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  • RELATRIO FINALPIBIC/CNPq/IBMEC-RJ

    1. IDENTIFICAO

    Nome do(a) bolsista: Ellen Nice Lyra de SouzaNome do(a) orientador(a): Ana Maria Esteves de SouzaCurso: DireitoTtulo do Projeto: Direito ao Refgio no Mar: uma anlise do caso Lampedusa luzdo direito internacional.Trs palavras-chave: refugiados, direito do mar, LampedusaVigncia: 01.08.2015 31.07.2016

  • 2. O Instituto do Refgio e o Refugiado

    A prtica de conceder refgio em terras estrangeiras reconhecidamente uma

    caracterstica antiga da civilizao. De acordo com a Agncia especializada das Naes

    Unidas para Refugiados, referncias a essa prtica foram encontradas em textos escritos

    h 3.500 anos, durante o florescimento dos antigos grandes imprios do Oriente Mdio,

    como o Hitita, Babilnico, Assrio e Egpcio antigo1. Tal instituto reconhecido da

    Conveno das Naes Unidas sobre o Estatuto do Refugiado, que foi adotada em 28 de

    Julho de 1951 e entrou em vigor no dia 22 de Abril de 1954, porm sua definio

    abrangia somente eventos ocorridos antes de 1 de Janeiro de 1951, servindo apenas

    para acolher os refugiados em decorrncia da II Guerra Mundial. No decurso do tempo,

    ocorreram mais conflitos e com isso, houve a necessidade de modificar o conceito de

    refugiado, tendo em vista a sua ampliao para que fosse mais eficaz. Nesse contexto,

    criou-se o Protocolo de 1967, que aplica a Conveno a todos os refugiados enquadrados

    na sua definio, independente de limite de datas e de espao geogrfico2.

    O refgio caracterizado como uma espcie de proteo internacional

    reconhecida a qualquer indivduo que sofra perseguio em seu Estado de origem ou

    residncia habitual, em decorrncia de sua nacionalidade, raa, religio, opinio poltica

    ou participao em determinado grupo social3. Por sua vez, os refugiados so indivduos

    que se vem em uma situao de clara ameaa sua vida e sua liberdade, e assim so

    forados a fugir de seu pas de origem. Desse modo, buscam refgio em outro pas pela

    impossibilidade de permanecer ou voltar ao seu pas de origem devido a tais temores4.

    So considerados elementos do refgio a perseguio, o fundado temor e a

    extraterritorialidade.

    1 ACNUR. Refugiados. Disponvel em http://www.acnur.org/t3/portugues/quem-ajudamos/refugiados/.Acessado em 26/02/2016.2 ACNUR. O que a Conveno de 1951? Disponvel em:http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/o-que-e-a-convencao-de-1951/. Acessado em23/02/20163 JUBILUT, Liliana Lyra. O Direito Internacional dos refugiados e sua aplicao no ordenamentojurdico brasileiro. So Paulo: Mtodo, 2007. Pg. 44.4 SOARES, Carina de Oliveira. A proteo internacional dos refugiados e o sistema brasileiro deconcesso de refgio. Publicado em maio de 2011. Disponvel em:http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9430. Acessado em 26/03/2016

    http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/o-que-e-a-convencao-de-1951/http://www.acnur.org/t3/portugues/quem-ajudamos/refugiados/

  • Com a crise na Eritreia, a guerras civis na Sria, Somlia, Nigria e no

    Afeganisto e com a insurgncia de grupos terroristas, como o Estado Islmico e o Boko

    Haram, iniciou-se o exdo desses indivduos habitantes em condies de extrema

    vulnerabilidade habitantes das zonas de conflito5. Este deslocamento direcionado,

    principalmente, aos pases europeus6, por conta da proximidade e da estabilidade

    poltica e econmica que tais pases oferecem. No entanto, com a chegada em grande

    quantidade de solicitantes de refgio, por motivos que so expostos ao longo deste

    artigo, estes pases fecharam suas fronteiras, dificultando e tornando ainda mais

    burocrtico as solicitaes de refgio.

    Nessas condies, o mar acaba por se tornar a nica rota para chegar

    nesses pases e solicitar proteo internacional. Os Estados, cientes disso, policiam as

    rotas mais viveis e assim obrigam estes indivduos a utilizarem rotas mais perigosas.

    Apenas em 2016, mais de 3 mil imigrantes solicitantes de refgio morreram durante a

    travessia7 e so noticiados cada vez mais casos de navios em precrias condies,

    oriundos de pases em crise, lotados de refugiados que se arriscam em alto mar em

    busca de uma vida mais digna.

    5 AVELAR, Daniel Sabino. BALBINO, Leida.. Saiba quais so os principais conflitos que alimentam acrise na Europa. Publicado em 03/09/2015. Disponvel em:http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtml. Acessado em 29/07/2016.6 Cumpre registrar que, apesar do crescente sentimento anti-refugiado em muitos dos pasesindustrializados, o relatrio Tendncias Globais 2010, do Alto Comissariado da ONU para Refugiados(ACNUR), revela um grande desequilbrio no apoio internacional s pessoas que foram foradas a sedeslocar: o documento mostra que 80% dos refugiados do mundo foram acolhidos por pases emdesenvolvimento. Assim, so os pases mais pobres do mundo que abrigam grandes nmeros derefugiados, seja em termos absolutos ou em relao ao tamanho de suas economias. Ver as principaisestatsitcas do relatrio em: http://www.acnur.org/t3/fileadmin/scripts/doc.php?file=t3/fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2011/Relatorio_Tendencias_Globais_2010_-_Principais_estatisticas. 7 Jornal do Brasil. Cerca de 3 mil imigrantes morreram no Mediterrneo em 2016. Publicado em22/07/2016. Disponvel em: http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2016/07/22/cerca-de-3-mil-imigrantes-morreram-no-mediterraneo-em-2016/. Acessado em 29/07/2016.

    http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2016/07/22/cerca-de-3-mil-imigrantes-morreram-no-mediterraneo-em-2016/http://www.jb.com.br/internacional/noticias/2016/07/22/cerca-de-3-mil-imigrantes-morreram-no-mediterraneo-em-2016/http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtml

  • (Rotas martimas utilizadas para chegar na Europa8)

    Diante de tamanhas tragdias, que levam mesmo comparao do Mar com um

    cemitrio9, a comunidade internacional foi levada a tomar medidas que solucionassem o

    problema dos refugiados, entretanto a etapa mais difcil, alm da elaborao das

    medidas, a cooperao entre os pases, que pe em xeque a atual poltica de livre

    circulao na Europa.

    3. Objetivos

    O presente projeto teve como objetivo geral a anlise da atual situao dos

    refugiados na Europa, observando a relao da Organizao das Naes Unidas (ONU)

    com estes e com os Estados e tendo como base o caso da ilha de Lampedusa na Itlia.

    Como objetivo especfico, executamos a anlise da situao da ilha de

    Lampedusa e seus problemas atuais no tratamento de refugiados luz das normas

    internacionais do sistema onusiano voltadas proteo do indivduo no mar cujo meio

    mais utilizado para chegar no continente europeu. Devido a este fato, analisamos a

    atuao dos Estados europeus face s situaes de refugiados no mar tendo como base

    as normas jurdicas aplicveis do direito internacional.

    8 AVELAR, Daniel Sabino. BALBINO, Leida.. Saiba quais so os principais conflitos que alimentam acrise na Europa. Publicado em 03/09/2015. Disponvel em:http://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtml. Acessado em 29/07/2016.9 Palavras do primeiro-ministro Italiano, Matteo Renzi, publicado pelo jornal Correio Braziliense em17/04/2015. Disponvel em:http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2015/04/17/interna_mundo,479808/e-um-mar-nao-um-cemiterio-diz-premie-italiano-sobre-crise-migratoria.shtml. Acessado em 26/05/2015.

    http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2015/04/17/interna_mundo,479808/e-um-mar-nao-um-cemiterio-diz-premie-italiano-sobre-crise-migratoria.shtmlhttp://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2015/04/17/interna_mundo,479808/e-um-mar-nao-um-cemiterio-diz-premie-italiano-sobre-crise-migratoria.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtmlhttp://www1.folha.uol.com.br/asmais/2015/09/1676793-saiba-quais-sao-os-conflitos-que-alimentam-a-crise-de-refugiados-na-europa.shtml

  • Conjuntamente, foi analisado em escala europeia os efeitos da crise dos

    refugiados, no s nos pases como tambm nos indivduos em si, que devem se adaptar

    a uma nova realidade. Ao analisarmos desse modo, atingimos o objetivo de observar o

    tratamento dado a estes, todo o processo de auxlio a insero destes indivduos no nvo

    contexto social e, em escala continental, a propositura do Sistema de Cotas de

    Refugiados pela Comisso Europeia..

    4. Metodologia de Pesquisa

    A metodologia adotada foi a coleta de dados por meio de artigos cientficos,

    livros e, principalmente, artigos jornalsticos. Por ser um tema atual e em constante

    desenvolvimento, estes artigos se tornam uma fonte de dados essencial.

    A coleta de dados tambm se deu a partir do Eurostat, que consiste num banco

    de dados da Europa e apresenta dados gerais sobre a Europa, e tambm do Missing

    Migrants Project, que uma base de dados oferecida pela Organizao Internacional de

    Migrao (OIM). Um dos bancos de dados mais importantes para o projeto foi o da

    Organizao Internacional de Migrao,