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RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO 1 N° 03/15 SEMANAS: 09/02/15 20/02/15 ASSUNTOS: COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA PLANO NACIONAL DE BANDA LARGA LEILÃO DA FAIXA AWS-3 NOS EUA E O VALOR DO ESPECTRO AT&T AMPLIA SUA ATUAÇÃO NO MÉXICO TELEFÓNICA VENDE O2 PARA HUTCHISON NOVOS CABOS SUBMARINOS COMPARTILHAMENTO DE POSTES – RESOLUÇÃO CONJUNTA ANATEL ANEEL POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS PARA A Oi COM A VENDA DA PT OBRIGATORIEDADE DE COMPARTILHAMENTO DE INFRAESTRUTURA LEI DAS ANTENAS (SCD 00293/2012) IMPLANTAÇÃO DA FAIXA DE 700 MHz E DIGITALIZAÇÃO DA TV FCC LASSIFICARÁ A BANDA LARGA FIXA E MÓVEL COMO UM SERVIÇO ESSENCIAL UMA INTERVENÇÃO “SUI GENERIS” NA ESPANHA E UMA CORRELAÇÃO COM O BRASIL VERIZON VENDE ATIVOS DE TORRES E REDE FIXA PRORROGADO O PRAZO DE DEBATES DO MARCO CIVIL DA INTERNET – CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA PROVEDORES DE PEQUENO PORTE CRITÍCAM TITLE II NOS EUA Cade APROVA VENDA DE TORRES DA TIM À AMERICAN TOWER 01. COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA Seguem, a seguir, algumas considerações sobre pontos que tiveram algum destaque no período de duas semanas coberto pelo presente RELATÓRIO SEMANAL. Renovação da Outorga das Frequências de 1800 ENOVAÇÃO DA OUTORGA DAS FREQUÊNCIAS de 1800 MHz da Oi e TIM A Anatel adiou por mais 30 dias (até meados de março) o prazo da decisão do seu Conselho Diretor a respeito do pedido de prorrogação do direito de uso das frequências, na Faixa de 1800 MHz, feito pela Oi e pela TIM. Conforme foi informado em RELATÓRIO SEMANAL anterior o assunto está sujeito a uma polêmica relacionada com a perda de prazo, por ambas as Prestadoras, do referido pedido de prorrogação. A Procuradoria Especializada da Anatel firmou um Parecer no qual defende que o pedido foi feito fora do prazo e, portanto, não cabe a renovação da outorga de uso. E, vai mais longe, ao defender que, de imediato, a Agência prepare um Edital para a licitação das subfaixas ocupadas por cada Operadora. Conforme foi mencionado em RELATÓRIO SEMANAL anterior esta posição da Procuradoria foi acompanhada pelo Conselheiro Igor, no processo da TIM, e foi, ignorada pelo Conselheiro Jarbas Valente que votou favoravelmente à prorrogação, no processo da Oi. Este utilizou o argumento de que a questão do prazo pode ter interpretações divergentes e, além do

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RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

1

N° 03/15

SEMANAS: 09/02/15 20/02/15

ASSUNTOS:

COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA

PLANO NACIONAL DE BANDA LARGA

LEILÃO DA FAIXA AWS-3 NOS EUA E O VALOR DO ESPECTRO

AT&T AMPLIA SUA ATUAÇÃO NO MÉXICO

TELEFÓNICA VENDE O2 PARA HUTCHISON

NOVOS CABOS SUBMARINOS

COMPARTILHAMENTO DE POSTES – RESOLUÇÃO CONJUNTA ANATEL ANEEL

POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS PARA A Oi COM A VENDA DA PT

OBRIGATORIEDADE DE COMPARTILHAMENTO DE INFRAESTRUTURA

LEI DAS ANTENAS (SCD 00293/2012)

IMPLANTAÇÃO DA FAIXA DE 700 MHz E DIGITALIZAÇÃO DA TV

FCC LASSIFICARÁ A BANDA LARGA FIXA E MÓVEL COMO UM SERVIÇO ESSENCIAL

UMA INTERVENÇÃO “SUI GENERIS” NA ESPANHA E UMA CORRELAÇÃO COM O BRASIL

VERIZON VENDE ATIVOS DE TORRES E REDE FIXA

PRORROGADO O PRAZO DE DEBATES DO MARCO CIVIL DA INTERNET – CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA

PROVEDORES DE PEQUENO PORTE CRITÍCAM TITLE II NOS EUA

Cade APROVA VENDA DE TORRES DA TIM À AMERICAN TOWER

01. COMENTÁRIO GERAL DA SEMANA

Seguem, a seguir, algumas considerações sobre pontos que tiveram algum destaque no período de

duas semanas coberto pelo presente RELATÓRIO SEMANAL.

Renovação da Outorga das Frequências de 1800 ENOVAÇÃO DA OUTORGA DAS FREQUÊNCIAS de

1800 MHz da Oi e TIM

A Anatel adiou por mais 30 dias (até meados de março) o prazo da decisão do seu Conselho Diretor

a respeito do pedido de prorrogação do direito de uso das frequências, na Faixa de 1800 MHz, feito

pela Oi e pela TIM. Conforme foi informado em RELATÓRIO SEMANAL anterior o assunto está

sujeito a uma polêmica relacionada com a perda de prazo, por ambas as Prestadoras, do referido

pedido de prorrogação.

A Procuradoria Especializada da Anatel firmou um Parecer no qual defende que o pedido foi feito

fora do prazo e, portanto, não cabe a renovação da outorga de uso. E, vai mais longe, ao defender

que, de imediato, a Agência prepare um Edital para a licitação das subfaixas ocupadas por cada

Operadora. Conforme foi mencionado em RELATÓRIO SEMANAL anterior esta posição da

Procuradoria foi acompanhada pelo Conselheiro Igor, no processo da TIM, e foi, ignorada pelo

Conselheiro Jarbas Valente que votou favoravelmente à prorrogação, no processo da Oi. Este

utilizou o argumento de que a questão do prazo pode ter interpretações divergentes e, além do

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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mais, considerou estar presente o interesse público aliado ao fato de que não haveria danos ao

erário.

Diante do impasse estabelecido, o Presidente João Rezende solicitou vistas do processo e

encaminhou pedido de Parecer à AGU – Advocacia Geral da União. Não há confirmação de que ela

tenha formalizado uma resposta à solicitação da Agência. Mas, vazaram na imprensa especializada

alguns aspectos do suposto posicionamento daquele Órgão dando suporte à tese que, mesmo

admitindo ter havido a perda do prazo, considera a possibilidade de a renovação ser concedida na

linha da argumentação colocada pelo Conselheiro Jarbas. Em sendo realidade este

posicionamento, a Agência ficaria “liberada” para decidir de uma forma menos apegada a aspectos

burocráticos e, até, não ficaria descartada a possibilidade de uma “revisão” do voto do Conselheiro

Igor.

Trata-se de uma questão de grande relevância para ambas as Empresas e, de certa forma, para

todo o “ambiente” operacional do Setor no Brasil. Os três Conselheiros que ainda não votaram,

certamente, levarão em consideração nos seus votos o Parecer da AGU o que não significa que

possam ter suas próprias convicções e votar de modo distinto. As expectativas se extenderão pelas

duas ou três próximas semanas!

Espectro adicional para o SeAC

Foi publicada no DOU a Resolução N° 648/15, da Anatel, definindo a realocação da faixa de MMDS

anteriormente em posse da NET que, recentemente, teve rejeitado um pedido de

renovação/ampliação de prazo de uso rejeitado pela Agência. Estas frequências poderão ser

usadas em caráter secundário por Autorizadas do SeAC que obtiverem a devida Autorização.

Também foi estabelecida a possibilidade de utilização pelo SeAC, das seguintes subfaixas:

12,2 a 12,7 GHZ (anteriormente DTH) em caráter primário

2,170 a 2,182 GHz em caráter secundário

2,500 a 2,570 GHz e 2,620 a 2,690 em caráter secundário

2,570 a 2,620 GHz em caráter primário, sem exclusividade

25,350 a 25,475 e de 25,475 a 25,600 GHz em caráter primário, sem exclusividade

37,646 a 37,814 e 38,906 a 39,074 GHz em caráter primário, sem exclusividade

A utilização de frequências muito elevadas (acima de 25 GHz) é uma perspectiva colocada pela

Agência seguindo uma tendência mundial relacionada com a questão da transmissão de grandes

quantidades de dados (básicamente vídeo) por sistemas sem fio. Naturalmente, as restrições mais

evidentes estão relacionadas com as pequenas coberturas proporcionadas por sistemas que

utilizam tais faixas o que pressupõe grandes quantidades de células/spots associados aos sistemas

a serem implantados. Uma realidade a ser enfrentada em tempos nos quais as dificuldades

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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ambientais para a obtenção de espaços urbanos (indoor e outdoor) estão cada vez mais presentes,

além, das questões relacionadas com os efeitos das radiações não ionizantes na saúde humana.

Debenturistas da Oi Ratificam Venda da PT à Altice

Os debenturistas da Oi aprovaram, em Assembléia-Geral realizada em 12/02/15, a venda da PT Portugal à Altice, segundo informado pela Empresa ao mercado através de comunicado.

Na ocasião, além da aprovação da venda foi consentida a reorganização societária da Companhia para viabilizar a transação. E, foram aprovadas condições de alavancagem da Empresa (em caráter de exceção) que não poderá ser superior a 4,5 vezes o EBITDA, após a transferência dos ativos da PT Portugal, nem ser maior do que 6 vezes o EBITDA após a absorção da dívida desta subsidiária, nos 4 trimestres de 2015. Para 2016 o índice não poderá ser superior a 4 vezes o EBITDA o que pressupõe uma redução substancial do endividamento.

Também houve concordância com a proposta da Companhia em não pagar dividendos referentes a 2014 e 2015 que não sejam os obrigatórios estabelecidos na Lei das S.A. E, está, ainda, previsto o pagamento de uma Waiver Fee aos debenturistas segundo condições a serem anunciadas.

Venda da PT à Altice – AdC Consulta Comissão Europeia

A imprensa portuguesa publicou notícia indicando que a Autoridade da Concorrência (AdC) de

Portugal, fará uma consulta à Comissão Europeia, em Bruxelas a respeito da venda da PT pela Oi à

Altice. E o objetivo de tal Consulta é verificar se a Comissão Europeia concorda em remeter o

processo para o pronunciamento da AdC, uma vez que se trata de uma operação de compra e

venda cujo foco está em Portugal. A expectativa é que a Comissão negue o pedido da AdC, pois há

precedentes de solicitações análogas, envolvendo operações idênticas, em outros países, que não

foram atendidas

A Altice já notificou a Direção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia. Neste tipo de

negociação basta ter o aval da Comissão visto que está se criando uma situação em que uma

Operadora atua em dois Estados-Membro com uma participação significativa de mercado. Cabe

registrar que a Altice atua na França e é dona, em Portugal, da Cabovisão e da Oni. Agora, com a

aquisição da PT, ficará com uma participação de mercado superior a 50% na TV paga, na telefonia

fixa e no provimento de banda larga. Nestas condições, é provável que seja imposta à Altice a

condição de ter de se desfazer da Cabovisão.

Por oportuno, vale registrar uma outra operação que está sendo desenvolvida pela Altice não

relacionada com a PT Portugal. Trata-se do anúncio divulgado recentemente de que ela está

adquirindo mais 20% de participação na Numericable-SFR, uma Operadora de Cabo e Telefonia

Móvel da França, na qual ela já dispõe de 60% do capital. O valor envolvido na compra dos 20% é

de 3,9 bilhões de euros e a vendedora é a Vivendi.

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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Revisão dos Contratos de Concessão - Bens Reversíveis

Participando do Seminário Políticas de (Tele)Comunicações o Presidente da Anatel, João Rezende,

informou que a revisão, em andamento, dos Contratos de Concessão não deverá trazer grandes

modificações: principalmente, em relação à questão dos Bens Reversíveis. Ele reforça a linha

daqueles que consideram ser necessário modificar a LGT para se ter uma flexibilização da questão.

Em RELATÓRIO SEMANAL anterior tinha se ressaltado a importância deste tema no contexto de se

criarem condições para ampliar os investimentos no Setor. Na verdade a Trilogia: Contratos de

Concessão – Regime Público – Bens Reversíveis embute a estrutura de um roteiro bem elaborado

com elevado potencial de inibir as decisões de investimentos no Setor. Assim, a confirmar-se a

manutenção do status quo atual, pode-se esperar alguma retração no volume de investimentos

dos próximos anos, principalmente na rede de acesso cabeada, onde o problema se apresenta com

mais clareza.

Os reflexos deverão se fazer sentir com maior intensidade nas regiões de menor poder aquisitivo

onde a rentabilidade da prestação dos serviços é reduzida. Este é o caso da periferia das áreas

metropolitanas de maior porte; das cidades pequenas e médias; e, substancialmente, das áreas

rurais. E, é nestas situações que se concentram as atenções do Governo dentro da estratégia de

reduzir as desigualdades sociais e de diminuir o gap entre as oportunidades de acesso aos serviços

de telecomunicações, considerando as diferentes camadas sociais e as particularidades de distintas

regiões do País.

Como foi mencionado RELATÓRIO SEMANAL anterior o equacionamento de soluções para o

assunto passa necessariamente pelo aspecto econômico-financeiro. E, como a prestação dos

serviços é feita por empresas privadas que investem tendo como objetivo o lucro fica difícil

convence-las a desenvolver projetos deficitários ou com rentabilidade insuficiente. Assim, torna-

se necessário criar mecanismos que contornem esta situação, entre eles: estabelecer alguma forma

de subsídios cruzados (difícil pela legislação atual); aporte de recursos públicos específicos (fundos

de universalização); obrigações regulatórias impostas em licitações de espectro; e, outras

possibilidades a serem avaliadas.

Como as Operadoras não podem ficar à mercê desta questão deverão se movimentar em outras

direções. Os serviços celulares deverão ser a alternativa preferencial. Mas, esta alternativa tem

limitações de capacidade bem conhecidas ainda que a evolução tecnológica tenha conseguido

avanços expressivos nos últimos anos. E deverão continuar na próxima década quando se iniciará

a implantação dos primeiros sistemas 5G. Contudo, há dúvidas sobre a possibilidade de estas

soluções serem adequadas para atender as elevadas capacidades, imediatas e futuras,

demandadas pelos acessos fixos (comércio, indústria, escritórios e domicílios) do futuro.

Com estas considerações restam as preocupações com a evolução do Setor no Brasil, de modo a

acompanhar os principais países do mundo, tendo em vista uma legislação e consequente

regulamentação que se mostraram importantes em cenários do passado, mas, que não mais

atendem a dinâmica frenética de avanços tecnológicos; da rapidíssima evolução das denominadas

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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“redes sociais”; e, dos aplicativos que são “baixados” e utilizados na “rede” de forma quase

incontrolável.

Demissões na Oi

A normalmente bem informada Coluna Radar (Lauro Jardim) do dia 12/02, sob o título, “Vai encolher”, anuncia possíveis demissões na Oi. Textualmente, diz a coluna:

“Mais demissões

Vem aí uma nova leva de demissões na Oi. É para março.”

02. PLANO NACIONAL DE BANDA LARGA

Não houve alterações no status deste item em relação ao reportado no RELATÓRIO 01/2015. O

Ministro Ricardo Berzoini abordou o tema por ocasião de sua participação no Seminário Política de

(Tele)Comunicações realizado em Brasília, no dia 10/02. No entanto, não foram apresentados fatos

novos a não ser a confirmação dos compromissos do Governo em levar adiante um Plano desta

natureza a ser materializado no “Banda Larga para Todos”. Assim o tema será mantido por ser um

dos pontos da agenda referencial do ano em curso ficando no aguardo de informações concretas

em relação aos planos e estratégias anunciadas pelo Governo.

03. LEILÃO DA FAIXA AWS-3 NOS EUA E O VALOR DO ESPECTRO

Continua a referência aos comentários inseridos no RELATÓRIO SEMANAL N° 02/15. O item será

mantidona expectativa de que possa haver fatos novos que possam impactar o ambiente do

mercado brasileiro especialmente em relação à possibilidade de realização de novas licitações de

espectro conforme começa a ser ventilado.

04. AT&T AMPLIA SUA ATUAÇÃO NO MÉXICO

Em continuidade aos seus movimentos no mercado mexicano, a A AT&T anunciou que os usuários

pré-pago do Plano GoPhone de $60 de dados passarão a fazer chamadas sem custo para o México.

Também aumentou em mais de 50% o limite do volume de dados dos seus Planos de $45 (passou

de 1GB para 1,5 GB) e de $60 (passou de 2,5 GB para 4GB). Estas ações confirmam a anunciada

intenção da AT&T de fazer do mercado mexicano uma de suas prioridades.

Conforme mencionado em RELATÓRIO SEMANAL anterior, a AT&T havia adquirido a Iusacell e,

mais recentemente, anunciou a compra da Nextel México. Com isto se mantém em linha para criar

o que ela chama a primeira “Área de Serviço Móvel da América do Norte” que incluirá um potencial

de mais de 400 milhões de clientes. Vale registrar que combinando as duas aquisições a AT&T terá

12,2 milhões de usuários. Além disto ela terá à disposição cerca de 100 MHz de espectro. Trata-se

de uma quantidade considerável que lhe permitirá disputar o mercado mexicano em condições de

igualdade com as outras duas principais Operadoras, uma vez que consiga fazer a integração das

redes, atualmente, operando com diferentes tecnologias.

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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Por outro lado, a promessa da AT&T em se expandir para mercados fora dos EUA, em especial, na

América Latina, estão se confirmando no que diz respeito ao México. Isto aumenta as expectativas

quanto a outros países, inclusive o Brasil, onde ela já “colocou um pé” com a aquisição da DirectTV

e Sky. Esta operação ainda está em fase de avaliação pelas autoridades americanas da

concorrência, mas, já foi aprovada pela Anatel.

E, aqui, se reiteram os rumores sobre a possível associação/compra de operadoras do mercado

brasileiro entre elas a TIM, Oi e a Nextel Brasil. A concretização de uma destas possibilidades, sem

dúvida, tem a força de impactar consideravelmente o mercado nacional.

No caso do México, o que não está se confirmando é a possibilidade de a AT&T ser compradora

dos ativos que a América Móvil deverá se desfazer por conta do processo de desmobilização

imposto pelo Iftel (Instituto Federal de Comunicaciónes). Isto, aparentemente, está criando

algumas indefinições nos planos do controlador da Companhia Carlos Slim.

Conforme se pode verificar, parece que a estratégia da AT&T passa pela consolidação no México,

mas, com uma outra proposta. Atualmente, ela já é a segunda maior Operadora do País em número

de acessos. A Telefónica (Movistar) ainda se mantém com a segunda colocada em volume de

receitas e a Telcel (marca da América Móvil) é a líder. Mas, é evidente que a AT&T se posiciona no

sentido de ampliar sua presença e participação no mercado o que levará certamente a uma

competição acirrada naquele mercado.

05. TELEFÓNICA VENDE O2 PARA HUTCHISON

Não houve comentários marcantes em relação ao assunto durante a semana. O tema será mantido

por, possivelmente, envolver indiretamente os planos da Telefónica no Brasil, conforme foi

colocado no RELATÓRIO SEMANAL 01/15.

06. NOVOS CABOS SUBMARINOS

Não houve manifestações em relação a este item durante a semana. No entanto, ele será mantido

tendo em vista a possibilidade de ocorrerem movimentos relacionados com qualquer um dos três

projetos mencionados no RELATÓRIO 01/15 nas semanas que se seguirão.

07. COMPARTILHAMENTO DE POSTES – DIFICULDADES PARA NEGOCIAR O ALUGUEL

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), através de seu

Presidente Basílio Perez, alertou para as dificuldades das dificuldades para negociar o aluguel de

postes com as concessionárias distribuidoras de energia elétrica, em manifestação durante reunião

do Conselho Consultivo da Anatel. Declarou que as Associadas não estão satisfeitas com a

Resolução, pois, ela não atenderia a “realidade” do setor. A preocupação principal com a Resolução

é de ela não ser clara em relação ao tratamento que será dado a todas as Prestadoras.

As reclamações são de ordem diversa e vão desde a variação do preço cobrado por cada

distribuidora e de uma mesma distribuidora para diferentes clientes (tratamento não isonômico)

até à alegação de dificuldades técnicas para a negociação. Também há receio de algum tipo de

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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retaliação. Vale registrar que uma Resolução conjunta da Anatel e da Aneel recente fixou o valor

de “referência” do aluguel de cada ponto de fixação em R$ 3,19, já incluídos os impostos. A ANP –

Agência Nacional do Petróleo também está envolvida, mas, ela somente será envolvida em casos

específicos como, por exemplo, situações de desempate. Ainda que a Portaria conjunta que fixou

o valor seja válida a partir de 01/04/2015, na prática, ela já está sendo utilizada em processos de

arbitragem como aconteceu no caso envolvendo a GVT e a Celg iniciado antes da publicação da

Resolução.

Esta é uma situação importantíssima, principalmente para os Pequenos Provedores, pois, para eles

é uma questão de sobrevivência terem a certeza de que disporão de acesso aos postes nos prazos

compatíveis com os cronogramas de seus projetos, sem ter de se envolver em longos processo de

arbitragem. Nestes casos as condições podem levar a situações de inviabilização, pois, além dos

custos de um processo desta ordem as indefinições resultantes podem ser fatais nas pretensões

de eles serem competitivos em um mercado que, por natureza, já é bastante disputado.

Por outro lado, é plenamente compreensível que nas negociações que envolvem volumes

consideráveis de pontos, inclusive a nível regional, haja condições específicas, não replicáveis em

situações locais envolvendo quantidades significativamente menores, como é o caso, por exemplo,

de um projeto em uma pequena cidade do Interior. Mas, a fixação do valor de referência – que

tenderia a ser um máximo; a presteza na liberação dos espaços nos postes; e, as eventuais

diferenças de preços não terem impacto significativo no processo concorrencial, são condições

fundamentais para que a dinâmica de competição entre grandes e pequenas Prestadoras se

mantenha dentro de padrões de razoabilidade.

08. POSSÍVEIS DESDOBRAMENTOS PARA A Oi COM A VENDA DA PT

Não houve novidades em relação a este item na semana. O tema se mantém atual e, portanto,

continuará constando do RELATÓRIO SEMANAL. A situação da Oi é um dos pontos da agenda

referencial para 2015. Há os rumores sobre alguma forma de associação com a TIM e, ainda, a

finalização dos acordos que envolvem a participação da PT SGPS na estrutura societária da

Empresa. Também é fundamental, a conclusão do fechamento da operação de venda da subsidiária

PT, para a Altice. Menos comentada, mas, não menos importante, é a negociação das participações

societárias da Oi em Empresas que operam na África.

Um aspecto relevante foi a aprovação, pelos debenturistas da Oi, da operação da venda da PT Portugal para a Altice e o equacionamento dos aspectos do endividamento para os exercícios de 2015/2016, conforme foi exposto no item Debenturistas da Oi Ratificam Venda da PT à Altice das Considerações Gerais deste RELATÓRIO SEMANAL.

09. OBRIGATORIEDADE DE COMPARTILHAMENTO DE INFRAESTRUTURA

O assunto continua aguardando um posicionamento da Anatel no contexto das considerações feitas em diversos “RELATÓRIO SEMANAL” de 2014. Especificamente, a questão a considerar é se

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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a Agência continua aguardando a aprovação da Lei das Antenas, ou, se é adotada uma decisão com base exclusivamente na Lei da Radiação Não Ionizante com as dificuldades já expostas por ocasião dos votos dos Conselheiros Zerboni e Igori.

10. LEI DAS ANTENAS

Este item, pela sua relevância, será mantido e continuam válidos os comentários do RELATÓRIO

SEMANAL 01/15.

11. IMPLANTAÇÃO DO LTE NA FAIXA DE 700 MHz E DA TV DIGITAL

Foi realizado no dia 1/02, na UnB, o “Seminário Políticas de (Tele)Comunicações promovido pelo

TELETIME e pelo Centro de Estudos de Políticas de Comunicações da Universidade de Brasília”. Um

dos Painéis contou com a participação de alguns integrantes do GIRED, inclusive, do seu Presidente

o Conselheiro Rodrigo Zerbone. Foi um evento oportuno para se obter informações sobre o

andamento do processo e das perspectivas de cumprimento dos cronogramas já estabelecidos. Na

sequência serão colocadas, pontualmente, algumas dessas informações e considerações feitas

pelos participantes.

(a) O Conselheiro Zerbone informou que o processo está andando bem com o GIRED tomando

algumas decisões com base em um Regimento já aprovado. A EAD deverá estar operacional

brevemente (provavelmente no próximo mês de março). A despeito disto ele demonstrou

preocupação com os prazos apertados e com a possibilidade de ocorrerem falhas de decisão que

possam ter impactos futuros.

(b) O cronograma é bastante apertado e todos os esforços serão desenvolvidos para o seu

cumprimento. A despeito disto, o Conselheiro admite que o piloto de Rio Verde (GO) poderá não

estar concluído em 29/11/2015. Isto significa que o sinal analógico poderá não ser desligado nesta

data. Há uma série de definições importantes a tomar que deverão comprometer esta data. Na

prática, já se está sendo aventada a possibilidade de Brasília ser a primeira cidade a ser desligada,

em 03/04/2016.

(c) Entre os itens críticos o Conselheiro apontou como mais relevantes: (i) definições sobre o

estabelecimento e funcionamento das Centrais de Atendimento que esclarecerão a população

sobre o processo e sobre os equipamentos; (ii) a realização de campanha publicitária informando

a população sobre o desligamento da TV Analógica e os procedimentos a serem adotados; (iii)

definição das especificações técnicas dos receptores, filtros e outros dispositivos a serem utilizados

para converter os sinais ou mitigar as interferências; (iv) critérios para comprovar que há condições

para o desligamento das transmissões da TV Analógica e de iniciar as transmissões da TV Digital;

(v) metodologia para estabelecer os investimentos feitos pelos radiodifusores visando o seu

ressarcimento. Mas, enfatizou que outros aspectos podem surgir por se tratar de um processo com

algumas especificidades e complexidades. Por exemplo: a inclusão nas especificações do receptor

de previsão para aplicações interativas e alguns aplicativos de governo eletrônico (egovern).

(d) A variável mais crítica provavelmente será atender a garantia de que 93% dos domicílios de

uma dada cidade estão aptas a receber o sinal digital de modo a decidir pelo desligamento no prazo

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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estabelecido; será um desafio definir a metodologia da pesquisa que comprovará que tal limite

mínimo será alcançado.

(e) Considerando a implantação das redes 4G LTE o GIRED deverá desenvolver uma análise para

definir possíveis localidades a ser antecipadas em função da eventual convivência, sem problemas

técnicos, das transmissões da TV Analógica concomitantemente com o sinal dos sistemas 4G. Isto

é mais válido nas cidades onde o congestionamento espectral é menos crítico como é o caso, por

exemplo, da maior parte das cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e cidades de porte médio

de outras Regiões do País.

(f) A EAD deverá funcionar em março próximo e já está em andamento o processo de seleção dos

Executivos que conduzirão a Empresa. Um Consórcio liderado pela McKinsey e contando com o

CPqD e a Farncombe, foi selecionado para fazer o planejamento e a estrutura operacional da nova

Empresa. Ela administrará o valor de 3,6 bilhões de Reais a serem gastos durante o período de

execução do cronograma a ser totalmente concluído em 2019.

Do ponto de vista das Prestadoras do SMP a questão relevante é que todo o processo transcorra

da melhor maneira possível e sejam cumpridos os prazos estabelecidos no cronograma. Se, por

alguma razão aceitável, ou, por algum imprevisto os prazos não forem cumpridos colocam-se em

cheque os planos de entrada em operação do 4G LTE com as suas indesejáveis consequências.

12. FCC CLASSIFICARÁ A BANDA LARGA FIXA E MÓVEL COMO UM SERVIÇO ESSENCIAL

Continuam válidas as considerações feitas no RELATÓRIO SEMANAL N° 02/15, às quais se

acrescentam as mencionadas no texto do item 15 deste RELATÓRIO SEMANAL - PRORROGADO O

PRAZO DE DEBATES DO MARCO CIVIL DA INTERNET – CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEMA, e, no ítem

16 - PROVEDORES DE PEQUENO PORTE CRITÍCAM TITLE II NOS EUA.

13. UMA INTERVENÇÃO “SUI GENERIS” NA ESPANHA E UMA CORRELAÇÃO COM O BRASIL

Sugere-se a leitura do texto do RELATÓRIO SEMANAL N° 02/15 com detalhes sobre este assunto.

O fato novo é que o Grupo Parlamentar do Partido Popular da Espanha, no Senado, retirou a Moção

que havia apresentado em apoio à Telefónica em sua negativa de compartilhar a rede de fibra

óptica que está implantando para dar acesso a todos os domicílios e escritórios do País.

Foi uma retirada estratégica, pois, decididamente se tratava de uma medida que “batia de frente”

com a atuação da CNMC (Comisión Nacional de los Mercados y la Competencia) que segue uma

tendência universal, inclusive da própria Comissão Europeia.

14. VERIZON VENDE ATIVOS DE TORRES E REDE FIXA

A Verizon confirmou o que vinha sendo especulado há algum tempo: a venda de alguns ativos de

suas redes de telecomunicações. O fato se enquadra numa estratégia de reduzir o endividamento

da Companhia, ou, pelo menos, não o aumentar. No caso, deve ser levado em conta a recente

aquisição de frequências no Leilão AWS-3 na qual desembolsará cerca de 10,5 bilhões de dólares

(181 Licenças). As compradoras de tais ativos foram: a American Tower (torres) e a Frontier

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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Communications (rede fixa). O valor de ambos os negócios atingiu $15,5 bilhões. Não deixa de ser

surpreendente, mesmo porque não se trata de uma operação usual, a venda de ativos da rede de

telefonia fixa, principalmente, quando se refere a uma grande Operadora como é a Verizon.

Não estão explícitas nos anúncios as razões para se tratar de uma “venda de ativos” e não a venda

das Empresas ou Subsidiárias da Verizon. Entende-se que ao comprar os ativos a Frontier também

assume os direitos e obrigações relacionadas com a prestação dos serviços a eles vinculadas e por

elas passa a se responsabilizar perante os usuários e perante a Autoridade que controla a

prestação.

No caso, estão envolvidas as redes operadas pela Verizon na Califórnia, Florida e Texas: três

Estados importantes no contexto econômico dos EUA. No anúncio da venda a Verizon indicou como

um dos benefícios – além da questão do enquadramento da dívida - a possibilidade de concentrar

suas ações na rede fixa da Costa Leste do País. Não estão incluídos na operação os serviços ou

ativos de outros negócios da Verizon como, por exemplo: Verizon Wireless e Verizon Enterprise

Solutions. No final de 2014 os números das operações nos 3 Estados eram os seguintes:3,7 milhões

de acessos de voz; 2,2 milhões de clientes de Banda Larga, incluindo 1,6 milhões de usuários do

FiOS; e, aproximadamente 1,2 milhões de clientes do FiOS Vídeo.

No que se relaciona às torres, trata-se de um leasing de direitos de uso exclusivos de longo prazo

(durante 28 anos), de 11.324 torres em cerca de 50 Estados dos USA e da venda de 165 torres pela

quantia de $5,056 bilhões em dinheiro (cash). A American Tower foi a compradora dos direitos de

uso e terá prioridade na aquisição das torres ao final do período de leasing. Pelo contrato, a Verizon

sublocará os espaços da torre pelo prazo mínimo de 10 anos pelo valor de $1.900 mensais, por site,

e, terá direito aos espaços adicionais que necessitar em uso futuro.

O assunto, obviamente, é de interesse quase exclusivo para o mercado norte-americano. Mas, é

citado no RELATÓRIO SEMANAL pela particularidade de envolver a “venda de ativos de rede fixa”.

No caso brasileiro, muito certamente, uma operação desta natureza não seria admitida, pelo

menos na forma como está sendo entendida, a partir da divulgação pela imprensa. A impressão

que se tem, considerando as informações divulgadas, é que o valor do “negócio” se concentra nos

“ativos” e não na “prestação dos serviços”.

Tradicionalmente, o que se compra e vende são Empresas e os serviços vinculados que elas

prestam para os seus clientes. A regulamentação também é pautada por este princípio. A venda

de “ativos” se aplica mais a situações específicas como é o caso, por exemplo, das torres e outros

itens de infraestrutura dos sites das redes celulares. Estas considerações são trazidas por

envolverem, eventualmente, futuras discussões neste sentido.

15. PRORROGADO O PRAZO DE DEBATES DO MARCO CIVIL DA INTERNET – CONSIDERAÇÕES SOBRE

O TEMA

O Ministério da Justiça prorrogou, até 31 de março de 2015, o prazo dos debates que estão

ocorrendo, desde 28 de janeiro, nos sites www.marcocivil.mj.gov.br e

www.dadospessoais.mj.gov.br a respeito de pontos do Marco Civil da Internet (Lei N° 12.965 de

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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23 de abril de 2014) que necessitam regulamentação. O prazo inicialmente previsto de 30 dias se

esgotaria no início de março próximo de forma que, praticamente, ele foi dilatado em mais 30 dias.

Não foi distribuído um texto básico para discussão. Foram, apenas, sugeridos os “eixos” básicos do

que necessita ser regulamentados os quais são em número de quatro: (i) neutralidade de rede; (ii)

guarda de registro de logs; (iii) privacidade; (iv) outros assuntos passíveis de regulamentação.

Como a proposta é sob a forma de um debate as opiniões poderão ser postadas, discutidas,

desaprovadas, comentadas, como é hábito nas discussões das redes sociais.

Para o Setor de Telecomunicações o tema de maior interesse é o da Neutralidade de Rede. Mas, os

demais também são importantes na medida em que eles poderão trazer custos significativos para

a operação dos serviços como é o caso, por exemplo, da guarda de registro de logs.

É oportuno registrar que nos EUA a questão da Neutralidade de Rede está sob intensa pressão da

opinião pública e das partes interessadas, diante do anúncio da FCC de que o assunto será discutido

em reunião daquela Agência do dia 26 de fevereiro corrente. As últimas notícias dão conta de que

a FCC está tendendo a considerar os acessos de Banda Larga, através dos quais são providos os

serviços e aplicativos proporcionados pela Internet, passíveis de ser regulamentados como Serviço

de Telecomunicações, pela própria FCC. Na legislação americana, eles seriam incluídos no chamado

Title II, do Telecommunications Act de 1996. E, um ponto relevante a considerar: a eventual decisão

se aplicaria tanto à BL Fixa, como, à BL Sem Fio. Vale comentar que tradicionalmente os acessos de

Banda Larga Sem Fio não estão sujeitos à regulamentação aplicada à denominada Banda Larga Fixa.

As reações negativas dos chamados ISPs, entre os quais se encontram as grandes Operadoras de

Serviços de Telecomunicações dos EUA são fortíssimas. Ameaçam reduzir os investimentos nas

Redes que proveem os serviços e, vão um pouco mais longe, dando indicações de que poderão

recorrer judicialmente em Tribunal Federal sob esta possível posição da FCC. Por outro lado, as

grandes OTTs são favoráveis ao que foi comentado, pois, possivelmente, ganharão poder de fogo

nas discussões com as Operadoras de Telecom para conseguirem trafegar com mais liberdade os

seus conteúdos.

A discussão tem se apoiado em conceitos ideológicos, relacionados com a liberdade de uso da

Internet (Open Internet). Contudo, a questão da Neutralidade de Rede é fundamentalmente de

ordem econômica, conforme já foi comentado em RELATÓRIO SEMANAL anterior. Neste sentido,

há inúmeras pessoas e,mesmo, segmentos da opiniãopública com boas intenções defendendo a

Neutralidade, mas, sem se ater minimamente aos aspectos relacionados com os vultosos recursos

necessários para implantar, operar, manter e ampliar as Redes onde se estabelecerá tal

neutralidade.

É uma questão até simples entender que não se pode deixar ao livre arbítrio das Prestadoras de

Serviços de Telecomunicações as decisões sobre o transporte dos sinais que carregam o conteúdo

o que poderia, sem dúvida, resultar em privilégios de diversas ordens. Mas, também, não se pode

negar a elas – mesmo porque não é tecnicamente recomendável – a possibilidade de atuar para

que as Redes tenham o melhor desempenho possível e, ainda mais - e isto deve ser exposto com

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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toda a clareza – que elas tenham o direito de alcançar a devida remuneração dos investimentos

que fizerem participando da integralidade do negócio.

Aqui, cabe colocar duas máximas aplicáveis à situação: “Não tem sentido falar em Neutralidade de

Rede, se não existirem as Redes que possam fundamentar as discussões”, e, “Negócio bom tende

a ser aquele que é proporcionalmente bom para todas as Partes nele evolvidas de forma

participativa”. E, também vale lembrar, que o princípio básico que sempre regeu as relações entre

as Partes envolvidas no segmento de telecomunicações foi o da Neutralidade. Por vezes, este

princípio se confundiu com o de isonomia, ou seja, o de que todos devem ser tratados da mesma

forma, mas, sem implicar que qualquer uma das Partes tenha a força de impor sua vontade

igualmente a todos. Em casos extremos, as eventuais divergências no relacionamento podem ser

dirimidas por processos administrativos de arbitragem, ou, em situações mais extremas, mediante

processos judiciais (o que não é recomendável e deve ser evitado a todo custo).

O resultado das discussões nos EUA será um bom balizador para a situação brasileira. Mas, no

nosso caso temos particularidades que exigem soluções próprias. O momento é bastante

interessante para que os diversos segmentos da sociedade coloquem seus pontos de vista. Teme-

se que a desejada participação popular não seja, na prática, alcançada de modo significativo, pois,

o cidadão comum não tem condições de se posicionar sobre um assunto que – deve ser enfatizado

– tem suas complexidades. A possibilidade de que as discussões descambem para o lugar comum

das ideologias ou das soluções simplistas é razoável.

E, neste caso, pode estar se perdendo um tempo precioso considerando que um ambiente de

incertezas é o pior que pode acontecer, diante da necessidade de se investir com celeridade os

vultosos recursos demandados pelo Setor de Telecomunicações no nosso País. Até porque esta

será uma atividade necessária, mas, não suficiente, para sustentar as inevitáveis discussões da

Neutralidade. Neste sentido, a não colocação pelo Ministério da Justiça de um texto básico da

regulamentação para ser discutido pode ser uma atitude temerária. Ela pode possibilitar a

dispersão das intervenções individuais ou de pequenos Grupos, ou, a prevalência de posições

ditadas pela influência de determinadas Partes seja por razões econômicas, seja, por um

posicionamento mais aguerrido ou uma melhor organização no processo das discussões públicas.

A se colocar este comentário deseja-se estabelecer um simples registro diante do encaminhamento

avançado ao qual o assunto está submetido. O que realmente se espera é dispor-se de um texto

que possa, em sua fase final e definitiva, ser discutida da forma mais ampla, plural e abrangente

possível e que o resultado agrade da melhor forma possível a todas as Partes interessadas condição

fundamental para que os Setores (infraestrutura e conteúdo) cresçam de forma harmônica e

economicamente estável e saudável.

No que toca ao Marco Civil da Internet as discussões públicas serão a base de regulamento a ser

promulgado sob a forma de Decreto da Presidente da República que, dependendo do avanço

alcançado, poderá ser publicado ainda em 2015. Quanto ao texto da futura Lei de Proteção dos

Dados Pessoais será encaminhado Projeto de Lei ao Congresso Nacional que deverá discutir o tema

prevendo-se da ordem de três ou quatro anos para sua aprovação e sanção presidencial.

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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16. PROVEDORES DE PEQUENO PORTE CRITÍCAM TITLE II NOS EUA

No incerto cenário em que se encontram as discussões da Neutralidade de Rede nos EUA surge um

complicador adicional, principalmente para os políticos, em especial os Democratas que estão

apoiando a posição do Presidente (Head) da FCC, Tom Wheeler: trata-se de uma categórica

manifestação contrária colocada pelos “Pequenos Provedores” (Municipal Broadband Network

Porviders) conforme pode ser visto na carta ao Presidente da FCC FCC Chairman Wheeler.

Claramente, eles se colocam contra a pretendida reclassificação dos Provedores de Acesso à

Internet como entes regulados conforme disposto no Tiltle II do Communications Act de 1934,

emedado pelo Communications Act de 1996. Eles pontuam fortemente a questão: a nova regulação

“fragilizará o modelo de negócios que suporta nossa rede, elevará nossos custos e criará obstáculos

para aumentar o fornecimento de banda larga”.

A possibilidade de a FCC passar a regular os preços dos serviços criará problemas para conseguir

financiamentos, o que levará a aumentar os custos dos serviços aos usuários. Qualquer regulação

adicional irá impor “obrigações significativas para as companhias” o que as levará as colocará em

um “buraco mais profundo”. Dizem eles: ”Nós indagamos se está sendo considerado o significante

impacto econômico que a regulação sob o Title II terá nos pequenos e médios Provedores de Acesso

à Internet e a conformidade do aplicável alívio”.

Esta revolta dos Pequenos Provedores está colocando os Democratas em uma situação

desconfortável, pois, como regra eles tendem a apoiar as minorias nas suas posições políticas mais

liberais.

17. Cade APROVA VENDA DE TORRES DA TIM À AMERICAN TOWER

O Cade aprovou a operação, celebrada em novembro de 2014, através da qual a TIM vendeu à

American Tower cerca de 5.000 torres de Rede Celular, por um valor da ordem de 900 milhões de

euros (3 bilhões de Reais), de acordo com notícias que circularam à época na imprensa

internacional já que a operação foi conduzida pela Telecom Itália.

Foram conhecidos alguns dados do contrato celebrado entre as Partes que, aliás, são mais ou

menos padrão em operações deste tipo. Entre eles, o compromisso da American Tower em ceder

espaços para a TIM nos ativos adquiridos, sem exclusividade, e, de prospectar, construir e manter

novas infraestruturas necessárias à expansão da prestação dos serviços pela TIM.

O Cade considera que a venda deste tipo de ativos pelas Prestadoras do SMP é uma

“desverticalização” de suas atividades e que se trata de uma prática normal. Por outro lado, a

compra dos ativos por uma Empresa especializada para o seu compartilhamento com o maior

número possível de Operadoras também não é questionável.

O fato é que, atualmente, a quantidade de torres em posse das Operadoras ainda é grande.

Também é considerável a quantidade de Empresas especializadas que atuam no mercado. Tudo

isto faz supor que o Órgão Antitruste não criará obstáculos a processos desta natureza até o ponto

em que, eventualmente, umas poucas Empresas de infraestrutura passem a deter controle de

RELATÓRIO SEMANAL RESERVADO

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quantidade significativa de sites e, por seu lado, os sites próprios das Operadoras sejam em número

pouco significativo.