reorganização societaria por meio de holding

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  • 7/25/2019 Reorganizao Societaria Por Meio de Holding

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    55DOI: 10.5433/2178-8189.2014v18n2p55

    * Doutorado em Direito pelaUniversidade Federal de

    Minas Gerais, Brasil (2007).COORDENADOR DAPESQ.- PROJ. CIDADEALTERIDADE da Funda-o Universidade de Itana,Brasil. E-mail: [email protected]

    ** Ps-Graduando em Direi-to Material e Processual doTrabalho pela Faculdadede Direito ProfessorDamsio de Jesus. E-mail:

    [email protected]

    SCIENTIA IURIS, Londrina, v.18, n.2, p.55-71, dez.2014 | DOI: 10.5433/2178-8189.2014v18n2p55

    Reorganizao societria eblindagem patrimonial por meio de

    constituio de holding

    CORPORATERESTRUCTURINGANDSHIELDSHEETTHROUGHTHECONSTITUTIONOFHOLDING

    * Eloy Pereira Lemos Junior** Raul Sebastio Vasconcelos Silva

    Resumo: caracterstica do empreendedorismo a absoro debenesses bem como a assuno de riscos inerentes ao seuexerccio. Nesse sentido, natural optar por formas mais rentveis

    na sua gesto, se utilizando de mecanismos que proporcionemsegurana jurdica e patrimonial no deslinde das atividades. Nessaesteira, destaca-se a figura daHolding, forma de se reestruturaro quadro societrio, blindar o patrimnio e otimizar a cargatributria. Tal desgnio abarca a forma lcita de se planejar areduo de custos, organizar o empreendimento e estruturar asociedade. No presente artigo sero apresentadas diretrizes quenorteiam tal instituto, abordando suas peculiaridades eimplicaes.

    Palavras-chave: Holding; Reestruturao societria; Blindagempatrimonial.

    Abstract: It is characteristic of entrepreneurship absorptionhandouts as well as the assumption of risk inherent in its exercise.In this sense, opt for natural ways most profitable in itsmanagement, is using mechanisms that provide legal certaintyand equity in disentangling the activities. On this track, there isthe figure of the holding company, way to restructure theshareholding structure, shielding the assets and optimize thetax burden. This plan includes the lawful plan to reduce costs,organize and structure the enterprise society. In the presentarticle shall be given guidelines by which such an institute,addressing their peculiarities and implications.

    Keywords:Holding; Corporate Restructuring; Asset Shield.

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    INTRODUO

    No Brasil, o empreendedor que opta pelo desenvolvimento de algumaatividade empresria, o faz, geralmente, associado a outrem na modalidadesocietria. Dentre estas, destaca-se, como a de maior predileo doempresariado nacional a figura da sociedade empresria limitada.

    A facilidade de se constituir uma sociedade empresria limitada, associadaaos seus baixos custos e responsabilizao restrita do scio vinculada aoquantum investido em capital atraem os empreendedores ptrios.

    Assim, em tese, com a constituio de uma sociedade empresria limitadaocorre a segregao patrimonial, havendo distino entre os bens pertencentes pessoa jurdica e ao scio enquanto pessoa natural.

    Dito isso, nada mais natural do que a sensao que ladeia o imaginriode nossos empresrios, que ao adotarem a figura em tela, pensam estarplenamente resguardados. Ledo engano.

    Ainda que pese a distino patrimonial e responsabilizao fixada aoslimites do capital investido, existem excees considerveis a esta regra.

    Ademais, encargos que beiram a extorso somados s nuancesmercadolgicas colocam, sob risco constante, a manuteno da sociedade.

    Por vezes, a incidncia desses encargos somada ausncia de

    planejamento, ou sua m realizao, resultam no insucesso empresarial. Nessassituaes verifica-se que os gastos dispndios com o exerccio social se tornaramdeveras onerosos, suplantando o faturamento percebido.

    nesse sentido que surge o instituto do planejamento empresarial,abrangendo as esferas societria, tributria e patrimonial.

    Tal diretiva, se realizada de forma lcita, em observncia legislao emvigor, maneira eficaz de se blindar o patrimnio titularizado, garantindo, dessemodo, o principio da preservao empresarial.

    Destarte, a reorganizao societria realizada luz das diretrizes legaisse mostra como importante ferramenta ao empresrio, de modo a proporcionar-lhe 5 maior segurana jurdica, bem como promover a blindagem de seupatrimnio e prover outras benesses.

    1 HOLDING - CONCEITO DE HOLDING

    O termoHolding tem origem estrangeira, sendo oriundo da lngua inglesa

    e significando segurar, manter, controlar, guardar. Tal terminologia faz aluso

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    sua finalidade, ou melhor, ao seu objeto social que , em suma, o controle e aparticipao em outras sociedades empresariais ou, ainda, segurar ou mantera administrao de bens, geralmente imveis.

    Segundo dispe o vernculo, Holding tem por definio Companhiaque, sem atividade produtora prpria, possui nmero de aes suficientementegrande de outras companhias, o que lhe assegura o controle das habilitaescomerciais destas. o que nos diz o Dicionrio Michaelis (MICHAELIS,2013). Todavia, sua terminologia jurdica mais ampla e abarca um sentidomais claro do que realmente significa o dito termo.

    Analisando exclusivamente sob o aspecto funcional, aHolding, que oinstituto mais moderno (e legal) para proteo patrimonial (fsica e jurdica), constituda, quase sempre, com o fim de participar de outras sociedades como

    quotista ou acionista, controlando-as.As holdings geralmente so constitudas por empresrios que detm

    vrias empresas, que atuam em diversos nichos de atividades, sendo que, pormuitas vezes, isto feito para se evitar a concentrao do capital em apenasum setor.

    A figura daHolding, inicialmente pr-julgada como uma inovao jurdicasuficiente a burlar a legislao, tornou-se comum com o avano do mercado,tornando-se at mesmo padro para grandes grupos econmicos. Ademais, a

    Holding se tornou uma estrutura vantajosa com o advento do novo CdigoCivil, quando se expandiram sobremaneira as possibilidades legais dedespersonalizao da personalidade jurdica, que pode imputar aos scios aresponsabilidade e o dever de suportar com seu prprio patrimnio as dvidasda pessoa jurdica.

    Por fim, insta ressaltar que a Holding, ainda que pese todas ascaractersticas que lhe so inerentes, uma empresa semelhante s demais, sesubmetendo s mesmas diretrizes legais impostas s outras pessoas jurdicas,

    distinguindo-se por seu objeto social e filosofia.

    2 NATUREZA JURDICA

    Ao empresrio que optar pela constituio daHolding ser facultado aescolha do tipo societrio que melhor lhe convier conforme sua necessidade.Isto significa que a holdingpode assumir a modalidade de Sociedade Limitada,Sociedade Simples, Sociedade Annima, Eireli ou qualquer outra espcie

    de personalidade jurdica prevista em na legislao nacional.

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    Tal deciso, opo pela natureza jurdica, deve levar em considerao ascaractersticas do caso concreto, vez que a referida escolha se encontradiretamente vinculada destinao para qual aHolding foi constituda.

    Desse modo destaca-se a predileo nacional pelas figuras que imputamresponsabilidade limitada aos scios. Dentre estas, podemos destacar ainda asociedade annima, que conta com previso expressa no sentido de ser umaHolding em sua legislao prpria.

    Importante ressaltar ainda a inovao trazida luz em nosso CdigoCivil com a criao da figura da Eireli - Empresa Individual de ResponsabilidadeLimitada, que surge como mais uma opo ao empresrio, que poder constituiraHolding sem a necessidade de contar com scio, desde que preenchendo osrequisitos legais.

    Por fim, se faz pertinente a meno de que tanto pessoas fsicas quantojurdicas podem compor o quadro societrio de umaHolding, excetuando-se,por bvio, as ressalvas dispostas por nosso ordenamento. Cabe frisar que talregra encontra exceo nos casos de Eireli, cuja titularidade vedada pessoajurdica. Ademais, limitado pessoa fsica ser titular de apenas uma Eireli.

    3 PREVISO LEGAL

    No Brasil, o instituto daHolding foi inserido na legislvel com o adventodo artigo 2 da Lei n 6.404 de 1976, tambm conhecida como a Lei das S/A..Neste mesmo diploma podem ser encontradas ainda outras diversas meness Holdings, 7 tais como as decorrentes do artigo 243, cuja redao prevsituaes peculiares e imputa obrigaes especficas a essa inovao jurdica.

    Contudo, tais previses no se resumem apenas Lei das S/A., existindotambm no Cdigo Civil Nacional, mormente em seu captulo que trata asSociedades Coligadas, que abrange os artigos 1.097 e seguintes.

    Destarte, tem-se que com a utilizao dos instrumentos legais disponveisno ordenamento jurdico nacional, possvel realizar uma melhor organizaodas atividades empresariais, efetuando a separao e organizao das atividadese bens empresariais das pessoais, com escopo de se proteger de situaesexternas, bem como reduzir a carga incidente sobre tais negcios, entre outrasfinalidades.

    Assim, resta caracterizado, uma vez mais, tratar-se de tema atual, pautadoem diretrizes legais e, por conseguinte, lcito, desmistificando qualquer suspeita

    que possa pairar sobre o institutoHolding.

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    4 CLASSIFICAO

    Insta trazer baila que as Holdings, no ordenamento ptrio brasileiroatual, so costumeiramente divididas em duas espcies, quais sejam:

    a)Holdingspuras: cuja principal caracterstica o exerccio de atividadeexclusiva de controle de outras sociedades, tendo suas receitas privativas delucros e dividendos das empresas controladas.

    b)Holdings operacionais: no obstante ao fato de deterem caractersticassemelhantes s encontradas nasHoldingspuras, distinguem-se das primeiraspor possurem tambm outras atividades operacionais, tais como a prestaode servios.

    Entretanto, necessrio destacar que, apesar de comum, a distino

    supratranscrita no a nica apresentada em nossa doutrina. Existem outrasdiversas classificaes, cujo critrio para sua estruturao baseia-se na finalidadepara qual a pessoa jurdica foi constituda. Vejamos alguns exemplos:

    a) Holdings de controle: detm por escopo assegurar o controle deempresas.

    b) Holding administrativa: visa a funo administrativa das empresasoperadoras; 8.

    c) Holding familiar: objetiva evitar os ncleos familiares, evitando

    possveis conflitos de interesses.

    5 DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA

    A priori, deve ser ressaltado que a figura da personalidade jurdicacaracteriza-se por inovao pautada em fico jurdica, constituda com fulcrona promoo de autonomia empresa na consecuo de seu objeto social.

    Isso posto, destaque-se ainda que empreender assumir riscos inerentes

    atividade exercida. Por essa premissa, o empresrio deve entender que oexerccio de suas atividades empresarias implica, necessariamente, na absorode todos os benefcios que dela possam ser oriundos, bem como em suportar osdissabores surgidos dessa relao.

    Assim, tem-se que a dita autonomia no soberana, vez que os atospraticados pela pessoa jurdica esto vinculados vontade de seus sciosdiretores.

    Nessa esteira, importante mencionar que com o advento das novas

    legislaes ptrias, em especial o atual Cdigo Civil Brasileiro, a restrio da

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    obrigao delimitada ao capital investido, outrora protegida sob a gide da figuraempresarial de responsabilidade limitada, deixou de ser absoluta.

    Desse modo, consonante a moderna legislao nacional vigente, oempresrio que transgredir determinadas premissas poder incorrer no nus desuportar o adimplemento de obrigaes com seu patrimnio pessoal.

    A este fenmeno d-se o nome de Desconsiderao da PersonalidadeJurdica. O mesmo ocorrer todas as vezes que restar por caracterizado odesvio da finalidade para qual foi constituda a empresa e houver a confusopatrimonial entre os bens sociais e particulares.

    Em suma, o que se objetiva com a utilizao da dita ferramenta coibirfraudes na medida em que tal instituto afasta a segregao patrimonial existenteentre sociedade e scio. Ao tornar os patrimnios outrora distintos numa

    universalidade, tal desgnio visa punir os excessos cometidos pelo mau empresrioe salvaguardar os direitos dos credores de boa-f. 9

    6 HIPTESES DE DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADEJURDICA

    A teoria da desconsiderao da personalidade jurdica, originariamentecunhada como disregard of legal entity, recebe esse nome devido suaorigem jurisprudencial inglesa e norte americana. Sua incidncia ocorrer sempreque restar caracterizada qualquer das seguintes hipteses:

    a) Abuso: caracteriza-se pelo excesso cometido pelo empresrio noexerccio de suas atividades empresariais. Em ocorrendo, o autor incorre emtransgresso legal a dispositivo expresso em lei;

    b) Fraude: subterfgio utilizado com fulcro na transgresso legal, bemcomo na promoo de prejuzos deliberados terceiros. Para Maria HelenaDiniz, Constitui fraude contra credores a prtica maliciosa, pelo devedor, deatos que desfalcam o seu patrimnio, com o escopo de coloc-lo a salvo de

    uma execuo por dvidas em detrimento dos direitos creditrios alheios (DINIZ,2005).

    c) Desvio de finalidade: inobservncia do objeto social precpuo para oqual a empresa foi constituda;

    d) Confuso patrimonial: decorrente de situaes em que o prprio scio incapaz de tratar o patrimonio social como alheio, ocorrendo, por conseguinte,confuso que invibializa a distino patrimonial.

    Assim, consoante preceitua nosso Cdigo Civil, mormente em seu artigo

    50, havendo, comprovadamente, o abuso da personalidade jurdica, seja pelo

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    desvio de finalidade, seja pela confuso patrimonial ou caracterizao de fraude,poder o judicirio decidir para que os efeitos de determinadas relaesobrigacionais gerem consequncias junto aos bens do particular.

    No mais, no obstante s hipteses descritas, matria pacificada emnosso ordenamento ptrio a possibilidade de se atribuir a responsabilidadepatrimonial aos scios da empresa em se tratando de demandas atreladas aoCdigo de Defesa do Consumidor, ao Direito Ambiental, em algumas espciesde execues fiscais e ainda a solidariedade na justia do trabalho. Cabe ressaltarque no mago 10 trabalhista se considera o princpio da proteo mxima aoempregado em detrimento ao empregador. Tal situao, por bvio, ocasionacertos exageros que se consubstanciam at mesmo em abusos no plano ftico.

    H de se ressaltar ainda que a incidncia da desconsiderao pode ser

    aplicada independentemente do tipo societrio e natureza jurdica da empresa.Incorrendo, inclusive, em sociedade cuja responsabilidade em tese limitada.

    Outro ponto importante que denota ateno especial a necessidade doapoio jurisdicional do Estado para ver aplicada a desconsiderao. Tal medidano ser tomada administrativamente.

    Por fim, insta frisar que ocorrendo a desconsiderao, nonecessariamente haver a extino da personalidade jurdica da empresa quedeu causa ao pedido. Tal instituto tem carter transitrio e visa somente

    resguardar o direito do credor.

    7 REESTRUTURAO SOCIETRIA

    A reestruturao consiste numa sequncia de medidas realizadas comfulcro na formatao e equalizao de uma nova estrutura societria para aempresa / grupo empresarial.

    Luz do vernculo, conforme aduz o conceituado Dicionrio Michaelis

    (2013), reestruturar dar nova estrutura a; reestabelecer, organizar de novo.Assim, fcil notar que reestruturar, no mbito para o qual o definimos, diz respeito adoo de uma srie de meios lcitos com intuito de promoo de finalidadelegal, qual seja: blindagem patrimonial.

    Tal diretriz plenamente facultada ao empresrio, ao passo que no lhe obrigada a assuno de estrutura deveras dispendiosa. Desse modo, vislumbra-se aqui uma srie de medidas legtimas, vez que pautadas na lisura.

    Ademais, tem-se que a reestruturao em voga pode promover tambm

    uma reorganizao tributria, maximizando a carga, sempre que possvel.

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    Todavia, importante ressaltar que a constituio de Holdings no anica forma de se reestruturar o quadro societrio, bem como maximizar acarga de uma empresa/grupo empresarial. Existem ainda outros mecanismosno mesmo sentido, que sero explorados no tpico a seguir.

    8 TRANSFORMAO, FUSO, INCORPORAO E CISO

    Consoante dito anteriormente, h outras possibilidades legais pararealizao da reestruturao societria. Dentre estas, destacam-se as figurasda transformao, fuso e incorporao.

    A transformao de sociedade, que um desses institutos, conta compreviso expressa na legislao ptria. O dispositivo 220 da Lei 6.404/76 define

    claramente a transformao societria como a operao pela qual a sociedadepassa independentemente de dissoluo e liquidao, de um tipo para outro.Para Modesto Carvalhosa (2002) na transformao no existe dissoluo ouliquidao da 12 pessoa jurdica, mas sim extino dos atos constitutivos, queso substitudos por outros 2.

    Outra possibilidade facultada ao empreendedor consiste na fuso, quesegundo ensina a doutrina dominante se traduz na combinao de duas empresaspara a formao de uma nica. Vale ressaltar que nossa legislvel em vigor

    tambm faz aluso ao dito desgnio. O artigo 228 da Lei n 6.404/76 define quea fuso a operao pela qual se unem duas ou mais sociedades para formarsociedade nova, que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes. Nomesmo sentido, coaduna o nosso Novo Cdigo Civil. Segundo preceitua odispositivo n 1.119 da Lei 10.406 de 2002: a fuso determina a extino dassociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas suceder nosdireitos e obrigaes.

    No mais, outro meio muito difundido em nosso ordenamento cujo cerne

    constitui a promoo de reestruturao societria o instituto da incorporao.Em ocorrendo, a pessoa jurdica incorporada passa a inexistir, entretanto, aempresa incorporadora continuar com a sua personalidade jurdica,diferentemente do que ocorre na fuso, em que h a extino de todas aspessoas jurdicas participantes do processo, bem como a criao de uma novaempresa que sucede s demais.

    Segundo o artigo 227 da Lei das S/A, a incorporao se caracterizacomo a operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra,

    que lhe sucede em todos os direitos e obrigaes. Em sentido prximo, aduz o

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    nosso Cdigo Civil, no artigo 1.116, alegando ser patente na incorporao aabsoro de uma ou vrias sociedades por outra, que lhes suceder em direitose obrigaes.

    Por fim, h de se destacar ainda o instituto da ciso, que para ModestoCarvalhosa (2002, p. 305) constitui negcio plurilateral, que tem como finalidadea separao do patrimnio social em parcelas para a constituio ou integraodestas em sociedades novas ou existentes 3.

    Assim, ainda que sucintamente, foram levantadas outras formas dereestruturao afora aHolding, que no presente estudo o foco principal. 13

    9 DA REESTRUTURAO SOCIETRIA

    Ciente das benesses e inconvenientes que ladeiam a reestruturao, aoempreendedor cabe, devidamente assessorado por profissionais qualificados,proceder juzo de valores acerca da viabilidade de sua realizao efetiva.

    Por bvio algumas reflexes devem ser realizadas de modo a se maximizaros benefcios extrados da reestruturao por meio de Holdings. Cabe levarem considerao a anlise de sua real necessidade, bem como constituir omodelo mais adequado realidade ftica apresentada. Assim, aps conjecturaracerca das possibilidades e suas implicaes, o empresrio deve de fato iniciar

    o processo de reestruturao. Este, por sua vez, ir variar conforme polticaadotada, cabendo, ao efetua-lo, observar as idiossincrasias inerentes suarealizao.

    Mister trazer baila que, assim como qualquer outro procedimento jurdicocontbil, o processo de reestruturao deve ser balizado pela licitude, no havendoexcessos que o desabone e nem lhe tire a validade, bem como a eficcia peranteterceiros e, principalmente, o fisco.

    nesse sentido que ensina Marco Aurlio Greco (2011, p. 120) ao

    discorrer sobre o procedimento em AP reo, aduzindo que em suma, o ncleodo tema a eficcia fiscal dos atos ou negcios jurdicos realizados, vale

    dizer no basta ser lcito, preciso ser eficaz perante o fisco4".Importante mencionar que o presente planejamento tem por escopo a

    blindagem patrimonial bem como todas as benesses que dela decorrem.Assim, necessrio atender s diretrizes legais, mormente as impostas pelofisco, uma vez que o mesmo pode desconsiderar todo procedimento realizadoem casos em que restem por caracterizado simulao com escopo de

    promover fraude.

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    10 FORMA DE INTEGRALIZAO DO CAPITAL SOCIAL

    Como bem sabido, o capital social o importe condicionado viabilizaode constituio da pessoa jurdica, de modo a possibilitar que a mesma inicie o14 exerccio de suas atividades. Tal importncia deve ser definida consoanteplanejamento estipulado pelos scios, acionistas ou titular da pessoa jurdica.

    Esta integralizao nada mais do que a insero da proporo de capitalcujo cada um dos scios, acionistas ou titular se comprometeram a ingressar naempresa. Tal integralizao, salvo excees, pode ocorrer em moeda corrente,direitos e bens, tais como imveis, veculos e equipamentos.

    Frise-se que a legislao, no que tange ao plano societrio e tributrio,faculta s pessoas fsicas o direito de realizar a integralizao de capital em

    bens e direitos conforme valores dispostos na Declarao de Bens ou pelovalor de mercado.

    Outro ponto importante a se mencionar o fato de que nossa MagnaCarta, em seu dispositivo de n 156, 2, inciso I, tambm estabelece, na hiptesede integralizao de capital social em bens imveis, a iseno do Imposto deTransmisso Inter Vivos (ITBI) de competncia dos municpios.

    Tal benesse deve ser pleiteada por meio de processo administrativo a serdemandado perante a municipalidade do local de situao do imvel integralizado,

    sendo certo que a iseno somente ser concedida e mantida se a receitaobtida com aluguel ou com a venda dos imveis integralizados no ultrapassar50% (cinquenta por cento) do faturamento total da Holding durante os trsanos seguintes integralizao do imvel.

    11 BENESSES DECORRENTES DA REESTRUTURAOSOCIETRIA

    Conforme externado, o exerccio da atividade empresarial implica naassuno de diversos riscos inerentes ao seu desempenho. Assim, a sociedadeque conta com seu quadro societrio titularizado nica e exclusivamente porscios pessoas fsicas, poder experimentar o dissabor de ver suas dvidas deordem tributria, civil, ambiental e trabalhista suportadas pelo patrimnioparticular de seus scios, acionistas ou titulares, atravs de responsabilidadesolidria.

    A insero daHolding na cadeia societria tem o intuito de resguardar

    a empresa da incidncia de eventuais problemas, bem como j criar o ideal

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    sucessrio aos scios, acionistas ou titulares, pois, conforme apurado, grandecausa de cises 15 e extines de empresas consiste no aspecto familiar esucessrio que poder impedir a celebrao de quaisquer negociaesfinanceiras e administrativas.

    Ante o que fora apresentado, tem-se que a retirada das figuras dos sciosPessoas Fsicas do quadro societrio das empresas, inserindo, em substituio,o instituto das Holdings, protege o patrimnio existente, reduzindo a cargatributria, quando possvel, e elaborando o ideal sucessrio.

    Impende demonstrar que aHolding, como registrado, tem por escopoexercer o controle sobre um grupo de empresas, administrando ou participandode forma total ou parcial de seus respectivos capitais sociais.

    Assim, resumidamente, asHoldings so constitudas com fulcro a causar

    dinamismo e modernidade a empresa/grupo empresarial, afora a promoo desegurana ao patrimnio de seus scios, acionistas ou titulares. Outro grandebenefcio, frise-se, a faculdade de se efetuar um planejamento sucessrio dasatividades mercantis, de seus bens e do patrimnio familiar, visando antecipar,de forma segura, preestabelecida e menos onerosa, a sucesso da administraoempresarial, bem como dos bens.

    No caso de um grupo de empresas familiar, por exemplo, ao estabeleceruma Holding controladora, a sucesso dos negcios da famlia se daro

    somente pela transferncia aos herdeiros das quotas de capital/aes destaHolding, sem que haja a necessidade de mudanas societrias em todo ogrupo de empresas controladas, situao que, por bvio, proporciona maiorcomodidade, reduzindo gastos e procedimentos burocrticos. Tal medida facilitaa transio de poderes entre os scios quotistas/acionistas, no interferindonos negcios do grupo empresarial e diminuindo o tempo e dispndio, como jdescrito.

    12 DESVANTAGENS DECORRENTES DA UTILIZAO DAFIGURAHOLDING

    No obstante s benesses apontadas, a reestruturao mediante inserode holdings na cadeia societria implica na absoro de alguns inconvenientes.Sobre gastos, evidentemente, o procedimento de constituio das empresasholdings, bem como os custos inerentes realizao de suas devidas obrigaesacessrias oneram o processo de reestruturao, proteo e blindagem

    patrimonial. 16

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    Quanto s aconselhveis transferncias imobilirias, visando promoode blindagem patrimonial, por bvio, geraro, ao mnimo, custos cartorrios. Noque tange tributao da atividade de locao, incidente nos casos em que aHolding locar patrimnio empresa do grupo, o ideal que esta seja feita emvalores mnimos, visando reduzir a carga. Entretanto, a locao e o recolhimentodos tributos, afastam, ainda mais, a possvel arguio de fraude.

    Cabe ressaltar ainda que algumas das principais desvantagens restringem-se figura da sociedade annima, vez que mais dispendioso e burocrtico o seutrato diuturno. Dentre estas destacamos a publicao das assembleias e balanos,bem como a divulgao de informaes por meios pblicos, com fulcro napublicidade.

    13 POSSIBILIDADES DE DESCONSIDERAO DAREESTRUTURAO SOCIETRIA

    Restando comprovado a caracterizao de simulao no procedimentode reestruturao, poder restar caracterizada fraude, resultando a nulidadedos os atos suspeitos realizados. Nesse sentido aduz a legislvel em vigor que,dentre outros, apresenta o dispositivo de n. 167 acerca do tema em nosso doCdigo Civil.

    A negociao simulada se caracteriza pela existncia de duas condutas,a que se pratica e a que se oculta. Tal comportamento geralmente decorre davontade dos signatrios de ser esquivar da real tributao que deveria seratribuda ao negcio, que geralmente mais onerosa.

    Todavia, a simulao no a nica situao que pode desabonar oprocedimento de reestruturao. Insta frisar que qualquer conduta ilcita capazde macular todo o procedimento reestruturador, conforme preceitua nossoCdigo Civil atravs de seu artigo 187.

    Em suma, foram apresentadas algumas das possibilidades dedesconsiderao do procedimento, vez que por corolrio de atos ilcitos. Destarte,restando caracterizada tal situao, quedara-se o procedimento dereestruturao incuo, vez que eivado de vcio. 17.

    14 ASPECTOS TRIBUTRIOS

    Com o advento da Constituio Cidad, passou o Sistema Tributrio

    Nacional a ser delimitado pelas diretrizes trazidas luz pela prpria Carta Magna

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    em seus artigos 145 a 162, os quais tratam, em suma, de definio dos tributose competncias dos entes da Federao; limitao ao poder de tributar; erepartio das rendas tributrias. Destaque-se ainda a classificao prolatadapelo referido diploma legal, que em seu dispositivo 5 aduz serem os tributosdivididos em impostos, taxas e contribuies de melhoria.

    Todavia, tal diretiva no chegou a conceituar tributo. Essa aptido foiincumbida Lei n. 5.172/1966, que em seu artigo 3 aduz ser tributo todaprestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada medianteatividade administrativa plenamente vinculada.

    H de se ressaltar que sua incidncia no decorre de sano oriunda deato ilcito, vez que sua origem sucede de previso institucional, devidamente

    validada conforme preceitos do principio da legalidade.Contudo, possvel vislumbrar ainda na carta constituinte, atravs de

    anlise de seu dispositivo de n. 149, autorizao concedida Unio paraestabelecer contribuies federais sociais e de interveno no domnioeconmico, findando numa nova espcie tributria.

    Se no fosse suficiente, ao analisar a legislvel brasileira verifica-se aindapreviso expressa de outra modalidade tributria, qual seja: emprstimocompulsrio. Tal disposio decorre do artigo 148 da Constituio Republicana,

    que aduz que a Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimoscompulsrios. Destarte, vislumbra-se que os tributos, conforme previsoconstitucional e legal, dividem-se em cinco espcies, quais sejam: impostos,taxas, contribuio de melhoria, contribuio especiais e emprstimoscompulsrios.

    Ante o grande nmero de espcies tributrias num pas como o Brasil,detentor de vasto territrio, a soluo encontrada para dirimir dvidas e confusesrelativas ao poder de tributar foram estabelecidas com a instituio da figura da

    18 competncia tributria. Assim, se verificam diferenciaes entre Unio,Estados, Distrito Federal e Municpios. Logo, no podendo ocorrer interfernciade uns sobre os outros, ficando cada qual adstrito sua competncia originriapreestabelecida.

    Cabe frisar que a competncia tributria tambm varia conforme naturezado tributo e atribuio do ente federado.

    Destarte, ante a breve exposio supra relatada, verifica-se que a despesatributria nacional caracteriza-se como um dos principais custos de produo

    de um empreendimento. Sendo assim, faz-se indispensvel reduzir tal dispndio

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    tributrio de forma legal, visando a maximizao dos resultados econmico-financeiros das empresas, tornando-as mais robustas e competitivas. nessesentido que se apresenta a reestruturao societria.

    15 ASPECTOS TRIBUTRIOS PS REESTRUTURAO HOLDING

    Colocadas as diretivas iniciais acerca da questo tributria, passemosanalisar, pormenorizadamente, o aspecto ftico que incidir sobre aHolding.

    Tributao Incidente Sobre os Resultados Contbeis Apurados HoldingOs critrios de tributao incidentes sobre a receita da Holding variam

    conforme escopo social da empresa. Nos casos deHoldingpura, esses valores

    no sofrero tributao pela sociedade controladora. No que tange Holdingmista, que alm do exerccio de atividades de controle, semelhantes s realizadaspelaHoldingpura, efetuam tambm operaes de natureza diversa, bem assimno que se refere aos ganhos de capital, sero imputadas as diretrizes tributriasespecficas para o regime escolhido pela controladora (lucro real, presumido ouarbitrado).

    Recebimento de Lucros e Dividendos Holding 19

    No que concerne ao recebimento de lucros e investimentos, importantemencionar que os lucros ou dividendos percebidos pelaHolding, em decorrnciade participao societria avaliada pelo custo de aquisio, adquirida at 6 (seis)meses anteriores data do devido recebimento, sero, contudo, registradospela empresa como diminuio do valor do custo e no incidiro nas contas deresultado.

    Capitalizao de Lucros ou Reservas Holding

    As aes ou quotas bonificadas, percebidas sem nus pelaHolding, noincidiro alterao no importe pelo qual a participao estiver registrada noativo, nem sero levadas em considerao na estipulao do lucro real. Taldiretriz aplicvel luz da legislvel em vigor. Mormente pelo artigo 381 eseguintes do Decreto n 3.000/1999.

    Distribuio de Lucros e Dividendos HoldingO ativo e passivo apurado no resultado contbil daHolding, creditado

    por pessoa jurdica com base na tributao lucro real, desde janeiro de 1996,

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    no se sujeita incidncia do imposto de renda na fonte, bem como no sevincula base de clculo do imposto do beneficirio, seja pessoa jurdica oufsica, domiciliado em territrio nacional ou no exterior. Tal diretiva trazida luz pelo artigo 654 do Decreto n. 3.000, de 26 de maro de 1999. Vale ressaltarque em sentido prximo surgem tambm os dispositivos de n. 662 e 666 domesmo diploma legal.

    Deferimento de Despesas Financeiras Holding 20Consoante previso legal, Holding que detenha por objeto apenas a

    participao societria em outras empresas, ser facultado o diferimento doreconhecimento de despesas com juros e encargos financeiros pagos ouincorridos relativos a emprstimos contrados para financiamento de

    investimentos em sociedades controladas. o que nos diz a Lei n 11.727/2008.Insta salientar que tal benesse aplicvel somente s Holdings puras,

    quais sejam, as criadas com fulcro em participaes societrias. Destarte, noincidiro sobre as Holdings mistas, que no se atm exclusivamente satividades de controle, desenvolvendo tambm operaes de natureza diversa.

    16 DISSOLUO

    Consoante amplamente externado, aHolding empresa como qualqueroutra, diferenciando-se, apenas, pelo objeto social que lhe peculiar.

    Destarte, h de se verificar que as suas hipteses de dissoluo so asmesmas aplicadas s demais empresas. Tais diretivas so apresentadas emnosso sistema legal, pelo Cdigo Civil, no artigo 1.033 e seguintes.

    No que concerne s Holdings cuja natureza jurdica se consubstanciaem sociedade annima, h regimento prprio para tal procedimento, previsto naLei das S/A, dentre os artigos 206 219.

    De todo modo, o procedimento de baixa poder variar conformelocalizao geogrfica daHolding em territrio nacional, vez que as exignciasdas Juntas Comerciais, apesar de bastante semelhantes, no so idnticas.

    Outro ponto importante a ser ressaltado, o fato de que a competnciapara registro do distrato de algumasHoldings, cuja natureza jurdica seja desociedade simples, no cabe s Juntas Comerciais, mas sim aos Cartrios deRegistro de Pessoa Jurdica da comarca onde se estabelece a Holding. Por talmotivo, o processo de baixa deve tramitar junto a tal instituio, sujeitando-se

    s suas exigncias legais para registro.

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    Posteriormente, com o distrato social devidamente registrado, cabeao empreendedor regularizar a situao de baixa da Holding junto aoscompetentes rgos pblicos e particulares, tais como a fazenda federal,fisco municipal, previdencirio e entidades correlatas cuja empresa detinhacadastro.

    CONSIDERAES FINAIS

    luz da realidade ftica experimentada pelo empreendedor nacional,fcil notar o quo oneroso exercer a atividade empresarial no Brasil. A obscenacarga tributria somada aos altos encargos trabalhistas e s nuances inerentes

    ao cotidiano mercadolgico aumentam sobremaneira tal risco.O exerccio empresarial pura e simplesmente, figura indissocivel apromoo do empreendimento, todavia, no representa garantia de xito naempreitada. No plano real, possvel notar que diversos empresrios, no af defomentar suas atividades, por no deterem planejamento adequado a tal, nosuportam as intempries as quais so submetidos.

    Nessa esteira, faz-se imprescindvel o planejamento empresarial, bemcomo a blindagem patrimonial e estruturao societria, de modo a otimizar as

    receitas, protegendo os ativos e minimizando a carga tributria.Destarte, fcil notar que o aumento do grau de profissionalizao doempresariado tornou-se necessidade premente ao empreendedorismo.Entretanto, h de se ressaltar que tal diretriz deve-se pautar pela legalidade.

    No que tange ao planejamento, deve-se levar em considerao a diretivada boa-f objetiva, bem como as vicissitudes que dela decorrem, de modo a seevitar a sua realizao de forma abusiva ou ilcita.

    No mesmo sentido caminha a blindagem patrimonial, que pautada nas

    disposies legais, continuar proporcionando empresa/grupo empresarialbeneficirios de sua efetivao, o cumprimento da competente funo social.No trabalho em apreo no se quis promover condutas ilcitas com fulcro

    no abuso ou transgresso legal de modo a caracterizar fraudes a ordem emvigor. O que pleiteamos foi a tomada de medidas legais objetivando planejamentoempresarial e a conseguinte blindagem patrimonial.

    Tal faculdade caracteriza-se como direito subjetivo ao empresariadonacional, ao qual no imputado o dever de arcar com o modelo empresarial/

    tributrio mais arriscado e dispendioso.

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    REFERNCIAS

    BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa doBrasil. Palcio do planalto. Disponvel em:. Acesso em: 30 mar.2013.

    CARVALHOSA, Modesto. Comentrios lei de sociedade annima:Lei n.6.404, de 15 de dezembro de 1976, com as modificaes das Leis n.9.457, de 5 de maio de 1997, e n. 10.303, de 31 de outubro de 2001. SoPaulo: Saraiva, 2002.

    DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 22. ed. SoPaulo: Saraiva, 2005.

    GRECO, Marco Aurlio. Planejamento tributrio. 3. ed. So Paulo:Dialtica, 2011.

    MICHAELIS. Dicionrio online. UOL. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2013.

    Submetido em: 14/07/2013Aprovado em: 17/11/2014

    Como citar: LEMOS Jr, Eloy Pereira; SILVA, Raul Sebastio Vasconcelos.Reorganizao societria e blindagem patrimonial por meio deconstituio de holding.Scientia Iuris, Londrina, v.18, n.2, p.55-71, dez.2014.

    DOI:10.5433/2178-8189.2014v18n2p55.

    SCIENTIA IURIS Londrina v 18 n 2 p 55 71 dez 2014 | DOI: 10 5433/2178 8189 2014v18n2p55

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