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Recanto das Letras
Séries de Web Produção Capítulo 29
Recuperando a Paixão
Escrita por
José Pereira
Versão Internacional de
“Recuperando a Paixão” (2015)
Personagens deste capítulo
ADRIAN
ALTAMIRO
ANDRESSA
ANGÉLICA
BIANCA
CARINA
CARLOS
CILENE
DANIEL
DIEGO
EDUARDO
ELAINE
GERALDO
GISELE
GUILHERME
HELEN
IRENE
JACKELINE
JEFERSON
JÚLIO
MÁRCIA
MAURÍCIO
MICHELE
NEUSA
NILZA
PATRÍCIA
RODOLFO
SANDRA
SEBASTIÃO
VIRGÍNIA
VÍTOR
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 1
CENA 1. CASA DE CARINA. PORTÃO. EXTERIOR. MANHÃ.
Dia seguinte. Carina está saindo. Esperam por ela Die-
go, Bianca e Jeferson. Todos terão de pegar o ônibus
já que ficaram sem a carona de Eduardo.
Carina — Bom dia, gente.
Diego — Como a carona faz falta.
Bianca — Ora, gente, recebemos passagem para
isso mesmo.
Jeferson — Não se preocupe, galera, eu vou
aprender a dirigir.
Bianca — Olha, isso sim é uma novidade, amor!
Bianca se apoia no braço dele.
Carina — (pensando) Mais uma vitória de Edu.
Não é que Finho está mesmo tomando
jeito sem ele por perto?
Corta para:
CENA 2. COBRASIL. RECEPÇÃO. INTERIOR. MANHÃ.
Gisele, Patrícia, Márcia e Jackeline aguardam a hora
do expediente. Gisele muito ansiosa.
Gisele — Doida para que chegue a folha de pa-
gamentos, quero ver se uma cliente
que retornou ontem pagou mesmo R$
500,00 à vista!
Patrícia — Se ela deu sua palavra, amiga...
Gisele — (ansiosa) Tenho que conseguir pelo
menos R$ 2.000,00 senão serei demiti-
da!
Patrícia — Não poderiam te passar para o con-
sórcio?
Gisele — Se Eduardo estivesse aqui...
Jackeline — Ai, não me faça ter saudades...
Márcia — Já esqueceu o primo, linguaruda?
Jackeline — É fácil para vocês que têm namorado,
marido; eu ainda estou sozinha no
mundo!
Nayara — Esse desespero só afasta os caras,
eles têm medo de você.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 2
Helen — (chegando) Bom dia a todas, vamos
começar a trabalhar. Rumo aos cinco
mil.
Todas vão para o call center.
Corta para:
CENA 3. PRÉDIO EM OBRAS. INTERIOR. MANHÃ.
Jeferson, com roupa social nova, apresenta sua demis-
são a Geraldo.
Jeferson — Geraldo, eu sinto muito, mas eu vou
chegar tarde ao serviço.
Geraldo — Aonde você vai com essa roupa? À Co-
brasil, suponho.
Jeferson — Suposição correta.
Geraldo — (sorrindo e batendo no ombro) Vai na
paz, Jeferson, você será um ótimo su-
pervisor.
Jeferson — Vou ver se é possível, se tudo der
certo eu peço para dar baixa na minha
carteira.
Geraldo — Fica tranquilo, rapaz, vá lá.
Geraldo se afasta. Jeferson olha ao redor, como se
fosse sentir saudade.
Corta para:
CENA 4. MONEYCARD. CORREDORES. INTERIOR. MANHÃ.
No fluxo dos funcionários indo a seus lugares, estão
Andressa e Neusa conversando. Vítor irá alcança-las.
Andressa — Derramaram suco nela?
Neusa — (rindo) Sim, não foi genial?
Andressa — (duvidosa) Sei não, amiga, acho isso
muito imaturo. É desse jeito que
Elaine e Guilherme pensam em derrota-
la? Ela vai é se fazer de vítima e
dessa vez com razão.
Neusa — Ora, creio que isso só foi o aqueci-
mento.
Abre em Vítor, alcançando-as.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 3
Vítor — Andressa! (ela se vira) Quando esti-
ver em sua primeira pausa, Raion quer
falar contigo. Não se preocupe se
passar do tempo.
Andressa — Obrigada, Vítor.
Vítor sorri e segue caminho. Andressa se volta a Neu-
sa, está assustada.
Andressa — Ai, Neusa, tem coisa ruim chegando!
Neusa — Que, não acha que Raion vai te demi-
tir por aquela coisa que ninguém mais
deve estar se lembrando, ou acha?
Andressa — Sei lá, eles estão levando essa his-
tória longe demais. Poxa, tirou a
alegria de hoje para trabalhar.
As duas seguem caminho.
Corta para:
CENA 5. COBRASIL. SALA DE DANIEL/ CALL CENTER. INTERI-
OR. MANHÃ.
Daniel ligando o ar condicionado. Carina entra, assus-
tada.
Carina — Daniel, eu preciso falar com você.
Daniel — Pode dizer, amor.
Carina — Viram-nos beijando na pracinha ontem
e já espalharam para todo mundo.
Daniel — Realmente, tenho uma equipe maravi-
lhosa, hein? Bem, com isso só me res-
ta uma coisa. Chame todas para uma
reunião, Carina.
Carina — Está bem, Daniel.
Corta para o CALL CENTER, com todas as cobradoras es-
cutando Helen, em pé, com a folha de pagamentos, gran-
de expectativa.
Helen — Aqui está a folha de pagamentos de
ontem, meninas. Parabéns, ontem foi o
dia em que mais recebemos! R$
3.925,00!
Todas as moças batem palmas.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 4
Helen — Inclusive um pagamento de R$ 500,00
para Gisele.
Gisele — (empolgada) Não acredito, a cliente
pagou mesmo!
Mais palmas. Carina entra.
Carina — Com licença, o chefe está chamando
todas nós para uma reunião.
Irene — Deve ser para nos dar os parabéns.
Corta descontínuo de volta para a SALA DE DANIEL, com
todas as funcionárias presentes, incluindo Nilza. Cli-
ma vai ficar sério e constrangedor.
Daniel — Pois bem. Ontem alguém ou algumas de
vocês me viram com Carina na praci-
nha. E fez o favor de espalhar para
toda a empresa que nós estamos fican-
do juntos. Antes que o tititi tome
conta, quero eu, cara a cara, escla-
recer uma coisa aqui.
Nilza — Daniel, o senhor não tem nada que se
explicar da sua vida pessoal.
Daniel — (sério) Obrigado, Nilza, mas parece
que algumas não pensam assim. Quero
deixar bem claro a todos que eu estou
me divorciando de minha esposa, e
sim, estou apaixonado por Carina Flo-
res, colegas de vocês. Se alguém ti-
ver algum problema quanto a isso, fa-
le agora na minha presença, pois eu
não vou tolerar fofoquinhas na cozi-
nha, no banheiro, ou em qualquer ou-
tro lugar, nas minhas costas.
Óbvio que todas ficam quietas.
Daniel — Muito bem, parece que não há recla-
mações. Então espero que ninguém faça
piadinhas, críticas ou deixem Carina
em constrangimento por estar comigo.
Se alguém não estiver satisfeito com
alguma coisa, a porta está aberta.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 5
Obrigado pela atenção de todas e te-
nham um bom dia.
Todas voltam caladinhas para a sala da Cobrança.
Corta para:
CENA 6. SÍTIO AGUIAR. LAGOA. EXTERIOR. MANHÃ.
Eduardo está parado perto da lagoa onde ele costumava
nadar quando criança. Rodolfo se aproxima.
Rodolfo — Recordando os velhos tempos?
Eduardo — Ô, Dolfinho, ainda não foi traba-
lhar?
Rodolfo — Mais tarde, primo.
Eduardo — (recordando) A gente costumava nadar
aí antigamente.
Rodolfo — A água ainda está boa.
Eduardo — Então vamos nadar? Recordar é viver,
não é o que dizem?
Antes de Rodolfo responder, Eduardo tira a camisa. Ro-
dolfo apenas olha. Eduardo tira a bermuda e as sandá-
lias, ficando de cueca. Em seguida ele pula na lagoa.
Eduardo — Brrrrr, tá geladinha. Bora, primo,
vai ficar só olhando?
Rodolfo — (sorrindo) Tenho até vergonha de
mostrar minha barriga “sarada” (faz
aspas com os dedos).
Eduardo — (rindo) Vem logo, cara, tem nada a
ver isso não.
Não se aguentando mais, Rodolfo também fica de cueca e
pula na água.
Corta para:
CENA 7. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. MANHÃ.
Andressa entra desconfiada na sala. Júlio, amistoso, a
convida a se sentar.
Andressa — Desejava falar comigo, senhor?
Júlio — Andressa, ontem você foi informada
pelo supervisor Vítor que te acusaram
de divulgar aquela briga ocorrida na
Cobrasil nas redes sociais. No entan-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 6
to, visitei a sua anterior empresa e
pelo que me informaram Nilza e Helen,
você não seria capaz de difamar a Co-
brasil, visto que ainda tem contato e
amizade com suas ex-companheiras.
Andressa — (alerta) Desculpe, o senhor disse
Helen, a Sra. Ferreira?
Júlio — Sim, a Sra. Ferreira também te de-
fendeu. Como não há mais ninguém que
tenha saído da Cobrasil assim como a
senhorita, decidi não dar mais impor-
tância ao e-mail que recebi.
Andressa — Anônimo, diga-se de passagem.
Júlio — Um pequeno ponto que me intriga, An-
dressa, pois a senhorita não me pare-
ce ser o tipo que coleciona inimigos.
Ou por acaso a senhorita tem ideia de
quem poderia ter sido?
Andressa — (pensativa) Não, Sr. Raion, mas ago-
ra o senhor me pôs a refletir.
Júlio — Bem, Andressa, o meu único conselho
é que de agora em diante você passe a
pensar mais na sua atual empresa, a
Central, e não se envolva tanto nas
confusões da Cobrasil.
Andressa — É, o senhor tem razão. Devo mesmo me
concentrar em fazer um bom serviço
aqui.
Júlio — Não estou proibindo suas amizades
com a Cobrasil, apenas ponha cada
coisa em seu devido lugar.
Andressa — (aliviada) E assim será, senhor.
Júlio — (sorri) OK, pode se retirar.
Andressa assim o faz.
Corta para:
CENA 8. COBRASIL. RECEPÇÃO/ SALA DE HELEN. INT. MANHÃ.
Jeferson entra, é recepcionado por Sandra e Bianca.
Sandra — Bom dia, senhor.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 7
Jeferson — Bom dia, eu gostaria de falar com
Bianca.
Sandra — Vou ver se ela pode te atender. Como
se chama?
Jeferson — Jeferson Aguiar.
Sandra sai. Em pouco tempo Bianca aparece apressada.
Bianca — Finho? O que você está fazendo aqui?
Já veio conversar com Dª Helen?
Jeferson — Achou mesmo que eu ia pegar em ci-
mento com essa roupa?
Os dois se abraçam.
Bianca — Com muito prazer te levo à sala de-
la.
Corta para a SALA DE HELEN, onde Bianca e Jeferson en-
tram. Helen se admira.
Bianca — Com licença, Dª Helen, este é Jefer-
son Aguiar, o irmão mais velho de
Eduardo.
Helen — (também babando) P-pode entrar, se-
nhor!
Jeferson — (tímido) Senhor? Só tenho 26 anos...
Helen — Ora, eu tenho um ano a menos, e não
sou dessas que mentem a idade!
Bianca — Vou deixar vocês conversarem.
Bianca sai e fecha a porta.
Helen — Você tem o jeito de conversar idên-
tico a Eduardo. Só que você me parece
mais italiano.
Jeferson — Minha família é de Baixo Guandu, lá
é um reduto de alemães e italianos.
Helen — E então, Jeferson, alguma notícia de
seu irmão?
Jeferson — Ainda não, Dª Helen, mas eu acredito
que meu irmão está bem, em algum lu-
gar afastado. Infelizmente eu fui
muito injusto com ele, sempre lhe ti-
ve inveja em tudo. Então ele deu essa
ideia de sair de casa com o desejo de
que eu ocupe seu trabalho.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 8
Helen — Você trabalha em quê, Jeferson?
Jeferson — Trabalhava como pedreiro numa obra
aqui do Centro, mas já pedi demissão.
Helen — (sorrindo) Pediu demissão para tra-
balhar conosco, né?
Jeferson — Se for possível...
Helen — É possível, sim. Vamos falar com
meu/ (corta-se) Falaremos com o chefe
para te aceitar.
Jeferson — Lembrando, Dª Helen, que não sei na-
da de cobrança.
Helen — Seu irmão também não sabia e na se-
mana em que ele esteve aqui foi um
ótimo supervisor.
Jeferson — Realmente é uma lástima a forma em
que se sucederam as coisas.
Corta para:
CENA 9. SÍTIO AGUIAR. LAGOA. EXTERIOR. MANHÃ.
Eduardo e Rodolfo saem. Eduardo senta para se secar,
Rodolfo senta afastado. Eduardo se levanta e faz ques-
tão de sentar perto do primo.
Eduardo — Tá com frio, né, primo?
Rodolfo — S-sim, um pouco.
Eduardo — Faz muito tempo que eu não me diver-
tia tão bem.
Rodolfo — Ora, lá na capital deve ter muitas
formas de diversão.
Eduardo — É, mas pular numa lagoa, não. Na
nossa casa não tem nem piscina. Tenho
grandes recordações aqui.
Rodolfo — Eu também... Exceto uma vez que vim
aqui e flagrei Diego e uma amiguinha,
iguais cães no cio.
Eduardo — Vai ver ele estava segundo o exemplo
do irmão mais velho...
Rodolfo — (triste, se levanta) Com licença,
primo, vou me secar em casa.
Eduardo se levanta e pega Rodolfo pelo braço.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 9
Eduardo — Dolfinho, me desculpe.
Rodolfo — Já vi que Diego andou contando as
histórias da cabeça dele. Se vai re-
peti-las, primo, prefiro que volte.
Alias esse seria o certo! Volte para
casa, Edu, volte para sua noiva.
Eduardo — Eu não posso voltar... Não até Finho
melhorar de vida.
Rodolfo — Ainda vai insistir nessa história?
Quando Diego telefonar, eu vou dizer
que você está aqui!
Rodolfo tentou se soltar, mas Eduardo o puxou com mais
força, trazendo-o para mais perto de si.
Eduardo — Não vai contar nada, entendeu? Por
favor, não conte nada, primo!
Rodolfo — Me solta, Edu, por favor...
Eduardo o solta e Rodolfo sai correndo para casa.
Eduardo — Pobre Dolfinho... Que situação difí-
cil para ele.
Corta para:
CENA 10. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. MANHÃ.
Helen leva Jeferson a Daniel, ele nada gostando disso.
Nilza também está presente.
Daniel — Helen, achei que tinha deixado bem
claro que agora você é apenas a moni-
tora.
Helen — Eu tenho culpa se ele veio me procu-
rar?
Daniel — Já te conheço, criatura. Pode sair.
Helen sai visivelmente chateada. Jeferson e Nilza per-
manecem.
Daniel — Nilza, de agora em diante Helen está
proibida de tratar desses assuntos.
Agora que não somos mais casados, ela
será apenas a monitora. Depois avise
à Irene e às outras.
Nilza — Sim, senhor.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 10
Daniel — Agora trate de conversar com o se-
nhor Aguiar na sua sala.
Nilza — Sim, patrão. Vamos, Jeferson?
Jeferson — Senhor Ferreira. (se aproximou da
mesa de Daniel) Eu sei o quanto o se-
nhor odeia meu irmão, e sei que está
muito contente com sua saída repenti-
na. Apenas, por favor, não o leve mal
por conta do que ele fez. Quero dizer
que eu, se chamado para trabalhar,
não me oporei ao namoro do senhor e
Carina. Saberei dar o devido respeito
e trabalharei com profissionalismo.
Daniel — (sorrindo) Jeferson, odiar é uma pa-
lavra muito forte. Nessa circunstân-
cia não vejo razão para odiar Eduar-
do, não queria que ele fizesse isso,
pois acredito que você e seus pais
estejam preocupados com seu paradei-
ro. Obrigado pela sinceridade, e com
certeza vou me esforçar para nos dar-
mos bem.
Jeferson — (sorri) Obrigado, chefe.
Ele sai com Nilza.
Daniel — (tranquilo) Algo me diz que ele tam-
bém amava Carina... Mas tudo bem, ele
é um bom rapaz. Por mim ele pode fi-
car, não arranjará problemas como o
irmão.
Corta para:
CENA 11. MONEYCARD. CALL CENTER. INTERIOR. MANHÃ.
Cilene está mexendo no computador em vez de cobrar.
CAM foca no monitor, vemos o mouse dela explorando al-
gumas pastas. Close no rosto de Cilene, surpresa.
Cilene — Consegui! Aqui estão as planilhas de
todo mundo! Vamos ver...
Close no monitor mostrando Cilene clicando na planilha
de Andressa. O arquivo se abre, mostrando uma boa lis-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 11
ta de clientes contatados, vários nomes pintados de
azul indicando que já pagaram. Close em Cilene, rosto
mostrando raiva, inveja.
Cilene — Essa safada está em primeiro lugar!
Não pode ser, preciso ultrapassá-la!
Vítor está andando para perto da mesa dela, Cilene fe-
cha o arquivo e volta para o programa da empresa. Ví-
tor passa direto, ela suspira aliviada.
Corta para:
CENA 12. SÍTIO AGUIAR. EXTERIOR. MANHÃ.
Eduardo passa, de bermuda, perto do tio que estava le-
vando baldes de leite.
Altamiro — Sobrinho, estava com Dolfinho na la-
goa?
Eduardo — Sim, tio, revivi velhos tempos.
Altamiro fez cara de preocupado.
Altamiro — Ele passou apressado por mim, parece
que discutiram. Talvez seja meu dever
avisá-lo...
Eduardo — Sobre os boatos de ele ser gay? Des-
culpe, tio, mas eu não acredito. Die-
go foi muito desagradável em sugerir
isso.
Altamiro — De tanto Diego ficar falando começo
a ter minhas dúvidas. Talvez você
possa ajuda-lo nesse sentido, dar al-
gum conselho, fazê-lo sair mais de
casa e interagir com outras pessoas.
Eduardo — Talvez sim, tio, mas não acho que
devemos enfiar uma mulher na vida de
Rodolfo só para provar que ele é ma-
cho. E o próprio tem de estar inte-
ressado. Com licença.
Eduardo se afasta. Altamiro continua a carregar os
baldes.
Corta para:
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 12
CENA 13. COBRASIL. SALA DO CONSÓRCIO/ COZINHA. INTERI-
OR. MANHÃ.
Michele e Diego estão cobrando quando entram Nilza e
Jeferson.
Nilza — Essa é a sala onde mexemos com o
consórcio. Essa maior mesa é sua.
Jeferson — Olá, pessoal. Que beleza, hein?
Diego — É esse, Michele, o irmão mais velho.
Michele — Muito prazer, senhor. E então, já
acharam Eduardo?
Jeferson — Ainda não, senhorita, mas não se
preocupe. Ele vai aparecer.
Michele — Assim a gente espera.
Diego — (levantando-se) Primo, posso ter uma
palavrinha com você?
Jeferson — Bem, eu posso, Nilza?
Nilza — Sim, depois eu te mostro o sistema.
Corta para a COZINHA, Diego e Jeferson entram e fecham
a porta.
Diego — Aqui é onde costumamos contar nossos
segredos.
Jeferson — (zombando) Você também fica de se-
gredinhos na empresa, Guinho?
Diego — Não, cara, o papo é sério. Ontem eu
fui ao banheiro e pelo corredor ouvi
vozes na sala.
Jeferson — E...
Diego — Fui de fininho e no corredor escutei
a voz de seu pai ao telefone. Ele es-
tava falando com meu pai. Falavam so-
bre Eduardo!
Jeferson — Sério? Meu pai ligou para saber se
Eduardo estava lá?
Diego — Sim, mas depois ele falou algo sobre
manter isso em segredo. Na verdade a
frase inteira foi “Miro, ao menos
dormirei tranquilo sabendo que ele
está aí. Depois eu vejo o que faço.
Vamos manter isso em segredo.”.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 13
Jeferson — (empolgado) Ora, mas é óbvio, como
não pensamos nisso antes? A sua casa,
primo, Edu está na sua casa!
Diego — Mas seu pai disse que quer manter em
segredo, por que será?
Jeferson — Acho que Edu pediu para seus pais
não contarem nada, mas tio acabou fa-
lando. Então tá, vamos continuar fin-
gindo que não sabemos de nada, mas
quando Edu menos espera, nós aparece-
remos lá e o arrastaremos de volta
para casa!
Corta para:
CENA 14. INTERCOB. COZINHA. INTERIOR. MANHÃ.
Elaine e Guilherme na pausa, conversam sobre Irene.
Guilherme — A Andressa achou que agirmos imatu-
ramente.
Elaine — Sei não, espero que ela não desista
de se unir a nós. Isso foi só o come-
ço. Não é hora de ser bonzinho.
Guilherme — Ela está preocupada porque a acusa-
ram de ser a propagadora daquela bri-
ga nas redes sociais.
Elaine — Que isso não a desmotive a se juntar
a nós.
Carlos entra, os dois reparam no semblante preocupado.
Elaine — Aconteceu alguma coisa, Carlos?
Carlos — Não sabem? Eduardo brigou com a fa-
mília e saiu de casa sem saber onde.
Justo quando eu precisava revelar al-
go que descobri.
Elaine — Que coisa! Lamento pela família.
Carlos — Eu nem tanto, eles ficaram com raiva
por eu tentar trazê-lo para cá. Agora
descobri que Eduardo foi vítima de um
esquema do povo da Cobrasil, quando
todos apontaram o dedo para mim.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 14
Guilherme — Acusaram você de esquema, e quem o
fez foi a galera da Bostasil?
Carlos — Sim. Eu precisava limpar minha bar-
ra, mas aí descubro mais essa.
Elaine — Nossa, que família maluca essa do
Eduardo! Se fosse comigo eu também
sumiria do mapa. Vamos, Gui.
Os dois saem. Carlos enche sua vasilha d’água.
Corta para:
CENA 15. COBRASIL. SALA DE HELEN. INTERIOR. MANHÃ.
Helen está entediada em sua sala.
Helen — Como é chato ficar só checando o
sistema e as ligações! Tenho que fa-
zer algo mais interessante. Garantir
meu futuro, por exemplo.
Helen tira o fone do ouvido e pega seu celular, disca
um número.
Helen — (cel) Sr. Raion? Júlio, desculpe...
É o costume... Vamos almoçar hoje?
(escuta) Preciso conversar com um
amigo. (escuta) Eu vou sair daqui
meio-dia. (escuta) Então a gente se
encontra naquele restaurante maravi-
lhoso. (escuta) Certo, tchau! (desli-
ga) Primeira parte do plano executada
com sucesso.
Corta para:
CENA 16. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.
Sebastião volta a telefonar a Altamiro, de costas não
percebe a aproximação de Jeferson.
Sebastião — (tel) Miro, como está passando?
Corta rápido para:
CENA 17. CASA DE ALTAMIRO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.
(Alternar diálogos desta cena com a cena anterior)
Altamiro olhando para os dois lados.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 15
Altamiro — (tel) Tião, eu temo pelo Edu. Você
se lembra do Rodolfo, meu mais velho?
Sebastião — (tel/rindo) Já sei, Diego nos con-
tou. E agora Dolfinho está maravilha-
do em encontrar seu primo bem fortão
e bonitão?
Altamiro — (tel) Estou falando sério, irmão!
Depois seu filho se enfurece porque é
assediado e eu não sei o que fazer.
Um soco do Edu deve ser capaz de ra-
char Dolfinho ao meio.
Sebastião — (tel) Não, não vamos exagerar. (pa-
rando de rir) Hein, Miro, na verdade
eu liguei para falar de outro assun-
to. Acho que precisamos resolver essa
questão antes que vire tradição.
Altamiro — (tel) Tradição?
Sebastião — (tel/sério) Sim, Miro, você não per-
cebe? A história está se repetindo.
Altamiro leva um choque e fica sombrio.
Altamiro — (tel) Temos mesmo que falar sobre
isso, irmão?
Sebastião — (tel) Temos, irmão. Não podemos dei-
xar que Eduardo e Jeferson... Façam o
mesmo que nós dois fizemos.
Altamiro — (tel) Nossas brigas quando éramos
jovens...
Sebastião — (tel) Eu e minha inveja de ti,
achando que nossos pais te privilegi-
avam; exatamente como Jeferson fala
hoje.
Altamiro — (tel) E eu, eu é que ia morar em Vi-
tória, sair da roça, ter outra vida;
acabei passando a oportunidade para
você, só para você não me odiar mais.
Exatamente o que Eduardo fez.
Sebastião — (tel) Não podemos deixar isso acon-
tecer, Miro! Não meus filhos!
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 16
Altamiro — (tel) Não nossos filhos, Tião! Ou
você acha que a saída de Diego aqui
foi pacífica?
Sebastião — (tel) Meu Pai Eterno, então isso já
está virando uma tradição!
Altamiro — (tel) Uma maldição, isso sim! Vamos,
sim, Tião, acabar com essa história.
Sebastião — (tel) Então você, por favor, conver-
se com Edu. Enquanto isso eu... Darei
um jeito de visitar você e conversar
cara a cara com meu filho.
Altamiro — (tel) É a melhor coisa que você faz,
Tião. Ein, tenho que desligar, Edu
entrou em casa.
Sebastião — (tel) Sim, está bem. Tchau!
Sebastião desliga e se vira, percebe Jeferson na sala.
Sebastião – Ai, Finho, que susto!
Jeferson — (sério) Que papo é esse de “tradi-
ção”, “história se repetindo”?
Close no rosto intrigado de Jeferson.
Corta para:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 18. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.
Continuação imediata da cena anterior. Sebastião e Je-
ferson sentam-se, conversa continua.
Sebastião — Sente-se, Jeferson, a história é
longa. Mas é isso mesmo que você ou-
viu. Seu tio e eu tivemos a mesma
história que você e Edu estão tendo.
Jeferson — Mas isso é monstruoso, pai, isso não
pode se repetir. Quer dizer que era
para Edu e eu vivermos na roça? O que
aconteceu, por que trocaram de lugar?
Sebastião — A mesma coisa, filho, seu tio abriu
mão de sua mudança para mim.
Jeferson — Então...
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 17
Sebastião — Esse é mais um motivo para eu gostar
tanto de seu irmão, Finho; quando vo-
cê se comportava com ciúmes, eu via
muito de mim em você. Perdoe-me, fi-
lho, mas a verdade é que eu não tenho
nenhuma moral para te repreender, eu
fiz pior.
Jeferson abraça o pai.
Jeferson — Vamos reverter essa história, pai.
Sebastião — Como? Você provavelmente já pegou o
emprego dele.
Jeferson — Devolvo, se for necessário, mas mes-
mo que isso não seja possível, ao me-
nos Edu ainda fica com Carina. Sabia
que ela já voltou com o chefe?
Sebastião — Deus do Céu, que tragédia.
Corta para:
CENA 19. CASA DE ALTAMIRO. SALA. INTERIOR. MANHÃ.
Altamiro está contando a mesma história para Eduardo.
Eduardo — Sério? O senhor, meu tio, e meu pai,
também brigaram assim como Finho e
eu?
Altamiro — Sim, sobrinho, por isso me aperta o
coração em te ver nessa situação tam-
bém.
Eduardo — (rindo) Não vai me dizer que com
Dolfinho e Guinho se sucedeu a mesma
coisa!
Altamiro — Com diferenças de detalhes: ninguém
fez nenhuma troca.
Eduardo — Uma incrível coincidência, tio, mas
fazer o quê?
Altamiro — Eu digo o que fazer: telefonar para
sua família e dizer que está voltan-
do.
Eduardo — (alterado) Eu não quero voltar, tio,
não enquanto Finho mudar de vida.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 18
Altamiro — Edu, hoje você acha que está fazendo
o certo, depois você vai ficar sempre
na dúvida do “e se eu fizesse dife-
rente?”.
Eduardo — Tenho que continuar com o plano,
tio, só assim que Finho vai mudar de
atitude.
Corta para:
CENA 20. MONEYCARD. COZINHA. INTERIOR. MEIO-DIA.
Andressa e Neusa almoçam. Andressa está distante.
Neusa — Alguma coisa errada, Andressa? Como
foi a conversa?
Andressa — Foi ótima, Neusa. O Sr. Raion me in-
formou que decidiu não mais levar em
conta a denúncia contra mim, em espe-
cial após conversar com Nilza (pausa)
e Helen.
Neusa — Quem é Helen?
Andressa — (olha para ela) A esposa do dono da
Cobrasil.
Neusa — Achei que você tivesse dito que não
foi com a cara dela, que foi por ela
que você se demitiu.
Andressa — (sorri) Ah, você também percebeu!
Helen Ferreira, a mulher que não foi
com a minha cara, que me acusava de
ser amante do marido, me defendendo
perante Júlio Raion? Desde quando ela
passou a me ver com bons olhos?
Neusa — Vai ver ela quis passar boa impres-
são a Raion.
Andressa — (pensativa) Depois, quando Raion
perguntou se eu suspeitava de algum
inimigo que quisesse me prejudicar,
acabei me lembrando dela!
Neusa — (estalo) Amiga, bem lembrado! Pode
ser ela mesma, e agora se faz de son-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 19
sa e boa moça diante do chefe para
enganar!
Andressa — Estou pensando numa maneira de ave-
riguar essa parada. Mas, temos de ser
discretas, Raion pediu que não ficás-
semos falando de tretas alheias na
empresa.
Neusa — Vamos nos encontrar com nossos ami-
gos hoje à noite.
As duas seguem a comer.
Corta para:
CENA 21. COBRASIL. CALL CENTER. INTERIOR. MEIO-DIA.
Após a saída da segunda turma do almoço, Jackeline
aborda Bianca, as demais em seus lugares.
Jackeline — Então, Bia, o pedreiro começa ama-
nhã?
Bianca — Já se esqueceu do primo, Jacke? Cai
fora que o pedreiro é meu.
Carina — Sim, Jacke, ele começa amanhã.
Jackeline — Acho que darei um pulo no consórcio
para cumprimentar Diego.
Márcia — Ele desceu enquanto eu saia do ba-
nheiro, vai ver é o horário dele.
Irene — Deixe o cara respirar, Jacke, e tam-
bém lembre-se que seu horário acabou.
Vamos, gente, um minuto que a gente
perde poderia ser uma ligação a um
cliente que decide pagar.
Jackeline — (indo a seu lugar) E quando a Eduar-
do, Carina, nenhuma notícia?
As moças se molestam.
Bianca — Chega, Jackeline, concentre-se!
Jackeline — (irritante) Só quero saber das novi-
dades.
Bianca — Você já está nos irritando com essa
sua curiosidade. Viu o que conseguiu
espalhando a todos sobre Carina e o
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 20
chefe? Pensei que ele fosse nos demi-
tir. Vamos nos ater ao trabalho.
Jackeline se senta, chateada.
Corta para:
CENA 22. RUAS DO CENTRO. EXTERIOR. TARDE.
Júlio e Helen saem do restaurante chique e caminham.
Júlio — Foi mais uma vez um prazer conversar
contigo, Helen. E espero que a ques-
tão do divórcio se resolva sem mais
problemas.
Helen — Assim espero, Júlio. Você tem sido
um amigo muito bom para desabafar.
Júlio — (sorrindo) A qualquer hora, pode me
ligar que estarei disponível.
Helen — (sorrindo falsamente) Bem, até que
ao menos o divórcio me dará essa van-
tagem; conhecer gente nova, alargar
os horizontes...
Eles chegam à entrada do edifício Ribamar.
Júlio — (dá a mão) Até à próxima, Helen.
Helen — (Sedutora) Até amanhã
Helen aperta a mão dele e se afasta.
Corta para:
CENA 23. COBRASIL. SALA DE DANIEL. INTERIOR. TARDE.
Carina agora conversa com Daniel mais desembaraçada.
Daniel — Jeferson é gente fina, Carina. Ele
fez questão de me dizer que não vai
se opor ao nosso namoro. Quero que
saiba que eu o contratei.
Carina — (envergonhada) Ai, Daniel, eu...
Daniel — (sorrindo) Ele te ama, certo? Ele te
ama, brigou com o irmão por você e
por isso ele fugiu?
Carina — Mais ou menos assim. Mas, eu nunca
vi Finh/ (corta-se) Jeferson como
mais do que amigo.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 21
Daniel — Tanto faz, ao menos ele me disse pa-
ra ficar tranquilo. Venha cá.
Carina sorri novamente, e senta-se no colo de Daniel.
Daniel — Vamos sair hoje à noite?
Carina — (curiosa) Aonde vamos, meu bem?
Daniel — Hum, eu queria fazer uma surpresa...
Os dois riem e estão a ponto de se beijarem quando He-
len entra na sala.
Helen — Daniel, eu prec/ (vê Carina no colo
de Daniel e espuma de ódio) Mas nem
esperou assinar a papelada, sua vaca?
Daniel — Helen! O que veio fazer aqui?
Helen — Vim justamente falar da sua próxima
esposa trouxa, pelo menos eu não car-
regarei mais esse fardo! Olhe só esse
monte de relatórios desfavorecendo
nossos clientes!
Helen joga seis folhas de ocorrências de Carina modi-
ficadas por Gisele. Ritmo e tensão aumentam.
Daniel — (lê) Atendimento do cliente Felipe
Dantas: “Dei desconto do c@r@lh0 pro
corno do cliente e ele ainda teve a
cara de pau de reclamar que estava
caro. Mandei-o se f#d&r e desliguei
na cara dele, já que ele fez o mesmo
comigo três vezes”. CARINA, você es-
creve essas coisas no sistema sobre
os clientes que atende?
Carina — Pelo amor de Deus, Daniel, isso é
uma vil calúnia! Eu não escrevo essas
bobagens, alguém está invadindo meu
computador ou algo parecido.
Daniel — E quem é que teria tempo e paciência
em adulterar isso tudo?
Helen — E olha que sou apenas a monitora; se
fosse como antes já a teria demitido,
mocinha!
Daniel — Cale a boca, Helen, e volte para sua
sala!
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 22
Helen — (furiosa) Se você não demitir agora
essa piranha eu vou à Justiça do Tra-
balho denunciar toda essa palhaçada,
entendeu?
Helen sai pisando forte. Carina desaba a chorar.
Corta para:
CENA 24. CASA DE ALTAMIRO. COZINHA. INTERIOR. TARDE.
Eduardo na pia, lavando vasilhas. Angélica se aproxi-
ma.
Eduardo — (sem camisa, devido ao calor) Pron-
to, tia, lavei as vasilhas.
Angélica — Muito obrigada, sobrinho.
Eduardo — Faz tempo que eu não tinha esses mo-
mentos campestres.
Angélica — (preocupada) Edu, tem certeza de que
você quer continuar com a gente desse
modo?
Eduardo — Que modo?
Angélica — Como se estivesse fugindo de casa.
Acho que ao menos seu pai deveria sa-
ber onde você está, que você está
bem.
Eduardo — Faço isso pelo bem de meu irmão,
tia. Se ele acha que sua vida é uma
droga comigo, quero ver como será co-
migo distante.
Angélica — Você realmente é muito sábio, Edu,
não tinha pensado por esse prisma.
Eduardo — (rindo) Não se preocupe, tia, eu sei
que Finho vai sentir minha falta e
ele mesmo virá aqui me buscar.
Corta para:
CENA 25. COBRASIL. SALA DE HELEN. INTERIOR. TARDE.
Continuação não imediata da cena 23. Conversa sobre a
acusação de Helen contra Carina continua, em maior
ritmo, vozes alteradas. Irene é chamada para opinar.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 23
Irene — Mais de uma vez, senhor, flagrei
desrespeito aos clientes por escrito
por parte de Carina.
Carina — Mentira!
Helen — Cale-se, vagabunda!
Irene — E como é praticamente impossível uma
cobradora invadir o sistema da ou-
tra...
Close em Helen se lembrando do dia em que Gérson reve-
lou que ensinou a Gisele como se modifica as ocorrên-
cias do sistema. No entanto, ela resolve ficar calada
para prejudicar Carina.
Daniel — Bem, tenho que chamar o Gérson para
resolver isso.
Helen — Gérson apenas confirmará o que Irene
disse: não tem como outra pessoa ter
escrito os relatórios a não ser a
própria.
Carina — Sou inocente, gente, juro que sou!
Helen — É mesmo, sua desgraçada, prove, en-
tão!
Carina — (sorrindo entre as lágrimas) Com
muito prazer!
Carina sai da sala.
Daniel — Por Deus, Carina, não dá para falar
uma frase sem xingar a Carina?
Carina volta momentos depois com várias folhas.
Irene — O que é isso?
Carina — Todo dia eu tiro print da minha pá-
gina de ocorrências. Faço isso desde
que as queixas de Irene aumentaram.
Daniel — E quando foi que aumentaram?
Carina — Semana passada. Agora vejam!
Daniel, Helen e Irene viram as folhas com os prints do
sistema de Carina e se chocam ao ver que estava tudo
perfeito.
Daniel — (eufórico) Hei! Vejam aqui a ocor-
rência do Felipe Dantas! (lê) “Dei
desconto para o cliente, mas ele ain-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 24
da se queixou de que estava caro.
Mandei-o retornar quando estiver em
situação melhor para saldar o débi-
to”. E essa ocorrência foi HOJE!
Irene — (abismada) E a ocorrência foi adul-
terada em questão de minutos!
Helen — (nervosa por Carina provar sua ino-
cência) Ora, mas isso não prova na-
da...
Daniel — (sério) Prova sim, Helen, prova que
você não sabe nada sobre o serviço de
monitora! Você devia perceber que es-
tavam aprontando com Carina!
Helen — (mentindo) O Gérson garantiu que é
impossível modificar o relatório de-
pois que dá “Enter”!
Carina — Não é o que estamos vendo!
Helen — Você não me conteste porque eu
vou...
Helen parte para cima de Carina, mas Irene a segura
enquanto Daniel afasta Carina.
Carina — Deixa, Daniel, eu não tenho mais me-
do dessa cobra! Aposto que é ela quem
faz essa nojeira!
Helen — (berrando) É mentira!
Daniel — Chega, vocês duas! Amanhã de manhã
resolveremos essa questão! Carina e
Irene, voltem ao trabalho. Helen...
(Daniel balança a cabeça) Você está
acabada.
Daniel sai da sala deixando Helen boquiaberta como se
tivesse Síndrome de Down.
Corta para:
CENA 26. MONEYCARD. SALA DE JÚLIO. INTERIOR. TARDE.
Vítor e Júlio conversando, o supervisor nota o gerente
sorridente.
Júlio — Conversei com Andressa e ela está
mais tranquila. Estou ciente de que
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 25
ela está em primeiro lugar na sua
equipe.
Vítor — Que bom... Mas, é essa a razão des-
ses dentes na rua?
Júlio — (brincalhão) Bem, se você quer sa-
ber... Parece que eu não perdi o
charme com as mulheres. Ao visitar a
Cobrasil, estou conhecendo melhor a
esposa do Daniel Ferreira, que está
se tornando ex.
Vítor — Sério? Ela é bonita?
Júlio — Ô se é! Não entendo por que Ferreira
está deixando-a escapar. Ela disse
que foi ele quem deu a entrada no di-
vórcio.
Vítor — E não acha que está sendo precipita-
do? Geralmente mulher fica traumati-
zada com divórcio e não fica a fim de
uma nova relação tão cedo.
Júlio — Como eu disse, estamos nos conhecen-
do melhor. Mas, não deixo de admirá-
la. Quem sabe, quando ela estiver me-
lhor...
Os dois sorriem.
Corta para:
CENA 27. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. TARDE.
Carlos visita Sebastião para se defender.
Carlos — Como está a situação de Eduardo,
amigo?
Sebastião — Estou tranquilo, Carlos. Não conse-
guimos contato com ele, mas acredito
que será melhor assim. Creio que Edu,
onde estiver, está refletindo e es-
friando a cabeça para depois voltar.
Carlos — E aquela coisa de Jeferson substi-
tui-lo em tudo?
Sebastião — Hoje Finho pegou o emprego, só não
aceita ficar com Carina. E nem adian-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 26
taria, ela já se debandou para o che-
fe.
Carlos — (chocado) Caramba! Isso por que ama-
va Eduardo, hein? Mas, enfim, talvez
fosse até melhor para Eduardo ter sa-
ído da empresa.
Sebastião — Aonde você quer chegar?
Carlos — Sebastião, enquanto vocês me acusa-
ram de usar Eduardo em uma tramoia
contra Daniel Ferreira, descobri que
foi a Cobrasil quem usou Eduardo em
outro esqueminha.
Sebastião — (disfarçando) Carlos, já falei que
não te acusamos/
Carlos — (corta) Eu sei, mas vocês não gosta-
ram da minha proposta, e de certa
forma eu fui acusado. O irônico é que
Eduardo acabou sendo vítima de qual-
quer jeito.
Sebastião — E por que fizeram isso?
Carlos — Segundo o meu atual patrão, a esposa
de Daniel Ferreira queria contratar
Eduardo para que ele afastasse Carina
das atenções do chefe. Ao mesmo tem-
po, havia na empresa uma supervisora
chamada Irene que estava interessada
em Edu enquanto ele estava afastado
de Carina.
Sebastião — Sim, de fato Edu saiu algumas vezes
com essa Irene. Deus, seria uma bomba
prestes a explodir.
Carlos — Pois bem, a sorte é que Carina e
Eduardo reataram sem a ajuda desse
plano, e parece que Irene não tentou
nada contra. Apenas queria limpar a
minha imagem.
Sebastião — Carlos, vamos esquecer esse assunto.
Não vou guardar ressentimentos. E se
essa gente da Cobrasil não foi since-
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 27
ra, que se contentem agora com Jefer-
son.
Carlos — Não me admira que Edu não fica quie-
to nesta empresa, há, há!
Os dois põem desconfianças por terra e gargalham.
Corta para:
CENA 28. CASA DE MAURÍCIO. SALA. INTERIOR. NOITE.
Jeferson visita Maurício e lhe conta onde está Eduar-
do.
Jeferson — Maurício, por que você não volta pa-
ra sua casa? Ainda mais agora que...
Maurício — Que Carina vai se casar com Daniel,
certo?
Jeferson — (assustado) Tão de repente?
Maurício — (rindo) Ê, paixão, hein? Calma, bro,
eu estou zoando. Ao menos quero ga-
rantir que minha irmã não será mais
uma da lista dele. E, sendo ele tão
decente a ponto de casar-se com ela,
os dois morariam na casa dele.
Jeferson — Sim, e você aqui pagando aluguel
quando tem casa própria.
Maurício — Você acredita mesmo, Finho, que Da-
niel respeitará Carina?
Jeferson — Acredito. Enquanto isso eu fico fir-
me com Bia. Já Edu...
Maurício — Ficará sozinho capinando, ordenhan-
do, rachando lenha lá no sítio de seu
tio.
Jeferson — Olha, Maurício, lembre-se de não fa-
lar nada a Nina, hein?
Maurício — (triste) Ai, ai, mais um segredo que
terei de ocultar a minha irmã...
Corta para:
CENA 29. SHOP. VITÓRIA. PÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. NOITE
Andressa, Neusa, Elaine e Guilherme juntos novamente,
lanchando e discutindo o plano.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 28
Andressa — Gente, parece que estou descobrindo
quem levantou falsa denúncia contra
mim. Helen Ferreira.
Neusa — Essa mulher sempre acusou Andressa
de ser amante do Ferreira e foi a ra-
zão de Dessa se demitir. Quando Raion
foi questioná-la sobre sua trajetória
na Cobrasil, Helen teceu elogios.
Elaine — Ih, gente, quando alguém foge do pa-
drão de comportamento, pode desconfi-
ar.
Neusa — E essa fulana se tornou grande amiga
da que não mencionamos.
Andressa — E a denúncia foi feita depois que eu
fiz uma visita à Cobrasil e a peguei
maltratando as cobradoras.
Guilherme — Então essa Helen Ferreira fez a fal-
sa denúncia para proteger Irene ou a
própria Irene a fez, sob conluio da
amiga.
Neusa — Claro, souberam que Andressa deu a
volta por cima, está na Central, e
Helen está se divorciando, foi rebai-
xada ao posto de monitora. Irene vai
perder o apoio. Elas devem estar de-
sesperadas.
Andressa — Precisamos de um plano de ação mais
sólido para derrotar Irene. Suco no
cabelo além de imaturo não ajuda em
nada, só a faz se encher de razão e
se fazer de vítima.
Elaine — (ofendida) Isso foi apenas um aviso.
Andressa — Pois não podemos dar avisos ou dei-
xá-la saber que estamos tramando al-
go, vamos pegá-la de surpresa, de mo-
do inteligente, sem dar chance dela
se defender.
Neusa acena concordando, close em Elaine se sentindo
desconfortável com a opinião de Andressa.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 29
Corta para:
CENA 30. CASA DE SEBASTIÃO. QUARTO DE EDUARDO. INTERI-
OR. NOITE.
Sebastião entra no quarto e encontra Diego que acabou
de sair do banho. Ele está agachado nas gavetas, pro-
curando cueca.
Sebastião — Guinho, você tem um minuto?
Diego — (só de toalha enrolada) Sim, tio. O
que deseja?
Sebastião — (indeciso) Ué, melhor você se trocar
primeiro. Está pingando.
Diego — Nada, pode dizer.
Enquanto conversa segue, Diego veste a cueca por baixo
da toalha, depois pega uma bermuda e a veste.
Sebastião — Você realmente saiu numa boa da casa
de seu pai?
Diego — (suspirando) Já que quer saber, tio;
e eu não vejo porque dizer diferen-
te... Não, eu sai meio que zangado
com Dolfinho. O cara não parava de me
envergonhar com sua boiolice, eu tra-
zia meus amigos para casa e ele sem-
pre ficava encarando-os, uma vez o
peguei espiando a gente nadar na la-
goa. Todo tímido e donzelo enquanto a
gente nadava peladão, mesmo. Se ele
não estava à vontade podia ir embora,
mas não, ficou parado provavelmente
“conferindo” meus amigos.
Sebastião — Puxa, imagine...
Sebastião quase que ia mencionar Eduardo, mas conteve-
se.
Diego — (jogando verde) Eu só espero que
primo Edu não tenha fugido para lá,
senão é capaz dele ser estuprado.
Diego termina de se vestir e sai. Sebastião fica pen-
sando na frase.
Corta para:
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 30
CENA 31. SHOPPING VITÓRIA. LOJAS CHIQUES. INT. NOITE.
Daniel está apresentando a Carina às lojas de roupas
femininas mais badaladas do momento. Carina aos poucos
vai se enchendo de sacolas.
Carina — Chega, amor, senão teremos que rece-
ber R$ 10.000,00 no mês de março para
pagar.
Daniel — (rindo) Vou à falência, mas você se
vestirá como rainha, meu bem.
Os dois continuam a peregrinar.
Corta para:
CENA 32. BAIXO GUANDU. RUAS. EXTERIOR. NOITE.
Eduardo está fazendo companhia a Rodolfo, os dois ar-
rumados, passeando, entre movimentação de pessoas.
Rodolfo — Mas, Edu, você tem uma vida em Vitó-
ria!
Eduardo — Minha vida em Vitória acabou, Dolfi-
nho. Emprego, casa, Carina, tudo isso
ficou para Finho, aliás, o que lhe é
de direito.
Rodolfo — (falando alto) Direito? Tanto Cari-
na, quanto o emprego, foi conquista
sua! Finho não tem direito a nada
disso!
Eduardo — Não diga isso, primo, quero dar a
Finho a chance de ele ter sucesso na
vida dele.
Rodolfo — Como eu disse, não à custa de suas
conquistas, seu trabalho suado, vê se
me entende?
Eduardo — (sorrindo) Entendi, primo, mas não
se preocupe comigo porque sei o que
faço.
CAM abre espaço para os dois chegando a uma esquina,
se encontram com um casal que andava em direção con-
trária. Close na moça, linda, sorri para Rodolfo. Clo-
se em Rodolfo, tímido, envergonhado.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 31
Moça — Olá, Rodolfo!
Rodolfo mal consegue sorrir. Eduardo entende rápido e
incentiva.
Eduardo — Me apresenta, primo?
Rodolfo — Virgínia Weinberg, meu primo Eduardo
Agnello Aguiar. Está me visitando.
Virgínia — Muito prazer, Eduardo. (gesticula)
Meu irmão, Adrian.
Adrian, sempre sério, aperta bem forte a mão de Eduar-
do como se quisesse intimidá-lo.
Virgínia — Noite boa para um passeio, né, Ro-
dolfo?
Rodolfo — (retraído) S-sim, Virgínia, estou
mostrando a cidade a meu primo.
Virgínia — Um dia desses dou um pulo no seu sí-
tio para conversar com mais calma.
Adrian — No dia em que eu puder, e quiser, te
levo.
Virgínia — Então será bem breve. Vai ficar por
muito tempo, Eduardo?
Eduardo — (amistoso) Vou sim.
Virgínia — OK. Estamos indo à lanchonete. Até
mais gente (os dois começam a andar e
param a seguir) Ou querem ir conosco?
Rodolfo se arregala e gela.
Rodolfo — (assustado) Outra oportunidade, Vir-
gínia!
Virgínia — (meiga) Até mais, então.
Adrian vira Virgínia para ele e os dois seguem andan-
do. Eduardo se volta ao primo.
Eduardo — (maroto) Eu estou meio perdido aqui.
Uma gatinha daquelas, te dando mole e
você nem aí?
Rodolfo — (se aprumando) Qual é, ela não tirou
os olhos do primo bonitão.
Eduardo — (rindo) Essa é boa! Por isso Diego
tem raiva de ti, ele se esforça para
faturar as minas enquanto você não
faz nada, elas é que caem a seus pés.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 32
Rodolfo — (vermelho) Não sei porque falamos no
plural.
Eduardo — OK, em casa a gente conversa melhor.
Os dois seguem caminho.
Corta para:
CENA 33. SHOP. VITÓRIA. PÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. NOITE
Daniel e Carina estão lanchando.
Daniel — Carina, tem ideia de quem pode ter
sido a autora das falsificações do
seu sistema?
Carina — Helen pode ser suspeita. É a monito-
ra, conhece bem o sistema, e tem um
motivo.
Daniel — Você disse, porém, que as ocorrên-
cias adulteradas começaram a piorar
semana passada.
Carina — Sim, você tinha brigado com ela?
Daniel — Aí é que está, Helen e eu só decidi-
mos nos divorciar nessa semana. En-
tão, não foi ela.
Carina — Alguém do Call Center? Não posso
crer.
Daniel — Tem que ser uma delas. Quem poderia
desejar seu prejuízo?
Carina — (pensando) Temos Amélia, sua ex-
amante, e Gisele, que sonhou em te
conquistar.
Daniel — (pensando e descobrindo) Há! Já sei!
Foi Gisele.
Carina — (surpresa) Como você tem tanta cer-
teza?
Daniel — (Satisfeito) Pelo rendimento dela.
Pela quantidade de adulterações, Gi-
sele com certeza deve passar o dia
todo modificando seus relatórios em
vez dela cobrar. O resultado? Está
com menos de R$ 2.000,00; está em úl-
timo lugar!
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 33
Carina — E faltam dois dias para o fim do
mês!
Daniel — E foi semana passada que eu a desi-
ludi.
Carina — (convencida) Tiro meu chapéu para
você, querido.
Daniel — Amanhã tiraremos essa história a
limpo. Agora vamos continuar a comer.
Corta para:
CENA 34. CASA DE SEBASTIÃO. SALA. INTERIOR. NOITE.
Jeferson e Bianca estão diante de Sebastião.
Jeferson — Então, pai, quero anunciar Bianca
como minha namorada oficial.
Sebastião — Ora, eu fico muito feliz com isso,
meus parabéns!
Bianca — Obrigada, senhor, pode deixar que
cuidarei direitinho de seu filho.
Sebastião — Deixe de formalidades, pode me cha-
mar de Tião.
Diego — Isso pede uma comemoração, né, tio?
Sebastião — (pensa em Eduardo) Sim, pena que es-
tá faltando um da família. Queria sa-
ber se ele está bem, agora.
Todos ficam com pena de Sebastião.
Corta para:
CENA 35. CASA DE ALTAMIRO. QUARTO DE RODOLFO. INTERI-
OR. NOITE.
Eduardo e Rodolfo estão se preparando para dormir.
Eduardo — Quando vai chamar sua amiga, primo?
Rodolfo — No dia de são Nunca?
Eduardo — Rodolfo, você precisa se enturmar
mais com as pessoas.
Rodolfo — (irritado) O que você sabe sobre is-
so?
Eduardo — Não muito, mas estou percebendo que
você não é o que Diego anda dizendo.
Rodolfo — Se ele não acredita em mim, azar.
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 34
Eduardo — Ah, então ao menos você tentou se
defender. Olha, Dolfinho, eu não que-
ro ser preconceituoso se de fato você
fosse gay; mas já que não é o caso,
por que deixa que pensem assim? Não
tô dizendo pra você ir pra cama com a
Virgínia, mas ela gosta de você.
Rodolfo — Não me sinto preparado para uma re-
lação e não quero iludi-la.
Eduardo — Se ela souber disso vai ficar mais
tranquila, meu caro. Boa noite!
Eduardo se deita e se enfia debaixo das cobertas. Ro-
dolfo para diante do interruptor, meditando, depois
decide apagar a luz.
Corta para:
CENA 36. CASA DE CARINA. SALA. INTERIOR. NOITE.
Carina e Daniel estão se beijando com loucura. Casa às
escuras.
Daniel — Vamos para o quarto, Carina, eu te
quero tanto...
Carina — Vamos, amor...
De repente a luz se acende e outra pessoa está obser-
vando a cena.
Maurício — Não, não vamos não!
Carina — (levando o maior susto) M-Maurício!
O que está fazendo aqui?
Maurício — Impedindo uma tragédia. Agora eu
exijo que vocês me expliquem essa si-
tuação.
Carina e Daniel não sabem onde enfiam a cara.
Corta para:
CENA 37. CASA DE GISELE. QUARTO/ BANHEIRO. INT. NOITE.
Gisele de camisola, deitando-se para dormir e falando
consigo mesma.
Gisele — Pois bem, é hora de esquecer meu
plano maluco de fisgar Daniel. Hora
de voltar ao Planeta Terra. Ao menos
Recuperando a Paixão Capítulo 29 Pág.: 35
o Antônio não está mais aqui para me
chatear. Bem, pelo menos não custou
nada sonhar em ser a próxima Sra.
Ferreira. E ao menos eu tive uma noi-
te maravilhosa com ele, para contar
história.
Gisele se deita e tenta dormir, mas de repente sente
um enjoo forte. Corta rápido para o BANHEIRO, onde ela
entra e acaba vomitando com tudo na pia.
Gisele — (ao se recuperar) Não, não acredito
que a história ainda não terminou...
Estarei grávida?
Close no rosto horrorizado de Gisele refletindo no es-
pelho do banheiro.
Corta.
FIM