relatório técnico final investigação cinética de modos...

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Relatório Técnico Final Investigação Cinética de Modos Geodésicos de Baixas Frequências em Plasmas Magnetizados Autor: Reneé Jordashe Franco Sgalla Orientador: Artour Grigorievich Elfimov Co-orientador: Ricardo Magnus Osório Galvão

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Relatório Técnico Final

Investigação Cinética de Modos Geodésicos de

Baixas Frequências em Plasmas Magnetizados

Autor: Reneé Jordashe Franco Sgalla

Orientador: Artour Grigorievich Elfimov

Co-orientador: Ricardo Magnus Osório Galvão

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Dedicatória

Dedico esta tese à minha querida esposa, Mila Silva Costa, que sempre me apoiou em minhas

atividades acadêmicas, à minha filha, Helena Costa Sgalla, a quem espero conseguir deixar uma

herança de conhecimentos para toda a vida e aos meus pais, Remo Sgalla e Maria Alice Franco

Sgalla, a quem devo todas as minhas conquistas pessoais e profissionais.

1

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Agradecimentos

A realização deste trabalho não foi fruto somente do meu esforço e da minha dedicação, mas

também da colaboração de pessoas e instituições às quais devo sinceros agradecimentos.

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científicio e Tecnológico (CNPq) pelo

apoio financeiro, por meio da bolsa “Doutorado Pleno (GD)”, que me foi concedido durante

o presente programa de doutoramento. O referido apoio me proporcionou, além de condições

financeiras essenciais, motivação suficiente para poder levar este trabalho adiante e, em conse-

quencia deste, os próximos que provavelmente se seguirão.

Em especial, a minha querida esposa, Mila Silva Costa, devo meu mais sincero reconheci-

mento pelo apoio emocional que, desde o final do meu mestrado, tem sido de inestimável ajuda

para seguir adiante em minha carreira acadêmica. Também reconheço a ajuda prestada por ela

quanto à revisão gramatical e estilística da escrita desta tese.

Agradeço também a minha filha, Helena Costa Sgalla, pela motivação para continuar adi-

ante, principalmente nos momentos mais difíceis, que não foram poucos.

I

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Sumário

Lista de Figuras V

Lista de Tabelas V

1 Introdução 1

1.1 Energia para futuras gerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 O confinamento do plasma no tokamak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.2.1 O princípio de confinamento magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

1.2.2 Degradação do confinamento em tokamaks . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.3 Motivação e resultados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1.4 Frequência dos modos acústicos geodésicos (GAMs) . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.5 Organização desta tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.5.1 Capítulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.5.2 Apêndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

2 Física de tokamaks 12

2.1 Comprimentos e tempos característicos do plasma . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.2 Campo magnético e equilíbrio no tokamak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

2.3 Difusão e transporte em tokamaks . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2.4 Movimento de partículas e velocidade do centro guia . . . . . . . . . . . . . . . . 20

2.5 Teoria cinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.5.1 Análise da equação de Boltzmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.5.2 A equação girocinética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

2.5.3 Equação cinética de deriva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.6 Teoria de fluidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

2.6.1 Teoria de dois fluidos e as equações de Braginskii . . . . . . . . . . . . . . 26

2.6.2 Teoria da magneto-hidrodinâmica (MHD) ideal . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.7 Aplicação de GAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

II

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3 Modelo de fluido para fluxos zonais e modos acústicos geodésicos 37

3.1 Modelo da magnetohidrodinâmica (MHD) ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.2 Equilíbrio com rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.2.1 Rotação toroidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

3.2.2 Rotação poloidal e toroidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

3.3 Sistema de equações perturbadas e relação de dispersão . . . . . . . . . . . . . . 46

3.4 Fluxos zonais (ZFs) e modos acústicos geodésicos (GAMs) . . . . . . . . . . . . . 47

3.5 Efeito de rotação nos GAMs e ZFs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

3.5.1 Efeito da rotação toroidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.5.2 Efeito da rotação poloidal e toroidal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

3.6 Discussão sobre o índice adiabático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

3.7 Modelo de dois fluidos com viscosidade paralela . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.7.1 Efeito de anisotropia de pressão nos GAMs . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

3.7.2 Efeitos diamagnéticos nos GAM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

3.8 Discussão sobre GAMs eletromagnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

3.9 Sumário e discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4 Investigação de modos acústicos geodésicos (GAMs) pelo modelo girocinético 66

4.1 Estudo de GAMs a partir do modelo girocinético . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.1.1 Limite de fluido com k‖vTi= 0 (q → ∞) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

4.1.2 Limite de fluido com k‖vTifinito (q ≫ 1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4.1.3 Dissipação de Landau em GAMs (ω > k‖vTi) . . . . . . . . . . . . . . . . 74

4.2 Discussão sobre aplicações do modelo girocinético na forma mais geral . . . . . . 76

4.3 Efeitos diamagnéticos e amortecimento de Landau em GAMs . . . . . . . . . . . 77

4.3.1 Soluções no limite de fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

4.3.2 Efeito cinético (amortecimento de Landau) . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4.4 Perfís radiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

4.5 Sumário e discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

5 Conclusões e direções futuras 85

5.1 Modelo de fluídos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

5.2 Modelo cinético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86

5.3 Propostas para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87

A Cálculo numérico de parâmetros e grandezas características do TCABR 89

A.1 Constantes da Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

A.2 Parâmetros do tokamak TCABR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

A.3 Grandezas características do tokamak TCABR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

III

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B Identidades e relações vetoriais 91

B.1 Identidades vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

B.2 Identidades e teoremas fundamentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

B.3 Identidades envolvendo o operador ∇ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92

B.4 Gradiente, Divergente, Rotacional e Laplaciano em coordenadas cilíndricas . . . . 92

B.5 Gradiente, Divergente e Rotacional em coordenadas quasi-toroidais . . . . . . . . 93

B.6 Derivativos de versores em coordenadas cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

B.7 Derivativos de versores em coordenadas quasi-toroidais . . . . . . . . . . . . . . . 93

C Obtenção das expressões analíticas referentes à análise de equilíbrio com ro-

tação 95

C.1 Relações envolvendo B e J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

C.2 Relações para V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

C.3 Cálculo de ∇ · q de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

D Derivação de fórmulas usadas no capítulo 3 101

D.1 Relações para B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101

D.2 Cálculo da divergência de π, v, J e q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

D.2.1 Relações para velocidades (v) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102

D.2.2 Relações para a densidade de corrente (j) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

D.3 Equação de evolução de π‖ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

D.4 Aproximação para tokamaks de superfícies magnéticas concentricas . . . . . . . . 105

D.4.1 Campo magnético de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

D.4.2 Campo magnético perturbado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

D.4.3 Velocidade e densidade de corrente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

E Solução iterativa das equações perturbadas da MHD ideal 107

E.1 Equações iniciais e solução de equilíbrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107

E.2 Cálculo de F‖, R e P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

E.2.1 Termos de convecção e derivadas angulares . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

E.2.2 Cálculo de F‖ e Fθ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

E.2.3 Cálculo de R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

E.2.4 Cálculo de ∇ · q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

E.2.5 Cálculo de P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

E.3 Solução sem rotação (primeira iteração) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

E.4 Solução com rotação toroidal (segunda iteração) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111

E.5 Rotação poloidal e toroidal (terceira iteração) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112

E.6 Relação de dispersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

IV

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F Cálculo de integrais da função distribuição 117

F.1 Relações envolvendo a distribuição maxwelliana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

F.2 Cálculo das integrais na aproximação de fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118

F.3 Função dispersão de plasma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119

F.4 Cálculo das integrais com efeitos cinéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

F.5 Obtenção do limite de fluido a partir das integrais com efeitos cinéticos . . . . . . 123

G Participação em eventos científicos 124

G.1 Cursos internacionais: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

G.2 Produção bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

G.3 Conferências e encontros científicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

Referências Bibliográficas 132

V

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Lista de Figuras

1.1 Esquema de obtenção de energia por meio de fusão termonuclear controlada em

um futuro reator a fusão baseado no tokamak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.2 Esquema de um tokamak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3.1 Gráfico do perfil radial da velocidade de rotação poloidal e toroidal como função

da posição radial no TCABR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

3.2 Dinâmica de modos acústicos geodésicos (GAMs) em tokamaks. . . . . . . . . . . 51

3.3 Singularidades do denomindador de D(P) para MP ≥ 0 . . . . . . . . . . . . . . . 54

VI

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Lista de Tabelas

3.1 Frequências normalizadas em diferentes regimes de equilíbrio com rotação toroidal 55

4.1 Frequências típicas normalizadas (por vTi/R0) relacionadas a efeitos geodésicos,

acústicos de íons e diamagnéticos.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80

A.1 Parâmetros do TCABR no Instituto de Física da Universidade de São Paulo

(IFUSP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

A.2 Frequências e parâmetros característicos para o tokamak TCABR . . . . . . . . . 90

VII

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Resumo

Esta é uma versão praticamente competa da tese de doutorado cujo térmio depende apenas

das revisões finais que se seguirão após o términio do capítulo 4, 5 e do resumo. Estimamos

o prazo máximo de duas semanas para a realização destas atividades e o prazo mínimo de

aproximadamente 5 dias.

Nesta tese, depois da introdução, na qual mostramos a motivação para este trabalho, apre-

sentamos de forma geral a física de tokamaks e dos modelos de fluido e girocinético, os quais

constituem a base para os capítulos 3 e 4, onde estes modelos são aplicados. Com o uso destes

modelos, invesgigamos modos de baixas frequências e, em especial, modos acústicos geodésicos

(GAMs), na presença de rotação de equilíbrio poloidal e toroidal e de efeitos diamagnéticos

provenientes dos gradientes de densidade e temperatura do plasma. Estes tópicos possuem um

profundo impacto no controle de transporte turbulento em tokamaks, o qual degrada o confina-

mento e, consequentemente, limita as possibilidades de obtenção de energia por meio de fusão

termonuclear controlada.

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Capítulo 1

Introdução

Nesta introdução, inicialmente, discutimos aspectos sobre a questão da produção de energia

para o consumo humano e, ainda neste contexto, apresentamos a proposta da fusão termonuclear

controlada como meio alternativo para superar a maioria dos problemas da área de energia. O

princípio de confinamento do plasma no tokamak e alguns dos principais desafios da física de

tokamaks são elucidados em seguida.

Na terceira seção, na qual as principais referências relacionadas ao tema desta tese foram

inseridas, apresentamos a motivação para este trabalho, que tem como principal objetivo inves-

tigar modos acústicos geodésicos (GAM1). Finalmente, a forma como esta tese está organizada,

os assuntos de que trata cada capítulo e o conteúdo dos apêndices são apresentados de forma

resumida na última seção.

1.1 Energia para futuras gerações

Há algumas décadas atrás, quando o aquecimento global não era considerado um problema

em potencial e, além disso, as reservas naturais de petróleo e carvão eram consideradas garantia

de energia suficiente por um longo período, métodos alternativos de produção de energia, tais

como energia solar, eólica, geotérmica, etc... não tinham tanta força para prevalecer na prática.

Atualmente, entretanto, a ameaça de possíveis mudanças negativas no planeta, provocadas

principalmente pelo aquecimento global, tem sido considerada uma preocupação para cientistas

e ambientalistas no mundo inteiro. Ademais, sinais de escassez de recursos naturais e o aumento

do consumo de energia, principalmente devido ao desenvolvimento tecnológico e ao aumento da

população mundial, mostram-se cada vez mais evidentes, de forma que a busca por formas

alternativas de produzir energia com um mínimo de impacto ambiental vem ganhando força em

diversos países, inclusive na mídia.

Contudo, é possível, considerando algumas estimativas, que as atuais formas de energia

1Geodesic Acoustic Modes

1

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limpa e renováveis não possam suprir a demanda causada pelo aumento do consumo de energia

que certamente ocorrerá nas próximas décadas. Por esta razão torna-se imprescindível o desen-

volvimento de novos mecanismos de produção de energia e, em particular, da energia por meio

de fusão termonuclear controlada, que é uma solução em potencial para o problema. Isto se

deve ao fato de que, além de não haver impacto ambiental e, a longo prazo, o custo de obtenção

dos combustíveis a serem utilizados na reação de fusão se tornar baixo, a grande quantidade de

energia que poderá ser produzida e a facilidade de instalação são vantagens decisivas. Quanto às

questões sobre a produção de resíduos radioativos e ao risco de acidentes nucleares, considerados

de suma relevância quando se trata de reatores a fissão nuclear, o tempo de armazenamento

destes resíduos para que não causem danos ao meio ambiente é bem menor no caso da fusão e,

além disso, o impacto de um improvável acidente não se estenderia a proporções maiores do que

o local de instalação do reator, ao contrário do que ocorreu no passado com reatores a fissão.

Com base nestes argumentos, acredita-se que a energia a fusão é a solução mais eficaz no que

se refere à produção de grande quantidade de energia de forma sustentável com um mínimo

de impacto ambiental. Entretanto há muitos desafios tanto na física como na engenharia não

superados ainda que impedem a obtenção de energia por meio de fusão. Com o objetivo de

superar estes desafios, pesquisas em diversos dispositivos de confinamento de plasma vêm sendo

realizadas ao longo do tempo e, atualmente, acredita-se que o tokamak2, inventado por [1], é

o dispositivo mais propenso a ser utilizado na primeira usina de energia a fusão. Tokamaks

localizados em diversas partes do planetas [2] vêm sendo construídos ao longo de décadas, após

a segunda guerra mundial, com a finalidade de promover a pesquisa em física de plasmas com

o objetivo de superar os desafios que impedem a obtenção de energia por meio de fusão.

O processo para obtenção de energia elétrica por meio fusão nuclear, ilustrado na figura 1.1,

consiste em produzir e confinar um plasma constituído por deutério (D) e Trítio (T), isótopos

do hidrogênio, mantendo-o a determinados valores de temperatura e de densidade, mas ainda

assim, de maneira estável, de forma que possa ocorrer com frequência a seguinte reação:

D + T → 4He (3.5 MeV) + n(14.1 MeV). (1.1)

Em uma fase inicial do desenvolvimento de reatores a fusão, por ser uma das reações nu-

cleares mais simples de se realizar, a reação expressa em (1.1) seria utilizada ao invés de outras

mais efetivas. A razão da maior facilidade desta reação reside no valor mínimo da temperatura

para vencer a barreira coulombiana e, por esta razão, uma vez que a elevação da temperatura no

plasma implica em maior dificuldade para estabilizá-lo, o uso da reação entre deutério e trítio é

justificada no início da nova era da tecnologia de fusão.

Nêutrons energéticos provenientes do plasma, ao atingirem a camada de Lítio (Li), que

reveste as paredes internas do tokamak, transfeririam sua energia, na forma de calor, a uma

2O nome tokamak é proveniente de “toroidalnaya kamera magnitnaya katushka”, que em russo significaCâmera toroidal envolvida por bobinas magnéticas.

2

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tubulação de água corrente com a produção de vapor a alta pressão como consequência deste

processo. Este vapor seria então utilizado para acionar um gerador de eletricidade que, por sua

vez, abasteceria a rede elétrica das cidades. A função da camada de Li no tokamak, disposta

em uma manta, é fornecer átomos de trítio ao plasma, de acordo com a reação:

6Li + n → 4He + T + 5 MeV. (1.2)

De maneira global, neste processo de várias etapas de transformação de energia, o resultado

líquido seria transformar a energia nuclear contida nos átomos de deutério e de trítio em energia

elétrica e, liberando como resíduo desta transformação gás Hélio, que poderia ser liberado ao

meio ambiente sem o prejuízo de nenhum impacto ambiental, uma vez que este gás é inerte

e estável. Apesar da enorme quantidade de energia que poderia ser conseguida com baixas

quantidades de Deutério e de Lítio, abundantes na natureza, o risco de acidentes nucleares é

baixo e o impacto ambiental praticamente inexiste.

O maior desafio, no entanto, consiste em conseguir manter o plasma confinado nas condições

necessárias para que reações de fusão possam ocorrer. Diversas instabilidades e processos de

dissipação, que ocorrem durante o processo de confinamento do plasma, impedem que este confi-

namento dure tempo suficiente para que o tokamak possa ser usado como um reator nuclear. Em

particular, há o mecanismo de transporte, no qual partículas e energia do plasma são perdidas

rapidamente, degradando, assim, o confinamento. A dificuldade de manter o plasma confinado

por longos períodos, entre outros aspectos, é a principal razão que impede o prosseguimento do

programa de energia à fusão e, por esta razão, uma intensa atividade de pesquisa vem sendo

desenvolvida com o intuito de superar estas dificuldades.

1.2 O confinamento do plasma no tokamak

1.2.1 O princípio de confinamento magnético

O plasma permanece confinado no tokamak quando ocorre o equilíbrio entre a força devida

ao gradiente de pressão cinética e a força magnética3, de acordo com a equação

∇p = J × B, (1.3)

onde p é a pressão cinética do plasma e J = µ−10 ∇ × B é a corrente produzida pelo campo

magnético (B) e pelo gradiente de pressão. A primeira força, devida a pressão do plasma, é

uma consequência natural do comportamento de gás apresentado pelo plasma e ocorre devido

às frequentes colisões a que estão sujeitas as partículas que compõem o plasma. Em oposição

a esta, a força magnética, que age no sentido de confinar o plasma, é produzida pela interação

3É comum também utilizar a formulação em termos da pressão magnética (B2/2µ0)

3

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T

n

Fusao

Energia

He

Tokamak

Plasma

Rede eletrica

Gerador

Transformador Vapor de agua

Agualıquida

Figura 1.1: Esquema de obtenção de energia por meio de fusão termonuclear controladaem um futuro reator a fusão baseado no tokamak.Obs: Adaptação a partir das figuras originais provenientes das seguintes fontes:http://iter.rma.ac.be/en/sustain/FusionPlant/index.php (Acessado em 14/05/2014)http://www.infoescola.com/quimica/quimica-nuclear/(Acessado em 14/05/2014)

entre o campo magnético e a corrente que percorre o plasma.

No parágrafo que se segue, o mecanismo de confinamento do plasma, a partir da criação

deste, bem como os principais campos magnéticos, correntes e dispositivos mais importantes,

os quais também são mostrados na figura 1.2.1, são descritos.

Em um primeiro momento, o plasma é produzido a partir da ionização do gás neutro (nor-

malmente hidrogênio ou deutério) contido na câmera de vácuo, que ocorre devido à alta tensão

induzida pela transferência da energia contida em um conjunto de capacitores de alta potência

para o enrolamento central. Note que o tokamak age como um transformador, onde a coluna

de plasma, em forma de anel, atua como enrolamento secundário. Após a ionização do gás,

4

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Campo magnéticopoloidal (BP )

Bobinatoroidal

Bobinavertical

Campo magnéticotoroidal (BT )

Corrente deplasma (Ip)

aθR0

Colunade

plasma

Figura 1.2: Esquema de um tokamak

ocorre então uma queda brusca na resistividade deste, momento em que o plasma é produzido,

passando a circular, então, uma intensa corrente no plasma, a corrente de plasma (Ip). De-

vido ao efeito Joule o plasma é aquecido a temperaturas estrelares, condição indispensável para

que reações de fusão nuclear, como a mostrada na eq. (1.1), possam ocorrer com frequência.

Nesta etapa do processo, para conter o efeito da forte pressão cinética, que aumenta com a

temperatura, forçando o plasma a se expandir e dificultando, portanto, o confinamento, a força

magnética desempenha um papel essencial. Esta força surge em decorrência da interação entre

as correntes que circulam no plasma e o campo magnético nele presente. Para que haja confi-

namento é necessário que este campo magnético apresente duas componentes: uma na direção

toroidal, BT , produzida externamente pelo enrolamento toroidal, e a outra na direção poloidal,

BP , criada pela própria corrente de plasma. Além da corrente de plasma, na direção toroidal,

o comportamento coletivo do plasma permite o surgimento de uma outra corrente neste, po-

rém, na direção poloidal. Esta corrente surge em consequência da deriva diamagnética devido à

existência de um gradiente (radial) de densidade. Por fim, há ainda um outro efeito indesejável

ao confinamento, o qual justifica a utilidade das bobinas verticais. A coluna de plasma tende

a aumentar seu raio maior em direção à câmera de vácuo, similar ao que ocorre em um anel

de corrente imerso em um campo magnético [3]. Este problema, porém, pode ser facilmente

corrigido por meio de uma corrente controlável que atravessa as bobinas verticais, as quais fo-

5

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ram implementadas com o objetivo de criar um campo magnético vertical capaz de controlar a

posição do plasma.

Na literatura há inúmeras referências a respeito da teoria de tokamaks, nas quais detalhes

importantes, do ponto de vista físico, sobre o processo pelo qual o plasma é confinamento

em tokamaks são apresentados. Uma exposição didática, simples e qualitativa, que trata não

somente da física de tokamaks mas também de muitas questões relacionadas à área de energia,

pode ser encontrada em [4]. Para um estudo mais aprofundado, que envolve detalhes algébricos,

algumas das referências mais tradicionais, [2, 3, 5], são recomendadas.

1.2.2 Degradação do confinamento em tokamaks

Após o confinamento do plasma em um primeiro momento, há ainda outros obstáculos, dos

quais mencionamos apenas dois, a serem vencidos para que se possa tornar uma realidade e,

portanto, proporcionar um enorme avanço científico à possibilidade de obtenção de energia por

meio de fusão nuclear.

Primeiramente, há de se considerar a impossibilidade de o tokamak agir como transformador

por muito tempo, o que manteria a corrente de plasma (essencial para o confinamento), pois,

para isso, o valor da tensão aplicada ao enrolamento central teria que crescer constantemente

por um longo período, o que é impossível do ponto de vista prático. Entretanto é essencial a

presença da corrente de plasma para o confinamento, o que requer uma solução alternativa para

o problema. Constitui uma das linhas de pesquisa em plasmas de tokamaks o desenvolvimento

de mecanismos capazes de manter a corrente de plasma e aquecer o plasma. Tais mecanismos

se baseiam na excitação de ondas no plasma e na transferência de partículas neutras a este

por meio de dispositivos auxiliares. Em particular, com a descoberta de ondas de Alfvén [6], a

geração de corrente e o aquecimento do plasma têm sido uma área de pesquisa ativa em muitos

tokamaks e, especialmente, faz parte dos projetos do TCABR4 [7].

Um outro grande obstáculo para a área de plasmas de fusão é o transporte de partículas,

energia e calor que ocorre no plasma, degradando rapidamente o confinamento. Especial ênfase

deve ser dada ao transporte anômalo (ou turbulento), o qual é muito maior do que o transporte

clássico que ocorre em gases neutros. Entretanto, com a descoberta de um novo regime de

confinamento, também conhecido como modo H5 [8], houve uma significativa contribuição para

o desenvolvimento de tokamaks, em especial o ITER6 [9]. No modo H, forma-se um forte

gradiente de pressão em certa região do plasma, também conhecido como barreira de transporte

4O Tokamak Chauffage Alfvén Brasilien (TCABR) fica localizado no Instituto de Física (IF) daUniversidade de São Paulo (USP), no Brasil.

5High (confinement)6O International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER) é o primeiro reator a fusão (em cons-

trução ainda) baseado na tecnologia de tokamaks. Localizado em Cadarashe, na França, ele esta sendoprojetado para produzir 500 MW de potência.

6

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(TB7), pois o transporte turbulento é significativamente reduzido nesta região. Com relação ao

processo de turbulência no plasma, que contribui significativamente para o transporte anômalo,

descobriu-se a ocorrência de determinados modos no plasma, os modos acústicos geodésicos

(GAM), também conhecidos por fluxos zonais (ZF) de alta frequência, que são capazes de

suprimir um tipo especial de turbulência: turbulência de ondas de deriva (DWT8). A excitação

e identificação experimental de GAM em tokamaks, bem como a compreensão do processo de

auto-organização responsável pela supressão de turbulência, tem sido alvo de intensa pesquisa

teórica e experimental [10, 11].

1.3 Motivação e resultados obtidos

Modos geodésicos de baixas frequências, em especial GAM, têm sido alvo de intensa inves-

tigação, teórica e experimental, não somente devido ao seu papel na supressão de transporte

turbulento em tokamaks [10, 12], mas também devido a sua relação com auto-modos de Alf-

vén induzidos pela pressão (BAE9) [13–17]. A observação da atividade magneto-hidrodinâmica

(MHD10) devido a modos geodésicos pode ter também aplicações diagnósticas, especialmente

no que se refere à espectroscopia em MHD [18]. O estudo de BAE é de fundamental importância

na investigação da turbulência de fundo, na geração de turbulência e, em espectroscopia MHD,

para diagnosticar o fator de segurança, q, [19, 20]. No que se refere à verificação experimental

dos GAM, importantes experimentos em diferentes tokamaks [21–24] não só confirmaram a sua

existência mas também revelaram aspectos crucias com relação a sua localização e intensidade.

A principal motivação desta tese reside no objetivo de contribuir, ainda que indiretamente,

com resultados teóricos, qualitativos e quantitativos, que ajudem a compreender melhor o com-

portamento de GAMs e o mecanismo de supressão de turbulência em tokamaks. A compreensão

deste mecanismo, bem como o estudo de transporte anômalo pertencem a um conjunto de desa-

fios científicos a serem superados para o desenvolvimento do primeiro reator a fusão nuclear e,

por isso, podem desempenhar um papel de importância econômica, social e ecológica em escala

global no futuro.

Neste sentido, por considerarmos um tema muito importante, investigamos diversos efeitos

nos GAM [25], os quais, pelo fato de estarem diretamente ligados à DWT, têm sido alvo de

intensa pesquisa teórica e experimental em tokamaks. Segue abaixo uma breve discussão sobre

estes efeitos e os principais resultados decorrentes que obtivemos:

• Rotação de equilíbrio: Causada pela presença de um campo elétrico radial de equilí-

brio e gradientes de temperatura e densidade, tem sido investigada principalmente devido

7Transport Barrier8Drift wave turbulence9Beta induced Alfvén Eigen-modes

10Magnetohydrodynamics

7

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a sua ocorrência durante a formação da barreira de transporte (TB) no regime de confina-

mento melhorado (ou modo H) [8]. Investigamos a influência de rotação poloidal e toroidal

na frequência dos modos GAM (capítulo 3) a partir do modelo da MHD ideal (resisti-

vidade nula) para um fluido. Foram considerados três tipos de equilíbrio: adiabático,

isotérmico e isométrico (ou isocórico), os quais são descritos abaixo:

– Equilíbrio adiabático: Por estar no regime característico da propagação de ondas

de som, não somente em plasma mas também em fluidos neutros, assim como espe-

rado, influencia diretamente a frequência dos GAM, no sentido de aumentar esta,

conforme a eq. (3.121)), não importando o sentido da rotação. Apenas para o caso

específico em que há rotação poloidal – é importante mencionar a inexistência de

equilíbrios com rotação puramente poloidal – há uma segunda solução, mostrada na

eq. (??), que corresponde ao ramo sonoro de íons, e cuja frequência normalizada, da

ordem do inverso do fator de segurança (q−1) em relação à frequência dos GAM, se

encontra no valor intermediário entre o ramo dos GAM e dos ZF. Este último ramo,

de frequência nula normalmente, não tem sua frequência alterada exclusivamente

para este equilíbrio, o que indica que o fluxo de calor (q) desempenha um papel

importante no mecanismo de formação dos ZF.

– Equilíbrio isotérmico: É o mais coerente com a realidade de plasmas em toka-

maks, pois, devido à pequena massa dos elétrons, qualquer variação de temperatura

em superfície magnética é rapidamente anulada por eles. O aparecimento de ZF

estáveis, porém de frequência finita, quando há rotação poloidal, é a principal con-

sequência deste tipo de equilíbrio, no qual fluxo de calor perpendicular, devido ao

gradiente radial de temperatura, deve ser considerado.

– Equilíbrio isométrico (ou isocórico): Permite a presença de fluxos zonais (ZF)

instáveis, mesmo para o caso de rotação exclusivamente toroidal [26], o que, de

certa forma, confirma a relação destes com fluxos imcompressíveis no plasma. Uma

das inovações desta tese foi investigar o efeito do equilíbrio isométrico com rotação

poloidal nos ZF.

Em resumo, ao considerarmos diferentes equilíbrios com rotação encontramos três solu-

ções, com valores de frequências distintos e característicos de fenômenos físicos diferentes

que ocorrem no plasma. Tais fenômenos decorrem de características peculiares do plasma

e do tokamak, as quais estão relacionadas à curvatura geodésica do campo magnético no

tokamak, à propagação de ondas típica de fluidos, ao importante parâmetro do tokamak

conhecido como fator de segurança e à condição de compressibilidade ou incompressibili-

dade que o plasma assume.

8

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• Efeitos diamagnético (ou efeitos de derivas11): Efeitos causados por gradientes

de densidade e temperatura de equilíbrio em modos geodésicos de baixas frequências,

foram investigados nesta parte (capítulos 3 e 4). Nossos objetivos são apresentar os

mecanismos físicos envolvidos nas oscilações dos GAM, expor o conteúdo da forma mais

simples e compreensível possível e incluir efeitos cinéticos. Para atingir tais objetivos

utilizados dois modelos, o modelo de fluidos e o modelo giro-cinético, de forma que a

consistência física proporcionada pelo modelo de fluido e a maior generalidade do modelo

cinético contribuam para nossa meta. Ao considerar o efeito da deriva diamagnética

e o efeito de rotação de equilíbrio nos GAM, pudemos observar que estes efeitos estão

relacionados. Aspectos relativos a esses dois modelos e os resultados decorrentes de seu

uso são mostrados a seguir:

– Modelo de dois fluidos: Este modelo é diferente do modelo da MHD ideal, con-

siderado anteriormente, por duas razões: primeiro, os dois fluidos característicos,

de íons e de elétrons, são considerados em regimes distintos e, segundo, devido à

interação entre as partículas do plasma e o campo magnético macroscópico pre-

sente neste, a diferença entre a pressão paralela e a perpendicular (relativamente ao

campo magnético de equilíbrio), deve ser considerada, com a inclusão do tensor de

viscosidade paralela [27], por exemplo, para a obtenção de resultados condizentes

com a teoria cinética. Em favor da simplicidade e do didatismo, na exposição do

capítulo 3 consideramos o limite q → ∞, enfatizando, assim, apenas duas questões:

o efeito dos gradientes de densidade e de temperatura nos modos correspondentes

ao ramo geodésico (GAM) e ao ramo de mais baixa frequência (ZF) e, devido à

anisotropia da pressão perturbada, a correção do coeficiente adiabático efetivo do

fluido de íons(γ(ef)i = 5/3 → 7/4).

– Modelo giro-cinético: Tem como metodologia, assim como qualquer modelo ci-

nético, obter a função distribuição das partículas que compõem o plasma a partir

da resolução da equação de Vlasov (sem o termo de colisões) [28]. Porém, especi-

ficamente para este modelo, a presente equação é desenvolvida previamente a sua

resolução a partir da teoria giro-cinética [29], que é apresentada no capítulo 2 e

aplicada, na forma deste modelo, no capítulo 4. Com a utilização desse modelo

para incluir efeitos diamagnéticos em modos de baixas frequências, obtivemos três

soluções similares às obtidas pela incorporação de rotação de equilíbrio no modelo

da MHD ideal (capítulo 3), de forma que propomos, nesta tese, uma alternativa,

em princípio, para o estudo de efeitos da rotação de equilíbrio em modos de bai-

xas frequências, quando este estudo for complexo em modelos cinéticos. A solução

no ramo sonoro, obtida quando se considera q finito, assim como o amortecimento

11Drift effects

9

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de Landau dos modos pertencentes aos três ramos foram obtidos no capítulo 4.

Entre as principais consequências causadas pelo amortecimento de Landau, está a

deformação da função distribuição de íons e a diminuição do potencial eletrostático

perturbado com o tempo, impactando negativamente no confinamento com a extin-

ção dos GAM. Descoberto por L. D. Landau [30], o mecanismo de amortecimento

ou crescimento exponencial de uma onda eletromagnética, mesmo em plasmas não

colisionais, também conhecido como amortecimento de Landau, é uma consequência

da interação onda-partícula que ocorre no plasma devido à presença de partículas

com velocidades próximas às da velocidade de fase da onda.

1.4 Frequência dos modos acústicos geodésicos (GAMs)

A primeira expressão analítica para a frequência dos GAM [25], a qual foi obtida a partir do

modelo da MHD ideal, no qual se considera o plasma como um fluido único de índice adiabático

γ = 5/3, pode ser escrita como:

ω2gam(MHD) =

(

2 +1

q2

)

γT

mi, (1.4)

onde T = Ti + Te é a temperatura do plasma, Ti e Te são, respectivamente, a temperatura de

íons e de elétrons e mi é a massa dos íons (no caso de plasma de hidrogênio).

Posteriormente, em estudos hidrodinâmicos [31], estes modos também foram encontrados

e, após algumas décadas, a partir da teoria cinética [17, 32, 33], considerando efeitos adicionais

(explicado ao longo desta tese), a expressão cinética obtida para a frequência dos GAM foi:

ω2gam(K) = 2

(

γ(ef)i + γe

Te

Ti+O(q−2)

)

Ti

mi, (1.5)

onde γ(ef)i = 7/4 é o índice adiabático efetivo para íons e γe = 1 é o índice adiabático para

elétrons. Uma derivação alternativa, [34], a partir da teoria de dois fluidos, considerando íons

no regime de fluido (γi = 5/3) e elétrons no regime adiabático e isotérmico, com γe = 1,

mostrou ser possível recobrar o resultado cinético (eq. (1.5)) a partir da teoria de dois fluidos.

Em tal resultado a diferença entre os coeficientes adiabáticos efetivos de íons e de elétrons se

deve à enorme diferença entre as massas destas duas espécies, a qual faz com que a resposta

dos elétrons às perturbações seja imediata enquanto os íons, por responderem mais lentamente,

ficam sujeitos ao efeito da inomogeneidade da pressão devido a presença do campo magnético. O

efeito da anisotropia de pressão em questão pode ser descrito por meio do tensor de viscosidade

paralela (π‖) nas equações de fluido [27,34,35], conforme explicado nos capítulos 2 e 3.

10

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1.5 Organização desta tese

1.5.1 Capítulos

Esta tese é composta por 5 capítulos e 8 apêndices cujos assuntos são sucintamente descrito

a seguir. No capítulo 2 os principais modelos físicos, provenientes da teoria de fluidos e teoria

cinética aplicadas a plasmas magnetizados, são revisados, frequências e comprimentos caracte-

rísticos fundamentais e parâmetros de plasmas em tokamaks são definidos e, por fim, um breve

resumo sobre a teoria de transporte em tokamaks é apresentado. A generalidade do conteúdo,

que precede a especificidade dos próximos capítulos, é uma característica deste capítulo que tem

por objetivo a revisão de conceitos fundamentais importantes. Em seguida, a partir do modelo

da MHD ideal e do modelo de dois fluidos, no capítulo 3, apresentamos o estudo de modos

acústicos geodésicos (GAM) e fluxos zonais (ZF). Rotação de equilíbrio e efeitos diamagnéticos

são considerados neste capítulo. Já a investigação cinética, principal tema desta tese, de efeitos

diamagnéticos e a influência do amortecimento de Landau nos GAM são o conteúdo do capítulo

4. Por fim, no (último) capítulo 5 apresentamos as conclusões científicas desta tese, propostas

para continuação da presente linha de pesquisa e breves projetos para trabalhos futuros.

1.5.2 Apêndices

Os apêndices A e A.2, destinados à consulta, contêm, respectivamente, algumas constantes

fundamentais da física e medidas das principais grandezas de tokamaks de nosso interesse:

TCABR, JET12 e ITER. Identidades importantes, deduções de expressões úteis e longos cálculos

algébricos, utilizados principalmente no capítulo 3, são apresentados nos apêndices B, D e D.4,

respectivamente. Referentes ao capítulo 4, seguem os apêndices ?? e F, que compreendem a

dedução de longas expressões e o cálculo de integrais relacionadas à função Maxwelliana e à

função dispersão de plasma. Com o intuito de facilitar a leitura, mostramos no apêndice ??

as siglas utilizadas ao longo desta tese, bem como seus significados originais em inglês e a

respectiva tradução para o português. Estas siglas são frequentemente utilizadas na literatura

científica da área e, por esta razão e para encurtar o texto, primamos pelo seu uso. Finalmente,

no apêndice G, eventos (conferências, encontros, escolas, etc...), colaborações e publicações

realizados durante o período de pós-graduação (Mestrado e Doutorado), na área de física de

plasmas, são resumidamente descritos.

12Joint European Torus (JET) é o maior tokamak em operação. Localiza-se em Oxfordshire, no ReinoUnido.

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Capítulo 2

Física de tokamaks

Este capítulo destina-se a discussão de alguns dos tópicos da física de tokamaks, cujo con-

teúdo será aplicado aos modos específicos de que tratamos nos próximos capítulos. Apresenta-

mos um texto de referência, de caráter mais geral, no sentido em que as teorias aqui tratadas,

já bem estabelecidas na área de física de plasmas, são capazes de descrever inúmeros processos

e mecanismos físicos que ocorrem em plasmas. Uma descrição e as definições de grandezas fun-

damentais do plasma, tais como comprimentos e tempos característicos, como ponto de partida

para este capítulo, antecedem temas de fundamental importância para a compreensão desta

tese, os quais se referem a estrutura do campo magnético e ao mecanismo de transporte de

partículas e de energia em tokamaks. A teoria cinética de partículas carregadas e a formula-

ção macroscópica de fluidos, descrita em termos de modelos utilizados posteriormente a este

capítulo, são apresentados em seguida.

Por questões de simplicidade, consideramos apenas plasmas de hidrogênio, não levando em

conta reações de fusão, de forma que Z = 1 é adotado ao longo de toda a tese. O plasma é

composto por apenas dois (duas) fluidos (espécies de partículas), indexados(as) por α = i, e

(íons, elétrons). Também, como é comum em grande parte da literatura em física de plasmas,

adotamos a prática de suprimir a constante de Boltzmann (k), cujo valor é mostrado no apêndice

A, de forma que a substituição: kT → T foi utilizada ao longo desta tese.

2.1 Comprimentos e tempos característicos do plasma

A seguir, discutimos e definimos alguns dos comprimentos e tempos característicos (ou seus

inversos, as frequências características) presentes em plasmas de tokamak. Uma discussão mais

detalhada dos assuntos tratados aqui é apresentada por F. F. Chen [36].

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Iniciamos nossa discussão pela frequência ciclotrônica , a qual pode ser definida1 como

ωcα =eB

mα, (2.1)

onde e é a carga elementar, mα é a massa da partícula do tipo α e B é o campo magnético. A

frequência ciclotrônica é uma medida média da rapidez do movimento das partículas em torno

das linhas de força. É importante notar que, como me ≪ mi, ωce = (mi/me)ωci ≫ ωci .

Adotando a concepção de fluidos de íons e de elétrons, caracterizados por temperaturas

próprias, Ti e Te, é conveniente definir a velocidade térmica2:

v2Tα=

2Tα

ms, (2.2)

onde vTe≫ vTi

, pois normalmente Ti ∼ Te e vTe= (Te/Ti)(mi/me)vTi

.

A velocidade térmica e a frequência ciclotrônica se relacionam por meio de uma grandeza

conhecida como raio de giração ou raio de Larmor , que representa o comprimento ca-

racterístico dos raios das orbitas de partículas em torno das linhas de força, o qual é definido

como:

ρα =vTα

ωcα

. (2.3)

Como ρe ∼√

me/miρi ≪ ρi, o efeito de raio de Larmor finito (FLR3) para elétrons não de-

sempenha um papel importante em modos de baixas frequências e, por esta razão, consideramos

ρe ∼ 0 nos capítulos 3 e 4.

Além da velocidade térmica, há duas outras velocidades de particular interesse para o estudo

de modos de baixas frequências em plasmas magnetizados. A primeira delas é a velocidade de

Alfvén ,

cA ŠBõ0nimi

, (2.4)

presente no estudo de ondas de Alfvén (AW4) [6], que possui importantes aplicações em plasmas,

entre elas a determinação da geometria do campo magnético [37]. Estes tipos de onda, que

possuem uma ampla gama de classificação, surgem devido a perturbações do campo magnético,

que também são referidas e classificadas na literatura como tensão (compressão ou torção das

1Alguns autores adotam a definição alternativa: ωcα = eαB/mα, de forma que, para elétrons, ee =−e, a frequência ciclotrônica torna-se negativa. Ao optarmos pela convenção de frequências semprepositivas, ressaltamos, entretanto, a necessidade de maior atenção nos cálculos algébricos.

2Definimos a temperatura em termos da energia cinética média, Kα = mαv2

/2 = Tα, porém adefinição v2Tα

= Tα/mα também é bastante empregada na literatura.3Finite Larmor Radius4Alfvén Waves

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linhas de força). A segunda velocidade de interesse, que é bastante utilizada ao longo desta tese,

é a velocidade de som no plasma, que se relaciona à temperatura, densidade (ρ) e pressão (p)

por:

cs ≈√

γiTi + γeTe

mi=

γp

ρ∼ vTi

, (2.5)

onde γi e γe são os coeficientes adiabáticos de íons e de elétrons. Devido a naturesa da massa

destas partículas, a atribuição de valor mais razoável para estes coeficientes é γi = 5/3 e γe = 1,

entretantanto valores diferentes destes também podem ser considerados. O uso de γ, o índice

adiabático total, é feito dentro do contexto da teoria de um fluído, a qual é discutida mais

adiante em 2.6.2.

A razão quadrática entre as velocidades de som e de Alfvén possui a mesma ordem de

grandeza de um importante parâmetro para o confinamento de plasmas em tokamaks, o fator

beta , que é definido como a razão entre as pressões cinética (p) e magnética(B2/2µ0), ou seja,

c2sc2A

∼ β

2γ, β =

2µ0p

B2. (2.6)

Em muitos modelos, como os que apresentamos nesta tese, considera-se regimes de baixa

pressão, caracterizado por β = O(ε2), onde ε = r/R0 é a razão entre a posição radial e o raio

maior do tokamak. Em tais regimes, no modelo MHD ideal é justificável desprezar perturba-

ções magnéticas no estudo de modos de baixas frequências [25, 38, 39]. Também é pertinente

considerar, neste tipo de estudo, a condição de quasi-neutralidade, a qual se aplica a fenômenos

de comprimentos característicos muito maiores do que o comprimento de Debye , que pode

ser definido como:

λ2Dα

=ε0Tα

nαe2. (2.7)

Em comprimentos menores do que λDαocorrem oscilações de elétrons/íons em resposta à

presença de campo elétrico e o plasma deixa de ser neutro localmente. A frequência destas

oscilações é conhecida como frequência de plasma e, neste contexto, é definida como:

ω2pα =

nαe2

ε0ms. (2.8)

Note que λDαωpα ∼ vTα

, de forma que para frequências ω ∼ vTi/R0, como R0 ≪ λDα

, ω ≪ ωpα

e, neste caso, aplica-se a condição de quasi-neutralidade.

A seguir, uma breve discussão sobre os principais tempos (frequências) característicos(as)

referentes a processos de colisões é apresentada. Em colisões Coulombianas, conforme os modelos

utilizados em [40–43], provenientes da teoria cinética de gases, espera-se que a frequência de

colisões elétron-íon seja νei ∼ niσvTe, onde σ = πb2, é a seção de choque transversal e b é o

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parâmetro de impacto. A maior dificuldade na determinação desta frequência reside no cálculo

de b. Como referência, adotamos, para o tempo caracteristico de colisão íon-íon e elétron-

íon, os valores mostrados em [43], que, quando considerada a condição de quasi-neutralidade

(ni ≈ ne = n), são dados respectivamente por:

τii =12π3/2ε20ln Λe4n

m1/2i T

3/2i , τei =

1√2

m1/2e

m1/2i

T3/2e

T3/2i

τii. (2.9)

Nestas expressões, Λ ∼ nλ3D é o número médio de partículas dentro de uma esfera de Debye

e ln Λ é um termo conhecido como logaritmo coulombiano [28, 37, 43], cujo valor numérico se

encontra entre 10 e 30.

Neste contexto, o maior dos tempos característicos é o período de colisão íon-elétron,

τie ∼ τeq, onde

τeq =mi

2meτei, (2.10)

dentro do qual ocorre o equilíbrio térmico entre íons e elétrons [37,43]. Observe que existe uma

hierearquia entre as frequências de colisão, νie ≪ νii ≪ νei.

2.2 Campo magnético e equilíbrio no tokamak

No tokamak, o campo magnético de equilíbrio pode ser representado por [44]

B = F∇φ+∇φ×∇Ψ, (2.11)

onde F e Ψ são funções, desconhecidas em princípio, relacionadas com a componente toroidal

(φ) do campo magnético e com o fluxo magnético poloidal (θ). Note que a condição ∇ · B = 0

é automaticamente satisfeita por (2.11).

Quando não há rotação de equilíbrio (V = 0), F = F (Ψ), p = p(Ψ) e a condição de estabi-

lidade do plasma pode ser escrita como

J × B = ∇p, (2.12)

onde J = µ−10 ∇ × B é a densidade de corrente no plasma. De forma equivalente, (2.12) pode

ser representada pela equação de Grad-Shafranov [45,46],

∆∗Ψ+ µ0R2 dp

dΨ+

1

2

dF

dΨ= 0, ∆∗Ψ = R2

∇ ·(

∇Ψ

R2

)

, (2.13)

na qual ∆∗ é um operador elíptico conhecido como operador de Shafranov [44].

A razão entre o raio maior e o raio menor do tokamak é importante parâmetro conhecido

15

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como razão de aspecto,

A =R0

a≤ 1

ε, ε =

r

R0. (2.14)

Em tokamaks de secção circular e alta razão de aspecto (ε ≪ 1), a dependência com a posição

poloidal (θ) de Ψ pode ser determianda analiticamente através de (2.13), mas não a dependencia

radial [39,44]. De forma aproximada, obtém-se que Ψ(r, θ) ≈ Ψ0(r)[1 + (∆s(r)/R0) cos θ], onde

∆s(r), ou deslocamento de Shafranov, é uma medida do quando as superfícies magnéticas

se deslocam em relação ao centro da coluna de plasma.

Na presença de rotação de equilíbrio [39], caso que consideramos no capítulo 3, o termo

ρ(V · ∇)V deve ser adicionado ao lado direito de (2.12), o que resulta na equação de Grad-

Shafranov modificada [47,48],

(

1− µ0κ2

ρ

)

∆∗Ψ+ µ0R2

(

dp

)

R

+1

2

(

dF 2

)

R

− µ0κ∇Ψ ·∇(

κ

ρ

)

+

µ0ρ

2

d

(

κ2

ρ2|∇Ψ|2

)

R

= 0, (2.15)

onde κ = κ(Ψ) é uma função de fluxo proporcional à velocidade de rotação poloidal e o índice R

indica que as derivadas com relação a Ψ devem ser calculadas a R constante. Se não levarmos

em conta injeção ou perda de partículas do plasma, a velocidade de equilíbrio pode ser expressa

como

V =κ

ρB − dΦ

dΨR2

∇φ, (2.16)

onde Φ = Φ(Ψ) é o potencial eletrostático de equilíbrio.

A relação entre a componente poloidal e a toroidal do campo magnético é descrita por

um parâmetro amplamente presente em muitos modos importantes do tokamak, o fator de

segurança , que pode ser definido como [42,44,47]:

q = q(Ψ) =B ·∇φ

B ·∇θ=

dθdφ

dθ. (2.17)

Este parâmetro é uma medida da helicidade das linhas de força no plasma e está diretamente

ligado à estabilidade do plasma, que requer que o limite de Kruskal-Shafranov (KS) [49,50],

q > 1, seja satisfeito pelo menos no centro da coluna de plasma. Em tokamaks, o fator de

segurança costuma ser maior na borda (q ∼ 3 ou até mesmo q ∼ 5) do que no centro (q ∼ 1).

Uma outra grandeza importante à estabilidade, diretamente relacionada a este parâmetro, é o

cisalhamento magnético,

s(r) =r

q

dq

dr, (2.18)

16

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que adimensionalmente expressa a variação de q com a posição radial. A medida desta grandeza

tem importância fundamental na área de diagnósticos para a determinação do perfil radial de

q.

No estudo analítico de modos de baixas frequências, assim como em modelos neoclássicos,

é possível em muitos casos utilizar a aproximação:

B =B

1 + ε cos θ

(

ε

q(r)eθ + eφ

)

, (2.19)

onde eθ e eφ são versores na direção poloidal e torodial, respectivamente. Em modelos locais,

como é o caso desta tese, em muitos casos podemos desconsiderar o efeito de cizalhamento

magnético.

Note que o campo magnético mostrado em (2.2) é simétrico com relação a φ, mas antisi-

métrico com relação ao ângulo poloidal (θ), sendo maior na parte interna do tokamak (HFS5)

do que na parte externa (LFS6). Apsesar de pequena, esta diferênça, ∆B/B ∼ ε, desempenha

um impacto significativo nos valores dos coeficientes de transporte. No estudo de transporte, os

coeficientes clássicos de transporte, provenientes da teoria de gases neutros e de plasmas mag-

netizados em sistemas simétricos, devem ser substituidos pelos coeficientes neoclássicos, muito

maiores que, em muitos casos, pode chagar a uma ordem de magnitude. Uma breve discussão

sobre transporte em tokamaks é apresentada na seção seguinte.

2.3 Difusão e transporte em tokamaks

Um dos desafios mais importantes da física de plasma confinados magneticamente é o de

reduzir a perda de partículas e energia em tokamaks. Com esta finalidade foram desenvolvidas

teorias de transporte, que consistem essencialmente em determinar os coeficientes D e κ refe-

rentes aos fluxos de partículas e de calor, respectivamente, os quais dependem de gradientes de

densidade e de temperatura, ou seja,

Γ ≈ −D∇⊥n e q ≈ −κ∇⊥T. (2.20)

Em (2.20), D é o coeficiente de difusão e κ é a condutividade térmica. As leis de convservação

de partículas e energia podem ser enunciadas como

∂n

∂t+∇ · Γ = Spart,

3

2

∂T

∂t+∇ · q = Scal, (2.21)

5High field side6Low Field Side

17

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onde Spart e Scal representam fontes externas de partículas e de calor. Os fluxos Γ e q são quan-

tidades macroscópicas do plasma que, experimentalmente, são medidos por meio de diagnósticos

e, teoricamente, podem ser estimados. Para o coeficiente de difusão, por exemplo, através de

análise dimensional, podemos estimar D:

D ∼ ν(∆r)2, (2.22)

onde ν é a frequência de colisões e ∆r é o comprimento característico.

A teoria de transporte clássico, que se à geometrica cilíndrica, é discutida em detalhes por

R. Balescu [51]. Já no tokamak, devido ao efeito da geometria deste no campo magnético de

equilíbrio, não há simetria poloidal, fato este ao qual nos referimos como efeito neoclássico e,

desta forma, a teoria de transporte neoclássico [52, 53] deve ser aplicada neste caso. No caso

cilíndrico o raio de Larmor (ρ) representa o comprimento característico para a quantificação da

difusão perpendicular, ou seja,

D⊥ ∼ νρ2, κ⊥ ∼ nνρ2. (2.23)

Em contrapartida, devido a liberdade de locomoção das partículas ao longo do campo magnético,

limitada apenas por colisões, é possível estimar o coeficiente de condutividade de calor paralelo

como,

κ‖ ∼ nνλ2 ∼ ω2c

ν2κ⊥, (2.24)

onde λ = vTα/ν é o livre caminho médio. Como ωc/ν ≫ 1 para plasmas magnetizados, é

possível concluir que o calor se difunde muito mais facilmente ao longo do campo magnético

e, quando o plasma se torna mais colisional, a condutividade paralela diminui enquanto que a

condutividade perpendicular aumenta, fazendo com que o plasma tenda a perder mais energia.

Os parágrafos anteriores não levam em conta a assimetria poloidal do campo magnético, o

que o torna mais intenso no lado interno da coluna de plasma (HFS7) do que no lado externo

(LFS8). Essa assimetria tem influência no movimento do centro guia das partículas, conforme

descrito qualitativamente em [4] e quantitativamente em [42,53]. Em consequência algumas par-

tículas, cuja velocidade paralela é relativamente baixa, não conseguem vencer a barreira do poço

magnético, ∆B/B ∼ ε e, em consequência retornam, porém, em outra superfície magnética.

O resultado desse processo que se repete por alguns ciclos, é que essas partículas apresentam

órbitas irregulares, conhecidas como órbitas de banana, com um deslocamento efetivo estimado

por ∆r ∼ (q/√ε)ρ ≫ ρ. Para o cálculo dos coeficientes de transporte é necessário levar em

conta não somente o movimento das partículas afetando seu deslocamento característico, mas

7High field side - lado de campo maior8Low Field Side - lado de menor campo

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também sua frequência efetiva de colisões.

Essencialmente, há três regimes fundamentais a ser considerado:

• Pfirsch-Schlüter: Neste regime, também conhecido como regime colisional ou regime de

fluídos, o tempo necessário para que as partículas possam completar uma órbita é maior

do que o tempo de colisão, de forma que as órbitas das partículas são constantemente

interrompidas por colisões. Desta forma, este regime é descrito pela condição: ν/ωtr ≫ 1,

onde ωtr = vT /qR0 é a frequência de circulação. Este regime descreve bem a borda da

coluna de plasma e o coeficiente de difusão perpendicular pode ser estimado como [42,54]:

D(PS)⊥ ∼ q2νρ2, (2.25)

ou seja, da ordem de q2 maior do que o esperado pela teoria clássica.

• Plateau: Neste regime, ε3/2 ≪ ν/ωtr ≪ 1 e as equações de fluído não se aplicam, sendo

necessário o uso da equação cinética de deriva. Trata-se de uma condição intermediária

entre o regime Pfirsch-Schlüter e o regime de banada que se aplica ao centro centro da

coluna de plasma e tem, como coeficiente de difusão, a expressão:

D(P )⊥ ∼ ωtr

νq2νρ2, (2.26)

ou seja, tal coeficiente é bem maior do que no caso anterior, pois ωtr/ν ≫ 1.

• Banana: É o regime não colisional – as partículas têm tempo suficiente de completar

suas órbitas antes de colidirem com outras. Entretanto, devido ao grande comprimento

característico destas órbitas, a colisão ocorre fora de suas superfícies magnética de origem,

o que acarreta uma grande contribuição para o transporte radial. A frequência de colisão

é descrita por ν/ωtr ≪ ε3/2 e a estimativa para o coeficiente de difusão resulta em

D(B)⊥ =

q2

ε3/2νρ2, (2.27)

e, portanto, o fator multiplicativo q2/ε3/2 em relação ao valor clássico para o coeficiente

de difusão faz com este possa ser de até uma ordem de magnitude maior. O modelo a ser

adotado também se baseia na equação cinética de deriva de forma que o modelo de fluído

também não se aplica neste regime.

Importantes trabalhos publicados sobre transporte neoclássico [53, 55, 56] e, até mesmo,

livros que tratam o assunto com bastante riqueza de detalhes [52,57] têm a finalidade de fornecer

uma boa compreensão sobre efeitos neoclássicos e seus impactos no confinamento de plasma.

Entretanto, em regiões dominadas por processos turbulentos, o coeficiente de difusão é ainda

maior do que os descritos pelos modelos neoclássicos. Neste caso, ocorre o que chamamos de

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difusão de Bohm [58] e, na área de transporte turbulento (ou transporte anômalo), uma discussão

compreensível sobre este tipo de transporte é feita por R. Balescu [38], como continuação de

seus trabalhos iniciais [51, 52].

Embora não seja o foco desta tese tratar sobre transporte turbulento, uma simples es-

timativa, de acordo com [42], para o coeficiente de difusão anômala é útil a título de com-

paração com os coeficientes neoclássicos. Para elétrons, D⊥e = (∆r)2/τ , podemos estimar

∆r/τ ∼ vE ∼ Φ/∆rB e eΦ/T = k, onde vE é a velocidade de deriva fundamental (E × B).

Segue, portanto, que

D(Bohm)⊥e = k

T

eB∼ ωcρ

2. (2.28)

Note que, como ωc ≫ q2ν/ε3/2, D(Bohm)⊥e ≫ D

(B)⊥e .

Historicamente tal coeficiente foi descrito como D(Bohm)e = T/16eB, onde a razão para o fator

1/16 até hoje permanece obscura [4]. Trata-se de um difícil problema não-linear a determinação

de k, sendo que k < 1 [42]. Para concluir esta seção, observamos que o valor do coeficiente de

difusão anômala para elétrons excede o valor clássico em aproximadamente kωceτei ≫ 1 e, por

isso, impedir a degradação do confinamento devido ao transporte anômalo é considerado um

dos maiores desafios da física de tokamaks.

2.4 Movimento de partículas e velocidade do centro

guia

Partículas carregadas imersas em um campo eletromagnético, como as que compôem o

plasma, ficam submetidas à ação da força de Lorentz, de acordo com a equação:

dv

dt=

e

m

[

E(r, t) + v × B(r, t)

]

, (2.29)

onde, v = dr/dt é a velocidade destas partículas que estão localizadas na posição r. Note

que nesta equação, bem como nas próximas desta seção, omitimos o índice α, o qual deve ser

subentendido.

A velocidade em (2.29) pode ser expressa na forma

v = v‖b + v⊥, v⊥ = v⊥(cos γe1 − sin γe2), (2.30)

onde γ = − tan−1(v · e1/v · e2) é o ângulo de giração e (b, e1, e2) formam, nesta ordem, uma

base ortonormal convencionalmente orientada, na qual b = B/B.

De forma similar, a posição das partículas em um plasma magnetizado pode ser expressa

20

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como:

r = rg + ρ, ρ =b × v⊥

ωc, (2.31)

onde ρ é o raio de Larmor vetorial e rg é a posição do centro guia , o ponto central da

órbita aproximadamente circular das partículas. O campo magnético provoca um movimento

circular em íons e elétrons de sentidos opostos, que é composto por outros movimentos tornando

a dinâmcia relativamente complicada de ser descrita. O nosso principal interesse nesta seção

está na obtenção da velocidade do centro guia, a qual é obtida derivando com relação ao tempo

(2.31) e, em seguida, tomando a média em relação ao ângulo de giração a mesma equação. Para

a média de uma grandeza genérica, X, atribuimos a definição:

〈X〉 = 1

∫ 2π

0dγX. (2.32)

Ao observar que 〈v〉 = v‖b e 〈ρ〉 = 0, obtem-se

vg =

drgdt

= v‖b −⟨

dt

(2.33)

onde o cálculo de 〈dρ/dt〉, que é relativamente longo, pode ser visto em [53,57,59,60].

Antes de apresentarmos a velocidade do centro guia, é conveniente definir o momento

magnético e a energia de uma partícula,

µα =mαv

2⊥

2Be Eα = eαΦ+ µαB +

mαv2‖

2, (2.34)

que, em primeira ordem em ρ/L, onde L representa genéricamente o comprimento característico

do gradiente de qualquer quantidade macroscópica do plasma, são constantes de movimento, da

mesma forma que o momento canônico paralelo [55,61].

Em primeira ordem em δρ = ρi/L, a velocidade do centro guia pode ser expressa como

vgα = v‖αb + vE + vBα + vκα, (2.35)

onde

vE =E × B

B2, (2.36)

é a deriva E × B, que pode ser de ordem δ0ρ (MHD), assim como v‖, ou de ordem δ1ρ (drift),

conforme discutido na próxima seção. Esta deriva possui o mesmo sentido para íons e elétrons,

pois independe da carga da partícula. A deriva magnética,

vBα =µα

eαb ×∇ lnB, (2.37)

21

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surge devido à inomogeneidades do campo magnético e, por estar relacionada ao movimento

ciclotrônico, possui sentidos opostos para cargas positiva e negativa e, finalmente,

vκ =eα|eα|

v2‖

ωcα

b × κ, (2.38)

que também tem seu sentido de movimento dependente da carga da partícula, é a deriva resul-

tande da curvatura do campo magnético, κ = (b ·∇)b.

No geral, as velocidades de deriva podem ser expressas na forma

vdα =1

Fα × B

B2, (2.39)

onde Fα representa as diversas forças que agem na partícula, ou seja, elétrica, magnética de

curvatura, etc...

2.5 Teoria cinética

Um dos objetivos da teoria cinética é determinar a função distribuição (fα) para cada espécie

de partícula, pois a partir do cálculo de momentos desta função, isto é, da integral com relação

às coordenadas da velocidade da função distribuição multiplicada por potências da velocidade,

obtém-se grandezas macroscópicas do plasma, as quais podem ser comparadas com valores

experimentais. As equações de fluído, obtidas a partir desta metodologia, conforme discutido

em 2.6.1, descrevem importantes leis físicas no que se refere a conservação de mensuráveis

macroscópicos do plasma.

Em princípio considera-se que a função distribuição é da forma, fα = fα(t, r,v), porém, em

muitos modelos, como o modelo girocinético, utilizado no capítulo 4, a forma f(g)α = f

(g)α (t, rg, µ, E , γ)

é mais conveniente. A última forma é utilizada na derivação da equação girocinética, mostrada

na seção 2.5.2. Entretanto, para estimar ordens de grandeza de termos da equação de Boltza-

mann, utilizamos a primeira forma.

2.5.1 Análise da equação de Boltzmann

De uma forma geral, as equações cinéticas podem ser expressas como

df

dt=

6∑

i=0

dxidt

∂f

∂xi= C(f), (2.40)

onde f = f(x0, x1, x2, x3, x4, x5, x6) é a função distriuição de partículas no espaço de fase des-

crito pelas variáveis xi, x0 = t e C(f) é o termo de colisões. A equação de Boltzmann , cuja

obtenção a partir de leis mais gerais e sua interpretação física são apresentadas de forma compre-

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ensível e abrangente em [28], é o caso particular em que x1, x2, x3 são as coordenadas espaciais

da localização instantânea da partícula e x4, x5, x6 são as componentes da velocidade desta.

Esta equação, que normalmente é utilizada na obtenção do tensor dielétrico [33], é expressa

como

∂fα∂t

+ v · ∂fα∂r

+ aα · ∂fα∂v

= Cα(f), (2.41)

onde aα é a aceleração da partícula to tipo α com velocidade v localizada em r que, para plasmas

de laboratório, é bem descrita pela expressão

aα =eαmα

(E + v × B). (2.42)

No contexto da física de tokamaks, o plasma é considerado magnetizado quando ρi/LB ≪ 1,

onde LB é o comprimento característico referente ao gradiente do campo magnético de equilí-

brio no plasma. Além disso, consideramos, nesta tese, fenômenos de baixas frequências quando

comparadas com a frequência de ciclotron e admite-se, na análise desta seção, que o compri-

mento de onda perpendicular (λ⊥) das perturbaçoes possam ser da ordem do raio de Larmor,

característico de violentas instabilidades [57].

As informações do parágrafo anterior podem ser expressas da seguinte forma:

δρ =ρiL

≪ 1, δk = k⊥ρe ≪ 1, δω =ωt

ωci

≪ 1 (2.43)

onde L é o maior dos comprimentos característicos referentes aos gradientes de quantidades

macroscópicas de equilíbrio e ωtr ≤ vTe/L é a frequência de circulação relacionada a variação

temporal da função distribuição. Consideramos, ainda, que a frequência de colisão é pequena

se comparada com a frequência ciclotrônica, ν/ωc ∼ δρ ≪ 1 e, de fato, para simplificar, na

derivação da equação girocinético não levamos o operador de colisão.

Antes de discutir sobre a equação cinética de deriva9 e a equação girocinética10, as

quais são largamente utilizada no estudo de modos de baixas frequências [62–64], é conveniente

estimar a ordem de grandeza dos termos da equação de Boltzamann, conforme o fazemos a

seguir:

∂f

∂t∼ δρωcf,

e

m(v × B) · ∂f

∂v∼ ωcf, C(f) ∼ νf ∼ δρωc, (2.44)

e

mE‖b · ∂f

∂v∼

E‖/B

vTωcf ∼ δρωcf e

e

mE⊥ · ∂f

∂v∼ vE

vTωcf. (2.45)

9drift kinetic equation10gyrokinetic equation

23

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Em (2.45), vE = |E × B|/B2 e E‖/B ∼ δρvTipróximo do equilíbrio [57].

Quanto à anlalise do termo convectivo, v · ∇f , considera-se que a função distribuição é

composta por duas partes, f ∼ F + G. Enquanto que a primeira varia suavemente no es-

paço (|∇F | ∼ F/L), a segunda consiste de perturbações de pequenos comprimentos de onda

(|∇G| ∼ G/λ), onde a condição λ ∼ ρi é possível. Normalmente as equações cinéticas são

resolvidas de forma perturbativa, considerando que G ∼ δkF , de forma que

v ·∇f ∼ ωF + ωcG ∼ (δρ + δk)ωcf, (2.46)

e, consequentemente há dois parâmetros independentes a ser analisado, δρ ≪ 1 e δk ≪ 1. Tal

análise inclui três casos de bastante interesse para tokamaks:

• Ordem de deriva: Considera-se δk = 0 e vE ∼ δρvTi, de forma que v ≈ v‖b, e normal-

mente utiliza-se a equação cinética de deriva como ponto de partida para modelos.

Este tipo de ordem é largamente aplicado para descrever processos de transportes e di-

versos tipos de instabilidades.

• Ordem MHD: Neste caso δk = 0 mas vE ∼ vTi, ou seja, v ≈ v‖b + vE . A teoria

de fluidos (veja a seção 2.6), que é bastante compreensível do ponto de vista físico,

pode ser utilizada em fenômenos que envolvam este tipo de ordem, tais como violentas

instabilidades MHD.

• Ordem de giração: É o caso em que, embora vE ∼ δρvTiadmite-se a possibilidade de

perturbações com grandes variações espaciais (δk ∼ δρ). A equação girocinética deve

ser utilizada neste caso.

2.5.2 A equação girocinética

A seguir, baseado na refs. [29, 57], apresentamos os principais passos para a obtenção da

equaçõa girocinética, a qual é utilizada no capítulo 4.

É conveniente considerar a mudança de variáveis (t, r,v) → (t, rg, µ, Eα, γ) em relação às

variáveis da equação de Boltzmann, de forma que a eq. (2.41) possa ser escrito como

∂f

∂t+

drgdt

· ∂f

∂rg+

dt

∂f

∂µ+

dEαdt

∂f

∂Eα+

dt

∂f

∂γ= 0. (2.47)

O procedimento para obtenção da equação girocinética consiste em calcular a média de (2.47)

com relação a γ considerando, para este cálculo, que rg = rg(r,v), µ = µ(rg,v), Eα = Eα(rg,v)e γ = γ(rg,v).

Para o densenvolvimento analítico nas próximas etapas, adota-se a aproximação eikonal com

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relação a coordeada do centro guia,

X(r) = Xg(rg)eik⊥·r, (2.48)

onde X representa de forma genérica qualquer vetor. Ao tomar a média de (2.48) obtemos

〈X(r)〉 = J0(k⊥ρ)Xg(rg)eik⊥·rg , (2.49)

onde Jn(x) é a função de Bessel de ordem n e de argumento x e, em (2.49), foi utilizada a

relação⟨

eik⊥·ρ⟩

= J0(k⊥ρ) [29, 57]. A partir de (2.31), (2.33) e (2.34) obtem-se [57]:

drgdt

= vg +

[

J0(k⊥ρ)(Φ− v‖A‖) + 2J1(k⊥ρ)

k⊥ρ

µ

eB‖

]

ik⊥ × b

B,

dt

≈ 0,

dEdt

=∂

∂t

[

J0(k⊥ρ)e(Φ− v‖A‖) + 2J1(k⊥ρ)

k⊥ρµB‖

]

,

(2.50)

onde a notação X = X(rg, t) com X = Φ, A‖, B‖ identifica as perturbações.

A função distribuição pode ser decomposta em três partes,

fα = Fα + Gα + G(γ)α , (2.51)

onde Fα é a contribuição de equilíbrio, Gα + G(γ)α = (O(δρ)+O(δk))Fα é a perturbação e G

(γ)α é

a parte dependente de γ. Em primeira ordem em δρ e δk, o cálculo da média de (2.47) resulta

na equação girocinética,

(

∂t+ vgα ·∇

)

gα =

(

∂Fα

∂Eα∂

∂t+

b ×∇Fα

mαωcα

· ik⊥

)[

J0(k⊥ρα)

(

Φ− v‖A‖

)

+ 2J1(k⊥ρα)

k⊥ρα

µα

eαB‖

]

. (2.52)

onde os gradientes são avaliados nas coordenadas do centro guia (rg). Em tokamaks, a aproxi-

mação B‖ ≈ 0 pode ser considerada na maiorida dos modelos [65] e, de fato, é considerada no

capítulo 4.

É importante observar que gα não representa integralmente a parte perturbada da função

distribuição, a qual é obtida pela expansão de fα em torno da energia de equilíbrio, Eα0 =

eαΦ + mαv2/2, onde Φ é o potencial eletrostático de equilíbrio11, Eα = Eα0 + Eα1 é a energia

total e Eα1 = eαΦ é a perturbação da energia. Conforme a equação (2.51), segue que

fα ≈ Fα(Eα0) + Eα1∂FMα

∂Eα|Eα=Eα0

+ G(γ)α , (2.53)

11Conforme mostrado no capítulo 3, este potencial existe se, e somente se, há rotação de equilíbrio.

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onde G(γ)α é a contribuição dependente de γ e proveniente da equação girocinética, (2.52), ou

seja,

fα = Fα + fα, fα = eαΦ∂FMα

∂Eα+ gαeik⊥·ρα . (2.54)

No capítulo 4, utilizamos a substituição ∇ → i(k⊥ + bk‖) para resolver (2.52), onde

k⊥ ≈ erkr + eθ1

r

∂θ, k‖ =

1

qR0

(

∂θ+ q

∂φ

)

. (2.55)

2.5.3 Equação cinética de deriva

Trata-se de uma equação que aparece principalmente em estudos sobre transporte neoclássico

mas, também, pode ser utilizada na investigação de modos acústicos geodésicos (GAM), como

em [66], por exemplo. Esta equação, que pode ser obtida de forma recursiva [53,57,67] através

do processo de giro-média, pode ser escrita como

∂fα∂t

+ vgα ·∇fα +

(

eαvgα · E + µα∂B

∂t

)

∂fα∂Kα

= 0, (2.56)

onde Kα = Eα − eαΦ é a energia cinética de partículas do tipo α e E ≈ −∇Φ− (∂A‖/∂t)b é o

campo elétrico perturbado. Uma derivação mais didática desta equação, baseada no trabalho

original de R. D. Hazeltine [67], pode ser encontrada em [60].

2.6 Teoria de fluidos

A teoria de fluidos e a metodologia para obtenção de suas equações a partir da equação de

Boltzmann são apresentados nesta seção. Apresentamos a teoria de dois fluidos e a teoria da

magneto-hidrodinâmica (MHD), ambas utilizadas no capítulo 3.

2.6.1 Teoria de dois fluidos e as equações de Braginskii

O cálculo de momentos da equação de Boltzmann, (2.41), isto é, da integral de tal equação

multiplicada por potências de combinações vetoriais da velocidade no espaço de velocidades,

permite a obtenção das equações de fluidos ou equações de Braginskii . As equações de

fluidos descrevem a evolução temporal de importantes quantidades macroscópicas do plasma

que são discutidas a seguir.

Primeiramente, o cálculo do momento de ordem nula da função distribuição resulta na

densidade de partículas,

nα = nα(r, t) =

v

fα(r,v, t)d3v, (2.57)

26

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a qual, quando combinada com as cargas dos diferentes tipos de partículas, permite a obtenção

da densidade de carga ,

ρc =∑

α

eαnα. (2.58)

O momento de primeira ordem fornece o fluxo de partículas, nαvα, o qual permite definir a

velocidade do fluido do tipo α,

vα =1

v

vfα(r,v, t)d3v, (2.59)

e, de forma similar à densidade de carga, a densidade de corrente é obtida:

j =∑

α

eαnαvα. (2.60)

Quando calculado no referencial do fluido, o segundo momento, fornece o tensor de pressão,

que pode ser decomposto na pressão escalar cinética (pα) e no tensor de viscosidade (π),

conforme mostrado abaixo:

pα = pαI + πα =

v

mα(v − vα)(v − vα)fα(r,v, t)d3v. (2.61)

O tensor de viscosidade é normalmente dividido em três partes,

πα = π‖α + πgα + π⊥α, (2.62)

denominadas viscosidade paralela , giro-viscosidade e viscosidade perpendicular . Fi-

nalmente, também calculado no referencial do fluido, o próximo e último momento de fα que

consideramos nesta tese fornece o fluxo de calor ,

qα =

v

1

2mα[(v − vα) · (v − vα)](v − vα)fα(r,v, t)d

3v. (2.63)

Momentos da função distribuição de ordens mais alta não tem tanta importância do ponto de

vista físico, apenas algébrico e, por esta razão e devido a sua pouca utilização nos modelos mais

importantes, não os mostramos nesta tese. A seguir, apresentamos as quantidades dissipativas,

que são calculadas a partir de momentos do operador de colisões, Cα(f). As duas quantidades

de maior interesse para tokamaks são a força de fricção e o termo de transferência de

calor , definidos, respectivamente por:

Rα =

v

mαvαCα(f)d3v, (2.64)

27

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Qα =

v

1

2mα(v − vα) · (v − vα)Cα(f)d

3v. (2.65)

As equações de Braginskii (ou equações de dois fluidos)

Trata-se das das equações obtidas a partir do cálculo de momentos da equação de Boltza-

mann, (2.41), e descrevem importantes leis física de conservação de massa, momento e ener-

gia [27]. A seguir postulamos tais equações, cuja obtenção é mostrada de forma clara e detalhada

nas Refs. [28, 37].

Inicialmente consideramos as equações que descrevem conservação de massa, momento e

energia, respectivamente,

dαnα

dt+ nα∇ · vα = 0, (2.66)

mαnαdαvα

dt+∇pα +∇ · πα − eαnα(E + vα × B) = Rα, (2.67)

dαpαdt

+ γpα∇ · vα + (γ − 1)(πα : ∇vα +∇ · qα) = (γ − 1)Qα, (2.68)

onde dα/dt = ∂/∂t+ vα ·∇ é a derivada convectiva ou derivada material e γ é o coeficiente

de Poisson ou coeficiente adiabático.

O sistema composto pelas equações (2.66)–(2.68) é incompleto, pois para resolve-lo são

necessárias informações sobre o operador de colisões, responsáveis pelos termos Rα e Qα, além

das equações de evolução temporal para π e q. Apesar de que em muitos modelos seja possível

desconsiderar tais grandezas, como no modelo da magnetohidrodinâmica ideal, há casos em

que é necessário o cálculo dos próximos momento da equação de Boltzamann para obter tais

grandezas. No capítulo 3 consideramos o efeito da anisotropia de pressão, descrito pelo tensor

de viscosidade paralela (π‖). Este tensor é calculado através da equação de evolução de π,

dπα

dt+ (∇ · vα)πα + [πα ·∇vα + (πα ·∇vα)

T − (γ − 1)(πα : ∇vα)I]−

ωcαK(πα) + p[∇vα + (∇vα)T − (γ − 1)(∇ · vα)I] +

(1− 1/γ)[∇qα + (∇qα)T − (γ − 1)(∇ · qα)I] +∇ · τ = Cπα , (2.69)

que foi obtida primeiramente em [68,69] no contexto de gases neutros e, posteriormente, adap-

tada para aplicações em física de plasmas [35,70,71]. Nesta equação, o índice T em sobrescrito

representa a transposta da matriz que se obtém na representação do termo a que este índice se

refere na forma matricial, τ e Cπα são tensores provenientes de momentos de mais alta ordem

da função distribuição e do operador de colisões, os quais não são considerados nesta tese e K

28

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é um operador que, de acordo com a definição em [72,73], satisfaz as seguintes propriedades:

K(A) = A× b − b ×A e

K−1

(A) =1

4

[b ×A · (I + 3bb)] + [b ×A · (I + 3bb)]T

, (2.70)

para qualquer tensor simétrico A, de acordo com a definição é qualquer tensor simétrico.

O tensor de viscosidade paralela de íons, o qual consideramos no capítulo 3, é calculado pela

seguinte expressão

π‖i =π‖i

γi − 1

(

bb − 1

3I

)

(2.71)

2.6.2 Teoria da magneto-hidrodinâmica (MHD) ideal

Para justificar o uso das equações da MHD ideal, é necessário considerar alguns comprimen-

tos e tempos característicos importantes, conforme mostrados a seguir:

LMHD ∼ a, τMHD =a

vTi

, ωMHD ∼ 1

τMHD, λα = vTα

ταα (2.72)

Em (2.72), LMHD é o comprimento característico relativo a grandientes de quantidades macros-

cópicas, ωMHD é a frequência associada a modos MHD e λα é o livre caminho médio, o qual

depende da velocidade térmica e do tempo de colisões de partículas de mesmto tipo.

Apesar de que a teoria da MHD, do ponto de vista teórico, se aplique somente nas seguintes

circunstâncias:

(

mi

me

)1/2ωMHD

νii≪ 1 (plasma altamente colisional),

ρia

≪ 1 (raio de Larmor muito pequeno),(

ρia

)2(mi

me

)1/2 νii

ωMHD≪ 1 (plasma de baixa resistividade), (2.73)

que raramente pertencem a realidade de plasmas de tokamak, o seu uso em inumeros modelos

que violam tais circunstâncias reproduz resultados resultados condizentes com experimentos [44]

e, portanto, embora a teoria da MHD e da MHD ideal sejam teorias relativamentes simples, elas

possuem um inúmeras aplicações importantes [37,44].

Normalmente na teoria da MHD considera-se que o plasma é um fluido de densidade de

massa ρ, densidade de carga ρc (que no caso de caso de tokamaks é practicamente nula), pres-

são p, temperatura T e corrente j. Estas grandezas que caracterizam esse fluido, respeitam

determinadas relações com as grandezas pertencentes aos fluidos de íons e de elétrons, as quais

29

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são mostradas a seguir:

ρ =∑

α

mαnα ≈ mini, ni = n ≈ ne, me ≪ mi (2.74)

ρc =∑

α

eαnα = e(ni − ne) ≈ 0, (2.75)

v =

αmαnαvα

ρ≈ vi, (2.76)

J =∑

α

eαnαvα ≈ ne(vi − ve), (2.77)

p =∑

α

pα = niTi(1 + τe), τe =Te

Ti. (2.78)

Note que a correspondencia inversa, referente as velocidades de íons e de elétrons, pode ser

escrita na forma:

vi ≈ v e ve ≈ v − J

en. (2.79)

A resistividade do plasma, que é um importânte parâmetro na teoria da MHD, depende

principamente da frequência de colisões elétron-íon e, normalmente, é definida como [37]:

η =meνei

e2n. (2.80)

Combinações lineares das equações das equações (2.66)–(2.68) ponderadas por grandezas

características de íons ou elétrons, cujos detalhes algébricos podem ser encontrados em [28,

37, 44], permitem obter o conjunto de equações da MHD, que são apresentadas e discutidas

separadamente nos parágrafos que se seguem.

Primeiramente, consideramos a equação referente a conservação de massa,

dt+ ρ∇ · v = 0, (2.81)

cuja equação análoga, mas para conservação de carga elétrica é

∂ρc∂t

+∇ · J = 0. (2.82)

Na maior parte dos processos em MHD a condição de quasi-neutralidade se aplica, de forma

30

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que ρc ≈ 0, e consequentemente

∇ · J = 0. (2.83)

A equação de conservação de momento pode ser escrita da seguinte forma:

ρdv

dt+∇p− J × B +∇ · (πi + πe)− ρcE +

me

e2n[∇ · (JJ)− JJ ·∇ lnn] = 0, (2.84)

na qual alguns comentários são pertinentes para justificar simplificações que permitem aplicá-la

efetivamente em modelos MHD. Primeiramente, mesmo sem considerar a razoável aproximação

|vi − ve| = |J/en| ≪ |v|, assumindo que tais termos são de mesma ordem, observa-se que em

(2.84) os dois últimos termos são desprezíveis com relação ao primeiro por um fator me/mi,

visto que |ρdv/dt| ∼ ρv2/a e |me∇ · (JJ)/e2n| ∼ (me/mi)ρv2/a, a menos que ocorra um forte

gradiente de densidade, |∇ lnn| ∼ (mi/me)/a, o que geralmente não ocorre em experimentos.

Com relação ao tensor de viscosidade, cujo termo dominante é a viscosidade paralela (pois

ωcατei ≫ 1 para plasmas magnetizados) de íons, visto que, πe‖ ∼ (me/mi)1/2πi‖, a comparação

|∇ · πi|/|∇p| ∼ ωMHD/νii, em que |πi‖| ∼ piωMHD/νii, justifica desprezar os efeitos de viscosi-

dade em plasmas altamente colisional. Por fim, em se tratando de modos de baixas frequências,

a condição de quasi-neutralidade pode ser considerada. Com base nestes argumentos a eq.

(2.84) pode ser aproximada para a seguinte forma:

ρdv

dt+∇p− J × B = 0. (2.85)

Analogamente, a partir de (2.68) obtém-se a lei de Ohm generalizada ,

E + v × B =1

en(J × B −∇pe −∇ · πe + Re) +

me

e2n

[

∂J

∂t+∇ · (Jv + vJ − JJ/en)

]

. (2.86)

Nesta equação, primeiramente, podemos comparar o termo de Hall, J × B/en com os termos

entre colchetes, dos quais os três primeiros são de mesma ordem e o quarto é muito menor do

que estes, pois J/en ≪ v, uma vez que β−1ρe/LMHD ≪ 1 mesmo em sistemas de baixa pressão

(β ∼ ε2). Desta forma, a próxima comparação a ser feita é |me(∂J/∂t)/e2n|/|J × B/en| ∼

ωMHD/ωce = ρe/a ≪ 1, o que mostra que os termos entre colchetes podem ser desprezados.

Portanto a análise agora se restringe ao termo de Hall (J × B/en), ao termo diamangético

(∇pe/en) e ao termo de fricção (Re/en). Os dois primeiros são de mesma ordem, pois ∇pe ∼J×B no equilíbrio, e podem ser desprezados na ordem MHD (vE ∼ vTi

), pois |∇pe/en|/|v×B| ∼ρi/a ≪ 1. Mesmo na ordem de deriva (vE ∼ δρvTi

), o termo J×B−∇pe pode ser muito pequeno,

de forma que desprezar os termos de Hall e diamagnético simultaneamente pode ser justificável.

Quanto ao termo de viscosidade de elétrons (∇ ·πe), como Ti ∼ Te e, de acordo com argumentos

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anteriores, tal termo pode ser desconsiderado. Resta, finalmente, em (2.86) o termo de fricção

a ser analisado, o qual pode ser expresso como:

Re

en= η(0, 51j‖ + j⊥)−

1

2

Te

TivTi

Bρi

(

b∇‖ lnTe +3

2

b ×∇ lnTe

ωceτei

)

. (2.87)

Em (2.87), os termos em parenteses podem ser desprezados quando comparados com v × B,

pois eles são de ordem ρi/λe ∼ νei/ωci ≪ 1 e (ρi/a)/ωceτei ≪ 1, respectivamente.

A lei de Ohm com resistividade pode, então ser aproximada para

E + v × B = η(0, 51j‖ + j⊥), (2.88)

porém, para fenômenos que envolvam tempos característicos inferiores ao tempo de difusão do

campo magnético (τB = µ0a2/η) o efeito da resistividade pode ser desprezada. Esta condição é

satisfeita em muitos caso, pois |ηJ|/|v × B| ∼ (νei/ωMHD)(ρ2e/a

2), ou seja, ela só é violada em

fenômenos de frequências muito baixas em plasmas altamente colisionais. Caso isto não ocorra,

a lei de Ohm pode ser aproximada por

E + v × B = 0. (2.89)

Finalmente, resta analisar a última equação,

dp

dt+ γp∇ · v − J · (∇pe − γpe∇ ln ρ)

en+

(γ − 1)

[

(πi + πe) : ∇v +∇ · (qi + qe)− πe : ∇(J/en)− J · Re

en

]

= 0, (2.90)

que corresponde à lei de conservação de energia. Em condições normais, γpe∇ ln ρ ∼ ∇pe, para

tokamaks e, como |J ·∇pe/en|/|dp/dt| ∼ ρi/a ≪ 1, justifica-se desprezar o termo que engloba

os parênteses na primeira linha de (2.90). Ao considerarmos que πe ≪ πi e J/en ≪ v, analoga-

mente à análise de (2.84), a comparação (|πi : ∇v|/|dp/dt| ∼ ωMHD/νii nos leva a concluir que o

termo de viscosidade pode ser desprezado em plasmas altamente colisionais. Com relação à ana-

lise da componente paralela do fluxo de calor, q‖α ≈ −κ‖α∇‖Tα, como κ‖i/κ‖e ∼ (me/mi)1/2 ≪ 1

e |∇ · qe|/|dp/dt| ∼ νei/ωMHD podemos desprezar tal componente em fenômenos de considerá-

vel frequência em regimes não-colisionais. Neste trabalho, consideramos apenas plasmas sem

resistividades de forma que a força de fricção pode ser desprezada em (2.90) e, com relação ao

fluxo de calor, apenas a componente12

q× =p

eB2B ×∇T, (2.91)

12Em inglês, esta componente é conhecida como “Cross heat flux”

32

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que é sensível ao gradiente de temperatura é utilizada na equação da energia, a qual se reduz a

dp

dt+ γp∇ · v + (γ − 1)∇ · q× = 0. (2.92)

As eqs. (2.81), (2.83), (2.85), (2.89), (2.92) constituem um sistema de 9 equações escalares

com 16 variáveis representadas pelo conjunto de grandezas escalares (ρ, p, T ) e vetoriais (v, J,

B e E). Desta forma, a determinação deste sistema requer mais 7 equações indepdendentes.

Seis destas equações são as componentes vetoriais das seguintes equações de Maxwell:

∇×E = −∂B

∂t, (2.93)

∇× B = µ0J. (2.94)

Note que a equação de Maxwell que expressa a ausência de monopolo magnético,

∇ · B = 0, (2.95)

não pode ser considerada uma equação independente, assim como ∇ ·E = 0, pois (2.95) pode

ser obtida pelo cálculo do divergente dos dois lados de (2.93) e pelo uso da identidade (B.4).

No entanto, a equação (2.95) possui importância fundamental em física de plasmas para a

determinação do campo magnético de equilíbrio, pois estabelece condições algébricas e vetoriais

para o cálculo de B [44], conforme discutido em 2.2.

A última equação necessário para completar o sistema descrito acima é a relação entre

densidade, pressão e temperatura que, conforme as definições anteriores das quantidades ma-

croscópicas para um fluido, pode ser expressa como

p ≈ ρ

miT. (2.96)

Em muitos casos, assim como no presente trabalho desta tese, é conveniente expressar E e

B em termos de potênciais, ou seja,

E = −∇Φ− ∂A

∂t, B = ∇×A. (2.97)

2.7 Aplicação de GAM

Ao considerar a presença de gradientes de densidade e de temperatura de equilíbrio no

modelo utilizado para a obtenção da frequência dos GAM, observa-se que estes se tornam

instáveis na borda do plasma quando ηi = LTi/LN > 3/4 [74], onde LTi

e LN representam,

respectivamente, o comprimento característico associado aos gradientes de temperatura e de

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densidade. A influência de tais gradientes no valor da frequência é comumente conhecida como

efeito diamagnético e é um dos temas dos capítulos 3 e 4, nos quais apresentamos, também,

a expressão analítica da instabilidade e das frequências dos GAM modificadas por tais efeitos.

Embora não consideramos termos de O(q−2) no capítulo 3, o qual trata de modelos de fluidos,

os consideramos no modelo giro-cinético ao qual se destina o capítulo 4. O estudo de efeitos

diamagnéticos pode, de certa forma, ser usada como forma alternativa para o estudo do efeito de

rotação de equilíbrio, também considerado no capítulo 3, de forma que há algumas similaridades

entre estes dois efeitos. Primeiro, devido ao fato de que, em ambos os estudos, a dependência

com cos θ (θ é o ângulo poloidal) da densidade perturbada surge tanto devido ao efeito da

rotação quanto devido ao gradiente da densidade de equilíbrio. Segundo, quando estes efeitos

são incluídos, em ambos os casos, há uma solução adicional, conforme mostramos no capítulo 3.

A rotação de equilíbrio (poloidal ou toroidal) pode ser decorrente da injeção de feixes de nêutrons

(NB13) ou do aquecimento por ressonância ciclotrônica iônica (ICRH14) durante a formação da

barreira de transporte (TB15) [75–77]. Conforme mostrado por [78], não é possível haver fluxo de

massa na direção estritamente poloidal, o que não ocorre na direção toroidal – o efeito de rotação

puramente toroidal nos ZF e GAM foi investigado em [26,79] e posteriormente, generalizando o

equilíbrio ao incluir rotação poloidal também, na condição de equilíbrio adiabático, os trabalhos

recentes, [47,80], revelaram um novo ramo de frequência situado entre os ZF e os GAM, o ramo

acústico, que surge devido a rotação poloidal. De forma sintetizada, ao considerar o equilíbrio

com superfícies isotérmicas, ao invés de adiabático, como em [26, 79] a frequência dos ZF se

altera e, ao considerar o equilíbrio adiabático e rotação poloidal, além de toroidal, [47] uma

frequência adicional surge. Porém, quando o fluxo de calor é levado em conta no equilíbrio com

superfícies isotérmicas na presença de rotação predominantemente poloidal (mas evidentemente

com rotação toroidal também) [81] há, além da frequência adicional obtida por [47], uma nova

modificação na frequência dos ZF. Do ponto de vista físico é conveniente enxergar relações,

ainda que indiretas, entre o efeitos de rotação e os diamagnéticos, pois essas relações podem

ajudar a esclarecer futuras questões no regime de confinamento melhorado (os modos H), visto

que a rotação surge durante a formação da barreira de transporte (TB) e nesta barreira há um

ingrime perfil radial de pressão e, logo, favorece efeitos diamagnéticos.

Embora modelos de fluídos sejam mais compreensíveis do ponto de vista físico e permitam

considerar fenômenos não lineares, a investigação do amortecimento de Landau [36] requer o

uso de modelos cinéticos. A razão disso está no fato de que, do ponto de vista matemático,

o efeito está no cálculo da integral pelo teorema de resíduos da função distribuição no espaço

de velocidades. Do ponto de vista físico o amortecimento de Landau ocorre quando há inte-

ração (seguida de transferência de energia) entre determinadas partículas carregadas e ondas

eletromagnéticas no plasma. Mais precisamente, há amortecimento da onda quando esta perde

13Neutral Beams14Ion clyclotron resonance heating15Transport Barrier

34

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energia (em média) para partículas com velocidades próximas à sua velocidade de fase. Devido

ao fato de a distribuição ser uma função Maxwelliana, há um número maior de partículas com

velocidades menores do que a velocidade de fase da onda do que com velocidades maiores, caso

contrário, haveria crescimento exponencial (instabilidade) da onda. Essas partículas que inte-

ragem com a onda são conhecidas como partículas ressonantes. Um tratamento cinético que

leve em consideração o efeito do amortecimento de Landau [64, 82] nos modos GAM torna-se

necessário. Com finalidade de discutir este tratamento, uma seção do capítulo 4 foi reservada

ao estudo do amortecimento de Landau nos modos GAM. Para trabalhos futuros há ainda a

possibilidade de incluir num mesmo modelo efeitos diamagnéticos e o amortecimento de Landau

considerando termos de O(q−2) e, portando, estendendo a validade dos resultados para regiões

mais internas da coluna de plasma, onde q assume valores menores.

O efeito da assimetria do campo magnético em partículas, cuja velocidade paralela é relativa-

mente baixa, faz com que estas sejam aprisionadas e, devido a movimentos de deriva magnética,

descrevam movimentos especiais conhecidos como órbitas de banana [42] que, por sua vez, são

indiretamente responsáveis pelo transporte neoclássico [52,53], o qual, ainda que em menos in-

tensidade do que o transporte anômalo, degrada o confinamento do plasma. Por outro lado, há

também partículas com velocidade paralela relativamente alta, as partículas passantes (ou cir-

culantes), que conseguem vencer o poço magnético e, por não descreverem órbitas tão espaçosas

contribuem menos com o transporte. Para modos de baixas frequências, tipicamente menor do

que a frequência de circulação de íons, ωtri =√

2Ti/mi/qR0, onde Ti e mi são a temperatura

e a massa dos íons e R0 é o raio maior do tokamak, a dinâmica de íons e elétrons aprisionados

são relevantes e portanto devem ser levados em consideração no modelo para descrever tais

modos [83–85]. O efeito de partículas aprisionadas no contínuo de ondas de Alfvén cisalhadas

(SAW16) de baixa frequência foi investigado analiticamente em [86] utilizando o modelo giro-

cinético. De acordo com [86], para que seja possível um tratamento analítico, é necessário que

haja a distinção entre partículas totalmente aprisionadas e partículas totalmente circulantes a

serem consideras no modelo. Ao penúltimo capítulo desta desta tese pretendemos reservar o

estudo do efeito de partículas aprisionadas nos modos GAM a partir do modelo giro-cinético.

As principais referências fundamentais das quais partiremos neste estudo são [86–89] sendo que

parte da teoria é discutida de forma mais compreensível em [42, 57]. Espera-se que as funções

de Jacobi [90] apareçam durante o processo de solucionar a equação giro-cinética.

A partir do modelo da MHD ideal, primeiramente obtivemos a frequência dos GAM sem

considerar o efeito de rotação, porém, de uma forma mais didática e propícia para o acompanha-

mento do restante do capítulo 3 em relação ao trabalho pioneiro dos GAM [25]. Posteriormente

consideramos o efeito de rota As frequências obtidas a partir de efeitos diamagnéticos revelam

duas possibilidades, o incremento da frequência e o carater instável Sendo assim,acreditamos

ter contribupído com o esclarecimento de aglumas questões relacionadas com os GAM. [33]

16Shear Alfvén Waves

35

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Há ainda, no entanto, inúmeras questões em aberto quanto aos GAM e, em particular, outros

efeitos e a consideração de termos de ordem menor nos GAM podem ajudar a esclarecer algumas

destas questões. A inclusão de termos de O(k4rρ4i ), por exemplo, onde ρi é o raio de giração dos

íons e kr representa número radial de onda relativo ao potencial eletrostático (Φ), permite a

determinação da dependência radial da frequência dos GAM [24], que é de particular interesse

uma vez que define a dispersão desses modos. No modelo de fluídos esses termos de ordem

menor podem ser incluídos se considerados giro-viscosidade, fluxo de calor e termos adicionais

na velocidade inercial, conforme descrito por [35, 91], entretanto a correta determinação dos

termos a serem considerados no processo iterativo [91] no qual esse modelo se baseia é uma

tarefa que exige intuição física e prática e os cálculos a serem feitos são relativamente extensos.

No que se refere a rotação e equilíbrio, até onde sabemos, não há um modelo cinético que

leve em conta o efeito da rotação poloidal de equilíbrio nos modos geodésicos. Tal modelo é

importante porque possibilitaria incluir o efeito do amortecimento de Landau simultaneamente

com o efeito da rotação e, assim, determinar a modificação da frequência dos GAM devida a

esses dois efeitos. Tanto o efeito da rotação paralela de equilíbrio quanto a intersecção dos GAM

com o contínuo de ondas de Alfvén(AWC17) já foram investigados a partir da teoria de cinética

em [33]. Nesta tese não consideramos efeitos eletromagnéticos nos GAM, os quais, no entanto,

foram investigados em [33,62,92] a partir da teoria cinética. Há porém a necessidade de incluir

efeitos diamagnéticos nesta investigação, conforme mencionado em [92], pois assim algumas

questões possam ser esclarecidas. Se estes dois efeitos forem considerados simultaneamente, é

provável que a frequência modificada dos GAM dependerá, não somente de LTi, mas também do

comprimento característico do gradiente de temperatura de elétrons, LTe, o que representa uma

novidade. Há ainda questões não resolvidas em relação a distinção entre o limite eletrostático

e o eletromagnético dos modos GAM [92].

17Alfvén Wave Continnum

36

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Capítulo 3

Modelo de fluido para fluxos zonais e

modos acústicos geodésicos

Neste capítulo utilizamos a teoria da magneto-hidrodinâmica (MHD) ideal e um modelo de

dois fluidos que inclui viscosidade paralela de íons para obter a frequência de modos geodésicos

de baixas frequências. A dinâmica destes modos, pioneiramente descobertos por N. Winsor

et. al [25] é descrita na seção 3.4. Ao investigar o equilíbrio com rotação poloidal e toroidal,

tendo como base o trabalho desenvolvido por V. N. Ilgisonis [47], obtivemos relações entre o

gradiente de temperatura e a rotação poloidal. Considerando a contribuição do fluxo de calor

proveniente do gradiente radial de temperatura obtivemos, no regime isotérmico, além das duas

soluções correspondentes a modos acústicos geodésicos (GAMs) e o modo acústico de íon (SWs),

a correção para a frequência dos fluxos zonais (ZFs), a qual é sensível à rotação poloidal, mas

não à rotação toroidal. Tal resultado foi publicado recentemente [81]. Com relação ao modelo

de dois fluidos, primeiramente estudamos o efeito de anisotropia de pressão de íons através

da equação de evolução temporal da viscosidade paralela. Este efeito, quando considerado

na dinâmica dos GAMs, produz uma sensível diferença no valor para a frequência destes [32,

34]. Posteriormente incluímos neste modelo efeitos diamagnéticos, os quais são provenientes de

gradientes de temperatura de íons e de densidade. As condições para instabilidade dos GAMs,

devido a estes gradientes, as quais foram publicadas recentemente em 2013 [74], são descritas na

seção 3.7. Apresentamos, no final, como proposta para trabalhos futuros, uma breve discussão

sobre efeitos eletromagnéticos nos GAMs. Esta discussão é feita dentro do contexto da teoria

de dois fluidos.

3.1 Modelo da magnetohidrodinâmica (MHD) ideal

Como ponto de partida para este capítulo, utilizamos a teoria da MHD ideal considerando o

plasma como sendo composto por um único fluído, que, por sua vez, tem sua dinâmica governada

37

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pelas equações (2.81), (2.83), (2.85), (2.89) e (2.92) apresentadas anteriormente na seção 2.6.2.

Abaixo, para facilitar a leitura, repetimos tais equações, porém, acrescentando o índice “Σ”, que

indica a soma das partes de equilíbrio (estacionária) e perturbada (dependente do tempo) das

grandezas macroscópicas do plasma:

EΣ + vΣ × BΣ = 0, (3.1)

ρΣdvΣ

dt+∇pΣ − JΣ × BΣ = 0, (3.2)

dpΣdt

+ γpΣ∇ · vΣ + (γ − 1)∇ · qΣ = 0, (3.3)

dρΣdt

+ ρ∇ · vΣ = 0, (3.4)

∇ · JΣ = 0. (3.5)

O índice Σ é utilizado para simplificar a notação do conteúdo que se segue após a linearização

das equações (3.1)–(3.5) por meio da teoria de perturbações. Nesta teoria, as grandezas macros-

cópicas do plasma, pΣ, ρΣ e as componentes vetoriais de EΣ, BΣ, JΣ, vΣ e qΣ são consideradas

como sendo compostas por uma parte estacionária e por uma pequena perturbação, em módulo,

dependente do tempo, de forma que,

XΣ = XΣ(r, t) = X(r) + X(r)e−iωt,|X||X| ≪ 1, (3.6)

onde XΣ representa qualquer grandeza macroscópica (ou uma de suas componentes vetoriais)

do plasma. Adotamos também o símbolo “ ˜” para indicar as quantidades perturbardas.

Restringimos o estudo desta seção ao caso de plasmas com β = O(ε2) e com velocidade de

equilíbrio subsônica, |V|2 ≪ c2s, de forma que perturbações do campo magnético, B = O(βB),

podem ser desprezadas na análise de primeiros harmônicos, m = ±1, referentes ao número

poloidal. Sendo assim, apenas o potencial eletrostático é considerado em nossa análise de modos

de baixas frequências, ou seja, EΣ = −∇Φ−∇Φ.

38

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3.2 Equilíbrio com rotação

Considerando a ordem MHD (vE ∼ vTi), de forma que o efeito Hall e a deriva diamagnética

podem ser desprezados na lei de Ohm, o equilíbrio é descrito pelas equações:

V × B = −∇Φ, (3.7)

V ·∇ρ+ ρ∇ · V = 0, (3.8)

V ·∇p+ γp∇ · V + (γ − 1)∇ · q = 0, (3.9)

ρV ·∇V +∇p− J × B = 0, (3.10)

onde

q =γ

γ − 1

pB ×∇T

eB2, (3.11)

é a parte dominante do fluxo de calor no caso não colisional, a qual deve ser considerada no

estudo de ZF e na investigação de efeitos causado pelo gradiente de temperatura.

Assumimos que o campo magnético é simétrico em relação ao ângulo toroidal (φ), de forma

que

B = F∇φ+∇φ×∇Ψ, ∇Ψ ·∇φ = 0, (3.12)

J =∇× B

µ0=

(R2∆∗Ψ∇φ−∇φ×∇F )

µ0, ∆∗Ψ = ∇ · (∇Ψ/R2), (3.13)

conforme mostrado em C.1.

Das eqs. (3.7) e (3.8) segue que

V =κ(Ψ)

ρB − Ω(Ψ)R2

∇φ, Ω =dΦ

dΨ, (3.14)

onde κ é uma função de fluxo desconhecida, porém que está diretamente relacionada à rotação

poloidal de equilíbrio. Com a substituição de V em (3.9), segue que

κ

ρB ·∇p+ γpB ·∇

(

κ

ρ

)

+ (γ − 1)∇ · q = 0 (3.15)

e, portanto, observa-se que na ausencia de rotação poloidal (κ = 0), o fluxo de calor tem

39

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divergência nula, ou seja, em média não há troca de calor entre as superfícies magnétcias.

A relação entre pressão, densidade e temperatura, p = ρT/mi, pode ser convenientemente

expressa, para uso futuro, como:

B ·∇ρ

ρ− B ·∇p

p+

B ·∇T

T= 0. (3.16)

O método algébrico pelo qual os resultados anteriores e os próximos foram obtidos é apre-

sentado no apêndice C, cujo principal objetivo é elucidar a obtenção das expressões algébricas

para as componentes ∇φ, B e ∇Ψ da equação de momento. Tais componentes, identicamente

nulas, são obtidas pelo cálculo do produto escalar de ∇φ, B e ∇Ψ com a eq.(3.10), e podem

ser expressas como:

B ·∇[

F

(

1− µ0κ2

ρ

)

+ µ0κΩR2

]

= 0, (3.17)

B ·∇(

κ2B2

2ρ2− Ω2R2

2

)

+B ·∇p

ρ= 0, (3.18)

(

1− µ0κ2

ρ

)

∆∗Ψ+1

2

∇Ψ ·∇F 2

|∇Ψ|2 +µ0R

2

|∇Ψ|2∇Ψ ·∇p+µ0ρR

2

[

∇Ψ

|∇Ψ|2 ·∇(

κ2

ρ2|∇Ψ|2R2

)

− ∇Ψ

R2·∇

(

κ2

ρ2

)

−(

Ω− κF

ρR2

)2∇Ψ ·∇R2

|∇Ψ|2]

= 0, (3.19)

onde ∆∗Ψ = R2∇ · (∇Ψ/R2) é o operador de Shafranov.

Observando que se B ·∇f = 0, para qualquer função escalar f independente de φ, implica

em f = f(Ψ), conclui-se que somente na ausência de rotação poloidal (κ = 0), de acordo com

(3.17), então F = F (Ψ). Ainda, neste mesmo contexto, se considerarmos o caso de rotação

exclusivamente toroidal, de acordo com (3.18), B · ∇p = ρΩB · ∇R2/2. Entretanto, como

B ·∇R2 6= 0, conclui-se que p não pode ser uma função de fluxo, ao contrário do que ocorre em

plasmas sem rotação, nos quais p = p(Ψ).

O próximo passo é a utilização de teoria de perturbação para resolver as eqs. (3.15)–(3.18).

Nos baseamos no método apresentado na Ref. [47], na qual as grandezas de equilíbrio são

decompostas na forma: Q = Q0(Ψ) +Q1(Ψ, θ), com |Q1/Q0| ≪ 1, onde Q representa p, ρ, T

ou F . Definimos, então, por conveniencia, a grandeza:

∆Q =(B ·∇Q1)/Q0

(B ·∇R2)/R20

. (3.20)

40

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A frequência angular de rotação poloidal e toroidal é calculada por:

ΩP = ∇θ · V =κF

ρqR2, ΩT = ∇φ · V = qΩP − Ω, (3.21)

onde q é o fator de segurança, que é definido por

q = q(Ψ) =∇φ · B∇θ · B =

F

JR2, J = ∇θ · (∇φ×∇Ψ). (3.22)

Por conveniencia, nas equações que se seguem, introduzimos as seguintes definições:

MP =qΩP0R0

cs, MT =

ΩT0R0

cs, Mth =

R0

ecs

dT0

dΨ, c2s =

γp0ρ0

, (3.23)

ΩP0 =κF0

ρ0qR20

, ΩT0 = qΩP0 − Ω, B0 =µ0ρ0c

2sR

20

F 20

∼ β. (3.24)

que são relativas aos números de Mach poloidal, toroidal e térmico e ao parâmetro β.

A partir de (3.20), (3.23) e (3.24) e do cálculo da divergência do fluxo de calor,

∇ · q = Mth

[

1−∆F +∆p − (1 +Rρ −RF +RR2)∆T

(γ − 1)F0/R0

]

B ·∇R2

R20

ρ0c3s, (3.25)

RF =T0

F0

dF0/dΨ

dT0/dΨ, Rρ =

T0

ρ0

dρ0/dΨ

dT0/dΨ, RR2 =

T0

R20

∇Ψ ·∇R2

∇Ψ ·∇T0, (3.26)

que é efetuado em C.3, podemos reescrever o sistema (3.15) – (3.18) da seguinte forma:

∆ρ −∆p +∆T = 0 (3.27)

(1− B0M2P )∆F + B0M

2P∆ρ = B0MP (MT −MP ), (3.28)

M2P∆F −M2

P∆ρ +∆p

γ=

M2T

2−MPMT +M2

P , (3.29)

Mth∆F +MP∆ρ − (MP /γ +Mth)∆p + (1 +Rρ −RF +RR2)Mth∆T = Mth. (3.30)

Referente a equação de Grad-Shafranov modificada, (3.19), podemos reescreve-la como:

∆∗Ψ+

[B0R2

γR20

(1 +Rρ) +RF

]

F 20

T0

dT0

dΨ+ T (κ,Ω,Ψ), (3.31)

41

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onde T = O(B20F0/LT ) é o termo proveniente da rotação de equilíbrio, o qual pode ser aproxi-

mado por

T ≈ −B0M2P∆

∗Ψ+

[

∇Ψ ·∇p1∇Ψ ·∇p0

B0R2

γR20

(1 +Rρ)+

(

∇Ψ ·∇F1

∇Ψ ·∇F0− F1

F0

)

RF +B0

2

( |∇Ψ|2F 20

M2PRΨ2 −M2

T

)]

F 20

T0

dT0

dΨ,

RΨ2 =T0

|∇Ψ|4∇Ψ ·∇(|∇Ψ|2)

dT0/dΨ∼ T0

|∇Ψ|2∂|∇Ψ|2/∂ΨdT0/dΨ

. (3.32)

A menos que ocorra um forte cizalhamento radial do campo magnético poloidal, ou seja, se

∂2Ψ/∂r2 ≫ (∂Ψ/∂r)2, é condizente com a realidade de tokamaks em regimes de baixa pressão

(β ∼ ε2), estimar as grandezas apresentadas em (3.31) da seguinte forma:

B0 ∼ ε2, ∆∗Ψ ∼ B0F 20

T0

dT0

dΨ∼

√B0F0

LT,

1

LT=

1

T0

∂T0

∂r(3.33)

o que implica em RF ∼ B0 e Rρ ≈ η−1 ∼ 1, onde η = Lρ/LT , Lρ = ρ−10 ∂ρ0/∂r. Com relação

ao termo RR2 , definido em (3.26), para a estimativa de sua ordem de grandeza, consideramos

tokamaks de seção circular, como o TCABR, por exemplo, de forma que ∂Ψ/∂θ ≪ r∂Ψ/∂r.

Ainda, neste contexto, quando LT ≤ r, ou seja, quando há um considerável gradiente radial de

temperatura no tokamak, o que é totalmente realístico na prática, segue que

RR2 =T0

R20

∂R2/∂Ψ

dT0/dΨ≈ 2

LT

R0cos θ ∼ ε ≪ 1. (3.34)

Quanto maior for gradiente de temperatura, mais justificável se torna a aproximação (3.34), o

que viabiliza e simplifica o desenvolvimento de um modelo analítico.

3.2.1 Rotação toroidal

Para o caso particular de rotação puramente toroidal, MP = 0, considerando as aproxima-

ções mencionadas acima, o sistema composto pelas equações (3.27) – (3.29) apresenta a seguinte

solução:

∆F = 0, ∆p =γ

2M2

T , ∆ρ = ∆p −∆T (3.35)

Com relação a análise da eq. (3.30), é necessário ter em mente as eqs. (3.15) e (3.25),

que permitem concluir que ∇ · q = 0 quando não há rotação poloidal (κ = 0). Porém,

de acordo com (3.25), isto só ocorre em dois casos, ∆T = (1 + ∆p)/(1 + Rρ) ou Mth =

0. O primeiro caso, implicaria que no limite sem rotação de equilíbrio (MT → 0), tanto a

temperatura quanto a densidade de equilíbrio dependeriam fortemente com a posição poloi-

42

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dal, pois ∆ρ = −∆T = −(1 +Rρ)−1 ∼ 1, em desacordo com o equilíbrio sem rotação, no qual

∆p = ∆ρ = ∆T = 0 [25]. O segundo caso, entretatanto, implica que, pelo menos em primeira

ordem, a temperatura é constante em superfícies magnéticas diferentes, de acordo com (3.23),

o que também não ocorre em tokamaks (a temperatura é máxima no centro e nula na borda).

Uma forma de conciliar esta inconsistência é assumir que Mth ∝ MP , ou, de forma equivalente,

que a rotação poloidal de equilíbrio é uma consequência direta da existência de gradientes radiais

de temperatura. Portanto, neste modelo, concluímos que a não existência de rotação poloidal só

é possível localmente e, se isso ocorrer em determinada posição radial, há uma indicação clara

de que nesta posição ocorre um perfil plano no perfil da temperatura.

Os seguintes regimes de particular interesse podem ser considerados neste caso:

• Adiabático: Neste caso, a quantidade S = pρ−γ , que representa a entropia do sistema,

é uma função de fluxo, de forma que a relação ∆p − γ∆(S)ρ = 0 se verifica. A solução

correspondente a este regime é:

∆p =γ

2M2

T , ∆(S)ρ =

1

2M2

T , ∆(S)T = (γ − 1)M2

T . (3.36)

• Isotérmico: Caracterizado por ser o regime mais realístico, ocorre quando ∆(T )T = 0, o

que implica na solução

∆(T )ρ = ∆p. (3.37)

• Isométrico: Este regime, caracterizado por ∆(V )ρ = 0, embora não seja comum em ex-

perimentos, tem certa importância por ser o único regime característico ZFs instáveis,

conforme elucidado mais adiante. A solução correspondente é:

∆(V )T = ∆p. (3.38)

3.2.2 Rotação poloidal e toroidal

Com a resolução do sistema (3.27)–(3.30), considerando B0 ∼ ε2 ≪ 1, Rρ ≈ 1/η e M2P,T ≪ 1,

de forma que ∆F = O(B0M2P,T ) pode ser desprezado, obtemos a seguinte solução:

∆ρ =N∆

D∆

[

1 +

(

1

N∆− γ

η

)

Mth

MP

]

, (3.39)

∆p = γN∆

D∆

[

1 +

(

M2P

N∆− η + 1

η

)

Mth

MP

]

, (3.40)

43

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∆T = (γ − 1)N∆

D∆

[

1−(

1− γM2P

(γ − 1)N∆+

γ

γ − 1

)

Mth

MP

]

, (3.41)

onde

N∆ =M2

T

2+MP (MP −MT ), D∆ = 1−M2

P − η + 1

η

Mth

MP+

γ

ηMPMth. (3.42)

Assim como no caso de rotação exclusivamente toroidal, neste caso, também é conveniente

analisar os três regimes principais mencionados anteriormente:

• Adiabático: Considera-se, neste regime, M (S)th = 0, o que resulta em

∆(S)p = γ∆(S)

ρ , ∆(S)T = (γ − 1)∆(S)

ρ , ∆(S)ρ =

N∆

D(S)∆

, D(S)∆ = 1−M2

P . (3.43)

• Isotérmico: As soluções são obtidas pela substituição ∆T = 0 em (3.39), (3.40) e (3.41),

de forma que, para MP ≥ 0,

M(T )th =

(γ − 1)MPN∆

1 + γ(N∆ −M2P )

> 0. (3.44)

• Isométrico: De forma análoga ao regime anterior, a partir da condição ∆ρ = 0, para

MP ≥ 0, obtém-se:

M(V )th =

−MPN∆

1− (γ/η)N∆< 0. (3.45)

Para o tokamak TCABR, de acordo com recente relatório [93], mostramos na figura 3.2.2 o

perfil radial da rotação de equilíbrio obtido experimentalmente. A partir desta gráfico podemos

estimar os valores de MP e MT com o intuito de obter uma estimativa para a frequência dos

GAMs, SWs e ZFs.

É interessante observar o que ocorre no limite MT → 0, ou seja, de acordo com a figura

3.2.2, próximo de r = 0.7a. Neste limite observa-se que

M(V )th = −M3

P , M(S)th = 0, M

(T )th = (γ − 1)M3

P . (3.46)

Considerando finalmente, tokamaks de secção circular de alta razão de aspecto, é possível

encontrar as grandezas de equilíbrio. Para uma grandeza genérica Q, simétrica em relação a φ,

segue da definição de ∆Q, (3.20), que

B ·∇Q = ∆QQ0B ·∇R2

R20

(3.47)

pode ser desenvolvido considerando Ψ ≈ Ψ(r), ou seja, B ≈ F (r)R−1eφ + (Rr)−1(dΨ/dr)eθ.

44

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Perfil radial de rotacao do plasma

Vel. toroidalVel. poloidal

r/a

Velocidade(km/s)

Figura 3.1: Gráfico do perfil radial da velocidade de rotação poloidal (tracejado) e toroidal(linha cheia) como função da posição radial normalizada (r/a) no tokamak TCABR.Observação: Este gráfico foi extraído e adaptado de [93].

Resulta então, da substituição de B em (3.47), a seguinte equação integrável,

∂Q

∂θ= −2ε∆QQ0 sin θ +O(ε2Q) (3.48)

cuja solução aproximada determina Q = Q(r, θ):

Q(r, θ) = Q0(r) + 2ε∆Q(r)Q0(r) cos θ. (3.49)

A partir de (3.39), (3.40), (3.41) e (3.49) a dependência poloidal das quantidades de equilíbrio

podem ser determinadas, ou seja,

ρ = ρ0(1 + 2ε∆ρ cos θ), p = p0(1 + 2ε∆p cos θ),

T = T0(1 + 2ε∆T cos θ) =mic

2s

γ[1 + 2ε(∆p −∆ρ) cos θ],

V = VP eθ + VT eφ, VP = ΩP r, VT = ΩTR,

VP ≈ ε

qMP cs, VT = (MT +∆V ε cos θ)cs, ∆V = MT − 2MP (1 + ∆ρ). (3.50)

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3.3 Sistema de equações perturbadas e relação de dis-

persão

Considerando agora perturbações temporais, os modos de oscilação de baixas frequências

no plasma são obtidos a partir da resolução do seguinte sistema:

ρ0∂v‖

∂t+∇‖p+ F‖ = 0, (3.51)

∂(ρ+ R)

∂t+ ρ0∇ · v = 0 (3.52)

∂(p+ P )

∂t+ γp0∇ · v = 0 (3.53)

onde

v = vE + v‖b, vE =b ×∇Φ

B, (3.54)

é a velocidade perturbada proveniente da deriva E × B e da componente paralela. Os termos

F‖, R e P são as contribuições devida a rotação de equilíbrio, definidos de forma conveniente

por

F‖ = ρ0(bv : ∇V + bV : ∇v) + ρbV : ∇V, (3.55)

∂R

∂t= V ·∇ρ+ v ·∇ρ0 + ρ∇ · V, (3.56)

∂P

∂t= V ·∇p+ v ·∇p0 + γp∇ · V + (γ − 1)∇ · q, (3.57)

e calculadas no apêndice (G.1). Neste cálculo levamos em conta apenas os termos dominantes

com relação ao fator ε = r/R0 ≪ 1, que são devido a contribuição dos primeiros harmonicos.

Para a obtenção da relação de dispersão é necessária a utilização da equação do momento

linearizada:

ρ∂v

∂t+∇p− j × B + F = 0, F = ρ(V ·∇v + v ·∇V) + ρV ·∇V, (3.58)

a qual, quando multiplicada vetorialmente por B resulta na expressão analítica para a densidade

46

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de corrente:

j =j‖

BB +

ρB

B2× ∂v

∂t+

B

B2×∇p+

B

B2× F. (3.59)

A relação de dispersão é proveniente da condição de quasi-neutralidade do plasma, que pode

ser expressa pela equação ∇ · j = 0. A metodologia analítica padrão é baseada no cálculo da

média de tal equação sobre uma superfície magnética. Podemos calcular D tomando a média

com relação ao volume,

D =

V dV∇ · j∫

V dV= 0, dV = (R0 + r cos θ)rdrdθdφ, (3.60)

e, através do teorema da divergência de Gauss, obtemos:

D =

S j · dS∫

V dV= 0, dS = (R0 + r cos θ)rdθdφer. (3.61)

3.4 Fluxos zonais (ZFs) e modos acústicos geodésicos

(GAMs)

A seguir descrevemos o modelo mais simples para explorar a dinâmica básica das oscilações

eletrostáticas conhecidas como GAMs. Nesta parte desconsideramos rotação de equilíbrio por

motivos didáticos e com a finalidade de enfatizar o mecânismo físico de formação dos GAMs.

Inicialmente, utilizamos a substituição F‖ = P = R = 0 em (3.51)–(3.53) e, como apenas os

primeiros harmônicos desempenham um papel relevante na dinâmica básica dos GAMs eletros-

táticos [25], consideramos soluções da forma:X = Xs sin θ + Xc cos θ para as perturbações. Ade-

mais, em se tratando de uma análise linear, X ∝ e−iωt, de forma que a substituição ∂/∂t → −iω

em (3.51)–(3.53) pode ser empregada.

O termo ∇·v têm sua expressão desenvolvida no apêndice D e, de acordo com as eqs. (D.38)

e (D.13), pode ser escrito na forma:

∇ · v = −2ωE sin θ + k‖∂v‖

∂θ, ωE =

ikrΦ0

B0R0=

i

2

eΦ0

Tikrρiωi, ωi =

vTi

R0. (3.62)

Tal termo é substituído em (3.53), resultando na relação entre p e v‖:

p = iρ0c2s

(

−2ωE

ωsin θ −

k‖

ω

∂v‖

∂θ

)

, (3.63)

que, por sua vez, é substituída em (3.51). Consequentemente, a seguinte equação diferencial

47

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para v‖ em θ é obtida:

(

1 +k2‖c

2s

ω2

∂2

∂θ2

)

v‖ = 2k‖c

2s

ω2ωE cos θ. (3.64)

A solução correspondente a(3.64),

v‖ =2k‖c

2s

ω2 − k2‖c2s

ωE cos θ, (3.65)

quando inserida em (3.62) define completamente o termo ∇ · v, que, após ser substituído em

(3.52) e (3.53), completa o conjunto de soluções com

∇ · v = − 2ω2

ω2 − k2‖c2s

ωE sin θ, (3.66)

ρ = iρ0

(

ω2 − k2‖c2s

)

ωE sin θ, p = ρc2s. (3.67)

Ao analisarmos as equações (3.65), (3.66) e (3.67), é possível extrair duas conclusões im-

portantes. Primeiramente, a solução ω = 0 não é uma solução trivial, pois, para este caso,

v‖ = −2ωE cos θ/k‖ 6= 0. Conforme explicado mais adiante, esta solução corresponde aos fluxos

zonais. A incompressibilidade do plasma, de acordo com (3.66), bem como a ausência de corren-

tes diamagnéticas, pois p = 0, é uma característica fundamental destes fluxos estacionários. A

segunda característica importante é com relação ao fator de segurança. Note que para q → ∞,

v‖ → 0 no caso de GAMs (ω 6= 0) e v‖ → ∞ para ZFs, pois k‖ = 1/qR0.

É interessante observar também o que ocorre se ωE = 0, ou seja, na ausência do campo

elétrico. De acordo com a equação (3.62), a divergência da velocidade é proporcional à variação

da velocidade paralela com relação ao ângulo poloidal (θ), o que induz uma perturbação na

pressão, de acordo com (3.63). Adotando o mesmo procedimento, obtém-se uma equação similar

à eq. (3.64),

(

1−k2‖c

2s

ω2

)

v‖ = 0 (3.68)

que possui duas soluções. A primeira, trivial, v‖ = ρ = p = 0 e portanto não importante e a

segunda, ω2 = k2‖c2s, que corresponde a ondas acústicas. Note que a segunda solução não permite

a determinação das perturbações (v‖, ρ e p) neste modelo simples.

A corrente perturbada é composta por duas partes fundamentais para estes modos, a con-

tribuição inercial e diamagnética, cujas expressões analíticas para suas componentes radiais

48

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são:

jIr =

(

ρB

B2× ∂v

∂t

)

· er ≈ iR0

B0ρ0ωωE , (3.69)

jpr =

(

B

B2×∇p

)

· er ≈−1

εB0R0

∂p

∂θ(1 + ε cos θ), (3.70)

Note que em (3.70) mantivemos o termo ε cos θ, que é proveniente de B ≈ B0(1− ε cos θ),

pois este termo é relevante no cálculo da média em uma superfície magnética.

A partir do desenvolvimento de (E.73), mostrado no apêndice ??, resulta a relação de

dispersão:

D = −i2R0ρ0rB0

(

1 +ips

ρ0ωωER20

)

ωωE = KD(0) = 0, (3.71)

onde K = −2iR0ρ0ωE/rB0 é um termo importante no estudo de auto-modos. No contínuo, a

equação

D(0) = ω

[ω2 − (2c2s/R20 + k2‖c

2s)

ω2 − k2‖c2s

]

= 0, (3.72)

fornece as soluções para asfrequências ZFs e GAMs,

ωZF = 0, ω2GAM =

(

2 +1

q2

)

c2sR2

0

. (3.73)

Na realidade, para ZFs, como não foram considerados termos de ordem superior, em princípio,

a solução é melhor descrita por ωZF ≈ 0.

Note que, em ordem dominante, há também uma componente poloidal da corrente diamag-

nética, cuja expressão é

jpθ =ikrpB0

. (3.74)

Utilizando (D.19) e considerando kr ≫ r−1, obtemos uma relação de dispersão como forma

alternativa à eq. (3.71):

∇ · j ≈ ikr jIr − 2jpθsin θ

R0+ k‖

∂j‖

∂θ= 0, (3.75)

que, quando desenvolvida algebricamente, resulta em

−ρ0R0krωE

B0ω

(

1− 2c2s/R20

ω2 − k2‖c2s

)

− ρ0R0krωE

B0

2ωc2s/R20

ω2 − k2‖c2s

cos(2θ) + k‖∂j‖

∂θ= 0. (3.76)

49

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Como para qualquer θ a equação (3.76) deve ser satisfeita, o termo contido no primeiro

parêntes dessa equação deve se anular, resultando, assim, nas soluções mostradas na equação

(3.73). Uma vantagem do uso de (3.76) é a de obtenção da corrente paralela,

j(GAM)‖ =

2q2 + 1

4

ρ0R0

B0krωE sin(2θ), j

(ZF)‖ = 0, (3.77)

a qual se mostra dependente de segundos harmônicos, representados pelo termo sin(2θ). Note

que, principalmente no limite q ≫ 1, a contribuição da corrente paralela, j‖ ∝ q, é significativa,

justificando, em princípio considerar efeitos eletromagnéticos, pois j‖ = b ·∇× B. Além disso,

em muitos experimentos GAMs são detectados através da análise de segundas harmônicas,

de forma que a corrente paralela perturbada desempenha um papel importante neste tipo de

oscilação.

A seguir, uma descrição simplificada do mecanismo físico envolvido nas oscilações presentes

nos GAMs é apresentada. Para simplificar as expressões e o raciocínio lógico deste mecanismo,

consideramos o limite q → ∞, ou seja, ωGAM =√2cs/R0. Supomos que, inicialmente, em t = 0,

exista um campo elétrico máximo, que é da forma E = ωEB0R0er, onde ωE = |ωE | cos(ωt),

|ωE | =1

2

e|Φ0|Ti

krρiωi, Φ0 = Φ0(r, t), (3.78)

e consideramos krρi > 0 por simplicidade1. As partículas do plasma, influenciadas por este

campo elétrico, bem como pelo campo magnético toroidal de equilíbrio, B ≈ B0(1 − ε cos θ),

sofrem um movimento de deriva to tipo E × B, o que produz um fluxo poloidal compressível,

que é da forma

vE = |ωE |R0(1 + ε cos θ) cos(ωt)eθ, v‖ ≈ 0, (3.79)

ou seja, de intensidade diferente nos lados de campo forte e de campo fraco, HFS2 e LFS3,

conforme ilustra a figura 3.4 (a). Em decorrência desta diferença de intensidade, o plasma é

comprimido, na razão

∇ · v = −2|ωE | sin θ cos(ωt), (3.80)

o que ocasiona uma perturbação na densidade e, consequentemente, na pressão,

p =√2|ωE |ρ0csR0 sin θ sin(ωt), (3.81)

1Nada impede que krρi < 0, pois a dependência radial de Φ e, consequentemente, de sua derivadaradial, são desconhecidas em princípio.

2High Field Side3Low Field Side

50

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(HFS)

(LFS)

(HFS)

(LFS)

(HFS)

(LFS)

(HFS)

(LFS)

R0

r

θ

vE = E×BB2

∇ · vE = −2vE · κ ∝ sin θ cos(ωGAM t)

p ∝∫

dt∇ · vE

Er ∝ cos(ωGAM t)

BTBT

κ

κ = b · ∇b

Superfıcies magneticas

a) Instante inicial t = 0

Er > 0 → max.

vE > 0

jr = 0

c) Instante t = π/ωGAM

Er < 0 → min.

vE < 0

jr = 0

BTBT

κ

κ

BTBT

jprjpr

= 0

p max

p min

b) Instante t = π/2ωGAM

Er = 0

∂Er

∂t< 0

vE = 0

|jr| → max.

BTBT

jprjpr= 0

d) Instante t = 3π/2ωGAM

Er = 0

∂Er

∂t> 0

vE = 0

|jr| → max.

p min

p max

Figura 3.2: Dinâmica de modos acústicos geodésicos (GAMs) em tokamaks.

Com o movimento de deriva E × B do plasma, surge uma corrente inercial, que é radial

e aproximadamente constande, que tende a anular o campo elétrico inicial pelo transporte de

carga positiva para fora da superfície magnética de referência. Entretanto, em decorrencia do

gradiente poloidal de pressão, causada pela perturbação desta, surge também, uma corrente

diamagnética, que em determinadas posições supera fortemente a primeira. O tempo em que

é máxima a amplitude da corrente radial total e a expressão analítica das correntes inercial e

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diamagnética são mostrados, respectivamente, na figura 3.4 (b) e na equação (3.82), abaixo:

jIr =√2ρ0csB0

|ωE | sin(ωt), jpr = −jIr

(

1

2+

1

εcos θ +

1

2cos(2θ)

)

. (3.82)

Em média, neste momento, é máximo o transporte de cargas positivas para fora da superfície

magnética (em laranja na figura 3.4), o que anula o campo elétrico radial e, consequentemente

a velocidade de deriva E × B. Entretanto, devido a inércia de íons e à corrente diamagnetica

ainda presentes, o campo elétrico inverte seu sentido e, em t = π/ωGAM , a velocidade de deriva é

maxima e no sentido anti-poloidal, conforme ilustra a figura 3.4 (c). Em t = 3π/2ωGAM o campo

elétrico é nulo novamente e a corrente é máxima, porém no sentido favorável ao transporte de

carga positiva para a superfície magnética em questão, conforme a figura 3.4 (d). Finalmente,

em t = 2π/ωGAM a dinâmica descrita acima se repete. Uma investigação experimental tanto

do valor da densidade perturbada como de sua posição poloidal de máximo valor absoluto é

apresentada por A. Krämer-Fleken et. al. [94].

No caso dos ZFs a dinâmica é consideravelmente mais simples. Ao se comportar de forma

compressível, devido a um fluxo de retorno na direção paralela a B,

v‖ = −2qωER0 cos θ, ωE = |ωE | (3.83)

o plasma não permite perturbações da densidade (pressão) e, em consequência, apenas um fluxo

estacionário poloidal e outro toroidal, normalmente de amplitude bem maior que o primeiro,

podem coexistir. Normalmente a componente poloidal destes fluxos possuem cisalhamento

radial, invertendo de sentido com a posição radial em um intervalo espacial correspondente ao

comprimento de onda radial. Este cisalhamento permite o controle de turbulência causada por

ondas de deriva [10].

3.5 Efeito de rotação nos GAMs e ZFs

Pelo fato de o sistema (3.51)–(3.53) ser linear, podemos escrever as quantidades perturbadas

como combinações das contribuições fundamentais (0), toroidal (T) e poloidal (P), de acordo

com a forma:

X = X(0) + X(T ) + X(P ), (3.84)

onde X(0) é a solução obtida quando MP = MT = 0, X(T ) é a contribuição toroidal (quando se

considera apenas rotação toroidal) e o X(P ) é a contribuição poloidal. Ressaltamos, no entanto,

que, quando os dois tipos de rotação são considerados, nos termos ∆ρ e ∆p contidos em X(T ) e

X(P ), é necessário considerar MP 6= 0.

52

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Na parte restante desta seção, assim como no apêndice ??, consideramos a normalização

Ω =ω

k‖cs, ΩE =

ωE

k‖cs, (3.85)

e, neste apêndice, obtemos a relação de dispersão, a qual é mostrada a seguir:

2ΩE

Ω2 − 1(D(0) +D(T) +D(P)) = 0, (3.86)

onde

D(0) =Ω

2q2(−Ω2 + 2q2 + 1), (3.87)

D(T) =M2

T

Ω

[(

1 +1

2

∆V

MT+

1

γ

∆p

M2T

+1

2∆ρ

)

Ω2 +1

2

(

∆p

γ−∆ρ

)]

, (3.88)

D(P) =N p

+1(P)

D+1(P)

− N p−1

(P)

D−1(P)

+MT

[N v+1

(P)

D+1(P)

− N v−1

(P)

D−1(P)

+MT

2

(N ρ+1

(P)

D+1(P)

− N ρ−1

(P)

D−1(P)

)]

, (3.89)

D±1(P) ≈ (MP ∓ Ω)(Ω + 1∓MP )(Ω− 1∓MP ) + [2γ(Ω∓MP )

2 − 1]Mth. (3.90)

Antes de prosseguir com o desenvolvimento algébrico de (3.87)–(3.89), cujos extensos deta-

lhes são apresentados no apêndice ??, é conveniente calcular as singularidades em D(P) e, para

isso, considera-se que Mth ∼ M3P de forma a tornar possível, por meio de aproximações, resolver

analiticamente D±1(P) = 0. Os valores das singularidades, considerando MP ≥ 0, são mostrados

graficamente na figura 3.5.

Finalmente, apresentamos a seguir a relação final proveniente do desenvolvimento algébrico

de (3.87)–(3.89),

D(0) = Ω

(

− Ω2

2q2+ 1 +

1

2q2

)

, (3.91)

D(T) =M2

T

Ω

[

2(1 +M2P )

(

1− MP

MT+

1

2

M2P

M2T

)

+

(

1

4− MP

MT

)

M2T+

(

1

2− MP

MT+

M2P

M2T

)

Mth

MP

]

Ω2 − 1

2

Mth

MP

(3.92)

53

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Ω(0)SW+

Ω(0)SW−

Ω(S)SW+

Ω(T )SW+

Ω(V )SW+

Ω(S)SW+ Ω(T )

SW+

Ω(V )SW+

Ω(S)ZF +

Ω(T )ZF +

Ω(V )ZF +

1

0

Adiabático Isotérmico IsométricoSem rotaçãopoloidal

- --

Figura 3.3: Singularidades do denomindador de D(P) para MP ≥ 0

D(P) =MP

(Ω2 − 1)5

4∑

k=0

K2k+1Ω2k+1,

(3.93)

onde os coeficientes K2k+1 = K2k+1(MP ,MT ,Mth) são mostrados no apêndice ??. A resolução

analítica de (3.86), tendo em vista as expressões acimas, é efetuada feita mediante a seguinte

aproximação assimptótica:

• Ramo acústico geodésico (GAM): Ω ≫ 1.

• Ramo sonoro de íon (SW): Ω ∼ 1.

• Fluxos zonais(ZF): Ω ∼ MP ≪ 1.

No primeiro e no terceiro caso, o polinômio (3.93) têm seu grau reduzido quando o desenvolvemos

em uma série de potência em Ω considerarmos apenas os três termos mais dominantes. O

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segundo caso pode ser analisado, ao assumirmos soluções da forma Ω2 ≈ 1 +O(M2P ), de modo

que o denominador de (3.93) torna-se pequeno e, portanto, podemos considerar D(P) ≈ 0,

obtendo, assim, a solução no ramo sonoro.

A seguir analisamos separadamente o caso com rotação apenas toroidal e o caso em que a

rotação se desenvolve em ambas as direções.

3.5.1 Efeito da rotação toroidal

Com a susbstituição MP = 0 em (3.86) e (3.93) obtemos apenas duas soluções:

ω2GAM

c2s/R20

= 2 +1

q2+ 4M2

T +

(

2q2∆ρ

M2T

+1

2

)

M4T

2q2 + 1, (3.94)

ω2ZF

c2s/R20

=

(

∆ρ −∆p

γ

)

M2T

2q2 + 1, ∆p = γ

M2T

2, (3.95)

que correspondem, respectivamente a GAM e a ZF. Na tabela 3.1, os valores das frequências

relativas a estes modos são mostradas nos três regimes mais importantes: adiabático, isotérmico

e isométrico.

Tabela 3.1: Comparação entre os quadrados das frequências normalizadas (por cs/R0)dos GAMs e dos ZFs nos regimes isométrico, adiabático e isotérmico.

Regime GAM (R20ω

2GAM/c2s) ZF (R2

0ω2ZF/c

2s)

Isométrico 2 +1

q2+ 4M2

T +M4

T

4q2 + 2− M4

T

4q2 + 2

Adiabático 2 +1

q2+ 4M2

T +M4

T

20

Isotérmico 2 +1

q2+ 4M2

T + (2γq2 + 1)M4

T

4q2 + 2(γ − 1)

M4T

4q2 + 2

3.5.2 Efeito da rotação poloidal e toroidal

A seguir consideramos os regimes adiabático e isotérmico na análise do efeito de rotação

poloidal e toroidal nos GAMs e ZFs. No ramo geodésico e no ramo acústico de íons, as corres-

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pondentes frequências são comuns nestes dois regimes e, para q ≫ 1, podem ser aproximadas

por:

ω2GAM

c2s/R20

≈ 2 +1

q2+M2

P + (MP − 2MT )2, (3.96)

ω2SW

c2s/R20

≈ 1

q2+

(3MP − 4MT )

q2MP . (3.97)

Em se tratando de ZFs, no regime adiabático a frequência não se altera ao contrário do que

ocorre no regime isotérmico, no qual, devido ao efeito do fluxo de calor (q),

ω2ZF

c2s/R20

≈ M2P

q2. (3.98)

A expressão (3.98) é aproximada e válida apenas no limite q ≫ 1, M2P ≪ 1 e M4

T ≪ M2P .

Historicamente, os resultados mostrados em (3.96) e (3.97) nos GAM devido ao efeito de

rotação poloidal foram obtidas primeiramente por V. I. Ilgisonis et. al. [47] considerando o

regime adiabático. A partir do estudo deste trabalho, considerando o efeito de fluxo de calor,

no regime isotérmico, obtivemos a correção dos fluxos zonais [81]. Há ainda o regime isométrico

a ser analisado, o que pretendemos fazer em um trabalho futuro.

3.6 Discussão sobre o índice adiabático

Antes do início da próxima seção, é conveniente expressar ωGAM em termos da velocidade

térmica de íons. Esta conveniência se deve ao intuito de comparar a teoria de um fluído com a

teoria de dois fluidos, cujos resultados coincidem com a teoria cinética (quando o amortecimento

de Landau não é levado em conta). Desta forma, conforme (3.73), a frequência dos GAMs pode

ser expressa como:

ω2GAM =

(

2 +1

q2

)

γp0ρ0

= γ

(

1 +1

2q2

)(

1 +Te

Ti

)

v2Ti

R20

, (3.99)

onde as relações: p0 ≈ n0(Ti + Te) e ρ0 ≈ n0mi foram utilizadas. A teoria de um fluido não

considera a diferença entre os índices adiabáticos (γ) de íons e de elétron. De fato, conforme a

teoria cinética, a suposição mais realista para plasmas de tokamak é γi = 5/3 ≈ 1, 7 e γe = 1.

Esta discrepância de valores se deve à grande diferença entre a massa de íons e de elétrons,

de forma que, por apresentarem inércia muito menor os elétrons são capazes de rapidamente

entrarem em equilíbrio térmico entre si. Desta forma, para efeitos de comparação entre as duas

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teorias, é conveniente utilizar a substituição:

γ → γ(correto) =γi + γeTe/Ti

1 + Te/Ti, (3.100)

onde, para Te = Ti, γ(correto) ≈ 1, 3 < 5/3 ≈ 1, 7, representando um erro de aproximadamente

25%.

Na próxima seção, além de derivarmos uma relação mais precisa para a frequência dos

GAMs com relação ao índice adiabático, consideramos também o efeito da anisotropia de pres-

são, ou seja, p⊥ 6= p‖. Este efeito resulta em um aumento do índice adiabático efetivo para íons

(γi = 5/3 → γ(efetivo)i = 7/4). Para simplificar o modelo, nos restringimos ao limite q → ∞. Po-

rém, no próximo capítulo, no qual tratamos a respeito da teoria cinética, consideramos correções

de O(q−2) na frequência dos GAMs.

3.7 Modelo de dois fluidos com viscosidade paralela

Nesta seção partimos do sistema (2.66)–(2.69) para descrever plasmas no qual efeitos de

gradientes de densidade e de temperatura devem ser considerados, porém, não levamos em

conta no equilíbrio rotação e nem fluxo de calor, de acordo com modelo apresentado em [34].

Desta forma, tal sistema é composto pelas seguintes equações:

∂ni

∂t+∇ · (n0vi) = 0, (3.101)

∂pi∂t

+ vi ·∇p0i + γp0i∇ · vi = 0, (3.102)

∂π‖i∂t

+ p0i

[

−2vi ·∇ lnB − (γi − 1)∇ · vi

]

= 0, (3.103)

min0∂vi

∂t+∇pi +∇ · π‖i

− en0(E + vi × B) = 0, (3.104)

men0∂ve

∂t+∇pe + en0(E + ve × B) = 0, (3.105)

∇ · (ji + je) = 0. (3.106)

A seguir focamos nos objetivos didático do presente modelo, de forma que inicialmente não

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levamos em conta efeitos de gradientes de densidade e de temperatura. Contudo, tais efeitos

são considerados posteriormente, ainda neste capítulo.

3.7.1 Efeito de anisotropia de pressão nos GAMs

Inicialmente, a partir do desenvolvimento algébrico de (3.101) –(3.103) no limite q ≫ 1,

considerando vi ≈ vE ,

∂ni

∂t− 2n0vE ·∇ lnB = 0, (3.107)

∂pi∂t

− 2γip0i vE ·∇ lnB = 0, (3.108)

∂π‖i

∂t− 2(2− γi)p0i vE ·∇ lnB = 0. (3.109)

obtemos as seguintes relações:

ni±1= ± i

2

ωdi

ω

eΦ0

Tin0, pi = γiTini, π‖i = (2− γi)Tini. (3.110)

Para elétrons, a dinâmica é consideravelmente diferente, pois estes, devido a sua pequena

inércia, são considerados no regime adiabático e isotérmico. Desta forma, como me ≪ mi, a

partir de (3.105), obtemos a componente paralela da equação de momento,

∇‖pe + en0E‖ = 0, E‖ = −∇‖Φ, (3.111)

que, quando utilizada em conjunto com equações similares a (3.107) e (3.108), porém para

elétrons, fornece relações similares às obtidas em (3.110):

pe = Tene, ne±1=

en0

TeΦ±1, Te = 0. (3.112)

É importante ter em mente que, ao contrário de v‖i, mesmo no limite q ≫ 1, ve não pode ser

desprezado. Informação sobre a velocidade paralela de íons e elétrons podem ser obtidas das

equações que não mencionamos acima, porém este é um tema para trabalhos futuros. Para a

presente análise, é importante é observar que devido a fato de que γe = 1, conforme (3.112),

elétrons não contribuem para a anisotropia da pressão (π‖e ≈ 0).

Da condição de quasi-neutralidade, e(ni − ne) = 0, obtemos

Φ±1 = ±iτe2

ωdi

ωΦ0, τe =

Te

Ti, (3.113)

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ou, na forma trigonométrica,

Φs = τe(ωi/ω)krρiΦ0, Φc = 0, ωi =vTi

R0. (3.114)

Note que em (3.114) utilizamos a substituição ωdi = krρiωi, a qual tem por intuito mostrar que

Φs ∼ krρiΦ0, onde, ao longo desta tese, consideramos krρi ≪ 1.

A partir de (3.104) e (3.105), conforme mostrado anteriormente, obtém-se a densidade de

corrente:

j⊥α = jIα + jpα + jπα+ jEα, (3.115)

onde

jIi =min0

Bb × dvE

dt, jpα =

b ×∇pαB

, α = i, e, jπi=

b ×∇ · πi

B, (3.116)

são as contribuições importantes que devem ser calculadas para a obtenção da relação de disper-

são. Note que referente ao movimento de deriva E×B, há um cancelamento, pois jEi+ jEe

= 0,

com relação aos elétrons, a contribuição da corrente inercial é pequena, ou seja, jIe = (me/mi)jIi ,

podendo ser desprezada e, também, jπe≈ 0. Desta forma, apenas as contribuições mencionadas

em (3.116) são importantes para o cálculo da densidade de corrente total,

j⊥ =∑

α=i,e

j⊥α. (3.117)

Ao procedermos de forma similar ao procedimento adotado na seção 3.3, a partir da eq.

(E.73), obtemos a relação de dispersão,

eΦ0

Tikrρiω +

(

pisn0Ti

+pesn0Ti

+1

4

π‖isn0Ti

)

ωi = 0, (3.118)

cujo desenvolvimento é proveniente dos seguintes resultados:

JIr = −krρ2i2

eΦ0

Tien0ω, Jpr + Jπ‖r = −ρi

2

ωi

ε

e

Ti

[

∂θ

(

p−π‖

2

)

+ 3επ‖ sin θ

]

. (3.119)

Finalmente, com a substituição de (3.110), (3.112) e (3.113) em (3.118), obtemos a relação

k2rρ2i

[

ω − ω2i

ω

(

γi + γeτe +2− γi

4

)]

eΦ0

Ti= 0 (3.120)

e, a partir desta, a frequência dos GAMs

ω2GAM

v2Ti/R2

0

= γi + γeτe +2− γi

4= γ

(eff)i + γeτe, (3.121)

59

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onde γ(eff)i = 3γi/4 + 1/2 é o índice adiabático efetivo para íons.

Considerando γi = 5/3 (íons no regime de fluido) e γe = 1 (elétrons no regime adiabático e

isotérmico), segue que γ(eff)i = 7/4 e, consequentemente, segue que

ωGAM =

(

7

4+

Te

Ti

)1/2 vTi

R0, (3.122)

conforme observado anteriormente [34]. Observa-se que o efeito da anisotropia da pressão de

íons, presente no termo π‖i, representa, teoricamente, um pequeno aumento na frequência dos

GAM. Este aumento é de aproximadamente de aproximadamente 3, 0% para τe = 1 e, para

τe ≫ 1, o efeito é ainda menor (próximo de 1, 7%, considerando γ = γ(correto), conforme (3.100).

3.7.2 Efeitos diamagnéticos nos GAM

A seguir consideramos efeitos diamagnéticos (ou efeitos de deriva) nos modos GAM. Para

simplificar as expressões, consideramos desde início as substituições γi = 5/3 e γe = 1. Efeitos

de deriva são provenientes de termos tais como vE ·∇n0 e vE ·∇Ti0, ou seja, ocorrem devido a

gradientes radiais de densidade e temperatura de equilíbrio. Se comparadas com as eqs. (3.107)

e (3.108), as equações a serem resolvidas neste caso, agora, apresentam termos adicionais:

∂ni

∂t− 2n0vE ·∇ lnB + vE ·∇n0 = 0, (3.123)

3

2

∂pi∂t

− 5p0i vE ·∇ lnB +3

2vE ·∇p0i = 0, (3.124)

o que não ocorre com a eq. de evolução da viscosidade paralela, que permanece inalterada.

A solução para a densidade e pressão perturbadas de íons, neste caso,

ni±1=

(

± i

2

ωdi

ωΦ0 ∓

ω∗i

ωΦ±1

)

en0

Ti,

pi±1=

(

±5

3

i

2

ωdi

ωΦ0 ∓ (1 + ηi)

ω∗i

ωΦ±1

)

en0 (3.125)

podem ser contrastadas com os resultados apresentados em (3.110), onde observa-se que os

termos adicionais em (3.125) são provenientes de gradientes de densidade e de temperatura de

equilíbrio. Os termos definidos como ω∗i = Ti/erBLN e ω∗e = Te/erBLN , onde L−1N = dn0/dr

são conhecidos como frequências de dervia de íons e de elétrons, respectivamente. Também

é comum encontrar, na literatura da área, a frequência diamagnética, que, no caso de íons, é

definida como ω∗pi = (1 + ηi)ω∗i, onde ηi = LN/LTi

e L−1Ti

= dTi/dr.

A dinâmica de elétrons não se altera pela presença de efeitos diamagnéticos eletrostáticos,

porém, quando consideramos efeitos eletromagnéticos, conforme discutido em 3.8, o gradiente

60

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da temperatura de elétrons desempenha um papel fundamental nesta dinâmica.

Novamente, consideramos a condição de quasi-neutralidade, ni = ne, para obter a relação

entre os harmônicos do potêncial eletrostático:

Φ±1 = ± i

2

τeωdi

ω ± ω∗eΦ0, (3.126)

de forma que, na presença de efeitos diamagnéticos, as componentes seno e cosseno (não nula

na presença de efeitos diamagnéticos) do potencial eletrostático são dadas por

Φs =τeωiω

ω2 − ω2∗e

krρiΦ0, Φc = −iτeωiω∗e

ω2 − ω2∗e

krρiΦ0 = −iω∗e

ωΦs. (3.127)

Analogamente ao caso anterior, sem efeito diamagnético, o termo principal para o desenvol-

vimento algébrio é a componente sin θ da quantidade p+ π‖/4, cujo cálculo fornece

(

p+π‖

4

)

s

= −ωdi

ω

(

7

4+

τeω2 + (1 + ηi)ω

2∗e

ω2 − ω2∗e

)

en0Φ0. (3.128)

Conforme o procedimento anterioriormente apresentado, o cálculo da média em uma super-

fície magnética das componente radial da densidade de corrente inercial e diamagnética fornece

a relação de dispersão, que é uma equação quadrática em ω2 com soluções:

ω2GAM± =

1

2

(

ω2GAM + ω2

∗e ±√

(ω2GAM + ω2

∗e)2 + (4ηi − 3)ω2

∗eω2i

)

, (3.129)

onde ω2GAM = (7/4 + τe)ω

2i , da mesma forma como definido anteriormente.

Estas soluções que obtivemos, as quais foram publicadas em [74], podem ter suas expressões

simplificadas se aproximadas no limite ω∗e ≪ ωi:

ω2GAM+ = ω2

GAM +1 + τe + ηi7/4 + τe

ω2∗e e ω2

GAM− =3/4− ηi7/4 + τe

ω2∗e (3.130)

Observa-se que gradientes de densidade e temperatura causam um aumento na frequência

dos GAM, que é proporional à frequência de deriva de elétrons. Para ηi = 0, 75, a segunda

solução (-) possui frequência próxima à dos ZF, o que pode desempenhar um papel importante

na dinâmica que governa a turbulência de ondas de deriva devido à interação não linear entre

estas duas frequências. Quantod ηi > 0, 75, este modelo prevê uma instabilidade. É possível

concluir que há claras indicações de que gradientes de temperatura ionica tendem a desestabilizar

o plasma ao passo que gradientes de densidade contribume para estabilizá-lo, de acordo com a

análise do valor de ηi na solução negativa de (3.130).

61

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3.8 Discussão sobre GAMs eletromagnético

Com o intuito de apresentar opções para aprimoramento dos modelos para os GAM, dis-

cutimos a seguir o efeito causado pelo campo magnético perturbado perpendicular ao campo

magnético de equilíbrio. Tais efeitos são descritos pelo potencial vetor paralelo, A‖, de forma

que os campos elétrico e magnético perturbados são dado por

E = −∇Φ−∂A‖

∂t, B = ∇× (A‖b) (3.131)

A densidade de corrente paralela pode ser relacionada com o potencial vetor por meio do

uso da lei de Àmpere,

(∇× B) · b = µ0J‖ =⇒ J‖ =k2rµ0

A‖, (3.132)

onde utilizamos as relações (D.34) e (D.36). Também é útil relacionar esta densidade com a

velocidade, ou seja,

J‖ = J‖i + J‖e, J‖α = eαn0v‖α, (3.133)

de forma que é necessário determinar a componente paralela da velocidade de íons e de elétrons

para relacionar A‖ com Φ.

A pressão e, consequentemente, a densidade de elétrons, são obtidas a partir da componente

paralela da equação de momento, (3.104), porém, é necessário considerar a contribuição de B

neste cálculo. A equação resultante, então, fica,

∇‖pe + ∇‖pe0 + en0E‖ = 0 (3.134)

onde ∇‖ = (B/B) · ∇ é um operador cuja expressão é mostrada em (D.35) no apêndice D.4

e E‖ = −∇‖Φ + iωA‖ é a componente paralela do campo elétrico mostrado em (3.131). Note

que, devido ao segundo termo de (3.134), que só esta presente no caso eletromagnético (conf.

eq. (3.111)), surge ηe = LN/LTee, portanto, é provável que a dinâmica de elétrons desempenhe

um papel importante no caso eletromagnético. Neste caso, devido ao gradiente de temperatura

de elétron.

Com relação a dinâmica de íons, ficam inalteradas as grandezas π‖i e pi com relação a ni

calculadas anteriormente. Entretanto no caso magnético é necessário considerar as velocidades

paralelas de elétrons e de íons nas suas respectivas equações da continuidade, (3.101)

Com o prosseguimento dos cálculos provenientes das equações e condições descritas acima,

surgirá o importante termo K2⊥ = k2‖k

2rλ

2De

c2/ω2 adimensional, onde λDe=

ε0Te/n0e2 é o

comprimento de Debye para elétrons. O limite puramente eletrostático é obtido considerando

K⊥ → ∞, porém, por outro lado, quando K⊥ < 1 efeitos eletromagnéticos passam a ser

62

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importantes da dinâmica dos GAM. Esta questão é discutida de forma mais geral em [92], onde

o parâmetro K⊥ foi definido. Em [66], partindo da equação cinética de deriva, é mostrado que

o modo poloidal m = 2 é importante no estudo de efeitos eletromagnéticos nos GAM.

3.9 Sumário e discussão

Neste capítulo, a partir da teoria da MHD ideal e do modelo de dois fluidos, no qual con-

sideramos anisotropia da pressão cinética de íons, obtivemos expressões analíticas para três

importantes ramos de baixas frequências: fluxos zonais, acústico de íons e acústico geo-

désico. A distinção da ordem de grandeza das frequências pertencentes a estes ramos pode ter

aplicações importantes se comparadas as expressões analíticas com valores experimentais das

respectivas frequências. Ao passo que algumas aplicações possuem objetivos diagnósticos, tais

como obter o perfil radial do fator de segurança, q(r), e da temperatura, T (r), outras se dire-

cionam para a análise de estabilidade. Identificar as condições em que ocorrem instabilidades

relacionadas a estes modos pode ajudar a evitar a degradação do confinamento causado por

transporte anômalo. Fluxos zonais, no sentido mais amplo (ZFs, SWs e GAMs) são capazes de

reduzir a turbulência causada por ondas de deriva por meio de um processo de auto-organização

que ocorre no plasma, o qual ainda não é muito bem compreendido [4,10] e, portanto identificar

as condições necessárias para a estabilidade destes fluxos é importante.

Inicialmente, partindo das equações da MHD ideal, investigamos o equilíbrio com rotação

poloidal e toroidal. Nesta investigação constatamos que gradientes de temperatura e, conse-

quentemente, o fluxo de calor de equilíbrio, estão relacionados à rotação poloidal. Entretanto,

no regime adiabático é possível a existência de rotação poloidal mesmo sendo o gradiente de

temperatura nulo (perfil plano para a temperatura) localmente. A inversão de sentido do gradi-

ente de temperatura indicaria, se tal situação for possível ao menos localmente, que houve uma

mudança de regime, do adiabático para o isométrico, o que pode causar instabilidade nos ZFs. O

detalhamento deste estudo, que se iniciou pelo trabalho de V. P. Lakhin [26], é uma das propos-

tas que apresentamos para trabalhos futuros. Próximo à região r = 0.7a da coluna de plasma,

observamos que o gradiente radial de temperatura é proporcional ao cubo da velocidade poloidal

(Mth ∝ M3P ). Concluímos que, utilizando o modelo da MHD ideal e a teoria de dois fluidos no

equilíbrio, é possível, pelo menos de forma aproximada, obter o perfil radial da temperatura de

íons, que, experimentalmente, é de difícil obtenção, a partir do perfil radial da velocidade de

rotação. No tokamak TCABR o perfil radial para VP e VT foi obtido experimentalmente [93].

Para a obtenção das frequências decorrentes de perturbações eletrostática, desenvolvemos

um método iterativo para um equilíbrio de regime arbitrário. Este método é desenvolvido em três

etapas consecutivas baseadas nas seguintes condições de equilíbrio: Sem rotação (MP = MT = 0),

com rotação unicamente toroidal (MP = 0, MT 6= 0) e, finalmente, com rotação poloidal e to-

roidal (MP 6= 0, MT 6= 0). A motivação para este método é proveniente do estudo realizado por

63

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G. N. Throumoulopoulos [78], a respeito da inexistência de equilíbrio com rotação unicamente

poloidal. Com relação a este tema, há ainda questões em aberto. Primeiramente, a partir da

análise da figura (3.2.2), observa-se que em r ≈ 0.7 ocorre rotação unicamente poloidal de valor

próximo do máximo e, neste região, há inversão do sentido da rotação toroidal. A razão para

esta inversão de sentido ainda não é bem compreendida, mas pode ter um forte impacto na for-

mação da barreira de transporte [8] e, consequentemente, no transporte turbulento. Conforme

nos aproximamos da borda da coluna de plasma, este se torna mais colisional e, portanto, o

estudo desta região requer, em princípio, um modelo de fluido mais abrangente, capaz de incluir

viscosidade, resistividade e contribuições colisionais para o fluxo de calor.

Através do estudo da dinâmica de modos geodésicos de baixas frequências na seção 3.4,

observamos que há três frequências típicas correspondentes a ZFs (ω ∼ 0), SWs (ω ∼ vTi/qR0)

e GAMs (ω ∼ 2vTi/R0). O tipo de modo associado a cada uma destas frequências é importante

porque descreve o processo físico envolvido. O primeiro, ZF, ocorre quando o plasma responde

de maneira incompressível à perturbação eletrostática, em contraste com os outros dois tipos,

caracterizados por compressibilidade do plasma. Ondas de som (SWs) só podem ocorrer em duas

situações, na ausência de perturbações eletrostáticas (Φ0 = const.) e quando há rotação poloidal

de equilíbrio. Ainda não há na literatura uma compreensão detalhada sobre as razões físicas

para o comportamento do plasma em relação às perturbações eletrostáticas ou eletromagnéticas.

Como não ocorre uma transição suave entre os valores das frequências destes três tipos de

modos, a existência de lacunas (“gaps”) no espectro de frequência está presente e a relação entre

modos geodésicos e modos Alfvenicos [33] também é uma importante área de investigação,

principalmente no que se referre a diagnósticos, em especial, à obtenção do perfil radial de q e

da massa efetiva no plasma.

Ao incluir o termo de fluxo de calor causado pelo gradiente de temperatura radial na equação

de conservação de energia, obtivemos a correção na frequência dos ZFs, a qual, na presença de

rotação poloidal assumi valor finito [81], proporcional a MP .

O efeito da anisotropia de pressão de íons foi considerado no contexto da teoria de dois

fluídos neste capítulo. Com a suposição de que a pressão ao longo das linhas de campo e

perpendicular a estas, para íons, são diferentes, obtivemos o índice adiabático efetivo (γ(efetivo) =

7/4) para a velocidade do som no plasma e, consequentemente, a modificação do valor da

frequência dos GAMs. Entretanto esta modificação não é significativa se considerado o efeito

de rápida termalização dos elétrons, ou seja, devido a sua pequena massa, estes se comportam

isotermicamente e adiabaticamente, fazendo com que sua temperatura seja constante em uma

dada superfície magnética. Íons, no entanto, por terem inércia muito maior, são incapazes

entrarem em equilíbrio térmico no tempo característico de modos geodésicos sem que haja

fluxos de calor.

Com relação a efeitos diamagnéticos, ou seja, efeitos causados por gradientes radiais de

densidade e de temperatura de íons, os quais expressamos por meio dos comprimentos caracte-

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rísticos LN e LTi, respectivamente, obtivemos dois GAMs eletrostáticos. O primeiro apresenta

um aumento de frequência devido a presença de gradiente de densidade. Em contraste, quando

há fortes gradientes de temperatura, especificamente, ηi = LN/LTi> 3/4, o segundo modo

se torna instável e não oscilatório. A taxa de crescimento desta instabilidade é proporciona a

frequência de deriva de elétrons (ω∗e = Te/erBLN ) e, portanto, trata-se de um efeito do raio de

Larmor finito (FLR), porém com relação aos íons. Este resultado, publicado recentemente [74],

é uma das principais contribuições desta tese.

Na seção 3.2 mostramos que gradientes de temperatura e rotação poloidal estão relacionados

e, desta forma, considerar efeitos diamagnéticos (ou efeitos de deriva), ao invés de rotação de

equilíbrio, pode ser uma alternativa conveniente para investigar a estabilidade de GAMs. Esta

conveniência reside na maior facilidade de utilização do modelo cinético, o qual descreve, entre

outros efeitos exclusivos da teoria cinética, o amortecimento de Landau, que é descrito no

próximo capítulo.

Considerar efeitos eletromagnéticos e efeitos diamagnéticos simultaneamente pode esclarecer

questões importantes, entre elas, a discrepância no valor de baixas frequências obtidas expe-

rimentalmente com os valores teóricos das frequências de modos Alfvenicos e GAMs. Além

disso, o efeito do gradiente da temperatura de elétrons nestes modos está ligado a perturba-

ções magnéticas, consideradas quando inclui-se nas equações o potencial vetor paralelo (A‖).

A investigação de GAMs eletromagnéticos [92] mostra que segundos harmônicos (m = ±2) de-

sempenham um papel importante em modos de baixas frequências e contribuem para a corrente

paralela (j‖) [66].

Incluir rotação de equilíbrio, efeitos diamagnéticos e perturbações magnéticas, simultanea-

mente, no estudo de GAMs é uma proposta fora do escopo desta tese, a qual pretendemos levar

adiante em um trabalho futuro que tem como base esta tese. Da mesma forma, ao considerar

fluxo de calor, os quais são importantes em modos de mais baixas frequências, em especial, ZFs,

pretendemos, futuramente, desenvolver mais pesquisas teórica sobre temas relacionados a esta

tese.

65

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Capítulo 4

Investigação de modos acústicos

geodésicos (GAMs) pelo modelo

girocinético

Tendo em vista o que foi exposto nos capítulos 2 e 3, nos quais a discussão sobre o modelo

giro-cinético e a aplicação do modelo de fluídos ao estudo de efeitos diamagnéticos nos modos

acústicos geodésicos (GAMs) são apresentados, investigamos, neste capítulo, efeitos diamagné-

ticos e amortecimento de Landau nos GAMs utilizando a teoria giro-cinética.

4.1 Estudo de GAMs a partir do modelo girocinético

Nesta seção, para facilitar a compreensão do modelo girocinétcio aplicado à dinâmica de

GAMs, por simpliscidade, não levamos em conta gradientes de densidade e de temperatura.

Inicialmente, consideramos a função distribuição (fα), que, conforme (2.54), é representada

pela expressão

fα = eαΦ∂FMα

∂Eα+ gαeik⊥·ρα , ρα =

v⊥ × b

ωcα

, (4.1)

onde gα tem sua dinâmica governada pela equação girocinética, (2.52), a qual, quando despre-

zados perturbações do campo magnético (B ≈ 0) e gradientes de densidade e de temperatura

(∇FMα ≈ 0), pode ser escrita como

∂gα∂t

+ (vgα ·∇)gα = −eα∂FMα

∂Eα∂Φ

∂tJ0(k⊥ρα). (4.2)

A velocidade do centro guia, conforme (2.35), (2.37) e (2.38), quando não há rotação de equilíbrio

66

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(Φ0 = 0), é obtida pela expressão:

vgα = v‖b +b

ωcα

×(

v2⊥2∇ lnB + v2‖κ

)

, (4.3)

que, em regimes de baixa pressão, ou seja, quando β = O(ε2), e, para tokamaks de alta razão

de aspecto (ε ≪ 1), pode ser aproximada por

vgα ≈ v‖b − 1

ωcαR0

(

v2⊥2

+ v2‖

)

(sin θer + cos θeθ). (4.4)

Para desenvolver algebricamente (4.2) adotamos as seguintes substituições:

∂t→ −iω, ∇ = ik,

∂FMα

∂Eα= −FMα

Tα(4.5)

onde FMαé a função Maxwelliana que, em termos da energia da partícula (Eα), é representada

por (F.7) e k = erkr + bk‖. Os operadores diferenciais (identificados por “ ˆ”), que constituem

as componentes vetoriais de k, são definidos por:

kr = −i∂

∂r, k‖ = b · (eθkθ + eφkφ) = −ik‖

(

∂θ+ q

∂φ

)

,

kθ = −ikθ∂

∂θ, kφ ≈ 1

R0

∂φ, kθ =

1

r, k‖ =

1

qR0. (4.6)

Da mesma forma como no capítulo 3, consideramos a condição kr ≫ kθ, condizente com

a ordem MHD, o que justifica a aproximação k⊥ ≈ kr no argumento da função de Bessel,

J0(k⊥ρα), em (4.2). Segue, então, que a eq. (4.2) pode ser aproximada para

[

ω − k‖v‖ +

(

v2⊥2

+ v2‖

)

sin θ

ωcαR0kr

]

gα = ωeαTα

J0(krv⊥/ωcα)ΦFMα. (4.7)

Com relação as variáveis θ e φ, a função gα pode ser expandida em série de Fourier,

gα =∑

m,n

g(α)mn(r)ei(mθ−nφ), (4.8)

onde m e n são, respectivamente, os modos poloidal e toroidal. Para GAMs, n = 0, de forma

que a eq. (4.7) pode ser escrita como

∞∑

m=−∞

[

iΩdα

2g(α)m−1 + (1−mΩtrα)g

(α)m − i

Ωdα

2g(α)m+1 − FMα

J0αeαTΦm

]

eimθ = 0, (4.9)

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onde J0α = J0(krρα), g(α)m = g

(α)m0(r),

Ωdα =

(

1

2

v2⊥v2Tα

+v2‖

v2Tα

)

ωdα

ω, ωdi = krρiωi, ωde = −τeωdi, ωi =

vTi

R0, (4.10)

Ωtrα =v‖

vTα

ωtrα

ω, ωtri = k‖vTi

= ωi/q, ωtre =√

τe(mi/me)ωtri ≫ ωtri. (4.11)

Em (4.11), ωtrα é a frequência de circulação, que está associada ao movimento ao longo das

linhas de campo magnético. O comprimento de onda relativo ao movimento paralelo pode ser

representando pela expressão:λ‖ = 2πqR0/|m−nq|, onde observa-se que λ‖ → ∞ nas superfícies

magnéticas racionais em que q = m/n. Superfícies magnéticas racionais são aquelas em que

as linhas de campo se fecham sobre sí mesmas (q racional) e, por serem caracterizadas por

instabilidades devidas a ressonâncias que nelas ocorrem, tem relevada importancia em diversos

fenômenos em física de tokamaks.

Para resolver (4.9), em uma primeira aproximação, podemos considerar gm = 0 para |m| ≥ 2,

ou seja, levando em conta apenas o efeito de primeiros harmônicos. Com o uso desta aproxima-

ção, que é válida para krρi ≪ 1, obtemos a solução:

g(α)0 =

(J0αeα/Tα)FMα

1− Ω2trα − Ω2

dα/2

[

(1− Ω2trα)Φ0 − i

Ωdα

2(Φ1 − Φ−1)− i

ΩdαΩtrα

2(Φ1 + Φ−1)

]

, (4.12)

g(α)±1 =

1

1∓ Ωtrα

(

±iΩdα

2g(α)0 + J0α

eαTΦ±1FMα

)

, (4.13)

na qual o denominador de (4.12) pode ser aproximado por

1

1− Ω2trα − Ω2

dα/2=

1

1− Ω2trα

+1

2

Ω2dα

(1− Ω2trα)

2+O(Ω4

dα). (4.14)

Na forma trigonométrica, as eqs. (4.12) e (4.13), a partir do uso das relações g(α)s = −i(g(α)1 − g

(α)−1 )

e g(α)c = g

(α)1 + g

(α)−1 , podem ser expressas como:

g(α)0 =

J0αeα/Tα

1− Ω2trα

[(

1 +Ω2

2− Ω2

trα

)

Φ0 +Ωdα

2Φs + i

ΩdαΩtrα

2Φc

]

FMα, (4.15)

g(α)s =J0αeα/Tα

1− Ω2trα

(

ΩdαΦ0 + Φs + iΩtrαΦc

)

FMα, (4.16)

g(α)c =J0αeα/Tα

1− Ω2trα

[

−iΩdαΩtrαΦ0 − iΩtrαΦs + Φc

]

FMα. (4.17)

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Ao longo desta tese, consideramos este modelo para a obtenção de modos de frequências no

intervalo ωtri < ω ≪ ωtre. Não levamos em conta o efeito finito da massa de elétron, ou seja,

me/mi ≈ 0, de forma que ωtre → ∞. A seguir investigamos os efeitos do movimento paralelo

das partículas, os quais estão relacionados com o valor da frequência ωtri. A metodologia

que adotamos para o estudo deste movimento segue uma ordem gradativa de dificuldade com

relação ao desenvolvimento algebrico. Desta forma, primeiramente consideramos q → ∞ ou,

seja, ωtri = 0, entretatanto a condição mi/qme → ∞ deve ser considerada simultaenamente, o

que se traduz para ωtre → ∞. Em um segundo passo, ωtri/ω ≪ 1 é considerado, assumindo que

ω é real, o que nos permite obter correções O(q−2) para a frequência dos GAMs. Mesmo com

esta consideração, ainda não estariamos levando em conta um importante efeito, a dissipação

não colisional conhecida por amortecimento de Landau [30], o qual é incluido no final desta

seção na terceira etapa. Nesta etapa, ω é visto como uma frequência complexa em princípio, e,

em termos da função de dispersão de plasma [95], Z(x), o resultado para ωtri ∼ ω é obtido.

4.1.1 Limite de fluido com k‖vTi= 0 (q → ∞)

Antes de iniciar o cálculo algebrico a partir da aproximação k‖vTi= 0, discutimos a respeito

da densidade de partículas, a qual é utilizada na obtenção da relação de dispersão. A densi-

dade de partículas, por sua vez, é obtida pela integração, no espaço de velocidades, da função

distribuição, ou seja,

nα =⟨

= n(C)α + n(G)

α , (4.18)

onde, para uma grandeza genérica da forma Xα = Xα(t, r, v⊥, v‖, γ), definimos “〈〉” como

X(macroscópico)α (r, t) = 〈X〉 =

vd3vX(partícula)

α , d3v = dγdv‖dv⊥v⊥. (4.19)

Em (4.18), n(C)α e n

(G)α representam, respectivamente, as contribuições cilíndrica (simétrica em

relação a θ) e geodésica (sensível a curvatura geodésica do campo magnético e não simétrica em

relação a θ) para a densidade de partículas. De acordo com (4.1), segue que

n(C) = eαΦ

∂FMα

∂Eα

= −eαΦ

TαFMα

, n(G) =⟨

gαeik⊥·ρα

. (4.20)

Para elétrons, como ωtre → ∞, Ωtre → ∞ pode ser considerado em (4.15), (4.16) e (4.17),

de forma que

g(e)0 =

−eΦ0

TeFMe

e g(e)s = g(e)c = 0, (4.21)

69

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e, consequentemente,

n(C)e =

en0

Te(Φ0 + Φs sin θ + Φc cos θ), n(G)

e ≈ −en0

TeΦ0. (4.22)

Note que 〈FMe〉 = 〈FMi

〉 = n01 e, com relação a contribuição geodésica, utilizamos a relação

〈exp(−ik⊥ · ρe〉 = J0(k⊥ρe) ≈ 1, pois podemos desprezar o efeito de raio de Larmor finito (FLR)

para elétrons.

A contribuição cilíndrica para íons é analoga a de elétrons, ou seja, a densidade tem uma

resposta de Boltzmann,

n(C)i

n(C)e

= −τe, τe =Te

Ti. (4.23)

No entanto, com relação à contribuição geodésica, a resposta é completamente diferente. Con-

sideramos a seguir o caso ωtri/ω = 0 e, consequentemente Ωtri = 0, de acordo com (4.11), de

forma que o resultado para ni(G) pode ser expresso como:

n(G)i =

en0

Ti

[(

I(i)0 +

I(i)2

2

)

Φ0 +I(i)0

2Φs

]

+

[

I(i)1 Φ0 + I

(i)0 Φs

]

sin θ + I(i)0 Φc cos θ

, (4.24)

onde as integrais I(i)n =

J20i(Ωdi/ω)

n⟩

, n = 0, 1, 2 são calculadas em F.2 e podem ser apro-

ximadas por: I(i)0 = 1 − k2rρ

2i /2, I

(i)1 = krρi/Ω e I

(i)2 = (7/4)k2rρ

2i /Ω

2 em (4.24). Note que,

analogamente ao capítulo anterior, consideramos a frequência normalizada, mas definida de

forma diferente aqui, ou seja,

Ω =ω

ωi=

ωR0

vTi

. (4.25)

Segue, portanto, que o cálculo da densidade perturbada total de íons e de elétrons, em primeira

ordem, resulta em

ni

en0/Ti=

1

2

[

(−Ω2 + 7/4)k2rρ

2i

Ω2Φ0 +

krρiΩ

Φs

]

+krρiΩ

Φ0 sin θ,

ne

en0/Ti= τi(Φs sin θ + Φc cos θ), τi =

Ti

Te. (4.26)

Para obter a frequência dos GAMs, empregamos a condição de quasi-neutralidade,

e(ni − ne) = 0, (4.27)

na qual substitimos os valores das densidades perturbadas de íons e de elétrons mostrados em

1Este resultado é imediato se observarmos que a integral do primeiro momento da função distribuiçãoé a densidade de partículas (n0) e se considerarmos a condição de quasi-neutralidade, ni = ne = n0.

70

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(4.26), o que resulta na equação:

1

2

[(

−Ω2 +7

4

)

k2rρ2i Φ0 +ΩkrρiΦs

]

+

(

ΩkrρiΦ0 − τiΩ2Φs

)

sin θ − τiΩ2Φc cos θ = 0, (4.28)

que é válida para Ω 6= 0 e é satisfeita para θ arbitrário se, e somente se,

Φc = 0, Φs = τekrρiΩ

Φ0,

(

−Ω2 +7

4+ τe

)

k2rρ2i Φ0 = 0. (4.29)

Note que (4.28) e (4.29) sugerem a relação Φm = O(kmr ρmi )Φ0, a qual pode ser utilizada em

modelos que mais abrangentes. A última relação em (4.29) resulta na frequência dos GAMs,

ωGAM = Ωg0vTi

R0, Ω2

g0 =7

4+

Te

Ti. (4.30)

a qual concorda com o valor obtido pela teoria de dois fluidos com viscosidade paralela, conforme

(3.122).

A seguir, considerando k‖vTifinito, porém k‖vTi

≪ ω, obtemos correções de O(q−2) para a

frequência mostrada em (4.30).

4.1.2 Limite de fluido com k‖vTifinito (q ≫ 1)

No limite de fluido, utilizamos a seguinte expansão em série,

1

1− Ω2tri

= 1 + Ω2tri +O(Ω4

tri), (4.31)

em (4.15), (4.16) e (4.17) e, ao desprezar termos de O(Ω3tri), a relação de dispersão, escrita na

forma matricial, fica

e2n0

Ti

(

1 sin θ cos θ)

R00 R0s R0c

Rs0 Rss Rsc

Rc0 Rcs Rcc

Φ0

Φs

Φc

= 0, (4.32)

onde os elementos da matriz central são definidos pelas seguintes expressões:

R00 = I(i)00 − 1 +

1

2(I

(i)20 + I

(i)22 ) =

1

2

[

−Ω2 +7

4+

23

8

1

q2Ω2

]

k2rρ2i

Ω2,

R0s =1

2Rs0 =

1

2(I

(i)10 + I

(i)12 ) =

1

2

(

1 +1

q2Ω2

)

krρiΩ

,

Rss = Rcc = I(i)02 − τi =

1

2q2Ω2− τi,

R0c = −1

2Rc0 =

i

2I(i)11 = 0, Rsc = −Rcs = iI

(i)01 = 0, (4.33)

71

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onde as integrais da forma I(i)ab =

J20iΩ

adiΩ

btri

, com a, b = 0, 1, 2, são computadas em F.2. Para

que não haja a solução trivial, impõem-se que o determinante da matriz central de (4.32) seja

nulo, ou seja,

R2ss

(

R00 − 2R2

0s

Rss

)

= 0. (4.34)

Da condição Rss = 0 obtemos a frequência sigular no ramo acústico de íons:

ωsw0 = Ωs0vTi

R0= k‖cse, Ω2

s0 =τe2q2

, (4.35)

onde cse =√

Te/mi é a velocidade do som no limite de íons frios (Ti ≪ Te), pois c2s =√

(γiTi + γeTe)/mi e γe = 1.

Para Rss 6= 0, segue que

(

−Ω2 +7

4+ τi

23

4

Ω2s0

Ω2+

τe + 4Ω2s0/Ω

2

1− Ω2s0/Ω

2

)

k2rρ2i

Ω2= 0. (4.36)

Note que no limite Ωs0 → 0 (q → ∞), a solução mostrada em (4.30) é obtida. Considerando

krρi 6= 0, as soluções de (4.36) em Ω2 são obtidas a partir da seguinte equação bi-cúbica:

Ω6 − (Ω2g0 +Ω2

s0)Ω4 −

(

23

4τi +

9

4

)

Ω2s0Ω

2 +23

4τiΩ

4s0 = 0, τi =

Ti

Te. (4.37)

Pelo fato de não levarmos em conta gradientes de densidade e de temperatura (fontes de ins-

tabilidades) e efeitos cinéticos nesta seção, as únicas soluções de (4.37) com significado físico

são as positivas. Estas soluções podem ser determinadas analiticamente de forma aproximada,

pois elas possuem ordens de gradezas distintas:Ω1 ∼ 1 e Ω2 ∼ Ωs0, onde Ωs0 ≪ 1. Para a

determinação da primeira, podemos desprezar o último termo do lado esquerdo em (4.37), que é

de O(Ω4s0). Com relação a segunda solução, podemos desprezar Ω6 em (4.37), obtendo também

uma equação bi-quadrática. No primeiro caso, a equação a ser resolvida é dada por:

Ω4 − (Ω2g0 +Ω2

s0)Ω2 −

(

23

4τi +

9

4

)

Ω2s0 = 0. (4.38)

Das soluções de (4.38),

Ω2 =Ω2

g0

2

[

1 +

(

7

4+ τe

)

Ω2s0

Ω2g0

]

[

1±√

1 +(23τi + 9)Ω2

s0/Ω2g0

(1 + Ω2s0/Ω

2g0)

2

]

(4.39)

a única com significado físico, que representa GAMs com correções em q, é a solução positiva,

72

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a qual pode ser aproximada quando Ωs0/Ωg0 ≪ 1, ou seja,

ωGAM =

(

Ω2g0 +

Ω2s1

Ω2g0

)1/2 vTi

R0+O(q−4)

vTi

R0, (4.40)

onde

Ωs1 =

(

23

4τi + 4 + τe

)1/2

Ωs0. (4.41)

Admitindo Ω ∼ Ωs0, a eq. (4.37) pode ser aproximada para

Ω4 +

(

23

4τi +

9

4

)

Ω2s0

Ω2g0

Ω2 − 23

4τiΩ2

s0

Ω2g0

Ω2s0 = 0, (4.42)

cuja solução válida, que representa SWs, é dada por

ωSW =

[√

1 +4(7 + 4τe)τe

23(1 + 9τe/23)2− 1

]1/2(

23

8τi +

9

8

)1/2Ωs0

Ωg0

vTi

R0. (4.43)

Note que no limite de íons frios, τe → ∞, ΩSW → 1/q, em acordo com a teoria da MHD ideal

se considerado γe = 1. No entanto, para τi finito, ΩSW < 1/q, de forma que, no espectro de

frequência, esta solução esta abaixo da frequência acústica de ions.

Com a substituição dos valores de Ωg0, Ωs0 e Ωs1 em (4.40), obtemos a forma final da

frequência de GAMs,

ωGAM =

[(

7

4+

Te

Ti

)

+1

q2

(

23

8+ 2

Te

Ti+

1

2

T 2e

T 2i

)(

7

4+

Te

Ti

)−1]1/2 vTi

R0, (4.44)

que está de acordo com o resultado obtido anteriormente em [64,92] (veja, nestas Refs., as eqs.

(6) e (46) respectivamente).

No limite de íons frios (Ti ≪ Te), a solução apresentada em (4.44) converge para o valor

obtido pelo modelo da MHD ideal [25], se considerarmos γe = 1, de acordo com (3.99) e (3.100).

Esta observação foi feita anteriormente por A. I. Smolyakov [92], e, neste caso, a frequência

pode ser aproximada por:

ωGAM ≈(

2 +1

q2

)1/2 cseR0

, cse =

Te

mi. (4.45)

A partir de (4.32), (4.33) e (4.44) segue que

Φc = 0, Φs = −2R0s

RssΦ0 =

τeΩ2 + 2Ω2

s0

Ω2 − Ω2s0

krρiΩ

Φ0, (4.46)

73

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onde observa-se que Ω = Ωs0, assim como em (4.36), representa uma singularidade.

4.1.3 Dissipação de Landau em GAMs (ω > k‖vTi)

Para valores baixos de q, a expansão em série, em (4.31), não pode ser utilizada, de forma

que ao desenvolver as equações os resultados dependerão da função de dispersão de plasma [95],

que é definida como:

Z(ζ) =1√π

∫ ∞

−∞dx

e−x2

x− ζ, (4.47)

onde x é real e ζ complexo, com sua parte imaginária, Im(ζ), podendo assumir valores positivo,

negativo ou nulo, mediante o método de prolongamento analítico. Para a obtenção de resultados

analíticos, considera-se |Im(ζ)| ≪ |Re(ζ)|, de forma que este modelo se aplica exclusivamente

ao estudo de modos fracamente instáveis ou amortecidos.

O cálculo dos termos da matriz central de (4.32) resulta, em termos da função dispersão,

resulta em:

R00 = L(i)0 − 1 +

1

2L(i)2 − L(i)

02 = −1

2

3

2ζ2α + ζ4α +

(

1

2ζα + ζ3α + ζ5α

)

[Z(ζα)− i√πe−ζ2i ]

k2rρ2i

Ω2,

R0s =1

2Rs0 =

1

2L(i)1 = −1

2

ζ2i +

(

1

2ζi + ζ3i

)

[Z(ζi)− i√πe−ζ2i ]

krρiΩ

,

Rss = Rcc = L(i)0 − 1− τi = −

1 + τi + ζi[Z(ζi)− i√πe−ζ2i ]

,

R0c = −1

2Rc0 =

i

2L(i)11 ∝ e−ζ2i , Rsc = −Rcs = iL(i)

01 ∝ e−ζ2i , (4.48)

onde ζi = qΩ e Ω = ΩR + iΓ. Em (4.48) utilizamos as seguintes definições:

L(α)a =

J20αΩ

adα

1− Ω2trα

e L(α)ab =

J20αΩ

adαΩ

btrα

1− Ω2trα

, a, b = 0, s, c, (4.49)

cujos cálculos são efetuados em F.3 e F.4.

A relação de dispersão,

R2ss

[(

1 +R2

sc

R2ss

)

R00 − 2(R2

0s −R20c)

Rss− 4

R0sR0cRsc

R2ss

]

= 0, (4.50)

é obtida a partir de (4.32) e (4.48), onde os valores de Rab são calculados considerando-se a

forma aproximada de Z(ζi), conforme (F.24), para ζi ≫ 1. Com este procedimento, a partir da

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substituição dos termos dominantes em (4.50),

R00 =1

2

[

−Ω2 +

(

7

4+

23

8

1

ζ2i+ i(σ − 1)

√πζ5i e−ζ2i + i(σ − 1)

√πζ3i e−ζ2i

)]

k2rρ2i

Ω2,

R0s =1

2

(

1 +1

ζ2i+ i(σ − 1)

√πζ3i e−ζ2i

)

krρiΩ

, Rss = −(

τi −1

2ζ2i+ i(σ − 1)

√πζie

−ζ2i

)

. (4.51)

em (4.50), não levando em conta termos de ordem e−2ζ2i , resulta a forma final:

−Ω2 +Ω2g0 +

Ω2s1

Ω2+ i(σ − 1)

[

1 + 2(2 + τi)Ω2

s0

Ω2

]√πq5Ω5e−q2Ω2

= 0. (4.52)

Note que para σ = 1 retomamos o limite de fluido, cujos resultados foram apresentados ante-

riormente. Com a escolha correta, σ = 2, que representa o caso em ocorre amortecimento de

Landau, obtemos a relação correta.

A razão física para que estes modos sejam amortecidos está baseada no fato de o integrando

da integral com relação a velocidade paralela é uma função gaussiana e, portanto, o número de

partículas com velocidades inferiores a velocidade de fase da onda (vph), a qual está localizada

na cauda da distribuição, é maior do que o número de partículas com velocidades superiores

a vph. Em consequência, há mais partículas que recebem energia da onda do que partículas

que cedem energia a ela, de forma que, com a perda de energia, a onda é amortecida devido a

interação onda-partícula média, ou efeito de Landau [30].

Nesta seção, pelo fato de estarmos interessados nos valores de frequências e taxas de amor-

tecimento somente em primeira ordem, os quais são apresentados incluindo a próxima ordem

na seção 4.3, considerando Ω = ΩR + iΓ, com Γ < 0 e |Γ| ≪ |ΩR|, a equação a ser resolvida

pode ser aproximada por:

D(Ω) = F(Ω) + iK(Ω) = 0,

F ≈ Ω2 − (7/4 + τe), K ≈ √πq5Ω5e−q2Ω2

. (4.53)

Para resolver (4.53), utilizamos um procedimento iterativo baseado na expansão em série de

Taylor para Ω = ΩR em primeira ordem. Inicialmente consideramos a aproximação em série:

D(Ω) ≈ F(ΩR) + iK(ΩR) + iΓ

(

∂F∂Ω

+ i∂K∂Ω

)∣

Ω=ΩR

= 0. (4.54)

Posteriormente, isolando parte real de imaginária em (4.54), onde ambas devem se anular,

obtemos as relações:

F (ΩR) = 0, (4.55)

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Γ = − K(ΩR)

F ′(ΩR), F ′ =

∂F∂Ω

, (4.56)

nas quais desprezamos o termo −ΓK′(ΩR) em (4.55) por ser muito pequeno. O último passo,

consiste em resolver (4.55) para obter ΩR e, finalmente, substitui-lo em (4.56), o que permite a

obtenção de Γ.

Em uma primeira aproximação, segue que

ΩR ≈ 7

4+ τe, Γ ≈ −

√π

2q2Ω5

Re−q2Ω2

R . (4.57)

É possível avaliar o modelo por meio do cálculo numérico de Γ/ΩR. Para q = 1 e τe = 3, ou

seja, próximo do centro da coluna de plasma, |Γ|/ΩR ≈ 0.17. Conforme nos aproximamos da

borda, este valor diminui drasticamente. Por exemplo, supondo q = 2, τe = 1, |Γ|/ΩR ∼ 10−4.

Concluímos, portanto, que o amortecimento de GAMs é importante apenas para q baixo, o

que normalmente ocorre no centro da coluna de plasma e, a partir deste modelo, o efeito do

amortecimento de Landau para íons é teoricamente descrito com bastante precisão. O resultado

que obtivemos para Γ concorda com o obtido em [64,82].

4.2 Discussão sobre aplicações do modelo girocinético

na forma mais geral

A seguir apresentamos uma discussão mais detalhada sobre o modelo girocinético, no qual

consideramos o gradiente radial da função Maxwelliana e o potencial vetor paralelo perturbado

(A‖), o qual descreve perturbações magnéticas perpendiculares. Neste contexto, a equação

girocinética a ser desenvolvida é expressa por:

∂gα∂t

+ (vgα ·∇)gα = eα

(

−∂FMα

∂Eα∂

∂t+

b ×∇FMα

mαωcα

· ik⊥

)

J0α(Φ− v‖A‖), (4.58)

ao invés da versão apresentada em (4.2). Entretanto fα, em termos de gα, permanece inalterada

e, de acordo com (4.1), é expressa como:

fα = eαΦ∂FMα

∂Eα+ gαeik⊥·ρα . (4.59)

Com a utilização de (F.8) e (F.10) em (4.58) resulta que para qualquer m e n, deve ser satisfeita

a seguinte equação:

−iΩdα

2g(α)m−1,n + [1− (m− nq)Ωtrα]g

(α)m,n + i

Ωdα

2g(α)m+1,n = (1−mΩ∗)Ψ

(α)m,n, (4.60)

76

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onde

Ψ(α)m,n = J0α(Φm,n − v‖A‖m,n)

eαTα

FMα, (4.61)

Ω∗α =eαe

ω∗α

ω

[

1 + ηα

(

v2⊥v2Tα

+v2‖

v2Tα

− 3

2

)]

, ω∗α =Tα

eBrLN∼ ρi/LN

r/R0

vTi

R0. (4.62)

A relação entre A‖ e Φ é obtida pela lei de Ampère, ou seja, considerando kr ≫ r−1, resulta

que

J‖ =∑

α=i,e

v‖fα

≈ k2rµ0

A‖, (4.63)

onde fα = fα(Φ, A‖) no caso mais geral.

A equação (4.60), em conjunto com a relação (4.63), é o ponto de partida para a investigação

de inúmeros tipos de modos Alfvênicos e geodésicos e seus correspondentes automodos. Com

estas equações podemos tratar diversos efeitos, tais como efeitos eletromagnéticos (A‖ 6= 0),

efeitos de deriva (ω∗α 6= 0), amortecimento de Landau, etc. No entanto, seguindo o foco

desta tese, consideramos apenas efeitos de deriva e amortecimento de Landau, os quais são

apresentados na próxima seção. Em futuros trabalhos pretendemos desenvolver os outros tópicos

mencionados.

4.3 Efeitos diamagnéticos e amortecimento de Landau

em GAMs

Se considerarmos apenas primeiros harmônicos no regime eletrostático, incluindo gradientes

de temperatura e de densidade provenientes do gradiente da função distribuição de equilíbrio,

as soluções de (4.60) se resumem a

g(α)0 =

J0αeαFMα/Tα

1− Ω2trα − Ω2

dα/2

[

iΩdα

2(1− Ωtrα)(1 + Ω∗α)Φ−1+

(1− Ω2trα)Φ0 − i

Ωdα

2(1 + Ωtrα)(1− Ω∗α)Φ1

]

, (4.64)

g(α)±1 =

1

1∓ Ωtrα

[

±iΩdα

2g(α)0 + J0α

eαTα

FMα(1∓ Ω∗α)Φ±1

]

, (4.65)

77

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ou, de forma alternativa, em componentes senoidais e cossenoidais,

gα0 =eαFMα

TαJ0α

[(

1 +1

2

Ω2dα

1− Ω2trα

)

Φ0 −1

2

(

Ωdα

1− Ω2trα

− ΩdαΩtrαΩ∗α

1− Ω2trα

)

Φs −

i

2

(

ΩdαΩtrα

1− Ω2trα

− ΩdαΩ∗α

1− Ω2trα

)

Φc

]

, (4.66)

gαs =eαFMα

TαJ0α

[

− Ωdα

1− Ω2trα

Φ0 +

(

1

1− Ω2trα

− ΩtrαΩ∗α

1− Ω2trα

)

Φs +

i

(

Ωtrα

1− Ω2trα

− Ω∗α

1− Ω2trα

)

Φc

]

(4.67)

gαc =eαFMα

TαJ0α

[

iΩdαΩtrα

1− Ω2trα

Φ0 − i

(

Ωtrα

1− Ω2trα

− Ω∗α

1− Ω2trα

)

Φs +

(

1

1− Ω2trα

− ΩtrαΩ∗α

1− Ω2trα

)

Φc

]

. (4.68)

A partir da integração no espaço de velocidades de (4.66), (4.67) e (4.68), obtemos os elementos

da matriz central, de acordo com a representação matricial em (4.32). Este cálculo, quando

feito em detalhes, resulta nas seguintes expressões:

R00 = L(i)0 +

1

2L(i)2 − 1, Rss = Rcc = L(i)

0 − L(i)011 − 1− τi,

R0s = −1

2L(i)1 +

1

2L(i)111, Rs0 = −L(i)

1 , Rsc = −Rcs = iL(i)01 − iL(i)

001,

R0c = − i

2L(i)11 +

i

2L(i)101, Rc0 = iL(i)

11 , (4.69)

que, com o uso de (F.36), ao separar partes reais (F) de imaginárias (K), podem ser desenvol-

vidas da seguinte forma:

R(F)00 =

1

2

(

−Ω2 +7

4+

23

8q2Ω2+

9

8q4Ω4

)

k2rρ2i

Ω2,

R(K)00 = −i

√π

2

(

1 +1

q2Ω2+

1

2q4Ω4

)

k2rρ2i

Ω2q5Ω5e−q2Ω2

, (4.70)

R(F)0s = −1

2

(

1 +1

q2Ω2+

9

4q4Ω4

)

krρiΩ

+

R(K)0s = i

√π

2

[

1 +1

2q2Ω2−(

ηiq2Ω2 + 1 +

1 + ηi/2

2q2Ω2

)

Ω∗i

]

krρiΩ

q3Ω3e−q2Ω2

(4.71)

78

Page 89: Relatório Técnico Final Investigação Cinética de Modos ...renee/SENHA/TAXA_BANCADA/relatorio.pdfB Identidades e relações vetoriais 91 B.1 Identidades vetoriais . . . . .

R(F)0c = −

√π

2

[

1

q2Ω2+

1

q4Ω4−(

ηi +1

q2Ω2+

1 + ηi/2

2q4Ω4

)

Ω∗i

]

krρiΩ

q5Ω5e−q2Ω2

,

R(K)0c =

i

2

(

1 + ηi +1 + 2ηiq2Ω2

+9 + 3ηi/4

4q4Ω4

)

krρiΩ

Ω∗i, (4.72)

R(F)s0 = −

(

1 +1

q2Ω2+

9

4q4Ω4

)

krρiΩ

, R(K)s0 = i

√π

(

1 +1

q2Ω2

)

krρiΩ

q3Ω3e−q2Ω2

(4.73)

R(F)ss = −τi +

1

2q2Ω2+

3

4q4Ω4, R(K)

ss = −i√π

[

− 1

q2Ω2+

(

ηi +1− ηi2q2Ω2

)

Ω∗i

]

q3Ω3e−q2Ω2

, (4.74)

R(F)c0 =

√π

(

1 +1

2q2Ω2

)

krρiΩ

q3Ω3e−q2Ω2

, (4.75)

onde Rab = R(F)ab +R(K)

ab (a, b → 0, s, c).

Em ordem dominante, desconsiderando termos quadráticos da função exponencial, o deter-

minante da matriz central em (4.32), o qual pode ser aproximado por

Rss(RssR00 −R0sRs0 −R0cRc0) = 0, (4.76)

ao ser desenvolvido, resulta na seguinte relação de dispersão:

F(Ω) + iK(Ω) = 0, F(Ω) ≈3

j=0

C(F)2j Ω2j , K(Ω) ≈ √

πΩ54

j=0

C(K)j Ωje−q2Ω2

,

C(F)0 = (Ω2

s2 +Ω2*s)Ω

2s0, C

(F)2 = 2Ω2

g0Ω2s0 +Ωs1 +Ω2

*d, C(F)4 = −(Ω2

g0 + 2Ω2s0 +Ω2

∗e),

C(F)6 = 1, C

(K)0 = (3ηi − 2)ηiΩ∗iΩ∗eΩ

2s0, C

(K)1 = (1 + τe)(3ηi − 2)Ω∗iΩ

2s0,

C(K)2 = 2(1 + τi)Ω

2s0 + (ηi − 1)Ω2

∗e, C(K)3 = −1, C

(K)4 = 1. (4.77)

As frequências utilizadas em (4.77) são definidas na tabela 4.1, a qual também mostra os valores

aproximados destas frequências no centro e na borda da coluna de plasma.

79

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Tabela 4.1: Frequências típicas normalizadas (por vTi/R0) relacionadas a efeitos

geodésicos, acústicos de íons e diamagnéticos.

Frequência Expressão analítica τe = 1, q = 3.5 (borda) τe = 3, q = 2 (centro)

Ω2g0

7

4+ τe 2.75 4.75

Ω2s0

τe2q2

2.04× 10−2 1.88× 10−1

Ω2s1

(

23

4τi + 4 + τe

)

Ω2s0 2.19× 10−1 1.68

Ω2*g (1 + τe + ηi)Ω

2∗e (1 + 0.5ηi)

ρ2i /L2N

R20/r

2(2 + 0.5ηi)

ρ2i /L2N

R20/r

2

Ω2*d

(

3

4− ηi

)

Ω2∗e

Ω2s2

(

15

2τi +

9

4

)

Ω4s0

Ω2*s τi

(

η2i +9

2ηi −

17

4

)

Ω2∗e

4.3.1 Soluções no limite de fluido

O limite de fluido é obtido considerando e−q2Ω2 → 0 em (4.77), ou seja, através da resolução

de F(Ω) = 0. Por se tratar de uma equação bi-cúbica e, portanto, difícil de ser solucionada

analiticamente, utilizamos a forma a aproximada desta equação, a qual fornece as soluções

assimptóticas, considerando que as três soluções possuem as seguintes ordens de grandeza:

Ω1 ∼ Ωg0 ∼ 1, Ω2 ∼ Ωs0 ∼ δ ≪ 1 e Ω3 ∼ Ω*e ∼ δ ≪ 1.

• Primeira solução (GAMs): Por se tratar da frequência de valor mais alto, Ω1 ∼ 1,

podemos desprezar C(F)0 = O(δ4). de forma que F = 0 torna-se uma equação quadrática

em Ω2 cuja solução positiva fornece como solução a frequência dos GAMs corrigida pelo

80

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fator de segurança (q) e por efeitos diamagnéticos:

Ω2GAM = Ω2

g0 +Ω2

s1

Ω2g0

+Ω2

*g

Ω2g0

(4.78)

• Segunda solução (SWs): Neste caso, como a solução é Ω2 ∼ δ, o termo Ω6 pode ser

desprezado em (4.77). Admitindo a condição Ωs0 ≫ Ω∗e obtemos assimptoticamente a

frequência de SWs corrigida por efeitos diamagnéticos:

Ω2SW =

(

1 +7

4τ2i

)

Ω2s0 −

[

η2i +

(

1

2+ τe

)

ηi −3

4

(

5

3+ τe

)]

Ω2∗i (4.79)

• Terceira solução (efeito diamagnético): Esta solução corresponde ao caso em que

Ω∗e ≫ Ωs0 e, nos regimes em que ηi ≫ 3/4 ou ηi ≪ 3/4 ela pode ser aproximada por:

Ω2dia =

Ω2*d

Ω2g0

+ fdia(ηi, τe)Ω2

s0

Ω2g0

, (4.80)

onde

f(ηi, τe) =

(

ηi −3

4

)−1[

Ω4g0η

2i +

(

Ω4g0 +

Ω2g0

2− 29

16

)

ηi −(

3

4Ω4

g0 +5

4Ω2

g0 −87

64

)]

. (4.81)

Com relação aos limites assimptóticos de fdia, há dois casos a ser considerado:

– Regime de fraco gradiente de temperatura (ηi ≪ 1): A solução é estável e

pode ser aproximada por

Ωdia =3

4

Ω2∗e

Ω2g0

+

(

Ω4g0 +

5

3Ω2

g0 −29

16

)

Ω2s0

Ω2g0

(4.82)

– Regime de forte gradiente de temperatura (ηi ≫ 1): Este caso se caracteriza

por ser instável e não oscilatório se ocorrer fortes gradientes de densidade, ou seja,

se Ω∗e &√2Ωg0/2q. A taxa de crescimento desta instabilidade pode ser aproximada

por

Γdia =√ηi

(

Ω2∗e

Ω2g0

− τiΩ2s0

)1/2

(4.83)

4.3.2 Efeito cinético (amortecimento de Landau)

Consideramos a seguir o amortecimento dos modos cujas soluções foram apresentadas ante-

riormente.

Utilizando as expressões para obtenção do limite de fluído a partir de valores cinéticos,

81

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mostradas em (F.37) no apêndice F, observa-se que os elementos de matrizes podem ser escritos

como:

R00 ≈1

2

[

−k2rρ2i +

(

7

4+

23

8

ω2tri

ω2

)

ω2di

ω2

]

,

R0s =1

2Rs0 ≈ −1

2

(

1 +ω2

tri

ω2

)

ωdi

ω,

R0c ≈i

2

[

1 + ηi + (1 + 2ηi)ω2

tri

ω2

]

ω∗iωdi

ω2,

Rss = Rcc ≈ −τ +1

2

ω2tri

ω2,

Rsc = −Rcs = −i

[

1 +(1 + ηi)

2

ω2tri

ω2−(

1 + ηi +(1 + 2ηi)

2

ω2tri

ω2

)

k2rρ2i

]

ω∗i

ω,

Rc0 = 0. (4.84)

A substituição dos termos em (4.84) em (4.76) resulta na equação

[

1− 1 + (1 + ηi)ω2tri/2ω

2

(τ − ω2tri/2ω

2)2ω2∗i

ω2

][

−k2rρ2i +

(

7

4+

23

8

ω2tri

ω2

)

ω2di

ω2

]

+

[

−1 + 2ω2tri/ω

2

τ − ω2tri/2ω

2+

1 + ηi + (5/4 + 4ηi + η2i /2)ω2tri/ω

2

(τ − ω2tri/2ω

2)2ω2∗i

ω2

]

ω2di

ω2= 0, (4.85)

que no limite τ ≫ ω2tri/2ω

2, mediante aproximações, pode ser escrita como:

ω6 −[(

7

4+

1

τ

)

ω2i + ω2

∗e

]

ω4 −[(

23

8+

2

τ+

1

2τ2

)

ω2tri +

(

−3

4+ ηi

)

ω2∗e

]

ω2i +

(

1 +1

τ+ ηi

)

ω2triω

2∗e

ω2 −[

1

2η2i +

(

9

4+

1

τ

)

ηi −(

17

8+

3

)]

ω2triω

2∗eω

2i = 0, (4.86)

em ordem dominante. Note que (4.86) é uma equação bi-cúbica e, portanto, em princípio

possui três soluções, porém é necessário que as soluções encontradas sejam fisicamente possíveis.

Consideramos os limites ω∗e ≪ ωi e ωtri ≪ ωi para resolver (4.86) de forma aproximada. No

limite ωtri → 0 a eq. (4.86) pode ser simplificada para

ω2

ω4 −[(

7

4+

1

τ

)

+ ω2∗e

]

ω2 −(

ηi −3

4

)

ω2∗eω

2i

= 0 (4.87)

tendo duas soluções (em ω2) fisicamente aceitáveis,

Ω2+ = ω2

GAM +1 + Te/Ti + ηi7/4 + Te/Ti

ω2∗e e Ω2

− =3/4− ηi

7/4 + Te/Tiω2∗e, (4.88)

as quais foram obtidas no capítulo 3 e são mostradas na eq. (3.130). Para solucionar de

82

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maneira simples (4.86) nos baseamos nas soluções de (4.88) e de (??), supondo, desta forma,

soluções que as soluções são ω2 = O(ω2i ), ω2 = O(ω2

tri) e ω2 = O(ω2∗e). No primeiro caso,

ω2 ∼ ω2i , ao desprezar termos de O(ω2

triω2∗e), segue que (4.86) pode ser aproximada para a

forma bi-quadrática,

ω2

ω4 −[(

7

4+

1

τ

)

ω2i + ω2

∗e

]

ω2 −[(

23

8+

2

τ+

1

2τ2

)

ω2tri +

(

ηi −3

4

)

ω2∗e

]

ω2i

= 0, (4.89)

tendo a seguinte solução fisicamente possível:

Ω21 =

(

7

4+

1

τ

)

ω2i +

23/8 + 2/τ + 1/2τ2

7/4 + 1/τω2

tri +1 + ηi + 1/τ

7/4 + 1/τω2∗e (4.90)

As outra soluções de (4.89) são ω2 = 0 e ω2 ∼ ω2∗e e, portanto, devem ser descartadas pois, nesta

ordem, a eq. (4.86) deve ser usada. Note que esta solução se reduz à expressão apresentada

em (4.44) no limite ω2∗e → 0 e à (4.88) no limite ωtri → 0. Observa-se também, em (4.90), que

tanto a presença do gradiente de densidade quanto do gradiente de temperatura produzem um

aumento da frequência dos modos geodésicos.

Com relação as soluções ω2 = O(ω2∗e) e ω2 = O(ω2

tri), ainda estamos analisando as equações

(4.85) e (4.86). A solução ω2 = O(ω2tri), por exemplo, devido à aproximação, ωtri/τ ≪ ω feita

em (4.85) para obter (4.86), deve ser obtida diretamente de (4.85) .

4.4 Perfís radiais

n0 = n0(1− xαn)βn (4.91)

4.5 Sumário e discussão

A partir do modelo giro-cinético, o qual foi apresentado no capítulo 2, obtivemos a expres-

são analítica para a frequência de GAMs e de SWs considerando amortecimento de Landau e

feitos diamagnéticos nestes modos. Na primeira parte deste capítulo consideramos os efeitos

separadamentPrimeiramente, partindo de uma forma bem simplificada do modelo, com fina-

lidades didáticas e objetivas, obtivemos a frequência no regime cinético dos GAM em ordem

1/q0, sem efeitos diamagnéticos e amortecimento de Landau. Tendo apresentado o modelo e a

metodologia padrão, na segunda etapa incluímos termos de O(q−2) na expressão analítica para

a frequência. Por fim, o amortecimento de Landau e, posteriormente, efeitos diamagnéticos

foram considerados.

As expressões analíticas para a frequência dos GAM que obtivemos concorda com os valores

83

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obtidos em [33, 64, 92]. É importante notar que, apenas no limite de íons frios, Ti ≪ Te, e elé-

trons no regime adiabático (γe = 1), que é um regime razoável de se considerar [96], a expressão

cinética para frequência dos GAM se reduz à expressão obtida no modelo MHD ideal [25, 31].

Neste caso, o índice adiabático efetivo de íons, γ(e)i = 7/4, é ligeiramente reduzido a γi = 5/3,

enquanto que a dinâmica dos elétrons não é influenciada. Com relação a frequência de ondas

de som, ωsw, obtida na seção 4.1.2 observamos que, embora uma analise menos cuidadosa leve

a conclusão de que ela é uma solução, o potencial eletrostático diverge quando esta frequên-

cia é considerada, o que nos leva a concluir que ωsw não pode ser considerado uma solução

válida. Entretanto é importante ter mente a expressão desta frequência, ωsw =√

Te/mi/qR0,

pois espera-se que quando efeitos diamagnéticos sejam considerados, possa existir uma solução

próxima desse valor. Esta expectativa é proveniente do modelo da MHD ideal, considerado no

capítulo 3, quando rotação de equilíbrio, poloidal e toroidal, são incluídas. No limite de íons

frios e elétrons no regime adiabático, ωsw também é um ponto de singularidade, porém, devido

a rotação poloidal de equilíbrio, há uma nova solução de valor próximo a ωsw.

Com relação à efeitos diamagnéticos, ambos os gradientes radiais, de densidade e de tempe-

ratura, provocam um aumento na frequência dos GAM. Entretanto, para a frequência dos ZF, o

gradiente de densidade sozinho faz com que haja uma nova frequência da ordem da frequência de

deriva de elétrons, ω∗e, porém o gradiente de temperatura faz com que esta frequência diminua

e, para ηi > 3/4, este ramo de baixa frequência se torna instável. Desta forma, concluímos que

o gradiente de densidade tem um caráter estabilizador enquanto que o gradiente de temperatura

tende a desestabilizar o plasma. Na continuação desta tese, analisaremos o amortecimento de

Landau nestes novos modos, porém, no modo de baixa frequência, há um particular interesse

devido ao fato de que o amortecimento de Landau e o efeito do gradiente de temperatura podem

competir, definindo, assim, as condições de instabilidades do plasma de forma mais precisa.

Para trabalhos futuros, apresentamos a proposta do estudo de efeitos eletromagnéticos [62,

92] causados por perturbações perpendiculares do campo magnético. Trata-se de um modelo

cujos cálculos são mais extensos principalmente devido a possível necessidade de incluir os

modos toroidais, n 6= 0, além de outros modos poloidais, m = ±2, conforme discutido em [66].

Há um particular interesse em considerar simultaneamente efeitos eletromagnéticos e efeitos

diamagnéticos nos modos GAM e (ou) BAE, conforme discutido em [92].

84

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Capítulo 5

Conclusões e direções futuras

A seguir, apresentamos, primeiramente, uma discussão sobre os modelos de fluido e girociné-

tico e conclusões sobre os resultados obtidos quando à abrangencia de validade destes modelos.

Em seguida, opções para o desenvolvimento de modelos mais abrangentes no que se refere a

inclusão de termos não considerados nesta tese, além de propostas para outros modelos, são

apresentadas e colocadas como direções para trabalhos futuros.

5.1 Modelo de fluídos

No modelo de fluídos consideramos as equações que descrevem diretamente a evolução das

grandezas macroscópicas do plasma, p, n e v, as quais são medidas experimentalmente no

tokamak por meio de diagnósticos adequados. Pelo fato de tratar-se de um modelo mais acessível

para a compreensão física dos fenômenos envolvidos e por permitir o tratamento não linear das

equações, o modelo de fluídos é de suma importância no estudo destes modos. A partir do

modelo da MHD ideal consideramos o efeito de rotação de equilíbrio poloidal e toroidal nos

modos GAM. Conforme mencionado no capítulo 3, a rotação de equilíbrio causa um aumento

na frequência dos GAM e do ZF e faz com que exista um novo ramo de frequência da ordem

da frequência acústica. O incremento da frequência, se considerado o quadrado da frequência,

é da ordem do quadrado do número de Mach (poloidal e toroidal) definidos como a razão

entre a velocidade de rotação e a velocidade do som no plasma. Entretanto observa-se que

não há instabilidades devido a rotação de equilíbrio, o que não ocorre no caso em que efeitos

diamagnéticos são considerados. Neste caso, quando o gradiente de temperatura de íons atinge

um certo valor em relação ao gradiente de densidade, ocorre uma instabilidade no ramo de

frequência dos ZF. A taxa de crescimento desta instabilidade é proporcional à frequência de

deriva de elétrons. Com relação as correções do fator de segurança (q) nas duas frequências

obtidas com o modelo de dois fluídos, incluímos estas no modelo giro-cinético, que, apesar de

apresentar a desvantagem de ser mais difícil de tratar efeitos não lineares, é um modelo mais

85

Page 96: Relatório Técnico Final Investigação Cinética de Modos ...renee/SENHA/TAXA_BANCADA/relatorio.pdfB Identidades e relações vetoriais 91 B.1 Identidades vetoriais . . . . .

completo que permite incluir o amortecimento de Landau, conforme discutimos na próxima

seção.

Em resumo, as principais conclusões podem ser postuladas como:

• A anisotropia da pressão de íons, descrita por meio do tensor de viscosidade paralela

(π‖), desempenha um papel fundamental no modelo de fluídos aplicado a determinação

da frequência dos GAM.

• O gradiente de temperatura de íons é a fonte de energia responsável pela instabilidade

dos ZF e a condição para esta instabilidade depende também do gradiente de densidade.

Em outras palavras, a instabilidade ocorre quando ηi = (∂ lnTi/∂r)/(∂ lnn0/∂r) > 3/4,

ou seja, o gradiente de densidade contribui para a estabilidade dos ZF.

• Para investigar o papel de gradientes de temperatura de elétrons(∂ lnTe/∂r) é necessário

considerar no modelo a perturbação do campo magnético perpendicular (B⊥), o qual

pode ser descrito por meio da formulação do potencial vetor (B = ∇× A) através de A‖

5.2 Modelo cinético

Utilizamos o modelo giro-cinético discutido no capítulo 2 com três objetivos principais:

investigar efeitos diamagnéticos incluindo correções do fator de segurança (q), determinar a

dissipação de Landau devido a partículas ressonantes e desenvolver os cálculos, partindo da

forma mais geral do modelo, para, em trabalhos futuros, investigar efeitos eletromagnéticos,

simultaneamente, se possível, com os outros efeitos mencionados. Por questões didáticas, da

mesma como no modelo de fluídos, consideramos cada um dos efeitos separadamente antes de

considera-los em conjunto. Primeiramente obtivemos as correções do fator de segurança e a

frequência acústica, que, apesar de não ser uma solução válida na ausência de rotação (e efeitos

diamagnéticos), é um valor importante. Até este ponto, a componente cossenoidal do potencial

eletrostático é nula. Posteriormente considerando a presença de gradientes de densidade e

temperatura de íons, obtivemos uma equação bi-cúbica como relação de dispersão, de forma

que, por meio de aproximações adequadas determinamos a frequência dos GAM afetada por

efeitos diamagnéticos e corrigida, em primeira ordem, pelo fator de segurança. Esperamos obter

mais duas soluções a partir desta equação, a qual analisaremos posteriormente. Observamos

que, assim como ocorre no caso de rotação de equilíbrio, ao considerar efeitos diamagnéticos,

a componente cosseno da densidade perturbada é não nula e, além disso, surge a componente

cosseno do potencial eletrostático, a qual é proporcional a frequência de deriva de elétrons. Na

equação bi-cúbica a que chegamos aparece termo de O(η2i ), o qual pode revelar algum fenômeno

novo não identificado quando ignoramos correções do fator de segurança.

Pretendemos prosseguir o capítulo 4 com as seguintes atividades:

86

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• Analisar a equação bi-cúbica da relação de dispersão com o intuito de encontrar mais

duas soluções fisicamente possíveis. É possível que, assim como no caso de rotação de

equilíbrio, exista uma solução cuja frequência está no ramo acústico. Para achar esta

solução é necessário considerar correções de O(q−2).

• Considerar o efeito da dissipação de Landau simultaneamente com efeitos diamagnéticos.

Para isso, é necessário substituir as integrais de Landau na expressão já obtidas para a

relação de quasi-neutralidade, o que deixará os cálculos mais extensos. Ao considerar estes

dois efeitos, podemos compreender as condições em que os GAM (ZF) são amortecidos

ou instáveis.

5.3 Propostas para trabalhos futuros

Para concluir a tese, pretendemos dar prosseguimento à proposta de investigar o efeito de

partículas aprisionadas nos GAM. O penúltimo capítulo da tese, cujo objetivo é apresentar

este estudo e os resultados provenientes dele, será baseado nos seguintes artigos publicados:

[86–89]. Em nosso modelo, partiremos da equação giro-cinética, analogamente a [86], onde o

efeito de partículas aprisionadas em SAW de baixas frequências é investigado. A teoria sobre

como considerar o efeito de partículas aprisionadas na equação giro-cinética é apresentada no

capítulo 4 de [57]. Também consideramos importante incluir o estudo da dinâmica das partículas

aprisionadas na tese, o qual é discutido de forma clara no capítulo 7 de [42].

Em resumo, no período restante do doutorado (1 ano), pretendemos proceder, em ordem

cronológica, com as seguintes atividades:

• Investigar efeitos diamagnéticos nos GAM na presença da dissipação de Landau, finali-

zando, assim, o capítulo 4. Ao realizarmos este estudo, faremos uma revisão bibliográfica

sobre o assunto em questão para definirmos as condições e a possibilidade de publicação.

Apresentaremos este trabalho, caso nosso resumo seja aceito, na Conferência Europeia de

Física deste ano, conforme mencionado no apêndice G.

• Iniciar o estudo do efeito de partículas aprisionadas nos GAM e escrever o penúltimo ca-

pítulo referente a este tema. Dependendo dos resultados encontrados e de sua relevância

na área de fusão, procederemos com as etapas necessárias para publicação deste estudo,

ou seja, revisão bibliográfica e pesquisa sobre o jornal adequado para os resultados. Acre-

ditamos que as atividades descritas no item anterior e neste item são suficientes para

completar a tese e defender. Terminado a tese pretendemos prosseguir com as propostas

de pesquisa descrita no próximo item.

• Ao finalizar a tese, pretendemos, primeiramente, estudar o modelo de efeitos eletromag-

néticos nos GAM, baseado em [62,92] e, a partir da compreensão mais apurada adquirida,

87

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pretendemos incluir efeitos diamagnéticos também. Com isso, esperamos determinar a

contribuição proveniente do gradiente de temperatura de elétrons nos GAM. Um ou-

tro tema, a que nos interessa muito, é o estudo de propriedades dispersivas dos GAM.

Para obter resultados e, consequentemente adquirir uma maior compreensão sobre este

tema, pretendemos resolver a equação giro-cinético como fizemos no capítulo 4, porém,

estendendo a solução a termos de O(k4rρ4i ) e, devido a necessidade, considerar segundos

harmônicos, m = ±2, da função distribuição na equação giro-cinética inicial.

88

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Apêndice A

Cálculo numérico de parâmetros e

grandezas características do TCABR

A.1 Constantes da Física

Símbolo Grandeza física Valor numérico Unidades (SI)me Massa de repouso do elétron 9, 11× 10−31 kgmp Massa de repouso do próton 1, 67× 10−27 kge Carga elétrica elementar 1, 60× 10−19 Cε0 Permitividade no vácuo 8, 85× 10−12 Fm−1

µ0 Permeabilidade no vácuo 4π × 10−7 Hm−1

h Constante de Planck 6, 63× 10−34 Jsk Constante de Boltzmann 1, 38× 10−23 JK−1

89

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A.2 Parâmetros do tokamak TCABR

Tabela A.1: Parâmetros do TCABR no Instituto de Física da Universidade de São Paulo(IFUSP)

Nome do parâmetro Simbolo ValorRaio maior R0 0,61 mRaio do plasma a 0,18 mCampo magnético toroidal BT 1,2 TCorrente de plasma IP 7− 9.104 AFator de segurança no centro q0 1Fator de segurança na borda qa 5Densidade de íons no centro ni0 3.1019m−3

Densidade de íons na borda nia 1.1018m−3

Temperatura de elétrons no centro no centro kBTe0 500 eVTemperatura de elétrons no centro na borda kBTea 15 eV

A.3 Grandezas características do tokamak TCABR

Tabela A.2: Frequências e parâmetros característicos para o tokamak TCABRParametro Expressão algébrica Valor numérico

ωci B 1.2× 108 rad/s

ωce ωci 2.2× 1011 rad/s

vTi

√Ti 5.4× 104 m/s

vTe

√τevTi

2.3× 106 m/s

ρi√Ti 4.5× 10−4 m

ρe√τevTi

1.0× 10−5 m

cs√

(γi + γeτe)Ti 1.0× 10−5 m

90

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Apêndice B

Identidades e relações vetoriais

Neste apêndice apresentamos identidades e relações vetoriais de fundamental importância

para os cálculos do apêndice D e do capítulo 3. Tais relações muitas vezes envolve o operador

gradiente, ∇, que na maioria dos casos é conveniente escrito em termos de coordenadas quasi-

toroidais. As relações e identidades aqui apresentadas podem ser encontradas em [39,97,98].

B.1 Identidades vetoriais

(A× B) ·C = (B ×C) ·A = (C ×A) · B (B.1)

A× (B ×C) = (A ·C)B − (A · B)C (B.2)

(A× B) · (C ×D) = (A ·C)(B ·D)− (A ·D)(B ·C) (B.3)

B.2 Identidades e teoremas fundamentais

∇ · (∇×A) = 0, ∇× (∇f) = 0 (B.4)

V∇ ·AdV =

SA · dS,

S(∇×A) · dS =

lA · dl (B.5)

91

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B.3 Identidades envolvendo o operador ∇

∇ · (fA) = f∇ ·A+A ·∇f (B.6)

∇× (fA) = f∇×A+∇f ×A (B.7)

∇ · (A× B) = (∇×A) · B − (∇× B) ·A (B.8)

∇× (A× B) = (∇ · B)A− (∇ ·A)B + (B ·∇)A− (A ·∇)B (B.9)

A× (∇× B) + B × (∇×A) = ∇(A · B)− (A ·∇)B − (B ·∇)A (B.10)

∇× (∇×A) = ∇(∇ ·A)−∇2A (B.11)

∇ · (AB) = (∇ ·A)B + (A ·∇)B (B.12)

B.4 Gradiente, Divergente, Rotacional e Laplaciano

em coordenadas cilíndricas

∇Ψ =∂Ψ

∂ReR +

1

R

∂Ψ

∂ϕeϕ +

∂Ψ

∂ZeZ (B.13)

∇ · B =1

R

∂(RBR)

∂R+

1

R

∂Bϕ

∂ϕ+

∂BZ

∂Z(B.14)

∇× B =

[

1

R

∂BZ

∂ϕ− ∂Bϕ

∂Z

]

eR +

[

∂BR

∂Z− ∂BZ

∂R

]

eϕ +1

R

[

∂(RBϕ)

∂R− ∂BR

∂ϕ

]

eZ (B.15)

∇2Ψ =1

R

∂R

(

R∂Ψ

∂R

)

+1

R2

∂2Ψ

∂ϕ2+

∂2Ψ

∂Z2(B.16)

92

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B.5 Gradiente, Divergente e Rotacional em coordena-

das quasi-toroidais

∇Ψ =∂Ψ

∂rer +

1

r

∂Ψ

∂θeθ +

1

R

∂Ψ

∂φeφ, (B.17)

∇ · B =1

Rr

[

∂r(RrBr) +

∂θ(RBθ) + r

∂Bφ

∂φ

]

e (B.18)

∇× B =

1

R

[

(

1

r

∂(RBφ)

∂θ− ∂Bθ

∂φ

)

er +

(

∂Br

∂φ− ∂(RBφ)

∂r

)

eθ +R

r

(

∂(rBθ)

∂r− ∂Br

∂θ

)

]

. (B.19)

∇2Ψ =1

Rr

[

∂r

(

Rr∂Ψ

∂r

)

+∂

∂θ

(

R

r

∂Ψ

∂θ

)

+∂

∂φ

(

r

R

∂Ψ

∂φ

)]

(B.20)

B.6 Derivativos de versores em coordenadas cilíndricas

∂eR∂R

=∂eϕ∂R

=∂eR∂R

= 0,∂eZ∂ϕ

= 0,∂eR∂Z

=∂eϕ∂Z

=∂eZ∂Z

= 0, (B.21)

∂eR∂ϕ

= eϕ,∂eϕ∂ϕ

= −eR. (B.22)

B.7 Derivativos de versores em coordenadas quasi-toroidais

∂er∂r

=∂eθ∂r

=∂eφ∂r

= 0,∂eφ∂θ

= 0, (B.23)

∂er∂θ

= eθ,∂eθ∂θ

= −er, (B.24)

93

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∂er∂φ

= − cos θeφ,∂eθ∂φ

= − sin θeφ,∂eφ∂φ

= − cos θer + sin θeθ. (B.25)

É conveninete observar a seguinte relação entre os sistemas de coordenadas apresentados acima:

eR = cos θer − sin θeθ, eϕ = −eφ, eZ = sin θer + cos θeθ. (B.26)

94

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Apêndice C

Obtenção das expressões analíticas

referentes à análise de equilíbrio com

rotação

O principal intuito deste apêndice mostrar a metodologia para obtenção das equações (3.17)–

(3.19), que descrevem o equilíbriio MHD com rotação poloidal e toroidal.

C.1 Relações envolvendo B e J

Inicialmente, a partir do campo magnético de equilíbrio [47],

B = F∇φ+∇φ×∇Ψ, (C.1)

a densidade de corrente a ele associado pode ser obtida pelo uso das identidades (B.7) e (B.9),

resultando em

J = µ−10 ∇× B = µ−1

0 [−∇φ×∇F + (∇ ·∇Ψ)∇φ+ (∇Ψ ·∇)∇φ− (∇φ ·∇)∇Ψ], (C.2)

Para o desenvolvimento algébrico de (C.2), podemos escrever os dois últimos termos do lado

direito em coordenadas cilíndricas, de acordo com (B.13), considerando para isso φ = −ϕ, ou

seja, de forma explícita segue que

(∇Ψ ·∇)∇φ− (∇φ ·∇)∇Ψ =

∂Ψ

∂R

∂R

(−eϕR

)

+1

R2

∂ϕ

(

∂Ψ

∂ReR

)

=2

R2

∂Ψ

∂Reϕ = R2

[

(

1

R2

)

·∇Ψ

]

∇φ. (C.3)

Com o uso de (C.3) e de (B.6) torna-se conveniente expressar a densidade de corrente em termos

95

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do operador de Shafranov, ∆∗Ψ = ∇ · (∇Ψ/R2), de forma que

J = µ−10 (R2∆∗Ψ∇φ−∇φ×∇F ). (C.4)

A partir das expressões analítica para B e J apresentadas acima, obtem-se

∇φ× B = −∇Ψ

R2, (∇φ×∇Ψ)× B =

F

R2∇Ψ,

∇Ψ× B = |∇Ψ|2∇φ− F (∇φ×∇Ψ) = B2R2∇φ− FB, B2 =

F 2 + |∇Ψ|2R2

, (C.5)

∇φ× (∇× B) =∇F

R2, (∇φ×∇Ψ)× (∇× B) = −(∆∗Ψ)∇Ψ− (B ·∇F )∇φ,

∇Ψ× (∇× B) = −R2∆∗Ψ(∇φ×∇Ψ)− (∇Ψ ·∇F )∇φ, (C.6)

onde foram utilizadas as identidades (B.2) e, com relação a simetria azimutal, ∇φ · ∇f = 0

(para qualquer função f) em (C.5) e (C.6).

O termo devido a força magnétcia é calculado abaixo utilizando (C.6),

J × B = − 1

µ0R2

[

(∆∗Ψ)∇Ψ+1

2∇F 2 − (B ·∇F )R2

∇φ

]

, (C.7)

C.2 Relações para V

Propriedades importantes da velocidade de equilíbrio podem ser determinadas a partir da

lei de Ohm e a equação da continuidade,

E + V × B = 0, (C.8)

∇ · (ρV) = 0, (C.9)

onde, na primeira, desconsideramos o efeito diamagnético, condizente com a ordem MHD.

De (C.8), segue que V = V′ + CB, com V′ ⊥ B, é uma solução possível, onde V′ pode ser

determinado a partir do produto de B/B2 com (C.8),

V′ =E × B

B2=

F∇φ×∇Φ− (∇Ψ ·∇Φ)∇φ

B2. (C.10)

Como E · B = −∇Φ · (∇φ ×∇Ψ) = 0 e ∇Φ ·∇Ψ = 0, por simetria azimutal, conclui-se que

E está na direção de ∇Ψ, ou, de forma equivalente,

E = −Ω∇Ψ, Ω = Ω(Ψ) =dΦ

dΨ, (C.11)

96

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o que permite desenvolver (C.10), de acordo com

V′ = −ΩR2∇φ+

B2B, (C.12)

e, consequentemente, podemos expressar a velocidade V como

V = C ′B − ΩR2∇φ, C ′ = C +

B2. (C.13)

Esta, quando substituida em (C.9), com o auxílio de (B.6), ∇ · B = 0 e (B.16) leva a seguinte

equação:

∇ · (ρCB)−∇ · (ρΩR2∇φ) = B ·∇(ρC) = 0, (C.14)

que pode ser traduzida para C = κ(Ψ)/ρ, pois B ·∇f = 0 implica que f = f(Ψ), para qualquer

função f simetrica em φ. Fica, portanto, determinada a velocidade de equilíbrio em função das

grandezas κ(Ψ), Ω(Ψ), F e Ψ:

V =κ

ρB − ΩR2

∇φ, (C.15)

onde κ = κ(Ψ) é uma função arbitrária de fluxo diretamente relacionanda com a velocidade

poloidal.

Da mesma forma como foram obtidos (C.5) e (C.6), é conveniente obter relações envolvendo

o produto vetorial com (C.15):

∇φ× V = − κ

ρR2∇Ψ, B × V = −Ω∇Ψ,

∇Ψ× V =κ|∇Ψ|2

ρ∇φ+

(

ΩR2 − κF

ρ

)

(∇φ×∇Ψ) (C.16)

A próxima etapa é o cálculo da força Centrífuga e de Coriollis devido a rotação do plasma

na equação de momento. Para este cálculo, é conveniente utilizar a seguinte identidade

V ·∇V = ∇

(

V 2

2

)

− V × (∇× V), (C.17)

obtida a partir de (B.10), que é mais geral. Para evitar expressões muito extensas, é conveniente

calcular as componentes de (C.17) na direção de um vetor arbritário U, de acordo com a

identidade

UV : ∇V = U · (V ·∇V) = U ·∇(

V 2

2

)

− (U × V) · (∇× V). (C.18)

proveniente do uso de (B.1). A este vetor arbritário, atribuiremos U = ∇φ, U = B e U = ∇Ψ,

97

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para obter as equações (3.17)–(3.19).

Para o desenvolvimento de (C.18) é necessário, primeiramente, efetuar os seguintes cálculos:

V 2

2=

1

2

κ2B2

ρ2+

1

2Ω2R2 − κFΩ

ρ, (C.19)

∇× V =

[

κ

ρ∆∗Ψ+∇Ψ ·∇

(

κ

ρ

)]

∇φ+∇φ×∇

(

ΩR2 − κF

ρ

)

, (C.20)

onde o segundo, de considerável extensão algébria, foi feito a partir da relação (C.4) e das

identidades (B.1) e (B.7).

De (C.16), (C.18) e (C.20) obtemos as componentes da força inercial devido à rotação:

ρ∇φV : ∇V =1

R2B ·∇

(

κ2F

ρ− κΩR2

)

, (C.21)

ρBV : ∇V = ρB ·∇(

κ2B2

2ρ2− Ω2R2

2

)

, (C.22)

ρ∇ΨV : ∇V =|∇Ψ|2R2

[

−κ2

ρ∆∗Ψ− ρ∇Ψ ·∇

(

κ2

2ρ2

)

|∇Ψ|2∇Ψ ·∇(

κ2

ρ2|∇Ψ|2

)]

+

(

κFΩ

ρ− ΩR2

2− κ2B2

2ρ2

)

∇Ψ ·∇R2, (C.23)

as quais, para obtenção das eqs. (3.17)–(3.19), devem ser somadas e subtraidas, respectivamente,

às componentes do gradiente de pressão e da força magnética. É conveniente para este cálculo,

portanto, utilizar os seguintes resultados:

∇φ · (J × B) =B ·∇F

µ0R2, (C.24)

∇Ψ · (J × B) = −|∇Ψ|2µ0R2

(

∆∗Ψ+1

2

∇Ψ ·∇F 2

|∇Ψ|2)

, (C.25)

obtidos a partir de (C.7). As referidas equações, após o desenvolvimento algébrico das compo-

nentes da equação de momento,

ρUV : ∇V + U ·∇p− U · (J × B) = 0, U = ∇φ,B,∇Ψ, (C.26)

podem ser expressas na forma:

98

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• Componente ∇φ:

B ·∇[

F

(

1− µ0κ2

ρ

)

+ µ0κΩR2

]

= 0. (C.27)

• Componente B:

B ·∇(

κ2B2

2ρ2− Ω2R2

2

)

+B ·∇p

ρ= 0. (C.28)

• Componente ∇Ψ:

(

1− µ0κ2

ρ

)

∆∗Ψ+ µ0R2∇Ψ ·∇p

|∇Ψ|2 +1

2

∇Ψ ·∇F 2

|∇Ψ|2 − µ0ρ

2∇Ψ ·∇

(

κ2

ρ2

)

+

µ0ρ

2|∇Ψ|2∇Ψ ·∇(

κ2

ρ2|∇Ψ|2

)

+µ0R

2

|∇Ψ|2(

κFΩ

ρ− ΩR2

2− κ2B2

2ρ2

)

∇Ψ ·∇R2. (C.29)

C.3 Cálculo de ∇ · q de equilíbrio

Para fechar o sistema, é necessário o cálculo de ∇ · q, presente na eq. (3.15), que pode ser

efetuado a partir da aplicação da identidade (B.6) na equação da definição de fluxo de calor,

(3.11), o que resulta em

∇ · q =γ

γ − 1

[

p

eB2∇ · (B ×∇T ) + (B ×∇T ) ·∇

(

p

eB2

)]

. (C.30)

No que se refere ao primeiro termo entre colchetes, o uso de (B.8) e (C.4) permite obter a

relação aproximada,

∇ · (B ×∇T ) = (∇φ×∇T ) ·∇F ≈ dT0

dΨB ·∇F − dF0

dΨB ·∇T, (C.31)

onde, além da aplicação de (B.1), a teoria de perturbação atemporal foi utilizada na última

passagem, que emprega a aproximação: |T1(Ψ, θ)| ≪ T0(Ψ) e |F1(Ψ, θ)| ≪ |F0(Ψ)|.De forma similar, o segundo termo entre colchetes em (C.30) pode ser desenvolvido de acordo

com a expressão

(B ×∇T ) ·∇(

p

eB2

)

≈ F0

e

[

dT0

dΨB ·∇

(

p

B2

)

− d

(

p

B2

)

B ·∇T

]

p0R20

eF0

dT0

[

B ·∇p

p0− 2B ·∇F

F0+

B ·∇R2

R20

]

−[

1

p0

dp0dΨ

− 2

F0

dF0

dΨ+

1

R20

dR2

]

B ·∇T

, (C.32)

onde foi considerado que |∇Ψ| ≪ |F |, |B ·∇(|∇Ψ|)| ≪ |B ·∇F | e d|∇Ψ|/dΨ ≪ |dF/dΨ|.Com as definições introduzidas pelas eqs. (3.20), (3.23), (3.24) e (3.26), as equações (C.31)

99

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e (C.32) podem ser expressas na forma

p

eB2∇ · (B ×∇T ) = Mth(∆F −RF∆T )

p0csF0

B ·∇R2

R0, (B ×∇T ) ·∇

(

p

eB2

)

=

Mth

[

1− 2∆F +∆p −(

1 +Rρ − 2RF +T0

R20

∂R2/∂Ψ

dT0/dΨ

)

∆T

]

p0csF0

B ·∇R2

R0. (C.33)

Em resumo, ao assumir que as grandezas de equilíbrio são da forma: X = X0(Ψ)+ZX1(Ψ, θ)

com |X1| ≪ |X0| e ao desprezarmos o termo |∇Ψ|2/F 20 e suas derivadas e gradientes, pudemos

desenvolver a expressão da divergência do fluxo de calor e obter o seguinte resultado:

∇ · q = Mth

[

1−∆F +∆p −(

1 +Rρ −RF +T0

R20

∂R2/∂Ψ

dT0/dΨ

)

∆T

]

γp0csR0

(γ − 1)F0

B ·∇R2

R20

, (C.34)

o qual é utilizado em 3.2.

100

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Apêndice D

Derivação de fórmulas usadas no

capítulo 3

Expressões algébricas para o divergente da velocidade, do tensor de viscosidade paralela

e da densidade de corrente e a equação de evolução do tensor de viscosidade paralela, ambas

bastante utilizadas no capítulo 3, são obtidas neste apêndice. O índice α = i, e das quantidades

macroscópicas do plasma é suprimido nas expressões para simplificar a notação, contudo, eles

devem ficar subentendidos. Os resultados aqui apresentados são válidos, em sua maiorida, para

sistemas de baixa pressão (β ∼ ε2).

D.1 Relações para B

Para a obtenção de futuras relações, é conveniente separar as componentes paralela e per-

pendciular (com relação a b = B/B) do operador ∇, ou seja,

∇‖ = b ·∇ e ∇⊥ = ∇− b∇‖, (D.1)

de forma que, a partir de (B.6) e (B.7) obtém-se

∇ · b = ∇‖ lnB, ∇× b = µ0J

B+ b ×∇ lnB ≈ b ×∇ lnB, (D.2)

se considerarmos J‖ ∼ J⊥, pois ∇p ≈ J × B e, consequentemente,

|µ0J⊥/B||∇× b| ∼ β, b · (∇× b) = µ0

J‖

B∼ β

L. (D.3)

Utilizando (B.2) e (D.2), obtém-se a seguinte aproximação

κ = ∇‖b = −b × (∇× b) ≈ ∇⊥ lnB, (D.4)

101

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para o vetor de curvatura do campo magnético (κ).

Para os cálculos da próxima seção é conveniente definir G = fB ×∇g1, cujo cálculo do

divergente, efetuado a partir de (B.6) e (B.8), resulta em

∇ · G ≈ G ·∇ ln f. (D.5)

Em particular, para f = B−1, ∇ · G = (b × κ) ·∇g e, neste caso, obtém-se2:

vD =b ×∇g

B, ∇ · vD = −2vD ·∇ lnB. (D.6)

D.2 Cálculo da divergência de π, v, J e q

Iniciamos esta seção apresentando a definição de viscosidade paralela:

π‖ =3

2π‖

(

bb − 1

3I

)

, (D.7)

cujo cálculo de seu divergente, obtido a partir de (B.12) e (B.6) e das relações apresentadas na

seção anterior, resulta em

∇ · π‖ =3

2

[

(b∇‖ lnB + κ)π‖ + b∇‖π‖

]

− 1

2∇π‖. (D.8)

Note também que

b ·∇ · π‖ =3

2π‖∇‖ lnB +∇‖π‖, (D.9)

b ×∇ · π‖ =3

2π‖(b × κ)− 1

2b ×∇⊥π‖, (D.10)

e, utilizando (B.8),

∇ · (b ×∇ · π‖) = (b × κ) ·∇π‖. (D.11)

D.2.1 Relações para velocidades (v)

Utilizando (D.6) e (B.6), obtemos um primeiro desenvolvimento algébrico para o divergente

das principais velocidades de deriva em fluidos. Neste desenvolvimento consideramos a ordem

MHD (vE ∼ vTi) e não levamos em conta o termo de giroviscosidade (πg) e viscosidade perpen-

1Aqui, G é um vetor arbitrário, mais adiante utilizado para representar v, J, etc.2Note que vD possui a forma de uma velocidade de deriva.

102

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dicular (π⊥), os quais são de ordem superior em ρi/L. A seguir apresentamos tais resultados:

vE =b ×∇Φ

B, vp =

b ×∇p

enB, vπ =

b ×∇ · πenB

, vI ≈ b

ωc× dvE

dt, (D.12)

∇ · (nvE) = vE ·∇n− 2nvE ·∇ lnB, (D.13)

∇ · (nvp) = −2nvp ·∇ lnB, (D.14)

∇ · (nvπ) = nvπ ·∇ lnB, (D.15)

∇ · (nvI) = vI ·∇n− nvI ·∇ lnB +1

ωc∇ ·

(

b × dvE

dt

)

(D.16)

∇ · (v‖b) = ∇‖v‖ − v‖∇‖ lnB. (D.17)

D.2.2 Relações para a densidade de corrente (j)

De forma similar à subseção anterior, obtemos as expressões as principais componentes da

densidade de corrente e seus respectivos divergentes:

jp =b ×∇p

B, jπ =

b ×∇ · π‖

B, jI ≈

mn

Bb × dvE

dt, (D.18)

∇ · jp = −2jp ·∇ lnB, (D.19)

∇ · Jπ = Jπ ·∇ lnB, (D.20)

∇ · jI ≈ jI ·∇ ln

(

n

B

)

− mn

B

[

∂t∇ ·

(

∇⊥Φ

B

)

+∇ · (b × vE ·∇vE)

]

. (D.21)

D.3 Equação de evolução de π‖

Primeiramente observamos que o termo Tijk = ei · [(ej ·∇)ek], i, j, k = 0, 1, 2, satisfaz ge-

nericamente as seguintes relações:

Tijk = −Tikj + ei · [(∇× ej)× ek] + ei · [(∇× ek)× ej ], (D.22)

103

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T00k = −T0k0 − Tk00, e0 = b. (D.23)

Como b · db/dt = 0, b · ∂b/∂t = 0 e b · κ = 0, seque que

b · dbdt

= b ·(

∂b

∂t+ (v⊥ ·∇)b + v‖κ

)

= bv⊥ : ∇b = 0 (D.24)

e, consequentemente, como v⊥ = v⊥1e1 + v⊥2e2,

v⊥1T010 + v⊥2T020 = 0. (D.25)

Desta forma, de acordo com (D.4), (D.23) e (D.25), ao notar que, na forma matricial, as

componentes de ∇v e o termo bb : ∇v podem ser expressos respectivamente como:

Mij = (ei ·∇)vj +2

m=0

vmTijm,∑

i,j

biMijbj = b0M00b0 = M00 (D.26)

onde v0 = v‖, v1 = v⊥1 e v2 = v⊥2, obtém-se a relação:

bb : (∇v)T = bb : ∇v = ∇‖v‖ − v⊥ ·∇ lnB. (D.27)

Consideramos agora a equação de evolução do tensor viscosidade [35, 71],

dt+ π∇ · v +

[

π ·∇v + (π ·∇v)T − (γ − 1)I(π : ∇v)

]

+ ωc(b × π − π × b) +

[

p∇v + p(∇v)T − (γ − 1)p∇ · v]

+γ − 1

γ

[

∇q + (∇q)T − (γ − 1)I∇ · q]

+∇ · τ = 0, (D.28)

onde τ é um dos próximos momentos da função distribuição, que é considerado nulo neste

contexto, e consideramos o caso não colisional.

Considerando também apenas o efeito de viscosidade paralela, ou seja, π ≈ π‖ = π‖(bb − I/3),

de acordo com (D.24), obtem-se:

bb :dπ

dt=

dπ‖

dt− db

dt· (b · π)− b ·

(

db

dt· π

)

=dπ‖

dt. (D.29)

Desta forma, no regime linear, para o caso adiabático (q = 0) em que não há rotação de

equilíbrio, a partir de (D.27), (D.28) e (D.29), segue que

dπ‖

dt+ p

[

2∇‖v‖ − 2v⊥ ·∇ lnB − (γ − 1)∇ · v]

= 0. (D.30)

104

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D.4 Aproximação para tokamaks de superfícies mag-

néticas concentricas

D.4.1 Campo magnético de equilíbrio

Em tokamaks de superfíces magnéticas aproximadamente concentricas, conforme descrito

no capítulo 2, o campo magnético de equilíbrio pode ser aproximado por

B = Bb, B ≈ B0(1− ε cos θ), b =ε

qeθ + eφ ≈ eφ, ε ≪ 1. (D.31)

e, convenientemente, representado no sistema de coordenadas quasi-toroidais (r, θ, φ). Conse-

quentemente, considerando apenas termos dominantes, o desenvolvimento algébrico dos opera-

dores ∇‖ e ∇⊥ e do vetor de curvatura (κ) resulta em:

∇‖ = k‖

(

∂θ+ q

∂φ

)

, ∇⊥ = er∂

∂r+ eθkθ

∂θ, κ = − eR

R0, (D.32)

onde k‖ = 1/qR0, kθ = 1/r e, de acordo com (B.26), eR = cos θer− sin θeθ. Também observa-se

que, para q ≫ 1,

∇× b ≈ b × κ = − eZR0

, ∇ · b ∼ b · (∇× b) = O(εk‖) ∼ 0, (D.33)

onde eZ = sin θer + cos θeθ.

D.4.2 Campo magnético perturbado

Derivamos a seguir algumas relações para o campo magnético perturbado considerando que

B = B⊥ = ∇× (A‖b), onde A é o potencial vetor. Segue, portanto, que

B = −b ×∇A‖ + A‖(b × κ) ≈ −1

r

∂A‖

∂θer + ikrA‖eθ (D.34)

A partir de (D.34) obtém-se

∇‖ =B

B·∇ ≈ 1

rB

(

ikrA‖∂

∂θ−

∂A‖

∂θ

∂r

)

, (D.35)

∇× B ≈ ikrk‖∂A‖

∂θer + k2rA‖b. (D.36)

105

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D.4.3 Velocidade e densidade de corrente.

A partir das relações

v2Ti=

2Ti

mi, ρi =

vTi

ωci

,1

B=

vTiρi2

e

Ti, ρi/r ≪ krρi ≪ 1 (D.37)

considerando o potêncial eletrostático perturbado (Φ), bem como a pressão (p) e a viscosidade

paralela (π‖), utilizamos (D.12) e (D.13) para obter:

vE = ωER0

(

eθ + iρi/r

krρi

∂ln Φ

∂θer

)

, ωE =ikrΦB

=ikrρi2

Ti

vTi

R0, (D.38)

jp =i

2

e

TiωdiR0

(

peθ + iρi/r

krρi

∂p

∂θer

)

, ωdi = krρivTi

R0(D.39)

jπ = − i

4

e

TiωdiR0

(

π‖ieθ + iρi/r

krρi

∂π‖i

∂θer

)

, (D.40)

jI = ienωER0ω

ωcer. (D.41)

106

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Apêndice E

Solução iterativa das equações

perturbadas da MHD ideal

E.1 Equações iniciais e solução de equilíbrio

Neste apêndice apresentamos um método iterativo para resolver o sistema composto pelas

eqs. (3.51) – (3.53), as quais são repedidas a seguir para facilitar a leitura:

ρ0∂v‖

∂t+∇‖p+ F‖ = 0, (E.1)

∂(ρ+ R)

∂t+ ρ0∇ · v = 0, (E.2)

∂(p+ P )

∂t+ γp0∇ · v = 0, (E.3)

v = vE + v‖b, vE ≈ ωER0(1 + ε cos θ)eθ, (E.4)

F‖ = ρ0(bv : ∇V + bV : ∇v) + ρbV : ∇V, (E.5)

R =

(V ·∇ρ+ v ·∇ρ+ ρ∇ · V)dt, (E.6)

P =

(V ·∇p+ v ·∇p0 + γp∇ · V + (γ − 1)∇ · q)dt. (E.7)

107

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Para se obter a relação de dispersão, é necessário calcular a componente poloidal da força

F, ou seja,

Fθ = ρ0(eθv : ∇V + eθV : ∇v) + ρeθV : ∇V. (E.8)

As expressões algébricas para as grandezas definidas por (E.5)–(E.8) são obtidas a partir do

equilíbrio, que é descrito por:

ρ = ρ0(1 + 2ε∆ρ cos θ), (E.9)

p = p0(1 + 2ε∆p cos θ), (E.10)

V = VP eθ + VT eφ,

VP ≈ ε

qMP cs, VT = (MT +∆V ε cos θ)cs, ∆V = MT − 2(1 + ∆ρ)MP . (E.11)

O método iterativo que utilizamos para resolver as eqs. (E.1)–(E.3) nas variáveis v‖, ρ e p

e para a obtenção da relação de dispersão é justificado por se tratar de um modelo linear, no

qual o princípio da superposição se aplica. Tal método consiste em decompor as quantidades

perturbadas na forma:

X = X(0) + X(T) + X(P), (E.12)

onde “0”, “T” e “P” indicam as contribuições para as quantidades perturbadas devido a dinâmica

sem rotação, com rotação exclusivamente toroidal e com rotação poloidal e toroidal, respecti-

vamente. O problema inicial é, então, dividido em três partes: Primeiramente, sem incluir

rotação de equilíbrio, encontra-se a solução mais simples. Posteriormente, a partir desta so-

lução, determina-se a solução proveniente da rotação toroidal e, finalmente, ao incluir rotação

poloidal, encontra-se a solução completa.

E.2 Cálculo de F‖, R e P .

E.2.1 Termos de convecção e derivadas angulares

O cálculo dos termos convectivos, efetuados a partir das eqs. (E.4), (E.11) e (B.17), resulta

nas seguintes relações:

VP ·∇ = MPk‖cs∂

∂θ, vE ·∇ =

ωE

ε

∂θ, (E.13)

108

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VT ·∇ = qMTk‖cs∂

∂φ, v‖b ·∇ =

v‖

R0

∂φ. (E.14)

Além dos termos convectivos, também é necessário, para o restante dos cálculos desta seção,

obter as derivadas das velocidades com relação aos ângulos poloidal e toroidal, que, de acordo

com (B.23)–(B.25) são:

∂VP

∂θ= −ε

qMP cser,

∂VT

∂θ= −ε∆V cs sin θeφ, (E.15)

∂VP

∂φ≈ 0,

∂VT

∂φ≈ MT cs(− cos θer + sin θeθ) (E.16)

∂vE

∂θ= −ωER0er,

∂(v‖b)

∂θ=

∂v‖

∂θeφ (E.17)

∂vE

∂φ= −ωER0 sin θeφ,

∂(v‖b)

∂φ= v‖(− cos θer + sin θeθ). (E.18)

E.2.2 Cálculo de F‖ e Fθ

Com a substituição de V = 0, V = VT e de V = VP em (E.5) obtém-se:

F(0)‖ = 0, (E.19)

F(T)‖ = ρ0(bVT : ∇vE + bvE : ∇VT ) = −ρ0ωEcs(MT +∆V ) sin θ, (E.20)

F(P)‖ ≈ ρ0bVP : ∇(v‖b) = MPρ0k‖cs

∂v‖

∂θ, (E.21)

e, de forma similar, com relação a Fθ, segue que

F(0)θ = 0, F

(T)θ = ρ0[eθVT : ∇(v‖b) + v‖eθb : ∇VT ] + (eθVT : ∇VT )ρ =

qMTk‖cs(2ρ0v‖ +MT csρ) sin θ, F(P)θ = 0. (E.22)

E.2.3 Cálculo de R

De acordo com (C.15), podemos desprezar o termo

∇ · V = B ·∇(

κ

ρ

)

≈ MPk‖csρ0∂ρ−1

∂θ≈ −2εMP∆ρk‖cs sin θ = O(εMP∆ρε), (E.23)

109

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que não contribui em primeira ordem para o cálculo de R, o qual é de (E.6) e resulta em:

R(0) = 0, (E.24)

R(T) =

dtvE ·∇ρ = −2i∆ρωE

ωρ0 sin θ, (E.25)

R(P) =

dtVP ·∇ρ = iMP

k‖cs

ω

∂ρ

∂θ. (E.26)

E.2.4 Cálculo de ∇ · q

Através da expressão para o fluxo de calor total,

qΣ =γ

γ − 1

pΣeB2

(B ×∇TΣ), pΣ = p+ p, TΣ = T + T , (E.27)

obtém-se o fluxo de calor perturbado em primeira ordem,

q =p

pq +

γ

γ − 1

p

eB2(B ×∇T ), (E.28)

e, consequentemente,

∇ · q = ∇ ·(

p

pq

)

γ − 1

[

(B ×∇T ) ·∇(

p

eB2

)

+p

eB2(∇× B) ·∇T

]

. (E.29)

Como ∇ · q = O(εMthp0k‖cs) é um termo de segunda ordem, segue que

∇ ·(

p

pq

)

≈ q ·∇(

p

p

)

≈ γ

γ − 1

R20

eF0B ·∇p ≈ γ

γ − 1Mthk‖cs

∂p

∂θ. (E.30)

De forma similar, os outros termos de (E.29) podem ser desenvolvidos, resultando nas relações

(B ×∇T ) ·∇(

p

eB2

)

≈ R20

eF0

dp

dΨB ·∇T = Mthk‖csp0

∂θ

(

T

T0

)

∼ ∇ ·(

p

pq

)

, (E.31)

p

eB2(∇× B) ·∇T ≈ p0R

20

eF 20

dF0

dΨB ·∇T = RFMthk‖cs

∂θ

(

T

T0

)

= O(B0)∇ ·(

p

pq

)

. (E.32)

O uso da relação aproximada entre a pressão, densidade e temperatura perturbadas,

p ≈ p0T

T0+ p0

ρ

ρ0, (E.33)

110

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permite combinar as expressões em (E.30) e (E.31) e obter a expressão final para ∇ · q:

∇ · q =Mthk‖cs

γ − 1

(

2γ∂p

∂θ− c2s

∂ρ

∂θ

)

. (E.34)

E.2.5 Cálculo de P

Ao assumirmos que limMP→0Mth = 0, obtém-se, analogamente cálculo de R, que:

P (T) =

dtvE ·∇p = −2i∆p

γ

ωE

ωρ0c

2s sin θ (E.35)

P (P) =

dt[VP ·∇p+ (γ − 1)∇ · q] = ik‖cs

ω

[

(MP + 2γMth)∂p

∂θ−Mthc

2s

∂ρ

∂θ

]

. (E.36)

E.3 Solução sem rotação (primeira iteração)

Com as substituições F‖ = R = P = 0 e v = v(0) = vE + v(0)‖ b em (E.1) – (E.3) e o uso da

normalização

Ω =ω

k‖cs, ΩE =

ωE

k‖cs, (E.37)

conforme explicitado na seção 3.4, obtém-se:

∇ · v(0)

k‖cs= −2ΩE sin θ +

∂θ

v(0)‖

cs, (E.38)

v(0)‖ = v

(0)‖c cos θ, v

(0)‖c =

2ΩE

Ω2 − 1cs, (E.39)

ρ(0)s

ρ0=

p(0)s

ρ0c2s= iΩ

v(0)‖c

cs, ρ(0)c = p(0)c = 0. (E.40)

E.4 Solução com rotação toroidal (segunda iteração)

:

Desconsiderando em (E.1)–(E.3) a solução obtida em na seção anterior, obtemos o sistema:

−iΩv(T)‖

cs+

∂θ

p(T)

ρ0c2s+

F(T)‖

ρ0k‖c2s= 0, (E.41)

111

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−iΩ

(

ρ(T)

ρ0+

R(T)

ρ0

)

+∂

∂θ

v(T)‖

cs= 0, (E.42)

−iΩ

(

p(T)

ρ0c2s+

P (T)

ρ0c2s

)

+∂

∂θ

v(T)‖

cs= 0, (E.43)

que apresenta como solução

v(T)‖ =

i

2

Ω

ΩE

(

∂θ

P (T)

ρ0c2s−

F(T)‖

ρ0k‖c2s

)

v(0)‖c = v

(T)‖s sin θ + v

(T)‖c cos θ, (E.44)

ρ(T) = −[

1

2ΩE

(

P (T)

c2s+

∂θ

F(T)‖

k‖c2s

) v(0)‖c

cs+ R(T)

]

= ρ(T)s sin θ + ρ(T)

c cos θ, (E.45)

p(T) =1

2ΩE

(

Ω2P (T) +∂

∂θ

F(T)‖

k‖

) v(0)‖c

cs= p(T)

s sin θ + p(T)c cos θ. (E.46)

Mediante o uso dos resultados anteriores em (E.44) – (E.46), segue, finalmente, que

v(T)‖s = iΩ

(MT +∆V )

2v(0)‖c , v

(T)‖c =

∆p

γv(0)‖c , (E.47)

ρ(T)s =

i

Ω

[

∆p

γ+ (Ω2 − 1)∆ρ

] v(0)‖c

csρ0, ρ(T)

c =(MT +∆V )

2

v(0)‖c

csρ0, (E.48)

p(T)s = iΩ

∆p

γρ0csv

(0)‖c , p(T)

c = ρ(T)c c2s. (E.49)

E.5 Rotação poloidal e toroidal (terceira iteração)

Primeiramente, substitui-se (E.47)–(E.49) em (E.21), (E.26) e (E.36) para obter

F(P)‖

ρ0k‖c2s= MP

∂θ

v(P)‖

cs+MP

[

−(

1 +∆p

γ

)

sin θ +iΩ

2(MT +∆V ) cos θ

] v(0)‖c

cs. (E.50)

R(P)

ρ0=

iMP

Ω

∂θ

ρ(P)

ρ0− MP

Ω2

i

2Ω(MT +∆V ) sin θ +

[

Ω2 +∆p

γ+ (Ω2 − 1)∆ρ

]

cos θ

v(0)‖c

cs,(E.51)

112

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P (P)

ρ0c2s= i

MP

Ω

∂θ

[(

1 + 2γMth

MP

)

p(P)

ρ0c2s− Mth

MP

ρ(P)

ρ0

]

+MP

Ω

i

[

1 + (2γ − 1)Mth

MP

]

sin θ+

[

Ω∆p

γ+

(

2γΩ− 1

Ω

)

Mth

MP+ 2Ω∆p

Mth

MP+

(

1

Ω− Ω

)

∆ρMth

MP

]

cos θ

v(0)‖c

cs, (E.52)

que, por sua vez, são inseridos no sistema:

v(P)‖ =

Ω2 − 1

(

∂θ

P (P)

ρ0cs−

F(P)‖

ρ0k‖cs

)

, (E.53)

ρ(P) = −R(P) − 1

Ω2 − 1

(

P (P)

c2s+

∂θ

F(P)‖

k‖c2s

)

, (E.54)

p(P) = − 1

Ω2 − 1

(

Ω2P (P) +∂

∂θ

F(P)‖

k‖

)

, (E.55)

cujas equações são similares às eqs. (E.44)–(E.46).

Para resolver este sistema, devido ao acoplamento das equações, é conveniente utilizar a

formulação exponencial ao invés da trigonométrica, de acordo com as relações:

X = Xs sin θ + Xc cos θ = X+1eiθ + X−1e

−iθ,

Xs = i(X+1 − X−1), Xc = X+1 + X−1, X±1 =1

2(Xc ∓ iXs). (E.56)

A forma exponencial é adotada por duas razões: Primeiramente, devido à praticidade no cálculo

da derivada, ou seja, ∂/∂θ → im, m = ±1. A segunda é devido a possibilidade de análise

individual dos harmônicos m = 1,−1 que a forma exponencial proporciona.

Nesta condições, de acordo com (E.21), (E.26) e (E.36), utilizando (E.56), segue que

F(P)‖±1

ρ0k‖cs= ±iMP

v(P)‖±1

cs+

i

2MP

[

±(MT +∆V )

2Ω + 1− ∆p

γ

] v(0)‖c

cs, (E.57)

R(P)±1

ρ0= ∓MP

Ω

ρ(P)±

ρ0− MP

2

[

1 + ∆ρ ±1

2

(MT +∆V )

Ω+

(∆p/γ −∆ρ)

Ω2

] v(0)‖c

cs, (E.58)

113

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P(P)±1

ρ0c2s= ∓MP

Ω

[(

1 + 2γMth

MP

)

p(P)±1

ρ0c2s− Mth

MP

ρ(P)±1

ρ0

]

MP

2

1 +∆p

γ+ (2γ − 1)

Mth

MP± 1

2

[

1 + (2γ − 1)Mth

MP

]

(MT +∆V )

Ω

v(0)‖c

cs, (E.59)

e, com a substituição de (E.57), (E.58) e (E.59) em (E.53), (E.54) e (E.55), obtemos um sistema

6× 6, que pode ser representado na forma matricial:

C(±)11 C12 C13

C21 C(±)22 C(±)

23

C31 C(±)32 C(±)

33

v(P)‖±1/cs

ρ(P)±1 /ρ0

p(P)±1 /ρ0c

2s

=1

2

MP v(0)‖c

Ω2 − 1

K(±)v

K(±)ρ

K(±)p

, (E.60)

onde

C(±)11 = 1± C31Ω

Ω2 − 1, C12 =

Mth

Ω2 − 1, C13 = C21 + 2γC12,

C21 =−C31Ω2 − 1

, C(±)22 = 1±

(C12 + C31Ω

)

, C(±)23 = ∓C13

Ω,

C31 = −MP , C(±)32 = ±C12Ω, C(±)

33 = 1∓ C13Ω, (E.61)

K(±)v = ±(MT +∆V )

2Ω2 +

[

1− ∆p

γ±(

1 +∆p

γ+ (2γ − 1)

Mth

MP

)]

Ω+

(MT +∆V )

2

(

1 + (2γ − 1)Mth

MP

)

, (E.62)

K(±)ρ = (1 +∆ρ)Ω

2 + (1± 1)(MT +∆V )

2Ω±

(

1− ∆p

γ

)

+ 2

(

∆p

γ−∆ρ

)

+

(2γ − 1)Mth

MP± (2γ − 1)

(MT +∆V )

2

Mth

MP

1

Ω+

(

∆ρ −∆p

γ

)

1

Ω2, (E.63)

K(±)p =

(

1 +∆p

γ+ (2γ − 1)

Mth

MP

)

Ω2 +(MT +∆V )

2

(

1± 1± (2γ − 1)Mth

MP

)

Ω

±(

1− ∆p

γ

)

. (E.64)

114

Page 125: Relatório Técnico Final Investigação Cinética de Modos ...renee/SENHA/TAXA_BANCADA/relatorio.pdfB Identidades e relações vetoriais 91 B.1 Identidades vetoriais . . . . .

A solução deste sistema pode ser representada pelas seguintes relações:

v(P)‖±1

cs=

N v±1

(P)

D±1(P)

,ρ(P)±1

ρ0=

N ρ±1

(P)

D±1(P)

,p(P)±1

ρ0c2s=

N p±1

(P)

D±1(P)

, (E.65)

onde

D±1(P) ≈ (MP ∓ Ω)(Ω + 1∓MP )(Ω− 1∓MP ) + [2γ(Ω∓MP )

2 − 1]Mth, (E.66)

N v±1

(P) = MP

3∑

k=0

C(v)k,±1Ω

k, C(v)0,±1 =

MP

2

(

−MP +MT

2+

MP∆V

2

)

,

C(v)1,±1 = ∓1

2

(1 +M2P )

(MT +∆V )

2− 3MP

(

1 +∆p

γ

)

+

[

(2γ − 1)(MT +∆V )

2MP− 4γ

]

Mth

,

C(v)2,±1 = −

(

1 +∆p

γ

)

+(MT +∆V )

2MP −

(

γ − 1

2

)

Mth

MP, C(v)

3,±1 = ∓(MT +∆V )

4,(E.67)

N ρ±1

(P)=

MP

Ω

4∑

k=0

C(ρ)k,±1Ω

k, C(ρ)0,±1 = ∓1

2

(

∆ρ −∆p

γ

)

,

C(ρ)1,±1 =

MP

2

[

1− 2∆ρ + 3∆p

γ−MP

(MT +∆V )

2

]

+

[

1− (2γ − 1)(MT +∆V )

4MP

]

Mth,

C(ρ)2,±1 = ∓1

2

[

1− 2∆ρ + 3∆p

γ− 3

2MP (MT +∆V ) +M2

P + (2γ − 1)Mth

MP

]

,

C(ρ)3,±1 = −MT +∆V

2+ (1 + ∆ρ)MP + γMth, C(ρ)

4,±1 = ∓1

2(1 + ∆ρ), (E.68)

N p±1

(P)= MP

3∑

k=0

C(ρ)k,±1Ω

k, C(p)0,±1 =

MP

2

[

1 +∆p

γ− (MT +∆V )

2MP

]

+Mth

2,

C(p)1,±1 = ∓1

2

(

1 +∆p

γ− 3

2(MT +∆V )MP +M2

P

)

,

C(p)2,±1 =

(

1 +∆p

γ

)

MP − (MT +∆V )

2+

[

2γ − 1

2− (2γ − 1)

(MT +∆V )

4MP

]

Mth,

C(p)3,±1 = ∓1

2

(

1 +∆p

γ+ (2γ − 1)

Mth

MP

)

. (E.69)

E.6 Relação de dispersão

Para a obtenção da relação de dispersão é necessário invocar a equação do momento,

ρ∂v

∂t+∇p− J × B + F = 0, F = ρ(V ·∇v + v ·∇V) + ρV ·∇V, (E.70)

115

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a qual, quando multiplicada vetorialmente por B permite a obtenção da expressão analítica

para a densidade de corrente,

J =j‖

BB +

ρB

B2× ∂v

∂t+

B

B2×∇p+

B

B2× F. (E.71)

A relação de dispersão é proveniente da condição de quasi-neutralidade do plasma, que pode ser

expressa pela equação ∇ · J = 0. A metodologia analítica padrão é baseada no cálculo da média

de tal equação sobre uma superfície magnética. De forma similar, podemos tomar a média da

equação mencionada com relação a um volume arbitrario de plasma, ou seja,

D =

V dV∇ · J∫

V dV= 0, dV = (R0 + r cos θ)rdrdθdφ, (E.72)

O cálculo do numerador de D, em (E.72), e efetuado a partir do uso do teorema da divergência

de Gauss, (B.5), de forma que

D =

S J · dS∫

V dV= 0, dS = (R0 + r cos θ)rdθdφer. (E.73)

D(0) ≈ K(r)

2iπ

[

−iΩE

q2Ω

∫ 2π

0dθ + 2

∫ 2π

0dθ

∂θ

(

p(0)

ρ0c2s

)

cos θ

]

, (E.74)

D(T) ≈ K(r)

2iπ

[

2

∫ 2π

0dθ

∂θ

(

p(T)

ρ0c2s

)

cos θ +1

q

∫ 2π

0dθ

F(T)θ

ρ0k‖c2s

]

, (E.75)

D(P) ≈ K(r)

2iπ

[

2

∫ 2π

0dθ

∂θ

(

p(P)

ρ0c2s

)

cos θ +1

q

∫ 2π

0dθ

F(P)θ

ρ0k‖c2s

]

, (E.76)

onde K(r) ≈ 2iγp0(r)/rF0(r). Com a substituição dos resultados anteriores obtidos nesta seção

nas expressões (E.74) – (E.76), obtemos os resultados mostrados em (3.87) – (3.89).

116

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Apêndice F

Cálculo de integrais da função

distribuição

F.1 Relações envolvendo a distribuição maxwelliana

Em problemas envolvendo a função distribuição Maxwelliana, a qual é definida por

FMα=

n0

π3/2v3Tα

exp

(

−v2⊥ + v2‖

v2Tα

)

, (F.1)

é comum aparecer integrais do tipo:

I(a, b) =

∫ 2π

0dγ

∫ ∞

−∞dv‖

∫ ∞

0dv⊥v⊥

(

v⊥vTα

)a( v‖

vTα

)b

FMα, a, b ≥ 0 (F.2)

que podem ser simplificadas a partir das mudanças de variável: x = v⊥/vTαe y = v‖/vTα

,

I(a, b) =2n0√πI⊥(a)I‖(b). (F.3)

As soluções para I⊥(a) e I‖(b), de forma genérical, são dadas por:

I⊥(n) =

∫ ∞

0xn+1e−x2

dx =

2−1(n/2)! para n par

2−(n+1)/2n!!√π para n impar

, (F.4)

I‖(n) =

∫ ∞

−∞xne−αx2

dx =

√π para n = 0

0 para n impar

2−n/2(n− 1)!!√π para n ≥ 2 e n par

, (F.5)

117

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A partir da energia e da velocidade térmica de partículas do tipo α,

Eα = eαΦ+1

2mαv

2, v2Tα=

2Tα

mα(F.6)

onde v2 = v2⊥ + v2‖, podemos expressar a função Maxwelliana como:

FMα=

n0m3/2α

(2πTα)3/2exp

(

−Eα − eαΦ

)

. (F.7)

Segue, portanto, que

∂FMs

∂Eα= −FMs

Tα, (F.8)

∇FMα=

[

∇ lnn0 +

(Eα − eΦ

Tα− 3

2

)

∇ lnTα +e∇Φ

]

FMα, (F.9)

Para o caso particular em que Φ = 0, n0 ≈ n0(r) e Tα ≈ Tα(r), o qual consideramos nesta tese,

a eq. (F.9) pode ser simplificada, resultando em:

∇FMα≈ er

n0

LN

[

1 + ηα

(

v2⊥v2Tα

+v2‖

v2Tα

− 3

2

)]

FMα, (F.10)

onde

L−1N =

∂lnn0

∂r, L−1

Tα=

∂lnTα

∂re ηα =

LN

LT. (F.11)

F.2 Cálculo das integrais na aproximação de fluido

A partir da integral no espaço de velocidades da grandeza arbitrária, Xα = Xα(r, v⊥, v‖, γ),

a qual é denotada por

〈Xα〉 =1

n0

vd3vFMα

Xα =1

π

∫ 2π

0dγ

∫ ∞

0dv⊥v⊥

e−v2⊥/v2Tα

v2Tα

1√π

∫ ∞

−∞dv‖

e−v2‖/v2

vTα

Xα, (F.12)

nesta seção mostramos os resultados das seguintes quantidades:

I(α)a =⟨

J20αΩ

adα

, I(α)ab =

J20αΩ

adαΩ

btrα

, I(α)abc =

J20αΩ

adαΩ

btrαΩ

c∗α

, (F.13)

onde

J0α = J0(krv⊥/ωcα) ≈ 1− 1

2

v2⊥v2Tα

k2rρ2α +

3

32

v4⊥v4Tα

k4rρ4α +O(k6rρ

6α), (F.14)

118

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Ωdα =ωdα

ω

(

1

2

v2⊥v2Tα

+v2‖

v2Tα

)

, Ωtrα =ωtrα

ω

v‖

vTα

, Ω∗α =ω∗α

ω

[

1 + ηα

(

1

2

v2⊥v2Tα

+v2‖

v2Tα

)]

. (F.15)

Para o cálculo das integrais em (F.13), observando que Ωdα, Ωtrα e Ω∗α são independentes

de γ, é conveniente, primeiramente integrar nesta variável, posteriormente em v⊥ e, por fim,

em v‖. A partir de (F.4), (F.5) e das mudanças de variáveis indtroduzidas anteriormente,

v⊥/vTα= x e v‖/vTα

= y, para krρi ≪ 1, em termos das frequências normalizadas, Ω = ωR0/vTi

e Ω∗α = ω∗αR0/vTi, são obtidos os seguintes resultados:

I(α)0 =

J20α

= 1− 1

2k2rρ

2α +

3

16k4rρ

4α,

I(α)1 =

J20αΩdα

≈(

1− 3

4k2rρ

)

krραΩ

,

I(α)2 =

J20αΩ

2dα

≈(

7

4− 13

8k2rρ

)

k2rρ2α

Ω2, (F.16)

I(α)02 =

J20αΩ

2trα

=

(

1

2− 1

4k2rρ

)

1

q2Ω2,

I(α)12 =

J20αΩdαΩ

2trα

=

(

1− 5

8k2rρ

)

krραq2Ω3

,

I(α)22 =

J20αΩ

2dαΩ

2trα

=

(

23

8− 23

16k2rρ

)

k2rρ2α

q2Ω4, (F.17)

I(α)001 =

J20αΩ∗α

=

[

1− (1 + ηα)

2k2rρ

]

Ω∗α

Ω,

I(α)101 =

J20αΩdαΩ∗α

=

[

1 + ηα − 3

4(1 + 2ηα)k

2rρ

]

Ω∗αkrραΩ2

,

I(α)121 =

J20αΩdαΩ

2trαΩ∗α

=

[

1 + 2ηα − 5

8(1 + 3ηα)k

2rρ

]

Ω∗αkrραq2Ω4

,

I(α)021 =

J20α

Ω2trαΩ∗α

ω3

=

[

1

2(1 + ηα)−

1

4(1 + 2ηα)k

2rρ

]

Ω∗α

q2Ω3, (F.18)

I(α)abc =

J20αΩ

adαΩ

btrαΩ

c∗α

= 0, se b for impar. (F.19)

F.3 Função dispersão de plasma

Para a função dispersão de plasma,

Z(ζ) =1√π

∫ ∞

−∞dx

e−x2

x− ζ, Im(ζ) > 0, (F.20)

119

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são satisfeitas as seguintes propriedades:

Z(−ζ) = 2i√πe−ζ2 − Z(ζ), (F.21)

dZ

dζ= −2[1 + ζZ(ζ)]. (F.22)

Se |Im(ζ)| ≪ 1, mediante o prolongamento analítico para incluir o caso Im < 0, as seguintes

aproximações assimptótica podem ser feitas:

Z(ζ) ≈ i√πe−ζ2 − 2ζ +

4

3ζ3 +O(ζ5), (F.23)

para |ζ| ≪ 1 e

Z(ζ) ≈ iσ√πe−ζ2 −

[

1

ζ+

1

2ζ3+

3

4ζ5+

15

8ζ7+O(ζ−9)

]

, σ =

σ = 0 para Im(ζ) > 0

σ = 1 para Im(ζ) = 0

σ = 2 para Im(ζ) < 0

, (F.24)

para |ζ| ≫ 1.

Para simplificar a notação, definimos Z(k) = dkZ/dζk. Para os cálculos que se seguem, é

conveniente, a partir de (F.22), calcular as seguintes derivadas:

Z(1) = −2− 2ζZ,

Z(2) = 4ζ + (−2 + 4ζ2)Z,

Z(3) = 8− 8ζ2 + (12ζ − 8ζ3)Z,

Z(4) = −40ζ + 16ζ3 + (12− 48ζ2 + 16ζ4)Z,

Z(5) = −64 + 144ζ2 − 32ζ4 + (−120ζ + 160ζ3 − 32ζ5)Z, (F.25)

Com relação a seguinte função relacionada a Z(ζ),

Zn(ζ) =1√π

∫ ∞

−∞dζ

xne−x2

x− ζ, n ≥ 0, (F.26)

120

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utilizando (F.25), obtemos os seguintes resultados:

Z0(ζ) = Z(ζ),

Z1(ζ) = −1

2Z(1) = 1 + ζZ(ζ),

Z2(ζ) =1

4[2Z + Z(2)] = ζ + ζ2Z(ζ),

Z3(ζ) = −1

8[6Z(1) + Z(3)] =

1

2+ ζ2 + ζ3Z(ζ),

Z4(ζ) =1

16[12Z + 12Z(2) + Z(4)] =

1

2ζ + ζ3 + ζ4Z(ζ),

Z5(ζ) = − 1

32[60Z(1)(ζ) + 20Z(3)(ζ) + Z(5)(ζ)] =

3

4+

1

2ζ2 + ζ4 + ζ5Z(ζ), (F.27)

Finalmente, é conveniente definir a seguinte função diferença:

Dn(ζα) = Zn(−ζα)− Zn(ζα), ζα =ω

ωtrα, (F.28)

a qual, pela utilização de F.21 a F.27, resulta nos seguintes valores:

D0(ζα) = 2[i√πe−ζ2α − Z(ζα)],

D1(ζα) = −2ζαi√πe−ζ2α ,

D2(ζα) = −2ζα + ζ2αD0(ζα),

D3(ζα) = −2ζ3αi√πe−ζ2α ,

D4(ζα) = −ζα − 2ζ3α + ζ4αD0(ζα),

D5(ζα) = −2ζ5αi√πe−ζ2α . (F.29)

F.4 Cálculo das integrais com efeitos cinéticos

Inicialmente apresentamos as integrais cinéticas:

L(α)a =

J20αΩ

adα

1− Ω2trα

, L(α)ab =

J20αΩ

adαΩ

btrα

1− Ω2trα

, L(α)abc =

J20αΩ

adαΩ

btrαΩ

c∗α

1− Ω2trα

, (F.30)

onde, para seu cálculo, é conveniente observar que

1

1− Ω2trα/ω

2=

ζα2

(

1

v‖/vTα+ ζα

− 1

v‖/vTα− ζα

)

, ζα =ω

ωtrα, (F.31)

pois esta observação nos permite obter a seguinte relação:

1√π

∫ ∞

−∞

dv‖

vTα

(v‖/vTα)ne−v2

‖/v2

1− Ω2trα

=ζα2Dn(ζα). (F.32)

121

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Segue, portanto, que

L(α)0 =

ζα2D0(ζα)

(

1− 1

2k2rρ

)

, L(α)1 =

ωdα

ω

ζα2

[

1

2D0(ζα) +D2(ζα)

]

,

L(α)2 =

ω2dα

ω2

ζα2

[

1

2D0(ζα) +D2(ζα) +D4(ζα)

]

, (F.33)

L(α)01 =

1

2D1(ζα), L(α)

02 =1

2ζαD2(ζα), L(α)

11 =ωdα

ω

1

2

[

1

2D1(ζα) +D3(ζα)

]

, (F.34)

L(α)001 =

ω∗α

ω

ζα2

[(

1− ηα2

)

D0(ζα) + ηαD2(ζα)

]

,

L(α)101 =

ωdαω∗α

ω2

ζα2

[(

1

2+

ηα4

)

D0(ζα) +D2(ζα) + ηαD4(ζα)

]

,

L(α)011 =

ω∗α

ω

1

2

[(

1− ηα2

)

D1(ζα) + ηαD3(ζα)

]

,

L(α)111 =

ωdαω∗α

ω2

1

2

[(

1

2+

ηα4

)

D1(ζα) +D3(ζα) + ηαD5(ζα)

]

, (F.35)

e, finalmente, com a substituição dos valores mostrados em F.29, resulta:

L(α)0 = −ζα[Z(ζα)− i

√πe−ζ2α ]

(

1− k2rρ2α

2

)

,

L(α)1 = −

ζ2α +

(

1

2ζα + ζ3α

)

[

Z(ζα)− i√πe−ζ2α

]

krραΩ

,

L(α)2 = −

3

2ζ2α + ζ4α +

(

1

2ζα + ζ3α + ζ5α

)

[

Z(ζα)− i√πe−ζ2α

]

k2rρ2α

Ω2, L(α)

01 = −ζαi√πe−ζ2α ,

L(α)02 = −[1 + ζαZ(ζα)]

(

1− k2rρ2α

2

)

, L(α)11 = −

(

1

2ζα + ζ3α

)

krραΩ

√πe−ζ2α ,

L(α)001 = −

ηαζ2α +

[(

1− 1

2ηα

)

ζα + ηαζ3α

]

[

Z(ζα)− i√πe−ζ2α

]

Ω∗α

Ω,

L(α)101 = −

(

1 +1

2ηα

)

ζ2α + ηαζ4α +

[(

1

2+

1

4ηα

)

ζα + ζ3α + ηαζ5α

]

[

Z(ζα)− i√πe−ζ2α

]

Ω∗αkrραΩ2

,

L(α)011 = −

[(

1

2− 1

2ηα

)

ζα + ηαζ3α

]

Ω∗α

Ωi√πe−ζ2α ,

L(α)111 = −

[(

1

2+

1

4ηα

)

ζα + ζ3α + ηαζ5α

]

Ω∗αkrραΩ2

i√πe−ζ2α . (F.36)

122

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F.5 Obtenção do limite de fluido a partir das integrais

com efeitos cinéticos

No limite |ζi| → ∞, o termo e−ζ2i pode ser desprezado e, ao utilizar o limite assimptótico de

Z(ζi), mostrado em F.24, obtemos a partir de (F.36) o limite de fluido:

L(i)0 ≈ I

(i)0 + I

(i)02 ≈

(

1− 1

2k2rρ

2i

)(

1 +1

2q2Ω2

)

, L(i)1 = I

(i)1 + I

(i)12 =

(

1 +1

q2Ω2

)

krρiΩ

,

L(i)2 = I

(i)2 + I

(i)22 =

(

7

4+

23

8

1

q2Ω2

)

k2rρ2i

Ω2, L(i)

11 = I(i)11 = 0,

L(i)101 = I

(i)101 + I

(i)121 =

[

1 + ηi +1 + 2ηiq2Ω2

]

Ω∗ikrρiΩ2

, L(i)111 = I

(i)111 = 0, L(i)

011 = I(i)011 = 0,

L(i)001 = I

(i)001 + I

(i)021 =

[

1 +1 + ηi2q2Ω2

− 1

2

(

1 + ηi +1 + 2ηi2q2Ω2

)

k2rρ2i

]

Ω∗i

Ω,

(F.37)

123

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Apêndice G

Participação em eventos científicos

G.1 Cursos internacionais:

• 8th Carolus Magnus Summer School on Plasma Physics and Fusion Science

[99]: Este curso de curta duração, que ocorreu de 3 a 14 de setembro de 2007 em Bad Hon-

nef na Alemanha, consistiu de inúmeros seminários sobre os principais tópicos a respeito de

Física de Plasma e Fusão Nuclear (Magnetohidrodinâmica, Teoria cinética, Aquecimento,

Transporte, etc...) com ênfase em aplicações para o ITER. Os seminários, que foram

ministrados por pesquisadores e professores especialistas em cada área, foram publicados

no formato de artigo breve em [100].

G.2 Produção bibliográfica

• Drif effects on geodesic acoust modes: Foi aceito em 2012 e publicado na versão

final em 2013 [74]. Este trabalho foi, em grande parte, resultado da colaboração com

Prof. Dr. A. I. Smolyakov pertencente a Universidade de Saskatchewan e é a base para

propostas de trabalhos futuros que pretendemos realizar.

• Rotation effect on geodesic and zonal flow modes in tokamak plasmas with

isothermal magnetic surfaces: O tema deste trabalho foi o alvo da pesquisa do mes-

trado precedente ao presente doutorado [39] e do início deste doutorado. Na forma final,

considerando fluxo de calor e equilíbrio com superfícies magnéticas isotérmicas, este tra-

balho foi publicado em 2011 [81].

124

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G.3 Conferências e encontros científicos

• 40th European Physical Society Conference on Plasma Physics [101]: Trata-

se de uma conferência em física de plasmas que ocorreu de 1 a 5 de julho de 2013 na

Finlândia. Apresentamos nesta conferência um poster entitulado como “Diamagnetic

effects and Landau Damping on geodesic acoustic modes” e um artigo no tamanho máximo

permitido (4 páginas) [102]. Este trabalho é a base para o captítulo 4 desta tese e, a partir

dele, pretendemos, no futuro, submeter um artigo com maior detalhamento algébrico em

alguma revista internacional adequada ao tipo de trabálho.

• 12Encontro Brasileiro de Física de Plasmas [103]: Foi um evento científico na-

cional que correu de 1 a 5 de Dezembro de 2013 na Universidade de Brasília (UnB) em

Brasília (DF). Neste evento apresentamos, na forma de poster, a metodologia parra um

estudo sobre automodos acústicos geodésicos, cuja aplicação de maior impácto imediato

está na determinação do perfil radial da temperatura de íons em tokamaks por meio de

um novo tipo de diagnóstico em desenvolvimento: Espectroscopia com GAM. Trata-se

de um tema que pretendemos desenvolver melhor em um trabalho futuro, no entanto, os

conceitos iniciais e a metodologia para o desenvolvimento deste trabalho foram apresen-

tados no poster e no resumo entitulados “Geodesic acoustic eigenmodes in the presence

of diamagnetic effects” (P023) [104].

125

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