resenha crítica amqrl

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Resenha crítica “A menina que roubava livros” Adaptação da obra “A Menina que Roubava Livros”, do australiano Markus Zusak, o filme acompanha a história de Liesel Meminger, entre os anos de 1939 e 1943, cuja mãe a entregou aos cuidados do casal Hans e Rosa Hubermann. Durante a Segunda Guerra, a Alemanha dava um auxílio às famílias que “adotassem” crianças alemãs pobres. Liesel viu seu irmãozinho morrer nos braços da mãe durante a viagem, e roubou seu primeiro livro – “O Manual do Coveiro” – esquecido na neve por um dos rapazes que enterraram seu irmão. Nos livros, Liesel conseguiu encontrar um propósito de vida: a busca pelo conhecimento, e um alento para os dias tão difíceis da guerra. Hans, seu novo pai, um pintor de coração generoso que tem grande habilidade em tocar acordeão e Rosa, sua ‘nova’ mãe, de linguagem e gestos agressivos. Uma verdadeira perita em briga e mal humor, mas que – apesar das surras constantes, não tinha má índole e, ao final, acaba suavizando sua personalidade. Liesel tinha um amigo inseparável na infância, Rudy, com quem jogava futebol, suportava a escola e sofria junto os dissabores da guerra, além de ajudá-la a roubar livros da biblioteca da casa do prefeito, de quem se tornou amiga mais tarde e passou a desfrutar dos livros com sua permissão. Um dos personagens mais importante na vida de Liesel foi Max Vanderburg, com quem a garota passa a dividir seu lar e que a aproxima mais inda do ‘mundo das palavras’: Max, um judeu que a família acaba acolhendo, em segredo, em virtude de uma importante amizade entre Hans (o pai de Liesel)

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Page 1: Resenha crítica AMQRL

Resenha crítica “A menina que roubava livros”

Adaptação da obra “A Menina que Roubava Livros”, do australiano Markus Zusak, o

filme acompanha a história de Liesel Meminger, entre os anos de 1939 e 1943, cuja

mãe a entregou aos cuidados do casal Hans e Rosa Hubermann. Durante a

Segunda Guerra, a Alemanha dava um auxílio às famílias que “adotassem” crianças

alemãs pobres. Liesel viu seu irmãozinho morrer nos braços da mãe durante a

viagem, e roubou seu primeiro livro – “O Manual do Coveiro” – esquecido na neve

por um dos rapazes que enterraram seu irmão. Nos livros, Liesel conseguiu

encontrar um propósito de vida: a busca pelo conhecimento, e um alento para os

dias tão difíceis da guerra. Hans, seu novo pai, um pintor de coração generoso que

tem grande habilidade em tocar acordeão e Rosa, sua ‘nova’ mãe, de linguagem e

gestos agressivos. Uma verdadeira perita em briga e mal humor, mas que – apesar

das surras constantes, não tinha má índole e, ao final, acaba suavizando sua

personalidade. Liesel tinha um amigo inseparável na infância, Rudy, com quem

jogava futebol, suportava a escola e sofria junto os dissabores da guerra, além de

ajudá-la a roubar livros da biblioteca da casa do prefeito, de quem se tornou amiga

mais tarde e passou a desfrutar dos livros com sua permissão. Um dos personagens

mais importante na vida de Liesel foi Max Vanderburg, com quem a garota passa a

dividir seu lar e que a aproxima mais inda do ‘mundo das palavras’: Max, um judeu

que a família acaba acolhendo, em segredo, em virtude de uma importante amizade

entre Hans (o pai de Liesel) e o pai de Max e por quem Liesel nutriu grande carinho.

O aspecto mais interessante do filme é que toda a infância de Liesel é contada

exatamente por ela: a Morte, cujos comentários sobre a quantidade de trabalho e a

inutilidade geradas pela Guerra são tocantes, ela levou seus pais e seu amigo Rudy.

Ao final, a Morte só vai encontrar Liesel já em idade avançada, tendo construído

família e vivido uma boa vida pós-guerra. O diretor abordou um tema tão triste de

uma maneira muito suave e poética. Mostra que as horas passadas com um livro

são capazes de trazer alívio a uma alma sedenta de conhecimento e de paz, além

de ajudá-la a crescer e superar momentos difíceis. Aquela menina tinha tão pouco

para ser feliz e conseguiu despertar para a leitura com poucos incentivos e à custa

de muita coragem, ao roubá-los da biblioteca do prefeito ou até mesmo do fogo,

quando tiveram que queimar os livros proibidos pelos alemães, nos mostra a Guerra

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vista por um lado que não estamos acostumados a enxergar: o dos alemães comuns

que viram seu País ser destruído por um ideal que a maioria não concordava, que

deviam se calar para não serem punidos e ver as pessoas próximas morrendo ou

sofrendo. É uma luta mansa pela sobrevivência, pois a única maneira de lutar é

permanecendo vivo, não há ferramentas ou estratégias para esta luta, há apenas a

vontade e a sorte. Ao término podemos concluir que apesar das duras barreiras

encontradas por uma garotinha de rosto meigo, a qual encontrou nas palavras o

poder que se transformou em escape dos tumultuosos eventos que aconteceram ao

seu redor. Além de ter descoberto nelas o refúgio para sobreviver e retomar a

esperança perdida durante os tristes episódios de uma guerra.

“Se seus olhos pudessem falar, o que eles diriam?”