resistencia no libolo

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RESISTÊNCIA AO COLONIALISMO NO LIBOLO Localização geográfica do Libolo. Libolo é um dos doze municípios da província do Kwanza Sul e situa-se mais ao Norte da mesma. A sua sede é a vila de Calulo. Tem 9 000 km² e cerca de 125 mil habitantes. É limitado a Norte pelos municípios de Cambambe (província do Kwanza Norte) e Cacuso (província de Malange), a Este pelo município de Mussende, a Sul pelo município da Quibala, e a Oeste pelo município da Quiçama (província de Luanda). É constituído pelas comunas de Calulo, Cabuta, Munenga e Quissongo. Início da ocupação do Libolo Libolo era uma terra fértil, habitada por uma população pacífica e numerosa. Clima saudável a uma altitude estimada em 800 a 1000 metros. Tudo isso se reuniu para atrair o negócio que ali prosperava longe do domínio das autoridades portuguesas. Como no resto do território, também aqui as primeiras presenças dos portugueses apenas se fazia sentir através de comerciantes arrojados, que sem falarem do poder colonial representavam-no, tacitamente. Depois de 1870, tentativas exploratórias se repetiram com vista a submeter os nativos desta região mas, das tão poucas vezes conseguidas, houve sempre campanhas militares, pois, tais eram as dificuldades no terreno e a violenta oposição dos autóctones. O ano de 1893, é marcado pelo início da intervenção portuguesa na região do Libolo. Até então, a soberania portuguesa nunca passou da faixa litoral devido a resistência apresentada pelas populações do interior e ainda assim, permanentemente ameaçada pelos povos do Bailundo e do Libolo. Esta guerra de ocupação, para os autóctones é traduzida em guerra de resistência pelos seus territórios. No entanto, já era de reconhecer-se a presença europeia (portuguesa) nestas paragens nomeadamente na povoação de Calulo, antes daquela data, representada por sete comerciantes e a fundação

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Page 1: Resistencia No Libolo

RESISTÊNCIA AO COLONIALISMO NO LIBOLO

Localização geográfica do Libolo.

Libolo é um dos doze municípios da província do Kwanza Sul e situa-se mais ao Norte da mesma. A sua sede é a vila de Calulo. Tem 9 000 km² e cerca de 125 mil habitantes. É limitado a Norte pelos municípios de Cambambe (província do Kwanza Norte) e Cacuso (província de Malange), a Este pelo município de Mussende, a Sul pelo município da Quibala, e a Oeste pelo município da Quiçama (província de Luanda). É constituído pelas comunas de Calulo, Cabuta, Munenga e Quissongo.

Início da ocupação do Libolo

Libolo era uma terra fértil, habitada por uma população pacífica e numerosa. Clima saudável a uma altitude estimada em 800 a 1000 metros. Tudo isso se reuniu para atrair o negócio que ali prosperava longe do domínio das autoridades portuguesas.

Como no resto do território, também aqui as primeiras presenças dos portugueses apenas se fazia sentir através de comerciantes arrojados, que sem falarem do poder colonial representavam-no, tacitamente.

Depois de 1870, tentativas exploratórias se repetiram com vista a submeter os nativos desta região mas, das tão poucas vezes conseguidas, houve sempre campanhas militares, pois, tais eram as dificuldades no terreno e a violenta oposição dos autóctones.

O ano de 1893, é marcado pelo início da intervenção portuguesa na região do Libolo. Até então, a soberania portuguesa nunca passou da faixa litoral devido a resistência apresentada pelas populações do interior e ainda assim, permanentemente ameaçada pelos povos do Bailundo e do Libolo. Esta guerra de ocupação, para os autóctones é traduzida em guerra de resistência pelos seus territórios.

No entanto, já era de reconhecer-se a presença europeia (portuguesa) nestas paragens nomeadamente na povoação de Calulo, antes daquela data, representada por sete comerciantes e a fundação de uma missão Católica sob a autorização do Soba. Mas essa presença não representou a soberania portuguesa.

No Libolo as hostilidades entre os nativos e os portugueses estalaram em 1895. Entre 1895 e 1898 verificaram-se 8 insurreições reprimidas pois, as relações entre os brancos e o Libolo nunca foram saudáveis.

Com o acto de insatisfação da população, que se reflectia no saque das casas comerciais e os centros religiosos de Calulo, Álvaro António da Costa Ferreira, então Governador-geral de Luanda, responde com o envio de homens do exército, ao comando do coronel Lourenço Justino Padrel, constituídos por 5 Oficiais, 260 Caçadores, 40 Soldados de segunda linha e duas metralhadoras como um dos materiais mais fortes que eles carregavam. O exército português vai aparecer de uma forma repartida em duas alas ou em dois grupos.

Page 2: Resistencia No Libolo

Aos 25 de Outubro de 1895, este exército marchava do Dondo para Libolo. Quatro dias depois (29 de Outubro de 1895) a banza do Soba Golungo é atacada. Um dia depois a 30 de Outubro de 1895 o Soba Phouloque também é atacado e consequentemente o local é tido como indestrutível, local esse que distava a 1000 metros da banza, onde se havia refugiado o Soba Golungo mais 1200 homens.

O factor número e o terreno dificultoso, não impediram o avanço das tropas portuguesas, que abalaram a região e teve como resultado dezenas de mortos e feridos e muitos outros foram presos, cultivos destruídos, etc.

Depois de tudo isso houve um momento de estabilidade nesta região mas de pouca duração, pois que os nativos não desistiam das resistências. Foi assim que, no ano de 1896, os portugueses foram atacados pelos nativos que eram chefiados pelo Soba Quissala, onde surge a necessidade de uma coluna do exército se deslocar como meio de reforço ou socorro aos atacados que eram chefiados pelo Capitão-mor do Bailundo. Dai em diante as guerras já não paravam, os ataques eram frequentes no Libolo. Isso leva o Coronel Dias da Silva, em Agosto de 1917 a deslocar-se ao Libolo com um elenco composto por 39 Oficiais, 50 Sargentos e 275 Soldados que formavam uma Companhia expedicionária. Durante os confrontos entre os portugueses e os nativos, houve uma baixa de 55 mortos da parte dos nativos, que nos leva a concluir que o Libolo terá perdido a guerra.

É no mandato de António Duarte Ramada Curto, como Governador de Angola, 1897 – 1900, que leva-se a cabo a construção de um Forte na região de Calulo, operação que era chefiada por Albano Augusto Paz Brandão, no cargo de Tenente no exército, congratulado com a vitória no Libolo aos resistentes.

Não havia uma resistência concreta, pois que o poder colonial nesta região, tinha como principais representantes do governo português delegados em Calulo, que eram eleitos pelos comerciantes arruinados.

Paz Brandão, vence então os chefes nativos que estavam divididos e desprovidos de qualquer capacidade militar.

Fonte: http://jonyculo.blogspot.com/2010/07/resistencia-no-kwanza-sul.html