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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FAAP PÓS – GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 6ª TURMA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL PROPOSTA DE MODELO DE SUPRIMENTOS EM PROJETOS DE INVESTIMENTO Gustavo Santos Junqueira Coordenadora: Prof a Maria Aparecida de Almeida Santos Orientadora de Conteúdo: Prof a Léa Simone Friedmann dos Reys Orientadora Metodológica: Prof a Marina Lindenberg Lima São Paulo 2010

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Page 1: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

FAAP PÓS – GRADUAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

6ª TURMA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

LOGÍSTICA EMPRESARIAL

PROPOSTA DE MODELO DE SUPRIMENTOS EM PROJETOS DE

INVESTIMENTO

Gustavo Santos Junqueira

Coordenadora: Profa Maria Aparecida de Almeida Santos

Orientadora de Conteúdo: Profa Léa Simone Friedmann dos Reys

Orientadora Metodológica: Profa Marina Lindenberg Lima

São Paulo

2010

Page 2: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

Gustavo Santos Junqueira

Proposta de Modelo de Suprimentos em Projetos de Investimento

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu em Gestão em Logística Empresarial da Fundação Armando Álvares Penteado como parte dos requisitos para a aprovação no curso.

Coordenadora: Profa Maria Aparecida de Almeida Santos

Orientadora de Conteúdo: Profa Léa Simone Friedman dos Reys

Orientadora Metodológica: Profa Marina Lindenberg Lima

São Paulo

2010

Page 3: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

JUNQUEIRA, GUSTAVO SANTOS.

Proposta de Modelo de Suprimentos em Projetos de Investimento. /

Gustavo Santos Junqueira. São Paulo, s.n., 2010. 53 p. Monografia (Gestão em

Logística Empresarial) – FAAP Pós-Graduação. Fundação Armando Álvares

Penteado.

Orientador(a) de conteúdo: Profª Léa Simone Friedman dos Reys

Orientador(a) de metodologia: Profª. Marina Lindenberg Lima

1. Suprimentos 2. Gestão de Projetos

Page 4: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

Gustavo Santos Junqueira

Proposta de Modelo de Suprimentos em Projetos de Investimento

Data de Aprovação: ___/___/___

Nota:_________

Banca Examinadora:

Nome ______________________________________

Assinatura ______________________________________

Nome ______________________________________

Assinatura ______________________________________

Nome ______________________________________

Assinatura ______________________________________

Nome ______________________________________

Assinatura ______________________________________

Page 5: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

Este trabalho é dedicado a:

A minha esposa, pela compreensão e apoio.

Aos meus filhos, pelas preciosas horas de convivência perdidas

Aos meus Pais, pelo inesgotável suporte e fonte de inspiração.

Page 6: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

RESUMO

Este trabalho propõe um modelo de processo de suprimentos para projetos de

investimentos. Os projetos de investimentos desempenham papel importante no

crescimento econômico de um país e neste contexto a importância da gestão de

projetos tem aumentado, sendo suportada por um bom número de trabalhos na

área. Dentro da área de gestão de projetos, a gestão de aquisições e suprimentos é

fator chave de sucesso dos projetos de investimentos embora não se encontre

muitos modelos na literatura. O trabalho apresenta um modelo de suprimentos de

projetos de investimentos, desenvolvido através de pesquisa bibliográfica, estudo de

caso e incorporação de detalhamentos e conclusões do autor de forma a servir de

guia de referências para projetos de investimentos que possa ser adaptado à

realidade de cada empresa. Conclui-se que os principais fatores para um bom

processo de suprimentos em projetos de investimento constituem se na integração

das principais áreas envolvidas que são engenharia, planejamento, suprimentos e

custos, através da formalização dos requisitos em uma visão de processos e

instrumentos de comunicação.

Palavras-chave: Logística Empresarial. Suprimentos. Gestão de Projetos.

Suprimentos de Projetos. Aquisição em Projetos.

Page 7: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

ABSTRACT

The present research proposes a process model for procurement in investment

projects. Investment projects play an important role in economic growth of a country,

and in this context the importance of project management has increased, being

supported by an expressive number of researches in this area. Concerning the

project management subject, management of procurement and supply is a key factor

in the success of investment projects although there are no many models in the

literature. This paper presents a model of supply of investment projects, developed

through a literature review, case study and incorporation of detailed topics and

conclusions of the author in order to serve as a reference guide for investment

projects that can be adapted to the each company specific conditions. The research

concludes that the main factors for a successful supply process in investment

projects is the integration of the key areas that are involved in engineering, planning,

supplies, and costs through the formalization of the requirements in a view based in

processes and communication tools.

Keywords: Logistics. Supply. Procurement. Project Management.

Page 8: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 9

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 12

1.1 O Processo de Suprimentos 12

1.2 Gestão de Projetos 13

1.3 Suprimentos em Projetos de Empreendimentos Industriais 15

1.4 Tipos de Contratação em Projetos 19

2 O MODELO DE PROCESSO DE SUPRIMENTOS EM PROJETOS 21

2.1 Estudo de Caso 21

2.2 O Modelo de Processo de Aquisição de Projetos 24

2.2.1 Planejamento de Compras e Contratações 25

2.2.2 Definição de Requisitos 33

2.2.3 Processo de Aquisição 34

2.2.3.1 Planejar Contratação: 35

2.2.3.2 Definir Fornecedores a serem Consultados 39

2.2.3.3 Consultar o Mercado 40

2.2.3.4 Analisar Tecnicamente 40

2.2.3.5 Analisar Comercialmente 41

2.2.3.6 Negociar 42

2.2.3.7 Emitir Pedido e Finalizar Contrato 43

2.2.4 Gestão de Contratos 45

2.2.5 Encerramento de Contratos 46

2.3 Quadro Resumo de Elaboração do Processo Proposto 48

2.4 Críticas ao Modelo 50

2.5 Pontos Fortes 50

CONCLUSÃO 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

Page 9: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

9

INTRODUÇÃO

Cresce nos tempos atuais, a importância da Gestão de Projetos nas

Organizações, tanto privadas quanto governamentais, em especial no Brasil.

A retomada de investimentos no Brasil, com grandes investimentos em

indústria de base: grandes projetos siderúrgicos, exploração mineral, indústria de

papel, projetos de hidroelétricas; empreendimentos petrolíferos; dentre outros, tem

ocorrido tanto no âmbito de investimentos privados que buscam atender a crescente

demanda por commodities do mundo, quanto através de investimentos públicos que

buscam expandir a infra-estrutura e atender as perspectivas de crescimento do país.

Após esta retomada de crescimento, que se dá após duas décadas de

estagnação econômica, surgiu crescente demanda por estudos em gestão de

projetos. Desta maneira, após anos de políticas de contenção de consumo e

controle inflacionário, surge a necessidade de se vivenciar a existência de diversos

projetos de investimento industrial ocorrendo concomitantemente, concorrendo por

capitais, recursos humanos, físicos e de conhecimento. Assim o momento enseja

uma importante oportunidade para crescimento econômico no Brasil, oportunidade

esta que está diretamente ligada ao crescimento das práticas de gestão de projetos.

De acordo com Slack et al. (2002), caracteristicamente, um projeto pode ser

definido em termos dos seguintes atributos, que são: Objetivo, um resultado final

explícito; Complexidade, muitas diferentes tarefas a serem coordenadas para atingir

os objetivos explicitados; Unicidade, um projeto é usualmente único, não um

empreendimento repetitivo; Incerteza, os projetos precisam ser planejados antes de

serem executados e portanto carregam um elemento de risco; Natureza Temporária,

projetos têm um início e fim definidos, assim uma concentração temporária de

recursos é necessária; Ciclo de Vida, os recursos necessários para um projeto

mudam durante o curso de seu ciclo de vida.

Deste modo, segundo o PMBoK Guide (acrônimo de Project Management

Body of Knowledge, ou em português em tradução livre, Corpo de Conhecimento

Page 10: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

10

para Gestão de Projetos) apud HELDMAN (2005), a gestão de aquisições, trata-se

de uma das funções básicas da gestão de projetos,.

Contudo, pode-se dizer que o processo de suprimentos em termos gerais,

encontra ainda uma grande lacuna em sua modelagem e tratamento na literatura em

geral. Suas várias modalidades de contratos, tipos de concorrência, acordos, etc...

são apenas tratadas com viés muito específicos na literatura e com uma grande

tendência à simplificação. Se o panorama geral da literatura acadêmica e de

negócios assim se encontra, mais aguda acaba sendo a situação do conhecimento

do processo de aquisição para projetos de implantação de empreendimentos

industriais, área onde este trabalho se situa.

Este trabalho apresenta um modelo de processo de negócio Suprimentos

em Projetos de Investimento Industrial1 baseado em revisão da literatura, estudo de

caso e desenvolvimentos do autor.

O capítulo um, revisão bibliográfica é dedicado a uma revisão geral dos

conceitos de suprimentos sem especificidade e a seguir se discute suas principais

fases e objetivos. Apresenta-se então a conceituação de gestão de projetos,

baseada principalmente no modelo do PMI (Project Management Institute), seguindo

para uma discussão breve de suprimentos em projetos de investimento industrial e

por fim abordando a tipologia de contratação nestes casos.

No capítulo dois, apresenta-se o processo de modelo de suprimentos,

discorrendo-se primeiramente sobre o estudo de caso e suas condicionantes, onde a

empresa não é identificada por razões de confidencialidade. A partir deste ponto

definem-se os macro processos do modelo e para cada macro processo definido,

discorre-se em detalhe seus aspectos segundo as fontes de pesquisa. O macro

processo de aquisição é detalhado em subprocessos para melhor compreensão. A

1 Na literatura encontra-se a utilização dos termos suprimentos de projeto de investimento, suprimentos de projetos de investimento industrial e suprimentos de engenharia para designar suprimentos para expansões industriais, que sejam a contratação e aquisição de serviços, equipamentos e materiais para construção e/ou expansão de uma unidade industrial. Neste trabalho utilizaremos o termo suprimentos de projeto de investimento como denominação preferencial.

Page 11: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

11

discussão do processo segue-se uma tabela sumário que relaciona o modelo a suas

fontes e por fim a discussão de críticas ao modelo e apresentação de seus pontos

fortes.

Utilizou-se de revisão bibliográfica da literatura existe e de estudo de caso

de empresa nacional, para apresentar um modelo que correspondesse as

expectativas de integrar teoria e prática de gestão de aquisição de projetos.

Apresenta-se na conclusão, a importância de definição de um processo para

suprimentos em projetos e dos pontos chaves de integração entre as principais

áreas de um projeto de investimento, discorrendo sobre aspectos relevantes das

fontes para o modelo.

Page 12: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

12

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 O Processo de Suprimentos

A gestão de suprimentos pode ser definida (SLACK et al., 2002) como o

processo de gestão da interconexão das empresas que se relacionam por meio de

ligações a montante e a jusante entre os diferentes processos, que produzem valor

na forma de produtos e serviços para o consumidor final. Sendo assim pode-se

dividir a gestão de suprimentos em: gestão de compra e suprimento, no lado de

suprimento; gestão da distribuição física – no lado da demanda; e finalmente na

gestão de matérias e operações, que se dá dentro dos limites de produção da

organização.

Assim, ainda reputando Slack et al. (2002), temos que os objetivos básicos

do processo de compras, podem ser definidos em termos de obter-se um processo

que obtenha os seguintes atributos:

• Qualidade adequada do produto;

• Tempo de entrega;

• Pontualidade e Quantidade de pedido corretas;

• Flexibilidade;

• Preço.

No intuito de atender os objetivos desdobrados nas dimensões citadas, a

empresa passa por decisões de estratégia de suprimentos, que levam a escolhas de

modelo de aquisições, tais quais, mas não restritas a:

Page 13: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

13

• Escolha de fonte única de fornecimento ou múltiplas, onde há

desvantagens e vantagens entre cada um;

• Implantação de ferramentas de Tecnologia de Informação aceleradoras

do processo de concorrência, como portais de compra pela internet e

comércio eletrônico;

• Definição de redes de fornecedores, onde um fornecedor de alto poder

de negociação e volume de compras promove a aglomeração de redes

de fornecedores e subfornecedores, e suporta seu desenvolvimento,

aliado a compromissos de grandes prazos;

• Desenvolvimento de base de “Global-sourcing”, ou seja, de uma

estratégia de fornecimento global, onde se tem uma plêiade de

fornecedores possíveis de atender determinados requisitos de

fornecimento, espalhados globalmente, criando opções de redução de

preço, prazo e diversificação de riscos.

1.2 Gestão de Projetos

Segundo o PMBoK Guide (2004) os processos de gerenciamento de

projetos, desdobram-se nas seguintes áreas de conhecimento:

• Gerenciamento da Integração do Projeto;

• Gerenciamento do Escopo do Projeto;

• Gerenciamento do Tempo do Projeto;

• Gerenciamento dos Custos do Projeto;

• Gerenciamento da Qualidade do Projeto;

Page 14: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

14

• Gerenciamento dos Recursos Humanos do Projeto;

• Gerenciamento das Comunicações do Projeto;

• Gerenciamento das Aquisições do Projeto.

Para projetos, especificamente para projetos de empreendimentos

industriais, onde se faz necessária a compra de itens de engenharia, usualmente, o

ciclo de suprimentos desenvolve-se de uma maneira de compra única, ou seja, não

repetitiva, sendo assim, temos:

1. Seleção de Fornecedores: processo compartilhado entre engenharia e

suprimentos, onde se define uma lista de fornecedores, que atendam os

requisitos técnicos e financeiros;

2. Processo de Concorrência: processo de definição de requisitos técnicos

e comerciais, através da elaboração de caderno de encargos ou

memorial descritivo e envio e acompanhamento de elaboração de

propostas de fornecedores;

3. Avaliação Técnica: processo de equalização de propostas técnicas,

executado pela Engenharia;

4. Avaliação Comercial: processo de equalização comercial, executado por

Suprimentos;

5. Negociação: processo de obtenção dos melhores preços, levando em

consideração fatores estratégicos, de mercado e da avaliação comercial,

com comparativos com índices de mercado e compras anteriores;

6. Seleção e Emissão de Pedido: solicitação de autorização para aquisição

e de definições finais de condições de pedido e contrato;

Page 15: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

15

7. Gestão de Contratos/Pedidos: processo de gestão do fornecimento do

Pedido e/ou Contrato, com acompanhamento de desvios e renegociação

conforme necessário.

1.3 Suprimentos em Projetos de Empreendimentos Industriais

O PMBoK Guide (2004) define assim o processo de Gerenciamento de

Aquisições em Projetos: "O gerenciamento de aquisições do projeto inclui os

processos para comprar ou adquirir os produtos, serviços ou resultados necessários

de fora da equipe do projeto para realização do projeto".

Segundo o IPA (2004) apud Almeida (2008) os projetos de

Empreendimentos Industrial são aqueles projetos que envolvem instalações,

equipamentos e construções desenvolvidos para a produção de outros bens e

serviços, onde podemos citar alguns exemplos:

• Projeto de uma usina hidroelétrica;

• Projeto de uma refinaria de petróleo;

• Projeto de um terminal de armazenamento e distribuição de

combustíveis;

• Projeto de uma unidade portuária;

• Projeto de uma usina de beneficiamento mineral;

• Projeto de uma estrada ferroviária;

• Projeto de uma estrada rodoviária;

• Projeto de uma indústria automotiva;

Page 16: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

16

Os projetos de empreendimentos industriais desenvolvem-se em fases, de

de maneira que o escopo do projeto vai sendo construído progressivamente, o IPA

define utilizando-se do termo FEL2, que pode ser traduzido de maneira livre como

“Carregamento Frontal”, de forma a designar uma melhor qualidade de planejamento

antes da implantação.

Assim o projeto de empreendimento Industrial, caracteriza-se por 5 fases

distintas:

• FEL 1: Planejamento do Negócio, que constitui-se na fase do projeto

caracterizada por um estudo ou pesquisa motivada por uma oportunidade

detectada, de forma a avaliar a viabilidade técnica e econômica de uma

oportunidade. E a fase do projeto de Detecção de Oportunidade. Nesta

fase são gerados fundamentos para prosseguimento do projeto,

considerando os fatores: Tecnologia; Necessidades de Investimento;

Custos; Planejamento e Principais direcionadores do projeto (Custo,

Prazo e Operacionalidade);

• FEL 2: Planejamento das Instalações, é a fase de seleção da alternativa

tecnológica e econômica mais adequada. Nesta fase são refinadas as

premissas, atualizados os dados econômicos do projeto de forma a se

atingir os objetivos do negócio, e começar a definição do projeto;

• FEL 3: Planejamento do Projeto constitui a fase de projeto caracterizada

por um maior grau de detalhamento do projeto. O foco é completar o

planejamento de modo a garantir previsibilidade de custo, prazo,

operacionabilidade e aumentar a probabilidade de êxito na fase de

implantação. Nesta fase é finalizado o detalhamento do escopo; o Plano

de Execução do Projeto (EAP – Estrutura Analítica do Projeto), e

estimativa de custo final de FEL 3 para a alternativa selecionada;

2 FEL: abreviação do inglês Front-End Loading em português carregamento frontal.

Page 17: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

17

• Implantação do Projeto: Fase de Realização do projeto, onde se

encontram as aquisições e a implantação do projeto;

• Partida e Operação: Fase de entrega do empreendimento, testes e

curva de aprendizado.

A figura a seguir apresenta o sequenciamento das fases de um

empreendimento segundo o IPA.

Importante notar que o IPA não diferencia na fase de implantação, o

detalhamento de engenharia da implantação do projeto, o que constitui em ponto

fraco da metodologia.

Front-End Loading

Planejamentodo Negó

-1

Execução/Operação

Objetivos do Negócio

Alinhados com o Empreendimento e Previsão de capital

Bases do Projeto para

atender objetivos do

negócio

Bases para o detalhamento do projeto e autorização

Instalações competitivas e seguras que atendem a

necessidade do negócio

Planejamentoções

FEL- 2

Planejamentodo Projeto

FEL-3

Implantaçdo Projeto

Partida eOperaç

Front-End Loading

Planejamentodo Negócio

FEL-1

Execução/Operação

Planejamento das Instalações

FEL-2

Planejamentodo Projeto

FEL-3 Implantação do Projeto

Partida e Operação

Produtos atendem continuamente as necessidades dos

clientes continuamente melhor que

concorrentes

Figura 1 Fases da Metodologia FEL (Procedimentos de Gestão de Investimentos da

empresa estudada)

Segundo Kerzner (2003), a aquisição em projetos pode ser desdobrada em

ciclos, conforme se segue:

• Ciclo de Definição de Requisitos: aqui são definidas as necessidades do

projeto, o Work of Statement, ou usualmente podemos utilizar outros

termos equivalentes como Caderno de Encargos, Memorial Descritivo,

Descritivo Técnico e o acompanham anexos complementares a

documentação principal que auxiliam na especificação necessária a

compra. Ainda temos inclusos nesta documentação a definição do

cronograma de contratação e principais eventos marco. Nesta fase se

Page 18: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

18

define o orçamento e se obtém a aprovação para continuidade do

processo de contratação;

• Ciclo de Requisição: formalização da solicitação para aquisição, que

inclui as seguintes atividades:

o Avaliação/Confirmação das especificações;

o Seleção detalhada e confirmação das fontes de fornecimento

(fornecedores);

o Avaliação da performance passada da possíveis fontes de

fornecimento;

o Produção do pacote de documentação necessário a contratação:

documentos do edital/carta-convite da concorrência; lista de

fornecedores a serem consultador (vendor-list); critérios de avaliação

técnico-comercial a serem aplicados na avaliação das propostas;

conferências de esclarecimentos com os fornecedores;

o Definição do cronograma de pagamentos;

• Ciclo de solicitação: definição da forma de escolha do fornecedor e

negociação;

• Ciclo de contratação: o objetivo desta fase é negociar o preço e tipo de

contrato que resultará na melhor condição de risco ao contratante e

melhor condição de incentivo ao contratado em termos de eficiência e

resultado econômico.

Segundo Xavier et al. (2006), o processo de Gerenciamento de Aquisições

em Projetos, apresenta os seguintes componentes: planejamento de aquisições no

projeto; avaliação de riscos nas aquisições; solicitação de propostas e de seleção de

Page 19: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

19

fornecedores; definição do instrumento contratual; administração de contratos e

finalmente a fase de encerramento de contrato.

1.4 Tipos de Contratação em Projetos

O IPA (2008) define um contrato como um acordo, usualmente realizado por

duas partes ou mais, que é suportado por lei. Seus elementos básicos são:

concordância de propósitos; oferta e aceitação; considerações; sujeição a lei e

finalmente formalização em documento que é assinado por partes competentes a

executar seus atos.

O PMBoK Guide (2004) preconiza que diferentes tipos de contrato são mais

ou menos adequados a cada tipo de compra. O tipo e o termo do contrato definem

as parcelas de risco que é assumido tanto pelo contratante quanto pelo contrato.

Sendo assim ele define os seguintes tipos básicos de contrato:

• Contrato de preço fixo ou preço global: preço fixo total por um produto

bem definido. Pode incluir bônus de incentivos por performance técnica

ou por superação de metas de cronograma.

• Contrato de custos reembolsáveis: tipo de contrato em que o

contratante reembolsa o contratado por seus custos mais uma taxa

definida de remuneração. Usualmente tem cláusulas de incentivo, de

maneira a compartilhar entre as partes ganhos obtidos frente ao

planejado. O PMBoK Guide (2004) classifica três principais subtipos

deste contrato:

o Custo mais remuneração (CMR) ou Custo mais percentual do

Custo (CMPC): aqui a remuneração adicional é um percentual dos

custos totais;

o Custo mais remuneração fixa (CMRF): a remuneração do contrato é

fixa, independente dos custos;

Page 20: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

20

o Custo mais remuneração de incentivo (CMRI): os ganhos obtidos

pelo fornecedor são compartilhados entre as partes;

• Contratos por tempo e material (T&M): tipo de contrato onde os preços

totais não são definidos, assim este modelo hibridiza os dois tipos de

contratos anteriores. Um exemplo é o tipo de contrato por preços

unitários, onde se fixa o preço por atividade (volume de concreto lançado,

número de esquadrias aplicadas, volume de metro cúbico de terra

escavado, metros de cabo lançado, peso de equipamento montado,

etc...) e/ou por hora-homem definido por categoria profissional (mecânico

montador, eletricista, ajudante, projetista, engenheiro e etc...). Desta

forma para cada atividade, definida em termos de custos-unitários de

atividade há um preço específico e se remunera o contrato pela

quantidade realmente utilizada que deve ser medida, que é chamada de

quantitativo.

A revisão apresentada neste capítulo, partiu da revisão dos conceitos gerais

do processo de suprimentos, da gestão de projetos e da intersecção entre estas

duas áreas do conhecimento, no que tange os projetos de investimento e por fim

apresentação os tipos de contratação em projetos de investimentos, construindo

assim o arcabouço teórico para a proposição e discussão dos resultados do

trabalho.

Page 21: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

21

2 O MODELO DE PROCESSO DE SUPRIMENTOS EM PROJETOS

Aos principais modelos de processo de suprimentos em projetos de

investimentos apresentados na revisão bibliográfico (XAVIER et al., 2006;

KERZNER, 2003; PMBoK, 2004; GÓMEZ, 2006), agregamos o estudo de caso de

um modelo e suas variações de processo de uma empresa de bens de capital a qual

o autor teve acesso e assim somando-se a experiência do autor, parte-se para a

proposição de um modelo simplificado de modelo processo de suprimentos de

investimentos.

2.1 Estudo de Caso

O estudo de caso, no qual se baseia parcialmente este modelo é

contextualizado na prática aplicada em empresa do ramo metalúrgico e mineração,

braço de negócios na área de metais não-ferrosos e ferrosos de um dos maiores

grupos privados do Brasil, que durante os anos de 2006 a 2008 desenvolveu

diversos projetos de expansão em diferentes modelos de organização de projetos de

investimento industrial, tanto no Brasil quanto em suas unidades do exterior, que

somaram um valor superior a dois bilhões de dólares americanos em suas diferentes

áreas de negócio.

Tal volume de investimentos exigiu a criação de uma estrutura de

gerenciamento de projetos bastante sofisticada, de forma a atender o grande

número de investimentos industriais, assim procurou-se utilizar as melhores práticas

de mercado balizadas no corpo de conhecimento disponível para atender os

condicionantes de prazo, custo e qualidade necessários a execução destes projetos

Maximiano (1997) discorre sobre a aplicação dos conceitos de

gerenciamento de projetos, definindo que os princípios do gerenciamento de

projetos aplicam-se igualmente a todos os tipos de projetos. A escala e a

sofisticação das técnicas é que variam de acordo com a dimensão dos projetos.

Portanto, seguindo esta premissa, aplicada a realidade de gestão destes projetos de

Page 22: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

22

investimento industrial, a organização estudada reconhece a necessidade de

aplicação de um modelo ou modelos para seus projetos de investimento.

Assim, o caráter complexo dos projetos de investimento industrial

(KERZNER, 2003) faz com que os projetos de alta complexidade se utilizem de

equipes com diversas competências.

A empresa assim adota um modelo de organização para grandes projetos

(definidos como projetos com orçamento superior a US$50 milhões), onde se deve

montar uma equipe de projetos liderada por um gerente de projeto que é composta

pelas seguintes gerencias e coordenações, com as seguintes atribuições funcionais:

• Gerência de Engenharia: responsável pelo acompanhamento do

desenvolvimento da engenharia básica e detalhada pela empresa de

Engenharia Contratada, secundado pelas coordenações de disciplinas

técnicas de engenharia necessárias a seguir: Coordenações de

Mecânica; Civil e Arquitetura; Elétrica; Instrumentação; Tubulação e

Processos Químicos;

• Gerência de Implantação de Obra: responsável pela execução da obra,

com as mesmas coordenações de disciplinas técnicas vinculadas ao

Gerente de Engenharia;

• Gerência Tecnológica: formada por especialista responsável pelos

desenvolvimentos das soluções tecnológicas, secundado por consultores

especialistas contratados e validação pelas soluções tecnológicas

variantes apresentadas pela empresa de Engenharia contratada.

Reporta-se de maneira Matricial ao Gerente do Projeto e funcionalmente

ao Gerente da Unidade cujo projeto está vinculado e participando ainda

de Grupo de Tecnologia da unidade de Negócio, estrutura esta que

congrega diversos especialistas técnicos das diversas unidades da

unidade de Negócio;

Page 23: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

23

• Gerência/Coordenação de Planejamento: responsável pelo planejamento

global do empreendimento e pela integração do planejamento de todos

os subfornecedores de serviços e equipamentos, onde os principais são

engenharia, equipamentos, obra e materias;

• Gerência/Coordenação de Controles de Custos: responsável geral pelo

acompanhamento de Custos e viabilidade econômica do projeto;

• Gerência/Coordenação de Suprimentos: responsável pela aquisições e

reportando-se em estrutura matricial ao Gerente de Projeto e

funcionalmente a Gerência Geral de Suprimentos de Investimento da

Organização;

• Áreas envolvidas ad hoc, ou seja, atuam em determinadas situações e

não permanentemente ligadas ao projeto. São as áreas de SSMA

(Segurança, Saúde e Meio Ambiente), Jurídico, Operações/Produção,

DHO (Desenvolvimento Humano e Organizacional). Assim o projeto

requisita a participação destas áreas, como suporte ao desenvolvimento

do projeto.

A figura 2 a seguir apresenta uma proposta de áreas funcionais que devem

ser envolvidas em um projeto.

Page 24: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

24

Figura 2 Áreas Envolvidas na Definição de um Projeto (Empresa Estudada)

2.2 O Modelo de Processo de Aquisição de Projetos

A empresa cujas práticas foram analisadas para o desenvolvimento deste

trabalho, de maneira geral não trabalha com um fluxo de trabalho único para

compras de projetos de investimento, contudo, aplica de maneira parcial os modelos

de contratação encontrados na literatura (XAVIER et al., 2006; KERZNER, 2003;

PMBoK, 2004; GÓMEZ, 2006) e assim internamente regula seus procedimentos

através procedimentos coorporativos de Compras.

No caso de suprimentos de investimentos, os procedimentos internos têm

evoluído de partes dos procedimentos gerais de compras, com alguns documentos

de escopo reduzido, para a configuração de procedimento específicos de

suprimentos de investimentos, demonstrando a evolução de um nível de maturidade

semi-elaborado para um nível de maturidade estruturado de gerenciamento de

aquisições em projeto, segundo a classificação apresentada por Ferrari (2006).

Da composição dos modelos apresentados na revisão bibliográfica e da

empresa estudada, apresentamos na sequencia um modelo de macro-processos

para aquisição em projetos de investimento industrial.

Page 25: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

25

1.Planejamento Compras e Contratações

2. Definição de Requisitos

3. Processo de Aquisição

4. Gestão de Contratos

5. Encerramento de Contratos

Figura 3 Macro Processo de Gestão de Aquisições em Projetos (desenvolvido pelo autor)

A seguir comentamos as fases do processo de aquisição em projetos de

investimentos industrial em detalhe.

2.2.1 Planejamento de Compras e Contratações

Esta fase do processo diz respeito ao planejamento geral do processo de

compras e contratações e envolve as decisões básicas sobre suprimentos e também

a logística envolvida no processo de aquisições no transcorrer do projeto. Ainda,

nesta fase se coordenam e se harmonizam as decisões de engenharia e tecnologia,

com a necessidade de implantação do empreendimento industrial.

O IPA (2004) apud Almeida (2008) preconiza que esta fase é desenvolvida

ao final de FEL3 – Planejamento do Projeto, recomendação que é seguida pela

empresa estudada, contudo, dada a importância do envolvimento da equipe de

suprimentos na fase de planejamento FEL2 – Planejamento das Instalações,

recomenda-se aqui, para projetos complexos, para os quais a empresa estudada

Page 26: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

26

define como acima de US$ 50 milhões, cujo planejamento deve considerar pelo

menos 2.000 atividades, já seja iniciado um Plano de Aquisições e Contratações

(PAC) preliminar na fase de FEL2.

Tipicamente, as entradas nesta fase do projeto, são:

• Informações gerais do projeto, como porte, tecnologias envolvidas e grau

de inovação destas;

• Considerações sobre a EAP do Projeto, principalmente no que tange as

atividades de suprimentos;

• Restrições que o desenvolvimento e tecnologia do projeto impõem

quanto ao conjunto de fornecedores a ser consultados (em inglês Vendor

List) a ser consultado;

• Fatores ambientais que influenciam no processo de contração, como

aquecimento de mercado e conseqüente falta de produtos,

sazonalidades, restrições de segurança do trabalho e meio-ambiente e

inclusive o impacto de fatores climáticos, como estações de chuva, que

afetam no desenvolvimento de Serviços e eventuais dificuldades

encontradas na importação tais como barreiras, restrições legais e

greves;

• O driver do projeto, custo ou tempo, ou seja, qual o direcionador básico

que deve ser seguido pelo projeto, pois muitas vezes para a alta direção

da empresa onde se desenvolve o projeto, a possibilidade de adiantar a

posta em marcha do empreendimento antecipadamente, gerará um

resultado econômico que suporta um aumento de custo associado a

“aceleração” das atividades do projeto.

Assim, normalmente as saídas do Planejamento de Aquisições e

Contratações do projeto são expressas em um documento formal, que na empresa

Page 27: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

27

estudada é denominado Plano de Aquisições e Contratações. De fato os modelos de

planos encontrados na literatura (KERZNER, 2003; XAVIER et al., 2006; PMBoK,

2004; XAVIER, 2008) divergem razoavelmente entre si. Estes modelos e o utilizado

na companhia estudada se são coincidentes, ainda apresentam significativas

diferenças em tópicos específicos e nível de detalhamento, demonstrando as

diferentes visões sobre quais as ordens de importância de cada ponto. Apresenta-se

abaixo, uma sugestão de plano de aquisição e contratação bastante completa

quanto ao conteúdo deste plano:

• Principais “pacotes” de contração e equipamentos;

• Modalidades de contratação para cada pacote e eventuais variações;

• Critérios para definição do conjunto de fornecedores a serem

consultados; vendor-list para cada pacote de contratação e/ou

metodologia de definição do vendor-list, por exemplo, pode-se optar pela

não definição do vendor-list expressamente no documento, mas

referencia-se a que no período de abertura de Request for Quotation ou

Request for Proposal (RFQ/RFP, em português temos Solicitação de

Cotação que é utilizada quando temos compras padronizadas e

Solicitação de Proposta, que é utilizada para concorrências definidas por

diversos critérios, Xavier et al., 2006. sendo ambos termos difundidos em

suprimentos), que pode ser definido como Carta-Convite ou Edital,

utilizando-se o Vendor-list usual da companhia ;

• Definição dos tipos de compras a serem feitos e especificidades;

• Definição do ciclo de suprimentos;

• Plano de Mobilização de Suprimentos e recursos necessários a

montagem da equipe;

• Cronograma de Suprimentos;

Page 28: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

28

• Plano de Diligenciamento e Inspeção;

• Riscos e oportunidades na contratação de cada pacote;

• Referências as normas de contratação da companhia e clara explicitação

em que será necessário não atender estas normas devido a

especificidades do projeto.

Principais “pacotes” de contratação e equipamentos:

A definição de pacotes de contratação usualmente se repete e mesmo em

modalidades EPC Turn-key3 há tendência que o contratante faça exigências quanto

ao desmembramento destes pacotes, assim normalmente a configuração de pacotes

se repete nos projetos de empreendimento industrial, assim normalmente temos os

seguintes pacotes principais, discutidos a seguir.

Obra Civil, onde pode-se contratar o Estaqueamento e Terraplenagem

incluso no pacote de Civil ou separadamente. Normalmente se contrata em

separado os pacotes de Estaqueamento e Terraplenagem em processos Fast-Track

(CLOUGH et al., 2000), onde ainda não há o projeto detalhado dos prédios e se

pretende acelerar o empreendimento, outra razão que leva a esta contratação é para

se reduzir os custos gerais do empreendimento, evitando-se o pagamento de

bitributação e diminuindo o risco de contratação do principal fornecedor de obra

civis, dado que os erros de estimativa são usualmente altos em terraplenagem e

estaqueamento.

Estruturas Metálicas: há uma grande tendência de se optar que alguns

prédios sejam fornecidos em estruturas metálicas devido a suas características de

3 EPC é acrônimo de Engineering, Procurement e Construction em português, Engenharia, Suprimentos e Construção, Turn-key pode ser traduzido como "chave na mão". Os dois termos juntos vem a designar contratos onde um contratante assume todas as atividades de projeto e construção de um empreendimento industrial para com um contratado, também é do contratado a responsabilidade de entregar a planta industrial operado (GOMÉZ et al., 2006).

Page 29: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

29

esta pode ser contratada com sua montagem em campo inclusa ou separada, vê-se

uma forte tendência em contratar prédios de estrutura metálica e pipe-racks (nome

em inglês para designar as estruturas de sustentação de tubulações).

Caldeiraria: em empresas de processo, como o caso da empresa estudada,

que podem ser do ramo químico, fertilizantes, metalurgia, siderurgia, alimentício,

farmacêutico, usualmente há uma grande demanda por equipamentos de caldeiraria,

para fabricação de tanques, silos, estruturas de pipe-racks, torres de processo e

outros equipamentos feitos em chapa de aço. Assim, muitas vezes um dos principais

pacotes a serem contratados é o pacote denominado como caldeiraria. As

exigências técnicas dos equipamentos dirigem muito esta contratação, que pode

variar de um conjunto de fornecedores de baixa tecnologia, até a escolha de

fornecedores com grande habilitação para fabricação de equipamentos com alta

exigência técnica, como vasos de pressão, com ensaios hidrostáticos, inspeção de

solda e demanda em trabalhar equipamentos em aço inox e ligas especiais

resistentes a corrosão que exigem alto grau de especilização. Outro aspecto é o

tamanho e caldeiraria que varia desde a fabricação de peças delgadas de alguns

quilogramas até equipamentos feitos em chapas de mais de quatro polegadas de

espessura pesando mais de uma centena de toneladas onde poucos fornecedores

tem capacidade de fabricação.

Montagem Eletromecânica: pacote considerado fundamental ao bom

sucesso do empreendimento, usualmente é dos contratos de maior valor

empreendimento em montagem industrial, sendo altamente intensivo em mão-de-

obra. Sua importância é fundamental ao bom empreendimento, pois em

empreendimentos da área de mineração, química, petrolífera, processos, térmicos,

cabe a este subcontratado os testes gerais da planta e a integração de fornecedores

de tecnologia e equipamentos. Ainda é o fornecedor responsável por montar os

equipamentos, testar, assistência a partida e entrega da planta industrial ao cliente

final. Muito comumente é o último dos grandes pacotes a ser contratado.

Fornecedores de Tecnologia: empreendimentos industriais podem ser

desenvolvidos com tecnologia própria e com a ajuda de fornecedores. Em vários

casos há a necessidade de contratação de pacotes tecnológicos, que podem incluir

Page 30: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

30

licenças de tecnologia, necessidade de pagamento de royalties, fornecimento de

equipamentos proprietários e especificação de equipamentos para manufatura de

outros fornecedores.

Equipamentos principais e respectivas licenças de utilização de

tecnologias: quando forem equipamentos de tecnologia patenteada. Usualmente um

empreendimento demandará uma série de compras de equipamentos, estas

contratações podem incluir também as licenças de operação, que podem exigir

inclusive o pagamento de royalties.

Pacotes de Equipamentos e Serviços: quando forem equipamentos com

bom grau de padronização. Diferentemente do caso anterior, para uma série de

equipamentos, pode-se ter um bom grau de equivalência entre os fornecedores,

como por exemplo redutores, transportadores de correia, painéis elétricos, bombas,

turbinas, painéis elétricos, automação, equipamentos de processo feitos sob

desenho e etc.. Para estes casos é possível já se definir um “vendor-list” e já se

tentar identificar possíveis sinergias formando-se pacotes de equipamentos maiores,

para sinergia de ganhos de escala e tempo de concorrência. Além disto pode-se já

tomar decisões como usar contratos coorporativos ou se salientar que se fará

concorrências específicas fora dos contratos coorporativos. Na definição dos

pacotes, há que se estar atento a especificações de tecnologia que a corporação

pode ter optado, que restringem a concorrência, mas podem garantir ganhos de

estoque e de integração. Um exemplo disto é a definição de um padrão de

instrumentos de automação e de padronização de automação.

Materiais: usualmente, em um empreendimento, há a necessidade de se

cotar pacotes de materiais elétricos, rolamentos, tubulação, ferragens gerais,

conexões, válvulas, cabos elétricos, chaparia e outros. Já é importante quantificar

aproximadamente estes pacotes e definir seu modelo de contratação, que pode

variar da definição de uma concorrência geral, fazendo um contrato “guarda-chuva”

que defina os preços dos materiais e assim vá se liberando pedidos de compra

Page 31: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

31

conforme a necessidade, evitando-se compras “spot”4, ganhando agilidade e ganhos

de escala, ou pode-se optar por se fazer um acordo de envio de material em

consignação, evitando desencaixes monetários antecipados.

Compras Internacionais: em mundo globalizado, é inevitável que se façam

contratações internacionais, ou que no mínimo se depende de fornecedores que

compram serviços ou equipamentos no exterior. A identificação destes pacotes que

podem ser de qualquer um dos outros tipos aqui citados já prevê as necessidades

de expertise em comércio exterior e contratação de frete internacional e incoterms

preferenciais para cada caso.

Outro ponto que deve ser abordado na definição do Plano de Aquisição e

Contratação é a modalidade de contratação de cada pacote. Existe uma tendência

nas organizações de preferir os pacotes a preço global, que é suposta mitigar os

riscos de variação de custos. Contudo, esta modalidade só deve ser aplicada

quando se possuí bom grau de definição das especificações técnicas, o que é

confirmado por Gómez et al. (2006), quando o fornecedor é levado a assumir riscos

do contratante e pelo IPA (2008) há uma tendência do fornecedor aumentar seu

preço em função do grau de incerteza. Outro ponto adverso desta modalidade citado

pelo IPA (2008) é que fornecedores em dificuldades financeiras tendem a aceitar

este tipo de modalidade sem considerar uma margem de risco em seu preço,

levando a contratos problemáticos e riscos de pleitos durante o fornecimento que

podem afetar o bom andamento do projeto.

Uma modalidade que tende a reduzir estes custos é a de contratos por

tempo e material, contudo neste caso sugere-se uma mistura das duas modalidades

de remuneração, de forma a estimular o fornecedor a eficiência, de maneira a evitar

os estouros de orçamento. Concluímos então que a definição da modalidade de

contrato consiste em um exercício a quatro mãos entre engenharia e suprimentos,

pois é necessário conhecer bem o estado e o momento da engenharia para

4 Utiliza-se amplamente o termo compras spot para designar compras feitas isoladamente e de maneira esporádicas, o termo diferencia as compras por contratos de fornecimento, que envolvem maior compromisso entre vendedor e comprador, com relacionamento mais duradouro.

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32

definição da melhor modalidade de contratação que tenha ao mesmo tempo

equilíbrio entre risco do contratante e preço.

Importante para definição de um plano de gerenciamento de aquisições

dentro de um projeto é a harmonização de expectativas das diversas áreas do

projeto quanto ao ciclo de suprimentos, plano de mobilização da equipe de

suprimentos e logística, que deve estar integrado com o cronograma de projeto. Vê-

se que há uma permanente pressão para redução dos ciclos de suprimentos, por

parte do planejamento do projeto, que tende a forçar a recuperação de atrasos

ocorridos nas fases de engenharia na redução do ciclo de suprimentos.

Temos que os cronogramas de projeto tendem a reduzir demasiadamente os

ciclos de suprimentos e/ou não prever as dificuldades de mercado ou na fase de

esclarecimentos técnicos de processos de contratação com maior complexidade de

engenharia. Assim é fundamental a explicitação de um acordo mútuo que amenize

este desgaste. Desta forma, com o bom conhecimento das necessidades de projeto

surge um adequado plano de mobilização, que leve em consideração as

necessidades de pessoal e recursos para atender os planos do projeto,

principalmente pelas dificuldades operacionais inerentes a formalização de processo

de contratações dentro de uma organização de grande porte.

Definição de tipos de compras: Um bom plano de compras de projeto

pode definir os tipos de compras como de Equipamentos, Obra, Engenharia,

Consultoria, Outros Serviços, Tecnologia, Materiais e Eventuais. Esta sugestão se

deve ao fato que se pode explicitar regras diferentes para tipo. Como por exemplo

definir que compras de Eventuais, como material de escritório, aluguel de notebook,

reserva de passagens e etc... podem seguir regras mais brandas de formalização.

Por outro lado pode já se especificar as compras de quais equipamentos deverão ter

que ser formalizadas em contrato e que a engenharia deverá entregar

especificações com performances de aceitação definidas e detalhadas.

Plano de Diligenciamento e Inspeção: Um plano de aquisição já pode

fazer referência ao diligenciamento e sua forma de atuação, responsabilidades e

processo e as funções de inspeção técnicas, que são muitas vezes feitas

Page 33: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

33

conjuntamente. É recomendável que já haja um plano de inspeção e diligenciamento

próprio, que seja um anexo do plano de aquisições. Este plano de diligenciamento e

inspeção pode já prever os tipos de relatórios que serão utilizados, informações de

suprimentos e engenharia que o alimentarão e como ele se reportará a função de

planejamento do projeto.

Por fim, o plano de aquisição pode já apontar eventuais dificuldades e

oportunidades mercadológicas ou ambientais, tais como aquecimento do mercado,

excesso de demanda, para cada segmento de contratação, já se antecipando a

oportunidades e riscos e apontando planos alternativos para o enfrentamento de

dificuldades e previsão de aproveitamento máximo das oportunidades.

Um exemplo enfrentado pela empresa estudada é o da súbita dificuldade

para encontrar fornecedores com capacidade disponível de fornecimento de

estruturas metálicas na quantidade necessária enfrentada durante os anos de 2007

e 2008. O contrário ocorreu com o aproveitamento da oportunidade de contratação

de equipamento de estaqueamento com altíssima produtividade através de

contratação direta deste serviço e do desenvolvimento de alternativa técnica

diferente da inicialmente definida.

2.2.2 Definição de Requisitos

A Definição de Requisitos é definida por Kerzner (2003) como a fase onde

se emitirá todos os documentos de contratação, que usualmente para serviços e

equipamentos não padronizados, consistira de um caderno de encargos (às vezes

chamado de memorial descritivo ou ainda de especificação técnica, o PMBoK define

como Declaração de Trabalho), com todo um conjunto de anexos que permitam ao

fornecedor elaborar sua proposta.

Os anexos a contratação podem ser compostos por caderno de encargos,

memorial descritivos, desenhos, folhas de dados técnicos, especificações de

mecânica, elétrica, mecânica, instrumentação, materiais e outras necessárias ao

entendimento técnico.

Page 34: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

34

Importantes anexos que são também apensados a cadernos de encargos,

principalmente no caso de serviços, são ainda especificações de entrega de

documentos do fornecedor para o contratante, como padrões de desenho, padrões

de documentos de reporte de avanço (planejamento) e orientações quanto a EAP

(acrônimo de Estrutura Analítica do Projeto) do fornecimento contratado, manuais de

qualidade, manuais e especificações de segurança do trabalho.

Consiste então na fase de entrega e integração da documentação e

requisitos técnicos de engenharia para que suprimentos de início ao processo de

contratação e possa contribuir com a documentação específica de suprimentos, tais

como modelos de minutas contratuais, tabelas de detalhamento de preços,

solicitações de desdobramento de valores e outras.

2.2.3 Processo de Aquisição

Aqui fica clara a distinção entre o processo de aquisição em projetos do

PMBoK e o proposto neste trabalho. Neste trabalho optou-se por dar foco no

processo de Aquisição, colocando o planejamento de contratação como um

subprocesso de Aquisição.

De fato, outra diferença foi procurar referência em Kerzner (2003), para

diferenciar o processo de definição de Requerimentos Técnicos, do processo de

Planejamento de Contratação, tal se justifica para poder ressaltar o detalhamento do

processo de aquisição em si. Fato é que há atividades específicas no processo de

planejamento da Contratação que já podem ser definidas tanto nas fases anteriores

do Planejamento de Compras e Contratações gerais do projeto, quanto na fase de

Definição dos Requisitos, fase esta em que neste trabalho optou por dar ênfase

maior na Definição de Requisitos Técnicos.

Sendo assim, desdobra-se o processo de Aquisição, nos seguintes

subprocessos como se segue:

Page 35: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

35

1.Planejamento Compras e Contratações

2. Definição de Requisitos

3. Processo de Aquisição

4. Gestão de Contratos

5. Encerramento de Contratos

3.1 Planejar Contratação

3.2 Definir Fornecedores a serem consultados

3.3 Consultar o Mercado

3.4 Analisar Tecnicamente

3.7 Emitir Pedido & Finalizar Contrato

3.5 Analisar Comercialmente

3.6 Negociar

Figura 4 Detalhamento do Macro Processo de Aquisição com Subprocessos (desenvolvido pelo

autor)

2.2.3.1 Planejar Contratação:

Aqui se complementa as especificações técnicas liberadas pela engenharia

que são acompanhadas pela Carta-convite, que trata de documento de suprimentos,

complementando o caderno de encargos, com informações específicas de

suprimentos. Dentre estas, há algumas que são comuns a engenharia e

planejamento e idealmente tem uso comum com dados necessários a um bom

parecer técnico outras são mais específicas para análise comercial.

Nesta fase é importante revisar a especificação emitida na fase de definição

de requisitos e caso estes pontos não tenham sido tratados, deve-se solicitar a

colaboração da engenharia para sua definição.

Page 36: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

36

Os pontos principais que são comuns a Engenharia e Planejamento do

Projeto são:

• Histograma de mão-de-obra por categoria (serviços);

• Histograma de equipamentos por tipo de equipamento (serviços);

• Definição da Modalidade de Contratação:

o Preço Global;

o Tempo e Material (hora-homem por administração);

o Mista;

o Reembolso de Custos e suas variações;

• Cronograma para o fornecimento com eventos marcos do fornecimento;

• Modalidade de Pagamento (medição, por eventos, reembolso,

combinação destes).

A figura 5, a seguir, apresenta o relacionamento entre definição de escopo e

modelo de contração sugerido.

Page 37: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

37

Figura 5: Modalidade de Contratação pelo Nível de Conhecimento de Especificação

(FLEMING, 2003 apud FERRARI, 2006)

Outros pontos importantes e documentos que devem ter sua inclusão

considerada na carta-convite ou devem ser definidos para planejamento da

Contratação são:

• Declaração de atendimento das especificações;

• Minuta de Contrato

• Performance mínima garantida para aceitação do equipamento e/ou

serviço;

• Critérios de penalidade por performance aceitável mas inferior a

desejada (faixa aceitável de perfomance);

• Penalidades por atraso;

Page 38: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

38

• Necessidade de Entrega de Certidões Negativas de Débito de Tributos e

de pendências financeiras;

• Critérios de Qualificação Financeira (capital social mínimo, faturamento);

• Necessidade de apresentação de Seguro de Engenharia;

• Necessidade de Seguros/Fianças para Adiantamento, Fiel Cumprimento

do Contrato e Performance;

• Necessidade de Retenções de pagamento para Performance;

• Critério de Avaliação de Proposta (critérios obrigatórios e critérios

classificatórios) tanto técnicos quanto comerciais;

• Desdobramento de Custos (quando necessário);

• Modelo para Composição de Preço, tanto unitário quanto geral da

proposta;

• Definição de condições de tranporte (CIF, FOB, Ex-works e outros

incoterms);

• Separação em Proposta Comercial e Técnica, com lista de desvios da

especificação igualmente identificadas em cada proposta.

Outras informações importantes são as informações de orçamento para a

contratação e se houve alteração no escopo para o qual este orçamento foi definido.

Claro que nem todos estes pontos e documentos são obrigatórios em uma

carta-convite, configurando mais um “check-list” do que uma lista definitiva de

documentos e requisitos a compor uma carta-convite. Na prática uma série destes

Page 39: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

39

pontos podem ser cobertos na fase de negociação, mas deve sim ser considerada a

oportunidade de já incluí-los na própria carta-convite.

2.2.3.2 Definir Fornecedores a serem Consultados

Incluir este processo aqui pode denotar aparente redundância quando

voltamos ao processo de gerenciamento de Planejar Compras e Aquisições. Porém,

normalmente aquele plano indica um grupo de fornecedores pré-selecionados, em

uma fase bastante inicial do projeto. Naquele ponto, fora casos muito críticos, não é

possível avaliar detalhadamente as condições de todos os fornecedores. Além disto,

neste ponto sugere-se que para as contratações críticas faça-se uma avaliação das

condições do mercado, disponibilidade de capacidade de produção e recursos dos

fornecedores, visitas aos fornecedores para atestar sua capacidade e interesse em

participar da concorrência.

Também nesta fase é necessário avaliar a condição financeira real do

fornecedor e atender os requisitos de qualificação e avaliação da empresa

contratante do projeto.

Recomenda-se a confecção de um dossiê, com as informações financeiras da

empresa (últimos balanços, com faturamento, lucro, índices de liquidez,

pontualidade, capital social, principais era acionistas, processos na justiça), além de

ser útil averiguar e constar neste dossiê as informações do histórico de

fornecimento, participação no mercado, principais concorrentes, tendência histórica,

estratégia de mercado da empresa e outras informações que sejam pertinentes.

Este dossiê pode-se mostrar extremamente útil para as fases de negociação

e já pode indicar que fornecedores inicialmente cogitados para participar da

concorrência não se mostrem adequados neste momento, podendo já ser

descartados, poupando esforço no processo.

Page 40: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

40

2.2.3.3 Consultar o Mercado

Este subprocesso foi definido de maneira similar ao que o PMBoK (2004)

define como Solicitar Resposta dos Fornecedores.

Aqui temos a fase de envio das propostas dos fornecedores, esclarecimentos

técnicos, acompanhamento do interesse e status dos fornecedores, ou seja, se vão

apresentar propostas ou não. Nesta fase não podemos nos esquecer que a

participação de um fornecedor em um processo de concorrência, principalmente de

um fornecimento de grande porte, com características técnicas complexas,

representa alto custo ao proponente. Sendo assim é absolutamente comum que se

tenha alto índice de declinação no processo, o que pode até a inviabilizar uma

concorrência segundo os parâmetros de processo de uma empresa, que usualmente

exigem a apresentação de pelo menos três propostas. Nesta fase ainda podem ser

feitas correções que evitem que uma concorrência possa ser invalidade por falta de

participantes.

Também aqui, recomenda-se idealmente que a área de suprimentos

acompanhe as fases de esclarecimento técnico e que aproveita para sensibilizar o

fornecedor da importância de sua participação, já levantando informações sobre a

disponibilidade e interesse do fornecedor em participar da concorrência.

Não se pode minimizar o papel de suprimentos no recebimento das Propostas

Comercial e Técnica, verificação destas e encaminhamento para emissão de

Avaliação/Parecer Técnico.

2.2.3.4 Analisar Tecnicamente

Esta fase é desempenhada pela engenharia ou por outra área que detenha o

conhecimento necessário a esta atividade.

Aqui nesta fase é analisado o atendimento as especificações e emitidas

consultas aos fornecedores minimante habilitados, para que adéqüem as suas

propostas.

Page 41: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

41

Cabe na emissão do parecer técnico, que se avaliem quais os fornecedores

tecnicamente aptos ou não e qual a classificação entre os estes fornecedores aptos.

A avaliação técnica deve ao máximo possível ponderar de maneira objetiva os

parâmetros avaliados. Um ponto importante, principalmente para serviços é a

avaliação se os recursos disponibilizados para a execução dos serviços estão

condizentes com o escopo, se os requisitos de segurança foram atendidos e se os

subcontratados indicados são habilitados.

2.2.3.5 Analisar Comercialmente

Após a emissão do Parecer Técnico, suprimentos realiza a análise comercial,

onde a proposta comercial é avaliada em seus aspectos de preço, condições de

prazo, exclusões de escopo, condições contratuais, impostos e outros aspectos

tributários como forma de entrega, forma de pagamento proposta.

Nesta fase é fundamental elaborar uma lista de pontos de avaliação e já se

aferir as diferenças de preço entre os fornecedores e suas possíveis causas. Causas

comuns para grandes diferenciações de preço são diferentes percepções de risco,

divergência de tecnologias de fabricação, estruturas de custos e foco estratégico.

Um outro ponto central é a avaliação da composição de preços do fornecedor.

No caso de equipamentos, pode-se realizar uma avaliação de preço por quilograma,

comparando-se equipamentos similares; preço por capacidade produtiva,

extrapolando fórmula de capacidade versus investimento; desdobramento de preços

em subsistemas e avaliando-se parcelas de engenharia, supervisão e tecnologia

dentro de um fornecimento de equipamento ou unidade industrial.

Para serviços pode-se avaliar a composição de custo unitário, parcela de BDI

(sigla de Bônus, Despesas e Impostos) aplicadas sobre a mão-de-obra, onde a

avaliação e precificação da hora-homem por categoria é fundamental. Pode-se

utilizar o mesmo para custo de equipamentos, avaliando-se o histograma de

Page 42: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

42

equipamentos e procurando tabelas de referências para preços de aluguel de

equipamentos fornecidos por empresas e associações.

Quando se tem uma concorrência por preços unitários de atividades

(movimentação de terra, lançamento de concreto, lançamento de cabo elétrico) é útil

solicitar e analisar a composição de preços unitários de cada atividade, que

demonstra quanto o fornecedor está considerando de custo de mão-de-obra e

equipamentos em cada unitário de onde pode-se avaliar tecnicamente se os índices

do fornecedor são condizentes com a realidade.

2.2.3.6 Negociar

Neste subprocesso se consolidará todas os pontos acima mencionados, de

forma a atender os interesses do contratante e do contratado.

Note-se que para negociação, o objetivo deve ser o de consolidação dos

requerimentos técnicos e comerciais e da proposta do fornecedor, de forma a atingir

os objetivos de melhor qualidade com o menor custo.

Sendo assim recomenda-se buscar a conciliação entre o melhor preço de

fornecimento, incluindo as avaliações de Mínimo Custo de Propriedade, ou seja,

levando em consideração a proposta que atinja o menor custo.

Neste ponto, faz se uso de técnicas de negociação, usualmente buscando a

convergência de interesses entre as partes. Aqui são efetivamente discutidos pontos

como preço, condições de pagamento e cronograma, formas de medição,

performance do fornecimento, garantias mecânicas e de serviço.

Resumidamente, esta fase se encerra, com o parecer de Suprimentos,

considerando o parecer técnico, recomendando ou determinando a contratação de

determinado fornecedor. Suprimentos normalmente tem a liberdade para determinar

o fornecedor para pequenas contratações ou em casos em que os fornecedores

estão proximamente colocados na avaliação técnica. Para contratações de grande

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43

vulto ou de grande impacto futuro no resultado da empresa (o que é rotina em um

projeto de investimento) é comum que a própria diretoria se envolva no processo de

avaliação da recomendação emitida pela área de Suprimentos.

2.2.3.7 Emitir Pedido e Finalizar Contrato

Situa-se nesta fase, após o término das recomendações de suprimentos, o

processo de aprovação da negociação ou ainda solicitação de que se volte a

negociar com os fornecedores, se os envolvidos na companhia consideram que

ainda há pontos poucos esclarecidos ou melhorias em condições comerciais e

técnicas.

Entende-se aqui que faz parte da equipe de Suprimentos, apresentar em

relatório os resultados da negociação a administração da empresa onde se insere o

projeto e dos gestores do projeto.

Não é raro, que face ao fato que os altos escalões das empresas se

envolvam no processo apenas nesta fase final e que o processo de esclarecimentos

leve algumas semanas. Portanto não é fase a ser minimizada dentro de um

processo de aquisição. A importância para o futuro das operações da empresa e os

valores envolvidos nas principais contratações de um projeto de investimento

industrial demandam a máxima atenção da diretoria de qualquer empresa, assim

atenção redobrada deve ser dada nos relatórios que demonstrem a opção de

suprimentos por um ou mais fornecedores e que se apresentem aspectos

financeiros, contratuais e técnicos definidos na negociação.

Na maior parte das vezes, os detalhes contratuais só são definidos após a

confirmação através de Pedido de Compra, apesar de que o modelo ideal de

contratação preveja que desde a fase de emissão de carta-convite os parâmetros

básicos estejam definidos é bastante comum que se não tenha sido feito um bom

esclarecimento de cláusulas durante o processo, este processo de assinatura de

contrato leve meses até a assinatura final do contrato.

Page 44: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

44

Os contratos mais comuns em processos de aquisição são os contratos: de

Compra e Venda; Prestação de Serviços e Empreitada.

Os contratos de Compra e Venda são utilizados para materiais e

equipamentos. Contratos de Prestação de Serviços são utilizados para serviços com

ou sem aplicação de material, um exemplo de sua aplicação é para contratação de

serviços de Engenharia, Consultoria ou cessão de mão-de-obra complementar. Os

contratos de Empreitada são os que nossa legislação disponibiliza aos contratos do

tipo EPC Turnkey e similares.

Os contratos de Empreitada são os que normalmente são mais utilizados em

um empreendimentos industriais (XAVIER et al., 2006), podem ser desdobrados em:

por Administração (custos reembolsáveis); Preço Global ou por etapas (preço fixo e

determinado); Contratos de Empreitada Mista (combinação dos anteriores) e

finalmente por Preço Unitário.

Estes contratos se aplicam com bastante pertinência para as contratações

de Obra Civil, Estruturas Metálicas e Serviços de Montagem Industrial, mas também

são utilizados mesmo na contratação de Equipamentos. Na empresa em estudo,

estes contratos foram utilizados diversas vezes para o fornecimento de Sistemas

que tem classificação fiscal de equipamento e tributação completa como

equipamento, mas que por envolverem montagem e serviços civis como bases e

pequenos prédios utilizou-se os contratos de empreitada, pois há um entendimento

nas áreas tributárias de diversas empresas que se o componente de serviços for

completamente relacionado a instalação de um equipamento, e que se estes

serviços sejam de monta inferior a o preço do equipamento é legítimo sua tributação

integralmente como equipamento.

Alguns aspectos a serem considerados na escolha da modalidade de

contrato segundo Xavier et al. (2006):

• Grau de definição de escopo;

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45

• Quantidade ou frequência de mudanças de escopo esperadas;

• Esforço ou experiência do contratante em gerenciar fornecedores;

• Características dos contratos no setor do projeto;

• Tipo e complexidade dos requisitos técnicos;

• Análise custo versus preço;

• Urgência na obtenção do produto;

• Natureza do fornecimento e responsabilidade e riscos assumidos pelo

fornecedor;

• Histórico das partes contratantes;

• Restrições legais relacionadas com o objeto a ser contratado ou com a

natureza jurídica das partes.

2.2.4 Gestão de Contratos

Segundo Xavier et al. (2006) a Gestão de Contratos deve ser conduzida

como um projeto. Assim deve seguir as fases de: início (autorização para início);

planejamento (previsto); execução (realizado); acompanhamento (comparação do

previsto com o executado); controle (análise de desvios); e encerramento.

A gestão de contratos é bastante dependente do processo de aquisição

como um todo, ou seja, é uma fase onde muito mais do que definir condições é um

processo onde se executa o que já foi determinado, se analisa desvio e se toma

ações corretivas.

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46

Abaixo seguem alguns aspectos que devem ser definidos em mais detalhe

para cada contrato: (FERRARI, 2006; XAVIER et al., 2006):

• Escopo detalhado com limites de fornecimento e exclusões;

• Matriz de responsabilidades;

• Fluxo de informação de documentos;

• Identificação das áreas do empreendimento;

• Normas técnicas e de gestão aplicáveis;

• Principais produtos e eventos-marco (milestones em inglês);

• Multas e punições aplicáveis;

• Plano de comunicação;

• Resolução de pleitos (claims);

2.2.5 ENCERRAMENTO DE CONTRATOS

O processo de encerramento de contratos é dos menos expostos pela

literatura, contudo é o que garante o atendimento aos requisitos do cliente dentro do

escopo do projeto de investimento.

Para que o processo de encerramento de contratos se dê em uma forma

adequada, é dependente das condições de aquisição e negociação, que devem

atender aos requisitos especificados pela engenharia.

Segundo Huston (1996) apud Ferrari (2006) o encerramento do contrato

envolve quatro missões: a conclusão do trabalho contratado; a solução de todas as

Page 47: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

47

reivindicações; a liberação das retenções e do pagamento final e o relatório do

histórico do contrato.

De fato, o encerramento de contratos é uma atividade que ocorre durante

todo o transcorrer do projeto, pois este usualmente envolve um grande número de

contratos durante o seu transcorrer e pode envolver mais de um fornecedor,

hipótese de consórcio contratual, conforme observado na empresa estudada..

As hipóteses de término de contrato propostas podem ser sumarizadas da

seguinte forma (Xavier et al. 2006): Término das atividades do contrato –

Terminação, quando o contrato encerra-se com todas as suas obrigações cumpridas

por todas as partes; Acordo mútuo entre as partes – Resilição, condição que envolve

a vontade de todas as partes para a finalização do contrato antes que todas as

obrigações contratuais sejam cumpridas; Não-observância das disposições das

condições contratuais – Resolução e Resilição, sendo o caso de Resolução e

Resilição caso se efetivem de forma unilateral e independente de notificação judicial

ou extrajudicial, gerando direito de indenização pela parte prejudica, Resolução

estabelece aviso prévio para finalização de atividades em andamento, Rescisão é a

ruptura do ajuste por interesse de uma das partes pelo descumprimento das

obrigações de uma outra parte.

Assim, o modelo proposto, preconiza a execução das seguintes atividades:

• Verificação da conformidade de procedimentos: avaliação se os pontos

previstos na aquisição foram atendidos;

• Aceitamento e pagamento final: emissão de certificados de Aceitação,

seja provisório, quando há pendências de performance ou fornecimento

menores e não impeditivas da performance ou Aceitação Final e

liberação dos pagamentos retidos. Sugere-se a inclusão da prática da

empresa estudada, onde se retém pagamentos ou exige-se garantias

bancárias ou seguro de performance por todo o transcorrer de garantia

mecânica/elétrica que normalmente segue o padrão de 12 a 18 meses.

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48

• Arquivamento do contrato: registro e organização de toda a

documentação do contrato, desde a especificação, passando pela

concorrência, documentação trocada na gestão de contratos como atas

de reunião, relatórios de comprovação de performance contratual, pleitos,

listas de pendências e certificados dentre outros, para futura consulta e

auditoria;

• Emissão de Relatório de Lições aprendidas: documentação dos

principais problemas no contrato e recomendações para futuras

contratações, permitindo o desenvolvimento da gestão do conhecimento

de projetos e contratações.

2.3 QUADRO RESUMO DE ELABORAÇÃO DO PROCESSO PROPOSTO

O quadro a seguir, sumariza as principais contribuições da literatura, do

estudo de caso e do autor para a elaboração do modelo apresentado.

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Autor Kerzner PMBoK Empresa estudada

Autor Outros*

Macro-Processo

Planejamento Compras e Contratações

Definição da Performance para contratação.

Definição das modalidades de contratação previamente; Modelos de contratos.

Definição dos principais pacotes a serem contratados. Aspectos de metodologia de gestão de projetos de investimento (FEL).

Definição dos tipos de compra; Pacotes de contratação adicionais; Ciclo de suprimentos; Plano de mobilização equipe de suprimentos.

Inclusão de Modalidade de Contratação (Xavier et al., 2006); Modelos de contratos e seus riscos

Definição de Requisitos

Documentos para contratação; Critérios para avaliação de fornecedores; Confirmação de especificações;

Especificação mais detalhada da documentação para contratação.

Processo de Aquisição

Processo mais conciso, utilizou-se do detalhamento de algumas fases/processos.

Estrutura básica de subprocessos;.

Detalhamento de Requisitos adicionais não citados nos modelos de Kerzner e PMI. Procedimentos de Suprimentos para projetos

Detalhamento de adicional; . Estratégia de negociação.

Aspectos de riscos e modalidades de seguros e cronogramas de pagamento (Gómez et al.,2006).

Gestão de Contatos

Citadas práticas de gestão de contratos

Fases da gestão de contratos.

Aspectos na gestão de contratos (Ferrari, 2006)

Encerramento de Contratos

Não define esta fase. Aproveitas atividades em Gestão de contratos.

Lições aprendidas

Certificações provisórias e definitivas; Retenção de pagamentos e/ou garantias no período de garantia

Aspectos legais (Xavier et al., 2006)

Quadro 1 – Contribuições ao Modelo Proposto (desenvolvido pelo autor)

Page 50: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

50

2.4 Críticas ao Modelo

O modelo compila informações encontradas na literatura, agregando

aspectos que não abordados em um determinado autor mas são abordados em

outros. Desta forma se optou por compor um modelo que agregasse pontos fortes

da literatura consultada. A este modelo foi agregado informações observadas na

empresa estudada e também em propostas derivadas da experiência do próprio

autor do trabalho na área.

Desta forma a apresentação deste modelo de processo pode ser

aperfeiçoada pela utilização de uma sintaxe de modelagem de processo mais

completa, agregando assim maior detalhamento e explicitação ao modelo.

2.5 Pontos Fortes

Este modelo de processo de aquisição de projetos aborda aspectos práticos

levantados pelo autor junto a empresa pesquisada, que agregam a literatura um

componente mais prático aos modelos existentes.

Desta forma o trabalho forma um bom compêndio das melhores práticas

apresentadas na literatura juntando a este exemplos práticos observados na

empresa estudada além de incorporar pontos derivados da experiência do autor.

Page 51: Trabalho Faap Processo de Suprimentos em Projetos.PDF

51

3 CONCLUSÃO

O trabalho foi desenvolvido imbuído do espírito que o sucesso de projeto de

investimento industrial, dado o pressuposto que as fases iniciais de concepção

tecnológica e avaliação de investimento sejam bem definidas, está relacionado a

boa integração entre as área de planejamento, engenharia, custos e suprimentos.

A literatura confirma a prática através da preconização da formalização de

requisitos de engenharia contratuais e da comunicação entre as áreas anteriormente

citadas, de maneira a se obter um planejamento integrado.

Aspectos abordados diferentemente pela bibliografia abordada foram

incorporados ao modelo, de maneira a incorporar ao trabalho os aspectos mais

detalhadamente explorados na literatura.

Assim do trabalho de Kerzner (2003) extraiu-se a explicitação dos requisitos

de engenharia necessários, do PMBoK (2004) utilizou-se a estruturação dos

processos, a ênfase na integração entre as diversas áreas, buscando-se também

aspectos que na literatura tradicional são pouco abordados, com a necessidade de

formalização e de gestão de documentação e conhecimento. Os trabalhos de Xavier

et al. (2006) e Gómez et al. (2006) são ricos em exemplos práticos, baseados na

realidade nacional e abordam com boa profundidade a gestão de contratos indo

mais detalhadamente nas fases de suprimentos em projetos de investimentos,

formando boa referência inclusive na integração de aspectos técnicos com a teoria

jurídica de contratos e riscos.

O estudo de caso da empresa observada no trabalho enriquece o trabalho

no sentido de apresentar conteúdo não abordado usualmente na literatura e

demonstrando como o processo de suprimentos pode ser aplicado baseado nas

teorias e práticas de mercado.

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52

Finalmente o autor apresenta tópicos que complementam o modelo

proposto, principalmente quanto as aspectos a serem considerados para o processo

de contrato, tanto no que tange a informações de engenharia quanto a tópicos

necessários a negociação que são incorporados aos contratos e permitem uma

adequada gestão de contratos e uma finalização dentro dos requisitos iniciais de

contratação

O Quadro 1, Contribuições ao modelo proposto pelo autor, sumariza o que

autor considerou os principais pontos na literatura abordada e no estudo de caso,

além das contribuições próprias do trabalho. Aqui é apresentada a importante

contribuição de Kerzner (2003) na elaboração do modelo e no desenvolvimento do

trabalho pois deste autor pode se extrair importante contribuição teórica, que suporta

a prática de mercado, sendo importante referência sugerida para o modelo de

suprimentos em projetos de Investimento. A contribuição principal do PMBoK (2004)

advêm da abordagem processual, em que pese seu conteúdo mais geral que muitas

vezes traz dificuldade para aplicação específica no que tange a suprimentos. As

contribuições advindas da empresa estudada, contribuem muito para a validade do

modelo na realidade brasileira, trazendo à literatura com razoável detalhe a prática

de projetos de investimento na indústria brasileira, contribuindo para a literatura com

exemplos práticos aplicáveis e comparáveis a nossa realidade. A contribuição do

autor foca em detalhar mais ainda o processo, em apresentar aspectos não

relatados na literatura e mesmo não tratados no estudo de caso, de forma a

aperfeiçoar e expandir o modelo, conotando maior aderência do modelo a realidade

brasileira. Por fim se destacam as contribuições de Ferrari (2006), Xavier et al.

(2006) e Gómez et al. (2006) que detalham os aspectos contratuais e de gestão de

contratos e ampliam a teoria apresentada na literatura básica de gestão de projetos,

adicionando a este trabalho a visão de suprimentos em projetos de investimento

com maior espectro de atividades industriais, validando hipóteses da literatura e da

experiência do autor que poderia ser enviesada pela experiência principal do autor

ser na indústria de mineração, metalúrgica e química, assim como o estudo ser

focado em empresa do ramo minerador e metalúrgico.

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53

Longe de ser um modelo exaustivo, o trabalho apresenta um modelo a ser

criticado e aperfeiçoado procurando ressaltar os pontos de atrito, definições

necessárias e papéis de cada processo segundo uma visão integrada.

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54

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