que se encarregou de reiniciar a problem á tica do cabelo, vez que a da tomada já havia sido sanada. A implicância, já previsível no caso em tela, mais uma vez tomou conta da situação. Não foi, de forma alguma, por acidente, como mentirosamente exposto na peça, que os cabelos de Giovana foram parar em meu monitor. A prova cabal disto é que já havia ocorrido problema idêntico com Giulia, sua amiga de muito tempo, e inclusive e condução. É

Page 7: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

o que se vê na foto que uma delas me havia enviado, onde aparecem na condução com uma garrafa de tequila. (DOC.2)

Eis, então, mais uma venenosa assertiva contida no relatório, verbis:

"...O cabelo da Giovanna, acidentalmente, tocou a tela do computador do representado que, subitamente, de forma agressiva, segurou o cabelo da colega e lançou-o à frente..."

É bem notável que se trata de descrição de um ato grotesco, criminoso e covarde. Trata-se de desmedida mentira. Usar os verbos 'segurar' e 'lançar' é querer, aí sim de forma covarde, prejudicar-me.

O '...pirralhinha mal criada...' existiu, de fato. E foi bastante pertinente, merc ê de ter a aluna Giovana dito v á rios improp é rios. Ou seja, foi descontextualizada, e deturpada, a minha fala.

Nesse momento, voltou à cena a problemática dos lugares, e, após alguns dias sem poder anotar as aulas, finalmente solicitei que me cedessem o lugar. Recebi como resposta um irônico: "Meu, aqui cada um senta onde quer." O relatório omite, de forma covarde, que procurei a diretoria para dar solução ao feito, mas recebi da Prof.ª. Náila a resposta de que a diretoria não poderia intervir. Um absurdo.

Não sentar em um lugar com uma tomada, cedo ou tarde, inviabilizaria minhas anotações, que inclusive foram compartilhadas com outros alunos da instituição, ajudando-os no processo de aprendizado. Fiz resumos, copiei resumos de terceiros, cadernos, e fiz várias outras ações para ajudar os colegas de turma, principalmente os que ora figuram como testemunhas, todas omitidas do r. inquérito.

De fato, haja vista não terem os alunos se dignado a ter um mínimo de maturidade, e considerando que a Diretoria se omitiu de intervir, usei de expediente sagaz, porém pueril, para dar fenecimento ao problema. É verdade que tirei as coisas da aluna Giovana do lugar onde estavam, e as coloquei na cadeira vizinha. Mas é descabido, e maldoso, o que cita o relatório, verbis:

"...apoderou-se do material da aluna e lançou-o em outra carteira...".

2. Os di á logos do WhatsApp : A tão repugnantemente editada conversa do WhatsApp, que deve, desde já, ser requisitada, in totum, para análise, merece ser desentranhada dos autos. Omite, por exemplo, prova inequívoca de que o linguajar coloquial por mim utilizado, contendo termos de baixo calão, não foi grosseria de minha parte, em lugar disto, eram os mesmos termos utilizados, à farta, durante as longínquas conversas. Ou seja: ao contextualizar os diálogos, é patente que o uso de um 'fodam-se', ou um 'porra' era algo muito comum, por parte de todos, o que inclusive é comum em comunicações informais entre jovens.

Meus celulares eram inundados por 100, 200 mensagens novas a cada vez que os ligava. Se muito, ao longo de todas as conversas, postei 20 mensagens, algumas das quais tarefas para que meus pares pudessem copiar.

Page 8: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Agora, o que causa mais espanto: há muito tempo, logo nas primeiras semanas de aula, e depois de já ter corrigido alguns professores, a aluna Tainá me manda olhar meu WhatsApp. Sou surpreendido com uma mensagem pedindo que eu corrigisse o professor, vez que eles estavam achando a aula muito chata e isto iria, certamente, trazer maior ânimo ao momento. Minha resposta, como o próprio texto provará, foi que jamais iria corrigir professor algum outra vez.

3. A tal foto de meu filho: Outra verdadeira palhaçada é revelada quando dessa patética alegação. Primeiro, e desde já fulminando o alegado na exordial, não existe a tal foto. Na verdade, são duas fotos. Na primeira, num momento curioso flagrado por um de meus primos, meu filho, ao adentrar o quarto do 'Tio Fábio Bopp', como ele carinhosamente chama esse tio postiço, se deparou com parte de sua magnífica coleção de armas de fogo, que estava no chão de seu quarto, sobre um lençol, e Tio Fábio, que também aparece na foto, fazia a manutenção em suas armas. Louie ficou surpreso com o que viu, e foi então que meu primo o clicou. Ao contrário do mentiroso libelo, meu filho sequer está empunhando arma alguma. (DOC. 3)

Não possuo qualquer coleção, ou qualquer arma de fogo.

Há ainda a foto do dia que fui receber uma homenagem no BOPE- Batalhão de Operações Especiais, no RJ. Meu filho aparece em frente as placas de formatura dos 'caveiras' que ele tanto ouvia falar, com uma réplica de 'AR-15', de plástico, imitando o pictórico Capitão Nascimento. (DOC. 4)

Me ponho a pensar se, caso expusesse fotos de meu filho em frente à coleção de armas de fogo de meu tio-avô, Ricardo Brennand, um dos maiores colecionadores de armas brancas e de fogo do país, meus inocentes colegas, que tanto me adoram, iriam me classificar como terrorista.

4. O meu Facebook :

Prolegômenos:

Faço uso do Facebook de forma singular. Talvez por não ter me adaptado às outras ferramentas de comunicação, como O WhatsApp e o Twitter, o Facebook virou meu nânodiário. Já neguei milhares de solicitações de amizade, sequer saberia precisar quantas. Não adiciono e

Em suma: de nenhuma valia é o conteúdo probatório oriundo do WhatsApp, até que os alunos forneçam o conteúdo completo de todas as conversas, ou que seja solicitado ao WhatsApp, via ofício, o r. teor, o que penso ser inviável. Esse material seria de fácil obtenção, vez que inúmeros alunos contém o aplicativo e não apagam as conversas anteriores. É absolutamente ridículo ter que contraditar o exposto, vez que se trata de mero pinçamento de passagens que, se analisadas isoladamente, me são desabonadoras.

Page 9: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

nem aceito quem não conheço. Mais: quando minha lista chega aos 1 mil amigos, excluo os 100 com quem menos tenho contato. Jogo ali pensamentos soltos, e posso desfrutar do que é mais importante para mim: meu Feed de Notícias. Por ter residido tantos e tantos anos no exterior, deixei pelo mundo diversos amigos. Através do Facebook, posso acompanhar a vida de cada um deles.

Quase todas as vezes, senão todas, que posto alguma coisa em meu Facebook recebo, no mínimo, dezenas de 'Curtir' e outras dezenas de comentários. São amigos dos mais diversos, das mais variadas partes do mundo, dos mais variados ofícios. Desembargadores, Juízes, cidadãos comuns, empresários, advogados, médicos, engenheiros, surfistas, lutadores de Jiu-Jitsu, de MMA &c. são comentaristas frequentes de meus posts. O imo da questão é que meu Facebook é verdadeira tertúlia, e não infantil, ou sequer mera ferramenta de brincadeiras e interação social frívola, como é a maioria das páginas daquela rede social.

a. Sobre o primeiro post: ao transcrever partes incompletas dos meus posts, o redator da peça inquisitória é, mais uma vez, incauto, e sequer se ocupa de transcrever corretamente o texto. É o que se vê quando escreve que '...fizeram o partido contra o TFV...'.

Meu caro, sou Nordestino, com a mais imensa honra, e como tal n ã o uso o artigo definido à frente do nome.

Como resta óbvio no curso dessa pendenga, conheço parte do impacto que vir a causar em um ambiente universitário, mercê do nível de sinceridade e perfil contestador, com razoável fundamentação dos pontos fomentados. A outra parte desconheço, já que é subjetiva. Em cursos passados, já me tornei, por vezes, alvo de procuras incessantes por parte de meus colegas, todos buscando auxílio nas matérias em curso. Certa vez fui alvo de censura, por ter pedido revisão de prova várias vezes. No caso específico desse imbróglio, essa tal outra parte já me foi exposta: é a mais clara demonstração de tirania e ânimo direcionado a expulsar um estudante, que deflagrou o parco nível de alguns professores, em especial de uma professora, desta faculdade de Direito.

No post em análise, me resumi a narrar o episódio com o rapaz João Galhardi, e com sua turma. Confesso usuário de anabolizantes, e com porte físico avantajado o suficiente para resolver seus problemas, foi vexatório o seu ato de simplesmente dizer que iria 'chamar o papai', ou seja, usou desse expediente para tentar me intimidar. Levou resposta avassaladora. Essa resposta não se deu no Facebook, e o post na rede social em questão foi apenas simples narrativa do fato. A resposta foi verbal, exatamente na frente do vice-diretor Amorim. Disse-lhe o que já foi devidamente exposto: chamar seu pai não iria trazer o efeito desejado, talvez surtindo o exato efeito contrário.

Page 10: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Já havia um clima hostil entre mim e o jovem rapaz, mercê de sua militância contra mim, e de sua crença que essa militância iria chegar a algum lugar. Esse rapazinho me abordou na saída de uma das aulas, e foi extremamente desrespeitoso nas colocações. Foi quando perdi a paciência e respondi-o de forma dura, tendo o mesmo usado da estúpida ameaça supra descrita para me enfrentar.

Sobre Dely, esta é digna de compaixão. No início, sempre me procurou para tudo quanto é assunto, e eu, como sempre fiz e farei, abri todas as portas possíveis. Aliás, João também. Quando ela e João se juntaram para se tornarem representantes de sala, a eleição foi patética. Não houve votação. Não tinha chapa contrária. Simplesmente perguntaram em voz alta se alguém tinha alguma coisa contra, enquanto todos estavam conversando, durante o interregno das aulas. Quiçá vencessem a eleição, mas o que me interessa ressaltar é que o grupelho deles já estava formado, e solidificado.

Dely já tinha sido grosseira comigo várias vezes antes, ao ponto de me deixar totalmente à vontade para chamá-la de 'Rainha dos Baixinhos'. Classificá-la como detentora de preparo intelectual digno de advogado 'porta de cadeia' nada mais foi do que a repetição do que já havia dito à ela, em retorsão imediata às suas assacadilhas. De fato, uma mulher que, aos 40 anos, vê o símbolo "§" e pergunta à professora "O que quer dizer este símbolo?" deve sofrer de alguma alienação. Não saber o que é o símbolo de parágrafo é sintoma grave.

Em outra oportunidade, ao me criticar duramente num debate sobre bancos de sangue, debate este que estava mantendo com o aluno Eduardo, também mostrou desconhecer absolutamente o problema sobre a qualidade dos testes sanguíneos no país. As críticas são elementos fundamentais ao debate, mas críticas sem qualquer poncho fático ou científico representam não mais do que um óbice ao exercício do debate pleno e saudável.

Desconhecer esse mérito, isoladamente, não implicaria em declaração de ignorância, mas adentrar uma conversa já iniciada entre mim e Eduardo, e, de forma grosseira, contradizer-me apenas para seu bel prazer foi, no mínimo, atestado de despeito, bem como de ignorância. Entrou em cena, naquele momento, a mais forte das agressões: ao perceber minha pujante razão, sua incontinência emocional atingiu proporções estratosféricas. Danou-se a contestar minhas assertivas, e só calou-se quando mostrei uma matéria na internet, de fonte renomada, confirmando tudo o que havia dito.

b. Sobre o segundo post: ao transcrever, mais uma vez de forma tendenciosa, e me pintando, em cores vivas, como um

Page 11: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

sexista, promíscuo, e sem tato, o escrevinhador da peça exordial, mais uma vez, novamente, outra vez, de novo, mostra seu animus dolandi. Já doei sangue incontáveis vezes, até por ser herdeiro, e ex-Diretor, de grupo de saúde privada que figura como líder no segundo maior pólo de medicina privada do país: Recife.

Meu avô, Luiz Carvalho Tavares da Silva, foi um dos idealizadores do banco de sangue do Estado de Pernambuco. Foi dos maiores cirurgiões de nosso país, formado pela USP e pela Universidade de Oxford, tendo integrado o petit comité dos maiores médicos do país, e do muno, à exemplo de grandes amigos seus como Euryclides Zerbini, Daher Cutait e Philip Allison. Dr, Allison foi o grande amigo de meu avô, e era o professor de cirurgia torácica da Universidade de Oxford. A família do Prof. Allison, até os dias atuais, se confunde com a nossa.

Naquele dia, fui, mais uma vez, cumprir com minha obrigação, me dirigindo até o local de doação.

Como já era esperado, passei com louvor em todas as perguntas. No entanto, ao ser indagado sobre minha vida sexual, respondi, bem humoradamente, que estava vivendo um período difícil. É que meu filho, de 8 anos de idade, e que mora comigo desde 1 ano e meio de idade, estava tendo dificuldades em sua adaptação à São Paulo. Tenho residência em São Paulo há 10 anos, mas apenas após Julho de 2012 passei a fazer de São Paulo minha residência principal.

A mudança para São Paulo fez com que tivéssemos que estruturar outro modelo de vida para nós dois. Raras são as vezes que pude sair à noite, seja para jantar, ou namorar. Respondi, portanto, que, apesar de ter tido 4 parceiras diferentes nos 30 dias que antecederam a entrevista, tive apenas aquelas 4 relações sexuais em 30 dias.

Respondi, aos risos, que não fosse filho a mais maravilhosa das criações de Deus, superior inclusive às mulheres, seria eu um sentenciado a severa pena.

Em ocasião de ida à Recife, tive um reencontro, muito bem-vindo, com 2 ex-namoradas. Quando de minha ida à Florianópolis, onde também mantenho residência, encontrei, por coincidência, outra. Por fim, tinha um affair em São Paulo, que logo em seguida se desfez. Talvez tenha sido o mês mais desanimado de minha vida sexual adulta, e, por isso, arrematei o post dizendo que, no mínimo esperava, dos 30 dias de um mês, poder copular 15. Ou seja, não era almejar muito, ou tentar exibir virilidade, vez que sou um jovem adulto de 32 anos de idade.

Page 12: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Sobre parceiras diferentes, jamais fiz referência à questão, e jamais faria, até porque é óbvio que o post não tratava disto. Seria inviável, além de tosco e sem graça, transar com 15 parceiras diferentes em um mês. Talvez para os jovens colegas pareceu algo bacana.

Houve, portanto, deturpa çã o maldosa de meu post.

Nessa esteira, caso fizesse a nauseabunda referencia à 15 mulheres diferentes ao mês, como sugere o não menos nauseabundo relatório, meus amigos Facebookianos seriam alvejados por uma colocação esdrúxula e abominável. No máximo, duas mulheres diferentes teriam espaço nessa previsão, exceto a possiblidade de ingressar em um relacionamento estável, o que seria, de fato, preferível.

Meu post foi divertido, bastante curtido, e absolutamente bem entendido pelos meus amigos da rede social, haja vista a quantidade de comentários engraçados que o sucederam.

c. Sobre a frase pinçada de minha conversa, via inbox , com a aluna Giulia Giustino: mais uma maldade é deflagrada nessa acusação. Sem mais delongas, dizer que uma colega de turma ainda iria me ver aborrecido não representa nada senão um raciocínio lógico. Usei desse argumento para que ela soubesse que nenhum dos infantis episódios dos quais fui alvo me causaram aborrecimento relevante. É de clareza solar que, haja vista o convívio diário entre todos os alunos, convívio que se estenderá por 5 anos, certamente essa colega iria ter a oportunidade de me ver aborrecido de verdade. Jamais quis dizer que seria ela, ou alguém de nossa turma, o motivo, ou objeto desse previsto aborrecimento.

Verdade seja dita, sequer demoraria 1 ano para que ela presenciasse o tal aborrecimento. Ao longo de um ano nossos familiares, com quem convivemos diária e muitas vezes diuturnamente, nos veem em vários moods diferentes. Enfrentamos aborrecimentos, alegrias, paixões, amores, indignações &c. Nesse mesmo texto pinçado, afirmo que, ao menos a princípio, minha preocupação é sempre com o próximo, mas chega-se a um limite onde sempre devemos acautelar nossos interesses, nosso espaço, nossa honra, nossa integridade física etc. Me sinto ultrajado, mais uma vez, em ter que explicar tão obvias colocações, que foram deturpadas dolosamente, com o único e translúcido intuito de me prejudicar.

5. O que mais me sovou o juízo: a inescrupulosa acusação de ter intimidado uma professora, sobretudo uma mulher de idade avançada.

Page 13: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

A professora Marina mostra, sem sombra de dúvidas, que é esforçada e dedicada, além de extremamente bem humorada. Ao menos é a aparência inicial. Em determinado momento, mesmo depois de alguns erros, passei a nutrir estima por essa professora, pelo seu aparentemente perene bom humor. Suas aulas revelam mais técnicas de ensino do que muitos dos outros professores. Altera constantemente a entonação de voz, muda de posição na sala, faz perguntas e exercícios para fixação do assunto. No entanto, padece de dois graves males: é extremamente obtusa, e revelou-se absurdamente inescrupulosa ao tramar as acusações em tela.

Como j á enunciado, suas aulas s ã o permeadas por erros absurdos, bem como por omiss õ es.

Adentrando agora o episódio narrado na peça acusatória, foi a professora Marina quem interrompeu-me enquanto me inclinei a ajudar um aluno que sentava ao meu lado, Jo ã o Pimenta Camargo, a entender o significado de contraven çã o. João me fez uma pergunta, e, quando estava dando os primeiros passos para auxiliar o jovem rapaz, sussurrando-lhe discretamente a explicação, fui bruscamente interrompido pela já magoada professora. Além disto, é sabido que contravenção não é crime, mas tem definição de crime menor, ou de infração. É descarada invencionice a alega çã o de que eu teria cometido t ã o elementar equivoco. Jamais.

Há mais:

A professora não só foi capaz de me interromper grosseiramente, mas mostrou todo o seu pestilento veneno ao aduzir que eu teria, deliberadamente, tentado ensinar ao jovem rapaz, quando na verdade foi ele que gentilmente me solicitou a explicação. Foi o mesmo jovem rapaz, João, quem presenciou, de forma cristalina, os erros crassos nos slides apresentados pela professora, erros estes que não apontei em voz alta, como a aduz a peça acusatória, senão por gestos e sussurros.

João, por sua vez, cuidou de averiguar em seu VadeMecum o que eu havia dito, confirmando que a professora estava, de fato, redondamente equivocada.

Dando sequência, pedi para conversar com a professora ao final da aula, e fui surpreendido por uma saraivada de desaforos, com o dedo empunhado em minha cara. O e-mail que escrevi para a professora, e que foi absurdamente editado na peça acusatória, versa claramente sobre o episódio. Inclusive, reconheci que não deveria ter feito as correções, vez que, apesar de ter inconteste razão, havia desestabilizado sua aula, numa demonstração de patente ânimo conciliador. Por fim, como havia levado o assunto à diretoria, segui o conselho que me havia sido dado pelo próprio vice-diretor, que me havia sugerido procurar a professora depois da aula, caso tivesse alguma correção a fazer.

Eis o teor do e-mail enviado no dia 13 de Março de 2013, às 16:14, exato dia do ocorrido, pelo Blackboard, e não por ‘meios desconhecidos’, como maldosamente alega o libelo. Verbis:

Page 14: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

"Querida Marina,

Hoje tivemos um pequeno embate. Fiquei triste. Me estranhou, vez que você é uma das professoras por quem nutro mais simpatia, mercê de seu perene bom humor. Num momento de peer correction, estava auxiliando uma das pessoas com quem tenho mais proximidade na sala, João Pimenta Camargo, que havia me inquirido sobre o significado de 'crime de contravenção'. Se eu dissesse ao rapaz, a priori, que contravenção não é crime, e sim infração, ele certamente iria perguntar o significado de infração. Por essa razão, comecei dizendo "João, não se chama dessa forma, contravenção na verdade é um crime menor..." e fui abruptamente interrompido por você, que disse "Não é crime, é contravenção". Fiquei quieto, e, após você reiniciar a aula, expliquei ao amigo que contravenção é crime menor, e denominada infração ao invés de crime.

Continuando a aula, havia dois slides completamente errados no data show. Em um dos slides, o Racismo não estava corretamente tipificado. Faltava o 'procedência nacional'. O outro slide tinha um erro crasso na pena do crime de Injúria em seu §3º, haja vista que a pena exposta era a do crime de Injúria comum, e o §3º equipara a pena desse tipo de Injúria ao que preceitua o Racismo.

Professora, escutei calado seus comentários do lado de fora da sala, em tom forte, e com o dedo à minha cara. Não entenda mal, só estou narrando, não estou reclamando. Em hora alguma tive ânimo para respondê-la, o que certamente teria feito caso você tivesse outro perfil. Como a considero uma pessoa do bem, bem humorada, boa professora, dedicada etc. preferi calar. Me entristeceu não só o tom, mas o 'julgamento sumário'. Eu jamais a corrigi para aborrecê-la, e bastaria uma notificação para que eu não viesse a repetir nada que lhe pudesse fustigar o juízo. Pode contar comigo professora, além de não querer prejudicá-la, envergonhá-la, afrontá-la ou whatsoever, eu repito: lhe quero muito bem.

Devo dizer que mais esquisito ainda foi escutar 'você faz isso por defesa'. Penso ser outro julgamento equivocado de sua parte, demais até. Não tenho estruturas estéreis de defesa, e sempre tive esse perfil contestador. Talvez seja você passível dessa interpretação, haja vista que muitos professores se sentiriam incomodados por um aluno, de primeiro semestre, corrigindo-os, e o que é pior: atulhado de razão. Mas também não ousaria julgar sua atitude como defesa. Eu penso que errei porque deveria ter esperado o final da aula para conversar com você sobre os erros que vi, não comprometendo o tempo de aula. Há muitas semi-crianças ali, e eu não pensei nisto. Elas podem interpretar minha atitude como se ferisse a sua autoridade na sala, o que pode configurar um precedente perigoso. Peço desculpas, a procurei depois da aula exatamente para pedir desculpas.

Quando falei sobre autoridade, foi óbvio que quis dizer que não existe autoridade que autorize que o professor proíba o aluno de corrigí-lo, obviamente dentro de parâmetros razoáveis. Não contestei a existência de sua autoridade como professora, o que seria sandice de minha parte. Como você estava aborrecida, não me deu atenção e se virou, dizendo que iria à Diretoria falar com a Prof.ª. Náila. Ora, querida professora, você bem sabe que não é esse o caminho. Eu não tenho o menor problema em conversar com a Prof.ª. Náila sobre qualquer assunto, tampouco tenho em conversar com quem quer que seja. Não me preocupa ter uma querela por ano, ou uma por semana, desde que sinta que devo agir. Mas não gostaria de ter uma querela sequer com você, pelo já exposto, e gostaria que pudéssemos desenvolver esta amizade, posto que já existe o bem querer.

Termino dizendo que não se preocupe: sempre lhe procurarei, em privado, caso tenha alguma observação a fazer. Espero que você entenda minhas palavras com acurácia, e caso tenha alguma dúvida ou sinta que algo foi mal colocado, me procure. A fala é muito mais precisa.

Deixo um respeitoso beijo e um abraço.

TFV"

Vários alunos presenciaram a forma que a professora falou, que em nada foi respeitosa. Como jamais iria me prestar a produzir a mesma

Page 15: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

pantomima que foi montada pelas testemunhas contrárias, todas, com exceção da 'Xuxa', amigas desde muito antes da faculdade, elegi uma aluna, dentre várias que poderiam testemunhar, para atestar o que é fato indefectível: a professora, de fato, me tratou de forma aviltante, e não só não foi respondida à altura pelas mais sólidas razões. Primeiro, eu já tinha, desavisadamente, desenvolvido estima por esta professora. Segundo, trata-se de uma mulher de idade avançada. Terceiro, eu desconhecia sua absoluta falta de caráter.

A aluna Anderize, cuja seriedade e educação são notadas por todos, foi a pessoa que elegi para testemunhar, não pelos seus predicados, e sim por um motivo: lembro-me que foi exatamente a própria Anderize que me comentou sobre a cena que havia visto, poucos minutos depois do ocorrido, perguntando-me sobre o que havia acontecido para que a professora estivesse tão nervosa. Registro o meu enorme constrangimento em ter que solicitar uma testemunha para tão risível feito, o que já considero uma pena.

Por fim, a suposta ameaça, ou intimidação: esperei, de fato, a mando da pr ó pria professora Marina , para conversar com ela na sala onde a mesma estava lecionando. Ao final da aula, entrei na r. sala, onde ainda permaneciam alguns alunos restantes fazendo suas últimas perguntas à professora. N ã o havia mais aula, ao contr á rio do que diz o famigerado texto acusat ó rio. Os alunos então fizeram suas perguntas, tendo eu esperado até o último dos alunos. Para minha inteira surpresa, no momento em que começamos a conversar, logo após a saída do último aluno, a professora foi chamada à uma reunião pela professora Náila, que, pessoalmente, adentrou a sala.

Descemos todos juntos.

Recordo-me que estava com a aluna Isabela Bragança, da sala vizinha à minha, indo embora, quando parei para falar com a professora na sala. Isabela me esperou, e, como pouco tardei, descemos juntos, nós dois por um lado, a professora e Náila pelo outro. Curiosamente, encontrei João na saída, e lá embaixo encontrei a professora novamente. Tudo absolutamente normal.

Havia combinado com Marina de conversar em outra oportunidade, e foi exatamente o que ocorreu. Mandei o e-mail, e, no dia seguinte, conversamos, também numa sala de aula diferente da minha. Conversa boa, solta e rápida. Terminamos a conversa com um abraço e um beijo. Curioso é que, antes do início desta conversa, a professora foi novamente chamada para uma reunião, sendo que dessa vez pedimos um tempo para podermos conversar. Depois desse dia, ainda encontrei a professora Marina diversas vezes, entreguei algumas tarefas que ela gentilmente me permitiu entregar fora do prazo (a bem da verdade, faltei à aula, então, ao menos em tese, não estavam fora do prazo), perguntei acerca de outras atividades e até conversamos sobre o cotidiano, sempre em tom demasiadamente amistoso. Mais uma vez, tudo absolutamente normal. Pensei que tudo havia sido esquecido, até pelo pequeno grau de relevância. Minutos antes de ser surpreendido com a peça inquisitória, a havia encontrado no corredor, e trocamos um beijo de cumprimento.

Page 16: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Mal sabia eu a real face desse malfazejo ser com quem continuava a interagir.

Como se pode ver, ao contrário do rol de testemunhas de acusação, não careço de muitas testemunhas, muito menos correlatas e repetitivas, como as que constam no rol da inicial. (DOC. 5) Trata-se de esquete rid í culo. Jovens com esse nível de maturidade sequer se dão conta do tamanho da irresponsabilidade que estão cometendo ao montar tão vergonhosa encenação. Imperioso se faz, nesse momento, ressaltar que não conheço as minhas três testemunhas fora do ambiente da FAAP. Jamais tivemos qualquer contato extra-faculdade. Mas são 3 jovens que, por acaso, estiveram presentes nas passagens supra narradas, portanto, sequer carecem testemunhar em meu favor, como certamente fará o outro grupo, e sim em favor da verdade.

Foram absolutamente desrespeitados os direitos supremos à ampla defesa, bem como ao contraditório, portanto, determinar oitiva de testemunhas em tão exíguo prazo, sem sequer possibilitar ao meu causídico a oportuna vista aos autos, sobretudo a tão necessária oportunidade de contraditar as testemunhas, é ato que fere o Direito, e pasmem: dentro de uma faculdade de Direito. Encontro-me de licença médica em Recife, e nada soube sobre o andamento, ainda que irregular, desse embuste. Não me esquivarei de responder este, ou quaisquer atentados ulteriores à verdade, sobretudo tentativas de me causar dano, sejam estas advindas de qualquer força, de qualquer natureza.

Ressalto, e registro desde já minha indignação, que, na quarta-feira, dia 27 de Março de 2013, ter negado meu pleito para apensar o primeiro documento aos autos. Após solicitar ao diretor, Prof. Álvaro Villaça que me possibilitasse apensar o referido documento ao inquérito, documento este que, por não ter qualquer protocolo ou instrução sobre como proceder para juntá-lo, havia sido por mim enviado, no dia anterior, via e-mail, aos docentes envolvidos no feito (Prof. Álvaro, a coordenadora do curso, ao Prof. Sarrubbo e a Prof.ª. Marina), recebi como resposta que seria fácil apensar o documento, e me foi indicada a secretária da diretoria, Gisele, para protocolá-lo. Foi quando, de supetão, chegou a Prof.ª. Náila, e, ato contínuo, cerceou-me do direito ao ato processual. A Prof.ª Náila quiçá conte com boas amizades dentro da fundação, pois mostrou-se bastante apoderada. Ao final, fui impedido de juntar o documento. Tornei a procurar o Prof. Álvaro, que então refluiu, face ao clima de tensão instaurado, e disse-me que eu deveria fazer uma solicitação, por escrito, à diretoria.

É de se chocar.

Just for the record, colaciono jurisprudência robusta acerca de procedimentos administrativos que podem resultar em desligamento:

"A Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região entendeu que a expulsão é ato constritivo de direito, logo deveria ter sido precedida de processo administrativo, conferindo-se ao interessado o devido processo legal,

Page 17: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

que inclui ampla defesa e contraditório, conforme garantia constitucional. Considerou jurisprudência do TRF da 4.ª Região, já que em decisão estabeleceu que "...É fato que a Lei 9.784/99 não prevê a obrigatoriedade da participação do advogado ou defensor dativo, durante a fase e instrução do processo administrativo disciplinar, contudo, há e se observar a Lei Maior que garante aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes..." (AMS 200782020003540 - Desembargadora Federal Margarida Cantarelli, 4.ª Turma, DJ de 12/03/2008)."

O sentimento que ora me toma, considerando-se todas as nuances devidamente registradas, é que esse inquérito não passa de uma fita, vez que já tem decisão consolidada. Conforme expus no documento que foi impedido de ser juntado, conforme mostra a narrativa supra, o Prof. Sarrubbo já mostrou clara animosidade para comigo, o que confirmou ainda mais o consenso quanto ao desfecho desse inquérito.

Foi exatamente o tal Prof. Sarrubbo, segundo noticiado pelo Prof. Álvaro Villaça de Azevedo, que redigiu a peça acusatória, e é também esse professor que vai integrar a comissão que julga o mérito. Uma das integrantes desse contaminado conselho de sentença é a secretária do curso de Direito, funcionária humilde e de excelente índole, que certamente há de acompanhar o voto dos mais, digamos, poderosos. Ainda nessa vida, seria de nenhuma valia ter o gênio Sarrubbo como suspeito para decidir, vez que seria fácil para o quórum opositor elencar outro que satisfizesse seus interesses.

Finalmente, se for observada a continuidade das arbitrariedades mostradas até o presente, não merecerá sequer atenção a decisão prolatada, por se tratar de procedimento arbitrário, nulo e contaminado, que não apenas desrespeitou os princípios do contraditório e da ampla defesa, mas revela-se desnutrido de imparcialidade. Ao depois, só me resta desejar ao Prof. Sarrubbo melhor desempenho na redação de sua decisão. Há como o nobre professor ir à desforra em seu texto decisório, mas jamais sem ter a cautela de elaborar um texto digno de leitura.

Resta incólume meu respeito pela FAAP, vez que esta instituição, ao menos até a presente, não mostrou qualquer corroboração com o esquete montado, e não é justo conspurcar uma instituição inteira, principalmente o merecido reconhecimento que ostenta a FAAP, por algumas poucas pessoas. Como ex-diretor de uma instituição de saúde, sentiria-me ofendido caso fosse atingida a missão, seriedade e demais valores daquela instituição, por erros abomináveis já perpetrados por alguns poucos médicos ou funcionários, ao longo dos 50 anos de um dos maiores grupos de saúde privada do país.

Page 18: Resposta à Diretoria da Faculdade de Direito da FAAP

Pede este aluno, e espera, que seja encomiada a justiça em seu sentido mais amplo, e como em Martin Luther King Jr.: "A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça a justiça em toda parte".

São Paulo, aos 28 dias do mês de Março, do ano de 2013,

Thiago Fernandes Vieira