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marketing social appvTRANSCRIPT
Estágio curricular
Relatório Final
Ana Isabel Alves de Almeida e Sousa
LMPRP-Marketing, Publicidade e Relações Públicas
Santa Maria da Feira, Agosto de 2012
Proposta de um plano de comunicação para a Associação
Pelo Prazer de Viver
Introdução
A finalidade deste estágio é elaborar um Plano de Marketing e Comunicação
exequível, que possa ser utilizado pela “Associação Pelo Prazer de Viver – Saúde,
Cultura e Vida” (APPV), como linha orientadora no seu objectivo de comunicação:
dar a conhecer a APPV e o seu trabalho, e com isso aumentar os apoios
indispensáveis para a sua sobrevivência.
Este objectivo, apesar de difícil, quer pela conjuntura actual, quer pela
natureza e limitações da própria APPV, é ao mesmo tempo bastante motivador, pois
a APPV não tem nem nunca teve nenhuma orientação comunicacional.
Inicialmente será feito um enquadramento teórico sobre o Marketing Social,
com enfoque na área da Comunicação e Relações Públicas.
Seguidamente será apresentado o caso concreto da Associação Pelo Prazer
de Viver (APPV), onde será descrita a situação actual da organização, bem como as
problemáticas associadas à sua área de intervenção e a caracterização dos seus
utentes.
Por último serão propostas algumas acções, maioritariamente de Relações
Públicas e Internet, não só porque requerem investimentos mais baixos, mas
também porque permitem a APPV alcançar os seus objectivos: criar notoriedade,
visibilidade, credibilizar, informar e envolver os principais alvos para garantir a
obtenção de donativos que permitam a continuidade da sua acção social.
Enquadramento teórico
Marketing Social
O conceito de marketing social apareceu na década de 70 quando Philip
Kotler e Gerald Zaltman encetaram a ideia de aplicar os princípios básicos do
marketing a causas sociais, isto é, para ”vender” ideias, atitudes e
comportamentos.
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Para Vaz (1995) marketing social é a modalidade de acção que tem como
objectivo principal atenuar ou eliminar os problemas sociais, as carências da
sociedade, para Schiavo (1999), o marketing social, constituiu uma das principais
ferramentas para a promoção de mudanças de comportamentos, atitudes e
práticas. Marketing social é a gestão estratégica do processo de mudança social a
partir da adopção de comportamentos, atitudes e práticas, nos âmbitos individuais
e colectivos, orientados por princípios éticos, fundamentados nos direitos humanos
e na equidade social.
Sucintamente, podemos dizer que o Marketing Social consiste na utilização
de princípios e técnicas de marketing para influenciar determinados públicos-alvo
para que voluntariamente aceitem, rejeitem, alterem ou abandonem uma ideia,
atitude ou comportamento para benefício de indivíduos, grupos ou da sociedade em
geral.
O Marketing Social apresenta características comuns com o chamado marketing
“comercial”:
A orientação para o cliente/destinatário;
O benefício percebido tem que ser superior ao custo percebido;
Utilizam ambos pesquisa de informação e estudo do mercado-alvo;
Os públicos-alvo são segmentados;
São válidas as tradicionais variáveis de marketing (4 P’s);
Medem-se os resultados e aproveitam-se para casos futuros.
No entanto, o marketing social possui especificidades que o distingue do
marketing comercial:
Ainda que possa ter como objectivo a venda de produtos (de empresas de
inserção, por exemplo), o marketing social procura fundamentalmente
vender ideias e comportamentos, por vezes parcerias;
O marketing social tem como objectivo principal um ganho social e não o
lucro do proprietário da organização;
Os critérios de segmentação de públicos não obedecem a imperativos
comerciais mas são essencialmente o nível de prevalência do problema
social que se tenta ultrapassar;
A concorrência é fundamentalmente, o comportamento actual ou
preferencial dos públicos-alvo que se pretende modificar.
Os objectivos do marketing social podem ser mais complicados de atingir,
uma vez que se trata da necessidade de alteração de comportamentos e as
dificuldades que lhes estão subjacentes. Quaisquer alterações comportamentais
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implicam “custos” que, mesmo não sendo monetários, podem ser mais delicados do
que a decisão de compra de um produto.
A principal dificuldade na gestão do Marketing Social reside na capacidade
em estimular a consciência social de cada indivíduo de modo a que ele não apenas
adira à causa como, efectivamente, mude o seu comportamento.
As organizações que operam na área da economia social, muito
particularmente o designado 3º sector – sejam elas públicas ou privadas – têm
como objectivos conseguir benefícios sociais para as camadas populacionais mais
desfavorecidas, promover acções que estimulem o desenvolvimento rural, cultural e
social e, de uma forma geral, combater todas as formas de exclusão social.
As técnicas de marketing social têm frequentemente aplicações e públicos
muito díspares. Do chamado marketing de “causas” (o combate à violência
doméstica ou uma campanha de prevenção do alcoolismo) até à promoção de
programas de desenvolvimento local ou de inclusão de toxicodependentes, existe
um vasto terreno de aplicação de estratégias de marketing social.
O marketing social procura, operar sobre alterações de comportamento ou
de atitudes. Por outras palavras, vende ideias que passam muitas vezes por
alteração de hábitos, ultrapassar preconceitos, aceitar a diferença.
A modificação de comportamentos é um processo difícil e demorado. Até nos
casos aparentemente simples, as alterações de comportamento requerem que os
alvos sejam efectivamente convencidos de que as vantagens do novo
comportamento superam os custos inerentes à alteração.
Para despertar a vontade de alterar um comportamento, é necessário que os
públicos-alvo:
Acreditem que existe um problema e que há necessidade de o ultrapassar;
Acreditem que a alteração de comportamento ajudará a diminuir o
problema;
Acreditem que as vantagens da alteração comportamental superam as
desvantagens da situação presente;
Tomem a decisão de aderir a uma proposta comportamental;
Possuam as competências necessárias para a alteração do comportamento
proposto;
Acreditem que esta alteração é compatível com sua auto-imagem;
Sintam que a pressão social para agir é superior à apatia;
Existam mais barreiras à inacção do que à acção.
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Para que o indivíduo possa efectivamente alterar o seu comportamento, são
necessárias várias etapas:
1. ConhecimentoConheça os benefícios de praticar a acção
2. DesejoQueira praticar a acção ou alterar os hábitos anteriores
3. Saber comoSaiba como começar a praticar a acção ou a mudar de hábitos
4. AcessibilidadeSeja fácil começar
5. OptimismoValha a pena o esforço
6. EstímuloInicie o projecto
7. ReforçoTenha sucesso no propósito
Plano de Marketing Social
Segundo Nedra Kline Weinreich (1995), aos 4 P.s tradicionais deve-se
acrescentar mais 4: públicos (“publics”), parcerias (“partnership”), políticas
(“policy”) e donativos (“purse strings”).
Inseparável do conceito de “Marketing” está a noção de que toda a
actividade de uma organização deverá ser orientada em função do seu “cliente” ou
destinatário. Isto significa que não é apenas a comunicação como frequentemente
se pensa. Na verdade, marketing não é sinónimo de publicidade. A publicidade é
apenas uma das várias formas de comunicação e esta é também apenas uma das
várias componentes de uma estratégia de marketing, a par do produto, do preço ou
do canal de distribuição. Uma acção de marketing deve obedecer sempre a um
planeamento. Existe uma sequência de etapas que devem ser cumpridas,
começando pela definição dos objectivos da acção.
Definição dos Objectivos
Os objectivos que se pretendem atingir podem ser muito distintos
(alterações no conhecimento, atitude ou comportamento do público-alvo principal
Exemplo: estimular os adolescentes a não consumirem drogas; alteração da
envolvência externa Exemplo: promoção de legislação proibitiva de venda de álcool
a menores de 18 anos; Progressão de um projecto já iniciado Exemplo: continuação
da formação já iniciada para pessoas com dificuldade de arranjar emprego) e
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qualquer acção de marketing, por mais simples que seja, exige um diagnóstico da
situação em causa e a segmentação dos públicos-alvo:
Segmentação dos públicos-alvo
Segmentar significa agrupar o mercado em segmentos, isto é um sub-grupo
com características semelhantes ou coincidentes. A segmentação pode utilizar
critérios diversos como, geográficos, demográficos, psicográficos, comportamentais,
…
Convém ter presente que não é possível atingir todos os segmentos ao
mesmo tempo e com as mesmas técnicas.
Cada público tem motivações diferentes e é persuadido com argumentos
distintos pelo que existe a necessidade de escolher um ou mais segmentos e
direccionar campanha em função dos mesmos. O segmento seleccionado passa a
ser o público-alvo e este deve ser caracterizado. É crucial conhecer o que os
motiva, onde podem ser encontrados, quem exerce influência sobre eles, a que
argumentos são sensíveis, o que é necessário para mudarem de comportamento e
se existem barreiras à acção e quais.
Uma importante singularidade do marketing social prende-se com os seus
públicos-alvo, que podem dividir-se em dois grandes grupos com características
distintas:
Os públicos junto dos quais se procura captar recursos e estabelecer
parcerias
Ex: Estado, autarquias, empresas, população em geral, potenciais
voluntários...
Os públicos destinatários/beneficiários das acções
Ex: Desempregados, crianças em risco de exclusão social, minorias étnicas,
agricultores, vítimas de violência...
Os destinatários da acção podem não ser os beneficiários. No caso por
exemplo de uma campanha para a integração de indivíduos do Rendimento Social
de Inserção (RSI) ou ex-toxicodependentes, situação em que os públicos a quem é
preciso convencer não são apenas os beneficiários. Quem tem que ser convencido a
mudar de comportamento/atitude face a este problema são os beneficiários – para
trabalharem no sentido da sua integração social; as autarquias/poder público – para
facilitar a habitação social, por exemplo; os potenciais empregadores – para a
promoção do emprego e a população – para a aceitação e inclusão social.
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Análise da situação
Para ser eficaz um plano de marketing tem que se apoiar num diagnóstico
rigoroso, baseado em estudos de mercado e em toda a informação que seja
possível recolher e tenha relevância para o objectivo de conhecer e estruturar
informação sobre: o objecto (análise do problema) em causa, a envolvente
situacional (procura conhecer o melhor todo o enquadramento que rodeia a
situação em causa), os recursos existentes (identificação dos recursos financeiros e
humanos disponíveis mas também dos recursos de tempo e espaço) e a
concorrência.
A concorrência é outro aspecto do marketing social que assume
características distintas do marketing com fins lucrativos. No marketing social,
podemos falar de concorrência a três níveis:
1. Nível dos destinatários das acções
Que comportamentos concorrem com uma campanha para a mudança de
comportamentos da sociedade para o bem social? A manutenção do hábito,
isto é, a não alteração de comportamento por parte do público-alvo.
2. Nível de outras instituições a operar no mercado
São concorrentes todas as organizações que trabalhem para obter os
mesmos objectivos.
3. Nível da captação de recursos
No mercado social existe um grande número de instituições e causas a
procurar captar os escassos recursos existentes, são por isso concorrentes
todos as fontes de recursos que possam disponibilizar meios para outras
instituições em vez da nossa.
É fundamental conhecer toda a concorrência, de forma a obter uma
vantagem que possa destacar a campanha de uma organização de outras
semelhantes.
Variáveis de uma campanha de Marketing Social
Produto, no marketing social, o produto que se pretende vender é o que
pretendemos que o nosso público faça (aderir a um comportamento, alterar
um hábito, colaborar com tempo, dinheiro, bens, etc…), segundo Kotler
(1971), é a ideia, o conhecimento, a convicção, a atitude, o hábito ou o
comportamento que se quer transmitir aos segmentos-alvo para que estes
actuem em consonância.
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Posicionamento, posicionar significa atribuir uma imagem distintiva para
uma marca no ideal dos públicos, por outras palavras, é a característica
diferenciadora da proposta ou acção.
Preço, no caso do marketing social, podemos não estar forçosamente a falar
de um preço em dinheiro mas sim em esforço de mudança, em vontade de
ultrapassar hábitos ou preconceitos. Outras vezes, existe um custo
monetário associado. Em marketing social, o preço do produto/serviço tem
dois grandes componentes:
Custos monetários - objectos tangíveis e serviços associados.
Custos não monetários - tempo, esforço, energia, risco psicológico,
desconforto físico.
Se este custo for percebido como mais elevado do que o benefício associado
ao produto social, o consumidor responderá negativamente. Se pelo
contrário, o custo for inferior ao benefício, as respostas serão muito mais
eficazes. A dificuldade na gestão está em medir os custos que não são
monetários e que como tal são subjectivos e têm um peso diferente para
cada indivíduo.
Distribuição, a definição tradicional de canal de distribuição como “um
conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo de
tornar um produto ou serviço disponível para utilização ou consumo pelo
consumidor ou utilizador”, aplicada ao marketing social será qualquer local
onde o segmento-alvo vai poder alterar o seu comportamento, adquirir os
objectos tangíveis ou receber os serviços associados. No fundo, “comprar” o
produto social. Por muito inovador que seja um produto, se a sua obtenção
não for de fácil percepção, as pessoas vão desistir de o obter.
Comunicação, é através da Comunicação, da maior visibilidade das suas
acções que as Instituições de carácter social ganham credibilidade e
conseguem angariar mais donativos e voluntários, no entanto, para que uma
acção de Marketing seja eficaz é necessária uma estratégia completa e
integrada. O importante é comunicar bem, de forma organizada e integrada
para atingir o objectivo principal, que será em última análise obter receitas
para dar continuidade ao seu fim social.
Mensagem, o mais importante é que a mensagem seja clara, simples e
directa para que os alvos se sintam informados e ao mesmo tempo
envolvidos, levando-os à acção. E para isso, é preciso que todos os
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elementos da Comunicação sejam coerentes entre si: mensagem, tom,
estilo, grafismo, palavras, músicas e suporte.
Publicidade, apesar de ser frequentemente confundida com comunicação e
até com marketing, a publicidade é apenas umas das ferramentas de
comunicação ao dispor de uma organização apesar de ser a forma mais
notória e mais visível de comunicação. A mensagem publicitária tem que ser
simples, concisa e directa.
Alvo publicitário, o alvo da publicidade é tendencialmente o mesmo da
campanha. Isto não significa que muitas outras pessoas não possam ser
influenciadas por uma mensagem publicitária mas sim que a mensagem
deve ter uma linguagem que o público-alvo perceba e com a qual se
identifique.
Estratégia criativa, tem a ver com a escolha das formas mais eficazes de
comunicar com o público-alvo; não basta saber o que se quer dizer, há que
dizê-lo da forma mais eficaz. A publicidade utiliza técnicas criativas muito
distintas para chamar a atenção e despertar o interesse, para facilitar a
compreensão ou para aumentar a credibilidade da mensagem.
Suportes da comunicação publicitária, aqui importa saber qual o meio mais
eficaz para chegar ao público. Não existe um meio melhor do que outro,
cada meio tem características e trunfos diferentes e pode ser o mais
adequado para chegar a determinado público.
Relações Públicas, procuram a criação ou o reforço da imagem/marca da
instituição promotora das acções criando junto dos públicos um capital de
confiança que consolide a marca da instituição pelo que podem ser muito
úteis às causas sociais. Pode definir-se as relações públicas como um
conjunto de técnicas de investigação e de comunicação integrada e
planificada, alicerçadas em conhecimentos científicos e desenvolvidas
intencional, processual e continuamente, a partir de instâncias directivas,
que visam, entre outros fins, contribuir para:
a criação e gestão de imagens positivas de pessoas, organizações,
bens e serviços;
a mudança de comportamentos, atitudes e cognições de pessoas e
organizações;
a resolução de problemas pontuais e de crises;
a facilitação de tarefas;
a integração social, cultural e profissional;
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a fluidez de circulação de ideias e informações;
a análise de tendências e a previsão de consequências;
etc.
Marketing Directo, pode ser uma ferramenta de comunicação concebida não em
função de vastos mercados anónimos mas de destinatários individualizados. Os
meios mais conhecidos são o direct mailing (marketing directo por carta), o
telemarketing (o marketing directo por telefone) e o marketing directo feito através
de emailing na internet.
Avaliação dos resultados das acções de marketing social
Os resultados de cada campanha devem ser medidos e divulgados, junto do
público interno, externo e público em geral. Se o marketing social procura
fundamentalmente alterar comportamentos, então essas alterações devem ser
medidas, ao nível do conhecimento dos públicos, da alteração das intenções de
acção, do comportamento efectivo, dos elementos utilizados na campanha, etc.
Podem ser objecto de medição as alterações verificadas ao nível político e de
infra-estruturas locais, a cobertura dos meios de comunicação, o custo por pessoa
(nos media), a distribuição de materiais (folhetos, brochuras…), as contribuições
vindas de públicos externos, o nível de implementação das acções.
Orçamentação
Deve ser realizado o orçamento de cada uma das acções de marketing, bem
como o orçamento anual de actividades, só assim é possível prever o valor dos
fundos próprios externos, de forma a cobrir os custos da actividade e monitorizar se
o fluxo de entradas e saídas de recursos está de acordo com o previsto.
Para isso será necessário identificar os custos fixos (rendas de instalações,
alugueres, pagamento de recursos humanos, energia, telecomunicações, água,
etc…); os custos variáveis devido a acções de marketing ou comunicação (criação e
reprodução de materiais, deslocações e estadias, comunicações…); a proveniência
de fundos fixos (quotas, subsídios…) e a proveniência de fundos variáveis
(donativos, receitas de venda de produtos ou serviços…).
Público interno
Algumas organizações do 3.º sector, sobrevivem apenas com trabalho
voluntário não remunerado. Outras organizações, mesmo tendo uma estrutura
profissional implementada, em determinados projectos ou acções, é necessária a
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participação voluntária. A falta de recursos torna ainda mais necessário o estímulo
da motivação.
Motivar é dar um motivo para os indivíduos agirem, a realização pessoal e
profissional são fundamentais para a motivação do público interno.
Parcerias no Marketing Social
No marketing Social a criação de parcerias é primordial, é através de
parcerias que as organizações sociais podem obter novos recursos que as
suportem.
As parcerias podem ser realizadas de diversas formas e estabelecidas com
várias entidades (com outras Instituições, com o Estado e entidades públicas, com
as autarquias, com as escolas e universidades, com a igreja, com os órgãos de
comunicação social, etc.), evidentemente uma empresa ou instituição apenas fará
uma parceria com outra se tiver algum benefício/proveito com a parceria, os
resultados destas parcerias serão mais eficazes havendo uma ligação próxima entre
os parceiros.
Política no marketing social
Os programas de Marketing Social só são sustentáveis se a envolvente for
favorável, nomeadamente ao nível político e legal.
A influência do poder público na acção legislativa e interventiva a nível
social, como são disso exemplo as acções implementadas pelo Governo no sentido
de ajudar os públicos-alvo a aderirem a um comportamento.
Estudo do caso
Constituída em 18 de Julho de 1994, a APPV é uma Instituição Particular de
Solidariedade Social (IPSS), sem fins lucrativos, de âmbito concelhio, sedeada no
Concelho de Santa Maria da Feira. Conta com a colaboração de voluntários e
trabalha numa lógica metodológica de parcerias com diversas instituições públicas
e privadas do concelho, com o objectivo de promoção do desenvolvimento sócio-
comunitário.
A APPV tem como fundamento a preocupação face à emergência de
fenómenos de pobreza e exclusão social no concelho e a necessidade de promover
melhores condições de vida da população mais desfavorecida.
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As principais áreas de intervenção da APPV são:
1. Atendimento, acompanhamento e apoio sócio-educativo a famílias
carenciadas
Resolução de dificuldades ou problemas nas mais diversas áreas (habitação,
saúde, segurança social, …).
Serviço gratuito de consulta de psicologia para crianças e adultos, onde se
faz a análise, o diagnóstico e o respectivo acompanhamento terapêutico.
Acompanhamento das famílias que beneficiam de rendimento social de
inserção (RSI).
2. Apoio a crianças em situação de risco sócio-educativo
Apoio extra-escolar a crianças carenciadas que demonstrem insucesso
escolar, inicialmente através de um diagnóstico e avaliação das dificuldades,
intervindo se necessário no apoio diário, quer através de actividades lúdico-
pedagógicas estruturadas em sala, quer através de actividades externas
(piscina). Todo o trabalho é feito em estreita e permanente ligação com a
escola, através dos professores e com a família.
A APPV é membro integrante da Comissão de Protecção de Menores de Santa
Maria da Feira.
3. Formação Profissional de jovens e adultos com reduzidas qualificações
escolares e profissionais
Formação profissional para esta população-alvo, com objectivos de
qualificação profissional e de inserção no mercado de trabalho (todos os
cursos incluem estágios profissionais), nas áreas de Jardinagem (pré-
qualificação); Cuidados Humanos; Artes Domésticas; Manutenção,
Conservação e Restauro de Jardins Históricos e Espaços Públicos, Multi-
serviços, Corte e Costura, Animadoras de ATL.
4. Formação contínua de profissionais activos
Formação contínua, “O idoso nas instituições: que estratégias de
intervenção?”, destinada a profissionais ligados à área;
Curso de “Musicoterapia”, para profissionais activos;
Práticas Educativas No Desenvolvimento da Criança, dirigido a
funcionários de instituições ligadas à Infância e Juventude;
Cursos de Gestão de Pessoal e Equipas de Trabalho, Líderes e Voluntários,
todos apoiados pelo POEFDS
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5. Prevenção primária das toxicodependências, tratamento e reinserção de
toxicodependentes, e apoio às famílias
A APPV desenvolve um reconhecido trabalho na área da toxicodependência
nos três níveis da prevenção:
Prevenção primária, realizou em 2000 o projecto “Prevenir”, apoiado pelo
“Projecto Vida”, com a duração de 2 anos. Incluiu 4 cursos de formação de
Agentes de Prevenção Primária (2 para Adultos e 2 para Jovens; 1 curso
intensivo de 5 dias em regime fechado “Jovem a Jovem”); 2 séries de
programas de rádio “Os Nós das Ideias”; uma série de sessões de
sensibilização e informação para temas importantes e cafés-concerto (num
total de 70 acções) pelas freguesias do concelho. Estas acções tiveram como
um dos objectivos a constituição de uma rede de suporte comunitária
através da participação e envolvimento das populações na prevenção
primária das toxicodependências. Em 2004 finalizaram, no âmbito do
Programa Quadro Prevenir II, os projectos Semear Conversas e Clube da
Alegria.
Intervenção Directa, funciona uma “Equipa de Intervenção Directa”, com o
apoio do Instituto de Segurança Social (ISS), que tem como população-alvo
os toxicodependentes em fase de tratamento e suas famílias.
Nesta fase os objectivos prendem-se já com a actuação em que as principais
acções são o encaminhamento para o tratamento, apoio psicossocial no
tratamento em ambulatório, apoio às famílias dos sujeitos e preparação e
acompanhamento do projecto de reinserção.
Intervenção, a APPV em Outubro de 1998, abriu uma Comunidade
Terapêutica –“Casa Grande”, na Vergada, com capacidade para 20
residentes. Com o apoio do IDT, esta Comunidade Terapêutica é uma
unidade residencial de tratamento prolongado, que tem como principais
objectivos a reaprendizagem de uma vida sem drogas, o desenvolvimento do
auto-conhecimento e da auto-estima dos residentes, a sedimentação do
processo de abstinência, e o apoio na construção do projecto de vida do
indivíduo.
Em 2003 iniciou-se o trabalho da Equipa de Rua “in loco”, esta equipa actua
já numa fase de redução de riscos e minimização de danos, este projecto é
financiado pelo Instituto da Droga e da Toxicodependência.
Esta equipa dá apoio ao concelho de Santa Maria da Feira e S. João da
Madeira.
6. Identificação de necessidades sociais
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Foi feito um estudo sociológico intitulado “Exclusões e Vulnerabilidades –
Perspectivas de Integração no Concelho de Santa Maria da Feira”, realizado
em cinco freguesias do concelho, com o objectivo de caracterizar o
fenómeno de exclusão social nas vertentes económica, política, cultural e
social, para um conhecimento mais profundo das necessidades concelhias de
forma a ser possível uma intervenção mais eficaz na intervenção das
necessidades. (APPV em parceria com a Câmara Municipal de Santa Maria da
Feira).
Este estudo realizado em 1999, foi divulgado e serviu de base a algumas
candidaturas e novos projectos.
7. Animação sócio-educativa e cultural
Realizaram-se 3 edições do “Prémio Pelo Prazer de Viver” (1998, 1999, e
2000), destinado a jovens e escolas do concelho, para apresentação de
trabalhos em prosa, poesia, banda desenhada e desenho, com 3 escalões
etários de atribuição.
No ano de 2001 a APPV foi galardoada com o Prémio Leitura Solidária
(promovido pelo Ministério da Cultura/Instituto Português do Livro e das
bibliotecas e Ministério do Trabalho e da Solidariedade) pelo seu projecto A
Aventura da Descoberta da Leitura.
8. Espaço Aberto
Com o intuito de criar uma estrutura que funcione como um espaço de apoio
ao desenvolvimento das actividades e a programas de desenvolvimento
local e de formação profissional, a APPV apresentou uma candidatura à
Medida 5 do Programa Integrar, para a construção de um Centro Comunitário
– “Espaço Aberto”, na freguesia de Moselos. O “Espaço Aberto” é um Centro
polivalente, aberto a toda a Comunidade e onde tem salas de formação,
biblioteca, cdteca, ludoteca, anfiteatro, refeitório/bar, espaço para
exposições e um enorme espaço verde envolvente.
9. Vítimas de Violência Doméstica
Apesar de aguardar a celebração de acordo com o Instituto de Segurança
Social – exclusividade na área do Entre Douro e Vouga e Espinho, a APPV
decidiu avançar com a resposta ao nível do apoio psicológico, serviço social
e apoio jurídico.
10. Cantina Social
Para fazer face a um dos problemas mais emergentes na actualidade a APPV
tem em funcionamento desde Outubro de 2011 a Cantina Social, através da
qual tem distribuído 20 refeições diárias a famílias carenciadas nas
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freguesias de Mozelos, Nogueira da Regedoura e Santa Maria de Lamas, este
custo é, até agora, integralmente suportado pela Associação. No entanto a
APPV está em negociações com a Segurança Social para o apoio a este
projecto e o seu alargamento para 80 refeições diárias.
11. Bolsa de valores Sociais
Criação de um projecto de negócio no sector agrícola, auto-sustentável a
curto-médio prazo (2 anos), que permita o desenvolvimento de
competências, a formação e inserção de públicos desfavorecidos no mercado
de trabalho.
As condições actuais do mercado de trabalho não são favoráveis,
nomeadamente ao nível da taxa de criação de emprego e as perspectivas
para os próximos anos, apontam para o agravamento da taxa de
desemprego, pelo que a integração no mercado de trabalho não pode se
restringir à obtenção de um emprego por conta de outrem, deverá também
procurar outras alternativas.
Acrescendo às dificuldades conjunturais temos o facto de a APPV trabalhar
com um público com fortes handicaps individuais, com baixas qualificações
escolares e profissionais, falhas ao nível do desenvolvimento pessoal e
social, prolongada ausência do mercado de trabalho, um passado de
experiências profissionais de cariz indiferenciado e de curta duração.
É no confronto destas duas realidades, que surge o projecto de criação de
uma empresa agrícola de cultivo de produtos biológicos a qual pretende
posicionar a intervenção da Associação, de forma a construir uma resposta
alternativa que permita uma concreta inserção destes públicos no mercado
de trabalho.
12. Acordos de Cooperação com a Segurança Social
Acordo atípico no âmbito da área Família e Comunidade para funcionamento
do Centro comunitário;
Acordo atípico para funcionamento de uma Equipa de Intervenção Directa;
Acordo para funcionamento de Centro de Actividades e Tempos Livres para
40 utentes dos 6 aos 11 anos; e para 40 utentes dos 12 aos 18 anos;
Acordo para funcionamento do Serviço de Apoio Domiciliário para 12 utentes.
13. Acordos com o Instituto da Droga e Toxicodependência
Acordo para funcionamento de uma Comunidade Terapêutica, com
capacidade para 15 utentes, cujo tratamento é financiado pelo IDT;
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Acordo para funcionamento de Equipa de Rua com actuação nos concelhos
de São João da Madeira e Santa Maria da Feira.
Público-alvo
Beneficiários directos:
Beneficiários de Rendimento Social de Inserção;
Desempregados de longa-duração com baixas qualificações escolares e
profissionais;
Toxicodependentes em tratamento;
Beneficiários indirectos:
Famílias dos Beneficiários de Rendimento Social de Inserção;
Famílias dos Desempregados de longa-duração com baixas qualificações
escolares e profissionais;
Famílias dos Toxicodependentes em tratamento;
Acompanhamento no processo de inserção social:
Beneficiários de RSI – em 2011 foram acompanhados 285 utentes dos quais 118
do sexo masculino e 167 do sexo feminino;
Desempregados – em 2011 foram acompanhamos 65 utentes dos quais 41 do
sexo feminino e 24 do sexo masculino;
Toxicodependentes em tratamento - em 2011 foram acompanhados 28 utentes
do sexo masculino.
Mercado-alvo
As áreas de orientação da APPV são as chamadas valências atípicas, isto é,
intervém sobre as áreas mais problemáticas, apenas 10% do seu orçamento diz
respeito às valências típicas (ATL e Apoio domiciliário).
Ao contrário das restantes Associações concelhias que estão apenas
vocacionadas para as valências típicas ou tradicionais, como sejam: Creche, ATL,
Centro de Dia, Lar e Apoio Domiciliário que por se regerem por critérios
económicos, têm portanto um equilíbrio entre a população-alvo e os apoios público
administrativos.
Sócios APPV
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Nº de sócios inscritos – 585
Nº de sócios pagantes – 112
Origem das Receitas APPV – 2010
Renda do talho e aluguer da máquina de vending – 6.119,91€ (1%)
Prestação de serviços de almoços – 66.784€ (9,5%)
Instituto da Segurança Social – 374.418,7€ (51,5%)
Instituto de Emprego e Formação Profissional – 3.110€ (0,5%)
Instituto da Droga e Toxicodependência – 142.573,75€ (19,5%)
Câmara Municipal de Santa Maria da Feira – 40.500€ (5,5%)
Quotas – 2.905€ (0,4%)
Mensalidades utentes – 83.776,26€ (11,5%)
Donativos – 5.338,84€ (0,6%)
Análise SWOT
Pontos Fortes:
Grau de implementação no Concelho de Santa Maria da Feira.
Experiência adquirida ao longo dos anos em vários sectores (pontos referidos
anteriormente).
Direcção da APPV altamente qualificada e empenhada.
Pontos Fracos:
Inexistência de acções de comunicação quer para o público interno, quer
para o público externo.
Inexistência de orçamento destinado à Comunicação e Relações Públicas.
Inexistência de site.
Reduzido peso das receitas próprias.
Ausência de comunicação entre a Direcção e os colaboradores, dando
origem ao rumor.
Área de actuação da Instituição.
Oportunidades:
Aumentar presença junto dos OCS.
17
Aumento da participação da sociedade civil no sector social.
Aumento da consciencialização da importância do trabalho social na
sociedade.
Definir uma estratégia de Comunicação e Relações Públicas.
Definir acções que permitam criar novas parcerias.
Definir parcerias e estabelecer contactos que permitam disponibilizar verbas
para as acções a desenvolver.
Ameaças:
Crise económica internacional.
Reduzido peso de donativos de empresas e particulares.
Inexistência de acções de Comunicação.
Falta de acções que potenciem a ferramenta Internet.
Ausência de site.
Falta de notoriedade e credibilidade para aumentar as receitas provenientes
da angariação de fundos/donativos.
Carência de acções inovadoras que suscitem o interesse das empresas
privadas e que tenham baixo impacto orçamental.
Carência acções que promovam a comunicação e a motivação do público
interno.
Contextualização do problema e caracterização do público utente
da APPV
Para percebermos a origem e os interesses que se pretendem tutelar com a
actividade desenvolvida pela Associação Pelo Prazer de Viver, será necessário
caracterizar o público utente da associação e as problemáticas associadas.
A percepção da pobreza pela sociedade portuguesa revela que a maioria dos
portugueses tem uma compreensão pouco rigorosa das causas da pobreza, na
medida em que a atribui a factores tais como a sorte, a inevitabilidade, o fatalismo,
ou faltas imputáveis aos pobres. Sabendo-se que uma acção eficaz contra a
pobreza, sobretudo pelas mudanças sociais que implica, requer aceitação ou pelo
menos o consentimento da sociedade, a par do que se faça em matéria de
projectos, programas, planos e políticas, é necessária uma ampla campanha de
18
esclarecimento e de promoção da justiça social e de solidariedade. Ora o que tem
sido feito em termos governamentais nos últimos tempos tem sido exactamente o
contrário, as politicas levadas a cabo têm agravado o preconceito social, a ideia de
que efectivamente é culpa do pobre, ser pobre, ou porque não quer trabalhar ou
porque quer viver à custa dos outros, nunca foi tão ostensiva.
Segundo dados do Eurobarometro, quase metade da população (47%)
considera que as pessoas pobres sempre foram pobres, este valor é o mais elevado
dos 27 países da União Europeia. Simultaneamente ¼ da população portuguesa
atribui à pobreza um carácter fatalista, considerando-a resultante de “pouca sorte”.
Outro terço da população considera que a causa da pobreza está na “preguiça” ou
“falta de vontade” das pessoas pobres – dados de um Inquérito Directo efectuado
confirmam esta perspectiva, mesmo na população pobre.
«Se tivermos em conta que a taxa de pobreza anual mais corrente é de
cerca de 20%, teríamos 2 milhões de preguiçosos, numa população de 10 milhões,
ou seja, uma epidemia de preguiça que teria de ser explicada de outra forma. Estas
duas características da opinião pública, que podemos qualificar de “pré-científicas”,
levam a concluir que a sociedade portuguesa não está preparada para apoiar as
medidas necessárias para um verdadeiro combate á pobreza».
1. Parece existir uma reserva sistemática e generalizada quanto á
“autenticidade” dos pobres. Os pobres seriam maioritariamente
fraudulentos. Daí que o combate à fraude dos pobres pareça preocupar
alguns sectores mais do que o combate à pobreza.
2. A “cultura consumista” legítima a prioridade atribuída à prossecução das
preferências próprias atingindo a noção de justiça, nos seus aspectos éticos
e políticos. Este elemento cultural extremamente influente pode modificar a
atitude do público em relação à pobreza.
A taxa de pobreza no País tem-se mantido quase constante, à volta dos 20%,
taxa que corresponde a cerca de 2 milhões de portugueses;
Durante o período de 1995-2000, passaram pela pobreza (em pelo menos
um ano) 47% das famílias portuguesas, dentre as quais 72% foram pobres
durante 2 ou mais anos;
40% dos representantes desses agregados familiares eram pessoas
empregadas por conta de outrem ou por conta própria e a percentagem de
reformados era superior a 30%;
É anormalmente elevada, no contexto europeu, a transmissão geracional da
pobreza.
19
“A pobreza não é uma realidade marginal ou passageira da sociedade
portuguesa, antes assume características de um problema social extenso e
resistente.”
A solidariedade e a justiça nunca foram tão possíveis “A persistência da
pobreza é uma acusação moral dos nossos tempos”. – ILO, Working Out of Poverty,
Report of the Director-General.
A pobreza tem de ser encarada como um problema que reclama apoio
pessoal para ocorrer às carências, mas, cujas causas só podem ser removidas
modificando os factores económicos, sociais e culturais que geram os mecanismos
sociais que perpetuam a pobreza.
As consequências da globalização têm sido muitas e profundas. Em termos
totalmente novos e agressivos a concorrência gera um clima permanente de
incerteza e insegurança, em que todos, ou quase todos, parecem estar envolvidos
numa permanente luta pela sobrevivência. As pessoas e os grupos encontram-se
mais vulneráveis à agressividade e ao egoísmo, a olhar o outro como um rival a
remover do caminho, e não como um semelhante com quem partilha o passado e
deve partilhar o futuro.
«Uma globalização não regulada permite um clima de liberalismo económico
e filosófico em que os mais poderosos países e empresas, estão em condições de
retirarem os maiores benefícios do sistema. E a regulação, mesmo quando vier a
existir, não será garantia de justiça se não forem preenchidas duas condições
fundamentais:
1. Revalorização da noção de bem comum, de que hoje já nem se fala,
2. Existência de uma autoridade que tenha a função de promover esse bem
comum.»
Seja qual for a ideologia dominante, em democracia todos valorizamos e
defendemos o direito à liberdade. O que nem todos reconhecem é que, além do
mais, a pobreza e a miséria são situações de negação da liberdade. Para se ser livre
é preciso que as pessoas tenham as condições necessárias ao exercício da
liberdade.
Sendo que «71% dos representantes dos agregados pobres em pelo menos
um ano do período de 1995-2000 eram trabalhadores por conta de outrem (TCO) e
tinham contrato permanente. Também se verificou que os TCO pobres tinham, em
grande maioria, trabalho a tempo inteiro» a precariedade deve procurar-se
prioritariamente no nível dos salários.
Numa sociedade com pobreza persistente e de longa duração, como é a
portuguesa, é necessário intervir, simultaneamente, em três frentes:
20
1. Em relação aos empobrecidos, há que ocorrer às carências mais graves,
relacionadas com a não satisfação de necessidades humanas básicas, vencer os
bloqueios culturais e comportamentais que a pobreza persistente gera,
comprometendo a sua capacidade de vencer a situação e de utilizar os meios
colocados ao seu dispor e, ainda, ajudar a (re)conquistar a sua autonomia em
matéria de recursos, o que implica que esteja apto a ganhar a sua vida de uma
das formas consideradas normais na sociedade em que vive.
2. Integrar, nas diferentes políticas públicas, objectivos, estratégias e instrumentos
que visem a remoção das causas estruturais da pobreza e da exclusão.
3. Promover a mudança de mentalidade da população geral, superando
preconceitos acerca da pobreza, das suas causas e estimulando
comportamentos mais solidários.
Segundo os dados do ICOR 2004, existe uma forte relação entre o nível de
escolaridade atingido pelos pobres e a idade em que começam a trabalhar, sendo
que aquele nível é tanto mais baixo quanto mais cedo as pessoas entrarem na vida
de trabalho.
Este é sem dúvida, um dos ciclos viciosos da pobreza: o pobre tem baixo
nível de educação por ser pobre e é pobre por ter níveis baixos de escolaridade. É
sabido que é através deste ciclo vicioso que a pobreza persiste não só ao longo do
ciclo de vida do pobre, mas também através da transmissão da pobreza de uma
geração a outra.
O sistema educativo adquire aqui uma importância decisiva, que para ser
correspondida terá de assegurar:
O acesso indispensável das crianças pobres ao sistema escolar;
As condições de sucesso, isto é, a aquisição efectiva de conhecimento e de
aptidões;
O apoio à família, que permita libertar a criança da sua função de contribuir
para o rendimento familiar.
Outro ciclo que se reproduz é o que conduz os portadores de baixos níveis
de educação a situações profissionais menos favoráveis que acabam por levar a
uma maior vulnerabilidade e à pobreza.
É necessário incentivar a sociedade civil para que se multipliquem as acções
de proximidade em favor dos mais pobres e se desenvolvam atitudes e
comportamentos de maior justiça social e solidariedade.
A pobreza constitui uma grave negação dos direitos humanos fundamentais
e das condições necessárias ao exercício da cidadania, situação eticamente
21
condenável, politicamente inaceitável e cientificamente injustificável. Muito do que
se faz é bom, necessário e indispensável, se não para erradicar a pobreza, pelo
menos para reduzir a privação e atenuar o sofrimento das pessoas em situação de
pobreza, mas não é suficiente.
Dificuldades da APPV:
Financiamento das actividades promovidas e desenvolvidas pela APPV em
virtude dos acordos celebrados com o sector público-administrativo
preverem apenas verbas que cobrem entre 70% a 80% das despesas com a
actividade dos projectos. Os restantes 30% a 20%, consoante o tipo de
projecto, deveriam em princípio ser suportados pelo utente ou pelas famílias
de acordo com o escalão de rendimento. Mas o que acontece com a APPV é
que como trabalha com uma população alvo muito pobre, tem de ser a
própria APPV a suportar estes custos.
Pagamento sucessivo dos custos acima referidos ao longo dos anos cifrou-se
na formação de um passivo acumulado que de ano para ano tem criado
constrangimentos na gestão da APPV.
Falta de actualização das verbas protocoladas com o serviço público
administrativo que também contribui para resultados negativos.
Actual momento económico em que as exigências previstas no memorando
da Troika cifraram-se numa diminuição das verbas transferidas para a Acção
Social, aumentaram os meios de controlo sobre os beneficiários/utentes do
RSI e do subsídio de desemprego, para além do aumento exponencial do
número de pessoas carenciadas.
Entrada em vigor da Lei dos Compromissos, que impede as entidades
públicas de atribuir subsídios acaso inexista fundo líquido disponível nas
referidas entidades. O que significa que as Associações deixam de poder
receber novos subsídios.
Desconhecimento do trabalho realizado pela APPV, e, falta de consciência
social por parte dos empresários e da população em geral que mesmo
conhecendo não cooperam com a APPV.
Uma parte considerável das empresas concelhias não têm neste momento
capacidade económica para apoiar monetariamente as IPSS e as que têm
tendem a alocar as verbas destinadas a apoios sociais a projectos com
dimensão nacional, cuja visibilidade e notoriedade são incomensuravelmente
superiores.
22
Dificuldade na obtenção de resultados no apoio às famílias carenciadas pelo
descontrolo da variável macro económica do desemprego que no momento
actual se situa nos 16%.
Público utente da APPV tem fortes handicaps individuais que obstaculizam
uma concreta inserção social, são pessoas com baixas qualificações
escolares e profissionais, têm problemas ao nível do desenvolvimento
pessoal e social (saber ser e saber estar), é sua característica a prolongada
ausência do mercado de trabalho em que as experiências profissionais são
de cariz indiferenciado e de curta duração.
Estado vai fazer depender a atribuição do Rendimento Social de Inserção
(doravante designado RSI) de trabalho em favor da comunidade, apesar de
se tratar de uma ideia de génese bondosa na prática vai-se tornar inviável
porque implica a existência de estruturas intermédias que assegurem o
controlo e gestão desse trabalho. Além do mais, sempre restará a dúvida
insanável de esclarecer a contradição entre, por um lado, um trabalho que
não é remunerado e um rendimento que supostamente é “atribuído” pelo
Estado. Pelo que se pergunta, se o trabalho em favor da comunidade é a
contraprestação do rendimento recebido pelo beneficiário. Aqui coloca-se a
questão de saber se objectivamente, o Estado não deveria criar um emprego
e pagar um vencimento.
Se o RSI é uma derivação do anterior rendimento mínimo garantido (cujo
objectivo é assegurar o mínimo para a sobrevivência dos cidadãos) e vem,
mesmo antes do subsídio de desemprego, em que neste o trabalhador e a
entidade patronal descontam todos os meses um valor, para acautelar que
numa situação de desemprego o trabalhador, porque descontou, tenha
direito a uma remuneração. O princípio deste é diferente, apesar de alguns
pontos de contacto, na medida em que visa garantir a subsistência daqueles
que em determinados momentos ficam privados do seu trabalho. No
seguimento desta ideia o RSI tem uma lógica de anterioridade porque está
associado a uma emergência social, é um processo que dá um direito
associado a uma necessidade básica elementar – a sobrevivência.
Ao atrasar e limitar os pagamentos relativos a este apoio a medida vai travar
a imediaticidade do princípio, uma situação de emergência social carece de
resposta imediata, agora com a necessidade de uma contraproposta, rompe-
se a ideia originária.
Compreende-se e é exigível que haja um maior controle e fiscalização dos
apoios sociais, mas a partir do momento em que fique comprovada a
necessidade ou os requisitos isso se cifre numa celeridade da resposta, ao
23
contrário do desemprego em que a ilegalidade na atribuição ou continuação
do subsídio de desemprego desincentiva a procura activa de trabalho.
Com esta medida prevê-se uma diminuição de cerca de 40% dos
beneficiários do RSI na APPV, o que significa deixar esta população, já de si
problemática, à margem do sistema, o que obrigatoriamente resultará num
aumento:
Da degradação social,
Da degradação da saúde,
Da criminalidade,
Da mendicidade,
Da toxicodependência,
Do alcoolismo,
Do abandono escolar.
Com os beneficiários do RSI e desempregados de longa duração a APPV,
funciona como um “equilibrador”, em que por um lado certifica-se que o
mínimo indispensável para a sobrevivência é garantido, acompanha as
pessoas carenciadas de perto possibilitando a sua continuação dentro do
“sistema social” e assim minimiza os riscos da sua exclusão, por outro lado
ao acompanhar as famílias certifica-se que as crianças frequentam as
escolas, são acompanhadas pedagogicamente e precocemente avaliadas
possíveis situações de risco.
Ao nível da prostituição e toxicodependência (em último grau) pouco há a
fazer para além da minimização dos comportamentos de risco (troca de
seringas e distribuição de preservativos), a falta de acompanhamento destas
populações (independentemente dos “moralismos” associados) traduzir-se-ia
em última análise em perigo para a saúde pública.
Proposta de Plano de Comunicação
Para se mudar a imagem de uma instituição é necessário mudar a sua
identidade e intervir sobre a sua cultura organizacional. No entanto, isto é muito
difícil, porque o sistema organizacional presente tende a não o permitir, uma vez
que estas intervenções passam muitas vezes pela alteração de práticas e rotinas
amplamente enraízadas.
24
Para desenvolver uma comunicação integrada seria necessário ter acesso a
informação sobre questões fundamentais como:
A forma como se exerce a autoridade, a liderança e a delegação das
responsabilidades;
A forma como se usam os meios para passar as diferentes
mensagens para os vários públicos;
As práticas comunicacionais da entidade;
Verificar se há deturpações e enviusamentos das mensagens da
entidade e onde acontecem, especialmente na comunicação
interpessoal espontânea muito propícia à geração de boatos e
rumores (que só podem ser combatidos através de políticas de
informação eficazes);
Verificar se os objectivos, a visão, a missão e as políticas da entidade
estão a ser correctamente entendidos e se o trabalho colectivo
desenvolvido pela entidade é ajustado às mesmas;
Perceber os mitos organizacionais, em particular os mitos funcionais e
aqueles que contribuem para a coesão organizacional;
Verificar se existem objectivos claros para as práticas de
comunicação formal;
Verificar se os colaboradores têm boa opinião dos lideres
organizacionais, como pessoas e como profissionais;
Verificar se é incentivada uma postura pró-activa da organização e
dos seus colaboradores;
Verificar se as mensagens difundidas são claras, precisas e
acessíveis;
Verificar se os colaboradores são postos ao corrente de informações
que possam afectar a organização e das razões que presidem às
políticas organizacionais.
Verificar se os colaboradores são reconhecidos pela sua
produtividade, empenho e eficiência.
Para que estas questões tivessem resposta e pudesse ser realizado um
trabalho profundo nesta área, seria necessário e em primeiro lugar, que a APPV
pudesse contar com o trabalho de um Relações Públicas, para que este pudesse
definir a imagem estratégica da APPV, partindo de uma análise da imagem actual,
que implica investigação e planeamento.
25
Pelo que uma das propostas apresentadas abaixo é a realização de
inquéritos que permitam auscultar o clima de opinião dentro da organização. Um RP
seria responsável pelas seguintes actividades:
Assessoria e consultadoria em comunicação e imagem, aconselhamento
sobre políticas a acções a desenvolver, tendo em vista atingir os seus
objectivos;
Monitoring, identificar, através da observação, os efeitos da comunicação
da instituição com os seus públicos-alvo e as forças que possam afectar
positivamente ou negativamente a APPV;
Elaborar sondagens, entrevistas, inquéritos, para perceberem as atitudes
e comportamentos dos públicos da Associação com o objectivo de gerar
compreensão mútua ou para melhor influenciar e persuadir os mesmos;
Protocolo;
Relações com os meios jornalísticos, acções que visam construir e gerir
uma imagem positiva da entidade junto dos jornalistas e juntos dos
públicos atingidos pelos meios jornalísticos. Estas acções passam pelo
envio regular de informações autorizadas pela Direcção da APPV sobre a
instituição (press releases), pela disponibilidade permanente para
atendimento a esses e outros jornalistas, pela elaboração e actualização
de dossiers de imprensa que possam ser fornecidos aos jornalistas em
várias circunstâncias e pela concessão de entrevistas;
Resolução e gestão de conflitos, identificação e resolução de conflitos;
Relações empresariais, tendo em vista a criação de uma imagem positiva
da APPV;
Relações com os colaboradores, acções com o objectivo de motivar e
aumentar a produtividade, criar e melhorar a comunicação da base para
o topo e do topo para a base e entre os colaboradores, assegurar a
cordialidade nas relações entre os colaboradores e entre estes e os
órgãos da organização e acolhimento e processamento de sugestões,
pedidos e reclamações e resposta aos mesmos;
Relações com o público-externo em geral, divulgação da instituição e dos
seus serviços, acolhimento e processamento de sugestões, pedidos e
reclamações e resposta aos mesmos, criação, manutenção e
actualização dos conteúdos do site, organização de eventos, etc.
A APPV não desenvolveu até ao momento nenhuma acção na área da
comunicação, o que torna este trabalho mais fácil por um lado, porque “qualquer
coisa” será melhor do que nada e mais difícil porque, por outro lado não existe
26
nenhuma garantia orientadora em relação à escolha dos públicos para os quais
deverão ser dirigidas as acções de comunicação para que estas sejam eficazes, o
que me leva a dividir as acções e dirigi-las para três alvos principais: os órgãos de
comunicação social de ora em diante designados OCS (com este alvo pretendo
alcançar outros públicos como por exemplo os particulares), o público interno
(funcionários, utentes e seus familiares e os sócios da APPV) e as empresas
privadas.
Dada a pequena dimensão da APPV e as contingências actuais do mercado e
da própria Instituição as acções propostas são maioritariamente ligadas à Internet e
às Relações Públicas que requerem pouco investimento. Para além disso as últimas
“…são um processo directo de comunicação para fazer as pessoas compreenderem
de forma eficaz e precisa aquilo que nós queremos que compreendam, o que
pensamos que elas devem entender para serem capazes de tomar decisões e ter
reacções que concorram para o que queremos levar a cabo” (Paulo Winner) que é
exactamente o que a APPV necessita “uma estratégia de confiança que a sua
autenticidade e consequentemente a sua credibilidade dá à organização”, (Lucian
Matrat).
Em primeiro lugar, é urgente o aproveitamento dos meios digitais, hoje já
não é possível ter sucesso ser ter presença marcada na internet, uma vez que este
é o primeiro sitio para que qualquer individuo, OCS ou empresa procure
informações ou noticias sobre a APPV e por isso a criação e desenvolvimento de
uma página de internet apresenta-se como o primeiro passo neste plano de
comunicação. Associados à página da APPV deverá ser criado também um blog e
ter presença no facebook. No entanto é necessário ter em atenção algumas
questões sem as quais esta presença em vez de ser positiva pode tornar-se uma
desvantagem. É necessário ter alguém responsável pela actualização diária da
informação e no caso de serem colocadas questões, a resposta deve ser dada tão
rápido quanto possível. Não se pode esquecer que esta página é “uma porta para o
mundo” e por isso todos têm acesso à informação disponível e esta ideia deve estar
presente em todos os conteúdos.
Uma vez que esta página da APPV na internet será o seu cartão de visita
deverá ser sempre divulgado em todas as comunicações da mesma.
É por isso fundamental que este meio seja posto em funcionamento o mais
rápido possível e que se tenha a atenção alguns pontos: seja fácil de procurar e
obter informação sobre a Associação; deverá incluir para além da informação
genérica sobre a APPV: Missão, Constituição, Membros, Área de acção, Trabalho
desenvolvido; deverá ter um local para divulgação de acções a realizar e notícias
relevantes. Principalmente deverá ser um sítio para cativar apoios e iniciar
27
parcerias, mas também ter informação simplificada para que futuros utentes
possam saber em que é que a APPV pode ajudar e como.
A par deste primeiro passo é necessário modificar/modernizar a imagem
institucional da APPV, “os símbolos” são factores muito importantes na formação da
imagem da empresa e é fundamental que esta corresponda à “verdadeira”
Associação. A APPV é constituída maioritariamente por jovens (quer a direcção,
quer a coordenação quer os colaboradores) e tem uma visão de gestão mais
desenvolvida do que as demais associações concelhias o seu logotipo pelo contrário
é antiquado e o lettering é muito “pesado” e desadequado pelo que é necessária a
sua actualização. Julgo que aqui seria interessante promover um concurso de ideias
para o “refreshing” da imagem da Associação Pelo Prazer de Viver, direccionado
para estudantes do ensino superior nesta área. Esta acção, por um lado, daria
visibilidade à APPV e por outro, seria uma forma de a Associação ter várias
propostas de qualidade a um baixo custo.
Seguidamente é muito importante trabalhar o público interno, nesta área o
que proponho a par de outras iniciativas básicas, é fazer três inquéritos/ pesquisas
de opinião, um dirigido aos funcionários da APPV, outro aos utentes e ainda outro
aos sócios de forma a ser possível averiguar algumas questões.
Relativamente aos funcionários uma das dúvidas basilares que se coloca é,
se efectivamente os valores fundamentais da instituição são entendidos e aceites
com clareza por todos os membros. Interessa também saber se por exemplo se
existem barreiras à comunicação entre os funcionários e entre a base e a Direcção,
se esta é simples, transparente e rápida ou se pelo contrário, o rumor e o boato
estão inseridos no canal comunicacional deturpando assim a eficácia da
comunicação, a distorção na comunicação só pode ser eliminada pela confiança que
os empregados têm nos seus superiores e vice-versa. Detectar problemas que
dificultem ou ponham em causa a motivação dos colaboradores da APPV é
fundamental para o seu sucesso, o seu envolvimento só pode ser conseguido
através de uma transparência real, sem manipulações e em que haja uma
comunicação verdadeira tanto em sentido descendente como ascendente.
Ainda em relação aos colaboradores julgo que seria bastante útil aproveitar
a experiência de cada um convidando-os a apresentar propostas exequíveis quer
para o melhoramento do seu serviço, quer para o êxito da APPV.
Relativamente aos utentes, pretende-se saber também da sua opinião
relativamente aos serviços da APPV, o que corre bem, o que não corre tão bem,
sugestões para o seu melhoramento e tornem claros os casos de sucesso pelo facto
de serem acompanhados pela APPV (aqui é necessário ter em atenção que pelo
facto de se tratarem de pessoas com muito pouca formação educacional e cívica
28
hajam sugestões que sejam praticáveis e sugestões que estejam para além do
domínio da Associação).
Por último mas não menos importantes os sócios, julgo pertinente tentar
saber por que razão há uma discrepância tão grande entre os sócios pagantes (585)
e os sócios não pagantes (112) o que faz com que as pessoas adiram ao projecto da
APPV, mas depois o abandonem. Aqui também é importante saber a opinião dos
sócios e pedir sugestões relativamente ao funcionamento e projecto da APPV.
É também crucial informar, este público-alvo, que queremos manter
interessado e envolvido de todas as acções e resultados conseguidos, pertinentes,
bem como das actividades da APPV e os novos projectos.
De capital importância é também a relação da APPV com os órgãos de
comunicação social pelo que seria conveniente um estreitamento de relações e
contactos com os mesmos, inicialmente através do envio de um Kit Press Release
para dar a conhecer a APPV e posteriormente desenvolver um sistema de envio
permanente de Press Release sempre que existam novidades e novos projectos
referentes à APPV.
Fundamental seria conseguir uma parceria entre a APPV e um ou dois jornais
locais em que a APPV se comprometa a elaborar um artigo de opinião a ser
publicado mensalmente sobre temáticas sociais relevantes (cada coordenador de
projecto da APPV ficaria responsável por apresentar alternadamente um artigo
sobre a sua área de intervenção), esta acção teria três resultados: visibilidade da
APPV, motivação do público interno e a sensibilização e modificação dos
comportamentos relativamente às problemáticas sociais quer pela sua
descaracterização nalguns casos (RSI, por ex.), quer pela sua educação e alerta
noutros (Toxicodependência, por ex.).
Nesta linha de educação social, mas aqui também com uma importante
componente de prevenção e informação, proponho algumas acções junto da
população escolar, se possível calendarizadas ao longo de todo o ano em que a
temática principal seria a toxicodependência (que tem aumentado
significativamente no concelho) e os comportamentos de risco. Estas acções teriam
como objectivos consciencializar os jovens para os perigos destes comportamentos
mas também alertar os educadores (pais, professores,…) para o tipo de drogas
existentes e para detectar condutas iniciais associadas, de forma a serem
identificadas, precocemente, condutas de risco.
Devido aos vastos contactos estabelecidos entre a Associação Pelo Prazer de
Viver e as diversas entidades governamentais nacionais com quem a APPV se
relaciona no âmbito da toxicodependência, onde de resto o seu trabalho é
amplamente reconhecido, seria possível organizar um seminário de elevada
29
qualidade nesta área, o local adequado seria a Biblioteca Municipal de Santa Maria
da Feira. Este seminário seria divulgado a nível nacional, nos órgãos de
comunicação social, junto dos parceiros APPV, comunidade escolar e comunidade
em geral.
Sendo a APPV uma IPSS que não dispõe de orçamento específico para
comunicação, sugiro uma parceria com o ISVOUGA. Esta parceria na área da
Comunicação poderia ser interessante para ambas as partes, para o ISVOUGA
porque a área social é uma área em expansão e com uma expressão significativa
no concelho, onde a comunicação e o marketing poderão ter um papel
impulsionador no seu desenvolvimento e profissionalização, e para a APPV porque
esta precisa de ter pessoas competentes na área da Comunicação, que possam
desenvolver as acções propostas.
No passado foram feitos alguns contactos pessoais pela Direcção da
Associação Pelo Prazer de Viver, a empresas concelhias com o objectivo de dar a
conhecer a Instituição, para além de terem sido angariados alguns apoios
monetários pontuais na época, esta acção não teve qualquer resultado.
Pelo que será necessário, enquanto a APPV não granjear visibilidade e o
reconhecimento do seu trabalho, procurar junto das empresas com quem já tem
ligação, ou através do contacto com outras empresas parceiras em áreas de
interesse comum o seu apoio através do “empréstimo” gratuito dos seus serviços,
ou do apoio monetário à Instituição (na compra da quantidade x, 10% será dado
como donativo à Associação, por ex.). Para conseguir aumentar o número de
empresas parceiras, a APPV deverá preparar e entregar um Kit de Apresentação,
onde dará realce aos resultados sociais conseguidos no âmbito do seu trabalho, aos
responsáveis pelas empresas seleccionadas. Esse kit deverá despertar o interesse
de quem o recebe para garantir que é lido, distinguindo-se da restante
correspondência.
Ao mesmo tempo seria importante averiguar, através de questionários, junto
das empresas concelhias se estas estariam disponíveis para apoiar as iniciativas
desenvolvidas pela APPV e em que moldes.
No âmbito do projecto da cantina social, o Continente Mozelos, pela sua
proximidade geográfica, parece-me um parceiro a considerar, pelo que é
importante indagar sobre a sua receptividade para apoiar este projecto, através da
doação de produtos perto do fim do prazo de validade ou em que as embalagens
apresentem defeitos.
Uma proposta deste género poderia ser apresentada a todas as empresas
fornecedoras da Associação, nas mais diversas áreas (gasolineiras, farmácias,
gráficas, talhos, peixarias, frutarias,…)
30
As contrapartidas para as empresas aderentes serão a aproximação à APPV
e respectiva divulgação no site e newsletter digital, bem como na emissão de um
recibo, no valor correspondente aos serviços prestados para efeitos fiscais.
Aproveitando o know-how e os recursos quer materiais, quer pessoais,
proporcionados pelos projectos “cantina social” e “plano de apoio às refeições
escolares” (em que a APPV fornece cerca de 300 refeições escolares diárias), julgo
que seria uma oportunidade de “negócio” a Associação ter um serviço de catering
para comemorações particulares e de empresas (aniversários, baptizados,
comunhões, natal, dia da empresa,…). Este serviço teria de ser divulgado no site
APPV, junto dos OCS do concelho, do público interno e das empresas parceiras e
empresas concelhias.
Em conclusão, a APPV com o Plano de Comunicação proposto verá aumentar
a sua notoriedade e, consequentemente, os seus donativos (fundamentais para a
continuação da sua acção social).
Foram elaboradas algumas fichas de comunicação onde estão descritas as
acções propostas, o público a que se dirige, o objectivo a alcançar e os respectivos
critérios de avaliação:
Alvo
Empresas concelhias:
empresas que já conhecem a APPV e dão apoio monetário,
bens/serviços e outros
empresas que não conhecem a APPV nem o trabalho que tem
desenvolvido
Objectivos
dar a conhecer a APPV
envolver as empresas na sua missão de ajudar os mais
desfavorecidos
Acções a
desenvolv
er
Site APPV
Newsletter digital
Kit de apresentação da APPV
Concurso de ideias para modernizar a imagem APPV
Propostas de parcerias
Inquérito/pesquisa de opinião
Serviço de catering
Critérios N.º de contactos de novas empresas
31
de
avaliação
N.º de subscrições da newsletter
N.º de visitas ao site
N.º de parcerias ou apoios
N.º de inquéritos respondidos
N.º de serviços efectuados
Alvo
Órgãos de Comunicação Social:
Directores e jornalistas de jornais concelhios
Directores e jornalistas de jornais nacionais
Objectivos
dar a conhecer a APPV
aumentar a sua notoriedade e, consequentemente, os seus
donativos dando a conhecer a APPV a outros públicos
Acções a
desenvolv
er
Kit de Press Realese da APPV
Concurso de ideias para modernizar a imagem APPV
Acordo publicação artigos opinião APPV
Seminário sobre Toxicodependência “A nova realidade das
drogas”
Serviço Catering
Critérios
de
avaliação
N.º de notícias publicadas sobre as respectivas matérias
N.º de propostas recebidas
Alvo
Interno:
Todos colaboradores da APPV
Todos os utentes da APPV e respectivos familiares
Todos os sócios da APPV
Objectivos
Informar sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido e
resultados de forma a envolver este público na missão da APPV
de ajudar os mais desfavorecidos
Acções a Site APPV
32
desenvolv
er
Newsletter digital
Concurso de ideias para modernizar a imagem APPV
Carta para sócios e utentes
Inquérito/pesquisa de opinião
Caixa de sugestões
Acordo publicação artigos opinião APPV
Critérios
de
avaliação
N.º de subscrições da newsletter
N.º de visitas ao site
N.º de sócios que actualizam as quotas
N.º de inquéritos respondidos
N.º de sugestões dadas
N.º de artigos entregues para possível publicação
33
Contactos OCS nacionais e concelhios
Nome PeriocidadeContactos
Telefone Fax Email
Correio da
ManhãDiário (351) 234 384 720
234 420 [email protected]
Diário de
NotíciasDiário (351) 222 096
350
Expresso Semanário(351) 214 544 231
Sol Semanário (351) 213 246 500213 246 540
Jornal de
NotíciasDiário (351) 222 096 111
222 096 [email protected]
Primeiro de
JaneiroDiário
(351) 220 967 847
(351) 912 820 510 ruialas@oprimeirodejaneiro.
pt
Público Diário(351) 226 151 000 226 151 099
Lusa (351) 217 116 500 [email protected]
Correio da
FeiraSemanário
(351) 256 36 22
86
256 37 28 89
geral(at)correiodafeira.com
Terras da
FeiraSemanário (351) 256 379 990 geral(at)terrasdafeira.pt
34
Conclusão
O actual momento económico em que, quer as empresas quer os particulares
têm cada vez menor disponibilidade financeira para desenvolver acções de
Responsabilidade Social, em que a Lei dos Compromissos impede as entidades
públicas de atribuírem subsídios acaso inexista fundo líquido disponível nas
referidas entidades, em que diminuíram drasticamente os apoios dos
beneficiários/utentes do RSI e do subsídio de desemprego e em que o número de
pessoas carenciadas aumentou exponencialmente forçam as Instituições de
caracter social a reponderarem a sua actuação de modo a conseguirem darem uma
resposta cada vez maior e mais urgente à população carenciada.
Com dada vez menos apoios do Estado as Organizações Sem Fins Lucrativos
têm que, à semelhança do que acontece com as empresas lucrativas, tornarem-se
auto-suficientes através de uma gestão cada vez mais profissionalizada e através
da sua diferenciação num mercado cada vez mais competitivo utilizando técnicas
de Marketing e Comunicação. No entanto, devido às particularidades do mercado,
nomeadamente escassez de recursos financeiros e humanos, o desenvolvimento de
acções de Comunicação não é uma tarefa fácil.
No caso particular da APPV, o pretendido foi propor um Plano de
Comunicação eficaz, direccionado por um lado para acções que aumentem a
notoriedade e o conhecimento da actividade que vem sendo realizada por esta
associação, e por outro, porque é fundamental fazer a descaracterização dos
públicos em favor dos quais esta Instituição desenvolve o seu trabalho, para
medidas comunicacionais “educativas” que a longo prazo actuem ao nível da
consciência social e permitam alterar os comportamentos, as atitudes e as
mentalidades, tendo como objectivo último o bem social comum.
Esta ideia é eficazmente concretizada pelas Irmãs Doroteias na sua missão
“Educar bem é transformar o mundo” (Paula Frassinetti)
Estas propostas de acção têm a pretensão de conseguir que a APPV alcance
alguns objectivos de comunicação que permitirão a médio e longo prazo o aumento
da angariação de fundos para o desenvolvimento da sua acção social. Os principais
objectivos de comunicação estabelecidos para a APPV são criar notoriedade,
credibilizar, transmitir confiança, informar e envolver.
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Bibliografia
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