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RELATÓRIO MENSAL DE ECONOMIA – Nº 148

EDIÇÃO DA

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE PORTUGAL

JULHO 2007

DESTAQUE:...........................................................................................2

ECONOMIA INTERNACIONAL................................................................5

ECONOMIA NACIONAL........................................................................21

PRINCIPAIS SÍTIOS DA INTERNET CONSULTADOS : ..........................54

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

2

Destaque:

Economia Internacional

O Conselho Europeu acordou na convocação duma Conferência Intergovernamental,

(…) com vista à elaboração de um Tratado Reformador (…) (pag.5)

A Comissão apresentou uma proposta com vista à definição de princípios comuns de

flexigurança (…) (pag.5)

Malta e Chipre farão parte da zona euro a partir de 1 de Janeiro de 2008 (…) (pag.7)

(…) a taxa de desemprego da zona do euro retomou o movimento descendente dos

últimos meses, após uma estabilização em Abril, atingindo agora 7%. (pag.9)

Os últimos resultados (…) apontam para uma ligeira descida no indicador do clima

de confiança dos agentes económicos da zona do euro em Junho (…) (pag.10)

A tendência de apreciação do euro face ao dólar e ao iene continuou a ser suportada

pelo bom andamento da actividade económica na zona euro e a perspectiva de

novos aumentos das taxas de juro directoras do BCE. (pag.15)

No início de Junho assistiu-se a uma correcção em baixa dos índices accionistas

internacionais (…), mas o optimismo rapidamente regressou aos mercados (…)

(pags.15/16)

A cotação média do brent aumentou pelo quinto mês consecutivo em Junho,

situando-se acima dos 70 dólares pela primeira vez desde Agosto do ano passado

(…) (pag.18)

As cotações dos metais verificaram uma descida generalizada no mês de Junho (…)

(pag.19)

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Economia Nacional

(…) o Banco de Portugal (BdP) manteve a sua anterior previsão de crescimento de

1,8% para a economia nacional em 2007, revendo em alta de 0,1 p.p., para 2,2%, a

sua projecção para 2008. (pag.22)

(…) o FMI considerou que não existe margem para uma redução discricionária da

carga fiscal a curto prazo (…) (pag.25)

O aumento do saldo corrente no primeiro semestre traduziu um crescimento mais

forte da receita do que da despesa corrente (…), ambos acima do orçamentado (…)

(pag.26)

A possibilidade de diferimento do pagamento do IVA devido nas importações,

prevista no Orçamento do Estado para 2007, entrou em vigor a 1 de Julho. (pag.28)

Foi publicada a Resolução do Conselho de Ministros (…) que aprova o Quadro de

Referência Estratégico Nacional para o período 2007-2013. (pag.29)

Foram formalmente extintos os Contratos de Aquisição de Energia (…) (pag.31)

(…) o Conselho de Ministros aprovou uma proposta de lei (…) que estabelece o novo

regime de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores da

Administração Pública. (pag.32)

As taxas de juro do mercado monetário europeu renovaram máximos de seis anos

(…) (pag.36)

Em Junho assistiu-se a uma menor valorização do índice accionista nacional de

referência (…) (pag.37)

Relatório Mensal de Economia

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4

Em termos de variação homóloga, o PIB cresceu 2% no primeiro trimestre de 2007

(…) (pag.38)

Os dados mais recentes (…) apontam para que em Maio se tenha assistido a uma

nova perda de dinamismo no consumo privado, enquanto o investimento terá

registado, grosso modo, uma evolução favorável. (pag.41)

Em Maio verificou-se uma subida homóloga de 2,1% no índice de produção

industrial (…) (pag.46)

(…) a taxa de variação homóloga (tvh) do IPC manteve-se em 2,4%. (pag.51)

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ECONOMIA INTERNACIONAL

1. União Europeia / Zona Euro

1.1. Envolvente

O Conselho Europeu acordou na convocação duma Conferência Intergovernamental,

com um mandato preciso e detalhado com vista à elaboração de um Tratado

Reformador que integre nos actuais Tratados, apenas com poucas excepções e alterações,

as inovações constantes do Tratado que mereceu o “não” nos referendos realizados em

França e na Holanda, retirando-lhe contudo o seu carácter de Constituição.

A oposição da Polónia à regra da dupla maioria qualificada para as votações no Conselho foi

ultrapassada com o adiamento da sua plena entrada em vigor para 2017.

A Conferência Intergovernamental deverá ter início em 23 de Julho. A presidência portuguesa

fixou como objectivo a aprovação do novo Tratado já na próxima cimeira informal, que se

realizará em Lisboa a 18 e 19 de Outubro, de forma a que reste tempo suficiente para

proceder a sua ratificação antes das eleições para o Parlamento Europeu de Junho de 2009.

A Comissão apresentou uma proposta com vista à definição de princípios comuns de

flexigurança – combinação de flexibilidade e segurança para trabalhadores e empresas.

Segundo a comunicação da Comissão, as estratégias de flexigurança associam disposições

contratuais flexíveis e fiáveis, políticas activas de emprego, estratégias globais de

aprendizagem ao longo da vida e modernos sistemas de protecção social que assegurem um

apoio adequado ao rendimento em períodos de desemprego. A Comissão aponta igualmente

um conjunto de “pistas” para ajudar os Estados-Membros a conceber as suas próprias

estratégias de flexigurança, com base em experiências e boas práticas já identificadas.

Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) decidiram fechar os

procedimentos de défice excessivo contra a Alemanha, Grécia e Malta. Os 27

reconhecem que a diminuição do défice orçamental destes três países reflecte uma "correcção

credível e durável" do desequilíbrio das suas contas. Continuam a ser alvo de procedimentos

por "défice excessivo" Portugal e Itália, dentro da Zona Euro, e Reino Unido, Hungria,

República Checa, Eslováquia e Polónia.

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6

A Comissão adoptou uma comunicação ao Parlamento e ao Conselho sobre a

necessidade de assegurar a eficácia da «vertente preventiva» do Pacto de

Estabilidade e Crescimento, apresentando algumas propostas nesse sentido.

As previsões da Comissão mostram que, se não forem alteradas as políticas actuais, apenas

10 dos 27 países da UE terão alcançado o seu objectivo de médio prazo em 2008, não

obstante três anos de crescimento económico superior à tendência a longo prazo.

A actualização do painel de avaliação dos auxílios estatais, adoptada pela Comissão Europeia,

concluiu que os auxílios estatais ilegais são em geral muito mais nefastos para a

concorrência e o comércio do que os auxílios notificados. O Painel revela que os

auxílios ilegais constituem um problema em especial nos Estados-Membros de maiores

dimensões (a França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido representam 73% dos casos

de auxílios ilegais) e nos sectores da indústria e dos serviços.

1.2. Política Monetária

INDICADORES MONETÁRIOS E FINANCEIROS – ZONA EURO

06: I

06: II

06: III

06: IV

07: I

Jan- 07

Fev- 07

Mar- 07

Abr-07

Mai-07

Agregado Monetário M3 (1) 8,1 8,7 8,2 9,2 10,2 9,7 9,9 10,2 10,4 10,7 Taxas de Juro Mercado Monetário

- taxa overnight 2,40 2,64 2,94 3,37 3,61 3,56 3,57 3,69 3,82 3,79

- Euribor a 3 meses 2,61 2,89 3,22 3,59 3,82 3,75 3,82 3,89 3,98 4,07 Yields Obrig. Estado a 10 anos 3,56 4,05 3,97 3,86 4,08 4,10 4,12 4,02 4,25 4,37

Taxas de Juro Bancárias - Depósitos a prazo até 1 ano 2,27 2,47 2,79 3,14 3,41 3,33 3,37 3,52 - - - Emprést. até 1 ano a empresas(2) 4,14 4,40 4,67 5,00 5,22 5,16 5,21 5,3 - - Fonte: Banco Central Europeu; valores médios do período, em percentagem; (1) Taxa de variação homóloga em média móvel de três meses, em percentagem. Valores corrigidos de todas as detenções de instrumentos negociáveis por agentes residentes fora da área do euro. (2) Taxas de juro para empréstimos até 1 milhão de euros.

Na reunião de 6 de Junho, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou mais uma subida

de 0,25 pontos percentuais (p.p.) nas suas taxas de juro directoras (a oitava desde o

início do ajustamento em alta, em Dezembro de 2005), passando a taxa mínima para as

operações principais de refinanciamento para 4%, que constitui o nível máximo

desde Setembro de 2001.

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O BCE justificou a decisão com a “prevalência de riscos ascendentes para a

estabilidade de preços a médio prazo”, identificados com base nas análises económica e

monetária, e considerou que a medida ajudará a manter ancoradas as expectativas de

inflação. No entender do Banco Central, as taxas de juro “ainda permanecem a um nível

acomodatício” após o aumento das taxas de referência, dado o vigoroso crescimento

monetário e do crédito, a ampla liquidez na zona euro e a existência de condições de

financiamento globalmente favoráveis.

A análise económica incorporou as novas projecções macroeconómicas elaboradas

por especialistas do eurosistema, com destaque para a revisão em alta do intervalo de

previsão da inflação para 2007 (para 1,8% a 2,2%), a reflectir a subida dos preços do

petróleo, e a manutenção do intervalo para 2008 em 1,4% a 2,6%. As projecções

confirmaram as perspectivas favoráveis para a actividade económica na zona euro (subida

prevista do PIB entre 2,3% e 2,9% em 2007 e de 1,8% a 2,8% em 2008).

Em termos prospectivos, o BCE referiu que “acompanhará de perto todos os

desenvolvimentos de forma a assegurar que os riscos para a estabilidade de preços não se

concretizam”, expressão que tem sinalizado, de uma forma sistemática, a

manutenção das taxas de referência na reunião subsequente (o que se veio a

concretizar no início de Julho).

Em Junho foi anunciado pelo Ecofin que Malta e Chipre farão parte da zona euro a

partir de 1 de Janeiro de 2008, concretizando o terceiro alargamento desde a criação da

União Monetária Europeia, em 1999. A decisão foi tomada com base nos relatórios de

convergência elaborados pela Comissão Europeia e o BCE, que certificaram o preenchimento

dos cinco critérios de acesso (inflação, défice, dívida pública, estabilidade cambial e taxas de

juro de longo prazo), tendo sido depois confirmada na cimeira europeia de Junho. Em Julho

serão fixadas as paridades das actuais moedas dos dois países com o euro.

1.3. Economia Real

Os dados mais recentes divulgados para a zona do euro, relativos a Maio, apontam

para a continuação do abrandamento do desempenho industrial, prolongando-se,

assim, o movimento já verificado no primeiro trimestre do corrente ano. Já os indicadores

qualitativos, relativos ao primeiro semestre do ano, sugerem a continuação de uma

conjuntura favorável em 2007.

Do lado da procura, a informação disponível, relativa ao mês de Maio, indicia a perda

de dinamismo na despesa das famílias em bens de consumo corrente, situando-se os

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resultados do conjunto dos meses de Abril e Maio abaixo dos verificados no primeiro trimestre

do ano.

Segundo dados provisórios do Eurostat (corrigidos de sazonalidade), em Maio, o

índice de produção industrial da zona do euro registou uma subida de 0,9%, depois

de ter verificado uma queda de 0,7% no mês anterior e uma progressão de 0,6% em

Março.

Em termos homólogos, a taxa de variação do índice desceu 0,4 p.p. em Maio,

situando-se em 2,5%. A impulsionar o crescimento homólogo registado em Maio, estiveram

as indústrias de bens intermédios (taxa de variação homóloga - tvh - de 3%) e as indústrias

de bens de capital (tvh de 4,1%), embora em ambos os casos se tenha assistido a um

abrandamento face aos resultados obtidos no mês precedente. Em contraste, as rubricas de

produtos energéticos, de bens de consumo duradouro e de bens de consumo não duradouro

evidenciaram aumentos homólogos mais modestos (de, respectivamente, 0,7%, 0,2% e

1,4%), sendo, contudo, de realçar a recuperação verificada na primeira das rubricas, que

havia evidenciado uma quebra de 3% em Abril.

Ao nível dos maiores Estados-membros, é de assinalar o significativo abrandamento da

produção industrial na França (cuja tvh passou de 1,7%, em Abril, para -0,2% em Maio), bem

como em Espanha (de uma tvh de 3,8% para 1,4%). Também com uma desaceleração, mas

apenas ligeira, esteve a produção industrial em Itália (passando de uma tvh de 1% para

0,9%). Com uma evolução em sentido oposto, esteve a aceleração da produção industrial na

Alemanha (com a tvh a aumentar em 0,7 p.p. para 5,1%) e, fora da zona euro, no Reino

Unido (com a tvh a aumentar em 0,9 p.p. para 1,4%).

Relativamente a indicadores de procura interna final, os dados do Eurostat indicam

que o índice de volume de negócios do comércio a retalho da zona do euro reforçou

o seu ritmo de contracção em Maio, apresentando uma descida de 0,5% em termos

reais, o que compara com a quebra de 0,1% em Abril e uma quase estagnação no primeiro

trimestre (dados corrigidos de sazonalidade). Reflectindo aquela evolução em cadeia, o

indicador apresentou uma tvh de 0,4% em Maio, o que compara com os 1,5% registados

no mês precedente e 1,6% no cômputo dos três primeiros meses do ano.

Ao nível dos maiores Estados-membros (com dados disponíveis), destaca-se, em

Maio, a quebra de 1,9% registada na Alemanha, após o movimento de recuperação

em Abril, que se seguiu a um recuo de 1,4% no primeiro trimestre. Em sentido

contrário, realça-se a evolução favorável ocorrida em Espanha (com uma tvh de

3,4% contra 1,5% em Abril), mas que, ainda assim, fica aquém do resultado obtido

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no primeiro trimestre (tvh de 4,3%). Fora da zona euro, registou-se uma ligeira

aceleração no Reino Unido (com a tvh a aumentar em 0,1 p.p., para 4%), numa

evolução ainda insuficiente para se atingir o crescimento de 4,7% do primeiro

trimestre.

Em Maio, a taxa de variação homóloga do Índice Harmonizado de Preços no

Consumidor (IHPC) da zona do euro permaneceu, pelo terceiro mês consecutivo, em

1,9%.

A manutenção da taxa de inflação homóloga naquele mês resultou da conjugação do

abrandamento na componente tipicamente mais instável da inflação com a

aceleração na medida de tendência de fundo da inflação.

Com efeito, na componente mais errática da inflação, verificou-se uma redução marginal na

tvh dos preços dos produtos energéticos (de 0,4% para 0,3%, abaixo dos 1,1% registados no

primeiro trimestre), acompanhada de uma redução mais pronunciada na tvh dos preços dos

bens alimentares não transformados (de 3,9% para 3,1%, o mesmo resultado do primeiro

trimestre). Como consequência do comportamento destas rubricas, a taxa de inflação

subjacente permaneceu em 1,9%. Do lado da componente associada aos determinantes mais

estáveis da inflação verificou-se, por seu turno, uma aceleração de 0,1 p.p. para 2,6% nos

preços dos serviços (acima dos 2,4% registados no primeiro trimestre), que mais do que

compensou o abrandamento em 0,1 p.p., para 1%, nos preços dos bens industriais não

energéticos e a estabilização em 1,9% nos preços dos bens alimentares transformados.

De acordo com os dados disponíveis para Maio, os países da zona do euro com tvh

do IHPC mais elevadas foram a Eslovénia (3,1%), Irlanda (2,7%) e Grécia (2,6%),

enquanto que os valores mais baixos foram observados na França (1,2%) e na

Bélgica e Finlândia (ambos com 1,3%).

De acordo com dados do Eurostat (ajustados de sazonalidade), a taxa de

desemprego da zona do euro retomou o movimento descendente dos últimos meses,

após uma estabilização em Abril, atingindo agora 7%. Este valor corresponde,

assim, a um novo mínimo da actual série estatística. O resultado de Maio ficou 0,9 p.p.

abaixo do valor registado no mês homólogo de 2006.

Do mesmo modo, o número de desempregados continuou a registar uma contracção

significativa, tendo a taxa de variação homóloga atingido -10,3% em Abril. Recorde-se que,

na média do primeiro trimestre do ano, a taxa de variação homóloga do número de

desempregados tinha-se situado em -11%, o que reflectiu um reforço de quebra face aos -

8,8% dos últimos três meses de 2006.

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Os países da zona do euro (com dados disponíveis) com taxas de desemprego mais

baixas eram, em Maio, a Holanda (3,2%), a Irlanda (4,1%) e a Áustria (4,4%) e os

países com taxas mais altas eram a França (8,7%), Espanha (8,2%) e Portugal

(7,9%).

Os últimos resultados fornecidos pelos inquéritos aos consumidores e às empresas

(compilados pela Comissão Europeia) apontam para uma ligeira descida no indicador do

clima de confiança dos agentes económicos da zona do euro em Junho, após uma

subida em Maio. O indicador permanece, contudo, bastante acima da sua média de longo

prazo.

Em termos sectoriais, verificou-se uma descida nos indicadores de confiança dos

serviços e do comércio a retalho, enquanto na construção se observou uma subida e

na indústria uma estabilização. Todos os indicadores sectoriais continuaram acima

das respectivas médias de longo prazo.

O indicador de confiança dos consumidores baixou em Junho, permanecendo, no

entanto, bem acima da respectiva média de longo prazo. Recorde-se que este

indicador está desde meados de 2005 a registar uma tendência ascendente. A

redução deste indicador resultou, fundamentalmente, da correcção feita pelos

consumidores relativamente às expectativas de desemprego, mantendo-se as

apreciações sobre a situação financeira das famílias e sobre a situação económica

geral nos níveis do mês anterior.

Ao nível dos países, realça-se, em Junho, a continuação do movimento descendente

do indicador de clima em Itália e a interrupção dos movimentos de subida na

Alemanha e em França. Com um andamento em sentido oposto, esteve o indicador

de clima em Espanha, após dois meses de descidas. Fora da zona do euro, destaca-

se a subida, pelo segundo mês consecutivo, do indicador no Reino Unido.

2. Estados Unidos da América

2.1. Envolvente Política, Social e Económica

De acordo com as últimas projecções macroeconómicas da Administração Bush, a

economia norte-americana deverá crescer 2,3% em 2007 (menos 0,6 pontos que

nas anteriores previsões) e acelerar para 3,1% em 2008 e 2009, valor próximo do que

se julga ser o crescimento potencial.

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Em Junho, a Reserva Federal deixou a sua principal taxa de juro directora inalterada

em 5,25% (o nível mais elevado desde o início de 2001), valor que se mantém há

precisamente um ano, altura em que foi efectuada a última de uma série de 17 subidas

consecutivas de 0,25 p.p. em 2 anos. No comunicado da decisão, a autoridade monetária

continuou a revelar maior preocupação com a inflação do que com o crescimento

económico, que deverá prosseguir a um ritmo moderado não obstante o ajustamento em

curso no sector residencial. Apesar da melhoria recente dos indicadores de inflação

subjacente, ainda não se verificou uma redução sustentada das pressões

inflacionistas, no entender da Reserva Federal, permanecendo o risco de que estas se

mantenham suportadas pelo (ainda) elevado nível de utilização da capacidade produtiva. No

que se refere à evolução próxima da política monetária, a Reserva Federal manteve a

indicação de que “os ajustamentos futuros dependem das perspectivas sobre a inflação e o

crescimento em função da informação económica entretanto disponível”, formulação

suficientemente ampla para contemplar tanto uma subida como uma descida dos referenciais.

No mesmo mês, o Senado norte-americano aprovou legislação que aumenta o nível

mínimo de eficiência energética dos veículos automóveis pela primeira vez em mais

de duas décadas. O pacote legislativo incluiu ainda outras medidas para travar as emissões

de carbono, como o uso mais extensivo de combustíveis alternativos (com destaque para o

etanol).

Já no final de Junho, o Senado rejeitou uma proposta de alteração das leis de

imigração promovida pelo Partido Republicano, depois um longo processo negocial com

o principal partido da oposição.

2.2. Economia Real

De acordo com os valores mais recentes do índice de preços no consumidor, a taxa

de inflação homóloga aumentou para 2,7% no mês de Maio (mais 0,1 ponto que no

mês precedente), em resultado de um crescimento mais forte dos preços da energia e

alimentação. A aceleração das duas rubricas referidas foi atenuada pelo

abrandamento da componente subjacente, que aumentou ao ritmo mais baixo desde

Março do ano passado (2,2%).

Os últimos dados da despesa de consumo das famílias, referentes a Maio,

apontaram para um abrandamento da rubrica no segundo trimestre. A despesa média

de Abril a Maio registou um acréscimo real de 0,3% em relação ao valor médio no primeiro

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trimestre, período em que se observou uma subida em cadeia de 1%. Em termos de evolução

mensal, verificou-se uma redução do crescimento para 0,1%, (menos 0,1 ponto que em

Abril), que parece reflectir o andamento negativo do rendimento disponível, em

termos reais, nos últimos dois meses (variações em cadeia de -0,6% em Abril e -0,1%

em Maio, após 0,3% em Fevereiro e Março). Este comportamento traduziu-se numa descida

da taxa de poupança para -1,4% do rendimento disponível (-1,2% em Abril).

No lado da oferta, a informação disponível sugere que o ajustamento em curso no

mercado residencial está a ser amortecido pelo crescimento da actividade nos

serviços e, em menor medida, no sector industrial. O indicador compósito ISM para os

serviços aumentou para um máximo de mais de um ano no mês de Junho (60,7 pontos, mais

um ponto que em Abril), sinalizando uma maior expansão da actividade, enquanto o índice de

produção industrial manteve um crescimento de 1,6% em Maio, após dois meses

consecutivos de abrandamento. A despesa em construção verificou uma quebra

homóloga menos acentuada em Maio, pelo segundo mês consecutivo (descida de

3,2%, após 4% e 5,5% nos dois meses precedentes), sugerindo que o período de maior

correcção no sector poderá já ter decorrido.

De acordo com o Departamento do Trabalho, a taxa de desemprego dos Estados Unidos

permaneceu próxima de um mínimo de seis anos em Maio (4,5%, o mesmo valor dos

dois meses precedentes), em resultado de um crescimento semelhante no número de

desempregados e na população activa. O detalhe dos dados por estabelecimento evidenciou

uma menor progressão do emprego não agrícola, reflectindo a evolução no sector dos

serviços. O emprego recuperou de forma ligeira na construção e manteve uma quebra pouco

significativa na indústria.

No que se refere aos indicadores avançados, os dados disponíveis fazem antever a

continuação de um crescimento económico moderado nos próximos meses. O índice

dos indicadores avançados do instituto Conference Board verificou uma recuperação em Maio

(subida de 0,3%, após uma quebra da mesma magnitude em Abril), aumentando para 0,3%

a variação acumulada nos últimos seis meses. Já em Junho, o mesmo instituto divulgou um

recuo do índice de confiança dos consumidores para o mínimo de quase um ano, para o que

terá contribuído a recente subida do preço da gasolina.

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3. Japão

3.1. Envolvente Política, Social e Económica

O Banco do Japão manteve a sua taxa de juro de referência no mês de Junho, tendo

justificado a decisão com a necessidade de confirmar a sustentabilidade da procura

doméstica antes de voltar a aumentar o referencial (actualmente em 0,5%, depois da

subida de 0,25 pontos em Fevereiro).

O Primeiro-ministro Shinzo Abe solicitou a extensão do ano parlamentar com vista a

aprovar um conjunto de medidas de combate à corrupção antes das eleições para a

Câmara Alta do Parlamento, que se realizam após o fim dos trabalhos da Assembleia. O

tema da corrupção ganhou uma importância acrescida na sequência de um incidente

envolvendo o ministro da Agricultura, e que culminou com o seu suicídio. A

popularidade do Governo japonês foi também afectada pela perda de registos de

pensões referentes a cerca de 50 milhões de pessoas no decorrer do processo de

informatização do sistema. O Governo prometeu resolver a situação no prazo de um ano,

de modo a que ninguém fique prejudicado no cálculo da sua pensão, tendo abolido

temporariamente o prazo legal de reclamação do valor das pensões.

3.2. Economia Real

Em Junho, o relatório mensal do Banco do Japão continuou a caracterizar como

moderado o crescimento da actividade económica, que permanece suportada pela

evolução favorável das principais componentes de procura, com excepção do investimento

público.

O índice de preços no consumidor do Japão manteve-se inalterado em Maio, pelo

segundo mês consecutivo. A evolução dos indicadores subjacentes também foi

semelhante à observada em Abril (quebra de 0,1% no índice excluído de bens alimentares

frescos, que é seguido pelo Banco do Japão, e descida de 0,3% no índice sem alimentação e

energia).

No que se refere ao consumo privado, os últimos dados apontaram para um

abrandamento em cadeia no segundo trimestre. A despesa de consumo média das

famílias no conjunto de Abril e Maio foi semelhante à observada no primeiro trimestre,

Relatório Mensal de Economia

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período em que se verificou uma subida real em cadeia de 1%. Em termos homólogos, o

crescimento médio de Abril a Maio situou-se próximo do verificado no primeiro trimestre

(0,8%, também em termos reais).

A taxa de desemprego do Japão manteve-se num mínimo de 9 anos em Maio

(3,8%), tendo-se verificado uma redução de 0,3 pontos em comparação homóloga, que

traduziu quer o recuo do número de desempregados (6,9%), quer o aumento da população

activa (0,5%). O número de empregados verificou uma subida homóloga de 0,8%.

No que se refere aos indicadores avançados, destaca-se o recuo do índice de

confiança dos consumidores para um mínimo de dois anos e meio em Junho,

reflectindo uma descida em todas as suas componentes, em particular na referente à

aquisição de bens duradouros. No lado das empresas, todavia, a confiança mantém-se

elevada, de acordo com o inquérito Tankan de Junho (o índice de condições de negócios

manteve-se num máximo de dois anos, no caso das grandes empresas industriais). Em

conjunto, os dois indicadores sugerem alguma perda de dinamismo da economia

japonesa nos próximos meses.

4. Mercados e Organizações Internacionais

4.1. Mercado de Câmbios

CROSS RATES DAS PRINCIPAIS DIVISAS INTERNACIONAIS

(fecho das sessões de início e fim das semanas de Junho

Dólares por

Euro

Libras por

Euro

Ienes por

Euro

Libras por

Dólar

Ienes por

Dólar

Sexta, 1 1,344 0,679 163,810 0,506 121,919

Segunda, 4 1,348 0,678 164,340 0,503 121,896

Sexta, 8 1,335 0,679 162,400 0,509 121,657

Segunda, 11 1,336 0,678 162,550 0,508 121,715

Sexta, 15 1,331 0,676 164,420 0,508 123,494

Segunda, 18 1,340 0,676 165,460 0,505 123,441

Sexta, 22 1,344 0,673 166,750 0,501 124,061

Segunda, 25 1,346 0,674 166,210 0,500 123,475

Sexta, 29 1,351 0,674 166,630 0,499 123,384

Variação (1) 0,39% -0,89% 1,88% -1,27% 1,48%

(1) Variação registada entre a última cotação do mês em análise e a última cotação do mês anterior

Nota: cálculo com base no ´fixing’ do Banco Central Europeu

Relatório Mensal de Economia

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15

No mercado cambial, o mês de Junho caracterizou-se pela retoma do movimento

ascendente do euro face ao dólar e pelo recuo do iene para novos mínimos (mínimo

histórico face ao euro e de quatro anos e meio em relação ao dólar), num mês em que o

BCE voltou a ajustar em alta os seus referenciais de política monetária e os bancos

centrais japonês, inglês e norte-americano mantiveram os seus.

A variação das principais taxas de câmbio no conjunto do mês foi a seguinte: apreciação da

libra face ao dólar e ao euro (1,27% e 0,89%, respectivamente) e do euro no câmbio com o

iene e o dólar (1,88% e 0,39%, respectivamente); depreciação do iene face ao dólar em

1,48%.

A tendência de apreciação do euro face ao dólar e ao iene continuou a ser suportada

pelo bom andamento da actividade económica na zona euro e a perspectiva de

novos aumentos das taxas de juro directoras do BCE. No câmbio com a libra, no

entanto, o euro registou o segundo mês consecutivo de descida, em reflexo das preocupações

acrescidas com a inflação no Reino Unido. Mesmo assim, o euro acabou por registar uma

apreciação de 0,4% face à moeda inglesa no cômputo do primeiro semestre, que

compara com as subidas de 2,5% no câmbio com o dólar e de 6,2% em relação ao

iene.

O iene registou o terceiro mês consecutivo de depreciação face ao euro e ao dólar

no mês de Junho, encerrando o primeiro semestre com quebras acumuladas de

6,2% e 3,6% naqueles dois câmbios, respectivamente. Depois do aumento da taxa de

juro de referência do Banco do Japão em Fevereiro, as perspectivas de uma nova subida do

referencial têm sido afastadas sucessivamente devido à evolução abaixo do esperado do

índice de preços no consumidor daquele país, reflectindo-se na cotação da moeda nipónica.

Por outro lado, a baixa remuneração da moeda japonesa torna-a no instrumento privilegiado

de financiamento das operações de carry-trade, contribuindo para a sua depreciação.

A apreciação mensal da libra face ao euro e ao dólar traduziu a perspectiva de novas

subidas da taxa de juro de referência do Banco de Inglaterra para controlar a

inflação. A moeda inglesa terminou o primeiro semestre com um ganho de 2,1% face ao

dólar e o recuo já referido de 0,4% em relação ao euro.

4.2 Mercados Bolsistas Internacionais

No início de Junho assistiu-se a uma correcção em baixa dos índices accionistas

internacionais com a subida das taxas de juro norte-americanas de longo prazo para

Relatório Mensal de Economia

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16

máximos de cinco anos, mas o optimismo rapidamente regressou aos mercados

accionistas e a generalidade dos índices recuperou os níveis de início de mês,

encerrando o primeiro semestre com ganhos significativos. Os títulos ligados à energia

estiveram em destaque no decorrer de Junho, impulsionados pela subida da cotação do

petróleo, o que permitiu contrariar a evolução menos favorável nos sectores da banca e

imobiliário devido à subida das yields.

O índice norte-americano de referência Dow Jones Industrials verificou uma descida

mensal de 1,6%, depois de atingir um novo máximo histórico na segunda sessão de

Junho, enquanto o índice tecnológico Nasdaq apresentou uma variação praticamente nula,

mantendo-se no nível mais elevado desde 2001. Os dois índices registaram ganhos próximos

de 8% no cômputo do primeiro semestre.

No mercado de dívida pública dos Estados Unidos, a yield das obrigações do Tesouro

a 10 anos aumentou para um máximo de cinco anos no dia 12 (5,26%, após 4,9% no

final de Maio), reflectindo sobretudo a melhoria das perspectivas de crescimento

económico naquele país, que afasta a perspectiva de um corte próximo das taxas de

referência da Reserva Federal. A yield recuou depois até próximo de 5% no final do mês com

a evolução mais favorável do indicador de inflação subjacente e a manutenção dos

referenciais da Reserva Federal na reunião de dia 28.

Estados Unidos - índice Dow Jones Industrials

Máximo histórico13676,32

10706,14

12782,87

10688,77

11642,65 12050,41

10200

10600

11000

11400

11800

12200

12600

13000

13400

13800

02/0

1/06

19/0

1/06

07/0

2/06

24/0

2/06

15/0

3/06

03/0

4/06

20/0

4/06

09/0

5/06

26/0

5/06

14/0

6/06

03/0

7/06

20/0

7/06

08/0

8/06

25/0

8/06

13/0

9/06

02/1

0/06

19/1

0/06

07/1

1/06

24/1

1/06

13/1

2/06

01/0

1/07

18/0

1/07

06/0

2/07

23/0

2/07

14/0

3/07

02/0

4/07

19/0

4/07

08/0

5/07

25/0

5/07

13/0

6/07

Data

Índ

ice

(em

po

nto

s)

Nota: gráfico elaborado a partir das cotações do índice no fecho de cada sessão, e não de forma contínua

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

17

Na Europa, o índice alemão Dax Xetra voltou a evidenciar um desempenho superior

ao congénere inglês Ftse-100 (variações mensais de 1,6% e -0,2%, respectivamente),

que se manteve penalizado pelo elevado nível das taxas de juro no Reino Unido.

Depois de um recuo significativo no início do mês com o aumento das taxas de juro de longo

prazo nos Estados Unidos e na Europa, o Dax reagiu em alta aos indicadores

económicos favoráveis na Alemanha e à continuação dos movimentos de

concentração na Europa, terminando o primeiro semestre com uma valorização de

21,3%, bastante acima do ganho de 6,2% no Ftse-100. O índice alemão registou mesmo

um máximo histórico no decurso do mês, enquanto o Ftse se situou nos níveis mais

elevados desde 2000.

Alemanha e Reino Unido

5100

5400

5700

6000

6300

6600

6900

7200

7500

7800

8100

02/0

1/06

19/0

1/06

07/0

2/06

24/0

2/06

15/0

3/06

03/0

4/06

20/0

4/06

09/0

5/06

26/0

5/06

14/0

6/06

03/0

7/06

20/0

7/06

08/0

8/06

25/0

8/06

13/0

9/06

02/1

0/06

19/1

0/06

07/1

1/06

24/1

1/06

13/1

2/06

01/0

1/07

18/0

1/07

06/0

2/07

23/0

2/07

14/0

3/07

02/0

4/07

19/0

4/07

08/0

5/07

25/0

5/07

13/0

6/07

Data

Índ

ice

(em

po

nto

s)

Alemanha índice Dax Xetra

Reino Unido índice Footsie 100

Nota: gráfico elaborado a partir das cotações do índice no fecho de cada sessão, e não de forma contínua

O índice japonês Nikkei-225 verificou um ganho de 1,5% em Junho e de 5,3% no

semestre (situando-se nos níveis máximos desde 2000), para o que contribuiu a

depreciação da moeda nipónica, com impacto positivo nos títulos do sector exportador.

De acordo com a Bolsa de Tóquio, o peso dos investidores estrangeiros no mercado

accionista nipónico aumentou para um máximo de 28% em Março (que compara com

26% em 2006 e apenas 4,7% em 1990), na sequência da recuperação económica.

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A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

18

4.3 Mercados de Matérias-Primas

2005 2006 1T 07 2T 07 Mai-07 Jun-07

Brent (Mar do Norte) 54,4 65,4 58,1 68,7 67,5 71,3

Algodão 55 58 58 58 56 60

Alumínio (99,7% pureza) 1901 2573 2798 2768 2805 2681

Cobre 3676 6731 5957 7648 7678 7514

Chumbo 974 1288 1783 2176 2106 2437

Níquel 14778 24126 41342 47764 51783 41552

Estanho 7385 8755 12669 14065 14162 14079

Zinco 1381 3266 3454 3681 3848 3629

Minério de Ferro (Fe) 65 77 85 85 85 85 Fonte: Fundo Monetário Internacional Cotações Spot; média das cotações diárias, excepto no caso do algodão (média das cotações semanais). Unidades: brent: dólares por barril; algodão: cêntimos de dólar (cts USD) por libra de peso (1 libra de peso equivale a 453,6 gramas); alumínio (grau de pureza mínimo de 99,5%), cobre, chumbo, níquel, estanho, zinco: dólares por tonelada; minério de ferro: cts USD por 1% Fe DMTU (Dry Metric Ton Unit), tendo o minério Carajas Fines (Brasil) um conteúdo de 67,55% Fe DMTU – por exemplo, uma cotação de 77 cts USD / DMTU (Carajas) equivale a 52,01 USD / tonelada. (1) os preços do Minério de ferro são estabelecidos em cada ano pelas três principais empresas a nível mundial (CVRD, Rio Tinto e BHP Militon), constituindo a referência para os restantes produtores; deste modo, as cotações apenas variam anualmente.

A cotação média do brent aumentou pelo quinto mês consecutivo em Junho,

situando-se acima dos 70 dólares pela primeira vez desde Agosto do ano passado

(71,3 dólares por barril, mais 5,6% que em Maio). O movimento de subida acentuou-se

no início do mês depois do Presidente da OPEP ter referido que a organização

poderá rever em baixa os seus planos de produção nos próximos anos caso se

perspective uma menor pressão da procura como resultado dos esforços de

desenvolvimento de biocombustíveis, cenário que foi prontamente considerado pouco

realista pela Agência Internacional da Energia. A cotação do brent reagiu ainda em alta aos

receios de perturbação da oferta na Nigéria e ao recuo inesperado dos stocks de petróleo dos

Estados Unidos no final do mês.

Apesar do aumento de 18,4% do primeiro para o segundo trimestre (para 68,7

dólares por barril), o preço médio do brent continuou a registar uma variação

homóloga negativa (1,5% no trimestre até Junho) devido a um efeito de base.

Em Junho verificou-se um acréscimo mensal de 7,1% no preço médio do algodão,

que se situou no máximo desde Fevereiro do ano passado (60 cêntimos de dólar por

libra de peso). A súbita progressão do preço do algodão segue-se ao anúncio de uma quebra

acima do esperado na colheita dos Estados Unidos e interrompe o movimento de descida

gradual da cotação que se vinha a assistir desde meados de 2006, em resultado de um

excesso de produção a nível mundial.

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

19

As cotações dos metais verificaram uma descida generalizada no mês de Junho (com

excepção do chumbo, que renovou máximos históricos devido à redução da produção na

China), reflectindo os receios de uma menor procura com a subida das taxas de juro

a nível mundial e também o aumento da aversão ao risco que se seguiu à correcção

dos mercados accionistas no início do mês. A descida foi particularmente acentuada no

caso do níquel, que recuou perto de 20% face à cotação média de Maio. Mesmo assim, o

níquel continuou a registar uma valorização de 20,8% desde o início do ano (em confronto

com o valor médio de Dezembro), que compara com as subidas de 10,4% no minério de

ferro, 12,5% no cobre, 26,5% no estanho e 42,6% no chumbo. Apenas o zinco e o alumínio

registaram quebras na primeira metade de 2007 (17,2% e 5,1%, respectivamente).

4.4. Organizações Económicas Internacionais

Realizou-se no início de Julho, na Alemanha, a cimeira do G8, cuja agenda

contemplava uma série de questões sensíveis, estruturadas em torno de dois temas.

O primeiro referiu-se ao investimento, inovação e sustentabilidade e teve como

aspectos essenciais a redução dos desequilíbrios globais, a estabilidade e transparência dos

mercados financeiros e de capitais, as condições e liberdade de investimento e os direitos de

propriedade intelectual para protecção das inovações e combate à pirataria. O segundo

tema prendeu-se com os problemas em África e incidiu sobre parcerias em reformas e

crescimento económico, a promoção de investimentos privados e os flagelos de doenças e

epidemias. Para além destes aspectos, a reunião debruçou-se sobre a maior

integração na economia mundial de países de charneira e sobre os conflitos

internacionais, designadamente no Médio Oriente, tendo sido, no entanto, as

alterações climáticas o centro nevrálgico do encontro. Nesta última vertente, ficaram

evidentes as diferenças de perspectiva que opunham os EUA à Alemanha, tendo-se, contudo,

chegado a um compromisso de redução substancial na emissão de gás com efeito de estufa

mas sem estabelecer metas específicas para essa redução. Os oito países comprometeram-se

também a alcançar até 2009 um acordo sob a égide das Nações Unidas para combater o

aquecimento global, com vista ao período subsequente ao da vigência do Procolo de Quioto,

que termina em 2012.

De acordo com o mais recente estudo da OCDE denominado Pensions at a Glance,

ter-se-á verificado um corte médio de 22% no montante das pensões em virtude

das alterações introduzidas nos sistemas de segurança social de dezasseis dos seus

países.

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

20

O referido estudo sublinha que apenas em dois países, Hungria e Reino Unido, o montante

médio das prestações de reforma terá aumentado. Em contraste, na França, Alemanha, Itália,

Japão e Suécia, o recuo no valor médio das reformas terá oscilado entre 15% e 25%,

atingindo mais de 30% nos casos de Portugal e México. A OCDE adverte para o facto de, não

obstante as reformas já realizadas serem substancias, ser ainda necessário aprofundar o

movimento de mudança, enfatizando a pressão que a dinâmica demográfica está a exercer

sobre a sustentabilidade dos vários sistemas. Neste sentido, alerta para a excessiva

generosidade dos sistemas vigentes em países como Espanha e Grécia, bem como para o

ritmo demasiado lento com que as reformas estão a ser implementadas em países como a

Áustria, Itália, México e Turquia. No documento, são ainda analisadas as diversas estratégias

seguidas nas reformas dos sistemas de segurança social, sendo que a mais frequente passa

pelo adiamento da idade da reforma.

Segundo dados da OCDE, a pirataria e a contrafacção, a nível mundial,

correspondiam a cerca de 150 mil milhões de euros em 2005. Aquele organismo refere

que tais práticas têm vindo a acentuar-se nos últimos anos, abrangendo um leque cada vez

mais amplo de produtos, que vão desde os produtos de luxo, a equipamento médico,

alimentos, vestuário e calçado. A Ásia continua a ser o maior exportador de produtos

falsificados, com destaque para a China. Por seu turno, os principais mercados consumidores

diferem consoante os produtos em causa, podendo, a título de exemplo, apontar-se a forte

concentração da procura de componentes automóveis no Médio Oriente, de tabaco na

América Latina, África e Ásia e de medicamentos em África (embora sejam cada vez mais os

casos detectados Na Europa e na América do Norte).

Para combater estas práticas, a OCDE recomenda a implementação de alterações na

legislação actual, nomeadamente reforçando as penalizações aplicadas à violação dos direitos

de propriedade intelectual; a acentuação da cooperação entre as empresas e os governos e o

aumento da informação junto dos consumidores, de modo a que estes tenham uma maior

consciência sobre os perigos e riscos inerentes aos produtos transaccionados.

Relatório Mensal de Economia

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21

ECONOMIA NACIONAL

1. Envolvente Política, Social e Económica

Envolvente Macroeconómica

De acordo com o FMI, na sua mais recente consulta a Portugal, começam a ser

visíveis os resultados das medidas encetadas para a correcção dos desequilíbrios

acumulados durante a década de noventa, ao mesmo tempo que se assiste a uma

recuperação da economia nacional, subsistindo, no entanto, desafios que urge

ultrapassar.

Em especial, o Fundo enfatiza os progressos efectuados no âmbito da política orçamental em

2006, tendo-se para o efeito recorrido a uma estratégia ambiciosa de racionalização da

administração pública e da introdução de reformas nos regimes de segurança social.

Referindo-se ao ganho de dinamismo da economia nacional no ano transacto, o FMI sublinha

que tal decorreu do fortalecimento da procura externa que terá impulsionado as exportações,

sendo já visível a sua repercussão ao nível do investimento internacional. Todavia, alerta para

o facto de a procura interna global permanecer fraca, num quadro de contracção da

actividade da construção e de contenção das despesas das famílias. A par destes

desenvolvimentos, o desemprego observou uma evolução desfavorável, não obstante os

aumentos das taxas de emprego e de participação. Apesar da gradual recuperação da

actividade económica, o Fundo destaca o fraco crescimento da produtividade e a perda de

competitividade e de atractividade da economia portuguesa como principais factores

responsáveis pelo recuo no processo de convergência do rendimento com a UE. Nesse

sentido, salienta, uma vez mais, a necessidade de aposta no capital humano, no investimento

em I&D e nas TIC, bem como na ultrapassagem de falhas no ambiente empresarial e no

combate à falta de concorrência nos mercados internos e à rigidez que persiste no mercado

de trabalho. Deste modo, realça, ainda, a necessidade de as autoridades nacionais

aproveitarem o enquadramento económico mais favorável para prosseguirem na

implementação das reformas já iniciadas, sob pena de a duração e os custos de ajustamento

se ampliarem.

Relatório Mensal de Economia

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22

Previsões de Verão do Banco de Portugal

2006 2007 (P) 2008 (P)

Consumo Privado 1,1 1,4 1,4

Consumo Público -0,3 -0,1 0,3

FBCF -2,0 0,6 3,1

Procura Interna 0,2 0,8 1,6

Exportações 9,1 7,2 6,5

Importações 4,2 3,4 4,2

PIB 1,3 1,8 2,2

(taxas de variação real, em percentagem)

No Boletim Económico de Verão, o Banco de Portugal (BdP) manteve a sua anterior

previsão de crescimento de 1,8% para a economia nacional em 2007, revendo em

alta de 0,1 p.p., para 2,2%, a sua projecção para 2008.

Apesar da manutenção da previsão para o corrente ano, a composição da despesa surge

agora alterada, esperando-se um menor contributo da procura interna (em resultado do

menor crescimento do consumo) e um maior contributo das exportações líquidas para o

crescimento do PIB (com o crescimento das exportações a ser maior que o anteriormente

perspectivado e a progressão das importações a ser menor). Para 2008, e por comparação

com as projecções do Boletim Económico de Inverno, é esperado um menor contributo da

procura interna (com o consumo privado e a formação bruta de capital fixo a registarem

taxas de crescimento mais baixas) que compensa o maior contributo agora esperado para as

exportações líquidas.

As actuais previsões do BdP encontram-se em linha com as projecções dos principais

organismos internacionais no que se refere ao ano de 2007, sendo mais optimistas

relativamente a 2008 (para esse ano, a Comissão Europeia e a OCDE avançam com uma

progressão do PIB de 2% e o FMI com 2,1%).

Não obstante a gradual aceleração da económica portuguesa, não será ainda possível reiniciar

o processo de convergência real em relação à área do euro durante o horizonte de previsão.

Tanto em 2007 como em 2008, o crescimento económico continuará, tal como em

2006, a ser sustentado pelas exportações, embora esta componente da despesa

abrande face ao crescimento de 9,1% verificado no ano transacto, registando um

aumento de 7,2% em 2007 e de 6,5% em 2008. Para a desaceleração prevista em 2007

contribuirá a correcção do efeito de base associado ao forte aumento das exportações de

material de transporte na segunda metade de 2006, com o início da comercialização de um

novo modelo automóvel, bem como o andamento das exportações de produtos energéticos,

que deverá estender-se a 2008. De referir, contudo, que em 2008 as exportações de material

de transporte serão novamente impulsionadas, devido, à semelhança de 2006, ao início da

Relatório Mensal de Economia

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23

comercialização de um novo modelo automóvel. A evolução prevista para as exportações

neste e no próximo ano tem subjacente ganhos de quotas de mercado, que, contudo, não

serão suficientes para compensar as perdas verificadas no passado recente.

Já a procura interna deverá apresentar um crescimento inferior ao do PIB, ainda

que em aceleração relativamente à variação de 0,2% observada em 2006, passando

para uma progressão de 0,8% em 2007 e de 1,6% em 2008. O maior crescimento

da procura interna durante os dois anos em análise far-se-á à custa,

essencialmente, da recuperação da formação bruta de capital fixo, embora tanto o

consumo público como o consumo privado tenham também um comportamento

mais favorável que em 2006. Com efeito, o consumo privado passará de um crescimento

de 1,1%, em 2006, para uma progressão de 1,4% tanto em 2007 como em 2008, o que

traduz, ainda que de forma alisada, a evolução do rendimento disponível real das famílias,

impulsionado pela recuperação mais sustentada da actividade económica. Por seu turno, o

consumo público passará de uma variação negativa de 0,3% em 2006 para uma variação

positiva de igual magnitude em 2008, devendo registar em 2007 uma variação virtualmente

nula (-0,1%). No que toca a formação bruta de capital fixo, depois de cinco anos de

contracção, que culminou em 2006 com uma quebra de -2%, deverá passar a registar uma

variação positiva em 2007 de 0,6%, acentuando-se em 2008 para 3,1%. A ligeira

recuperação esperada para o corrente ano nesta componente da despesa ficará a dever-se,

fundamentalmente, à travagem do movimento de quebra no investimento das Administrações

Públicas e no investimento em habitação, devendo o investimento empresarial registar um

crescimento próximo do observado em 2006. Em 2008, a aceleração da FBCF resultará da sua

componente privada, com um maior dinamismo quer do investimento empresarial quer do

investimento em habitação, traduzindo o primeiro o seu carácter pró-cíclico e reflectindo o

segundo a aceleração do rendimento disponível real e um quadro ligeiramente mais favorável

no mercado de trabalho. Por seu turno, ao nível das administrações Públicas, é projectada

uma manutenção do crescimento do investimento.

A continuação de um crescimento das exportações robusto e superior à progressão

das importações (que crescerão 3,4% em 2007, retomando em 2008 o crescimento de

4,2% verificado em 2006) deverá conduzir a uma melhoria gradual do défice da

balança de bens e serviços, que passará de 7,6% do PIB em 2006 para 5,4% em 2008.

Por sua vez, o défice da balança de rendimentos deverá acentuar-se, passando de

3,5% do PIB em 2006 para 5,2% em 2008, em resultado da continuação da deterioração da

posição do investimento internacional da economia portuguesa e do perfil de subida das taxas

de juro. Estes desenvolvimentos, conjugados com uma estabilização do saldo

conjunto das balanças de transferências correntes e de capital em 2,4% do PIB,

Relatório Mensal de Economia

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24

determinarão uma redução das necessidades de financiamento da economia

portuguesa em 2007 em 0,8 p.p., para 7,9% do PIB, registando-se em 2008 um

ligeiro aumento para 8,1% do PIB. Tais previsões incorporam uma redução das

necessidades líquidas de financiamento do sector público ao longo do horizonte de previsão,

determinada pela poupança deste sector, e um virtual estabilização das necessidades líquidas

de financiamento do sector privado em 2007, seguida de um aumento em 2008, em resultado

da redução da poupança e de um ligeiro aumento da taxa de investimento do sector.

Quanto à inflação, as actuais projecções apontam para uma taxa de variação média

do IHPC de 2,5% em 2007 e de 2,3% em 2008, o que compara com os 3%

verificados em 2006. Este andamento favorável radicará, em 2007, no

comportamento da componente energética e, em 2008, da componente não

energética.

Ao nível do emprego, o BdP projecta uma diminuição do seu crescimento em 2007

para 0,3% (depois dos 0,7% registados em 2006), reflectindo o abrandamento

registado no final do ano passado e no início do ano presente, voltando a ganhar um maior

dinamismo em 2008, com uma progressão de 1%, em maior consonância com a

evolução da actividade económica. A trajectória esperada para o emprego pressupõe uma

redução líquida dos efectivos das Administrações Públicas em ambos os anos e um

abrandamento em 2007 no sector privado.

As actuais projecções do BdP têm implícitos dois riscos: um de origem externa, relacionado

com a possibilidade de ocorrência de um processo de correcção dos desequilíbrios

macroeconómicos a nível global, e, em especial, do défice externo da economia norte-

americana, e outro de origem interna, associado à possibilidade de o investimento em

material de transporte evidenciar um comportamento na segunda metade de 2007 menos

favorável do que o agora esperado.

Contas Públicas

Na última consulta à economia portuguesa ao abrigo do artigo IV, divulgada em

Junho, o FMI defendeu que, não obstante os progressos substanciais de consolidação

orçamental realizados em 2006, é ainda necessário um novo e significativo

ajustamento orçamental em Portugal, dado que o défice se encontra ainda longe do

objectivo de médio prazo definido pelo Governo e a dívida pública se situa acima de 60%,

verificando-se ainda uma dimensão excessiva do sector público. Por outro lado, embora a

reforma dos sistemas de Segurança Social tenha melhorado significativamente a

sustentabilidade orçamental a prazo, o aumento projectado da despesa com o

Relatório Mensal de Economia

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envelhecimento da população continuará a ser elevado. Deste modo, o FMI considerou

que não existe margem para uma redução discricionária da carga fiscal a curto

prazo, registando com agrado a intenção manifestada pelo Governo de poupar o aumento

acima do esperado das receitas.

No que se refere à reforma do processo orçamental, o FMI destacou a aprovação,

em Junho, do relatório intercalar da comissão para o orçamento por programas, em

que se prevê a adopção, no médio prazo, de orçamentos baseados no desempenho,

com tectos para a despesa. De acordo com o FMI, essa reforma permitirá uma melhoria

substancial da eficiência e da qualidade dessa despesa, para além do acréscimo de

transparência. No entanto, a experiência internacional mostra que esse tipo de

reforma requer tempo e um amplo consenso político para uma efectiva

implementação, pelo que o compromisso político associado à meta de 2010 poderá

ser desnecessariamente exigente, segundo a organização internacional. Foi ainda

registada com satisfação a criação da Unidade Técnica de Apoio Orçamental em Novembro do

ano passado, com capacidade para melhorar a supervisão do Parlamento nas questões

orçamentais.

Em Junho, o Secretário de Estado da Administração Local, Eduardo Cabrita, assegurou

que a transferência de competências para os municípios (nas áreas da Educação, Acção

Social e Saúde), que se irá reflectir já no próximo Orçamento de Estado, não representará

um acréscimo de despesa para o Estado.

Estimativa de Execução Orçamental do Estado

Jan-Jun

2006 Jan-Jun

2007 variação

homóloga

Receita corrente 17148,7 18928,8 10,4%

Despesa corrente 19366,8 20236 4,5%

Saldo corrente -2218,1 -1307,2 -41,1%

Receita de capital 186,8 152,6 -18,3%

Despesa de capital 1599,9 1553,7 -2,9%

Saldo de capital -1413,1 -1401,1 -0,8%

Saldo de execução orçamental -3631,2 -2708,3 -25,4%

Saldo primário -1041,5 114,5 s.s. valores em milhões de euros (m.e.); s.s. – sem significado Nota: os valores de despesa excluem gastos de anos anteriores, activos financeiros, passivos financeiros e a transferência para o Fundo de Regularização da Dívida Pública. Fonte: Direcção-geral do Orçamento - Boletim de Execução Orçamental

O boletim de execução orçamental referente ao primeiro semestre do ano revelou

uma descida de 25,4% no saldo negativo do subsector Estado, para 2708,3 milhões

de euros (m.e.), que traduziu, essencialmente a evolução do défice corrente, já que o

Relatório Mensal de Economia

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saldo de capital se manteve estável, passando a apresentar um desequilíbrio superior ao

verificado no saldo corrente (-1401,1 e -1307,2 m.e., respectivamente). A melhoria acima

do esperado do saldo orçamental no subsector Estado levou o Ministro das Finanças

a concluir que a meta de 3,3% do PIB para o défice do conjunto das administrações

públicas em 2007 será alcançada, ou mesmo superada.

O aumento do saldo corrente no primeiro semestre traduziu um crescimento mais

forte da receita do que da despesa corrente (10,4% e 4,5%), ambos acima do

orçamentado para o conjunto do ano.

A receita fiscal verificou um crescimento de 8,6% no primeiro semestre (2 pontos

acima do previsto), para o que contribuiu a forte progressão no IRC (29,1%, face a 5,4%

no caso do IRS), no caso dos impostos directos (com um crescimento de 12,8% no semestre),

e o acréscimo de 7,3% no IVA, ao nível dos impostos indirectos (com uma subida de

5,1%). De acordo com o boletim de execução, o crescimento acentuado e acima do

esperado na receita de IRC foi explicado pelo pagamento em autoliquidação ter sido

efectuado massivamente dentro do respectivo prazo legal, ao contrário de outros anos.

Chama-se a atenção para o carácter temporário deste efeito, que se deverá desvanecer

ao longo dos próximos meses, apontando, por isso, para uma desaceleração da receita de

IRC. A receita de IVA também deverá evidenciar um abrandamento ao longo dos

próximos meses em virtude da alteração orçamental que permite, a partir de 1 de Julho de

2007, o diferimento por 60 dias (mais 30 do que anteriormente) do prazo de pagamento do

imposto devido pelas importações.

A receita corrente não fiscal cresceu 33,7% no semestre, em termos homólogos,

reflectindo, em grande parte, o aumento da receita de dividendos e uma alteração

contabilística das receitas e despesas do Ministério da Justiça.

No caso da despesa corrente, o aumento homólogo de 4,5% (mais 0,8 pontos que o

orçamentado) repartiu-se entre 3,9% nas transferências, 3,4% nas despesas com o

pessoal e 9% nos encargos com juros, considerando as rubricas com maior expressão. O

aumento acima do esperado da despesa corrente primária traduziu sobretudo o

crescimento não antecipado das despesas com o pessoal (subida de 3,4%, face a um

recuo previsto de 0,8% para o conjunto do ano), com destaque para o comportamento das

componentes de abonos variáveis ou eventuais e segurança social. Apesar de tudo, o grau

de execução da despesa corrente situou-se abaixo do padrão de referência (48,9% e

50%, respectivamente) e o crescimento foi inferior ao verificado no acumulado até

Relatório Mensal de Economia

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Maio (5,5%), reflectindo, segundo o boletim de execução, a evolução da contribuição

financeira para a Caixa Geral de Aposentações e da transferência para o orçamento da UE.

Relativamente ao saldo de capital, a estabilização no primeiro semestre traduziu uma redução

semelhante da despesa e da receita em valor absoluto (em torno de 40 m.e.). A quebra de

2,9% na despesa de capital situou-se abaixo do recuo previsto de 5% para o

conjunto do ano, mas traduziu uma agravamento face ao boletim de Maio (descida de

1,4%). Por outro lado, o grau de execução da despesa de investimento foi inferior ao

padrão de execução uniforme ao longo do ano (48% e 50%, respectivamente).

Sistema Fiscal

A Comissão Europeia aprovou a prorrogação do regime especial de tributação da

Zona Franca da Madeira (ZFM) até 2020, no âmbito do qual se permite uma redução

dos impostos pagos pelas empresas em cerca de 300 milhões de euros.

Das alterações impostas pela Comissão Europeia face ao anterior regime, destaca-se

o aumento da taxa de IRC. Sobre as empresas licenciadas até ao final de 2006, incidirá

uma taxa de IRC de 3% até 2011. As empresas licenciadas entre 1 de Janeiro deste ano e 31

de Dezembro de 2013 terão aumentos graduais da taxa de IRC, que se manterá nos 3% até

2009 e subirá para 4% e 5%, respectivamente nos períodos de 2010/2012 e 2013/ 2020.

Os benefícios fiscais a conceder dependerão do cumprimento de diversas condições

e critérios de elegibilidade, assentes, essencialmente no número de empregos

criados. Os benefícios terão como limite uma matéria colectável compreendida entre

dois milhões de euros, se forem criados até três postos de trabalho, e 150 milhões

de euros, se forem criados mais de 100 novos empregos.

São abrangidas por este regime especial as actividades industriais, comerciais, de transportes

marítimos e serviços e excluídas as actividades financeiras e seguradora.

Às empresas é concedido um período limitado para se fixarem na ZFM, que será de seis

meses para as empresas internacionais de serviços e de um ano para as actividades

portuárias e industriais. Decorrido este período limitado perdem as licenças.

A 1 de Julho entrou em vigor a Lei n.º 22-A/2007, de 29 de Junho, que procede à

reforma global da tributação automóvel. Com esta reforma são criados dois novos

impostos, o Imposto sobre Veículos (ISV) e o Imposto Único de Circulação (IUC), que

substituem quatro impostos que são abolidos, o Imposto Automóvel, o Imposto

Municipal sobre Veículos, o Imposto de Circulação e o Imposto de Camionagem, e alterados

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

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os princípios subjacentes a esta área do sistema fiscal subordinando-a a

preocupações de ordem ambiental e energética.

O novo sistema de tributação automóvel caracteriza-se essencialmente pela redução do

imposto a pagar no momento da aquisição, pela simplificação do sistema fiscal, especialmente

no que se refere à fase de circulação, em que, de três impostos se passa para um, e pelo

reforço da despenalização dos veículos menos poluentes.

A Comissão Europeia solicitou formalmente a Portugal que deixe de incluir o

Imposto Automóvel no valor tributável dos veículos para efeitos de pagamento do

IVA. Fê-lo através de um parecer fundamentado (segunda etapa do processo de

infracção).

Apesar de a recomendação de Bruxelas respeitar ao regime de tributação anterior à reforma,

a situação é semelhante após a entrada em vigor da nova lei.

A possibilidade de diferimento do pagamento do IVA devido nas importações,

prevista no Orçamento do Estado para 2007, entrou em vigor a 1 de Julho. O

pagamento do imposto devido pelas importações de bens pode ser feito em 60 dias,

contados do registo de liquidação, quando o diferimento seja concedido isoladamente para

cada montante de imposto objecto daquele registo, ou até ao 15.º dia do segundo mês

seguinte aos períodos de globalização do registo de liquidação ou do pagamento previsto na

regulamentação aduaneira aplicável.

O Conselho de Ministros aprovou um diploma que dispensa os beneficiários de

doações já isentos (cônjuge, descendentes e ascendentes), da obrigatoriedade de

participar à administração tributária as doações de valores monetários, ainda que

objecto de depósito em contas bancárias e independentemente do valor, dispensando-os,

igualmente, de proceder à entrega da respectiva relação de bens.

De acordo com o relatório de actividades de 2006 da Direcção-Geral dos Impostos, a

inspecção tributária foi a área de intervenção prioritária. No último ano foram realizadas

132.486 acções de inspecção, feitas correcções à matéria colectável no montante de

3.004 milhões de euros e o valor do imposto detectado em falta foi de 843 milhões

de euros.

Relatório Mensal de Economia

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De acordo com o relatório da Conta Geral do Estado foi de 501,2 milhões de euros o

montante das dívidas fiscais prescritas em 2006, valor que representa mais do dobro do

montante registado em 2005. Dessas prescrições, 57 por cento são relativas a dívidas de IVA.

Nos impostos sobre o rendimento, os montantes de dívida que o Estado não conseguiu cobrar

são, respectivamente no IRC e no IRS, de 88,5 milhões de euros e de 64,8 milhões de euros.

O Governo está a recorrer cada vez mais à penhora como mecanismo de combate à

fraude e evasão fiscal. No primeiro semestre de 2007 o fisco ordenou cerca de 300

mil penhoras, número que se aproxima do valor total de penhoras de 2006 que foi de

387.222.

Com o objectivo de fomentar a competitividade, o presidente da Associação Portuguesa

de Bancos, João Salgueiro, propôs na Assembleia da República a criação de um

escalão de tributação mais baixo para as Pequenas e Médias Empresas.

Num seminário sobre criminalidade tributária promovido pelo Departamento Central

de Investigação e Acção Penal e pela Direcção-Geral dos Impostos foi declarado que

o Estado perde, pelo menos, 250 milhões de euros com a fraude em carrossel do

IVA. A Empresa na Hora, por permitir a criação de empresas com grande facilidade, foi

apontada como geradora das principais dificuldades ao combate a este tipo de fraude.

No primeiro semestre deste ano a acção desenvolvida pela Direcção de Serviços de

Investigação da Fraude e Acções Especiais levou ao encerramento de 13 empresas que, no

seu conjunto, causaram prejuízos ao Estado de 8,4 milhões de euros. Paralelamente, o

Departamento de Investigação e Acção Penal detectou mais de 350 milhões de euros em

processos de fraude carrossel de IVA.

Política Industrial e Comercial e Investimentos Públicos

Foi publicada a Resolução do Conselho de Ministros n.º 86/2007 de 3 de Julho que

aprova o Quadro de Referência Estratégico Nacional para o período 2007-2013. O

documento aprovado decorreu das negociações políticas e técnicas entre as autoridades

portuguesas e a Comissão Europeia, prosseguindo entretanto as negociações relativamente

aos Programas Operacionais com vista à sua aprovação final. A versão final do QREN

encontra-se disponível no site do QREN, em www.qren.pt/

Relatório Mensal de Economia

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O Governo decidiu mandatar o Laboratório Nacional de Engenharia Civil para

elaborar um Relatório que proceda a uma análise técnica comparada das

alternativas de localização do novo aeroporto internacional de Lisboa: Ota e zona do

Campo de Tiro de Alcochete.

A análise será desenvolvida em duas fases: numa primeira fase será feita uma avaliação

preliminar da efectiva viabilidade da alternativa na zona do Campo de Tiro de Alcochete, para

efeitos de posterior consideração mais aprofundada, e numa segunda fase, a confirmar-se

essa viabilidade, será desenvolvida uma avaliação comparada das duas localizações.

O Governo estabeleceu um prazo máximo de seis meses para conclusão de todo o processo.

Obtido o Relatório do LNEC e emitidos os pareceres pelas entidades que vierem a ser

consultadas, caberá ao Governo a tomada da decisão final.

Durante a vigência do POE – Programa Operacional da Economia / PRIME - Programa de

Incentivos à Modernização da Economia, foram recepcionadas perto de 40 mil

candidaturas, envolvendo intenções de investimento superiores a 31 mil milhões de

euros. O número de projectos aprovados ultrapassou os 15 mil, a que correspondeu um

montante de investimento superior a 18 mil milhões de euros e um montante de

incentivo que ultrapassou os 5 mil milhões de euros (tendo sido canalizados

directamente para as empresas 3,9 mil milhões de euros de incentivos e 1,3 mil milhões de

euros para as entidades da envolvente).

Em termos de distribuição regional das aprovações, a região Norte foi a que mais se

destacou, com 43% dos projectos, 31% do investimento e 34% do montante de

incentivo atribuído.

O Governo aprovou uma proposta de Lei que regula o financiamento da rede

rodoviária nacional a cargo da Estradas de Portugal, E.P.E., que visa garantir a

afectação ao sector rodoviário nacional de receitas decorrentes da utilização das infra-

estruturas existentes, tendo como contrapartida uma redução, de valor igual, das receitas já

existentes em sede de Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP).

O Governo aprovou dois contratos de investimento no valor de 535 milhões de

euros, que irão criar 350 postos de trabalho. Os investimentos em causa correspondem à

construção de raiz de uma unidade industrial de escala mundial para a produção de

ácido tereftálico purificado, tendo em vista a consolidação do cluster petroquímico

de Sines, que envolve um montante de investimento de 400 milhões de euros e que prevê a

criação de 150 postos, e a construção e equipamento de uma nova unidade integrada

Relatório Mensal de Economia

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de aquicultura em Mira. A ambos os projectos de investimento foi atribuído o estatuto de

projecto PIN.

Portugal e Espanha vão apresentar uma candidatura conjunta aos fundos

comunitários dos troços transfronteiriços das linhas ferroviárias de alta velocidade

entre Lisboa e Madrid e entre Porto e Vigo. Trata-se de uma decisão tomada pelo

agrupamento europeu de interesse económico AVEP – Alta Velocidade Espanha-Portugal e que

será formalizada pela RAVE – Rede de Alta Velocidade, empresa responsável pela alta

velocidade do lado português, e pela congénere espanhola ADIF – Administrador de Infra-

estruturas Ferroviárias.

O ICEP Portugal, foi formalmente extinto a 25 de Junho, tendo sido a totalidade das

suas atribuições e competências transferidas para a Agência para o Investimento e

Comércio Externo de Portugal, E. P. E. (AICEP), que integra igualmente as atribuições e

competências da Agência Portuguesa para o Investimento (API).

Foram formalmente extintos os Contratos de Aquisição de Energia (CAE) existentes

entre a Electricidade de Portugal (EDP) e a Rede Energéticas Nacionais (REN), tendo

sido definidas as condições da cessação dos CAE e as medidas compensatórias relativamente

à posição de cada parte contratante naqueles contratos.

Com o fim dos CAE, espera-se, a curto prazo, libertar para o mercado 80% da energia total

produzida em Portugal. Recorde-se que Portugal tinha assumido o compromisso com Espanha

de concluir esta etapa até Julho deste ano, tendo em vista aumentar a concorrência e a

energia transaccionada.

Foi criada uma linha de crédito ao investimento no turismo para vigorar nos

próximos dois anos e que ascende a um montante de 120 milhões de euros. Esta

linha de crédito resultou de protocolos celebrados entre o Instituto do Turismo de

Portugal e várias instituições de crédito a operar em Portugal e visa apoiar projectos

de investimento do sector do turismo, de natureza empresarial, económica e financeiramente

viáveis, que contribuam para a adequada estruturação dos novos Pólos de Desenvolvimento

Turístico e dos Produtos Turísticos Estratégicos identificados no Plano Estratégico Nacional do

Turismo - PENT.

Relatório Mensal de Economia

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Política Social e Laboral

O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social apresentou aos parceiros sociais o

relatório preliminar da Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, no qual se

propõe que no domínio da flexibilidade interna as prioridades passem por (i) acabar com os

limites de horários diários, a lei deverá definir apenas os limites dos períodos semanais e

anuais, (ii) possibilitar a prática de “horários concentrados”, os quais se traduzirão na

existência de dois ou três dias de horário prolongado, seguidos de dias de descanso; (iii)

alterar o período legal de férias para 23 dias, eliminando a bonificação dos três dias a

mais de férias em função da assiduidade; (iv) alterar a forma de cálculo do subsídio de

férias em função do salário base e excluindo outros subsídios como os de função ou de

exclusividade; (v) esclarecer as situações em que um trabalhador pode ver a sua

remuneração reduzida com base em fundamentos objectivos, mas sempre com o

acordo do trabalhador; (vi) apontar, no âmbito da mobilidade funcional, um prazo limite

de três anos para o exercício temporário de funções não compreendidas na

actividade contratada, mantendo a sua remuneração.

A Comissão defende também um maior grau de liberdade negocial das partes, que

permita acordar condições menos favoráveis que as previstas em convenções

colectivas, bem como, uma maior simplificação nos despedimentos individuais

propondo, designadamente, que o incumprimento de certas formalidades por parte da

empresa não constitua impedimento da cessação do contrato.

Em Novembro será entregue o relatório final da Comissão do Livro Branco após o

que o Governo apresentará as propostas de revisão do Código do Trabalho. O

ministro declarou que, no primeiro trimestre de 2008, o projecto final de revisão do Código do

Trabalho será entregue na Assembleia da República.

O processo negocial com as organizações sindicais representativas dos

trabalhadores da Administração Pública culminou com a assinatura de uma acta de

concordância pelo Governo e pela Frente Sindical da Administração Pública (Fesap).

Concluídas as negociações com vista à reforma da Administração Pública, o Conselho de

Ministros aprovou uma proposta de lei (a submeter à Assembleia da República) que

estabelece o novo regime de vinculação, de carreiras e de remunerações dos

trabalhadores da Administração Pública.

No âmbito deste novo regime destaca-se: (i) a definição de duas modalidades de

vinculação, a nomeação para as funções de soberania e o contrato de trabalho (com um

regime aproximado ao do sector privado) para as restantes funções públicas, (ii) a revisão

Relatório Mensal de Economia

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do sistema de carreiras, contemplando carreiras gerais e especiais, sendo que, nas

três carreiras gerais definidas são integradas mais de 400 carreiras e categorias que hoje são

diferenciadas (foi também incluído um mecanismo complementar de progressão na carreira

que contorna os limites orçamentais dos serviços e permite a um funcionário médio subir na

posição salarial de 10 em 10 anos), (iii) a fixação de regras para evolução em que se

substitui o actual regime de concurso por um sistema de escolha objectiva entre os

candidatos, (iv) a consagração de uma tabela remuneratória única em que se destaca a

racionalização do sistema de suplementos e a definição de prémios de desempenho,

designadamente, para funcionários de topo e em fim de carreira.

No âmbito deste acordo, o secretário de Estado da Administração Pública garantiu a

verificação de progressões na carreira já em 2008, com base nas classificações de

desempenho dos anos anteriores.

No âmbito da reformulação das políticas activas de emprego, com o objectivo de

reintegrar os desempregados mais velhos no mercado de trabalho, o Governo vai criar

incentivos directos para as PME’s que celebrem contratos de trabalho por tempo

indeterminado com desempregados com mais de 55 anos. As empresas terão isenção

do pagamento da taxa social única por um período, ainda não definido, superior a três anos.

Com o objectivo de aumentar o emprego jovem o Governo propõe a manutenção dos

incentivos fiscais à criação de empresas por parte de jovens à procura do primeiro

emprego, bem como, o programa de estágios profissionais. Por outro lado, querendo

evitar a entrada precoce no mercado de trabalho de activos sem qualificações, propõe-se

eliminar os apoios à contratação de jovens com menos de 23 anos sem o ensino

secundário completo.

No âmbito das Novas Oportunidades o Primeiro-ministro apresentou a campanha «Faz

o Secundário aprendendo uma profissão» e anunciou o crescimento dos cursos

profissionais, de 3300 para 5000, como a principal medida para combater o

insucesso e o abandono escolar. O aumento de 1700 cursos em relação a 2006/2007

permite que os alunos da quase totalidade das escolas secundárias possam optar por um

curso profissional.

Dados do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, referentes a 2005,

revelam que, apesar de o número de contratos de trabalho a termo e de trabalhadores a

recibo verde estar a aumentar desde 1998, a percentagem de portugueses que têm um

contrato de trabalho de tempo indeterminado ainda é de 78,3%.

Relatório Mensal de Economia

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No que se refere à qualificação dos trabalhadores, de acordo com um inquérito a 2.155

empresas que empregam mais de 800 mil trabalhadores, apenas 12% destes têm formação

universitária.

De acordo com um estudo da consultora Mercer, Portugal é, entre um total de 16 países

europeus, o que regista a mais elevada taxa de absentismo por doença. Cada

trabalhador falta em média 10 dias por ano devido a doença. O elevado nível do subsídio de

doença é, segundo o estudo, um dos factores decisivos para esta elevada taxa de

absentismo.

Segundo o relatório “Employment Outlook 2007”, o salário real de cada trabalhador do

sector privado em Portugal crescerá apenas 0,2 por cento em 2008, o valor mais

baixo dos 30 países que integram a OCDE.

No estudo “Pensions at a glance” da OCDE conclui-se que a reforma do sistema de

Segurança Social vai conduzir a um corte superior a 30% no nível médio das

pensões dos portugueses face aos valores actuais.

De acordo com um relatório da Comissão Europeia, com base nos 20 Estados membros

que mantêm em vigor uma retribuição mínima, o poder de compra do salário mínimo

português subiu 9%, entre 2004 e 2007. Em igual período, em Espanha, verificou-se

uma subida de 18%. Conclui-se também do relatório que o poder de compra de um salário

mínimo espanhol é 25% superior ao de um português. Em Janeiro de 2007, 4,7 por cento dos

trabalhadores portugueses recebiam o salário de mínimo.

Privatizações e Empresas Públicas

Após vários meses de análise, a Autoridade da Concorrência autorizou, em 5 de Junho,

a compra da Portugália Airlines pela TAP, um negócio que envolve um montante de 144

milhões de euros.

A Comissão Europeia pretende que o Estado português reveja a sua participação na

EDP e na GALP. Está em causa a não aceitação por parte de Bruxelas de alguns direitos

especiais, como é o caso do poder de nomeação do “chairman” e o direito de veto sobre

decisões de gestão, que no entender da Comissão poderão dificultar quer o investimento

directo quer o investimento em carteira.

Relatório Mensal de Economia

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No que se refere ao processo de decisão final sobre a “golden share” da PT, a

Comissão Europeia aceitou continuar em negociações com o Estado português

durante os próximos meses, retirando assim este dossier da lista de processos de

infracção a enviar para o Tribunal de Justiça Europeu.

Sistema Monetário e Financeiro

No âmbito da consulta ao abrigo do artigo IV, o FMI considerou que o sistema

financeiro nacional se mantém sólido e bem provisionado e que o acompanhamento

das áreas de risco mais importantes pelo BdP deverá contribuir para continuar a

assegurar essa solidez. Desde o exercício de avaliação do sector financeiro em 2006, a

rentabilidade do sector bancário melhorou em resultado do crescimento ligeiramente mais

rápido do crédito, dos esforços de redução de custos e da subida das taxas de juro. Foi

também salientada a adopção de sistemas de gestão de risco mais avançadas por parte dos

bancos, em preparação para o sistema de Basileia II, e a adopção de um novo sistema de

notação de risco pelo BdP. Na identificação das áreas de risco mais importantes, o

Fundo destacou a subida do desemprego, o aumento do endividamento das famílias

e empresas, a concentração dos empréstimos no sector imobiliário e num número

reduzido de grandes empresas, a menor restritividade dos critérios de concessão de

alguns empréstimos e a ligeira deterioração dos rácios de liquidez dos bancos. Para

monitorizar e controlar esses riscos, o FMI salientou a importância da realização

regular de testes de esforço, que permitem aferir a capacidade de absorção de

perturbações macroeconómicas graves. Nesse âmbito, o Fundo vê com agrado a realização

dos testes de esforço bottom-up em anos alternados, estando a próxima ronda planeada para

2008. Os próximos resultados do inquérito à riqueza do BdP também serão úteis para a gestão

do risco, ao permitirem a identificação dos subgrupos de famílias mais vulneráveis.

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2. Economia Monetária e Financeira

2.1. Taxas de Juro

TAXAS Euribor Obrigações do Tesouro

6 meses 12 meses 5 anos 10 anos

06: II 3,245 3,512 3,93 4,16

06: III 3,567 3,716 3,71 3,89

06: IV 3,853 4,028 4,01 4,13

07: I 4,043 4,177 4,07 4,20

07: II 4,315 4,528 4,59 4,75

Abril 07 4,135 4,298 4,18 4,28

Maio 07 4,255 4,455 4,45 4,57

Junho 07 4,315 4,528 4,59 4,75

1 Junho 07 4,258 4,466 4,50 4,60

8 Junho 07 4,269 4,496 4,58 4,74

15 Junho 07 4,284 4,519 4,65 4,83

22 Junho 07 4,298 4,518 4,64 4,82

29 Junho 07 4,315 4,528 4,59 4,75 Fonte: Banco de Portugal e Reuters; valores em percentagem; taxas anualizadas a 360 dias. Nota: Valores trimestrais (mensais): última taxa do trimestre (mês); os valores para as Obrigações do Tesouro referem-se às yields do mercado secundário.

As taxas de juro do mercado monetário europeu renovaram máximos de seis anos

em Junho, reflectindo uma nova subida das taxas de referência do BCE no início do

mês e a perspectiva de novos aumentos. A progressão das taxas Euribor voltou a ser

menor nos prazos mais curtos, atenuando pelo segundo mês consecutivo a inclinação da

curva de rendimentos (diferencial de 41,3 pontos base entre as taxas a 1 e 12 meses no final

de Junho, após 42,5 p.b. em 31 de Maio). No final de Junho, as taxas Euribor a 6 e 12 meses

situaram-se em 4,315% e 4,528%, valores que apontam para uma subida adicional de 25

p.b. da principal taxa de referência do BCE (actualmente em 4%) em cada um dos próximos

dois semestres.

No mercado secundário de dívida pública nacional, as taxas de juro implícitas de

longo prazo aumentaram pelo quarto mês consecutivo e situaram-se em máximos

de cinco anos nos vários prazos, já acima dos níveis verificados na parte final da

curva de rendimentos do mercado monetário. Mais uma vez, a progressão das yields

acompanhou a tendência de subida nos mercados europeu e norte-americano. A taxa

de juro implícita das obrigações do Tesouro a cinco anos aumentou de 4,45% para 4,59% em

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comparação de final de mês, tendo-se verificado uma progressão ainda maior na yield a 10

anos (18 p.b., para 4,75%), o que reforçou a inclinação da curva de rendimentos para o

máximo desde Janeiro.

2.2. Mercado de Valores Mobiliários

ÍNDICE PSI-20 DO MERCADO CONTÍNUO DE ÂMBITO NACIONAL (valores de fecho das sessões de início e fim das semanas de Junho) Sexta, 1 Seg, 4 Sexta, 8 Seg, 11 Sexta, 15 Seg, 18 Sexta, 22 Seg, 25 Sexta, 29

13.204,20 13.100,80 12.739,60 12.896,00 13.164,50 13.164,40 13.285,00 13.373,50 13.384,90 Índice composto pelo cabaz das 20 acções mais importantes do mercado, sujeito a uma revisão semestral; Jan 1993 = 1000

Em Junho assistiu-se a uma menor valorização do índice accionista nacional de

referência, reflectindo a evolução menos favorável no início do mês, período que ficou

marcado pela tomada de mais valias no exterior. Depois de um recuo de 4,1% nas cinco

primeiras sessões, o PSI-20 retomou a trajectória de subida e valorizou-se em 13 das

restantes 16 sessões de Junho (para máximos de 7 anos), encerrando o mês com um

ganho de quase 1% (após subidas de 8,3% em Maio e 5,1% em Abril) e o semestre com

uma valorização próxima de 20%, que ficou associada, em larga medida, aos cenários

de concentração em vários sectores, à semelhança do que sucedeu em 2006.

O valor negociado na bolsa portuguesa registou uma progressão acentuada em

Junho, sobretudo em termos homólogos (variação de mais de 200%), para o que

contribuiu a movimentação de grandes lotes de acções do BCP. No cômputo do

primeiro semestre verificou-se um crescimento homólogo de quase 70% no valor

transaccionado, que se situou pouco abaixo do total registado no conjunto de 2006 (perto de

52 mil milhões de euros).

Dentro da carteira do PSI-20, destacaram-se as valorizações mensais de 9,8% do

BCP, de 10,5% da Sonae Indústria e de 30,3% da Soares da Costa, que entrou na

revisão semestral da carteira do índice em substituição da Novabase. A valorização do

BCP ficou associada ao reforço de posições accionistas em consequência da disputa interna de

poder que se seguiu ao insucesso da operação de compra sobre o BPI, para além dos rumores

de compra do banco e da divulgação de recomendações favoráveis por bancos de

investimento. O BCP foi também um dos títulos que mais se valorizou no semestre,

com um ganho de 48% (apenas superado pelas subidas de 68,7% da Altri e de

50,9% da Semapa). No caso da Sonae Indústria, o ganho mensal reflectiu, em grande

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38

medida, o cenário positivo para o mercado alemão de derivados de madeira, que assume um

peso elevado nas receitas da empresa.

No que se refere a comportamentos negativos, as descidas mais acentuadas em

Junho pertenceram à Cofina (variação mensal de -5,7%), à Cimpor (-4,2%) e à EDP (-

3,3%). O número de títulos (9) com variação mensal negativa foi bastante superior aos

últimos meses, mas a intensidade da descida não foi muito significativa na generalidade dos

casos. No conjunto do semestre, apenas a Sonae.com e a Cofina apresentaram um saldo

negativo (0,4% e 2,4%, respectivamente).

3. Economia Real

3.1. Actividade Económica Global

CONTAS NACIONAIS TRIMESTRAIS (ÓPTICA DA DESPESA)

05: I 05: II 05: III 05: IV 06: I 06: II 06: III 06:IV 07: I

Consumo Privado 2,9 3,2 1,2 1,3 1,1 0,5 1,9 1,4 1,3

Consumo Público 3,2 2,7 2,0 1,1 0,3 -0,4 -0,8 -0,9 -0,8

FBC Total -1,7 -3,9 -4,9 -4,9 -1,0 -2,7 -0,4 -2,1 -2,3

Exportações -1,3 0,4 2,6 2,6 8,4 7,4 9,1 10,1 8,1

Importações 4,4 3,2 0,8 -0,6 5,0 2,6 5,4 4,4 1,9

PIB pm -0,1 0,5 0,5 1,0 1,1 0,9 1,6 1,6 2,0 Fonte: INE; Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior; preços constantes de 2000; valores corrigidos de sazonalidade. Nota: FBC = Formação Bruta de Capital (inclui Variação de Existências).

Os dados mais recentes para as Contas Nacionais Trimestrais, disponibilizados pelo

INE, indicam que, no primeiro trimestre de 2007, o PIB aumentou 0,8% em termos

reais face ao trimestre anterior, acelerando assim face ao crescimento de 0,2% no

último trimestre de 2006 e de 0,1% no terceiro trimestre (ambos os valores foram revistos

em alta). Na óptica da despesa, o comportamento em cadeia do PIB ficou a dever-se,

no primeiro trimestre deste ano, ao andamento das exportações (variação de 3,4%)

e à formação bruta de capital (variação de 3,2%). Nesta última componente, que no

quarto trimestre de 2006 tinha registado uma contracção, é de sublinhar a significativa

recuperação quer do investimento em material de transporte (que passou de uma variação de

-13,1% para +7,6%) quer do investimento em construção (que passou de uma variação de -

2,3% para +7,3%).

Em termos de variação homóloga, o PIB cresceu 2% no primeiro trimestre de 2007,

acelerando face aos 1,6% registados nos dois trimestres precedentes (o valor do

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39

terceiro trimestre de 2006 foi revisto em alta e o do quarto trimestre em baixa). Este ritmo de

crescimento é o mais elevado desde o segundo trimestre de 2004.

A procura interna reduziu marginalmente o seu contributo para o crescimento do

PIB, evidenciando uma taxa de variação homóloga (tvh) de 0,1% (0,2% no trimestre

anterior), tendo subjacente um comportamento díspar das suas componentes. Assim, de um

lado, esteve o menor ritmo de acumulação de existências e o abrandamento no consumo final

das famílias residentes (de 1,3% para 1,2%). A trajectória desta última componente foi

influenciada pelo andamento das despesas em bens de consumo não duradouro (cujo

crescimento baixou de 1,7% para 1,5%), tendo-se, ao invés, registado uma aceleração na

componente de bens de consumo duradouro (cujo crescimento passou de -0,6% para

+0,1%), a qual foi determinada pela despesa em automóveis. Do lado oposto, estiveram os

menores ritmos de contracção da despesa de consumo final das Administrações Públicas (que

passaram de -0,9% para -0,8%) e, sobretudo, da formação bruta de capital fixo (cuja quebra

passou de -2,8% para -1,1%). Nesta última componente, que regista variações negativas há

nove trimestres, é de sublinhar o movimento de expressiva recuperação na construção (de -

7,4% para -3,4%), sendo também de destacar o desagravamento no material de transporte

(de -5,9% para -2,4%). Em contraste, o investimento em máquinas e equipamento

apresentou um crescimento de 1,9%, após dois trimestres com uma expansão em torno de

4,4%.

Quanto às rubricas de comércio internacional, as exportações de bens e serviços

abrandaram 2 p.p. para 8,1%, o que foi mais do que compensado pelo menor

dinamismo das importações (cujo crescimento passou de 4,4% para 1,9%), justificando

um maior contributo da procura externa líquida para o crescimento do PIB (que

passou de 1,4 p.p. para 1,9 p.p.). O menor ritmo de crescimento das exportações foi

explicado pelo comportamento dos bens, enquanto para as importações foi determinante quer

a trajectória dos bens quer a dos serviços. O comportamento favorável da procura externa

líquida conjugado com uma melhoria dos termos de troca mais expressiva que no trimestre

anterior conduziu a um desagravamento, embora ligeiro, do saldo da balança de bens e

serviços (-6,2% do PIB no primeiro trimestre de 2007 contra -6,3% no trimestre precedente).

O desagravamento do saldo desta balança, bem como do da balança de rendimentos, a par

da melhoria no saldo da balança de transferências de capital levou a uma atenuação das

necessidades de financiamento da economia (-6,9% do PIB no primeiro trimestre de 2007

contra -7,7% no último trimestre de 2006).

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40

Na óptica da produção, registou-se um andamento favorável do VAB na maioria dos

ramos produtivos no primeiro trimestre de 2007. Destaca-se a menor contracção no

ramo Construção (de uma tvh de -6,2% para -2,4%, em linha com a evolução da despesa

de investimento em construção) e a aceleração nos ramos Indústria (de 2,3% para 4%),

Comércio, Restauração e Hotéis (de 2,1% para 2,7%) e Transportes e Comunicações

(de 1,7% para 2%). Em sentido oposto, realça-se claramente o ramo Comércio, Restauração

e Hotéis (cujo crescimento baixou de 9% para 3,6%), tendo também havido um

abrandamento na Electricidade (de 5,1% para 3,2%) e nas Actividades Financeiras e

Imobiliárias (de 3,7% para 2,8%)

De acordo com o indicador coincidente de actividade económica do BdP, em Maio,

ter-se-á mantido, pelo terceiro mês consecutivo, o ritmo de crescimento, em termos

reais, da actividade económica nacional. No quinto mês do ano, a tvh do indicador

situou-se em 1,8%, situando-se ligeiramente acima dos 1,7% registados no primeiro

trimestre do ano. O indicador permanece, assim, no valor mais elevado desde meados de

2004.

O indicador de clima económico do INE – indicador que sintetiza a informação

qualitativa referente aos principais ramos de actividade – subiu em Maio pelo quinto

mês consecutivo, prolongando a tendência iniciada em Outubro de 2005 e assumindo

o valor mais elevado desde Junho de 2002. Este indicador continua, no entanto, abaixo

da sua média de longo prazo.

A evolução do indicador de clima económico em Junho resultou de um

comportamento heterogéneo dos indicadores sectoriais, verificando-se uma subida

no indicador de confiança da construção e obras públicas, uma estabilização no

indicador relativo à indústria transformadora e descidas nos indicadores referentes

aos serviços e ao comércio.

No que respeita ao indicador de confiança da construção e obras públicas, verificou-se um

novo desagravamento em Junho (embora menos acentuado que nos meses anteriores),

prolongando-se a recuperação iniciada em Janeiro deste ano e atingindo-se o valor menos

desfavorável desde Agosto de 2005. O andamento deste indicador ficou a dever-se apenas à

melhoria das opiniões sobre a carteira de encomendas, verificando-se, ao invés, uma

deterioração das perspectivas de emprego.

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A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

41

No que toca o indicador de confiança da indústria transformadora, a estabilização observada

em Junho seguiu-se ao movimento de recuperação que marcou os cinco meses anteriores,

interrompendo a tendência ascendente iniciada há um ano. A evolução em Junho resultou da

conjugação da degradação das perspectivas de produção com o desagravamento nas

apreciações sobre a procura global e sobre os stocks de produtos acabados.

Relativamente ao indicador dos serviços, a descida verificada no mês em análise interrompe o

movimento de subida dos três meses precedentes e a tendência ascendente iniciada em

Agosto de 2005. O andamento em Junho foi determinado pelo significativo agravamento das

opiniões sobre a carteira de encomendas e, de forma menos expressiva, pela deterioração

das apreciações sobre a actividade das empresas. Em contraste, as perspectivas sobre a

procura melhoraram.

Quanto ao comércio, o agravamento do indicador de confiança ocorreu pelo segundo mês

consecutivo. O comportamento em Junho resultou da deterioração das apreciações sobre as

existências e das perspectivas de actividade, registando-se, pelo contrário, um

desagravamento na avaliação da actividade das empresas.

Com a evolução observada em Junho, os indicadores de confiança respeitantes à indústria e

aos serviços permanecem acima da respectiva média de longo prazo, continuando os

restantes abaixo.

Em termos de variação homóloga, todos os indicadores sectoriais continuaram a

evidenciar valores positivos, sendo de realçar as elevadas taxas de crescimento nos

indicadores de confiança para a indústria transformadora, serviços e construção e obras

públicas.

3.2. Procura Interna

Os dados mais recentes para os principais indicadores de conjuntura apontam para

que em Maio se tenha assistido a uma nova perda de dinamismo no consumo

privado, enquanto o investimento terá registado, grosso modo, uma evolução

favorável. O andamento do consumo privado ter-se-á ficado a dever quer ao comportamento

da rubrica de bens correntes quer à rubrica de bens duradouros. Por seu turno, o impulso no

investimento terá resultado, fundamentalmente, da significativa expansão na componente de

material transporte e da manutenção de um quadro menos desfavorável na construção.

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42

3.2.1. Consumo

Fonte 06: I

06: II

06: III

06: IV

07: I

Fev 07

Mar 07

Abr 07

Mai 07

Indic. Confiança dos Consumidores (1) INE -38 -36 -32 -31 -33 -31,4 -33,2 -33,4 -33,0

Venda de automóveis não comerciais DGEP -2,4 -7,4 -2,6 -6,9 -5,2 -8,7 0,1 -4,8 -1,3

Importações de bens de consumo (2) INE 8,0 8,3 7,3 9,3 6,2 9,4 0,4 - -

Procura interna de bens de consumo (1) INE -31 -30 -30 -27 -24 -25 -24 -23 -24

Volume de negócios do comércio retalho (3) INE 0,0 -0,5 2,9 0,6 1,6 0,7 3,7 -1,4 -1,4

Crédito ao consumo (4) BP 4,1 5,6 7,1 8,5 11,6 11,5 11,8 11,3 -

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário); (1) Inquéritos de Conjuntura aos Consumidores e à Indústria Transformadora; saldo de respostas extremas (média móvel de 3 meses); (2) Taxa de variação em termos nominais; exclui automóveis e combustíveis; (3) Taxa de variação em termos reais; índices corrigidos dos dias úteis; (4) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito.

De acordo com os mais recentes indicadores respeitantes ao consumo privado, este

agregado da procura interna terá voltado a registar uma quebra em Maio, depois de

um crescimento moderado no primeiro trimestre do ano.

Este comportamento reflecte um andamento homogéneo das suas principais

componentes, verificando-se uma quebra tanto na despesa das famílias em bens de

consumo corrente como em bens de consumo duradouro.

No primeiro caso, os dados para o comércio a retalho apontam para uma quebra mais

pronunciada em Maio do que em Abril, facto que resultou da evolução de todas as suas

rubricas com excepção dos têxteis, vestuário e calçado, que, embora em contracção,

apresentaram um comportamento menos desfavorável que em Abril (a taxa de variação

homóloga passou de -6,1% para -3,3%). Assim, é de destacar os casos das rubricas de

produtos farmacêuticos (variação homóloga de -11,9% contra -9,2%) e de livros (-3,2%

contra -1%), o que contribuiu para que a diminuição homóloga na despesa em bens não

alimentares passasse de 4,63% para 5,63%. Relativamente à variação da despesa em bens

alimentares, apesar de permanecer positiva, baixou de 2% para 1,6%. Considerando o

conjunto dos dois primeiros meses do segundo trimestre, verifica-se que em todas as rubricas

da despesa em bens correntes se assistiu a um comportamento mais desfavorável que no

primeiro trimestre, com uma quebra mais acentuada nas despesas não alimentares e um

crescimento mais moderado na despesa em bens alimentares.

Quanto à despesa em bens de consumo duradouro, verificou-se em Maio uma nova quebra da

despesa das famílias em automóveis, embora menos desfavorável que em Abril (-1,3% contra

-4,8%), enquanto a despesa com o lar verificou um movimento de recuperação (passando de

-2,1% para 1,3%). Deste modo, ao contrário do que se terá observado na despesa de bens

correntes, os dois primeiros meses do segundo trimestre indiciam um comportamento menos

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

43

desfavorável que no primeiro trimestre do ano na despesa das famílias em bens duradouros

(com a despesa em automóveis a passar de uma variação homóloga de -5,2% para -3% e a

variação da despesa em bens para o lar a manter-se em -0,4%). Relativamente à despesa

em serviços correntes finais, os indicadores de comércio a retalho relativos a Maio evidenciam

uma desaceleração no crescimento homólogo nominal face aos resultados de Abril. Em

termos reais ter-se-á também verificado perda de dinamismo, dada a manutenção, no mês

em análise, do ritmo de crescimento dos preços dos serviços junto do consumidor.

Relativamente aos indicadores prospectivos de consumo privado, o indicador de

confiança registou em Junho, e pela segunda vez consecutiva, uma ligeira

recuperação, que vem interromper a tendência descendente iniciada em Novembro

passado. O comportamento do indicador no mês de referência ficou a dever-se a todas as

suas componentes, sendo que as perspectivas sobre a situação económica do país foram as

que evidenciaram, tal como nos dois meses anteriores, uma maior recuperação, mas que

ainda não se revelou suficiente para compensar a deterioração verificado entre Novembro e

Março. Do mesmo modo, as perspectivas sobre a situação financeira das famílias

interromperam, nos três últimos meses, a tendência de agravamento observada desde

Novembro. As perspectivas sobre a evolução do desemprego melhoraram ligeiramente quer

em Maio quer em Junho, após dois meses de agravamento que interromperam a tendência

descendente iniciada em Fevereiro de 2006. Apesar da evolução favorável destas

componentes, todas permanecem aquém das respectivas médias de longo prazo.

3.2.2. Investimento

Fonte 06: I

06: II

06: III

06: IV

07: I

Fev 07

Mar 07

Abr 07

Mai 07

Vendas de veículos comerciais DGEP -1,1 -7,8 1,8 0,9 0,7 -3,3 -1,8 -0,8 -

Importações bens de investimento (1) INE -4,2 -1,4 1,4 11,8 8,5 -4,3 7,1 -0,6 27,7

Índice produção bens de investimento INE -3,1 -1,5 1,7 0,0 5,9 10,9 4,2 - -

Vendas de cimento DGEP -0,3 -7,9 -9,0 -7,1 -4,1 8,6 3,9 4,9 2,0

Crédito para compra de habitação (2) BP -3,8 -7,0 -8,4 -7,3 -6,8 -6,3 -0,6 -0,6 -5,4

Índice de Produção na Construção INE 11,3 10,9 10,5 10,0 9,4 -6,3 -7,6 -3,2 -5,1

Crédito às sociedades não financeiras (2) BP 6,7 8,6 10,1 10,5 11,4 9,4 9,4 9,3 -

Valor de obras públicas adjudicadas (3) DGEP -30,6 -23,1 -26,3 -29,0 46,9 11,8 11,1 11,4 -

Taxas de variação face ao período homólogo do ano anterior, em percentagem (salvo indicação em contrário); (1) Taxa de variação em termos nominais; exclui material de transporte. (2) Valores corrigidos de reclassificações e de operações de titularização de crédito. (3) Taxa de variação acumulada no ano face ao período homólogo do ano anterior.

A informação mais recente respeitante à formação bruta de capital fixo (FBCF)

sugere um andamento favorável desta rubrica de despesa agregada nos meses de

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44

Abril e Maio, depois de uma acentuação do ritmo de quebra no primeiro trimestre do ano, tal

como foi atestado pelos resultados das Contas Nacionais divulgadas pelo INE.

Quanto ao investimento em construção e obras públicas, os indicadores

quantitativos (vendas de cimento e produção medida pelas horas de trabalho empregadas)

continuam a apontar para uma redução do ritmo de contracção no cômputo de Abril

e Maio, embora no último mês a evolução tenha sido menos favorável que no primeiro. A

recuperação foi comum aos segmentos de construção de edifícios e de engenharia civil,

sendo, no entanto, mais intensa neste último. Os indicadores de produção qualitativos

(inquéritos aos empresários do sector) indicam uma evolução no mesmo sentido, com os

dados relativos ao segundo trimestre do ano a evidenciarem uma melhoria face às

apreciações atestadas no primeiro trimestre, sendo de destacar as opiniões relativas ao

segmento da habitação.

Relativamente ao investimento exclusivamente empresarial, o investimento em

máquinas e equipamento terá mantido, no conjunto de Abril e Maio, um dinamismo

considerável, embora com algum abrandamento face ao primeiro trimestre do ano.

O comportamento desta rubrica parece começar estar a beneficiar a produção doméstica, em

detrimento das importações, embora estas continuem a revelar taxas de crescimento

elevadas.

Por seu turno, a componente de material de transporte terá apresentado, em Maio,

uma significativa expansão (de 27,7%), colocando a média dos dois primeiros meses do

segundo trimestre claramente acima do crescimento modesto verificado no primeiro

trimestre.

No que toca a perspectivas para o investimento empresarial, salienta-se a

estabilização do indicador de confiança da indústria transformadora, que

permaneceu em Junho no valor máximo desde Março de 2001 e se encontra, desde

o início do ano, acima da média da série.

Quanto ao investimento em construção, sublinha-se, por um lado, a manutenção até

ao final de Abril das elevadas variações positivas do valor das obras públicas

adjudicadas e, por outro, a continuação de uma expressiva contracção das licenças

de construção para habitação.

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45

3.3. Comércio Internacional

Resultados Globais

Jan-Abr 06 Jan-Abr 07 ∆ 07/06

Total

Saída (Fob) 10.896,3 12.173,3 11,7%

Entrada (Cif) 17.154,7 17.693,3 3,1%

Saldo -6.258,4 -5.520,0 -11,8%

Taxa de Cobertura 63,5% 68,8% -

União Europeia a 27

Expedição 8.645,6 9.156,6 9,4%

Chegada 12.858,2 13.483,7 4,9%

Saldo -4.212,6 -4.027,1 -4,4%

Taxa de Cobertura 67,2% 70,1% -

Países Terceiros

Exportação 2.250,7 2.716,7 20,7%

Importação 4.296,5 4.209,6 -2,0%

Saldo -2.045,8 -1.492,9 -27,0%

Taxa de Cobertura 52,4% 64,5% - Valores em milhões de euros (referentes ao apuramento dos primeiros resultados para os meses de Janeiro e Abril de 2006 e 2007); Fonte: INE

De Janeiro a Abril do ano presente o défice da balança comercial baixou 11,8%,

fixando-se em 5520 milhões de euros, em virtude do crescimento de 11,7% nas

exportações, claramente superior ao aumento de 3,1% nas importações. Esta

evolução permitiu que a taxa de cobertura das importações pelas exportações

subisse 5,3 p.p. para 68,8%.

Se se excluísse a rubrica de combustíveis, que apresenta um comportamento tipicamente

instável, a melhoria do saldo comercial seria menos acentuada, uma vez que esta rubrica

apresentou uma expressiva quebra nas importações.

Por mercados geográficos, verifica-se que os países terceiros continuaram a ganhar

importância no comércio internacional português ao nível das exportações. Com

efeito, no total das saídas de mercadorias, estes países viram a sua importância aumentar

em 1,6 p.p. para 22,3%, em resultado do forte aumento das exportações (20,7%). Ao invés,

nas importações, este grupo de países viu a sua expressividade reduzida em 1,2 p.p. para

23,8%, na sequência de uma quebra de 2% nas entradas de mercadorias.

Procedendo a uma análise do comércio internacional por grandes categorias

económicas, destaca-se, nas entradas, a subida dos fornecimentos industriais e dos

produtos alimentares, responsáveis por, respectivamente, 33,5 e 25% do

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46

crescimento das entradas da totalidade de mercadorias com excepção dos

combustíveis.

Nas saídas, sublinham-se os aumentos nos fornecimentos industriais, do material de

transporte e das máquinas, que responderam por, respectivamente, 36,9%, 26,8%

e 24% do crescimento das saídas do conjunto de mercadorias com excepção dos

combustíveis.

3.4. Conjuntura na Indústria

Em Maio verificou-se uma subida homóloga de 2,1% no índice de produção

industrial, traduzindo uma desaceleração de 0,6 pontos face ao valor de Abril

(revisto em alta de 0,3 pontos face aos anteriores dados) e de 2,1 pontos em comparação

com o primeiro trimestre. O abrandamento em relação a Abril teve origem no menor

crescimento da indústria transformadora (3,4%, após 5,9% em Abril), de acordo com a

divisão por ramos, tendo-se observado uma atenuação das perdas no caso das indústrias de

electricidade, gás e água (de 18,2% para 8,9%). A evolução em média anual também revelou

uma perda de dinamismo, com a taxa de crescimento a reduzir-se de 3,9% em Abril (um

máximo de quase oito anos) para 3,5% em Maio.

ÍNDICES DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL (Variação homóloga, %)

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

Mai

-05

Jun

-05

Jul-

05

Ag

o-0

5

Set

-05

Ou

t-05

No

v-05

Dez

-05

Jan

-06

Fev

-06

Mar

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Mai

-07

INDÚSTRIATRANSFORMADORA

INDÚSTRIA GERAL

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

47

O detalhe dos dados por agrupamentos industriais evidenciou uma redução da

perda homóloga de produção nas indústrias da energia (tvh de -7,6%, face a -14,9%

em Abril) e uma desaceleração nas indústrias de bens de consumo, bens intermédios

e bens de capital (tvh de 0,3%, 6,5% e 2%, respectivamente, após 2,8%, 8,8% e 4,9% em

Abril). O comportamento em média anual caracterizou-se por uma descida generalizada das

taxas de crescimento, que oscilaram entre 1,7% nas indústrias de bens de consumo e 5,3%

nos bens intermédios.

ÍNDICE DE PRODUÇÃO INDUSTRIAL

06: I 06: II 06: III 06: IV 07: I Mar-07 Abr-07 Mai-07

TVH TVM 12m

Índice Geral 1,4 1,7 3,7 4,3 4,2 2,2 2,7 2,1 3,5

Industria Extractiva -7,2 -9,7 -12,2 -9,8 8,1 12,7 13,3 12,7 -1,7

Ind. Transformadora 1,9 1,1 3,6 2,5 4,6 3,5 5,9 3,4 3,6

Electric., Gás, Água -0,7 8,0 6,2 18,2 1,5 -7,4 -18,2 -8,9 3,6

Por grandes agrupamentos:

Bens de Consumo -1,9 -4,4 2,4 1,9 3,0 2,0 2,8 0,3 1,7

Bens Intermédios 5,3 4,9 4,4 3,0 6,2 6,2 8,8 6,5 5,3

Bens de Capital -2,6 -0,8 2,8 1,0 5,9 3,9 4,9 2,0 2,8

Energia 0,4 7,7 5,1 14,6 -0,1 -9,9 -14,9 -7,6 2,6

Fonte: INE ; Corrigido dos dias úteis; Base: 2000=100

Taxas de variação percentual homóloga (tvh), com excepção da última coluna (taxa de variação média de 12 meses –

tvm 12m)

Atendendo à divisão da indústria transformadora em subsectores, os dados actuais

permitem destacar, quanto a comportamentos negativos:

(i) a manutenção da contracção nas indústrias de curtimenta e calçado (tvm 12m de -7,1%

em Maio), de têxteis (-3,5%), de vestuário (-1,2%), de outros minerais não metálicos (-

1,1%), de máquinas e equipamento (-2,9%), de mobiliário (-2,7%), de reciclagem (-0,7%) e

de produtos petrolíferos (-2,2%);

(ii) o abrandamento da produção nas indústrias de produtos químicos (de uma tvm 12m de

0,3% em Abril para 0,2% em Maio).

Quanto a comportamentos positivos, salienta-se:

(i) a aceleração da produção nas indústrias de tabaco (de uma tvm 12m de 3,5% em Abril

para 3,9% em Maio) e de borracha e plásticos (de 3,1% para 4,2%);

(i) a manutenção de um andamento positivo nas industrias de material de transporte (tvm

12m de 12,7% em Maio), de pasta e papel (2,4%), metalúrgicas de base (6%), de madeira e

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

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cortiça (3%), de produtos metálicos (2,1%), alimentares (5,9%) e de equipamento eléctrico e

óptico (20,5%).

PRODUÇÃO E PROCURA NA INDÚSTRIA TRANSFORMADORAMédia Móvel de 3 meses - s.r.e.

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

Jun-

03

Ago

-03

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Out

-06

Dez

-06

Fev

-07

Abr

-07

Jun-

07

PRODUÇÃO

PROCURA EXTERNA

PROCURA INTERNA

Já em Junho, o inquérito mensal à indústria transformadora apontou para um

crescimento mais forte da actividade naquele ramo industrial, verificando-se uma

subida das avaliações da produção corrente para o nível mais elevado desde Junho de 2000, a

reflectir o bom andamento da procura global, que se revelou cada vez mais suportada pela

componente externa. O saldo de respostas sobre a procura externa atingiu o máximo

desde Julho de 1995, enquanto o referente à carteira de encomendas doméstica

recuou subitamente para o valor mais baixo desde Abril do ano passado,

interrompendo a trajectória de recuperação gradual que vinha a evidenciar. No que

se refere aos stocks de produtos acabados, o recuo das avaliações para o mínimo desde

Dezembro sugere a aproximação de um novo ciclo de reconstituição de existências, com

impacto positivo sobre a produção.

De acordo com a desagregação dos dados por tipos de bens, a melhoria das avaliações da

produção corrente em Junho teve origem nas indústrias de bens de consumo e de

equipamento automóvel. A procura externa registou um comportamento favorável na

Relatório Mensal de Economia

A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

49

generalidade das indústrias, enquanto a procura interna apenas se deteriorou na

avaliação das indústrias de bens intermédios, verificando-se uma descida

anormalmente acentuada no saldo de respostas, que se situou no nível mais baixo

desde Maio de 2003. No caso dos stocks, as indicações de descida do nível de existências

vieram das indústrias de bens de consumo e de bens intermédios.

De acordo com o INE, o índice de volume de negócios da indústria verificou um

abrandamento em Maio, passando a exibir um crescimento nominal de 4,1% em

variação homóloga (menos 5,3 pontos que no mês anterior e 4 pontos abaixo do primeiro

trimestre) e de 6,8% em média anual (menos 0,9 pontos que em Abril). A perda de

dinamismo foi mais intensa do que no índice de produção (significando uma

desaceleração da rentabilidade da produção), em reflexo do abrandamento dos preços à

saída de fábrica, movimento que foi suficientemente forte para contrariar o efeito da

redução dos stocks.

De acordo com a desagregação dos dados por mercado de destino, a desaceleração

homóloga das vendas em Maio foi menos vincada no mercado nacional (de uma tvh

de 6,2% para 4,7%) do que no mercado externo (de 15,3% para 3,2%), que passou a

registar uma taxa de crescimento inferior. Em variação média anual, no entanto, o

mercado externo continuou a revelar-se o mais dinâmico (tvm 12m de 13,7%, face a

3% no mercado nacional) no que concerne à evolução das vendas.

Nos agrupamentos industriais, os dados de Maio evidenciaram uma recuperação

homóloga das vendas nas indústrias de energia (tvh de 1,5%, após -16,1% em Abril) e

um abrandamento nas restantes indústrias. O crescimento reduziu-se para 2% no

agrupamento de bens de consumo, 5,8% no de bens intermédios e 13,9% no de bens de

investimento, após tvh de 7,2%, 13,4% e 16,8% em Abril, respectivamente. Em média anual,

apenas o agrupamento de bens de investimento apresentou uma evolução mais favorável das

vendas, (tvm 12m de 4,9%, mais 1,1 ponto que em Abril), verificando-se um abrandamento

nas indústrias de bens intermédios e de bens de consumo e uma quebra mais acentuada no

agrupamento da energia. No confronto com a evolução média anual dos índices de produção,

assistiu-se a um crescimento menos forte da rentabilidade da produção nas

indústrias de bens de consumo e de bens de investimento e a uma acentuação das

quebras nos restantes agrupamentos.

No que se refere aos indicadores avançados, destaca-se a descida das avaliações de

produção prevista a três meses no inquérito à indústria transformadora de Junho,

Relatório Mensal de Economia

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50

apontando para um abrandamento da actividade nesse ramo. No caso dos preços de

venda, pelo contrário, as perspectivas dos industriais mostraram-se mais favoráveis que em

meses anteriores.

ÍNDICE DE EMPREGO INDUSTRIAL(Variação homóloga, %)

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

Mai

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Jun

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Jan

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Mar

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Ab

r-07

Mai

-07

O índice de emprego industrial do INE manteve uma quebra homóloga de 1,7% em

Maio, tendo prosseguido o movimento de atenuação das perdas em variação média

anual (tvm 12m de -2,4%, a mais alta desde Junho de 2002, após -2,5% em Abril). A

descida média anual do índice de horas trabalhadas foi um pouco superior à observada no

emprego, determinando um recuo ligeiro da ocupação laboral.

3.5. Preços

06: I 06: II 06: III 06: IV 07: I Mar-07 Abr-07 Mai-07 Jun-07

tvm 12m

IPC Total 3,2 3,7 3,0 2,5 2,4 2,3 2,7 2,4 2,4 2,6

IPC Bens 3,2 4,0 3,1 2,5 2,3 2,3 2,6 2.1 - -

IPC Serviços 3,2 3,2 2,8 2,6 2,6 2,5 3,1 3.1 - -

Fontes: INE, Banco de Portugal

Taxas de variação percentual face ao período homólogo do ano anterior, salvo outra indicação

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51

Em Junho, o IPC registou uma variação em cadeia de -0,1%, o que compara com o

aumento de 0,2% no mês anterior e com uma redução de igual magnitude em igual período

do ano anterior.

Como reflexo da evolução em cadeia, a taxa de variação homóloga (tvh) do IPC

manteve-se em 2,4%. Já a taxa de variação média dos últimos doze meses baixou

0,1 p.p., situando-se em 2,6%, mantendo a tendência descendente iniciada em Fevereiro e

retomando o valor atingido em Março de 2006.

No que diz respeito ao quadro de evolução dos preços em Maio, último mês com

informação mais completa, a descida da tvh do IPC em 0,3 p.p. (para 2,4%)

traduziu, fundamentalmente, o contributo da componente mais errática da inflação,

com os preços dos bens alimentares não transformados a verem a respectiva tvh baixar 2,3

p.p., para 3,6%. Tal evolução terá mais que compensado o acréscimo de 0,1 p.p., para 1,9%,

na tvh dos preços dos bens industriais energéticos.

Do lado da componente mais estável da inflação, verificou-se também uma descida,

embora apenas ligeira, com a taxa de inflação subjacente a baixar 0,1 p.p. em Maio,

passando para 2,3% (ainda assim acima dos 2% registados no cômputo do primeiro

trimestre). Este comportamento ficou a dever-se à conjugação de movimentos díspares nas

suas rubricas, sendo preponderante a redução de 0,2 p.p. na tvh dos preços dos bens

industriais não energéticos, enquanto os preços dos bens alimentares transformados viram a

respectiva tvh subir em 0,3 p.p. para 2% e os preços dos serviços estabilizaram o seu

crescimento em 3,1%.

Relativamente a perspectivas para cômputo do ano, é de esperar que a evolução do preço do

petróleo em euros permita uma redução da taxa de variação média da componente

energética do IPC (apesar de se esperar um aumento significativo dos preços dos bens

energéticos no último trimestre do ano, reflectindo o efeito base de abrandamento a que se

assistiu no final de 2006). Contrariamente, a componente não energética do IPC deverá

assistir a um maior crescimento, impulsionado pela aceleração (ainda que moderada) dos

salários do sector privado e pelo aumento dos preços dos serviços hospitalares a que se

assistiu em Abril, movimentos que mais que compensarão o crescimento mais modesto dos

preços de importação.

A trajectória da inflação nacional no corrente ano permitirá uma redução do diferencial

positivo face à área do euro, espelhando, pelo menos parcialmente, a diminuição do

diferencial de crescimento dos custos internos, designadamente dos custos unitários de

trabalho.

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A s s o c i a ç ã o E m p r e s a r i a l d e P o r t u g a l

52

3.6. Conjuntura de Pagamentos com o Exterior

2004 2005 2006 Jan-Abril 06 Jan-Abril 07

Balança Corrente -11.112 -14.483 -14.599 -5.542 -4.284 -22,7%

Mercadorias -15.043 -16.761 -16.629 -5.591 -4.798 -14,2%

Serviços 4.015 3.838 4.893 851 1.368 60,8%

Rendimentos -2.926 -3.834 -5.366 -1.529 -1.764 15,4%

Transferências Correntes 2.841 2.274 2.503 727 910 25,2%

Balança de Capital 2.231 1.740 1.260 463 779 68,3%

Balança Financeira 9.555 13.582 12.013 4.759 4.362 -8,3%

Investimento Directo -4.444 1.517 3.079 1.162 -633 s.s.

De Portugal no exterior -6.318 -1.671 -2.796 -1.024 -2.345 129,0%

Do exterior em Portugal 1.874 3.188 5.875 2.186 1.712 -21,7%

Investimento de Carteira 29 -1.191 2.645 -7.287 -4.324 -40,7%

Activos -10.937 -15.975 -6.662 -6.175 -5.535 -10,4%

Passivos 10.966 14.784 9.306 -1.112 1.211 s.s.

Outro Investimento 12.509 11.990 4.626 9.896 9.459 -4,4%

Activos 837 -324 -14.573 -5.607 -2.024 -63,9%

Passivos 11.672 12.314 19.199 15.503 11.483 -25,9%

Derivados Financeiros -72 -164 -257 -249 99 s.s.

Activos de Reserva 1.533 1.431 1.919 1.237 -239 s.s.

Erros e Omissões -674 -838 1.326 320 -858 s.s. dados provisórios expressos em milhões de euros (m.e.) Fonte: Banco de Portugal

Nota prévia: a análise evolutiva das várias rubricas da Balança de Pagamentos deve ser feita com especial cautela,

atendendo ao carácter provisório dos dados e à disparidade de valores da componente “erros e omissões” nos

períodos em confronto, esperando-se a sua redução e redistribuição pelas outras componentes da Balança de

Pagamentos.

Entre Janeiro e Abril, a Balança Corrente portuguesa acumulou um défice de 4284

m.e., o que traduz uma redução de quase 23% em comparação homóloga. Por

componentes, a melhoria mais acentuada pertenceu à balança de mercadorias, que reduziu

em 793 m.e. o saldo negativo. Seguiram-se as subidas de 517 m.e. e 183 m.e. nos

excedentes das rubricas de serviços e de transferências correntes, respectivamente. Em

sentido contrário, a balança de rendimentos viu o seu saldo negativo agravar-se em 235

m.e..

No caso da Balança de Capital, os dados provisórios do BdP mostraram um

crescimento de 68% do saldo excedentário, que passou para 779 m.e.. O saldo conjunto

das balanças corrente e de capital verificou um aumento de 1574 m.e. face aos primeiros

quatro meses de 2007, situando-se em -3505 m.e..

Relatório Mensal de Economia

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53

Esta redução das necessidades de financiamento ficou reflectida (em parte) na

descida do saldo positivo da Balança Financeira para 4362 m.e. (menos 397 m.e. que

no período de Janeiro a Abril do ano passado), que se repartiu entre as rubricas de

investimento directo líquido, activos de reserva e “outro investimento”. O investimento

directo líquido passou de um saldo positivo de 1162 m.e. para um défice de 633 m.e. (a

reflectir o recuo das entradas e o acréscimo nos fluxos de saída), tendo-se observado uma

evolução semelhante no saldo de activos de reserva (de 1237 para -239 m.e.). A componente

“outro investimento” verificou também uma redução do saldo em comparação homóloga, mas

de menor expressão (redução do défice em 437 m.e.). O comportamento das três

componentes referidas mais do que compensou a redução de 2963 m.e. no saldo negativo do

investimento de carteira.

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54

Principais sítios da Internet consultados na elaboração do Relatório

Mensal de Economia:

Economia Internacional:

www.boj.or.jp/en (Banco do Japão)

www.ecb.int (Banco Central Europeu)

www.bloomberg.com (agência noticiosa Bloomberg)

www.bea.doc.gov (Bureau of Economic Analysis - EUA)

www.bls.gov (Bureau of Labor Statistics - EUA)

www.census.gov (Census Bureau - EUA)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.conference-board.org (Instituto Conference Board - EUA)

www.cbo.gov (Congress Budget Office - EUA)

www.esri.cao.go.jp/en (Economic and Social Research Institute - Japão)

http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/ (Eurostat)

www.federalreserve.gov (Federal Reserve - EUA)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

www.stat.go.jp/english (Gabinete de Estatística japonês)

www.mof.go.jp (Ministério das Finanças japonês)

http://metalsplace.com (notícias sobre metais)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

http://europa.eu.int/index_pt.htm (Portal da União Europeia)

http://finance.yahoo.com (Secção Financeira do Yahoo)

http://metalsplace.com (sítio especializado em notícias sobre metais de base)

Economia Nacional:

www.bportugal.pt (Banco de Portugal)

http://europa.eu.int/comm/index_en.htm (Comissão Europeia)

www.cmvm.pt (Comissão de Mercados de Valores Mobiliários)

www.dgep.pt (Direcção-Geral de Estudos e Previsão – Ministério das Finanças)

www.dgo.pt (Direcção-Geral do Orçamento – Ministério das Finanças)

www.imf.org (Fundo Monetário Internacional)

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www.ine.pt (Instituto Nacional de Estatística)

www.oecd.org (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Económico)

www.portugal.gov.pt (Portal do Governo)

www.qren.pt (QREN)

www.iturismo.pt Turismo de Portugal